A Nova Ciência Das Organizações.pdf

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ALBERTO GUERREIRO RAMOS /*

UíÀloco>

^oetodó

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I

A NOVA CIÊNCIA

DAS ORGANIZAÇÕES Uma reconceituação da riqueza das nações

/ a

Tradução de MARY CARDOSO

Jill^üii CsauarSõ Jfiorcno fOiioa ESTATÍSTICO ÍP1 o..

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FGV-Instituto de Documentação Editora da Fundação Getulio Vargas Rio de Janeiro, RJ — 1981

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„ dar ao rascunho deste livro sua forma presente. Beverly Harwick da^íôVetíe texto esou reconhecido àsua alerta diligencia. Gostaria 2X£ df«iSn£ aqui omeu carinho por duas adoráveis cnaturas, Í^Ttudí aue se foi para sempre, eCochese, alegres efiéis

1 f

^ZZZ£^o^companheirosdasminhassolitárias h0n,S Finalmente! minha permanência na Wesleyan University ena

o o o o o

Yale University, como professor visitante econfrade visitante, respec tivamente por ocasião da licença especial para estudos que me foi concedida pela USC no ano acadêmico de 1972/73, representou uma

auspiciosa oportunidade para que eu clarificasse aforma deste livro. O processo de revisão da Editora da Universidade de Toronto, sob adire ção de R. I- K. Davidson, foi de inestimável valor para aarticulação de

KÁi í \

a mim.

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raffi^SSjii,';'- ':< '•>•.'•

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SãfifiSmpàmSSj aadrnuu>Uaçãoj>ubbçajioi_ult^pjJP^:_

mente para aconfiguração e a substância finais do livro. Aresponsabilidade pelo que no livro se contém, é claro, cabe

1| 1

Neste livro, apresento o arcabouço conceituai deiwm nova

Editora daUniversidade deToronto, contribuíram decisiva e generosa

O

wHBf^--

ciência das organizações. Meu objetivo écontrapor um modjlo jejuiá-

meu trabalho. As críticas ao esboço original, que recebi dos leitores da

G

I•;«pll^

PREFACIO

LtSõTTmPten^rais,que uma_teoria da «P°"^**£ dTnolnlfciaò-liloTipUcável atodos mas apenas aum ripe e^cial

1

de atividade. Aa-pücação de seus princípios atodas ^ íormfJ^

1

vidade está dificultando aatualização de possíveis novos sistemas^soS, necessários àsuperação de dilemas básicos de «"*££ Argumento ainda, que omodelo de alocação de mao-de-obra ede re-

> •'



ÍSTmSí na teoria dominante de organização, nãojeva ern

c

"•con^ as exigências ecológicas , não_se_vincula,.portanto, k. estígiQ conlen^p^anVlaTcip-acidades de ^S^^f^Tl que amaneira pela qual éensinado omodelo JM^**"»* desastrosa, porque não admite explicitamente sua limitada utüidade

o o

o o o

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******* usando aexpressão nova ciência das organizações em sen tido amplo, eamesma inclui assuntos não apenas pertinentes asetores presentemente rotulados como administração pública eadministração é!w£m privadas, mas também temas especificamente pertencen

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tes ao campo da economia, da ciência política da ciência da fonnul. ção de políticas eda ciência social em geral. Assim sendo, damaneua

1

1

como está concebida neste livro, anova ciência das orgaruzações édm-

SE aproblemas de ordenação dos negócios sociais epessoais numa

o

1

microperspectiva, tanto quanto numa perspectiva mi"°-

De um modo geral, o enriao e otiemajnento oferecidos aos

c

^ Cü^-V^o

estudantes, não apenas nas escolas de administração publica edejuta* rüsFaçfcTde empresas, mas igualmente nos departamentos de ciência

o o

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social ainda são baseados nos pressupostos da sociedade centrada no mercado. Hoje é necessário um modelo alternativo de pensamento, ainda não articulado em termos sistemáticos, porque asociedade cen trada em mercado, mais de 200 anos depois de seu aparecimento, está

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arando agora suas limitações esua influência desfiguradora da vida l r ^ como um todo. Eéapenas tal forma de pensamento que este UVK> NtocWÍtulo 1, tnto do conceito básico de toda ciência social -

6 i

O

. razfo Amoderna ciência social não pode ser completamente expli cada senão àluz da compreensão peculiar da razão que nela esta im plícita Neste século, a crítica da razão moderna foi iniciada por Max

(

Weber e Karl Mannheim, que falharam, não obstante, quanto aencarar consistentemente a complexidade dessa razão. Mais recentemente,

o o

contribuição possa ser considerada, pressupõe ela, contudo, um cará

(

o (

( ( (

Eric Voegelin tentou avaliar a razão moderna do ponto de vista do le

ponentes não têm apercepção de semelhante dimensão. A> eonada organização dominante épré-analítica, no sentido de quente 0£* do dos negócios humanos na sociedade centrada no mercado^como uma premissa, sem se aperceber da extensão das^.d^sob^ vas 0 capítulo trata, com minúcia, de três pressupostos nao articula

dos da presente teoria da organização, isto é, aM-W*"»»

za humana com asíndrome comportamental.sta inerentej"°**«

centrada no mercado, adefinição da pessoa como um detentor de em prego eaidentíficação da comunicação humana com acomunicação instrumental.

Ocapítulo 6expõe mj™'™ <*gos epistemològicos^ajeona

gado clássico do pensamento e, por mais significativa que sua grande

ter restaurador que não está suficientemente qualificado. Mais ainda, deixa de prover anova ciência das organizações eda sociedade da perí cia operacional e analítica exigida pelas condições históricas de nosso tempo. Outra significativa linha de crítica é representada pela chama

X^Tnr"elucidam que a presente teona organizacional, dejx^jiste

da Escola de Frankfurt que, mostrarei, ainda está carregada de moder nas ilusões de cunho historicista.

Ocapítulo 2é uma crítica do modelo contemporâneo de ciência social, do ponto de vista de um modelo alternativo que chamo de teoria substantiva da vidahumana associada, e queé calcado na distin

ção feita por Max Weber entre Wertrationaliíaí (valor ou racionalidade

laJn and Socie.y, bem como no livro 0*^X^980)

(

substantiva) e Zweckrationalitàt (racionalidade funcional) e naanálise,

o

de Karl Polanyi, da sociedade centradano mercado.

o o

ciedade centrada no mercado e especifica seus traços principais, a sa

para usar os referidos artigos.

operacionalismo. Esclarece que enquanto os cidadãos, em geral, con tinuarem sucumbindo à persuasão organizada, às pressões e às influên

dos sistemas sociais edo desenho_organizaçional que denomino- delimítação dos sistemas-lioaairTarmod^^

lizadora.

cr^vTo^núitiplõsl^

o o o o o o o o o o

!o o (

O capítulo 3 conceitualiza asíndrome psicológica inerente àso

ber: afluidez da individualidade, operspectivismo, oformalismo eo^>

cias que mantém tal síndrome em operação, haverá, na melhor das hipóteses, pouca oportunidade para uma transformação social revitaNocapítulo 4. sustento que a teoria da organização, como cam

po disciplinar, está perdendo o senso de seus objetivos específicos, pela tentativa de assimilar modelos e conceitos estranhos a seu domí nio próprio. Em apoio desse argumento, examino exemplos de "colo cação desapropriada" - misplacement —de conceitos demonstrados por tópicos em voga no campo da teoria da organização. Concluo o capítulo 4 fazendo a articulação de alguns tópicos básicospermanen tes do estudo científico de organizações formais.

O capítulo 5 apresenta o conceito da política cognitiva, e de monstra que a mesma constitui a mais importante dimensão oculta da psicologia da sociedade centrada no mercado. A teoria da organização nunca atingiu o stahis de uma disciplina científica porque seus proXII

No capítulo 7, apresento um modelp multicéntrico dejmájise

Z^Zlrio peto ü=55a, 3áTOsa5^eo«^^g dale". 0 capítulrJTc^nsUtui uma apresentação preliminar daquilo que

cHãmõde paradigma paraeconòmico.

t.

• Alei d^^uifes^de^os3>presentada no capitulo 8co mo unTtópico fundamental da nova ciência das organizações. E* aLdoomL*^^ çao^sencial de qualqueT sociedade, que_deve_ter respostas para as ne: capítulo sustento que^a um desses sistemasjoc.aiTletermma os

prfe^uisitoT^^^da tecnologia, do tamanho, dlpercepçao, do n.T^gr^rnTWlise

espaço e do tempo dossistemasjociais^ XIII

o o o (

o c

No capítulo 9, tento mostrar as impücaçõesjolítjc^iio^-

Higrn, paraeconômico. Aessa altura, àtmno que adjlirnjt^o^ orgarn^õn^na^ deElclaTe^titp^dr^^ d™braVdeIeçuisõI^^

-l^e^iin^TIvnrconrum sumário oorFru^rn^un^amentm

(

da nova ciência das organizações e indicando o rumo geral de sua

(

^endOseifTclpi3tulos deste livro constituem uma unidade orgânica e

o o c <

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devem ser lidos na seqüência em que estão apresentados; de outra ma

neira, oleitor perderá aspectos fundamentais de seu desenvolvunento

PREFÁCIO DA EDIÇÃO BRASILEIRA

Oleitor brasüeiro deste livro deve sempre levar em conta que= ele

teTrico Isso é particularmente verdadeiro em relação ao ultimo

SSSo, mquePse tornam evidentes as minhas diretrizes política, e filosóficas. Ocapítulo não pode ser compreendido, se for lido como uma peça autônoma.

_

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.

Aprocura da nova ciência das organizações vem ocorrendo des

de algum tempo, constituindo um esforço gradativo, empreendido.por grande número de estudiosos. Este livro aprove, amuito da atividade

sú^bstitujçãojõTumaji^^

verificará quels^

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criadora de tais especialistas, mas começa amoldâja num corpo abrangente de conhecimentos.

o o o o o

SSSSSRSSSwSnSSfera sociedade,

o o

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SssssSSsrSSSSaS sociedade centrada no mercado. Por conseguinte éa, ^«™» No mundo contemporâneo, os EUA sao a mais •a

o Ü

™vai-se tomando mais consciente do efeito deculturativo do merca

ao Eve*to?aue não vem ao caso relatar aqui levaram-me aresidir nos EUA desde ^66 Nos últimos três lustros, aproblemática norte-ame

o

ricana tanto nosseus aspectos acadêmicos como naqueles pertinentes

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XV

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XIV

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Mdomínio dos afazeres cotidianos, tem sido parte central de minha

i

rife Este livro destüa essa intensa experiência. Em vanas de suas pasnoens éevidente que minhas elaborações conceituais sao largamente afetadas por incidentes típicos da vida norte-americana. M^s^pjnodelo dc sociedade que Ajwva_çiên£ÍíL^^^ Í* constitui,o desenho

i

Este livro éresultado de minhas pesquisas sobre aredução***>

lneica no terceiro sentido. Otema já tinha sido esboçado em meu esto

°o8d MM! >tual da sociologia, que constitui og^.

eJ^tf^Hal decjescente"número de mdryiduos^mjodp o.mundo. Nos

EÜXTmmãrérde pessoas estão sistematicamente vivendo como se o mercado fosse apenas um lugar delimitado em seu espaço vital. EstaJ.* uma revolução silenciosa que embora nfo_faç_amançhetesnaimpren-

^^^^^^^^^^r^x^jo^ij^^^iojuturo, isto é, a práxis de emergente modelo de relações entre os indivíduos, e entre

estes e a natureza. Em outras palavras, este modelo restaura o que a sorié&ídecentiãai no mercado deformou ou, em parte, destruiu: os

elementos permanentes da vida humana^

A categorização desse modelo emergente na práxis de minorias em todo o mundo tem importância universal, pois constitui a referên

cia magna da crítica da sociedade moderna, ede sua ideologia que, sob

o disfarce de ciência, devários modos comanda o processo configurativo da vida dos povos, tanto nos países chamados capitalistas como nos

vZJn?o(\966) minhas anájiswjtoç^ncrit^^ oJeitoLencontrará neste livro.

nrnAuin a- cerca de

ANova ciência das organizações é, ^gf^JZ?" 30 anos de pesquisa ereflexão. Mas ele não articula tudo aquilo em ção da proposta de trabalho teónco eoperacional, que espero mar durante o resto deminha vida. Alberto Guerreiro Ramos

Los Angeles, 1980

chamados socialistas.

(

Nos estudos que realizei no Brasil antes de radicar-me nos EUA já eram perceptíveis as linhas mestras do pensamento sistematicamen

C

são desse pensamento dirijo as considerações finais aseguir.

c

o o e o

ticularmente significante na minha trajetória intelectual é ARedução

sociológica, cuja primeira edição é datada de 1958. No prefácio da se gunda edição deste livro (1965) sublinhei otríplicejentido da redução

so^ológjca.jjaber: a) atitude imprescindível àassjmilação_ciítica_da ciência e da cultura importadas; l-j adestramento cultural sistemático

o

necessário para habilitar o individuçLaje^tir_àjnassificaçãojie sua conduta e às pressões sociais organizadas; c) superação da ciência sociáTnos moldes institucionais é universitários emqueseencontra.

Na edição de 1958, ARedução sociológica tratou principalmen te da mesma em seu primeiro sentido. Posteriormente, afim de ressal tar o segundo sentido da redução sociológica, sugeri a categoria de

o

homem parentético, em Homem-organizaçãoe homem-parentético, ca pítulo de Mito e verdade da revolução brasileira, e em Models of man

C;

de 1972 da Public Administration Review.

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V

marxismo e do paramarxismo [veja Introdução critica àsociologia bra sileira (1957), OProblema nacional do Brasil (1960), ACrise do poder no Brasil (1961), Mito e verdade da revolução brasileira (1963)]. Par

o

o

<

Nos meus estudos publicados no Brasil desde 1951 encontram-se análises da ciência social européia e da norte-americana, bem como do

o o o

4

te articulado neste livro. Ao leitor interessado em verificar a progres

and administrative theory, artigo publicado no número demaio/junho XV11 XVI

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SUMARIO

Agradecimentos IX Prefácio XI

Prefácio daedição brasileira XV

1. Crítica da razão moderna e sua influência sobre a teoria da organização 1

1.1

A razão como cálculo utilitário de conseqüências 2

1.2 Aresignação eos pontos de vista de Max Weber sobre a (

1.3

o

racionalidade 4

Avisão limitada de racionalidade de Karl Mannheim 6

c

1.4 A teoria críticada escola de Frankfurt 8 1.5 O trabalho derestauração deEric Voegelin 75

o

1.7

1.6 Alguns comentários críticos 19 Conclusão 22

Bibliografia 23

o o o

2^Norumo de uma teoria substantiva da vida humana associada 25

2.1 Amoderna transavaliação do social 28 2.2 Ordenamento político e sociedade 33 2.3 A dicotomia entrevalores e fatos 37

o

o

2.4 Aciência social como uma ideologia serialista 39

o o o

2.5

Da ciência social cientística 42

2.6

Conclusão 45

Bibliografia 46 3l A síndrome comportamentalista 50

o o Q

3.1

A fluidez da individualidade 53

3.2

Perspectivismo 57

3.3

Formalismo 59

3.4

Operacionalismo 62

3.5

Conclusão 67

l

Bibliografia 67

i

XIX

L

i r -v i''v?%wm ppiPpgpliWBppigBfiggpi i|pwg? '• *"gp»t?w'

I f

mwi 4 Colocação desapropriada de conceitos eteoria da organização 69

8. Alei dos requisitos adequados eo desenho de sistemas

41 Traços fundamentais da formulação teórica 69

Bibliografia 173

9. Paraeconomia: paradigma emodelo multicêntrico de

Ailusão da autenticidade corporativa 72 Aalienação mal compreendida 72 Sanidade organizacional, uma denominação incorreta /o

alocação 177 Bibliografia 191

10. Visão geral eperspectivas da nova ciência 194

Conclusão 82

Bibliografia 83

10.1 Aciência social convencional 194 10.2 Aorganização resistente 198

Política cognitiva - apsicologia da sociedade centrada no

Bibliografia 201

mercado 86

5.1

5.2 I

5.3

Política cognitiva, uma digressão histórica 87

Uma visão paroquial da natureza humana 93 0 alegre detentor de emprego, vítima patológica da

5.4

í

5.5 Apsicologia da comunicação instrumental 108

i

5.6

sociedade centrada no mercado 98

6. Uma abordagem substantiva da organização 118

6.1 Tarefa 1- aorganização como sistema epistemológico 118

6.2 Tarefa 2- pontos cegos da teoria organizacional corrente 120

Reexame danoção de racionalidade 121 Peculiaridade histórica das organizações econômicas 123 Interação simbólica e humanidade 126 Trabalho e ocupação 129

o

Conceptualização de uma abordagem substantiva da organização 134

o 6.8

Conclusão 136

Bibliografia 138

7. Teoria dadelimitação dos sistemas sociais: apresentação de um paradigma 140

7.1 Orientação individual e comunitária 140 7.2 Prescrição contra ausência de normas 143

V

7.3 Conceituação das categorias delimitadoras 146 Bibliografia 153

(i (

Conclusão 114

Bibliografia 115

o

o o o o o

índice analítico 203

Apolítica cognitiva easociedade centrada no mercado 90

SC

O O O o e

<3&?S3°

sociais 155

Adeslocação transforma-se em colocação inapropnada 71 Pessoas e modelos desistemas 79

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XXI

XX

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gou HusLt jrronheceu que aesslicia do sucesso tecnológico e

TSSatt* éusada aqui no sentido em que aempre

pouco prática einoperante, na medida em que continua ase apoiar em

émenos convincente do que ofoi no passado eJ™ ™a^\m

inagKassI

' ESUA INFLUÊNCIA SOBRE A TEORIA DA ORGANIZAÇÃO

1 CRITICA DA RAZÃO MODERNA

»

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^

^««Amico das sociedades industriais desenvolvidas tem sido uma con-

#-

SSSTuíInS-v. aplicação das ciências naturais. No entanto, a

P PNos trabalhos deVHobbe> a"razão moderna" e. pela primeira vez clara esistematicamentearticulada, eaté hoje sua influencia nao desap receu. Definindo arazão como uma capacidade que oindivíduo adqíi "pelo esforço" (Hobbes. 1974, p^ 45) eque ohabd.tjj^/fcj? mais do que fazer o"cálculo utilitário de conseqüências TttobbesT

Z uma indicação de sua sofisticação teórica. Assim, de acordo com

b h

HÚsserl na medida em que essas ciências admitem como evidente por si mesmo otipo pré-refletivo da vida cotidiana ficam elas "no mesmo nível de racionalidade das pirâmides do Egito (Husserl, 1965, p. 186).

Em outras palavras, as ciências naturais do Ocidente nao se fun damentam numa forma analítica de pensamento, já que se viram apa nhadas numa trama de interesses práticos imediatos. É isso, talvez, o

1974 o 41) Hobbes pretendeu despojar a razão de qualquer papel normativo no domínio da construção teórica eda vida humana asso ciada. Numa obra em que tenta levar a cabo o seu propósito diz ele: "A filosofia civil" é "não mais velha... do que meu livro De Ove

que Husserl quis dizer com a afirmação: "Toda ciência natural éingê

nua, relativamente a seu ponto de partida. Anatureza, que irá investi

gar,'está simplesmente à disposição dela para isso" (Husserl, 1965, p. 85). No fim de contas, as ciências naturais podem ser perdoadas por

(Hobbes, 1839, p. IX).

lógicas errôneas passam a ser um fenômeno cripto-político - quer di

da desorientação. As enganosas implicações de que ora se reveste o ter

De acordo com Hobbes. parece que o termo racionalidade eago

ra geralmente empregado por leigos, tanto quanto pelos c.ent.stas so ciais segundo uma feição enganadora, que, todavia, não ma.s reflete o tipo'de indagação consciente empreendido por Hobbes. esim profun

sua ingênua objetividade, em razão de sua produtividade. Mas essa to lerância não pode tervez nodomínio social, onde premissas epistemozer, uma dimensão normativa disfarçada imposta pela configuração de

mo precisam ser identificadas pelo que realmente são. Ja que. em nos

poder estabelecida.

i b

relativamente aos propósitos fundamentais da existência humana a

í iP

cia social estabelecida também se fundamenta numa racionalidade ins

trumental, particularmente característica do sistema de mercado. Con cluirei o capítulo indicando o assunto principal do capítulo 2: um conceito de racionalidade mais teoricamente sadio, quer dizer, uma ra

anti-racionalidade sem qualjficação transformou-se numa_dasjeses de_

àTgmTS-TnTTlè-eTicãrar^^ No entanto, quando se examinam suas intenções, percebe-se que a deles e uma causa errada Suas intenções podem ser boas, mas seu objetivo esta en

ganosamente mal colocado. Aracionalidade por que se batem e, na realidade, a distorção de um conceito-chave da vida individual e

cionalidade substantiva, que ofereça a base para uma ciência social al ternativa, em geral, e para uma nova ciência das organizações, em

associada.

o

particular.

abstrafõTã^ bom no funcional, e mesmo do ético no não-ético - ca

o

1.1 A razão como cálculo utilitário de conseqüências

o o o

o o

i

O presente capítulo é uma tentativa de identificação da epistemologia inerente na ciência social estabelecida, de que a atual teoria organizacional é um derivativo. Meu principal argumento é que aciên

sos dias a racionalidade assume com freqüência conotações antiteticas

b P o o

I

Mais ainda^vldadantíto

na psique^KulnãhTéTa-êTiciridTíon^^a realidade que resistia asua nrÓDria redução aum fenômeno histórico ou social.

SSade manipuladora de tais ciências não constitui necessanamen-

Ò

assim, aojd^rsu^i^^

A transavaliação da razão - levando à conversão do concreto no

racteriza o perfil intelectual de escritores que tém tentado legitimar a sociedade moderna exclusivamente em bases utilitárias. Uma das teses

principais deste livro consistirá em assinalar que, quando comparada

No período moderno) da história intelectual do Ocidente, que começou noléciiIõ"XVII e continua até os nossos dias, o significado previamente estabelecido daquelas pilavras que constituem uma lin guagem teórica fundamental mudou drasticamente, numa direção de

com outras sociedades, a sociedade moderna tem demonstrado uma

terminada. Nos trabalhos de homens como Bacon e Hobbes, escreven

posta de lado, por força de seu caráter central na vida humana, asocie

\ ^ termo razão (assim como de outros termos tais que ciência e natureza)

do no clima cultural do século XVII, é evidente que o significado do

já era peculiar, enquanto refletia um universo semântico sem prece dente.

No sentido antigo, como será mostrado, a razão era entendida

o

como força ativa na psique humana que habilita o indivíduo a distin

o o

guir entre o beme o mal,entre o conhecimento falso e o verdadeiro e,

alta capacidade de absorver, distorcendo-os, palavras e conceitos cujo significado original se chocaria com o processo de auto-sustentaçao dessa sociedade. Uma vez que a palavra razão dificilmente poderia ser dade moderna tornou-a compatível com sua estrutura normativa.

Assim na moderna sociedade centrada no mercado, a linguagem dis torcida tornou-se normal, e uma das formas de criticar essa sociedade consiste na descrição de sua astúcia na utilização inapropriada do vo cabulário teórico que prevalecia antes de seu aparecimento. Com o intento de preparar o caminho que levará a uma nova

ciência das organizações e da sociedade como um todo, livre de desfi3

c (

MkMtf>jBMeP»MaW^

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\ «mradá linguagem teórica, examino rapidamente, nos parágrafos se

opsicologicamente existente com oeticamente válido" (Weber 1969. o^-' p. 44). Nessa disposição etendo em mente os economistas^iberais.

dos mais eminentes estudiosos contemporâneos.

observa:

1.2 Aresignação eos pontos de vista de Max Weber sobre a

"Os defensores extremados dó livre-comércioi.. concebiam (a eco

guintes, aavaliação crítica da razão moderna, empreendida por alguns

nomia pura) como um retrato adequado da realidade natural. isto

é darealidade nãoperturbada pela estupidez humana - e prosseguiam

Quando Max Weber iniciou seu trabalho acadêmico, avelha no

visando a estabelecê-la como um imperativo moral, como um válido

ção de razão já tinha perdido a/€õnòt^çapjiojTnauy>> que sempre tive

ideal normativo - enquanto que ela é apenas um tipo conveniente, a ser usado naanálise empírica" (Weber, 1969, p. 44).

ra, como referência para a ordenação dos negócios pessoais e sociais. Por um lado, de Hobbes a Adam Smith e aos modernos cientistas so

Ojulgamento que Max Weber fez do capitalismo e da moderna

ciais em geral, instintos, paixões, interesses e a simples motivação subs

pi *. t>.«f/u#wwk j^ U/ida ^'VM

figura solitária. Rejeitou tanto o rude empirismo britânico e o natura lismo dos cientistas sociais, quanto o determinismo histórico,principal característica de influentes pensadores alemães. Uma clara indicação da conotação polêmica da obraacadêmica de Weber está em sua tenta tiva de qualificar a noçãode racionalidade. Max Weber é descrito, freqüentemente, como verdadeiro crente na insuficientemente qualificada excelência da lógica inerente à so

A^iVft^ :y V

racionalidade

tituíram a razão, como referência para a compreensão e a ordenação da vida humana associada. Por outro lado, sob a influência do Iluminismo, de Turgot a Marx, a história substituiu o homem, comoporta dor da razão. Contra tal situação, Max Weber permanece como uma

.*.*v/vSr

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3- & ^^h o

sociedade de massa foi essencialmente crítico, apesar de parecer laudatório. Chocava-se ante a maneira pela qual tal sociedade fazia a reava

liação do significado tradicioriaUaracionalidade, processo que intima mente lamentávãrèmbõrãrfenha deixado dedíretamente confrontá-lo. Muito embora Weber se tenha recusado a basear sua análise sobre a in

dignação moral, como fizeram outros teóricos, de forma notável, éum

erro atribuir-lhe qualquer compromisso dogmático com a racionalida de gerada pelo sistejrja^rjLtalista, Adistinção que fez, entre Zwckrarionalitàt e Wertrationalitat - e que. é verdade, algumas vezes minimi

za - constitui, possivelmente, uma manifestação do conflito moral em

ciedade centrada no mercado. No entanto, uma leitura cuidadosa de

que se sentia com as tendências dominantes da moderna sociedade de massa. Cqmo-4-amplamente sabido, ele salientou que a racionalidade

sua obra justifica diferente avaliação de seu pensamento, a propósito

formal)e fastrumentiu) (Zwcekrationalitat) é determinada por uma ex

pectativa de resultados, ou "fins calculados" (Weber. 1968, p. 24). A

do assunto. Ele escreveu muito sobre o mercado como a mais eficiente

configuração para o fomento da capacidade produtiva de uma nação e para a escalada de seu processo de formação de capital. Mas, ao voltar-se para o mercado e para sua lógica específica, é evidente que

racionalidade substantiva, ou de(tàor^WertrationaIitàt). édetermina

nenhum fundamentalismo mancha sua investigação. Em outras pa lavras, não era um fundamentalista, no sentido de que explicava o mercado e sua lógica específica como constituindo a síndrome de uma época singular: a história, segundoele, não iria encerrar seu curso com o advento dessa época. Focaliza esses assuntos do ponto de vista da análise funcional e, na realidade, merece ser considerado o fundador da análise funcional. Autores modernos, como, por exemplo, Adam

tado ulterior a ela" (Weber, 1968, p. 24-5). Nessa conformidade, We ber descreve a burocracia como ejn^enhad^jnijunções racionais^ no

da "independentemente de suas expectativas de sucesso" e não carac teriza nenhuma ação humana interessada na "consecução de um resul

tuindo um componente intrínseco do ator humano. Sob fundamento algum é possível considerar-se Max Weber

como um representante dafracionalidade burgueji^tima vez que ele encarava esse tipo de racionalidade com evidentédesinteresse pessoal. Aqueles que afirmam o contrário identificam inadvertidamente suas observações ad hoc com sua posição pessoal, em termos gerais, da

Smith, negligenciam o caráter precário da lógica de mercado, enquan to Max Weber a interpreta como um requisito funcional de um deter minado sistemasocial episódico. AdamSmith procedeucomo um fun damentalista, visto como exaltou a lógica do mercado como um ethos da existência humana em geral. MaxWeber, porém, descreve essa lógi

ca (da qual a burocracia é umadasmanifestações) comoum complexo

eurístic^ em afinidade com uma forma peculiar de sociedade - oca-1

do uma análise social do ponto de vista da racionalidade substantiva.

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época. Na verdade, ele foi incapaz dTrèlolveTCfsãtensão empreenden s

qualquer tipo fundamentalista de análise econômica, que "identifica'

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mesma forma que deixam de perceber a tensão_espiritual que subli nhou seus esforços para investigar,«ne ira ac studkyz temática de sua

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pitãHsmo, ouA^QJieiria^ociedajfjl? mgssa Condena explicitamente

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contexto peculiar de uma sociedade capitalista centrada no mercado, e cuja racionalidade é funcional e não substantiva, esta última consti

De fato, a Wertrationalitat é apenas, por assim dizer, uma nota de

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> rodapé em sua obra; não desempenha papel sistemático em seus estu

dos. Se o fizesse, a pesquisa de(Weber\teria tomado um rumo comple tamente diferente. Escolheu ele íresignação (isto é. a neutralidade em

teflhTeStído em sociedades anteriores, estava nelas restrita aesferas limitadas Na sociedade moderna, porém, tende a abranger atotalida

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de da vida humana, não deixando ao indivíduo médio outra escolha além da desistência da própria autonomia e"de sua própria interpreta

seu estudo da vida social. Contudo, essa resignação nunca o desorien

tou, transformando-o em um historicista radical. De modo significa r

ção dos eventos, em favor daquilo que os outros lhe dão" (Mannheim, 1940, p. 59)- Seu livro Man and society in an age ofreconstruetion é

tivo, considerava "auto-enganadora" qualquer posição que "afirme

que através da síntese de vários pontos de vista partidários, ouseguin

uma indagação sobre a maneira de proteger a vida humana contra a crescente expansão da racionalidade funcional. Mannheim alega que

do uma linha intermediária aos mesmos, seja possível chegar-se a nor

mas práticas de validade cientifica" (o grifo é do original) (Weber. 1969, p. 58). Seu historicismo foi mantido cmequilíbrio pelo forte sen timento pessoaldefinitude dos conceitos científicos, emcomparação

&

(

orientação positivista que parecem admitir a validade da distinção, sem se aperceberem, aparentemente, das conseqüências éticas dessa

O funcionalismo qualificado de Max Weber tem sido mal com preendido por alguns de seus intérpretes, e mesmo pelos que se autoproclamam seus seguidores. Um caso a assinalar é Talcott Parsons. cuja obra, ao que parece, sofreu a influência de Max Weber. Parsons mostra pouca ou nenhuma ambigüidade moral em relação à racionalidade

(

imanente ao sistema de mercado. À luz de seu modelo dogmático de

(

análise estrutural e funcional, do qual extrai sua noção de "variáveis-

todo aquele que deseje ser coerente com adistinção entre os dois tipos de racionalidade precisa compreender que umjltograu de desenvolvi- ^ mento técnicoxecoriômico_riQdíçpjnisp^ridjr^^paixodesenvolvimento ético. Vale a pena salientar esse ponto, porque há autores de

^çom a "corrente infinitamente multiforme" (Weber. 1968. p. 92) da realidade.

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de crítica do indivíduo, na proporção do desenvolvimento davindus- (

cSatefe) Sugere, também, que embora a racionalidade funcional

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face dos valores, não aconfrontação^como posição metodológica, em

5

V

distinção.

Adistinção que Mannheim faz não sugere que aracionalidade

funcional deva ser abolida do domínio social. Estipula, antes, que uma ordem social verdadeira e sadia não pode ser obtida quando o homem

médio perde a força psicológica que lhe permite suportar a tensão

c

padrão" e "universais-evolutivos"! os requisitos específicos da socie dade capitalista avançada tornam-se padrões dogmáticos para a ciência

c

social comparativa, e mesmo para a própria história.

c

1.3 A visão limitada de racionalidade de Karl Mannheim

mativo de decisões de um ponto de vista puramente técnico e pragmá

Éóbvio que Karl Mannheim se apoia em Max Weber para estabe lecer uma distinção entre racionalidade substanciai ejuncional. Define

da vida humana.

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o o

racionalidade substancial como "um ato de pensamento que revela percepções inteligentes das inter-relações de acontecimentos, numa situação determinada" (Mannheim. 1940, p. 53) e sugere que atos

dessa natureza tomam possível uma vida pessoal orientada por "julga mentos independentes" (Mannheim, 1940. p. 58). Essa racionalidade

constitui a base da vida humana ética, responsável. A racionalidade

funcional diz respeito a qualquer conduta, acontecimento ou objeto, na medida em que este é reconhecido como sendo apenas um meio de

o

atingir uma determinada meta. A influência ilimitada da racionalidade

ü

funcional sobre a vida humana solapa suas qualificações éticas. Tal distinção, portanto, é estabelecida para propósitos éticos e,

o

na verdade, Mannheim sublinha o fato de que a racionalidade funcio

o (

entre aracionalidade funcional e a substancial e por completo se rende

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às exigências da primeira. Tal situação éagravada quando aqueles que

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estudam oprocesso formativo de decisões descuram da tensão existente entre as duas racionalidades. Através da abordagem do processo for

tico, aceitam a racionalidadejuncional comoo padrão fundamental Aparentemente, aanálise empreendida por Karl Mannheim ado tou uma posição confrontativa, no sentido de que reflete aânsia liber

tária do autor para encontrar meios de modificar o estado atual das sociedades industriais. Na realidade, ele não tirou, inteiramente, as

conseqüências da distinção que fez. Seu ecletismo relacionahsta, pelo

qual pretendeu integrar todas as principais correntes da ciência social contemporânea, acabou por deixá-lo desnorteado. Nem apreocupação de Mannheim com a liberdade humana o salvou da perplexidade inte

lectual O esforço classificatório que desenvolveu, na avaliação e

comentário de descobertas feitas no campo da ciência social conven cional nunca lhe permitiu, realmente, chegar aum conjunto coerente

de diretrizes teóricas. Por exemplo, nolivro Man and society inan age

sua capacidade de sadio julgamento. Ele vê um declínio das faculdades

ofreconstruetion, são apresentadas uma análise aguda e observações precisas, mas no fim de contas ele não conseguiu desenvolver um

1 Veja Parsons, Talcott (1962 1964).

lidade substancial.

nal "tende a despojar o indivíduo médio" (Mannheim. 1940, p. 58)de

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conceito de ciência social em consonância com sua noção de raciona

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mer 1947 P 97)3 Na perspectiva do Iluminismo, omundo 6escrito significado clássico, tomando-se alguma coisa relativa as capacidades

14 Ateoria critica da Escola de Frankfurt

Aracionalidade tem sido uma das preocupações centrais da cha

Tfólíaímatlmática: ePo desconhecido perde seu »-cen *

>

de cálculo disponíveis. Assim, Horkheimer e Adorno escrevem.

I

mada Escola de Frankfurt.2 Seus principais representantes, essencial

»

mente, afirmam que, na sociedade moderna, a racionalidade se trans

"A redução do pensamento a um aparelho matemático esconde a sanção do mundo como seu próprio instrumento de mensuraçao. O

formou num instrumento disfarçado de perpetuação da repressão social, em vez de ser sinônimo de razão verdadeira. Esses autores pre- \ tendem restabelecer o papel da razão como uma categoria ética e,

portanto, como elemento de referência para uma teoria critica da

derna, através da crítica dialética de si mesma, conduzirá à Idade da razão. Salientam que Marx não percebeu que, na sociedade moderna, as forças produtoras haviam conquistado seu próprio impulso institu cional independente, assim subordinando toda avida humana a metas que nada têma ver com a emancipação humana.

(

tradiçãoÇüurrn^ista) Encaram eles o Iluminismo como o momento em que o conhecimento daj^zãojoijeparado de sua herança clássjca^De

b

acordo comBõfRRêímer, há uma teoria de razão objetiva^oriunda de

o

Platão e Aristóteles e passando através dos êscolásticos e mesmo atra vés do Idealismo alemão (Horkheimer, 1947, p. 41), que enfatiza os

o

fins de preferência aos meios e as implicações éticas davida de razão

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ção e aborda^enula_coim<xin^^ -g~Hg^^ni^ yenha odia ..." ffloridietaet eAdorno.

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Apesar das proclamações "dialéticas" de Karl Marx, que preten deu ter despojado o racionalismo do século XVIII de seus traços mecanicistas seu conceito de razão está profundamente enraizado na tradi

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ção do'iluminismo, na medida em que ele acreditava que o processo

histórico das forças de produção é racional em si mesmo e,portanto,

I

Habermas, em especial, ocupa-se sistematicamente dessa questão.

I

emancipatório. Isso é uma üusão, afirma a Escola de Frankfurt, e A"liquidação" da razão "como um fator de compreensão ética, moral e religiosa" (Horkheimer, 1947, p. 18) não teria sido consuma da no decurso dos últimos séculos, sem a concomitante desnaturaçao

da linguagem filosófica e da linguagem usada nos negócios humanos

para a existênciahumana. Essateoria

o

que parece ser otriunfo da ... racionalidade, asujeição da realidade

toda ao formalismo lógico, é pago pela obediente submissão da razão ao que é dado duetamente.^iejjib^^

sociedade. Recusam, ao que parece, o pressuposto de Marx de que a racionalidade é inerente à história, e que o processo da sociedade mo

O questionamento a que Horkheimer e Adorno submetem o conceito dejazão de Marx é uma conseqüência lógica de sua análise da

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comuns. Divorciando palavras e conceitos de seu respectivo conteúdo

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"G"^meTe,eoCThoVrnem tornou-se menos dependente de padrões absolutos de

"... não focaliza a coordenação de comportamento e propósito, mas

o

conceitos - não importa o quanto nos pareçam hoje mitológicos

o

- sobre a idéia do bem maior, sobre o problema do destino humano

conduta, de idéias vinculadoras em termos universais. Considera-se tao completa mente livre que não precisa de nenhum padrão, exceto oseu propno. No entan to paradoxalmente, esse aumento de independência conduziu a um aumento pa ralelo de passividade. Sagazes como se tornaram as estimativas individuais no que se refere aos meios ao alcance do homem, aescolha que ele fez de seus fins,

e sobre a maneira de serem atingidos os objetivos últimos"(Horkhei

o

mer, 1946, p. 5).

que anteriormente se correlacionavam à crença numa verdade objetiva, passou a ser desprovida de argúcia: o indivíduo, expurgado de todos os resquícios de mi

o o

tologias, incluindo a mitologia da razão objetiva, reage automaticamente, de

Horkheimer considera implícitos nesse entendimento da razão os pre ceitos de ordenação da vida do homem.

o

No entanto, o Iluminismo transforma pensamento em matemá tica, qualidades ernfunçoes, conceitos em fórmulas, e a verdade em freqüências estatísticas de médias. Em outras palavfasy-com o Ilumi nismo, "o pensamento se transforma em merátautologiay (Horkhei-

o o (

2 Sobrea históriada Escolade Frankfurt, vejaJay, M. (1973).

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acordo com os padrões gerais de adaptação. Forças econômicas esooaisjomam^ o caráter dos CeWLttndgM naturais oue o homem, para_a_HejejyjCjg_dj.sj_mes^

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-mc-TjTRísTaorninãr, ajustando-se a elas. Como resultado final do processo, te-

mòhle-TiTinaTlcrrpèssoa, oegó abstrato despojado de toda asubstancia, exceto

de sua tentativa de transformar tudo que existe no céu e na terra em meios de

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autopreservação e, de outro lado, uma natureza vazia, degradada acondição de

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da sua pura dominação pelo ser humano" (Horkheimer, 1947, p.97).

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mero material, mera matéria-prima a ser dominada, sem outro propósito que o

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1 Arestauração do conceito de um interesse racional, que embora

LrifSI nolensamento político grego, passou aser tema central dos

h£E7 que uma sociedade racional iria resultar, necessanamente,

intrínseco, oJhjminjsjTiode*^^ "A lineuaeem foi reduzida a mais um instrumento no gigantesco apa

disse Kant,

re^pen^eritõWs^tiirõ tema inteiro de sua Critica da razão

nreceitua um dever exclusivamente aos seres racionai?

no TomTnio da 'vida pessoal, tanto quanto no ^ vida social An*ao

oara exanunaTa racionalidade de unuponto de vista enrico. Sal en£ Cna fiCfia transcendental de@)"já aparece oconceito de um Jtere seTrazão" (Habermas, 196Kp. 198). Arazão pura na obra *btf tem ointeresse prático de vir aencarnar-se na vida soe«d. Araíofoi concebida por Kant como sendo dotada de causalidade e, de ^a namreza, podei induzir anoção de um bem aser procurado

da racionalidade instrumental sobre as sociedades modernas.

4 ^padronização da comunicação como ponto central de uma teona soc^l integrativa crítica. Inclina-se ele por uma espécie de crítica

relho de produção, na sociedade moderna. Toda sentença que não eqüivale auma operação parece ao leigo tão desprovida de significado

quanto é assim considerada pelos semânticos contemporâneos, que entendem que aquilo que é puramente simbólico e operacional, quer dizer, a sentença puramente sem sentido, faz sentido ... Na medida em

um resultado daj»õlunaa socTalíz^ãg^oJndnaduQ no sistema_indus-

Horkheimer vê o processo^e_d_esnaturação da linguagem como

mesma" (Horkheimer, 1947, p. 22).

se tornarem suspeitas ... porque averdade não constitui um fim em si

práticos, entre os quais se inclui orelaxamento, correm elas orisco de

que às palavras não são usadas com opropósito evidente de calcular

"te^femi)mergulha na corrente principal do Idealismo alemão

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tecnicamente probabilidades importantes, ou para outros objetivos

.

pZa?Contém, acredita Habermas, os rudimentos de uma teona

-tiiãrmoa^fnóTEm algumas páginas de Eclipse da razão, antecipa ele o essencial daquilo que Riesmann e seus associados teriam a dizer em 77i
um "ego contraído, prisioneiro de um presente efêmero, esquecendo-

Jco Semio, de uma forma ou de outra. Habermas apo.a-se na herança Ltiana La desenvolver uma teoria social consonante com o«grüfl-

de (ííabêrmaà Seu interesse primordial é a construção de uma teoria

*> Apud Habermas (1968, p.200).

11

SSci A25. de Fichte éespééiKirte Retira porque identi-

boração de uma tipologia de interesses cogmtivos, como enterras oaía a diferenciação de várias jmhaWç^SíHiisa, no domínio da

^ío ativa" (Habermas, 1968, p. 198), que «"^«"^

Desenvolveu Fichte o"conceito do interesse emancipatono inerente a

de Kant^abermas observa, contudo, que Fichte deu gestão um

Í^^^o^^^^^sse prático, que se devena tomar efet'«soledade de seres racionais. Oproblema consiste em como omTprática arazão pura, no mundo social, eas respostas aessa per gunta têm variado. Hegel eMarx acreditavam que arazão punl* harmonizaria com a razão prática da vida de cada dia, numa Idade da SH- entendiam como aconseqüência necessária da evolução tótóricrHabermas questiona fundamentalmente tal entendimento Depois de enfatizar oconceito de um interesse da razão, na obra tratamento que se ajusta, particularmente, au™ teo™|^^

mento dTKant diz ele que "na razão existe um imputo intiinseco^

«doesquecido de racionalidade. Em um de seus resumos do pensa-

critica da sociedade. Além disso, Kant éaraiz do pensamento soc.oló-

p. 22)._OJndjyiduojnoderno perdeu acapacidade de usar_a linguagem

de exprimir

se de usar as funções intelectuais pelas quais foi capaz, um dia, de transcender sua efetiva posição na realidade" (Horkheimer, 1947,

pa^ajransmiE

propósitos. Em conseqüência, recusa-se Horkheimer a aceitar o usual

dissimular sua indignação moral diante da modernização, ele termina y:^

"comportamento das pessoas" (Horkheimer, 1947, p. 47), na sociedade moderna, como base para decidir o significado de racionalidade. Sem

olivro Eclipse da razão com aseguinte afirmativa: "A denúncia daqui- ^

prestar"(Horkheimer, 1947, p. 187).

Io que é hoje chamado de razão é o maior serviço que a razão pode

o

críticaUíTsociedade, comoinstrumento para estabelecer o primado da

—A noção de racionalidade é igualmente soberana nos trabalhos

o

de nas sociedades modernas. No contexto deste capítulo, parece que o

suspende ospadrões éticos quando se volta para o tema daracionalida

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s Veja especialmente, Horkheimer (1947, p. 141-2).

4 Veja Jay (1973, p. 262).

temas seguintes:

trabalho de Habermas se toma importante na medidaem que trata dos

conduta racional na vida social. Ao contrário de Weber, Habermas não

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hunmaem^ral. Mesmo asubjetividade pnvada do ^^g

fica aracionalidade como oatributo essencial da consciência humana

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pn^on^aaSacionalidade instrumental. Odesenvolvim nto cap.ta

esdarecida isto é, de uma consciência liberada do dogmatismo que de otário mfecciona todas as formasconhecidas de vida cotidiana. Anoção de interesse <íogrittvo)tiansforma-se num instrumento central oara adistinção entie^àriõTtipos de ciência. Habermas os dife

Esta impõe limites à livre e genuína comunicação entre os seres

hUmTPremissa de Marx provou ser insustentável, pelo simples fato

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de que, na "sociedade industrial de larga escala, apesquisa, aciência a tecnologia eautilização industrial fundiram-se num sistema (Haber

rencia de acordo com os interesses orientadores de suas pesquisas, a saber- a) "ciências (ciências naturais) cujo interesse cognitivo e o controle técnico sobre processos objetificados"; b) ciências cujo inte

mas 1969 p 104), levando assim auma forma repressiva de estrutura

institucional, em que as normas de mútuo entendimento dos indivi-

resse cognitivo é uma "preservação eexpansão da intersubjetividade da possível compreensão mútua orientada para a ação"; c) ciências

duos estão absorvidas, num "sistema comportamental de ação racionai

de propósito determinado" (Habermas, 1969, p. 106). Em outras pala

subordinadas ao interesse cognitivo emancipatório, isto é, que devem ser consideradas como instrumentais na estimulação da capacidade

vras num ambiente desse tipo a diferença entre a racionalidade subs tantiva e a pragmática toma-se irrelevante e chega a desaparecer. De fato, asociedade tecno-industrial legitima-se através da escamoteaçao

humana para a auto-reflexão e a autonomia ética (Habermas, 1968,

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p. 309-10).

weberiano de racionalização como se segue:

cia social estabelecida, o controle técnico darealidade constitui o inte resse básico, como orientador da pesquisa. Isso eqüivale a dizer que a ciência social estabelecida tomou-se cientística. mediante a assimila

"A superioridade da forma capitalista de produção sobre as que a precederam tem estas duas raízes: o estabelecimento de um mecanismo econômico que torna permanente a expansão dos subsistemas de ação racional de propósito determinado, e a criação de uma legitima

ção do método das ciências naturais (a este respeito, há mais no capí

o

comum de validade, tanto nas ciências naturaisTquanto nas sociais, e

humana. A eficiência no controle da realidade_ toma-se o critério

o

Habermas preconiza uma ciência social conceituada em bases diferen tes. Salienta que a"ciência do homem ... estende, de modo metódico,

o

o conhecimento refletivo" e "reivindica ser um auto-reflexo do objeto

o

tivo que Habermas adota quanto aMax Weber. Ele explica oconceito

suas potencialidades de^to^rellexlfr. No entanto, no modelo da ciên

o

e

Idêntico a esta posição diante de Marx e o enfoque retormula-

sociedade é a emancipaçjo_dojiomem. através do desenvolvimento de

tulo seguinte). Além disso, transformou-se ela num meio de legitima ção do controle institucionalizado sobre omundo natural eaconduta

c

objetivadessa diferença.

O interesse orientador da pesquisa de uma teoria crítica da

ção econômica, através da qual osistema político pode ser adaptado aos novos requisitos de racionalidade trazidos à luz pelo desenvolvi



mento desses subsistemas. Ê esse processo de adaptação que Weber entende como "racionalização" (Habermas, 1970, p. 97-8).

Todavia, Habermas considera necessário desenvolver mais aaná

lise da racionalidade, uma vez que as^dedad^jnjuitrial, em seu atual

inteligente" e "da história da espécie" em si mesma (Habermas, 1968, Habermas vê-se como um continuador da teona marxista e

o

admite a possibilidade de uma teoria social crítica incorporadora de contribuição de Marx e liberada dos seus erros. Na realidade, ateoria marxista é inspirada pelojnteresse emancipatório, partilhado pelo )^V

o

que seja introduzida uma correção fundamental na opinião de Marx

o

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estágio émuito diferente daquela que Weber conheceu. Weber podia voltar-se para o tema como um funcionalista, mas hoje a questão acarreta impressionantes conotações éticas, que o esforço teónco de

p.61-3).

conceito da teoria social critica de HabermasTnõ~entanto, é preciso sobre racionalidade e liberdade. Marx presumia que a liberdade e a racionalidade seriam resultados inevitáveis do desenvolvimento das

Habermas realça consideravelmente. Num comentário sobre Marcuse,. Habermas assinala que, na tase

presente, "aquilo que Weber chamou de 'racionalização' realiza nao a

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forças de produção. Habermas observa que tal pressuposto não foi validado pela história e diz: "o crescimento das forças de produção não significa o mesmo que a intenção da boa vida" (Habermas, 1969, p. 119). Ofato é que, nas sociedades industriais,jjógica da racionali- p\ & dade mstrumental, que amplia tr~CõnIrole da nãtiíreza, ou seja, o desenvolvimento das forças produtora^ je_tornou a lógica da-vida-

racionalidade como tal. mas antes, em nome da racionalidade, uma

forma específica de associação política não reconhecida" (Habermas, 1969 p 82) Mais ainda, tal "racionalização^e^ujyaje^

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c^polpiético:, (Habermas, 1969, p. 83), no qual as normas de relações interpessoais na esfera privada eas regras sistemáticas de ação racionai de propósito determinado tomam-se idênticas, ou perdem sua diferen

ciação e, em conseqüência, conduzem a um estado de comunicação sistematicamente distorcida, entre os seres humanos. 13

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considerado excêntrico. Habermas salienta que "à ^J ™Pj£

O fenômeno da comunicação distorcida tornou-se uma preo

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cia comunicativa não podemos, de maneira alguma, produzir asitua ção S de discurso independentemente das estaturas empincas do Lema social a que pertencemos; podemos apenas antecipar essa

cupação fundamental de Habermas. Propõe ele uma distinção entre a acãoVacional com propósito, ou ação instrumental eaação de comu nicação ou de interação simbólica. Aprimeira, subordinada aregras técnicas^ pode ser demonstrada como sendo correta ou incorreta. A segunda, isto é, ainteração simbólica, ou ação de comunicação, define

SaTfoTHabermas, 1970, p. 144). Asituação ideal de discurso não

si pod^matenS «não dentro de adequado contexto social.

relações interpessoais como sendo livres de compulsão externa etendo

7.5 Otrabalho de restauração de Eric Voegelin

suas normas legitimadas "apenas através da intersubjetividade da mútua compreensão das intenções" (Habermas, 1969, p. 92). Uma

Do ponto de vista dos padrões contemporâneos da ciência polí

tese central de Habermas éade que, na moderna sociedade industrial, as antigas bases de interação simbólica foram solapadas pelos sistemas

tica e sodal, aobra de Eric Voegelin parece heterodoxa, obscura e mesmo^rturbadora. Em sua opinião, aciência política, na forma Z acMiceberamiktão eAristóteles., nunca perdeu sua valide* Ele

de conduta de ação racional com propósito. Nessas sociedades, ainte

ração simbólica só é possível em enclaves extremamente residuais ou

STclTum £dfiT«hlHSenlutica, não como umxromste, d. déias. Do ânguloTrrnçrà^ '^^rmpimiStmrn^vSr^^ emsua^que

marginais.

O que mantém uma sociedade em funcionamento como impor tante ordem coesiva é a aceitação, pelos seus membros, dossímbolos através dos quais ela faz sua própria interpretação. A interação simbó lica é a essência da vida social significativa e. portanto, para usar uma


expressão de Kenneth Burke,7 a"simbolicidade" constitui um atribu

^^e^eriências dásdcaVnao-lh^s^õ^ê^apreTnder osignificado.

$£3%o do conteúdo desses textos que se reflete sobre avida

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humana, constitui mais do que um exemplo de ma informação éum sintoma da deformação da psique humana e represente aquilo que

to essencial da ação humana. Significado, na vida humana e social, é obtido através da prática da interação simbólica. Mas. na sociedade industrial, o significado foi subordinado ao imperativo do controle

Voegelin denomina descarrilamento. Ele considera os últimos cinco

séculos da história ocidental como um período de descarrdamento e de deculturação da espécie humana, ao ponto de a exporem aum

técnico da natureza e da acumulaçãode capital.

Uma conseqüência do domínio exercido pela racionalidade

processo de "sistemática corifujâíiJlaiazae"(Voegehn, 1961, p. 284). Pode-se^TaW^õTrHInwnte da razão como uma realidade inde pendente de nossa palavra. Qualquer tentativa de abordar arazão

instrumental sobre as sociedades modernasé que a comunicação siste

maticamente distorcida prevalece entre aspessoas. Esse tipo de comu nicação toma-se normal, de outra maneira ficaria evidente o caráter repressivo das relações sociais. Habermas sublinha o efeito dos fatores

políticos e emriõrnteos sobre os padrões de comunicação, e o estudo (To eãrater repressivo desses padrões, que prevalecem nas sociedades modemasTreqüer uma temia datioiiipetêrTClãcÕrnunicativa. E possível admitir-se que "cada palavra dita, mesmo aquela de engano intencio nal, oriente-se no sentido da idéia de verdade". Se é assim, quais são os padrões adequados a semelhante linguagem? Essa especulação conduz aoconceito da"situação ideal de discurso" e àidéia do orador competente. De fato, a "competência na comunicação significa o

como se ela fosse apenas um produto convencional da tamn refle te um estado deformado da psique. Arazão foi descoberta pelos filó

sofos místicos da Grécia, mas esse episódio histónco émais do que um

incidente bastante interessante para ser registrado na crônica das idém

antes, dá ele início aum período de formação da alma humana. Com

essa descoberta, a alma do homem teve acesso aum nível de auto-

compieensâo no qual rompeu os limites da visão compacta da realida

9

de articulada no mito. Na verdade, oevento não mudou aestrutura da

alma humana: representa, antes, um momento cubmnante, ein que a

consciência do homem quanto àprópria alma ganha em luminosidade

domínio de uma situaçãojdeal de discurso".» Nas situações em que os "'relacionamentos intersubjetivos são concretizados em razão do choque de compulsões sociais agindo sobre eles, é muito difícil conseguir-se

e diferenciação.



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Comparadas com a interpretação que Voegelin dá aos textos clássicos, as afirmações de Weber e de Mannheim sobre arazão trans

competência comunicativa. Num tal ambiente, o orador competente

mitem tênues indícios quanto àsua natureza e em consequenaa, os

expõe-se a malentendidos, para nãomencionar também que pode ser

trabalhos desses autores exemplificam uma contida avaliação da socie dade moderna. Sem uma inflexível fidelidade àrazão, como aexpli cam Platão e Aristóteles, Voegelin mostra que não há possibdidade de

7 Veja Burke. K.Í1W3/1964).

8 Veja Habermas (1970. p. 116-46).

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bilidade e a experiência substituem a verdade como o critério de linguagem dominante, há pouca, se é que há alguma, oportunidade para apersuasão das pessoas através do debate racional. Aracionalida de desaparece, num mundo em que o cálculo utilitário de conseqüên

Voegelin atribui grande valor àopinião déJThomas Reid^ne que nosenso comum já existe um certo grau deracionalidade. Afirma ele

qUe "o sgnso comum constitui um tipo compacto de raçjQnaJjdade'1?

e qué^portanto, são possíveis transações sociais baseadas numa per

cias passa ajgraúnica referência para_as_ações humanas. (^^ {Ijj^JWfA,

cepção não distorcida da realidade. Se a razão é uma partff d" Mtah tura da existência humana, então o entendimento e a conversação "e7iTfe~õThoTTlSns sao possíveis na base de sua participação comum na realidade. Contudo, o debate verdadeiro e racional está-se tomando uma possibilidade muito pouco provável de efetivar-se nas sociedades modernas. Nessas sociedades, a psique do indivíduo médio foi assimi lada no modelo de uma personalidade fechada, inteiramente incluída ÍH-v am limttap miinrlinnc Hr^i*» orr* Aífk OC f**ir»a/*tf4af1ac numonoc ria Hí»Knt.-« em limites mundanos. Hoje em dia, as capacidades humanas de debate racional estão danificadas pelos__padrões de linguagem predominantes i)U. e juntamente pela assimilação do homem no contexto da estrutura social existente, em que a racionalidade instrumeníal se transformou

1.6 Algunscomentários críticos

Todos esses estudiosos parecem concordar em que, nasociedade

moderna, a racionalidade se transformou numa categoria sociomórfica, 1

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em racionalidade_enLgeiaJ. Nas sociedades modernas, o debate racio

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nal só é possível em muito poucos e restritos enclaves. Mesmo os chamados meios intelectuais são, em geral, incapazes de manter uma conversação racional. Voegelin afirma que o declínio do debate racional é fenômeno recente na história ocidental, e vê no passado um "período em que o universo da discussão racional ainda estava intacto, porquejjjnimeira realidade da existência permanecia não questionada" (Voegelin, 1967, p. 144).

SulnnwVontrã~GentiIes?Santo Tomás afirma:

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"... contra os judeus, podemos argumentar usando o Velho Testa mento, enquanto contra os hereges podemos argumentar usando o

Novo Testamento. Mas os muçulmanos e os pagãos não aceitam nem um, nem o outro. Temos, portanto, que recorrer à razão natural, com a qual todos os homens são forçados3 concordar."10

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É possível que hoje tenhamos dificuldade em compreender Santo Tomás. Não apenas a razão, mas igualmente palavras-chaves sofreram a obliteração de sentido salientada nesta análise. A própria linguagem foi capturada por padrões operacionais de eficiência, fato que influi sobre todo o domínio da existência humana. Quando a via-

9 Apud Sandoz, Ellis (1971, p. 59). 1° Apud Voegelin (1967, p. 151).

dos assuntos pertinentes ao desenho social. No entanto, todos eles são

menos do que suficientemente sistemáticos na apresentação de suas opiniões sobre tais assuntos. Em sua crítica da razão moderna, tomam diversas posições: resignação (Max Weber), "relacionalismo" (Man nheim), indignação moral (Horkheimer). crítica integrativa (Haber

Uma vez que foi anteriormente apresentada uma avaliação de Max Weber e de Karl Mannheim, cabe agora fazer um rápido julgamemo da Escola de Frankfurt e de Voegelin.

Há mérito tanto nos trabalhos de Horkheimer, quanto nos de Habermas, na medida em que se esforçam por demonstrar o erro

básico do ponto de vista de Marx sobre a razão como um atributo do processo histórico. Ambos questionariam o pressuposto de que o

1967, p. 144). Com base nessa presunção, Santo Tomás acreditava-se capaz de convencer pagãos, e especialmente muçulmanos, da validez

e

cem que o conceito de racionalidade^ determinativo da abordagem

mas) e restauração(Voegelin).

É significativo que ao tempo de Santo Tomás de Aquino o "debate racional com o oponente ainda fosse possível" (Voegelin, da verdade cristã, apenas com argumentos racionais. Assim é que, na

isto é, é interpretada como um atributo_do^processos históricos e

sociais, e não como força ativa na^sjquèTvulnanà) Todos eles reconhe-

a^dobramentõdás forças produtoras, por si só, conduziria ao advento de uma sociedade racional. Horkheimer parecedemonstrar que, desde

,

o momento em que arazão é deslocada da-psique humana^onde deve estar, e é transformada num atributo da sociedade, fica perdida a

possibilidade da ciência social. Habermas enfatiza a circunstância de

que, nas sociedades industriais avançadas, as próprias forças produto ras, em última análise, são compulsões políticas modeladoras de toda a vida humana. Para superar tal condição, sugere eleoue seabraespaço

para a política e o debate racional, em sua função de orientadores do

processo social. Esses pontos constituem traços positivos das análises

de Horkheimer e de Habermas.

