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  • Words: 15,289
  • Pages: 66
Caroline Schweitzer de Oliveira Carmem Regina Delziovo Margareth Cristina de Almeida Gomes Eduardo Schwarz

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem

UFSC 2018

Caroline Schweitzer de Oliveira Carmem Regina Delziovo Margareth Cristina de Almeida Gomes Eduardo Schwarz

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem

Florianópolis UFSC 2018

Catalogação elaborada na Fonte. Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária responsável: Rosiane Maria - CRB 14/1588 U588a Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Ciências da Saúde. Curso de Atenção

Integral à Saúde do Homem – Modalidade a Distância.



Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem [recurso eletrônico] / Universidade



Federal de Santa Catarina. Caroline Schweitzer de Oliveira... [et al] (Organizadores). —



Florianópolis : Universidade Federal de Santa Catarina, 2016.



66p.



Modo de acesso: www.unasus.ufsc.br



Conteúdo do módulo: Saúde sexual e reprodutiva. – Gênero, masculinidades, saúde



sexual e saúde reprodutiva. - Saúde sexual, saúde reprodutiva e atenção básica.

ISBN: 978-85-8267-085-9

1. Saúde do homem. 2. Saúde sexual e reprodutiva. 3. Cuidados de saúde. I. UFSC.



II. Oliveira, Caroline Schweitzer de. III. Delziovo, Carmem Regina. IV. Gomes, Margareth



Cristina de Almeida. V. Schwarz, Eduardo. VI. Título CDU: 613.9

Créditos

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem

GOVERNO FEDERAL Presidente da República Ministro da Saúde Secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES) Diretora do Departamento de Gestão da Educação na Saúde (DEGES) Coordenador Geral de Ações Estratégicas em Educação na Saúde Responsável Técnico pelo Projeto UNA-SUS UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA Reitor Ubaldo Cesar Balthazar Vice-Reitora Alacoque Lorenzini Erdmann Pró-Reitor de Pós-graduação Hugo Moreira Soares Pró-Reitor de Pesquisa Sebastião Roberto Soares Pró-Reitor de Extensão Rogério Cid Bastos



5



Créditos

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE Diretor Celso Spada

GRUPO GESTOR Coordenadora do Projeto Sheila Rubia Lindner

Vice-Diretor Fabrício de Souza Neves

Coordenadora do Curso Elza Berger Salema Coelho

DEPARTAMENTO DE SAÚDE PÚBLICA Chefe do Departamento Fabrício Augusto Menegon

Coordenadora de Ensino Deise Warmling Coordenadora Executiva Gisélida Garcia da Silva Vieira

Subchefe do Departamento Maria Cristina Marino Calvo

Coordenadora de Tutoria Carolina Carvalho Bolsoni

EQUIPE TÉCNICA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE Coordenador Francisco Norberto Moreira da Silva

AUTORIA DO MÓDULO Caroline Schweitzer de Oliveira Carmem Regina Delziovo Margareth Cristina de Almeida Gomes Eduardo Schwarz

Coordenadora - substituta Renata Gomes Soares ASSESSORES TÉCNICOS Juliano Mattos Rodrigues Michelle Leite da Silva Kátia Maria Barreto Souto Caroline Ludmilla Bezerra Guerra Cícero Ayrton Brito Sampaio Patrícia Santana Santos Thiago Monteiro Pithon

REVISÃO DE CONTEÚDO Revisor Interno: Antonio Fernando Boing Revisores Externos: Helen Barbosa dos Santos Igor Claber



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Créditos

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem ASSESSORIA PEDAGÓGICA Márcia Regina Luz

PRODUÇÃO TÉCNICA DE MATERIAL: Lauriana Urquiza Nogueira

ASSESSORIA DE MÍDIAS Marcelo Capillé DESIGN INSTRUCIONAL Soraya Falqueiro IDENTIDADE VISUAL E PROJETO GRÁFICO Pedro Paulo Delpino ESQUEMÁTICOS Tarik Assis Pinto DIAGRAMAÇÃO Paulo Roberto da Silva AJUSTES E FINALIZAÇÃO Adriano Schmidt Reibnitz REVISÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA E ABNT Eduard Marquardt PRODUÇÃO DE MATERIAL ONLINE Dalvan Antônio de Campos Naiane Cristina Salvi Cristiana Pinho Tavares de Abreu Thiago Ângelo Gelaim Rodrigo Rodrigues Pires de Mello



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Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem



8



Apresentação do curso

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem

Este curso traz conteúdos importantes para a compreensão das questões relacionadas à saúde sexual e saúde reprodutiva dos homens. Parte-se do pressuposto de que a atenção integral à saúde do homem deve fazer parte do processo de trabalho dos profissionais da atenção básica, haja vista as condições privilegiadas para o desenvolvimento de ações nesta direção, sobretudo pela proximidade e suposta familiaridade com o território adscrito. Na primeira unidade, aborda-se a saúde sexual e reprodutiva como um direito, ressaltando a importância de se potencializar, a partir da atenção à saúde, a construção de relações de parceria baseadas em respeito mútuo, equidade e no compartilhamento de responsabilidades e do cuidado. Na segunda unidade, trazem-se reflexões sobre gênero, masculinidades e sua repercussão na saúde sexual e reprodutiva dos homens. Na sequência, problematizam-se questões fundamentais envolvendo corporalidades, sexualidade e diferentes performances de gênero – presentes na pluralidade e diversidade humana. A partir disto, questiona-se como os profissionais de saúde podem aprender a incluir e manejar estas questões em seu cotidiano de trabalho. Na terceira e última unidade, compartilham-se possíveis estratégias para abordar e incluir a saúde sexual e reprodutiva dos homens no âmbito da Atenção Básica (AB).



9



Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem



10



Objetivos de aprendizagem e carga horária

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem

Este curso aborda a importância de com-

relacionados à saúde sexual e reprodutiva

preender a saúde sexual e a saúde re-

dos homens.

produtiva a partir das concepções de gênero, masculinidades, expressões di-

Carga horária de estudo recomendada para

versas da sexualidade e estratégias para

este curso

a aproximação dos homens no cuidado na Atenção Básica.

30 horas

Objetivos de aprendizagem para este curso Ao final deste curso, o aluno deverá ser capaz de compreender a saúde sexual e saúde reprodutiva, tomando por base as diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), problematizando o distanciamento histórico dos homens da arena dos direitos sexuais e reprodutivos, pontuando a importância do envolvimento para o bem-estar desta população em específico, bem como mulheres, crianças, famílias e comunidades. Também deverá ser capaz de reconhecer os principais problemas



11



Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem



12



Sumário

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem

Unidade 1 Saúde sexual e reprodutiva

15

1.1

Saúde sexual e saúde reprodutiva como direito humano

17

1.2

Direitos sexuais e reprodutivos

19

1.3

Saúde sexual e reprodutiva na saúde do homem

21

1.4

Recomendação de leitura complementar

24

Unidade 2 Gênero, masculinidades, saude sexual e saúde reprodutiva 2.1

Construção de gênero, masculinidades e os impactos na saúde sexual e reprodutiva

2.2

25 27

A importância do envolvimento dos homens com a saúde sexual e saúde reprodutiva, os métodos contraceptivos e demais tecnologias reprodutivas

33

2.3

As expressões diversas da sexualidade masculina

35

2.4

Recomendação de leitura complementar

40

Unidade 3 Saúde sexual, saúde reprodutiva e atenção básica 3.1

41

Ações e estratégias para aproximar serviços, profissionais e homens do campo da Saúde Sexual

3.2



13



e Saúde Reprodutiva

46

Práticas reprodutivas nos diferentes contextos

53

Sumário

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem



3.3

Relatos de experiências

55

3.4

Recomendação de leituras complementares

58

Resumo do módulo

59

Referências

61

Sobre os autores

65

14



UN1 Saúde sexual e reprodutiva

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem



16



UN1 Saúde sexual e reprodutiva

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem

Na história das sociedades ocidentais, é re-

Neste contexto, convidamos você a conhe-

corrente a ideia de que ser um “homem de

cer e refletir um pouco mais sobre como os

verdade” significa ser provedor e protetor,

serviços de saúde podem aprimorar e qua-

ser forte, ser valente, nunca adoecer, não

lificar o acesso dos homens às ofertas em

demonstrar os afetos, não chorar, demons-

saúde sexual e saúde reprodutiva a partir

trar a força física e estar envolvido em si-

da garantia do direito humano à saúde e

tuações de violência.

das mudanças comportamentais e culturais em curso na sociedade brasileira.

Neste contexto, fomentar a mudança neste modo de pensar, sentir e agir pode propiciar aos homens a construção de vínculos afe-

1.1 Saúde sexual e saúde reprodutiva como direito humano

tivos mais saudáveis, além de potencializar o cuidado de si e de sua família.

O direito à saúde sexual e saúde reprodutiva é reconhecido como um Direito Humano

Algumas transformações já ocorreram na

em documentos internacionais e nacio-

sociedade ao longo dos anos em relação

nais. Este entendimento representa uma

aos papéis desempenhados tanto por ho-

conquista histórica, fruto da luta de movi-

mens quanto pelas mulheres, mas ainda

mentos organizados e da população pela

é necessário tempo e trabalho para des-

cidadania.

naturalizar alguns estereótipos e valores (hegemônicos) ligados ao gênero, que são

Em 1948, a Declaração Universal dos Direi-

propagados como se fossem inevitáveis e

tos Humanos firma uma série de conven-

aparentemente imutáveis.

ções que procuram garantir à população



17



UN1 Saúde sexual e reprodutiva

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem um elenco de direitos considerados bási-

por meio das políticas públicas, baseadas

dial sobre a Mulher, em 1995, em Beijing.

cos à vida digna. Dentre estes está o direito

nos princípios de igualdade, respeito às di-

Ambas contaram com participação desta-

à vida, à alimentação, à saúde, à moradia, à

ferenças e promoção do pleno exercício da

cada do Brasil.

educação, ao afeto, bem como os direitos

cidadania (BRASIL, 2010, p. 11).

sexuais e reprodutivos (VILLELA; ARILHA, 2003).

Estas conferências trouxeram a discusFigura 2 – Igualdade, respeito às diferenças e promoção do pleno exercício da cidadania

são sobre os Direitos Humanos, reforçando os Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos  (DSDR), com vistas a assegurar

Figura 1 – A Declaração Universal dos Direitos Humanos em cartaz exibido por Eleanor Roosevelt, em 1948

a saúde sexual e a saúde reprodutiva para homens e mulheres, abandonando a ênfase na necessidade de limitar o crescimento populacional como forma de combater a pobreza, as desigualdades e focalizando o desenvolvimento do ser hu-

Fonte: Fotolia.

mano (BRASIL, 2010).

Esta construção deve estar baseada na Declaração dos Direitos Humanos, nas propos-

No âmbito nacional, com relação aos direi-

tas da Conferência Mundial de Direitos Hu-

tos sexuais e reprodutivos, a Constituição

manos realizada em Viena, em 1993, e em

Federal de 1988 garante este direito aos ci-

dois marcos para o tema da desigualdade

dadãos brasileiros. Como política pública,

Com relação aos direitos sexuais e repro-

de gênero, a IV Conferência Internacional

em 2005 o Ministério da Saúde (MS) lançou

dutivos, um dos grandes desafios para os

sobre População e Desenvolvimento (CIPD),

a Política Nacional dos Direitos Sexuais e

governos é a concretização destes direitos

em 1994, no Cairo, e a IV Conferência Mun-

dos Direitos Reprodutivos (BRASIL, 2005).

