CEEDUC Centro de Evangélico de Educação e Cultura Curso: Bacharel em Teologia (Ministério) Tipo: Modular Disciplina: Filosofia Professor: Dalton R. Flores Filosofia – Curso Modular As origens da Filosofia – O surgimento da filosofia na Grécia Antiga MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2001 Características do Pensamento Mítico. A filosofia pode ser caracterizada como uma forma de pensamento que nasceu na Grécia Antiga, por volta do séc. VI a.C. Raro entre historiadores, esta data se apresenta praticamente de forma unanime, onde Tales de Mileto é identificado como o primeiro filósofo. De forma alguma, porém, afirma-se que antes não havia reflexão e pensamento. Os diferentes povos da Antigüidade – assírios e babilônios, chineses e indianos, egípcios, persas e hebreus, todos tiveram visões próprias da natureza, e maneiras diferentes de explicar os fenômenos e processos naturais. Só os gregos, entretanto, fizeram ciência, e é na cultura grega que podemos identificar o início deste tipo característico de pensamento – a emergência do pensamento filosófico-científico. Tal tipo de pensamento surge com características específicas onde o homem procura compreender o mundo que o cerca, explicitando sua versão da realidade. Formas anteriores da explicação da realidade consistiam no pensamento mítico. Este consiste em uma forma pela qual um povo explica aspectos essenciais da realidade em que vive: as origens do mundo, as origens do povo, o funcionamento da natureza e dos processos naturais, bem como o valores de um povo. As narrativas míticas não são produto de um autor ou autores, mas parte da tradição cultural e folclórica de um povo. Sua transmissão é oral, e sua origem cronológica é indeterminada, não possuindo em si a proposição de ser entendida de forma cronológico-
histórica. Por ser parte de uma tradição cultural, o mito configura assim a própria visão de mundo dos indivíduos, a sua maneira de vivenciar a realidade. Neste sentido, o pensamento mítico pressupõe a adesão, a aceitação dos indivíduos, na medida em que constituí as formas de experiência do real. O mito não se justifica e não se fundamenta; portanto, não se presta ao questionamento, à crítica ou a correção. Não há discussão do mito porque ele constituí a própria visão de mundo dos indivíduos pertencentes a uma determinada sociedade, tendo portanto um caráter global que excluí outras perspetivas a partir das quais ele poderia ser discutido. Um dos elementos centrais do pensamento mítico e de sua forma de explicar a realidade é o apelo ao sobrenatural, ao mistério, ao sagrado, à magia. A causas dos fenômenos naturais e aquilo que acontece aos homens deve ser entendido com resultado de um governo exterior ao mundo humano e natural, pois é superior, misteriosa, divina, a qual só os sacerdotes, os magos, os iniciados são capazes de interpretar, ainda que apenas parcialmente. Os sacerdotes, os rituais religiosos e os oráculos entram em cena como intermediários, pontes entre o mundo humano e divino. Os cultos e sacrifícios religiosos encontrados nessas sociedades são, assim, formas de se tentar alcançar os favores divinos, de se agradecer esse favores ou de se aplacar a ira dos deuses. O pensamento mítico tem uma característica até certo ponto paradoxal. Se, por um lado, procura trazer uma explicação da realidade, por outro lado, recorre ao inexplicável para fazê-lo, ou seja, apela ao mistério e ao sobrenatural – fora do plano da compreensão humana. A partir desta insuficiência é que surge o pensamento caracterizado filosófico-científico.