Os Contos De Fadas E O To Humano

  • November 2019
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Os contos de fadas e o desenvolvimento humano

Para Campbell (1993, p.74), os estágios do desenvolvimento humano são os mesmos hoje e na antiguidade. Ou seja, a infância que é a fase da obediência, da dependência. Após isso vem o momento de superação para se atingir a maturidade, que representa a independência. E finalmente, depois dessa conquista, depois de “produzir seu próprio mundo” vem a fase de ser “dispensado”, a morte, e com essa fase, a crise. Os mitos e contos falam de como outras pessoas fizeram essas passagens, dão sugestões a nível simbólico de como podem ser feitas. Um conto de fadas é o mito para a criança. Há mitos certos para cada estágio da vida. À medida que envelhece, você precisa de uma mitologia mais consistente (CAMPBELL, 1993, p.147). Essas sugestões, a nível simbólico, como já citamos, falam ao inconsciente do indivíduo. Algumas características dos contos facilitam esse processo de “apreensão” do sentido mais amplo e profundo de um conto. Os contos só encantam pela qualidade e porque falam intimamente ao indivíduo. No entanto, o conto de fadas não poderia ter seu impacto psicológico sobre a criança se não fosse primeiro e antes de tudo uma obra de arte (BETTELHEIM, 2000, p.20) E como toda obra de arte, o significado de cada conto é diferente para cada pessoa. Esse significado muda também para a mesma pessoa em épocas diferentes da sua vida. Podemos ressaltar alguns aspectos dos contos de fadas que têm enorme importância. Um ponto importante é que as personagens dos contos de fadas têm determinadas características que despertam na criança um sentimento de identificação. Uma dessas características é o fato de as personagens (na grande maioria dos casos) não terem um nome próprio e quando o têm, são nomes comuns. Isso faz com que se identificar com a personagem torne-se mais fácil. Não tendo nome, ela também não tem identidade própria, e assim pode emprestar sua personalidade ao ouvinte enquanto ele acompanha a narrativa.

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A criança pode viver nos personagens, o que mais a atrai na história, lidando com diversos sentimentos da sua forma, sem ser assistida, sem ser repreendida. Essa identificação quase instantânea que acontece com os contos de fadas faz com que a criança suspenda transitoriamente a relação com o cotidiano e viva outras vidas (AMARILHA, 2001, p.55). Esse processo pressupõe também autonomia, pois no seu “faz-de-conta” o leitor é senhor absoluto da situação. Quando a criança “veste” a personagem, faz o mesmo caminho da brincadeira, ou seja, é uma atividade lúdica, que proporciona o contato com o simbólico. E nada mais rico em referencial simbólico que os contos de fadas. Eles são capazes de proporcionar a criança experiências imaginárias que sejam catalisadoras dos problemas do desenvolvimento humano e assim proporcionar autoconfiança sobre o seu próprio crescimento (AMARILHA, 2001, p.73). Com as proezas e experiências das personagens com quem se identificou, a criança na verdade “ensaia” atitudes frente a situações que poderão ou não acontecer na sua vida, fornecendo modelos de como se pode superar dificuldades. Se a história representa o que se pode chamar de uma aventura arquetípica – a história de uma criança se tornando um jovem, o despertar do novo mundo que se abre para a adolescência -, sempre ajuda a fornecer modelos para acompanhar esse desenvolvimento (CAMPBELL, 1993, p.145).

Isso porque todos os contos de fadas têm como eixo gerador uma problemática existencial. Os heróis necessitam superar obstáculos, passar por provas, para que alcance sua autorealização existencial, seja pelo encontro de seu verdadeiro eu, seja pelo encontro da princesa, que encarna o ideal a ser alcançado (COELHO, 1987, p.13).

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Portanto, podemos afirmar que, embora existam algumas controvérsias entre as teorias citadas (freudiana e junguiana), ambas concordam que a importância dos contos de fadas para o desenvolvimento infantil é muito grande, por todo seu material simbólico, devendo estar presente na vida da criança.

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