Por outro lado, a obra de Horkheimer não é muito mais do que

uma acusação da sociedade moderna que, conquanto iluminadora, deixa de dizer como * em que direção caminhar, para que se encon

trem alternativas para os males atuais, teóricos e sociais. Parece que Habermas se preocupa com tais alternativas, mas apresenta-as em

termos incipientes, ecléticos e bastante spciqnlSrfícojC1 RearmerTteTã noção dos "interesses do conhecimento", por ele exposta (que é me19

1^

? ° n£« do cientismo. Contudo, mesmo essa noção nao está

zão moderna. A questão está em que tais idéias e doutrinas tornam

tativa emesmo um sonho de encontrar, no contexto dahistória, da so ciedade ou da natureza, a solução da tensão (metaxy) constitutiva da

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culados nesses textos como perenemente válidos. Acondição humana

ponto de vista evolucionário; antes, considera os conhecimentos arti

que os textos clássicos não são relíquias, a serem apreciadas de um

Tíum sentido rwculiar, Voegelin é um psico-historiador. Afirma

tensão, razão, no sentidgjDodemo, ê um termo errôneo. -

condição humana. Uma vez que ajazão implica a consciênçiajiessa,

obscuros os pólos da tensão existencial humana, expressando uma ten

conciliação ou a integração de idéias e doutrinas fundamentais na ra

v"'

I» Veja Voegelin (1974).

lin demonstrou ter consciência desse fato. 21

cular limitado aque pertence aciência natural. Parece que otipo de ciência contido nas investigações de A. N. Wh.tehead ,Werner Heisenberg Arthur Eddington, Michael Polanyi eoutros esta extremamente Sonizado com í razão no sentido clássico, como será explicado no capítulo 2 etalvez mesmo exemplifique um novo grau d^diferencia ção da consciência da realidade, que ocorre atualmente. Com justiça íjeverá ser dito que, em conversações econferências ocasionais, Voege

Além disso, aanálise voegeliana da ciência moderna carece de tíficas de hoje são "cientísticas", isto é, despercebidas do campoparti

o

que arazão moderna exprime uma experiência deformada da realida

suficiente qualificação. Por exemplo, nem todas as investigações cien

ò

de Conseqüentemente, considera ele sem propósito tentar apenas a

mentos clássicos; não oferecem nenhuma pista para um tratamento

1973,p. 41-81). Embora todos os autores até aquianalisados mereçam ser consi

operacional de problemas da sociedade contemporânea^

vernos contemporâneos. Contudo, as assertivas de Voege nsobre ven

para encontrar os meios institucionais de superar os problema do go cia política deixam oleitor muito bem esclarecido sobre seus funda

se em seus ensinamentos, seria possível deduzir como se conduziriam

campo da ciência política aspectos da vida cotidiana, que escapam completamente àsua atenção. Nos textos daqueles autores,os crité rios de ação para aarticulação eoaperfeiçoamento das formas de go verno existentes são oferecidos de forma tal que mesmo hoje, com ba

teles fontes básicas da busca empreendida por Voegelin, mcluuamno

da apenas em termos assim amplos. Afinal de contas Platão eAnsto-

£r noção de que' ciência política pode ser exclusivamente ormula-

tória intelectual e política do Ocidente. Parece, porém, dificd de acei

ÍuPdscurso sobre a"nova ciência da política" ««tespr^do de preocupações pragmáticas imediatas. Tem apoio na «terpreteçao en. Lpansão de insights clássicos eno julgamento critico da^f^

do pTescritivo de seu trabalho é, na realidade, muito amplo. Mesmo

Pelo fato de que Voegelin parece impor as, mesmo opape de intérprete de textos ede analista de idéias eacontecimentos oconteú

no sentido de Erik Erikson, representa um estudo em P^o-histona.

to de vista da experiência clássica eprecisamente "esse sentido ^nao

SS£ explora eampüa insights eidentifica alguns traços da

sluTicativo~o trabalho SSSÉSÊPffSÊ^g^lí WÊ^Ú&fin&7awZ&& clássica," enele Voegelin ü>

são até certo ponto curiosas, senão desconcertantes, porque ele parece ter adequada compreensão da teoria política clássica (Habermas,

ria delineada para oesclarecimento". Isso representa uma indicação de que Habermas apoia um tipo de psicologia motivacional que exclui o papel da razão na psique humana, eessas falhas em seu esforço teórico

ele vê a doutrina de Freud como um elemento subsidiário dessa "teo

comportamento da massa, quando oesclarecimento tem sido sempre possível apenas ao nível da psique individual. Não épor acidente que

teoria destinada ao esclarecimento" (Habermas, 1973, p. 37), que pro mete o esclarecimento existencial como uma qualidade coletiva do

assim um soBéTonnõaõmôffU» IW piôjêto de Habermas, de "uma

Sua "teoria crítica", entendida como uma integração daquilo aue considera válidos insights encontrados nos trabalhos de Kant, Heeel Fichte Marx eFreud, parece demasiado eclética, eapresenta-se ainda'impregnada de erros de natureza sociomórfica. Aparentemente, Habermas aceita opressuposto, comum aFichte, Hegel eMarx de que aemancipação humana pode acontecer como um evento social coleti vo e para criar apossibilidade de tal evento vai ao ponto de propor a organização de processos de esclarecimento" (Habermas, 1973, p. 32) e ressuscita a idéia marxista de uma escla^eddaprátjc^de_massa. Há.

ao alcance de uma abordagem meramente cientifica.

Xiona-se com esferas da realidade que escapam, necessanamente,

Aquilo que chama de "intersubjetividade" ede "mutua compreensão

"ente £nHe Sentismo, na medida em que, para Habermas, ífflSS é absorvida nos tipos tríplices de ciência que propõe.

não estí expücada nesses ^*%^«£fi£Z£

derados críticos da razão moderna, somente Eric Voegelin sustenta

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«„,i do aue parece, quando se lê cuidadosamente Platão e

ÂristS aímTomo KantXpode servir para identificar aíndole

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Deve ser enfatizado, também, o desprezo de Voegelin pela defi

autodefinição das. sociedades industriais avançadas do Oc portadoras da razão está sendo diariamente solapada eé

nição sistemática do significado de alguns termos básicos de seu voca

tão laigamente desacreditada que se fica aimaginar se a

orientação e psicologia motivacional, compacidade e diferenciação.

tinuará, dentro em pouco, encontrando neste mune"

bulário, tais como descarrilamento, kinesis, gnosticismo, texto, teoria,

Até aqui, termos como estes estão insuficientemente elaborados nos

tais sociedades, exclusivamente àbase da racionalidade

nela. Esse clima de perplexidade pode viabilizar un^.

escritos de Voegelin.

teórica de enorme magnitude.

lítica precisam de maior clarificação do que as que ele em geral se preocupa em oferecer, uma vez que, da maneira como até aqui está ar

um exercício acadêmico sem^nseqüfençial Seu propósito épreparar ocaminho parTõ desenvolvimento de uma nova. ciência das organiza ções Àrazão éoconceito básico de qualquer ciência da sociedade e das organizações. Ela prescreve como os seres, humanos deveriam ordenar sua vida pessoal esocial. No decurso dos últimos 300 anos a

Finalmente, os pontos de vista de Voegelin quanto àciência po

ticulada a matéria, algumas vezes aparece prejudicada por um caráter excessivamente restaurador. Nenhum retomo a qualquer forma histó rica de vida humana pode estar contido na idéia de uma restauração verdadeiramente criadora dos ensinamentos clássicos. Tal restauração • cpimac em tranfifAnmr ™ pensadores clássicos, através da apropria-

?ãõ dãq"!1'» q"p puderam compreender, em parceiros atives dos estíiftiívtns cnntémporãneos. emmia hHHf81 Hp "™haeimpnif, A restauração daherança conceptual clássica, nesse caso, visa apenas superar o esque cimento dela. Os pensadores clássicos não devem ser considerados au

toridades canõnicas infalíveis. Afinal de contas, não se tem muito a

aprender do Aristóteles que justificava a escravidão, mas do Aristóte les compatível com adefinição doser humano como o zoon politikon. 1.7 Conclusão

A presente crítica da razão modernaji§D_é_empjeeiidida çou^

racionalidade funcional tem escorado o esforço das populações do Ocidente central para dominar anatureza, eaumentar aprópria capa

cidade de produção. Écerto que essa é uma grande realização. Mas agora há indícios de que semelhante sucesso está aponto de se trans

formar numa vitória de Pirro. Apercepção dessa situação está abnndo

novos caminhosde buscaintelectual.

A teoria corrente da organização dá um cunho normativo geral

ao desenho implícito na racionalidade funcional. Admitindo como legítima ailimitada intrusão do sistema de mercado na vida humana, a teoria de organização atual é, portanto, teoricamente incapaz de ofere cer diretrizes para acriação de espaços sociais em que os indivíduos

possam participai de relações interpessoais verdadeiramente autograti-

Deve ser dito que, a fim de salvar o quenamoderna ciência so cial é correto, é necessário compreender o caráter precário de seus principais pressupostos, a saber, «pie n ser humano não é senão uma --,

criatura capaz do cálculo utilitário de conseqüências e o mercado o modelo de acordo com o qual sua vida associadadeveria organizar^

Na verdade, a ciência social moderna foi articulada com o propósito de liberar o mercado das peias que, através da história da humanidade e atéo advento darevolução comercial e industrial, o mantiveram den tro de limites definidos. 0 que agora debilita avalidade teórica da mo

derna cjgBcja wrial è. yia f^nr^i!HBipreéns>[o sistemáticada natureza^específica de sua missão. Por mais de dois séculos, o restrito alcance teórico da moderna ciência social tem sido a causa de seu notável

sucesso operacional e prático. No entanto, hoje emdia aexpansão do mercado atingiu um ponto de rendimentos decrescentes, emtermos de bem-estar humano. A moderna ciência social deveria, portanto, ser re

conhecida peloque é: um credo,e nãoverdadeira ciência. Os resultados atuais da modernização, tais como a insegurança

psicológica, a degradação da qualidade davida, a poluição, o desper dício à exaustão dos limitados recursos do planeta, e assim por diante, mal disfarçam o caráter enganador das sociedades contemporâneas. A

ficantes. A racionalidade substantiva sustentaj3u.fi o. lugar gdgquadoj^

razão érpa^jS^ Nessa ronfornüdade, apsique humana deve

^érc5nriderada"o^ontode referência para aordenajãojda^asgsial,

tanto quanto para aconceitiiação djdêndasocialemg^raida qual o estudo sistemático da on^izaj^^nTtmn QomirnTparticular. 0

papel da racionalidade substantiva na estruturação da vida humana

associada é o assunto do capítulo seguinte. BIBLIOGRAFIA

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associada. É propósito deste capítulo diferençar, analiticamente, essas duas concepções, e tal exploração toma-se agora imperativa, porque as

teorias da organização e do desenho de sistemas sociais, exclusiva

mente baseadas na concepção moderna de razão, são desprovidas âzQ~

tsSã^váaaãe científica. Tal como na_crítica dajazãg_jnodernj, ofere cida no capítulo 1, é também necessário começar esta analise com razão moderna estava agindo como um historiador. Em lugar de ado

view, June, 1964.

Sandoz, EUis. The Foundations of Voegelin's political theory. The Po ty of Chicago Fress, 1952.

o

categorias fundamentais de duas concepções distintas da vida humana

Max Weber.

o

o

Embora aciência social moderna em geral e ateoria da organiza ção em particular deixem de distinguir suficientemente entre a racio nalidade funcional e a substantiva, ambas constituem, não obstante,

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-. Methodology of social sciences. New York, The Free Press,

, .,,

,

Poder-se-á afirmar que quando Max Weber decidiu caracterizar a

tar uma posição substitutiva em relação à razão clássica, como tez

Hobbes Max Weber implicitamente advertiu que, nos tempos moder

nos uni novo significado estava sendo atribuído à palavra razão. Nao

afastou, como um anacronismo, o significado anterior de razão. Na realidade, Weber, como Hobbes, desejava um tipo de ciência social inteiramente comprometido com uma tarefa peculiar a uma determi

nada época. Mas, ao fazer adistinção entre Zweckrationalitãt (raciona lidade formal) eWertrationalitat (racionalidade substantiva) sugeriaeje que ou uma, ou aoutra, poderia servir de referência para aelaboração

teórica. No entanto, escolheu desenvolver um tipo de teona baseado, sobretudo, na noção de racionalidade funcional. Embora o respaldo biográfico ehistórico da escolha de Weber pudesse constituir interes sante e importante matéria para investigação, isso estana além do pro

pósito deste capítulo. Não obstante, ofereço àespeculação aidéia de que uma teoria substantiva poderia ser formulada com base naquilo que Weber não disse, mas que provavelmente diria se tivesse vivido nas presentes circunstâncias históricas.

Argumenta MaxWeber que, Mnbora açigncjajQCial seja neutiA.

do ponto devista dciM os valores adotados por uma sociedade são,

eTéTpropnõs, critériõsindicadores daqueles pontos que são importan-

1969. 25

24

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principal categoria de análise. Na medida em que arazão substantiva é

t« «ara aquela forma particular de vida humana associada, durante «rto wríodo histórico. Admitiria ele, então, que quando as premissas Se valor de um certo tipo de vida associada se transformam, elas próorias em fatores de um mal coletivo, ocientista social não pode. legi

entendida como uma categoria ordenativa, a teoria substantiva passa a ser uma teoria normativa de tipo específico. Na medida em que a razão funcional é apenas uma definição, ou uma elaboração lógica, a teoria formal é umateoria nominalista de tipo específico. Os concei

timamente desprezar tais premissas como estranhas àsua disciplina. Ao contrário, do ponto de vista de Weber. o cientista social deve

tos da teoria substantiva são conhecimentos derivados doe no proces

so de realidade, enquanto os conceitos da teoria formal são apenas instrumentos convencionais dé linguagem, que descrevem procedimen- , tos operacionais. A pergunta: Que é a racionalidade? que requer aten ção direta no domínio da teoria substantiva, não tem papel a desem

focalizar esses valores, embora apenas para mostrar as conseqüências

praticas que acarretam, ncientista social, como tal não deveria emitir

julgamentos de valor, imm_w» q"» va!™efi *** subjetivos^- ou têm ~~ãjicêrces demoníacos.

penhar no domínio da teoria formal. Aqui a pergunta é, de preferên

A posição de Weber não deixa de ser contraditória. Se os valores são simplesmente demoníacos e não têm fundamentos objetivos,

cia: Que é quechamaremos deracionalidade? A pergunta seria respon dida, no último caso, por uma afirmação emqueuma combinação de

então a análise das conseqüências de sua adoção pelos indivíduos não

palavras1 constitui, essencialmente, a referência para os objetivos da

é mais do que um fútil exercício de abstração. Tal análise só teria sentido se fosse empreendida na esperança de que o indivíduo pudesse ser persuadido a fazer um julgamento de valor objetivo, racional.

análise.

I

Segundo, uma teoria substantiva da vida humana associada é

'algo que existe há muito tempo e seus elementos sistemáticos podem

Essa contradição na posição de Webeí_Kflejeje_ejnsuaobrae em sua

' ser encontrados nos trabalhos dos pensadores de todos ostempos, pas

vida. Pretendeu ele ter estudado,[sinejra^acjtud^i^^ome^ds

sados e presentes, harmonizados ao significado que o senso comum

racionalidade formal, mas apesar disso manitesfóúseu pesar ante a

atribui á razãOj^rrn^qranenhum deles tenha jamais empregado a

culminação de tal síndrome - um mundo de "especialistas sem espí

expressão razão substantivada* verdade, é graças às peculiaridades da

rito, desensualistas sem coração" (Weber, 1958, p. 182).

época moderna, através das quais oconceito de razão foi escamoteado

Max Weber viveu num contexto histórico em que a racionalida

pelos funcionalistas de várias convicções, que temos presentemente

de formal, ou funcional, substituía amplamente a racionalidade subs tantiva, como o principal critério para aordenação dos negócios polí

que qualificar o conceito como substantivo. Uma descoberta funda

mental, resultante da herança de ensinamentos dos pensadores clássi cos, é ade que é o debate racional, nosentido substantivo, que consti tuiaessência da forma política de vida, e também o requisito essencial

ticos e sociais. Tomou como certa essa substituição e recusou-se a

erigir aciência social sobre anoção da racionalidade substantiva. Hoje, porém, é mais difícil do que nos tempos de Hobbes ede Weber pôr de

para o suporte de qualquer bem regulada vida humana associada, em

lado a viabilidade de uma teoria substantiva da associação humana,

porque agora é evidente que orelativismo no tocante avalores condu

JO

ziu a vida associada a um becosem saída, intelectual e espiritual. Em

conseqüência, aquestão de que tratará este capítulo consiste em saber \J t

se a razão substantivadeveria ser a categoria essencial para a cogitação

dos assuntos políticos e sociais e,sendo esse o caso, que tipo de teoria iria corresponder a essa ordem de pensamento. Constituirá propósito dos capítulos subseqüentes a discussão das estruturas sociais emergen tes e das implicações de política que daí resultam. Há três qualificações gerais, que realçam as distinções entre a teoria substantivae a teoria formal da vida humanaassociada.

Primeiro, uma teoria da vida humana associada é substantiva

seu conjunto.

A propósito, aquilo que o campo da economia e, mais especifi

camente, o campo da antropologia econômica referem presentemente como sendo teoria substantiva,3 é apenas subsidiário aestaanálise. O atual debate entre economistas que professam de um lado a teoria

formal, de outro ateoria substantiva, diz respeito ànatureza do Jenç^

menrxeconõmico, ao mercado e a suas implicações teóricas.(jíarl_

/^olairíí) fundador da teoria^egonôniica substantiva, assinala que oT

Sõiiíêilos formais, extrãíHÕTda dinâmica específica do mercado, na melhor das hipóteses são válidos como instrumentos gerais de análise e formulação dos sistemas sociais apenas numa sociedade capitalista,

durante um período em que o mercado esteja relativamente livre da

quando a razão, no sentido substantivo, é sua principal categoria de

análise. Tal teoria é formal quando a razão, no sentido funcional, é sua 1 Eric Voegelin e Leo Strauss também frisaram as contradições da noção de neutralidade de valor na ciência social, de Weber. Veja obras de Voegelin, E. (1952, p. 13-22)e Strauss, L. (19S3. P- 35-80).

2 Sobreo caráter essencialisia e nominalista dos conceitos, veja Popper(1971, p. 32; 1965, p. 13-4). 1 Sobre a complexa controvérsia em tomo da teoria econômica substantiva versasa teoria econômica formal, veja Kaplan (1968) e Cook (1966). 27

26

pP^^W^SST^^

'TM-l.-itt* !•"-.<--

' !.

Quadro 1 Teoria da vida humana associada Formal

Os critérios para ordenação das assodacões humanas são

Substantiva

I.

dados socialmente II.

Uma condição fundamental da ordem sodal é que a econo mia se transforme num sistema auto-regulado

III. O estudo científico das assodaçôes humanas c" livre do conceito de valor: há uma dicolomia entre valores c fatos

IV. O sentido da história pode ser captado pelo conhedmento, que se revela através de uma série de determinados estados empírico-temporais

V.

A dênda natural fornece o paradigma teórico para a correta focalizacão de todos os assuntos e questões susd lados pela realidade

Os critérios para a ordenação das assodaçôes humanas são racionais, isto í, evidentes por si mesmos ao senso comum individual, independentemente de qualquer processo parti cular de socialização

II.

Uma condição fundamental da ordem sodal é a regulação

III.

política da economia O estudo científico das assodaçôes humanas ê normativo:

a dicolomia entre valores c fatos tf falsa, na prática, c, em teoria, tende a produzir uma análise defectiva IV. A história torna-se significante para o homem através do rmítodo paradigmático dç auto-fntcrpretaçao da comuni dade organizada. Seu sentido não pode ser captado por categorias scrialistns de pensamento

V. O estudo científico adequado das associações humanas é* um tipo de investigação cm si mesmo, distinto da dênda dos fenômenos naturais, c mais abrangente que esta

homem como um "animal político" (zoon politikon) só écompreen •

sível à luz desse entendimento.

II

Aristóteles e os pensadores clássicos, em geral, concebiam a socialídade como uma qualidade do bando, indigna do homem polí

( i

I

tico No domínio político, o homem é destinado aagir por simesmo,

como um portador da razão no sentido substantivo. No domínio social, ao contrário, a preocupação "apenas com avida" prevalece, e [ i

r :

(

ele age como uma criatura "que calcula", isto é, como um agente eco nômico. A razão, no sentido de uma habilidade "calculadora", também é inferida por Aristóteles na Política e na Ética aNicômaco. É exigida para aadministração do lar (oikos), onde obem-estar econô mico do grupo determina qual o curso de ações que devem ou não devem ser tomados. Esse tipo de conduta social é limitado a seu pró

prio enclave. Não faz parte do domínio político, em que oindivíduo possa manifestar seu interesse pela expansão do bom caráter do

conjunto, e não simplesmente pela sobrevivência. É claro que Aristóteles tinha a percepção de que o modelo da melhor forma política de vida, aberto ao comando integral da razão

( '

substantiva, só poderia ser conseguido historicamente, por acaso.

Sabia que nenhuma comunidade política está, eternamente, a salvo da influência solapadora dos interesses sociais. Mas, onde querjque, esses interesses práticos constituam o único critério para as ações %A

í 3

humanas, não existe nenhuma vida política. Para muitos, a ciência social é, no moderno período histórico, resultado de crescente sofisticação da racionalidade e de sua aplicação a fenômenos cada vez mais diversos. O preconceito histórico desse modo de ver será examinado mais extensamente no item 2.4 deste

capítulo. Por ora, é suficiente assinalar que a própria idéia de uma ciência social afirmada com basena presunção de que o indivídup_é—

fundamentalmente um ser social, e quesuas virtudes devem ser avalia

das segundò~c7íteriõs socialmente estabelecidos, era inconcebiyêTggra Aristóteles_e panfõsTeóricos clássicos em geral. A ciência social mo

Fable of the bees, de Bernard MandevÜle (1714), publicada primeiro

sob a denominação de The Grumbling hive (1705). Em 1723, ele publicou A Search into the nature ofsociety, um ensaio que éuma

justificação teórica de sua fábula. J^andeyüjTc^mparou asociedade -

em particular a sociedade britânica de seu tempo - com uma colmeia. Pode-se resumir o argumento básico de seu trabalho da maneira

-ifçuintf• • o BgS&JB fr!fflsfnrma nn critério que abrange tudo_ja- >3<WP ordenação_dAAXistênciaJiumana, então os vícios, o orgulho, o egoiV

fflõ, a çornípcão, a fraude, aganância, ahipocrisia e ainjustiça passam a ser virtudes. Embora sugira que a virtude está além da capacidade humana, Mandeville pode ser considerado um moralista malgré lui, se

sua fábula for interpretada como retratando as conseqüências, para a existência humana em seu conjunto, da isenção da sociedade da regu

lação política. Aambigüidade do pensamento de Mandeville em gran

de parte explica por que, por vias sutis e contraditórias, exerceu ele

influência sobreeminentes escritores e filósofos de seu tempo, incluin

do Adam Smith, que, porém, repudiou ainfluência de Mandeville.7

Não é por acaso que a idéia de uma ciência social obcecou os

filósofos escoceses na Inglaterra, durante o século XVIII. A noção de ciência social permeia as especulações sobre a natureza humana e o fenômeno institucional, empreendidas por Adam Ferguson, David

Hume, Francis Hutcheson, Lorde Kames (Henry Home), Lorde Monboddo (James Burnet), Adam Smith e Dugald Stewart.8 Por mais

que a ciência social poderia ser r^ojsíyeiiamio_o_estiido^a razão da__

sociedVde7ParrrrnãioTpãrtê~déles, a razão era urna çaiaçteristiçajia_

"sõclêdãdé^mais do que dojiidividuo. Consumaram a sublimação da razão, no sentido de que esta já não mais precisava ser concebida através da mediação do indivíduo, mas como algo cognato àsociedade e à natureza. Todos eles concebiam leis racionais governando a socie

dade e a natureza, apesar dofato deconcordarem emque as paixões, e

derna pressupõe que a sociedade, ao desdobrar-se como uma associa ção puramente natural, gera os padrões da existência humana em seu

não a razão, é que conduziam o ser humano à ação. Atribui-se, geral mente, a idéia da mão invisível a Adam Smith, mas na verdade foi ela sugerida nõslrabalhos desses homens. Aatividade dessa "mão" mani

social é resultado, ocorreu nos três últimos séculos da história do

festa-se na sociedade e na natureza e o papel da ciência é descobrir e ordenar a maneira como isso acontece. Por exemplo, Hutcheson,

conjunto. Essa_tia^nsa^iação_JÍO-^açÍalt__de que a modema_cjénciaõadentiT É Hobbes quem, sistematicamente, prepara o caminho para essa transavaliação, ao atacar o conceito de razão em termos de senso comum e ao propor alternativas para esse conceito. No momento em que o ser humano é reduzido^a-uma criatura que calcula, é para ele

impossível distinguir entre (WçioJ e virtude,) A sociedade toma-se,

então, o seu único mentor e, não surpreendentemente, padecimento é equiparado ao mal, e o prazer ao benu_

Uma das mais notáveis documentações da confusão do homem ocidental, no momento culminante da transavaliação do social,é The 30

I

que esses homens fossem diferentes em idéias e talento, apesar disso eram. leais a uma certa comunhão de premissas e uma delas era a de

amigo e professor de Adam Smith, escreveu em 1728 sobre uma "mão superior", como uma força providencial, que afeta tanto os seres humanos quanto os animais, através de seus instintos. 7 Sobre a influênda de Mandeville sobre Adam Smith, veja Marx (1974, p. 355), CoUetti (1972) e Macfie(1967).

" VejaBryson (1945)e Stephen (1927). 9 Veja Bryson (1945, p. 118). 31

1



Para crédito de Mandeville, não há ambigüidade em Dav dHume AH^Smilh quando ambos justificam aabrangência integral da

C Ze Pa7a Hume e Smith, a socialidade substitui a razão, ao

f? t'r comoÍS viver ohomem. Hume considerava oser huma-

«rnZ umaTriati^completamente incluída na sociedade. 0"mériZTíTlte"nlo decorre ... de uma conformidade àrazão, nem 1 cíba do So de contrariá-la" (Hume, 1973 p. 458). Éo*nti-

mento que ohomemJejnjL^e^er^sociedad^juec^SgCo-LdamemonIé~suT^^^

TmiryTdWTmTrêl^^ à censura dos outros - desempe nha um papel fundamental no desenvolvimento de seu senso moral.

Padrões de ordenação da vida humana são, eles próprios,^sociais e, em última análise, compõem-se de "interesses da sociedade , que Hume afirma serem as referências principais para distinguir entre avirtude e

o vício (Hume, 1973, p. 579). Para Hume. aordem na vida humana

associada é um resultado de processos anônimos, envolvendo forças e atividades independentes das deliberações racionais do indivíduo, no sentido substantivo. Mais propriamente, aquüo que ésocial é, forçosa mente moral. Como ocorre com outros filósofos escoceses, Hume

( (

(

pretende elaborar o alicerce filosófico da ciência social formal do

(

Ocidente.

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(

As correntes de pensamento que hoje prevalecem em matéria de ciência social formal, seja em seus termos estabelecidos usuais, seja sob

o o o o o o

atual dW^adefao^alitefe^^0».à Prax!S **?

ao mesmo tempo, preservar seu caráter formal.

de Adam Smith. Proposta como uma ciência social verdadeiramente

fica do homem, visão que reduz oserjiumano a nada mais que_umser

?da humana iodada em seu conjunto, graças ^sJundadores brUâmcos da ciência social. Aeconomia política eaciência social formal legitimam, conceptualmente, a isenção da economia doméstica de eXão Política ,0 Poiessarazão, o^^^f^3^^-^sociedade eana^tã^^J^^í^^^td^^-Carnalmente, porém, hTTimlra^oWm entre os teóncos

área Essa perspectiva conceptual sugere que os países do Terceno Mundo só poderão resolver seus problemas se se transformarem em

-~n

V

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V

ficacgermjeTim^riõmem tem comojojn^rriante^

reduzir oindivíduo aum ser puramente socai eqüivale aafirmar que

tas percebem aingenuidade desse ponto de vista particular. Salientam,

sociedades centradas no mercado. Os teoristas marxistas e neomarxis

em mudança da natureza humana de acordo em vez vez disso, aisso, oimperativo o unpciaiiru da ua !••—-.»

v8 .^

tuam a não seriem teTmo^vagos.Xonseq^ejiteme^

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^ução_e_wnaimo^^

organliãdolíe^scTarêçüne^ cnmaotn . natu. Uma vez^queTTara ambas as correntes de pensamento anatu reza humana não tem padrões adequados asi própna, o.^mento de medida para avaliação edesenho dos sistemas sociais no funde contas, éele mesmo social. Em conseqüência, aciência oc ai formal nunca poderá ser uma teoria crítica, tal como hoje aleganalgun escritores, amenos que o teórico critico acredite, discretamente, que sTele écapaz de se esquivar ao processo de socialização eenunciar julgamentos sobre oestágio atual da natureza humana. Adecepção

JpeL>al do teórico crítico com oestado de coisas que ora P^ece ^ £de induzi-lo aentregar-se aum tipo de ação oracu ar edemiunp^ Afinal não ha pontos importantes de disputa entre os cientistas sodaTs' ocidentais estabelecidos eos teóricos críticos marxistas eneo-

Sstas porque ambos os grupos exemplificam amoderna transava-

SS, do social e, nessa conformidade, estão de acordo em que um da sociedade. discurso teórico está inerejriemenjejnçç^^

S

teCinx^^é^yzí que éinútil ^^^Z^S^ tivaVsu^Ta?Tlusõ'es ideológicas da ciência social do Ocidente e,

Oparadigma completamente desenvolvido da visão escocesa de ciência social surgiu, primeiro, «mio^^^gg^nos^hos

os disfarces marxistas e neomarxistas, apóiam-se numa visão sociomor-

quer num futuro estágio social esclarecido. Poj^xjm^h^ajnojrv^çao,

teona^co^jcT^rjaLafirma que omarcado éa^OTtrfimdaT

o

2.2 Ordenamento político e sociedade

gei, á^conomia política concebe aordem na vida humana associada

social Daí que álIeTiaTtQ-áliraçâo^olHdivíduo seja entendida como a ^sualítal socialização, quer sob as condições presentemente oferecidas,

como um resultado da livre interação dos interesses de seus membros^ D^e modo, oenclave delimitado que Aristóteles descreve como a oVdem dos negócios domésticos toma-se expücitamente equiparado a

econômica éconsjdjrada^_t^^

mental, paraT^pajaclo^i^^ "ns Sistemas sociais. Assunção é por acidente que os cientistas sociais estabeleci-

o

d~o7-nScomendam aos países do Terceiro Mundo a pratica maciça de certo tipo de esclarecimento organizado, que se destina a ensinar a motivação do sucesso", bu seu equivalente, aos povos que yrvem nessa

o o o o

com omodelo da sociedade socialista, coisa que, aliás, nunca concei- ^

o

ciais de seuprojfctn universalião asociaüzacão dos meios dxpraduçao---> ^ e do excedente^gnomico, planejamento socialista da estiujura_jte.

o i

V

substantivos eos teóricos" formais do Ocidente: ambos interem^que

.o Sobre este ponto, veja Myrdal (1954). Declara c.e ^*£%*»£Z

mia como um tipo sodal de administração domcst.ca inspira nao apenas ateo

ria do ívre ^om^cio. mas Umbém todas as outras doutrinas de economia po

lítica" (Myrdal, 1954, p. 140). 33

32

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cos constituem os pontos de referência básicos do indivíduo para se

sua principal preocupação na sociedade émeramente com «»JB*B&^Tão. Ambos os grupos alegariam que asociedade éum tipo espe^fícole" coletividade humana em que os interesses imediatos, práti relacionar com as outras pessoas. Os teóricos formais atribuem uma dinâmica própria a esse tipo de coletividade; dinâmica que onenta a

interação dos interesses individuais no sentido de uma ordem de con junto da qual ninguém está individualmente consciente. Dgsse modo, „ para Oi tenros formais.a política émera articula^oe_ajgreia,çÍQ.deinteresses. (liberalismo), ou a expressão da sociedade agindo como um

invenções atribuídas a Hero e a ArqjiüneJÍffiLdâo_rj^^^

que, necessariamente, dominasse anatureza. Na^Gréçja^ojLexejriplo,

limitada po"r7aiõerpolítiçai e éticas^Tecnologia, para os gregos, nem

-aVesT5gm"ae tipologia. Mas aaplicaçãoJa tecnologia à_pjroduçao era

deveriTco^stituir"preocupação de um homem livre, nem deveria violar

...

r *,

os processos autogerados da natureza.'3 Era como se os gregos, e outros povos antigos, tivessem a percepção de ser aeconomia parte

0 consumo dentro dos limites de necessidades humanas Imitas,

integrante do sistema biofísico.

a produção limitada, constituíam ameta da economia instituída nas sociedades pré-modemas. Np século XIII, Santojomás de Aquino_ reiterava essa opinião. SegmndrxÃlTstóWsTãa^ertla contra aprolifera ção das neçes»deTsocÍ3lmenteinduzidas, estabelecendo uma distin

homem suas naturais deficiências, tais como comida e bebida, vestuá

ção entre ÚQüezXmraU artificial?Aprimeira "serve para afastar do

por exemplo, dinheiro, tinha sido inventada por "arte do homem

rio veículos, abrigo e coisas que tais". A"riqueza artificial , como,

para servir de medida de coisas permutáveis".14 Mais tarde, no século XVII essa orientação ainda ecoa nos trabalhos de Puffendori. fcste partilha, com os pensadores pré-modernos, oponto de vista de que o

valor em uso deveria determinar as atividades da economia. Mas é o valor de troca, não o valor em uso, que constitui a meta de uma

de acontecimentos, tais como a descoberta de novas partes doglobo e

Poder-se-ia indagar das circunstâncias históricas que constituem

obackground de tal transformação. Desde oséculo XVI que uma série

economia da regulação política e ética.

comerciais e industriais, precipitou o aparecimento de uma nova atitu

de em relação à prosperidade material da Europa. Comerciando com

mesma, essa inversão envolve, necessariamente, a emancipação da

Os cientistas políticos substantivos perceberam que um bom sis

tema organizado de governo não poderia existir abaixo de certo nível

de meios de subsistência. Consideravam a criação de tais meios como

uma condição necessária, em vez de constituir ameta do sistema polí

foi ligeiramente modificada pelo autor. is veja SewaU.H.R. (1901, p. 3843).

35

.4 Apud Flynn, F.E. (1942, p. 23). Atradução que Flynn fez de Santo Tomás

13 Veja Dijksterhuis (1969, p. 72-5).

desse processo.

WtiVaTo11uT*nJtu7fo>la justificação moral do interesse imediato do indivíduo. A ciência social contemporânea representa a culminaçao

sou a ser aprosperidade majejtejjejrejerencia ao bom ojd^riamento, dTassocüção humana.•0-padrãb~ético inerente à teoria política subs-

nida de acordo com esse pressuposto. Sua pjricjpg^eocupaçaopa^

de desenvolvimento comercial eindustrial, íteoria^pdític* foi redelh

0[> JT transformou-se na meta fundamental do sist^r^teavésdos; século

tico No entanto, desde o momento em que a_prospendade matenai

aumentar as suas riquezas numa proporção sem paralelo.. Em última,

foi presumidacgmo alguma co^a^osnrei^ajajodoslistijé,umpressü^òWlan^teTísticoda chamada^yojução_ industrial), a nqueza

34

H Sobre o conceito do político, veja a Política, de Aristóteles.

M Veja Barker, Emest (1959, p. 357).

científica existiu muito antes da^chamada revolução indjistriaL^sem

Uma posição exploradora em face da natureza seria eticamente viciosa, para a mentalidade pré-modema enão-moderna. Ajeçnojogia---

escalada sistemática desses processos, mediante implementos tecnoló gicos e sem consideração dos imperativos termodinâmicos da natureza.

homem com os processos que a própria natureza gerava, e não pela

a produção de bens deveria ser obtida através da colaboração do

ela era dada. As necessidades do homem eram consideradas limitadas e

tais feitos representavam transações inteligentes com a natureza como

deliberação sistemaTlH^õTíõmem. Nõs séculos prémodernos, apros'pendadTmãterial e à riquezTêram resultados de feitos humanos, mas

riadE m^n^ej^^^poàexmr^T criadas ou estimuladãsyor unw

análise. ^g^nnpjftjiharna de revolução comercial_eJndustnal foj_

uma .sçrie_ de acontecimentos levando àconclusão de queTprospen^

outras partes do mundo, alguns países europeus acharam um meio de

economia moderna. Assim. pelaJe^dlünaçáUda^iquez^

a expansão da área de transporte marítimo - graças à iniciativa dos navegadores europeus - assim como a multiplicação das iniciativas

são imperfeita daexistência humana.

tanto a idéia de ciência social envolve uma redução, por baixo, da vida humana associada, visto como a socialidade. per se, é uma dimen

pode exercer, ao considerar aeconomia como um agente corporativo político em si, isto é. como um todo animado de um propósito seu, propósito que, afinal, coincide com obem de todos os homens. Por

termos'' Situa mal um atributo (o poUticqV 2 que só o ser humano

assim que aexpressão^nomwpoj^tontém uma contradição de

"conjunto, de acordo com suas leis (socialismo). Poder-se-ia dizer,

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Mas sua posição não foi partilhada por todos os pensadores alemães de seu tempo, eum deles, Heinrich von Treitschke, cuja participação

Houve um momento em que a novidade da "sociedade", na

Europa, foi sentida e vividamente discutida. Que nos seja permitido, nos poucos parágrafos que se seguem, escrever ''sociedade", entre aspas, de Bradesa podermos sublinhar seu significado peculiarmente

nos negócios públicos da Alemanha pode ser justamente criticada, ape

sar disso poderá ser invocado para ilustrar atensão entre anova ciên

cia e ateoria política. Na opinião de von Treitschke, asconnmidades

modemoCHe^adrrürador eleitor cuidadoso de Adam^ndÜL. focali

humanasse podem subsistir quando dispon|^n_deJfefflnaigiTna^ ,rõrganSãs|òÍtaiaL- Em outras palavras, uma vez que a"sociedade é incapaz de espontaneamente dar forma asi mesma, essa tarefa ordenadora pertence ao Estado. Assim, lamentava Treitschke, "tudo aquflo que nosso século chama de liberalismo tendepara avisão social do Es^ jado? (von Treitschke, 19oJ, p. 29). DessrpMtò de vista, aculniínação de tais tendências conduziria àdesintegração eao colapso da vida associada. Aquilo que ele denomina "visão social", as "atitudes exclu

zou a "sociedade" como um acontecimento históriçoj.6 Ele saúda o acontecimento como uma progressão da überaaaeTuma vez que, em sua opinião, a "sociedade" é a arena em que o universal terá, final mente,que se consumar a si mesmo. Embora influenciado por Hegel, Lorenz von Stein encara a "sociedade", mas propriamente, como um historiador. Seu livro,

publicado em 1850, Geschichte der Sozialen Bewegung in Frankreich von 1789 bis auf unsere Tage (traduzido para o inglês sob o título A História do movimento social na França, 1789/1850), começa, sig nificativamente, com um capítulo sobre o conceito de sociedade e

sivamente sociais da mente", a "perspectiva puramente social (von Treitschke, 1963, p. 29-30) envolve uma referência à tese de uma ciência social independente da ciência política. Adotando uma posi

suas leis dinâmicas, e nele o autor frisa que, em sua geração, a "socie dade" evidencia uma ordem de "fenômenos que, anteriormente,

ção até certo ponto polêmica em relação aessa tese, afirma ele que "quando o nosso século alega que o estudo das condições sociais é

haviam permanecido sem registro na vida decada dia, tanto quanto na ciência" (von Stein, 1964, p. 43). Lorenz von Stein lança-se à suaanálise histórica para legitimar anova ciência, ou seja, a ciência social. Na concretização desse esforço, manifesta a percepção daquilo que a

uma coisa nova... exibe um estranho conceito de si mesmo" (von

Treitschke, 1963, p. 32). Nega ele, explicitamente, apossibilidade da ciência social, visto como a teoria política (em sentido substantivo) tem sempre tratado, com propriedade, da ordem de fenômenos que a nova disciplina pretende definir como de seu domínio exclusivo.

nova ciência fundamentalmente envolve, e assim escreve:

Hoje em dia, mal se tem apercepção do problema fundamental

envolvido no surgimento do social e da ciência social. Em seusjnode-

"Há alguma coisa no interior do Estado trabalhando contra ele. Essa alguma coisa é a sociedade (os grifos são do original). Será que a so ciedade se conforma a um princípio de existência diferente do Esta

los liberal e socialista, aciência social fonnalítejna_çoncepção da vida humana associada como sendo ordenada pelofciteressej oque éomes

mo que admitir que o princípio da "sociedade* éopadrão normativo

do?Seé assim, qual é o princípio? Durante séculos, muitos e grandes homens tentaram formular o princí

essencial da existência humana em seu conjunto. Em outras palavras, ao tomar difuso oelemento político na vida humana associada, aciên cia social formal deixa de considerar qualquer espécie de regulação

pio que rege o Estado, mas ninguém pensou na possibilidade de que pudesse existir também um princípio para asociedade. E,noentanto, existe... O interesse, queè o centro... de todaaação social, é o prin cipio da sociedade" (os grifos são do original) (von Stein, 1964, p.

substantiva influindo sobre o processo econômico.

45-55).

2.3 A dicotomiaentrevak%ss.e fatos

Ao pôr emfoco_ajÜHú*miiaentre valores e fatos, quero aqui examinar as gtfcWtâncIásTustónç^que aoriginaram, mais do que os

Tal como Adam Smith no caso da economia, Lorenz von Stein

dá bom acolhimento à isenção da •'sociedade*' da regulação política.

alicerces filosóficos em que se rundamenta.

Quando oindivíduo é definido como um ser puramente social, a

16 "Quando os homens são assim dependentes uns dos outros e reciprocamente

mter-idacionados em seu trabalho e na satisfação de suas necessidades, a au-1

to-teaiização subjetiva transforma-se numa contribuição para asatisfação das ne

cessidades de todos. Querisio dizer, numa antecipação dialética, que a auto-rea-

tização subjetiva passa a sermediação do particular para o universal, com o resul tado de que cada homem, aoganhar, produzir e desfrutar, porõ mesmo, está
$v>

suposição é de que aordem de sua vida lhe seja concedida como algo extrínseco. O mundo, de onde provém essa ordem, é uma arena, em que ele se esforça para elevar ao máximo os seus ganhos. Aordem da sociedade é possível na medida em que seus membros, com base num

calculo utilitário de conseqüências, regulam e limitam as próprias pai37

r

•.

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deseja, sem qualquer consideração ao que seus desejos possam ser

xões, de modo a não ameaçarem seus interesses práticos. A sociedade é o próprio mercado amplificado. Os valores humanos tornam-se

(Wicksteed, 1913, p. 258). Para neutralizar essa conseqüência, imagi nou ele um tipo de economia subordinada a"wnsideraçôes éticas (Wicksteed, 1913, p. 260), porque "a.sanidade dos desejos dos ho mens é mais importante do que aabundância de seus meios de con cretizá-los" (Wicksteed, 1913, p. 260). 6 opinião dele, também, que

valores econômicos, no sentido moderno, e todos os fins têm a mesma

categoria. Em última análise, como veremos, adicotomia entre valores e fatos só é válida quando a total inclusão do homem na sociedade é tida como coisa natural.

(\

"o mercado não nos diz, de nenhuma forma fecunda, quais são as ne

Além doso, numa sociedade de mercado, a preocupação com a matériacomo o estofo de que são feitas as coisas tem prevalência, ou chega mesmo a excluir o interesse pela natureza delas, ou pelos seus fins intrínsecos. O mercado é cego paraos fins intrínsecos das coisase as considera, tanto quanto os própriosindivíduos, convertidosem for ca do trabalho, como "dados", ou seja,como fatores de produção. Em conseqüência, as disciplinas contemporâneas, como a economia, que

cessidades nacionais, sociais ou coletivas, ou os meios de satisfação de

uma comunidade, porque ele só nos pode dar somas** (Wicksteed, 1913, p. 260). Em conseqüência, afirma ele que "as leis eamômicas não devem ser procuradas e não podem ser encontradas nocampo pro

priamente econômico" (Wicksteed, 1913. p. 260). Olamentável éque uma compreensão tão criteriosa da natureza do mercado não tenha, até agora, se constituído num conjunto conceptual coerente, bastante convincente para substituir omodelo formal de pensamento ainda do

aceitam como indiscutível a sociedade centrada no mercado, têm que

minante nomüieu convencional da profissão econômica em particular.

ser isentas de conceitos de valor e exclusivamente interessadas em fa

tos. Nessas disciplinas está inferida a asserção de que valores são, sim plesmente, aspectos da subjetividade humana. Devem ser considera dos, na melhor das hipóteses, como qualidades exógenas ou secundá rias das coisas, nãocomo propriedades delas. Assim sendo, não podem ser objeto de avaliação cognitiva. Do ponto de vista analítico, afirma ções çognitijtas e normativas tomam-se então mutuamente excluden-

e da ciência social em geral.

2.4 A ciência socialcomo uma ideologia serialista

Anoção de que ahistória revela seu significado através de uma

serie de estágios empírico-temporais é comum ao acadêmico liberal de tipo padrão, tanto quanto aos teóricos marxistas e neomarxistas.

tes. É interessante notar que tal dicotomização sereflete nosinteresses da pesquisa, mesmo no contexto dos principais departamentos de

Contido nessa noção comum, está um.conceitode tempo peculiar ao ; Iluminismo, e que continua a prevalecer nas fõmns-DCltfentais con-

ciência socialneste país, em nossos dias. f KJ

O

mo otempo em que supostamente anatureza humana se atualiza ées

sencialmente serializado. Através de distintos graus qualitativos de atualização que correspondem adiferentes degraus existentes numa es

pécie ascendente e seriada de tempo, anatureza humana muda sua

estrutura. Além disso, nessa perspectiva Üuminista, existe ummomen

to histórico culminante, em que anatureza humana alcança seu está

gio final e perfeito.

ca desordenada de uma sociedade centrada no mercado. Essa resistên

cia enfraquece o poder de previsão da ciência social formal isenta de conceitos de valor, porque a pessoa tende a se transformar num sei mais do que totalmente socializado. Tal resistência desencadeia uma tendência normativa de pensamento, do qual a teoria substantiva de

vidahumana associada é porassim dizer umaarticulação inicial. Deixado à sua própria dinâmica, o sistema de mercado trabalha contra a COnstiratç^onfa-WdjJUJgiana associada, entendida mmouma comunidade dejmmensVmulheres.. Esse fato temmesmo sido admiti

o

"J temporáneas de pensamento. Nos escritos dos epígonos do Uurninis-

O poder de previsão da ciência social formal isenta de conceitos de valor precisa, realmente, ser reconhecido, mas devemos compreen der que esse poder só existe na medida em que o círculo de causali dade, ligando o mercado e a conformidade de comportamento do indivfduo a esse mercado, permanece sem perturbação. No entanto, no momento em que tal conformidade, por motivos que escapam ao âmbito desta análise, é passível de questionamento, como acontece em nossos dias, surge uma resistência psicológica, dirigida contra a dinâmi

do pelos própiír^economistasrPor exemplo, em 1913, Phfllip H.

Wicksteed descreveu o "inundo industrial" como uma "organização destinada a transmudar aquilo que cada homem tem naquilo que ele

.

Sem dúvida, a visão serialista da existência humana na bistõna

§&

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tem implicações comparativas^djacrôniças esmcranjcas. Quando ava liada em comparação com aestrutura que supostamente deve alcan

çar em sua fase culminante, aexistência humana, em períodos históri cos anteriores, éconsideradaJnperteua^ii, namedida em que nem to

das as sociedades contemporâneas tenham atingido simultaneamente o

mesmo grau de progresso, aexistência humana nessas sociedades me

nos desenvolvidas, que caminham atrás das mais avançadaá ou mesmo

historicamente em fase terminal, é também, necessariamente, imper

feita. Por exemplo, anoção dejrerçejroJJunjp reflete avisão seriabs-

laliãhistôria de hoje, já que pressupõe o segundo e o primeiro.

39 38

-fí/e^

•-: ... -tr

história se desenrola. Por exemplo. Condorcet, Turgot e Saint-Simon sentiram-se compelidos a desvendar os estágios necessários da história. Aciência social contemporânea é um rebento do clima intelectual de

liana, marxismo eneomarxismo, ecomo as **»**»** dessas tendências com fenomenologia e- ou - ^ ^ ^ ^ Do ponto de vista dos critérios comparativos dessas%****» de pensamento, tais como, por exemplo, vanáveis de prtooe^ gios de desenvolvimento, as diferentes sociedades do:mundocontem, porâneo estão classificadas em fila indiana, apontando na dtaçtt»£

_ca*,Adam Smith reinterpreta a história, descrevendo a sociedade co

rios são armadilhas epistemológicas e ideologias disfarçadas que fo mentam uma errada compreensão dessas sociedades e que as desviam

Sob a influência do critério serialista do Iluminismo, vários auto

res imaginaram ter compreendido os padrões de acordo com os quais a

í

que esses autores são representantes. Na Riqueza das nações, por exemplo, onde é apresentado encorpo çonceptual da economia polftk-

(

mercial como suafase culminante. Auguste Comte e Karl Marx empre enderam esforços semelhantes. Vêem em suas próprias épocas a imi nente culminação da história, definida, respectivamente, como a idade positiva e a sociedade socialista.

(

ciência social, e toma-se evidente na maneira segundo a qual os cien

í

tistas sociais focalizam temas como mudança social, estágios sociais,

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de seu imperativo crítico de auto-reconstrução. As políticas emanadas

desses critérios funcionam, na prática, no sentido da escalada da oddentaüzação do mundo todo._Um.Jlos resultados desse P™çesso, ^m

que estão presas as chamadas nações do Terceiro Mundo, éTaègfãdí

ção de sua! SlülllIiJ^^

Hoje, a disposição serialista continua a ser característica da

contamina de mnrtfi W™«M"™» WW***#**^2gS^ um dos fatores primoriiais-aJhei dificultar aauto-jeçqnslruçao. Aso lução do problema criado por tal sentimento éconceituada por via da categoria serializada do desenvolvimentismo, em ^terpreteçto padroncada, ou na interpretação marxista. Essa mentalidade adventista mais do que aescassez de recursos, constitui oobstáculo fundamental à auto-articulação cultural, política e econômica dessas nações. Para poderem superar essa cilada, toma-se imperativa UMPtimiTnmakten-

modernização, desenvolvimento, pós-industrialismo, sociedade indus trial desenvolvida e socialismo.

(

(

chamada sociedade avançada, ou esclarecida. Na realidade, tais cnte-

Esses termos têm sido solapados pelos acontecimentos contem

porâneos, tais como o desencanto com o industrialismo, o mal social característico das sociedades avançadas, e a exaustão de recursos limi tados e poluição do meio-ambiente. Em conseqüência, tomaram-se

logiasocial do Ocidente.

objeto de crescente literatura revisionista. Por exemplo, reagindo aes

Pode-se concluir que tal ruptura é imperativa, se devem as cha madas nações subdesenvolvidas encontrar uma saída do processo aque

sas circunstâncias, alguns teóricos empreenderam um desajeitado es

forço para libertar as noções de modernização e desenvolvimento de

foram conduzidas. Mas o ponto que desejo salientar aqui éque os ter

seu engaste histórico. Na vejjade. a noção dejnojdernização dá origem a tantes^rguntasjteiconcejrarite^-íiue está a-ponto^ser-abolida_da_ c

linguagem dos cientistas,sociais formais. Numerosos escritores estão

o

o aumento irrestrito do PNBjnas. essencialmente, corno uma indica

e

o o o o o o o o o O

mos dessa ruptura não podem ser encontrados através de nenhuma re modelação da ideologia serialista do Ocidente. Eesse rompimento pro

vavelmente não ocorrerá a menos que os povos sejam ativados para

àgÕrãTéntando reconceitua7desenvolvimento, não como significando

ção da"gíeíhoria quàí\t^v2~^\mbien^Jmnm^. sobretudo, como processorLTèqualização sociaTTeconômica. Impressionados com o fa

to de que sucessivos programas de modernização e desenvolvimento, implementados no Terceiro Mundo, não lhe alteraram a situação de dependência, no arcabouço atual dadivisão internacional de trabalho,

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construir imediatamente, partindo daquilo que já tem, umapiedade

racional, entendida em termos substantivos e despojada das atuais conotações serialistas efuturistas. Ocomeço eofim da histona nao se

constituem de categorias serialistas. ^BJ^l^J^^^

o>y

apreendidoatiavésJeciOjTir^^ ««£ demo período oridental, folanTelas experimentadas como imediata

alguns neomarxistas alegam post hoc que tais programas foram sempre arquitetados para servir a propósitos imperialistas.

mente presentes a qualquer sociedade, mediante apropna autocom-

Por significativas que essas opiniões certamente sejam, comosi nais do colapso da modernidade e do desenvolvimento, contudo não apreendem a questão, quer dizer, os representantes dessa corrente não encararam, com agudeza, a atitude serialista da mentalidade adventista e os alicerces pseudoteóricos do tipo padrão de teoria social formal. Continuam ainda enredados na metaideologia desse tipo, de mentalidade disfarçada como funcionalismo 'estrutural, dialéticahege-

minação hegemônica sucumbem, afinal, as sociedades adisposição se

preensão como um microcosmo - eordenaram com freqüência avida das pessoas. No passado, como presentemente, porém apenas sob do

rialista constitutiva da privação relativa, e essa condição episódica da natureza humana não deve ser entendida como aprópna natureza hu

mana (Outras considerações sobre oconceito de tempo esuas impli cações relativamente aos sistemas sociais serão apresentadas no capi tulo 8.) 41

40

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l^l&^^S^* ™»*foi precedida, de M oímento horizontal no espaço histórico (ou ocorreu simulta2ZSZZ ™» arcabouçJplanetário institucional de nossos aSTnão há mt perspectiva para um êxodo no sentido horizontal. Se Í5 mptura histórica"tiver que acontecer em nosso tempo, terá que|

a^mir ocaráter sem precedente de um puro êxodo em compacto ^vertical, isto é, através de uma mudança no íntimo das pessoas,

um inicio de que, no presente, as pessoas ainda podem ser mobdrza-

em sua orientação relativamente àrealidade enos critérios de percepão rdelição de suas necessidades edesejo, Aimagem retóricai das cortinas associada com os experimentos soviético echinês, pode ser

possam por certo ser consideradas malogradas, uma vez que nao vao

2 para tentar! rompimento, embora essas experiências comunistas

2.5 Da ciênciasocial cientistica

que ultrapassa oalcance desta análise.

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M^p, «nriri formal écientística, isjoJJ_r^ne_d^priUiSa^

um êxodo genuíno do Ocidente, éassunto para um tipo de discussão

SHa disposição serialista da ideologia do Ocidente. Se éhoje viável

\

omodelo da H^r^lir^^^ realidade éreduzida apenas^^^^^^^^S" serialista em relação à realidade.

^

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b

declaração é significativamente citada por W. Heisenberg, num ensaio

em que tenta conciliar Copérnico, Galileu, Newton ei ciência física em geral com atradição clássica. Ele vê atrajetória histórica da físi

ca não como algo radicalmente descontínuo em relação a tradição clássica, mas como uma "história de conceitos" (Heisenberg, WJS, p 561 como crescente diferençiacjQ do conhecÜTiento_jlaiL^strvijuias-,

estáveis da realidade. Equipara as construções matemáticas aos arqué-

üp^Tde Platão (Heisenberg, 1975, p. 55). Uma tonalidade platônica

natureza exterior éilusória ou "obscura", L!J^/^£L££-

ainda mais forte é característica da visão de Eddington sobre os fenô menos físicos. Para ele, a solidez que o olho "não educado ve na

. .

mais éfmeum tipo simbólico de cojAgçmienjpjMealidade (Edüing-

Aciência social formal, particularmente em sua convicção beha-

ton7T974,p.XV-XVne318).

viorista. é cientística no sentido já elaborado. Seu conteúdo tendencioso tem sido objeto de vários estudos críticos recentes, todos eles sugerindo que a funcionalização de sua linguagem e sua orientação centrada em método acabam por converter a ciência social em uma forma disfarçada de ideologia e tecnologia. Ailustração desse julga mento será apresentada aqui através de breve apreciação da noção

Aciência política formal é apolitica, no sentido de que perde

behaviorista da ordem política e dos critérios nacionais de comparação.

completamente de vista adistinção qualitativa entre avida política,e_a

vida social. Na realidade, equipara greganedade social à ordem políti ca e o resultado dessa confusão é aabolição do elemento político da vida humana associada. Por exemplo, é alegação de David Easton que

lHê~Ssenvoive ainda mais essa opinião, como se segue:

^sociedad^'é aunidade social, maisjbrangentóque coiiheçemos_,

atividade econômica, a estrutura social e coisas que tais. Uma socie

"A atividade política é vital numa sociedade. Mas também osão a

realizar seus propósitos sem providenciarem para que haja bens eservi

dade tem numerosos aspectos eéimprovável que os homens consigam

ços por exemplo, assim como acompetente alocação das coisas valori zadas Marx, ao que parece, defendeu oprimadoiajagnomia, alguns

de e moGvâiâo. Ofato éque, no nível geral da vida societária, cada

cientistasjodais insistiram no domínio da cuipi ou ^ « ^

19 Apud Mfller, Eugene F. David Easton's poütical theory. 77,* Political Scien-

to. Uma interpretação multicausal, interativa da sociedade, parece

uma das grandes áreas da atividadehumana contribui com asua parte num proces^o^tôiaSen^St^A política penetra atotalidade da vida, mas omWTazãnTecon^mia, acultura amotivação eores 11 Sobre importantes avanços históricos, veja Voegelin (1968).

43

ce Reviewer, Autumn, 1971.

42

18 Veja Heisenberg (1975, p. 56).

* N. do A. E não um método.

que "é ... teoria* que decide aquüo que pode ser observado . Essa

te da premissa da ciência cientística. Einstein, por exemplo, parece que evita se permitir o puro cientismo. Não é por acaso g» ™£»

Écerto que os cientistas naturais não partilham, necessariamen

Whitehead chamou de "falácia da concretidade mal locada .

dos Considerar essa forma de conhecimento como oparadigma do sa ber em todos os domínios da realidade é precisamente aquúo que

Vcientíta~As conclusões da ciência cientistica podem, eventual mente ser validadas, embora devesse ser frisado que as mesmas se res tringem aum nível de realidade cujos limites precisam ser reconheci

importância das questões operacionais. Alega, t+mm+mM**^ vtâ -^ CS" todo etécnica não são padrões de verdade_e de adequado conhec^.

ficado. Aprópria ciênciãTõclâTcIênTisI^^ P0Sl
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quanto esta persistir em ser uma faceta da ideologia adventista se"^^-«SS^tom tipo de primazia, imediata, deum ou outio

CTso^roXno?^ ?^£ÍLL^nW outra asp^

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£S l^todTseletivo, por motivos especiakMas édrfk0 ^:9 < Sn^midei ser encarado como 'formativo', em algum sentido importante" (Easton, 1973, p. 294).

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rialista.

^_ ,

Aparentemente, aciência política formal descartou a> "J» « um bom sistema de governo como uma legítima preocupaçSojr?Ka-

Todavia, e precisamente quando são considerados >" c™01

comparativos, ateoria formal envolve, disfarçadamente. aidéia de que

o bom e o melhor são representados por jujnjhfdos como progresso,

benvêstor, industrialização e pelo aparejhamento institeçjpnal que habãitiTas sociedades aalcançarem essas metas. Por exemplo, na tingua-

gem ribemitiea atualmente em voga, osistema de governo êdefinido

c^otrasisitema mecanomórfico, e o estadista como seu operador

tre os teóricos políticos formais. Partilhando de sua idéia de que oele

(Deutsch, 1966, p. 182-5). Sob esse aspecto, é*e levado aadmitir que ._f***Mfft An «mriectmpntn nnlíticn.depende, sobretudo, dajuaKd* de e da quantidade da informação dfeprâtível. Ese, como foi estima

independentemente da natureza de seus princípios normativos. Para eles aordggjgjítica existe numa sociedade enquanto^mesmajema^

conhecimento político iria requerer milhões de cartões padronizados da IBM,31 falando em termos práticos, temos que aos computadores,

A afirmação de Easton érepresentativa da confusão reinante en

mento político pertence ao mesmo nível do econômico edo social, esseTteôricos equiparam aordem política ao controle da vida gregána,

^nàadaaT^stitedonal de mdrár os cidadãos aacatálêm^respecti-

^g-piar5el ou de axticujaj^agregarjnteresses ny^^fingrasti^ numã^oSaÓMtável. Coerentecom essa visão puramentéoperacio-

nardrõHenT-pòimcaTím autor sente-se seguro para dizer que nao "considera... regimes autoritários que começaram acaminhar na dire ção do progresso e do bem-estar... normativamente infenores aos democráticos e desenvolvidos" (Almond, 1973, p. 268). Assim, os sím

bolos representativos de um precário período histórico, tais como "progresso", "desenvolvimento", "bem-estar" e entidades mstitucio-

nais fpisódicas, são eles próprios transformados em criténos de avalia

ção da realidade política em seu conjunto." Nessa disposição, uma

nova área de estudo, ajormação de instituições (insrítution butídtng),

do" o mõfàSte^iiifonnação atualmente necessário para o acurado

e não aseres humanos, deveria ser atribuído o papel decisivo de diri gir osgovernos contemporâneos.

Pode ser bastante verdadeiro que a direção dos governos indus triais desenvolvidos possa de fato repousar em critérios quantitativos

(Deutsch, 1966), de preferência acritérios normativos éticos. No en tanto, atribuir um caráter paradigmático àcondição desses sistemas de governo eqüivale alegitimar amarcha cega da história da humanidade.