Fonte: Wikimedia.



18



UN1 Saúde sexual e reprodutiva

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem

O esquemático abaixo detalha as diretrizes e ações propostas por essa política, acompanhe:

vigentes, para que você possa conhecê-los melhor e promove-los nas suas ações dentro dos serviços de saúde.

Ampliação da oferta de métodos anticoncepcionais.

1.2 Direitos sexuais e reprodutivos Incentivo à implementação de atividades educativas em saúde sexual e saúde reprodutiva.

Como direitos sexuais incluem-se o direito Capacitação dos profissionais da AB em saúde sexual e saúde reprodutiva.

a viver a sexualidade com prazer, sem culpa, vergonha, medo ou coerção, indepen-

Ampliação do acesso a métodos contraceptivos definitivos.

dentemente do gênero, estado civil, idade ou condição física.

Implantação e implementação de redes integradas para atenção às pessoas em situação de violência doméstica e sexual (BRASIL, 2010, p. 20).

Figura 3 – Todos têm o direito de viver a sexualidade com prazer, sem culpa

Os direitos à saúde sexual e reprodutiva

Diante das conquistas legais e políticas, os

estão, portanto, na pauta das políticas pú-

profissionais de saúde têm papel funda-

blicas, e a implementação das diretrizes

mental no sentido de conhecê-las e torná-

preconizadas pela Política Nacional dos Di-

-las realidade no planejamento e na prática

reitos Sexuais e dos Direitos Reprodutivos

de atenção à saúde (BRASIL, 2010, p. 21).

tem sido demanda crescente da sociedade, com monitoramento da sociedade civil

A seguir, elencamos os direitos sexuais e

organizada.

reprodutivos, segundo as políticas públicas



19



Fonte: Fotolia.

UN1 Saúde sexual e reprodutiva

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem Neste sentido, entende-se que todas as pes-

acesso a serviços de saúde de qualidade

Destaca-se que os direitos sexuais e os

soas têm direito de viver suas singularida-

(BRASIL, 2010).

reprodutivos estão ligados à saúde sexual,

des, de optar serem ou não sexualmente ati-

que, para ser efetivada, depende da obser-

vas, de decidir a hora em que terão relações

DIREITOS SEXUAIS

sexuais e as práticas que lhes agradam,

Viver e expressar livremente a sexualidade sem violência, discriminações e imposições, e com total respeito pelo corpo da(o) parceira(o).

desde que haja consentimento de ambas as partes, bem como escolher a(o) parceira(o) sem discriminação e com autonomia para expressar sua orientação sexual, se assim desejar (ARRUDA et al., 2012). Os direitos sexuais estão vinculados aos direitos reprodutivos relacionados ao direito básico de toda pessoa em exercer a sexualidade e a reprodução livre de discriminação, imposição e violência, decidindo livremente e responsavelmente, por meio de informações, meios, métodos e técnicas corretas e seguras, se quer ou não ter filhos, quantos deseja ter, com quem quer tê-los e em qual momento

Escolher a(o) parceira(o) sexual.

vância de princípios básicos comuns relacionados principalmente à: • liberdade de orientação sexual, identidade e expressão de gênero;

Viver plenamente a sexualidade sem medo, vergonha, culpa e falsas crenças.

• liberdade e autonomia sobre seu corpo

Viver a sexualidade, independentemente de estado civil, idade ou condição física.

• não-discriminação e a não-violência

Escolher se quer ou não quer ter relação sexual. Expressar livremente sua orientação sexual: heterossexualidade, homossexualidade, bissexualidade.

em qualquer fase da vida; (ENGENDER HEALTH; UNFPA, 2008). Figura 4 – Liberdade de orientação sexual, identidade e expressão de gênero

Ter relação sexual, independentemente da reprodução. Praticar sexo seguro para prevenção da gravidez indesejada e de infecções sexualmente transmissíveis (IST). Acessar serviços de saúde que garantam privacidade, sigilo e um atendimento de qualidade, sem discriminação.

da sua vida – escolhas estas que devem

Dispor de informação e educação sexual e reprodutiva..

ser realizadas em plena liberdade e com

Fonte: BRASIL (2010).



Fonte: Fotolia.

20



UN1 Saúde sexual e reprodutiva

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem 1.3 Saúde sexual e reprodutiva na saúde do

Já a saúde reprodutiva diz respeito ao es-

sexualmente transmissíveis, incluin-

tado de bem-estar em todos os aspectos

do o HIV/Aids [...] No contexto destes

relacionados ao sistema reprodutivo, às

esforços, a prevenção de violência

O Ministério da Saúde define saúde sexual

suas funções e aos seus processos. Envol-

contra mulheres e crianças requer

como:

ve a capacidade de desfrutar de uma vida

atenção especial (CIPD, 1994).

homem

habilidade de mulheres e ho Amens para desfrutar e expressar

sexual satisfatória e sem riscos, bem como a liberdade de decidir querer ou não ter fi-

Essas plataformas dão ênfase à necessi-

sua sexualidade, sem riscos de

lhos, o número de filhos e o momento da

dade de promover a  igualdade entre ho-

doenças sexualmente transmissí-

vida de tê-los (ENGENDER HEALTH; UNFPA,

mens e mulheres como requisito essencial

veis, de gestações não desejadas

2008, p. 22).

à conquista de melhores condições de saúde e de qualidade de vida (PROMUNDO,

e livres de imposições, violência e discriminações. A saúde sexual

As plataformas de ação de Cairo (CIPD,

possibilita experimentar uma vida

1994) e de Beijing (1995) apontam para a

sexual informada, agradável e se-

necessidade de inclusão e do maior envol-

É importante lembrar que a saúde sexual e

gura, baseada na autoestima. Para

vimento dos homens na promoção da saú-

reprodutiva contempla as ações de plane-

tanto, é importante a abordagem

de sexual e reprodutiva, e recomendam que

jamento familiar e reprodutivo – um direito

positiva da sexualidade humana

os países tracem estratégias efetivas para

assegurado pela Constituição Federal brasi-

e estímulo ao respeito mútuo nas

que isso aconteça, conforme você pode ob-

leira e também pela Lei no 9.263, de 12 de

relações sexuais. A saúde sexual

servar no trecho a seguir:

janeiro de 1996, que trata deste tema.

valoriza a vida, as relações pes-

2008)

soais e a expressão da identidade

envolvimento masculino deve ser  Oestimulado principalmente em situ-

Neste âmbito, e considerando os padrões

própria de cada pessoa (BRASIL,

ações associadas à saúde materno-

estabelecidos na sociedade em que vi-

2006, p. 22).

-infantil e à prevenção de doenças

vemos, a responsabilidade dos homens



21



UN1 Saúde sexual e reprodutiva

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem quanto à saúde sexual e reprodutiva mere-

Neste sentido, é fundamental o envolvi-

blica preconiza o acesso da população às

ce destaque nas reflexões realizadas com

mento dos homens na prevenção de ges-

ações de ampliação da oferta de métodos

homens e mulheres.

tações não desejadas ou de alto risco, na

contraceptivos reversíveis no SUS.

prevenção das IST/HIV/AIDS, e também De maneira geral, as questões relaciona-

dividindo com as mulheres as responsabi-

Cabe ressaltar que no que se refere parti-

das à anticoncepção são tradicionalmente

lidades com relação à criação dos filhos e

cularmente à atenção em anticoncepção,

vistas como de responsabilidade exclusiva

à vida doméstica (BRASIL, 2009, p. 6).

esta pressupõe a oferta de informações, de

das mulheres. Entretanto, para o pleno en-

aconselhamento, de acompanhamento clí-

tendimento de homens e mulheres, é im-

Orientada por essa perspectiva, a saúde

nico e de um leque de métodos e técnicas

portante a construção de parcerias mais

reprodutiva contempla a política de plane-

anticoncepcionais, cientificamente aceitos,

igualitárias e baseadas no respeito.

jamento familiar. No Brasil, esta política pú-

que não coloquem em risco a vida e a saú-

Figura 5 – A anticoncepção e prevenção de ISTs é uma responsabilidade para homens e mulheres

O esquemático abaixo mostra as ações prioritárias para saúde reprodutiva.

Fonte: Fotolia.



22



UN1 Saúde sexual e reprodutiva

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem de de homens e mulheres, em um contexto

lação, o MS tem adquirido métodos anti-

de escolha livre e informada (BRASIL, 2010,

concepcionais que são distribuídos aos

p. 131).

estados e estes repassam aos municípios.

Figura 6 – Alguns métodos anticoncepcionais reversíveis

Entre os métodos anticoncepcionais reverDestaca-se, ainda, que em meio a uma rea-

síveis adquiridos para serem ofertados à

lidade global de índices elevados de doen-

rede de serviços do SUS, estão:

ças transmissíveis por via sexual, torna-se imprescindível no âmbito da saúde sexual e reprodutiva a abordagem para a prevenção das Infecções Sexualmente Transmissíveis

Pílula combinada de baixa dosagem (etinilestradiol 0,03 mg + levonorgestrel 0,15 mg)

(IST).

Minipílula (noretisterona 0,35 mg)

Fonte: Fotolia.

É importante a ênfase à dupla proteção, que

Pílula anticoncepcional de emergência (levonorgestrel 0,75 mg)

Lembramos que algumas Secretarias Esta-

Injetável mensal (enantato de norestisterona 50 mg + valerato de estradiol 5 mg)

aquisições de métodos anticoncepcionais,

é dada pelo uso combinado do preservativo masculino ou feminino com algum outro método anticoncepcional, tendo como finalidade promover, ao mesmo tempo, a prevenção da gravidez e a prevenção da infec-

Injetável trimestral (acetato de medroxiprogesterona 150 mg)

duais e Municipais de Saúde também fazem complementando o que é distribuído pelo MS.

ção pelo HIV/Aids e por outras IST (BRASIL,

Preservativo masculino

Por fim, salienta-se que na saúde sexual

2010, p. 132).

Preservativo feminino

e reprodutiva a informação clara e objeti-

Como oferta de métodos para o planejamento sexual e reprodutivo para a popu-

va é essencial para a decisão. Quanto ao

Diafragma DIU Tcu-380 A (DIU T de cobre)



23



método anticoncepcional utilizado para o planejamento reprodutivo no processo de

UN1 Saúde sexual e reprodutiva

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem escolha, devem ser levados em considera-

1.4

Recomendação de leitura

ção aspectos como:

complementar

des, e o impacto destas na saúde sexual e

• a preferência da mulher, do homem e do

saúde reprodutiva dos homens.

casal; • características dos métodos; • fatores individuais e contexto de vida relacionados aos usuários que devem ser considerados no momento da escolha do método. Destaca-se que no âmbito da saúde sexual e reprodutiva é fundamental discutir o conceito de escolha livre e informada do usuário. Embora o profissional de saúde deva aceitar a preferência do usuário por um determinado método, é importante certificar-se de que essa decisão é tomada com base em informações corretas,

construções de gênero e as masculinida-



BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde sexual e saúde reprodutiva. Brasília: Ministério da Saúde, 2010. (Cadernos de Atenção Básica, n. 26) (Série A. Normas e Manuais Técnicos). Disponível em: . Kit HIV/Aids na Atenção Básica - Material para Profissionais de Saúde e Gestores - 5 passos. Disponível em: . BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis, 2015.

atualizadas e completas que não ofereçam risco para a sua saúde (DIAZ; PETTA;

A seguir, na próxima unidade, convida-

ALDRIGHI, 2005).

mos você a fazer uma reflexão sobre as



24



UN2 Gênero, masculinidades, saúde sexual e saúde reprodutiva

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem



26



UN2 Gênero, masculinidades, saúde sexual e saúde reprodutiva

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem

2.1 Construção de gênero, masculinida-

imposta sobre um corpo sexuado” (SCOTT,

des e os impactos na saúde sexual e

1988).

reprodutiva

Figura 7 – A qualificação do que é “masculino” ou “feminino” se refere ao que chamamos gênero

A qualificação do que é “masculino” ou “feminino” se refere ao que chamamos gênero. Ao longo da história, houve diferentes conceituações com o objetivo de problematizar os papéis estabelecidos de homens e mulheres, para reflexões sobre as formas como estes se posicionam e são posicionados num determinado contexto sócio-histórico.

