Pastoral

  • May 2020
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Apresentação Chegamos ao início de um novo curso por demais relevante para aqueles que aspiram ou já se encontram no exercício do pastorado. Esperamos que esta troca de idéias e informações relativas ao Ministério Pastoral, possam servir para despertar

a

cada

um

dos

alunos

para

um

aprofundamento pessoal nesta relevante área. Colocamos à disposição da turma esta apostila que trata de assuntos amplos acerca do Ministério Pastoral. Aproveitem as horas vagas e não-vagas e leiam este material para aprofundarem suas visões acerca da temática. Procurem desenvolver algum assunto pertinente a esta disciplina, elaborem textos e discutam os mesmos. Compartilhem este material com outros líderes – troquem idéias! Bom proveito !

Teologia Pastoral

2009

Ser Pastor João 10:4 "(...) vai adiante delas [suas ovelhas], e elas o seguem, porque lhe reconhecem a voz (...)"

Dagomir Marquezi, jornalista e escritor contemporâneo, sintetiza em algumas palavras a idéia popular do que vem a ser um político hoje: "Político (...) é sinônimo de mentiroso, a quem nosso voto arranja um empregão cheio de poder e tráfico de influência". Embora saibamos que existem muitos políticos corretos, que cumprem com responsabilidade e honradez suas funções, verificamos que o mal "acometedor" de políticos está (e isto é grave) na raiz, na própria natureza do homem. Se os políticos por profissão são mentirosos, será que a sociedade de onde eles provêm também é assim?

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Teologia Pastoral

2009

Novamente friso o cuidado que devemos tomar com as generalizações, até porque nesta mesma sociedade existem corações retos e a igreja de Cristo, que fazem exceções à regra. Mas, a grosso modo, o que se verifica é a falta de probidade generalizada. Às vezes tenho a impressão de que muitos vêem o pastor como uma espécie de político do tipo dominador - que, tal como um "patrão" despótico, faz o que quer com a igreja e ao mesmo tempo paternalista - que protege pessoas de sua preferência, acolhendo-as ou acobertando suas faltas, ainda que isto contrarie as normas éticas e sociais vigentes. Mas, pelo contrário, um pastor deve ser o exemplo imediato de tudo o que ele próprio fala e ensina à sua comunidade. Um pastor deve saber que foi separado por Deus para se apresentar como modelo do rebanho que lhe foi confiado por Cristo. Um pastor deve saber que a sua maior honra é poder servir, e não "se servir", ou "ser servido". Ser pastor não é "querer receber de todos" em beneficio próprio, e, sim, doar-se mais do que todos. Ser pastor é falar a verdade e caminhar com o rebanho pelo Único Caminho pelo qual a igreja deve ser guiada. Quanto a esta, precisa conhecer muito bem o seu pastor, sua vida pública e sua vida privada. E, principalmente, a igreja deve orar sempre por seu pastor. Há poucas coisas que eu gostaria de pedir à minha igreja. Na verdade, só peço mesmo a vocês que orem para que o seu pastor aprenda diariamente a ser pastor (nunca um político), e para que a Igreja de Cristo jamais venha a ser confundida com os espaços mundanos, sujeitos ao que não procede de Jesus.

Rev. Josué Rodrigues

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Teologia Pastoral

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Ser Pastor Hoje Ricardo Agreste da Silva

Reflexões sobre o pensamento de Eugene H. Peterson acerca da vocação pastoral

Nos últimos quatro anos, tenho sido tremendamente impactado pelos escritos de um pastor presbiteriano chamado Eugene H. Peterson. Ele tem sido, para mim, uma espécie de mentor em minha jornada de descoberta da vocação pastoral, em meio a tantas outras vozes com suas idéias e propostas altamente sedutoras. Este texto é fruto de minhas anotações sobre algumas de suas idéias. Assim, achei que seria interessante compartilha-lo, tanto para reflexão de outros, como para provocar a discussão sobre o que realmente significa “ser pastor”. Em minha opinião, a discussão deste assunto é hoje uma questão de vida ou morte, não somente para aqueles que desempenham o ministério pastoral, como para as igrejas que são por eles pastoreadas. Entre Domingos: Aos domingos, a vida pastoral até que não parece ser tão difícil. Afinal, tudo está relativamente em ordem, da liturgia ao sermão, do boletim ao coral e todas as pessoas, bem arrumadas e assentadas, estão prontas para participar do momento de adoração e, aparentemente, dispostas para ouvir a pregação da Palavra de Deus. O problema é que, de segunda a sábado, as coisas não acontecem de forma tão organizada, ou mesmo, previsível. As pessoas não parecem tão arrumadas e prontas para a adoração a Deus, muito menos para ouvir Sua Palavra. Então, a ordem da adoração dominical dá lugar a realidade do caos cotidiano.

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Apesar do domingo ser um dia essencial no trabalho pastoral, a maior parte deste ministério se dá nos dias que separam um domingo do outro. Por isso, pastoralmente, precisamos dar a mesma atenção ao cotidiano, procurando desenvolver a arte de pastorear em meio ao caos, ou como Peterson coloca: “praticar a arte de orar em 1 meio ao tráfico” Curar Almas: A Arte Esquecida Hoje, existe certa distinção entre o que pastores fazem aos domingos e o que fazem entre os domingos. O que fazem aos domingos não mudou ao longo dos últimos séculos: pregar a Palavra, administrar os sacramentos e zelar pela disciplina. No entanto, a tarefa entre domingos foi drasticamente alterada no último século. Antigamente, o trabalho pastoral entre domingos era parte do que era feito aos domingos. Entre domingos, pastores estavam com indivíduos ou pequenos grupos para estudar a Bíblia e orar com e por eles. O cenário mudava mas o objetivo era o mesmo: descobrir o significado das Escrituras, desenvolver uma vida de oração, guiando 2 pessoas à maturidade. Este trabalho pastoral era nomeado historicamente como o serviço de cura das almas. O sentido original da palavra latina “cura” é cuidado. Assim, como Peterson aponta, “a cura de almas, pois, é dirigido pelas Escrituras, moldado pelo cuidado na oração, dedicado a pessoas individualmente ou em grupos, em lugares sagrados e profanos. É uma determinação em trabalhar com o centro, 3 em concentrar-se no essencial.” Atualmente, o trabalho pastoral entre domingos é definido pelo trabalho de “tocar uma igreja” assim como um comerciante toca sua loja ou um empresário a sua empresa. O trabalho pastoral foi quase que inteiramente secularizado, exceção feita ao trabalho dominical. Os mentores dos pastores atuais não são os sábios mestres da antiguidade, mas os espertos consultores de liderança empresarial. A vocação pastoral não é orientada pela Uma ferramenta para o Ministério Pastoral

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oração e sensibilidade, mas pela ação e esperteza para fazer uma igreja crescer e destacar-se. Com isso, não estamos querendo dizer que no trabalho pastoral não existem atividades administrativas necessárias para a vida da igreja com as quais o pastor acabe por se envolver. No entanto, como Peterson sabiamente compara, como homens casados precisamos “tocar a casa” com nossas esposas. Contas necessitam ser pagas, pequenas reformas feitas e decisões tomadas. No entanto, no casamento e em família, “tocar a casa” não é o que fazemos essencialmente. A avenida principal de nossa vida em família é caracterizada pela construção de um lar, pelo desenvolvimento de um relacionamento conjugal sólido, pela criação de filhos, pela alegria em receber amigos, etc. Áreas de tensão: Mas não quero ser tido por idealista e irreal nas expectativas. Tenho plena consciência de que o problema maior de pastores que desejam se tornar guias de almas hoje será o fato de que este ministério se dará no meio de pessoas que esperam que eles “toquem uma igreja”. A tensão entre a vocação de um pastor e a expectativa de uma congregação se dará, segundo Peterson, especialmente em três áreas: na iniciativa, na linguagem e nos problemas. A tarefa de “tocar uma igreja” exige muita iniciativa. Desde a concepção da idéia, da motivação do grupo, até o recrutamento, o treinamento e a supervisão do trabalho. Iniciativa é essencial e o combate a indolência imprescindível. Diferentemente, no trabalho da cura de almas, o pressuposto básico é de que Deus já tomou a iniciativa em todo lugar e a todo momento. Ele já está no controle da situação. Deus já está atuando diligente, redentiva e estrategicamente antes de eu aparecer em cena. Assim, enquanto as perguntas de alguém que “toca uma igreja” são: O que devemos nós fazer ? Quais as providências que devemos nós tomar para melhorar esta comunidade ? As perguntas de quem “cura almas” são: O Uma ferramenta para o Ministério Pastoral

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que tem Deus feito na vida deste grupo de forma que possa eu participar ? Como a graça de Deus tem se manifestado entre eles de forma que eu possa explicitar ? O que Deus quer fazer deles de forma que eu possa contribuir ? Assim, o trabalho pastoral de curar almas, no que se refere a organização e planejamento do grupo, se torna não necessariamente um trabalho de ter e vender idéias, mas de descobrir o que Deus já tem feito na história do grupo e o que ele ainda deseja fazer em suas vidas, vivendo o ministério de acordo com esta direção. Na tarefa de “tocar uma igreja” a linguagem básica usada é descritiva e motivacional. Descritiva por que quero que as pessoas estejam informadas acerca do que fazer. Motivacional por que então as pessoas se engajarão no que deve ser feito. Diferentemente, no trabalho de curar almas, o pastor esta muito mais interessado no que as pessoas são e no que estão se tornando em Jesus do que no que sabem e nas funções que podem desempenhar. É claro que, como pastores, temos muito o que ensinar e muito que desafiar a fazer. Mas nosso primeiro trabalho na vida das pessoas está relacionado não ao que sabem ou ao que fazem, mas ao que são. Ser pastor implica em descobrir e usar, primariamente a linguagem relacional que tem lugar na conversa com pessoas e na oração para com Deus Na tarefa de “tocar uma igreja”, uma das atividades mais comuns está relacionada a resolver problemas. A grande dificuldade é que os problemas vão surgindo com tanta intensidade que a solução dos mesmos torna-se o trabalho integral do pastor. Diferentemente, na tarefa de curar almas, os problemas não são vistos como dificuldades a serem resolvidas, mas como mistérios a serem explorados. No entanto, na sociedade secularizada em que vivemos, nada gera mais desconforto nas pessoas do que as situações que não podem ser explicadas, controladas e direcionadas imediatamente. Se deixarmos que nossa tarefa pastoral se restrinja a solução simples e imediata de problemas, estaremos abrindo mão de uma Uma ferramenta para o Ministério Pastoral

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das mais significativas experiências pastorais que é a de guiar as pessoas em meio ao caos e ensiná-las a orar no meio do tráfico do cotidiano. 1. Eugene H. Peterson, The Contemplative Pastor (Grand Rapids: Eerdmans, 1993), p. 54. 2. Em seu outro livro, Working the Angles (Grand Rapids, Eerdmans, 1994), Peterson trabalha estes três elementos: Palavra, Oração e Orientação Espiritual, como sendo os três atos essenciais no ministério pastoral. 3. Eugene H. Peterson, The Contemplative Pastor, p. 57. Ricardo Agreste da Silva é Pastor Presbiteriano e atua como professor de tempo integral no Seminário Presbiteriano do Sul em Campinas - SP

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QUE É UM PASTOR? Walter Santos Baptista De acordo com Efésios no capítulo 4, os versos 11e 12, o ministério da Palavra é um dom especial de Jesus Cristo à Sua igreja, havendo um objetivo definido para esse ministério. O propósito é o treinamento dos crentes; é o estimulo à obra do discipulado; é o crescimento do crente individual e da igreja como corpo forte, robusto, poderoso. É, ainda, a consecução do múltiplo propósito que Jesus tem para Sua igreja que é o de derrubar as portas do inferno, o de resgatar vidas das mãos de Satanás, de batizar essas pessoas e de discipulá-las. E esses dom foram dados por Deus em resposta às orações do Seu povo. O povo de Deus pedia. Em Mateus 9.37, 38 está registrado: "Jesus diz aos discípulos: A seara é realmente grande, mas os ceifeiros são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que envie ceifeiros para a sua seara". Por isso, o que se requer daquele que busca o ministério da Palavra é uma convicção da chamada especial da parte de Deus. Não pode ser uma pessoa que não tenha chamada, porque o ministério, o pastorado, o episcopado não pode ser abraçado como se escolhe uma profissão. Lembro-me de um moço que me procurou uma ocasião e disse que achava que Deus o estava chamando para o ministério. Perguntei-lhe, "Qual é a evidência que você tem de que Deus está chamando você para ser pastor?" Ele não era ovelha minha, era de uma outra igreja e viu escrito na parte externa do templo ACONSELHAMENTO, então entrou e veio se aconselhar. Respondeu-me: "Pastor, eu acho que Deus está me chamando para o ministério porque já fiz o vestibular três vezes e fui reprovado. Então eu acho que é por isso que Deus está me chamando para ser pastor". Disse-lhe que não fosse para o seminário, que ele estava muito enganado, porque Deus não chama fracassados nem desocupados. Quando Jesus Cristo chamou os seus apóstolos, todos estavam trabalhando. Todos estavam na sua profissão, consertando redes, pescando ou no escritório como fiscal de rendas. Uma ferramenta para o Ministério Pastoral

