Monografia - Adaptação Do Conto “a Pata Do Macaco” Para Obra Audiovisual: Vídeo, Making Of E Campanha Publicitária

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THAYSA TEÓFILO VAZ THIAGO BAZZI WALDEMIR SILGUEIRO JUNIOR

ADAPTAÇÃO DO CONTO “A PATA DO MACACO” PARA OBRA AUDIOVISUAL: VÍDEO, MAKING OF E CAMPANHA PUBLICITÁRIA

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Comunicação Social habilitações Rádio e TV e Publicidade e Propaganda pelo Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal de Mato Grosso UFMT, sob a orientação do Professor Joubert Lobato Evangelista.

Joubert Lobato Evangelista

Cuiabá 2007

DEDICATÓRIA A todas as pessoas que investiram o dia 10 de março de 2007 e sua posterior madrugada na gravação do vídeo.

AGRADECIMENTOS Thaysa Aos meus pais, Izabete e Francisco, amor incontestável, força e patrocínio durante esses anos. À minha irmã Jakeline pelo companheirismo. Aos meus companheiros de monografia, Thiago e Junior. Ao meu namorado Thiago, pelos ensinamentos, paciência e carinho de cada dia. Aos amigos de longa data e aos que fiz durante essa louca jornada chamada faculdade. Thiago À minha mãe, Tânia Bazzi por, simplesmente, tudo. Às minhas tias, Nájoa, Nádia, Norma, Kátia (in memorian) e Selma. À minha irmã de coração Tuanne. Aos meus avós Salim e Darcy. Aos amigos Fábio, Léo e Juninho, por não desistirem de mim. Aos meus companheiros de monografia, Thaysa e Junior. À minha namorada Thaysa, principalmente pela compreensão e carinho. À galera da faculdade – CONSEGUIMOS! Junior Aos meus pais, “Valdema” e “Cidinha”, que estiveram sempre ao meu lado, embora separados por 725 km e pelo amor e carinho incondicionais. Aos meus irmãos, Vinícius e Victor, pela amizade, companheirismo e confidências. Aos meus familiares, em especial, Ademir, Marilene, Madalena e Ivanete por me darem casa e comida quando necessário. À minha namorada Talita, pelo carinho e paciência. Aos amigos, em especial, Fhred, Pequeno e Plunk, pela parceria e irmandade. Aos meus companheiros de monografia, Thaysa e Thiago, pelos telefonemas para me acordar. A todos que duvidaram de mim. “Nosso” Ao nosso orientador, Joubert Lobato. Aos mestres que nos trouxeram até aqui e mostraram o caminho a se seguir. À Bruna, Jana e Francisco, pelo empréstimo da casa-estúdio. À equipe de produção: Juçara, Gilberto, Prota, Celso, Buiú, Nariel, Jhony, Smeagól, Heitor e Gustavo. Ao Gentil, pela dedicação e atenção dispensadas. Ao Pee-Wee, Cavalo e Ankh, pela inspiração. A todas as pessoas que conhecemos no decorrer de nossas vidas, e que colaboraram, direta ou indiretamente, para o nosso desenvolvimento.

RESUMO

O trabalho a seguir discorre sobre três linguagens distintas: literatura, cinema e vídeo; e a adaptação de literatura para vídeo, trazendo a experiência prática de produção audiovisual complementada por sua campanha publicitária. Isso, fazendo uma conexão teoria-prática e apresentando os resultados obtidos.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 05 1 ASPECTOS DA LITERATURA, CINEMA E VÍDEO ........................................... 07 1.1 LITERATURA ......................................................................................................... 07 1.2 CINEMA ................................................................................................................... 08 1.3 VÍDEO ...................................................................................................................... 10 2 AUTOR E CONTO ..................................................................................................... 12 2.1 O AUTOR ................................................................................................................. 12 2.2 O CONTO ................................................................................................................. 13 3 PRODUÇÃO AUDIOVISUAL .................................................................................. 25 3.1 PRÉ-PRODUÇÃO ................................................................................................... 25 3.1.1 Roteiro .................................................................................................................... 25 3.1.2 Adaptação .............................................................................................................. 29 3.1.3 Preparação ............................................................................................................. 31 3.2 PRODUÇÃO ............................................................................................................ 32 3.2.1 Recursos técnicos .................................................................................................. 33 3.2.2 Recursos humanos ................................................................................................ 33 3.2.3 Recursos materiais ................................................................................................ 34 3.2.4 Comandos de gravação ......................................................................................... 36 3.2.5 Gravação das cenas ............................................................................................... 40 3.2.6 Making of ............................................................................................................... 40 3.3 PÓS-PRODUÇÃO ................................................................................................... 42 3.3.1 Captura .................................................................................................................. 42 3.3.2 Edição ..................................................................................................................... 42 3.3.3 Trilha sonora ......................................................................................................... 43 3.3.4 Finalização ............................................................................................................. 43 3.3.5 Autoração do DVD ................................................................................................ 43 4 CAMPANHA PUBLICITÁRIA ................................................................................ 44 4.1 BRIEFING ................................................................................................................ 44 4.2 PÚBLICO-ALVO .................................................................................................... 46 4.3 ESTRATÉGIA DE CAMPANHA .......................................................................... 47 4.4 CRIAÇÃO ................................................................................................................ 51

CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 59 REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO .......................................................................... 63 BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA .......................................................................... 64 SITES VISITADOS ....................................................................................................... 65 APÊNDICES .................................................................................................................. 66

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Introdução

Consta no site oficial da Universidade Federal do Estado de Mato Grosso, que o Curso de Comunicação Social foi criado em 1990 e posteriormente reconhecido através da Portaria nº. 911, de 20 de Agosto de 1998 do Ministério da Educação e do Desporto. Na busca de uma formação profissional qualificada e integrada à realidade local, o curso procura atender aos parâmetros básicos das respectivas habilitações, tendo como referência um mercado de trabalho que exige, cada vez mais, profissionais que possam atuar com eficiência em setores diferenciados. Com os avanços tecnológicos e a complexidade da realidade social em permanente mudança, os meios de comunicação tornam-se mais sofisticados a cada dia, exigindo uma sólida formação superior dos professores. A evolução do setor de comunicação exige, de forma inquestionável, profissionais especializados, com formação adequada e que estejam longe do empirismo. Busca uma formação de qualidade, atentos às expectativas dos mercados regional e nacional e às demandas da sociedade pós-moderna. Assim, os estudantes que hoje cursam as disciplinas da estrutura curricular implantada desde a criação do curso também têm a possibilidade de acompanhar o desenvolvimento tecnológico da área de comunicação, de discutir e analisar os diferentes aspectos que permeiam a atividade do comunicador social, de compreender as novas linguagens e de preparar-se para enfrentar um mercado cada vez mais competitivo. Na prática, em decorrência de diversos motivos tais como greves, falta de professores e equipamentos, os alunos já não experimentam tanto durante a faculdade, aliando teoria e prática, quanto é proposto na ementa e saem para o mercado de trabalho precisando aprender muito para se igualarem a profissionais que nem formação acadêmica possuem.

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Paralelamente a isso vemos a desunião causada pela separação das habilitações – Radialismo, Publicidade e Propaganda e Jornalismo - que entram juntas na faculdade e se vêem obrigadas a trilhar rumos diferentes a partir do 4º semestre. No decorrer do curso esses alunos muitas vezes não executam mais atividades em parceria, o que torna o entrosamento entre esses futuros profissionais algo inexistente. Nesse cenário, sentimos a necessidade de trabalharmos juntos mais uma vez; agora muito mais maduros e capazes de fazer adequadamente o intercâmbio de conhecimento e informações específicas de cada habilitação. Buscamos um trabalho que nos fizesse colocar em prática os conhecimentos adquiridos no decorrer do curso. Logo, a produção de um vídeo, seu making of1 e campanha publicitária foram as maneiras mais eficientes de fazer essa união, sendo um aluno de radialismo para a produção do vídeo, outro aluno de radialismo para a confecção do making of e um de publicidade para a elaboração da campanha publicitária. Assim, o trabalho foi sistematicamente dividido de modo que cada aluno desenvolveu sua parte para a composição da obra final, que por sua vez, integra esta monografia. Decidida a configuração da parte prática da monografia, partimos para a confecção do roteiro. Optamos por fazer a adaptação de um conto para a linguagem audiovisual. “A Pata do Macaco”, de W. W. Jacobs, foi o escolhido. Trata-se de um suspense que data de 1902 e é famoso por ser o primeiro texto ficcional de que se tem registro, cujo tema ainda hoje mexe com a nossa imaginação: os mortos-vivos. Para compor o relato do trabalho desenvolvido, esta monografia foi organizada da seguinte maneira: O capítulo 1 – Aspectos da literatura, cinema e vídeo – apresenta o histórico das linguagens usadas. O capítulo 2 – Autor e conto – explana sobre o autor de “A Pata do Macaco” e apresenta o conto propriamente dito. O capítulo 3 – Produção audiovisual – trata das etapas de produção audiovisual e as particularidades do caso proposto. O capítulo 4 – Campanha publicitária – apresenta o desenvolvimento da campanha de promoção do produto audiovisual aplicado ao case “A Pata do Macaco”. Em Considerações Finais são tecidas análises do trajeto percorrido, bem como tenta-se deixar sugestões para produções futuras. 1- Do termo inglês “The making of” (a feitura de); jargão para um documentário de bastidores que registra o processo de produção, realização e repercussão de um produto audiovisual.

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CAPÍTULO 1 – ASPECTOS DA LITERATURA, CINEMA E VÍDEO

Este capítulo aborda o histórico das linguagens utilizadas para esta monografia: literatura, cinema e vídeo, com a finalidade de dar sustentação às discussões posteriores. 1.1 LITERATURA

Na origem, a literatura de todos os povos foi oral. Apesar de originar-se etimologicamente da palavra letra (do latim, littera, letra), a literatura surgiu nos primórdios da humanidade, quando o homem ainda desconhecia a escrita e vivia em tribos nômades, à mercê das forças naturais que ele tentava entender através dos primeiros cultos religiosos. Lendas e canções eram transmitidas de forma oral através das gerações. Com o advento da escrita, as paredes das cavernas começaram a receber pinturas e desenhos simbólicos que passaram a registrar a tradição oral. Mais tarde surgiriam novas formas para armazenar essas informações, como as tabuletas, óstracos, papiros e pergaminhos. Dessa maneira, as primeiras obras literárias conhecidas são registros escritos de composições oriundas de remota tradição oral. Para Lajolo (1981) a natureza literária de um texto é instaurada pela relação que as palavras estabelecem com o contexto, com a situação de produção da leitura. Para a autora, A linguagem parece tornar-se literária quando seu uso instaura um universo, um espaço de interação de subjetividade (autor e leitor) que escapa ao imediatismo, à predictibilidade e ao estereótipo das situações e usos da linguagem que configuram a vida cotidiana. (LAJOLO, 1981, p.38).

Bertomeu (2006) complementa no sentido em que o texto literário independe das escolas ocorrentes literárias, visando transmitir uma vivência interior, pessoal ou universal onde o autor “transmite sua maneira de ver o mundo, liberando ao máximo seu potencial criativo para transmitir, através da prosa ou da poesia, seus pensamentos” (2006, p.20). Uma das características da linguagem literária é a capacidade polissêmica dos vocábulos, ou seja, a virtude que têm as palavras de, através de um único significante, apresentar uma variedade de significados. Assim, no dizer de Silva (1986), a linguagem polissêmica ou plurissignificativa ocorre quando os signos lingüísticos (as frases) portam

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múltiplas dimensões semânticas, tendendo assim, para uma multivalência significativa, fugindo da plenitude característica do discurso científico e didático. 1.2 CINEMA

Assim como na literatura, o cinema fala por meio de sua linguagem específica. O escritor se expressa por um conjunto de palavras que formam frases, orações e períodos. A expressão daquele que escreve se dá através da sintaxe. E o cinema também tem uma sintaxe que se cristaliza pelo relacionamento dos planos, cenas, seqüências, sons. Com o advento da fotografia no inicio do século XIX, começou a busca pela imagem em movimento. No final deste mesmo século, os inventores Thomas Armat, Thomas A. Edison, Charles F. Jenkins e Woodville Tnatham dos EUA; Willian FrieseGreene e Robert W Paul, da Inglaterra; e os irmãos Louis e Auguste Lumière e Etienne Jules Marey, da França, todos no mesmo período, fizeram descobertas e avanços na produção de imagens em movimento. Segundo Rodrigues (2005), a primeira projeção pública de um filme numa tela ocorreu em 28 de dezembro de 1895 em Paris. Uma série de dez filmes, com duração de 40 a 50 segundos cada, já que os rolos de película tinham 15 metros de comprimento. Os filmes até hoje mais conhecidos desta primeira sessão chamavam-se "A saída dos operários da Fábrica Lumière" e "A chegada do trem à Estação Ciotat", cujos títulos exprimem bem o conteúdo. Conforme era usada a tecnologia descobriam-se suas possibilidades de uso e, portanto, dando ordem a um novo código de linguagem visual. Mas sem deixar de citar que o cinema desde cedo aprendeu a traduzir as linguagens de outras áreas, Eisenstein (2002) já se perguntava: “e que arte não está perto do cinema?” Da pintura, trouxe a noção do quadro, do enquadramento, da composição dentro desse quadro (noções essas que também já haviam sido aprendidas pela fotografia, outra tecnologia de produzir imagens técnicas, também desenvolvida no século XIX). Do teatro, a noção de encenação, de cenário, e também uma marca dos primeiros tempos: a câmera imóvel, virada para o palco, espaço de representação. Da literatura, um pouco mais tarde, a noção

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de montagem, paralela e alternada, de trama e do conflito. Dubois (2004) aponta três grandes momentos para o desenvolvimento da linguagem cinematográfica - o cinema mudo, quando a tevê ainda não fazia parte do espaço diagético do cinema, em meados do século XX, com o surgimento da tevê e, a partir dos anos 80 quando as técnicas do vídeo passam a ser incorporadas ao fazer cinematográfico. Segundo Comparato A linguagem cinematográfica introduziu uma nova concepção de tempo e espaço em sua reprodução do mundo. O espaço perdeu sua qualidade estática e passou a ser movimento, incorporando as características do tempo histórico. O espaço-tempo pode parar,como nos close-ups2, pode voltar ao passado, como 3 nos flash-back s pode dar um salto e nos revelar o futuro (COMPARATO, 1983,p 76).

Em 1896, apenas sete meses depois da histórica exibição dos filmes dos irmãos Lumière em Paris, foi realizada no Rio de Janeiro, a primeira sessão de cinema no Brasil. Um ano depois, Paschoal Segreto e José Roberto Cunha Salles inauguraram, na Rua do Ouvidor, uma sala permanente. Em 1898, Afonso Segreto rodou o primeiro filme brasileiro: algumas cenas da baía de Guanabara. Seguiram-se pequenos filmes sobre o cotidiano carioca e filmagens de pontos importantes da cidade, como o Largo do Machado e a Igreja da Candelária, no estilo dos documentários franceses do início do século. Nos primeiros dez anos a produção de filmes era fraca devido à falta de energia elétrica, porém em 1907 com a instalação de usinas hidrelétricas a energia passou a ser mais confiável e a industria cinematográfica no Brasil começou a se expandir. Em 1908 já havia 20 salas de cinema no Rio de Janeiro, boa parte delas com suas próprias equipes de filmagem. A comercialização de filmes estrangeiros é seguida por uma promissora produção nacional.