Fonte: Fotolia.

A oposição binária masculino versus fe-

O termo masculino, por exemplo, é geral-

minino é comum em estudos de gênero, e

mente associado a adjetivos como agres-

orienta a organização coletiva das socie-

sivo, forte, insensível e a comportamen-

dades ocidentais modernas e contempo-

tos que não mostram emoção, não são

râneas, inclusive nas instituições, como

exagerados ou extravagantes e de pouco

escolas e serviços de saúde. Segundo essa

contato físico com outros homens. Além

oposição, gênero é “uma categoria social

disso, são características mais comuns ao



27



UN2 Gênero, masculinidades, saúde sexual e saúde reprodutiva

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem masculino o interesse por esportes e ati-

gênero são desiguais e as masculinidades

vidades físicas ou violentas, e o cultivo e

e feminilidades permeiam a construção do

apologia a uma sexualidade sem limites,

imaginário simbólico e concreto das pes-

em oposição a traços tidos genericamente

soas, seus comportamentos, bem como

como mais femininos, relacionados, por

dos profissionais de saúde ao arquitetar as

exemplo, à ternura, fragilidade, afetividade,

ações e cuidados de saúde – e, em espe-

sensibilidade e a uma sexualidade integra-

cial, na saúde sexual e reprodutiva (BRASIL,

No campo da saúde sexual e saúde repro-

da, envolvendo corpo e alma, por parte das

2010, p. 17).

dutiva, as masculinidades podem ser com-

mulheres.



Importante! Sob a lógica dos DSS, algumas condições de vida e trabalho às quais os homens se submetem e estão submetidos determinam certos comportamentos – que, por sua vez, derivam em processos de saúde, adoecimento e morte.

preendidas quando observamos as relações Os Determinantes Sociais da Saúde (DSS)

entre hierarquias de gênero, o exercício da

Esta construção que se refere ao gênero

nos ajudam a pensar sobre as conexões

sexualidade masculina, reprodução e po-

masculino se dá a partir de atributos sociais

entre masculinidades e saúde pública, uma

der. Por vezes, assume-se que determina-

– papéis, crenças, atitudes e relações entre

vez que nos mostram o peso dos papéis de

dos comportamentos são da “natureza do

mulheres e homens –, os quais não são de-

gênero e das relações sociais no adoeci-

homem”, ou que “homem é assim mesmo”.

terminados meramente pela biologia, mas

mento da população masculina.

Contudo, a maneira como os homens tratam

pelo contexto social, político e econômico,

as parceiras ou os parceiros, seus compor-

e que contribuem para orientar o sentido do

Na origem, muitos dos comportamentos

tamentos respeitosos ou desrespeitosos,

que é ser homem ou ser mulher numa dada

dos homens – negociação ou não do uso

está relacionada à forma como as famílias

sociedade.

de preservativo, cuidado ou não com as

– e, de um modo mais amplo a sociedade –

crianças quando se tornam pais, utilização

educam meninos e meninas. Ainda é im-

Esta definição de gênero é compreendida a

ou não da violência contra sua parceira –

portante considerar que na maior parte dos

partir de uma construção social e histórica.

estão relacionados às diversas modalida-

contextos, os meninos são criados para se-

Na maioria das sociedades, as relações de

des de socialização dos homens.

rem autossuficientes, não se preocuparem



28



UN2 Gênero, masculinidades, saúde sexual e saúde reprodutiva

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem com sua saúde e não procurarem ajuda

gias de ampliação do acesso, do acolhimen-

as relações de gênero, possibilitando efe-

quando enfrentam situações de stress, le-

to e do uso dos serviços de saúde por parte

tivamente transformações no âmbito das

vando este modo de “não cuidado” com a

dos homens.

relações sociais generificadas”, ou seja,

sua saúde para a vida adulta (ECOS, 2001). Falar de masculinidades levando em con-

orientadas pelas desigualdades de gênero Figura 8 – Como se institucionalizam e como se atualizam as relações de gênero?

(MEDRADO; LYRA, 2008, p. 820).

sideração os DSS significa observar os aspectos culturais que comprometem a saú-



de da população. Indica que os processos de socialização e sociabilidade masculinas,

Mudar a forma como educamos e percebemos os homens não é tarefa fácil, mas é necessária para a mudança de aspectos negativos de algumas formas de masculinidade. O que você pensa sobre isso?

ou seja, os “modos de ser dos homens”, valorizam a exposição a riscos exagerados, logo desnecessários, levando a agravos re-

Neste sentido, é essencial compreender

Fonte: Fotolia.

lacionados a um estilo e modelo de “mas-

algumas especificidades e mitos sobre a

culinidade” cultuado, valorizado e reprodu-

Ao afirmarmos que nos apoiamos na noção

sexualidade masculina que influenciam o

zido na sociedade.

de masculinidade a partir da perspectiva re-

comportamento dos homens em relação à

lacional de gênero, buscamos sinalizar que

saúde sexual, já que é comum os usuários

Isso ajuda a explicar as maiores causas de

nosso olhar sobre a construção de mascu-

adiarem sua ida aos serviços até o agrava-

morbimortalidade dos homens e a traçar

linidades e feminilidades vai além da viti-

mento do quadro, evitando expor proble-

possíveis estratégias de enfrentamento dos

mização das mulheres e da culpabilização

mas, dúvidas e inquietações que possam

agravos referentes a este segmento, além

dos homens. Desejamos “identificar como

macular os ideais do que significa ser ho-

de poder auxiliar na proposição de estraté-

se institucionalizam e como se atualizam

mem de “verdade”.



29



UN2 Gênero, masculinidades, saúde sexual e saúde reprodutiva

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem Algumas crenças específicas sobre a se-

comportamentos e entender algumas das

determinantes, neste caso homens e mu-

xualidade masculina como mitos sobre de-

necessidades específicas que este seg-

lheres (FESCINA et al., 2010).

sempenho sexual, cuidados de saúde sexual

mento apresenta em termos de saúde e de-

estritamente femininos e virilidade podem

senvolvimento por conta de seu processo

Desta maneira, é imprescindível que os

ser abordadas com os homens a partir de

de socialização. Isso significa, por exemplo,

profissionais de saúde abordem, em seus

uma comunicação empática, respeitosa e

engajar os homens em discussões sobre

atendimentos com homens e mulheres, as

cuidadosa por parte dos profissionais de

tais crenças, o uso de drogas ou comporta-

características peculiares da sexualida-

saúde, tal como deve ser também realizada

mentos de risco, auxiliando-os a perceber

de masculina e feminina, contribuindo as-

com as mulheres, respeitando o princípio

por que se sentem pressionados a se com-

sim para a formulação de uma concepção

da equidade.

portar desta ou daquela forma na socieda-

de prevenção e promoção à saúde que, ao

de (ECOS, 2001, p. 10).

considerar a perspectiva relacional de gê-

Estas crenças prejudicam a sexualidade

nero como um de seus principais elementos

masculina, sobretudo porque quando al-

Neste contexto é necessário incorporar o

fundantes, seja passível de gerar produção

gumas ideias sobre a virilidade não corres-

enfoque de gênero em saúde, uma vez que

de conhecimento, saúde e bem-estar na

pondem à realidade, elas se tornam fonte

ele constitui um importante referencial para

vida dos usuários.

de ansiedades intensas, afetando a saú-

se analisar o papel diferencial que homens

de física e psicológica do homem. Dificil-

e mulheres desempenham na produção da

É importante considerar também que a se-

mente estas angústias são conversadas

saúde.

xualidade apresenta-se como um com-

entre eles.

ponente fundamental na estruturação da Sob esta perspectiva, a equidade na saúde

identidade de gênero dos homens, relacio-

Desta forma, no caso dos homens, abre-

se traduz em termos operacionais na mi-

nando-se, sobretudo, como esse significado

se a possibilidade de explorar alguns dos

nimização de disparidades evitáveis e seus

é constituído nas sociedades (ECOS, 2001).



30



UN2 Gênero, masculinidades, saúde sexual e saúde reprodutiva

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem É fundamental compreender que essas

A Política Nacional de Atenção Integral à

fecções sexualmente transmissíveis, entre

situações são resultantes do tipo de edu-

Saúde do Homem (PNAISH) aponta que

elas a AIDS (REBELLO; GOMES, 2009).

cação que recebemos e transmitimos na

a não adesão masculina aos serviços de

família, na escola, nos meios de comuni-

saúde revela estereótipos de gênero ba-

A sexualidade masculina, por vezes, encon-

cação, e que é preciso um intenso trabalho

seados em características culturais que

tra-se centrada no órgão genital e concebida

de desmontagem desses clichês para erra-

normatizam a masculinidade tida por he-

como uma atividade estritamente orgânica

dicar o preconceito de gênero e eliminar a

gemônica, na qual a enfermidade expressa

e com padrões corporais super valorizados

injustiça que cerca atitudes baseadas em

a fragilidade do corpo e, por extensão, do

perseguidos por muitos homens.

concepções estereotipadas (BRASIL, 2015).

seu portador. Neste sentido, temos visto aumentar o nú-

Figura 9 – Muitos homens descuidam-se pelo receio de demonstrar fragilidade

Desta forma, os homens não se percebem

mero de homens de diversas faixas etárias,

como sujeitos de atenção e cuidado em

de jovens a idosos, que utilizam drogas

saúde por entender que este reconheci-

vasoativas orais colocando em risco suas

mento vulnerabilizaria a concepção inter-

vidas, saúde e bem-estar para preservar

nalizada de masculinidade.

a qualquer custo as crenças e valores imperativos da masculinidade dominante e

O impacto dessas construções de gênero e

dominadora de suas vidas (GOMES, 2008;

masculinidades na saúde sexual e reprodu-

SCHWARZ, MACHADO 2014).

tiva é muitas vezes marcante, principalmen-

Fonte: Fotolia.

te na iniciação sexual que vem ocorrendo

A reflexão prática com o devido amadureci-

cada vez mais cedo e a ela estão somados

mento que cabe à sociedade de modo geral

os descuidos na realização do sexo seguro,

é o reconhecimento de que a maioria dos

com agravos à saúde decorrentes das in-

homens não atende nem atenderá a este



31



UN2 Gênero, masculinidades, saúde sexual e saúde reprodutiva

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem falso padrão ideal coletivamente construí-

Algumas definições são importantes para

do para aprisionar e não libertar os homens

a compreensão das reflexões relacionadas

de suas amarras, receios e dúvidas. Assim

às questões de gênero:

como mulheres, homens são seres com sensibilidade, com defeitos e qualidades afetivas – enfim, fragilidades e vulnerabilidades de diversas ordens que precisam e podem ser visibilizadas, compreendidas e aceitas tanto por eles mesmos como pelos profissionais de saúde que os assistam ou venham assisti-los. Figura 10 – Muitos homens se submetem ao risco no uso de drogas vasoativas e esteroides anabólicos

Fonte: Fotolia.

