Aula 1 Linguagem básica de Patologia Saúde = Estado no qual o indivíduo vive em completa harmonia com o meio ambiente. Doença = Manifestação de inadaptação fisiológica que reflecte desvios do padrão normal do âmbito anatómico, fisiológico ou bioquímico. Lesão = Alteração da estrutura e morfologia associada a estado de doença num indivíduo macroscópica, microscópica ou ultraestrutural. Etiologia = Causa da doença. Sintomas clínicos = Evidência funcional da doença que pode ser determinada subjectivamente e/ou pelo próprio dono do doente. Sinais clínicos = Evidência funcional da doença que pode ser determinada objectivamente ou pelo observador. Prognóstico = Resultado final da doença num indivíduo vivo. Diagnóstico = Determinação da natureza da doença expressa de maneira concreta. Patogénese = Desenvolvimento progressivo (sequência de acontecimentos) de uma doença desde o seu ponto inicial até a conclusão final (recuperação ou morte). Necrópsia = Exame macroscópico do cadáver do animal através da dissecção sistemática de modo a avaliar qualquer alteração anormal (lesão) presente. Morte somática = Morte do corpo inteiro; paragem de todas as funções orgânicas. Alterações post mortem = Morte celular que acompanha ou ocorre após a morte somática. Alterações ante mortem = Alterações que ocorrem em células, tecidos e orgãos num indivíduo vivo antes da morte somática. Epizootologia = Ciência que estuda epidemias em animais (ocorrência e disseminação de doenças em relação ao local geográfico, estação do ano, espécie, raça, idade, sexo, etc.). Morbilidade = Ocorrência de doença em relação ao número de animais expostos (razão doente/saudável). Mortalidade = Número de animais mortos em resultado da doença.
Caracterização da doença Etiologia – causa Front_Line 1
Patogenia – mecanismo Manifestações – alterações patológicas e clínicas Complicações e sequelas – efeitos secundários Prognóstico – previsão Epidemiologia – incidência
Causa da doença Factores do hospedeiro ou genéticos - Polimorfismos, Sexo, Raça. Factores ambientais - Agentes infecciosos, Agentes químicos, Agentes físicos.
Patogenia da doença Mecanismo através do qual a causa opera para produzir as manifestações clínicas e patológicas. Inflamação = Resposta a agentes que causam lesão tecidular. Reacção auto-imune, efeitos indesejáveis do sistema imune contra o próprio. Degenerescência = Alteração de células ou tecidos em resposta a diversos agentes ou falha na sua adaptação. Neoplasia = Mecanismo pelo qual agente causadores de cancro levam ao desenvolvimento de neoplasias.
Manifestações patológicas e clínicas Através da via patogénica o agente etiológico actua produzindo manifestações de doença, que originam sinais e sintomas clínicos (ex. emagrecimento e dispneia) e as características patológicas ou lesão (ex. carcinoma do pulmão) que os originam.
Complicações e sequelas As doenças podem ter efeitos prolongados, secundários ou distantes.
Prognóstico Front_Line 2
Previsão da evolução provável da doença baseada em achados clínicos e patológicos.
Patogenia da doença Congénitas – Genéticas e Não genéticas. Adquiridas – Inflamatórias, Vasculares, Alterações do crescimento, Alterações metabólicas e degenerativas.
Postulado de Kock Causa de doença não é sempre óbvia e directa - Postulado de Kock 1882 1) A presença de um agente deve sempre ser comprovada e isolada em cultura pura. 2)
O agente não poderá ser encontrado em casos de outras doenças.
3)
Uma vez isolado, o agente deve ser capaz de reproduzir a doença (inoculação em animais experimentais).
4)
O mesmo agente deve poder ser recuperado desses animais experimentalmente infectados e de novo isolado em cultura pura.