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Plano que enfatiza um detalhe. Primeiro plano. Interrupção de uma sequência cronológica narrativa pela interpolação de eventos ocorridos anteriormente.

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1.3 VÍDEO

Nos anos 50 teve início a era TV no Brasil. Segundo o Site Tudo Sobre TV4 o Brasil foi o quarto país no mundo a possuir emissora de televisão, ficando atrás somente dos Estados Unidos, França e Inglaterra. A primeira emissora nacional foi a TV Tupi canal 3, a televisão teve seus primeiros anos marcados pela fase de aprendizagem, tanto técnica quanto artisticamente. Já em 1959 entra em cena o videotape5, equipamento que dá a possibilidade de gravarmos, editarmos e regravarmos as cenas que até então eram todas feitas exclusivamente ao vivo na TV. Com o desenvolvimento do videotape, não foi só a tevê que se beneficiou. Vários realizadores cinematográficos passaram a utilizar a imagem videográfica como teste para as suas produções; com isso, a experimentação também retornou no campo da produção cinematográfica. Segundo Machado (1996) podem-se distinguir três fases na curta história do vídeo brasileiro. “Nos anos 70, o vídeo foi explorado exclusivamente por artistas plásticos que buscavam novos meios e suportes para suas idéias criativas. A exibição se restringia então ao circuito sofisticado dos museus e galerias de arte. Nos anos 80, surge a geração do vídeo independente, que amplia o alcance do vídeo criativo, atingindo um público mais largo. Eram geralmente jovens recém saídos das universidades, que faziam um movimento ruidoso e enérgico, tentando transformar a Imagem eletrônica num fato da cultura de nosso tempo. O horizonte dessa geração passa a ser a televisão e não mais o circuito erudito da vídeo-arte praticada pelos pioneiros. A terceira e mais recente geração de videomakers brasileiros não representa propriamente uma virada radical de estilo, forma e conteúdo em relação às outras duas fases já vividas pelo vídeo. Na verdade, essa nova geração, que desponta publicamente nos anos 90, tira proveito de toda a experiência acumulada, faz a síntese das outras duas gerações e parte para um trabalho mais maduro, de solidificação das conquistas anteriores. A maioria dos representantes dessa nova geração vem do ciclo do vídeo independente, optando, todavia por um trabalho mais pessoal, mais autoral, menos militante ou socialmente engajado, retomando, portanto certas diretrizes da geração dos pioneiros” (MACHADO, 1996, p. 37) .

O vídeo despontou no Brasil, a partir de meados da década de 70, como um dos fenômenos culturais mais importantes e duradouros.

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http://www.tudosobretv.com.br/history/tv50.htm Fita magnética em que é possível gravar áudio e vídeo. Pode também ser o nome da máquina gravadora.

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Este capítulo abordou o tema literatura, cinema e vídeo através dos seus aspectos fundamentais que oferecem sustentação à posterior transposição de uma linguagem para a outra, a qual será verificada no capítulo 3 desta monografia.

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CAPÍTULO 2 – AUTOR E CONTO

Para ser realizada a transposição da linguagem literária para a linguagem audiovisual foi utilizado o conto “A Pata do Macaco” de W. W. Jacobs. O interesse por este conto em específico se deu pelo fato de ser o primeiro a tratar do assunto “mortos que voltam à vida”. O primeiro contato com ele foi na leitura do livro “Dança Macabra”, de Stephen King, em um capítulo que tratava das histórias de horror cujos monstros não são mostrados, mantendo o suspense pela carga emocional da trama. Desta maneira, este capítulo apresenta o autor e sua obra na íntegra. 2.1 O AUTOR

Segundo Merriman (2005) W. W. Jacobs (1863 – 1943) foi um autor britânico que se tornou mais conhecido por seu conto macabro “A Pata do Macaco” (The Monkey’s Paw), de 1902. William Wymark Jacobs nasceu em 8 de setembro em Wapping, Londres, Inglaterra. Foi o filho mais velho do casal William Gage Jacobs e sua primeira mulher, Sophia Wymark, falecida quando Jacobs era muito novo. Seu pai foi gerente do cais South Devon, e o jovem Jacobs juntamente com seus irmãos passaram grande parte da infância observando as idas e vindas de navios cargueiros e suas tripulações. O jovem W. W. – como passou a ser chamado pelos amigos – era tímido e retraído. Freqüentou uma escola particular em Londres e então foi para a Universidade Birkbeck. Em 1879 se tornou caixeiro do serviço público e de 1883 até 1899 foi do departamento de economias de um banco. Um salário regular era muito bem vindo, levando-se em consideração a sua infância pobre, mas por volta de 1885 W.W. passou a mandar esquetes anônimas para serem publicadas nas revistas Blackfriars. No final dos anos 90 teve algumas de suas histórias ilustradas por Jerome K, Jerome e Robert Barr em circulação pelas revistas satíricas The Idler e Today, tendo alguns de seus trabalhos também aceitos pela Stand. Suas primeiras histórias eram fracas, mas mostravam que o rapaz tinha um futuro promissor como escritor. Grandes críticos literários da época como

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Henry James, G. K. Chesterton e Christopher Morley teceram comentários favoráveis a ele. Em 1896 Jacobs lançou sua primeira coletânea de contos, intitulada “Many Cargoes”, seguido por um romance chamado “The Skipper’s Wooing” e, em 1898 outra coletânea de contos “Sea Urchins”. Em 1899 Jacobs, acreditado de seus dotes como escritor, abandonou o serviço público para se dedicar integralmente a seus manuscritos. Em 1900 se casa com Agnes Eleanor com quem teve 5 filhos. O romance “At Sunwich Port” (1902) e “Dialstone Lane” (1904) foram considerados os seus melhores, mostrando seu talento excepcional para os personagens ingênuos e situações satíricas. A maioria de suas histórias retratou a classe baixa inglesa e tinham finais surpreendentes. “The Lady of the Barge” (1902) continha, entre outros contos, “The Monkey’s Paw” (A Pata do Macaco). Seu último livro de contos foi “Night Watches”, lançado em 1914. William Wymark Jacobs morreu em Hornsey Lane, Islington, Londres em 1° de setembro 1943.

2.2 O CONTO

O conto “A Pata do Macaco” foi publicado na obra “The Lady of Barge” (Jacobs, 1902), uma coletânea de contos do autor. No quadro 2.1 sua transcrição na íntegra disponível em (http://www.contosimortais.pop.com.br/patadomacaco.htm). Quadro 2.1 – Transcrição do conto “A Pata do Macaco” I Lá fora, a noite estava fria e úmida, mas na pequena sala de visitas de Labumum Villa os postigos estavam abaixados e o fogo queimava na lareira. Pai e filho jogavam xadrez: o primeiro tinha idéias sobre o jogo que envolviam mudanças radicais, colocando o rei em perigo tão desnecessário que até provocava comentários da velha senhora de cabelos brancos, que tricotava serenamente perto do fogo.

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- Ouça o vento - disse o Sr. White, que, tendo visto tarde demais um erro fatal, queria evitar que o filho o visse. - Estou escutando - disse o último, estudando o tabuleiro ao esticar a mão. - Xeque. - Eu duvido que ele venha hoje à noite - disse o pai, com a mão parada em cima do tabuleiro. - Mate - replicou o filho. - Essa é a desvantagem de se viver tão afastado - vociferou o Sr. White, com um a violência súbita e inesperada. - De todos os lugares desertos e lamacentos para se viver, este é o pior. O caminho é um atoleiro, e a estrada uma torrente. Não sei o que as pessoas têm na cabeça. Acho que, como só sobraram duas casas na estrada, elas acham que não faz mal. - Não se preocupe, querido - disse a esposa em tom apaziguador. - Talvez você ganhe a próxima partida. O Sr. White levantou os olhos bruscamente a tempo de perceber uma troca de olhares entre mãe e filho. As palavras morreram em seus lábios, e ele escondeu um sorriso de culpa atrás da barba fina e grisalha. - Aí vem ele - disse Herbert White, quando o portão bateu ruidosamente e passos pesados se aproximaram da porta. O velho levantou-se com uma pressa hospitaleira e, ao abrir a porta, foi ouvido cumprimentando o recém chegado. Este também o cumprimentou, e a Sra. White tossiu ligeiramente quando o marido entrou na sala, seguido por um homem alto e corpulento, com olhos pequenos e nariz vermelho. - Sargento Morris - disse ele, apresentando-o. O sargento apertou as mãos e, sentando-se no lugar que lhe ofereceram perto do fogo, observou satisfeito o anfitrião pegar uísque e copos, e colocar uma pequena chaleira de cobre no fogo. Depois do terceiro copo, seus olhos ficaram mais brilhantes, e ele começou a falar, o pequeno círculo familiar olhando com interessante este visitante de lugares distantes, quando ele empertigou os ombros largos na cadeira e falou de cenários selvagens e feitos intrépidos: de guerras, pragas e povos estranhos. - Vinte e um anos nessa vida - disse o Sr. White, olhando para a esposa e o filho. Quando ele foi embora era um rapazinho no armazém. Agora olhem só para ele.

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- Ele não parece ter sofrido muitos reveses - disse a Sra. White amavelmente. - Eu gostaria de ir à Índia - disse o velho - só para conhecer, compreende? - Você está bem melhor aqui - disse o sargento, sacudindo a cabeça. Pôs o copo vazio na mesa e, suspirando baixinho, sacudiu a cabeça novamente. - Eu gostaria de ver aqueles velhos templos, os faquires e os nativos - disse o velho. - O que foi que você começou a me contar outro dia sobre uma pata de macaco ou algo assim Morris? - Nada - disse o soldado rapidamente. - Não é nada de importante. - Pata de macaco? - perguntou a Sra. White, curiosa. - Bem, é só um pouco do que se poderia chamar de magia, talvez - disse o sargento com falso ar distraído. Os três ouvintes debruçaram-se nas cadeiras interessados. O visitante levou o copo vazio à boca distraidamente e depois recolocou-o onde estava. O dono da casa tornou a enchêlo. - Aparentemente - disse o sargento, mexendo no bolso - é só uma patinha comum dissecada. Tirou uma coisa do bolso e mostrou-a. A Sra. White recuou com uma careta, mas o filho, pegando-a, examinou-a com curiosidade. - E o que há de especial nela? - perguntou o Sr. White ao pegá-la da mão do filho e, depois de examiná-la, colocá-la sobre a mesa. - Foi encantada por um velho faquir - disse o sargento -, um homem muito santo. Ele queria provar que o destino regia a vida das pessoas, e que aqueles que interferissem nele seriam castigados. Fez um encantamento pelo qual três homens distintos poderiam fazer, cada um, três pedidos a ela. A maneira dele ao dizer isso foi tão solene que os ouvintes perceberam que suas risadas estavam um pouco fora de propósito. - Bem, por que não faz os seus três pedidos, senhor? - disse Herbert White astutamente. O soldado olhou para ele como olham as pessoas de meia-idade para um jovem presunçoso. - Eu fiz - disse ele calmamente, e seu rosto marcado empalideceu. - E teve mesmo os três desejos satisfeitos? - perguntou a Sra. White. - Tive - disse o sargento, e o copo bateu nos dentes fortes. - E alguém mais fez os pedidos? - insistiu a senhora.

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- O primeiro homem realizou os três desejos - foi a resposta. - Eu não sei quais foram os dois primeiros, mas o terceiro foi para morrer. Por isso é que consegui a pata. Seu tom de voz era tão grave que o grupo ficou em silêncio. - Se você conseguiu realizar os três desejos, ela não serve mais para você Morris - disse o velho finalmente. - Para que você guarda essa pata? O soldado meneou a cabeça. - Por capricho, suponho - disse lentamente. - Cheguei a pensar em vendê-la, mas acho que não o farei. Ela já causou muitas desgraças. Além disso, as pessoas não vão comprar. Acham que é um conto de fadas, algumas delas; e as que acreditam querem tentar primeiro para pagar depois. - Se você pudesse fazer mais três pedidos - disse o velho, olhando para ele atentamente -, você os faria? - Eu não sei - disse o outro. - Eu não sei. Pegou a pata e, balançando-a entre os dedos, de repente jogou-a no fogo. White, com um ligeiro grito, abaixou-se e tirou-a de lá. - É melhor deixar que ela se queime - disse o soldado solenemente. - Se você não quer mais, Morris - disse o outro -, me dá. - Não - disse o amigo obstinadamente. - Eu a joguei no fogo. Se você ficar com ela, não me culpe pelo que acontecer. Jogue isso no fogo outra vez, como um homem sensato. O outro sacudiu a cabeça e examinou sua nova aquisição atentamente. - Como você faz para pedir? - perguntou. - Segure a pata na mão direita e faça o pedido em voz alta - disse o sargento -, mas eu o advirto sobre as conseqüências. - Parece um conto das Mil e uma noites - disse a Sra. White, ao se levantar e começar a pôr o jantar na mesa. - Você não acha que deveria pedir quatro pares de mão para mim? - Se quer fazer um pedido - disse ele asperamente -, peça algo sensato. O Sr. White colocou a pata no bolso novamente e, arrumando as cadeiras acenou para que o amigo fosse para a mesa. Durante o jantar o talismã foi parcialmente esquecido, e depois os três ficaram escutando, fascinados, um segundo capítulo das aventuras do soldado na Índia. - Se a história sobre a pata de macaco não for mais verdadeira do que as que nos contou disse Herbert, quando a porta se fechou atrás do convidado, que partiu a tempo de pegar o último trem-, nós não devemos dar muito crédito a ela.