SEXO: Caraterísticas biológicas e fisiológicas que definem homens e mulheres. ORIENTAÇÃO SEXUAL: Indica a direção ou a inclinação do desejo afetivo e erótico. A partir do direcionamento deste desejo uma pessoa geralmente se identifica como heterosexual, homosexual bisexual ou assexual. SEXUALIDADE: De acordo com as definições da Organização Mundial da Saúde (OMS), a sexualidade é vivida e expressa por meio de pensamentos, fantasias, desejos, crenças, atitudes, valores, comportamentos, práticas, papéis e relacionamentos (BRASIL, 2010, p. 39). GÊNERO: Conceito que se refere a um sistema de atributos sociais (papéis, crenças, atitudes e atividades) e à organização das relações sociais e econômicas que uma sociedade considera apropriados para homens e mulheres, especialmente na divisão do trabalho e do poder. O conceito de gênero é socialmente construído (GÓMEZ, 2011), sendo que, na maioria das sociedades, as relações de gênero ainda apresentam-se desiguais (BRASIL, 2010, p.16).



32



CONSTRUÇÃO SOCIAL DE MASCULINIDADE E FEMINILIDADE: Refere-se ao fato de que ser visto como homem ou como mulher em qualquer sociedade se define não somente pelas características biológicas, mas também também pelo tipo de educação, cultura, regras ou normas não escritas sobre o que se espera de cada um de nós, com base em nosso sexo (GREENE; LEVACK, 2010; PROMUNDO et al., 2013). MASCULINIDADES: Termo utilizado para caracterizar as pessoas do sexo masculino a partir do seu processo de socialização. Ressaltase que o significado de masculinidade oscila conforme o contexto cultural e a época. O que é tipicamente masculino para uma pessoa ou um grupo social, em dado momento, pode não o ser para outros. Em razão destas variáveis, diz-se que as masculinidades são plurais. MASCULINIDADES HEGEMÔNICAS: Visibiliza-se na representação de uma imagem de força, virilidade, sexualidade instintiva e autossuficiência, que oculta a vulnerabilidade do homem e influencia na capacidade de falar sobre suas necessidades de saúde (BRASIL, 2008). IDENTIDADE DE GÊNERO: É a maneira como alguém se reconhece, sente e deseja se apresentar para si e para as demais pessoas como masculino ou feminino, ou ainda como uma

UN2 Gênero, masculinidades, saúde sexual e saúde reprodutiva

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem mescla de ambos, independentemente do sexo biológico (fêmea ou macho) ou da orientação sexual. Este é o campo, por excelência, dos transgêneros – travestis, transexuais, transformistas (cross-dresser) ou drag-queens. EQUIDADE DE GÊNERO: Refere-se à imparcialidade e justiça na distribuição de oportunidades, responsabilidades e benefícios disponíveis para homens e mulheres, assim como as estratégias e processos utilizados para alcançar a igualdade de gênero. A equidade é o meio; a igualdade, o resultado (GREENE; LEVACK, 2010; PROMUNDO et al., 2013). IGUALDADE DE GÊNERO: Igualdade de tratamento de mulheres e homens nas leis e políticas, e igualdade de acesso aos direitos humanos, aos recursos e serviços dentro das famílias, das comunidades e da sociedade em geral (PROMUNDO et al., 2013). DESIGUALDADE DE GÊNERO: Diz respeito às diferenças entre a maneira como os gêneros são entendidos e tratados na sociedade e que frequentemente promovem desigualdades de gênero. No caso das desigualdades de gênero, o lugar do feminino é historicamente o lugar com menos poder, menos voz, menos reconhecimento ainda em nossa sociedade.

EQUIDADE EM SAÚDE: Uma das dimensões principais da equidade baseia-se na incorporação do conceito de gênero em saúde, uma vez que ele constitui uma referência iniludível na hora de analisar o papel diferencial que homens e mulheres desempenham na produção quotidiana da saúde. Sob esta perspectiva, a equidade na saúde se traduz em termos operacionais na minimização de disparidades evitáveis e seus determinantes, entre grupos humanos com diferentes níveis de privilégio social (FESCINA et al., 2010, p. 16). DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE (DSS): De acordo com a Comissão Nacional sobre os Determinantes Sociais da Saúde (CNDSS), os DSS são os fatores sociais, econômicos, culturais, étnicos/raciais, psicológicos e comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de risco na população. Pela OMS, os DSS são as condições sociais em que as pessoas vivem e trabalham (BUSS; PELLEGRINI FILHO, 2007).

escuta qualificada, isenta de julgamentos e preconceitos sobre suas distintas maneiras de ser, pensar, sentir e agir, com base nas experiências e histórias de vida particulares a cada um. Para que isso aconteça, faz-se necessária a ampliação da atenção a este segmento, tendo-se em vista que as ações nas unidades de saúde na maioria dos municípios são ainda majoritariamente destinadas às mulheres, crianças e pessoas idosas. 2.2 A importância do envolvimento dos homens com a saúde sexual e saúde reprodutiva, os métodos contraceptivos e demais tecnologias reprodutivas

Neste contexto, para os serviços de saú-

A ampla crença internalizada dos homens

de, em especial a AB, o desafio maior está

como seres invulneráveis, não suscetíveis

em criar condições para que estes homens

às enfermidades, assim como o imaginário

possam ser acolhidos por meio de uma

social e do setor de saúde do planejamento



33



UN2 Gênero, masculinidades, saúde sexual e saúde reprodutiva

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem reprodutivo e familiar como uma responsa-

principais métodos de contracepção mas-

Pensar a relação dos homens com o uni-

bilidade exclusiva das mulheres são fatores

culina. O uso do preservativo ainda en-

verso da Saúde Sexual e Saúde Reprodutiva

que podem estar associados, por um lado,

contra muita resistência entre os homens,

(SSSR) envolve estabelecer conexões entre

ao afastamento dos homens dos serviços

especialmente com aqueles que se veem

os modelos de masculinidades e as expres-

de saúde. Por outro lado, as barreiras de

fora dos grupos de risco.

sões corporais daí decorrentes. Por exem-

acesso e a indisponibilidade de algumas

plo, uma outra razão pela baixa escolha da

ações vinculadas ao sistema de saúde tam-

Já a vasectomia é considerada um dos

vasectomia diz respeito a que, por se tratar

bém podem constituir grandes entraves.

métodos contraceptivos mais efetivos e

de uma intervenção praticamente irreversí-

seguros – mas, por ser um procedimento

vel realizada no corpo dos homens, muitas

médico definitivo, embora simples, tam-

vezes é equivocadamente compreendida

bém afasta grande parte dos homens

como um método que pode conduzir à im-

desta escolha.

potência sexual.

Figura 11 – A vasectomia

Outro exemplo bastante importante é a

Atualmente, no Brasil, a responsabilidade em relação à contracepção ainda recai mais sobre a mulher. A ideia de que os homens devam participar do planejamento reprodutivo e familiar, desempenhando papel ativo na contracepção, tornou-se mais

baixa adesão dos homens aos chamados

aceitável nos últimos anos. No entanto,

métodos de barreira, em especial, o pre-

para que os homens se tornem sensíveis

servativo masculino que possui a crença

à contracepção, é necessário que compre-

de ser um empecilho para a plena ereção

endam que podem e devem ter uma posi-

do homem.

ção sobre como construir com consciência sua vida reprodutiva (ECOS, 2001).

Estes exemplos nos ajudam a refletir o

Até o momento presente, o preservativo masculino e a vasectomia têm sido os

quanto a questão do corpo e das corporalidades masculinas influenciam positiva-

Fonte: Fotolia.



34



UN2 Gênero, masculinidades, saúde sexual e saúde reprodutiva

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem mente ou não no envolvimento dos homens

religiosas ou científicas, que vão sendo

Neste

sentido,

podemos

com os métodos contraceptivos e nas de-

aprendidas pelas pessoas desde a infância.

as corporalidades são fruto e decor-

mais tecnologias reprodutivas, impactando

Em nossa sociedade, por exemplo, a sexua-

rência dos modelos de masculinida-

nas suas escolhas ou predileções por de-

lidade foi histórica e culturalmente limitada

des introjetados e externalizados pe-

terminados métodos.

em suas possibilidades de vivência, devido

los indivíduos a partir de padrões e

a tabus, mitos, preconceitos e relações de-

ideais

No tópico seguinte, abordaremos com

siguais de poder entre homens e mulheres

sociedade.

maior propriedade as diferentes expres-

(CASTRO; ABRAMOVAY; SILVA, 2004).

sões da sexualidade e suas relações com a

É preciso compreender que as corporali-

corporalidade masculina.

dades podem ser múltiplas e que as dife-

valorizados

e

inferir

cultuados

que

pela

Figura 12 – As corporalidades e os padrões de masculinidades

rentes performances de gênero compõem 2.3 As expressões diversas da sexualidade masculina

os sujeitos, na riqueza da diversidade humana. Vale lembrar que “nossas sociedades consagraram o corpo como

De acordo com as definições da OMS, a se-

emblema de si” e que, desta forma, seria

xualidade é vivida e expressa por meio de

“melhor construí-lo sob medida para der-

pensamentos, fantasias, desejos, crenças,

rogar ao sentimento de melhor aparência”

atitudes, valores, comportamentos, prá-

(LE BRETON, 2013, p. 31).

ticas, papéis e relacionamentos (BRASIL, 2010a).

Isso significa que nosso corpo é moldado por expectativas sociais e reflete os pa-

Fonte: Fotolia.

Em todas as sociedades, as expressões da

drões ou “a melhor aparência” que dese-

Esta lógica existe para estabelecer a ordem

sexualidade são alvo de normas morais,

jamos cumprir para obter boa aceitação.

dominante social e preservar indistinta a re-



35



UN2 Gênero, masculinidades, saúde sexual e saúde reprodutiva

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem lação entre sexo e gênero. Contudo, quando

mentos e as práticas sexuais sem precon-

essa distinção se faz presente, grande parte

ceitos, considerando que são relativos, de-

dos indivíduos que buscam por meio da sua

pendendo da cultura, do contexto histórico,

corporalidade realizar este anseio pessoal e

social e de vida da pessoa (BRASIL, 2010a).

Figura 13 – A orientação sexual é um conceito que desestabiliza concepções naturalizadas e patologizantes

coletivo de pertencimento social, fora da caixa do reducionismo binário, correm sérios

Por expressões da sexualidade, aqui designa-

riscos de terem violado seu legítimo direito a

mos algumas das principais formas de viven-

naturalmente desfrutar desta condição, haja

ciá-las por parte dos seres humanos. Vale lem-

vista que, muitas vezes a expressão desta

brar que a sexualidade envolve não somente

corporalidade, como no caso dos travestis

a orientação sexual, mas também as aparên-

e dos transexuais, passa a ser interpreta-

cias ou performances de gênero dos sujei-

da e discriminada como uma ótica marginal

tos, bem como suas identidades de gênero.

e fora do enquadre da norma social vigente “aceitável”, quando, na verdade, deveria estar inclusa na ampla lógica da diversidade e da pluralidade sexual existente na sociedade. Ao mesmo tempo, existe, atualmente, preocupação em não rotular ou estigmatizar



Importante! Homossexualismo é um termo ainda muito utilizado, e que deve ser alvo de crítica e descriminalização: a desinência “ismo” o torna extremamente inadequado, pois o reveste de conotação negativa, atribuindo significado de doença, desvio, aberração. Basta notar que ninguém fala em sexualismo ou heterossexualismo (MEC, 2007).

