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Aplicação de medidas de Gestão da Demanda de Água (GDA) em entidades públicas
Tibério Gomes Diniz Luis R. Rosales Montero
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APLICAÇÃO DE MEDIDAS DE GESTÃO DA DEMANDA DE ÁGUA (GDA) EM ENTIDADES PÚBLICAS
Tibério Gomes Diniz1 Luis Reyes Rosales Montero2 1Graduando do curso de Engenharia Civil;
[email protected] 2 Professor da Unidade Acadêmica de Engenharia Elétrica da UFCG,
[email protected]
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Primera Edicion 2015 Brasil
[email protected] Ficha catalográfica
M778p R789p O Uso Racional dos Recursos Hídricos com base na Gestão de Demanda de Água - GDA/ Tibério Gomes Diniz; Alfredo Hilário Escobar Rosaval Campina Grande – Pb: Graficam.2015.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus pelas bênçãos concedidas, aos meus pais pelos ensinamentos e a à disciplina de Eletrotécnica pelo aprendizado nesse período letivo.
4 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO --------------------------------------------------6 2.
USO SUSTENTÁVEL DA ÁGUA-------------------------7
3. DEFINIÇÕES PARA GESTÃO DE DEMANDA DE ÁGUA --------------------------------------------------------------- -9 4. FORMAS DE GERENCIAMENTO DE DEMANDA DE ÁGUA --------------------------------------------------------------- 12 5. MEDIDAS QUE VISAM O USO RACIONAL DE ÁGUA --------------------------------------------------------------- 14 6. EXPERIÊNCIAS COM PROGRAMAS DE USO RACIONAL DE ÁGUA EM ENTIDADES PÚBLICAS-- 17 7. CONCLUSÕES------------------------------------------------- 22 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS -------------------- 23
5 Apresentação Um problema bastante discutido em âmbito global atualmente é a preocupação com a disponibilidade dos recursos hídricos em quantidade e qualidade suficientes para o uso humano. A água é essencial à vida e indispensável a atividades fundamentais exercidas pelo homem, portanto apresenta um valor econômico, social e cultural. Para tanto, é necessário que sejam tomadas medidas para otimizar o consumo da água. Essas medidas variam de cunho legal ou até de caráter tecnológico, econômico e educacional, elas estão no âmbito da Gestão da Demanda de Água (GDA), que exerce papel fundamental na melhoria das futuras utilizações da água no nosso planeta. Palavras-chave: gestão de demanda de água, uso racional da água
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1. INTRODUÇÃO A escassez de água para consumo humano apresenta-se como um dos principais problemas enfrentados pelo mundo na atualidade, sendo agravado pela grande demanda e pelas perdas. De acordo com Silva et al. (2008), no Brasil, são registradas perdas de água em torno de 20 a 30% da quantidade produzida, devido principalmente aos vazamentos. Verifica-se que o índice de patologias dos sistemas prediais de água nas edificações escolares é decorrente da falta de conscientização dos usuários, a não responsabilidade pelo custo do consumo, a inexistência ou ineficiência de um sistema de manutenção, a baixa qualidade dos materiais e componentes empregados e a falta ou a pequena quantidade de equipamentos poupadores (GONÇALVES et al., 2005). Diversas pesquisas têm se desenvolvido no sentido de estudar as causas que levam aos elevados índices de consumo e de perdas na distribuição para propor medidas que levem ao uso racional da água nos mais diversos ambientes, visando também propor medidas que auxiliem na Gestão da Demanda de Água (GDA). A GDA possui participação fundamental no que diz respeito a melhorias nas futuras utilizações da água do nosso planeta. Segundo Tate (2001), o gerenciamento da demanda
7 considera o uso da água como uma demanda que pode ser alterada pela adoção de medidas, traduzindo-se em ações socialmente benéficas e consistentes em relação à proteção e a melhoria da qualidade da água, reduzindo o seu consumo. Tais medidas variam desde aquelas de cunho legal até as de caráter econômico, tecnológico ou educacional, com a sua seleção dependendo das características geográficas, climáticas, econômicas e culturais de cada local ou região (FAO, 2001). Torna-se cada dia mais necessário realizar estudos visando encontrar soluções para diminuir os desperdícios da água e, consequentemente, a sua demanda, utilizando a gestão da demanda de água como suporte. 2. USO SUSTENTÁVEL DA ÁGUA Atualmente a preocupação com a disponibilidade dos recursos naturais em todo mundo tem crescido consideravelmente, em especial quando se trata da garantia desses recursos para as futuras gerações (PROSAB, 2009). Quando esses recursos são corrompidos pela ação antrópica, suas fontes de renovação e disponibilidade são limitadas, ou seja, um dia podem deixar de existir, em quantidade e qualidade suficientes, e comprometer a vida daqueles que ainda estão por vir. Dentre esses recursos está a água, bem precioso e imprescindível à vida. Sua escassez vem sendo um problema