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- Você deu alguma coisa a ele por ela, papai? - perguntou a Sra. White, olhando para o marido atentamente. - Pouca coisa - disse ele, corando ligeiramente. - Ele não queria aceitar, mas eu o fiz aceitar. E ele tornou a insistir que eu jogasse fora. - É claro - disse Herbert, fingindo estar horrorizado. - Ora, nós vamos ser ricos, famosos e felizes. Peça para ser um imperador, papai, para começar, então você não vai ser mais dominado pela mulher. Ele correu em volta da mesa, perseguido pela Sra. White armada com uma capa de poltrona. O Sr. White tirou a pata do bolso e olhou para ela dubiamente. - Eu não sei o que pedir, é um fato - disse lentamente. - Eu acho que tenho tudo o que quero. - Se você acabasse de pagar a casa ficaria bem feliz, não ficaria? - disse Herbert, com a mão no ombro dele. - Bem, peça 200 libras, então, isso dá. O pai, sorrindo envergonhado pela própria ingenuidade, segurou o talismã, quando o filho, com uma cara solene, um tanto franzida por uma piscadela de olhos para a mãe, sentou-se no piano e tocou alguns acordes para fazer fundo. - Eu desejo 200 libras - disse o velho distintamente. Um rangido do piano seguiu-se às palavras, interrompido por um grito estridente do velho. A mulher e o filho correram até ele. - Ela se mexeu - gritou ele, com um olhar de nojo para o objeto caído no chão. - Quando eu fiz o pedido, ela se contorceu na minha mão como uma cobra. - Bem, eu não vejo o dinheiro - disse o filho ao pegá-la e colocá-la em cima da mesa - e aposto que nunca vou ver. - Deve ter sido imaginação sua, papai - disse a esposa, olhando para ele ansiosamente. Ele sacudiu a cabeça. - Não faz mal, não aconteceu nada, mas a coisa me deu um susto assim mesmo. Eles se sentaram perto do fogo novamente enquanto os dois homens acabavam de fumar cachimbos. Lá fora, o vento zunia mais do que nunca, e o velho teve um sobressalto com o barulho de uma porta batendo no andar de cima. Um silêncio estranho e opressivo abateu-se sobre todos os três, e perdurou até o velho casal se levantar e ir dormir.

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- Eu espero que vocês encontrem o dinheiro dentro de um grande saco no meio da cama disse Herbert, ao lhes desejar boa noite - e algo terrível agachado em cima do armário observando vocês guardarem seu dinheiro maldito. Ficou sentado sozinho na escuridão, olhando para o fogo baixo e vendo caras nele. A última cara foi tão feia e tão simiesca que ele olhou para ela assombrado. A cara ficou tão vivida que, com uma risada inquieta, ele procurou um copo na mesa que tivesse um pouco de água para jogar no fogo. Sua mão pegou na pata de macaco, e com um ligeiro estremecimento ele limpou a mão no casaco e foi dormir.

II

Na claridade do sol de inverno, na manhã seguinte, quando este banhou a mesa do café, ele riu de seus temores. Havia um ar de naturalidade na sala que não existia na noite anterior, e a pequena pata suja estava jogada na mesa de canto com um descuido que não atribuía grande crença a suas virtudes. - Eu creio que todos os velhos soldados são iguais - disse a Sra. White. - Essa idéia de dar ouvidos a tal tolice! Como é que se pode realizar desejos hoje em dia? E se fosse possível, como é que iam aparecer 200 libras, papai? - caindo do céu, talvez - disse Herbert, com ar brincalhão. - Morris disse que as coisas aconteciam com tanta naturalidade - disse o pai - que a gente podia até achar que era coincidência. - Bem, não gaste o dinheiro antes de eu voltar - disse Herbert, ao se levantar da mesa. Estou com medo de que você se torne um homem mesquinho e avarento, e vamos ter de renegá-lo. A mãe riu e, acompanhando-o até a porta, viu-o descer a rua. Voltando à mesa do café, divertiu-se à custa da credulidade do marido. O que não a impediu de correr até a porta com a batida do carteiro, nem de se referir a sargentos da reserva com vício de beber, quando descobriu que o correio trouxera uma conta do alfaiate. - Herbert vai dizer uma das suas gracinhas quando chegar em casa - disse ela, quando se sentaram para jantar. - Com certeza - disse o Sr. White, servindo-se de cerveja -, mas, apesar de tudo, a coisa se mexeu na minha mão; eu posso jurar. - Foi impressão - disse a senhora apaziguadoramente.

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- Estou dizendo que se mexeu - replicou o outro. - Não há dúvida; eu tinha acabado... O que houve? A mulher não respondeu. Estava observando os movimentos misteriosos de um homem do lado de fora, que, espiando com indecisão para a casa, parecia estar tentando tomar a decisão de entrar. Lembrando-se das 200 libras, ela reparou que o estranho estava bemvestido e usava um chapéu de seda novo. Por três vezes ele parou no portão, e depois caminhou novamente. Da quarta vez ficou com a mão parada sobre ele, e depois com uma súbita resolução abriu-o e entrou. A Sra. White no mesmo momento desamarrou o avental rapidamente, colocando-o debaixo da almofada da cadeira. Convidou o estranho, que parecia deslocado, a entrar. Ele olhou para ela furtivamente, e ouviu preocupado, a senhora desculpar-se pela aparência da sala, e pelo casaco do marido, uma roupa que ele geralmente reservava para o jardim. Então ela esperou, com paciência, que ele falasse do que se tratava, mas, a princípio, ele ficou estranhamente calado. - Eu... pediram-me para vir aqui - disse ele finalmente, e abaixando-se tirou um pedaço de algodão das calças. - Eu venho representando "Maw&Meggins". A senhora sobressaltou-se. - Aconteceu alguma coisa? - perguntou ela, ofegante - Acontecem alguma coisa a Herbert? O que é? O que é? O marido interveio. - Calma, calma, mamãe - disse ele rapidamente. - Sente-se e não tire conclusões precipitadas. O senhor certamente não trouxe más notícias, não é, senhor - e olhou para o outro ansiosamente. - Eu lamento... - começou o visitante. - Ele está ferido? - perguntou a mãe desesperada. O visitante assentiu com a cabeça. - Muito ferido - disse. - Mas não está sofrendo. - Ah, graças a Deus! - disse a senhora, apertando as mãos. - Graças a Deus! Graças... Parou de falar de repente quando o significado sinistro da afirmativa se abateu sobre ela, e ela viu a terrível confirmação de seus temores no rosto desviado do outro. Prendeu a respiração e, virando-se para o marido, menos perspicaz, pôs a mão trêmula sobre a dele. Seguiu-se um demorado silêncio.

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- Ele foi apanhado pela máquina - repetiu o Sr. White, estonteado. - Ah! Sim. Ficou sentado olhando para a janela e, tomando a mão da esposa entra as suas, apertou-a como tinha vontade de fazer nos velhos tempos de namoro há quase 40 anos. - Ele era o único que nos restava - disse ele, voltando-se amavelmente para o visitante. É difícil. O outro tossiu e, levantando-se, caminhou lentamente até a janela. - A firma me pediu para transmitir os nossos sinceros pêsames a vocês por sua grande perda - disse ele, sem olhar para trás. - Eu peço que compreendam que sou apenas um empregado da firma e estou apenas obedecendo ordens. Não houve resposta; o rosto da senhora estava branco, os olhos parados e a respiração inaudível; no rosto do marido havia um olhar que o amigo sargento talvez tivesse na primeira batalha. - Devo dizer que "Maw&Meggins" estão isentos de toda responsabilidade - continuou o outro. - Eles não têm nenhuma dívida com a família, mas, em consideração aos serviços de seu filho, desejam presenteá-los com uma certa soma como compensação. O Sr. White largou a mão da esposa e, pondo-se de pé, olhou para o visitante horrorizado. Seus lábios secos pronunciaram as palavras: - Quanto? - Duzentas libras - foi a resposta. Indiferente ao grito da esposa, o velho sorriu fracamente, estendeu as mãos como um homem cego e caiu, desfalecido, no chão.

III

No enorme cemitério novo, a alguns quilômetros de distância, os velhos enterraram seu morto e voltaram para casa mergulhada em sombras e silêncio. Tudo terminara tão rápido que a princípio nem se davam conta do que acontecera, e ficaram num estado de expectativa como se fosse acontecer mais alguma coisa - algo mais que aliviasse esse fardo, pesado demais para corações velhos.

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Mas os dias se passaram, e a expectativa deu lugar à resignação - a resignação desesperançada dos velhos, às vezes chamada erradamente de apatia. Algumas vezes nem trocavam uma palavra, pois agora não tinham nada do que falar e os dias eram compridos e desanimados. Foi por volta de uma semana depois que o velho, acordando subitamente de noite, estendeu o braço e viu-se sozinho. O quarto estava no escuro e o ruído de soluços baixinhos vinha da janela. Ele se levantou na cama e ficou ouvindo. - Volte para a cama - disse ele ternamente. - Você vai ficar gelada. - Está mais frio para ele - disse a senhora, e chorou novamente. O som de seus soluços apagou-se nos ouvidos dele. A cama estava quente, e seus olhos pesados de sono. Ele cochilava a todo instante e acabou pegando no sono, quando um súbito grito histérico da esposa o despertou com um sobressalto. - A pata! - gritou histericamente. - A pata de macaco! Ele se levantou, alarmado. - Onde? Onde está? O que houve? Ela correu agitada até ele. - Eu quero a pata - disse ela calmamente. - Você não a destruiu? - Está na sala, em cima da prateleira - replicou ele atônito. - Por quê? Ela chorou e riu ao mesmo tempo e, debruçando-se, beijou-o no rosto. - Só tive essa idéia agora - disse ela histericamente. - Por que não pensei nisso antes? Por que você não pensou nisso antes? - Pensar em quê? - perguntou ele. - Nos outros dois desejos - replicou ela rapidamente. - Nós só fizemos um pedido. - Não foi suficiente? - perguntou ele, irado. - Não - gritou ela, triunfante; - ainda vamos fazer um. Desça, apanhe a pata rapidamente, e deseje que o nosso filho viva novamente. O homem sentou-se na cama e arrancou as cobertas de cima do corpo trêmulo. - Meu bom Deus, você está louca! Gritou ele, horrorizado. - Pegue aquela coisa - disse ela, ofegante -, pegue depressa, e faça o pedido... Ah, meu filho, meu filho! O Marido riscou um fósforo e acendeu a vela. - Volte para a cama - disse ele, incerto. - Você não sabe o que está dizendo.

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- Nós conseguimos satisfazer o primeiro pedido - disse a senhora, febrilmente. - Por que não o segundo? - Foi uma coincidência - gaguejou o velho. - Vá buscar a pata e faça o pedido - gritou a esposa, tremendo de excitação. O velho virou-se, olhou para ela, e sua voz tremeu. - Ele já está morto há 10 dias e, além disso, ele... - eu não queria lhe dizer isso, mas... só consegui reconhecê-lo pela roupa. Se já estava tão horrível para você ver, imagine agora? - Traga-o de volta - gritou a senhora, e o arrastou para a porta. - Você acha que tenho medo do filho que criei? Ele desceu na escuridão, foi tateando até a sala e depois até a lareira. O talismã estava no lugar, e um medo horrível de que o desejo ainda não expresso pudesse trazer o filho mutilado apossou-se dele, e ficou sem ar ao perceber que perdera a direção da porta. Com a testa fria de suor, ele deu volta na mesa, tateando, e foi-se amparando na parede até se achar no corredor com a coisa nociva na mão. Até o rosto da esposa parecia mudado quando ele entrou no quarto. Estava branco e ansioso, e para seu temor parecia ter um olhar estranho. Ele sentiu medo dela. - Peça! - gritou ela, com voz forte. - Isso é loucura - disse ele, com voz trêmula. - Peça! - repetiu a esposa. Ele levantou a mão. - Eu desejo que meu filho viva novamente. O talismã caiu no chão, e ele olhou para a coisa com medo. Então afundou numa cadeira, trêmulo, quando a esposa, com os olhos ardentes, foi até a janela e levantou a persiana. Ficou sentado até ficar arrepiado de frio, olhando ocasionalmente para a figura da velha senhora espiando pela janela. O cotoco de vela, que queimara até a beirada do castiçal de porcelana, jogava sombras sobre o teto e as paredes, até que, com um bruxulear maior do que os outros, se apagou. O velho, com uma imensa sensação de alívio pelo fracasso do talismã, voltou para a cama, e um ou dois minutos depois a senhora veio silenciosamente para o seu lado.

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Nenhum dos dois disse nada, mas permaneceram deitados em silêncio, ouvindo o tiquetaque do relógio. Um degrau rangeu, e um rato correu guinchando através do muro. A escuridão era opressiva e, depois de ficar deitado por algum tempo, criando coragem, ele pegou a caixa de fósforos e, acendendo um, foi até embaixo para pegar uma vela. Nos pés da escada o fósforo se apagou, e ele parou para riscar outro; no mesmo momento ouviu-se uma batida na porta da frente, tão baixa e furtiva que quase não se fazia ouvir. Os fósforos caíram-lhe da mão e espalharam-se no corredor. Ele permaneceu imóvel, com a respiração presa até a batida se repetir. Então virou-se e fugiu rapidamente para o quarto, fechando a porta atrás de si. Uma terceira batida ressoou pela casa. - O que é isso? - gritou a senhora, levantando-se. - Um rato - disse o velho com voz trêmula -, um rato. Ele passou por mim na escada. A esposa sentou-se na cama, escutando. Uma batida alta ressoou pela casa. - É Herbert! - gritou. - É Herbert! Ela correu até a porta, mas o marido ficou na frente dela e, pegando-a pelo braço, segurou-a com força. - O que você vai fazer? - sussurrou ele com voz rouca. - É meu filho; é Herbert! - gritou ela, debatendo-se mecanicamente. - Eu esqueci que ele estava a 10 quilômetros daqui. Por que está me segurando? Me solte. Eu tenho de abrir a porta. - Pelo amor de Deus não deixe entrar - gritou o velho tremendo. - Você está com medo do próprio filho - gritou ela, debatendo-se. - Me solte. Eu já vou, Herbert; eu já vou. Ouviu-se mais uma batida, e mais outra. A senhora com um arrancão súbito soltou-se e saiu correndo do quarto. O marido seguiu-a até a escada e chamou-a enquanto ela corria para baixo. Ele ouviu a corrente chocalhar e a tranca do chão ser puxada lenta e firmemente do lugar. Então a voz da senhora soou, nervosa e ofegante. - A tranca - gritou ela alto. - Desça que eu não consigo puxar a tranca.

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Mas o marido estava de joelhos no chão, procurando a pata desesperadamente. Se pelo menos conseguisse encontrá-la antes que a coisa entrasse. Uma série de batidas reverberou pela casa, e ele ouviu o arrastar de uma cadeira quando a esposa a colocou no corredor encostada na porta. Ouviu o ranger da tranca quando esta se destravou lentamente, e no mesmo momento encontrou a pata de macaco, e desesperadamente fez o terceiro e último pedido. As batidas pararam subitamente, embora ainda ecoassem na casa. Ele ouviu a cadeira ser arrastada de volta, e a porta se abrir. Um vento frio subiu pela escada, e um gemido alto e demorado de decepção e tristeza da esposa lhe deu coragem para correr até ela e depois até o portão. O lampião da rua que tremulava do outro lado brilhava numa estrada silenciosa e deserta.

“A Pata do Macaco” conta a história de uma família que ganha de um amigo sargento, uma pata de macaco enfeitiçada que realiza desejos, mas leva algo em troca. Após um pedido de dinheiro, os pais recebem a notícia de que o filho morrera e a indenização por sua morte era o valor pedido. A mãe, em choque deseja trazer o filho de volta, mas o pai não quer, receando que ele volte um monstro. O pai faz o pedido, porém, enquanto sua mulher vai abrir a porta para recepcionar o filho, o pai pede à pata que o filho desapareça e quando sua mulher abre a porta, não há nada ali. A partir do conto exposto em linguagem literária será desenvolvida a adaptação para linguagem audiovisual no capítulo 3.