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Relatos da Bíblia mostram que quando Deus ou o Senhor Jesus Cristo chamou, o vocacionado estava numa atividade como Moisés que apascentava ovelhas. Ou como Davi que também apascentava ovelhas e os outros que acabei de mencionar. A Escritura Sagrada enfatiza a vocação divina, um sentimento tão forte naquele que é chamado que levou Isaías, que estava cultuando no templo, a exclamar como está registrado em Isaías no capítulo 6, no final do verso 8 onde ele diz: "Envia-me a mim". A mesma coisa aconteceu com Amós. Amós estava apascentando o gado e quando ele estava pastoreando o gado, ouviu a palavra do Senhor. E respondeu "Eu não era profeta, nem filho de profeta". Ele está falando aqui a Amazias. "Mas boieiro e cultivador." Era agricultor. "Mas o Senhor me tirou de após o gado e me disse: Vai, profetiza o meu povo Israel." É assim que Deus faz. É assim que Deus age. Ou como dizia o saudoso pastor Valdívio Coelho, "Uma chamada divina, que envolve um preparo divino para uma obra divina". E isso tem base bíblica, 2Coríntios, capítulo 3, fala sobre esse assunto. Por essa razão, se alguém entra no ministério sem chamada vai ser um infeliz; mas, se você também ouviu a chamada e não entrou no ministério, vai ser tremendamente infeliz por uma razão, e essa razão está na palavra de Jesus Cristo em João no capítulo 15 que diz "Não fostes vós que me escolhestes mas fui eu que vos escolhei e vos designei para que vades e deis fruto." E se alguém abandona essa chamada há de ser infeliz. Por isso a pergunta base é: Que é um pastor? Estamos trabalhando em cima de um tema que já foi objeto de reflexão. Talvez temos agora alguma variante. E quero dizer aos irmãos, especialmente os crentes mais novos, aqueles que estão ainda se preparando para o batismo, Que é um Pastor? O PASTOR É UM PROFETA E essa é uma palavra muito interessante, no entanto, ninguém queira que eu adivinhe o futuro. Profeta não é isso. Profecia não é adivinhação do futuro. Na mente de Uma ferramenta para o Ministério Pastoral

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muitas pessoas significa uma predição do futuro, uma adivinhação. Talvez na linha daquele povo que diz assim: "Previsões para o ano 2000". Não, isso não é ser profeta. No entanto, a palavra tem conotação muito mais ampla, muito mais profunda e mais consistente e séria porque pela Bíblia Sagrada, profeta é quem fala em nome de Deus, é o porta-voz de Deus. E a Bíblia ensina que isso é um carisma. 1Coríntios capítulo12 menciona entre os dons o de profecia. E porque profetiza, ou seja, por que proclama a palavra do Senhor, porque edifica, exorta, consola homens individualmente e a igreja como um todo, quando a proclamação não existe, vai chegar a derrota e na Palavra Santa está com toda clareza e com toda as palavras a expressão de Provérbios 29 que fala "Não havendo profecia o povo se corrompe". Portanto, a função primária, basilar, fundamental do profeta é se colocar entre Deus e a pessoa humana e comunicar o propósito eterno, comunicar a sua vontade. Sem dúvida alguma irmãos há uma tradição milenar atrás de cada sermão que é pregado de qualquer púlpito cristão. E mesmo assim, cada sermão deve ser atual. Apesar de uma tradição milenar desde o tempo dos profetas, cada sermão deve advertir sobre o pecar, deve advertir sobre a justiça e deve advertir sobre o juízo de Deus. Cada sermão há de chamar a atenção para as conseqüências morais e espirituais da conduta do ouvinte. E aquele que é arrependido deve apontar a misericórdia e deve apontar o perdão de Deus e a bênção da vida com Deus. Por isso, a palavra do profeta nunca é: "Assim eu digo", "assim diz Walter Baptista", não. A palavra do profeta é: "Assim diz o Senhor". "Ou palavra do Senhor que veio a...". Como está na Bíblia Sagrada. Como profeta, o ministro da palavra tem mensagem. Mensagem de luz, mensagem de vida, mensagem de conforto, de inspiração, de salvação que deve ser sempre fiel e reta e ortodoxa. Palavra de orientação para a vida porque Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e eternamente. Cada profeta então é uma sentinela guardando a doutrina que veio dos lábios do Senhor e do ensino apostólico. Sentinela e pastor.

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Acontece que hoje está muito fácil se chamar "pastor". Há tantos desqualificados sendo chamados de "pastor" que é uma verdadeira calamidade. É um quadro que vemos amiúde. Mas a Bíblia mostra que não é assim. A Bíblia diz que sempre existiram aproveitadores, que sempre existiram mal intencionados, que sempre existiram cavadores de lucro. E a palavra de Deus vai dizer assim, "Estes cães são gulosos, nunca se podem fartar; são pastores que nada compreendem; todos eles se tornam para o seu caminho, cada um para sua ganância, todos sem exceção" (Is 56.11). É como está colocado. Querem ver mais? Jeremias 14:14, "Disse-me o Senhor: Os profetas profetizam falsamente em meu nome, não os enviei, nem lhes dei ordem, nem lhes falei; visão falsa, adivinhação, vaidade e o engano do seu coração é o que vos profetizam". Há outros textos da palavra. Nunca foi tão fácil para alguns, talvez devêssemos dizer para tantos, reivindicarem, falarem em nome do Senhor, explorando uma pessoa simples, incauta e até mesmo aquele que está desejosa de ser manipulada. Nunca foi tão fácil como nos dias de hoje, e, no entanto, a palavra do Senhor é tão clara sobre este assunto porque diz em Jeremias 3:15 "Dar-vos-ei pastores segundo o meu coração, que vos apascentem com conhecimento e com inteligência". Por isso, Paulo recomenda "Não desprezeis as profecias". Pastor é, então, o quê? Um profeta. O PASTOR É UM ANJO. Agora ninguém espere ver um par de asas nas costas do pastor Walter nem debaixo do paletó. É porque tem uma história que diz que o pastor foi almoçar na casa de uma família. E quando chegou, a menininha da família começou a andar por trás da cadeira do pastor. Ia lá e Uma ferramenta para o Ministério Pastoral

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vinha cá, fazia a volta e ia, olhava e mexia e tocava no pastor. Aí a mão disse: "Rosinha pára com isso, menina! Que história é essa, você andando para lá e para cá?!". A menina respondeu: "Eu estou procurando as asas: a senhora não disse que o pastor é um anjo...". Então há quem queira ver essas asas nas costas do pastor. Mas vamos entender irmãos. Porque a palavra "anjo" tem significado. Anjo é aquele que traz uma mensagem, um mensageiro. E Paulo se refere a isso quando em Gálatas no capítulo 4.14, ele diz: "Embora minha enfermidade na carne vos fosse uma tentação, não me rejeitastes, nem me desprezastes antes me recebestes como a um anjo de Deus". E no Apocalipse também a palavra "anjo" é usada largamente quando as sete cartas são enviadas ao pastor, ao anjo, da igreja de Filadélfia e às demais. A pregação é algo extraordinário! Fico fascinado pela pregação. Quando saio de férias, recomendam-me: "Pastor, não leve o paletó: porque se levar o paletó, vai ter que pregar em algum lugar", mas, eu sempre levo o paletó. Pregar não cansa. Pregar não me cansa. Sou fascinado pela pregação. Spurgeon, o grande Charles Spurgeon, entrou em um auditório que recém-inaugurado em Londres, o Albert Hall. Naquele tempo não havia microfone, nem ampliação de som. Tudo era à viva voz, e aquele auditório havia sido construído dentro dos mais modernos recursos de acústica da época. E o evangelista havia ouvido falar sobre isso. Entrou no auditório, que estava completamente vazio. Quando ali chegou, foi para o palco, e com a voz poderosa de pregador, exclamou: "EIS O CORDEIRO DE DEUS QUE TIRA O PECADO DO MUNDO!!!" e repetiu, "EIS O CORDEIRO DE DEUS QUE TIRA O PECADO DO MUNDO!!!" Experimentou e saiu convencido de que a acústica era excelente. Quando chegou à porta. um homem o procurou Uma ferramenta para o Ministério Pastoral

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e disse: "O senhor que é o pastor Spurgeon?" Ele disse: "Sou eu". Continuou o homem, "Só quero dizer que aceito a Jesus Cristo. Eu sou pedreiro, estava trabalhando na sala do lado quando ouvi o senhor falar lá dentro. E essa palavra me tocou". A pregação dele foi só isso: "Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo". O homem ficou convencido dessa verdade e se converteu. É necessário que haja da parte do pastor verdadeira conversão. Como poderia ele falar de uma experiência que não conhece? O que se pode dizer de uma determinada fruta, o seu gosto, se nunca se experimentou da mesma? Quando eu estava em Singapura, falaram de uma fruta chamada durian. É da família da jaca, da frutapão, da pinha, da graviola. Essa fruta é um pouco maior que uma graviola; mais espinhenta que a jaca, e dizem que é a fruta mais saborosa do mundo. Essa foi a declaração que ouvi por lá, e li, até, afirmando esse fato. Fomos, finalmente, apresentados à durian. Se é mais saborosa, não sei porque não tive coragem de experimentar. No entanto, eu sei que é a mais fedorenta do mundo... Fede que nem esgoto. Dizem que quando se come um bago da fruta, é algo deliciossíssimo. Não tive coragem porque o fedor era de esgoto em dia de chuva. Meus amados, não posso falar do sabor da durian porque não o conheço. Outra coisa que o pastor deve ter é piedade cristã para resistir ao escrutínio das outras pessoas. Está na palavra em 1Timóteo 4.12. O apostolo Paulo ele diz o seguinte ao jovem pastor Timóteo, "Ninguém despreze a tua mocidade: mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, na amor, no espírito, na fé, na pureza". No boletim de hoje, foi transcrita uma palavra do Pr Nilson Fanini bem parecida com essa. Como o pastor tem sido vítima de cobranças fiscais. Sua vida é vasculhada e os procuradores de agulha no palheiro usam lente de aumento sobre as falhas do ministro do evangelho. Por quê? Para orar com ele? Nem sempre. Ele precisa ter uma fé sadia também e ter uma fé que seja ortodoxa. Aliás, se não for ortodoxa nem é sadia nem é fé. Uma ferramenta para o Ministério Pastoral

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Que não seja amante de novidades. Hoje é um tempo em que se ama a novidade. Nós preferimos ficar com a Palavra sempre. Há muita novidade barateando o culto divino, nós preferimos o culto digno do nome do Senhor. Há muito culto que satisfaz mais ao ego dos chamados pastores que realmente às necessidades do povo. Pois é, o pastor é um anjo. Por isso ele precisa de ter todas essas características aí. Ele precisa conhecer a Deus, andar com Deus, ter comunhão com Ele. Ele precisa conhecer as ciências teológicas. Ele tem que ter capacidade mental e eu diria capacidade acadêmica, conhecimento bíblico adequado. Ele pode não saber tudo, é verdade, mas o que ele sabe, deve saber bem e ele deve continuar aprendendo, lendo, lendo muito para saber cada vez mais. Por isso, não é demais até lembrar que Paulo tinha muito amor pelos livros, por isso pediu que quando viesse, Timóteo trouxesse o livro. Precisa conhecer o ser humano também, conhecer as ciências humanas, conhecer a pedagogia, conhecer a psicologia, conhecer as relações humanas, conhecer aquilo em que o ser humano é forte e aquilo que o ser humano é fraco. Agir para aquilo que é forte na sua ovelha continue forte e progrida até e aquilo que é fraco seja colocado com resistências, fortaleza e ele possa crescer igualmente. Como mensageiro de Deus, como anjo de Deus, deve fortalecer aquele que está triste, animar o cansado, levantar o que está derrubado na vida, o joelho tremente, consolar aquele que está desconsolado, fortalecer o debilitado e mostrar o caminho ao que está indeciso. Como anjo de Deus é mensageiro do Espírito de Deus, da fé, da esperança, do amor, da salvação e da libertação e do perdão que vem de Deus. Por isso, como mensageiro de Deus, como mensageiro da palavra divina, sinto ao meu lado quando prego, as testemunhas do Senhor, essa legião de testemunhas de que Hebreus fala. Sinto ao meu lado Elias e Moisés e Isaías e Jeremias e Ezequiel e Daniel e Oséias, Joel, Amós e os apóstolos. Não é que esteja tendo visões nem fantasmas juntos de mim, mas, Uma ferramenta para o Ministério Pastoral