Classes de doenças Hereditária, Vascular, Congénita, Metabólica, Traumática,Nutricional, Física, Psicológica, Química, Iatrogénica, Infecciosa, Tumoral, Inflamatória, Idiopática. Doenças congénitas o Nem todas anomalias do recém-nascido têm origem em alterações genéticas. •
Feto susceptível a factores vários.
•
Anomalias em resultado de: Doenças infecciosas, Má nutrição
Doenças Infecciosas Natureza do agente patogénico: Priões, Vírus e Bactérias, Nanobactérias, Clamidia, Rickettsia e Micoplasma, Fungos e Algas, Protozoários e Metazoários. Priões “Proteinaceous infeccious particles” - Stanley Prusiner, Nobel 1997 •
Proteínas que afectam outras proteínas do hospedeiro alterando a sua função. Front_Line 3
•
Doenças neuro degenerativas ex. Scrapie, Kuru, BSE. o Fatais deprimem a resposta imune. o Método tradicional de combate a agentes patogénicos não aplicável. o Problema no que respeita a “Cross species transmission”.
Vírus o Não se movem ou replicam fora do hospedeiro, utilizam maquinaria celular. o Mecanismos transmissão: aerossois, via feco/oral, insectos, transmissão vertical. o Mutam para escapar vigilância sistema imune. o Neoplasias. o Inclusões (Papiloma virus, esgana). Bactérias o
Reconhecimento em exsudados e/ou tecidos
o
Cultura em meios especificos
o
PCR, sequenciação
Nanobactérias o
Ligeiramente maiores que vírus.
o
Utilização de cálcio e fósforo para protecção.
o
Responsáveis pela formação de cálculos renais.
o
Presentes em 80% do soro de bovino.
Clamidia, Rickettsia, Micoplasma o
Bactérias
o
Clamidia (ap. Respiratório e genital, intracelular, epitélios) – psitacose aviária.
o
Rickettsia (parasita intracelular, transmissão por artrópodes), zoonoses (Rickettsia rickettsii), febre equina.
o
Micoplasma (s/ parede celular, ap. Respiratório, genital, digestivo e gl. Mamária de bovinos) - Pleuropneumonia contagiosa bovina.
Fungos o
Eucariotas, vivem livres no meio ambiente. Front_Line 4
o
Oportunistas (debilitação conteúdo em glucose elevado, antibioterapia – Candida).
o
Dermatrópico (ring worm) ou sistémico (Aspergillus).
o
Micose sistémica (doença geográfica – Blastomyces).
Algas o
Oportunistas nos animais – Prototheca
o
Mamite bovina e infecção sistémica e/ou local em carnívoros.
Protozoários e Metazoários o
Parasitas eucariotas intracelulares ou luminais
o
Transmissão por ingestão ou através de insectos
o
Resposta inflamatória forte a ligeira
o
Alguns são zoonóticos (Toxoplasma, Cryptosporidium, Echinoccocus)
Toxinas o
Maioria entrada por via intestinal, algumas por inalação
o
Toxinas essenciais à disseminação bacteriana – exotoxinas
o
Fígado é o primeiro local de lesão - Algumas sofrem biotranformação neste orgão – citocromo P-450 e Aflotoxina na truta - hepatocarcinoma.
Doenças Físicas o Trauma – Atropelamento o Calor – Golpe de calor (Verão) o Frio – Hipotermia recém-nascidos o Radiações
Doenças metabólicas o
Metabolismo dos lípidos - Sindrome fígado gordo gatos - Lipidose Hepática gatos, carneiros, poldro Shetland e cavalo miniatura Front_Line 5
o
Desequilíbrio nutricional - Deficiência em vitamina A dos gatos - Deficiência em ferro dos leitões
o
Desequilíbrio hormonal e sindrome paraneoplásico
o
Deficiência em proteínas - Diminuição da produção de anticorpos - Depressão do complemento - Depressão do sistema imune
Doenças idiopáticas o
Doenças cuja causa não é conhecida e não foram reproduzidas experimentalmente são consideradas idiopáticas. •
Hepatite crónica progressiva no cão - No homem é induzida por vírus.