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CAPÍTULO 3 - PRODUÇÃO AUDIOVISUAL

A produção se divide basicamente em: Pré-produção, Produção e Pós-produção, a partir destas existem processos menores que, em conjunto, dão origem ao produto final. Este capítulo apresenta estas etapas. Para a produção de “A Pata do Macaco” foi criada a produtora fictícia “Cavalo de Trolha Pictures”. 3.1 PRÉ-PRODUÇÃO

A pré-produção é a fase onde são levantadas todas as necessidades do vídeo e são definidos prazos para a execução de todas as etapas. Nesse momento, determina-se a estética do vídeo e todo seu planejamento. A pré-produção se subdivide em roteiro, adaptação e preparação. 3.1.1 Roteiro O roteiro é a posição chave na fabricação de um filme, pois é a partir dele que se decide o filme. Um bom roteirista é aquele que conhece a fundo a técnica cinematográfica, pois é preciso escrever coisas filmáveis, do contrario o roteiro não passa do sonho impossível de um filme (CARRIÉRE, 1994 ).

Um roteiro é uma história contada com imagens, expressas dramaticamente em uma estrutura definida, com início meio e fim, não necessariamente nessa ordem. Segundo Rodrigues (2005) na elaboração de um roteiro, o roteirista normalmente o desenvolve da seguinte forma: Storyline: É a trama central proposta pelo roteirista, contada em um parágrafo de 4 a 6 linhas. Nela devem estar expressos o conflito, começo, meio e fim. O quadro 3.1 mostra a storyline de “A Pata do Macaco”.

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Quadro 3.1 – storyline “A Pata do Macaco” Uma família que ganha de um amigo uma pata de macaco enfeitiçada, que realiza desejos mas leva algo em troca. O pai, duvidando, pede mil e duzentos reais. No outro dia um advogado da firma onde o seu filho trabalha lhes dá a notícia de que este morrera e a indenização era quantia pedida. Após três semanas, a mãe perturbada, deseja trazer o filho de volta, mas o pai não quer, receando que ele volte um monstro, mesmo assim faz o pedido. Quando sua esposa vai abrir a porta para o filho, o pai deseja que ele desapareça. Ela abre a porta e não vê ninguém.

Sinopse: A sinopse é a história contada através de uma seqüência de ações, sem espaço para caixas de diálogo, informações técnicas e marcações de cena. É uma etapa importante da produção audiovisual, uma vez que serve de guia para a construção do roteiro final. Anexo a ela pode ser encontrado o perfil dos personagens (opcional). O quadro 3.2 mostra a sinopse de “A Pata do Macaco”. Quadro 3.2 – sinopse “A Pata do Macaco” Alfredo e Madalena Pereira visitam o túmulo de seu filho Helberth alguns dias após a sua morte. Ao longe, Sargento Brandão os observa com expressão de negação. Nas semanas que se seguem, o casal, acometido por uma profunda tristeza, permanece inconsolável. Até que em mais uma noite de insônia, Madalena não se agüenta e ordena ao marido que peça o filho de volta. Alfredo olha incrédulo. Três semanas antes, Sgt. Brandão dirige seu carro por uma estrada lamacenta. A família Pereira se entretém enquanto o espera. Helberth vence a partida de xadrez que disputava com Sr. Alfredo e ri para a mãe que os assistia. O sargento chega e eles o recepcionam na varanda da casa. Sr. Alfredo e Sgt. Brandão tomam aperitivos enquanto Madalena e Helberth servem a mesa do jantar. Durante a refeição, o sargento conta suas aventuras pela Índia, onde passara bom tempo de sua carreira militar. Após o jantar, Alfredo o questiona sobre uma tal pata de macaco que o sargento mencionara em uma conversa anterior. O sargento tenta desconversar mas Alfredo insiste no assunto. Brandão então começa a contar que a pata é um artefato mágico, que certa feita fora encantada por um faquir indiano, cujo objetivo era provar que ninguém pode interferir no destino sem conseqüências. O objeto tinha o poder de realizar três desejos em troca de algo, e poderia ser utilizado por três homens diferentes.

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Madalena o pergunta se os seus desejos já haviam sido atendidos. Ele responde que sim. Diz também que só conseguiu a pata pois o primeiro homem que a possuiu desejou, como terceiro pedido, a morte. Nesse momento, ele retira a pata do bolso e a mostra. Sr. Alfredo questiona o motivo de ele ainda estar com a pata. O sargento diz que não sabe e faz menção de quebrá-la. Alfredo pede para ficar com ela já que não mais o servia. Este por sua vez, tenta dissuadi-lo em vão. Alfredo então engrossa a voz e, chamando o sargento pelo primeiro nome, ordena que lhe dê a pata e é atendido. Sgt. Brandão deixa a propriedade e a família se reúne em torno da pata, ainda duvidando de seus poderes. Mesmo assim Alfredo faz um pedido de mil e duzentos reais. A luz da sala pisca e a pata treme em sua mão, que a atira em um canto. Todos vão dormir. Ao raiar do dia, a família toma café da manhã unida. Helberth sai para trabalhar e os pais continuam com seus afazeres domésticos. No fim da tarde, vem à porta um senhor de terno preto e valise em mãos, dizendo ser da siderúrgica onde Helberth trabalhava. Ele informa ao casal que seu filho sofrera um acidente grave com a fornalha e havia morrido. Disse também que o valor da indenização era de mil e duzentos reais. Madalena cai em prantos e Alfredo desfalece. Três semanas depois, em mais uma noite de insônia, Madalena não se agüenta e ordena ao marido que peça o filho de volta. Alfredo olha incrédulo e a princípio titubeia, mas acaba por atender à vontade de Madalena. Após fazer o pedido à pata, nada acontece e eles voltam para a cama. Madalena não consegue dormir e fica caminhando pelo quarto. Ouvem-se pegadas e batidas leves à porta. Madalena diz a Alfredo que é Helberth e corre para abrir a porta para ele, se atrapalhando no caminho com os objetos da casa e com o molho de chaves. Enquanto Madalena vai abrir a porta, Alfredo fica imaginando como seu filho deve ter ficado depois do acidente e visualiza um monstro atacando sua mulher. Com essa visão, procura desesperadamente a pata pelo quarto. Quando a encontra, pede a ela que a coisa que está à porta desapareça. Madalena consegue por fim abrir a porta da cozinha, mas o que quer que estivera lá fora já havia desaparecido. Alfredo a aquece com um cobertor nos ombros e fecha a porta.

Roteiro Literário: é o roteiro montado com os diálogos, podendo ter as cenas enumeradas ou não, mas sem informações técnicas.

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Roteiro Técnico: roteiro decupado pelo diretor com indicações de planos, movimentos de câmera. Será o guia de trabalho da equipe técnica. Comparato (1995) complementa essa conceituação dizendo que o roteiro é o audiovisual grafado. Uma forma literária transitiva, que só existe até ser transformada em produto audiovisual, mas sem ele nada pode ser dito. Um roteiro bem escrito não garante um filme bem feito, mas sem ele, não existe um bom filme. O método adotado para a elaboração do nosso roteiro é o proposto por Syd Field, em Manual do roteiro (Field, 1982) a utilização de cartões que descrevam cada cena ou seqüência. A principal característica desse método é a facilidade na visualização do texto, o que nos permitiu maior mobilidade na organização destas cenas e seqüências na estrutura do roteiro. Escreve-se a idéia para cada cena ou seqüência num único cartão, e talvez algumas breves palavras de descrição para ajudar quando for escrever. Os cartões utilizados para a confecção do roteiro deste trabalho estão disponíveis no Apêndice A. Field (1982) indica cartões de 12 X 8 cm, a história determina quantos cartões irá precisar. Com os cartões preenchidos, pode-se montar a cena do jeito que quiser, rearranjá-las, acrescentar algumas e omitir outras. Antes da montagem dos cartões, estávamos presos à estrutura apresentada no conto. A ordem dos acontecimentos seguia uma linearidade cronológica. Escritos os cartões, essa ordem pôde ser alterada, o que deixou a história, na concepção dos roteiristas, mais interessante. Preferimos então, apresentar todos os personagens nos instantes iniciais do vídeo, trazendo a cena do cemitério para o começo e inserindo nela o sargento; e nas duas cenas seguintes mostrando a dor do pai e a sua parcela de culpa na morte do filho. Com isso o conflito do vídeo foi exposto e a história começa a se desenrolar. Foram sugeridos para a edição alguns recursos visuais, como flash-back e lapsetime6 . O flash-back foi utilizado para, primeiramente, apresentar Helberth – o filho – ao expectador. Segundo, para mostrar que o velório que acabara de acontecer era o dele. Terceiro, para deixar explícito o apego dos pais para com o filho. O lapse-time foi utilizado para conduzir a trama de volta à linearidade. 6

Do inglês lapso no tempo. Intervenção proposital na velocidade de execução.

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Para conferir à história a dramaticidade desejada, lançamos mão de elementos físicos – cigarros e bebidas –, psicológicos – comportamento dos personagens – e técnicos – movimentos de câmera, angulações, iluminação e trilha sonora. O roteiro passou por dois tratamentos até sua versão final. O primeiro previa a cena 01 (cemitério) como sendo de um enterro. Porém, durante a pesquisa de locação deparamo-nos com a não autorização por parte do cemitério, pois seu Departamento de Marketing estava com uma campanha em andamento para desvincular o clima pesado de morte daquele ambiente. Assim, adaptamos o roteiro de modo a não mostrar o enterro, mas somente os pais fazendo uma visita ao túmulo do filho alguns dias depois de seu acidente. 3.1.2 Adaptação

As relações entre a linguagem audiovisual e a linguagem literária são antigas. Antes da invenção do direito autoral, em 1910, os cineastas simplesmente roubavam histórias dos livros. Em 1911, Gabriele d'Annunzio7 vendeu toda a sua obra, já escrita e futura, para uma empresa cinematográfica italiana. Desde então, milhares de livros têm sido adaptados para o cinema. Segundo Comparato (1983) adaptação é uma transcrição de linguagem onde mudamos o suporte lingüístico usado para contar uma história. Isto equivale ao ato de transubstanciar, isto é, de transformar a substância, já que uma obra é a expressão de uma linguagem. Quando você adapta um romance, peça de teatro, artigo ou mesmo uma canção pra roteiro, você está trocando um forma pela outra. Escrevendo um roteiro baseado em outro material. (FIELD, 1982 , p.174)

O roteirista iniciante, geralmente, acha mais fácil adaptar do que escrever um original. Imaginar que uma adaptação é mais fácil que um original é um erro monumental, diz Comparato (1983) que ainda retrata o que deve ser levado em considerarão quando se deseja adaptar:  Se a obra é traduzível para a linguagem cinematográfica ou televisiva. 7

Poeta e dramaturgo italiano.

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 Deve seguir o mesmo processo de criação de um original, isto é,fazer uma storyline, desenvolver um argumento, etc.  Reduzir o material aos elementos principais e daí começar a trabalhar.  Ter tempo de reflexão  Ser fiel ao original, evitando, no entanto, o simples transportar – é essencial transformar sem transfigurar.  Estar atento para a questão do direito autoral

No que se refere à adaptação extraída de um conto o autor faz a seguinte consideração: Dada a característica básica do conto, a síntese, um parágrafo de um conto pode conter material suficiente para todo um seriado. Portanto, no trabalho de adaptação de um conto, encontramos o material em sua forma mais condensada e a partir daí, construiremos tudo: o diálogo, ação dramática, personagens, plots, paralelos etc. No conto “A pata do macaco”, a história se passa no início do século XX com todas as suas peculiaridades, bem como vestimentas, meios de transporte, costumes, linguajar e arquitetura, dentre outras. Optamos, primeiramente, por deixar a história contemporânea, mas sem um período específico definido. Por se tratar de uma obra estrangeira com uma produção brasileira, os nomes foram substituídos para melhor se adequar ao perfil do roteiro, entendimento do público e fluidez nos diálogos. Os cenários também foram adaptados. Os originais passavam-se numa região fria, com tapetes pesados, bebidas quentes, lareira, cortinas e vestimentas condizentes. Não sendo essa a nossa realidade, fizemos a composição de cena com elementos tropicais. Para preencher algumas lacunas que são legadas, na obra literária, à imaginação do leitor, inserimos alguns elementos que não constavam do original, tal qual o carro como meio de transporte, a presença do sargento no cemitério, bem como o flash-back e lapsetime na fase da edição.O roteiro adaptado de “A Pata do Macaco” segue no Apêndice B. Depois de elaborado o roteiro adaptado foi criado o seu storyboard, descrição visual de cada plano em pequenos desenhos. No vídeo “A Pata do Macaco” tiramos fotos das

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cenas e tratamos de modo que ficassem semelhantes a desenhos. O exemplo de storyboard utilizado em “A Pata do Macaco” está disponível no Apêndice C.

3.1.3 Preparação

A preparação é uma das partes mais importantes de um vídeo ou filme. Depois do roteiro pronto fazemos um levantamento minucioso de tudo que será necessário para que o vídeo seja feito de acordo com a visão e as necessidades do diretor. Rodrigues (2005) salienta que as fases da preparação são: pesquisa, reconhecimento ou checagem, decupagem de direção, decupagem técnica de produção e cronograma. A primeira medida que deve ser tomada para o desenvolvimento de qualquer produção é a elaboração de uma pesquisa. O produtor deve fazer sua própria pesquisa a fim de saber exatamente o conteúdo do roteiro, podendo assim providenciar tudo que é necessário para a gravação do vídeo. Para que as gravações sejam feitas é necessário um reconhecimento geral, dentro desse item Watts (1990) destaca alguns: 1 – Examinar a locação; 2 – Conversar com o pessoal do local; 3 – Verificar a posição do Sol; 4 – Trabalhar as possíveis seqüências; 5 – Procurar tomadas de cena interessantes, particularmente aquelas que mostrem ação ou que digam “tudo”; 6 – Testar a eletricidade da locação e fontes de perigo para a gravação de som e vídeo; 7 – Checar problemas de ruído, tanto os óbvios como os menos evidentes; 8 – Verificar duas vezes as autorizações para a gravação; 9 – Checar se todos os envolvidos sabem os dias e horas das filmagens. Conferir no calendário os feriados, marés e outros eventos que impediriam as filmagens; 10 – Providenciar alimentação e banheiros para a equipe. Arrumar lugar para estacionar os veículos;

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11 – Perguntar se serão necessários walkie-talkies e equipamentos especiais; 12 – Tirar fotografias que possam ajudar os técnicos; 13 – Pensar em fotos de divulgação. Neste caso, arrumar um fotógrafo para estar no dia da filmagem; 14 – Dar instruções claras de como chegar à locação.