8 bastante notório nos dias de hoje, impulsionada pela grande demanda da população, principalmente devido à expansão demográfica, ainda presente em nossos dias, e às mudanças climáticas que intensificam a procura por este bem. Um estudo sobre a avaliação dos recursos hídricos disponíveis no mundo concluiu que mais da metade da água renovável e acessível no mundo já foi alocada para uso humano (GLEICK E PALANIAPPAN, 2010). Com isso, o sistema de água se torna vulnerável a um desequilíbrio entre oferta e demanda causado por mudanças nas condições climáticas e aumento da população. Em períodos de longas estiagens a demanda de água permanece constante enquanto a oferta diminui o que causa um grande desequilíbrio (muitos usuários brigando por pouco recurso). Isso é bem frequente em locais de clima árido e semiárido, onde a chuva é escassa e os índices de evaporação são elevados, diminuindo consequentemente a disponibilidade hídrica. Foi colocado na pauta da discussão mundial, o uso sustentável da água, que é tido como um problema atual e que pode se agravar nos próximos anos. No Brasil, é estabelecido o seguinte objetivo na Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei nº9. 433/97): “assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade da água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos.” A determinação do objetivo legal já é um importante passo na busca pelo uso sustentável,
9 mas é necessário que cada um faça sua parte para que este bem seja garantido para nossa geração e para as gerações seguintes. Para amenizar essa situação é necessário que seja feita uma estimativa de demanda de água, ou seja, um planejamento para reduzir o consumo através de informações acerca do possível futuro (ODAN, 2010). O principal objetivo dessas informações é sensibilizar as pessoas quanto ao problema que a cada dia que passa agrava-se, através de números que quantificam o consumo de água e mostram o quanto este vem aumentando nos últimos tempos. 3. DEFINIÇÕES PARA GESTÃO DE DEMANDA DE ÁGUA (GDA) A gestão da demanda é entendida como toda e qualquer medida voltada para reduzir o consumo de água final dos usuários, sem prejuízo dos atributos de higiene e conforto dos sistemas de abastecimentos originais. Essa redução pode ser obtida através de mudanças de hábitos no uso da água ou mediante a adoção de aparelhos ou equipamentos poupadores (PNCDA, 2004). Silva et al. (1999) afirmam que gerenciamento da demanda representa uma nova abordagem à tradicional prática da expansão contínua da oferta que busca o atendimento às demandas apenas através da construção de obras, práticas que em muitas regiões têm se mostrado não sustentáveis.
10 Logo, o gerenciamento da demanda de água pode ser uma alternativa viável para aprimorar o sistema de abastecimento de água para atender as necessidades futuras, sendo uma alternativa emergente em que vários estudos demonstram sua eficácia, seja por meios tecnológicos, campanhas educativas e atribuição de preço a água (FRIEDMAN et al., 2011). Segundo Brooks (2005) o gerenciamento da demanda de água pode ser definido como qualquer método técnico, econômico, administrativo, financeiro ou social que confira os seguintes itens: reduzir a quantidade ou a qualidade de água necessária para realizar uma tarefa específica; hierarquizar o uso da água, utilizando águas mais nobres para atividades que exijam tal qualidade; Reduzir a perda de quantidade e qualidade da água na fonte, no consumo e no descarte; Distribuir melhor o consumo para evitar picos de demanda. Neste sentido, a gestão da demanda de água (GDA) é utilizada como uma ferramenta fundamental para o gerenciamento dos recursos hídricos. A GDA tem como objetivo reduzir futuros consumos e melhorar o nível de atendimento atual, através do uso mais eficiente dos recursos hídricos.