Semelhante abordagem em termos de mformaçjo (Deutsch, 1966,

p 145-62) congela grosseiramente o atual poder de configuração do

mundo e, finalmente, interpreta a dicotomia entre desenvolvido e subdesenvolvido como umjulgamento ético, histórico, quando naver dade a mesma existe no sentimento que as pessoas têmde relativa sa

destinada ao^ercfi^ojâunHglpelo quartel-general dos acadêmicos oci dentais, foi recentemente concebida, no pressuposto de que tal esfor

tisfação e de privação relativas, mais do que nas possibilidades concre

vê minada pelos acontecimentos contemporâneos, que revelam ajnre-

2.6 Conclusão

ço requer apenas perícia operacional. Não constitui surpresa perceber que ateona política formal se

cariedade histórica de seus critérios. Seus conceitos de ordem políti ca e de desenvolvimento político, despojados de dimensões explici tas substantivas eéticas, provaram ser tão teoricamente mconastentes

tas de seus contextos.

Toda teoria da organização existente pressupõe uma ciência so cial da mesma natureza epistemológica. A contrapartida da atual teo

que o caráter ideológico dessa disciplina mal pode escapar àatenção.

ria da oreanizaçãb éaciência social formal. Acontrapartida da nova ciência da organização éaciência social substantiva. Neste capítulo foi apresentada uma breve caracterização desses dois tipos de ciência so

» Sob opredomínio de tal orientação, nao í siirpie^ente enconttaras

"HáX^nSatrfs. Kari Deutsch predisse que por volta de i975as ex*enctos

Essa situação crítica não é, de forma alguma, peculiar apenas àciência políticaTi característica de todo ocampo da ciência social formal, entes afcmaçfenum importante tratado de teoria i»tftica:" ^ e bomFJ» a GhSmSots ébom para opaís* contém, pelo menos, uma« ^ ?"**£.?

qTéTomZaa presidência /bom para opaís* contém, no entanto, «£~** rmai^.^erdVpiesidêncU i identificado com obem da comunidade po lítica" (Huntington, 1968, p. 26). 44

!*J Itysglü&fê&p&çi&t- •:!^>'-,7

ai Emafnmaçfef«extiattadeSartoria970).Esiieveele:

^

de intacta da ciência política seriam atendidas pelo 'equivalente auns 50

milhões [dVcartôes IBM] ..*aum crescimento anua) broto de: taheruns 5mi

lhões.' Considero aestimativa assustadora..." (Sartori, 1970,p. 1.035-0j.

45

ciai Eu deveria salientar, porém, que embora em diferentes passagens do capítulo ateoria clássica tenha sido utilizada para ilustrar adistin ção os «Êmffe^ê^^m^^^^^^-^^^^l^. humanT^slo^dalão^erivãdos do exercício de um senso da realidade

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res~Há uma herança de pensamento humano que transcendej teona

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tes ^évHõTeYmdiosos contemporâneos, sensíveis ao caráter precáno

da idade moderna reflete uma premissa não articulada sobre anature

Cook, Scott. The Obsolete anti-market mentality: a critique of the substantive approach to economic anthropology. American Anthropo-

Éevidente,' portanto, que aciência social formal nunca poderá alcan çar onível de uma teoria verdadeiramente crítica. Na realidade, nem a

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za humana, a de que a própria natureza humana éum dado histórico.

história, nem a sociedade, pode criticar a si mesma, porque ojnstrumento de medida para essa crítica não se contém em nenhuma de suas.

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simpósio permanente, inteligível, no qual todas as gerações se com preendem umas às outras. Mas não é a própria história que nos permi te sermos inteligíveis e inteligentes. Antes, é a razão, em sentido subs

Dijksterhuis, E.J. The Mechanization of the world picture. Oxford,

tantivo, que capacita os seres humanos acompreenderem as variedades

históricas da condição humana.

Há um círculo vicioso ligando_a ciência social formal à disposi-

ção moderna, cu^sêdúção continuaiser tão eficaz que_amaioriadas pessoas loma; de fato, decisõeTsobre si mesmas espbreos problemas

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Galbraith, J.K. Economics as a system of belief. American Economic

aériiá constitui aessência daquilo que me proponho chamar dé síndro-

Georgescu-Roegen, Nicholas (1975). The Entropy law and the econo

dessa disposição. Aofuscação do senso comum pela disposição mo-_

riíé-comportamentalista, cuja discussão analítica seráerripreeridida no. capítulo 3. Aidentificação" dessa síndrome comõ"uma deformação, mãiTdo que como súmula da natureza humana, é essencial para que

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i 49

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na racionalidade funcional ou na estimativa utilitária das con*qüên-

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cias, uma capacidade - como assinalou corretamente Hobbe-^que o ser humano tem enu^inumxom os outros animais. Sua categona mais importante éaCconve^ciajEm conseqüência ocomportamen to édesprovido de conteúdoftico* validade geral. Éum tipo de con

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duta mecanomórfica, ditada por imperativos extenores Pode«et afa nado como funcional ou efetivo e inclui-se, completamente, num

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mundo determinado apenas porcausas eficientes.

Em contraposição, aação éprópria de um agente que delibera

f& ASI1MDR0ME COMPORTAMENTALISTA^

sobre coisas porque está consciente de suas finalidades intrínsecas. Pe-

Ateoria organizacional em voga não consegue proporcionar uma

cos Portanto, o desenvolvimento de uma nova ciência das organiza

vados aagi atomar decisões eafazer escolhas, porque causas finais - enão acenas causas eficientes - influem no mundo em ^ ação baseia-se na estimativa utilitária das conseqüências, quando

dar início a essa tarefa, diversas considerações preliminares fazem-se

gicos da teoria de organização existente, são oportunas nia» dguma*

Io reconhecimento dessas finalidades, aação constitui uma forma éti ca de conduta. Aeficiência social eorganizacional éuma dimensão incidental enão fundamental da ação humana. Os seres humanos sao le-

compreensão exata da complexidade da análise edesenho dos sistemas sociais eessa falha resulta, em grande parte, de seus alicerces psicológi

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ções exige uma explicação analítica dessa base psicológica. Antes de

,UÍt°Ar"ePpa^a identificação eao exame dos alicerces psicoló

°P° Primeiro as organizações são sistemas cognitivos; os membros

fonsiderações preliminares. 0ponto seguinte a^^^^

de uma organização em geral assimilam, interiormente, tais sistemas e assim, sem saberem, tomam-se pensadores inconscientes. Mas opensa

gem lingüística do termo comportamento esua relação com atendencapenetrante da síndrome comportamentalista. Em seguida, será sa-

mento organizacional pode mesmo passar aser consciente esistemati- ,.

O

co, quando articulado de maneira fundjmejuahsta. Es*^tipo depensamènto écaracterístico de teóricos, que artlcíIanTo sistemaoogdtivo

cia de um esforçolu^> sem precedentes para modelar uma ordem

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inerente aum tipo particular de organização como sendo um sistema

dada certa consideração aos conceitos de bom homem ede boa soc.e-

normativo e cognitivogeral.

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ociaí de acordVconT-cííTérios de economicidade. Fmaknente£rf

dade, na medida em que ambos influem na compreensão do conceito

da síndromecomportamentalista.

Ã~maio7íarte daquilo que é usualmente denominado eona da

cional. Considera como normais e naturais os requisitos organizacio

o o c o

cionaLUma teoria científica da orgariizaçãohaõlèbaseia em sistemas

nais tal como, por acaso, são encontrados sobrepondo-se aconduta

humana como um todo. Em contraposição, uma teona da organização verdadeira e científica tem seus próprios criténosristeAcnténos que

não são necessariamente, idênticos aos dalejjciêncjajoçiâl>e oigaruz*

cognitivos inerentes a qualquer tipo de organização existente, mas an tes faz a avaliação das organizações em termos da compreensão da

conduta geralmente adequada aseres humanos, levando em considera

ção tanto requisitos substantivos como funcionais.

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Segundo, propõe-se aqui uma distinção entre comportamento e ação, para esclarecer o reducionismo psicológico da atual teoria de or ganização. Ocomportamento é uma forma de conduta que se baseia

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50

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uSo^a-^iromicomportamentalista surgiu como consequ n-

organização édesprovida de rigor científico^ é, antes, tautologia dis- -^ -farçada ou, quando muito, disfarçadopensaniento organizacional, pen- \~* samento que aceita, por seu valoraríamos critérios merentes aorgankação% éT^e hfesInõTsu^proSn^ó próprio processo organiza

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Não é por acidente que, no mundo ocidental, comportamento

só recentemente passou aser vocábulo de uma línguafranca, indicado

ranunca do foipavões FZ*Mm^*^^em± Ag™ usada na ImguagemWe^aTenla^^ acordo cornos dicionaristas, começou a ter aceitação lingüística po

voUa ditados volta de de f49^e 1490Ae significava significava conformidade contormiaaoc aordens a uiucu» ecostumes c "i — vuiia wi< , o„„„~c Ait
^5> pelas conveTüinciat exteriores. Mesmo em nossos dias, apalavra nao

<í4^oL perdeu sigroificadíLori^^ £ egoriaseude^co^±r*nlo^^^

neghgenciadõrp^uTTconTonnidlld^

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send.° ™ que égeralmente

mente estabelecidos foi transformada em padrões de moralidade hu mana em geral. Homens emulheres já não vivem mais em comumdaoTonTe um senso comum substantivo determina ocurso de suas ações Pertencem, em vez disso^juwciaia^^ pouco

S além de responder .ry^^or^^^ indivíduo tornou-se umacriatura que secomporta. 51

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Asíndrome comportamentalista é uma disposição socialmente condicionada, que afeta avida das pessoas quando estas confundem as

regras enormas de operação pecubares asistemas sociais episódicos

com regras enormas de sua conduta como um todo Asíndrome conaportamentalista, isto é, a ofuscação do senso

pessoal drcntérios adequados de modo geral à conduta humana, tor-O,

nou-se uma característica básica das sociedades industnais contempo- XJ râneas.

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mo; c) oformalismo; d) ooperacionalismo. Serão mdicadas as cone xões entre esses traços eamentalidade imposta pelo mercado.

3.1 Afluidez da individualidade —^ fC' -s ' A"individualidade fluida" é uma expressão usadai por Axnold

Essas sociedades constituem a culminação de uma experiência histórica, a esta altura jávelha de três séculos, que tenta criar um tipo nunca visto de vida humana associada, ordenada e sancionada pelos

Hauser em seu estudo do maneirismo, estágio inicia^ da arte moderna

da certamente que bem demais. Não apenas omercado e seu caráter

de, se transformou numa síndrome psicológica das sociedades cap.taüs as. Hauser destaca Montaigne como um e^01^0™^™™* rista ecomo um dos melhores exemplos da indmduahdade flu da_In-

processos auto-reguladores do mercado. Aexperiência foi bem-sucedi-

!

Concluindo estas considerações preümmares,volo-me W

ra uma discussão analítica de V^>^^^nt^^ comportamentalista: a) afluidez da indmduahdade, b) «Perspecti^s-

utilitário tomaram-se forças históricas e sociais inteiramente abrangen

tes, em suas formas institucionalizadas em larga escala, mas também demonstraram ser altamente convenientes para a escalada e a explo

ração dos processos da natureza epara amaximização da inventiva e das capacidades humanas de produção. No entanto, através de todo

esse experimento, o indivíduo ilusoriamente ganhou melhora material em sua vida e pagou por ela com a perda do senso pessoal de auto-orientação. Aisenção do mercado da regulação política deu ori

gem aum tipo de vida humana associada ordenada apenas pela intera ção dos interesses individuais (para a autopreservação), ou seja, uma

Assinala Hauser que aindividualidade fluida e^J"**™" ^J ív

dos artistas maneiristas anteciparam atendência que, séculos^mau ar- V "erpreta ofilósofo francês como afirmando que aavaliação das coisas

nâ?tem base permanente eque "nada ébom ou maue^« (Hauser 1965, p. 49). Criados pelo homem, os valores nao sao per

pétuos,'imutáveis einequívocos... anatureza humanaé fraca eminstante, num estado de eterno fluxo, suspensa entre d erentes estiv dos, inclinações, disposições, porque está em continua transiçãot

sua verdadeira natureza não está na permanência, mas « ™^H (Hauser, 1955, p. 49). Assim escreve Montaigne, significativamente,

sociedade em que o puro cálculo das conseqüências substitui o senso

em seu Ensaios:

comum do ser humano.

Como expliquei no capítulo 2, é impróprio considerar como ciência social formal aquela que se baseia nanoção comportamental

"Não retrato oser; retrato aquilo que passa... Se minha mente pudes- x se encontrar uma base firme, eu não escreveria ensaios, tornaria de-

do ser humano. Essa chamada ciência equipara a natureza humana às características de um certo tipo de sociedade que é, ela própria, um mero acidente na história. Essa ciência trata de socialização, de acul

taigne, 1975, p.611).

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turação e de motivação como se os padrões do bem fossem inerentes

a uma tal sociedade.1 Em vezdisso, deve sercompreendido que todas as sociedades são menos do que boas; apenas o serhumano, eventual

mente, merece ser caracterizado como bom. O bom homem, por sua vez, nunca é um ser inteiramente socializado; é, antes, um ator sob tensão, cedendo ou resistindo aos estímulos sociais, com base em seu senso ético. Na verdade, osprocessos não regulados do mercado jamais

podem gerar uma boa sociedade. Tal sociedade só pode resultar das deliberações de seus membros em busca da configuração ética, subs tantiva, de sua vida associada.

J Assim, como diz Reichenbach, a ética serviria apenas para "informar-nos sobre matéria de fato. Esse é o tipo de umaética descritiva, que nos informa sobre os hábitos morais de vários povos e classes sociais; essa ética é umaparte

da sociologia, mas não é de natureza normativa" (Reichenbach, 1959, p.276-7).

cbteÜ mas ela está sempre aprendendo eexperimentando (Mon-/ Sustento que afluidez da individualidade não pode ser inteira mente explicada sem que se vincule esse fenômeno àforma de repre-

Tteão a^vés da qual as sociedades capitalistas teÇtunj^J» • mesmas. Implícito nas variadas formas de representação característi ca! de sociedades medievais, bem como de antigas sociedades ede nu

mero Sociedades contemporâneas não-ocidentais, está oproposto

Jeque ouniverso, em seu conjunto, constitui uma ordem coerentee

que aprópria comunidade humana éparte dessa ordem. Cada uma dessas sociedades se imagina como contínua, porém precária, representação da ordem cósmica, num mundo de histona ede mudança. Aqui lo que oproblema da representação acarreta para tais sociedadesêo que há de verdade na existência delas. Afonte de sua auto-mterpreta.

ção éoparadigma meta-histórico que oferece adequado ponto de re

ferência como uma estrutura normativa para a conduta humana em 53

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eeral2 Como ahistória do mundo eas mudanças circunstanciais sola

pam,' continuamente, aconsciência que oindivíduo tem desse para digma essas sociedades promovem, de vez em quando, cerimonias de

autopúrificação e de restauração do senso comum dos fundamentos nam os meios para aexpressão da identidade individual.

meta-históricos. Em tais sociedades, os indivíduos encontram base fir me para o desenvolvimento de suas identidades, e há padrões para muitos papéis e para muitas vocações, mas esses padrões proporcio

Nas sociedades modernas, a representação é um processo pura

mente sociomórfico; já não émais uma legitimação da verdade da exis tência comunal sobre fundamentos meta-históricos. E, antes, uma litá-los a acomodar seus interesses pessoais.3 Asociedade moderna nao

exigência para apacificação negociada entre os indivíduos, para habi

trato amplo entre seres humanos." Assim, a conduta humana se con

se reconhece como miniatura de um cosmos maior, mas como um con

forma a critérios utilitários que, aseu turno, estimulam afluidez da in dividualidade. Na verdade, o homem moderno é uma fluida criatura objetivas de conveniência.

calculista, que se comporta, essencialmente, de acordo com regras

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Não é por acidente que Hobbes, que é a fonte de maior autori dade em relação ao moderno conceito de representação, concebe oin divíduo como um seguidor de regras. Para ele, bom emau são simples denominações, cujos significados estabelecem-se convencionalmente. ^ No conceito de representação consistente com esse ponto de vista, a ^ imparcialidade substitui a verdade. Asociedade é um sistema de re-A> J• $ gras de uma determinada espécie. Se oindivíduo acede em tomar par 4> te nele, reconhece que sua conduta está limitada à órbita de um con

trato 0 bom cidadão obedece aprescrições externamente derivadas. ^ Averdadeira ação éestranha asuas transações com as outras pessoas. \^-J

vácuo meta-histórico, não dispõe otoàiríéaoàoplÊofinm^ç^ào firmai processos emudanças que constituem denvativos de um movi

para que sua identidade se desenvolva. Ele é. :antes.compelido aen

mento amo-induzido eindefinido do agregado iriiOW

demo éotolo enganado por uma fé g^^^gg^ag

Bíblia; parã-õTcnTntes alè éaesperariçâ^ãTcõisas,que>™*°*J™ vistasVeW^ntinüa^ente afetando ouniverso ec&ndc, iscado

aõcurso-dõs acontecimentos. Mas, sem dispor de raízes meta-històn caie rriltaslóciais, a mente leiga moderna transpôs, mais do que eü-

minou, seus artigos de fé: agora ela acredita na mão=mjüSiyel_dj ^^=fõde ser deduzida uma certa epistemoíogia dessa condição, de

como ativados exclusivamente por causas eficientes. Essa, alias

a

acordo com aqual os processos eas mudanças têm que ser exphcados

epistemoíogia em que se apoia aciência socai convencional. Na lin guagem que prevalece nessa ciência, expressões como orientação para Oprocesso t orientação para amudança determinam afe errônea na abXita transitoriedade das coisas. Tal compreensão de proce sos e mudanças édefeituosa e unilateral, por 'azoes lógicas que indicarei,

mtu ão deÇHeráclito~ée ^lõdãsãs coisasfluem, fs considera mais

deduzidas das investigações filosóficas de Alfred North Whitehead Um dos muitos méritos da filosofia de organismo de Whitehead éaelucidação do conceito^e^ròcèsSo, Reconhece ele como valida a

alguma coisa (Whitehead, 1969. p. 240). Ofluxo das coisas éaconcre-

adequado falar do fluxo das coisas, uma vez que todo fluxo éfluxo de

tizacão de seus padrões imanentes e, portanto, resulta inteiramente de causas eficientes efinais. Ofluxo das coisas éobjetivamente condicu,

nado pelos dados constitutivos do mundo determinado etambém pela experiência particular de suas finalidades. Não existe fluxo indefinido do nada para onada. Para ser exato, as coisas tomam-se algo seletiva mente, finitamente. Um tomar-se algo não-seletivo, mdefinido, éin

concebível. As coisas são processos finitos e"epocais'. Perecem como

do através do fluxo das coisas" (Whitehead, 1967, p. 201).

'55

Ocaráter da realidade existente écomposto de organismos perduran

xo de circunstância eafrescura de ser se evapora sob amera> repetição.

recem sempre em algumas corporificações particulares, seja qual for, ocan\po que explorarmos - o^mútoM^m^ oejp^oje conservação. Nada pode ser real sem ambos. Amera mudança sem con- | emção^é uma paLgem do nada para onada A-era conservação sem mudança não pode conservar. Porque, afinal de contas, ha um flu-

"Há dois princípios inerentes àprópria natureza dás coisas, que.apa

processos, embora sejam perpétuas como padrões. Numa síntese,

Ele só é capaz de ter comportamento.

Whitehead apresenta sua idéia de fluxo, como se segue:

0 fenômeno caracterizado por Hauser como a fluidez da indivi

dualidade é peculiar à sociedade moderna e constitui uma das princi pais facetas da síndrome comportamentalista. Na sociedade moderna, não se supõe que o estado dos negócios cotidianos do mundo seja ve rificado segundo um paradigma de ordem cósmica. Em tal situação de (1952) eEliade (1959).

2 Sobre representação e seus fundamentos meta-históricos, veja Voegelin 3 Hirschman (1977) trata da questão dos interesses, na forma pela qual se relacionam com o surgimento do capitalismo.

4 L. von Stein assinala, corretamente, que a sociedade moderna é constituída quando a "organização davida econômica se transforma naordem da comuni

dade humana" (von Stein, 1964, p. 47). Conseqüentemente, "a percepção dos [interesses] regula todas asatividades extrínsecas ... estásempre presente e viva em cada indivíduo, determinando suaposição social" (von Stein, 1964, p. 55). 54

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Whitehead esclarece, em essência, que dissociada da categoria ser (• imnossível conceber acategoria de passar ou mudar. Wkwe perguntar o que foi que, na histona moderna, gerou o

senJanto geneSzado da permanente transitoriedade de todas as

tir do século XVÜ. Em última análise, aciência moderna ve anatureza

qualquer sociedade. Mas somente na sociedade moderna éque oindi víduo adquire a consciência desse fato. Essa sociedade gera um tipo peculiar de conduta, que merece ser referida como comportamento, e para comportar-se bem, então, ohomem só tem que levar em conta as

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como partículas de matéria em movimento, erepresenta os valores co

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Em conseqüência, numa visão fluídica, com a^terpretação da

sociedade como um sistema de regras contratadas, o mdividuo e eva-

ST tãcbem articulado por Montaigne. Uma parte da resposta éda da Õdo conceito de natureza característico da ciência moderna, apar

(

3.2 Perspectivvmo

mo adventícios, em relação ànatureza. No domínio da vida cotidiana,

essa visão filtra-se como um sentimento de uma permanente e sem

propósito transitoriedade das coisas. Reduzidas apartículas de matena_ em movjrrjenio^âo-elas^jacebidas^o

TnHnri^rTaiTi^ancI Se valores epropósitos não podem ser consi^éráaoT^oTneWteTàs próprias coisas, estas estão fadadas ase en

cadearem num mundo em infinita progressão. Nesse mundo nao há um tomar-se algo, visto como o processo das coisas não pode ser ava

liado independentemente do pressuposto de que as mesmas sao dota das de experiências privadas de realidade, ou de finalidades próprias. Aquestão admite, também, outra resposta parcial. Ciientimento_ de transitoriedade das coisas, permanente e sem propósito, é uma con-

seqüêncnHh^&nSrtZa^áõacrítica, pelo indivíduo, da auto-represen-

tacão da sdCToe moderna, que se define como um precário contrato

entre indivíduos que maximizam a utilidade, na busca da felicidade pessoal entendida como uma busca de satisfação de uma interminável sucessão de desejos. Para além das fronteiras sociais, não há significa ção para esse esforço. Uma vez que, em conseqüência de seu caráter competitivo, omundosocial como_um_lfldn se toma estranho aojio-

mem este terTteãipeTSr sua alienarão, seja anulando-se através da passlvT conformidade a papéis que prevalecem aqui e ali, ou recolhendo-se dentro de si mesmo, afirmando assim uma identidade demasia

damente consçienteJe_iuriesjnâ1 Mas já que ocentro ordenador de

sua vida não está em parte alguma, sua jdenlidadfi é de sua propna

criação. Essa forma de cultivo da individualidade acaba em narçisisTrio~*~Ã psicologia, ela própria esquecida de tudo que possa transcen

do acompreender que tanto asua conduta quanto^çpn^ute dos ou tros é afetada por uma perspectiva. Toma-se um^spectivist> Ecer to que aperspectiva ésempre um ingrediente da conduta humana, em

cWe^iaS^riw^ os pontos de vista alheios eos propósitos em

jogo.

Ao discutir ocrescente destaque do perspectivismo como um as

pecto fundamental do alicerce psicológico da teoria de organização que ora prevalece, será útil fornecer alguns antecedentes históricos do termo. Aperspectiva, como djmensão da exrnejsão humana,Ltranjfo-_ mou.se nuVteímTtécnico, primeiro no domínio da pmtura, Na reahdade todos os estilos de" pintura se caracterizaram por uma certa pers

pectiva. Mas somente na fase final da Idade **V"^f\|^ tiva aconstituir objeto da atenção do pintor. Q'* ^? fl^t admite aue aquilo que o artista oferecejiumjejajiaojjirna copiada Petrarca (1304-74) repetiria Giotto em sua máxima: Cada um de

veria e" nVver «u próprio estilo." Foi, porém, Uon Battista Alberti (1404-72) quem teve a percepção das leis da perspectiva como um objeto de investigação científica formal. Subseqüentemente na este, ra da revolução comercial e industrial, aperspectiva deveria tornar-se, cada vez mi, uma categoria sistemática de trabalho artístico, assim como uma característica da conduta humana em geral.

No século XVI, florescia na Itália um mercado de arte. 0 que as

pessoas de gosto compram, num tal mercado, é, preferentemente avx-

deias persuasões sociais que agem sobre arisjau^Jiumariii^e^

síL pessoal dos artistas. Oelemento pessoal toma-se amarca regrada dobras de arte eaapreciação dessas obras requer uma certa iniciac7o na? mLiras peculiares aos artistas. Os historiadores destecam

clínicas psicológicas, o indivíduo que se isolou da realidade éencora jado alancar-se àprocuraja_pjópria individualidade, mas édiscutível que essa procura possa jamais ter sucesso, num mundo ordenado de

naquele século, quando oconnoisseur encontra P*la P™^"2£" oportunidade de ganhar sua vida nos centros artísticos da Itáta. E.de

petitivos. Quando a condição humana é presumida como apenas so cial, a fluidez daindividualidade é inevitável.

artistas iá percebem que trabalham para um mercado. 0 conceito da oropriedade intelectual, desconhecido na Idade Média, é agora reco-

xílio do indivíduo. Anossa é uma era d
acordo com regras contratuais de agregação, social de interesses com

onv"enmtemente,Po maneirismo como a%£*£*"£$£

um comerciante eum corretor entre os artistas e«£^jjj•« SfoaSa éum empresário, habilitado areclamar direitos de

s Sobre esteponto,veja Hauser (1965) e Lowenthal (1968). 57 56

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nados como expressões legítimas da conduta humana. Dessa forma, louva atos deploráveis para o senso comum. O príncipe não deveria

propriedade sobre seus trabalhos, que pode ou não vender ao público,

de acordo com o preço domercado.6 No entanto, nessa época, o perspectivismo não está confinado aos meios artísticos. Constitui uma feição davida diária de umnúme ro crescente de pessoas, envolvidas em atividades propiciadas pelo

considerar seu dever a prática dequalidades "consideradas boas", por

que elas podem resultar na sua "destruição". Há qualidades "quê pa recem vícios mas que, se ele as pratica, lhe poderão trazer segurança

e bem-estar" (Maquiavel, 1965, p. 59). É certo que "todo mundo", diz ele, "admitirá que seria muito louvável que um príncipe exibisse [as] qualidades... consideradas boas... Mas nenhum governante po

emergente sistema de mercado. Na realidade, o mercado é a força subjacente, geradora da visão perspectivista da vida humana associa da. Poder-se-ia dizer que Maquiavel encontra nascondições que preva

de possuí-las, ou praticá-las inteiramente, por causa de condições hu

lecem em seu tempo a inspiração para elaborar sua teoria política.7 0 perspectivismo permeia o pensamento de Maquiavel e um exemplo disso é a analogia usada porele na dedicatória â'0Príncipe a Lourenço de Mediei. A dedicatória em si é um recurso de conveniên cia, servindo à sua intenção de obter vantagens pessoais com suaadulação do príncipe. Mas o que deve sersalientado é a caracterização, que Maquiavel faz, da forma correta de estudar a arte de governar. Ele compara os estudiosos da políticacom "aqueles que desenham osma pas dos países". E explica: eles "secolocam bem embaixo, naplanície, para observar a natureza das montanhas e doslugares elevados, e para

manas que tal não permitem" (Maquiavel, 1965, p. 58). Os ensina mentos de Maquiavel significam que não apenas os príncipes, mas igualmente os homens comuns, têm o direito de pôr de lado os pa drões morais das boas ações, na perseguição dos interesses pessoais. Ele é, na verdade, um dos primeiros pensadores modernos que com preenderam os padrões motivadores imanentes a uma sociedade cen

trada no mercado. Tais padrões em geral e o perspectivismo^em par

ticular tomaram-se os padrões normativos da conduta humana.

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cos que inspiram aatual teoria de organização. Éuma característica da conduta humanaque se tomou externamente orientada. 0 termo é ge

ralmente empregado pelos historiadores da arte, incluindo Arnold Hauser, para descrever uma característica psicológica particular da so ciedade ocidental, no início de seu período capitalista. O formalismo

ainda é útil, hoje em dia, como uma categoria explicativa da conduta humana. Na realidade, tomou-se um traço normal da vida cotidiana, i

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um"mundo infiltrado de- relativismo-moTaCõTmTvTduo egocêntrico Ç._v

vos externos segundo os,quais-£|»íoduzida a vida social. Toma-se um

maneirista. De fato, oCa^neirismo' é} disposição psicológica exigida

/ porum tipo de política divoTciada-dó interesse pelo bem comum, por l/V\

" um tipo de economia unicamente interessada em valores de troca, e por uma ciência, em geral, essencialmente definida por método e por

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praxes operacionais.

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6 Sobre o mercado artístico na Itália e o surgimento da arte moderna, veja von Martin (1944).

7 Sobre o "momento maquiavélico",veja Pocock (1975).

P O comportamento é uma manifestação do maneirismo e é intei ramente capturado pelos critérios incidentais da arena pública. Seu significado exaure-se em sua aparência perante os outros. Sua recom pensa está no próprio reconhecimento como adequado, correto, justa

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a tipos formalistas de comportamento, isto é, sujeita-se aos imperati

Maquiavel distorce sistematicamente a linguagem teórica por despojá-la de qualquer substância ética, prática em que Hobbes mais tarde seria soberbo. Por exemplo, com Maquiavel a prudência ganha uma conotação desconhecida. Sua idéia de prudência é vazia de con teúdo ético. A prudência é mero cálculo de conseqüências, uma habi tica de interesse" (Wolin, 1960, p. 233), na qual "crueldade", "em buste", "logro", "usura", "guerra", "assassínio em massa" são sancio-

nas sociedades centradas no mercado, onde aQJjgjgjnria das renTas M^^ jubstitui a preocupação pelos padrões éticos substantivos. Exposto a J ' sente-se alienado da realidade e, para superar essa alienação, entrega-se

zir os cidadãos a serens bons através do sábio exercício da crueldade.

lidade a serviço dos interesses. É ele o fundador de uma "teoria polí

O

i O formalismo é um terceiro aspectodos fundamentos psicológi

sa ser instruído sobre a perspectiva do governante para preservar e aumentar os seus bens. Precisa compreender a perspectiva do cidadão comum para enganá-lo. O príncipe precisa ter sensibilidade para os im perativos cênicos, isto é, ser virtuoso por fingimento e capaz de indu

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3.3 Formalismo

tem que fazer parte da populaça" (Maquiavel, 1965, p. 10-1). Ma quiavel recorre a essa metáfora perspectivista a fim de declarar que o estudo da política requeruma integração dos pontosde vista tanto do príncipe quanto do povo. Para usar a terminologia de Mannheim, Ma quiavel já é um "relacionalista" completo e acabado. Seu relacionalismo, porém, não se preocupa coma verdade, mesmo emsentido relati vo. Preocupa-se, essencialmente, com a conveniência. O príncipe preci

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observar a dos lugares baixos colocam-se bem no alto das montanhas. Da mesma forma, para poder discernir claramente a natureza do povo, o observador precisa ser um príncipe e para discernir a dos príncipes,

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metodologia requerida para a conquista da boa reputação, um tratado sobre agerência das impressões. Por exemplo, falando sobre aindife-

ro, autores que Castiglione apregoa estar imitando, mas apresenta uma

Em contraposição, Castiglione está basicamente interessado na aprovação social. Assim sendo, descreve o comportamento palaciano como um padrão geral de conduta humana. Seu livro não éum tratado sobre educação, como aRepúbUca, de Platão, eoDe Officiis, de Cíce

guém" (Cícero, 1975, p. 17).

preocupa-se basicamente com aquilo que é bom de modo geral, além de quaisquer circunstâncias episódicas. Assim é que escreve: "Muito embora [a] excelência moral [de uma conduta humana] não seja de modo geral enaltecida, ainda assim édigna de respeito; e, por sua pró pria natureza, merece louvor, muito embora não seja louvada por nin

normas de conduta humana. Mas se alguém ler cuidadosamente o De Officiis de Cícero, por exemplo, perceoerá que o escntor romano nunca se rendeu à atração episódica de puramente palaciano. Cícero

panhia dê Cícero, que também éum autor de vários panfletos sobre

É de assinalar-se que Castiglione se coloca, a sipróprio, na com

constitui o traço essencial do behaviorismo.

crítica, Castiglione transforma historicamente critérios precários em critérios de boa conduta humana. Éexatamente essa identificação que

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61

cepções iniciais do certo e do errado possam ser derivadas da razão... Essas primeiras percepções, da mesma forma que todos os outros experimentos em que se fundamentam quaisquer regras gerais, não

de moralidade, e de todos osjulgamentos morais que formamos atra vés delas, é de todo absurdo e incompreensível supor que as per

"... embora a razão seja, indubitavelmente, a fonte das regras gerais

gregarismo. Escreve ele:

rios de economicidade, e a substitui pelo sentimento individual de

seu Teoria dos sentimentos morais, porém, Adam Smith torce oantigo significado de razão, com oobjetivo de harmonizar o termo com crité

te com padrões particulares de qualquer sociedade determinada. Em

mento e em qualquer lugar, eque não deve ser considerada coinciden

como razão substantiva, comum a todos oshomens, em qualquer mo

(Aristóteles, Política I, 1.253a, § 10). Em consonância com essa afir mação, salientou ele também que um bom homem não é, necessaria mente, um bom cidadão. Oque é enfatizado por Aristóteles é ofato de que o bom homem é, sobretudo, guiado pelo que se qualifica aqui

destinado à associação política, num nível superior àquele em que as abelhas ou outros animais gregários jamais poderão estar associados"

pode ser extraída da afirmação de Aristóteles, de que "um homem é

Aeste ponto da análise, a explicação da na^urezajtojonnalismo.

mar-se-ão emregras de boa conduta emgeral.

ta em geral. Pela própria identificação com tais maneiras, sem atitude

corte. Uma vez que a corte influía decisivamente sobre os negócios

admitidos em seu círculo transformavam-se em normas de boa condu

tiglione, 1976, p. 116). Num período posterior da sociedade ocidental,

cortesão a "prestar atenção ao lugar e à pessoa em cuja presença estiver" e a "regalar os olhos daqueles que oestiverem olhando" (Cas

pensa da boa conduta é o louvor público. Para ele, não há aboa con duta por si só e, em conseqüência, um dos tipos que criou aconselha o

Através do livro todo, Castiglione sugere que a única recom

glione, 1976,p. 70).

humanos do dia-a-dia, as maneiras predominantes entre os que eram

í




ainda maior do que aque de fato tem, e que se quisesse se darámaio res trabalhos e esforços, poderia fazer as coisas melhor ainda" (Casti

age bem com tanta facüidade deve ser possuidor de uma habilidade

mente é. Eisso porque leva os observadores a crer que um homem que

ferença] traz consigo outra vantagem. É que, seja qual for a ação que acompanhe, não importa quão trivial, ela não só demonstra a habilidade da pessoa que a pratica, mas também, muitas vezes, faz com que a mesma seja considerada bem mais importante do que real

"independentemente de ser uma fonte real de graciosidade, [a indi

gemdo 0 Cortesão declara que:

rença como uma característica de conduta recomendável, um persona

a arena pública transcenderá a corte e transformar-se-á na própria sociedade. As regras predominantes de comportamento social transfor-

conquistava caráter normativo, geral, sem ser primeiro filtrado pela

mia do militar, do artístico, ou em outros domínios da vida publica,

arena em que regularmente se encontravam os atores importantes da vida pública. Nada, nos domínios da religião, da política, da econo

a corte era então o centro da vida associada que tudo abrangia. Era a

foi um fenômeno histórico especial. Mais doque nunca anteriormente,

França eem outros países-europeus, nas fases iniciais do capitalismo,

As cortes sempre existiram sob uma forma qualquer, através da história. Mas a corte, tal como apareceu na Itália, na Espanha, na

seguintes.

não apenas quanto à síndrome do comportamento em geral mas em relação ao formalismo em particular, serão eles analisados nas paginas

175o' Uma vez que tais documentos são especialmente reveladores,

ristas 0 cortesão, de autoria de Baldesar Castiglione, pubhcado em 1528' eTeoria dos sentimentos morais, de Adam Smith, pubhcado em

lista pode ser extraída da cuidadosãTêTnõrade dois documentos manci-

,,,/comportamenta-

.?

as, uma criatura

- «-Í*

óouie.

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^-m «r nhieto da razão, mas de imediato senso e sentimento... A

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^t Toent não pode tomar qualquer objeto particular, por si

r^oXaSvel ou'desagradável àmente" (Smith, 1976, p. 506).

3*f

0^

Na opinião de Adam Smith, assim como na de todos aqueles que

afirmam que amoralidade écompatível com aprópria sociahdade, o

hnm homem nosentido aristotélico. "Ogrande segredo da educação, declara Smith, "é dirigir avaidade a objetos adequados (Smith, 19/õ,

p 417). Acorreção da conduta humana está em sua mera forma, não

virtude na moral, como beleza na estética, não é dado à percepção humana da mesma forma que tamanho, forma, extensão e número de

um "espelho, através do qual [elej possa ... com os olhos das outras

nar as coisas como formas objetivas é um requisito para a apreensão de

e Adam Smith, no que se refere ao método adequado à determinação de normas de conduta humana em geral. Aúnica diferença entre eles é de natureza episódica. Para Castiglione, oespelho do homem é acorte.

virtude e beleza são objetos reais de uma espécie determinada, não apreendida diretamente pela percepção sensorial imediata. Poder-se-ia considerar como representativo do operacionalismo

em seu conteúdo intrínseco. Oindivíduo deveria colocar-se diante de

objetos. Não obstante, pode-se argumentar, legitimamente, que imagi

pessoas, examinar a propriedade da [sua] própria conduta" (Smith, 1976, p. 206). Não há, assim, discordância essencial entre Castiglione

sua natureza concreta. Justamente por isso, osjulgamentos que dizem

que um indivíduo é bom eque uma obra de arte ébela significam que

Para Adam Smith, é a "sociedade". Portanto, Teoria dos sentimentos

positivista o argumento de P. W. Bridgman de que "um conceito nada

morais de Adam Smith, é equivalente ao livro de Castiglione, enquan

mais é que um conjunto de operações".8 G. Lundberg exprime sua idéia de operacionalismo afirmando que a"receita de um bolo define

to ambos sucumbem ao fascínio do episódico, cujo modelo étransfor mado em um padrão de conduta humana em geral.

Alegitimação de formas episódicas de conduta humana, de acor

do com seus precários princípios imanentes continua, até hoje, a ser

«ar..

um postulado básico da ciência do comportamento, "objetiva", "livre

derado como conhecimento. Esta é uma das razões pelas quais, nos

meios operacionalistas, a palavra metafísica écarregada de conotações pejorativas. Dizer que uma afirmação émetafísica eqüivale adescartá-la

ta. Para essas pessoas, a síndrome comportamentalista é uma premissa,

por não ter sentido.

O operacionalismo positivista pode ser considerado um traço da

e questioná-la não tem sentido.

síndrome comportamentalista. Em outras palavras, quem quer que

adira ~o operacionalismo positivista, fica preso aos limites de uma

3.4 Operacionalismo

o o í I I

<

peculiar tendência psicológica. Na análise da psicologia do operaciona

O operacionalismo, como éentendido atualmente, tenta respon-

der àseguinte pergunta: Como avaliar ocaráter cognitivo de uma afir- I mação? Há duas respostas básicas para esta pergunta, euma delas admi- « te a existência de diversos tipos de conhecimento (tal como o metafí

sico, o ético, o físico), cada um dos quais requerendo normas especí ficas de verificação. Todavia, há aqueles que alegam que apenas asnor

lismo, é forçoso enfatizar duas de suas características principais. Primeiro, o operacionalismo positivista é permeado de uma

orientação controladora do mundo e,desse modo, induz o pesquisa

dor a enfocar seus aspectos suscetíveis de controle. Tal característica decorre de pontos de referência filosóficos e psicológicos. " Apud Sjoberg(1959, p. 605).

mas inerentes ao método de uma ciência natural de características

matemáticas são adequadas para a validação e averificação do conhe62

o bolo".9 É possível que nem todos os operacionalistas positivistas concordem literalmente com Bridgman e Lundberg, mas em geral todos eles partilham da doutrina esposada por ambos, de que apenas

aquilo que pode ser fisicamente medido ou avaliado merece ser consi

de valores". É, pois, compreensível que os que contemporaneamente praticam a ciência do comportamento se vejam, a si própnos, como, estudiosos de processos, cuja forma, enão asubstância, éoque impor

o

ninguém interprete este item como insinuando que os critérios de rigo

específico» de pensamento e de esclarecimento das matérias. Por exemplo, aquilo que é conceituado como forma na metafísica, como

cação não visa desenvolver opotencial do indivíduo para tomar-se um

I

Parece prudente, no entanto, qualificar o operacionalismo

entendido dessa forma como operacionalismo positivista, para que

encontre critérios de exatidão, não existe sabedoria. É por isso que não é fácil para uma pessoa empenhar-se numa conversação no terreno dametafísica, daética, da estética, sem dominar osrespectivos padrões

propriamente, mas comporta-se, isto é, é inclinado a conformar-se com as regras eventuais da aprovação social. Em conseqüência, aedu

ò

rotulado de operacionalismo.

roso raciocínio são irrelevantes em todosos campos de estudo,exceto a física. Aocontrário, onde quer que a articulação do pensamento não

indivíduo é deixado sem um piso firme, metassocial, para aresponsá vel determinação do caráter ético de sua conduta. Ohomem nao age,

o

cimento. Este ultima resposta constitui a essência daquilo que aqui é

9 Apud Sjoberg(1959, p. 606).

\£è*c~ 6-

63

»

»

física, a formulação teórica, na física de hoje, é antes uma arte e

Füosoficamente e, na realidade, metafisicamente ooperaciona««« nSsta reflete avisão do universo inerente afísica clássica.

obedece a regras estéticas.1

PoT xemPr^Soiique aquüo que éreal no mundo só pode

„Srado como extensão, espaço, massa, movunento esolidez. Conseqüentemente, oaparelho conceptualpara abordairi.realidade « e ser derivado, por força, da matemática. Na realidade, amatem^crmodema leva em conta, na natureza, apenas aqueles aspectos 1 podem ter expressão quantitativa. Em geral, os físicos clássicos ZàtoZ esses aspectoscomo as únicas qualidades edeclaram secun- r

( (

<

aaria. (isto é, invenções da imaginação) quaisquer outras qualidades ^ que a mente conceba. Dessa forma, conceitos de alta ordem como aqueles que constituem amatemática moderna, determinam quais as coisas do mundo que devem ser entendidas como reais ou irreais^ Es substituição do abstrato pelo concreto é precisamente aquüoque

..

inerente ao operacionalismo positivista desde seu ™«o tatónc^no

século XVD. Na física, seus fundadores foram personalidades, como

^h xy v*

fica Arefinação que Galileu fez da doutrina de Aristóteles sobre a queda dos corpos, mediante aexperiência aque procedeu na Torre de Pisa, éexemplo de um caso em que avalidação do conhecimento exige mais do que raciocínio süogístico. C(Jt\.) Na raiz do operacionalismo está o interesse em lidar com pro

cimento" (Bacon, 1968, p. 122). Énesse sentido que oque deturpa o operacionalismo é sua identificação do útil com o verdadeiro. Utili

desenvolveu sua noção de "filosofia civil". *W*f>9* J"nge

(

aversão™ imptes movimentos da mente, induzidos por Influências

que afinna ele que sentimentos como amor, benevolência esperança,

externas) da mesma forma que aconduta humana em geral devem

"aquüo que éomais útil na operação, éomais verdadeiro no conhe- \) f\. ft

mente errado nodomínio social e, desse modo, o papel do operaciona lismo em ciência social deveria ser eticamente qualificado. Isso e preci

Hobbes afirmaria que aciência social é, necessariamente, física social

de mal e todas as virtudes e sentimentos pertencentes ao domínio da

drome comportamentalista.._

o

uma boa sociedade eqüivale ao planejamento de um sistema mecânico,

o o

suportar as regras de conduta necessárias para manutenção da estabi

drome do comportamento: a recusa em reconhecer às causas finais qualquer papel na explicação do mundo físico esocial. Sua inferencia

ò

de determinado tipo, e que o problema da ordem nos negócios humanos só admite uma solução mecânica. Uma vez que as noções de bem e

o

ética, assumem ocaráter de qualidades secundárias, oplanejamento de

o o o

em que os indivíduos são engrenados, por instigações extenores, para lidade desse sistema.

A ciência do homem e da sociedade, de Hobbes, modelada

segundo a física clássica, embora sob formas atenuadas, ainda tem influência, hoje em dia, entre estudiosos e praticantes da ciência do comportamento, da pesquisa operacional e de determinados tipos de

análise de sistemas e planejamento. Na realidade, tais correntes estão

sobrevivendo ao declínio do tipo de ciência física de que são denva-

das. De fato, a física de hoje tende a trabalhar com conceitos sem

representação visível, que não podem ser articulados como receitas, já que ela nega àpercepção sensorial um papel importante na formulação da teoria. Tendo «instaurado o conceito do vir a ser como realidade 64

l

dade é uma noção cheia dejmbigjn^adejtiça, Em si mesmo, aquilo que é útü pode servir para ser tanto eticamente sadio quanto etica

samente o que Hobbes e os cientistas sociais convencionais, de modo geral deixam de fazer. Despojaram a utilidade de seu caráter etica mente ambíguo, legitimando como normas gerais aquüo que éútil ao

ser considerados do ponto de vista da física (Hobbes, 1859, p. 72).

i

Francis Bacon em seu Novo órgão, onde afirma que "conhecimento é

mal colocada" (Whitehead, 1967, p. 51).

aquüo que é hoje conhecido como ciência política esocial. Assim e

I

blemas práticos do mundo eesse interesse foi tomado explícito por poder" Coerente com essa orientação é a assertiva de Bacon, de que

Hobbes aceitou a doutrina de Galileu e, de acordo com ela.

»

Galileu, que reagiam contra aorientação contemplativa dominante e dogmática, dos pensadores medievais. Os pensadores modernos deseja vam que omundo prático fosse oobjeto mesmo da indagação cientí

Whitehèíd identifica, com exatidão, como a"falácia da concretidade

(

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,

Psicologicamente, aorientação controladora do' "tundo tem*»

i

sistema social para o controle dos seres humanos que dele participam. Ainda uma vez, é evidente aafinidade entre ooperacionalismo easin-

Outra característica do operacionalismo positivista influi na sín

i

éade que as coisas são, simplesmente, resultados de causas eficientes,

sendo o mundo inteiro um encadeamento mecânico de antecedentes e

conseqüentes. Essa conjectura éum componente sistemático da dou

trina de Galileu, Newton, Laplace, ede todos aqueles que concebem a ciência social como uma extensão da ciência física clássica. Uma vez

que causa final éuma expressão que raramente aparece na linguagem

técnica atual, ninguém, no contexto da presente análise, pode servir

como exemplo melhor do que Hobbes, para sensibilizar o leitor quanto às questões aqui em jogo.

io Mais amplo desenvolvimento deste ponto ultrapassa os limites deste capítu lo.Veja, não obstante, Capek (1961) e Leclerc (1972). 65

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mas não pode correr atravessado, porque as margens são impedimen tos" (Hobbes, 1840, p. 273-4). Portanto, o homem nuncai age pro priamente, mas cede sempre às instigações f^nores porque su

Hobbes exprime aidéia de causalidade inferida pelo operaciona

'Vontade ... e cada uma das inclinações do homem, enquanto ete

lismo positivista como se segue: n—i „5n tem luear senão naquelas coisas que têm senso

delibera, são igualmente necessárias, edependem *jmg• "J

mrvsssss^ -«—"••(Hobbes' 1839, p. 132).

ciente [o que, em Hobbes, éo£»£•«•»* ^]' 55? quanto qualquer outra coisa, seja ela qual for' (Hobbes, 184^ p. 2AI.

Não é de admirar que, para ser coerente com tal doutrina HniJ« terma sido levado adefinir arazão como nada mais do que

Tuerer aquüo que não tenha querido por toda aeternidade, isso eu

Mesmo Deus não escapa ao peso da necessidade mecânica. Deus , diz

ele "não faz todas as coisas que pode fazer, se quiser; nf^ue possa

neg7 (Hobbes' 1841, p. 246). Na terminologia da presente rtto.

225? S Ponseqülncias, no sentido mecânico. A****** tntido mecânico énecessária aqui porque, no processo de atuahza-

isso eqüivale a dizer que Deus eos seres humanos não agem. Podem

(

cão » coisas ficam, realmente, se acham sob ainfluencia de algum

T^nnrtaTse 0 mundo vai-se desdobrando de acordo com um S553B2£ .£• -da aeternidade. Não existe criativida-

(

Tcotr nutram dados que são suas causas eficientes, mas tais

de no universo mecanomórfico de Hobbes.

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,_,...

tino de antecedentes econseqüentes. Em seu processo de atualização,

oadosTão constituem oúnico agente determinante do processo das coS como alegam Hobbes eos operacionalistas posinvistas em geral PoHxemplo Hobbes afirma, corajosamente, que "nada começa por Z^lyúo, mas por força da ação de algum outro agente Srior" (HoWs, 1840, p. 274). Ele concebe ouniverso como uma

3.5 Conclusão

Por imgegmaatHJuejeafjffltem **>££%££%

oS mecânica, cuja compreensão requer »» «^ *J^ matemática um cálculo que consiste, essencialmente, em soma ou

££«££»**** d, instimiça?seorg?íiIJç5eLque.func.o,

2S& descobertas da ciência contemporânea mostram que essa roncepção de causalidade éinsustentável. Por exemplo, acerteza na predTçao do processo das coisas éadmitida como teoncamente pos -

L=S^5sawasagag

vel na idéia mecanicista de causalidade, enquanto oprincipio da incer teza de Heisenberg, empiricamente provado, significa que as coisas

o

têm seus fins próprios, que as dotam de certa capacidade de autodetermrna^São^merlte, afetadas por antecedentes no sentido de^ nãoTxistindo abstratamente, têm que se apropriar dos dados fornece

o

umaVcomodação passiva acircunstancias externas; éum processo, «de-

ZZSSLsírvid^disciplina administrativa dominante, ou

causa final nodomínio físico e social.

BIBLIOGRAFIA

operacionalismo positivista sem reduzir ohomem auma espécie^meca-

Aristóteles, Política, trad., publ. Ernest Barker. Oxford, Inglaterra,-

o

o o o o o o

dos X mundo, mas tal apropriação não deve ser explicada^ como

To, de exclusão einclusão de dados, de acordo com os objetivosparticu ares das coisas. Na linguagem de Whitehead, as co^o^ nuamente fazendo a preensão de dados, na conçretizaç c dseus padrões intrínsecos. Assim, a ciência contemporânea restabelece a nomórfica de entidade. Assim, conscientemente, ele equipara aliber

dade à necessidade. Em conseqüência, aquela não deveria ser apenas

^

"é a ausência de tudo que constitua impedimento a ação ....como por

u

atribuída aos humanos, mas atodos os corpos. Aliberdade , diz ete

o

exemplo, se diz que aágua desce livremente, ou tem aliberdade de

fo

descer pelo canal do rio, porque dessa forma não há impedimento, 66

focalizarão duas conseqüências

locação inapropriada de conceitos eapolítica cognitiva.

Hobbes compreendeu, corretamente, que não se podia aceitar o

o

o

tormaiismo e ou y

;Ú?\J>1

2£ ^aíT,1^ «rgão. In: Spedding, , et alU, org ^^P^n^mpact of contemporary physics. Princeton, New Jersey, D. Van Nostrant, 1961. 67

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Pocock, J.G.A. The Machiaveüian moment. Pnnceton, New Jersey.

Ocampo da teoria da organização tem sido tâo mdiscrmiinada-

mente receptivo a influências vindas de tantas áreas diferentes de conhecimento que parece agora ter perdido a consciência de sua missão específica. Embora um relacionamento cnizado entre as disciplinas seja, de modo geral, positivoemesmo necessário àcnatmdade,

é hora de uma séria avaliação da condição desse campo, para que ele não se transforme numa mera confusão de divagaçôes abstratas, desprovidas de força ede direção. Toda disciplina deve ter um mínimo

de mtolerãncia em suas transações com as outras, ou perderá sua razão de ser Ter identidade e caráter é,num certo sentido, ser intolerante.

Sustento, neste capítulo, que o processo de extrapolação, que

Princeton University Press, 1975.

fórnia, University of Califórnia Press, 1959.

continuar se permitindo aprática de tomar emprestados aoutras dia*

descaracterizando ateoria da organização, e esta acabara mutuada, se

Sjobeig, G. Operatoonalism and social research. In: Gross, L., publ. Symposium on Sociológica! Theory. New York. Harper & Row,

plinas, incompetentemente, teorias, modelos econceitos estranhos á

1959- Adam. A Teoria dos sentimentos morais. .Indianapoüs, ,- - .- T aSmith, Indiana,

4.1 Traços fundamentais da formulação teórica

UbertyClassics,1976.

A formulação teórica, no campo organizacional, tem-se verifica do mais freqüentemente como resultado: a) da criação original direto;

Voegelin, Eric. The New scienceofpolitics. Chicago, DJinois, Universi

suatarefa específica.

ty of Chicago Piess, 1952.

b) do acaso de uma feliz descoberta (serendipity); c) da colocação

University Press, 1944.

apropriada deconceitos.

Von Stein, Lorenz. The History of the social movement inFrance, 1789-1850. Totowa, NewJersey, The Bedminster Press, 1964. . Process andreality. NewYork, The Free Press, 1969.

de conceptual. Basta dizer que um conceito resulta de um ato direto de criação quando nenhum antecedente dele é aparente, quando não

Von Martin, Alfred. Socioiogy ofthe Renaissance. New York, Oxford

Whitehead, A.N. Science and the modem world. New York, The Free O

ETEORIA DAORGANIZAÇÃO

chamo de colocação inapropriada - misplacement - de conceitos, está

Reichenbach, Hans. The Rise ofscientific phüosophy. Berkeley, Cali

1>

4 COLOCAÇÃO INAPROPRIADA DE CONCEITOS

Press, 1967.

Wolin, Sheldon S. Politics and vision. Boston, Massachusetts, Littte, Brown, 1960.

.»•.««-

NSo é minha intenção investigar as complexidades da cnatmaa-

foi derivado senão da transação pessoal e direta entre amente do pen sador e os traços peculiares do tópico ou problema objeto de atenção.

Assim, aacreditarmos em Cassirer, Montesquieu "é oprimeiro pensa, dor aapreender e aexprimir, claramente, oconceito dos tipos ideais

(Cassirer 1951 p. 210). Com as características sistemáticas que mais

tarde lhe foram* atribuídas por Max Weber, esse conceito trouxe uma

compreensão sem precedentes da natureza edo significado da própna 69

68

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mpôtese nova" (Merton, 1967, p. 108). Afeliz descoberta casual no

campo da organização ébem exemplificada pelos chamados Estudos

Hawthorne. O propósito original dessa pesquisa era a avaliação do efeito da claridade na produção do trabalhador. Numa primeira tenta tiva nenhuma relação importante foi encontrada entre as duas vanaveis' Esse resultado inesperado levou os pesquisadores aprocederem a

uma completa investigação dos fatores da eficiência, e o resultado

disso foi a descoberta de que os sentimentos e as relações informais

entre os empregados, da mesma forma que suas necessidades pessoais e condições sociais externas à organização, têm influência sistemática

sobre aprodutividade. Épossível dizer-se que os esforços despendidos na avaliação e na discussão dos passos e dos resultados dos Estudos lise de sistemas. (Essa raiz da análise de sistemas tem sido negligencia

uma incipiente formulação daquüo que éhoje conhecido como aaná

da pelos que fazem acrônica desse campo.) A colocação apropriada de conceitos pode proporcionar um meio fecundo de obtenção de insight e pode mesmo levar à formula

ção de uma lógica da descoberta. Por isso se esforça Donald Schon, em

0 0

seu livro Displacement of concepts.1 "A emergência de conceitos , afirma Schon, pode "decorrer da deslocação de velhos conceitos para

0 0

nhecido em termos do conhecido. Vários exemplos podem ser citados,

o o o o o o o

t

o (conduz] através de um atalho não premeditado, que [leva] auma

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Como explicou Robert Merton, ocorre serendipity quando 'um achado inesperado eanômalo estimula acuriosidade do investigador e

Hawthorne conduziram Fritz Roetiüisberger e William J. Dickson a

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é ordinariamente admitido.

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g

Em ciência política, outra ilustração de deslocação.decone tos

formulação teórica. Aformação do conceito, porém, resiüta geralmenteTe uma feliz descoberta casual eda colocação apropriada de concei tos sendo averdadeira eoriginal criação conceptual mais rara do que

novas situações" (Schon, 1963, p. 53). Ao deslocar um conceito, tenta-se compreender oinusitado em termos do familiar, ou odesco

érepresentada pela obra The Nerves ofgovemment de Kar Deut cn

Aforça principal desse livro está na conceiteação de topicos^iticos do "ponte de vista de comunicações" (Deutsch, 1966, p. XXVDJ isto é pelo recurso aos modelos cibernéticos. No campo da teona cia orgarüzação, oequivalente ao trabalho de DeutschVj«Tenente.

Social pvchologyoforganizations. de DanielfteeI*bert LKahn

no qual os principais temas eproblemas de administração se entrela çam numa trama cibernética.

4.2 Adeslocação transforma-se em colocação inapropriada Embora a deslocação de conceitos possa constituir um meio va

lioso profícuo e legítimo de formulação teórica, pode muito acil-

men^edeVenerar numa colocação inapropriada de conceitos. Acoloca ção inapropriada de conceitos contamina, presentemente, ocampo da

teoria organizacional, e ocorre quando aextensão de um modelo de teoria ou conceito do fenômeno a ao fenômeno b nao se justiiica, após minuciosa análise, porque ofenômeno bpertence aumcontexto peculiar cujas características específicas so limitadamente correspon dem ao contexto do fenômeno a. Apessoa expõe-se, com freqüência

a colocar inapropriadamente conceitos, quando empreende oesforço da formulação teórica, earazão pela qual muitas vezes sucedem essas "injustificadas extensões de conceitos" édada por Kaplan: 'Não há duas coisas no mundo completamente iguais, de modo que toda analogia, por mais estreita que seja, pode ser levada a ume,

tremo exagerado; por outro lado, não há duas coisas que sejam com-

plamente dessemelhantes, de modo que sempre épossível estabele cer mna analogia, se nos decidirmos afazer isso. Aquestão aser consi

derada, em todos os casos, é se há ou não alguma co.amaisaaprer,

der nessa analogia, se nos decidirmos aestabelece-la (Kaplan, 1964,

no estudo da política e da administração. Um exemplo de deslocação

p. 266).

James D. Mooney e Alan C. Reiley, autores que fizeram, explicita mente, o que outros, como Henri Fayol, Frederick Taylor, Luther Gulick, fizeram implicitamente: deduziram_dos modelos histongos

Mooney e Reiley,

trando "numa possível cüada intelectual" (Nagel 1961, p. 11),' em que atentativa resulta na colocação inapropn^da de um conceito. a Veia Nagel, Ernest (1961, p. 108). Nagel escreve: "O que existe d££•*£»;

coordenativo e o princípio da equipe, tomando como paradigma de eficiência organizada (Mooney e Reiley, 1939, p. 47) a Igreja e o

assadas, graves erros podem ser facilmente cometidos (Nagc., 1965, p. 108).

deconceitos é encontrado no livro 77ie Principies oforganuation, de

existentes dnetrizesstoemitooaja^^

"^ianlõlê~sistênlãTÍcalnente numa lógica ãedeslocação, formularam princípios como oprincípio escalar, oprincípio funcional, oprincipio

Assim, na tentativa de deslocar um conceito, pode-se estar en

ue onovo* ovelho é, muitas vezes, apenas vagamente apreend.d, sem er eu

Exército.

3Sobre os enganos que Giovanni Sartori chama de "estiramento conceptual".

o

• Veja Donald A. Schon (1963). Sobre deslocação de conceitos como instru

vejaSartori (1970).