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na mesma linha, na mesma tradição e na mesma palavra que eles anunciaram e pregaram ao seu povo. Primeira coisa que nós dissemos é que o pastor é um profeta. Segunda coisa, o pastor é um anjo, mas há uma terceira o pastor é um homem. Descobri que ser anjo não é difícil e que também não é difícil ser profeta. Difícil é ser humano. Pastores são não somente humanos mas precisam ser plenamente humanos. Razão porque todo pastor pede uma dose de compreensão, uma dose de paciência e uma dose de tolerância. Isso é dito porque há quem espere que o pastor, qualquer pastor de qualquer igreja em qualquer lugar, seja um bom pregador e que tenha dois bons sermões todo domingo e que tenha um bom estudo em todo Culto de Oração e que atenda no gabinete a qualquer hora do dia, inclusive no seu dia de folga, e que seja somente sorrisos; que não canse e que não desanime em certas horas, e que não tenha tristezas e que tenha inclusive p condão de fazer a maravilha das maravilhas que é estar em dois lugares ao mesmo tempo. Talvez, se possível for, em três lugares ao mesmo tempo, como já tem acontecido comigo, dois compromissos, três compromissos e a pessoa fica zangada porque a só se pode atender a um deles. O Pastor é um homem num mundo de homens. Em 2Timóteo 3, apresentam-se as condições do mundo nos últimos dias. Essas condições que estão aqui em 1Timóteo 3:1-5 são as nossas condições hoje. Aliás, 2Timóteo 3:1-5, "Sabe, que nos últimos dias sobrevirão tempos difíceis. Os homens serão amantes de si mesmos, gananciosos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos", e aí segue com um catálogo de coisas do nosso tempo. É nesse mundo que nós exercemos o ministério. São dias difíceis. E a descrição do coração desses homens ímpios é a de um povo que se distancia de Deus, de um povo que transgride as leis da decência. É um povo saturado de orgulho, de lascívia, com novas formas de piedade, Uma ferramenta para o Ministério Pastoral

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negando, porém, o Deus vivo e verdadeiro. E Paulo fala de blasfêmia; fala de ingratidão, de calúnia, de atrevimento, de orgulho. Por isso, enquanto o mundo desce a ladeira do inferno, Timóteo, o jovem pastor, é exortado à fidelidade à palavra de Deus bem como todos os outros pastores. Porque de hora em hora o mundo piora. Mas como o pastor é um servo da palavra, ele deve manter na consciência que ele pertence ao seu povo. Ao povo que o Senhor lhe confiou. Ele pertence à palavra que ele anuncia. Ele pertence a Deus que o escolheu e o comprou e o fez ministro de Sua palavra. Isso quer dizer que há de ser homem de oração e totalmente submisso e consagrado a Cristo e à Sua causa, pois sem Deus na vida, não tem o que oferecer, não tem o que dizer a quem busca o seu conselho ou a quem vai ouvir os seus sermões. O pastor é um homem no mundo dos homens, mas é um homem de Deus. Ele é um símbolo diz o doutor Wayne Oates em um livro sobre este assunto. Que ele é um símbolo da fé cristã, um símbolo do evangelho, um símbolo da graça e é por esse motivo que lá na Segunda Carta aos Coríntios, no capítulo 4 está dito da seguinte maneira: "Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós. Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados; Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos; Levando sempre por toda a parte o morrer do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se manifeste também em nossos corpos". É homem que se apropria portanto da verdade divina e a repassa a suas ovelhas. Ele é um mestre e é um ministro. Aí eu quero explicar a palavra mestre e a palavra ministro. Os irmãos sabem que a palavra mestre vem do latim magister, de onde vem magistério, de onde vem magistrado, de onde vem magistratura. E essa palavra magister, ela guarda uma raiz, magis, que quer dizer Uma ferramenta para o Ministério Pastoral

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"mais". Por que é que o mestre, o magister ou o magistrado eram procurados? Porque tinham algo a mais a oferecer. Mas ele é um ministro. Ministro vem de minister onde está a raiz minus que quer dizer menos. Ministro era o escravo. Ministro quer dizer isso aí. Pensa-se que hoje a palavra "ministro" é pomposa e nós dizemos o primeiro escalão do governo, os ministros. Ministro quer dizer escravo. Porque era uma pessoa que tinha de menos. Não o procuravam porque tinha de mais, mas, sim tinha de menos. Por isso, era ele que tinha que carregar cargas, transportar uma mesa, pegar uma coisa ali adiante, fazer isso. Trabalho pesado era do minister, do escravo. O pastor é ao mesmo tempo um mestre e um ministro. Ele ao mesmo tempo passa e repassa aquilo que ele tem de mais, mas, ao mesmo tempo ele também sendo mestre, ele é um servo, é um ministro. É um homem de Deus mas não é um super-homem, é um ser humano vulnerável, e é por esse motivo que ele busca ser fortalecido pelo poder do Alto. É vulnerável por isso, infelizmente, comete o pecado de envelhecer. Dizem que uma igreja estava procurando um pastor. A Comissão de Sucessão Pastoral entrevistou um determinado obreiro já maduro e ficou muito satisfeita com os resultados da entrevista, quando alguém se lembrou de fazer uma perguntinha que estragou tudo: "Pastor, quantos anos o senhor tem?" Responde o candidato, "Tenho sessenta e dois." Aí, a igreja sentiu que a Comissão murchou, porque ele tinha sessenta e dois anos: não foi convidado... Virou moda fazer o perfil do pastor. Uma igreja em nossa cidade, quando foi escolher o novo pastor, fez o "perfil do pastor". Entre outras coisas dizia que o pastor deveria ter até determinada idade. Nilson Fanini não poderia ser pastor daquela igreja, Billy Graham. Nenhum desses grandes homens de Deus podia ser pastor. Porque já haviam passado daquela idade. O único perfil que conheço e reconheço é o que está no Novo Testamento, na palavra de Deus: 1Timóteo 3; Tito 1;1Pedro 5.

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O pastor é humano, muito humano, é vulnerável, razão porque ele busca o poder de Deus; e não pode ter medo de responsabilidades; não pode ter medo de críticas e não pode ter medo do aparente fracasso. Pastores são profetas, são anjos e são homens, simples homens, mas, pastores são cooperadores, são facilitadores na obra do Senhor e o ministro do evangelho é um servo voluntário como Jesus e há de caracterizar-se pela unção do Espírito debaixo de cujo poder vive. E já que um enorme muro de separação existe e sempre tem existido entre os homens (Paulo fala disso em Efésios 2), ao ministro do evangelho é confiada a causa da reconciliação porque já chegou a boa nova de que em Jesus Cristo há salvação, a barreira foi quebrada e nós somos feitos um. O que é necessário é amar a Cristo. Porque quando isso acontece, esse amor de Cristo se estende naturalmente àqueles a quem Jesus Cristo também ama, o Seu rebanho. Jesus perguntou a Pedro: "Pedro, tu me amas? Simão, filho de Jonas, tu me amas verdadeiramente?" A pergunta foi essa. A pergunta foi Pedro agapos me? Tu me amas verdadeiramente? E Pedro deu uma resposta infeliz. Os irmãos viram que na Bíblia, Pedro dizer assim: "Senhor, Tu sabes que eu Te amo." Mas Jesus perguntou três vezes, "Senhor, Tu sabes que eu Te amo". Ele não disse agapo te. Pedro, agapos me? Ele devia responder, "Agapo te". Ele disse: "Filo te" é outra palavra. Filo, vem de filos que quer dizer amigo. "Senhor, Tu sabes que eu sou teu amigo". Foi isso que Pedro respondeu para Jesus, que pergunta de novo: "Pedro, tu me amas de verdade?". "Ó Senhor, Tu sabes que eu sou teu amigo." E finalmente, a resposta, "Senhor, Tu sabe todas as coisas. Tu sabes que eu te amo". Por isso, Jesus disse, "Apascenta os meus cordeirinhos, pastoreia minhas ovelhas." O amor a Jesus Cristo meus irmãos, é condição sine qua non para que um ministro do evangelho possa se sustentar no evangelho da Palavra, no ministério e sempre nesse amor a Cristo, a Deus, e aos irmãos.

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Walter Santos Baptista, Pastor da Igreja Batista Sião em Salvador, BA

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A chamada para pregar A primeira de todas as perguntas, que se fazer em questão de ministério é: o ministro é realmente chamado por Deus para pregar o evangelho? Em caso negativo, fariamos bem sefechássemos esta apostila e deixássemos de lado este assunto. Não é o propósito deste estudo capacitar, quem quer que seja, a adquirir a arte de pastorear uma igreja, se não foi, antes de tudo, real e pessoalmente “enviado” à seara do Senhor, Mt 9.38.

A) A chamada universal. Há um sentido em que todos os crentes são chamados para pregar ou proclamar o evangelho. Em I Co 12.13 somos lembrados de que, todos fomos batizados em um corpo, tendo bebido todos do mesmo Espírito. Sabemos muito bem que a vida e a natureza de Jesus Cristo, a cabeça da Igreja, se caracteriza pelo amor às almas perdidas e por um intenso espírito de evangelização, Lc 19.10. Se nosso Senhor como a cabeça da Igreja derramou Sua vida pelos perdidos e continuamente busca salvá-los, obviamente o corpo, que participa da mesma vida e natureza da cabeça, visará a salvação dos perdidos. Tudo que ficar aquém disso provará, em igual medida, a falta de relação vital entre o corpo e a cabeça. A mesma figura é usada em Rm 12.4, onde se declara que, em Cristo, somos um só corpo, e que estando em Cristo, participamos de sua própria vida e natureza. A ilustração da videira e seus ramos é empregada em Jo 15.1-8. Uma ferramenta para o Ministério Pastoral

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Posto que Ele é a videira e nós os ramos, permanecemos nEle e dEle sorvemos a própria vida que nos sustenta. Dotados dessa vida, damos fruto para a videira. Somos meros canais, através dos quais a seiva vital da videira corre, visando à produção do fruto. B) A chamada específica. Sem contradizer a premissa exposta anteriormente, podemos fazer ainda outra declaração que, a princípio, poderá parecer contraditória. Já dissemos antes que, em certo sentido, cada membro da Igreja cristã é chamado para anunciar o evangelho. Mas neste ponto queremos afirmar a existência de uma chamada específica para pregar. Certas pessoas têm sido escolhidas pelo Senhor para servir de modo definido e marcante, como pregadores da fé. Antes de comprovarmos essa afirmação por algumas passagens bíblicas, vejamos primeiramente se compreendemos a razão e a necessidade disso, já que há harmonia e não contradição, no fato de que todos são chamados mas alguns são especialmente convocados. Uma grande firma anuncia que precisa de trabalhadores. Em resposta, cerca de cem homens se apresentam no escritório em busca de colocação. Todos são aceitos e recebem ordem de se apresentarem ao chefe na manhã seguinte. Ao chegarem, o chefe distribui os serviços a cada um. Uma ferramenta para o Ministério Pastoral