11 As estratégias de gestão da demanda abrangem as seguintes medidas (SAVENIJE; VAN DER ZAGG, 2002): medidas estruturais, onde a redução de consumo de água é proporcionada pela adoção de alternativas tecnológicas, podendo citar o controle de vazamentos, adoção de aparelhos poupadores de água, medição individualizada em edifícios, etc.; medidas não-estruturais, embasadas em incentivos econômicos e legais à mudança de comportamento dos usuários, entre estes pode-se destacar a outorga pelo direito de uso da água, legislação que induza o uso racional, cobrança pelo uso da água bruta, programas de educação ambiental, entre outros (GUEDES, 2009). Albuquerque (2004) pormenoriza as várias alternativas para implantação da gestão da demanda de água, sendo elas: Ações tecnológicas: medição individualizada em edifícios, instalações prediais que reduzam o consumo (aparelhos poupadores), sistemas individuais ou comunitários de captação de água de chuva, reuso de água, micro e macro medição na rede, sistemas automatizados de monitoramento e controle da rede de distribuição, entre outros; Ações educacionais: incorporação da questão da água aos currículos escolares, programas e campanhas de educação ambiental, adequação dos currículos dos cursos técnicos e universitários, entre outros;
12 Ações econômicas: estímulos fiscais para redução de consumo e adoção de novos instrumentos tecnológicos, tarifação que estimule o uso eficiente da água sem penalizar os usuários mais frágeis economicamente, cobrança pelo uso da água bruta, entre outros; e Ações regulatórias/institucionais: legislação que induza o uso racional da água, regulamentação de uso da água para usos externos, outorga pelo uso da água, criação de comitês de bacias etc. 4. FORMAS DE GERENCIAMENTO DA DEMANDA DE ÁGUA Segundo Pedrosa (1999), as opções de gerenciamento da demanda possuem o objetivo de reduzir futuros consumos e melhorar o nível de entendimento atual, usando com eficiência os recursos hídricos, bem como adiar a necessidade de novas obras hídricas. A seguir são citadas algumas ferramentas disponíveis para GDA: Campanhas públicas para educação dos consumidores, modificando seus hábitos, de forma a reduzir o consumo; Promover ou obrigar o uso de aparelhos domésticos mais eficientes no uso da água, como troca dos vasos sanitários convencionais que utilizam 20 litros por descarga, pelos mais eficientes de 13 até 6 litros por descarga;
13 Promover ou obrigar o uso de aparelhos mais eficientes para rega de jardins, lavagem de ruas, e demais serviços urbanos que utilizem água; Adoção de instrumentos econômicos, utilizando alterações no preço para desencorajar o uso ineficiente do recurso; A gestão da demanda de água através do uso de instrumentos econômicos é divida em três aspectos. O primeiro trata o gerenciamento da água como um bem não econômico, pois seu consumo não possui ligação com o gosto, moda ou desejo, mas sim com a verdadeira necessidade de utilizá-la para garantir a sobrevivência. O segundo trata que seu consumo não seria ligado a preço, visto que a água trata-se de uma necessidade, logo não teria comportamento econômico normal, como também, o fato das contas de água das residências serem parcelas insignificantes dos rendimentos dos usuários. Entretanto o fato do aumento de preço da água faz com que o consumidor a utilize menos. O terceiro apresenta que as medidas de conservação diminuiriam a receita dos sistemas de distribuição, o que fortalece a tese de que a demanda pela água, que pode ser entendida como uma ferramenta da análise financeira, é que informa como varia a receita das atividades econômicas quando ocorre variação no preço da mercadoria, no caso a água.