•
Pancreatite aguda necrosante - Sabe-se cadelas meia-idade, gordas, dieta elevada em gordura. - Desconhece-se porque é activada a tripsina pancreática.
Doenças iatrogénicas o
Doenças causadas na sequência de uma intervenção clínica. Injecção na jugular – inoculação bactérias. Cateter – lesão das válvulas, endocardite bacteriana, embolia sépticado rim (abcesso e/ou enfarte renal). Associação de ivermectina (desparasitante) e Clomicalm (ansiolítico) causa efeitos neurológicos adversos (ataxia e tremores) em cães. Baytril associado a casos de cegueira em gatos. Fibrossarcoma pós-vacinal do gato.
Front_Line 6
Aula 2 Adaptação celular Conceito de normalidade = célula normal e limites de adaptação importantes no estudo de outros desvios que ocorrem na doença ou morte celular. Princípio importante uma vez que a célula é o denominador de toda a matéria viva. Constituintes da célula = água, iões, proteínas, lípidos e carbohidratos. Função e estrutura célula normal = Membrana celular, Glicocálice, Núcleo, Mitocôndrias, Retículo endoplasmático, Aparelho de Golgi, Lisossomas, Peroxissoma, Citoesqueleto, Microtubulos, Filamentos citoplasmáticos . Homeostasia = Manutenção das condições essenciais e compatíveis com a função e sobrevivência da célula. Inclui: Resistência à mudança e Mecanismo que mantém condições constantes ou dentro dos valores limites de algumas das suas variáveis. Adaptação celular = A exposição prolongada das células a estímulos normais, adversos ou exacerbados induz vários tipos de adaptações ao nível das células, tecidos ou órgãos. •
A célula sofre adaptação dentro de limites fisiológicos.
•
A célula pode responder produzindo proteínas de “stress” protegendo-a da lesão e ajudando-a a recuperar.
•
Uma célula que sofreu lesão (doente) apresenta alterações associadas à sua morfologia e função atingindo: membrana celular, mitocôndrias, retículo endoplasmático e lisossomas. O núcleo sofre alterações imperceptíveis (alterações ultraestruturais).
•
É um processo normalmente reversível
•
Poderá ser irreversível, no caso de perda celular (Ex: osteoporose, enfarte)
•
Aumento de função – hiperplasia e hipertrofia.
•
Diminuição de função – atrofia.
•
Diferenciação celular - metaplasia
Alterações funcionais da célula
Alterações morfológicas
Homeostasia 2 = Capacidade da célula estabelecer novos níveis metabólicos e/ou actividade funcional, em face a um estimulo, sem pôr em causa a sua própria vida. •
Atrofia (cérebro, timo, músculo, supra-renal)
•
Hipertrofia (ventrículo esquerdo, músculo, fígado) Front_Line 7
•
Hiperplasia (endométrio, calo, glândula mamária)
•
Metaplasia (epitélio colunar brônquico, metaplasia escamosa da bexiga. )
•
Hipoplasia – crescimento incompleto ou parcial.
•
Agenesia – Falta completa do desenvolvimento de um órgão.
Célula em adaptação não está num estado normal nem apresenta sinais de lesão! •
Resposta adaptativa Tecido (tipo celular e susceptibilidade) Agente (dose, duração e mecanismo)
Doença = Incapacidade de adaptação. Níveis de detecção de doença = Animal no seu todo, A nível orgânico e Nível molecular.
Lesão Celular Lesão celular: 1os acontecimentos: Bioquímicos e Moleculares 2os acontecimentos: Morfológicos (lesão celular). Lesão não letal: •
Incapacidade normal).
funcional
temporária
(mecanismo
homeostático
•
Alteração estrutural com incapacidade funcional permanente (neurónios e miócitos cardíacos).