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Foram “chamados” no dia anterior, mas agora, a cada um deve ser designada a sua tarefa individual. Quando um grupo de operários é contratado para construir um edifício, por exemplo, a cada um deve ser distribuído um serviço específico, pelo construtor e mestre de obras. Diferentes especialidades são necessárias, desde o arquiteto, o desenhista, até o construtor, os pedreiros, os carpinteiros, os eletricistas, os rebocadores, e os serventes. Grande variedade de atividades é requerida para que uma obra seja terminada e cada fase da construção deve ser harmonizada e integrada de forma a não haver repetições desnecessárias, e nada deixado por fazer. O Senhor Jesus Cristo é verdadeiramente o “Senhor da seara”, Mt 9.38. Ele é o proprietário que sai pela manhã a fim de contratar trabalhadores para a sua vinha, Mt 20.1. Ele está incumbido de evangelizar o mundo, e precisa de um grande exército de trabalhadores para realizar a tarefa. É mister uma variedade de ministérios a fim de ser alcançado o alvo. A Ele cabe a gerência total e o planejamento que visam a terminar, de maneira segura e eficaz, essa grande obra. Precisa de missionários e evangelistas na linha de frente. Precisa daqueles que devotam sua vida à oração. Ainda necessita de outros que sejam liberais nas finanças que sustentem os obreiros na frente. Fazem-lhe falta tanto os que vão aos campos como os da retaguarda. Não podemos prescindir de professores e membros da Escola Dominical, de Uma ferramenta para o Ministério Pastoral

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diáconos, de presbíteros, de porteiros e de líderes de jovens. Cada crente tem seu próprio trabalho que lhe é determinado pelo Senhor da seara. Faz parte do privilégio e dever de cada membro da família de Deus, de cada obreiro da vinha do Senhor, de chegar-se pessoalmente àquele que é o Senhor, recebendo dEle a tarefa específica que o Mestre lhe deseja entregar. A alguns Deus chamará para o ministério de tempo integral, que lhe absorverá todas as energias. Contudo, ele chama a todos os crentes para servirem conforme a capacidade de cada um. C) Variedades de ministérios. Ao lermos Rm 10.15; 12.4-8 e Ef 4.8,11, observamos a variedade de ministérios que o Senhor pode repartir ao seu povo. O terceiro capítulo de Timóteo começa com a descrição dos presbíteros ou bispos e o oitavo versículo introduz os diáconos e as características de seu ministério. Assim, nesse capítulo, dois níveis ou espécies de ministros são indicados. Em I Co 12.11, 18 ficamos sabendo que o Senhor dispôs os membros no corpo, segundo a sua vontade. Uma interessante revelação quanto aos propósitos e ao plano de Deus nos é outorgada nos primeiros seis versículos do capítulo 31 de Êxodo. Bezalel e Aoliabe foram chamados por nome e foram dotados do Espírito de Deus para que recebessem habilidade em toda obra. O serviço deles consistia em artesanato altamente especializado envolvendo: trabalhos em ouro, prata e bronze e em lapidação de pedras preciosas. Nesse caso, Uma ferramenta para o Ministério Pastoral

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encontramos homens especificamente chamados e até mesmo cheios do Espírito Santo, a fim de se tornarem artesãos habilitados. A tarefa secular deles foi determinada por Deus. Isso revela claramente que Deus chama alguns para o trabalho secular, e os habilita para isso. Portanto, pode-se esperar que Ele continue chamando muitos, na igreja, para serem hábeis em serviços seculares. Exemplo o diaconato. Atos 6.1ss.

D) Ministros Meramente Profisionais Os primeiros discípulos foram tirados de suas ocupações diárias, segundo está escrito em Jo 1.35-51 e Mt 4.19. O jovem Davi, em I Sm 16.12, foi ungido com óleo para que posteriormente se tornasse rei de Israel. Mui especificamente, do mesmo modo, o apóstolo Paulo foi chamado e escolhido para anunciar o nome e autoridade Cristo perante os gentios, os reis e os filhos de Israel, Atos 9.15. E assim ocorre nas chamadas divinas para ministérios de tempo integral. Não há o que duvidar quanto a Deus operar dentro desse padrão até o dia de hoje. Aqueles que pensam em dedicar suas vidas inteiramente ao serviço cristão, tenham o cuidado de certificar-se se possuem indicação específica à tarefa da parte do Senhor da seara. A falsa chamada é questão seríssima. “Assim diz o Senhor Deus! Ai dos profetas loucos, que seguem o seu próprio espírito sem nada ter visto! ... Uma ferramenta para o Ministério Pastoral

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Tiveram visões falsas e adivinhações mentirosas os que dizem: O Senhor disse; quando o Senhor não os enviou; e esperam o cumprimento da Palavra”, Ezequiel 13.3, 6. Aimaás ficou tomado pelo entusiasmo do momento e pelo exemplo de Cusi, o etíope, mensageiro escolhido. E rogou a Joabe que lhe fosse dada permissão para correr. Joabe retrucou: “Para que agora correrias tu, mau filho, pois não tens mensagens ... conveniente” II Sm 18.22. Mas mediante a insistência, Joabe consentiu a Aimaás que fosse, e correu tanto que chegou à frente do verdadeiro mensageiro. Ora, Aimaás era homem bom e cheio de zelo, II Sm 18.27, mas não tinha mensagem real, e o rei Davi, sem dar atenção, o pôs de lado. Quão inútil e embaraçosa foi a corrida dele! Porém quando o Senhor se declara contra os profetas sem mensagem e sem visão, a situação se torna muito mais séria. Deuteronômio 18.20 declara: “Porém o profeta que assumir de falar alguma palavra em meu nome, que eu lhe não mandei falar ... esse profeta será morto.” Seria muito melhor passar a vida em uma tarefa secular, fazendo aquilo que é inofensivo, ainda que espiritualmente inútil, do que Uma ferramenta para o Ministério Pastoral

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intrometer-se no sagrado terreno espiritual. Nadabe e Abiu entraram no antigo tabernáculo levando fogo estranho; e da parte do Senhor saiu uma chama que os consumiu, e morreram perante o Senhor, Lv 10.1,2. Nem ao menos se permitiu ao pai (Arão), e aos irmãos que os levantassem, porquanto isso daria a impressão de estarem contra Deus, que os julgara. Antes de brincar com fios de alta tensão do que ser leviano com as coisas santas! A observação geral leva-nos a concluir que há pessoas que escolhem o ministério do evangelho como profissão a fim de adquirirem prestígio social e terem oportunidade de exibir suas aptidões tribunícias e sociais. A ocasião de dedicar-se à leitura e ao estudo, uma vida relativamente fácil, e a posição social na comunidade, constituem grande atração para certos homens. Os tais monopolizam a chave do conhecimento; postam-se à porta do reino dos céus e ali não entram nem permitem que outros entrem, Lc 11.52. São líderes cegos para guiar cegos, sem o conhecimento da vida eterna e das verdades do reino, e que ousam ocupar a posição de chefes e apascentadores de almas. Mas, destituídos de Uma ferramenta para o Ministério Pastoral

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vida e do conhecimento espiritual, são incapazes de transmitir essas riquezas àqueles que os ouvem. Quão grande não será a condenação destes, tanto da parte daqueles aos quais iludiram, como da parte do Senhor, o Juiz de todos. E) O “Modo”da Chamada. Alguns, todavia, perguntam a esta altura: como pode alguém ser chamado? Como pode alguém saber que está sendo chamado por Deus para o serviço do evangelho? Como evitar o equívoco de Aimaás e o crime fatal de Nadabe e Abiú? Como pode alguém ter a certeza de não servir de empecilho para os outros entrarem no reino, como no caso dos antigos fariseus? Essas são realmente perguntas cabíveis, que exigem respostas francas. F) Um Conceito Espiritual. O chamado para a prédica do evangelho é uma concepção espiritual. “Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-les porque elas se discernem espiritualmente” I Co 2.14. Essa é uma daquelas “coisas do Espírito de Deus” que o homem Uma ferramenta para o Ministério Pastoral

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naturalmente não pode compreender, mas que, não obstante, são perfeitamente claras e reais para o homem regenerado. O Senhor mesmo afirmou, em Jo 10.27: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz.” Essa voz é inaudível para os ouvidos naturais, mas perfeitamente inteligível para o coração do homem nascido do alto. Elias a ouviu, tendo denominado de “voz mansa e delicada” I Rs 19.12. E Isaías escreveu: “... os teus ouvidos ouviram atrás de ti uma palavra, dizendo: este é o caminho, andai por ele” Isaías 30.21. No mais profundo da alma do filho de Deus haverá uma voz meiga e suave que lhe chegará a consciência, e que lhe servirá de chamada para o serviço do Senhor, como se fosse uma trombeta. G) Iniciativa Divina. Via de regra, em todo o chamado feito por Deus, Ele próprio toma a iniciativa. “Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros, e vos designei para que vades e deis fruto e vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome , ele vo-lo conceda”, Jo 15.16. Talvez não tendo consciência disso poderemos pensar, inicialmente, que foi nossa apresentação voluntária Uma ferramenta para o Ministério Pastoral

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para o serviço cristão que deu começo à nossa carreira nessa direção; mas o impulso inicial veio de Deus. É absolutamente necessário compreender isto. E, se a iniciativa é dEle, cabe-lhe também a responsabilidade por todo o empreendimento. Posto que Ele vê o fim desde o princípio e conhece nossas possibilidades e falhas, e apesar disso nos chama para o Seu trabalho, podemos concluir que Ele avaliou tudo e sabe que seremos úteis em sua seara. O modo de o Senhor aproximar-se de alguém, para chamá-lo ao seu serviço, muito provavelmente será bem diferente do Seu modo de agir com relação a outro. Eliseu estava arando no campo quando Elias passou e lançou sobre ele a sua capa, I Rs 19.19. Samuel veio ungir a Davi e chamou-o dos pastos de ovelhas para a cerimônia simples da unção. Amós não era profeta, nem filho de profeta; era criador e plantador de sicômoros; mas o Senhor o tomou quando acompanhava o rebanho e lhe disse: “Vai, e profetiza ao meu povo Israel, Amós 7.14,15. Paulo recebeu uma visão celestial, mas Timóteo foi escolhido por ele, um pregador mais idoso, para que viajassem juntos na obra do evangelho, Atos 16.19; 16.1-3. Por conseguinte, não tentemos receber nossa chamada segundo os Uma ferramenta para o Ministério Pastoral

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padrões utilizados em outros casos. Cada homem é uma criação distinta de Deus e tem o direito de ser chamado pelo Senhor de maneira individual. Que cada um se satisfaça com seu modo de ser chamado, e que o Senhor chame a cada obreiro do modo que lhe aprouver. Após o toque de Deus chamando, haverá um cuidado divino conduzindo-nos na medida que seguimos o Sumo-Pastor. Seguiremos a Ele porque ouvimos a sua voz, Jo 10.27. “O Senhor firma os passos do homem bom”, Sl 37.23. “Guia os humildes na justiça e ensina aos mansos o seu caminho”, Sl 25.9. Não é declarada a maneira exata como o Espírito Santo falou em Atos 13.2, mas a Bíblia afirma que o Espírito Santo disse: “Separai-me agora a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado.” E então, quando já estavam em sua jornada missionária, o Espírito Santo os impediu que fossem para a esquerda ou para direita, mas permitiu que seguissem sempre em frente, Atos 16.6-10. A orientaçã o do Senhor será sempre tão clara e definida como a Sua chamada original. I) Aptidões Naturais. O chamado para o ministério pode ser analisado da seguinte maneira:

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antes da chamada, na maioria dos casos, haverá uma certa aptidão natural para o trabalho. É sempre conveniente ao obreiro que possua voz clara, que não seja difícil de ser entendida, e uma aparência pessoal agradável e ainda mais, que disponha de certo grau de inteligência para pensar e expressar-se. J) Sensibilidade Espiritual. Como primeiro passo, o Senhor envia sobre nós o seu Espírito Santo, que desperta em nós o interesse e a inclinação para o serviço. Logo, esse desejo de nossa parte será acompanhado pelo senso de nossa incapacidade pessoal. Isso nos conduzirá a deixarmos a questão da nossa chamada inteiramente nas mãos do Senhor e a esperarmos nEle. Logo a resposta divina nos será dada. “... não que por nós mesmos sejamos capazes de pensar alguma coisa, como se partisse de nós ; pelo contrário, a nossa suficiência vem de Deus”, II Co 3.5. Assim como o apóstolo Paulo, começaremos a sentir e a dizer: ‘... tudo posso naquele que me fortalece”, Fl 4.3. A nossa confiança em Deus não somente substituirá nossa possível autoconfiança, mas também encherá o grande vazio do nosso senso de inaptidão. A essa altura raiará também em nossos corações a elevada estima pelo

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trabalho que nos está destinado. Perceberemos que esse é o ministério e a vida mais importantes que um ser humano pode ocupar. Outras coisas são terrenas, mas esse é o serviço celestial. As ocupações seculares são temporais; essa, porém, é eterna. K) Reconhecimento por Outros. Ao se tornarem claras e definidas a chamada e a direção de Deus, far-se-ão perceptíveis certas expressões embrionárias do dom e do ministério que futuramente se exercerá. Os colegas ministros e crentes em geral notarão a chamada de Deus que repousa sobre nós. Haverá a confirmação da chamada de numerosas maneiras, bem como a aprovação geral do nosso desejo de servir ao Senhor como ministro. A consagração que o próprio Senhor inicialmente nos propiciou será depois confirmada pela consagração da Igreja através de seus líderes. Esse é o plano de Deus para o desenvolvimento do ministério. Ele condescendeu em ficar vinculado à Igreja, e os obreiros da vinha recebem assim uma dupla consagração. Finalmente, a pessoa assim chamada não recuará diante da forte pressão que sente pelo trabalho. “... ai de mim se não pregar o evangelho”. Disse o apóstolo Paulo. Todas as demais Uma ferramenta para o Ministério Pastoral

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coisas serão como nada. Tal pessoa chamada não sentirá paz, nem prazer em qualquer outra atividade. E assim, divinamente compelidos, seremos lançados à Sua grande seara, e nos atiraremos à obra com a convicção inabalável de que Ele segue à frente!