14 5. MEDIDAS QUE VISAM O USO RACIONAL DA ÁGUA Equipamentos poupadores Quando estamos tratando de gestão do consumo de água em determinada localidade, devemos sempre conhecer o consumo específico de cada ponto de utilização. É possível identificar que, em geral, os banheiros são os principais responsáveis pelos altos consumos, que são originados pelos desperdícios de água observados em torneiras, chuveiros, mictórios e bacias sanitárias, devido, principalmente, à vazão excessiva, tempo de uso prolongado, entre outros. (GOMES, 2013) Após essa conclusão são necessárias algumas medidas de GDA para a diminuição do consumo da água nos banheiros. Uma ação tecnológica de GDA para esse caso seria a troca dos aparelhos hidrossanitários convencionais por aparelhos que funcionem com vazão reduzida, diminuindo consequentemente o consumo de água. Alguns exemplos de aparelhos poupadores de água são: bacia sanitária VDR (Volume de Descarga Reduzido) com caixa acoplada, que trabalha com volume reduzido de água por descarga; chuveiros com vazão reduzida, que podem ser com acionamento hidromecânico, com acionamento de pedal, entre outros; torneiras de baixo consumo, que podem ter seu tempo de fluxo determinado, arejadores, pulverizadores, entre outras; e os
15 mictórios, que podem ser com acionamento por sensor de presença, com válvula de descarga temporizada ou até sem o uso de água. Segundo Albuquerque (2006), algumas experiências de troca dos aparelhos convencionais por poupadores foram feitas em todo mundo. Na Cidade do México, no México, 350.000 bacias sanitárias foram substituídas gratuitamente para população em 1998; em Waterloo, no Canadá, foi implantado em 1994 um programa de troca de bacias sanitárias por modelos economizadores que consomem 6L/descarga e a economia foi de 100L/dia a cada três sanitários trocados; em Joinville, Santa Catarina - Brasil, a prefeitura instituiu uma lei que controla o consumo de água através de equipamentos poupadores em novos prédios públicos ou privados não residenciais, essa iniciativa foi seguida por outras cidades brasileiras como Aracaju (SE), Campo Grande (MS), entre outras. Aproveitamento da água da chuva A captação da água da chuva se apresenta como uma boa alternativa, pois além da água captada poder ser utilizada para outros fins, essa medida auxilia no combate às enchentes já que o destino final são os reservatórios de captação e não mais as redes de esgoto. Além dessas melhorias, a utilização da água da chuva pode produzir resultados imediatos e os custos são acessíveis.
16 Após a captação pelo telhado através de tubos, a água é direcionada para os reservatórios de armazenamento onde é feito o descarte das primeiras águas e, após 45 segundos de escoamento (equivalente a 0,5 mm de chuva após a eliminação), pode-se verificar uma boa melhoria na qualidade da água que já pode ser utilizada para os devidos fins (XAVIER, 2010). Segundo Albuquerque (2006), algumas experiências de captação e utilização de água da chuva foram feitas em todo mundo: Em 1999 foi feita em um bairro de Berlim (Alemanha), a captação de água da chuva em telhados e nas ruas para que a água fosse utilizada principalmente em descargas de bacias e em regas de jardim, a água de chuva era filtrada e desinfectada com raios ultravioleta e usada em média 35L/pessoa/dia; em Campina Grande-PB (Brasil), a fábrica de fechaduras Silvana utiliza a água da chuva em toda a produção da fábrica e nos outros compartimentos; na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), os laboratórios de Hidráulica I e II captam água da chuva para utilizá-la na realização dos experimentos. Reuso da água A reutilização da água é uma alternativa que vem se consolidando nos últimos anos devido à preocupação com a gestão e conservação dos recursos hídricos (NASCIMENTO, 2009). O reaproveitamento da água pode ser uma alternativa para as demandas que não exijam água potável, como por exemplo, as descargas sanitárias. A partir daí, podemos concluir