Fonte: Fotolia.

Ressalta-se que a OMS, desde 1990, não considera a homossexualidade como doença, excluindo-a da Classificação Internacional de Doenças (CID). Antes dela, em 1973, a Associação Americana de Psiquiatria (APA) já havia retirado a homossexualidade de seu Manual de Diagnóstico e

comportamentos sexuais em “normais” ou

Estatística de Distúrbios Mentais (DSM).

“anormais”. Busca-se discutir os comporta-



36



UN2 Gênero, masculinidades, saúde sexual e saúde reprodutiva

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem Da mesma forma, no Brasil, os Conselhos

Classificação Estatística Internacional de

Já as performances de gênero são as for-

Federais de Medicina (desde 1985) e de

Doenças e Problemas Relacionados com

mas como os sujeitos expressam corporal-

Psicologia (desde 1999) não consideram a

a Saúde (CID), a CID-11, a transexualidade

mente seu gênero. Pessoas que manifes-

homossexualidade como doença, distúrbio

passa a integrar um novo capítulo entitu-

tam comportamentos delicados tendem a

ou perversão (MEC, 2007).

lado “condições relacionadas à saúde se-

ser compreendidas como tendo uma per-

xual” e é classificada como “incongruência

formance feminina. Já aqueles que ma-

de gênero”. Na edição anterior do catálogo,

nifestam comportamentos agressivos e

o termo estava no capítulo sobre “transtor-

dominantes, geralmente são entendidos

nos de personalidade e comportamento”,

como de performance masculina.

Além disso, o termo orientação sexual veio substituir a noção de opção sexual, pois o objeto do desejo sexual não é uma opção ou escolha consciente da pessoa, uma vez que é resultado de um processo profundo, contraditório e extremamente complexo de

em um subcapítulo chamado “transtornos de identidade de gênero”.

constituição do sujeito, no decorrer do qual

Observando os marcos citados, podemos

cada indivíduo é levado a lidar com uma

percebê-los como conquistas que foram

infinidade de fatores sociais, vivencian-

alcançadas recentemente. Ainda há muito

do-os, interpretando-os, (re)produzindo e

trabalho a ser feito para combater os dife-

alterando significados e representações,

rentes preconceitos relacionados à diver-

a partir de sua inserção e trajetória social

sidade sexual, a fim de se construir uma

específica (MEC, 2007). E mais atualmen-

sociedade mais igualitária em relação às

te, em junho de 2018, ocorreu alteração

orientações sexuais e identidades de gêne-

similar quanto a transexualidade, que não

ro não hegemônicas, tendo os serviços de

é mais classificada como doença mental.

saúde um papel de extrema relevância nes-

Na nova atualização lançada pela OMS da

ta empreitada (MEC, 2007).



37



Figura 14 – Performances de gênero são as formas como os sujeitos expressam corporalmente seu gênero

Fonte: Fotolia.

A construção dos gêneros se dá em contextos específicos, que articulam diferentes

UN2 Gênero, masculinidades, saúde sexual e saúde reprodutiva

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem marcadores e são atravessados por rela-

como femininas ou masculinas leva a uma

identidade sexual, de gênero, sem fazer dis-

ções de poder. É a partir desse entendi-

série de pensamentos preconceituosos e

tinções de raça ou de classe (BRASIL, 2015).

mento que podemos pensar na atuação da

atos discriminatórios. É preciso combater

desconstrução de privilégios e opressões.

constantemente o sexismo, o racismo, a

Vale lembrar que as performances de gênero – masculinas ou femininas – não guardam necessariamente relação de correspondência com a orientação sexual dos sujeitos.

Figura 15 – O atendimento deve respeitar identidade sexual, de gênero, sem fazer distinções de raça ou de classe

transfobia, a lesbofobia e a homofobia e o preconceito de classe, porque todas essas questões estão intimamente relacionadas em nossa sociedade (BRASIL, 2015). No âmbito do SUS, em particular, as pes-

As performances de gênero que compõem

soas devem ser tratadas pelo nome e pelo

as corporalidades são determinadas por

gênero que apontaram quando adentram

gostos e estilos de cada indivíduo e con-

aos serviços de saúde. Ao profissional de

venções culturais do meio onde vivem. As

saúde cabe garantir os direitos de usuá-

identidades de gênero são os gêneros com

rios dos serviços de saúde. O cuidado não

os quais os sujeitos se identificam, os no-

deve ser referido a um gênero específico e

mes (masculinos ou femininos) pelos quais

os diferentes arranjos familiares devem ser

gostam de ser chamados.

respeitados.

O entendimento naturalizado erroneamen-

No dia a dia dos serviços de saúde, é im-

te de que a orientação sexual é passível de

portante que as pessoas que procuram este

se supor pelas performances identificadas

serviço sejam atendidas respeitando-se sua



38



Fonte: Fotolia.



Importante! Transexuais e travestis devem ser atendidas(os) e chamadas(os) por seus nomes sociais (nomes escolhidos por elas/eles, diferentes do nome de registro civil), como consta no protocolo de atendimento nos serviços de saúde. Muitas dessas pessoas possuem o cartão do SUS já com o nome social, mas isso não é regra. Fonte: Portaria MS n° 1820, de 13 de agosto de 2009.

UN2 Gênero, masculinidades, saúde sexual e saúde reprodutiva

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem



O Ministério da Saúde, considerando a orientação sexual e a identidade de gênero como determinantes sociais de saúde, reconhecendo as desfavoráveis condições de saúde de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT), e por isso visando à redução das iniquidades e desigualdades em saúde neste grupo populacional, elaborou a Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Tansexuais (BRASIL, 2012). Você pode conhecer esta política de saúde, acessando: .

no que tange ao acesso com qualidade e

Dessa forma, enfrentar toda a discrimina-

o acolhimento humanizado aos serviços,

ção e exclusão social implica em promo-

respeitando qual seja a identidade sexual e

ver a democracia social, a laicidade do Es-

de gênero, e as expressões corporais delas

tado e, ao mesmo tempo, exige ampliar a

decorrentes.

consciência sanitária com mobilização em torno da defesa, do direito à saúde e dos

Para isso, você pode conhecer a Política

direitos sexuais como componente funda-

LGBT, que tem como marca o reconheci-

mental da saúde (BRASIL, 2010b).

mento dos efeitos da discriminação e da exclusão no processo de saúde-doença

A condição de LGBT incorre em hábitos

desta população. Suas diretrizes e objeti-

corporais ou mesmo práticas sexuais

A implementação desta política requer

vos estão voltados para mudanças na de-

que podem guardar alguma relação com

compromissos das instâncias de Governo,

terminação social da saúde, com vistas à

o grau de vulnerabilidade destas pesso-

das Secretarias Estaduais e Municipais de

redução das desigualdades relacionadas

as. No entanto, o maior e mais profundo

Saúde e dos Conselhos de Saúde. Da mes-

à saúde destes grupos sociais (BRASIL,

sofrimento é aquele decorrente da discri-

ma forma, é imprescindível a ação da so-

2010b).

minação e preconceito. São as repercus-

ciedade civil nas suas mais variadas moda-

sões e as consequências destes precon-

lidades de organização, que tencionam os

Diante da complexidade da situação de

ceitos que compõem o principal objeto

governos para a garantia do direito à saúde

saúde do grupo LGBT, e especialmente

desta política.

(BRASIL, 2010b). Você como profissional

diante das evidências que a orientação se-

de saúde tem importante papel na articu-

xual e a identidade de gênero têm na de-

Os desafios na reestruturação de serviços,

lação em nível local para a implementação

terminação social e cultural da saúde, o MS

rotinas e procedimentos na rede SUS se-

da atenção à saúde do homem, sobretudo

construiu essa política para o SUS.

rão relativamente passíveis de adaptação.



39



UN2 Gênero, masculinidades, saúde sexual e saúde reprodutiva

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem Mais difícil, entretanto, será a superação do

2.4

Recomendação de leitura

preconceito e da discriminação, o que re-

complementar

quer de cada um e do coletivo mudanças de valores baseadas na tolerância e no respeito às diferenças (BRASIL, 2010b).



Figura 16 – Nome Social

Brasil. Ministério da Saúde. Carta dos direitos dos usuários da saúde / Ministério da Saúde. – 3. ed. – Brasília : Ministério daSaúde, 2011. Disponível em: .

O nome social é aquele adotado pela pessoa conforme sua identidade de gênero e não necessariamente coincide com as características biológicas de nascimento. É o nome pelo qual se identifica e é identificado na comunidade em que vive. Quando o usuário do SUS faz o cartão nacional de saúde, o nome social pode e deve ser inserido para ser utilizado nos serviços de saúde.

Fonte: Conselho Nacional de Saúde.



40



UN3 Saúde sexual, saúde reprodutiva e atenção básica

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem



42



UN3 Saúde sexual, saúde reprodutiva e atenção básica

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem

Você já deve ter percebido, tanto por meio

de desenvolvimento pessoal, o que inclui

das reflexões anteriores quanto pela sua

considerar aspectos que envolvem família,

própria experiência como profissional de

trabalho, crenças, dificuldades, potenciali-

saúde, que envolver os homens na arena do

dades.

cuidado e aumentar a participação deles nas ações de saúde constitui um desafio

Figura 17 – Abordagem centrada na pessoa, não na doença

por distintas razões. De maneira geral, o cuidar de si e a valorização do corpo, no sentido da saúde, e também no que se refere ao cuidar dos outros, não são questões colocadas na socialização dos homens. Neste sentido, trabalhar com Saúde sexual e Saúde Reprodutiva (SSSR) na atenção bá-

Fonte: Fotolia.

sica (AB) pressupõe uma abordagem cen-

Isso é fundamental para que se leve em

trada na pessoa, contrapondo-se à abor-

conta que há aspectos associados à SSSR

dagem centrada na doença, característica

que seguem além da compreensão redu-

do modelo biomédico de atenção à saúde.

cionista do modelo biomédico, no qual os

Significa buscar a compreensão da pessoa

comportamentos humanos são definidos

– no caso, aqui, dos homens – como um

como problemas médicos ou de saúde

todo, em seu contexto de vida e estágio

(TESSER, 2006).



43



UN3 Saúde sexual, saúde reprodutiva e atenção básica

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem A compreensão é que os procedimentos ex-

básicas para quem trabalha com sexuali-

atenção, livre de preconceitos e soluções;

clusivamente farmacológicos, com orien-

dade (ECOS, 2001).

a escuta sem outro objetivo que a escuta.

tações e prescrições descontextualizadas da vida do usuário e sem observação das práticas de cuidado necessárias à recupe-

Essa escuta permite ao indivíduo exprimirFigura 18 – Aceitar a diversidade é condição básica para quem trabalha com sexualidade

se, e pode abrir a porta ao reencontro da pessoa com ela mesma. A escuta atenta

ração e manutenção da saúde, terão alcan-

e livre pode fazer nascer o estado de con-

ce limitado, sendo frequente a reincidência

fiança necessário que permitirá ultrapas-

dos problemas.

sar os medos.