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QUESTÃO DE CREDIBILIDADE – Is 53.1-12 Têm certas promessas que as pessoas fazem que não dá para “botar fé”. Não que desconfiemos de todos – por exemplo, de políticos – pois temos sempre que considerar que existem pessoas francas, sinceras, honestas. Mas, via de regra, não aceitamos tudo que falam ou prometem ou despejam sobre a nossa cabeça. Sempre queremos ver evidências ou, pelo menos, indicativos que possam justificar o nosso investimento de confiança ou fé. É o mínimo de prudência e bom senso! Basta lembrarmos de quantas vezes nos vimos frustrados após termos esperado o cumprimento de uma promessa ou proposta feita, e nada! Quanta gente temos aqui que já passou por algum tipo de frustração ou decepção em vista de promessas não cumpridas? Que esteja hoje, por falta de um socorro prometido e não providenciado, ou atenção prometida e não recebida, ou solução prometida e não encontrada, ou libertação prometida e não conseguida – e que esteja sofrendo as conseqüências: amargurada, sofrendo, chorando, sentindo dores, sentindo-se marginalizada, discriminada, diminuída, destruída, fracassada, abandonada, solitária? E que podem estar, por tudo isso, dizendo basicamente três coisas em seus corações: (1) “Quem pode me socorrer?!”; (2) “Quem pode me entender a ponto de sensibilizar-se para vir me socorrer?”, e (3) “Quem pode ser acreditável a ponto de poder nessa pessoa Uma ferramenta para o Ministério Pastoral

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confiar, se todos que se propuseram em ajudar recuaram?!” Pois a credibilidade a gente deposita em quem responde estas três perguntas bem nossas, bem próprias do coração de quem sente-se rejeitado, sofredor, num beco sem saída! A Bíblia, em Is 53, começa exatamente com uma pergunta desafiadora: “Quem deu crédito em nossa pregação? Só que, mais do que isso, nos mostra uma pessoa que responde com firmeza a todas essas perguntas: Jesus Cristo – que nos dá segurança firme para nEle depositarmos nossa fé e confiança, pois Ele tem poder para socorrer; entende você e por isso sensibiliza-se com as suas lutas, e, o mais importante: ao invés de recuar como os outros fazem, vem ao seu encontro! Então Ele merece todo crédito! Jesus Cristo, a revelação do Deus vivo e verdadeiro, hoje vem ao seu socorro pois ama você e entende você, e quer que você creia nEle prá valer, pois se você nEle crer, sairá daqui com sua vida transformada, restaurada, curada, liberta e salva! Veja por que: (1) Só pode socorrer quem ama. Quem não ama não move uma palha para ajudar aquele a quem não sente um pingo de dó. Quem não ama passa reto, não ouve, não escuta, não dá atenção, não se mexe, não vai, não se aproxima. Para quem não ama todo mundo – fora ele próprio e aquele a quem tem algum interesse egoísta – é como nada, é ninguém, é um mero número, é um simples dígito, é uma senha qualquer, que, se der para dar uma “colherzinha de chá” de atenção dá; se não dá, “que se vire” – diz com indiferença, num clássico lema egoísta “cada um por si e Deus para todos”! Quem realmente ama não se conforma com o sofrimento daquele a quem ama! Quem ama sente, se envolve, chora junto, geme junto, sofre junto. Quando existe amor genuíno não precisamos pedir para que sofra pela pessoa Uma ferramenta para o Ministério Pastoral

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amada, pois quem ama é solidária a ponto de sofrer, chorar, assumir a dor e sentir tristeza pela situação trágica da pessoa amada, pois o amor absorve automaticamente qualquer dor. Foi isso que Jesus fez na cruz. Foi por amor que ele desceu. Foi por amor que ele absorveu os seus pecados. É por amor que Ele está aqui – por amor a você – porque Ele não quer que você continue lutando sozinho; continue sentindo-se só; abandonado; rejeitado. Ele quer que você saiba que Ele tem interesse genuíno pela sua vida. Porque achou que o próprio céu não faria sentido sem resgatar você dessa situação caótica na qual você pode estar vivendo. (2) Só pode entender e sensibilizar-se quem sabe o que é sofrer. Quem ama com amor dessa dimensão e profundidade ama porque entende você. Ele entende sobre tudo o que você está enfrentando, vivendo e sentindo porque Ele enfrentou tudo o que você está enfrentando; viveu situações semelhantes ao que você está vivendo e sentiu as mesmas sensações – quem sabe ruins e angustiantes – que você esteja sentindo. Se você ler o texto bíblico inteiro, verá que o Deus que se revelou em Jesus Cristo tem motivos de sobra para entender e sensibilizar-se por você pois sofreu todos os tipos de situações possíveis! Mas, sobretudo, venceu para que possa conferir vitória a você também, pelo seu poder! Jesus sabe o que é sentir fome, solidão, medo, angústia, decepção, desapontamento, humilhação, tensão, vergonha, abandono, morte! Jesus enfrentou discriminação, ódio, ironia, blasfêmia, sarcasmo, contrariedade, nudez, abandono, injustiça, surra de varas, feridas no corpo, dor física, dor interior, dor no peito, julgamento cruel, condenação e morte! Jesus foi alvo de inimizades, invejas, críticas, perseguições, maledicências, mentiras, revanchismos, vinganças, conspirações, boicotes, covardia! Jesus levou tapa no rosto; empurrão; Uma ferramenta para o Ministério Pastoral

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cuspida; chicotadas e varadas nas costas; espinhos na cabeça; cortes no corpo; pregos nas mãos e nos pés. Por tudo isso, sendo um “diplomado” em sofrimento, só Jesus pode entender e sensibilizar-se com você! (3) Só pode ter crédito quem vai de fato em socorro ao necessitado. Jesus Cristo veio e sempre vem até o necessitado – vem até você! Ele tem interesse genuíno pela sua vida, pois entende você e sensibiliza-se por você – é questão de identificação plena com você! Por isso Jesus não recuou em nenhum momento quando resolveu descer até nós, até você! Pelo contrário, Ele veio ao seu encontro, ao encontro do pecador, do perdido, do abandonado, do sofredor. Como disse alguém: “Ele morreu num ‘sinal de mais’ para que as pessoas com ‘menos’ tenham mais vida” – mais vida em abundância, em qualidade, em liberdade, em alegria, em paz, em satisfação, em exuberância – para que você usufrua mais de seus relacionamentos, de seu casamento, de sua família, de seus filhos!”. “Vinde a mim todos os que estão cansados e sobrecarregados”, disse Jesus. E mais: “Eu vim para que tenham vida!”. Creia e confie nEle! O texto de Is 53, que começa com a pergunta: “Quem deu crédito em nossa pregação?” traz junto uma outra pergunta: “Quem poderia dizer que Deus estava agindo?” Eu posso dizer porque a mesma Bíblia afirma: Jesus Cristo está agindo – e Ele nunca mudará! Ele provou à mim que é digno de todo crédito, pois transformou a minha vida! E Ele quer que você também possa dizer o mesmo a partir de hoje: “Ele está agindo aqui, em minha própria vida!” Tem muita gente que está sofrendo – que precisa ser curada, libertada, transformada, restaurada. Tem gente que precisa ser perdoada de seus pecados. Que sente-se distante de Deus e sabe que precisa aproximar-se dEle Uma ferramenta para o Ministério Pastoral

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para ser salvo. Você está sofrendo por algum motivo? Então Jesus Cristo está aqui para salvar, perdoar, socorrer, libertar, curar, consolar, animar e fortalecer você! Deus, em Jesus Cristo, abençoe sua vida!

Pastores: Como Devem Ser Avaliados Certa vez um pastor amigo meu, brincando, disse que descobriu que tinha vocação para o ministério quando acordou certa manhã sem vontade de sair para trabalhar e morrendo de vontade de comer frango assado! Todos nós que o ouvimos rimos daquilo. Infelizmente, porém, muitos indivíduos "optam pelo pastorado" por razões menos honrosas ainda. Freqüentemente precisamos adverti-lo que "lobos cruéis" entraram no meio do rebanho das ovelhas. [Atos 20:29] Isso tem sido um problema desde os primeiros tempos da história da igreja e é até pior atualmente. O que alguns homens [e mulheres] fazem por dinheiro, poder e prestígio chega a ser escandaloso. Nos últimos anos, vimos vários pregadores, pastores e evangelistas proeminentes cairem em desgraça e em escândalo - em alguns casos, alguns foram processados e até presos, e tiveram seus pequenos pecados secretos expostos. Na maioria desses casos, a cobiça revelou ser a motivação e as pessoas incrédulas simplesmente balançavam a cabeça, pois sempre desconfiaram da idoneidade de muitos desses pregadores. Eu sempre fico admirado em observar que os incrédulos têm uma percepção mais acurada para detectar esse tipo de coisa que muitas Uma ferramenta para o Ministério Pastoral

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ovelhas! Confiar no pastor como líder espiritual é uma coisa, mas estupidez é outra bem diferente. Quando o líder em questão vivia regaladamente e com um estilo de vida fora de proporção com o que é razoável, aqueles que estavam sendo "extorquidos" são culpados também - por permitirem isso. Um salário razoável, mais alguns benefícios - ou até mesmo uma boa remuneração por uma congregação agradecida e carinhosa é perfeito, mas vida perdulária por um homem de Deus é algo que deve ser evitado. Ele deve ter bom senso suficiente para viver modestamente, de forma a evitar qualquer aparência do mal. As diretorias e comitês de supervisão organizacional das igrejas devem ajudar o pastor a manter um estilo de vida adequado, e os dizimistas e ofertantes devem procurar saber como suas ofertas estão sendo empregadas. O dinheiro já arruinou a carreira de muitos pastores e já causou danos ao corpo de Cristo. Por que iniciei esta mensagem falando sobre dinheiro? Simplesmente porque o dinheiro é um dos dois critérios ridículos pelos quais os pastores são avaliados hoje em dia - o outro é o tamanho relativo da igreja. Aos olhos da maioria dos observadores, igrejas enormes e grandes salários são indícios de sucesso, mas são realmente bons indicadores da condição espiritual da igreja? Não, não são! Na verdade, vejo com grande suspeita esses ministérios, pois há motivos para acreditar que algo esteja errado! Pessoal, tenho mais de sessenta anos e já acumulei uma certa experiência. O envolvimento com congregações de igrejas por mais da metade da minha vida - tanto como

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diácono, e depois como pastor - ensinou-me algumas lições sobre a natureza humana. Uma das coisas que aprendi é que os pastores devem pregar contra o pecado e, quando pregam, a carne se opõe. Agora, não estou dizendo que os pastores de todas as grandes igrejas sejam levianos nessa questão, mas estou dizendo que a maioria é! Na igreja em que a Palavra de Deus é pregada com fidelidade e o pecado é adequadamente combatido, o diabo fará de tudo para atrapalhar! As mega-igrejas, que alegremente oferecem algo para todos e nenhum problema em vista são contraditórias, espiritualmente. Nunca perca de vista o fato que estamos em uma batalha espiritual de vida ou morte. Por qual critério, então, devemos "avaliar" um pastor? Como discernimos um homem de Deus de um alpinista social? Você pode se surpreender ao descobrir quantas formas diferentes encontramos na Palavra de Deus. Primeiro e mais importante de tudo, a "descrição do trabalho" de um pastor encontra-se em 2 Timóteo 4, onde Paulo exorta seu filho na fé: "Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino: prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina. Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas. Tu, porém, sê sóbrio em todas as coisas, suporta as aflições, faze o trabalho de um evangelista, cumpre cabalmente o teu