17 que a água depois de utilizada pode ser reaproveitada em um novo uso através de mecanismos e, em alguns casos, de um tratamento adequado, colaborando assim para a racionalização no consumo da água. Segundo Gomes (2013), o reuso da água é uma prática frequente em muitos países. Um exemplo é Israel, que em 2000 já reaproveitava 65% de seus efluentes, tendo a meta de atingir em dez anos 90% de reuso. Na UFCG, o Laboratório de Saneamento conta com uma caixa d’água com capacidade para 7.500 L para armazenar a água utilizada nos experimentos , a mesma é reutilizada para rega das plantas que cercam o laboratório. 6. EXPERIÊNCIAS COM PROGRAMAS DE USO RACIONAL DA ÁGUA EM ENTIDADES PÚBLICAS Devido à preocupação com a disponibilidade de recursos hídricos algumas entidades públicas, em especial universidades, resolveram lançar programas de uso racional da água para tentar diminuir o consumo. Muitas obtiveram êxito, algumas delas estão relacionadas a seguir. Universidade de Wisconsin No Campus Universitário de Wisconsin, na cidade de Madison (Estados Unidos), foi feito o monitoramento do
18 consumo de água de quatro mictórios de um banheiro com a descarga aberta 24 horas através de um hidrômetro localizado na entrada do banheiro. Logo depois, os aparelhos convencionais foram substituídos por mictórios de acionamento eletrônico. Após o monitoramento pelo hidrômetro de ambos os casos, pode-se observar que ao substituir o aparelho convencional pelo poupador obteve-se uma economia de 380L/dia, o equivalente a uma redução de 50% do consumo. O projeto envolveu não só a substituição dos mictórios, mas também campanhas educativas através de cartazes informando o novo funcionamento dos mictórios e a consequente economia gerada (UNIVERSITY OF WISCONSIN, 2013). Universidade de Brasília (UnB) A UnB (Universidade de Brasília) introduziu um programa de redução do consumo hídrico visto que, feita uma análise das faturas de água, a instituição estava consumindo mensalmente 45.000 m3 de água, gerando um custo de R$ 2,9 milhões em seis meses. O projeto foi intitulado Programa de Consumo Inteligente. Inicialmente foi criada uma comissão para elaborar uma avaliação técnica constituída de três etapas: determinação das necessidades e possibilidades de redução do consumo, levantamento do custo da instalação de novos hidrômetros e da
19 troca de aparelhos convencionais por poupadores e campanhas educativas para racionalização do consumo. Foi feita a análise também dos pontos de maior consumo na universidade. Feito isso, em parceria com a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (CAESB), a UnB desativou o hidrômetro central e instalou um hidrômetro em cada edificação para, posteriormente, fazer a medição setorizada. (UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA, 2006). Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) Através de um projeto denominado PRÓ-ÁGUA, desenvolvido em 19 edificações da UNICAMP, pôde-se detectar os pontos de consumo de água e implantar um sistema de micro medição, além de detectar e consertar os vazamentos existentes e substituir os aparelhos convencionais por poupadores de água. Feito isso, constatou-se que houve uma redução significativa de 20% no consumo mensal, mesmo com o aumento do número de pessoas frequentando a instituição. Para dar continuidade ao trabalho e impedir que o consumo suba novamente, é necessário que se faça uma revisão periódica dos equipamentos hidráulicos, para que qualquer problema seja sanado rapidamente sem que haja tanto desperdício de água (OLIVEIRA, 2009). Hospital Universitário Alcides Carneiro (HUAC)
20 O Hospital Universitário da cidade de Campina GrandePB fez uma grande reforma em suas instalações a fim de substituir seu sistema hidrossanitário convencional por equipamentos poupadores de água. Por meio de uma avaliação econômica, pode-se constatar que o investimento nessa troca teria um tempo de retorno de 12 meses, além disso o HUAC obteve uma redução significativa de 25% no seu consumo de água anual (GUEDES, 2009). Universidade Federal da Bahia Com o objetivo de possuir uma política de melhorias físicas e ambientais, a Universidade Federal da Bahia (UFBA) criou o seu Programa de Uso Racional da Água visando reduzir o consumo de água a partir das perdas e implementar o uso racional em toda a