Neste contexto, é necessário trabalhar a

Neste contexto, é importante resgatar os

profilaxia e o tratamento conforme a com-

significados essenciais das ações que são

preensão ampla da saúde, e também arti-

executadas cotidianamente, e que vão sen-

cular a SSSR a outros campos de atuação,

do muitas vezes banalizadas, a ponto de se

considerando, por exemplo, o acompanha-

tornarem mecânicas.

mento psicológico, o apoio do Serviço So-

Fonte: Fotolia.

cial, entre outros, tendo em vista que as prá-

Com o intuito de ampliar o campo de visão

ticas sexuais derivam de diferenças sociais,

Nesta abordagem, saber ouvir é tão im-

e exploração da atenção em SSSR por parte

de diversos marcadores sociais (idade, sexo,

portante quanto saber o que dizer e em

dos profissionais de saúde, elencamos algu-

orientação sexual, tradição cultural) e de cir-

que linguagem dizer, pois essa habilida-

mas recomendações fundamentais (BRASIL,

cunstâncias pelas quais o usuário passa.

de é crucial para uma atenção adequada.

2010, p. 55):

Ouvir o outro pressupõe a capacidade de Ressalta-se ainda que aceitar a diversidade

silenciar (BRASIL, 2010, p. 36). Uma escu-

Nas ações desenvolvidas pelos profis-

e dar espaço para o prazer são condições

ta qualificada é aquela feita de presença e

sionais de saúde da AB incluem-se as



44



UN3 Saúde sexual, saúde reprodutiva e atenção básica

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem



45



UN3 Saúde sexual, saúde reprodutiva e atenção básica

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem relacionadas à educação em saúde se-

pactuações para essa referência ocorre

xual e reprodutiva, que pode ser realizada

sob responsabilidade da gestão munici-

de forma individual ou em grupos já exis-

pal com as demais instâncias regional e

tentes na comunidade ou na unidade de

estadual.

Figura 19 – Teste HIV faz parte das ações estratégicas

saúde. 3.1 Ações e estratégias para aproximar Quando houver dificuldades sexuais, é ne-

serviços, profissionais e homens do

cessário discutir as possibilidades para a

campo da Saúde Sexual e Saúde Re-

realização de mudanças graduais, no sen-

produtiva

tido de buscar maior satisfação comunicação entre os parceiros, o que resultará em

As ações e estratégias para a saúde sexual

maior confiança e segurança para solicitar

masculina no contexto de cuidados de saú-

um ao outro o que desejam (BRASIL, 2010,

de precisam ser desenvolvidas em vários

p. 55).

eixos.

Fonte: Fotolia.

Há a necessidade de abordar potenciais problemas funcionais ao longo do curso

Ainda, é importante destacar que, quan-

Conceitualmente, é necessária uma abor-

de vida: relação sexual responsável e si-

do identificados casos que necessitem

dagem ampla e abrangente para a pre-

tuações de risco, saúde sexual e doenças

de referência para a atenção especiali-

venção e tratamento de resultados ad-

crônicas, prostatismo, varicocele e disfun-

zada, a AB realizará o encaminhamento

versos relacionados à atividade sexual,

ção erétil, entre outros.

e será responsável pelo

acompanha-

incluindo o HIV/Aids e outras Infecções

mento do usuário na Rede de Atenção

Sexualmente Transmissíveis (IST), como

Embora estas questões sejam muitas ve-

à Saúde (RAS). A definição dos fluxos e

a sífilis, além das hepatites virais, cânce-

zes tratadas como problemas clínicos se-

res e violência sexual.

parados, a partir de uma perspectiva mais



46



UN3 Saúde sexual, saúde reprodutiva e atenção básica

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem ampla todas elas caem dentro da esfera da

de pessoas em situação de risco, ou sendo

O fato é que estes dois extremos, onde, por

saúde sexual.

rastreadas para vários problemas de saúde

um lado, constata-se uma grande lacu-

relacionados com o comportamento sexual

na assistencial na atenção à sexualidade

Desse modo, um olhar integral e inte-

envia mensagens negativas sobre a saúde

pelos serviços de saúde, e inversamente,

grado que contemple a SSSR, por parte

sexual.

por outro, a atenção excessiva dada a este

dos profissionais de saúde, pode trazer

tema por parte da mídia, pode acabar ge-

o potencial de melhorar o atendimento e

A promoção da saúde sexual, ao enfatizar

rando informações desencontradas neste

acompanhamento de homens em diferen-

os benefícios da aproximação com o siste-

campo e criar uma dinâmica confusa para

tes fases da vida ou de grupos de risco,

ma de saúde, promovendo os aspectos po-

a população usuária do SUS.

entendendo que nas diferentes fases da

sitivos, impedindo equívocos e mitos, pode

vida podem ocorrer mudanças no perfil de

diminuir a negação de comportamentos de

Com relação aos profissionais de saúde, a

risco. Também se pode influenciar a forma

risco ou atribuição de sintomas a causas

mudança, no sentido de uma educação e

como a população percebe saúde sexual e

não-sexuais – o que pode minimizar atra-

formação mais abrangente em SSSR em vez

bem-estar.

sos no tratamento e em medidas de pre-

de apenas o foco na doença, pode aumentar

venção.

a eficiência dos atendimentos, criando um

A concretização destes benefícios exige,

ambiente com menos julgamentos e maior

sem dúvida, um maior enfoque na educa-

Frisamos também que, paradoxalmente,

ção e formação em saúde sexual. Um fator

enquanto os profissionais de saúde mui-

fundamental relacionado ao meio social é o

tas vezes deixam de discutir abertamente

Para que haja realmente um diálogo frutí-

estigma relacionado aos resultados adver-

questões relacionados à sexualidade du-

fero na relação do sistema de saúde com

sos da atividade sexual, particularmente às

rante os atendimentos de saúde, a promo-

a população, é necessário uma conscienti-

IST e ao HIV, que podem dificultar a procu-

ção da sexualidade nos meios de comuni-

zação sobre valores e atitudes que afetam

ra de cuidados à saúde. A estigmatização

cação continua a ser generalizada.

esta interação.



47



inclusão.

UN3 Saúde sexual, saúde reprodutiva e atenção básica

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem Figura 20 – Atendimento aberto evita as informações confusas que a mídia pode gerar

no atendimento, entre outros recursos de co-

para a saúde tanto das mulheres, como das

municação, pode ajudá-lo a sentir-se mais

crianças e dos homens.

acolhido e confortável para expor queixas. Podem ser realizados também encaminhamentos, atendimentos compartilhados ou en-

Figura 21 – A paternidade pode ajudar na inserção dos homens nos serviços de AB

volvimento de outro integrante da equipe para auxiliarnaconduçãodeintervençãoespecífica. Dificuldades desta ordem podem fazer com que o usuário sequer procure o serviço. É oportuno, portanto, que na avaliação dos fluxos de atendimentos sejam observados os fatores que favorecem o acesso aos serFonte: Fotolia.

viços de saúde.

Ao ser atendido por uma profissional de

3.1.1 Paternidade e planejamento

saúde, é possível que o usuário sinta ver-

Fonte: Fotolia.

reprodutivo

A paternidade pode ser estratégica para a inserção dos homens na agenda dos serviços

gonha, deixando de expressar alguma quei-

de saúde, sobretudo na AB, à medida em que

xa ou informação importante (PINHEIRO,

A Política Nacional de Atenção Integral à

atua como uma “porta de entrada positiva”

2010).

Saúde do Homem (PNAISH) enfatiza que

para estes, podendo assim contribuir para

a incorporação dos pais e da paternidade

os direitos sexuais e reprodutivos e também

Dialogar com habilidade sobre a questão

pelos serviços e profissionais da saúde do

para uma melhor qualidade de vida e saúde

apresentada, perguntar se ele está à vontade

SUS tem o potencial de trazer benefícios

familiar.



48



UN3 Saúde sexual, saúde reprodutiva e atenção básica

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem Sabemos que as atividades de planeja-

Lei no 9.263/96 – Garante o direito a todo cidadão brasileiro a todos os métodos cientificamente aceitos

mento reprodutivo têm sido historica-

de concepção e contracepção.

mente mais direcionadas às mulheres.

Lei no 8.069/90 – Garante o direito ao acompanhamento de crianças e adolescentes internados.

Isso se reflete até mesmo no ambiente

Lei no 11.108/05 – Garante o direito de um acompanhante durante todo o período de trabalho de parto,

e na estrutura organizacional dos serviços de saúde, mais adequados à assistência materno-infantil. Mudanças na ambiência dos serviços são bem-vindas,

parto e pós-parto imediato. Portaria no 2.418/05, do MS – Define como pós-parto imediato o período de dez dias após o parto e dá cobertura para que o acompanhante possa ter acomodação adequada e receber as principais refeições. Constituição Federal/88 – Garante o direito à licença-paternidade de cinco dias, o que até então era de um dia, conforme estabelecido pela CLT.

orientando estes espaços também para

Lei no 13.257/2016 – altera a Lei no 11.770/2008, que instituiu o Programa Empresa Cidadã, para incluir a

homens, com cartazes que os incluam,

prorrogação da licença-paternidade por 15 dias, além dos 5 dias já garantidos pela Constituição Federal,

cores menos estereotipadas, entre outros

totalizando 20 dias de afastamento para o empregado de pessoa jurídica que aderir ao Programa.

aspectos.



Importante! No tema da paternidade, é importante que os profissionais de saúde da AB reconheçam que o homem tem direito de acompanhar a gravidez, o parto e pós-parto, bem como estar presente na educação e nos cuidados com a saúde da criança.

deve ser puramente instrumental, apoiando

vidas, expressar preocupações, solicitar

ou dificultando as decisões da parceira.

orientações e participar das práticas de cuidado necessárias à gravidez. Bem in-

Veja no quadro acima quais os dispositivos

formado, é mais fácil tornar-se parceiro da

legais que garantem estes direitos.

gestante, fortalecendo os laços de cooperação entre ambos.

3.1.2 A presença do homem no préA paternidade ativa não é apenas dever, mas

natal, parto e puerpério

também direito à participação e responsa-

É significativo o simples gesto de colocar mais uma cadeira na sala de consul-

bilidade nas decisões, mesmo que não haja

A inclusão do homem no atendimento pré-

tas e de exames. Esse momento pode

relação conjugal. O papel dos homens não

natal na AB pode lhe possibilitar tirar dú-

ser oportuno para que o profissional



49



UN3 Saúde sexual, saúde reprodutiva e atenção básica

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem promova a saúde do parceiro e o oriente

te para o bebê, como HIV, sífilis e hepati-

Uma das recomendações da Organização

a respeito dos serviços disponíveis para

tes B e C. A realização destes exames e

Mundial de Saúde (OMS) para humanização

homens.

dos tratamentos correspondentes é fun-

do parto e do nascimento, fundamentada

damental para a saúde da criança. Além

na legislação brasileira, é que a parturiente

As prescrições e orientações devem ser

do que, um dos maiores entraves para a

tenha um acompanhante de livre escolha

dirigidas também a ele, para que possa

eliminação da sífilis congênita tem sido

durante todo o período de internação (Lei

apoiar a parceira nos procedimentos de

a dificuldade de cuidar dos parceiros das

do Acompanhante no 11.008/05). Muitas

cuidado com a gestação e com o bebê.

mulheres grávidas já tratadas, o que oca-

mulheres e homens, contudo, ainda desco-

siona, na maioria das vezes, a reinfecção

nhecem esse direito e, em alguns serviços,

da gestante.

ainda há resistências em reconhecê-lo,

Figura 22 – O simples gesto de colocar uma cadeira a mais na sala pode representar muito

sendo atribuição dos profissionais da AB Outro fator de destaque é a presença de

informá-lo.

alguém que acompanhe a gestante no pré-parto, parto e pós-parto, o que dimi-

Figura 23 – Acompanhamento: recomendado por lei

nui o período de internação e recuperação da mãe, bem como o número de cesáreas. Alguém de confiança no momento do parto aumenta a sensação de bem-esFonte: Fotolia.

tar da mulher, refletindo positivamente nos indicadores de saúde dela e do bebê

Importante que o parceiro acompanhe

(CARVALHO, 2008), além de contribuir para

também a investigação clínica de agravos

o fortalecimento do vínculo entre o pai e a

que podem ser transmitidos verticalmen-

criança.