0 o

mento de inovação tecnológica, veja Gordon, W.J.J. (1973).

ei c

70

71

í 4.5 /4 i/usõo dfl autenticidade corporativa Muitas tentativas para deslocar conceitos de outros campos para

de parte, um exemplo de colocação conceptual inapropriado, ou ' esti-

locação inapropriada não percebem que as organizações formais sao afetadas por vários tipos de socialidade, que possuem, por sua vez, di

Hegel eMarx, oassunto da alienação tinha um caráter meta-histónco

ferentes graus de intensidade. Por exemplo, tomando ograu de inten

sidade do contato entre os indivíduos como um ponto de referência,

Gurvitch (1958, p. 176) estabelece a diferença entre massa, comunida

de e comunhão^ como formas de socialidade. Muitos autores são leva

dos a extrapolações injustificadas, exatamente na medida em que não tomam conhecimento do fato de que o terceiro tipo desocialidade comunhão - tem a menor das funções estruturais no contexto das or

ganizações formais. Exemplo típico desse erro é aquilo que tem sido chamado de organizações autênticas.4 No entanto, autenticidade corporativa é, em seus próprios ter mos, uma contradição, já que a autenticidade é um atributo intrínseco do indivíduo: não pode, jamais, ser conquistada definitivamente. A existência social corporativa constitui, normalmente, o alvo contra o

o o

como querem alguns, então não haveria mérito para os indivíduos em serem autênticos, e o ser humano perderia o caráter deumverdadeiro

© o

des funcionais. É verdade que, onde prevalece a comunhão, existe uma

o

expressiva tolerância para a autenticidade, mas a comunhão dificil mente é possível, dentro dos limites das organizações formais. Em ra

o

zão de sua natureza, uma organização formal tem, normalmente, bai xo grau detolerância em relação à autenticidade individual, para aque

(

les tipos derelacionamentos definidos por Martin Buber como Eu-Tu.

o 4.4 A alienação mal compreendida

Aidílica vibração que prevalece em muitas das atuais teorias no campo da organização confirma a asserção de Saul Alinsky de que "os

<

cientistas sociais muitas vezes parecem simplórios, quanto aos usos e 4 Veja, porexemplo, Beatrice &Rome, Sydney (1967, p. 181).

i

72

(

dimensões de sua condição, que eram essencialmente meta-históricas e metassociais.6 Hegel e Marx reduziam essa proscrição, conceituada como alienação, a uma condição puramente social, de forma aconce berem a desalienação, a redenção ou emancipação do homem não co mo um acontecimento na vida individual, independentemente de determinadas circunstâncias do mundo, mas como o resultado de um certo estágio do processo histórico-social. Hegel eMarx colocaram ina

propriadamente, eles próprios, ovelho tema e idéia de alienação eou - de proscrição.

Todavia, pelo menos ambos tinham familiaridade com amilenar

herança de pensamento e de insights sobre alienação. Sabiam que, de

acordo com essa herança, a proscrição ou a alienação deveria ser con

nio da história secular. Queriam dizer que, antes deles, os pensadores encaravam a alienação num nível em que ela não se situava. Assim, su

sa. Viesse ela a se transformar num estado social corporativo firme,

tomar em consideração a inextricável tensão entre as dimensões subs tantivas das pessoas e os requisitos funcionais da sociedade. Pressupõe que a atualização pessoal pode ser equivalente à execução de ativida

í

proscrição no mundo, esperava-se dos humanos que enfrentassem as

vos estão em suspenso. E por essa razão que a autenticidade é perigo

eu, responsável por suas próprias ações. De fato, essa posição deixa de

<

e religioso fundamental. Para superar seu infortúnio histórico, ou sua

siderada como uma questão essencialmente metafísica e religiosa. O

o

o

ramento conceptual", para usar a linguagem de Sarton. Antes de

qual se lança a autenticidade. Os momentos autênticos da vida indivi dual são precisamente aqueles em que os comportamentos corporati

o

o o

A literatura contemporânea sobre alienação representa, em gran

ocampo da teoria organizacional produziram resultados diferentes dos pretendidos. De modo geral, os conceitos são inapropriadamente colo cados na teoria da organização porque aqueles que praticam essa co

c

propósitos das organizações".5 Essa observação éde particular perti

nência em relação àqueles que afirmam que é possível minimizar e mesmo eliminar aalienação, no contexto das organizações formais.

intuito deles era deliberadamente polêmico: mostrar que a proscnçao

ou a alienação do homem poderia ser superada nos limites do domí

geriam que esses pensadores do passado eram culpados de colocação

errada do conceito de alienação.

É difícil, porém, encontrar desculpas para a atual literatura

behaviorista sobre alienação. De modo geral, a maioria de seus repre

sentantes parece esquecer os antecedentes históricos da questão. Mais

ainda embora alguns desses representantes contemporâneos se refiram a Marx (e raramente aHegel) como fonte, seus estritos estão realmen te carregados de erradas interpretações do pensamento de Marx, para não mencionar seus antecedentes. Ao que parece, aintenção deles é a

operacionalização do pensamento de Marx, mas ao prosseguirem em

seus esforços não tomam conhecimento do arcabouço macrossocial

5 Apud Means, Richard (1970, p. 173). 6 O conceito de distanciamento (ou alienação), como afirma Paul Tillich, cor

responde "àquilo que no simbolismo religioso é denominado queda". Veja

Tillich (1968, p. 419).

' Marx, por exemplo, diz: "a teologia explica aorigem do mal através da queda

do homem; quer dizer, afirma como fato histórico aquilo que deveria explicar (Marx, 1964, p. 121).

73

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gUovt/*^ em que apenas oconceito de alienação de Marx faz sentido. Por exem plo, num artigo amplamente citado, Mehrin Seeman procura tornar o significado de alienação "mais pesquisável" e"acessível auma precisa enunciação empírica" (Seeman, 1972, p. 46). Descreve aalienação co mo provida de traços behavioristas, tais como fraqueza, falta de signi ficado, falta de normas, isolamento, auto-alheamento e justifica sua

analise mediante uma interpretação fora de contexto de autores como

temporâneas, aalienação éum traço inevitável da vida de cada dia, um

diante das características intrínsecas das sociedades industriais con

fenômeno social total, que resiste a qualquer solução compartimenta-

lizada. A pesquisa de Blauner estriba-se numa colocação errada da

teoria de Marx sobre alienação, e representa, narealidade, acolocação

seu próprio ego, como por certo era Marx, repeliria com indignação esse tipo de sugestão. Ele achava que sua rebelião contra a sociedade

inapropriada de um conceito, isto é, primeiro despoja a questão da alienação de seu caráter meta-histórico: segundo, admite que ela possa

burguesa e seu isolamento dentro dela eram sinais de que antecipava,

Quando esse tipo de literatura, representativo da convicção behaviorista, é aceito por autores e especialistas em administração e

Narealidade, Seeman tem consciência de que suaidéia dealiena ção"diverge datradição marxista", mas considera quetal"divergência não é radical". Reconhece que Marx produziu um "julgamento sobre um estado de coisas*'. "A minha versão", declara, "diz respeito â con

trapartida desse estado de coisas, nas expectativas do indivíduo" (Seeman, 1972, p. 47). A questão é que essa divergência conduz a conseqüências ridículas, e isso é particularmente evidente no livro Ahenation andfreedom, de Robert Blauner.

Blauner alega basear-se na teoria da alienação, de Marx. Contu

do, apesar de suas interessantes conclusões empíricas sobre ambientes de trabalho em vários setores daindústria americana, a pesquisa dele é

i

Blauner. Da perspectiva de Marx não faz sentido dizer que "o impres-

sor é quase o protótipo do trabalhador não alienado, na indústria moderna" (Blauner, 1964, p. 56-7), ou que "osistema industrial (con temporâneo) distribui desigualmente aalienação entre a força de tra balho do operariado, da mesma forma que nosso sistema econômico distribui desigualmente a renda" (Blauner, 1964, p. 5). Para Marx,

cimento daalienação. Atinai de contas, Marx era dealgum modo begeliano e, tal como Hegel, estava convencido de que havia decifrado o enigma dahistória. É sabido também que Marx tinha problemas com seus intérpretes e que disse, umavez: "moi, je nesuis pas marxiste."

i 41

meios de produção, aspecto sistematicamente negligenciado por

Marx, Max Weber, Durkheim, Mannheim (cavalheiros que, certamente,

no decurso de suavida, a fase histórica futura definida pelodesapare

i

sistema industrial, de acordo com Marx, é a propriedade privada dos

hurlentde se trouverensemble), nenhum deles aceitando jamais uma discussão behaviorista do tema. Seemandiz, por exemplo, que rebelião

muito se aproxima de isolamento. Se, naverdade, esse fosse o caso, Marx seria umapessoa alienada, o queeqüivale ainterpretar Marx con tra o próprio Marx. Uma personalidade tão visivelmente voltada para (5

KM*-*

ser resolvida pormeiosmteronpnizacionajSj,

organização por seu valor aparente, estimula uma distorcida e até

mesmo bizarra compreensão das relações entre as organizações formais e os seus membros. Por exemplo, refletindo os pontos oe vista de Seeman e de Blauner sobre alienação, Richard E.Walton sustenta que

"as raízes da alienação do trabalhador" podem ser "extirpadas" atra vés da "remodelação do local de trabalho" (Walton, 1972, p.70). Para corroborar essa afirmação, informa ele osresultados de uma modifica

ção implementada numa fábrica de alimentos para animais de estima ção. Alguns desses resultados são assim enumerados:

"Depois de 18 meses, ataxa de despesas gerais estimadas foi infe

rior em 33%, na nova fábrica, ao que era na antiga. As reduções em custos variáveis de fabricação (por exemplo, 92% a menos nas

rejeições por questão de qualidade e uma taxa de absenteísmo 9%

abaixo da norma da indústria) resultaram numa economia anual de

precária, do ponto de vista conceptual, mesmo em bases marxistas, porque o contexto emque sedispõe'a avaliar aalienação não seajusta ao contexto global de sociedade que Marx tinha em mira. Blauner

USS 600 mfl. O índice de segurança era um dos melhores da compa nhia e a rotatividade ficou muito abaixo damédia.Novosequipamen

parece considerar alienação como equivalente a descontentamento comas condições dotrabalho e essa equivalência corresponde àdetur

mais da metade deles deriva da inovação operada na organização OiumanslíWalton, 1972, p. 77).

pação do conceito marxista de alienação. Como assinalou corretamen te Richard Schacht, Marx não"hesitaria em falar sobre 'trabalho alie

tos são responsáveis por alguns desses resultados, mas acredito que

Constitui tarefa dos especialistas em administração pública e

nado', mesmo com relação a indivíduos que não estivessem desconten tes com seu trabalho" (Schacht, 1970, p. 164). Para Marx, nunca se poderia eliminar a alienação nos limitesdamicrorganizaçSo. A desatie-

é, certamente, umainteressante pesquisa paraesse fim. Mas aidentifica

nação, para ele, exige a total transformação do próprio sistema social do mundo inteiro. O que toma a alienação inevitável, no presente

tativa de avaliá-lo em termos deresultados tais comotaxas de despesas

74

privada aremodelação dos ambientes de trabalho, eoartigo de Walton ção do processo de desalienação com asatisfação notrabalho, e aten

75

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«rais custos operacionais, economia anual eíndices de segurança sao cxemòlos de completa ingenuidade. Além disso, os manuais contri buem para difundir essa ingenuidade entre os estudantes enum desses manuais geralmente utilizados está dito, por exemplo, que "certos tipos de tecnologia podem reduzir a alienação (Luthans, 1977,

p 9i)» Em outras palavras a alienaçjo pode ser tratada como se • f^ç^jn^^çjntã^ecmomòtiicCÊste éum tipoJs-r,onhRCimentn^ superficial, (niejteyeria ser considsiafin inripsnupávol nao esoolas-de— gradúl^rirãdnu^tração pública edejmpresjfi».— 4.5 Sanidade organizacional, uma denominação incorreta

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Outro exemplo de conceito errôneo é anoção de sanidade organizacional. Warren Bennis afirma que é necessário um conceito de

sãrudádrÕrganizacional para superar as inadequações da noção de capacidade da organização. Podemos aceitar aobservação de Bennis de 'queTiâI formas tradicionais" (Bennis, 1966, p. 44) de avaliação da efi cácia da organização parecem muito primárias, uma vez que deixam de lado diversos traços da questão que agora se mostram salientes. Real

mente, os autores tradicionais preocuparam-se sobremaneira com o

desempenho, medido de acordo com padrões maisj^ menojjjgidps-e-

de racionalidade ^racionalidade mstmmerriafou funcioriãT)- que se relaciona à otimização dos méiósTpãnrqúe se possa chegar a metas

especificadas, os critérios de avaliação da eficácia organizacional cons

tituem um sério tópico teórico. Podemos hoje rejeitar, como primária e inadequada, a abordagem da capacidade organizacional proposta por Taylor e pelos administradores científicos. No entanto, em qualquer

tentativa para lidar com esse problema, suas especulações e as conclu sões a que chegaram merecem cuidadosa consideração. Aeficácia da organização tem aspectos que Taylor e outros autores mais antigos negligenciaram, mas a tarefa dos teóricos e dos que praticam aciência da organização não está em evitar o problema, nem em recomendar paliativos. Consiste, em vez disso, na direta confrontação do problema

da eficácia, em toda a sua atual complexidade. Em minha opinião, o

executivo "esforçar-se para coriseguir coerência" ou"harmonia" entre

conceito dasanidade organizacional pode trazer algum esclarecimento

essas "péMÕaTT^Wínlídldíém^^

p. 52~4):^Tinbssoas~õrganizacionais, como as sugere Bennis, repre

Além de ser estranha ao estudo científico de organizações formais

sentam uma reclassificação, em jermos behavioristas, das diferentes estruturas que Wüfred Brown vê em qualquer organização complexa:

ou ampliar os limites da teoria organizacional é algo questionável.

(por motivos que serão explicados posteriormente), anoção de sanida de organizacional não só deixa de solucionar os problemas teóricos e operacionais gerados pelo antigo conceito de eficácia organizacional dos como se segue:

o G

tinua válida, em nossos dias. Em outras palavras, uma vez que a

organização formal éessencialmente definida por um tipoespecifico

nização reflete uma visão muito estreita das "determinantes" (Bennis, 1966, p. 44) dessa organização. No entanto, o pressuposto de que o

certo que Bennis levanta um importante problema na teoria organiza cional contemporânea: o conceito tradicional da capacidade da orga

o

o o

2. Ahipótese de autores clássicos, de Taylor a Chester I. Bamard, de que não existe teoria de organização sem padrões objetivos pa ra avaliação de atividades específicas da organização formal, con

conceito da sanidade organizacional falseia o assunto.

como cria outros.

o

McDougall.

com limitadas "características de proauçaõ^H^êrmlsT 1966, p. 41). E

o

o

imaginar se não significará uma reconência de ilusões antropomórficas como a "alma coletiva", de Gustave LeBon, e a "mente grupai de

A esse respeito, meus argumentos principais podem ser resumi

Na tentativa de substanciar a noção de sanidade organizacional, Bennis identifica a organização com um quem ("é preciso que se saiba

quem ela é"), que se consj^i^de^exsas_"pessoaSLM^sendo_ aJaieia_do_ 1966,

a estjntanjnanifêSta, que tem sua expressão num gráfico organizacionaTTã estrutura presumida, como se apresenta às percepções fenome-

nológicas dos indivíduos; a estrutura existente, que é aquela objetiva mente percebida pelo analista de organização; eaestrutura nfressária

ao campo da teoria organizacional, sendo uma extrapolação mecâ

nos termos ótimos que conviriam à organização, dentro desuas limita das circunstâncias. A classificação deBrown évalida e temforça escla recedora, mas ao aplicar a tais estruturas critérios psicológicos e ao considera-las correspondentes a pessoas, Bennis coloca mal o conceito

nal de Bennis pressupõe a existência concreta de uma mente coletiva

se, realmente, avaliar e descrever tais estruturas, mas perde-se a precisa perspectiva na compreensão das complexidades organizacionais, se se

1. A sanidade organizacional, como a conceitua Bennis, é estranha

nica de um atributo que pode ser pertinente àvida individual, mas não à natureza da organização formal. Oconceito de sanidade organizacio

de pessoa e traz confusão aos termos da análise organizacional. Pode-

ou organizacional, cujas implicações organicistas dificilmente se har

recorre a uma categorização de pessoa, tal como propõe Bennis. Éjus-

monizam com a estrutura da ciência social contemporânea. Fica-se a * Veja Shepard (1972), Kirsch &Lengermann (1972) e Miller (1975).

9 Repetindo Bennis, HMF. Rush escreve: "Supõe-se que aorganização tenha... todas asqualidades de um indivíduo" (Rush, 1969, p. 8). 77

76

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integrar oindivíduo eaorganização. Isso constitui, na verdade, um esforço sinistro, que só pode ser levado acabo às expensas da dimen

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são substantiva das pessoas. 0 tipo de psicologia que fundamenta a prática de tais consultores integracionistas é apoiado numa errada compreensão da natureza da socialização edo próprio fenômeno orga

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interdependência no contexto »^>

mostram-se muito

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X2^53L* — pau probaso^acona*

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e é assim queafirmam:

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ü-s-s sasrar/S»

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nrobíema de motivação para aorganização inteira, comportando uma Kahn, 1966, p. 336).

Ébem-vinda aparticipação dos psicólogos no campo da teoria e

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energia psíquica do indivíduo. Todavia, essa espécie de psicologia forma o arcabouço conceptual de alguns especialistas, educados em nossas escolas de administração pública e de empresas, os quais afir

mam possuir habilidades para administrar atensão humana.Somente o fato de que são vítimas de uma formação falsa e simplória pode livrá-los da acusação de agirem como peculatários de seus crédulos ,

.

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Uma psicologia científica não concorda, necessariamente, com

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síndrome behaviorista,1' inerente àsociedade centrada nojnerçadoj é

^aTHvaTénirrriãtiireza huimna em seu conjunto. A motivação enten dida dessa maneira toma-se equivalente ao controle e a repressão da

clientes.

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nizacional. É um tipo de psicologia motivacional, que pressuoõe-qiie a

u S Uma demonstração clássica de que os psicólogos podem cVnTribuir notavelmente para odesenvolvimento da teona da organi zação édada pela obra The Social psychology of orgamzations, de ^ ^étdisso, pode-se afirmar que todas as imprecisões do concei to de sanidade organizacional derivam de uma ™^^™t

cão inapropriada do conceito de sanidade mental. Realmente, se a

LúdTmentalé um conceito válido (e há quem questione que ose,.), Sus padres só são apücáveis aindivíduos, jamais podendo ser aplica dos aorganizações, ou deduzidos das situações organizacionais Oconceito de sanidade .organizacional relacona-se diretamente com , X do ajustamento enão reconhece aautonomia.ndividuai Não éuma categoria científica, mas um instrumento ideológico

ttçado: éum recuL pseudocientífico, dirigido atotal inclusão do indivíduono contexto da organização.

Quando usado por praticantes e^gSXSSÍaZ cia para intervir nas organizações, opseudoconcei o,* l"**"» nizacional pode levar àsufocação da energia P^^fto ™*^

Em suas intervenções, esses especialistas pretendem, confessadamente, «o Sobre as noções de inclusão parcial e inclusão total, veja Allport, F.H. (1933).

78

significados que derivam de definições institucionalizadas da realidade Reconhece uma dimensão profunda de realidade psíquica individual que resiste ao fato de ser totalmente capturada por definições sociais e organizacionais.12 As relações entre os indivíduos e as organizações implicam sempre em tensão enunca podem ser integradas sem custos psíquicos deformantes. As orgaimaçjesjormais não sao senão mstru^ mentos Os indivíduos sã^seus senhores. Se apsicologia deve ser um c^poTTente da estrutura conceptual de especialistas e consultores como precisa ser - é necessário que haja maior sofisticação em seu

ensino em nossas escolas de administração pública ede empresa^ E

encorajador que tal «orientação já esteja sendo sugerida em trabalhos recentes, que estão aparecendo nas publicações técnicas. 4.6 Pessoase modelosde sistemas

Lamentavelmente, e sem uma admissão explícita desse fato a

ideologia integracionista infiltra-se numa grande proporção daquüo que os planejadores e analistas de sistemas fazem, como consultores^

especialistas. Émuito comum que percam de vista anecejsânajensao

pntrfr-nessrm e os sistemas projetados, apoiindo-se jUHnã^gngpçac^ de^sterri7de"masiadTTiõnltiça>De modo geral, reificam o sistema

organizacional, isto é, dão èlífase à dependência das partes sobre o li Veja o capítulo 3 deste livro,

n Veja Glass (1972-1974) eLaing (1967-1969).

.3 Veja, por exemplo, Gross, Bertiam (1973); Scott. WiUiarn G(1974); Glass,

James (1975); Perrow, C. (1972); Singer, E. &Wooton, M. (1976), Dunn, W.N. & Fozouni, B. (1976). 79

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holon, como um instrumento para a análise de sistemas que vai "além do atomismo e doholismo" (Koestler, 1969,1977). Ele vê os organis

todo em vez de tratar, com precisão, da interdependência das partes internas eexternas que constituem otodo. Robert Boguslaw refere-se aesse ponto, em seu livro The New utopians. Os planejadores de siste

b

mas de orientação mecanicista e organísmica não questionam as

regras operativas inerentes aos sistemas institucionalizados e"a luz do

status quo ... tratam de explicar como os grupos humanos se podem H>

^9^

mos e as organizações não como totalidades absolutas, mas como sendo constituídos de subconjuntos de organelas, de órgãos, de siste mas de órgãos - cada um deles provido de notável grau de autonomia e autogoverno. Cada um desses subconjuntos é um holon, "que tem duas faces, olhando para direções opostas - a face voltada para os

adaptar, ou de fato se adaptam ao mundo em que se encontram"

níveis inferiores é a de uma totalidade autônoma, a que se volta para

(Boguslaw, 1965, p. 3). Na prática, isso eqüivale a permitir que as regras operativas das organizações formais condicionem as necessida des dos cidadãos quanto a alimentação, proteção, vestuário, transpor

cima é a de uma parte dependente" (Koestler, 1969, p. 197). No entanto, pode-se argumentar quea incorporação do conceito de holon

te, educação e lazer. Esse preconceito é agravado quando se combina com o mau emprego da cibernética, que como explica Sheldon Wolin

sentido reducionista e holístico. Pode-se dizer que esse conceito pres

à análise de sistemas não parece eliminar a tendência da mesma no

supõe tima_avahacão_fiindona]_d^^

"consiste em equiparar a natureza do pensamento humano a da ação intencional à operação de um sistema de comunicações, ou seja 'o

das "partes que se relacionam com superestmtujras"^eja_conig toJLalJr dáde "relacionada a subestroturas", e que essa ótica não exprime, é "evidente, aquilo que, tradicionalmente, se supõe que uma pessoa seja. Em essência, uma pessoa não é uma parte funcional constitutiva de um sistema. Acredito que a definição de Kant parapessoa, em última análise, ainda é verdadeira: "Uma pessoa não está sujeita a nenhuma outra lei senão àquelas que (is"õTãdamemj2^j^lojrienos^em conjunto

problema do valor eqüivale' a um 'problema de painel de ligações', ou

a 'consciência' é análoga ao processo da realimentação" (Wolin. 1969.

p. 1.076). Mesmo um especialista em cibernética alerta para as falácias

contidas nas analogias mecanicistas eorgan ísmicas. como, porexemplo, Karl Deutsch, pode ser apanhado na prática da colocação inapropriada de conceitos. Assim é que ele emprega uma imagem mecanomórfica,

com outras pessoas) estabeleceTpSãji própria" (Kant, 1965, p. 24).

ao definir a comunidade organizada como um "sistema de direção"e a habilidade do estadista como sendo a "arte de dirigir um automóvel numa estrada coberta de gelo" (Deutsch. 1966, p. 182-5). Da mesma forma, o analista de sistemas está apenas interessado na capacidade

que a comunidade tem de atingir suas metas; a dimensão ética de tais metas não é de seu interesse. Osameaçadores resultadosde semelhante

posição cibernética têm sido apontados por Giovanni Sartori (Sartori, 1970, p. 1.035-6), e preocupações idênticas às de Wolin e Sartori inspiram a discussão da análise de sistemas feita por Habermas (Haber mas, 1970, p. 106-7).'4

Minha intenção aqui não é rejeitar os modelos de sistemas, mas

sim argumentar contra sua inadequada utilização para análise e plane jamento administrativos. Em princípio, os modelos de sistemas têm utilidade, no campo administrativo, principalmente quando asfunções de manutenção estrutural dos sistemas devem ser, de forma legítima, controladas e estimuladas. Mas quando se detêm sobre as funções de

articulação e modificação estrutural dos sistemas, os analistas deve riam estar preparados para lidar com a verdadeira natureza da dinâmi ca dos sistemas, da qual é parte constitutiva a tensão entre as pessoas e as estruturas sociais.

Importante tentativa de aperfeiçoamento da análise dos sistemas tem sido feita por autores contemporâneos e Arthur Koestler, por exemplo, propõe esse refinamento quando apresenta o conceito de 14 Veja Voegelin,F.ric (1956). 80

Dessa forma, pode acontecer que uma pessõa"se encontre num sistema sem ser, necessariamente, parte funcional dele. Uma pessoa, num siste

ma planejado, pode bem ser um cavalo de Tróia, isto é, um agente, /

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deliberadamente disfarçado, de destruição de superestruturas, tanto quanto de subestruturas. As tentativas de integração do indivíduo e da organização baseiam-se numa compreensão errônea da natureza da pessoa. Meu

ponto de vista é o de que somente uma visão delimitativa do plano organizacional pode contrapor-se à inadequada prática da análise de sistemas.

A colocação inapropriada de conceitos impregna a literatura contemporânea sobre tópicos e problemas organizacionais, e, em resul tado, a cidadela do conhecimento organizacional de nossos dias é semelhante a uma torre de Babel. A confusão de línguas é quase ensur-

decedora. Afonte de boa parte dessa contusão é a linguagem deformadóra que surgiu como uma conseqüência do predomínio doscritérios econômicos na tessitura social em seu conjunto, e a diluição do polí

tico no contexto sociaj. O impacto dessas manifestações sob~rè~a linguagem será considerado mais longamente no capítulo 5. O dilema organizacional não pode ser superado senão recusando-se a teoria administrativa que supõe seremcritériosinerentes às organizações for15 Veja excelente discussão deste assunto em Esposito, J. L. (1976).Veja tam bém Wcizenbaum. J. (1976). 81

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mais os critérios dominantes de toda aexistência humana. Contrariamnte a"oria organizacional deveria transformar-se numa invest.ga-

çTo sobre múltiplas tipos de sistemas sociais, dos quais ocontexto econômico formal é um caso particular. 4.7 Conclusão

Paradoxalmente, o campo de estudo da teoria da organização

tinha um senso muito mais claro de seu objetivo antes do surgimento^ na década de 30, da chamadaJsçpJa_de_RejacõeiJ^ David

Riesman e W H Whyte deveriam ser lidos de novo. porque explicam,

de maneira convincente, como a Escola de Relações Humanas fo.

desencadeada pelos imperativos de uma estrutura econômica que

P^, aênfase no consumo eJjãiuia_pQu^anci:'fe De Taylor aLuther

Gulick os adminislradoTeTpTofissionais preocuparam-se muito com a

descoberta daquilo que deveria constituir o estudo sistemático do trabalho e da produtividade, egraças aeles foram identificados alguns

pontos básicos permanentes da ciência administrativa, que podem ser articulados-como sejegue:

__^

1 O fabalhò> *produtividad>constituem objetos sistemáticos de

estudo' científico. PeteT-Dracicér corretamente considera Frederick (

Taylor um pioneiro da "economia do conhecimento de hoje. de

trabalhadores. Em outras palavras, otreinamento técnico não elimina

^

tá?

^ ^ ,vPf ^

nem sufoca, necessariamente, as diferenças individuais, mas antes as

aCentlEstes são alguns dos tópicos permanentes da teoria da organiza

ção formal. Aabordagem desses tópicos pelos classicistas pode ser cn .-

cada em termos legítimos, por ser teoricamente superficial. Mas^pelo_ menos, perceberam eles que as organizações formais não constltuem ° TnmaTto-apTòpnado para a desalienaçao epara a auto-atuanzaçau uas

pessoas"TihTíãm maTsYõnscíêncíã~dé~suas limitações do que os mtegracionista's e humanistas de hoje. que afirmam saber como planejar orga

nizações autênticas. pró«tivas esadias. Como precursores da indus de prover a economiae_a_s^dea^jmí^njis, de modo geral, de .-1511!n5i3ii—^ Desincumb.ram-se. com elegância, dessa missão. Sua capacidade inventiva esua engenhosi-

tria da ciência-, os classicistas assumiram uma mjssãohistorica^qual a

dade contribuíram, numa importante medida, para tornar os EUA a

primeira economia terciária ede serviço, na história da humamdade -

uma economia em que as organizações formais, por assim dizer, podem cuidar de si mesmas com ajuda comparativamente limitada das pessoas Hoje em dia. amissão fundamental dos especialistas em teona da organização não consiste em legitimar a total inclusão das pessoas nos limites das organizações econômicas formais, mas sim em def.n.r o escopTdé Tais organizações na existência humanílem geral. Ahora è azada para a prática de un. tipo'sem precedentes de cienc.a organiza

c

acordo com o qual "a chave para aprodutividade [é] o conhecimento, não o suor" (Drucker. 1969. p. 71). E isso pode ser dito de toda a

0

chamada escola clássica.

de lidar com esses aspectos nos contextos a que adequadamente per

(

mensuração e avaliação dos produtos do trabalho.

tica cognitiva, um fenômeno relacionado com acolocação inapropr.ada de conceitos e de tópicos, prepara ocaminho para adiscussão ana lítica dos alicerces epistemológicos da nova ciência das organizações.

o

2. Não existe ciência daorganização formal sem normas técnicas para

* 3 As funções ou tarefas deveriam ser tecnicamente planejadas eseus planejadores deveriam levar em consideração a condição fisiológica

e psicológica do homem. Não éverdade que Taylor eaescola clássi

0 o

cional sensível aos diversos aspectos da vida humana, e que seja capaz

tencem Este capítulo, da mesma forma que oseguinte, sobre apolí

ca tenham negligenciado o fator humano nas organizações. Oque

deve ser acentuado é que aconcepção que tinham do homem era reducionista e demasiado limitada.

BIBÜ0GRAE1\

o

4 As potencialidades humanas não são "intuitivamente obvias, se ja para o trabalhadoi, seja para aquele que o observa";18 devem ser

Allport. F.H. Institutional bchavior. Chapei Hill. Carolina do Norte,

0

técnica e experimentalmente detectadas.

Bennis W. Chanzing organizations. New York, McGraw-Hill 196o.

0

e eficientemente organizado sem um treinamento sistemático dos

0

.6 Sobre a"ilusâ-o da participação mal colocada", ^acrística da Escola de

o

0 <

: 0 ( c

5 Odesempenho, na execução da tarefa, não pode ser melhorado

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I

1

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i <

dendo-se agora à sociedade como um todo. Mesmo no pietenternomento, uma apreciação sistemática da política come.umad mensao

I

cognitiva ainda éignorada pelos teonstas da J***^ "££ política cognitiva continua situada fora do interesse mesmo daqueles que, já há muito tempo, abandonaram avelha dicotomia entre admimStra PolítiM comitiva, para oferecer uma definição preliminar, con-

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5. POLÍTICA COGNITIVA - A PSICOLOGIA

(

DA SOCIEDADE CENTRADA NO MERCADO

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A chamada çjénjãâ_da_oj^anizacão. como hoje a conhecemos, ( <

está enredada numa trama de pressupostos não questionados, que derivam da sociedade centrada no mercado e dela são reflexos.

Enquanto permanecer alheia à crítica desi mesma, a colocação inapro priada"de conceitos e a política cognitiva afetarão de modo adverso a prática e o ensino da disciplina administrativa, por sufocarem qualquer

contexto da organização. Essa condição do conhecimento administra tivo modificou-se, quando novas circunstâncias sociais tornaram into lerável tal deficiência. Posteriormentea esseestágio,quando a política

vez que oíetóriío sofistico não pode ser convincente entre os que possLi sabedoria. Num ponto de seu diálogo, Sócrates refere-se a

O

veio a ser reconhecida como uma dimensão inerente às atividades

o

elaboração da teoria organizacional, mas mesmo nesse caso a política

o o o

Já expliquei a noção de colocação inapropriada de conceitos. Meu pro pósito, neste capítulo, é estabelecer a natureza da política cognitiva.

desenvolvidas nas organizações, a atividade política foi incorporada à era entendida apenas como uma luta pelo poder, através de processos de alocação de recompensas.

Entendo que, em nossos dias, os desenvolvimentos atingidos tomam indesculpável o estudo separado e distinto da cognição e da

o

política, e isso porque a influência da política cognitiva, que esteve um dia restrita a enclaves marginais no contexto mais amplo da tessi tura social, agora passou a permear tudo. Os padrõescognitivos, exigi dos pelos requisitos das transações típicas do mercado, limitado no

o

espaço, trasformaram-se em política de cognição, induzida do modo

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2tu za ePo uso^a retórica. Ébem sabido que Platão man, es ou

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Apolítica cognitiva é um fenômeno histórico perene. Éuma

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esforço no sentido de uma verdadeira articulação teórica nesse terreno.

Conviria assinalar-se que pouca - se é que alguma - atenção

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auestão exposta por Platão, em muitos de seus diálogos sobre a

tem sido dada, pelos teóricos da organização, à dimensão política da cognição. Política e conhecimento, tradicionalmente, vém sendo trata dos como áreas separadas e distintas de estudo, situação que traz à memória um período histórico anterior, emque os teóricos da organi zação reivindicavam uma nítida separação entre a política e a adminis tração. Naquela época, os teóricos e ospraticantes não dispunham dos instrumentos conceptuais de identificação de processos políticos no

(

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5.1 Política cognitiva, uma digressão histórica

aversão pela retórica, tal como apraticavam os sofistas, pela simples Lão de que ela visava produzir apenas crenças, não conhecimento* Snmdo. tentou ele salvar ofenômeno da retórica ou da persuasão política reclamando, em diversos diálogos, mais especificamente porém no Fedro. uma retórica dialética, uma retórica a serviço da filo ofiaE no Górgias, um dos seus primeiros diálogos, Platão mostra Éralés de Sócrates, que oretórico típico "não tem necessidade d conhecer a verdade das coisas, mas de descobrir uma técnica de pemiasão" (p. 459c). Esse tipo de retórica, diz Sócrates em suii famo sa comparação, "está para ajustiça como aculinária para a^medicina (p 456c isto é, aretórica constitui uma técnica para adular amulti-

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tal distorção.

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siste no uso consciente ou inconsciente de uma linguagem gorada, ., cuja finalidade é levar as pessoas ainterpretarem a "«"»•" termos adequados aos interesses dos agentes diretos e/ou mdiretos de

particular das estruturas e estratégias das organizações formais, esten-

dão easer usada perante aqueles que não têm ohábito de pensar, uma

retórica como "a semelhança de uma parte da política (p. 40Q, contudo, a possibilidade de uma retórica emanada do conhecimento que se preocupe em "tomar os cidadãos os melhores possíveis ío 513c) ou seja', formar uma cidadania esclarecida, não constituída

relação sobre a qual Aristóteles elabora em sua Retórica. Admite,

de indiv duos que, politicamente, ou são simplórios ou unpostores.

Desse modo, o%p5o uso que Sócrates faz da «Ms^gigN»

é demonstração de que ela pode estar a serviço do rdade.r».te*

político, isto é, da arte da política. Como foi já menc onadb Piatfo tembém sugere que amaneira de salvar aretónca está em toma-la parte da dialética, tal como ele aentendia.

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Conviria salientar que Platão, no fim de conlas, nao trai pn5-

pria condenação do retórico sofistico, porque nas Leis sugere ele que

87 86

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aguda percepção da relação entre o poder da palavra e as muitas mascarar usadas em'nome da legitimação política. 0 assunto da

uma teologia civil deveria acompanhar a legislação, protegendo o sadio

sistema político dos agentes edas ações de destruição. Platão concebe

retórica écompatível com oprojeto de Platão de purificar aretónca da distorção sofistica, assinalando que oque distingue o retónco do

esse credo como uma destilação das normas mínimas comuns a todas

(

as religiões, normas cuja validade se toma evidente através do debate

racional. Uma palavra sobre a natureza da teologia civil pode ajudar a

sofista é o propósito moral do indivíduo no uso da retórica.

<

esclarecer o funcionamento da política cognitiva.

A moralidade substantiva é uma qualidade das pessoas e reside no orador. Ao violar essa orientação o indivíduo incorre numa espécie de conduta que se desvia da tensão constitutiva da razão substantiva e

O retórico é um orador treinado na prática da arte da persuasão.

Através de toda a história, as teologias civis têm sido instrumen

tos legítimos para aumentar a resistência de sistemas políticos. Com

t

escrúpulos racionais menos exigentes que Platão, por exemplo, encon

(

tramos Políbio (1972) louvando o estadista romano porintroduzir na

(

mente das pessoas, em nome da coesão do Estado, "noções relativas aos deuses e crenças no tenor do inferno", expediente que não seria

(

necessário se o "Estado [fosse] composto de homens sábios" (Políbio,

(

contendo um elemento racional insignificante, aproxima-se mais de uma variedade da teologia civil na maior parte dos países anglo-

( ( (

importante gira em tomo da noção de debate racional. Alguém pode, legitimamente, se envolver num debate racional com a finalidade de

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validar as teologias civis, mas a doutrinação, ou a inculcação sublimi nar de definições distorcidas da realidade, estimulada pela política cognitiva, nãoconstitui jamais objeto de debate entre suas vítimas. Em seus diálogos, Platão empreende a tarefa de desenvolver uma

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padrões éticos, eexplicar seus numerosos usos políticos legítimos.

Platão e Aristóteles não foram os únicos sábios gregos conscien

tes do fenômeno da política cognitiva. Mas na Grécia o alcance e o

impacto sociais dessa política puderam ser mantidos sob ocontrole dos usos e costumes predominantes, e do processo educativo ocorrido

nos grupos formais e informais, em que os gregos aprendiam os deve-

res dacidadania. A filosofia e a educação sistemática também serviram

como forças de compensação, contra a proliferação da política cogni

tiva. Em outras sociedades antigas, em que não existiu propriamente

arte de debate racional, que é mais além refinada e codificada por

filosofia, a política cognitiva nunca se transformou em ponto de deba te, uma vez que o indivíduo estava evidentemente prevenido contra tal armadilha por sua compacta emítica experiência da realidade.

bém éticos". Elabora ele, ainda, sobre essa relação quando adverte o

No contexto de suas bases culturais específicas, os indivíduos

leitor de que "estudos éticos podem bem ser chamados de políticos"

puderam desenvolver um sentido de vida comunitária livre da influên

e, por essa razão, a retórica às vezes "disfarça-se como ciência polí tica" (Aristóteles, 1954; I, 1.356a, 2/25). Portanto, Aristóteles tem 1 Veja Voegelin (1963, p. 36). Anoção deteologia civil tem uma longa tradição no campo da teoria política. Para uma excelente visão deconjunto desta noção, veja Sandoz, EUis (1972). Veja também Germino, Dantc (1967, p. 29). Umi tentativa de formulação de uma teologia civil para a sociedade industrial desen volvida é representada pelos trabalhos de Rawls, J. (1971). Apesar do sabor compassivo da noção que Rawls tem da eqüidade social, coisa queestáficando

influente entre alguns teoristas daadministração, sua teoria da justiça, em última

análise, reflete uma avaliação míopedo estadoatual da sociedade industrial de senvolvida, na medida em que a racionalidade inerente ao sistema de preço de mercado c explicitamenteaceita por Rawls como premissa básicade suafilosofia moral.

G

88

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intuito geral de sua Retórica é subordinar a arte da persuasão a

Aristóteles, em suaRetórica. Aristóteles considera a retórica, emrela ção a outras disciplinas, como um "ramo de estudos dialéticos e tam

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sável pode esforçar-se por usar a habüidade que adquiriu de superar ambigüidades de motivo ou propósito. Embora Aristóteles cedesse, de vez em quando, àtentação sofistica de compüar receitas lingüísticas, o

identificada como política cognitiva. Uma teologia civil é expressa mente formulada não paraenganar as pessoas, mas antes para legitimar um tipo de ordem social em termos e imagens acessíveis à compre

c

G

portamentos imorais. Oreconhecimento do caráter ambíguo da lin guagem é, pelo menos, tão antigo quanto os gregos. Oorador respon

saxões.1 Não obstante, teologia civil não deveria ser erroneamente

ensão e ao nível educacional do conjunto de cidadãos. A distinção

que reduz as considerações éticas acritérios instrumentais de avaliação. Daí que apenas imperativos de expediência (o que, afinal, eqüivale a dizer nenhum imperativo) são os únicos freios capazes de controlar a

habüidade dos oradores para usarem seu poder de enganar, de induzir os outros a emitirem julgamentos errados, ou de se permitirem com

1972; VI, 56, 6-11). Hoje em dia, ademocracia constitucional, embora

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cia da política cognitiva. No repositório de tradições da maioria das

sociedades da era pré-industrial, podemos encontrar exposta natermi

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nologia dos provérbios apercepção comum do mercado como olocal de prática da política cognitiva eda linguagem enganadora. Em muitas

sociedades arcaicas e antigas, o mercado tinha uma função determina

da dentro de rigorosos limites geográficos, longe da corrente maior da vida social, para que não solapasse as bases da comunidade e distor

cesse a natureza da comunicação. Esse ordenamento histórico foi conscientemente elevado à condição de um princípio diferenciado de

planejamento social pelos pensadores políticos clássicos, tais como 89

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do povo. Se eles admitissem a intencionalidade das atividades que

tos da sociedade centrada no mercado. Oestudo desse fenômeno deve

liberte da deformação decorrente da aceitação ingênua dos pressupos

nejamento de sistemas sociais e da administração organizacional se

acadêmica se se pretende que a elaboração teórica nas ciências de pla

O fenômeno da política cognitiva requer explícita investigação

políticos cognitivos, mas também graves questões éticas poderiam ser

desenvolvem, não apenas se enfraqueceria aeficácia de seus atos como

peciais padrões cognitivos elingüísticos nunca devem ser permiti

Platão Aristóteles e Santo Tomás, os quais concordaram todos em oue para peservar obom caráter da comunidade, ao mercado easeus

levantadas quantoa seus objetivos.

5.2 Apolítica cognitiva easociedade centrada no mercado Apolítica cognitiva éamoeda corrente psicológica da sociedade

valer-se dos recursos existentes na sociologia do conhecimento, na

teoria da comunicação. Matéria ponto central desse tipo de estudo, éo

lingüística, na psicologia cognitiva, na antropologia cognitiva e na

dominante nas sociedades industriais desenvolvidas, regras que sao

conjunto de regras epistemológicas inerentes àestrutura política pre

lização e/ou mediante aexposição desse cidadão, homem ou mulher,

absorvidas sem nenhuma crítica pelo cidadão comum, através da socia

Os agentes da política cognitiva se diferençam, no grau de per

a influências planejadas sistematicamente.

cepção de seus papéis. Os mais conscientes deles encontram-se, geral

tínuo de deliberada definição da realidade-Qs instrumentos da mídia

mente nas atividades de comunicação e publicidade. Aimprensa, o rádio e a telev.são estão, conjuntamente, engajados num processo con

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política. Às vezes, indivíduos e grupos dão-se conta da política de cognição e é assim, por exemplo, que as mulheres, os negros; e os

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91^$ i í

importante dispositivo de proteção eestabüizaçao, eque contém umOy? ^

organizacionais formais, de todas as categorias ede todos os tamanhos. -, Cada organização formal tem seu jargão específico, que constitui * l

chicanos, neste país, já não estão mais dispostos a aceitar as próprias

imagens tal como têm sido tipicamente representadas. A política cognitiva é uma parte fundamental das estruturas

viavei — grata» d uiauva v.» [*«....>.-^—o-

senso De fato, a presente estrutura de consumo neste pais, onde massas enormes de pessoas são induzidas a acreditar que desejam (e portanto, devem comprar) aquüo de que não precisam tornou-se viável - graças àprática da política cognitiva. Oprocesso de educação formal, igualmente, está grandemente condicionado por esse tipo de

preferência odesfecho de uma batalha política velada contra obom

produto é, hoje em dia, não tanto oresultado da exata compreensão de suas verdadeiras propriedades, por parte dos consumidores, mas de

do què para esclarecer opúblico. Uma hora de televisão ésuficiente para que qualquer um perceba que apolítica de cognição éum fato preponderante da vida contemporânea. Abem-sucedida venda de um

tação que opovo dá àrealidade. Tanto ocenário em que ainformação

são utüizados como armas na competição para influenciar a interpre

pelos cientistas sociais convencionais. Tal circunstância mostra o

dos requisitos institucionais epsicológicos do mercado (Parsons, 1964;

neização do comportamento humano em escala mundial (Alex Inkeles, 1960; Deutsch, 1953), aidentificação de modernização com adifusão

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é dada quanto seu padrão lingüístico, éelaborado antes para enganar

legitimado como princípio básico da ciência social contemporânea. Dessa forma, o fim da sociedade tradicional (Lemer, 1958) ahomoge

sionismo político das sociedades hegemônicas centradas no mercado, é

obscurecer Esse evento praticamente universal, resultante do expan-

precisamente o óbvio que constitui propósito da política cognitiva

preender como esse fenômeno escapou auma investigação sistemática^ Aqui estou eu simplesmente chamando a atenção para oobvio, mas é

de mercado através de todo o mundo contemporâneo, e dificü com

jp^iTlr^pTdos ou mesmo destruídos,. Diante do consistente padrão de conseqüências que acompanhou adifusão da mentalidade

.iTl^Wnriilocial. os laços comunitários e os traços culturais especi-

centrada no mercado. Não constitui mero incidente ofato de que, em toda sociedade em que omercado se transformou em agencia centnca

da aexpansão para além do local que lhes fosse circunscrito.

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McClelland, 1961)2 - tudo isso é interpretado com sentido normativo

paroquialismo dessa espécie de ciência esua servidão, nos limites do

arcabouço de padrões cognitivos inerentes à sociedade centrada no mercado.

Conseqüentemente, é lícito indagar as razões pelas quais o estu

do da cognição como uma força impulsionadora da política - ou, melhor, a política como uma dimensão da cognição - não se transfor

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mou em assunto acadêmico. Pode-se compreender facilmente o signi

90

2 Veja também McClelland &Winter (1969).

hipótese não vale para aqueles que, consciente ou inconscientemente, estão envolvidos na política cognitiva, cujo objetivo é afetar a mente

conveniência, para aqueles que estão envolvidos na política do petró leo, do transporte e assim por diante, em negarem o fato, mas essa

da política cognitiva a condição de ser obscura. Não há razões de

sãosoar como desconcertante, seja a de que está na própria natureza

ficado de expressões como política do petróleo, política de transporte e política da poluição, sem uma longa análise. Mas o significado de uma expressão como "política cognitiva" não se toma e-idente sem maior clarificação. Talvez uma razão que, logo de início, faça aexpres

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nizacional ensinada nas escolas e universidades não éum saber critico

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(Laslett, 1965, p. 11).

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humana, em geral, com asíndrome de comportamento inerente aso3 Na Inglaterra dos Tudors e Stuarts - diz Peter Laslett - "os adultos não saíam de casTpara trabalhar" e"a vida institucional era^uase desconheada

Nos parágrafos seguintes tentarei fundamentar este argumento, examinando três pressupostos, não articulados até agora dad.sc.phna organizacional dominante, que são: a) a identificação da natureza

dosucesso da política cognitiva:

consciente dessas circunstâncias. Éassim ela propna uma manifestação

linguagem; es* éoambiente da política cognitiva. Adisciplina orga

tendem a tomar-se equivalentes aos padrões gerais de pensamento e

G

paradigma, para aorganização de toda aexistência humanaNesas cir

cunstâncias, os padrões do mercado, para pensamento e linguagem,

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Nos dias de hoje, o mercado tende a transformar-se na força modeladora da sociedade como um todo, eotipo peculiar de organi- |

da no mercado, sobretudo em seu estágio industrial mais recente.

zação que conesponde às suas exigências assumiu o caráter de um

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de grupos que em geral não tinham ocaráter instrumental das orgam- t^\ zaçlea fonnais, como hoje as conhecemos. Mais ainda, em nenhuma /W sSade anterior àsociedade industrial, as organizações de caráter \s conomico jamais assumiram papel central edeliberado no processo V de socialização. Essa circunstância écaracterística da sociedade centra-/

tomar-se membro da sociedade através da participação numa porção

ondicionamento de sistemas formais artificiais. Apessoa aprendia a

pouca participação no processo de socialização do indivíduo Na realiZlí nessas sociedades os costumes eas tradições sob cuja influencia o homem adquüia uma visão particular do mundo e os padrões do coneto comportamento, estavam, de modo gerai, livres do planejado

Nas sociedades pré-industriais, as organizações formais Unham

os cidadãos, através do exercício da política cognitiva.

Tnão sofrem restrição alguma quanto àinfluência que exercem sobre,

aTorganizações desempenham um papel ativo esem precedentes no prrSo de socialização do indivíduo, tentam transformar-se na S ü E ao que parece, têm acapacidade de fazer «so, porque So elas próprias poderosos sistemas epistemológicos e, presentemen-

Z maTtantbém, no nível macro, aacreditar que existem efunc,o-l ntní por uTinteresse vital da sociedade como um todo. Hoje em dia

XTnST^ aprraTceitar como desejável aquüo que produ-

cado ^'"^"^seus membros eseus clientes, induzindo-os, noU 0^

rtn roniunto de regras tácitas de cognição, ou definições da realida-

T? Zmí aseus membros no processo de socialrzação. de *-fí*ZZ£2 organizações típicas da sociedade de mer-, , ^necessariamente, falsas ementirosas. Estão fadadas aenga-j t ^



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conômL desse tipo resumem aessência da natureza nu.m. a^O

(1971) e Sahüns, Marshall (1972). 93

baseadas nessa definição do homem. Acenca ^onomica estabetecida

íemenTeoT continua adeterminar as ações dos planejadores orgaruzaSs e dos formuladore; de políticas. Oarcabouço macro, ti cional da sociedade centrada no mercado écontrolado^*g™

homem como um se econômico, atenuada edisfarçada como frequen-

história enc^Tdo, da'ciência da organização Mas adefinição do

Otailorismo éhoje apresentado na literatura como um estagio

sociedade como uma ampliação do domínio do mercado.

lll 1 ammentes de trabalho, mas também da família, das escolas ITtoS atM Em outras palavras via atessitura global da

motivação como um dado de referência para o planejamento nao

íavlor co^derava aadministração científica eseus correlativos de

"onônícoTda conduta humana nunca tiveram aM <£*£ nal oue assumüam na sociedade centrada no mercado. Além disso

donaísfo oindivíduo induzido acomportar-se como um ser economio De modo geral, nas sociedades pré-industriais, os determinantes

corrantropoXgicos agora facümente disponíveis, demonstram que agente na soeidad industrial moderna, graças aimperativos institu-

demasiado evidente para merecer uma longa discussão. Dados h.ston-

caráter fictício dessa noção de natureza humana e, por si mesmo

extaênciâs psicológicas do sistema de mercado como algo equivalente rSre?aPhuman8a. As normas que prescreve para amotivação das pessoas no ambiente de trabalho base.am-se na presunção de que , competição, calculo, interesse pelo ganho ecaracterísticas puramente

£ de «as eplanos gerenciais que aceitam, sem maiores «xpü-

Os teóricos eos praticantes da organização foram, *"«>nsctoterem aformulação de conceitos emétodos, bem como aimplementa-

mente capturados no domínio da política cognitiva, por se permiti

5.3 Uma visão paroquial da natureza humana

comunicação instrumental.

ciedade centrada no mercado b) **?»£*^Z^* tentor de emprego; c) aidentificação da comunicação num

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As políticas dos governos tornam-se agora inoperantes, já que

de alocação de recursos, que aeconomia típica sistematicamente negli

gencia, ou alega levar em conta no contexto de sua estrutura conven cional' como variáveis exógenas. Por exemplo, fenômenos como a

seu curso lógico de desenvolvimento. Significativamente, no decorrer

inflação e o desemprego já não reagem às diretrizes convencionais dos governos, principalmente porque o cenário econômico normativo que

formulação de diretrizes, sensível às limitações biofísicas de produção e de alocação de recursos, tenha recentemente atingido alto grau de coerência teórica e viabüidade prática, ainda é a economia convencio

nal que constitui o ensinamento ministrado nas instituições acadêmi cas e que fornece as principais diretrizes para a modelagem das socie dades ocidentais.

Desde o advento da chamada escola de relações humanas, nos últimos anos da década de 20, e mesmo em nossos dias, um número cada vez maior de teóricos e praticantes da ciência da organização

afirma adotar enfoques humanistas no planejamento organizacional. No entanto, quando se examina cuidadosamente esse humanismo, descobre-se que é falso, visto como seus representantes, de modo

geral, são desprovidos de uma compreensão sistemática do espectro de requisitos contextuais que a prática do humanismo deveria levar em

conta. Em outras palavras e generalizando, esses chamados humanistas

permitem-se a prática da colocação inapropriada de conceitos, tópico que foi discutido analiticamente no capítulo 4 deste livro. Ésignificativo e, afirmo eu, não éacidental que adifundida voga das abordagens humanistas da administração tenha coincidido com a fase em que este país se transformou numa sociedade organizacional. -Vamos fazer uma pausa para entender esta,expressão. E certo dizer que, nas décadas em que foi aclamada aadministração científica, este país não constituía ainda uma sociedade organizacional. As pessoas procuravam as organizações formais, para trabalhar ereceber seus ren-

desse período, a poupança foi acentuada de modo enfático na vida V-'^ fNfvh'

americana. Por si só, essacircunstância impeliu os cidadãos a se ocupa rem de atividades autogratificantes que envolviam a aplicação de seu

potencial como seres humanos, sem o desenfreado consumo de merca dorias e, por conseguinte, o gasto irrefreado. Quando se queria econo mizar, ficava-se em casa e cuidava-se de exercer atividades dentro de casa e ao ar livre, e descobria-se a alegria de fazer direta e livremente as

coisas. As organizações formais eram discretas e conscientes de seus limites, mantendo-se dentro de um contexto delimitado do conjunto

do espaço vital dos cidadãos. Poder-se-ia dizer que, durante esse perío

do, o consumidor neste país ainda gozava de alto grau de soberania no sistema de mercado. Existia na família importante reservatório de

"competência artesanal" (Leiss, 1976), que habüitava o cidadão a produzir considerável quantidade de bens que ele não encontrava

disponíveis ou vantajosos para comprar. Sendo assim, o mercado precisava ter sensibilidade, relativamente àcapacidade artesanal substi tutiva do cidadão, de maneira a poder planejar sua linha de produção.

O surgimento da chamada escola de relações humanas, nos últi

mos anos dadécada de 20 e sua rápida expansão nas décadas seguintes,

reflete uma transição naeconomia americana. Emproporção exponencial, as atividades das organizações econômicas formais aumentaram e

ocupar todo ocampo do espaço vital dos cidadãos. Aênfase da econo mia americana de hoje já não se faz sobre poupar, mas sim sobre

gastar.7 Amídia, dirigida cada dia mais pelas organizações econômicas

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1 Projetos de pesquisa de motivação foram largamente encorajados, nesse perío

do. Whyte cita um "pesquisador de motivação" dessa época, Ernest Dichter: "Estamos agora diante do problema de permitir que o americano médio sesinta virtuoso quando está namorando, mesmo quando está gastando, mesmo quando não está economizando, mesmo quando tira férias duas vezes poranoe quando

mais do'que podemos dar." Na realidade, ele estava repetindo Arthur F.Burns, antigo presidente do Conselho da Reserva Federal (Federal Reserve Board), que disse, em 1971: "As regras da economia não estão funcionando exatamente co

não imoral" (Wfiytc, 1954, p. 19). O Triumph ofmassidols, de Leo Lowenthal,

mo costumavam funcionar." Apud Henderson (1978,p. 63-4).

oferece interessante estudo sobre a maneira pela qual a transição de uma econo

6 Veja, por exemplo, o capítulo 3,No rumo da sociedade organizacional, em

americana (1968).

Presthus (1965).

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se foram diferenciando, passando dessa maneira, cada vez mais, a

compra um segundo ou terceiro carro. Um dos problemas fundamentais dessa prosperidade, portanto, consiste em dar às pessoas a sanção e ajustificação para gozá-la c para demonstrar que a abordagem hedonista de suas vidas é moral, e

s "Nós economistas" - diz Linton Friedman, em 1972 -, "temos reclamado

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ciais independentes das pressões organizacionais. Por assim dizer, uma fronteira imaginária e, contudo, existencialmente real, separava clara mente a arena das organizações econômicas formais de outros sírios, em que variados tipos de esforço humano podiam seguú livremente

são cada vez mais obstruídas por dificuldades biofísicas de produção e

jam atal situação com espanto.5 Infelizmente, embora um modelo de

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pessoas - mulheres, gente jovem abaixo da idade de trabalhar', assim como alguns poucos cidadãos - que não queriam ser empregados, muitos campos em que os mesmos podiam perseguü objetivos existen

como um ser econômico.

tas do mundo. Não é de admirar que os economistas tradicionais rea-

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dimentos, mas a sociedade assegurava a trabalhadores e a outras

com suas regras de recompensa ecastigo, eseus critérios gerais de alo cação de mão-de-obra e recursos, oindivíduo tem que se programar

essas düetrizes pressupõem não combina com as circunstâncias concre

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mia de produção para uma economia de consumo se refletiu nacultura popular

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formais intromete-se no espaço vital particular dos cidadãos e os taduz a'diversificarem suas necessidades eaexprimi-las em termos tao esoecíficos que, somente através da aquisição de mercadorias especi-

serviços que apenas servem para destruir gradativamente o senso que

,

fSs, podem as mesmas ser satisfeitas. Através desse processo, o ^

cidadão está fadado aperder sua competência artesanal, aforça de que £, dispunha para afetar as linhas de produção do mercado. Anação trans formou-se numa sociedade organizacional e a pessoa humana num homem de organização. Oprodutor iornou-se soberano no mercado e oator principal no processo de alocação de mão-de-obra ede recursos

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da estrutura de emprego da sociedade centrada no mercado, que em si mesma não permite uma coerente prática do verdadeiro humanismo.

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de "remendos" e, assim, não vêem a floresta porque se preocupam

apenas com as árvores. Há indícios de que nem todos os intervencio

nistas são totalmente insensíveis à síndrome psicológica inerente a

sociedade organizacional. Por exemplo, num livro de sucesso, significa

tivamente intitulado Up the organization. how to stop the corporation

existencial do cidadão americano processa-se através de um ambiente social excessivamente projetado, no qual quase nenhum segmento de

from stiffling people and strangling profits, Robert Townsend propõe

campo da disciplina administrativa ignoram ou negligenciam tis contri

vindo a nós" (Townsend, 1970, p. XII). Considera ele os 80 mühoes

uma estratégia administrativa "tipo guerra de guerrüha nao-violenta ,

seu espaço vital é deixado livre para objetivos pessoais autônomos. Naturalmente é absurdo afirmar que os estudiosos pertinentes ao

visando "desmantelar nossas organizações na parte em que nos esta mos servindo a elas, e deixando apenas as partes em que elas estão ser

buições desses analistas, mas a verdade é que esses estudiosos nao parecem ter uma compreensão teoricamente refinada esistemat.ca das implicações organizacionais do ambiente social contemporâneo, todo

de cidadãos que estão realmente exercendo empregos como casos

dias tendem, na realidade, a legitimar a expansão das organizações de caráter econômico para além de seus limites contextuais específicos,

e agências gigantescas... cresceram como câncer, até ocuparem qua

psiquiátricos" (Townsend, 1970, p. 121), eexplica. "Tornamo-nos uma nação de office-boys. Corporações gigantescas...

ele demasiadamente projetado. Os teóricos e os praticantes de nossos a

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pondo em prática um humanismo errôneo emal colocado. Através de "-^estratégias integracionistas, isto é, mediante estratégias que visam a integração de metas individuais e organizacionais, esforçam-se eles para transformar as organizações econômicas em sistemas sociais de tipo doméstico.9 Dessa maneira, entregam-se à pratica da política cognitiva pela qual temas como o amor, a auto-atualizaçao, a con fiança básica, afranqueza, a desalienação e a autenticidade sao trazi dos para oâmbito da organização convencional, ao qual tais temas so

incidentalmente pertencem. POTtosJundamentais da vida intersubje- •"-.; • trva sãn em conseqüência, conceptualizados erradamente eatentativa >/ y

de situá-los no terreno das organizações economícaTé, teoricamente, A^

se todo o espaço vivo de trabalho. Como os clérigos do tempo de

Anthony Trollope, não somos senão mortais treinados para servir a M. fí

instituições imortais ... Esse não éonosso estado natural (Townsend,

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1970, p. XII).

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O fato de que o livro de Townsend se transformou no bestseller número um, quando foi publicado em 1970, e permaneceu sete

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meses nalista de livros mais vendidos àoNew York Times, mostra que

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milhões de cidadãos têm consciência da armadilha existencial em que se encontram na sociedade industrial contemporânea e estão abertos a alternativas. Sua inclinação psicológica aachar alternativas para apró

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pria situação pode significar que o momento agora éoportuno para o

indefensável. . .-^ T\ (/ Somente uma visão açrítica das metas organizacionais eda moti- «yièk^-^^cpj

surgimento de um novo paradigma de ciência organizacional. Uma das

tarefas essenciais dessa nova ciência consiste na conceptualizaçao da

vação humana pode explicar porque os intervencionistas humanistas O f] variedade de objetivos básicos e de seus correspondentes sistemas espe se sentem àvontade em suas tentativas, por exemplo, de minimizar a fí^*** í*a>*>~«- cíficos de que as organizações econômicas formais são um caso aum

alienação em fábricas de alimentos para bichos de estimação; de me- U^ * &*&. limite.'Quer dizer, é essencial libertar a concepção de natureza humalhorar acultura humana em complexos industriais poluentes edestrui- ^ ^ -na e dos objetivos àmesma relacionados das prescrições impostas pela dores dos recursos naturais; de aumentar a eficiência de corporações ^ ç^ "^ síndrome comportamentalista, e desenvolver os enfoques operacionais

^^MOmmJtmm Bm fornecer fnmprpr ao DÚblico especializadas em público mercadorias mercadorias desnecessárias ee ^«^cO/ « Veja Galbraith (1970).