A decupagem de direção é feita pelo diretor, que define planos, lentes, movimento de câmeras e de atores. Decupagem técnica de produção é feita pelo produtor, que define cenografia, figurino e materiais de apoio. A decupagem técnica de “A Pata do Macaco” segue no Apêndice D Quanto ao cronograma, divide-se em físico, definindo-se em termos de datas as etapas da realização do vídeo, e analítico, que determina os dias e o que vai se gravar em cada dia. Fluxograma é a visualização do cronograma físico, e mapa de produção é a visualização do cronograma analítico. 3.2 PRODUÇÃO

A produção é o período que envolve a gravação propriamente dita. Nessa etapa o produtor cria condições técnicas, humanas e de infra-estrutura para que seja executada de acordo com o roteiro e o plano de gravação, feitos durante a pré-produção, deixando os atores e equipe sob a supervisão do diretor. A produção do vídeo “A Pata do Macaco”, contou com duas locações: o cemitério Parque Bom Jesus e uma chácara na estrada para a Chapada dos Guimarães, no km 10, próxima ao clube Praia Clube. Ao todo foram 15 pessoas com funções previamente definidas. As gravações começaram às 9h da manhã do dia 10 de março de 2007 no cemitério, depois seguimos para a chácara onde permanecemos até as 9h da manhã do dia 11de março.

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3.2.1 Recursos técnicos

Inclui-se aqui todo o conjunto de equipamentos indispensáveis para a produção de um vídeo. Os equipamentos utilizados para a gravação do vídeo foram: 01 Câmera MiniDV JVC 01 Câmera MiniDV Sony 01 Câmera Handycam Panasonic 01 Monitor 03 Spots8 1000 watts 01 Microfone Shotgun Kit traveling Folhas de isopor 3.2.2 Recursos humanos

Inclui-se aqui todo o pessoal que vai na frente e atrás da câmera. Elenco Alfredo Pereira: Gilberto Nasser Madalena Pereira: Juçara Naccioli Helberth Pereira: Celso Gayoso Sargento Brandão: Protasius Terrificus Nivaldo Moraes: Thiago Bazzi Dublê: Leonardo Miranda (Smeagól) Técnica Direção geral: Junior Silgueiro Assistente de direção: Thiago Bazzi Produção: Thaysa Teófilo Assistente de produção: Eliezer Gentil Direção de fotografia: Carlos Augusto (Buiú) 8

Também chamado de "marmita" pelo formato característico retangular mas possui vasta nomenclatura e não existe um consenso sobre como chamá-lo. É luz aberta que se utiliza de uma lâmpada de quartzo (halógena).

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Câmera 1: Carlos Augusto (Buiú) Câmera 2: Thiago Bazzi Boom: Leonardo Miranda (Smeagól) Still: Gustavo Adriano RSS Continuísmo: Heitor Rodrigues Direção de arte: Eliezer Gentil Maquiagem: Jhony Arisi e Nariel Iatskiu Platô: Talita Ormond 3.2.3 Recursos materiais

Inclui-se aqui todo o material listado através da decupagem técnica de produção do roteiro. Cenografia: No conto “A Pata do Macaco” a história era ambientada no início do século XX, em uma região de clima frio com descrição de objetos bem carregados. Nós resolvemos adaptar para a nossa realidade, região tropical com objetos mais leves, ex: no conto há uma lareira na sala, a qual nós excluímos do roteiro. Durante a elaboração do roteiro já tínhamos definido a locação e em cima do que já havia na casa trabalhamos os objetos que viriam a complementar o ambiente. No cemitério usamos somente uma vela. Na casa abusamos de artigos religiosos sempre em algum canto da casa tinha alguma cruz, santo que passasse a religiosidade da família. A casa que serviu de locação era composta de moveis simples que se encaixavam na proposta do roteiro. O quadro3. 3 mostra os objetos de cenografia.

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Quadro 3.3 - Objetos de cenografia DIREÇÃO ARTE Lapide, vela e flores; Cinzeiro, cigarros, copo, garrafa, chá, cadeiras*, mesa de centro, rede; Cama casal*, guarda-roupas*, 2 criados*, santa, quadro*, terço, ventilador*, 2 lençóis, edredon, cobertor/manta, 2 travesseiros, 2 fronhas, cortinas*, jarra c/ água, copo, chapeleiro/cabideiro; Terço ou crucifixo no espelho do carro, lanterna luz branca, pilhas D; Jogo de Xadrez , mesa centro; 02 Toalha de mesa, panela c/ galinhada, travessa* c/ salada de alface e tomate, 4 pratos*, 1 concha, 1 pegador de salada, talheres*, copos*, garrafa de bebida (chá), jarra de água ou suco, cesta c/ pão, guardanapo; Sofá*, rack*, TV*, som*, vídeo cassette*, cortina*, criado c/ jarro de flores*, crucifixo na parede, bíblia na estante, livros, porta-retratos, enfeites de estante, quadro*, criado* c/ oratório (embaixo do quadro); Pasta 007 Cobertor/manta

Figurino: O figurino dos personagens foi composto através da analise do roteiro buscando o perfil da historia como: faixa etária dos personagens, locação, clima e perfil psicológico de cada um. O quadro 3.4 mostra o figurino de todos os personagens. Quadro 3.4- Figurino dos personagens QUANT. ALFREDO 04 Figurinos

MADALENA 04 Figurinos HELBERTH 02 Figurinos ADVOGADO 02 Figurinos BRANDÃO 02 Figurinos

FIGURINO Terno preto simples, camisa m. longa branca, sapato – Chapéu. Sandálias, calça social, camisa manga longa, óculos Camisa manga curta, calça social, sandálias Pijama, sandálias Conjunto preto saia/blusa, sapato - Colar pérola?, lenço branco e terço, foto do filho, bolsa? Saia, blusa, sandália, (avental) (Presilha) Vestido ; lenço de cabelo Camisola, penhoar, pantufa Calça sarja*, sandália, camiseta vermelha Sapa-tênis, calça sarja, camisa manga curta * Terno Preto, camisa branca, gravata preta, sapato - Óculos, pasta Terno, camisa, gravata vermelha, sapato Jaqueta preta, calça preta, camisa vermelha, sapato Corrente dog tag, relógio, óculos ray-ban Botina de trilha, calça cargo cáqui, camiseta branca

CENAS I II; V; VI VII; VIII III; IX; XI; XIII; XV I V; VI VII; VIII III; IX; X; XII; XIV; XV V; VI VII I VIII I IV

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Material de apoio: Todos os objetos necessários para dar suporte produção no desenvolvimento do trabalho. Ex: fita crepe, toalhas para os atores e pranchetas. O quadro 3.5 mostra os materiais de apoio usados pela produção. Quadro 3.5 – materiais de apoio para produção

PRODUÇÃO

água; lanche; transporte água; almoço lanche refrigerante papel higiênico saco p/ lixo copo descartável corda p/ varal prego martelo palito de dente prendedores de roupa blocos de anotação

fita adesiva agulha barbante papel pardo lâmpadas lanterna prancheta ferro de passar roupas bom ar/desinfetante 5 toalhas de rosto – toalha de banho vassoura rodo canetas maquiagem papel sulfite extensões

3.2.4 Comandos de gravação

A produção deve sempre contar com fichas de controle de cada departamento para eventuais dúvidas quanto ao figurino, cenário e a parte técnica. Para tal desenvolvemos algumas fichas que seguem nos exemplos a seguir: Ordem do dia: informativo a toda a equipe sobre as condições de gravação do dia, horários e deslocamento da equipe. O quadro 3.6 ilustra o modelo utilizado para a gravação de “A Pata do Macaco”.

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Quadro 3.6 – Ordem do dia 10/03/07 ORDEM DO DIA 10/03/07 Vídeo: A PATA DO MACACO Diretor: Junior Silgueiro Locação 1/ endereço: cemitério Parque Bom Jesus (Parque Cuiabá) Locação 2/ endereço: Chácara km 8 estrada para Chapada LOCAÇÃO 1 CHEGADA DA EQUIPE DE ARTE

6:30 h

CHEGADA DIRETOR DE FOTOGRAFIA E EQUIPAMENTOS

6:30 h

CHEGADA DO ELENCO

7h

MAQUIAGEM

7:30 h

ENSAIANDO

8h

RODANDO SEQÜÊNCIA

9h

DESMONTAR EQUIPAMENTO

11 h

LOCAÇÃO 2 CHEGADA

13 h

ALMOÇO

13:30 h

Ficha de continuidade: contém as informações de cada um dos takes gravados. Indica plano, locação cenário, elenco, ambiente, figurino e indicações de som. O quadro 3.7 ilustra o modelo de ficha de continuidade adotado para as gravações.

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Quadro 3.8 – Ficha de continuidade FICHA DE CONTINUIDADE

Data:____/____/____

VÍDEO:___________________________

AMBIENTE: SEQ - CENA Locação:

CÂMERA

INT – EXT – DIA – NOITE

SOM

HORA

FIGURINO:

OBS:

PLANO ELENCO:

CENÁRIO:

Obs.:

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Plano de gravação: serve de orientação para o diretor em relação a ordem em que serão capturadas as imagens, levando em consideração que as cenas não precisam necessariamente ser gravadas na mesma ordem que estão dipostas no roteiro. O plano de gravação é elaborado na pré-produção, podendo sofre alterações durante as gravações. O quadro 3.9 ilustra o plano de gravação. O plano de gravação completo segue no Apêndice E. Quadro 3.9 – Plano de gravação Plano de Gravação – A PATA DO MACACO DATA :

LOCAÇÃO:

SEQÜÊNCIA:

10/03/07

CEMITÉRIO

CENA

CEMITÉRIO

1/SEQ

PERSONAGENS: 1/ ALFREDO/MADALE

GRAMADO/EXT-DIA/

NA/SGT. BRANDÃO

CENA.1/SEQ.2/ÁRVORE-

SGT BRANDÃO

CEMITERIO/EXT- DIA 10/03/07

10/03/07

CASA

CASA

CENA 7/SEQ 1/

ALFREDO/MADALE

COZINHA/INT- DIA

NA/HELBERTH

CENA

MADALENA

7/SEQ3/COZINHA/INTDIA 10/03/07

CASA

CENA

MADALENA

7/SEQ4/VARANDAVARAL/INT- DIA 10/03/07

CASA

CENA 7/SEQ5/COZINHA/

MADALENA

FORNO 10/03/07

CASA

CENA 7/SEQ6/ JANELA/ MADALENA/ ALFREDO JANELA

10/03/07

CASA

CENA

ALFREDO

8/SEQ1/PORTA MADALENA

SALA/ INT-DIA

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3.2.5 Gravação das cenas

Com todo o cenário preparado, atores ensaiados , iniciam-se as gravações. Nessa etapa o diretor é o carro chefe; através do plano de gravação, storyboard e com acompanhamento minucioso das cenas no monitor de vídeo, ele diz até quando gravar. Normalmente, cada cena é repetida mais de uma vez, mesmo que tenha dado certo na primeira. É uma questão de garantia para dar mais opções na fase de edição sem que haja furos e/ou necessidade de voltar ao set de gravação para refazer uma cena. Para a gravação do vídeo “A pata do macaco”, foram utilizadas duas câmeras trabalhando em plano e contra-plano. A iluminação foi conseguida colocando-se spots atrás de geladeiras9 com uma folha de papel vegetal na frente como difusor. Somente na seqüência do quarto, à noite, as geladeiras foram dispensadas e dois spots de 1000 watts foram postos a aproximadamente 4 metros de altura e 8 metros de distância da casa simulando postes. A maioria dos planos são monótonos, com a câmera fixa para expressar a vida tranqüila e pacata levada pela família Pereira. Somente na seqüência final dá-se um dinamismo fazendo uma pan10 acelerada para acompanhar a mãe e sua ânsia pela volta do filho. 3.2.6 Making of

O termo refere-se a expressão em inglês “the making of” e traduz-se literalmente como "a feitura de", ou seja, o processo de fazer algo. Usa-se também a expressão “behind the scenes” (algo como "por trás das cenas") O making of é um pequeno documentário de bastidores que registra o processo de pré-produção, produção e pósprodução de um produto audiovisual. Pode-se também, inserir entrevistas com o elenco e a equipe técnica. O making of de “A Pata do Macaco”, traz além das cenas de bastidores feitas com uma terceira câmera, uma entrevista com os roteiristas do vídeo. Eles falam da préprodução, de como se deu o processo de adaptação do conto e da preparação para as 9

Quatro folhas de isopor unidas pelas extremidades formando uma caixa retangular semelhante a uma “geladeira”. Pode-se usá-la combinada a outros elementos como difusores e gelatinas, para difundir ou rebater a luz. 10 Movimento de câmera horizontal para a esquerda ou direita, mantendo o eixo central fixo.

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gravações. Há também uma entrevista com o diretor, onde ele fala das gravações, dos cenários e da maquiagem. O Quadro 3.10 mostra o pré-roteiro do making of de “A Pata do Macaco”. Quadro 3.10 – Pré-roteiro do making of de “A Pata do Macaco” CAVALO DE TROLHA PICTURES A PATA DO MACACO – PRÉ-ROTEIRO DE MAKING OF Entrevista com os roteiristas, onde tecem comentários acerca da concepção do projeto, elaboração do roteiro, personagens e produção. Intercalar imagens da locação quando esta for citada. Entrevista com o diretor abordando questões relacionadas ao acompanhamento das gravações e maquiagem. Intercalar com cenas de bastidores e da composição da maquiagem. Orientação: excluir áudio do entrevistador na montagem final.

3.2.7 Desprodução

Terminadas as gravações, todos os objetos de cena, figurinos, equipamentos e materiais de apoio devem ser desmontados e devolvidos. A produção do vídeo “A pata do macaco” foi toda feita com materiais cedidos. Como a casa que serviu de locação era afastada da cidade, levamos muitos aparatos técnicos para que nada faltasse. Em geral não tivemos grandes problemas. Tal qual a produção, à desprodução também cabe uma lista de checagem.  checar os equipamentos e objetos de cenografia que devem ser devolvidos;  organizar todos os figurinos usados;  checar conservação da locação;  levar equipe de volta à cidade.

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3.3 PÓS-PRODUÇÃO

A pós-produção é a fase de finalização da obra. Após a gravação é feita a captura do material bruto, edição (compilação e ordenação de cenas, correção de cores, tratamento de áudio), trilha sonora, finalização e autoração do DVD. 3.3.1 Captura

Devido ao fato da edição ser toda feita em ilha não-linear, fez-se necessária a transposição do material bruto do meio físico (fita MiniDV) para o meio digital (Hard Disk). A captura se deu via placa firewire11 , onde um software decodifica os sinais magnéticos enviados pela câmera e o transforma em arquivos editáveis de computador. 3.3.2 Edição

A edição é feita através da compilação e ordenação de cenas, correção de cores e tratamento de áudio. A compilação e ordenação de cenas é a parte mais trabalhosa do processo de edição e também a que demanda mais tempo. É onde todo o material capturado é assistido e analisado, e as melhores cenas são selecionadas e ordenadas de acordo com o previsto no roteiro. A correção de cores se deu ao fato das câmeras serem de fabricantes distintos, o que trouxe um problema no que tange à temperatura das cores, onde uma câmera tinha cores mais frias e outra, mais quentes. Tal fato obrigou-nos a investir algum tempo no tratamento das imagens a fim de minimizar a diferença de cor entre as mesmas. O software utilizado foi o Adobe After Effects que nos permite fazer ajustes finos na imagem ainda que não fique exatamente igual a da outra câmera.