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ministério." A prioridade número 1 para um pastor vocacionado é que ele precisa pregar a Palavra de Deus - não contar anedotas, falar sobre os livros que leu na semana e fazer comentários políticos sobre o meio ambiente ou sobre o governo. Quando a pregação da Palavra é feita corretamente - ela deixa as pessoas em desconforto. Alguém já definiu muito corretamente que o trabalho de um pastor é confortar aqueles que estão aflitos e afligir os que estão em conforto. Embora deva tentar manter um bom relacionamento com sua congregação, ele não é chamado para ser um político. Como disse o apóstolo Paulo em Gálatas 4:16, "Fiz-me acaso vosso inimigo, dizendo a verdade?" Muitas igrejas hoje tornaram-se clubes sociais e seus pastores são apresentadores, oradores especializados em motivação humana e pseudo-psicólogos. "Mas, pastor Ron, o senhor sempre é muito negativista!" Sim, sou severo com alguns pastores porque devemos estar acima de qualquer reprovação. Confira as qualificações pessoais para o pastor, que encontramos em 1 Timóteo 3:1-7: "Fiel é a palavra: se alguém aspira ao episcopado, excelente obra almeja. É necessário, portanto, que o bispo {superintendente, supervisor} seja irrepreensível, esposo de uma só mulher {isto dificulta justificar a ordenação de mulheres ao ministério}, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar; não dado ao vinho, não violento, porém cordato, inimigo de contendas, não avarento; e que governe bem a própria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito (pois, se

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alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará da igreja de Deus?); não seja neófito, para não suceder que se ensoberbeça e incorra na condenação do diabo. Pelo contrário, é necessário que ele tenha bom testemunho dos de fora, a fim de não cair no opróbrio e no laço do diabo." A segunda prioridade para o pastor vocacionado é que precisa pregar a Palavra de Deus. Cito freqüentemente o apóstolo Paulo, mas vamos encarar os fatos - ele escreveu a maior parte do Novo Testamento. Paulo disse isto em 1 Coríntios 2:1-2: "Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria. Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado." Suspeito que Paulo, se assim desejasse, poderia facilmente ter sido um dos maiores oradores de todos os tempos. Ele era um intelectual e tinha recebido a melhor educação disponível. Entretanto, insistia em ser claro na sua linguagem - quase ao ponto de ser direto demais - e foi criticado por alguns por sua suposta incapacidade de falar. Por que você supõe que ele faria isso quando provavelmente tinha a capacidade de arrebatar sua audiência com uma retórica florida e elevada? Deve estar claro para nós que ele deixou de fazer isso para que toda a ênfase fosse colocada em Cristo, onde ela pertence de direito. Os pastores cometem um grande erro quando tentam "fazer amigos e influenciar pessoas" por meio do carisma pessoal e das técnicas de vendas.

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Oh, essas coisas funcionam - rapaz, elas sempre funcionam! Utilize os procedimentos "corretos" e as técnicas "corretas" e o sucesso é virtualmente garantido. As pessoas procuram qualquer um que massageie seus egos e as façam sentirem-se melhores sobre si mesmas. No entanto, o próprio Senhor Jesus Cristo ensinou que "Bemaventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus." [Mateus 5:2] Um dos nossos principais problemas como pecadores que somos, é que gostamos de nos sentir bem com nós mesmos! Somos todos pecadores merecedores do inferno, e levar-nos ao arrependimento é como extrair um dente você sabe que precisa ser feito, mas sempre adia a ida ao dentista. Isaías fala algo mais sobre nossa condição: "Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniqüidades, como um vento, nos arrebatam." [Isaías 64:6] Os pastores que aderem à tendência da "psicologia popular" e se preocupam em solucionar as neuroses das massas, revestindo de açúcar seus sermões, estão em conflito direto com a Palavra de Deus - que é, a propósito, o melhor remédio para os males que nos afligem, sejam na mente ou no coração. Simplesmente pelo fato de comprovadamente dar resultados não indica necessariamente que os meios são apropriados. A filosofia jesuíta - o fim justifica os meios - é certamente inapropriada e precisa ser rejeitada. [Essa também é a filosofia do Comunismo. Agora sabemos que os comunistas emprestaram essa filosofia dos jesuítas católicos

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romanos!] A terceira prioridade para o pregador chamado por Deus é que ele precisa pregar a Palavra de Deus. Qual é a classificação do seu pastor neste ponto? Isto pode surpreendê-lo, mas seu pastor pode ser fiel à Palavra e ao mesmo tempo ser desobediente! Se ele não declarar "todo o desígnio de Deus" [Atos 20:27], é culpado por fazer você passar fome espiritual. Em seu zelo por evangelizar, muitos pastores alimentam sua congregação com uma dieta regular de sermões sobre o Plano da Salvação. Quando você considera que a vasta maioria da congregação é formada por pessoas que já devem ser salvas, isso torna-se quase um crime! As pessoas sabem como serem salvas pois são salvas e continuar batendo nesta mesma tecla é improdutivo. A igreja de Corinto não podia digerir o alimento espiritual sólido que Paulo tinha para lhe oferecer, pois ainda era imatura e estava na mamadeira, precisando receber leite somente. A evangelização é certamente importante e um pregador precisa saber quando visitantes estão presentes, para poder encaixar o plano da salvação na mensagem, mas raramente precisa ser toda a mensagem. Os cristãos hoje são ignorantes sobre muitas doutrinas bíblicas, sobre a forma de organização da igreja, e apologética, pois não aprendem isso de uma forma sistemática. Sermões sobre tópicos atuais são bons e adequados de vez em quando, mas como pode a Palavra do Gênesis ao Apocalipse ser ensinada do púlpito por qualquer modo que não a pregação expositiva? Freqüentemente, o Dr. J. Vernon McGee comenta em seu programa de rádio que "as pessoas não querem se dedicar

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seriamente ao estudo da Bíblia". Ele está absolutamente correto - elas não querem mesmo! Os pastores enfrentam uma luta constante sobre como alimentar seu rebanho e fazer as pessoas voltarem em busca de mais alimento. No entanto, dar-lhes o que querem não é a resposta. Nosso trabalho - nosso único trabalho - é pregar o que é necessário e deixar que o Espírito Santo cuide do resto. Quando estivermos diante do Tribunal de Contas de Cristo, duvido que a popularidade será uma categoria para nossa avaliação. Pessoalmente, desejo ouvir as palavras, "Muito bem, servo bom e fiel." Se você é felizardo de ter um pastor que prega e ensina a Bíblia inteira e tenta da melhor maneira possível "corrigir, repreender, exortar com toda a longanimidade e doutrina...", então ouça o que diz e procure aprender com ele. A freqüência do povo à igreja não deve nunca ser comparada com o número de pessoas que vai a um parque de diversões ou a um teatro. Assuntos como pecado, arrependimento, remissão e reconciliação não são exatamente aquilo que alguém acharia divertido, pois não são mesmo. São assuntos sérios - que estão literalmente relacionados com a vida e a morte - e precisam ser tratados da forma apropriada. Devido à seriedade do assunto que deve ser pregado e ensinado do púlpito, muitos "cristãos" nominais não o tolerarão e procurarão pastores que sigam uma abordagem menos extrema. Detestamos perder membros pois quando saem, sentimos que falhamos - de alguma forma não conseguimos manter a confiança deles em nós. Essa é uma reação normal e deve ser esperada, mas nunca devemos permitir que o desejo por números de alguma maneira dite o que

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pregamos ou com que força pregamos! Devemos buscar um ministério equilibrado - um ministério que eduque e edifique, bem como convença e repreenda - e não ficar repetindo continuamente um assunto e esquecer os outros. Precisamos ministrar à pessoa inteira - aos santos que estão crescendo e amadurecendo na fé. E, ocasionalmente, o Espírito Santo nos dirigirá a "tosquiar um pouco de lã das ovelhas", enfocando nossa atenção sobre certos pecados da carne. Se você vai à igreja ano após ano e nunca sai de um culto arrependido de seus pecados, seu pastor está fazendo algo de errado! É muito provável que esteja brincando com o "jogo dos números". A Palavra de Deus é "mais afiada do que espada de dois gumes" e seu poder sobrenatural descobrirá onde você realmente está. Se ela for pregada, você não poderá escapar! No entanto, se certas Escrituras forem evitadas, porque podem ofender algumas pessoas, seu poder potencial é negado por meio da omissão. Examine seu pastor! - pense e considere seriamente aquilo sobre o que ele prega e como prega. Não preste atenção na sua personalidade, ou se você gosta dele ou não. A maneira como ele apresenta a mensagem e seus maneirismos não precisam ser considerados apenas a mensagem. Para sua perplexidade, você pode descobrir que a mensagem pregada é tão profunda e baseada nas Escrituras quanto as letras da maioria da assim chamada música cristã contemporânea, ou seja, é totalmente superficial e descartável. No entanto, você também poderá descobrir (e espero que descubra) que seu pastor é uma verdadeira jóia! Se ele passar no teste, ore por

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ele, apoie-o, e por favor, aprenda com ele. Se ele não passar no teste, aconselho-o a procurar outro pastor e outra igreja onde você aprenda todo o desígnio de Deus. Entretenimento e "sinta-se bem consigo mesmo" acabarão por prejudicar seu crescimento espiritual. Estou preocupado com você e com seu bemestar espiritual porque estamos certamente vivendo nos últimos dias que antecedem o arrebatamento da igreja e o início do período da Tribulação. A enganação está aumentado e muitas ovelhas de Deus estão sendo enganadas por charlatães disfarçados de ministros do evangelho. Nenhum pastor que realmente seja um homem de Deus discordará deste teste, pois está fundamentado na Bíblia e visa proteger as ovelhas. A questão aqui não é o homem, nem a salvação pessoal do pastor. A questão é a mensagem pregada e a plenitude dela. Não se contente até que tenha a certeza que esteja recebendo uma "dieta" equilibrada de alimento espiritual. Autor deste artigo: Pr. Ron Riffe Tradução: Jeremias R D P dos Santos A Espada do Espírito: http://www.espada.eti.br

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Pastores Aprovados por Deus Há pastores na maioria das igrejas. Muitas pessoas almejam o cargo de pastor. Biblicamente, a função dos pastores é cuidar do rebanho (igreja) de Deus (veja 1 Pedro 5:1-2; Atos 20:28). Como servos de Deus, os verdadeiros pastores mostrarão a sua preocupação com a vontade do Senhor, fazendo e ensinando o que ele diz. Nosso estudo de pastores, necessariamente, se baseia na Bíblia. Antes de entrar no estudo, quero explicar meus motivos. Estou escrevendo este artigo para ajudar pessoas honestas a servirem ao Senhor. Conforme o padrão bíblico, eu faço parte de uma congregação local, onde sirvo ao Senhor junto com outras pessoas. Não mantemos nenhum tipo de laço com nenhuma denominação. A nossa responsabilidade é de fazer a vontade de Deus, e aceitamos a Bíblia como a única fonte de informações sobre a vontade dele. Eu não tenho nenhum motivo para defender nem atacar qualquer pessoa ou organização religiosa. Meu propósito é bem simples: servir a Deus e ajudar outras pessoas a fazerem o mesmo. Sem dúvida, este artigo não agradará a todos. Da mesma maneira que o ensinamento de Jesus desafiou os líderes religiosos de sua época, a palavra dele exige mudanças radicais por parte dos líderes de muitas igrejas hoje. Não podemos forçar ninguém a mudar, mas podemos e devemos avisar sobre o perigo de seguir a Uma ferramenta para o Ministério Pastoral

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sabedoria humana (leia Provérbios 14:12; Isaías 55:6-9; Jeremias 10:23; Ezequiel 3:18-21). Eu sei, de antemão, que este estudo vai contrariar os ensinamentos e as práticas de muitos pastores e de muitas igrejas. Mas, eu não posso servir a Deus e agradar a todos os homens (Gálatas 1:10). Apresento este artigo depois de anos de estudo e oração, com o único propósito de divulgar e defender a palavra pura do Deus santo. Peço que você aborde o assunto com mansidão e o desejo de aprender a aplicar a palavra do Senhor. "Portanto, despojando_vos de toda impureza e acúmulo de maldade, acolhei, com mansidão, a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar a vossa alma. Tornai_vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando_vos a vós mesmos. Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não praticante, assemelha_se ao homem que contempla, num espelho, o seu rosto natural; pois a si mesmo se contempla, e se retira, e para logo se esquece de como era a sua aparência. Mas aquele que considera, atentamente, na lei perfeita, lei da liberdade, e nela persevera, não sendo ouvinte negligente, mas operoso praticante, esse será bem_aventurado no que realizar" (Tiago 1:21-25).