9 Veja. por exemplo. Argyris, Chris (1973, 1973* c 1973&). í

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Os esforços que fazem tendem aser fragmentários, eproporcionadores

Oregistro dessa transformação tem sido feito por vários analis tas e há notável concordância quanto ao fato de que o enredamento

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têm os cidadãos de suas necessidades genuínas, pessoais. Nao questio-

nam eles, explicitamente, o caráter geral desumanizador e enganoso

.r.pr necessários ao planejamento, à implementação e ao estimulo de 0< *-V empreendimentos diversos e na conformidade das metas peculiares a cada um deles. 97

96

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corporação em seu trabalho ao papel representado por um artista num

5.4 Oalegre detentor de emprego, vitima patológica da sociedade

palco Enquanto o bom ator se projeta em seu papel, o executivo eficiente esconde-se, em situações idênticas. Esse contraste, entre

centrada no mercado

revelação e ocultação, é instrutivo:

Uma dimensão básica a demonstrar o caráter da disciplina orga nizacional contemporânea como exemplo de política cognitiva é seu

«O ator deve interpretar o papel em termos de sua própria persona

inadequado pressuposto de que os ambientes formais de trabalho são apropriados para a atualização humana. Essa noção é claramente

lidade Éle se introduz no personagem, em vez de simplesmente,

Representar' o papel. Ao contrário, as normas Ç0 protocolo (na

desautorizada por qualquer um que esteja em dia com a .literatura

companhia) nos ensinam a representar nossos papéis com Vma deso

competente sobre anatureza da sociedade de mercado. Pode-se dificil

nestidade intrínseca. Assim como o ator se derrama no papel que

mente admitir que um responsável especialista em organização seper

desempenha, o executivo (da pmpresai extrai rir sen papel a própr»

mita ignorar aquilo que Max Weber escreveu sobre as peculiaridades

individualidade" (Harrington. 1959.P. 144).

históricas da sociedade de mercado e suarepercussão sobre a estrutura

Os atos que oindivíduo pratica em sua qualidade de detentor de

de emprego. De fato, Max Weber salientou que, comparada às socieda des aque sucedeu, asociedade de mercado constitui uma configuração histórica particular precisamente porque não pode funcionar de

um emprego são de importância secundária, relativamente àsua verda

maneira eficaz a menos que o desempenho do indivíduo, como mem bro dos ambientes de trabalho, tenha caráter impessoal. Os sistemas

suajíeidadeira individualidade e, em vez disso, adapta-se a.unn reali

sociais adequados ao desempenho pessoal nos ambientes profissionais, tanto quanto ao tratamento personalizado de seus clientes, retardam

têm metas que, só acidental esecundariamente, consideram aatualiza

deira atualização pessoal. Se uma pessoa permite que a organização se tome a referência primordial de sua existência, perde o contato com

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dade fabricada. Os sistemas planejados, como as organizações formais,

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ção pessoal. Verdadeiros atualizadores são os agentes capazes de ma

o advento e o desenvolvimento do sistema de mercado. Weber insi

nuou, por exemplo, que uma das razões pelas quais a Alemanha de seu tempo estava atrasada, em relação à Grã-Bretenha e a outras

nobrar, no mundo organizacionalmente planejado, de modo aservirem aos objetivos desse mundo com reservas e restrições mentais, sempre

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vida Há, portanto, uma tensão contínua entre os sistemas organiza

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deixando algum espaço para a satisfação de seu projeto especial de

nações da Europa ocidental, era a de que sua estrutura administrativa

ainda estava contida dentro do tipo patrimonialista de trabalho carac terístico dos sistemas sociais feudais do passado. Modernizar a

Alemanha - queria ele dizer - eqüivaleria a acelerar a formação de

cionais planejados e os atualizadores, e afirmar que oindivíduo deve ria esforçar-se para eliminar essa tensão, Chegando assim auma condi ção de equUíbrio orgânico com aempresa (exemplo de política cogni tiva que uma psicologia motivacional defende, em bases supostamente

|

um mercado nacional alemão e, portanto, a desmantelar o tipo feudal de estrutura administrativa. As afirmações de Weber têm sido objeto

científicas), corresponde a recomendar adeformação da pessoa huma na. Somente um ser deformado pode encontrar em sistemas planeja

de um grande número de restrições, mas a essência de sua análise da modernização como sinônimo de desenvolvimento da sociedade de mercado ainda é verdadeira, sem restrição alguma.

dos o meio adequado à própria atualização.

ator despersonalizado. Espera-se dele que acate as determinações UJW

base uma concepção sociomórfica da atualização humana, e, pois,

O atual humanismo integracionista das organizações toma por

Numa sociedade de mercado, o empregado eficiente deve ser um \

impostas, de cima para baixo, eque definem opapel que tem que JS-"

desempenhar. Um traço de sua patologia normal é aquüo que Dewey^/

chamou de "psicose ocupacional", resultante de uma aceitação acri- '-

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opõe resistência ao reconhecimento do fato de que apsique humana

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contenha qualquer elemento substantivo ^ue não seja interiorizado mediante o processo de socialização. Essa concepção do integracionis ta humanista é indefensável, diante daconseqüente patologia dos pró

tica das determinações referentes a seu papel profissional (Merton, 7-<~0O
prios sistemas sociais. Uma concepção oposta, isto é, uma perspectiva real centrada no indivíduo, toma-se necessária para que se adote um

destinado a conformar-se a um "comportamento esteriotipado", que "não se adapta às exigências dos problemas individuais" (Merton,.

enfoque clínico de tais sistemas. Do ponto de vista de uma psicologia

1967, p. 202). Vamos fazer uma pausa, a esta altura, e prestar atenção a uma

narração autobiográfica do executivo de uma corporação. O livro, Life in the Chrystal Palace, contrapõe o desempenho do membro da

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desse tipo, centrada no indivíduo, "ohomem édoente - não apenas o neurótico ou psicótico, mas igualmente aquele que é chamado de

homem 'normal' - porque esconde o seu eu real natransação com os

outros, (e) equipara os papéis que desempenha nos sistemas sociais à 2?

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- para reconhecimento do valor dos propósitos humanos. Numa socie-

os empregos passaram a ser acategoria dominante - senão aexclusiva

tipo de psicologia que não transcende um episódio histórico peculiar, já que somente na sociedade centrada nomercado, pela primeira vez,

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mercado. Avalia a normalidade e a qualidade do indivíduo de acordo Ç£> com a função que ele exerce como detentor de um emprego. Éum c3j-~-

to da síndrome comportamentalista inerente à sociedade centrada no

Apsicologia sociomórfica motivacional utilizada edepois perpe tuada pela disciplina organizacional existente é,ela própria, um aspec

adormecidas realidades imencionáveis (Laing, 1968,p. 133-58).

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psicologia sociomórfica motivacional enfoca é aquele para quem o mundo social representa o único centro de experiência. Ele é provido de ego, mas perdeu a consciência de sua individualidade, onde estão

penetrar nesse domínio - indivíduos criativos, poetas, músicos, nove listas, artistas de muitos tipos, até mesmo loucos. O indivíduo que a

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Laing, Progoff e outros, mas também outras pessoas que se atrevem a

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do pelo processo da socialização, não apenas psicólogos como Jung,

Falam-nos deSm domínio profundo da pessoa humana, intoca

aincapacidade do indivíduo de viver a tensão inerente àsua.existência. O conflito entre o indivíduo e os sistemas sociais projetados é permanente e inevitável, e só pode ser eliminado pela morte do ser humano ou por sua paralisia, mediante exagerada adaptação às condi ções sociais exteriores. Além disso, a auto-atualização individual é, na maior parte das vezes, uma conseqüência não premeditada de inúme ras ações. Paradoxalmente, constitui uma verificação posterior ao fato, em vez d\ser tópico garantido de uma agenda. Quanto mais se preo cupa o homem, de maneira explícita, com a auto-atualização, tanto mais se vê coibido no emaranhado da frpstração existencial.

conceito de auto-atualização, para que o mesmo não venha ajustificar '

psique. Énecessário que se proceda auma cuidadosa caracterização do

muitas delas, se estiver decidido a alcançar o objetivo pessoal sem par de sua vida. A auto-atualização conduz o homem na direção da tensão interior, no sentido da resistência à completa socialização de sua

de suas potencialidades. Na verdade, terá ele até que lutar contra

compulsões psicológicas e deva se permitir arealização indiscriminada

atualização de suas potencialidades pessoais. Contudo, isto não quer dizer que, ao atualizar-se, possa o indivíduo dar plena expansão asuas

de seu desejo de significação. Na realidade, oindivíduo confere signifi cação asua vida quando tal significação, primordialmente, resulta da

1964,p. 60-1). O conceito sociomórfico da psique humana despoja o indivíduo

própria identidade etenta negar aexistência de tudo aquüo do eu real que não tem importância para o papel desempenhado" (Jourard,

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li Veja Schumpeter (1974, p. 270). Veja também Garraty (1978).

io Veja de Grazia (1964, p.51). 101

"Nas propriedades isoladas e nos vUarejos muito pequenos, espalha-

mercado é ubíquo.Escreve ele:

ninguém pode ter estímulo para se dedicar a uma única ocupação (Smith, 1965, p. 17), como ocarregador, numa grande cidade, onde o

mercado mas lamentava ofato de que "quando o mercado é pequeno,

nações ainda podia ver, na Inglatena, áreas intocadas pelo sistema de

Exercendo o emprego, recebe um salário, um certo montante de dinheiro, com que compra aquüo que lhe seja possível comprar. Nesse tipo de sociedade, fica sem ocupação, no sentido antigo e primitivo. Exatamente no momento em que Adam Smith escrevia ARiqueza das

bens eserviços de que necessita através do exercício de um emprego.

dade comercial" (Smith, 1965, p. 22). Na sociedade que conceitua como sendo comercial, o indivíduo só pode garantir a si mesmo os

própria sociedade passa a ser aquüo que constitui, de fato, uma socie

numa base de troca ou, de alguma forma, toma-se umcomerciante, e a

ma ohomem, necessariamente, num detentor de emprego: "Onde uma vez se estabeleça a divisão do trabalho", diz ele, "todo homem vive

Como reconhece Adam Smith, a sociedade demercado transíor-

da sociedade.

por uma catástrofe natural ou social, que afetaria todos os membros

morte pela fome só aconteceria como um fenômeno coletivo, causado

dava ao indivíduo a possibüidade de estar livre de morrer de fome. A

produtiva a qualquer pessoa que reconhecessem como um de seus membros. Em tais sociedades, o que poderia se assemelhar ao desem prego em massa de nossos dias era, antes, resultado esporádico de acontecimentos perturbadores, como as secas, as guerras, as rixas entre famílias, ou as pragas. Ofato de pertencer aessas sociedades por si so

ção era inconcebível,11 já que as mesmas asseguravam uma função

dessas sociedades, edesemprego como uma característica de desocupa

tos pré-industriais as pessoas produziam e tinham ocupações sem serem, necessariamente, detentoras de empregos. No plano estrutural

principal para definir asignificação social do indivíduo, enos contex

sociedade centrada no mercado, o emprego nunca tinha sido o cnteno

raiz da palavra moderna job - emprego - queria dizer um pedaço, ou um monte, e nada tinha em comum com a ocupação de qualquer cargo especificado de uma organização formal. Antes do advento da

mo ,0 No inglês do período coberto pelos séculos XII a XVI )oooe,

recente que o dicionário Webster ainda a considera um coloquialis-

Não obstante, a noção de emprego, como a conhecemos, e xao

valõT- e mesmo a não existir.

dade assim, não ser detentor de um emprego corresponde a não ter

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dos por uma região tão deserta quanto os altiplanos da Escócia, cada granjeiro tem que ser açougueiro, padeiro e cervejeiro de sua

distinguir entre bens eserviços, primaciais edemonstrativos. Os pri

ferreiro, um carpinteiro ou um pedreiro distante menos de trinta qui

ajudam o indivíduo a se manter como um organismo sadio e um

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própria família. Nessas situações mal podemos esperar que haja um

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lômetros de outro irmão de ofício. As famílias dispersas, que vivem a uma distância de 10 ou 15 quüômetros umas das outras, precisam

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meiros são aqueles que atendem às limitadas necessidades biofísicas de alimento, abrigo, vestuário, transporte e de serviços elementares que

membro ativo, no funcionamento da sociedade. Bens e serviços oe-

monstrativos são aqueles que visam, principalmente, a satisfação dos

aprender a executar, elas mesmas, um grande número de pequenos

desejos que têm os indivíduos de exprimir seu nível pessoal, relativa

trabalhos, para os quais, em regiões mais populosas, poderiam pedir a colaboração desses trabalhadores. Os homens que trabalham no interior são, em quase toda parte, obrigados ase dedicarem a todos os diferentes tipos de atividades que tenham suficiente afinidade umas com as outras para poderem ser executadas com o mesmo tipo de material. Um carpinteiro de roça faz todo tipo de trabalho que seja executado com madeira; um ferreiro de roça, toda espécie de trabalho

feito com ferro. 0 primeiro não é apenas um carpinteiro, mas também um montador, um marceneiro e até um entalhador, do mesmo modo que um fabricante derodas, dearados, ou um construtor de canoças e carruagens. As ocupações do segundo são ainda mais variadas. fc impossível a existência de um ofícioaté mesmo como o de fabricante de pregos, nas zonas remotas e interioranas dos altiplanos daEscócia. Um operário desses, produziria 1.000 pregos por dia e, nos 300 dias

mente à estrutura de status, sendo seus desejos concebidos em termos sociais e Uimitados.

tório Enquanto omercado permaneceu confinado (tal como em todas

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impossível utilizar 1.000 deles, quer dizer, o resultado de um dia de trabalho porano" (Smith, 1965, p. 17-8). Portanto, a economia clássica foi concebida por seus criadores

como uma disciplina que encara o emprego formal como o critério

.

Em retrospecto, pode ser justificada a visão que Smith tinha do desenvolvimento da sociedade de mercado como um processo civüiza-

úteis do ano, faria 300 mil pregos por ano. Mas, em tal situação, seria

as sociedades pré-industriais), o fornecimento de bens e serviços pri maciais constituiu a meta essencial do sistema de produção. Em tais sociedades a produtividade da força de trabalho era baixa e apenas uma minoria dominante era capaz de se ocupar de atividades de natu reza civUizatória. O desenvolvimento do sistema de mercado traria, em

última análise, a abundância e, portanto, uma estrutura social mais

justa pelo fato de libertar a força do trabalho do peso de atividades enfadonhas. Semelhante justificação post hoc do desenvolvimento da

sociedade de mercado foi articulada sistematicamente porJohn Stuart

MUI- "O efeito legítimo" da sociedade de mercado - infere ele - éa

"diminuição do trabalho". Em algum estágio, no desenvolvimento da

sociedade de mercado, qualquer "aumento de riqueza" sena um "adiamento" de uma "melhor distribuição" de bense serviços e, nessa conformidade, afirmou:

primordial para a alocação de recursos e de mão-de-obra. Smith via fjj& ' 9.' & essas regiões da Inglaterra como um obstáculo àcivüização. Estar-se-ia 0aservindo à civilização se se permitisse a expansão do mercado, na

"Confesso que não estou encantado com o ideal de vida defendido

tipos como o carpinteiro de roça e oferreiro de roça, que ele descreve

acotovelá-lo e caminhar umgrudado nos calcanhares do outro- como

Inglaterra, eliminando-se qualquer possibüidade de permanência de

com nuanças pejorativas. Não havia razão para preocupações com o

choque da expansão do mercado sobre avida do carpinteiro de roça e do ferreiro de roça, que não estavam treinados para agir como deten tores de emprego. Com o tempo, aprenderiam os ofícios necessários para se tomarem parte do tipo de força de trabalho que estava emer

pelos que acham que o estado normal dos seres humanos é o de lutarem par» ganhar a vida; que eipezjiüiai_o_ próximo, esmagá-lo, se constitui hoje o tipo de vida social, seja oque mais se pode desejar

para ahumanidade, ou que seja algo mais que sintomas desagradáveis Essa explicação retrospectiva do desenvolvimento da sociedade de mercado traz nova luz à interpretação de acontecimentos caracte-

mesmo modo que os economistas clássicos em geral, não concebia o desemprego involuntário. E, em regra, esse pressuposto foi confirmado pelos fatos, durante, mais ou menos, os primeiros 150 anos da socie

12 Dever-se-ia compreender que tal distinção pretende evitar o uso da classifica ção das atividades de produção como primárias, secundárias e teicianas, coisa

Contudo, no presente sistema econômico do Ocidente, há reali dades que Smith e os economistas clássicos não poderiam prever e,

:

de uma das fases do progresso industrial."13

gindo, e a lei da oferta e da procura proporcionaria emprego para todos os indivíduos que estivessem dispostos a trabalhar. Smith, do

dade de mercado.

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para se ter uma visão adequada da natureza dessas realidades^será útü

corrente nos manuais de economia. Anoção que tenho de bens e serviços de

monstrativos reflete o conceito de Duesemberry sobre efeitos dedemonstração, embora seassemelhe aoque Fred Hirsch (1976) chama bens "de posição .

13 Esta eoutras citações de J.S. Mill foram tiradas de Daly (1973, p. 12-3). 103

102

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Afirmar que o caráter psicologicamente disfuncional da estrutura de emprego dominante nas situações industriais avançadas passou despercebido dos estudiosos de organização não é inteiramente

e a procura de tràbãmádórés ms&uTdõs provavelmente estará exacer bada na próxima década. Cerca de 10 milhões de diplomados de nível superior estão previstos para entrar no mercado de trabalho nesse período, enquanto apenas 4 milhões de diplomados deixarão a força de trabalho, por aposentadoria ou morte. Isso quer dizer que haverá 2V£ diplomados competindo em torno de cada um dos 'bons' empregos, para não mencionar os outros 350 mü doutorados que estarão procurando trabalho" (OToole et alii, 1973,p. 135-6).

Se as coisas continuarem como estão, â disparidade entre a oferta

pessoas portadoras de menores credênciãfsr

restantes 85% aceitaram trabalhos anteriormente executados por

escritório absorveu apenas 15% dos novos trabalhadorêTinstruídos; os

espetacular verificado hõ nível educacional da força de trabalho. A /"expansão nos empregos nas áreas de pessoal, técnica e de serviços de

"... a própria economia não foi (capaz) ... de absorver o aumento

in America, pode-se ler:

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104

i" Apud HeUbroner (1972, p. 241).

da produção. Nas sociedades de mercado, atualmente, apesar do fato de que a produção de bens e serviços demonstrativos eqüivale, se é que não excede, a produção dos bens e serviços primaciais, o mercado está de

105

sensível a essa tendência, mas focaliza erradamente sua atenção sobre o atendimento da necessidade de personalização dos cidadãos no

A disciplina organizacional existente, ao que parece, também é

soais" (OToolejt aíü, 1973, p. 51). >»X^qJ^^QP^SL^

com a forma segundo a qual o trabalho estáhojeorganizado, estáem que ela não permitirá ao trabalhador a consecução de suas metaspes

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fato reestimularam suas atividades, mas o keynesianismo foi apenas c^-it^f^ <&r> á/v^^^r,- do que David Riessman teria predito duas décadas atrás.)Ç).problema,

um adiamento temporário da crise, que prenunciava o fim da validade ar*-^,^*-,^© ' histórica da categoria de emprego como um princípio organizacional ^ üj v

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mente, um item da folha de pagamento de empresa. Ecerto É certo que que"*5 *- *« Tv^T pagamento de uma uma ^^T um padrão estaas políticas econômicas de Keynes salvaram de empresa. fato omercado ede^^v^^ ^^ dir seu aperfeiçoamento f * ™ segundo ^^ muilo maJor quedeele próprio Qjnterior

Por essa razão, continuou êlé sendo urireconomísta clássico, etalíiou q^ Q mento de âmbito nacional, empreendido nos primeiros anos da presenna tarefa de produzir uma verdadeira "teoria geral de emprego", se ^*JP*'vín a '\3oU*a~^ década, os autores de Work in America afirmam: entendemos por emprego uma condição em que o indivíduo pode^, ír^ik/^lljMso «"^-tr^ç exercer uma atividade produtiva socialmente útil, sem ser, necessária- Q (TT Çj ' íticomparado com as gerações anteriores, o jovem de hoje quer me-

do desenho social estrutural implícito nesse princípio de organização: e^^^. çx \Q^\o. <SL lógico dos cidadãos e, ao darem notícia dos resultados de um levanta-

gos para todos, o que, por sua vez, aumentaria o~poder de compra. a^^j»-^.!) -ÇL-phoque que produz sobje a vida da totalidade dos cidadãos têm sido Deve-se notar porém queKeyri€sCõTícebe\ro emprego como ocritério j?"rso-'Y^ Ç| (1lV)^lamentayelmente negligenciados. Éfato que um anseio de personalizaêsséncial de distribuição dé mão-de-obra, sêrido sua mente prisioneira °k- íj^»- i-»oç&^o»{ _ ção constitui, agora, uma característica preponderante do perfil psico-

essa nova condição, pode ôfnéfcàdo proporcionar, outra vez, empre-u^c> ^J^oVí,-* c^ «0* exato, mas a teoria fundamental de semelhante disfuncionalidade eo

consistiu em socorrer a disciplina econômica e em resolver o impasse I {-^yVlZdç> mercado, pela atualização através do dispêndio, do potencial do O5 " mercado para produzir bens e'serviços de natureza demonstrativa. Sob ri O O

OFèconomistas clássicos estavam conceptualmente desprepara dos para compreender e superar essa crise. A revolução keynesiana

para todos"

sentido que não fosse o de um mecanismo para a distribuição de renda, e isso, por sua vez, os levou à crença de que não havia maneira pela qual essa economia de bens primaciais proporcionasse ocupação

cada indivíduo se transformasse no detentor de um emprego. Mas a mentalidade dos empresários e dos elaboradores da política econômica oficial os impediu de compreender o conceito de emprego em outro

o dia em que a pobreza será banida desta nação."14 Em outras pala vras, o mercado deste país desenvolvera uma disponibüidade de capital e uma logística tecnológica capazes de produzir uma quantidade de bens e serviços primaciais equivalentes às necessidades básicas da população. Além disso, podia chegar a esse resultado sem exigir que

los. Exatamente quando a depressão ia começar a aparecer, o presi- ..; dente Hoover disse: "Em breve, com a ajuda de Deus, estaremos vendo

cidadãos, mas resultou do baixo poder aquisitivo destes para compra- V1^

papel histórico. Paradoxalmente, a depressão não significou falta de J *A.9 V capacidade para produzir bens primaciais suficientes para todos os ^\d v'

novo ficando incapaz de proporcionar empregos para todos os que

desejam trabalhar. Isso se transformou numa tendência estrutural secular, que desafia qualquer sistema de políticas econômicas, incluin do aqueles de natureza keynesiana. Assim, por exemplo, no livro Work

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de que, neste país, osistema de mercado havia desempenhado seu ?\C\^ \r\j^9< ^'

por exemplo, que a Grande Depressão, nos EUA, foi uma indicação

rísticos da história econômica contemporânea. Pode-se argumentar,

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contexto dos ambientes de trabalho. Isso implica uma incompreensão

empregos são incidentais, no processo de personalização; segundo, ao

duplamente errada. Primeiro, os teóricos convencionais, ou os teóricos e praticantes da ciência organizacional não percebem que os próprios que parece, não levam em conta o fato de que a estrutura de emprego da sociedade avançada de mercado é cronicamente incapaz de propor cionar ocupação para todos os cidadãos dispostos a trabalhar.

A queixa de que a estrutura empresarial oferece agora aos indi víduos tarefas que não se destinam a lhes satisfazer as necessidades de personalização é menos do que se poderia esperar de uma abordagem

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verdadeiramente humanista do planejamento de sistemas sociais. O

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de produção despersonalizado. A deformação da pessoa humana, imposta por essa transição, tem sido o preço psicológico pago pela criação da logística da abundância de bens primordiais para todos.

Essa é a grande transformação, aser creditada ao sistema de mercado. Mais que qualquer outra coisa, um incidente histórico isolado prova que essa grande transformação foi conseguida. Tal incidente começa

com a II Guerra Mundial e desdobra-se através dos 30 anos subse qüentes.

O argumento é desenvolvido por H. F. WUliam Perk. AII Guerra

Mundial ativou umacapacidade de produção sem precedentes no siste ma industrial americano. Infelizmente, uma quantidade imensa de

materiais e artigos de destruição foi produzida e entregue aoconsumi dor, nas frentes de guerra. Esse esforço envolveu diversas dispendiosas operações, tais como embalagem, transporte, distribuição e suas com plexas medidas administrativas correlacionadas. Subseqüentemente, o período de guerra fria, que foi dos últynpianos da década de 40até o final da de 50, introduziu a era àaoverkill)- além do necessário para matar - na qual nossa capacidade dèslfútiva aumentou um milhão de

vezes. Durante esse período, vimos também o aparecimento de um sistema industria) não-militar, capaz de proporcionar a abundância material. Prova desse fato está em indicadores como o da prática da

intencional da demanda de bens supérfluos de natureza demonstrativa,

obsolescência planejada de artigos para o consumidor, a escalada

envolvendo o engajamento de parte considerável da força de trabalho,

100% de utUização, sob pena do excesso de produção perturbar os

a admissão do fato de que a capacidade produtiva não poderia ter

termos convencionais do mercado, forçando a utUização insuficiente

da capacidade industrial combinada da Europa, URSS e Japão para a produção de bens e serviços primaciais em abundância. Portanto, essa produção abundante de bens primaciais poderia ter sido empreendida pelo sistema logístico então existente, mas esse

acontecimento não constitui, em si mesmo, a necessária e indispen

ma:

sável condição para agrande transformação. Perk, efetivamente, afir

107

formuladas e implementadas para superar a Grande Depressão e que

reavaliação das políticas econômicas, em geral keynesianas, que foram

O raciocínio de Perk fornece uma referência nova para uma

sistema industrial não sabiam como lidar com essa condição" (Perk, 1966, p. 362)."

abundância já era iminente, e aqueles que detinham o controle do

II Guerra Mundial foi tão grave porque a possibüidade técnica da

"Há razão para se acreditar que a Grande Depressão que precedeu a

vexatórios, que recaem singularmente sobre o empregado hoje em dia. Por exemplo, o trabalhador pré-industrial era privado de refinadasati

106

dades de processamento de alta taxa de produtividade,simultaneamen te liberando os homens do labor. No processo de consecução desseobje tivo, a sociedade de mercado tinha que usar o homem como um fator

afluência estava à disposição do indivíduo. O objetivo final do sistema de mercado era o de transformar a produção numa atividade científica e de prover a sociedade de capaci

vidual. Mesmo na Idade da Pedra, como a retrata Sahlins (1972), a

pósitos através dos quais podia atualizar livremente seu potencial indi

a ser tratado como mercadoria, e avaliado de acordo com a lei da oferta e da procura. Seu trabalho deixava-lhe amplo espaço parapro

vidades de lazer, mas era dono de si mesmo, não um fator de produção

nessas sociedades, o trabalhador estava a salvo de certos imperativos

a produção de bens primaciais para todos é possível sem exigir que o indivíduo só possa subsistir como fator impessoal de produção. A taxay1- - \ de produtividade do labor humano, nos sistemas pré-industriais. era V tão baixa que propósitos de lazer só podiam ser privilégio de poucos. Na medida em que a produção nessassociedades não podia ser conce bida como objeto sistemático de conhecimento aplicado, o labor tinha que ser encargo da maioria do povo e tinha que ser justificado como uma questão de princípio e como um fato da natureza. No entanto, y.

O sistema de mercado, em seu modelo ocidental, provou que

cial da organização social da produção.

tica capaz de produzir fartamente e para todos. Como serviçal dessa logística, o sistema de mercado não teria desempenhado sua missão histórica sem queo conceito de emprego se tomasse o princípioessen

pação de um emprego é o único caminho para que o homem se torne uma pessoa com significação social, tem que ser interpretado como um requisito funcional, temporário, para o desenvolvimento da logís- J

mente significativas. Ofato de que, na sociedade de mercado, a oeu-

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âmago da questão está em que os empregos já não constituem mais o único meio de engajar osindivíduos em atividades de produção social

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constituem, ainda mesmo em nossos dias, grande parte da sabedoria

Simon, em seu livro Administrative behavior, publicado em 1947.

convencional do economista. Aparentemente, os formuladores de tais políticas econômicas não puderam compreender que, num estágio em que a abundância de bens e serviços primaciais pode ser produzida a

Afirma Simon:

uma taxa inferior de envolvimento dos indivíduos na estrutura formal

de emprego, passa a ser necessáriauma reinterpretação do papel histó rico do mercado - isto é, uma reinterpretação pressupondo sua deli mitação,atravésde novasnormaspolíticas, como um enclave incumbi do das atividades de natureza econômica, por excelência. Ao invés disso, as políticas de Keynes e de outros economistas com orientação

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te .jlj[CuOl^Kov-"** são de suas linhas de produção e de suas atiyidades_tJevando-o dessa ]/V/0(/wV~^ maneira a apossar-se da direção da própria^ruturajocial? A política cognitiva é uma dimensãoinevitável dessahipertrofia do mercado, e a teoria administrativa, aceitando a presente estrutura de emprego como um traço permanente da economia, falha em compreender a difícil situação organizacional dos cidadãos americanos.

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nicação substantiva, isto é, aquela que visa desvendar a subjetividade

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de pessoas engajadas em permutas autogratificantes, é pouco tolerável em organizações econômicas. Nessa conformidade, admitirque a auto- _£atualização pode ser estimulada nos contextos econômicos, como o í fazem os humanistas organizacionais, é incorrer em política cognitiva. De fato, semelhante pressuposto conduz à prática de técnicasüusórias

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de aperfeiçoamento de pessoal, destinadas a facilitar a exposição com

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pleta da subjetividade das pessoas, fora de contexto, isto é, no desem

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penho de papéis de natureza instrumental. No domínio da teoria organizacional, uma das raras tentativas

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para enfrentar o conceito da comunicação foi feita por Herbert

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É clara a razão pela qual Simon nega, compropriedade, a possi

A psicologia transforma-se numa tecnologia de persuasão para aumen- Vy-C'r,U'V^ tar a produtividade. Culparas organizações de natureza econômicapor \ to«^ serem incapazes de atender às necessidades do indivíduo como um ser singular é tão fütü quanto culpar o leão por ser carnívoro. Elas não podem agir de outra maneira e, já que sem as organizações econômicas a sociedade não poderia funcionar adequadamente, é preciso que as mesmas sejam realisticamente compreendidas conforme são. A comu

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"Através de sua submissão a metas organizacionalmente estabeleci das e através da absorção gradual dessas metas em suas próprias atitu des, aquele que participa da organização adquire uma personalida de de organização, bastante diferente de sua personalidade como indi víduo. A organização destina-lhe um papel: especifica os valores parti culares, os fatos, as alternativas, segundo os quais devem ser tomadas suas decisões na organização" (Simon, 1965, p. 198).

A disciplina administrativa dominante deixade perceber que no contexto das organizações econômicas a comunicaçãoé essencialmen te instrumental, no sentido de que é planejada, de modo sistemático, para maximizar a capacidade produtiva. Em tais organizações, o pró prio indivíduo é um recurso que deve ser empregado eficientemente.

1

1 Considerando-se que Simon está sobretudo interessadonas orga nizações econômicas, tal afirmação é realmente correta. Nasorganiza ções econômicas, a comunicação entre as pessoas ocorre independen temente daquüo que são como pessoas, e delas extrai informaçãoque só é compreensível sob premissas decisórias impostas. Em outras pala vras, essa espécie de comunicação não é livre de imperativos externos e • não serve como um veículo para a exposição autogratificante, pessoal e subjetiva do indivíduo. Simon esclarece suas definições como se segue:

5.5 A psicologia da comunicaçãoinstrumental

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semelhante retardaram a delimitação do mercado, mediante a expan

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:

"A comunicação pode ser formalmente definida como qualquer pro cesso pelo qualas premissas decisórias são transmitidas de um membro da organização para outro" (Simon, 1965, p. 154).

bilidade de auto-atualização no contexto das organizações formais."" Contudo, embora sua descrição das realidades organizacionais seja mais realista do que a que fazem seus oponentes humanistas, tal des crição tende a justificar a prática da política cognitiva. Até certo

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ponto, çfiiyro de Simoryreflete o ambiente social deste país no perío >k-

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do subseqüente à IÍGuerra Mundial, quando uma visão otimista e acrítica das funções da organização predominava. Assim, ao enfocar os relacionamentos entre o indivíduo e a organização, sua abordagem inclina-se a favor da organização. Por exemplo, admite ele que "o empregado assina um cheque em branco, ao entrar na organização" (Simon, 1965, p. 116). E certo, adverte, que "a área na qual será aceita a autoridade da organização não é ilimitada" (Simon, 1965, p. 117). Mas sua compreensão de tais limites é deficiente.Apoiado em Barnard, ele vê o detentor do emprego como uma personalidade divi

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diria, simultaneamente portador de uma "personalidade de organiza ção" e uma "personalidadeparticular" (Simon, 1965, p. 204). Diz ele: "Quando as exigências organizacionais ultrapassam [seus limites], os

> )

«5 Veja a discussão entre Simon (1973) e Argyris (1973).

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- a necessidade moral de serviço ininterrupto" (Barnard, 1948,

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Nixon e seus auxüiares foram apanhados, durante o caso Watergate. ^ o5£> Além disso, é evidente que a submissão passiva do indivíduo à Q_£SJWx>p

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organização, em sua qualidade de detentor de emprego, tem um v

profundo efeito sobre sua personalidade, efeito que não desaparece em seu espaço vital particular. Se, como sustenta Simon, se espera do empregado que "deixe em repouso suas faculdades críticas", a fim de

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"permitir que as decisões que lhe forem transmitidas" possam "guiar sua própria opção" (Simon, 1966, p. 151), essa disposição pode condená-lo a fazer de sua psicose ocupacional uma segunda natureza,

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outras palavras, estaráele enfraquecendo suacapacidade de fazer, fora

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da organização, julgamentos éticos e críticos de natureza pessoal. A injustificada legitimação dessa pressão, exercida sobre o indivíduo pela

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como assinalamalguns analistas (Merton, 1967; Mannheim, 1940). Em

organização, deve serreconhecida como exemplo de política cognitiva.y

É duvidoso, na verdade, que em seu tempo fora do trabalho

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possa o indivíduo dispor de áreas suficientes, livres da penetração de pressões sociais organizadas. O ambiente social desta nação é altamen te planejado, se se leva em conta a maneira pela qual normalmente a informação chega aos cidadãos. Tem sido corretamente afirmado por muitas autoridades que, altamente controlados por gigantescos com

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plexos empresariais, os meios de comunicação de massa promovem s ^*

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amplamente aqui uma "irrefletida lealdade" (Lazarsfeld e. Merton, 1974, p. 567) ao status quo. Estes autores interpretam essa forma institucional de prestar informação como o meio utilizado "em lugar

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mediante signos mecanomórficos. Herbert Simon não veria nada de extraordinário na presente submissão passiva do indivíduo ao ambiente social. Argumentando que existe apenas uma diferença de grau entre uma formiga e um homem, diria ele que, quanto ao indivíduo, seu "ambiente interior pode ser muito irrelevante para (seu) comportamento, relativamente ao ambiente exterior" (Simon, 1969, p. 25). Na realidade, afirma ele:

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gado às organizações que, finalmente, as transforma em agências de corrupção moral, induzindo os indivíduos, por exempro, a aceitarem

suas normas e exigências, o indivíduo é induzido a se transformar, a si

mesmo, num sistema rnecanomórfico. Substitui por um jargãoprojeta do o senso comum e, inevitavelmente, perde a habilidade verbal de falar sobre níveis profundos de sua psique, que resistem à expressão

os horrores nazistas como fatos normais da vida do Estado, ou a se permitirem violações da lei, tais como aquelas em que o presidente

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p. 269). É precisamente esse tipo de injustificada lealdade do empre

ao contexto dessa forma, o ambiente sociaL como um todo, tornou-se,

ele próprio, um ambiente ^mecanomórficoye, pela interiorização de

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de intimidação e coerção" (Uzarsfeld e Merton, 1974, p. 556). Preso

de existir" (Simon, 1965, p. 204). Contudo, a concepção de Barnard e de Simon, relativamente à dupla personalidade do detentor de emprego, está insuficientemente caracterizada, apresentada em termos exageradamente mecanicistas e pressupõe uma lealdade à organização que conduz, sejamos francos, a terríveis conseqüências sociais. Por exemplo, Barnard conta a histó ria de uma telefonista, tão preocupada com a mãe doente que aceitou, contra as próprias inclinações, um emprego num lugar solitário, porque dali podia ver a casa em que estava a mãe, em seu leito de

enferma. Não obstante, quando chegou o dia em que a casa seincen diou, ela observou o fato sem abandonar a mesa de ligações telefôni cas. Barnard elogia a telefonista: "mostrou extraordinária 'coragem moral', poderíamos dizer, ao agir segundo o código de suaorganização

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motivos pessoais se reafirmam e a organização, nessa medida, deixa

"Uma formiga, encarada como um sistema de comportamento, é bem simples. A aparente complexidade de seu comportamento, ... é em grande parte um reflexo da complexidade do ambiente em que ela se

cj^tM*^ ík <*-^

encontra...

£u gOStaria de explorar esta hipótese, mas com a palavra 'homem'

.aawjaX substituindo 'formiga'...

Q^Um homem, encarado como um sistema de comportamento, é bem

•^"simples. A aparente complexidade de seu comportamento, ... é em

_grande parte um reflexo da complexidade do ambiente em que ele se encontra.

tA/v' Pessoalmente, acredito que a hipótese vale mesmo em relação ao ho mem como um todo ... Um ser humano raciocinante é um sistema

adaptativo; suas metas são definidas pela área comum entre seus ambientes interior e exterior. Na medida em que ele é de fato adaptá vel, seu comportamento refletirá características situadas, em grande parte, no ambiente exterior (em face das metas individuais) e revelará apenas umas poucas propriedades limitativas de seu ambiente interior" (Simon, 1969, p. 24-6).

Essa afirmação é altamente representativa da concepção de! homem infiltrada na psicologia behaviorista, sendo formulada em dois] passos nãoarticulados. Primeiro, define o homem como um sistema de) I comportamento e, segundo, pressupõe que um sistema de comporta-',

mento é equivalente a um sistema de processamento de informação. |

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Os oponentes humanistas de Simon, no domínio da teoria organiza cional típica, reconhecem, de fato, no indivíduo, uma gama de neces sidades, que se funda em sua subjetividade pessoal. Contudo, parado xalmente, na prática não há uma polêmica essencial entre Simon e

aqueles que concordam com ele, por um lado, e os colegas que a eles 111

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se opõem, de outro lado, pela simples razão de que os últimos dei

xam de compreender que as referidas necessidades nao podem ser atendidas dentro de ambientes mecanomorficopos jrujisse sentem

geral, os humanistas esforçam-se por mitigar apreocupação intrínseca que têm com os requisitos funcionais de eficácia, propondo estratégias -^ £s+

àvontade para exercer sua perícia clínica. Ofímmanis^ot exem

plo, acreditam que aconfiança, aautenticida^eTõamoJ. afianque-

Na realidade, o desenvolvimento pessoal e a solidão pessoal sao

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homem como um animal que só é capaz de comportamento se incline 1 ^^-^ a ser centrada no grupo, ou gire em tomo de processos de realimenta

ção Mas essa éuma visão muito parcial da vida psíquica do homem. O comportamento é uma dimensão superficial de sua vida. Ohomem,

projetado e o emocional e espontâneo. Deixam de perceber, evidente

mente, que quando engajado em sistemas instrumentais de comunica

ção, o indivíduo está fadado a rejeitar, sistematicamente, sua experiên

cia direta da realidade. Esta observação foi articulada com lucidez por

Joseph Weizenbaum, em seu livro The Computer and human reason, onde ele corretamente acentua que a presente rejeição da experiência direta é uma habüidade que o indivíduo aprende através de sua socia

lização, um "novo sentido" para que "encontre seu caminho", num mundo projetado de acordo com requisitos funcionais de eficácia (Weizenbaum, 1976, p. 25). Nesse tipo de mundo, o homem aprende a reprimir espontaneamente sentimentos e maneiras de ver que desvia riam seu comportamento dos respectivos propósitos instrumentais. Assim, ele come quando o relógio diz que é hora, não quando está com fome, e satisfaz suas outras necessidades da mesma maneira.

No domínio da disciplina organizacional, o elogio de Barnard à tele fonista que permanece em sua mesa de ligações, em vez de tentar socorrer a mãe doente dentro de uma casa que se incendeia. é um

exemplo notável de rejeição daexperiência direta darealidade. A tentativa humanista de integração de metas individuais e orga

nizacionais só podeserempreendida à base de uma psicologia behavio

rista (que é pouco mais que uma forma críptica de política cognitiva), trativo convencional são sistematicamente deixadas de lado. A moda da teoria de sistemas é um caso a assinalar. Como frisa Sheldon Wolin,

a ação como uma categoria da vida interior do homem, porque éuma psicologia sem razão, isto é, uma psicologia na qual arazão éinterpre

apoiada numa compreensão pré-analítica das realidades operacionais da organização, na qual as funções críticas do conhecimento adminis

essencialmente, não se comporta - como um portador da razão, essen

cialmente age. Mas a psicologia behaviorista está fadada anegligenciar tada erroneamente como sinônimo da mera avaliação de conseqüên

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V

O projeto de humanização das organizações formais tem também suas raízes nessa compreensão errada. De fato, aceitando a limitada razão das organizações formais como constituindo a razão em

destinadas a integrar metas organizacionais e individuais e, assim, o

za só podem ser estimulados na cultura interpessoal das organiza-^ ^ , ções de natureza econômica pelo engajamento de seus membros em ,^ ^ sessões de realimentação - feedback -, em que são encorajados nao N^ J apenas aproduzir informações sobre seus sentimentos, mas aprocessar ^ ^0 informações sobre si mesmos vindas também das outras pessoas. Esse pb tipo de dinâmica de grupo que inclui, por exemplo, técnicas como a do gnjpo Te ado treinamento da sensitividade. émecanomortica e, auspiciada pelas organizações de natureza econômica, iraprópna para tratar de tópicos de desenvolvimento pessoal.

inseparáveis 0 desenvolvimento pessoal desdobra-se vindo da psique

individual e. com toda a probabÜidade, é dificultado por processos sociais ou de realimentação grupai. Toda socialização é alienação.

Ésignificativo que os humanistas não hesitem em abraçar apsicologia behaviorista e desnecessário reafirmar minha crítica desse tipo de psicologia, que é apresentada no capítulo 3 deste livro. Basta dizer aqui que o comportamento é, essencialmente, uma categona da vida

exterior do indivíduo. É natural que uma psicologia que encara o

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cias. Essa errada compreensão, baseada numa teoria pretensiosa, expli

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na abordagem de sistemas, de orientação behaviorista, na categoria de insumo —input —reduzem-se tópicos heterogêneos a um item homo

gêneo comum. Por exemplo, o termo insumo vale "igualmente, para um protesto pelos direitos civis, uma delegação da Associação Nacio

ca porque é que os humanistas alegam um choque entre ohomem em auto-atualização e o homem racional. 16 Sólido conhecimento de psicologia deveria justificar esta afirmação. Não se

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nal do Rifle (National Rifle Association) e umagreve da UAW (União

nomórfica, que denomina de metodismo, tem alicerces éticos e teóri cos/que, finalmente, conduzem a "grotescos resultados educacionais"

incomoda-se muito pouco com afelicidade do ego (Freud, 1962, p; 90). Mas o

Americana de Trabalhadores)" (Wolin, 1969, p. 1.078). No mesmo sentido, argumenta Wolin que essa orientação meca-

deveria esquecer que opróprio Freud afirmou, noüvro^ CMttu**, eStUS dt>^

sabores, que "na severidade de seus comandos ede suas f"*^ 1°"P^J menos que se pode dizer éque Freud foi ambíguo sobre airreduübilidade do eu

à socialidade. Melhores fontes para fundamentação do,aue foi i*™*do *™» encontradas nos escritos de Carl Jung, Alfred Adler Otto Rank, Franz AJexander H. Hartmann, W. Stekel, L. Binswangcr, Erich Fromm, M. Boas, Viktor Frankl, R.D. Laing, Ira Progoff, R. May, eoutros. Ajustificação da assertiva nao

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(Wolin, 1969, p. 1.078). Constitui "em última análise, uma proposta para a moldagem da mente" (Wolin, 1969, p. 1.064) e seus "prêT .supostos são de natureza tal que revigoram a visão acrítica das atuais

pode ser feita no texto do presente capítulo, para que omesmo nao se afaste de

ftstniriiras políticas e de tudo que eias envolvem'" (Wolin, iy69r

seu objetivo principal.

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1064, Muito freqüentemente ensina uma "falsa racionalidade e

P" n^udoTxSênc^ como já assinalou outro analista.17 Quando uma P^^J^^nci, disse tipo de abordagem, os alunos das se P5«™^?í2toS empresas ede administração pública são mas apenas escriturários acadêmicos. 5.6 Conclusão

o^So^ocializaçio está, em grande parte, subordinado auma

Nenhuma sociedade, no passado, esteve jamais na situação.da sociedade desenvolvida centrada no mercado de nossos dias^ na qual política cognitiva excercida por vastos complexos.empresariais que

aem sem nenhum controle. Em sociedade alguma do passado. ,ama s osTeeódos foram alógica central da vida da comunidade. Somente nas SSd mas sociedades de hoje omercado desempenha opapel de

forca central modeladora da mente dos cidadãos. Areforma da mSalidade de mercado não constitui tarefa simples, pois nao apenas os citdãos emTeu conjunto, se tomaram ajustados aessa mentalida de mL tembfai poucos são os canais disponíveis, pelos quais influenías^b^doras. destinadas adesfazer essa inclinação, possam «Ta stematicamente exercidas. Escravos de um sistema de comuntcafio de massa dirigido por grandes complexos empresariais os indiv,-

Çduos endelna pender acapacidade de se empenhar no debate racio nal Cedendo anuências projetadas, amaioria das pessoas per*a capacidade de distinguir entre ofabricado eoJ*^"**^ aprende areprimir padrões substantivos de racionalidade, beleza e

•"^JSSSSK SKmento orgamzaconaltípicoco Nada hHe errado com oprofissionalismo em geral - oque elamen-

tível éaue ele se protege do debate racional, através de imposição de ^2^f£to3 opiniático como uma condição de aceitação

aC3dé ofproblemas humanos contemporâneos podem ser apenas per petuados^ não resolvidos, pela política cognitiva. As fronteiras da.teo

na,TneceSo que se dê ênfase àquestão da delimitação organizado-

riaoSdzactonal formal precisam ser definidas com clareza. Em lugar Se r^ofa organização econômica formal no centro da existência huma-

" Veja Raskin (1973. p.XXHD. 114

Sda ap.nd.a^ dos ^-J«'^S^TJSSi to $

transformando aorganização*Jj^S!S^SSSL margem

microssistemas sociais, no contexto da ^ssitur g

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fo

Políbio. AsHistórias. Cambridge, Massachusetts, Harvard University Press, 1972 v. 3. 116

117

V

risco sua segurança psicológica. "Daí", dizem March e Simon (1958, p. 165) "tender o mundo a serpercebido pelos membros da organiza ção em termos dos conceitos particulares refletidos no vocabulário da organização. As categorias e osesquemas especiais de classificação que aquele emprega são materializados e tornam-se, para os membros ete /.organização, atributos do mundo, em vez de meras convenções^

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c_ .».*_:_ ._! " * - - — A*. ;n^«r*k«<" Em seu comentário sobre "absorção de incer

^C^se'

f Charles

XPerrow afirma que as organizações controlam a ação de seus membros

desenvolvendo "vocabulários que escondenTãlKumas partes da realidíT

6. UMA ABORDAGEM SUBSTANTIVA

;

DA ORGANIZAÇÃO

dé~e magnificam outras partes"' (Perrow, 1972, p. 152). Dada a circunstància de que as atuais organizações têm "protéica habilidade de

moldar a sociedade" (Perrow, 1972, p. 199), reclama Perrow um reexame da noção de ambiente, tal comoé correntemente apresentada

A disciplina organizacional contemporânea não desenvolveu a capacidade analítica necessária à crítica de seus alicerces teóricos e, em vez disso, em grande parte toma emprestadas capacidades exte riores. Por essa razão, condenou-se a si mesma a permanecer pré-ana lítica e, para sempre, na periferia da ciência social. Dificilmente um campo disciplinar atingirá o nível sofisticado de conhecimento reque rido para o ensino em grau superior, se não for capaz de desenvolver em caráter crítico e de si mesmo extraídas suas bases epistemológicas. Ao concentrar-se nessas bases, este capítulo tentará apresentar uma abordagem sistemática da teoria organizacional, fundada na racionali

na literatura especializada. Emlugar do ambiente afetar a organização,

parece que o contrário fica mais perto daverdade. Aorganização deve ser vista, hoje em dia, "como definindo, criando e moldando seu am f^c

dade substantiva.

dos sistemas sociais.

A formulação de uma abordagem substantiva para a organização inclui duas tarefas distintas: a) o desenvolvimento de um tipo de aná

Robert Boguslaw defronta-se com este problema no livro The New utop'ians. Declara ele- que o desenho de sistemas não é assunto

lise capaz de detectar os ingredientes epistemológicos dos vários cená

puramente técnico, mas deveria envolver uma sistemática preocupação com asconseqüências, avaliadas do ponto de vista de valores humanos. No entanto, os atuais planejadores de sistemas enfocam esses proble mas organizacionais usando instrumentos conceptuais e operacionais ^_

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6.1 Tarefa 1 - a organização como sistema epistemológico

funcionais e com heurística que especifica comportamentos e atitudes humanas. Boguslaw tenta desvendar as regras de cognição que domi nam a arte e a teoria do planejamento convencional de sistemas, que considera sob a influência das conveniências políticas, e emite a opi

Os cientistas sociais afirmam, comumente, que as definições da realidade são aprendidas pelos indivíduos no processo rfesocializaçãoj," Como salienta Karl Mannheim, quando novas situações emergem numa sociedade, seus membros normalmente tendem a interpretá-las

do acordo com categorias já estabelecidas. É como se "se recusassem a admitir-lhes o caráter de novidade", ou preferissem "ignorar-lhes a singularidade" (Mannheim, 1940, p. 302). Ao nível da microrganização, March e Simon (1958, p. 165) chamam esse padrão de reação de "absorção de incerteza". Quando exposto a uma situação nunca vista, o indivíduo tenta normalmente interpretá-la de acordo com o vocabu

lário conceptual familiar à organização, para que não venha a pôr em 118

I

que só têm coerência em termos do status quo tecnológico (Boguslawr: 1965, p. 4). .Trabalham com o conjunto de hardware dos computado res —equipamento pesado - com normas de sistemas, com análises

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biente" (Perrow, 1972, p. 199). Opinião semelhante sobre o ambiente

Sustentada por J. K. Galbraith (1973) e B. Gross (1973) - opinião que sustentam ser característica de todo o sistema social dos EUA. Embora sejam freqüentes declarações comoessas, um exame sis temático de suas implicações só recentemente está sendo tentado por alguns poucos autores, preocupados com a dimensão epistemólógtca -

rios organizacionais; b) o desenvolvimento de um tipo de análise orga nizacional expurgado de padrões distorcidos de linguagem e conceptualização. Embora o capítulo trate, sobretudo, da segunda tarefa, são cabí veisalgumas consideraçõessobre a primeira.

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nião de que os planejadores se apoiam, em larga proporção, "numa

teoria de tipo subseqüente ao fato físico" (Boguslaw, 1965, p. 2).

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Assim sendo, questiona ele a validade dos "métodos, técnicas e funda- * v mentos intelectuais das várias abordagens do planejamento de siste-j

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mas" (Boguslaw, 1965, p. 2-3).

Alguns estudiosos de sistemas e comunicação estão,igualmente, atentos às questões epistemológicas pertinentes à teoria da organiza ção. Por exemplo, C. W. Churchman (1971) e W. Buckley (1972) de119

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a teoria da organização nunca examinou, em termos de crítica, aepis

dicaram-se à epistemoíogia considerando-a um tópico da análise de sistemas, porém num alto nível de abstração. Da mesma forma, foi

teoria da organização podem ser caracterizados da forma seguinte:

computador sobre a autopercepção do indivíduo. Mas, até recente mente, os especialistas na teoria de sistemas não tinham desenvolvido

ganizacional parece afetado por fortes implicações ideológicas. Con

temoíogia inerente ao sistema de mercado. Eos pontosvçejo^a_aUial^

amplamente analisada por Joseph Weizenbaum (1976) ainfluência do

1 O conceito de racionalidade predominante na vigente teoria or

instrumentos conceptuais e operacionais para lidar com o sistema epistemológico que, embora geralmente oculto, constitui componente

duz àidentificação do comportamento econômico como constituindo a totalidade danatureza humana. Embora anocãodejinmpnrtamento

fundamental de qualquer tipo de organização.

Exceção nessa tendência é Donald Schon (1971). Em sua análise de sistemas sociais, conforme apresentada emBeyond the stable state, a dimensão epistemológica é um tópico sistemático de interesse. De

econômico pareça evidente por si mesma, refen^sejla, aqui, aqual

quer tipo~ae açãojmgreendida rxilojigjnejn^çaiaido ele emovido, W?* apenas, pelo interesse de elevaraomáximo seus ganhos econômicos. r Apresente teona da organização não distingue, sistematicamen te entre o significado substantivo e o significado formal da organi zação. Essa confusão toma obscuro o fato de que a organização eco

acordo com Schon, qualquer sistema social consiste, basicamente, de uma estnitura, uma tecnologia e uma teoria. Aestrutura é o "con

junto de papéis e de relações entre os membros, individualmente"

nômica formal é uma inovação institucional recente, exigida pelo im

perativo da acumulação de capital epela expansão das capacidades de processamento características do sistema de mercado-.A organização

(Schon, 1971, p. 33). A tecnologia é o conjunto vigente denormas e praxes consolidadas, através do qual as coisas são feitas e osresultados conseguidos. A teoria é o conjunto deregras epistemológicas segundo o qual a realidade interna e externa é interpretada e tratada, em ter mos práticos. Em qualquer sistema essas dimensões são interdependen tes, de modo que a modificação numa delas conduz a modificações

econômica formal não pode ser considerada um paradigma, segundo o qual devam ser estudadas todas as formas de organizações, passadas, presentes e emergentes.

3 A presente teona da organização não tem clara compreensão do

papel da interação simbólica, no conjunto dos relacionamentos inter

correspondentes nas outras e, portanto, em todo osistema. Épossível visualizarem-se essas dimensões como círculos, ou como constituindo

pessoais.

lógica dos sistemas sociais, usualmente, nãorecebe adequada atenção. No entanto,"quando uma pessoa passa a fazer parte de umsistema so cial encontra um corpo de teoria que, de maneira mais ou menos ex

plícita estabelece não apenas 'como o mundo é\ mas também 'quem somos nós', 'que estamos nós fazendo' e 'que é que deveríamos estar fazendo'" (Schon, 1971,p.34). Conseqüentemente, a teoria é uma di mensão nuclear e quando essencialmente alterada expõe a organiza

. _

.,„-.

4 A presente teoria da organização apoia-se numa visão mecanomórfica da atividade produtiva do homem, e isso fica patente através de sua incapacidade de distinguir entre trabalho e ocupação.

uma "estrutura circular" (Schon, 1971, p. 38). A dimensão epistemo

Na medida em que os teoristas da organização continuem ane

glicenciar esses pontos, estarão cedendo auma abordagem reducionis-

V

ta do desenho dos sistemas sociais. Tal reducionismo exige que vejam

diferentes tipos de sistemas sociais sob aótica de um conjunto de pres

supostos pertinentes apenas a um desses tipos. Cada um desses tópicos será agora considerado mais detalhada

ção a grave fratura, na medida em que amudança possa afetar: a) sua auto-interpretação; b) a definição de suas metas; c) a natureza e o al

mente.

cance desuas operações; d) suas transações como mundo exterior.

í

6.3 Reexame danoção deracionalidade 6.2 Tarefa 2 - pontos cegos da teoria organizacional corrente

Constitui argumento básico deste livro a noção de que os siste mas sociais cujo desenho evita considerações substantivas deformam, caracteristicamente, a linguagem e os conceitos através dos quais a rea

lidade é apreendida. Nessa conformidade, nossa atenção deve voltar-se, agora, para uma abordagem substantiva da organização. Nenhuma mudança significativa ocorreu nos pressupostos episte-

mológicos daanálise organizacional, desde Taylor. Em outras palavras,

A situação em que se encontra a noção de racionalidade, no

campo da teoria da organização, ilustra sua insuficiente qualificação teórica. Os pontos de vista de Herbert Simon sobre racionalidade,

apresentados em Administrative behavior e outros trabalhos, consti tuem ainda parte do conhecimento convencional desse campo. Ara\ cionalidade - consoante aversão de Simon (1965) - éoconhecimenj -yJ' ||to absoluto de conseqüências. Assim, mil pode ohomem ser conside-

/W\f^\.

rado um ser racional, porque oconhecimento abrangente está além de 121

120

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i** ' As As corpo corporações, porém, da mesma forma que aorgasua capacidade ç.F^ ^putarizadas, merenização convencionai esI*a^en,~ *TT em ue ^o menos limi-

cem oqualificativo de "^^"^atalteção. Além disso, paraj tadas que ohomem em sua habüidade * avanaç^ Simon. aracionalidade na ™^™j*°™£ de

uma de •«^jj^Sg^Sfc» Em ser ouquestão não instrumental para •fowec^ nQ nomem ou ou fins. na SOcie-1

^ 5=3 JSSSSáSs p^s^

^tób^oTs^^ f^lharn em compreende: aquestão da racionahdade. Até que emergisse

I^eda^e dTme cado. otipo de raciocínio deliberado, somente in-

£Tum pXTobjetivo de valores postos acima de £££**

tete^do nos meios de'.tm* metas determinadas, fora apenas um So limitado de um^ojiçeitomais amplo de "^^^^ gJ^^^eWwttTSte^te °conceito^ela^ionahdaBèr ^^SõSãaiaêíe^dS significava reconhecéTlsuTtuleW

^MricfaBBBja fe °^S^^tod5 ri ocasião, em seu üvro,únicos em querriténos ele indique, exphctamente. os limites

.

•Simon afirma: "É impossível que *££*-£*g^£Sí£ 1965, p. 80).

(1973). 122

.

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entre os quais oconceito tem validade. Tivesse ei «clareado que su opinião era válida apenas no mundo de puros objetivos^omicc« . posição que adotou seria mais firme. Infelizmente não **"*£

Sesclarecimento e, na realidade, tenta induzir oleitor "•«*££

teles que envolve oexame da "bondade" do homem eda sociedade e

seu enfoque envolve tudo aquilo que se P°* <^*~ ^ ^ 2 hdade. Por exemplo, questiona oconceito de racionai dadde Amto-

oconsidera "limitado" (Simon, 1965, p. 47), como se ele c:ofilósofo grego estivessem tratando da mwma,dimensãoM racionalidade, Averdade é que ote™ racionalidade, como éusado por Si

mon, nada absolutamente tem aver com o«^*£**»* racionahdade. Aristóteles jamais considerou^me^cado^como.o siste

«corta mercado se W535m*»*n nas normafda «Ê^gg

ma primordial gjodadJT^naipç^^^^^g^

conjunto. ÉcirtoliuTtiriha clara noç^dTriíionahdTdè do comporLmento econômica, mas em seu conceito normativo deuma.boa o-

«SdThumana. Poder-se-ia argumentar que oconceito anstotehco

aedade esse tipo de racionalidade só incidentalmente influiria sobre a

de oXcia contém um ingrediente de cálculo. No entanto, na opi nião^ Aristóteles, aprudência éuma çatejffiriajticj, nao puramente

uma condutasemconveniente. prudentes sermos bons"Assim, (Ética *«£««^»?^S aNicomaco, W™£J*Cta menuS pTrtencem aduas esferas qualitativas da existência humana ea

seaüentemente, a racionalidade aristotéhca e a racionalidade instru-

conceber, oque éuma posição claramente errada.

mctonahdade de Aristóteles não pode ser enricada da perspectiv de Simon, amenos que oautor de Administrative behavior queira, n* mente, dizer que aracionalidade instrumental eaúnica que se pode

6.4 Peculiaridade histórica das organizações econômicas

Ocampo da teoria da organização não consegue compreender a

peculiaridade lustórica_d*i organizações de caráter econômico e^de S funções. Aorganização que constitui ofoco da atenção da teona organizacional, em stricto sensu, é, mti^nsecaxnfinte, vinculada auma

sociedade de tipo sem precedentes -a sociedade de mercado. Como assinalou Mareei Mauss, "somente as nossas' sociedade* ocidentais é aue bastante recentemente, transformaram o homem num animal

econômico",3 isto é, numa criatura que age, normalmente, de acordo com ocaráter - ethos - utilitário, imanente às organizações formais

dC h° Deveria ser feita uma distinção entre osignificado substantivo e

123

o formal de organização e essa distinção éimportante pelas mesmas

3 Apud Dalton, G. (1971, p.IX).

1/

de mercado" (Polanyi, 1971a, p. 71).