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Meio de transmissão serial que permite uma conexão fácil de diversos tipos de dispositivos ao computador em alta velocidade (50Mb/s).

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Todo o áudio capturado junto às imagens foi separado e tratado individualmente. Os diálogos foram separados dos efeitos sonoros e cada um recebeu o tratamento específico. Eliminação de ruídos, corte de freqüências indesejadas e normalização foram alguns dos processos inerentes a essa fase. 3.3.3 Trilha sonora

Aliada aos efeitos, a trilha é a responsável pelo ambiente sonoro. É ela quem designa a um produto audiovisual o humor, o suspense ou o romantismo necessários. No nosso caso, a trilha sonora ficou a cargo de um profissional contratado exclusivamente para tal função. Desse modo, obtivemos uma maior fidelidade da trilha em função do vídeo, tendo em vista o fato dele não ter participado do processo de criação. Assim, isento de opiniões previamente formadas, ficou livre para criar com base única e exclusivamente no material que lhe foi entregue, ou seja, o vídeo já editado. 3.3.4 Finalização

Nessa etapa são feitos os últimos ajustes no produto audiovisual. Foram unidos ao vídeo, o áudio e a trilha sonora já tratados e modulados. Foram inseridos os créditos, as logos e os agradecimentos finais. 3.3.5 Autoração do DVD

Autoração é o processo de criação, edição, legendagem e dublagem de um filme ou vídeo para a mídia DVD. Neste processo foram criados os menus, a navegação e os acessos aos extras e demais conteúdos do DVD. A finalização do vídeo marcou, o início da campanha publicitária, com a finalidade de promover o mesmo entre os demais concorrentes em festivais de cinema e vídeo. A campanha publicitária é apresentada no capítulo 4 desta monografia.

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CAPÍTULO 4 - CAMPANHA PUBLICITÁRIA Quando um novo produto é posto à disposição do mercado, faz-se necessária uma campanha publicitária para que as pessoas o conheçam e com isso possam se sentir impelidas a consumi-lo. Este capítulo trata da campanha publicitária do vídeo “A Pata do Macaco”, que neste trabalho foi dividida em briefing, público alvo, estratégia de campanha, plano de mídia e criação das peças. Inicialmente foi criada a “Bazzi Casa de Criação”, agência fictícia responsável pela campanha.

4.1 BRIEFING

O briefing é o primeiro contato da agência com o problema do cliente. É o que dá o embasamento para o trabalho focado nos objetivos. Segundo Corrêa (1998.p.81), “briefing é o conjunto de dados fornecidos pelo anunciante para orientar a sua agência na elaboração de um trabalho de propaganda, promoção de vendas ou relações públicas”. Um bom briefing deve, segundo Corrêa (1998), responder às perguntas:  Quem está ou estava atuando?  O que aconteceu ou está acontecendo?  Como ocorreu ou está ocorrendo?  Onde, em que lugar?  Quando, em que período?

Com essas perguntas respondidas, pode-se montar um panorama da situação e traçar os objetivos com clareza. O quadro 4.1 mostra o briefing de “A Pata do Macaco”.

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Quadro 4.1 - Briefing BAZZI CASA DE CRIAÇÃO - BRIEFING

Produto: Vídeo “A Pata do Macaco” O vídeo “A Pata do Macaco” é uma produção audiovisual independente idealizada, roteirizada, produzida e dirigida por três estudantes de Comunicação Social, com o objetivo primeiro de apresentá-lo como sua monografia no curso. O roteiro é adaptado da obra literária homônima de W. W. Jacobs e traz uma história de suspense envolvente sobre mistério, magia e crendice popular. É a primeira história a tratar de mortos que voltam do túmulo. Satisfeitos com o resultado final, os três decidiram por enviá-lo para concorrer em festivais de cinema e vídeo brasileiros.

O público-alvo Freqüentadores de festivais de cinema e vídeo. De idades, sexos e costumes variados, a única coisa aparentemente em comum entre esse público é o gosto pelo cinema “fora dos padrões”, estilo característico dos festivais.

O mercado Os canais de distribuição do vídeo ao público final serão os festivais de cinema e vídeo. Sendo assim ele deverá atrair a atenção das pessoas entre os demais filmes e vídeo que estarão em cartaz. É impossível conhecer antecipadamente quais os concorrentes de “A Pata do Macaco”, pois a programação exata dos festivais geralmente é fechada com menos de um mês de antecedência. Via de regra, os concorrentes serão filmes e vídeos nas mesmas condições: independentes, desconhecidos do grande público e realizados com poucos recursos.

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Objetivos O objetivo da campanha é fazer com que o espectador do festival se interesse pelo vídeo e o assista, ou seja, predispô-lo à compra.

Estratégia sugerida Dado o objetivo acima, a sugestão de estratégia é que os materiais sejam para o PDV (ponto de venda), ou seja, os cinemas onde será exibido “A Pata do Macaco”. A verba para a campanha é escassa. Economizar ao máximo. Cliente: CAVALO DE TROLHA PICTURES

4.2 PÚBLICO-ALVO

Depois de recebido e aprovado o briefing, a agência parte para o planejamento da campanha. O próximo passo é estudar junto ao cliente o seu público-alvo. Como diz Kotler (2004), se o cliente não souber claramente quem é o seu público, esse deverá ser o primeiro assunto a estudar. “Em relação ao público específico, um filme precisa especificar seu público, não só em seu texto, mas também em sua campanha publicitária” (Turner, 1997, p.100). “A Pata do Macaco” não pôde passar por uma adaptação do roteiro aos desejos do público, por se tratar de uma transposição de um conto literário para uma obra audiovisual. Sendo assim, o objetivo desta campanha é aproximar o espectador do vídeo e gerar impulso de compra, não se atendo ao julgamento do público sobre o vídeo. O público-alvo são os freqüentadores de festivais de cinema, locais onde o vídeo será exibido. Tais pessoas, como observado no briefing, não possuem distinção clara de

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idade, sexo e classe social. Para a identificação visual pode ser utilizada a única característica visível em comum – o gosto pelo cinema fora dos padrões. De um modo geral, são pessoas que buscam avaliar o filme ou vídeo por sua linguagem, por seus padrões de cores, por angulações, estilos de direção, dentre outras características, muitas subjetivas. Diferente dos espectadores de cinemas comerciais, que se atém principalmente ao que é dito através de diálogos e narrações. Além de chamar a atenção desse público, as peças de divulgação devem despertar nele o desejo de assistir a esse vídeo em detrimento de outros em cartaz. Isso só será alcançado caso haja identificação entre o espectador e o vídeo.

4.3 ESTRATÉGIA DE CAMPANHA

De posse do briefing e definido o público-alvo é traçada a estratégia de campanha. Levando em consideração a verba disponibilizada pelo cliente e adequando-a ao interesse maior (fazer o público assistir “A Pata do Macaco”), os esforços foram concentrados no PDV12, onde se efetiva a decisão de compra, e em mídias alternativas. De acordo com Camila Galatti, em entrevista para o site do Festival de Cinema e vídeo do Rio de Janeiro, “é importante investir em propaganda e promoção em mídia impressa e eletrônica, mas sem esquecer da internet, hoje em dia a ferramenta de maior adequação para o publico alvo interessado em cinema”13 . Para tanto foram confeccionados um banner para exposição destacada na bilheteria dos cinemas, trailler do vídeo para divulgação pelo site YouTube14, atual líder da internet em exibição de vídeos originais, segundo sua assessoria de imprensa. Além desse material, foi feito anúncio de revista contendo o resumo do vídeo, para veiculação em revistas especializadas e no material de divulgação dos próprios festivais, bem como a capa do DVD, que será colocado à venda no valor de R$ 15,00 nos cinemas onde o vídeo será exibido. 12

Ponto de Venda Entrevista disponível em http://2006.festivaldorio.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=232&sid=42 14 http://www.youtube.com 13

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O merchandising é, na definição do DICIONÁRIO de Economia15 , um “conjunto de técnicas comerciais que visam promover o consumo, através da apresentação e localização dos produtos nos locais de venda”. Essa estratégia é utilizada para promover um produto entre os demais no PDV. As ações de merchandising podem englobar displays, embalagens, cartazes, totens, móbiles, entre outros. Das técnicas utilizadas, a mais simples e mais importante operação de merchandising é a exibitécnica. Todas as ações de propaganda, promoção, etc. convergem para um único ponto – o ponto de venda. É o momento em que se tem a resposta. Aí a coisa vira sucesso ou fracasso. Embalagem, design, boa exposição, arrumação, material promocional, decoração... a boa exibitécnica enfim é que pode ditar qual o destino do produto (SANT’ANNA, 1996, p. 23)

As ações de merchandising para “A Pata do Macaco” se resumem em um banner para os cinemas e capa do DVD, a fim de destacá-lo dentre a concorrência. Plano de mídia: segundo o GLOSSÁRIO de Propaganda do Site Terra 16, é o “trabalho resultante do processo de análise de dados e alternativas que estabelece uma ação a ser desenvolvida em mídia para uma determinada situação mercadológica”. É uma espécie de relatório que a agência apresenta ao cliente propondo uma solução ao seu problema. No Quadro 4.2 observa-se o plano de mídia proposto para “A Pata do Macaco”.

15

http://www.esfgabinete.com/dicionario http://publicidade.terra.c om.br/criativos/glossario.html - acesso em 05/04/2007

16

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Quadro 4.2 – Plano de mídia BAZZI CASA DE CRIAÇÃO – PLANO DE MÍDIA

Produto: Vídeo “A Pata do Macaco” Campanha: Lançamento Apresentação Com a finalidade de praticar o conhecimento adquirido no curso de comunicação social, os alunos Junior Silgueiro, Thaysa Teófilo e Thiago Bazzi decidiram fazer um vídeo que pudesse ser apresentado como sua monografia. Satisfeitos com o resultado final, surgiu o desejo de enviá-lo aos festivais de cinema e vídeo. Para produzir o vídeo, criaram a produtora “Cavalo de Trolha Pictures”, contratante desta agência.

A história é uma adaptação do conto “A Pata do Macaco” de W. W. Jacobs, o primeiro a tratar do assunto “mortos que voltam” e leva o espectador a refletir sobre a ganância e sobre a manipulação do destino.

Análise de público-alvo Quem poderá assistir ao vídeo são os freqüentadores de festivais de cinema e vídeo. Pessoas de sexo e idades variadas que possuem em comum um senso crítico mais apurado que a maioria do público dos cinemas comerciais. Observam melhor a linguagem não-verbal e gostam de filmes “fora dos padrões”.

Análise de mercado Os canais de distribuição do vídeo ao público final serão os festivais de cinema e vídeo. Sendo assim ele deverá atrair a atenção das pessoas entre os demais filmes e vídeo que estarão em cartaz.

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É impossível conhecer antecipadamente quais os concorrentes de “A Pata do Macaco”, pois a programação exata dos festivais geralmente é fechada com menos de um mês de antecedência.

Via de regra, os concorrentes serão filmes e vídeos nas mesmas condições: independentes, desconhecidos do grande público e realizados com poucos recursos.

Duração da campanha A duração da campanha é variável. Tendo em vista que os festivais de cinema e vídeo têm entre 3 e 7 dias de duração, a campanha será iniciada junto com o festival e perdurará até o dia de apresentação de “A Pata do Macaco”.

Estratégia de mídia Elaboração de trailler com duração aproximada de 30 segundos para ser veiculada no site YouTube e para divulgação junto do material dos festivais. O tempo de duração é estrategicamente curto para que não pese no site, deixando rápida a sua visualização e para facilitar a seleção entre os materiais dos festivais. Elaboração de banner para o PDV.

Elaboração da capa do DVD, a fim de destacá-lo dentre os demais que possam estar a venda.

Elaboração de anúncio para revista contendo resumo do filme

Táticas de mídia Exibição do banner perto da bilheteria do festival, para estimular a compra de ingressos para a sessão correspondente a “A Pata do Macaco”.

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Também será colocado à venda nos locais de exibição um DVD contendo, além do próprio vídeo, o making of e fotos, ao valor de R$15,00.

Execução da mídia Criação de banner

R$ 150,00

Criação de capa para DVD

R$

150,00

Criação de anúncio para revista

R$

150,00

Impressão de material gráfico

R$

150,00

Elaboração de roteiro de trailler

R$

200,00

Edição do trailler

R$

600,00

Total

R$ 1.400,00

Cliente: CAVALO DE TROLHA PICTURES

Vale lembrar que a produção de “A Pata do Macaco” foi feita de forma independente, todos os valores expostos neste plano (com exceção da impressão do material gráfico) são figurativos, uma vez que as peças foram idealizadas e concebidas pelos componentes do grupo.

4.4 CRIAÇÃO

Aprovado o plano de mídia, o próximo passo foi a criação das peças que iriam compor a campanha. O processo de criação publicitária consiste em reunir dados para organizar o pensamento, focar os objetivos e trabalhar com criatividade a disposição de elementos visuais e/ou sonoros para que formem uma mensagem de fácil interpretação pelo interlocutor. Essa mensagem tem de ser clara e persuasiva o suficiente para induzir a compra.

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A publicidade está longe de ser uma ciência pura. Não existe fórmula para se produzir propaganda, nem os computadores têm demonstrado qualquer inclinação para a área criativa. [...] O trabalho de criação consiste, primeiramente em achar uma idéia que sirva de tema ou diretriz – o que dizer. Em seguida saber como apresentar o tema – como dizer – e determinar através de que gênero de veículos ela pode ser levada mais rápida e vantajosamente, ao conhecimento do grupo consumidor visado. Enfim, é encontrar a proposição de compra (SANT’ANNA, 1996, p. 147).

O material gráfico foi criado observando os parâmetros:  Conter necessariamente cores quentes, de preferência tons vermelhos17 . Para o logotipo18 do vídeo foi escolhida uma fonte estilo grunge que remete a deformidade, coisas incompletas, como se algo fora retirado dali, tal qual aconteceu à família Pereira.  Fazer referência ao fato de que o vídeo é adaptação do conto “A Pata do Macaco” de W. W. Jacobs. Tal escritor é um marco na história da literatura de horror e ficou famoso justamente pelo conto em questão, justificando a relevância desta informação.  Conter elementos subjetivos, que despertem a curiosidade do público. Para isso foi utilizada uma fotografia tirada durante as gravações que mostra a pata de macaco usada no vídeo fazendo sombra sobre um tabuleiro de xadrez. Sobre este mesmo tabuleiro está a peça “rei” caída. A sombra da pata ameaça o rei, fazendo uma alusão à ameaça que a tal pata é para a família Pereira na pessoa de seu chefe Alfredo.  O texto verbal deve ser curto, objetivo e descrever o vídeo sendo revelador o suficiente para despertar a curiosidade e o interesse do interlocutor.