Fonte: Fotolia



50



UN3 Saúde sexual, saúde reprodutiva e atenção básica

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem No processo de acompanhamento, tem-

combinante), difteria e tétano–dT, febre

ou reuniões voltados para esse fim, nas

se a oportunidade de realizar a estratégia

amarela (atenuada), e sarampo, caxum-

visitas domiciliares pós-parto e ou nas

Pré-Natal do Parceiro, conforme proposta

ba e rubéola (SCR), são importantes para

consultas de puericultura..

pela Coordenação Nacional de Saúde do

proporcionar melhor qualidade de vida à

Homem (CNSH/MS), desde 2012, com o

população com a prevenção de doenças;

objetivo de: • realizar exames de rotina e testes rápidos, conforme a idade do homem e fatores de risco a que está exposto: hemograma, tipagem sanguínea e fator RH, pesquisa de antígeno de superfície do vírus da hepatite B (HBSAG), teste de

• desenvolver, nas atividades educativas durante o pré-natal, temas voltados para o público masculino; • favorecer a participação efetiva do homem no momento do parto e do puerpério. 3.1.3 Amamentação

VDRL para detecção de sífilis, pesquisa

Um dos fatores para o sucesso do alei-

de anticorpos ANTI-HIV-1 e HIV-2, pes-

tamento materno é o apoio oferecido à

quisa de antígeno de superfície do vírus

mulher por profissionais de saúde e por

da hepatite C (ANTI-HCV), lipidograma,

pessoas próximas. O parceiro destaca-se

dosagem de colesterol HDL, LDL, coles-

como suporte importante para a continui-

terol total, triglicerídeos, glicose;

dade do aleitamento ao se fazer presente

• atualizar o cartão de vacinas conforme

Figura 24 – O parceiro se destaca como suporte na continuidade do aleitamento

no cuidado com a mãe e com a criança.

o Calendário Nacional de Vacinação do Programa Nacional de Imunizações -

As orientações e subsídios para essa fun-

PNI do Ministério da Saúde. O uso de al-

ção podem ocorrer, por exemplo, durante

gumas vacinas tais como hepatite B (re-

os atendimentos pré-natais, em grupos



51



Fonte: Fotolia

UN3 Saúde sexual, saúde reprodutiva e atenção básica

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem 3.1.4 Cuidado do pai com as crianças

É necessário habilidade para conduzir ca-

tanto no momento de fazer perguntas so-

sos em que os homens apresentem resis-

bre a saúde e o desenvolvimento da criança

A educação de gênero estereotipada é res-

tência e preconceito quanto a assumirem o

quanto no fornecimento de orientações e

ponsável, muitas vezes, pela ideia de que a

papel de cuidador.

na prescrição de condutas.

à maternidade do que à paternidade, levan-

Nos casos em que o pai comparece aos

No ano de 2016 o Ministério da saúde lan-

do os homens a terem menos informações

atendimentos ou se apresenta como princi-

çou o Guia do Pré-Nataldo Parceiro, que

e a se sentirem menos aptos às práticas

pal cuidador da criança, os profissionais da

propõe-se a ser uma das principais ‘por-

de cuidado. O acolhimento e a orientação

saúde devem reconhecê-lo nessa função,

tas de entrada’ aos serviços ofertados pela

a pais e mães são fundamentais, sobretudo

acolher e fornecer suporte.

Atenção Básica em saúde a esta população,

prática de cuidado estaria mais associada

nos primeiros anos de vida da criança, perí-

ao enfatizar ações orientadas à prevenção,

odo em que são acompanhadas sistemati-

Nas situações em que não for possível a

à promoção, ao autocuidado e à adoção de

camente pelos profissionais da AB.

participação do pai – não assumiu o filho,

estilos de vida mais saudáveis.

faleceu, mora distante, ou outras situações, Quando apenas a mãe comparece aos aten-

os trabalhadores devem estimular que al-

Este guia busca contextualizar a impor-

dimentos relativos à saúde da criança, deve-

guém próximo, envolvido no cuidado com a

tância do envolvimento consciente e ativo

-se conversar sobre a ausência do pai, con-

criança, seja bem-vindo ao serviço de saú-

de homens adolescentes, jovens adultos e

vidá-lo para os atendimentos e orientá-lo a

de e reconhecido como cuidador, podendo

idosos em todas as ações voltadas ao pla-

respeito da importância de compartilhar a

assumir a função de pai.

nejamento reprodutivo e, ao mesmo tempo,

responsabilidade pela criação dos filhos.

contribuir para a ampliação e a melhoria do Todos da equipe de saúde, quando possí-

acesso e acolhimento desta população aos

vel, devem se dirigir a ambos, pai e mãe,

serviços de saúde.



52



UN3 Saúde sexual, saúde reprodutiva e atenção básica

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem Figura 25 – O profissional da saúde deve dirigir-se a ambos os parceiros

referentes aos papéis de gênero e garantir o

drogas, menor índice de exposição a riscos

direito aos homens de cuidarem de si e dos

e a situações de violência, maior predispo-

seus filhos, biológicos ou não, em todos os

sição ao equilíbrio emocional.

contextos possíveis de paternidade. Além disso, as crianças que contam com 3.2.1 Pais não biológicos e a função paterna

mente a função paterna estão mais prote-

Na ausência do pai biológico, outros homens – tios, irmãos, avôs, padrastos, paFonte: Fotolia.

3.2

Práticas reprodutivas nos diferentes contextos

drinhos ou mesmo amigos próximos podem estabelecer conexão com as crianças e exercer a prática do cuidado. O incentivo da equipe à presença dele pode ajudar a

Em geral, são ofuscadas as possibilidades

consolidar a representação social do ho-

de paternidade por inseminação; por ho-

mem cuidador, ampliando o repertório das

mossexuais, bissexuais, travestis, transgê-

crianças quanto a normas e valores consi-

neros; por adolescentes; por homens que

derados masculinos e femininos.

assumem sozinhos essa função, ou após a separação conjugal.

Observa-se ainda que o envolvimento na vida dos filhos pode trazer benefícios à

As rotinas dos serviços de saúde devem

saúde dos homens como, por exemplo, me-

trabalhar para superar padrões limitantes

nor incidência de abuso de álcool e outras



a presença de alguém que exerce devida-

53



gidas dos riscos e ameaças à sua integridade física e psicológica. 3.2.2 Pais adolescentes Homens adolescentes e jovens devem ser reconhecidos em seus direitos reprodutivos e ter resguardada autonomia e projetos de vida. A paternidade na adolescência não deve ser vista apenas como algo a ser evitado. Os preconceitos dos profissionais sobre a saúde sexual e reprodutiva dessa população não devem representar ameaça à qualidade da assistência nos serviços.

UN3 Saúde sexual, saúde reprodutiva e atenção básica

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem Devem ser disponibilizadas informações com acesso facilitado, métodos contracep-

Figura 26 – O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê o direito ao cuidado dos pais

que são bons cuidadores costumam ser desvalorizados, pois as mulheres são ti-

tivos e preservativos, orientações quanto

das como cuidadoras naturais. Assim, pais

ao planejamento reprodutivo, assegurando

solteiros ou viúvos podem, por barreiras

condições de escolha sobre a gravidez.

culturais ou institucionais, apresentar dificuldades de exercer adequadamente a pa-

3.2.3 Pais separados

ternidade. É necessário o apoio da equipe de saúde no estímulo e valorização da ex-

No caso de separação do casal, os víncu-

periência do homem como cuidador.

los com pais ou mães devem ser preservados em benefício da saúde emocional da criança. A criança tem direito ao cuidado

3.2.5 Pais homossexuais Fonte: <www.consec.rn.gov.br>.

de ambos, como previsto pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e demais

A homoparentalidade vem ocorrendo com Mesmo nos casos de guarda compartilhada,

frequência cada vez maior. As recentes

é importante que os profissionais possam

mudanças na legislação, buscando ade-

Nos casos de alienação parental, quando

reconhecer a necessidade da presença de

quar-se à dinâmica social, ampliaram a

a pessoa que fica com a guarda dos filhos

ambos, assegurando igualmente ao homem

possibilidade de adoção por homossexu-

dificulta o envolvimento da outra, afastan-

o lugar de direito enquanto pai que cuida.

ais e é previsível que os serviços de saúde

recomendações nacionais e internacionais.

do-a dos cuidados com a saúde e educação dos filhos ou depreciando-a, os pro-

se deparem com essa situação. Os pais 3.2.4 Pais solteiros ou viúvos

fissionais da saúde podem alertar sobre o

homossexuais costumam sofrer duplo preconceito: por divergirem do padrão he-

impacto e risco que isto pode gerar para a

Muitos homens se sentem incapazes de

terossexual e heteronormativo e por serem

saúde da criança.

cuidar dos próprios filhos. Mesmo aqueles

homens cuidadores.



54



UN3 Saúde sexual, saúde reprodutiva e atenção básica

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem É fundamental, por parte dos profissionais

cristalizados sobre as relações de gêne-

grupais direcionadas aos sujeitos do gêne-

da saúde, a suspensão de preconceitos e o

ro nos serviços de saúde, sobretudo no

ro masculino, residentes e domiciliados na

apoio adequado a estes pais, seja qual for

contexto da AB.

área de abrangência da referida unidade. O

a identidade de gênero, a orientação sexual e a organização familiar, buscando aproxi-

processo iniciou-se com a divulgação da 3.3

Relatos de experiências

mar estes pais do papel de cuidadores.

mente para este segmento. Por último, destacamos nesta terceira uni-

Figura 27 – Homoparentalidade

realização de grupos de saúde especial-

dade, também, dois relatos de experiências disponíveis em publicações sobre práticas realizadas na AB, buscando oportunizar algumas ideias e modelos de como esta interação entre os profissionais de saúde e a população masculina pode acontecer no cotidiano dos serviços e colaborar para a ampliação das ações de cuidado com a saúde.

Essa fase inicial se caracterizou pelo estabelecimento de vínculos com os homens por meio da visita domiciliar (VD) e também na sala de espera da unidade. Ao finalizar a fase de divulgação da prática, agendou-se o primeiro encontro conforme data e horário por eles solicitados. No primeiro encontro, foram explanados os objetivos da proposta, bem como foi orga-

3.3.1 Primeiro relato

nizado o agendamento e as temáticas das

Fonte: Fotolia

O primeiro relato é de um processo de edu-

próximas reuniões. Nesta lógica, foram re-

A SSSR funciona integrada aos direitos

cação em saúde com grupos de homens re-

alizados cinco encontros, com horários e

sexuais e reprodutivos, consolidando

gistrado por Almeida et al. (2012). Ocorreu

dias estabelecidos. Três ocorreram no meio

uma base forte para o exercício dos direi-

em uma unidade da Estratégia Saúde da

urbano e dois no meio rural, sendo que o nú-

tos humanos, envolvendo o grande desa-

Família (ESF), em um município do interior

mero de participantes variou de 7 a 14 por

fio de transformar as crenças e os valores

do Rio Grande do Sul, por meio de ações

encontro, na faixa etária entre 25 e 80 anos.