Instituição. As principais medidas de gestão deste programa são: substituição de hidrômetros convencionais e implantação de um sistema de telemedição computadorizada, detecção de vazamentos na rede de distribuição e reservatórios, identificação e correção das falhas nos pontos de consumo, reciclagem da água de processos, estudo do perfil de uso da água, além de campanhas educativas junto à comunidade (MENDES, 2006). Para a realização do programa foi firmada a parceria com a Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A. (EMBASA) que se responsabilizou pela instalação e manutenção dos hidrômetros, a Secretaria de Infra-Estrutura do Governo do
21 Estado da Bahia responsável pelo fornecimento dos hidrômetros com telemetria e software para o sistema remoto de medição e a Fundação de Apoio à Pesquisa e Extensão (FAPEX) que se comprometeu com o gerenciamento dos recursos financeiros do programa (UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA et al., 2001). Universidade de São Paulo (USP) Em 1995, a partir do acordo entre a Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo), a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), o Programa de Uso Racional da Água (PURA) foi criado. Teve como ponto de partida para sua implementação a fase de planejamento, que abrange a motivação, os objetivos do programa, diagnóstico da situação e a estruturação do mesmo. Ao analisar o consumo de água da Universidade, onde foram gastos mensalmente R$ 1,46 milhão referente a 150 mil m³ de água, no ano de 1997, é que surge a principal motivação. Para a Sabesp, a redução do consumo de uma de suas maiores consumidoras implica na oferta de água para outros usuários. Como objetivos principais têm-se a necessidade de reduzir o elevado consumo, implantar um sistema estruturado e permanente de GDA e ampliar a pesquisa para outros locais. No diagnóstico da situação fez-se necessário o levantamento de área construída, população, equipamentos existentes e atividades
22 desenvolvidas buscando caracterizar cada setor a partir de suas peculiaridades. A implantação do programa é dividida em cinco etapas: diagnóstico geral; redução de perdas físicas; redução de consumo nos pontos de utilização; caracterização dos hábitos e racionalização das atividades que consomem água; e divulgação de resultados, seguida de campanhas de conscientização e treinamentos para a equipe responsável pela manutenção. Com todas as medidas em prática, a USP obteve uma redução de 43% no consumo de água no período de 1998 a 2006, referente a 4,3 milhões de metros cúbicos poupados. Em nove anos o beneficio econômico foi de R$ 114 milhões, o que mostra o a importância da implantação deste programa em entidades públicas (GONÇALVES, 2007). 7. CONCLUSÃO A escassez de água vem se tornando crescente a cada dia e a preocupação com a disponibilidade dos recursos hídricos em quantidade e qualidade suficientes para uso humano tem aumentado consideravelmente. A crise da água tem decorrido da intensa urbanização, do estresse hídrico, da infraestrutura precária das instalações hidráulicas e da falta de governabilidade dos recursos hídricos. No Brasil, grandes sistemas de abastecimento têm entrado em exaustão, como é o caso do Sistema Cantareira, que abastece
23 8,8 milhões de pessoas na Região Metropolitana de São Paulo e do Açude Epitácio Pessoa (Boqueirão) que abastece entre outros municípios, Campina Grande-PB. A falta de gestão dos recursos hídricos é apontada como a principal responsável pelo colapso nesses reservatórios. Nesse sentido, é necessário que sejam tomadas medidas para otimizar o consumo da água. Essas medidas variam de cunho legal ou até de caráter tecnológico, econômico e educacional, elas estão no âmbito da Gestão da Demanda de Água (GDA), que exerce papel fundamental na melhoria das futuras utilizações da água. É importante que sejam feitos estudos acerca do uso da água para identificar perdas através do monitoramento do consumo, visando encontrar soluções para os problemas enfrentados com a escassez de água, tendo como suporte principal a Gestão de Demanda de Água.
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