•
Alterações do DNA conduzindo a alteração hereditária do fenótipo celular (mutação)
O processo doença é composto por mecanismos que interactuam e evoluem continuamente. Alterações destrutivas: •
Incisão (corte)
•
Abrasivo (lesão de fricção)
•
Escoriação (lesão de fricção)
•
Laceração (lesão por extensão)
•
Contusão (lesão por extensão profunda) Front_Line 8
•
Fractura (lesão por extensão do osso)
•
Constrição ou dilatação
•
Ruptura
Alterações degenerativas: Degenerescência: Hidrópica, Gorda, Hialina, Fibrinóide. Necrose : Coagulação, Liquefacção, Caseosa, Gorda. Mineralização: Metastática e Distrófica Alterações inflamatórias: Aguda, Subaguda, Granulomatosa , Focal, Multifocal , Difusa.
Crónica,
Supurativa,
Non-supurativa,
Alterações vasculares: Hiperémia, Congestão, Edema, Trombose, Isquemia, Hemorragia. Alterações do crescimento e diferenciação: Atrofia, Hipertrofia, Aplasia, Hipoplasia, Hiperplasia, Metaplasia, Neoplasia. Alterações do desenvolvimento: Alterações congénitas.
Causas de lesão celular Podem ser inúmeras e variadas.
Agentes infecciosos: virus, bactérias, fungos, parasitas.
Agentes químicos e físicos: calor, frio, radiação, trauma.
Podem existir milhares de agentes etiológicos individuais e o organismo não reage independentemente a cada um deles.
Anomalias genéticas: Autossómicas, Ligadas ao sexo, Dominantes, Recessivas, Poligénicas. Lesões físicas: Trauma, Obstrução, Pressão, Radiações ionizantes, Vibrações ultrasónicas, Radiações UV. Lesões térmicas: Calor (> +5ºC) (Superficial, Profunda, Corrente eléctrica, Microondas) Frio (<-15ºC) etc. Lesões químicas: Exógenas (Toxinas, Venenos, Drogas, Substâncias alimentares) e Endógenas (Metabolitos, Citolitícas ou substâncias inibidoras (AgAb+complemento), Radicais livres, Oxidantes etc). Alterações metabólicas: Desequilibro hormonal, Alterações enzimáticas, Alterações membranares, Alterações de proteínas estruturais etc. Front_Line 9
Lesões infecciosas: Bacterianas, Fúngicas, Víricas, Protozoárias, Parasitárias, Micoplasmicas. Alterações nutricionais: Subnutrição, Sobrenutrição, Desequilibro nutricional, Deficiências nutricionais.
Alterações citoplasmáticas •
Alterações do volume (elementos da estrutura subcelular).
•
Alterações estruturais qualitativas (anormalidade morfológica dos organelos)
•
Inclusões anormais (nucleares ou citoplasmáticas, endógenas ou exógenas, composição especifica ou inespecífica)
Inclusões anormais •
Endógenas (Produto final do catabolismo celular; lípidos; proteínas; secreções; lisossomas) (ex: bilirrubina)
•
Exógenas (corpo estranho rico em minerais; agentes infecciosos; restos celulares)
Manifestações sistémicas de lesão celular Febre, Fadiga, Falta de bem-estar, Falta de apetite, Leucocitose, Dor, Ritmo cardíaco, Enzimas serológicas.
Front_Line 10
Aula 3 Acumulação intracelular A acumulação de montantes anormais de diversas substâncias é uma manifestação celular de alteração metabólica. •
Acumulação transitória ou permanente.
•
Sem consequência para a célula.
•
Causa diferentes graus de lesão.
•
Acumulação citoplasmática (lisossomas) ou nuclear.
•
Produção da própria célula ou externa.