55



UN3 Saúde sexual, saúde reprodutiva e atenção básica

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem As reuniões aconteceram nas sedes ou salões comunitários, com duração de aproximadamente 40 minutos. A escolha das temáticas a serem abordadas partiu da necessidade apresentada pelos participantes entre elas: Cuidado, conhecendo o Sistema

3.3.2 Segundo relato

tros com homens, entre 20 e 59 anos, mora-

O segundo relato intitula-se “Conversa de Boteco: uma estratégia para a promoção da saúde do homem” e é realizado na cidade de Paraisópolis, no estado de São Paulo.

dores desta Paraisópolis – uma comunidade na zona sul da cidade de São Paulo, com cerca de 60 mil habitantes, na sua maioria em situação fundiária irregular e forte vulnerabilidade sócio-ambiental. Por cerca de

de Saúde; Sexualidade Masculina; e, Taba-

A proposta desta estratégia é ampliar o re-

duas horas, em bares da própria comunida-

gismo. Todas foram desenvolvidas a partir

conhecimento dos determinantes das condi-

de, uma equipe interdisciplinar de profissio-

de metodologias ativas e reflexivas, cons-

ções de vida dos homens e intervir adequada-

nais da saúde abordam temas de interes-

trução de painéis, dinâmicas e rodas de

mente sobre eles a partir de ações voltadas a

se dos homens participantes, por meio de

discussão.

promoção da saúde deste segmento.

estratégias educativas dialógicas, como o

Figura 28 – Reuniões com sujeitos do gênero masculino

Assim sendo, profissionais de saúde da equipe da unidade de ESF, Paraisópolis II, formaram o grupo “Conversa de Boteco”, com o objetivo de desenvolver ações socioeducativas orientadas para promover a saúde do homem e proporcionar maior integração dos participantes com a equipe de saúde da unidade básica local.

Fonte: Fotolia

Com base nos princípios da Aprendizagem Social, mensalmente são realizados encon-



56



mapa-falante e o painel integrado, a fim de estimular a reflexão crítica, o reconhecimento de seus principais problemas de saúde e formas de intervir sobre eles. Os encontros do grupo “Conversa de Boteco” acontecem, desde 2013, e já abordaram temas como “Representações de Saúde”, “Violência e Drogas”, “Preconceito”, “Fatores de Risco e DCNT” e “Sexualidade e DST”, entre outros.

UN3 Saúde sexual, saúde reprodutiva e atenção básica

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem No campo da saúde sexual e reprodutiva a

a construção de novos conhecimentos, ha-

ESF desenvolve uma parceria com o Cen-

bilidades e valores e o diálogo entre sabe-

tro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas

res tradicionais dos participantes e conhe-

(CAPSad) para que, em determinados en-

cimentos técnico-científicos da equipe de

contros mensais do grupo, profissionais da

saúde.

Figura 30 – Novas estratégias para tratar de saúde

saúde mental participem problematizando temas relacionados aos métodos contracep-

Na semana seguinte aos encontros realiza-se

tivos e às ISTs.

o “Pós-Boteco”, quando são agendadas visitas na USF local para avaliação individual em

Figura 29 – Um ambiente informal pode favorecer a discussão

diversas especialidades. Após três anos de estratégias, a conclusão

Fonte: Fotolia

da equipe da unidade de ESF, Paraisópolis II, é de que a apropriação por parte dos

Para mais informações sobre dinâmicas uti-

participantes homens destes espaços de

lizadas para trabalhar com homens, acesse

aprendizagem social tem contribuído para

“Trabalhando com Homens Jovens”, do Ins-

a melhoria da sua autoestima, aproxima-

tituto Promundo. Um dos cadernos, sobre

ção e integração à equipe de saúde, assim

Sexualidade e Saúde Reprodutiva, apresenta

como para favorecer o empoderamento

como trabalhar com eles. Uma delas chama-

comunitário – pilares indispensáveis à pro-

se “RESPONDA, ... SE PUDER” e introduz o

Neste sentido, a atuação de profissionais

moção da saúde e um caminho para alicer-

tema da saúde reprodutiva dos homens e os

de saúde como mediadores desse proces-

çar novas estratégias de atenção à saúde

cuidados com o próprio corpo. Outra versa

so de educação em saúde tem favorecido

do homem.

sobre a “SEXUALIDADE E CONTRACEPÇÃO”.

Fonte: Fotolia



57



UN3 Saúde sexual, saúde reprodutiva e atenção básica

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem Esta segunda, demonstra a importância de se ter informações corretas e apropriadas sobre os métodos contraceptivos, favorecendo a escolha adequada por um deles. Destaca-se ainda, neste material, outra di-



PROMUNDO. Envolvendo Meninos e Homens na Transformação das Relações de Gênero: manual de atividades educativas. Promundo: Rio de Janeiro; New York, 2008. Disponível em: .

nâmica chamada “TEM GENTE QUE NÃO USA CAMISINHA PORQUE...” que pode ser utilizada pelas equipes de saúde para desmistificar as crenças a respeito dela como um obstáculo ao prazer e à ereção, ensinando também como utilizar o preservativo. 3.4

Recomendação de leituras complementares



PROMUNDO. Programa H. Sexualidade e saúde reprodutiva. Promundo: Rio de Janeiro; New York, 2001. Disponível em: .



58



Resumo do curso

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem

Este curso abordou a Saúde Sexual e a Saúde Reprodutiva como um direito ressaltando a importância de potencializar, a partir da atenção à saúde, a construção de relações de parceria baseadas no respeito mútuo, na equidade e no compartilhamento de responsabilidades e do cuidado. Quanto ao gênero masculino apontou a compreensão que este se constrói a partir de atributos sociais – papéis, crenças, atitudes e relações entre mulheres e homens – os quais não são determinados meramente pela biologia, mas pelo contexto social, político e econômico, e que contribuem para orientar o sentido do que é ser homem ou ser mulher numa dada sociedade. Foram incluídas algumas reflexões sobre gênero, masculinidades e sua repercussão na saúde sexual e reprodutiva, problematizando algumas questões fundamentais como corporalidades, sexualidade e diferentes performances de gênero. Quanto as expressões diversas da sexualidade masculina o módulo aponta que é preciso compreender que as corporalidades podem ser múltiplas e que as diferentes performances de gênero compõem os sujeitos, na riqueza da diversidade humana. No âmbito do SUS, em particular, as pessoas devem ser tratadas pelo nome e pelo gênero que apontaram quando adentram aos serviços de saúde. Ao profissional de saúde cabe garantir os direitos de usuários dos serviços de saúde. Quanto à saúde reprodutiva, ainda no Brasil a responsabilidade em relação à contracepção recai mais sobre a mulher. A ideia de que os homens devam participar do planejamento reprodutivo e familiar, desempenhando papel ativo na contracepção tornou-se mais aceitável



59



Resumo do curso

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem

nos últimos anos. No entanto, o olhar e o cuidado dos profissionais da Atenção Básica são essenciais para a garantia desses avanços, bem com a integralidade da atenção à saúde. Por fim, destacou-se na terceira unidade, dois relatos de experiências disponíveis em publicações sobre práticas realizadas na AB, buscando oportunizar algumas ideias e modelos de como esta interação entre os profissionais de saúde e a população masculina pode acontecer no cotidiano dos serviços e colaborar para a ampliação das ações de cuidado com a saúde.



60



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Sobre os autores

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem

Caroline Schweitzer de Oliveira

Carmem Regina Delziovo

Possui graduação em Enfermagem pela Universi-

Possui graduação em Enfermagem e Obstetrícia

dade Federal de Santa Catarina/UFSC (2003), Espe-

pela Universidade Regional do Noroeste do Es-

cialista em Educação Sexual pela Universidade do

tado do Rio Grande do Sul (1985) e mestrado em

Estado de Santa Catarina (2005), Especialista em

Ciências da Saúde Humana pela Universidade do

Desenvolvimento Gerencial de Unidade Básica de

Contestado (2003), doutorado em Saúde Coleti-

Saúde do SUS (2008), Especialista em Saúde Públi-

va pela Univerisdade Federal de Santa Catarina

ca pela Escola de Saúde Pública Professor Osvaldo

(2015). Atua na Secretaria de Estado da Saúde do

de Oliveira Maciel (2010), Mestra em Saúde Coleti-

Governo do Estado de Santa Catarina na Gerência

va pela UFSC (2014). Tem experiência na Estratégia

da Coordenação da Atenção Básica. Tem experiên-

Saúde da Família (ESF), nos municípios de Lages/SC,

cia na área de Saúde Pública, com ênfase em Ges-

Correia Pinto/SC e Antônio Carlos/SC e foi coorde-

tão , atuando principalmente nos seguintes temas:

nadora do Programa de Saúde da Mulher e da Rede

políticas de saúde, regulação, redes de atenção à

de Atenção às Vítimas de Violência Sexual (RAIVVS)

saúde, saúde da mulher e da criança e violência.

em Florianópolis/SC. Também atuou como docen-

Endereço do currículo na plataforma lattes:

te para formação de Agentes Comunitárias(os) de

.

Saúde e Técnicas(os) em Enfermagem. Atualmente é assessora técnica da Coordenação-Geral de Saú-

Margareth Cristina de Almeida Gomes

de das Mulheres do Ministério da Saúde, atuando

Doutoranda em Saúde Coletiva pelo Instituto de

principalmente com a temática da violência, aborto

Medicina Social (IMS) da Universidade do Estado

previsto em lei e Direitos Sexuais e Reprodutivos.

do Rio de Janeiro (UERJ). Mestre em Saúde Coletiva

Endereço do currículo na plataforma lattes:

pelo IMS da UERJ (2013), especialista em Saúde da

.

Família nos moldes de Residência Multiprofissio-



65



Sobre os autores

Atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem nal pela Universidade Estadual de Londrina (2010)

onde trabalha como psicólogo e psicoterapeuta,

e graduada em Enfermagem pela Universidade

em grupos e individualmente. Tem experiência na

Estadual de Londrina (2007). Tem experiência em

área de Psicologia Clínica, com ênfase em Psicote-

gestão federal e municipal de serviços de saúde,

rapia Somática e Meditação, e interesse no campo

no planejamento e produção do cuidado em saúde

de pesquisa voltado para o estudo de gênero, mas-

em equipes de Unidades de Saúde da Família e em

culinidades e cultura.

espaços comunitários junto a populações vulnerá-

Endereço do currículo na plataforma lattes:

veis. Desenvolveu práticas educativas envolvendo

.

trabalhadores de saúde, movimentos sociais, estudantes de ensino médio e graduação, com foco em temas de promoção à saúde e prevenção de agravos transmissíveis e não-transmissíveis, gênero e sexualidade. Endereço do currículo na plataforma lattes:

Eduardo Schwarz Possui graduação em Psicologia pela Universidade de Brasília (1999). Atualmente presta consultoria para o Ministério da Saúde em parceria com a Organização Panamericana de Saúde-OPAS na pasta de Saúde do Homem. Dirige o ECOH – Instituto Brasileiro de Ecologia Humana em Brasília,



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