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exigências. Uma economia de mercado só pode existir numa sociedade

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pressões da organização formal. Em outras palavras, os tipos de ação ralr.nlkta eram incidentais e freoüentemente classificados sob regras

mantinha-se disponível sobretudo para a interação social, livre das re

humano. Em tais sociedades, a maior parte do espaço vital humano

do formal Mas percebeu ele, também, que nessas sociedades tais estru turas constituíam enclaves delimitados no contexto do espaço vital

a t>0\y>çy/V^''Av •

• \ de interação social primária. Weber compreendeu que asociedade moderna é sem paralelo na

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vez que um indivíduo escolhe uma norma de ação em lugar de outra, está-se permitindo um tipo de ação calculista. Odesejo de poder inspirou deliberadas estruturas organiza^^ajsjormaisnas sociedades tnSsTtá ESòpi antigaTl^Grécirem Roma, eem instituições «peciITc^omo-õ-èltercitõVíjgjeja. Max Weber percebeu em tais estruturaTlraços daquflõ~que chamou de burocracia, ou organização no senti

do que outras, do ponto de vista da comparação de resultados. Uma

radias de fazer toda sorte de coisas eram reconhecidas como melhores

ponto de vista de vantagens comparativas calculadas. Por exemplo, al gumas maneiras de colher frutos, de caçar, de pescar, de construir mo

acapacidade de se dedicarem aproblemas de utUização de recursos do

todas as sociedades, embora só se tenham transformado em objeto de

estudo sistemático num estágio recente da história. Realmente nas sociedades mais rudimentares, as pessoas tiveram

Topico-TIã-Tèlmã^^ f.'nesse sentido organizações formais de variados objetivos tem existido em

-gS 555 SeSetadt^ejgra amaximização de recursos. Como

^J mau ™fi.nd.daa em cákülf^omn tal, constituem Sistemas proje-

Ao contrário das organizações substantivas,^s^reamzacr5isJoi1

zaçõessubstantivas.

do por Moreno (1934), os grupos num playground constituem organi

124

num fenômeno de organização formal. Em outro exemplo, demonstra4 Expressão de E.H. Carr, citada por Dalton (1971, p. XIII).

dade global contemporânea, a família está antes se transformando

ter organizacional substantivo. No entanto, graças ànatureza da socie

ainda preserva algumas funções da família arcaica, partilha de seu cará

nos relacionamentos entre aqueles que a constituem, eentre estes e o ambiente exterior. Afamília em nossa sociedade, na medida em que

mitiva uma família é uma organização substantiva, no sentido de que não funcionaria como um sistema amenos que existisse algum padrão

não formais, legais ou contratuais. Por exemplo, numa sociedade pn-

vida diferenciada. Em outras palavras, existem em bases substantivas e

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mana Graças aessa circunstância, asociedade moderna merece arotu-

125

sários a seu bem-estar material, o indivíduo pode-se permitir atividades mecanomórficas, que são aquelas específicas da organização econômi ca formal. No entanto, regras operacionais, mecânicas, não se ajustam a todo o espectro daconduta humana.

nômicas formais. Na tentativa de criar e maximizar os recursos neces

dentre elas, pertencem, essencialmente, à esfera das organizações eco

As finalidades da vida humana são diversas e só umas poucas,

chamada.

«/ lação de sociedade organizacional, como tem sido ap-opnadamente

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ciedade» não-mercantis as organizações constituem, de modo geral, * ^W ç£ ^ ~ medida em que nela aorganização formal (burocracia) se tornou um 5555 rfe experiência de que ninguém tem lormaimente consciência. ^©oM&»2s. vUk- modelo social fundamental, e sua racionalidade calculista imanente passou aser opadrão dominante de racionalidade para aexistência hu Em tais sociedades, os indivíduos têm uma vida compacta, nao uma "^0*J

cantil, ninguém vive sob a ameaça do chicote econômico. Por circunstâncias idênticas às que foram mencionadas, nas so

sistema auto-regulado. Em outras palavras, numa sociedade nao-mer- 1*

economia aqui, está incrustada na tessitura social, enão constitui um

normalmente, garantida pela eficácia dos critérios sociais globais (nao da organização formal) de reciprocidade, redistnbuiçao e troca. A

humana de modo geral, uma vez que a sobrevivência do indivíduo _e,

tui princípio formal para aorganização da produção epara aescolha

cidade Nas sociedades não-mercantis, a escassez de meios nao consti

que sendo escassos os meios eos recursos, devem ser otimizados atra vés 'de opções que atendam, com precisão, aos requisitos de economi-

existiam no sentido substantivo. Na sociedade de mercado, porem o termo econômico deriva formalmente seu sentido do pressuposto de

Polanyi indica que nas sociedades não-mercantis, as economias

menos que a sociedade ficasse, de alguma forma, submetida as suas

a uma razão econômica inconfundível, representou, de fato, um des vio singular... semelhante padrão institucional não podia funcionar, a

i

do século XIX na qual a atividade econômica foi isolada eimputada

houve . um sistema econômico separado na sociedade Asociedade

tá'contida. Nem nas condições de vida tribal, ou feudal, ou mercantil ,

envolve aexistência de instituições econômicas distintas; normalmen te a ordem econômica émeramente uma função da social, na qual es-

assegura ordem na produção ena distribuição dos bens. Mas isso nao

» nenhuma sociedade pode existir sem algum tipo de sistema, que

mais eos substantivos do termo econômico. Diz ele:

razões que levaram Karl Polanyi adiferençar entre os significados for

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nômicas são ocasionais, quase sempre restritas a situações em que os

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eles nunca são determinadas apenas por critérios de economicidade. De fato, antropólogos de várias correntes teóricas ofereceram provas de que nas sociedades pré-capitalistas édifícü identificar comercio en

oproblema do significado de sua existência eoproblejmdejuasobre-^ vivida gtòajcHUsocMàdié lollllatg^naorcP"™££« & àhiem"bro7uma expressão da ordem do universo. Toda «c. dade parece natural aseus membros na medida em que, pela adesão aseus símbolos epela confiança em seus padrões, sintam eles aprópria existência como alguma coisa que se harmoniza com aquela ordem. Na ^ palavras de Voegelin, "toda sociedade tem que enfrentar os problemas

tre indivíduos causado pormotivação puramente econômica.

Antes da sociedade de mercado, nunca existiu uma sociedade

em que ocritério .mnômico se torna^ " p^ão da existência huma-

na. Apresente teoria da organização é, sobretudo, uma exprejsao_da ideolog" negligenciar os ^nloiln^olvldoT^ela interação simbólica. Êpor essa razão que os

-^o^JTrn^^^

de sua existência prática e,ao mesmo tempo se preocupar com avera

cidade de sua ordem" (Voegelin, 1964, p. 2). Em outras palavras em toda sociedade existe, de um lado, uma série de ações simbohcas em

teoristas convencionais da organização se sentem a vontade aotratar de assuntos como confiança, virtude, valia, amor, auto-atualizaçao. au

sua natureza, ações condicionadas, sobretudo, pela experiência do unificado e de outro lado, atividades de natureza econômica, que Jo\cima de tudo condicionadas pelo imperativo da sobrevivência da calculada maximização de recursos. Os critérios de cada tipo.d^con

duta são distintos e não devem ser confundidos. Uma atividade de na tureza econômica, ou um sistema social econômico, eavaliado em ter mos das vantagens práticas aque conduz, está engrenado para aconse-

tenticidade, no campo da organização econômica, a que, por sua natu reza, dificilmente os mesmos pertencem.

São numerosos os esforços para explicar a natureza da interação

simbólica e, neste país, associa-se geralmente otema com os trabalhos da chamada Escola de Chicago, fundada por George Herbert Mead. No entanto o tópico tem constituído também interesse primordial de au tores cuja orientação teórica nem sempre coincide e entre estes incluem-se Carl Jung, Ernest Cassirer, Georges Gurvitch, Ene Voege

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cução de tais vantagens, enão para oconhecimento da verdade. As a -^ vidades de natureza econômica são cjmxn&dQS*?^razão de seus/lf resultados extrínsecos, enquanto a4ueja^sh^hca)e intnnsecamente compensadora. Oprimeiro tipo de ativididTe~me.o para conse

guir um fim; osegundo, constitui um fim em si mesmo. Em todas as sociedades primitivas earcaicas, avida simbólica foi

Qc&^ro~

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1 O enfoque da interação simbólica repousa no princípio de que há múltiplas maneiras de se chegar ao conhecimento, e, entre outras

coisas, questiona fundamentalmente o pressuposto de que a ciência,

no sentido que lhe dá o cientismo, seja a única forma correta de

s Anatureza simbólica da existência social csublinhada por Voegeiin, em seu

conhecimento: Cassirer é explícito ao afirmar que a ciência, em s, r»

rSEScSSSssBçsSiSSS

lin Jürgen Habermas, Kenneth Byrke, H. D. Duncan. Herbert Blúmer e muitos outros. De seus trabalhos parece possível extrairem-se algu mas proposições que caracterizam aconvicção das teonas da interação simbólica:

predominante e .™ntPve "* nadrõ^s de economicidade em condição rtftfrH »...hnrdinada. Nas sociedades primitivas, as atividades eco-

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j

constitui uma de várias formas simbólicas eque nao ha razão para lhe

reconhecer uma posição privUegiada em relação as outras^ Arte, mito religião ehistória são formas de conhecimento, legando diferentes ti pos de experiência, cada um deles válido nc-s limites da realidade aque corresponde.7

, . .

2 Os estudiosos da interação simbólica partem do principio de que

a'sociedade é, essencialmente, a existência social. Aênfase aqui é em existência, que não pode ser explicada através da objetivaçao de categorias como forças, estruturas, classes. Averdadeira existência, in

V

i

rais, reclamados por sua existência prática e, assim as Caçoes entre

Em toda sociedade, ohomem se defronta com dois problemas:

( <

1

homens se defrontam com o problema da utUização de recursos na u-

6.5 Interação simbólica e humanidade

dividual tanto quanto social, nunca éum fato - uma simples manifes-

Sdei até diír que ésua parte essencial, porque mediante tal s.mbohzaçao os

6 Veja Polanyi (1971&). Veja também Bücher (1968).

um acidente ouuma conveniência: expenmcntam-na como algo que taz pari

7 Para um resumo da teoria de Cassirer, veja Cassirer (1970).

suaessência humana" (Voegelin, 1969, p. 27). 126

127

1' )

V

í

3. A mteraçâosnnr^ca presume^

taçao externa evidente por si mesma. Éalguma «^^f^

Zlòetween* uma tensão entre opotencial eoreal. Assim, aexisten-

dasocial eindividual não pode ser explicada segundo categorias meca-

Smorfici tais como aquelas que infestam omodelo predominante biólogos não estudam asociedade humana em termos de suas umda-

des atuantes" mas, em lugar disso, aconsideram "em te*nosde«tnitura de organização" e"tratam aação social como uma expressão des- |/ ^ » estnitura deTrganização", dando ênfase a"categorias estruturais, como sistema social, normas culturais, valores, estratrficaçSo social, situações de status, papéis sociais e organizações institucionais (Blumer, 1962, p. 188-9).

Diz ele, caracterizando aabordagem da interação simbólica.

"Reconhece (ela) a presença de organizações na sociedade humana e

respeita-lhes aimportância. Contudo, encara etrata as organizações de

maneira diferente, eadiferença traduz-se consoante duas linhas pnnapais- primeiro, do ponto de vista da interação sunbólica, aorganização da sociedade humana éo arcabouço, no interior do qual se verifica a ação social, enão constitui oestímulo determinante de tal ação. Se gundo, essa organização e as mudanças que nela se operam sac, opro duto da atividade das unidades em ação e não de forças que deixam essas unidades fora de consideração" (Blumer, 1962, p. 189).

Em outras palavras, oindivíduo participa da feitura da realidade social, eocaráter dessa participação pode diferir de um indivíduo para

O

outro Pode ser. um caráter ativo, caso em que oindivíduo éum exis tente real (isto é,um ego, uma pessoa), ou pode ser meramente reativo. Neste último caso, o indivíduo perde o caráter de ser real e trans forma-se num simples sistema de processamento de informação, como areúem alguns cientistas da computação. Pode acontecer que, em cer tas circunstancias, as estruturas sociais influenciem tão pesadamente

os indivíduos que eles passem aagir como se estivessem completamen- j { te moldados pelo processo social. As proposições da ciência social con- . vencionai seriam corretas se tal espécie de reação passiva devesse estar j

equiparada àprópria natureza humana. Apremissa de que denva éa) / de que oindivíduo éum ser completamente socializado.9 * Esta expressão étomada emprestado aVoegelin. Ao desovo atensioima nente àeístênda humana, acentua ele sua estrutura mttnnediána - M******

ngível ao indrvíduo através de experiências livres de repressões^opeE* formais. Símbolos são veículos P» •«—*£"£ riências, isto é, para areciprocidade de perspectivas. Emoutias pala iS, t* experiências da realidade são socialmente trocadas ou oomuSdas mediante ainteração simbólica, que requer nec«sanamente, £*• íntimas entre os indivíduos, que não se efetivam ™drante*aSou regras impostas, de carátereconômico. Ainteração «mU»» éum tipo! comunicação nío-projetada eque se opõe as comunica

:

ções projetadas. Nos sistemas racionais efuncionais, t^ como oda orStaçfe convencional, as corrninicaçôes entre os wl^"*» Editam no livre fluxo da experiência direta da Cidade mas classificam-se sob um conjunto de regras técmcas ede I««*"™*Aorganização convencional perderia sua ratson detre se fos* perrmtír aüvreinteraçío simbólica, eas comunicaçõesjo contexto, *: t» organizações são operacionais enão expressivas. No domínio da inte ração simbólica, não há comportamentos funcionais que devam ser jul gados do ponto de vista de estratégias instrumentais oü de «glau

cas mas antes ações ou atitudes inteligíveis ou ininteligíveis, definidas , partir de um plano de reciprocidade de perspectivas. Ha pouca tole rância para aambigüidade na interação social instrumental, enquanto Ttolerância égrande para aambigüidade, na *^£**~ "Uma das características dos símbolos", diz Gumtch (1971, p. 40), "é que eles revelam enquanto encobrem e encobrem enquanto reve lam, e proporcionam participação, enquanto a impedem °u restrin

gem, mas encorajando, apesar disso, essa participação. As atividades fe natureza econômica estão presas, essencialmente aregras opera cionais formais e, portanto, limitam oalcancejesse tipodejnjinnd*, de nas transações humanas.

- ^x ^;MRM-a\ ^4^enteJp^ã^,^M^»tBS~como ©{amor;
honertSaS, a.veXpaíj^o-atualizaçã^ão devertórn^tar^aufdonS^po dT^âoda orBSnrzaçtoTiconômica^ eque tais organiza ções deveriam ser distintas de outros tipos de sistemas sociais, aque os Pontos referidos efetivamente pertencem. As organizações econômicas iazem-se inteligíveis, antes, através de normas funcionais eracionais de conTute ecomunicação. Existem, contudo, outros sistemas sociais em que ainteração simbólica éconsiderada como constituindo oprincipal fundamento para relacionamentos interpessoais inteligíveis.

^TSlSo *"**> estabelecido de çM .«aal. :P°i"£ o

tivos óbvios, einadequado àconceituac&.deste terna. Na ">Ua^aitaqo de recuperação dTvoegelin envolve critérios de cogmçfo e, «ffl^teme*te dTEgSm, que parecem chocantes aos que estão exageradamenteconfoimadSaoSoddopredwmnante de ciência sodal. ^m «atenção* modelo de ciência política de Voegelin, veja Sandoz. Ellis (1972). Sobre ano

ção de in-berween, veja Voegelin (1970 e 1974). 9 Apropósito,vejaWiong,D.H.a961).

6.6 Trabalho e ocupação

Em todas as sociedades pré-mercado dotadas de algum grau de diferenciação social, existiu sempre uma clara distinção entre^ajmdjt.

-d^ou^o^p^ô^uperiores einferiores, do ponto de vista de uma

129

128

í { í ( (

( ( < ( (

c

pelo indivíduo, de acordo com seu desejo de atualização pessoal. Ao

tema de mercado, é um exemplo da desorientação da civilização oci dental em seu estágio moderno. "Grandes mudanças subterrâneas em nossa escala de valores" (Pieper, 1963, p. 23) ocorreram nos últimos

exercer tais atividades, o homem realiza alguma coisa que, aos olhos dos outros indivíduos, é desejável como um fim em si mesma. Segun

das bases da cultura ocidental" (Pieper, 1963, p. 20). Essa distorção

foi ditada pelas premissas de valor do sistema de mercado, no qual o homem sente que está social e mesmo religiosamente justificado a

QujJesfrutar, com aconsciência tranqüila", apenas "aquilo que adquiriu

^"^com esforço esacrifício" (Pieper, 1963, p. 33). Veblen salienta, corretamente, que a existência de uma classe *" ociosa é impossível sem a existência da propriedade privada, fato que foi bem compreendido por Aristóteles, que especificou também que somente aqueles que dispunham de propriedades individuais po

superior não deixam de exigir esforços, noentanto são, intrinsecamente, gratificantes.

(

tivas inerentes ao processo de produção em si. Aocupação é a prática de esforços livremente produzidos pelo indivíduo em busca de sua

(

três séculos, e por meio delas o lazer perdeu seu caráter como uma

da, as atividades que não alcançam esse nível superior são, de preferên cia, determinadas externamente por necessidades objetivas e não pela livre deliberação pessoal. Éesse segundo tipo de atividade que força o indivíduo a se empenhar em esforços penosos. As atividades de nível

Parece evidente que uma distinção sistemática entre trabalho e ocupação pode ser conceptualizada, de acordo com esses pressupostos. O trabalho é a prática de um esforço subordinada às necessidades obje

(

diam ser livres. Para ele. a posse da propriedade era uma condição para

uma vida plena, racional, livre. Desse modo. considerava ele oescravo como um ser não inteiramente racional, e embora tal opinião seja re

pugnante aos nossos sentimentos atuais, nela Aristóteles éapenas cul

pado por considerar uma imposição das circunstancias como indicação

atualização pessoal.

n de uma dicotomia essencial entre duas categorias de seres humanos.

Semelhante distinção constitui a base da teoria de Veblen sobre

classe ociosa. 0 trabalho, como foi definido, tem sido tão universal

mente desprezado, que aqueles que não precisam trabalhar para viver, ^^«-vifig"

,®y^Como assinala Leo Strauss:

c

se empenham em enfatizar essa condição através da prática do consu- ^ÇV jV Ç
c

conspícuo pode dificultar a plena compreensão do lazer.

o c o Q O O o

o o o

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mo conspícuo. No entanto, a noção que Veblen tem de consumo ^ Qsy^kj^^ ' VJ /

Na sociedade de mercado, a noção delazer tem sido degradada,

porque se tomou sinônimo de ociosidade, passatempo, diversão -

conotações que o lazer nunca teve antes. Esse fato é sintomático das premissas de valor do sistema de preços de mercado, em que o traba

I

c

I

i

I

(

1972, p. 231).

N

De fato na medida em que a exeqüibUidade de uma economia de abundância é inconcebível, é correto admitir que, em todo sistema

político diferenciado, apenas uma minoria podia ser livre da condição

Pieper escreve:

c

o

vejamos aquilo que mudou, exatamente. Não os princípios de justiça,

apropriada para os mais sérios esforços em que um homem se pode empenhar Tentando reconstituir o significado original de lazer, Josef

1963, p. 40).

demos considerar como certa. Tomou como certo o fato de que toda economia teria que ser uma economia de escassez, em que amaior par te dos homens não disporia de lazer. Descobrimos uma economia de abundância. E, numa economia de abundância, jánão everdade que a

que são os mesmos. Oque mudou foram as circunstancias (Strauss,

que pressupõe o sistema de mercado, o lazer naturalmente perde oca ráter que anteriormente teve, de_.çojTespondência a uma condição

o

"Aristóteles considerou como coisa certa alguma coisa que ja nao po

maior parte das pessoas tenha que ser não educada. Esse fato constitui uma resposta perfeita aAristóteles, nesse particular. Mas épreciso que

lho foi transformado no critério par excellence de valia e merecimen to. Num mundo de "trabalho total" (Pieper, 1963,p. 20), tal comoo

"A ociosidade, no velho sentido da palavra, longe de ser sinônimo de lazer é, mais aproximadamente, o requisito indispensável e secreto que toma o lazer impossível: poderia ser descrita como a total ausência de lazer, ou o exato oposto do lazer. Olazer só é possível quando o ho mem sesente unido a si próprio. Aociosidade e a incapacidade de la zer entre si se correspondem. Lazer é o contrário de ambas" (Pieper,

o

I

noutra categoria variem de sociedade para sociedade, duas premissas parecem permear essa distinção. Primeira, as atividades de categorização existencial superior são, de preferência, exercidas autonomamente

o o (

Ainversão do significado original de lazer, como foi gradual mente conseguida através do processo de autojustificaçao ética do sis

classificação existencial. Embora as atividades classificadas numa ou

I

de trabalhadora, o que constitui o requisito indispensável de Anstoteles para um tipo de vida racional e livre. Portanto, se pusermos nossa

indignação moral contra ajustificação da escravatura sob adequada perspectiva, não há como fazer objeção a Aristóteles.

Como acentua Arendt, "a instituição da escravatura, na antigüi

\t&

W

dade foi um recurso para excluir o trabalho da condição da vida do

Ihomem" (Arendt, 1958, p. 74). Essa exclusão só podia ser viável atra131

130

V

\ vés da institucionalização da escravatura, dadas as capacidades de pro

dução daquele período histórico. Ponderando bem ateoria de Aristó teles em sua apropriada perspectiva histórica, Arendt escreve:

"Aristóteles, que defendeu essa teoria tão explicitamente edepois, em seu leito de morte, libertou os escravos que possuía, talvez não tenha sido tão incoerente como os homens modernos estão inclinados a pen sar. Ele não negava ac escravo a capacidade de ser humano, mas ape nas o uso da palavra 'homens' para membros da espécie humana, en

quanto os mesmos estivessem inteiramente sob o domínio da necessi

de produção.

mente ocupada pelo animal rationale" (Arendt. 1958. p. 75). a'maneira pela qual ocorreu essa transformação constitui uma

questão muito complexa e que, aliás, foi amplamente discutida por W. A. Weisskopf (1957; 1971). Tal discussão aborda apenas asrazões

pácoculturais para a "súbita, espetacular ascensão do trabalho, da

mais baixa, mais desdenhada posição ao nível mais elevado, como

amais prezada de todas as atividades humanas" (Arendt, 1958. p. 88). Segue-se umsumário de razões: Primeiro, o sistema de mercado^encontrou condições excepcio

nais para estabelecer seu comando sobre avida social durante a chama da revolução industrial. A indústria tomou-se, agora, uma peça funda mental, um componente do sistema de mercado. A produção indus trial apóia-se antes nas leis da mecânica do que em qualquer destreza pessoal particular, condicionando ohomem, eficazmente, a concordar com suas exigências operacionais. No processo de fabricação, o trabalho é dividido e, assim, quanto mais o indivíduo se adapta às determP nações mecânicas ao lazer as coisasTmelhores sao osresultados gerais esperados. No contexto dê tais circunstancias, e para cnegar a conse-

oíçaVaos resultados finais previstos, as habilidades pessoais passam a i

torna-se aperm um ganhadorde salário. Np mercado, como observou

miam não é acidental. O processo daconsolidação institucional do sis tema de mercado é inseparável de um processo de desculturação da mentalidade ocidental, por meio do qual é eliminado o sentido origi

de mercado. Nesse sistema, o trabalho transformou-se na fonte de to dos os valores e o animal laborans foi elevado "à posição tradicional

<

gorosamente calculados. Desse modo^o indrvíduo particir^pmces-, Blake "as almas das pessoas são compradas e vendidas .' Atranstor-

maneira a enquadrar o termo noarcabouço epistemológico do sistema

o

"Segundo, o sistema de mercado^ujnjisjema^preços eprecisa de padrões objètívõT^ãrã determinar aequivalência de bens eserviços.

Ü fato de que palavras como razão, racionalidade e lazer adqui rem, no sistema de mercado, significados que originalmente não expri

nal dessas palavras. De modo particular, o lazer ea distinção qualitati

ò

do plano merânjçojiaj£OjliiçIo.

so de produção, mas unjçamenje^cjnojirrUtejn^ °s ™to,res de produção são avaliados^enTteTmos de preço e, assim, o indivíduo

va nele contida entre trabalho e ocupação foram transformados, de

o o c

lho.1°3 transformação do indivíduo num trabalhador éumjemjisito.,

elevada das espécies animais que povoam a terra" (Arendt, 1958, p. 74-5).

O o

considerado apenas como um componente de uma força de traba

laborans, de maneira distinta do muito discutível uso da mesma pala vra na expressão animal rationale, éinteiramente justificado. Oanimal laborans é, realmente, apenas uma e na melhor das hipóteses a mais

Ò

circunstâncias espera-se do homem não que se ocupe »J^?"™"' nem que se exprima livremente, em relação àtarefa que lhe loi designa da; espera-se dele que trabalhe. Ohomem é, portanto, essencialmente

Além disso, na medida em que os relacionamentos entre produtores e consumidores, no mercado, são destacados e simultaneamente classiiicados sob um processo competitivo, os lucros e custos precisam ser n-

dade. E é verdade que o uso dapalavra 'animal', nosentido de animal

"9

ser subsidiárias de objetivos mecânicos. Em outras palavras em tais

maçãò do indivíduo num trabalhador éum requisito da contabüidade .

,

Terceiro, osistema de mercado não pode funcionar em bases pu ramente técnicas e econômicas. Só se poderia transformar no mais im

portante setor social na medida em que o processo geral de socializa ção induzisse os indivíduos a aceitarem seus requisitos psicológicos. Diversos estudiosos têm examinado as conotações religiosas da ideolo

gia inerente ao sistema de mercado, esalientam que tal ideologia nao representa a contribuição de uma única pessoa, mas resultou de esfor ços confluentes de filósofos como Hobbes e Locke, de reformadores religiosos como Lutero e Calvino, de moralistas como Bentham, eou

tros que elaboraram oantecedente teórico do éthos utditano^çonseqüência final dos esforços desses homens éaética do trabalho ba

seada no postulado de que o trabalho é o critério cardmal de valor,

nm domínios da existência individual e social. AqliiUTque em economia é conhecido como a teoria de valor do trabalho é apenas um as

pecto particular da ideologia que legitima a sociedade centrada no

mercado.12

>° Sobre este ponto, veja Weisskopf (1957 e 1971). 11 Apud Hicks, John (1969. p.123).

" Sir John Hicks escreve: "Trabalho ... nio é ... 'OCupaçto'. Ca*>••»da» classes de pessoas cujas atividades estivemos examinando tem sua oo»P"Ç"o. £ camponês tem sua ocupação, oadministrador tem sua "«PW0**^*, tem sua ocupação, mesmo opropnetano, na medida em que ~n«2Sr „0

ção positivarem sua ocupação. Oque caracteriza ooperário, o«tn*Jhadog no

sentido mais estreito ... é que ele trabalha para uma outra pessoa. Ele e (nao te

n^os meoo de dizer) uníservidor.» EHicks^crescenta. "A^nomiajn»^ til nuncalolcapazde jassaLSja^^ 1969, p. 1W 133

132

V

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o

zações econômicas, tendo exigências próprias que não coincidem, ne cessariamente, com aquilo que é requerido pela boaqualidade daexis

tência humana em geral, devem ser consideradas como pertencentes a

va ser solapada,de outro modo os conflitos interiores da psiquehuma na tomariam o sistema de mercado impraticável. O trabalho como ins trumento de medição do valor e da dignidade humana é um expe diente psicocultural, usado para minimizar a dissonância cognitiva e o

um enclave conceptual e pragmaticamente limitado, dentro do espaço vital humano.

2. A conduta individual, no contexto das organizações econômi cas, está, fatalmente, subordinada a compulsões operacionais, for

conflito interior.

mais e impostas. Assim sendo, o comportamento administrativo é in-_

O rudimento de uma distinção entre as duas palavras é encon

trinsecamente vexatório e jncompajjvel com o pleno desenvolvimento das potencialidades humanas. "

trado no livro Principies of economics, de Alfred Marshall. O trabalho

é nele definido como "qualquer esforço de mente ou de corpo, pro movido parcial ou totalmente com vistas a algumacoisa boa, além do

"3. A organização econômica é apenas um caso particular de diver sos tipos de sistemas microssociais, em que as funções econômicas são desempenhadas de acordo com diferentes escalas de prioridades. A importância do comportamento administrativo diminui, quando se parte de sistemas sociais planejados para a obtenção de lucro e se ca- ^

prazer diretamente derivado do trabalho(work)".13 Embora esta afir mação esclareça de modo satisfatório a natureza do trabalho, o faz erradamente no final, quando usa a palavra work. Depois de citar a de finição de Marshall, Galbraith observa corretamente, na obra The Affluent society (1958, p. 264). que a distinção formal entre trabalho

humana.

4. Uma abordagem substantiva da teoria organizacional preocupa-se, sistematicamente, com os meios de eliminação de compulsões des necessárias agindo sobre as atividades humanas nas organizações econômicas e nos sistemas sociais em geral. Em outras palavras, tal abordagem reconhece que, por sua própria natureza, o comporta mentoadministrativo constituiatividade humana submetidaa compul

6. 7 Conceptualização de uma abordagem substantiva da organização

iV ' VM

>

Temos que começar, a esta altura, o confronto com a noção de delimitação organizacional. A expressão pressupõe, não apenas que há múltiplos tipos de organização, mas também, e mais importante ainda, que cada um deles pertence a enclaves distintos, no contexto da tessi

sões operacionais. Todavia, essa abordagem está interessada em meios viáveis de redução, e mesmo de eliminação, de descontentamentos e com o aumento da satisfação pessoal dos membros das organizações econômicas.

5. As situações em que os seres humanos se defrontam com tópi cos relativos à própria atualização adequadamente entendidas, têm

tura geral da sociedade. Asorganizações formais convencionais cons-.

titufram. ate ago^ojrrien^sse^^

orpanizaçjomdjxm-

exigências sistêmicas diferentes daquelas que atendem aos contextos

o

terripórânea. o que tem inibido os teoristas da organização, quanto a

econômicos. Essa diferenciação social sistêmica foi corretamente

o o

O o o c ( i

( I

apreendida por H. Arendt como uma condição que habilita os indiví

sistemática e acuradamente.,se dedicarem à variedade de sistemas sociais que constitui o espaço macrossocial Para qnp seja possível superar esse paroquialismo teórico, é necessário um enfoque substantivo da or ganização, e esse enfoque se caracteriza pelas seguintes considerações: 1. Os limites da organização deveriam coincidir com seus objetivos.

Nessa conformidade, a delimitação organizacional está, primor dialmente, interessada na delimitação das fronteiras específicas da or

duos a se avantajarem, na consecução das diferentes obras de suas vi das. Dizela:"Nenhumaatividade podevir a ser excelente, se o mundo

não proporcionar um lugar adequado para seu exercício" (Arendt, 1958, p. 49). Para proporcionar esses lugares adequados, precisamos começar formulando uma tipologia de interesses humanos e dos cor respondentes sistemas sociais onde tais interesses possam ser propria

r-r

ganização econômica. É possível tentar definir a organização econômi ca como um sistema microssocial que produz mercadorias segundo

..•> •

menteconsiderados comotópicos do desenho organizacional. Como indicam estas cinco considerações, uma abordagem subs

normas contratuais objetivas, dispõe de meios operacionais para a ma-

tantiva da organização resiste a tomar-se, sob qualquer disfarce, um

13

instrumento de política cognitiva.

Apud Galbraith, J.K. (1958, p. 264).

134

su

minha no sentido de sistemas sociais mais adequados à atualização ,-

e ocupação não teve papel na teoria econômica. Galbraith parece acre ditar que as condições peculiares da sociedade afluente exigiriam a dis tinção, para a clarificação de seus problemas. Não há dúvida, porém, de que tal distinção é teoricamente importante, do ponto de vista de uma abordagem substantiva da organização.

o c

I

avaliar a equivalência de bens eserviços. Isso quer dizer que as organi

dade de aliviar a dissonância cognitiva gerada pelo surgimento do sis tema de mercado. A velha distinção entre ocupação e trabalho precisa

( (

ximização de recursos limitados e utiliza critérios quantitativos para

A escolha do trabalho como instrumento de medição do valor e

da dignidade humana de um modo geral foi condicionada pela necessi

135

u i/

I

j'

6.8 Conclusão Ante a análise até aqui apresentada, toma-se claro que a teona

cas- tem sido, em grande parte, uma ideologia do sistema de preço de

'Taylor, eosoperacionalistaspositivos, como Herbert Simon, estão mais

'• (

!

i ( ( I

da organização precisa ser reforroulada sobre novos fundamentos epistemológicos. Dos dias de Taylor até hoje, ateoria da organização graças à persistente falta de exame de suas dimensões epistemológi-

f

mercado. Só sobreviverá se for transformada numa teoria realmente

*

viável, fazendo-se sensível aos pontos cegos de sua conceptualização e-

!

redefinindo-se sobre bases substantivas.

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^

As afirmações que se seguem são oferecidas como um conjunto

de possíveis diretrizes, necessárias à reformulação da teoria da orga-^ nizaçSo: 1.0 homem tem diferentes tipos de necessidades, cuja satisfação'

requer múltiplos tipos de cenários sociais. É possível não apenas

categorizar tais tipos de sistemas sociais, mas lambem formular as con

fundamento parcial, sobre o qual se pode continuar a promover a

cação operacional, ou critérios intencionais einstrumentais, agindo co-

recimento do processo datomada de decisões; jáqueo mesmo, como

2. O sistema de mercado só atende a limitadas necessidades huma- ^ nas, e determina um tipo particular de cenário social em que se es-* pera do indivíduo um desempenho consistente com regras de comum-

C

X^Dfereritgs~caTegorias de tempo e espaço vital correspondem a

'- ê •

tipos diferentes de cenários ojgamzaaonais. A categoria de tempo e

conduta humana condidmíãaa^orjniperaTfffw^ãwnnii««

espaço vital exigida por um
|

4. Diferentes sistemas cognitivos pertencem a diferentes cenários

f g* I *' fO

administrativo constituem caso particular de uma epistemoíogia multidimensional do planejamento de cenários organizacionais. 5- Diferentes cenários sociais requerem enclaves distintos, no con-

I0

próximos de uma teoria de organização válida do que os teoristas hu

manistas, que colocam erradamente anoção de auto-atualização. Para o aperfeiçoamento da teoria da organização, precisar-se-ia reformular Taylor e Simon. Foi cheio de sentido oesforço desses ho mens, tentando descobrir estruturas eficazes que deveriam caracterizar as organizações econômicas, para que as mesmas pudessem atingir seus objetivos. Interessaram-se eles, essencialmente, pelas questões técnicase a maior parte daquilo que disseram ainda constitui, pelo menos, um

construção teórica. Há muita coisa aser considerada válida no esforço de Taylor para formular os fundamentos de uma ciência da produção.

moum ser trabalhador. Ojomportamento adrmnjsteatiyo, portanto. 4L-

| f\

propósito sinistJO^AJàiíiÊâ-dfisíadpxrM^ hipótejc^ua^q^qçada^Dfrféí., De fato, os proponentes da administração científica, como

dições operacionais peculiares acada um deles.

Í"'

f í O

to e eficazmente combinadas do ponto de vista dos rendimentos dese

jados. A mescla que hoje se faz da teoria da organização econômica com a teoria da personalidade é uma união espúria, que esconde um

organizacionais. As regras de cognição inerentes ao comportamento

Simon, também, estava basicamente correto, em sua tentativa de escla

é característico, se desenrola dentro dos limites da organização econô mica. No entanto, quando eles negligenciaram as fronteiras das regras

de cognição inerentes às organizacôjs^ejaaíôjmsas, sua psicologia tornrnF3eTTra-ponto~de vista objêtivoTuma psicologia de má-fé, porque

inconscientemente, transformaram as mesmas em regras de cognição

supostamente válidas para anatureza humana em geral.

Taylor e Simon ainda merecem ser reexaminados, do ponto de

vista de uma teoria de organização econômica, mas de uma teoria contida entre suas adequadas fronteiras. A teoria da organização que

imaginaram trata de atividades humanas opcionalmente úteis para poupar recursos. Oerro de Taylor consistiu em expandir exageradamente alógica dessas atividades específicas. Para ele, cada ato da vida

^

que os tornam inter-relacionados. Tais vínculos constituem ponto cen-

humana deveria ser focalizado do ponto de vista da adnunistração científica. Parece nâõ ter interesse nopapel da interação social primá ria (simbólica), um campo da associação que nada tem aver com pos

r,

sistemas sociais.14

sibilidade de calculo e maximização. Emúltima análise, Simon equipa ra aracionalidade com aestimativa deconseqüências e, por conseguin

[)

turas que conduzem àefetiva utilização de recursos físicos ede mão-

te,identifica as exigências psicológicas do sistema de mercado com a

•-•' Q

teresse sobre personalidades, mas apenas namedida em que as aptidões e habilidades individuais podem ser melhoradas através do treinamen-

1

Schon, austram especificamente tal abordagem. Veja Schon (1971).

~1'

136

* f>

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U

texto geral da tessitura da sociedade, havendo, contudo, vínculos trai do interesse de uma abordagem substantiva do planejamento de

o estudo científico das organizações econômicas trata de estru-

de-obra. Esse estudocientíficoda produção, é verdade, focaliza seuin-

w As redes e os papéis a serem desempenhados nas redes, na concepção de

naturezahumana em geral.

0 problema de pontos de vista doutrinários dessa espécie não es tá apenas em que são teoricamente alienados, mas também em que, mediante a prática da política de cognição, são eles utilizados para construir a realidade social do cidadão comum. 137

Neisser, U. Cognitive psychology. NewYork, Appleton-Century-Crofts,

Não há sentido em se descartar o estudo científico dos cenários

1967.

sociais de natureza econômica. A sociedade, como um todo, não pode subsistir sem eles. 0 planejamento e a operação dessescenáriosconsti

tuem um problema técnico de caráter peculiar. No entanto, esse tema é apenas parte daquilo que, no capítuloseguinte, será conceptualizado como uma teoria de delimitação de sistemas sociais. BIBLIOGRAFIA

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139

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Figura 1 O paradigma paraeconômico

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Prescrição Economia

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7. TEORIA DA DELIMITAÇÃO DOSSISTEMAS SOCIAIS: APRESENTAÇÃO DE UM PARADIGMA

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o

O modelo de análise e planejamento de sistemas sociais que ora predomina, nos campos da administração, da ciência política, da eco nomia e da ciência social em geral, é unidimensional, porque reflete o moderno paradigma que, em grande parte, considera o mercado como a principal categoria para a ordenação dos negócios pessoais e sociais. Neste capítulo, começarei a delinear um modelo multidimensional, para a análise e a formulação dos sistemassociais, no qual o mercado é considerado um enclave social legítimo e necessário, mas limitado e re



mente que, no arcabouço epistemológico do paradigma, a escolha

I

1 1

O ponto central desse modelo multidimensional é a noção de delimitação orgãnizTciõnãl;~que envolve: a) uma visão düociedade co

zem oindivíduo, ou o cidadão, a um agente damaximização dautilida

mo sendo constituída de uma variedade de enclaves (dos quais o mer cado é apenas um), onde o homem se empenha em tiposnitidamente

de, permanentemente ocupado em atividades de comércio. A escolha

diferentes, embora verdadeiramente integrativos, de atividades subs

do, mas pressupõe que o indivíduo neste se inclui completamente,

escolha pública, da mesma forma que ateoria administrativa, é prega

jp^ira implicação. Asegunda éexaminada nos capítulos 8e9.

A figura 1 mostra as dimensões principais do paradigma paraeconômico. As categorias do paradigma (em grifo) devem ser conside radas como elaborações heurísticas, no sentido weberiano. Não se

espera de nenhuma situação existente na vida social quecoincida com esses tipos ideais. No mundo concreto, só existem sistemas sociais mis

o

Uma explicação de alguns detalhes específicos do paradigma toma-se agora oportuna.

o

7.1 Orientação individuale comunitária

c

No mundo social visualizado pelo paradigma, há lugares para a atualização individual livre de prescrições impostas, e essa atualização 140

>

exercida por esse agente não envolve uma confrontação do merca

tantivas; b) um sistema de governo social capaz de formular e imple mentar as políticas e decisões distributivas requeridas paraa promoção

o

(

1 tanto pode ocorrer em pequenos ambientes exclusivos, quanto em comunidades de regular tamanho. Nesses lugares alternativos, é possí vel uma verdadeira escolha pessoal, mas é preciso que se tenha em

pessoal onde, do ponto de vista do paradigma,não há nenhuma. Redu

tos.

(

normas

teoristas da escolha pública,' os quais seriam capazes de ver escolha

o

<

>

Ausência de

nômico.

do tipo ótimo de transações entre tais enclaves sociais. A teoria da

o o

Anomia

pessoal não tem a mesma conotação da palavra escolha no campo das ciências políticas atuais e, especialmente, aquela em que é usada pelos

dehj|itação dos sistemas sociais aqui apresentada enfoca, sobretudo, a

o

Motim

gulado, modelo que reflete aquilo que chamo de paradigma paraeco-

o o

1

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3

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1

tendo sua natureza definida pelas exigências do mercado. A teoria da

da em termos de um modelo humano unidimensional, que visualiza o espaço social como horizontal e plano: nele, onde quer que o homem

1

vá, nunca sai do mercado.

I•'

Ao contrário, primeiro e acima de tudo, opadrão paraeconômico parte do pressuposto de que o mercado constitui um enclave den-

I' !i|

1 »

tro de uma realidade social' multicêntrica, onde há descontinuidades "* M^'^ 3

de diversos tipos, múltiplos critérios substantivos de vida pessoal e

uma variedade de padrões de relações interpessoais. Segundo, nesse

espaço social, só incidentalmente o indivíduo é um maximizador da

iaJ[iuÍJi/o

utilidade e seu esforço básico é no sentido da ordenação de sua existência de acordo com as próprias necessidades de atualização pessoal. Terceiro, nesse espaço social, o indivíduo não é forçado a

>

1

conformar-se inteiramente ao sistema de valores de mercado. São-lhe '* ^°& Co] dadas oportunidades de ocupar-se, ou mesmo de levar a melhor sobre

1

1 Veja, por exemplo, Monsen, RJ. &Downs, A. (1971) e Tullock, G. (1972).

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141

V

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í:<

muitos casos em que uma pessoa podia fugir da emulação frenética de

o sistema de mercado, criando uma porção de ambientes sociais que diferem uns dos outros, em sua natureza, e deles participando. Em

suma, oespaço retratado pelo padrão éum espaço em que oindivíduo pode ter ação adequada, em vez de comportar-se apenas de maneira que venha acorresponder às expectativas de uma realidade social do

nosso sistema econômico - instituições como a família numerosa e a , ,- // ,y

um companheiro. Mas desapareceram, esses casos, um aum, deixando \A , oindivíduo, mais emais, numa situação em que precisa tentar satisfa- ,qyfu zer suas necessidades gregárias e hostis no mesmo lugar —o apelo da vida cooperativa fez-se mais sedutor e a necessidade desuprimir o de sejo quetemos dela sefez mais aguda" (Slater, 1971, p.6). Uma arte de formulação de sistemas sociais preocupada coma

Raramente sepodem integrar atualização pessoal e maximização da utilidade, no sentido estritamente econômico. Onde quer queam

bas sejam seriamente consideradas como imperativos fundamentais da vida individual e social, é preciso quesedelimitem enclaves emqueca

da uma delas possa ser convincentemente atendida. A maximização da

maximização da utilidade. Assim, aÇormulaçáo dos sisternasjpcjaiyé,

atualização humana, por direito próprio, assim como com aeficiência na produção de bens e na prestação de serviços, tem que defender uma 0

variedade deambientes organizacionais, em queesses diferentes objeti

vos possam ser mais ou menos atendidos. Aafirmação inadequada de [

tanto quanto uaaiaíncM uma arte multidimensional.

que o interesse pejas pessoas pode ser harmonizado com o interesse-! pela produção de mercadorias só se justifica àbase de uma abordagem \

individual e coletiva. A umdimensionanzação é um tipo específicode

rístico das atuais tendências do pensamento e da prática, no campo administrativo. Osexemplos incluem designações como a teoriax con tra a teoria y, escala gerencial (managenal grid) e desenvolvimento organizacional.

A delimitação organizacional i, portanto, uma tentativa sistemá tica de superar o processo continuo de unidimensionalização da vida socialização, através do qual o indivíduo intemaliza profundamente o caráter - o ethos - do mercado, e age como se tal caráter fosse o su

premo padrão normativo de todo o espectro de suas relações inter pessoais.3 Esse processo é característico da sociedade centrada no

mercada na forma institucional pecuharque a mesma assumiu nos paTsesTndustriais desenvolvidos.3

0 processo de umdimenáonalizacão tem sido examinado por

numerosos autores de diferentes convicções filosóficas. Não tenho a

intenção de elaborar esse ponto, mas merece atenção um Uvro de Philip Slater, intitulado ThePursuitoflonelmess: American cultureat the breaking point. Slater investiga as conseqüências psicológicas e so ciais da unidimensionalização. No mundo social que descreve, "rela

ções públicas, o drama da televisão eavida tomam-se indistinguíveis"

(Skter, 1971, p. 19), e o indivíduo é sistematicamente ensinado aex

primir mal suas emoções. Esse tipo de mundo engendra aquilo que

unidimensional da organização. E esse é, precisamente, o erro caracte-'

Em vez de proclamar a possibilidade de umatotalintegração das metas individuais e organizacionais, o paradigma aqui apresentado

mostra que a atualização humana é um esforço complexo. Jamais po derá ser empreendido num tipo único de organização. Comodetentor de um emprego, o indivíduo é, geralmente, obrigado a agir segundo regras impostas. Contudo, em diferentes graus, tem ele variadas neces sidades. Por exemplo, precisa participar da comunidade, da mesma

forma que tomar parte emespeculações que dêem expressão àsingula ridade de seucaráter. Oscenários adequados â satisfação de tais neces sidades, emboraem grande partenaoestruturados, sãoaté certo ponto modelados por prescrições ou a que se chegou por consenso, ou que foram livremente auto-impostas. Oexamedostermosdegovernojnte-

Slater define como a "perversão da emorionalidade humana" (Slater,

jn^jMçuliarejLajiiferenles espaços sociais SÃráfeHÔnuma fase ulterior

1971, p. 3), e ele vê o processo de unidbronsionahzação da sociedade

desta analise. É importante, agora, prosseguir no delmeamenio dopa

americana aproximando-se do ponto de ruptura. No passado, osame ricanos tinham condições de formular contextos existenciais mais ajus tados asuas próprias escolhas, e é assim queSlater afirma:

radigma geral queestamosexaminando.

"No passado, como tantos já salientaram, houve em nossa sociedade 1 Pais nina visão mais complexa da «nlifr"""rfftlinli*ftçgni veja Marco», Her bert (1966). Sobre esse processo de perspectiva histórica, veja Hahnos, Paul (1953).

3 Sobre este ponto, veja Polanyi,Karl (1971). 142

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vizinhança estável, nas quais se podia encontrar um prazer diferente daquele que se experimenta ao conquistar uma vitória simbólica sobre .- \^

minada pelomercado.

utilidade é incidental, nos sistemas quevisam a atualização pessoal e, conversamente, a atualização pessoal é incidental naauele^auejrisam a

li <^jjJj'"

7.2 Prescrição contraausência de normas

Para que se consiga a execução de qualquer trabalho, é preciso quehaja aobservância denormas operacionais. Quanto maior é o cará ter econômico do trabalho, menos oportunidade de atualização pes soal é oferecida aos que o executam pelas respectivas prescrições ope racionais. E isso ocorre porque há uma oportunidade mínima de esco143

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lha pessoal, no sentido em que amesma foi discutida anteriormente.

Essa contradição entre as necessidades individuais e as exigências da

da pessoal criativa.ÇA sohdaVVdlz Marcuse (1966, p. 70), "a própna

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condição que foi osusteirtídflo do indivíduo contra e além da socie dade em que vive, tomou-se tecnicamente impossível." Pode-se facil

organização econômica não pode ser resolvida através de nenhuma

mente comprovar tal afirmação. Num ensaio cheio de discernimento,

prática behaviorista, ou diteííumãnMçãr^A produção de bens e a/

Mordecai Roshwald oferece uma porção de exemplos significativos,

prestação de serviços, sob o imperativo de maximização do saldo lí

quido entre custos e benefícios, reclamam tipos de organizações em

que, obviamente, há nouca tolerância para aatualização pessoa!. Na realidade, a pdxrn^xmgortamenlo^nesse contexto, significa aquilo

/

aludindo à(padronização da emodonahdadgjque resulta do largo uso

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de cartõesdispcmiveis nas lojas, para que osfregueses manifestem seus sentimentos, em ocasiões como natalídos, aniversários, casamentos,

mortes, doenças, situações de solidariedade; àutUização dos chefes de

que se espera que as pessoas façam, emsua qualidade de detentoras

torcida, para aromar o público presente aos jogos de futebol; ao uso das "deixas" para o riso e o aplauso, orientando osqueassistem a pro gramas de audiência. A educação, também, não escapou ao processo de superorganização; seu CbjeflVtt, de modo gerai, 6 sobretiiao^fignS

de emprego- Assim, como foi dito anteriormente, o comportamento administrativo consiste na atividade humana sob prescrições opera

cionais formais e impostas. O'uso inadequado da expressão compor tamento administrativo é, ele próprio, uma indicação do caráter uni dimensional da teoria e da prática organizacionais do momento. Essa teoria ignora, sistematicamente, o fato de que o comportamento admi nistrativo é umacategoria de conformidade a prescrições formais e im postas. Quanto mais a atividade humana é considerada administrativa,

as pessoas capazes de se transformarem em detentorasae emprego,no "sistema de mercado. Os estudantes dos ginásios e aos cursos colegiais

"sab submetidos a praxes uniformes de ensino e avaliação, que dificil

\âJ^P

Oft

menosé elaumaexpressão de atualização pessoal. Uma vez que as economias funcionam, caracteristicamente. na sociedade centrada no mercado, são elas, até certo ponto, sistemas

mente lhes estimulam a criatividade e o desenvolvimento da sensitivi-

dade, em relação ao caráter complexo dos tópicos para osquais se de termina que orientem sua atenção.4 Preso continuamente auma trama de exigências sobre método e organização, o indivíduo acaba por acei tarumavisão predeterminada da realidade.

ameaçadores que dispõem de meios para compelir seus membros a aceitar as prescrições operacionais estabelecidas. Dizem ao indivíduo: aceite asnormas de desempenho, ou saia,j) comportamento administrativo é uma síndrome psicológica inerenfaTá economia e aos sistemas

É óbvio que asuperorganização aumenta adespersonalização do

indivíduo. Nos trabalhos de ErvingGoffman, por exemplo, encontra-se abundante material clínico sobre as pressões institucionalizadas de

despersonalização. Uma das conclusões de Goffman é a de quejüm modelo predominante da inter-relação pessoal, nasociedade, consiste nagerência deimpressão {impression management), ou seja, aprática do engano sistemático entre as pessoas. Asconclusões de Goffman dão apoio empírico à afirmação de que, numa sociedade superorganizada, o indivíduo perde a identidade pessoal, na medida emque é induzido

ameaçadores em geral!. No entanto, o problema relativo ao modelo

"atuaTda teona unidimensional de organização e à sua prática está em

que o mesmo pressupõe que o comportamento administrativo éidên

tico à natureza humana. Essa errônea suposição é, às vezes, expressa

em termos rudes. Por exemplo, nummanual de comportamento típi

co, lê-se que "a organização, ao que se acredita, tem em larga escala todas as qualidades do indivíduo" (Rush, 1969, p. 8). Sob as pressões

a interiorizar uma determinada identidade, exigida pelospapéis que se

espera que desempenhe.5

do sistema de mercado, nãoé de surpreender que o indivíduo médio se sinta confuso, tanto sobre a natureza dacondição humana, quanto

Uma arte muldimensional de desenho de sistemas sociaisnão po

de desprezar os efeitos psicológicos das prescrições operacionais. Não procura eliminar essas prescrições domundo social, porque as mesmas são indispensáveis à manutenção e ao desenvolvimento do sistema de apoio de qualquer coletividade. No entanto, interessa-se pela delimita ção dos enclaves emque cabem tais prescrições, enos quais podem até ser legitimamente impostas ao indivíduo. Nos sistemas sociais que vi

sobre atualização pessoal. Atecria^nwüj|rariya^corrmie dá legitimi-

dgde ao crescente processo defiupSõrjgruzação^ da^despenion_ (cãojjrmarvnlúõ^io contexto do sistema de mercadoaTúm tipo in dustrial desenvolvido.

Esse duplo processo de superorganização e de despersonalização poderia ser caracterizado como se segue: o fenômeno da superorgani

O

sam maximizar a atualização pessoal, as prescrições não são elimina

zação na sociedade americana tem sido estudado por numerosos espe cialistas. A superorganização ocorre coma transformação de toda aso ciedade num universo operacionalizado, em que seespera sempre que o indivíduovivacomo um ator,a quem cabe um papel determinado. Num sistema social superorganizado, o indivíduo não dispõe de lugar e tempo verdadeiramente privados, duas condições para umavi-

das. São mínimas, porém, e nunca são estabelecidas semo pleno con sentimento dos indivíduos interessados. Tais sistemas são bastante fle* Veja Roshwald, M. (1973).

5 Veja, especialmente, Goffman (1961). Veja também Goodman, Paul (1960). 145

144

y

xíveis para estimular osenso pessoal de ordem ede compromisso com os objetivos fixados, sem transformar os indivíduos em agentes passi

vos A total eliminação das prescrições e das normas é incompatível

com uma significativa atualização humana, no contexto do mundo so cial Nessa conformidade, os fatos classificados nas categonas de mo

tim (mob) eanomia (anomy) põem em risco, essencialmente, aviabili dade de toda a tessitura social.

No contexto deste capítulo, o formulador de um sistema social não é encarado como uma espécie de benfeitor ou de Pigmalião, que

modela um ambiente e diz aseus membros como nele devem viver. E, antes, imaginado como um agente, capaz de facilitar odesenvolvimen to de iniciativas livremente geradas pelos indivíduos, passíveis de se

soai. São os beats, os marginais, os excluídos, que vez por outra assu

mem acondição do jovem errante, ou do adulto não-convencional em busca da própria identidade ou de novas experiências; sao alguns cn-

minosos, viciados em drogas, ébrios e mendigos, os indigentes e os mentalmente defeituosos.

Oindivíduo anômico é incapaz de enar um ambiente social pa

ra si próprio e, simultaneamente, obedecer às prescrições operacionais

de organizações importantes para sua subsistência. Tem que ser assis tido protegido ou controlado por instituições como oExército de sal vação, os hospícios, os reformatóribs, os hospitais eas prisões. No en tanto oplanejamento dos ambientes destinados aos indivíduos anomicos precisa atender arequisitos específicos/Os articuladores e os res

ponsáveis por esses sistemas deveriam compreender que atarefa que

amalgamarem, sob a forma de configurações reais. Nessa qualidade, pode ele desempenhar alguns dos papéis que caracterizam a rede ge

lhes cabe emrolve meios ehabilidades adequados aos objetivos imedia

de equipe, o de especialista em dinâmica de grupo, terapeutas de gru po como representado, por exemplo, por Ira Progoff, eo papel de pla nejador de espaço, como foi descrito por Fred Steele.

a um enclave social específico. Os clientes dessas instituições, que

Deve ser salientado, finalmente, que da forma como estão con

nais do conjunto social, que penetram em todos os campos. Essa cir

rencial de Donald Schon,6 tais como o de facüitador. de negociador de sistemas, de gerente de underground, de manobrador, ou de corre tor. Outros títulos podem-se acrescentar a estes, como o de construtor

ceituados no paradigma, não se espera que os enclaves existam em par

tes segregadas do espaço físico. Economias, isonomias, fenonomias e

suas formas mistas caracterizam-se por seus estüos específicos devida

e,eventualmente, podem ser encontradas cm vizinhança física 7.3 Conceituação das categorias delimitadoras

É oportuna, agora, uma conceituação de cada uma das catego

tos Nesse sentido, a anomia encaixa-se no quadro da-delimitaçao e uma das razões pelas quais as instituições referidas geralmente agravam a condição anômica das pessoas de que cuidam é que seu esquema e

administração não são sistematicamente encarados como pertencendo constituem, de fato, um testemunho vivo do desconforto que prevale

ce na sociedade, são definidos em termos dos pressupostos operacio

cunstância, por si própria, inibe a compreensão dos que agem em no

me desses órgãos, quanto ànatureza de syas funções equanto as quali ficações que se supõe que tenham. Estão sendo hoje em dia ampla

mente experimentados numerosos ambientes destinados ao trato com indivíduos anômicos. Aformulação e implementação de tais ambien

tes tal como referem, por exemplo, J. M. N. Query (1973), S. B. Saran-

son (1974) e outros, envolvem uma perícia específica - expertise -

que agora ainda está em estágio muito incipiente. Se vier aser possível uma delimitação do mercado, então a estrutura, as funções eos pres

rias representadas no paradigma.

supostos de tais instituições serão radicalmente diferentes daqueles que atualmente prevalecem. Assim sendo, aanomia faz jus aser consi-

7.3.1 Anomia e motim

derada uma categoria de delimitação organizacional.

Apresença das categorias anomia e motim no paradigma é exi gida pela lógica de suas dimensões. Aanomia éconceituada como uma situação estanque, em que avida pessoal esocial desaparece. 0 termo anomia (anomie, em francês), originariamente inventado pelo sociólo go francês Êmile Durkheim, detinejunu condição em que os mdiví-

duos subsistem naoria do sistémTsocjaTTÊles são desprovidos de nor mas e de raízes! sem compromisso com prescrições operacionais, mas são incapazes de modelar suas vidas de acordo com um projeto pes« Veja Schon (1971). 1 Veja Steele (1973).

No paradigma, anomia refere-se aindivíduos desprovidos de nor

mas orientadoras, que não têm osenso de relacionamento com outros

indivíduos. Motim é areferência de coletividades desprovidas de nor mas a cujos membros falta osenso de ordem social. Pode acontecer que'uma sociedade se tome passível de perturbação pelos motins,

quando perder, para seus membros, arepresentatividade eosignificado. 7.3.2 Economia

Em termos gerais, uma economia é um contexto organizacional altamente ordenado, estabelecido para aprodução de bens e/ou para a 147

146

4<

s

prestação de serviços, possuindo as seguintes características: 1 Presta seus serviços a fregueses e/ou a clientes que, na melhor das hipóteses, têm influência indireta no planejamento ena execução de suas atividades.

os indivíduos e as economias, resume completamente anatureza hu mana. Apredominância das economias edo comportamento adminis

oportuno comentar uma passagem de Victor Thompson, em seu livro

1 Sua sobrevivência é uma função da eficiência com que produz

os bens e presta serviços aos fregueses e clientes. Assim sendo, a

Modem organization.

orientação justifica aimplicação de neutralidade de valor, contida na

aparentemente, também paia Thompson, os critérios de normalidade e

nho (que se exprime pelo conjunto de pessoal, escritórios, instala ções materiais, e assim por diante) e complexidade (que se exprime bretudo, nessa qualidade. As qualificações profissionais para o de

ra condicionam a prestação de informação aos interesses pessoais ou

empresariais. Essa difundida condição das economias em geral é o principal fator da lei de ferro da oligarquia, da lei de Parkinson, do princípio de Pedro, da errônea localização de metas, eassim por diante.

c

o

organizacional". Parece que ele enfoca esse tópico partindo de um ponto de vista semelhante ao da supersocializada conceituação de nor

afirmação de Thompson (1966, p. 20-1), que figura aseguir:

através da diversidade de operações, deveres, relacionamentos com o ambiente, e assim por diante). 4. Seus membros são detentores de empregos e são avaliados, so

bros, bem como entre a própria economia, como entidade, e o públi co. Isso quer dizer que as pessoas situadas nos vários níveis da estrutu

Presume-se que ascinco características mencionadas são comuns

c

o

trativo é considerada axiomática pelos teoristas políticos, econômicos e aclministrativos centrados no mercado. Dustrando esse ponto, t

Afirma Thompson (1966, p. 21) que "osucesso, no contexto de nossa sociedade, significa, para a maioria, a ascensão numa hierarquia

eficiência de uma economia pode ser objetivamente avaliada em ter mos de lucros e/ou da relação custo/benefício, envolvendo mais que a simples consideração de lucros diretos.