Substância normal endógena (esteatose). Substância normal ou anormal endógena não metabolizada (alteração genética → doença de armazenamento). Substância exógena anormal que se deposita ou acumula devido à falta de maquinaria enzimática para transporte ou degradação (carvão e sílica). Lipídos (Esteatose, macrófagos) Glicogénio (glicose ou glicogénio - PAS) - Glicogenose Proteínas (Corpos de Russell) Pigmentos (endógenos ou exógenos) Lípidos - Alteração metabolismo •
Esteatose (toxinas, má nutrição, diabetes, obesidade e anoxia)
•
Colesterol ou esteres de colesterol (células fagocitárias – células espumosas, xantomas) Esteatose ou degenerescência gorda
Front_Line 11
Esteatose - rim
Esteatose - Fígado
Acumulação hepática triglicerídeos Causas:
Alcoól – alteração da função da mitocondria e dos microssomas.
CCl4 e má nutrição proteica - ⇓ apoproteína.
Anoxia – inibição da oxidação dos ác. gordos.
Fome - ⇑ recrutamento das gorduras ⇓ síntese de triglicerideos
Lipidose hepática – aspecto macroscópico
Lipidose hepática – aspecto microscópico
Lipidose hepática – Salmonídeos Causa: Dieta à base de ácidos gordos poli-insaturados juntamente com montantes inadequados de anti-oxidantes (vit. E). Sinais clínicos: Apetite reduzido e aumento da mortalidade. Anemia (brânquias pálidas e ascite); perda de escamas e necrose das barbatanas. Aspecto macroscópico: fígado amarelo-alaranjado e friável.
Front_Line 12
Lipomatose – acumulação estromal de gordura •
Mecanismo diferente acumulações descritas.
das
•
Acumulação de gordura no tecido conjuntivo estromal (coração e pâncreas).
•
Não interfere com a função dos órgãos.
Substituição do tecido muscular por tecido adiposo
Músculo esquelético - Lipomatose – acumulação estromal de gordura
Alteração metabolismo do colesterol •
Aterosclerose (cél. musculares e macrófagos).
•
Xantomas (hiperlipidémia adquirida ou herdada - tecido conjuntivo subepidérmico e tendões).
•
Inflamação e necrose (macrófagos).
•
Colesterolosis (macrófagos na lâmina própria da vesicula biliar).
Fendas de colesterol - Gl. Mamária 1
Fendas de colesterol - Gl. Mamária 2
Fendas de colesterol rodeadas por reacção inflamatória exuberante (células mononucleares, células gigantes tipo corpo estranho – Granuloma de colesterol ou colesterínico)
Front_Line 13
Proteína - Alteração metabolismo Alterações microscópicas menos evidentes que as dos lípidos. •
Reabsorção nos tubúlos renais proximais (proteinúria , pinocitose. fagolisosoma).
•
Imunoglobulina nos plasmócitos (RER, Corpos de Russel).
•
Alfa1-antitripsina nos hepatócitos (RE).
Gotas hialinas Rim - Gotas hialinas – cilindros hialinos
Almofada Plantar - Corpos de Russel
Glicogénio Alterações no metabolismo da glucose ou glicogénio •
Diabetes (glucose) –rim, fígado, músculo cardíaco .
•
Glicogenoses –Incapacidade de metabolizar formas normais ou anormais de glicogénio
Front_Line 14
Fígado - Coloração PAS positiva (material de cor magenta no citoplasma).Vacúolos negativos ao PAS – lípidos ou água
Glicogenose hepática armazenamento
–
doença
de
Acumulação intracelular pigmento Substâncias normais ou anormais que se depositam nas células. Pigmentações Exógenas: Silicose, asbesto, cortiça; Antracose; Parasitários. Pigmentações Endógenas: Melanina; Pigmentos hemáticos; Pigmentos lipogénicos.
Pulmão - Pigmentações exógenas – silicose: Severa condensação dos capilares e presença de grande quantidade de material cristalino (luz polarizada), refringente nos capilares aéreos.