Pastores/anciãos no Velho Testamento Sabemos que o Novo Testamento, o evangelho de Cristo, fornece o padrão para a igreja de hoje (veja João 12:48-50; Hebreus 8:6-13; 2 João 9; Colossenses 3:17). Mas o Antigo Testamento Uma ferramenta para o Ministério Pastoral

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contém exemplos instrutivos que ajudam para entender a vontade de Deus (1 Coríntios 10:113; Romanos 15:4). No Velho Testamento, encontramos líderes entre o povo de Israel chamados, às vezes, anciãos (o sentido da palavra presbítero no Novo Testamento). Os anciãos das cidades israelitas resolveram problemas que surgiram entre as pessoas (Deuteronômio 21:2,19; 22:15-17; Rute 4:1-11). Quando não conduziram o povo no caminho de Deus, ele cobrou: "O Senhor entra em juízo contra os anciãos do seu povo e contra os seus príncipes. Vós sois os que consumistes esta vinha; o que roubastes do pobre está em vossa casa. Que há convosco que esmagais o meu povo e moeis a face dos pobres? —diz o Senhor, o Senhor dos Exércitos" (Isaías 3:14-15). Deus condenou os pastores gananciosos que não compreenderam a vontade dele e conduziram o povo ao pecado (Isaías 56:9-12). Jeremias transmitiu as palavras do Senhor sobre pastores maus: "Porque os pastores se tornaram estúpidos e não buscaram ao Senhor; por isso, não prosperaram, e todos os seus rebanhos se acham dispersos" (Jeremias 10:21). "Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu pasto! —diz o Senhor. Portanto, assim diz o Senhor, o Deus de Israel, contra os pastores que apascentam o meu povo: Vós dispersastes as minhas ovelhas, e as afugentastes, e delas não cuidastes; mas eu cuidarei em vos castigar a maldade das vossas ações, diz o Senhor" (Jeremias 23:1-2). Uma ferramenta para o Ministério Pastoral

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Pastores nas igrejas do Novo Testamento No Novo Testamento, encontramos muitas referências aos pastores/presbíteros/ bispos. Descobrimos em Atos 20:17 e 28 que esses três termos se referem aos mesmos homens (veja, também, 1 Pedro 5:1-2, onde os presbíteros pastoreiam). Não temos nenhuma base bíblica para usar o termo "bispo" para descrever um cargo, "pastor" para outro e "presbítero" para ainda outro. Pastores, bispos e presbíteros são os mesmos servos. Lendo o livro de Atos, achamos vários versículos que mencionam presbíteros: na Judéia (11:30); em cada igreja na Ásia Menor (14:23); em Jerusalém (15:2,4,6,22,23; 16:4); da igreja em Éfeso (20:17,28) e, mais uma vez, em Jerusalém (21:18). As epístolas, também, se referem aos homens que pastoreavam as igrejas: "pastores e mestres" (Efésios 4:11); "bispos" em Filipos (Filipenses 1:1); "o presbitério" (1 Timóteo 4:14); "presbíteros que há entre vós" (1 Pedro 5:1; aqui aprendemos que Pedro era presbítero, um dos dois apóstolos assim identificados—veja 2 João 1 e 3 João 1). O trabalho dos presbíteros inclui várias funções importantes: pastorear (Atos 20:28; 1 Pedro 5:2); ensinar (Efésios 4:11-16; Tito 1:9); ser modelos (1 Pedro 5:3); presidir (1 Timóteo 5:17); vigiar (Atos 20:31); velar por almas (Hebreus 13:17); guiar (Hebreus 13:17); cuidar/governar (1 Timóteo 3:5); ser despenseiro de Deus (Tito

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1:7); exortar (Tito 1:9); calar os enganadores (Tito 1:9-11); etc. Observamos em todos os exemplos bíblicos que as igrejas que tinham presbíteros sempre tinham mais de um. Seja em Jerusalém, Éfeso, Filipos ou outro lugar, sempre fala dos presbíteros no plural. A prática comum nas igrejas de hoje, de ter um só pastor numa congregação, não tem nenhum fundamento bíblico.

As qualificações bíblicas de pastores/presbíteros/bispos Paulo cita as qualificações dos bispos/presbíteros em duas cartas (1 Timóteo 3:1-7; Tito 1:5-9). A linguagem dele deixa bem claro que ele não está dando meras sugestões, e sim requerimentos. Em 1 Timóteo 3:2 ele diz: "É necessário, portanto, que o bispo seja...." Tito 1:7 diz: "Porque é indispensável que o bispo seja...." Antes de examinar as qualificações em si, vamos entender bem esse ponto. Os requerimentos que encontramos nesses dois trechos são qualidades que o Espírito Santo revelou, através de Paulo, como exigências. Para servir como presbítero, um homem precisa de todas essas qualidades. Ninguém tem direito de apagar nenhum "i" ou "til" do que Deus falou aqui.

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Agora, vamos ler o que o Espírito falou nessas duas listas paralelas (bem semelhantes, mas não exatamente iguais). "Fiel é a palavra: se alguém aspira ao episcopado, excelente obra almeja. É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar; não dado ao vinho, não violento, porém cordato, inimigo de contendas, não avarento; e que governe bem a própria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito (pois, se alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará da igreja de Deus?); não seja neófito, para não suceder que se ensoberbeça e incorra na condenação do diabo. Pelo contrário, é necessário que ele tenha bom testemunho dos de fora, a fim de não cair no opróbrio e no laço do diabo" (1 Timóteo 3:1-7). "Por esta causa, te deixei em Creta, para que pusesses em ordem as coisas restantes, bem como, em cada cidade, constituísses presbíteros, conforme te prescrevi: alguém que seja irrepreensível, marido de uma só mulher, que tenha filhos crentes que não são acusados de dissolução, nem são insubordinados. Porque é indispensável que o bispo seja irrepreensível como despenseiro de Deus, não arrogante, não irascível, não dado ao vinho, nem violento, nem cobiçoso de torpe ganância; antes, hospitaleiro, amigo do bem, sóbrio, justo, piedoso, que tenha Uma ferramenta para o Ministério Pastoral

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domínio de si, apegado à palavra fiel, que é segundo a doutrina, de modo que tenha poder tanto para exortar pelo reto ensino como para convencer os que o contradizem" (Tito 1:5-9). Leia esses trechos com bastante atenção. Os pastores na sua igreja têm todas essas qualificações? São homens? Casados? Pais de famílias? Com filhos crentes? Conhecedores da palavra? Hospitaleiros? Respeitados por todos? Irrepreensíveis? Professores capazes? Amigos do bem? Têm todas as outras qualidades citadas aqui? Homens com todas essas qualificações são uma grande bênção ao povo de Deus, e serão extremamente úteis nas igrejas locais onde servem como presbíteros. Mas, pessoas que não têm essas qualificações não são autorizadas por Deus a serem pastores. A igreja que escolhe pessoas não-qualificadas como bispos está desrespeitando a palavra de Deus. Pessoas não-qualificadas que aceitam o cargo de pastor estão agindo contra o Supremo Pastor. Presbíteros não-qualificados que continuam nesse papel estão violando a palavra de Deus. É notável que essas passagens não falam nada sobre escolaridade, cursos superiores, cursos de teologia, diplomas, certificados de seminários, etc. Muitas igrejas têm colocado tais coisas como seus próprios requerimentos, deixando de lado as exigências de Deus.

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Não é possível, num pequeno artigo como este, elaborar um estudo completo sobre pastores. O propósito deste artigo é desafiar cada leitor a estudar mais, procurando entender bem o que Deus revelou sobre liderança na igreja. Mas, não é o bastante ouvir a palavra. Tem que praticá-la (Tiago 1:22-25). Se você, ou a igreja onde você congrega, esteja agindo de forma errada, há uma solução só: arrepender-se e começar a obedecer ao Senhor. Pastores não-qualificados devem renunciar ou serem removidos do cargo, para não trazer a ira de Deus sobre a igreja. E se sua igreja insiste em manter pastor(es) não aprovado(s) de Deus, você terá que escolher entre Deus e os homens (Mateus 15:9; Josué 24:15). Tal igreja está desordenada (Tito 1:5) e não procede como deve (1 Timóteo 3:15). Igrejas que ainda não têm presbíteros devem encorajar todos os homens a se desenvolverem espiritualmente para serem qualificados, se possível, no futuro. É bem provável que alguns leitores, especialmente os que fazem parte da liderança de algumas denominações, não gostarão deste artigo. Não aceite nada que vem de mim ou de qualquer outro homem; mas não rejeite nada que vem de Deus. "Porventura, procuro eu, agora, o favor dos homens ou o de Deus? Ou procuro agradar a homens? Se agradasse ainda a homens, não seria servo de Cristo" (Gálatas 1:10). -por Dennis Allan

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PENEIRANDO LÍDERES, FORMANDO PASTORES Ricardo Barbosa de Sousa A palavra líder ou liderança não aparece na Bíblia, é uma expressão relativamente nova. Isto não quer dizer que não possa ser usada para descrever ou definir aqueles que tem alguma responsabilidade na igreja. Na verdade, é hoje a expressão mais usada. Dezenas de encontros e congressos para líderes são organizados a cada ano. São pastores e pastoras, missionários, presbíteros e presbíteras, diáconos e diaconisas, jovens, administradores, etc, em busca de modelos, técnicas, orientação, conselhos para um melhor desempenho de sua liderança. É bom ver o surgimento de tanta gente disposta a contribuir de alguma forma para o crescimento da igreja, amadurecimento dos crentes, proclamação do evangelho. É o sacerdócio de todos os crentes em prática. Todos consideram-se, de uma maneira ou outra, líderes, é a expressão que conseguiu quebrar o monopólio do clero, assumem responsabilidades, desenvolvem projetos, buscam apoio, convocam, distribuem tarefas e põem um grande exército em marcha para realizar a obra de Deus. No entanto, apesar do grande número de cursos, seminários e congressos de formação de líderes, e todas as novas ferramentas e técnicas modernas usadas para Uma ferramenta para o Ministério Pastoral

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um melhor desempenho da liderança, ouvimos frequentemente os apelos das igrejas de que precisam de líderes. Embora contem hoje com inúmeros recursos e pessoas bem treinadas no exercício da liderança, há um vazio, alguma coisa está faltando, algo que não está sendo preenchido pelos líderes, nem pelas técnicas modernas de gerenciamento. Igrejas estão mais organizadas, professores de escola dominical mais bem preparados e contam com material didático de última geração; os líderes leigos trazem em sua bagagem um sofisticado preparo profissional que colocam a serviço da igreja. Pastores com cursos de comunicação se apresentam impecáveis, com seus ternos bem cortados, voz empostada e movimentos ensaiados. Televisão, rádio, “home-pages”, “marketing”, tudo isto e muito mais está sendo usado pela nova liderança, mas ainda falta alguma coisa. O que falta não me parece ser alguma nova técnica que ainda não foi incorporada ou curso ainda por fazer. O grito das ovelhas é por pastores. A liderança que temos hoje, ou melhor, o modelo de líderes que temos buscado, não está satisfazendo os anseios das almas das ovelhas de Jesus Cristo. Temos boa tecnologia, bons administradores, bons professores, excelentes gerentes que tocam a igreja, mas não temos pastores. Sim, temos pastores. Eles estão aí nas igrejas, pregando domingo após domingo, celebrando os sacramentos, administrando os programas, mas perderam o contato com a alma do povo. São líderes, não pastores. Estão mais preocupados com o empreendimento religioso, o gerenciamento dos projetos, o entretenimento espiritual. O que fazem tem apenas uma remota lembrança com o que os pastores da igreja têm feito nestes últimos vinte séculos. Líderes e pastores não são sinônimos. Podem às vezes significar a mesma coisa, mas podem também representar polos opostos, realidades distintas. Pretendo aqui buscar Uma ferramenta para o Ministério Pastoral

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um resgate da figura do pastor, daquilo que entendo que seja a vocação pastoral. Reconheço que os pastores são líderes, apenas quero protestar contra um modelo de liderança que considero nocivo, talvez até letal para a igreja. Mesmo que a palavra “líder” não seja a mais adequada para a definição da vocação pastoral, ela já se encontra incorporada em nosso vocabulário. Vou usá-la e, ao mesmo tempo, critica-la. Vou usá-la para referir a um modelo bíblico de liderança, mas vou usá-la também para criticar os modelos que corrompem nossas heranças mais antigas. Algumas vezes vou usar a palavra “líder” como oposição ao “pastor”, isto não significa que pretendo abolir seu uso, apenas dar a ela um significado mais claro no contexto da igreja e da vocação pastoral. Passando Pedro pela peneira Jesus certa vez disse a Pedro: “Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como trigo! eu, porém, roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; tu, pois, quando te converteres, fortalece os teus irmãos” (Lc. 22: 31 e 32). Foi uma conversa misteriosa, sem muito sentido para Pedro. Ele responde reafirmando sua coragem e determinação em continuar lutando até a morte pelo seu mestre. Pedro era uma pessoa de personalidade forte, decidido, corajoso, despojado. Tinha ideais claros e estava disposto a lutar e, se fosse necessário, morrer por eles. Era o tipo de pessoa que se entregava com todas as suas forças àquilo em que cria. Não tinha medo, pelo menos não demonstrava. Pedro era um líder. Era o tipo de pessoa que qualquer sindicato ou organização gostaria de ter como líder ou, na pior das hipóteses, como um aliado. Sem dúvida, seria a pessoa ideal para liderar uma igreja, conduzir um rebanho, realizar a obra de Deus, enfrentar os inimigos, proclamar o reino. Sua determinação e paixão levariam qualquer comunidade a realizar uma grande obra missionária.

