Doenças Virais do Sistema Nervoso
Elaborado por: Catia Taibo
Poliomielite aguda Infecções por vírus atípico do sistema nervoso
central Raiva Encefalite viral Meningite viral Outras infecções virais do sistema nervoso central não classificadas em outra parte Infecções virais não especificadas do sistema nervoso central
Poliomielite É uma doença infecto contagiosa aguda causada por
um enterovírus, denominado poliovírus (sorotipos 1, 2 e 3). O genoma de RNA simples de sentido positivo. Não tem envelope. Existem três serotipos 1, 2 e 3, distintos imunológicamente, mas idênticos nas manifestações clínicas. A poliomielite paralítica (mais grave) são causados pelo serotipo 1.
Epidemiologia É mais comum em crianças, mas também
ocorre em adultos. Reservatório: homem. Modo de transmissão: contacto directo de pessoa para pessoa, pelas vias fecal-oral (principal),ou oral-oral.
Epidemiologia Período de incubação: 7 a 12 dias, pode
variar de 2 a 30 dias. Período de transmissão: não se conhece com exactidão. O vírus é encontrado nas secreções da orofaringe após 36 a 72 horas após a infecção e persiste por uma semana, e nas fezes por 3 a 6 semanas.
Patogenia E n t r a d a d o v ir u s n a o r o f a r in g e
E s to m a g o
F e b r e , d o r d e g a r g a n ta
I n v a d e o s e n t e r ó c i t o s d o i n t e s t i n o e m u lt i p li c a - s e n a u se a s, v o m ito s d o r a b d o m in a l
C o r r e n t e s a n g u in e a
S is te m a N e r v o s o
co ra çã o fíg a d o c é re b ro
E n c e f a li t e P a r a li s ia f lá c i d a
Manifestações clínicas Doença assintomática: mais de 90% dos
casos são assintomáticos. Poliomielite abortiva ou Doença menor: ocorre em 5% dos casos, com febre, dores de cabeça, dores de garganta, mal estar e vómitos, mas sem complicações sérias.
Manifestações clínicas Poliomielite não-paralítica com meningite
asséptica: ocorre em 1 ou 2% dos casos. além dos sintomas iniciais da doença menor, ocorre inflamação das meninges do cérebro com dores de cabeça fortes e espasmos musculares mas sem danos significativos neuronais .
Manifestações clínicas Poliomielite paralítica ou doença maior: de
0,1 a 2% dos casos. Surge 3 ou 4 dias depois dos sintomas da doença menor desaparecerem, surge a paralisia devido a danos nos neurónios da medula espinal e córtex motor do cérebro. A paralisia flácida afecta um ou mais membros, e músculos faciais.
Manifestações clínicas A paralisia respiratória é devida à poliomielite
bulbar, que afecta esses nervos: a taxa de mortalidade da variedade bulbar é 75%. As regiões corporais paralisadas conservam a sensibilidade. A mortalidade total de vítimas da poliomielite paralítica é de 15 a 30% para os adultos e 2 a 5% para crianças.
Poliomielite Complicações: sequelas paralíticas, paragem
respiratória com asfixia e morte. Diagnóstico:
Isolamento do vírus: apartir de amostras de fezes; Exames inespecíficos: LCR (pleocitose com predomínio dos Ly, glicose normal ou ligeiramente baixo, proteínas normais ou ligeiramente elevado); Detecção de RNA com PCR Cultura: o virus pode ser isolado na faringe nos primeiros dias da doença, e das fezes até 30 dias.
Tratamento/Profilaxia A poliomielite não tem tratamento específico. A única medida eficaz é a vacinação. Há dois tipos de vacina a Salk e a Sabin. A Salk consiste nos três serotipos do virus inactivos
com formalina ("mortos"), e foi introduzida em 1954 por Salk. Tem a vantagem de ser estável, mas é cara e tem de ser injectada três vezes, sendo a protecção menor.
Profilaxia A vacina Sabin foi descoberta em 1959 e consiste nos três
serótipos vivos mas pouco virulentos. É de administração oral, baixo preço e alta eficácia, mas em 1 caso em cada milhão os virus vivos tornam-se virulentos e causam paralisia. Nos países onde ainda são notificados casos de poliomielite, deve ser usada a vacina Sabin porque o risco é mais baixo sendo contrabalançado pelo risco real da verdadeira poliomielite. Nos países onde ela já foi erradicada, a vacina Salk é mais que suficiente e os riscos de paralisia menos aceitáveis.
Raiva É uma zoonose causada por vírus; Todos os mamíferos são susceptíveis à
doença; A imunidade pode ser adquirida através da vacinação. Virús RNA, de filamento único e sentido negativo, em forma de projéctil; Família Rhabdviridae.
Rhabdovirus
Raiva/Transmissão Comum: contacto com a saliva de animais
doentes, través de mordeduras, arranhões ou lambidelas em pele lesada ou mucosa. Só há referência de transmissão interhumana através do transplante de córnea
Raiva/Transmissão Animais que podem transmitir a raiva:
Morcego hematófago; Coelhos, hamsters e outros roedores urbanos; Macacos; Cão e gato; Outros animais domésticos como boi, cavalo, cabrito, etc.