Pulmão - Pigmentações exógenas – Corpos de asbestos: Corpos de asbesto revestidos de hemossiderina.
Front_Line 15
Pulmão - Pigmentações exógenas – antracose:
Pigmentações exógenas – antracose
Agregados de macrófagos em posição peribronquiolar, com abundante pigmento granular, negro, refringente carvão
Pulmão e Medula espinhal Pigmentações endógenas – Melanina
Pulmão - Pigmentações endógenas – Melanina: MELANOSE MACULOSA – Células grandes (leanócitos e malanófagos) com pigmento granular castanho escuro (melanina) dispersas no tecido conjuntivo dos septos alveolares e em posição peribronquiolar
Front_Line 16
Pigmentações endógenas – Melanina: aspecto macroscópico
Pigmentações endógenas – Melanina: Aspecto microscópico
Pigmentações endógenas – Pigmentos hemáticos •
Pigmentos derivados do metabolismo da hemoglobina.
•
Alguns são compostos fisiológicos (hemossiderina e bilirrubina) - acumulam por excesso.
•
Pigmentos hemáticos - meta-hemoglobina e hematinas (parasitas protozoários e metazoários) acumulação anormal.
Fígado - Intoxicação por cobre – pigmento citoplasmático, granular, castanho esverdeado. Cora de azul com o Azul da Prússia. – macrofágos Fígado Pigmentações hemáticas – hemossiderina – aspecto microscópico
Fígado - Pigmentações hemáticas – hemossiderina – aspecto macroscópico
Front_Line 17
Pigmentações hemáticas biliares
Ovino - Pigmentações endógenas – ICTERÍCIA: Mucosa conjuntiva impregnada de pigmentos biliares de cor amarela característica de icterícia. Intoxicação por cobre
Front_Line 18
Aula 4 MORTE CELULAR MECANISMOS DE LESÃO CELULAR
LESÃO IRREVERSÍVEL - NECROSE
NECROSE - ALTERAÇÕES NUCLEARES
Front_Line 19
NECROSE ≠ AUTOLISE (POSTMORTEM) - Alterações que ocorrem, nos tecidos, após a morte do animal. NECROSE •
Morte de células ou tecidos, no organismo vivo, independentemente da causa.
•
O tipo de necrose é determinado pelo tecido afectado e natureza do agente causador.
•
Causas: Isquemia, Causas metabólicas, Traumatismos.
•
Mecanismos: Perda progressiva de fosfolípidos de membrana; Anomalias do citoesqueleto; Radicais tóxicos de oxigénio; Produtos resultantes da destruição dos lípidos.
•
Tipos de necrose: o
Necrose de coagulação
o
Necrose de liquefacção ou coliquação
o
Necrose caseosa
o
Necrose gangrenosa ou gangrena
o
Necrose gorda
o
Necrose fibrinóide
NECROSE ALTERAÇÕES CITOPLASMÁTICAS
Front_Line 20
TIPOS DE NECROSE 1. NECROSE DE COAGULAÇÃO - O tipo mais comum de necrose. As células retêm os seus contornos celulares (fantasmas celulares). Coagulação das proteínas. Paragem da actividade metabólica.
Rim - Necrose de coagulação
Gl. Supra-renal - Necrose de coagulação
2. NECROSE DE LIQUEFACÇÃO - No cérebro, por falta de estroma de sustentação. Reacção glial - formação de cisto.
Renal
Cerebral
Músculo
Fígado
Front_Line 21
Abcesso
Abcesso
Pulmão
3. NECROSE DE CASEIFICAÇÃO - Infecção bacteriana (M. Tuberculosis; Corynebacterium pseudotuberculosis). O tecido morto carece de qualquer estrutura. Coloração histológica revela área eosinofíla, amorfa e com restos nucleares hematoxifílicos.
Bovino - Gânglio linfático – aspecto macroscópico - Focos de necrose de cor amarela e aspecto caseoso, rodeados por áreas de tecido fibroso.