17

Wellington Carrion frisa em seu artigo “O Vermelho” em sua coluna em http://www.imasters.com.br/artigo/3268/teoria/o_vermelho - “É a cor guerreira, que é muito encontrada na guerra pela devastação das armas de fogo e pelo sangue, é também da cruz vermelha salvadora e do alerta, é incitadora de atenção, sempre inquieta e de destaque. Cor do inferno e seu fogo intenso, assim como a cor do demônio e suas tentações. Simboliza a imortalidade”.

18

Logotipo refere-se à forma particular como o nome da marca é representado graficamente, pela escolha ou desenho de uma tipografia específica.

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O trailler contém:  Imagens diversas de todos os personagens do vídeo: Alfredo, Madalena e Helberth Pereira, Sargento Brandão e Nivaldo Moraes.  Trilha sonora adequada às imagens mostradas e ao ritmo com que elas são intercaladas. Também passa um clima de suspense.  Não há narração em OFF. A mensagem passada pelo trailler é dada pelos próprios personagens, aumentando a tensão. As Figuras 4.1, 4.2 e 4.3; e o Quadro 4.3 correspondem, respectivamente ao banner, anúncio de revista, capa do DVD e roteiro do trailler.

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Figura 4.1 - Banner

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Figura 4.2 - Anúncio para revista

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Figura 4.3 - Capa do DVD

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Quadro 4.3 - Roteiro do trailler

BAZZI CASA DE CRIAÇÃO TRAILLER “A PATA DO MACACO” – DURAÇÃO 30” Vídeo

Áudio

Tela preta por 1s corta seco para Entra BG (a definir) e mantém. Madalena em close-up.

Efeito de baque surdo.

Corta seco para

Madalena: Pede ele de volta, Alfredo!

Alfredo e Helberth jogando xadrez. Helberth: Xeque-mate. Câmera de frente para Alfredo. Corta seco para Família sentada à mesa de jantar. Efeito de baque surdo. Sargento Brandão balança a pata de macaco em frente a Alfredo. Helberth se movimenta e abaixa a mão estendida de Alfredo. Corta seco para Nivaldo Moraes entrega cheque para Alfredo. Madalena está sentada ao seu lado no sofá, em prantos. Corta seco para Alfredo sentado no sofá com a pata Efeito de baque surdo. na mão. Efeito especial de inversão de cores, piscando duas vezes muito rápido. Corta seco para Família sentada à mesa de jantar.

Alfredo: E o que é que tem de tão

Corta seco para

especial nela?

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Sargento Brandão e Alfredo sentados Sgt. Brandão: Até mais do que na varanda. Câmera de frente para o gostaria, acredite. sargento. Corta seco para Close-up do rosto de Alfredo.

Alfredo: Me dê a pata!

Corta seco para Subjetiva do Sargento Brandão no Efeito de baque surdo. cemitério.

Em

segundo

plano, Efeito de choro. Alfredo e Madalena agachados em frente a um túmulo. O Sargento traga o cigarro, solta a fumaça e sai de cena. Corta seco para Logotipo do filme. Mantém por 3s .

Efeito de baque surdo.

Fade out.

Desce BG e corta.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao iniciarmos este projeto não sabíamos ao certo sua magnitude. Começou como muitos outros: despretensioso, porém com algumas idéias audaciosas. Algumas dúvidas, principalmente quanto aos nossos objetivos, permeavam nossas primeiras reuniões, que com o passar dos dias foram se tornando cada vez mais objetivas e produtivas. Já não se parecia com um trabalho acadêmico qualquer; tomava cara e forma de uma monografia cujo

tema

tratava de

linguagens distintas

e

igualmente complexas,

porém

complementares: literatura, cinema e vídeo. Escolhemos o conto que seria trabalhado - “A Pata do Macaco” de W. W. Jacobs e fizemos a sua leitura. Após alguns dias nos reunimos e cada um o reescreveu à sua maneira. Deste modo discutimos e unimos o que achamos relevante na “versão” de cada um da história. Até então, decidíamos o quanto fiel ao conto seria a nossa adaptação. A partir daí fomos em busca da teorização das linguagens literária, cinematográfica e audiovisual, para compreender as peculiaridades inerentes a cada uma delas. Com isso alcançaríamos, na adaptação, a transposição correta dos meios, sem que o produto final sentisse a falta de elementos presentes no texto. A linguagem literária é baseada no ideal imaginativo de cada leitor. O autor descreve as cenas e o leitor decodifica a mensagem criando um “filme imaginário” com peças e personagens criados por si mesmo. Com o aparato do vídeo, esse ideal imaginativo se perde e a visão do espectador passa a ser condicionada à mesma visão do roteirista. A nossa maior preocupação na confecção do roteiro foi manter a visão do autor sob a nossa interpretação e realidade. Tal objetivo foi alcançado com sucesso.

60

Estruturar a pré-produção dentro do roteiro adaptado demandou uma pesquisa e planejamento sólidos, mantendo sempre a conexão teoria-prática. Finalizar essa etapa com êxito foi a nossa garantia de diminuição de problemas durante a gravação. Fazer a decupagem técnica do roteiro deixou claro todos os tópicos que deveriam ser checados. Para esta decupagem fizemos visitas às locações, verificando todos os elementos que pudessem auxiliar-nos na execução do que foi proposto no roteiro. Na elaboração do primeiro cronograma, reservamos dois finais de semana para as gravações. Nesta época, nos atentamos que a data da inscrição do Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá estava muito próxima e gostaríamos de participar de sua mostra competitiva. Assim, reduzimos o tempo de gravação para somente um final de semana, na tentativa de finalizar o vídeo antes do final desse prazo. Essa decisão fez com que as gravações se estendessem madrugada adentro, deixando a equipe física e mentalmente cansada, acarretando, a partir de determinado horário, na falta de atenção a alguns detalhes, como close-ups dos personagens. Devido ao cansaço, também ocorreram enquadramentos falhos e alguns erros de continuidade. Por serem de fabricantes distintos, as câmeras usadas apresentaram temperaturas de cores diferentes, o que nos obrigou a investir algum tempo na correção das mesmas na fase da edição. Apesar dos contratempos, o material bruto atendeu às nossas necessidades e conseguimos reuni-los e organizá-los de modo satisfatório na pós-produção. Com o fim da parte prática demos início ao processo inverso: relatar no papel a experiência de produzir um vídeo. Foi quando percebemos que estávamos desconstruindo a proposta principal do nosso trabalho, que é “da linguagem literária para a linguagem audiovisual”. Neste momento, tivemos que descrever a linguagem audiovisual (vídeo) na linguagem literária (monografia), para que esse processo fosse concluído estruturamos a monografia em capítulos, buscando, em nosso trabalho prático, os exemplos sempre que se faziam necessários. Planejar uma campanha publicitária também não foi fácil. A princípio, foi idealizada uma campanha de lançamento, porém, analisando o mercado, público alvo e os objetivos que a equipe almejava, ela não seria suficiente. Partimos para um planejamento de campanha, algo que pudesse se estender por mais tempo e de forma mais eficiente.

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Uma miopia inicial não nos permitiu enxergar quem seria exatamente o público alvo da campanha e cometemos o erro fatal da publicidade: tentar falar para todos e não falar para ninguém. Após a primeira correção e em consultas com professores conseguimos definir o público, que não se encaixa em padrões de classe social, faixa etária ou sexo, mas simplesmente pelo seu gosto comum: festivais de cinema e vídeo. Buscamos então a teoria necessária para fundamentar as estratégias escolhidas na campanha, orientar a escolha das mídias e a criação das peças. Encontramos o abrigo necessário na obra de Armando Sant’anna, Roberto Corrêa, Philip Kotler, dentre tantos outros, lidos e assimilados no decorrer dos quatro anos de curso. A participação de todos os alunos do grupo da monografia se fez mais presente na campanha publicitária, no que tange à criação das peças. O conhecimento do meio audiovisual permitiu um trailler a contento e a sensibilidade artística permitiu peças gráficas agradáveis aos olhos e, aliados ao conhecimento em publicidade, tecnicamente corretas. A realização deste trabalho propiciou aos envolvidos um valioso intercâmbio de conhecimento. Tanto para nós, enquanto idealizadores e coordenadores, quanto para o elenco e equipe técnica de apoio. Nos fez buscar e pesquisar desde as origens da literatura até as tecnologias para autoração de DVD, aprendendo neste percurso o quão enriquecedora a teoria pode ser e, aliada à prática nos diferencia dos “profissionais de mercado” a quem nos referimos na introdução. Agora, compreendemos plenamente o porquê das teorias incessantes e por tantas vezes enfadonhas: fugir do empirismo - uma vez que o profissional não sabe explicar o que está fazendo, provavelmente não o faz da maneira certa. O amadurecimento proporcionado por um trabalho científico torna-se um incentivo à continuidade da vida acadêmica. Ao aluno de Publicidade, um mergulho na área de Radialismo mostrou que o processo de criação e produção de um vídeo requer muito mais que “uma idéia na cabeça e uma câmera na mão”; é necessária muita organização e disciplina para que o resultado final esteja a contento.

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Aos alunos de Radialismo, aprender sobre Publicidade abriu os olhos para como funciona o mercado, como é feito um planejamento de campanha e como é concebida a criação publicitária, onde cada elemento tem uma razão de ser. É muito mais que “mas a outra cor é mais bonita”.

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REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

BERTOMEU, João Vicente Cegato. Criação na redação Publicitária. São Paulo: Editora do Autor, 2006. CARRIÈRE, Jean Claude. A linguagem secreta do cinema. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1994. COMPARATO, Doc. Arte e técnica de escrever para cinema e TV. Rio de janeiro: Nórdica, 1983. COMPARATO, Doc. Da Criação ao Roteiro. Rio de Janeiro: Rocco, 1995. CORRÊA, Roberto. Planejamento e Propaganda. São Paulo: Global, 1998. DUBOIS, Philippe. Cinema, vídeo, Godard. São Paulo: Cosac Naify, 2004. EISENSTEIN, Serguei. A forma do filme. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002. FIELD, Syd. Manual do roteiro. Rio de Janeiro: Objetiva, 1982. KOTLER, Philip. Os 10 pecados mortais do Marketing; causas, sintomas e soluções. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. LAJOLO, Marisa. O que é literatura. São Paulo: Brasiliense, 1981 (Coleção Primeiros Passos). MACHADO, Arlindo. A arte do vídeo. 1ª reimpressão. São Paulo: Brasiliense, 1997. MACHADO, Arlindo. A arte do vídeo. mostra “Olhares do Sul”. Buenos Aires, 1996. Catálogo MERRIMAN, C. D. W. W. Jacobs. On line literature, 2005. Disponível em . Acesso em 22 mar. 2007. RODRIGUES, Cris. O cinema e a produção. Rio de Janeiro: DP&A, 2005. SANT’ANNA, Armando. Propaganda: teoria, técnica e prática. São Paulo: Pioneira, 1996. SILVA , V. M. Aguiar e. Teoria da Literatura. Coimbra: Livraria Almedina, 1986. WATTS, Harris. On Camera: o curso de produção de filme e vídeo da BBC. São Paulo: Summus, 1990.

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BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA CARRIÈRE, Jean Claude; BONITZER, Pascal. Prática do Roteiro Cinematográfico. São Paulo: JSN, 1996. CESAR, Newton. Direção de Arte em Propaganda. São Paulo: Futura, 2000. HOWARD, David; MABLEY, Edward. Teoria e Prática do Roteiro. Rio de Janeiro: Globo, 2006. KING, Stephen. À espera de um milagre. São Paulo: Planeta de Agostini, 2004. _____________. Angústia. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1988. _____________. Dança macabra. São Paulo: Objetiva, 2001. _____________. O cemitério. São Paulo: Planeta de Agostini, 2004. _____________. O iluminado. São Paulo: Abril Cultural, 1984. MOSS, Hugo. Como formatar seu roteiro. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2002. OGILVY, David. Confissões de um publicitário. Rio de Janeiro: Bertrand, 1993. REY, Marcos. O Roteirista Profissional. São Paulo: Editora Ática, 1995. SERRA, Floriano. A arte e a técnica do vídeo do roteiro à edição. São Paulo: Summus, 1986. VANOYE, Francis; GOLIOT-LÉTÉ, Anne. Ensaio sobre análise fílmica. Campinas: Papirus, 1994.

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SITES VISITADOS

CONTOS imortais. Disponível em . Acesso em 20 set. 2006. ESF Gabinete. Disponível em . Acesso em 02 abr. 2007. FESTIVAL do Rio. Disponível em < http://2006.festivaldorio.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/ start.htm?infoid=232&sid=42>. Acesso em 02 abr. 2007. IMASTERS. Disponível em . Acesso em 25 mar. 2007. ON LINE literature. Disponível em . Acesso em 22 mar. 2007. SAMPA on line. Disponível em . Acesso em 22 mar. 2007. TERRA. Disponível em . Acesso em 05 abr. 2007. TUDO sobre TV. Disponível em . Acesso em 22 mar. 2007. URUTAGUA. Disponível em . Acesso em 22 mar. 2007. WEBCINE. Disponível em . Acesso em 22 mar. 2007. YOUTUBE. Disponível em . Acesso em 02 abr. 2007.

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APÊNDICES

APÊNDICE A – Cartões

1 Oração no cemitério

5 Família se entretém tranquilamente enquanto espera o visitante

2 Durante algumas 3 4 semanas, abatidos pela Em uma das noites de Sargento dirige em culpa da morte do filho, o insônia, a mãe lembra da estrada de terra em pai tem flashbacks da pata e pede ao marido direção à casa da família convivência harmoniosa que traga o filho de volta White com o filho

6 Visitante chega, é recepcionado e começam a conversar

7 Família janta em companhia do visitante

8 Visitante introduz à família a pata do macaco

12 No final da tarde um homem de terno e valise em mãos bate à porta da casa dizendo que o filho morrera e a indenização era a quantia que o Sr. White pedira

9 Pai compra a pata do visitante que reluta e insiste em destruí-la

10 Após a partida do visitante a família faz troça da pata, porém o Sr White faz um pedido de dinheiro

11 Ao raiar do dia a família toma café unida. O filho sai para o trabalho e o casal fica com seus afazeres domésticos

13 Pressionado o Sr. White faz o pedido à pata, mas nos instantes seguintes nada acontece

14 A Sra. White ouve barulhos e acredita que é seu filho e corre para abrir a porta

15 16 O Sr. White pede à pata A Sra. White abre a porta que seu filho volte para e não há nada ali. o cemitério

APÊNDICE B – Roteiro

APÊNDICE C – Exemplo de storyboard

Cena 9 – Plano 1

Som de PALMAS. Madalena olha pela janela.

Cena 9 – Plano 2

MADALENA Alfredo! Atende o homem no portão!

Cena 9 – Plano 3

Alfredo passa pela janela em direção ao portão da casa.