3. Pode e geralmente precisa assumir grandes dimensões em tama

midade de conflitos, a legitimidade de metas e interesses divergentes,

sempenho dos cargos determinam a contratação, a dispensa, a manu tenção no emprego, a promoção e as decisões sobre o progresso na carreira.

5. A informação circula de maneira irregular entre os seus mem c

ções de fins não-lucrativos eagências. Êóbvio que cada um desses qua tro tipos de economias pode ser examinado em termos de suas peculia

ó o o o

o o o o o (

a todas as economias: a monopólios, firmas competidoras, organiza

ridades, tanto quanto de seus traços comuns. Mas uma análise detalha da das economias não é essencial aos objetivosdeste estudo, sendo su

ficiente dizer que, enquanto os monopólios, as firmas de natureza competitiva e mesmo os empreendimentos sem fins lucrativos obtêm sua receita da produção unitária, as agências operam à base de umor çamento, derivando pelo menos parcialmente sua renda de auxílios, donativos, financiamento direto e verbasespeciais. O mercado tende a transformar-se numa categoria de abrangên

malidade humana de Émile Durkheim. Para este, em instância final e,

moralidade, na vida humana, são inerentes ao sistema social. Essa

"Uma vez que uma instituição monocrática não pode admitir alegiti

gasta-se muito esforço para garantir aaparência de consenso ede acor do garantindo uma 'organização que caminha suavemente'. Aorgani zação moderna deseja tanto convertidos quanto deseja trabalhadores.

Preocupa-se com o que pensam seus membros tanto quanto com suas

ações e com oque pensa opúblico sobre os pensamentos eações de

seus membros. Em conseqüência, preocupa-se com toda avida de seus membros, com aquüo que pensam e fazem fora do trabalho, tanto quanto nele."

É preciso que se diga que Modem organization, de Thompson,

oferece uma descrição muito acurada do comportamento econômico.

No entanto, a completa falta de interesse do seu autor pela delimita ção organizacional dá um caráter iinidimensional a algumas de suas opiniões. Por exemplo, ao explicar seu conceito de burose (bureausis), estabelece ele os padrões psicológicos exigidos pelas agencias corno pa drões de saúde humana. Afalta de conformidade atais padrões (buro

se) é para Thompson (1966, p. 24), reflexo de uma personal-dade imatura. Essa opinião legitimiza definitivamente o processo de unidi mensionalização, como foi descrito anteriormente.

Nos últimos tempos, diversos autores eespecialistas desenvolve

próximos 20 ou 50 anos. De modo geral, as opiniões desses autores são expressas em termos avassaladores. Oque fundamentalmente lhes

rístico da que atualmente prevalece e é largamente ensinada, pressu põe que o critério do desempenho eficiente, nas mútuas relações entre

ram opiniões em oposição aparentemente direta aos pontos de vista de Thompson. Advogam, sem justificação, uma organização não-hierárquica, uma gerência partícipe e, algumas vezes, atotal eüininação da

seus membros e a vida de seus cidadãos, de modo geral. Assim, uma

cia total, quanto à ordenação da vida individual e social. Na sociedade centrada no mercado, as economias sãolivres paramodelar a mente de

teoria política e administrativa centrada no mercado, como é caracte

burocracia. Um deles predisse o desaparecimento da burocracia nos

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149 148

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lecem políticas. Aisonomia éconcebida ^^^ZIaInidade onde aautoridade éatribuída por deliberação de todos. Aw

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falta éuma visão coerente esistemática da delimitação organizacional. Para finalizar este item, caberia assinalar que uma gerencia parti cipante, envolvendo relacionamentos interpessoais não-hierarquicos, é matéria bastante estranha aos ambientes econômicos centrados no mercado. Uma vez que no presente estágio histórico é inconcebível

que qualquer sociedade venha jamais aser capaz de descartar comple

nos como um todo. No âmbito de seus respectivos enclaves, as econo mias burocratizadas podem-se tomar mais produtivas para seus mem bros e para oscidadãos em geral.

aVpWtt relacionamentos secundários ou categoncos, aisonomu ne-

S^riaTente declinará e, afinal, se transformará numa democracia,

7.3.3 Isonomia

(

"por amor auma boa vida" (A Política, I, ü. 125b, §8) Ouso de tal

palavra, porém, não significa nenhum nostálgico anseio de uma volta ao passado, mas serve apenas para chamar a atenção para formas pos

síveis de ambientes sociais atuais igualitários. As principais caracterís

(

ticas da isonomia são as seguintes:

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o o

Aisonomia está, cada vez mais, passando aconstituir urra parte

Aristóteles, era uma isonomia - uma associação de iguais, constituída

i

O o

numa oligarquia ounuma burocracia.

De modo geral, isonomia pode ser definida como um contexto

em que todos os membros são iguais. Apolis, tal como a concebeu

c o G

^nonTnao éunia demorada, eisto nos leva àsua quinta caracte-

e coerção será sempre necessário para aordenação dos negócios huma

(

C O

aveia em monarquia, oligarquia edemocracia podenam sugerir. Urna

tamente as atividades de natureza econômica, certo grau de hierarquia

(

(

toridade passa, continuamente, de pessoa para pessoa, c^acordam

anatureza dos assuntos, com os problemas em foco ecom a^uahhca ção dos indivíduos para lidar com eles. Osufixo nomo éparricuh* mente indicativo do fato de que, nesse tipo de •"**£>"£; agência diretora determinada eexclusiva - ^^f^^l

5

1 Seu objetivo essencial é permitir a atualização de seus membros, independentemente de prescrições impostas. Desse modo, as pres

ní'as ZS de propriedade dos trabalhadores, algumas as oeu-

^."lÍjÍL-TiiIMt- associações locais de consurrudores grupos

crições são mínimas e, quando inevitáveis, mesmo então se estabe-

lêCTnfpÕT^Sh-so. Espera-se dos indivíduos que se empenhem em re-

lacionamenWmterpessoais, desde que estes contribuam para a boa vi da do conjunto.

. ,

.. M

"2' E amplamente autogratificante, no sentido de que nela indiví

Z V /O

duos livremente associados desempenham atividades compensadoras em ã mesmas. As pessoas não ganham a vida numa isonomia; antes,

participam de um tipo generoso de relacionamento social, no qual dao

e recebem.

,

_

_

\ «^â*«Mm^«*» dominam *sode
^tTov-o de «a e-g^LgSSSFSZ

V

3 Suas atividades são sobretudo promovidas comojrocacões, não

como empregos. Nas isonomias, as pessoas se ocupam, não labutam. Em outras palavras, sua recompensa básica está na realização__dos objetivos intrínsecos daquilo que fazem, não na renda "eventualmente

aulenda por sua atividade. Dessa ioima, a maximização da utilidade não tem importância para os interesses fundamentais do indivíduo.

STSl M**»*. "«**r.constituem •» «» *"^ Smátíca de assunto, de crescente interesse para,«teenólogose refor-

" T sociais Qui já existe uma tecnologia de instrumentos comi-

4 Seu sistema de tomada de decisões e de fixação de diretrizes

políticas 6 totalmente abrangente. Não há diferenciação entre alide rança ou a gerência e os subordinados. Assim, uma isonomia perderia

~ò seu caráter,sêsêus membros se dicotomizassem entre nós eeles, en-

tendendo-se os últimos como aqueles que tomam decisões ou estabe-

Victor Papanek, e outras.

« Sobre Alinsky, veja Norton (1972). Veja também Koüer (1969). 151

i

I

I

150

í

V

Simon Rodia, oladrflheiro econsertador que construiu em Los Ange les as justamente famosas torres Watts.

73.4 Fenonomia

Este éum sistema social, de caráter esporádico ou mais ou me

nos estável, iniciado e dirigido por umindivíduo, ou poxumpemwio

73.5 O isolado

grupo, eque i*mute aseus immbros omáximo de opçã* i>e*soaU um mínimo dTsubordmaçao aprescrições operacionais formais.Uma fenonomia temas seguintes características prmapais:

Enquanto oindivíduo anômico e os membros do motim não têm normas, oator isolado, tal como representado no paradigma^está

.

excessivamente comprometido com uma norma que para ele é única. Por uma série de razões, oisolado considera omundo social, como um todo inteiramente incontrolável e sem remédio. Mas, a despeito de

1 Coristituta, como um ambiente necessário às pessoas para ali

beração de sua criatividade, sob formas e segundo inaneiras escritadas com plena autonomia. Éparte do esforço * «f^ <^£*°* phaineim significa mostrar), que mobiliza aatmdade criadora de um

sua total oposição interior ao sistema social em conjunto, encontra ele um canto em que, de forma consistente, pode viver de acordo com seu peculiar e rígido sistema de crença. Este não é o caso do indivíduo anômico que falha no desenvolvimento de um sistema pessoal de cren ça, bem como em seu ajustamento ao conjunto de padrões sociais. Us

pequeno grupo, ou de um indivíduo isolado. 2. Seus membros empenham-se apenas em obras automonvadas, o que significa que, de modo geral, se mantêm capados ao extremo e seriamente comprometidos com aconsecução daquilo que, em termos

isolados podem, afinal, ser considerados casos clínicos de paranóia, mas não énecessariamente assim. Na verdade, muitos deles sao empre gados não-participantes e cidadãos que, sistematicamente, escondem

pessoais, coruâderam relevante. Êimportante ressaltar que as tarefas

automotivadas são, com muita freqüência, as que demandam maiores

esforços. Para desempenhá-las com sucesso, os indivíduos precisam de senvolver programas eregras operacionais próprios, jamais permitindo a simesmo agir caprichosamente.

dos outrossuas convicções pessoais.

Tal como foi aqui conceituado, o paradigma paraeconomico se

&—--.

constitui na referência para uma nova abordagem do planejamento de

3 Embora o resultado das atividades empreendidas em fenono mias possa vir aser considerado em termos de mercado, os cnténos

sistemas sociais e da nova ciência das organizações, matérias que serão

examinadas nos dois capítulos seguintes.

econômicos são acidentais, em relação àmotivação de seus membros. As fenonomias são cenários sociais protegidos contra apenetração do

mercado, e esse aspecto não deve ser desprezado, se se deseja com preender anatureza de uma fenononua. Na realidade, as fenonomias

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4 Embora interessado em sua própna smguíandade, o membro da

fenonomia tem consciência social Na verdade, sua opção não signi

fica o abandono da sociedade como umtodo, mas visa tomar outros indivíduos sensíveis quanto a possíveis experiências que são capazes de partilhar ou deapreciar.

Há muitas pessoas normalmente envolvidas em atividades que se

(i

qualificam como fenonomias eeste é, por exemplo, ocaso da rnulher

e do marido habffidosos, que reservam sistematicamente um canto da

2

li

casa para planejar e produzir tapeies, cerâriiica,rnntimB,bemcomoo Y ^ das oficinas dos artistas, escritores, jornalistas, artesãos, inventores e •z. assim por diante, que trabalham nc^conta própria. Um exemplo de tet nonomias particularmente bem-sucedidas éaquele que Wffl eAriel Durant vêm conseguindo realizar, com asérie de ensaios históricos efilo sóficos projetados para toda avida, etambém aaventura artística de

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DESENHO DE SISTEMAS SOCIAIS

Muito daquilo que constitui o paradigma paraeconômico repre

Schon,D.figwidrteJttWfílBte.NewYo± RandomHouse jm

Sktyn, 1975

8. A LEI DOS REQUISITOS ADEQUADOS EO

5*

pós-industrial. Isto não quer dizer que o paradigma paraeconômico

pressupõe uma concepção evolutiva do processo histórico e social Ce-

nános eexplicações atuais da sociedade pÓs-industrial estão ainda pre

sos, em larga medida, a padrões de pensamento baseados em teorias

senalistas do século XK. Em contraposição, oparadigma paiaeconô-

micojiao encara ^sociedade pós-industrial como o desdobramento ne

cessário dejima sociedade' centrada no mercado. Éclaro que não há

Alfred A. Knopf, 1966.

Thoinpson, V.A. Modem organization, ageneral theorv. New York.

garantia alguma de que aextrapolação literal das tendências intrínse

TuUockG. Economic imperialism. In: Bucnanan, J. M. &Tolhnson K.D., publ. Theory ofPublic Choice. Ann Arbor, Michigan, University

como esta categorizada no paradigma paraeconômico. Antes é mais

of Michigan Press, 1972.

cas deste tipo de sociedade vá conduzir à sociedade multicêntrica tal

provável que essa extrapolação contribua para agravar o desconforto que aflige os homens de hoje, salientado neste livro em alguns de seus aspectos. Por conseguinte, a sociedade pós-industrial visualizada no paradigma paraeconômico só poderá. w_a_existir como resultado de

vigorosa oposição por parte aos agentes cujo projetoliMsoal consiste

em resistir às tendências intrínsecas da sociedade centrada nomerca

do. Contudo, oobjetivo do paradigma paraeconômico não éasupres

são do mecanismo de mercado, mas apreservação somente das capaci dades sem precedentes que o mesmo criou, ainda que pelas razões er radas. De&sajorma, pode ele atender às metas de um modelo multidi-

menJpnaUe_exfatêncià humana, huma sociedade multicêntrica "

AwciedadeLjnMcéptrica^ um empreendimento intencional eiHMSUtfmejame^^ um novo tipo dè~es£3o'

com o poder de formular e pôr em prática diretrizes distributivas de apoio nao apenas de objetivos orientados para o mercado, mas tam bém de cenános sociais adequados àatualização pessoal, arelaciona mentos de convivência e aatividades comunitárias dos cidadãos. Uma

sociedade assim requer também iniciativas partidas dos cidadãos que

estarão saindo da sociedade de mercado sob sua própria responsabiJidadee a seu próprio risco.

154

O paradigma paraeconômico pressupõe que planos de vida pós-industrial são imediatamente possíveis, tanto nos países cêntricos 155

í> K l*

mèmòTem relação àsociedade pós-industrial. Para muitos indivíduos,

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vida procurado por muita gente, em muitos lugares. Infelizmente, os

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quanto nos países periféricos. Ê uma abordagem do tipo faça você

a "sociedade pós-industrial não significa um estágio futuro mas, em

grau significativo, uma possibilidade objetiva que têm aseu alcance.

0 modelo delimitativo encerra, hoje, sob forma conceptual, o tipo de

sistemas sociais incompletos, que esses indivíduos estão criando através do processo do ensaio e erro, ainda não se transformaram na

força impulsionadora de um esforço sistemático e disciplinado de construção teórica, no meio acadêmico.

Já está disponível a perícia técnica para o desenho e controle de

sistemas sociais econômicos. É menos do que suficiente a perícia

técnica para o desenho e controle de sistemas sociais em que as ativi dades econômicas sejam, na melhor hipótese, de caráter incidental.

Como resultado disso, o conhecimento organizacional dominante mal

pode proporcionar os ensinamentos necessários à superação da condi ção social do homem contemporâneo. Um dos^objetivos do paradigma paraeconômico èj_ formulação de diretrizes de uma nova ciência orgamzãdónaí, em sintonVcom as realidades operativas deuma sociedade

í<

multicêntrica.

Um tópico fundamental da nova ciência da organização éaquele

(

que chamo de lei dos requisitos adequados. Na realidade, preferiria de

lc

nominá-lo lei da variedade de requisitos. Mas esta expressão tem sido

;(

usada por W. Ross Ashby (1968), para analisar sistemas físicos ebioló gicos. Aquestão da delimitação dos sistemas sociais éestranha àcon cepção que Ashby tem da lei da variedade de requisitos. Essa delimi

tem um alcancejnais amplo, pois sugere, tambémL que embora os re-

quisitosjios sistemas possam, em geral,"sér generalizados, para o plane jador de sistemas constituem, antes, um ponto de ordem prática, isto é^consèqüencáas de concreta, e participante observação, que envolve o planejadoFê seus clientes. Ilustrarei o significado dessa lei por meio de um rápido exame de algumas dimensões principais dos sistemas so ciais, a saber: tecnologia, tamanho, espaço, cognição e tempo. No está gio atual da minha pesquisa, só posso formular afirmações hipotéticas e impressionistas desses tópicos.

1. Tecnologia. Só parececabível, aqui, um brevecomentário sobre es ta dimensão dos sistemassociais,já que a mesma tem sido amplamente

estudada pelos especialistas daorganização convencional. Há vasta lite ratura sobre esse tópico, na qual os planejadores de sistemas sociais de confronto podem encontrar úteis e importantes conhecimentos. Reco nhece-se, de modo geral, que a tecnologia é uma parte essenciall_da es trutura de apoio de qualquer sistema social, e existe no conjunto de normas operacionais e de instrumentos através dos quais se consegue

que as coisas sejam feitas. Assim, não existe sistema social sem uma tecnologia, sejaele, por exemplo, uma igreja, uma prisão, uma família, uma vizinhança, uma escola ou uma fábrica. Quando solicitado, o pla nejador deveria incluir, como aspecto central de sua análise, o exame

G

que aatualização dos indivíduos ébloqueada quando eles são coagidos a se ajustar^ajijma^sociedade^antecipadamente dominada pejojnercado, ou porQualquer outro tipo de enclave social. De modo específico,

O

sociais é qualificaçãoessenciaToé^ualquer sociedade sensível àsneces-

a lei dos requisitos adequados estabelece_que a variedade dejistemas

da tecnologia, para verificar se aquela que é usada pelo sistema social propicia ou dificulta a consecução de suameta. A satisfação desse im perativo envolve complexo trabalho de análise, que o planejador deve empreender em estreita colaboração com seus clientes. Grande parte do sucesso daquilo que no domínio da teoria convencional sobre orga nização é conhecido como sistemas sócio-técnicos, resulta da atenção sistemática que seus representantes têm dado à harmonia entre a tecnologia de um sistema social e os objetivos específicos do sistema.

O o

ádades básicas de atualização de seus membros, e que cada um desses

geral e deveria ser assimilada e ampliada pelos planejadores desistemas

Io (



o c o o

tação advoga uma variedade de cenários diferenciados como imperati

vo vital de sadia vida humana associada, isto é, envolve o conceito de

sistemas sociais determina seusprópriosrequisitos de pjanejamento.

Mary Parker Follet mostrou-se sensível aum aspecto parcial des se tópico, quando chamou aatenção dos administradores para alei da situação. Sua preocupação era libertarji gerência da arbitrariedade e do "mandonismo" (bossism), encarando-ã como um processo_desper: sonalizado de dar e de recebercedem. Na opinião de Folletsobre or-

ü

2 Sobre a noção de planejamento, em sentido amplo, veja Pye (1968-9) e

(

Thompson (1961).

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156

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Essa habüidade está bem desenvolvida e, além disso, tem um alcance sociais de confronto.3 2. Tamanho. Ao contrário, existe relativamente pouca teoria contem

porânea dando sistemática atenção à questão do tamanho. Isto não significa a afirmação de que o tópico tenha sido ignorado. Pelo contrá rio, há uma herança de conhecimentos sobre a influência do tamanho 3 Sobre a dimensão tecnológica dos sistemas sociais e suas" implicações, em ter

1 Sobre o conceito da"possibilidade objetiva", veja Ramos (1970).

>

ganização, autoridade e consentimento são "partes de uma situação abrangente" (Follet, 1973, p. 33), na qual os aciministradores cedem diante de normas induzidas por circunstâncias concretas. Ela focaliza, sobretudo, o processo de dar ordens. A_lei dos requisitos adequados

mos deplanejamento, veja, por exemplo, Woodward (1965), Lawrence ÁLorsch

(1969), Perrow (1965-72), Burns & Stalker (1961), Thompson (1967), Davis A Engelstad (1966), Von Beinum (1968), Miller & Rice (1967), Emery (1969), Davis & Taylor (1972) e Davis & Cherns (1973). 157

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(isto é, o número de pessoas) dos cenários sociais, relativamente à sua

eficácia e ao caráter das relações interpessoais de seus membros, que está a merecer reelaboração e sistematização. No entanto, atéagora, o tamanho dos sistemas sociais dificilmente pode ser considerado um

dos interesses centrais dos organizadores e dos planejadores de siste mas sociais. A resistência da organização ou dos sistemas sociais é mais importante do que aquüo que hoje é correntemente denominado de

escala, em cenários sociais. Haurindo dessas e de outras fontes, arriscar-me-ei a propor três possíveis enunciações. Primeira, a capacidade de um cenário socialparafazer face e pa-

ra_correspander, eficazmente, àsjiecessidádesji_e_seus membros exige limites mínimos ou máximos a seu tamanho.4 Em outras palavras, cada cenário social tem um limite concreto de tamanho, abaixo ou aci

ma do qual perde á capacidade de atingireficazmente.suas metas(por

senvolvimento organizacional, e que, com muita freqüência, considera o tamanho das organizações ou como um dado ou como tópico de so-

exèmpjo7a~e~x"traçao e__oprocessamento derecursos)e deconseguir de seus membros o mínimo de consenso de que necessita para a própria

(

menos importância.

preservação.

(

missa de que quanto maior, melhor, há necessidade desalientar-se, en

minar, tom precisão, antecipadamente, o limite de tamanho de um

metas e na ótima utilização de seus recursos não acarreta, fatalmente,

cenário social; a questão do tamanho constitui sempre um problema concreto, a ser resolvido mediante investigação ad hoc, no próprio

(

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Num ambiente cultural como o nosso, em que se infiltra a pre faticamente, que a eficácia de um cenário social na consecução de suas um aumento de tamanho. O princípio do quanto maior, melhor con

(

duz, com freqüência, a falsas relações interpessoais, à síndrome dalei de Parkinson, à desnecessária redundância e, finalmente, a sistemas so ciais de desperdício, de limitada capacidade de auto-sustentação. Pre

í

de perdurar.

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cisamos aprender a arte do planejamento de cenários sociais capazes 0 tamanho dos cenários sociais tem sido um tema investigado

por reformadores e teoristas políticos. Platão, de maneúa meticulosa,

afirmou que a boa comunidade deveria ter 5.040 cidadãos (chefes de famüia). Aristóteles evitou a precisão aritmética de seu mestre, mas, de forma idêntica, tinha consciência de que deveriam ser impostos li mites ao tamanho do grupo de cidadãos, como uma das condições pa ra uma boa comunidade. Comentários sobre o assunto são igualmente encontrados nas obras de Montesquieu e de Rousseau. Nos documen

tos federalistas (n9 14), James Madison trata da questão do tamanho como um fator potencialmente proibitório da aplicação dos princí pios de representação na União. E, em vasto arcabouço sociológico, o sociólogo alemão Georg Simmel (1950) focaliza os aspectos quantita tivos das relações sociais. É ele figura pioneüa naquüo que se conhece

como dinâmica de grupo.

Um estudioso contemporâneo, Robert Dahl, tem frisado a im

portância do componente tamanho dos sistemas políticos, e em seu

Segunda, nenhuma norma geral pode ser formulada para deter

contexto. Em outras palavras, é possível determinar com exatidão o li

mite de tamanho de um cenário social. Essa tarefa constitui, porém, uma questão que envolve não apenas competência técnica, mas tam

bém educada sensitividade para as mútuas implicações de contexto e forma.

Terceüa^fl intensidadedas relações diretas entreos membros de_ umcenáriç\_sacial. tende a declinar na proporção direta do aumento de

seu tamanho. Corolário deste postulado (Tquê7 "quando a_ intensidade das relações, interpessoais diretas é considerada fundamental para a consecução de um objetivo, sãoapropriados os cenáriòTpequenos, em lugar dos mais amplos.5 Não há uma regra geral para a determinação do tamanho das economias. Por exemplo, as economias de caráter isonômico, isto é, certos tipos de cooperativas e de empresas em que a administração e a propriedade são coletivas, preceituam tamanhos bastante moderados.

No entanto, quando a divisão do trabalho, a impessoalidade e a espe- cialização se fazem indispensáveis para que as economias entrem em bem-sucedida competição no mercado, são elas compelidas a assumir largas proporções. Desse modo, acontece que o grande tamanho, com

muita freqüência, passa a ser um requisito para a viável operação das economias convencionais. Pode haver um sabor romântico na afirma-

o

livro After the revolution? o tema é tratado com realce. Ê mais am

o

plamente investigado ainda em Size and democracy, que Dahl escre veu em colaboração com Edward R. Tufte. De extrema importância são também 77ie Breakdown of nations (1957) e Overdeveloped nations, dois fecundos volumes, em que Leopold Kohr apresenta sua

ótimo. Sobre essa questão, veja AJonso (1971)e Richardson (1973). Sougratoa Hélio Viana, por chamara minhaatenção para essa controvérsia.

teoria do tamanho em termos de desenvolvimento social e econômico.

comunidade de interesses, independentemente das grandes distâncias físicas que as separem. Levando essa circunstância em consideração, Melvin M. Webber pro

o

o o í

c

Conclusões significativas, apresentadas nesses livros, merecem conside ração de qualquer pessoa que se envolva num esforço de pesquisa vi

sando ao desenvolvimento de habüidades para o trato de questões de 158

Estou deliberadaments evitando o uso da controvertida noção de tamanho

5 Sobre o tamanho das organizações, veja Schumacher (1973, p.59-70). Esta afirmação enfoca a intensidade dosrelacionamentos interpessoais diretos. Certa mente que a presente tecnologia de comunicações podeintegrar as pessoas numa põe o conceito de "comunidades não localizadas - nonplace communities" (Webber. 1967).

159

1

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éaTproa^içãíou ocontrole;do ambiente; éèssendahnen^pdíri^ quando~*u mteressè^óminante é o estínuü^aoTpadrões de bem-estar social, em seu conjunto; é essencialmente personj^ticg

cão de que opequeno ébelo. Na realidade, çorim^ande também

remenda; por seus próprios méritos. A^orng tipicamente, So cenários sociais de proporções moderadas, com rigida^ojerànoa

í

(personalogic), quando ointeresse dominante éoJ-^KR wnhecimento pessoal. Um sistema cognitivo deformado éaquele des

pa^a desvios de tamanho além de determinado limite. As^fenono^

í

do omenor tipo concebível de cenário social euma fenonomia pode mesmo se compor de uma só pessoa, como éocaso do atehe do mn, tor ou escultor Parece, contudo, duvidoso, que uma fenonomia tenda a manter sua capacidade de sobrerivênda^ojiando onumero de seus

( ( (

provido de um único interesse central.

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membros excedei cinco. Uma vez que a^ga rel="nofollow">ão constitui um s.s- ftfVMJ

(

tema social, só indiretamente apresenta ela questões de tamanho; nao

obstante o tratamento de pessoas anômicas tem mais sucesso em pe

( (

quenos sistemas sociais, onde lhes possa ser dispensada atenção pes- V , soai Na verdade, otamanho dos sistemas sociais, em geral, influi sobre ^.q^

(

oalcance da anomia, numa determinada sociedade Adimensão tama-^ ^> nho das sociedades de massa, é em si mesma um fator de estimulo à

(

inclinação à anomia, uma vez que, dentro dessa dimensão, as relações interpVssoais tendem a se tomar predominantemente funcionais, em lugar de afetivas. Nas módêmâs sociedades uidustriais, como salientou Êmüe Durkheim, tiposjnôrnjcps de condulajão conseqüências neces- / 4

(

sanas ao procc»u uc-^»»»y *"-" **~

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injustificada da industrialização. Aprática da delimitação dos sistemas

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jamento de tais sistemas ede suas formas mistas, devena ser feito um esforço para proporcionar aos indivíduos condições adequadas a seus

toda parte se tomou uma conseqüência normal da industrialização. 3 Cognição. Trabalho pioneiro sobre as dimensões cognitivas dos sis

específicos e dominantes interesses cognitivos. -— 4 Espacó. Em sua expansão, através dos dois últimos séculos, ojiste-.

(1955 1971) Sustenta ele que há uma variedade de tipos eformas de

aos "sistemas sociais, constituindo-se na força impulsionadora da vida pessoal ecomunitária. Aarquitetura das cidades contemporâneas aten

conhecimento, os quais se posicionam numa seqüência de prioridade que difere consoante a natureza dos sistemas-sociais. Assim as socie-

o

Lesjircaicas^daisl^it^

ser diferencia-

v^

tipos eformas de conhecimento que prevaleçam em cada uma delas.

Embora eu considere as abrangentes tipologias de Gurvitch mui

o o

to úteis para aanálise macrossocial, usarei um processo mais simples e

ad hoc que acredito seja importante para rapidamente caracterizar as

ü

dimensões cognitivas dos ambientes retratados pelo^adjg^jarj:

o

econômico.

V V

dem ser classificados de acordo com seus interesses dominantes. Pa

,

... ......

Habermas restabeleceu a idéia de que ossistemas cognitivos po

ra os propósitos deste^çapitiü^Lbastante salientar que um sistema

X)

glaterra aprática de locais confinados, oque acarretou aexpulsão de grandes massas de gente dos espaços que costumava ocupar. ArevoluSo industrial obrigou populações a se mudarem de amplas residên

cias e chalés para apartamentos epavimentos exíguos, epara ediiícios eguetos entupidos de gente, perto dos centros urbanos. Nesse proces so as pessoas perderam tempo, dinheiro eseu relacionamento direto

com os verdadeiros contextos naturais.7 Em outras palavras, adeteno-

1 Uma vigorosa avaliação da levotaçfc Mustria! na **£**•* SíSHZ

ComSS tipo de importante avaliação da revolução U***""

o o

« Sobre HabermasTos interesses do conhecimento, veja ocapítulo 1desteU

ro é o de Simmel (1978).

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160

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entoe"na.-conseqüências sociais, culturais epsicológicas do largo uso de dinhei

161

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de par excellence, às exigências do mercado. Seria possível recordar que em seus estágios iniciais, osistema de mercado estimulou na In

cognitivo é^éaSiciaTméHte^do^apquando seu interesse dominante vro.

fiS-A

nialleS^^pass011 cada vez mais a ocupar os c?Pac0S reservados

das conforme seus predominantes e especfficc^^emas-coan^oi,.. isto é, segundo a ordem de prioridade crescente ou decrescente de

p

dominante. Esse é, por exemplo, o caso das economias de natureza isonômica e de muitas instituições edjicacjonais_em.quejjnfojTnaçao *e o fomento do bem, na sociedade, se revestem de fundamen-

eficientes de fenonomias ou isonomias. Nessa conformidade, no plane



temas sociais tem sido desenvolvido pelo sociólogo Georges Gurvitch

c

multaneamente num único cenário social, mas osistema cognitivo tun-

cionaTpredomina nas economias, osistema cognitivo político, nas isonõnnasTõsIstêmal^trv^^ e> finalmen te osistema cognitivo deformado ébem característico dos indivíduos e/ôu grupos anômicos. Há, concretamente, sistemas sociais em que mais de um tipo de sistema cognitivo assume, paralelamente, o caráter

^ ÍmApEeta conclusãqa ti^a^sosjnunciados exr*rüwntaisléj

sociais pode muito bem constituü o corretivo para aanomia, que por

i

.

ae que a abrangência aDrangciiow totaí iuuu dorist uu^ivü-^^^r^s^— _ dejnjea, mõ a nossa, envolvendo continuamente os indivíduos em seus padrões cognitivos intrínsecos, pode invalidá-los para a ação como membros

ontudo, nao não se se deverO-J^ ciai do trabalho/Contudo, deve- r\ ~-^--

in uma uma condenação mndenacão rá procurar nas conclulõeTdlDuTIffiémTapSío para

.

Misturados de variadas maneiras, esses sistemas podem exisür si

.

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ração das condições da vida comunitária do povo tem sido urna conseaüência normal da expansão do sistema de mercado. Afamília peque na é um símbolo dessa transformação esignifica que ocontato entre a velha e a nova geração se toma, em grande parte, descontínuo. Graças

dos fato que, em si mesmo, produz nocivos efeitos sobre avida comu

ao encolhimento do espaço, espera-se que avós e netos vrvam separa

nitária Não é de admirar que hoje as pessoas manifestem, muitas ve zes uma certa nostalgia dos velhos tempos. Como assinala de Grazia,

"o'... espaço de que os ingleses dispunham, quando surgiu aindustria,

(está) perdido. Ingleses eamericanos pagam por isso todos os dias. No

^^^^^^^^^

adequada delimitação do sistémaTdq

ecuperação de espaço para,i vida pessoallef

jdo passa a constituir um progresso^d^

no ou da filantropia e, de qualquer forma, do progresso. Arecupera-

entanto, em todo lugar em que um jardim público éinaugurado, ofa to é envergonhadamente saudado como um triunfo de um bom gover

rcadôT

nização, supostamente deveriam compreendê-las em sua plenitude. O

O espaço tem sido cuidadosamente examinado pelos espe Mde organizaçãé sobretudo como uma dimensão do processo de produção e distribuição de bens e de prestação de serviços. Tem, po rém, numerosas impücações, que vão muito além desses propósitos econômicos, as quais muitas vezes escapam à percepção do leigo e mesmo daqueles que, como os arquitetos e os especialistas de orga

espaço afeta e,em certa medida, chega amoldar avida das pessoas.

Não é de admirar que indivíduos de grande sensitividade a

condições que afetaram sua experiência pessoal singular tenham, entre

s^flalçado muitas vezes as casas em que viveram. Por exemplo, jtHt descreve, em sua autobiografia, a casa em que viveu quando criança, atribuindo-lhe uma influência benigna em seu processo de

crescimento. Reconheceu que a casa lhe despertou "um sentimento

temperamento" (Goethe, 1949, p. 4 ) ^ | 0 refere-se auma

de solidão, de que resultou um anseio vago, que correspondia a(seu)

casa em que morou 12 anos, a qual denomina a Casa Camuzzi, como sendo um lugar em que "sentiu a mais profunda solidão e sofreu por isso" (Hesse, 1973, p. 246) e onde pôde dar rédea solta àimaginação

e à criatividade. Asensitividade ao espaço é^orwrto^ina das razões que fizeram dV Livro de San Michele, de* ||Vum fascinante

registro autobiográfico. Quando ele decidiu construir seu retiro ideal, a percepção do plano que o mesmo impunha foi tão forte que o fez ta ele: "Eu disse ao mestre Nicola que a maneira certa de umapessoa

atrever-se a desafiar a orientação do construtor, o mestre Nicola. Con construir sua casa era pôr tudo abaixo, sem importar o número de ve162

zes, e começar de novo, até que oolho da gente nos dissesse que tudo

estava c*rtiMfcíD0*>abia muito mais sobre arquitetura do que os li vros •IPerairifalível, na medida em que apessoa confiasse em seu próprio olho, enão no olho dos outros" (Munthe, 1956, p. 436). Nao

há dúvida de que esse preceito de planejamento espacial funciona elicazmente para indivíduos como Axel Munthe, que são de extrema cla

reza em relação àrespectiva agenda existencial. E difícü imaginar uma expressão mais vivida de sentido espacial

do que aquela que é oferecida por Carl Jung, num capítulo (A Torre)

de suas Lembranças, sonhos e reflexões. Como Axel Munthe em fase adiantada/de sua vida Jung decidiu "pôr em base firme suas fantasias e o conteúdo do subconsciente" (Jung, 1963, p. 223). Materializou

esse desejo num trato de terra comprado em 1922 em BoUinger (Zunque) e fala da casa que construiu nesse lugar, em diversos estágios, co

mo sua "confissão de fé na pedra" (Jung, 1963, p. 223), a represen tante do "lar materno" (Jung, 1963, p. 224). Não se precisa, porém,

ceber que os espaços em que nos édado yiver podem nutnr ou dificul

ser tão hábü e tão ricamente prendado como esses homens, para per

0 espaço pode ser um fator que façilüe ou que iniba adescarga

tar nosso desenvolvimento psíquico, ém nossa singularidade como pessoas' . .... —-

de tensões', assim como um determinado/ de estresse. Estudos sobre o

necessitar de um espaço adequado, a fim de desenvolver, normalmen

comportamento de animais indicam que cada espécie animal parece

dições de franca violação do adequado espaço de que precisa, qualquer

te as atividades inerentes a seu tipo específico de vida. Exposto a con

animal desenvolve padrões pervertidos de comportamento. Uma das mais impressionantes demonstrações desse fato éajjorte em mass/ de

kmm vivendo em jãPs^epletos, fenômeno observado entre ratos

selvagens da Noruega, mesmo havendo fartura de comida. Existem nu merosas porém desarticuladas observações dos efeitos do espaço sobre

a vida humana, embora só recentemente tenham sido empreendidos esforços no sentido de seu estudo sistemático. Tentarei agora indicar algumas taarjjcacjja dn astx no planqamentodosambientessodais.

;ao- fossistenlassociaisem termos de espaço

intuitivamente, requer aquüo o£eFredI^teeledgma^onu>etp

constitui uma arte, tanto quanto uma ciência. Sua prática, formal ou

163

dade desta para usar ou modificar o ambiente que acerca, de modo • Veja, por exemplo, Freedman (1975). Barash (1977), Wilson (1977), Sahlins (1976).

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que o mesmo a ajude a conseguir seus objetivos, sem erradamente des

Ascosanti, uma comuna experimental localizada no Arizona Central e

projetada por Soleri, como um conjunto habitacional em que a nature^. za humana e o ambiente estão adequadamente combinados., Os defei

truir esse ambiente, ou reduzir o próprio senso de eficiência, ou o da

queles que tem emjedor de a" (Steele, 1973, p. 113). Steele concebe a competência ambiental comoumacapacidade obtida através de trei

tos do cenário urbano americano têm sido amplamente focalizados por muitos críticos sociais, entre os quais Paul e Percival Goodman merecem atenção especial. Em sua obra Communitas, vão além da

namento, já que a mesma tem fatores operacionais correlativos que podem ser aprendidossistematicamente.

crítica social, articulando modelos de" planejamento urbano que repre

Em seus livros 77ie Silent language e 77ie Hidden dimension, Edward T. Hall focalizou importantes aspectos do espaço vital huma no, do ponto de vista antropológico. Chama ele a atenção para a dis

sentam a expressão de sadios princípios,

tinção que H.Osmond fez entreespaços sócio-afastadores (sociofugal)

Nos trabalhos de analistas de espaço como Hall (1959, 1966), Sommer (1969, 1972) e Steele (1973), há uma riqueza de sugestões

e sócio-aproximadores (sociopetal) (Hall, 1966, p. 101), isto é, aqueles que mantêm as pessoas separadas e aqueles que facilitam e encorajam a convivalidade. Nenhum desses tipos de espaço é, intrinsecamente, bom ou mau. São necessários por diferentes razões e Hall afirma: "O que é necessário é flexibilidade e coerência entre o plano e a função,

que os planejadores de sistemas sociais paraeconómicos podemconsi derar construtiva. Nesse sentido, é particularmente importante a classi

ficação de aspectos físicos conceituada tanto por Hall quanto por Steele. Os planejadores deveriam aprender a utüizar o aspecto de espa ço determinado, o aspecto de espaço semideterminado e o aspecto de espaço falsamente determinado, isto é, onde e quando um ambiente físico exige aspectos imóveis ou relativamente imóveis (paredes que suportarão cargas, monumentos, edifícios, ruas, pisos), aspectos flexí

de_modo que haja umaj^ariedadejle espaços,e^quea^j>essoaspossam ser ou não envolvidas, conforme o exijama ocasiãoe o estado de espí rito" (Hall, 1966, p. 1034). O que deveria ser evitado é o descuida do agravamento das dimensões sócio-afastadoras do espaço nos siste mas sociais, onde as mesmas devem ser sócio-aproximadoras. ou cen-

veise móveis como cadeiras, quadros, escrivaninhas, tapetes e cortinas,

trípetas. Assinala Hall: '4aa^ lalmente, tudo nas cidades americanas.

e aspectos aparentemente imóveis. No livro de Steele Physiéájf/ffff and organization development há um repositório de instruções práti cas sobre a tarefa de tratamento espacial dos sistemas sociais.

As ... revoltante! UCaülUSS'STrTqTlê pessoas têm sido es pancadas e até mortas, enquanto seus vizinhos ficam olhando, sem mesmo pegarem num telefone, mostram até que ponto progrediu essa tendência para a alienação" (Hall, 1966, p. 163). A predominância dos

Os planejadores de sistemas sociais do tipo de isonomias e feno nomias, e de suas possíveis formas mistas, deveriam compreender que

a adequada consideração do espaço é uma condição essencial para o

espaços sócio-afastadorès nas cidadesamericanas, como, por exemplo, Los Angeles, Nova Iorque, Boston, as qualifica como verdadeiras

6 p

bem-sucedido funcionamento desses sistemas,

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fossas behavioristas, expressão^ que Hall toma emprestada a Johnv

guagem süencio

J^õnETse que num debate sobre oreparo dos danos

Calhoun

cãusadospela guerra ao edifício da Câmara dos Comuns, Churchül ma

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Arquitetos e planejadores vêm há longo tempo assinalando que o espaço pode sei fator de deformação humana. Diz-se, por exemplo,

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que

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nifestou o desejo de que fosse preservado o local tradicional da Câma ra, em que os representantes do povo não podiam deixar de ficar de

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frente uns para os outros, enquanto usavam da palavra, parajiugji

novo traçado desse local não viesse alM

^Wio.

'^ntinMHMVBHBP'' disse ele.^^awBWBHHHP^Hall,

1966, p. 100). Uma senhora observou para o marido: "Se algum dos

"ínowski, 1976, p. 84).' Num estudo emque Henryk Skolimowski ana

.[-/homens que desenharam esta cozinha tivesse trabalhado nela, não a

lisa os projetos urbanos empreendidos por Paolo Soleri no Arizona, declara ele, embora não em referência a Soleri, que "muitos arquitetos

S

fórmula de Frank L. Wright" (Skolimowski, 1976, p. 84). Descreve 9 Esta é, no entanto, uma afirmação exageradamente determinística.O homem e mesmo os animais podem, finalmente, transcender o caráter deformante do es paço. Sobre este assunto, veja, por exemplo, Frank] (1968) e Bettelheim (1958). 164

teria feito assim" (Hall, 1966, p. 98). Portanto, mesmo o sexo dos

projetistas pode, semo saber, influenciar o tratamento espacial dos

estão projetando exatamente esse tipo de casa, sem conhecer a

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rf reinterpretação das funções dagancha, que se tornou agora me nos umTugarpara preparar comidado que um sítio de intensas e ínti165

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mas relações sociais entre as pessoas, independentemente de sexo e

A arte de projetar esses ambientes tem muito a ganhar, se incorporar

idade. Mais ainda, mulheres e homens partilham de seu funcionamen to, cada vez mais,em termos de igualdade. Finalmente, na medida em que um dos objetivos fundamentais

as contribuições que antropólogos e psicólogos de ambiente têm a ofe recer.10 Aparentemente, espaços sócio-aproximadores, de preferência

da delimitação dos sistemas sociais está em conter a influência do sisj tema de mercadcTsbbre o espaço vital humano^os que praticam a deli-

da mesma forma que em cenários projetados para ressocializar indiví

aos sócio-afastadores, deveriam prevalecer nas isonomias e fenonomias,

]ue Qualquer oufrapessoa, precisam ter consciência da

duos anómicos. Em razão da natureza de suas atividades, as economias \ .

são sistemas em que os espaços sócio-afastadores devem prevalecer,

'arece evidente que o sistema de mer cado condiciona, nos cidadãos americanos, a percepção e o uso do es

embora com alcance limitado espaços sócio-aproximadores sejam tam

paço. Por exemplo, como foi observado por Hall, "os americanos são

5. Tempo. Volto-me, agora, à consideração do tempo como uma di

(

atentos para alMU|num s^^g^^^y^). mas formal e informal

e espaço em seções separadas não significa a minha aceitação de uma

(

mente não têm preferencias. Uma vez que nosso espaço é, em grande

parte, definido por pessoal de formação técnica, casas, cidades e arté rias principais são geralmente orientadas de acordo com um dos pon tos indicados pela bússola... Um padrãotécnico que pode ter derivado

de ordenada exposição é que um tema se segue ao outro.eaa^a^ e WÊÊ/fS estão 9BHR?nte WBKÊÊÉ& A orientação temporal dos

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mensão dos sistemas sociais. Devo salientar: o fato de que trato tempo_

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de uma base informal é o do valor da posição em quase todos os as

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pectos de nossas vidas, de tal maneira que mesmo crianças de quatro anos de idade têm plena consciência de suas implicações e estão pron tas a brigar umas com as outras, quanto à questão de quem será a pri meira" (Hall, 1959, p. 158-9). Em seu estudo sobre a afluência ma

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terial e seus efeitos sobre a formação do caráter americano, denomina do People ofplenty, David M. Potter observou que "o espaço domésti

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co proporcionado pela economia da abundância tem sido usado par: salientar a separação, o distanciamento, senão o isolamento, da crian ça americana" (Potter, 1954, p. 197). Nos EUA de hoje, quando a oti mização e a conservação de recursos se tomaram matéria de interesse púbUco e item da agenda governamental, a influência de nossa cultura sobre a percepção individual do espaço e o uso dele deveria ser manti da sob sistemática atenção dos formuladores de políticas e dos plane jadores. Os americanos deveriam aprender a transcender a tendência que o mercado tem, quanto a explorar o uso do espaço, se estão seria

mente empenhados em jHBi

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leterioração ecológica de s

rie-

WBBUtÊÊÊÊÊBÊtSm. na for-

ma demonstrada por Yi-Fu Tuan (1974), em seu livro Topophilia, po dem ser objeto dé investigação científica. Podem ser identificados e

categorizados em cada cultura, assim como apreciados como uma variá vel que influi sobre a eficácia ecológica de planejamentos de espaços vitais.

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oHffKm relação aos sistemas so

dicotomia newtoniana de espaço e tempo. Apenas por um imperativo membros de um sistema social tem correlativos espaciais intrínsecos.

O espaço, nos sistemas sociais, por outro lado, envolve orientações temporais específicas-

oKpT, como uma categoria do .

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tem sido tema da teoria convencional de organização. Contudo, nesse domínio, somente o tempoinerente aossistemas econômicos tem cons

tituído objeto de estudo. Assim, Hjiur e alguns de seus associados fo ram os pioneúos do estudo de tempo emovimento como aspecto da ad ministração científica,mas o tempo que focalizaram representa um ca so limitado, constituindo umaspecto doespectro temporal da experiên cia humana. Nessa tradição, a maior parte dos estudos de tempo ora

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disponível, no campo da teoria organizacional, não transcende a con

cepção taylonana.1' Trata og ^f> apenas como uma^^Bfia, ou

um aspecto da linearidade do comportamento organizacional, impor-

tante como seja essa faceta da experiência humana de tempo, não constitui o impulso fundamental de uma variedade de sistemas sociais, tais como as isonomias, as fenonomias e as diferentes formas pelas

quais se mesclam às economias. Conseqj^temenje^o^paradigma para-, econômico prescreve uma abordagem multidimensional do tempo,^ moçategoria do planejamento dos sistemas sociais^ No domínio dasociologia, Georges Gurvitch (1964) desenvolveu

uma tipologia de dimensões temporais dos sistemas sociais.12 Sustenta ele, por exemplo, que o tempo das organizações formais não éidênti co ao tempo característico dos sistemas sociais em que prevalecem a intimidade euma intensa reciprocidade interpessoal. Adem.ls, estabele-

ciais constitui, certamente, um dos meios de estimular a atmosfera psi

cológica apropriada a seus objetivos específicos. Tópicos como soli dão, privacidade, reserva, intimidade, anonimidade, território pessoal, órbita individual e outros são pontos a levarem conta, na definiçãodo espaço dos sistemas sociais, particularmente isonomias e fenonomias.

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166

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bém funcionalmente necessários em tais cenários.

10 Veja H.M. Proshansky et alii (1970).

" Há umas poucas exceções. Veja Lee (1968) e Waldo (1970). 12 Sobre a abordagem filosófica do tempo, veja Fraser et alii (1972). 167

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ce o conceito de uma variedadejlej

é a massa deaposentados, emnossa sociedade, que não sabe o que fazer

de orientação humana nas As dimensões temporais do sistema social, do ponto de vista paraeco nômico, só podem ser apresentadas tentativamente e. nesse caráter,

consigo mesmo, quando perde a condição de detentora de emprego. "Os americanos são confusos em relação ao trabalho", diz A.K. Bierman, e acrescenta: "a menos que nos seja possível aprender a ir para a cama com a máquina, no Éden, ela será fator de nossa desumanização,

poderia ser proposta uma tipologia constituída das seguintes catego rias: tempo serial, linear ou seqüencial; tempo convivial; tempo de sal to —leaptime —; tempo errante. As economias são cenários em que prevalece o tempo serial e, desse modo, são incapazes de atender às necessidades humanas cuja sa tisfação envolva uma experiência de tempo que não possa ser estabele cida em termos de séries.

iibros de acordo.com sua orj?

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i nessátarefa, dessa forma desenvolve-

icapacidade parasej-ngajãrem em esforços que re-j •ntãção temporal "Os americanos", diz

Hall, "pensam que é natural quantificar ò terhrSjj£ inconcebível dei xar de fazer isso, e o americanoesDeciTica a quantidade de tempo que

é necessária para fazer qualquer coisa" (Hall^^59^^34)^efim^do o monocronisrrJo como a tendência a "faze»- uma coisa de cada ver,f Hall afirma que "a cultura americana é caracteristicamente monocrônica" (Hall, 1959, p. 138), e compara esse traço cultural americano ao policronismo de outras culturas: "Na Siient language, descrevo duas maneiras contrastantes de conside

rar o tempo, a monocrônica e a policrônica. A monocrônica é caracterís tica de pessoasde baixo grau de envolvimento, que compartimentalizam o tempo. .Planejam uma coisa para cada hora. e ficam desorientadas se tiverem que lidar com muitas coisas ao mesmo tempo. As pessoas policrónicas, possivelmente pelo fato de estarem profundamente envolvi das umas com as outras, tendem a manter várias coisas em operação ao mesmo tempo, como os prestidigitadores. Portanto, a pessoa mono

A isonomia é sítio para o exercício da convivência, e seu princi

pal requisito temporal é uma experiência de tempo em que aquilo que o indivíduo ganha emseus relacionamentos comasoutraspessoas não é medido quantitativamente, mas representa uma gratificação profunda

por se ver liberado de pressões que lhe impedem a atualização pessoal.

^-£0 tempo convivial écatártico enele aexperiência individual encoraja-o

""" a interagir com os outros sem fachadas, e vice-versa. Quando um grupo de pessoas partilha esse tipo de experiência temporal, seus membros relaxam, tendem a confiar uns nos outros e a expressar, com autentici dade, seus sentimentos profundos. Aqueles que participam dessa inte

ração social não vêem osoutros, nem os tratam como objetos, mas co mo pessoas. Aceitam-se e estimam-se pelo que são. independentemen te de suas posições empresariais, ou seu status no ambiente competiti vo do mercado. O tempo,em seu sentido serial, é esquecido, quando a

pessoa se envolve naexperiência do tempo convivial. O tempo de salto é um tipo muito pessoal de experiência tempo

ral, cuja qualidade e ritmo refletem a intensidade do anseio do indiví

duo pela criatividade e o auto-esclarecimento. É um momento muito importante na vida de uma pessoa criativa e perscrutadora, isoladamen te ou na companhia de outras pessoas igualmente sintonizadas com o mesmo tipo de indagação. Éo impulso temporal das fenonomias.

O tempo de salto não se enquadra no domínio do Chronos. A mente grega concebia o Chronos como uma dimensão da parte do cos mos restrita e regulada pelo tempo, e além daqual estava o que Anaxi-

teragindo reciprocamente, grande parte da dificuldade que experimen-

mandro denominava o apeiron, isto é, o infinito, o Uimitado, de onde. em última instância, provêm todas as coisas.13 Parece-me que é deste último conceito que emerge o tempo desalto, para tornar-se parte do

VBHHranHQ^I Hs. No entanto, se esses dois tipos estiverem in tam pode ser superada peia adequadaM

1966, p. 162).

WÊ~ (Hall,

Jmniilll^Bli^iiw

Na verdade, a avaliação que se faz no Ocidente da orientação, temporal das pessoas que vivem em sociedades periféricas e primitivas

como uma indicação dé preguiça, ou de falta de motivação para reali zar coisas, não é senão uma expressão de paroquialismo cultural. A participação em cenários sociais que não sejam economias exi ge propensões psicológicas que, muito freqüentemente, muitos indiví

duos deixam de desenvolver. Exemplo extremamente expressivo disso

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168

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que a orientação temporal dominante em relação à maior parte dos americanos seja o fator principal a dificultar-lhes o engajamento em processos isonômicos de aculturação.

crônica muitas vezes acha mais fácü funcionar se lhe_é_possível separar as atividades em termos deespaço,fHqVHIIPVpHmi HBV

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em vez de ser nossa benfeitora" (Bierman, 1973, p. 15). É possível

terreno do Kairos, palavra grega que antes designa um tempo não

quantificável e que é constitutivo das percepções humanas do processo

que conduz aeventos cntiçosjhj peSBgr^fiilWtffrWW

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cem que esse tipo de tempo é um dactum, em certas circunstâncias da experiência humana. Tem alguma semelhança com aquilo que Laing 13 Sobre a noção deapeiron, veja Kahn (1960) e Seligman (1962). 169

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(1967) chama de tempo eterno - eonic time, uma característica de também, uma preocupação central de Jung e Progoff, em suaaborda

profundos acontecimentos subjetivos (Laing, 1967, p. 128). Constitui,

gem da psique humana.

Jung fala de acontecimentos de sua própria vida como ocorren do "fora do tempo" (Jung, 1963. p. 225) e pertencendo ao "reino desprovido de espaço" (Jung, 1963, p. 226) da psique. Sugere ele que o significado de tais acontecimentos é apreendido no contexto de ex

dência de tempo de salto é marcada por altos e baixos do estado de es pírito do indivíduo, e é experimentada numa misturade sofrimento e

alegria. Os baixos podem ser profundamente depressivos, mas repre sentam os passos necessários que os indivíduos precisam dar, a fim de consumarem suas metas autogratificantes. Quando passam os sofri mentos que uma pessoa bem-sucedida teve que suportar numa busca criativa, são eles encarados como experiências gratificantes. Após a pe nosa provação de um bem-sucedido ato de criação, as pessoas geral mente afirmam que seriam capazes de dar os mesmos passos, se se vis

sem novamente na posiçãode ter que escolher. O tempo de salto é um momento importante de esforços criativos autogratificantes. A ocorrência de tempo de salto é freqüente nos informes sobre

periências simbólicas em que, como explica Progoff, prevalecem "ima gens desprovidas de tempo" e "espaço desprovido de espaço" (Progoff,

progressos marcantes conseguidos por pessoas criativas, inclusive in

1973, p. 53, 135). Quando entregue a experiências simbólicas, o indi sentido que devemos entender que toda socialização é uma alienação

víduo ultrapassa os Ümites sociais imediatos da vida cotidiana. Énesse

instituições representativas dosistema de mercado. Chamo um tempo dedireção inconsistente de tempo errante. As

agora articulado, para que se desenvolva e consolide uma perícia ade quada à criação de sistemas sociais de caráter mais alternativo do que aquele visualizado pelas unidades de especialistas, organizadas pelas

sucedidas se não estivessemdisponíveis habüidades especiais para a ge rência de" fenonomias.14 Contudo, um esforço concentrado precisaser

Já existe alguma perícia especializada - expertise - parao pla nejamento de ambientes que parecem ter as características de fenono mias. As equipes de pesquisa e desenvolvimento que trabalham em corporações empresariais e organizações como a Rand Corporation e a Nasa, tipos especiais de forças-tarefas governamentais, não seriam bem-

comuns.

capacita a realizar coisas que estão além do alcance das pessoas

têm-se ocupadas, como se fossem movidas poruma compulsão interior (o que constitui um indicador fundamental do tempo de salto), que os

geral, são pessoas que apreciam e sabem como trabalhar com elas mes mas, sozinhas (coisa que asfenonomias se destinam a proteger); b) pa recem ter uma nítida compreensão daquüo que devem fazer; c) man

res e poetas. Em suas carreiras, um padrão pode ser configurado: a)em

ventores, reformadores, administradores, cientistas, novelistas, pinto

>3 ovK/ '• • !

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pessoas afetadas pelo conceito de tempo errante têm uma experiência imprecisa de sua agenda^existencial, se é que têm alguma espécie de

trar casos concretos de tempo errante, pode-se pensar imediatamente

agenda. ATmcünstSaãpem vez de sua própria vontade em relação a um propósito, modelam diretamente o curso de suas vidas. Para ilus

em pessoas anômicas ou quase-anômicas, tais como os mendigos e os marginais, que de ordinário se localizam em zonas de vagabundagem,

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do mundo interior da psique. A socialização tem aspectoscontraditó rios: sem ela o indivíduo não sobrevive como um membro da espécie,

mas quando inteiramente dominado por ela, o ser humano - homem ou mulher - perde o caráter de pessoa.

Soren Kierkegaard (1962) e Henri Bergson (1966) descreveram, ambos, um tipo de criativa experiência humana que só ocorre quando o indivíduo consegue rompei os limites do social^A experiência envol

ve um salto do fechado para o aberto(r5ergson7l956, p. 77), das nor mas sufocantes que caracterizam uma era peculiar para dentro da eter nidade. Especialmente em KierkeRaard, o salto é equivalente à

pessoa aprende a ajudar-se a si mesma'' (Kierkegaard, l9T7."p. i8). É

autodescoberta individual.

oDvioqu^^rrirazaoaeTW^aT^i^^rraisocial, o conteúdo de saltos

tranho à teoria organizacional, mas sustento que qualquer teoria orga

existenciais só pode ser articulado através de uma linguagem simbóli ca. Pode-se argumentar que o domínio da experiência simbólica é es

nizacional que faça abstração da experiência simbólica deixa de de sempenhar seu papel humanístico. A teoria organizacional verdadeira mente humanística tem que estar criticamente consciente de que os modelossociais do homem são semprecategorias de conveniência. Mas a conveniência não é a única preocupação do conhecimento organiza cional; este deve ter sensibüidade para aquilo que, no ser humano, nã podeser reduzido a termossociais, de modo a impedir a fluidez da psi que humana e sua deformação comosimples espécime de episódica vi da empresarial. Deve ser capaz de ajudar o indivíduo a manter um sadio equüíbrio entre as exigências exteriores de sua condição corpo

os trabalhadores nômades, os vadios, os mascates e, em alguns casos,

rativa e sua vida interior. Dessa forma, o tempo serial precisa ser reco

nhecido por aquüo que é, e não tomado erroneamente por tudo aquilo

14 Veja,por exemplo, Gordon (1973).

171

cidadãos aposentados ou desempregados. No entanto, o viver deacor-

que o tempo significa. São abundantes as fontes teóricas sobre a experiência de tempo

de salto. Nos esforços automotivados de homens e mulheres, a inci170

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do com os caprichos do tempo errante pode ser, temporariamente, ca

paz deamduzirao desenvolvimento pessoal. Supõe-se que muito do

que Ge^fPnfc conta em ^ÊI^fÊÊÊÊÊSUMjáJ^ndon vintém nessas cidades, durante amocidadejhe enjn^^çonweender melhor asi mesmo eàsua vocação|^ ^e fBH^^^K|arece mostrar um tipo sernelbj^^^wnjnçjaiuv|n^Mi^õ'. De

mivivência

ires aelqualquèr relaç

autobiográfico, e certamente que suaex^nêTOaTomTTWcTitor sem

idêntico significado c£fl

W, deB

Ao proporcionar a seus membros essas"õportunidades, as socie toJ



t Hemi^^pa narra

ção de seus dias de busca de identidade, quando era moço evivia em Paris. As agências de turismo e viagens parecem saber como organizar

dades antigas interpretavam-se como réplicas do cosmos, e assim se conformavam a prescrições de caráter sagrado, ou quase-sagrado. Em taissociedades, as pessoas dispunham de muito tempo não relacionado à sua condição detrabalhadoras, noqual se poderiam engajar em obje tivos auto-gratificantes. Em seu calendário, o caráter das horas, dos dias, dos meses e dos anos refletia o interesse_que tinham pelas iriúltiw

pias impUcações da£|

excursões destinadas a revigorar pessoas que procuram um meio de se

o sagrada <jflV Na IdadeMédia.JHR

dias em cada ano eram dias de nãotrabalhar. mdumdoj^Momingos.

üvrar, por algum tempo, da obrigação de se preocupar com aquüo que

farão em seguida. Na verdade, um know-how visando recuperar para a corrente mestra da sociedade os cidadãos sistematicamente atacados da síndrome do tempo errante deveria constituir ponto importante para osplanejadores de sistemas sociais alternativos. Um dos objetivos desta tipologia é pôr a nu o processo de unidi mensionalização de tempo, que vitima a maior parte das pessoas viven

to. Em Roma,

mais^uTnenõTnTTmKmo período, 65 dias eram reservados para osjo gos. Na Roma da segunda metade do segundo século da era cristã, os

jogos ocupavam 135 dias e, mais tarde, no quarto século, 175 dias."