Bovino - Gânglio linfático - Aspecto microscópico - Necrose de caseificação c/ perda de arquitectura tecidular, acidófilia, c/ poucos detritos celulares.
Front_Line 22
Fígado
4. NECROSE GANGRENOSA - Necrose isquémica das extremidades, dígitos, ponta das orelhas. Necrose com putrefacção dos tecidos (Clostridium). Tecidos negros - deposição de sulfato de ferro degradação de hemoglobina. Necrose de coagulação - Gangrena húmida (intestino). Necrose de liquefacção - Gangrena seca (extremidades - diabetes; aterosclerose). Gangrena gasosa - bactérias produtoras de gás.
Cão - Intestino delgado - Enfarte hemorrágico causado por volvo do pedículo mesentérico com consequente grangrena húmida ou necrose gangrenosa.Invasão de bactérias saprófitas e putrefactivas
5. NECROSE FIBRINÓIDE - Hipertensão maligna - necrose da parede muscular lisa e lâmina elástica. Extravasamento do plasma - deposição de fibrina.
Front_Line 23
6. NECROSE GORDA - Causas: Traumatismo directo do tecido adiposo e libertação extracelular de gordura - resposta inflamatória. Lise enzimática da gordura, devido à libertação de lipases pancreáticas.
Gordura mesentérica - Aspecto macroscópico -
Gordura mesentérica - Aspecto microscópico -
Extensas áreas de cor branca e amarela, consistentes ao corte.
Áreas de calcificação distrófica ou saponificação
NECROSE Diagnóstico/Prognóstico • • •
Doseamento de enzimas celulares, no soro. Fígado – Alanina aminotransferase (ALT) ÷ Creatinaquinase (CK). Músculo - Creatinaquinase (CK),÷ Alanina aminotransferase (ALT).
Front_Line 24
Aula 5 Inflamação Estímulos endógenos e exógenos podem causar lesão celular. Capacidade
de induzir
Uma reacção complexa a nível vascular chamada de inflamação. Resposta do hospedeiro (reacção de protecção), mediada por leucócitos, no sentido de eliminar a causa da lesão celular (microrganismos ou toxinas), assim como as células e tecidos necrosados, resultantes da lesão. O sistema imune pode também despoletar uma reacção inflamatória inapropriada na ausência de agente estranho (doença auto-imune). O sistema imune causa por si só lesão celular.
História da inflamação Cornelius Celsos John Hunter Rudolf Virchow
3000 AC 1793 1821-1902
Julius Cohnheim Elie Metchnikoff * Louis Pasteur Robert Koch Paul Ehrlich * Sir Thomas Lewis
1839-1884 1845-1916 1822-1895 1843-1910 1854-1915 Teoria humoral da defesa do hospedeiro (anticorpos) 1927 Substâncias químicas (histamina) produzidas no local são importantes mediadores das alterações vasculares na inflamação = MEDIADORES QUÍMICOS DA INFLAMAÇÃO.
Calor, rubor, tumor, dor Resposta não especifica c/ efeito salutar p/ o doente
Pai da patologia moderna Perda de função Fenómeno vascular Fagocitose Causa microbiana Postulado de Koch
* Prémio Nobel (1908) – factores serológicos (anticorpos) e factores celulares (fagocitose) Front_Line 25
Sinais da inflamação
CALOR
RUBOR
TUMOR
DOR
PERDA DE FUNÇÃO
Gato - Sinais da inflamação
O que é inflamação? • Reacção do tecido vivo vascularizado à agressão local (agente patogénio, célula necrosada, agente irritante); • envolvendo alterações na rede vascular terminal, no sangue e no tecido conjuntivo; • preparada para eliminar o agente causal e • reparar o tecido danificado Na ausência de inflamação, uma ferida ou infecção nunca curará e a destruição progressiva dos tecidos lesados comprometerão a sobrevida do organismo.