APÊNDICE D – Decupagem técnica de produção

CENA 1 - EXT.CEMITÉRIO.DIA ALFREDO E MADALENA PEREIRA deixam uma flor em um túmulo. Alfredo permanece de pé enquanto Madalena faz uma oração. Ao longe, SGT BRANDÃO observa casal com expressão de negação enquanto fuma um cigarro. (take 1 - câmera em plano aberto. Vê-se a figura do Sgt. Ao longe. take 2 - câmera atrás do Sgt. pessoas longe. 1º foco nele, depois foco nas pessoas seguido de pan PG)

FICHA DE PRODUÇÃO PERSONAGEM

ATOR

FIGURINO

ALFREDO

GILBERTO

MADALENA

JUSSARA

SGTO. BRANDÃO

PROTAZIUS

Terno preto simples, camisa m. longa branca, sapato Conjunto preto saia/blusa, sapato Jaqueta preta, calça preta, camisa vermelha, sapato

EQUIPE TÉCNICA

MAQUIAGEM

DIREÇÃO ARTE

Chapéu

Natural de vídeo

Flores, vela, terço

lenço branco e terço

Natural de vídeo Cabelo preso Natural de vídeo

ADEREÇO

Corrente dog tag, relógio, óculos rayban

BUIÚ, THIAGO

CENA 2 - EXT.CASA - VARANDA.NOITE ALFREDO sentado na varanda, cinzeiro cheio, copo de bebida por terminar, introspectivo, olhar vago. Alterna cena com flashbacks de momentos felizes com o filho (partidas de xadrez, família em oração, momentos e olhares de cumplicidade). FICHA DE PRODUÇÃO PERSONAGEM ATOR FIGURINO ALFREDO GILBERTO Sandálias, calça social, camisa manga longa* EQUIPE TÉCNICA

ADEREÇO MAQUIAGEM Natural de vídeo

DIREÇÃO ARTE Cinzeiro, cigarros, copo, garrafa, chá, cadeiras, mesa de centro, rede

BUIÚ, THIAGO

*Obs: o mesmo figurino p/ jogo de xadrez, se for seguir com o plano do movimento sincronizado pegar copo - mudar peça xadrez na CENA 05

CENA 3 - INT.CASA - QUARTO.NOITE Durante mais uma noite de insônia o casal revira na cama. Madalena se levanta, caminha perdida pelo quarto, encosta na janela, olhar vago, de repente tem um estalo e diz ao marido. FICHA DE PRODUÇÃO PERSONAGEM ATOR FIGURINO ALFREDO GILBERTO Pijama, sandálias MADALENA JUSSARA Camisola, penhoar, pantufa

ADEREÇO MAQUIAGEM DIREÇÃO ARTE Natural de vídeo Cama casal, guardaroupas, 2 criados, santa, Natural de vídeo quadro, terço, ventilador, 2 lençóis, edredon, cobertor/manta, 2 travesseiros, 2 fronhas, cortinas, jarra c/ água, copo, chapeleiro/cabideiro BUIÚ, THIAGO

EQUIPE TÉCNICA

CENA 4 - INT.CARRO.NOITE Sgt. Brandão dirige por estrada de terra. FICHA DE PRODUÇÃO PERSONAGEM

ATOR

FIGURINO

SARGENTO BRANDÃO

PROTAZIUS Botina de trilha, calça cargo cáqui, camiseta branca EQUIPE TÉCNICA BUIÚ, THIAGO

ADEREÇO Relógio, dog tag,

MAQUIAGEM

DIREÇÃO ARTE Natural de vídeo Terço ou crucifixo no espelho do carro, lanterna luz branca, pilhas D

CENA 5 - EXT.CASA - VARANDA.NOITE Alfredo e Helberth jogam uma partida de xadrez onde nitidamente o filho leva vantagem.

FICHA DE PRODUÇÃO PERSONAGEM

ATOR

FIGURINO

ALFREDO

GILBERTO * Sandálias, calça social, camisa manga longa HELBERTH CELSO Calça sarja, sandália, camiseta vermelha BUIÚ, THIAGO EQUIPE TÉCNICA

*OBS: o mesmo figurino da CENA 02

ADEREÇO MAQUIAGEM

DIREÇÃO ARTE Natural de vídeo Jogo de Xadrez , mesa centro Natural de vídeo

Jogo de xadrez. Sgt. Brandão chega de carro e o estaciona no quintal. Helberth fecha o portão e Alfredo adianta-se para recepcionar o Sgt. Brandão e acomodá-lo. CENA 6 - EXT.CASA - VARANDA.NOITE MOMENTOS DEPOIS Alfredo e Sgt. Brandão tomam licor e conversam. Madalena e Helberth servem a mesa de jantar. FICHA DE PRODUÇÃO PERSONAGEM ATOR ALFREDO GILBERTO

FIGURINO ADEREÇO * Sandálias, calça social, camisa manga longa HELBERTH CELSO Calça sarja, sandália, camiseta vermelha MADALENA JUSSARA Saia, blusa, Presilha sandália, avental SARGENTO PROTAZIUS Botina de Relógio, BRANDÃO trilha, calça dog tag, cargo cáqui, camiseta branca EQUIPE TÉCNICA BUIÚ, THIAGO

MAQUIAGEM DIREÇÃO ARTE Natural de vídeo Toalha de mesa, panela c/ galinhada, travessa c/ salada de alface e tomate, 4 Natural de vídeo pratos, 1 concha, 1 pegador de salada, talheres, copos, garrafa de bebida Natural de vídeo (chá), jarra de água ou suco, cesta c/ pão, guardanapo Natural de vídeo

CORTA PARA: O carro deixa a propriedade. A família acompanha a partida com o olhar e entra na casa.

CENA 7 - INT.CASA - SALA.NOITE Alfredo, Helberth e Madalena conversam. FICHA DE PRODUÇÃO PERSONAGEM ATOR ALFREDO GILBERTO

HELBERTH

CELSO

MADALENA

JUSSARA

EQUIPE TÉCNICA

FIGURINO ADEREÇO MAQUIAGEM * Sandálias, Natural de vídeo calça social, camisa manga longa Calça sarja, Natural de vídeo sandália, camiseta vermelha** Saia, blusa, Presilha Natural de vídeo sandália*** BUIÚ, THIAGO

DIREÇÃO ARTE Sofá, rack, TV, som, vídeo cassette, cortina, criado c/ jarro de flores, crucifixo na parede, bíblia na estante, livros, portaretratos, enfeites de estante, quadro.

CENA 8 - INT.CASA - COZINHA.DIA – MANHÃ Alfredo, Helberth e Madalena tomam café da manhã. FICHA DE PRODUÇÃO PERSONAGEM ATOR FIGURINO ALFREDO GILBERTO Camisa manga curta, calça social, sandálias, HELBERTH CELSO Sapatênis, calça sarja, camisa manga curta MADALENA JUSSARA Vestido

ADEREÇO MAQUIAGEM DIREÇÃO ARTE Natural de vídeo Mesa, 3 cadeiras, tolha de mesa, fogão, geladeira, guardanapos, pia, paneleiro, Pasta Natural de vídeo liquidificador, garrafa de café, chaleira, leite, café, açúcar, coador, margarina, bolo, forma Natural de vídeo de bolo redonda c/ furo, pão francês, faca de cozinha, relógio, fruteira, banana, laranja, baleiro, bolacha, papel toalha BUIÚ, THIAGO

EQUIPE TÉCNICA

CENA 9 - INT.CASA - COZINHA.DIA - MAIS TARDE Madalena estende roupas Madalena tira bolo forno Palmas no portão Alfredo passa pela janela para atender

CENA 10 - INT.CASA - SALA - DIA Madalena tira o lenço, abre a porta e cumprimenta o visitante. Alfredo manda o Advogado entrar. FICHA DE PRODUÇÃO PERSONAGEM

ATOR

FIGURINO

GILBERTO Camisa manga curta, calça social, sandálias, MADALENA JUSSARA Vestido O ADVOGADO THIAGO Terno, camisa, gravata vermelha, sapato EQUIPE TÉCNICA BUIÚ, JUNIOR

ADEREÇO MAQUIAGEM

DIREÇÃO ARTE Natural de vídeo Sala

ALFREDO

Pasta 007

Natural de vídeo Natural de vídeo

CENA 11 - INT.CASA - QUARTO.NOITE LAPSE TIME das cenas iniciais (1, 2 e 3) aceleradas em 5 segundos. O tempo desacelera para velocidade normal quando Madalena diz. FICHA DE PRODUÇÃO PERSONAGEM

ATOR

FIGURINO

ADEREÇO

MAQUIAGEM

ALFREDO MADALENA

GILBERTO Pijama, sandálias JUSSARA Camisola, penhoar, pantufa BUIÚ, THIAGO EQUIPE TÉCNICA

Natural de vídeo Natural de vídeo

DIREÇÃO ARTE Quarto

Nada acontece. Alfredo busca um copo de água e traz para Madalena. Algum tempo de espera. Alfredo pega no sono, mas Madalena fica revirando na cama Uivos e latidos de cachorros, Som de PEGADAS fora da casa. Som de BATIDAS leves à porta. Madalena cutuca Alfredo.

CENA 12 - EXT.NOITE (PENSAMENTO DE ALFREDO) POV DE HELBERTH A porta da cozinha se abre e revela Madalena com um sorriso no rosto que instantaneamente se transforma em um GRITO DE PAVOR. Helberth ataca Madalena, que se protege com seus braços.

VOLTA À CENA ALTERNA SÉRIE DE PLANOS DA CENA 13

CENA 13 - QUARTO.NOITE A) Alfredo procura pela PATA pelo quarto. C) Alfredo tateia o lençol em busca da pata. E) Alfredo pega a pata. FICHA DE PRODUÇÃO PERSONAGEM

ATOR

ALFREDO GILBERTO EQUIPE TÉCNICA

FIGURINO

ADEREÇO

Pijama, sandálias BUIÚ, THIAGO

MAQUIAGEM Natural de vídeo

DIREÇÃO ARTE Quarto

CENA 13 - COZINHA.NOITE B) Madalena se dirige à porta da sala. D) Madalena não encontra nada na sala e vai para a porta da cozinha. F) Madalena pega o molho de chaves e se atrapalha tentando abrir a porta. G) Madalena consegue colocar a chave na fechadura e a gira. FICHA DE PRODUÇÃO PERSONAGEM MADALENA

ATOR

FIGURINO

JUSSARA

ADEREÇO MAQUIAGEM

Camisola, penhoar, pantufa BUIÚ, THIAGO

EQUIPE TÉCNICA

DIREÇÃO ARTE

Natural de vídeo

CENA 14 - INT.CASA - QUARTO.NOITE Alfredo ainda ajoelhado segura a pata na mão direita e diz. FICHA DE PRODUÇÃO PERSONAGEM

ATOR

ALFREDO GILBERTO EQUIPE TÉCNICA

FIGURINO

ADEREÇO

Pijama, sandálias BUIÚ, THIAGO

MAQUIAGEM Natural de vídeo

DIREÇÃO ARTE Quarto

CENAS 15 - COZINHA.NOITE O barulho de batidas cessa. Madalena abre a porta e não há nada do lado de fora. FICHA DE PRODUÇÃO PERSONAGEM MADALENA

ATOR JUSSARA

EQUIPE TÉCNICA

FIGURINO

ADEREÇO MAQUIAGEM

Camisola, penhoar, chinelo BUIÚ, THIAGO

Natural de vídeo

DIREÇÃO ARTE

CENA 16 - EXT.CASA.NOITE Madalena à porta com expressão de decepção. Alfredo chega por trás com um cobertor e o deposita sobre seus ombros. A porta se fecha. FICHA DE PRODUÇÃO PERSONAGEM ALFREDO MADALENA

ATOR

FIGURINO

ADEREÇO

GILBERTO Pijama, sandálias Cobertor/manta JUSSARA Camisola, penhoar, pantufa EQUIPE TÉCNICA BUIÚ, THIAGO

MAQUIAGEM Natural de vídeo Natural de vídeo

DIREÇÃO ARTE

APÊNDICE E – Plano de gravação PLANO DE GRAVAÇÃO

A PATA DO MACACO DATA : LOCAÇÃO: 10/03/07 CEMITÉRIO

CEMITÉRIO

SEQÜÊNCIA: CENA 1/SEQ 1/ GRAMADO/EXTDIA/

PERSONAGENS: ALFREDO/MADALENA/ SGT. BRANDÃO

CENA 1/SEQ 2/ ÁRVORECEMITERIO/EXT- DIA

10/03/07 CASA

CENA 7/SEQ 1/COZINHA/INT- DIA

10/03/07 CASA

CENA 7/SEQ 2/ QUARTO/INT- DIA

ALFREDO/MADALENA/ HELBERTH MADALENA

10/03/07 CASA

CENA 7/SEQ3/COZINHA/INT- DIA

MADALENA

10/03/07 CASA

CENA 7/SEQ4/VARANDAVARAL/INT- DIA

MADALENA

10/03/07 CASA

MADALENA CENA 7/SEQ5/COZINHA/FORNO

10/03/07 CASA

MADALENA/ ALFREDO CENA 7/SEQ6/ JANELA/ ALFREDO JANELA

10/03/07 CASA

MADALENA CENA 8/SEQ1/PORTA SALA/ INTDIA

10/03/07 CASA CENA 8/SEQ 2/PORTA SALA /INTDIA 10/03/07 CASA 10/03/07 CASA 10/03/07 CASA

CENA8/SEQ 3/ SOFÁ-SALA/INT-DIA CENA 2/ SEQ 1/VARANDA/EXTNOITE CENA5 /SEQ 1/ VARANDA/EXTNOITE

MADALENA/ALFREDO/ ADVOGADO MADALENA/ALFREDO/ ADVOGADO ALFREDO ALFREDO/HELBERTH

10/03/07 CASA

CENA 5/SEQ 2/PORTÃO / EXTNOITE

HELBERT

10/03/07 CASA

CENA 5/SEQ 3/ VARANDA /EXTNOITE

SG BRANDÃO/ ALFREDO/ HELBERTH

10/03/07 CASA

CENA 5/ SEQ 4/ VARANDA/EXTNOITE CENA 5/SEQ5/ VARANDAJANTAR/EXT -NOITE CENA 5/ SEQ 6/ PORTÃOCARRO/EXT-NOITE CENA 6/SEQ 1/SALA-PATA/INTNOITE

SGT. BRANDÃO/ ALFREDO/ HELBERTH/MADALENA SG BRANDÃO/ ALFREDO/ HELBERTH/MADALENA CARRO/ HELBERTH/ MADALENA/ALFREDO MADALENA/ALFREDO/ HELBERTH

10/03/07 CASA

CENA 6/SEQ 2/ SALA-PATA/INTNOITE

ALFREDO/HELBERTH

10/03/07 CASA

CENA 6/SEQ 3/ SALA-SOFA/OFF/ INT-NOITE

ALFREDO

10/03/07 CASA

CENA 6/SEQ 4/ SALA –SOFA/INTER- ALFREDO/HELBERTH NOITE

10/0307

CASA

10/03/07 CASA CASA 10/03/07

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