Sinais indicativos da Raiva Dificuldade em deglutir; Salivação abundante; Mudança dos hábitos e/ou comportamento,
sinal de pedalagem; Mudança dos hábitos alimentares; Agressividade; Paralisia das patas traseiras; A ladrar bitonal.
Patogenia P e n e tra ç ã o d o v ír u s n o s i s t e m a n e r v o s o p e r if é r ic o
R e p li c a ç ã o n o g a n g lio d o r s a l
R á p i d a a s c e n s ã o n a m e d u la e s p in h a l
R e p lic a ç ã o v i r a l n o m u s c u lo
in fe ç ã o d o tro c o c e r e b r a l c e r e b e lo m e d u la e s p in h a l o u t r a s e s tr u t u r a s c e r e b r a is
in f e c ç ã o d e s c e n d e n t e p e lo S N p a r a o o lh o g la n d u la s s a liv a r e s p e le
v í r u s in o c u la d o
a lu c in a ç õ e s
s a li v a ç ã o
c o n v u ls õ e s
Quadro clínico-Raiva humana No início os sintomas
são característicos: transformação de carácter, inquietude, perturbação do sono, pesadelos
Quadro clínico-Raiva humana Em seguida, instalam-se alterações da sensibilidade,
sensação de queimadura, formigueiro e dor no local da mordedura.
Estas alterações duram 2 a 4 dias.
Posteriormente instala-se o quadro de alucinações,
acompanhado de febre. Inicia-se o período de estado de doença, por 2 a 3 dias, com aerofobia e hidrofobia,com crises convulsivas periódicas, que pode evoluir para coma e morte.
Fase da doença
Sintomas
Tempo de duracao
Estado viral
Estado imunológico
Incubação
assintomático
60 a 365 dias
Título ↓ vírus no musc
Neg
Prodrómica
inespecíficos dor na ferida
2 a 10 dias
Título ↓ vírus no SNC
Neg
Neurológica
Sinais neurológicos ( hidrofobia, convulsões)
2 a 7 dias
Título ↑ vírus no SNC e cerebro
AC no soro e SNC
Coma
Paragem cardíaca TA/vent↓
0 a 14 dias
Título ↑ vírus no SNC e cérebro
Neg
Raiva Se uma pessoa for mordida ou arranhada por
um cão ou gato que não esteja vacinado, ou de origem desconhecida, esse animal deve ser capturado e permanecer em observação por 10 dias. Caso não apresente sinais de doença nesse periodo de observação / nenhum tratamento.
Raiva Se o animal morrer, desaparecer ou não
poder ser capturado para cumprir o periodo de observação, a pessoa deve receber tratamento contra a raiva.
Diagnóstico É estabelecido pelo pela detecção do
antigeno viral no SNC ou na pele, isolamento do virus. O achado fundamental e a detecção de inclusões intracitoplasmáticas que consistem em agregados de nucleocapsideos virais CORPÚSCULOS DE NEGRI nos neurónios afectados.
Diagnóstico A detecção de antigeno por
imunoflorescencia tornou se o método mais usado para o dignóstico da raiva ( tem alto grau de sensibilidade e especificidade). As amostras são ׃biópsia cerebral ou material de necrópsia, esfregaços de impressão de células epitelias da córnea e biopsia cutânea da região da nuca
Imunofluorescência Directa
Tratamento Profilaxia pós exposição é a unica esperança
de evitar a doença clínica. A profilaxia deve ser iniciada em qualquer indivíduo exposto por mordedura ou contaminação de uma ferida aberta. Tratamento da ferida.
Tratamento Posteriormente recomenda-se imunização
com vacina associada a uma dose de soro antirábico equino ou imunoglobulina contra a raiva humana. A imunização passiva com imunoglobulina contra a raiva humana até que o paciente produza seus próprios anticorpos em resposta a vacina.
Tratamento Administra se uma série de cinco
imunizações no decorrer de um mes A evolução lenta da raiva permite a produção de imunidade activa A vacina anti rabica é uma vacina de vírus morto, é administrada por via intramuscular nos dias 0, 3, 7, 14, e 28 após a exposição ao virus.
Prevenção Recomenda-se vacina anti-rábica as pessoas
que trabalham com animais, funcionários do laboratório para diagnóstico de Raiva Administra-se vacina anti-rábica por via intramuscular ou intradérmica em três doses, o que proporciona 2 anos de protecção.
Os filhos não precisam de pais
extraordinários, mas de seres humanos que falem a sua linguagem e sejam capazes de penetrar no seu coração.
Bibliografia Microbiologia Medica, Patrick R. Murray e
outros, 4ª Edicao, Guanabara Koogan; Microbiologia Medica, Jawetz e outros, 20ª Edicao, Um livro medico Lange; Essentials of Medical Microbiology, Volk e outros, 4ª Edicao, Lippincott; Medical Microbiology, David Greenwood e outros, 14ª Edicao, Churchill Livingstone
Cont. Bibliografia Medical Microbiology, Cedric Mins e outros,
3ª Edicao, Wakelin Zuckerman; Immunology, Roitt e outros, 5ª Edicao, Wakelin Zuckerman; Virulogy, James F. Bale e outros, a Scope Publication, Upjohn;