Agora, mal se pode captar o sentimento de festividade e de celebração

que animava aquelas datas calendárias.17 Ao contrário, é fundamental

do na sociedade de mercado. As teorias econômica e organizacional

(

típicas focalizam o tempo numa estreita perspectiva unidimensional.

nas sociedades contemporâneas o fato de que não há dia, no calendá

(

objetivos humanos que não são funcionalmente prescritos pelo sistema

do, que se apoderou das funções das agências sagradas e se transfor

c

rio, livre da penetração das prescrições temporais inerentes ao merca

Consideram apenas o tempo serial, negligenciando sistematicamente os / de mercado. Aceitam o tempo social inerente ao mercado como deter-

mou no árbitro da temporalidade como um todo. Semelhante sincronização deveria ser ao reverso, ajustando o

cisamente essa situação que as dúetrizes paraeconômicas e seus plane

mercado para funcionar em consonância com as exigências dos siste

dos à orientação temporal imanente ao mercado mal podem com preender a extensão eanatureza de sua deformação psíquica. Uma te

convivência e da atualização pessoal dos indivíduos. Essa tarefa tem si

minativo da natureza da temporalidade social em seu conjunto. Épre

o c o

jamentos procuram superar. Os indivíduos excessivamente acomoda

G

rapia destinada a curar essa deformação pode, talvez, ser desenvolvida

rie multifacetada de experiências sociais alternativas. O estudo das im

como um conjunto de procedimentos capazes de ajudá-los ase dedica-

pUcações de política que isso encerra e das tendências afins será feito

rem a experiências não-seriais de tempo

no capítulo seguinte.

G G O O O G

G G

mas sociais que elevam a qualidade da vida comunitária em geral, da

do empreendida, neste país, por muitos cidadãos, engajados numa sé

"*ívc j que BIBLIOGRAFIA

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G

privado o indivíduo da variedade de experiências de tempo que ele sempre encontrou à sua disposição, até osurgimento dessa sociedade.

V

15 Sobreeste assunto,veja Linder (1970).

<

172

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paraeconômico. Até agora, usei esta palavra para definir uma aborda

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gem de análise e planejamento de sistemas sociais em que as econo mias são consideradas apenas como uma parte do conjunto da tessitu ra social. Contudo, a paraeconomia pode ser entendidatambémcomo

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G c O < O G

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lCj&

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teoria, embora já se encontrem disponíveis contribuições fragmentá rias para sua elaboração. Ademais, em palavras e atos, há muitas pes

soas cujas atividades as qualificam como paraeconomistas, isto é, indi víduos que estão tentando implementar cenários que representam al

; to

ternativas dos sistemas centrados no mercado.1

Belknap Press, of the Harvard University Press, 1977. Woodward, J. Industrial organizations: theory and practice. London, Oxford University Press, 1965.

1 Há, por exemplo, uma coloração paraeconômica nos trabalhos e no pensa mento de indivíduos como Kenneth Boulding, Barry Commoner, René Dubos, Gunnar Myrdal, C.B. MacPherson, John Gardner, Ralph Nadcr e Hazel e Carter Henderson. O que é mais característico dessas pessoas é seucompromisso deva lor, sua posição de confronto, relativamente aos tipos de disposições organiza cionais predominantes. Do ponto de vista normativo doparadigma, o consultor

/paraeconômico deveria ser seletivo, ao aceitar incumbências, porque está dispos to a pôr sua perícia a serviço apenas das promoções que visem criar e implemen tar planos de vida pessoal e coletiva sem características de mercado, oude eco

G

nomias existentes em que perceba umainclinação paramudanças que melhor as

O

capacitem aatender a necessidades genuínas, do indivíduo e do público.

G

O paraeconomista, portanto, não deveria serconfundido com o que Tc I chama de Odocrata. Toffler define a adocracia como uma força-tarefa

G G

que ajuda as organizações a atingirem suas metas, sem questionar, sistemaücamente. a natureza delas. A adocracia de Toffler é uma conseqüência de um tipo

± O de JÈ

G

V

(

sua dinâmica intrínseca. Concebe-a ele, especificamente, como um instrumento /)iS>

O

^^^MBtto que considera o aluai e abrangente sistema de mercado

corr^^m^^rPi He, portanto, procura legitimar as mudanças decorrentes de para aumentar a "capacidade deenfrentar - cope-ability" das economias exis tentes (Toffler, 1970, p. 257).

Nesse sentido, não há, na atividade profissional do adocrata^ ou do

consultor comum,intenção delimitativa. Contrariamente a essaorientação, a pa177 176

i) K

I

Em oposição ao enfoque centrado no mercado que ora prevalece

sentido único - one way -, características daquüoque Kenneth Boul-

paraeconòmicõ^ãdvbga üma sociedade suficientemente diversificada para permitir que seus membros cuidem de tópicos substantivos de vi

Pòf exemplo, existem sistemas sociais, sobretudo aqueles que utilizam

ding e seus associados chamam de economia de subvenções (grants).2

em relação à análise ejüanejamento de sistemas sociais, o paradigma

um mecanismo alocativo de troca para distribuição de bens e serviços

típicos ao público, cuja eficácia é avaliada através da contabüidade convencional de preço/lucro. Mas a qualidade e o desenvolvimento de

da, na conformidade de seus respectivos critérios intrínsecos, e no

contexto dos cenários específicos a que esses tópicos pertencem. Do

uma sociedade não resultam apenas das atividades desses sistemas cen

ponto de vista da política paracconômica. não apenas as economias que já constituem o enclave do mercado, mas também as isonomias c

trados no mercado.Qualidade e desenvolvimento resultam também de

fenonomias e suas diversas formas mistas, devem ser consideradas

vos que não representam troca. A avaliação da eficácia desses proces

uma variedade de produtosLdisirjJiuJüos a^ra^_dejjrocessos alpcafF

agências, através das quais se deve efetivar a alocação de mão-de-obra

sos alternativos e de seus ambientes sociais envolve mais do que uma contabilidade direta de fatores de produção. Sua contribuição para a viabüidade do conjunto social não pode ser determinada numa estru

e de recursos. É neste último sentido que a delimitação dos sistemas

sociais é aphcável tanto no nível da sociedade, quanto a nível macror-

ganizacional. Em outras-palavras, da mesma forma que as ecoriorru^

tura convencional de custo/benefício. Esses sistemas, normalmente,

as isonomia^e fenononüas^devem também ser consideradas agências legítimas, necessárias a viabüidade da sociedade em seu conjunto.

não podem funcionar, a menos que sejam financiados por subvenções. A complexa questão de saber quais as atividades que. numa sociedade, deveriam ser financiadas por subvenções, ou organizadas segundo um critério de troca, e o tipo de apoio político de que um Estado necessi ta para atender às funções desse último tipo delimitativo. estão além do objetivo desta análise.3

Há duas maneiras básicas para implementação de diretrizes e de cisões alocativas na sociedade: transferências nos dois sentidos -

two-way -, características da economia de troca, e transferências em raeconomic c concebida como uma categoria depensamento confrontativo c de-

Beyond the siable State, Schon (az a suposição de que. atualmente, o governo

limitativo. Assim, o consultor paraeconômico está decidido a trabalhar apenas

dos EUA não dispõe de capacidades institucionais para atender às necessidades de nossa complexa sociedade. Uma das razões principais dessa deficiência insti

para as mudanças que tenham significado, do ponto de vista de seu paradigma rssoal sobre a boa ordem dos negócios humanos e sociais.

/£** c o c o

o o o o

o o o o

o i)

No momento, há poucas pessoas quepoderiam serclassificadas como ati

vistas paracconômicas. Contudo, uma posição paracconômica tem. cada vez mais. passado a constituir dimensão saliente de consultores de primeira classe, neste país. Por exemplo. A. K. Bicrman aproxima-se muito daquilo que pode ser

encarado como um agente de uansformações paracconômicas. Tem ele partici

pado de alguns programas de vizinhança, cm São Francisco, de acordo com o que merece ser definido como uma csUatcgia paracconômica. Acima de tudo, a ação de Bicrman reflete suas opiniões sobre aquilo que uma cidade devena ser,

comoestá enunciado cm seulivro 77/e Philosophy ofurban exisience. Da mesma

forma que Milton Kotlcr cm suas propostas de govcmo de vizinhança. Bicrman percebe também que as políticas seguidas pelas autoridades locais para desenvol ver asartes reforçam, de modo geral, o imperialismo do centro da cidade cm re lação à comunidade como um todo. Salienta ele que "a mentalidade de museu

•i3

tucional é o sistema centralizado de formulação de política, à base do qual o go verno trata as agências administrativas, a nível estadual e local, como se fosse preceptor delas. As inovações, nesses níveis, são sufocadas por esse modelo supcrccntraüzado de formulação de política. Schon reconhece a necessidade de superar o "conservadorismo dinâmico" dos centros de formulação política do govcmo c considera que c necessário deixar mais espaço para iniciativae imple

mentação descentralizada de políticas públicas e, para transformar o govcmo atual num sistema público de aprendizagem, sugere ele o "planejamento, o denvolvimcnto e a administração de redes" (Schon, 1971, p. 190), que habilitaão o govcmo central "a funcionar como facüitador da aprendizagem social, e não como treinador da sociedade" (Schon, 1971, p. 178). A administração das redes, tal como ele a concebe, é obviamente uma abordagem de oposição ao mo delo de sistemas sociais e, ao que se supõe, a Organização de Inovação Social e

de centro artístico, que parece hipnotizar Nova Iorque, Los Angeles c Washing ton", na realidade ajuda "a preservar o valor imobiliário do centro dacidade" c

Tecnológica (Organization for Social and Tcchnological Innovation - OSTI), presidida por Schon cm Cambridge, Massachusetts, é, ate certoponto,exemplo de agencia paraeconômica. Além disso, cm outros livrosSchon desenvolveu tam bém uma metodologia para inovação em geral c em termos tecnológicos. Esses podem ser importantes elementos subsidiários para a criaçãoc a implementação

TnãTãjudou a estabelecer, resistiu a esse tipo de política centralizadora. Adueçãodo programa conseguiu persuadir as fundações locais, o prefeito e os super visores a contribuir para a organização defundos que chegaram a vários milhões de dólares. O sucesso desse programa levou Bicrman à convicção deque a idéia de programas artísticos de vizinhança é bastante forte, em São Francisco, para

de modelos "convivais" c assemelhados, similares aos que são propostos por Ivan

a "promover a encantação dos suburbanos, fazendo-os voltar à condição de ur banos, nem que seja numas poucas noites do ano. por ofera de uma folia de ingressos" (Bicrman, 1973, p. 183). Oprograma artístico de vizinhança, que Bier-

servir comoalternativa exeqüível parao modelo tradicional de arte centralizada.

Os pressupostos sistemáticos aqui associados com a categoria paraeconô-

micapodem, também, estar permeando os esforços de Donald Schon. No Iívto

IUich, E.F. Schumachcr c Victor Papanek, defendidos comoopositores necessá rios à completa abrangência do presente sistema industrial de mercado.

2 Veja, sobre isto, K.E. Boulding (1973), K.E. Boulding & M. Pfaff (1972) e K.E. Boulding,M. Pfaff& A. PfafT (1973).

3 Expandindo o arcabouço teórico apresentado neste livro, George K. Najjar focalizou o processo de elaboração orçamentária como instrumento de desen volvimento econômico (Najjar, 1978). 179

178

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Os modelos alocativos que predominam são baseados numa con

cepção muito estreita de lecmiotede produção. Nesses modelos, re

cursos ejirqdução são entendidos apenas como insumos e produtos de

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atividades de natureza econômica. Em outras palavras, é o mercado que, em última análise, determina õ~qlie deve ser considerado como

(

berenLum salário, se ocupam de atividades como coziima^Jimpar.

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(

te como fatores contributivos da riqueza nacional aquüo que resulta da iniciativa de membros de uma unidade doméstica que, sem perce-

rar a^casa, tratarmos doentes, promover consertos e instalações, educar

que, sem ser pago põrisso, participa das reuniões da igreja local, de

verdade, como sugerido anteriormente, flHM HBBHflB

cojrturar^cultivaTverd^uaí, preparar conservas) cuidar de jardkw, deco

(

conjuntos artísticos e educacionais de vizinhança e de esforços de au xilio próprio de todo tipo, não é considerado como recurso. Nos paí

í

( C (

c c c

ses periféricos, uma grande parte da população que trabalha como camponesa do ponto de vista convencional não é considerada como

produtiva, na medida em que o produto de suas atividadesjião é co mercializado. Não obstante, osmembros da família, o'cidadão partici pante e õs""camponeses que provêem o próprio sustento produzem,

efetivamente. Tem sido estimado, por exemplo, que o valor do traba lho doméstico, nos EUA, representa cerca de um terço do produto na cional bruto e a metade da renda disponível do consumidor (Burns, 1975, p. 14). No entanto, pelo fato de não ser o produto do trabalho doméstico diretamente transferível para o mercado, é ele ignorado

pelo sistema oficial de estatística. Semelhante sistema pressupõe que a produção é equivalente à venda, e que o consumo seequipara à com pra. ~~

o G O O O

O o Q (J

duo produtivo não é, necessariamente, um detentor üe emprego.-"A

identificação de um com o outro constitui uma das principais üusões

e um dos pontos cegos mais importantes dos modelos alocativos

predominantes. Outra ilusão e outro ponto cego é apressuposição de

que o montante e aqualidade do consumo do cidadão estão expressos naquilo que ele compra. Na realidade, o mercado não considera, em

larga medida, aquilo de que as pessoas necessitam e apenas "sabe o

O

que é que as pessoas são levadas a comprar" (de Grazia. 1! Ernoutras palavras, ~~

(

^•Cde Grazia, 196"47p. 215). Presas entre essas ilusões eentre esses

í

Há hoje em dia uma difundida preocupação com o problema dos recursos finitos. Na realidade, é fato que numerosos recursos físicos

de crucial importância, de que o sistema de mercado necessita para que possa continuar operando, são de caráter não-renovável e podem exaurir-se a longo prazo. Mas a compreensão predominante desse pro blema é deformada. Tem sido interpretada, por exemplo, como con-

^êTcríanças e exercer a stipervisãojlelas. Da mesma forma, o cidadão

(

uma sociedade multicêntrica.

recursos e como produção. Assim sendo, não se considerafolrnalmêiP"

,( (

pontos cegos, as políticas alocativas do governo têm sido incapazes de

ultrapassar o círculo vicioso do sistema de mercado, para tirar vanta gem das possibüidades existentes de construção de uma variedade de ambientes produtivos, que não dispõem de dinheiro, como parte de

ducente a limites ao crescimento. Isso é uma qualificação errônea. Na

Qbs

inclui mais do que aquüo que o mercado se inclina a definir como re

curso. Inclui £mp)es^aJ4Pcas ejajg^Ds. para as quais a episte moíogia mecanística inerente à lei clássica da oferta e da procura não tem sensibilidade. No mesmo sentido, o argumento em favor das estra tégias de crescimento zero é, em grande parte, uma admissão da bancarrota da pre, stema de mercado. Entendo, contudo, que do4Bi Ki não representam, necessariamente su

o. i*.^HiMMPwmM§re nanecem ociosas, graça

falta de adeq organização ^^pBRio ponto de vista paraeconômico, os recursos são infinitos e não há limites ao crescimento. Ironicamente, a tese dos limites ao cres

cimento pode muito bem representar a oportunidade para revelação de um vasto horizonte de possibüidades para uma explosão de cresci mento, tanto em termos de produção quanto de consumo. Para toma rem reais essas possibüidades, os indivíduos, as instituições e os gover nos precisam livrar-se dos antolhos conceptuais inerentes aos modelos alocativos centrados no mercado. De um modo geral, os principais pressupostos desses modelos podem ser articulados como se segue:

1. Os critérios para avaliação do desenvolvimento de uma nação são essencialmente os mesmos que dizem respeito às atividades que cons tituem a dinâmica do mercado. Nessa conformidade, o volume do

PNB, emsu^conmtuação convencional, a

^|

Bas. a percentagem da;

"'lürilí""tia-*—*»° tudo isso é tomado como indicadores importantes do desenvolvimento.

2. Há uma presunção de que a natureza humana se deline como o conjunto de qualificações e de disposições que caracterizam o indi víduo como um detentor de emprego e como um comprador insaciá vel. Assim, o processode socialização, em especial, precisaser engrena do para desenvolver o potencial dos cidadãos para serem bem-sucedi-

180 181

i

CL.

I

3. A eficácia da organizaçáU l! llüü lHS.lllU!ÇUeü"em geral é mensu rada do ponto de vista de sua contribuição direta ou indireta para a maximização das atividades do mercado, o que levaa tipos unidimensionais de teoria e prática organizacionais, e a modelos de ciência po

lítica de que são exemplos a teoria convencional da escolha pública e a atual teoria econômica.

O descontentamento com tais modelos tem sido manifestado em

muitos pontos do mundo acadêmico, valendo a pena salientar que ciência política e análise política, como são convencionalmente enten didas estas expressões, consistem, sobretudo, numa tentativa de enfo que do processo de formulação política, de sua implementação e ava liação, do ponto de vistada racionalidade instrumental inerenteao cál culo econômico clássico. Não é de admirar que autores que adotam

esses modelos políticos se esforcem para acentuar o caráter científico da teoria política, tomando emprestados conceitos pertinentes aos

campos da pesquisa operacional, da análise de sistemas, da análise de

vernamentais, necessárias para estímulo deenclaves isonômicos e feno-

nômicos e para proteção desses enclaves contra apenetração do siste ma de mercado. Uma leitura cuidadosa do livro desses autores indica

que os mesmos demonstram uma alta sensitividade atópicos substan

tivos da alocação de recursos. No entanto, sendo o caráter econômico

a- preocupação global de seu Üvro, deixa de ser claramente definido

sem chegado perto da articulação de muito daquüo que constitui o

lado por diversos especialistas.5 No entanto, esse esforço críticoainda

paradigma paraeconômico.

ü fBHWPWpBBBHBBB acrescenta duas qualificações essen-

c o o (1

co multicéntrico. Em particular, jflMp eggtÊÊfÊtpõdêúam ser

encaradas como modelos alocativosdecategorização de funções go

tantiva e funcional e suasimpücações políticas, e é provável que tives

(

o

processo alocativo, e servir como instrumentos de um sistemajjplíri*-

o aspecto paraeconômico dos modelos apresentados. Tivessem os au

vencional.. Acho que o paradigma paraeconômico é, pelo menos, um amplo e incipiente arcabouço teórico dessa alternativa.

o

d) barganha (controle entre líderes). Minha argumentação é a de que, desembaraçados de sua abrangente intencionalidade econômica, esses modelos poderiam muito bem proporcionar os alicerces teóricos do

custo/benefício, da tecnologia de computação, e presumindo que

(

c

Apresentam eles, sob forma conceptual, quatro modelos de escolha e alocação: a) o sistema de preço (controle de líderes e porlíderes); b) hierarquia (controle por líderes); c) poliarquia (controle de líderes);

abordagens e métodos quantitativos são realmente os melhores, senão os únicos, instrumentos para aperfeiçoar o estudo da formulação polí tica.4 O caráter limitado de tal orientação tem sido muito bem assina não resultou numa alternativa para o modelo de ciência política con

O

Para propósitos Uustrativos, seráconveniente uma reavaliação do trabalho de Robert Dahl e Charles Lindblom, cujoelegante e significa tivo livro Politics, economics andwelfare, pubhcado em 1953, contém mais do que aquüo que os próprios autoresse propuserama explorar.

ciais ao exame do tema ciência política/análise política.^|

B

admite que os métodos quantitativos têm a mais alta probabüidade de" ser úteis no estudo de políticas ecologicamente sadias e/ou satisfató rias de maximização de lucro; contudo, esse aspecto é visto como uma área restrita de interesse, no domínio da ciência política. HH afirma que há políticas normativas e substantivas de alocação que são indispensáveis, se desejamos elevar o st-:tus qualitativo do sistema so cial em dimensão macro. Em outras palavras, a utUizaçãode modelos convencionais de política tem que ser compatível com a lei da adequa ção de requisitos. Precisamos reconhecer que esses modelos assumem uma conotação ideológica, quando vão além do contexto específico do enclave do mercado e pretendem agrupar sob seus critériostodo o

(

processo social da alocação de recursos.

o

4 Sobre isto, veja Tribe(1972).

tores desenvolvido uma distinção sistemática entre racionalidade subs

Por exemplo, Dahl e Lindblom usam as expressões 41

• ' e 'afBÉÍHflrte" como cambiáveis, isto é, como ações "que vi

sam maxjai aMttttfBMttta", na medida em que "a satisfa

ção daiT^H^^^^^Wameta" (Dahl eLindblom, 1963, P^^

Ao mesmo tempo, desejariam que oleitor compreenda que há 'MB* da meta" e "sgffjSHM da meta", tais como lazer e convivência, que

não podem ser avaliados segundo "símbolos quantitativos como •efi

cientes' " (Dahl e Lindblom, 1963, p. 40). Reconhecem eles, indireta mente, a realidade dos enclaves isonômicos e fenonômicos, quando

frisam'que "é nos grupos pequenos que a maior parte das pessoas se apoia para conseguir amor, afeição, amizade, 'o senso de beleza' e respeito" e assinalam que os mesmos "suportam a carga principal da doutrinação e da formação de hábito em identificações e normas, transmitindo os hábitos e atitudes apropriados à poliarquia" (Dahl e Lindblom, 1963, p. 520). Mais especificamente, afirmam:

1

"Na medida em que é de qualquer modo possível, grande parte da

'boa vida* éencontrada, parajjnaoria_das pessoas, nospequencsgu^

s Veja Churchman (1971);Tribe (1971, 1973,1976); Dolbeare (1975);Kramer (1975).

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<^

182

183

í

mente são possíveis exceto em pequenos grupos. Se, de alguma forma, fosse possível destruir os grandes grupos e deixar tais coisas de pé, a perda da grandeza seria bem suportável (grifo nosso). Mas se se manti vessem as grandes dimensões dos grupos e se destruíssem esses valo

res, o empobrecimento e a esterilidade da vida seriam incalculáveis"

(Dahl e Lindblom, 1963, p. 520). A abordagem de Dahl e Lindblom da alocação de recursos é em

grande parte correta na medida em que se mantém dentro dos justos limites do enclave econômico. No entanto, como se apresenta, seu

enunciado de escolha e alocação de recursos tem um caráter confina

do, porque nele as isonomias e as fenonomias, sob a designação de pequenos grupos, apenas incidente e não sistematicamente são reco nhecidas como categorias para a ordenação do processo deformulação de política.6 Contrariamente aos modelos centrados no mercado, o paradig

II

ma paraeconômico fornece um arcabouço sistemático para desenvolvi mento de um impulso multidimensional e deümitativo, em relação ao

processo de formulação de política. Esse paradigma, dando ênfase às alocações de recurso e de mão-de-obra nos sistemas sociais, em dimen sões micro e macro, parte do pressuposto de que:

iflPK) mercado deve ser politicamente regulado e delimitado, como m\

um enclave entre outros enclaves que constituem o conjunto da tessitura social. Em outras palavras, o mercado tem critérios próprios,

que não são os mesmos dos outros enclaves, nem da sociedade como um todo. Ainda, a quaüdade da vida social de uma nação resulta das atividades produtivas que elevam o sentido de comunidade de seus ci dadãos. Nessa conformidade, tais atividades não devem, necessaria 1 •

li;

í

mente, ser avaliadas do ponto de vista inerente ao mercado. Sendo as sim, a delimitação dos sistemas sociais conduz a estratégias de aloca ção de recursos e de mão-de-obra, a nível nacional, que refletem uma integração funcional de transferências de sentido único ou nos dois sentidos. É preciso quevenha a ser desenvolvida uma perícia especiali zada —expertise —destinada à formulação de políticas públicas, ao planejamento econômico e à elaboração orçamentária, que seja adeÍuada à delimitação dos sistemassociais.

\ A natureza do homem atualiza-se através de várias atividades,

ítre as quais estão aquelas requeridas pela suacondição incidental de detentor de emprego. A atualização humana é inversamente propor cional ao consumo individual de produtos e artigos do mercado e, 6 Em seu notável livro Politics and markets, Lindblom assinala várias conse

qüências sociais e políticas deformadoras, dossistemas demercado contemporâ neos, mas até 1953 ele nunca tratou sistematicamente das questões implícitas na delimitação (Lindblom, 1977).

mais particularmente, ao tempo exigido por esse tipo de consumo. Tal concepção significa que um indivíduo completamente socializado é, necessariamente, menos do que aquüo que uma pessoa deveria ser e

M

pode ser. Significa, também, que osistema educacional deveria, sobre

tudo, estar interessado no crescimento dosindivíduos como pessoas e, só secundariamente, como detentores de emprego. Além disso, na me

dida em que o consumo Uimitado de produtos do mercado é poluidor

econdu^pjs|ot|mentodo^ecursos naturais, em última análise de ve seifll

wF

Bi O desenvolvimento de adequadas organizações e instituições, em geral, éavaliado do ponto de vista de sua contribuição direta ou in direta para o fortalecimento do senso de comunidade do indivíduo. Isso conduz ao tipo multidimensional de teoria política e organizacio nal (e de sua prática) conceptual e operacionalmente qualificada para o encorajamento, tanto das atividades produtivas dos cidadãos quanto de seu senso de significativa atualização pessoal esocial. É evidente que existe, hoje em dia, no meio acadêmico, um ge neralizado mal-estar em relação às abordagens convencionais do desen

volvimento,7 que são desorientadoras precisamente porque permitem

que o mercado seja a referência principal do processo de alocação de

recursos. Assim, por exemplo, elas pressupõem que um aumento no volume das atividades de troca e a expansão especial do mercado se

equiparam ao desenvolvimento. Esse ponto de vista preconcebido fica

particularmente claro na forma padronizada de avaliação do fenômeno da economia dual, nos países periféricos. Éassim que se diz que um

país onde existe uma economia dual, ou populações vivendo em áreas

não incluídas no mercado, é, por definição, subdesenvolvido, ou mes

mo atrasado. Oconselho que os formuladores de política desses países recebem, geralmente, dos espedalistas ocidentais, éo de que, uma vez

que aeconomia dual constitui um obstáculo ao desenvolvimento, de

veriam empreender esforços no sentido de incorporar apopulação in teira do país ao sistema de mercado. Oresultado geral dessa orienta ção política, não apenas nos países periféricos, mas também nas na-

ções cêntnças^iigiyon^^

são aMÜÍD2SÃO,urbana oua exagerada concentração^deporjulaçao . 'des oaumeotô da taxa de anomia, o agravamento da;; formadora^ gônoracõr -iorista' cc4H.'iodas aS^uaã-deiQfmadoras,conoraçof' psicológicas, WiliicTo d

M :é cuItü73Efl?cidac ^«;Cfln»ciraya'ri i

&a y Os s>.

! Mais ainda, o sentido

%

conômico e quantitativo de semelhante orientação política leva os

i Veja, por exemplo, Mishan (1977); Ul Haq (1976); Seers (1977); Frank

(1972); Holsti (1975); Streeten (1977); Morison (1974).

185

;;

184

1

Li -r~

que a subscrevem a legitimar a primazia do aumento do PNB sobre a justiça social e a distribuição da renda. A interpretação convencional do fenômeno da economia dual é

de extrema estreiteza, sendo o fenòrneno entendido, geralj ;xisténcia, nunjajafiãtt»_dej_

e de HflC

BBBP^SPH BrNo entanto, esse tipo de dicoto-

mia constitui uma forma particular de dualidade econômica, que é um

traço normal de todas asnações contemporâneas. Najealidade. em to das elas, incluindo os EUA, há M

' •K"- -^^BB8BBBBaçJctt

ÍJJj

W^c

Hró e os,

l^Além disso, nem sempre são eles relacionados de maneira

antagônica, e pensar assim eqüivale a incidú numa compreensão muito míope do fenômeno. Podem-se considerar, por exemplo, osEUA. Do ponto de vista paraeconômico, os formuladores da políticaeconômica do governodeste país deixam,em grande parte, de atualizar completa mente o potencial de sua estrutura de produção graças à sua subjugação pela mentalidade de mercado. Embora negligenciados pelos for muladores de política, os sistemas de produção orientados para a mutualidade constituem parte importante da estrutura econômica ameri-

na. No presente, o setor mutuário está vivo e em expansão, através de numerosas iniciativas particulares que rapidamente se multiplicam.8 Concentram elas grande parte da energia criadora de que este país ne cessita para superar a fase de rendimentos decrescentes em que ora se encontra a própria economia de mercado, em razão das pressões ecoló gicas que sobre ela pesam. Os formuladores da política do governo não parecem perceber, na medida suficiente, que a sociedade americana está gerando construtivos esquemas de alocação de recursos que, se

apoiados por adequadas e sistemáticas políticas, significariam antído

tos para os vícios da economia, em seu estado atual de d^^f^. Tal como o médico que trata um paciente com um remédio qüe lhe agrava a moléstia, tentam eles corrigir as distorções da vida social causadas

pelo sistema de mercado, como, por exemplo, as m

JBJF

mando que de lua quase 50% da producãcsna América, sejam finan

ciados p°rB ^s- em lugar de^lpfeoulding, 1973, p. 1-2).

Ninguém se^ev^mpressionar com aaparente imprecisão da estimati

va. As subvenções assumem múltiplas formas, algumas delas bem difí ceis de definú e, assim, seu exato valor estatístico nunca será suscetí

vel de apuração. Por exemplo, há subvenções de natureza muito visível, como aquelas que são fornecidas por fundações particulares e públicas

e por muitos tipos de doadores. São elas as menos difíceis de registrar e é possível que representem o limite inferior da estimativa de Boul ding. Olimite mais alto dessa estimativa refere-se, plausivelmente, a uma variedade de subvenções implícitas, isto é, de "redistribuições de

renda e riqueza, que oconem como resultado de mudanças estruturais ou de manipulações de preços e salários, autorizações, proibições, oportunidade ou acesso" (Boulding, 1973, p. 49), assim como auma série multifacetada de auxílios que ativam os sistemas de produção de

orientação mutuária, que podem incluú isonomias, fenonomias e suas formas mistas.

^^^^^m»

Existe, nos EUA, uma forma de MHPP< quc e constituí

da pelo setor de subvenções e pelo setor de troca. Essa dualidade nao representa uma anormalidade, e um setor não deveria ser classificado segundo os imperativos de meta do outro. Ambos os setores deveriam ser visualizados em sua distinta e específica natureza e como executo

res de funções complementares e socialmente integrativas. Contudo,

as subvenções são, em grande parte, mal administradas pelos que as concedem, sejam de natureza pública ou particular, prisioneiros da

mentalidade de mercado, e são utÜizadas adequadamente sobretudo através de técnicas de ensaio e erro, desenvolvidas por cidadãos inte

ressados. Por exemplo, por motivos de ordem estrutural, o setor de troca da economia americana está-se tomando incapaz de gerar opor

tunidades convencionais de emprego em número suficiente para absor ver a força de trabalho disponível.9 Éem grande parte como uma rea

ção a essa tendência que se deveria interpretar acircunstância de que,

e a inflação em grande parte resultante de

i no decorrer do ano fiscal 1977/8, 10% do aumento de empregos fica

Ecológicas, com os corretivos tradicionais do mercado.

ram em mãos de cidadãos que trabalhavam por conta própria, em em

Não tomam conhecimento das energias autocurativas da sociedade, ar

presas de pequeno porte, e que 50 milhões de americanos sao, agora,

mazenadas no setor de produção de orientação mutuária.

membros de empresas de natureza cooperativa.10 Acho que aincapa

O caráter obstrutivo do sistema a que se filia a política oficial americana reflete-se, também, em seu desprezo por aquüo que Kenneth Boulding chama de tllllllHHPIHMQjM'. Como salienta ele, as

apopulação de indivíduos em idade ativa éinterpretada de modo in

subvenções constituem agora uma parte substancial dos fundosdispo-. níveis para o financiamento das atividades produtivas do país, esti8 Sobre a variedade dessas iniciativas,veja Henderson, Carter (1977/8); Henderson, Hazel (1978); Stravianos (1976) e o número especial do Journalof Applied BehavioralScience, 9(1973); Berger & Neuhaus (1977). 186

cidade do sistema de mercado predominante de absorver totalmente

i

correto, pelos formuladores convencionais de políticas, públicos epri

vados, como uma vicissitude temporária da economia. Uma conse

qüência é que as pessoas forçadas ase juntarem àmassa dos beneficiá

rios da previdência eda assistência social são degradadas socialmente,

» Veja Yankelovich (1978).

«o Veja Henderson, H. (1978, p. 390, e 1978b). 187

i

uma ástematizaçâo dos padrões de pensamento inerentes ao sistema de mercado, a economia convencional admite que os critérios para

em razão de suacondição de desempregadas, ^^f^S^Í^'

avaliação do bem-estar social sejam os mesmos para todos os países e,

.SKw-Mconduzindo àplenaocupação da força de üabamo escapam àatenção dos formuladores convenaonais de política, precisai por causa de sua subjugaçâo pela mentaUdade de merca-

nessa conformidade, vemos as autoridades governamentais de uma na

ção periférica formulando e implementando políticas alocativas que

são expressões da síndrome da privação relativa e do efeito de demonstração. Opadrão mental dessas autoridades edo setor interme diário dessas nações periféricas são, assim, fator significativo de um sis

do. Um ato de imaginação poderia permitir que an»»*^;

de ociosa, representada pelas pessoas sem empregos formais, fosse mo bilizada para acorrente principal do sistema de Pnduçtoumcno. através dTalocação desses fundos de assistência eprevidência social,

tema alocativo deformado.

É nesse sentido que a economia convencional é o componente

ideológico da revolução industrial clássica. Na melhor hipótese, vale a

não como um simples auxílio benevolente, mas como subvenções paia financiamento das atividades e da criatividade dos cidadãos, em em

mesma como uminstrumento conceptual para explicar processos ca racterísticos da sociedade centrada nomercado. Não proporciona, po

aí'

preendimentos de orientação mutuária ecomumtána, socialmente re

V Um dos objetivos das políticas paraeconômicas éuma equilibra-,-, \r da alocação de recursos. Por exemplo, do ponto de*st^™^\ co awStência de economia dual num país pode, afinal, ser antes uma vantagem, em lugar de um inconveniente. Isto não quer drzer que não se devam fazer esforços para desenvolver omercado num determi nado país. Mas oparadigma paraeconômico pressupõe que odesenvol

conhecidos.

rém, areferência conceptual para acompreensão eotrato dos pontos

,J

fundamentais da alocação, comuns a todas as sociedades. Embora

incorporando contribuições de pensadores oriundos da França e de outros países europeus, em seus termos dominantes e essencialmente uniai-a^íoaaanglo-saxõnica.>tava fadada, desde seus começos, ase

^o^íi^f^^nó^mpmo^dotti *I^ "?".*£ através da qual as nações industriais hegemônicas do Ocidente induzi

vimento do mercado deva ser politicamente regulado, de modo que não venha asolapar a base dos enclaves isonômicos e fenonomicos.

ram oresto do mundo ase ajustar àsua inclinação expansiomsta.

rais de uma nação é compatível com aquüo que é considerado como economia dual, isto é, acoexistência de sistemas de orientação mutuá ria nos quais os respectivos membros produzem para si mesmos uma

tam de pensamento teórico, uVrea^iação crítica da economia

Nas duas iiltimasdécadas. as conseqüências poluidoras eexauridoras da prática datíoeoTogia anglo-saxônicjporiginaram, em certos se-

Mais ainda, reconhece ele que amelhora das condições econômicas ge- , \y/M

grande parte dos bens eserviços que diretamente consomem, ede sis

.^

temas orientados para olucro, em que os membros são, essencialmen

V^

te, detentores de empregos, que tiram de seus salários opoder aquisi- j n n~> ^

clássica, assim como tentativas de elaboração de uma ciência de aloca ção de recursos como disciplina ecológica. Até agora, ornais elegantee penetrante dos enunciados que refletem essa orientaçãoi pode ser en contrado nos trabalhos de Nicholas Georgescu-Roegen. Na verdade, o caráter enganador da economia convencional tornou-se cada M

tivo aue lhes proporcionará todos os bens e serviços de que necesa- >.

^W^

Uno, na proporção em que alguns traços exteriores de sua^aplicação

por conseguinte, reciprocamente excludentes. Devem ambos ser aste-

yW -

Síton^MtomdUrtM»* e«m aexaustão das reservas de fon-

tam Os sistemas de orientação mutuária eosetor de troca nao sao, ^ fyv^ J mática e simultaneamente estimulados, através de uma eficiente utUi

nefício da sociedade em geral. Uma das implicações desta observação

éade que, nos países periféricos, as condições da vida rural devem ser consideradas em seus próprios termos e protegidas contra aindiscrimi nada e destrutiva penetração do mercado, se se tem em vista oaumen

to de suas potencialidades de autoconfiança. Em suma, oberrwstar geral dos indivíduos que vivem num sistema dual só pode ser melhora

^tzí^tt

I

J&>

. ,

Em resumo, Georgescu-Roegen assinala que an^"^? baixa entropia disponível eacessível, eque em última análise éomm-

mo de tudo aquuTque ohomem produz, «tt^jgfigg

limitado. Uma vez que amatéria-energia tem uma tendência irreversi

duplo.

188

tiTdVeneTgia, renováveis enão-renováveis. Por mais importantes que

alocação.

do mediante uma equilibrada alocação de recursos, tanto como trans ferências num só sentido, quanto através de transferências em sentido Obenwstar dos cidadãos éuma categoria cultural peculiara ca

sistemátioi atingiam asensibilidade de estudiosos preocupados com a «estudosdessesespeciaüstas devarnjwconside^rtoMeria necessário Sido que uma análise atual d^^çeej^^Presultantes da prática da economia clássica, para «orientar oprocesso de?<™W>™ recursos em escala muníal. Em resposta aessa necessidade, Georgescu-Roegen estabelece os pressupostos fundamentais da nova ciência da

zação de transferências num só sentido ou em duplo sentido, para be

da país, enão émedido por critérios comuns atodas as nações. Sendo

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O

3>r°-

-"veTTa^nir estados de alta entropia, a produção de bens eserviços, 189

D

do ou através da mera aceitação passiva das circunstâncias pelos agen tes históricos, ouatravés de uma criativa exploração, por esses agentes, das inigualáveis oportunidades contemporâneas. Muito provavelmente

em nome da necessidade de prolongar a existência da humanidade co

mo espécie, não deveria acelerar essa tendência. Osrecursos acessíveis e disponíveis são de dois tipos, a saber: a)renováveis, istoé, aqueles de

através de ambas as formas, terão eles influência.

natureza biológica que podem ser reproduzidos dentro de ciclos natu

Embora ninguém possa afirmar que tem a visão precisa das coi

rais relativamente curtos, assim como a energia recebida do sol e a energia cínética do vento e da queda d*água; b) recursos não-renová veis, como o petróleo,o chumbo, o estanho, o zinco, o mercúrioe ou tros minerais cuja reprodução, se possível, demandaria longos ciclos ecológicos, o que os torna praticamente indisponíveis nos limites de tempo da existência da humanidade. A produção de bens e ser viços deveria ser promovida mediante o máximo uso de recursosreno

sas que estão por vir, é essencial que delimitemos a influênciadasor ganizações econômicas sobre a existência-humana como um todo, se devemos capitalizar as possibilidades contemporâneas. Porseremas or ganizações econômicas precisamente aquelasque mais retiraminsumos do limitado orçamento da matéria-energia de baixa entropia disponí vel, deveriam elas ser rigorosamente replanejadas, tendo-se em mente um interesse ecológico. Deveriam tais organizações ficar circunscritas a um enclave, como parte de uma sociedade multicêntrica provida de

váveis e o mínimo uso razoável dos não-renováveis. A escassez dos re

cursos não-renováveis não é de natureza temporária e tratar sua utili zação e alocação em termos de mecanismos de mercado, isto é, como se devessem ser apreçados de acordo com a lei clássica da nferfo tt da _ procura, é uma ilustração da regra utihtário-hedonísta do après moi le déluge. Na realidade, qualquer parcela de recursonão-renovável usada no processo de produção estará acabada para sempre, fato que diz alguma coisa sobre o caráter exauridordos macrossistemas contempo

râneos. Nos últimos 10anos, metadede todo o óleo crujamais produ zido foi obtida;e, nos últimos 30 anos, foi extraída metade da quanti dade total de carvãojamais minerado. Insubstituíveis como são esses e

muitos cenários para propósitos autocompensadores, envolvendo con sumo mínimo de insumos de baixa entropia. O mundo industria] em que vivemos também começou como

uma possibilidade objetiva.13 Foi modelado no decorrer de todo um r f .1.-1 -i

-

processo acumulativo de inovação institucional, deliberadamente em preendido por muitos indivíduos. Podemos estar agora num similar es tágio incipiente de institucionalização, de que pode emergir uma alter nativa para a sociedade centrada no mercado —a sociedade multicên trica, ou reticular.

outros minerais, seus preços de mercado, portanto, não são senão í''*

o

fictícios. Se a utilização desses materiais continuar nas proporções atuais, logo a humanidade estará privada de seu uso.11 Em conseqüên cia dos padrões de produção e consumo que prevalecem, o mundo contemporâneo vê-se diante de uma taxa sem precedentes de absoluta escassez ecológica, cujo aumento exponencial poderá acelerar o

colapso termodinâmico do planeta, que,efetivamente, é afinal inevitá vel, num determinado pontodo tempo. O paradigma paraeconômico leva em consideração nãoapenas a termodinâmica da produção, mas também seus aspectos externos so ciais e ecológicos. Como tal, representa uma alternativa para os mode los alocativos clássicos (quer derivados de Smith, quer de Marx), a qual oferece,também, o arcabouço abrangente para uma novaciência dasorganizações. Nada menos queuma revolução organizacional deal cance mundial faz-se necessária, para superar a deterioração física do

planeta e das condições da vida humana, em todaparte. Cí

í)

A institucionalização de uma sociedade multicêntrica estáagora

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^^^•M^í***!**!*.;^^

193

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i f f f 10. VISÃO GERAL E PERSPECTIVAS DA NOVA CIÊNCIA

Expus neste livro, de uma perspectiva teórica, os defeitos da

ciência social convencional. No item 2, defino anova ciência da orga

r

também, as deficiências da ciência social contemporânea, de que a teo

P P P

pies aquisição de um pacote de informações. Segundo, a ciência social baseada na racionahdade substantiva transcende climas episódicos de opinião. Em períodos históricos especiais pode ser eclipsada, mas nun ca destruída, o que não quer dizer que a ciência social substantiva exista como um corpo conceptual definitivo, que tenha sido formula do uma vez e para sempre. Ao contrário, está sempre em elaboração, cada época acrescendo e expandindo o legado milenar de percepções da natureza humana e da vida humana associada. A análise crítica que

apresentei não tem uma intenção literal de restauração. Antes, advoga a apropriação de tal legado e seu desenvolvimento, em termos que nos capacitariam a entender e dominar o processo da história contem porânea.

teoria organizacional existente, eapresentei oarcabouço para uma no va ciência geral de planejamento de sistemas sociais. Esta análise expôs,

ria organizacional corrente é uma parte. Apresento, no item 1deste capítulo o resumo dos pontos-chave da minha avaliação critica da nização como sendo centrada na perduração - endurance-centered.

i s p C O

O o o

o o

o o o

o

10.1 A ciência social convencional

Araiz do caráter enganoso da ciência social convenciona] está no conceito de racionalidade que a permeia. Este livro enfoca uma dis

tinção entre racionalidade substantiva eracionalidade formal, distin ção que tem sido proposta por alguns grandes pensadores contemporâ

neos, mas que nunca foi completamente explorada por eles como um dado referencial para estabelecer a diferença entre dois tipos de ciên cia social. A distinção não deveria ser considerada um exercício didá

tico: propõe um dilema existencial a quem quer que escolha ser um

cientista social. Na verdade, em geral, a opção por uma ou outra das

ae vista dêstelivro, compreendemos agora que essa ransformação não pode ser considerada como o único caminho que tais países poderiam ter tomado, no decorrer dos últimos 300 anos. Presa à ilusória interpretação desse fato consumado como constituin do a conseqüência—dc_ um necessário desdobramento da história, a ciência soei»! corrvpnCTonaf defende a sociedade centrada no mercado e o caráter social dela resultante como o instrumento hábil para avalia

ção da história passada e presente da humanidade. Assim, a despeito de suas reivindicações isentas de conceitos de valor, a ciência social

contemporânea é normativa, namedida em que, na teoria e naprática, nada mais é do que umcorpo de critérios deanálise e planejamento de cictPma» enriaie induzidos 2 nprtir A» ..m. rnnficmn.rim histórica parti

cular.^. X-limitações que exigem uma delimitação do sistema de merca do —osalicerces ideológicosdaciência social convencional ficam cada

vez mais adescoberto. oJJHf alternativo de ciência social esboça

do neste livro*9Ê éa^H |dft. Além disso, minha crítica da socie como uma defesa da eliminação do mercado como um sistema social

vés de sua socialização em meios acadêmicos, que por sua vez operam

dade contemporânea centrada no mercado não deve ser interpretada

pontas do dilema não éconsciente, mas éfeita para os indivíduos atra

no contexto dos parâmetros institucionais que prevalecem no Ociden te. Oque teoricamente arruina aciência social convencional não é seu

funcional. Antes, reconhece como um aédito para todos os tempos

futuros a grande conseqüência acidental dahistória dosistema demer

uma tintura conservadora, pois sugere que, expurgado desuas injusti ficadas inclinações expansionistas, e de seus exageros políticos e so ciais, o mercado moderno pode muito bem constituir a mais viável e eficiente das formas até aqui planejadas para a consecução da produ-

m\\.i\> \\\wm\mmmm+mmm*rmmmma**-

^TreTaçao ao sistema de mercado, minha análise chega a ter

caráter formal; é, antes, o desconhecimento de seu caráter paramétrico, isto é, de seu penchant para apoiar-se numa visão do mundo ine rente a um precário clima histórico de opinião. Em conseqüência, está fadada a desmoronar, quando esse clima de opinião perde acredibili dade. Diversamente da racionalldad£..formal.i

Jmmmmm

cado, ou seja, a criação de capacidades de processamento sem prece

dentes que, se iisadascorretamenteM>o
da • Final-

. Nem se podemesmo esperar compreendê-la através da sim195

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ST*r^eríninados tipos de sistemas sociais de natureza eco-

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nômica.

cão em massa, para adistribuição de bens eserviços epara 101^

Minha análise oferece a sugestão de que, dada a possibilidade presente da abundante produção de bens e serviços primordiais^

_/A produção flafl f^íecessanamente, um re

Qualquer futuro que se visualize como um desenvolvimento li near da sociedade centrada no mercado será. necessariamente, pior do

sultado de atividades desenvolvidas dentro dos limites do mercado. E constituída, antes, pelos resultados que contribuem para aumentar o

(

odesenvolvimento, ecomeçar acompreender que cada sociedade> con

vidades desenvolvidas no contexto de sistemas sociais não orientados

(

ciedade, se escolher se despojar da visão hnear.sta da histona. Este li vro aventa aexistência de muitas possibüidades para as nações do cha

(

«To presente. Aciência social deveria libertar-se de sua obsessão com

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temporânea está potencialmente apta ase transformar numa boa so

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mercado como o paradigma de seu futuro.

ção de imaginativos sistemas de subvenções, podem ser planejadas para recompensar múltiplas formas da produtiva contribuição do indivíduo àvida social, de que o emprego constitui apenas um caso particular.

nova ciência, envolve a formulação e aimplementação de novos crité

das oportunidades de empreRO_exigirá a escalada da produção de bens

ao funcionamento do sistema visaa preservação,

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^otMflPiPprneta, ájianto d*saúde psicológica daj^manjiple.

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cos nem sob ortodoxias doutrinárias de espécie alguma. Por exemplo.

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ses fre.os devem ser desSbertos e inventados através de um complexo

de natureza demonstrativa, rrss.as limitações biofísicas à p.

...ratégia. Como acontecia antes do surgimento da soraedaaWentraaanomercado, também agora, em seu declínio histón-

j, o total emprego da mão-de-obra é de novo possível, sem que se

-nponha atodos os indivíduos que desejam trabalhar aexigência de se

Jornarem detentores de um emprego. Aignorância desse fato é partiIcularmente lamentável numa hora em que a economia está, cada vez

'mais. perdendo sua capacidade de proporcionar empregos para todas

«fljfl fe é estranho ao modelo paraeconômico apresentado neste

?HPÍH?a]idade. a iniciativa privada e a propriedade privada sao

Este livro nada mais éque uma enunciação teórica preliminar da nova ciência das organizações. Como tal, estabelece uma agenda de

mercado. Mas, numa sociedade delimitada, a iniciativa privada e a pro

num instrumento de reconstrução social. Em seus presentes termos,a

porativos privilegiados, tanto quanto do Estado onipotente. Na verda

tematicamente, implementar eadministrar os sistemas sociais delimita dos. Um Estado apto a controlar o tipo de sociedade visualizado pela

priedade privada são defendidas do poder disfarçado dos agentes cor

de o Estado já recebeu essa incumbência que, numa sociedade delimi tada poderia exercer de maneira mais vigorosa e sistemática, no inte

resse de uma revitalizante diversificação da vida social e comunitária.

as pessoas que desejam trabalhar.

pesquisa. Muito resta ainda aser feito, para transformar anova ciência

minha análise não discutiu, por exemplo, como poderia o Estado, sis

nova ciência, embora exibindo características regulatórias^não^era um interventor socialista.

Mais especificamente, no domínio econômico adelimitação do merca

do acarretaria não a eliminação dosinvestidores privados, mas a vigencia

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^i&tám*^mMBmsmm^ ;IS ítnd:!^--:>^d|^!pM!açao^aj^nsumu

"penhar esse papel insiiluúukria para investigação ulterior. Além disso, nenhuma VMfMMal para o^ajBJÉDcnlu. aimplemen tação e a manutenção earticulação dos variados e complementares sis

alismo, isto e, a propriedade estatal dos

temas sociais foi apresentada neste livro. Parti do pressuposto de que a apresentação de diretrizes desse tipo, antes da articulação, em termos teóricos, da condição do indivíduo na sociedade contemporânea cen

)un-psico]ÒKi'.^Esse tipo

instrumentos da produção. Exige, porém, uma redefinição das metas e prioridades, de acordo com as quais os atuais controles centrais do Estado deveriam ser exercidos.

trada no mercado, seria uma coisa sem sentido. Entendi, também, que 197

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196

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Na estrutura econômica institucional que prevalece, o aumento

processo de pesquisa, que não se classifique sob interesses hegemôni

r¥* condições fundamentais para qualquer bem-sucedida delimitação do

o O C O o

medir a capacidade humana de produção é um ponto cego básico, dos

próprio arbítrio político eassim se libertassem da síndrome da priva ção relativa que intemalizaram ao tomarem asociedade avançada de

rios epolíticas alocat.vos. no contexto das nações eentre elas. ^jW iade desses critérios resulta, sobretude^de sua sensitividade as«M •fcias fjjÊÊMcas e gfiHgicas, produzidas pelas nao .ladasatmdades doastema de mercado. Aadministração de freios ^

( (

tes à produção. A obsessão do emprego como o único critério para formuladores de política do governo e da teoriaeconômica típica que utilizam. Refo/mas institucionais, como, por exemplo, a implementa

Adelimitação do sistema de mercado, tal como edefendida pela

(

para o mercado. Nesse sentido, os recursos são infinitos enão há limi

mado mundo subdesenvolvido, de imediata recuperação quanto a con

dição periférica em que se colocam, se ao menos encontrassem seu

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gozo da vida e que, como tal, podem representar os resultados de ati

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primeiro o homem deveria ser libertado df sua escravização psicológi- i ea a mentalidade de mercado. Antes de serem atingidos essesobjetivos,

qualquer conjunto de prescrições operacionais não teria, para ele, ne nhuma utilidade. Estou, certamente, consciente dessa e de outras omissões do livro, mas estou já empenhado num ulterior desenvolvi mento desta análise, e que é uma análise baseada naquilo que estou

aprendendo com as experiências de pessoas interessadas que atualmen te, de muitas maneiras e ein muitos lugares, estão lutando paraachar alternativas viáveis para o atual estado de coisas que prevalece no mundo.

10.2 A organização resistente

Este livro põe a nu as falsas concepções da presente teoria da or ganização, cujo passamento não é de ser lamentado; é,'ao contrário, um acontecimento auspicioso.

A teoria organizacional existente já não pode mais esconder seu paroquialismo e ela é paroquial porque focaliza os temas organizacio nais do ponto de vista de critérios inerentes a um tipo de sociedade em que o mercado desempenha o papel de padrão e força abrangentes e integrativos. Torna-se muda. quando desafiada por temas organizacio nais comuns a iodas as sociedades. Além disso, é paroquial porque se alimenta da fantasia da localização simples, isto é, da ignorância da in terligação e da interdependência das coisas, no universo; lida com as coisas como se as mesmas estivessem confinadas em seções mecânicas de espaço e tempo.

É justo admitir que há muita coisa, na presente teoria da organi zação, que qualquer teoria alternativa deveria incorporar e desenvol ver. Mais do que nunca, temos agora razões para admitir que uma pro messa fundamental da velha teoria pode ser cumprida: o problema da pobreza, como uma condição material, pode ser tecnicamente resolvi do. Afinal de contas, essa teoria nos ensinou que o conhecimento po de ser sistematicamente utilizado para produzir mais, para produzir melhor, para produzir o bastante, ao mesmo tempo liberando os ho mens das atividades do trabalho. Ensinou-nos que, em. última análL-

sp fVCial"1 c a capacidade de processar; é um verbo/ não um subsMas, enganaa^porumTonauolinútado de produção e de "capital, a presente teoria da organização vê-se num beco sem saída. Aprendemos que o aumento indefinido da produção de mercadorias e o progresso tecnológico indiscriminado não conduzem, necessaria mente, à atualização do potencial do homem. Nos limites dos interes ses dominantes que prevaleceram no decurso dos três últimos séculos,

a atual teoria da organização já cumpriu a missão que lhe cabia. A compreensão desse fato abre o caminho para a elaboração de uma ciência multidimensional da organização. 198

A velha teoria pressupõe que a produção é apenas um assunto técnico. No entanto, o pressuposto fundamental da nova ciência das organizações é o de que a produçãoé, ao mesmo tempo, uma questão técnica e uma questão moral. A produção não é apenas umaatividade mecanomórfica, é também um resultado da criativa satisfação que os homens encontram em si mesmos. Num sentido,os homens produzem a si mesmos, enquanto produzem coisas. Em outras palavras, a produ ção deveria ser empreendida não só para proporcionar a quantidade bastante dos bens de que o homem necessita para viver uma vida sadia, mas também para provê-lo das condições que lhe permitam atualizar sua natureza e apreciar o que faz para isso. Desse modo, a produção das mercadorias deve sergerida eticamente, porque,como consumidor ilimitado, o homem não torna resistente, mas exaure seu próprio ser. Mais ainda, a produção é igualmentejjnja^miesJãOJnQral, em razão óe

seu impacto subre a iiatúTêzaTffflJoTrmroaoT Ia'realidade, a natup. .a nao e um material inerte; e um sistema vivo. que so pode perdurar na

medida em que não se violem os freios biofísicos impostos a seus pro cessos de recuperação.

0 uso do verbo perdurar, no parágrafo precedente, é intencio

nal. A perduraçao é, ao mesmo tempo, uma categoria da existência fí' sicaj humana e social.'Sem a consideração da perduraçao. nãose pode entender o processo através do qual as coisas, os seres humanos e as sociedades realizam suas individualidades imanentes. Contudo, perdu

raçao não envolve manutenção. É retenção de caráter, em meio a mu dança; é a vitória sobre a fluidez. É uma categoria de processo mental que reconhece que todas as coisas são interligadas e continuamente se empenham para conseguir um equilíbrio ótimo entre conservação e mudança, no processo que leva a uma concretização modelar de seus

propósitos intrínsecos.1 Numa caracterização do significado geral da perduraçao, escreve Whitehead:

"A perduraçao é a retenção, através do tempo, de uma realização de

valor. O que persiste é a identidade de padrão*, autolegada. A perdura çao requer ambiente favorável. Toda a ciência gira em torno da ques tão de organismos que perduram" (Whitehead, 1967, p. 194). Esta citaçãoestabelece o cenário para a elucidaçãodos paroquialismos característicos da teoria organizacional existente. 1 Será óbvio, para aqueles que estão familiarizados com a teoria de Whitehead, que esta análise é, de modo geral, influenciada por seu pensamento. Devo, con tudo, prevenir o leitor de que o uso que faço da palavra resistência - endurance —talvez não corresponda inteiramente ao de Whitehead. Minha justificativa de uma noção ampliada de resistência não pode ser desenvolvida nos limites des tas observações finais. 199

"V.T-sPT --' '•"".•

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> tropia e a restituem emestado dealtaentropia. Fazendo isso, necessa riamente esgotam e poluem o ambiente, perturbando desse modo as condições exigidas para uma resistente existência física, humana e so

A teoria de organização convencional e a ciência social em geral não se inclinam ao reconhecimento da viabüidade das sociedades não

ocidentais, com base em seus próprios valores. Em sua perspectiva conceptual, a ocidentalização de tais sociedades é equiparada ao pro gresso qualitativo das mesmas. Por exemplo, esse preconceitoideológi co ê claramente enunciado por Likert (1963). Os conceitos e princí pios daquüo que denomina "uma teoria de administração de âmbito

cial. Postulada com base na üusão da localização simples, a teoria de organização existente está, antes, fadada a agravar o crescente desequi líbrio termodinâmico que perturba as sociedades ocidentais. Chegou a hora de substituí-la por uma ciência da organização centrada na

mundial" são todos deduzidos da prática da experiência industrial do

perduraçao.

Ocidente e Likert justifica explicitamente a universalidade desses con ceitos e princípios, não exatamente em termos teóricos, uma vez que

I

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Aesta altura deveria estar claro, para oleitor, ofato de que num sentido a nova ciência das organizações não érealmente nova,3 porque

é tão velha quanto osenso comum. Olllfl (.flQMifffl fflj fr^TMllÂ"-

sua visão da doutrina não se ajusta á gerência de recursos em contexto

algum, mas apenas no âmbito dos setores industriais ocidentalizados. /

cias, nas quais precisamos, mais uma vez, começar a dar ouvidos ao

Considera ele que essa doutrina é universal porque é baseada no expansionismo do Ocidente, queestá estreitando"as diferenças cultu rais ... entre as nações" e tornando-as "muito mais parecidas, em sua existência organizacional (e industrial)". Essa teorização é completa mente insensível a fatos dramáticos, que demonstram que o modelo

nosso eu mais íntimo.

Alexander, C. Notes on the synthesis ofform. Cambridge, Massachu

ocidental de industrialização perturba a base organizacional das socie

setts, Harvard University Press, 1974.

I

BIBLIOGRAFIA "

dades periféricas, em lugar de lhes aumentar as possibüidades de per duraçao como sistemas autodeterminativos. Uma teoria de organiza ção verdadeiramente universal não se pode permitir semelhante paroquialismo histórico. Ao contrário, deveria admitir que a busca de re

Georgescu-Roegen, N. The Entropy law and the economic problem. In: Daly, H.E. Toward a steady state economy. San Francisco, Califór nia, W. H. Freeman, 1973.

Likert, R. Trends toward a world-wide theory of management. CIOS,

quisitos organizacionais constitui assunto concreto em cada sociedade, desafiando conceitos e princípios, tal como Likert os concebe. Chris-

XIII, 1963.

Sibley, M.Q. The Relevance of classical political theory of economy, technology & ecology. Alternatives, 2(2), 1973.

topher Alexander tem a visão correta dessa busca como um processo analítico, que leva à descoberta e à implementação deum bom ajusta

Whitehead, A.N. Science and the modem world. New York, The Free Press, 1967.

mento, permitindo a satisfação das mútuas exigências que contexto' e foTfnàTazem um ao outro (Alexander, 1974, p. 19). Está ele sugerindo

I

um processo de planejamento orientado para a perduraçao e, portanto, reconhecendo que "à sua maneira, as culturas simples fazem seu traba

>

lho melhor do que nós fazemos o nosso" (Alexander, 1974, p. 32).

I

A destruição de sistemas perdurantes de vida constitui, também, um traçoatual das sociedades industrializadas do Ocidente.2 A prática

de planejamento organizacional que predomina em tais países é, em grande parte, afetada pela üusão dalocalização simples. Muito daaná lise termodinâmica que Georgescu-Roegen faz da teoria econômica convencional revela a üusão dalocalização simples. As organizações, e t

o processo econômico que põem em vigor, são concebidos como se

não tivessem vinculações àesfera biofísica. Semelhante concepção dei xa de lado ofato de que oprocesso econômico, eespecialmente otipo de organização planejada de acordo com critérios puramente econômi•cfíle^,etiram continuamente do ambiente matéria-energia de baixa en-

3 Paraverificação do grauem que o velhc pensamento clássico é importante pa ra as tentativas contemporâneas de reformulação da ciência social, veja Sibley

Veja meu artigo Endurance and fluidity: a reply (Resistência e fluidez: uma

resposta). Administration and Society, Feb. 1977.

(1973).

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