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Jesus encontra-se com ele numa última conversa, depois de três anos de convivência, amizade, pastoreio e discipulado, e lhe diz que Satanás iria peneirá-lo. E mais, que não iria impedir, apenas permaneceria orando para que não perdesse a fé. Pedro reage reafirmando sua já conhecida coragem dizendo que nada, nem a prisão ou mesmo a morte, iria afastá-lo do compromisso de seguir seu mestre, de ir até o fim e defendê-lo. Jesus responde de forma enigmática dizendo: “Afirmo-te, Pedro, que, hoje, três vezes negarás que me conheces, antes que o galo cante.” Jesus encerra a conversa com esta afirmação. Imagino que Pedro ficou ali pensando: “Ele ainda não me conhece. Depois de três longos anos e todas as provas de lealdade e fidelidade que demonstrei, da coragem que sempre tive,ele ainda pensa que vou negá-lo.” Pedro mal sabia que a esta altura já estava sobre a peneira. Pouco depois desta conversa Jesus é preso. A coragem de Pedro sofre um primeiro golpe. Geralmente as pessoas afirmam sua coragem quando esta não lhe é requerida. Pedro agora avalia melhor suas declarações. Será que valia a pena morrer por um projeto que fracassou? Lutar por um condenado? Diante dos riscos que Jesus enfrenta com o julgamento, sempre sugem novas perguntas, alternativas, possibilidades. Aquilo que parecia ser um caminho claro e vantajoso, agora é tomado de suspeitas e riscos. Para Pedro, Jesus seguia um caminho que, a seus olhos, observando todos os fatos políticos e sociais, era um caminho que valia a pena seguir e lutar. Pedro estava seguro de que Jesus tinha um projeto político. Seria proclamado rei, assumiria o trono de Davi, estabeleceria um reino justo e acabaria com o domínio romano sobre os judeus. Certamente haveria resistências, traições, golpes, mas Jesus já havia dado provas de que Deus estava com ele, de que aquele caminho gozava da benção do Todo Poderoso. Mas Jesus é traído e preso. Pedro não contava com isto. Uma ferramenta para o Ministério Pastoral

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As esperanças de um povo politicamente liberto e um reino de justiça e paz como havia sido o de Davi, desaparecem. Desaparece também a coragem. Pedro agora segue Jesus de longe. Acompanha como um observador desconfiado o desenrolar dos acontecimentos. Já não se expõe mais. Enquanto Jesus caminha em direção à casa do sumo sacerdote, Pedro caminha incógnito entre a multidão, confuso, inseguro, sem saber o que fazer. Um grupo acende fogo no meio do pátio e Pedro, discretamente, se acomoda entre eles. A conversa era sobre a prisão de Jesus. Pedro ouve atentamente sem emitir nenhuma opinião. Passa por ali uma empregada que o reconhece como alguém que fazia parte do grupo que andava com Jesus. Pedro nega. “Não o conheço”, disse ele. Ser identificado como amigo, membro do grupo de Jesus a esta altura era perigoso. Alguns minutos depois, outra pessoa que passava por ali, vendo-o comenta com o grupo: “este também é um dos que andavam com ele”, insinuando que Pedro fazia parte do grupo de conspiradores políticos que planejavam o golpe. Pedro protesta e, mais uma vez, nega. Depois de uma hora outra pessoa o reconhece e afirma: “Também este, verdadeiramente, estava com ele, porque também é galileu”. Ficou mais difícil negar. Pedro era um galileu, fazia parte dos descontentes, da classe mais pobre de Israel, dos que subiram com Jesus para Jerusalém para o proclamarem rei. Pedro estava ali com Jesus entrando em Jerusalém. Mas, mais uma vez ele nega, insiste em dizer que não conhece Jesus. E, enquanto ainda se explicava tentando tirar qualquer dúvida sobre sua cumplicidade com o Mestre, o galo canta. Jesus, de onde estava, olha para o pátio e fixa os olhos em Pedro que também, sem querer, acabou cruzando seu olhar com o do Senhor. De um lado, o olhar amoroso, misericordioso, porém penetrante e revelador de Jesus que desmascara, desnuda e leva Pedro a reconhecer seu caráter, sua personalidade, a verdade sobre quem era. Do outro lado estava Pedro, lembrando de cada palavra de Jesus, encarando sua falsidade, covardia, prepotência e

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orgulho. Era a peneira cumprindo seu papel. Depois daquele olhar, Jesus e Pedro não se encontram mais. Jesus é condenado e crucificado. Pedro agora tem que conviver com a dura realidade de quem é, realidade revelada pelo olhar, pela covardia, pela peneira. Jesus morreu e Pedro não foi sequer preso. Não foi com Jesus até o fim, não enfrentou inimigos nem acusadores. Aquele homem forte, corajoso, arrogante, prepotente, soberbo, auto-suficiente, seguro, valente, dá lugar a um homem fraco, confuso, desmascarado, humilhado e quebrado. A história continua. Alguns dias mais tarde, Pedro e alguns amigos voltam a pescar. Ele, que tinha deixado a pescaria para se transformar num pescador de homens, volta para sua velha profissão. Não há mais esperança, só a antiga rotina. Depois de trabalhar toda a noite sem sucesso, logo nas primeiras horas da manhã, ouvem uma voz da praia perguntando se tinham pescado algo, eles respondem que não. Então a mesma pessoa pede para que lancem suas redes do lado direito do barco. Assim fazem e a recolhem cheia. Era a senha, João reconheceu que era o Mestre. Ao ouvir que era Jesus, Pedro que estava nú coloca suas roupas, como Adão fez no paraíso para encontrar-se com Deus depois que teve consciência do seu pecado e nudez, e lança-se ao mar ao encontro com Jesus. Depois de comerem, Jesus tem uma outra conversa com Pedro. Novamente olha bem nos olhos e pergunta por três vezes: “Tu me amas?” Jesus o conhece, Pedro sabe disto. Como iria responder esta pergunta? Poucos dias antes ele o negou covardemente depois de afirmar que morreria por ele. Não podia mais enganar, tripudiar, impressionar com palavras de ordem, declarações rompantes. Era agora um homem fraco e desnudado. Qualquer que fosse sua resposta ele sabia que não poderia mais enganar, mesmo que não respondesse nada, ele sabia que Jesus conhecia a verdade. “Tu me amas?” Não é uma pergunta fácil de responder, principalmente quando quem pergunta nos conhece completamente.

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O verbo amar vem perdendo sua beleza, poesia e verdade. Foi vulgarizado. É usado mais para coisas do que pessoas. Amamos lugares, roupas, joias, comidas, viagens, mas resistimos amar homens e mulheres, gente com quem nos relacionamos. Mais difícil ainda é amar quem nos conhece, quem não se deixa enganar. Jesus, nesta pergunta, resgata a dignidade do verbo, pergunta a Pedro pelos seus sentimentos mais sinceros e verdadeiros em relação a ele. Santo Agostinho dizia que se queremos conhecer alguém, não devemos perguntar o que ele faz, mas o que mais ama. O amor revela quem somos. Perguntar a Pedro se seria capaz de sofrer ou até morrer por Cristo, certamente sua resposta seria sim, mas perguntar se o ama, e se o ama mais do que os outros amam, a resposta já não é tão simples. Jesus não perguntou se Pedro amava suas doutrinas ou, quem sabe, seus ideais e missão. A pergunta era pessoal e exigia uma resposta igualmente pessoal. Ao responder esta pergunta Pedro estabelece um novo relacionamento com Cristo. “Tu sabes todas as coisas, tu sabes que eu te amo”, foi a resposta. Jesus sabia de tudo, conhecia tudo. Sabia que Pedro era covarde, inconsistente, prepotente, auto suficiente, orgulhoso. Sabia que seu amor não era perfeito, que ele era fraco e limitado. Porém, mesmo sabendo de tudo isto, sabia também que ele o amava. Pedro passou pela peneira. Aquela pedra bruta, arrogante e segura de si, dá lugar a um coração simples, amoroso, dependente e entregue. Foi peneirado. Jesus estava mais interessado nesta areia fina e frágil que escorria do outro lado da peneira, do que na pedra bruta, sólida e firme que Pedro era. Agora ele pode ser ordenado, receber de Cristo sua vocação, cuidar do rebanho do Senhor. O líder precisa passar pela peneira. É somente do outro lado, que ele recebe do Senhor sua vocação e se transforma num pastor/líder. Jesus, noutras palavras, está dizendo: Olha Pedro, eu sei que você é uma pessoa determinada, forte, lutadora; sei que você foi treinado entre os zelotes para ser um líder, para implantar pela força um novo reino,

Uma ferramenta para o Ministério Pastoral

Teologia Pastoral

2009

reestabelecer a justiça e libertar os oprimidos do seu povo. Mas sabe, quando te chamei lá na margem do mar da Galiléia, onde você e seu irmão André pescavam, eu disse que faria de você um pescador de homens, e homens não se pescam com este tipo de isca que você está acostumado. Na verdade Pedro, você nunca me impressionou. Sua força e determinação não fizeram de você uma pessoa especial, diferente, mais qualificada que os outros. Eu conheço bem a natureza humana. Naquele dia que eu disse que me negaria três vezes antes que o galo cantasse, eu sabia que sua coragem era limitada, que estava mais interessado nos seus projetos políticos do que em mim e no meu reino. Eu sabia que você me negaria. Foi necessário deixar que Satanás te peneirasse, que deixasse para trás as impurezas de um modelo de liderança muito mundano, sustentado apenas em você e na sua coragem egoísta e limitada. Agora que você sabe que seguir-me inclui um calvário e uma cruz, sabe também que terá que confiar em mim, depender de mim para continuar me seguindo e pastoreando minhas ovelhas. O paradigma de liderança que temos hoje, assemelha-se muito mais ao velho Pedro. Admiramos o poder, valorizamos a grandeza, damos preferência aos mais competentes e auto-suficientes, gostamos das pessoas fortes, seguras, independentes, arrojadas. A cultura contemporânea despreza o frágil e o dependente. As igrejas buscam para seus pastores, líderes mais jovens, com grandes projetos, brilho próprio, capazes de levar a igreja para onde quizerem. Devem ser animados, idealistas, carismáticos. O líder tomou o lugar do pastor, é mais profissional, tem sua vida orientada por projetos e ideais, é impessoal e tende ao narcisismo. A Profissionalização do Pastorado O pastor/líder hoje é um profissional. Tende a ser mais impessoal e funcional. Seus relacionamentos são determinados pelos projetos e planos que tem. Ama o que faz e se realiza no seu trabalho. As pessoas são amigas na medida em que apoiam e se envolvem com sua visão e Uma ferramenta para o Ministério Pastoral

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