Front_Line 26
Inflamação/Mecanismo defesa • Doença granulomatosa crónica – pele, gânglios, pulmão, fígado, TGI, TGU e ossos - no metabolismo oxidativo dos leucócitos – radicais de oxigénio (radicais superoxido). • Sindrome de Chediak-Higashi - homem, morganho Hereford albino, baleia albina e gatos. Doença lisossómica autossómica recessiva – neutropenia e infecção piogénica recorrente, hipopigmentação – infecção bateriana • Deficiência na adesão leucocitária (LAD) – homem, bovinos (BLAD) e cão. Os leucócitos têm uma deficiência num grupo de moléculas de adesão (CD11/CD18 integrinas). Resposta do tecido à lesão
Aumento permeabilidade vascular
Front_Line 27
Formas de inflamação Aguda - Curta duração, exsudados fluídos e proteínas, acumulação redominantemente de neutrófilos. Crónica - Longa duração, influxo de linfócitos e macrófagos, destruição dos tecidos e reparação (proliferação vascular e fibrose). Patogénese da Inflamação
Inflamação aguda • Inflamação e cancro
•
Fenómenos celulares
Front_Line 28
•
Inflamação aguda é marcada por um aumento de células inflamatórias.
•
Indicador simples de inflamação aguda é um aumento de linfócitos no sangue periférico.
•
Aumento de neutrofilos (PMN's).
Fases da inflamação aguda • • •
Alteração no calibre dos vasos (vasodilatação), alteração do fluxo. Permeabilidade vascular formação de transudados e exsudados. Formação de exsudado celular migração de PMNs para o espaço extracelular
Nomenclatura inflamação Em geral, o processo é descrito através do sufixo -ite, precedido do nome do órgão ou dos tecidos afectados. Subclassificação das inflamações Nefrite intersticial Pielonefrite (A pielonefrite/infecção das vias urinárias superiores - processo infeccioso que envolve os rins, normalmente causada por bactérias que migram até eles, vindas da bexiga. Front_Line 29
• • •
Leptospirose. Nefrite intersticial multifocal e necrose tubular renal Aspecto ponteado do parenquima renal.
Cão - Rim
Classificação morfológica • DURAÇÃO • DISTRIBUIÇÃO • TIPO DE EXSUDADO • ORGÃO OU TECIDO o
Distribuição
o
Exsudado inflamatório
(Ex. Pleurite aguda fibrinosa difusa)
Seroso, Fibrinoso, Supurativo (purulento), Eosinófilo, Hemorrágico, Necrótico, Linfocítico, Proliferativo ou hiperplásico, Granulomatoso. o Classif. Orgão/Tecido • • • • • • •
Fígado - Hepatite Ovário - Ooforite Rim - Nefrite Útero - Metrite Intestino delgado - Enterite Testículo - Orquite Cólon - Colite
• • • • • • •
Olho - Oftalmite Cego - Tiflite Espinal medula - Mielite Pele - Dermatite Osso - Osteomielite Pulmão - Pneumonia, pneumonite Cérebro - Encefalite
Front_Line 30
Edema da glote
Suíno - Enterite aguda hemorrágica difusa Infecção bacteriana por organismo semelhante a Campylobacter
Suíno - Pleurite fibrinosa - Aderência fibrinosa nos folhetos da pleura
Cão - Peritonite aguda fibrinopurulenta difusa
Cabra - Pleurite fibrinosa aguda localmente extensiva
Cão - Enterite hemorrágica aguda localmente extensiva
Bovino - Miosite necrosante aguda - Miosite por Clostridium
Cabra - Abomasite micótica aguda multifocal hemorrágica necrosante
Front_Line 31
Bovino - Enterite fibronecrótica difusa Enterite por Salmonela
Bovino - Esofagite multifocal erosiva ulcerativa - Vírus da Diarreia Vírica Bovina
Front_Line 32