O parecer da Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM) sobre o exame nacional do 9.º ano à disciplina, hoje realizado, é arrasador. Para os especialistas da SPM, a prova é demasiado fácil, com algumas questões ao nível do 2.º ciclo e outras que até poderiam ser resolvidas por alunos da antiga Primária. "Em quase todas as perguntas, os conceitos são testados com exemplos demasiado elementares. Os cálculos são todos muito simples, a equação do segundo grau é trivial, para mais sendo fornecida a fórmula resolvente, e os exemplos de geometria são demasiado directos", refere o parecer da SPM sobre o exame nacional do 9.º ano. A título de exemplo, a Sociedade Portuguesa de Matemática aponta o caso da pergunta 1, em que é pedido aos alunos que façam a média aritmética de três números, um cálculo "trivial", até porque é permitido o uso da calculadora. "É uma questão do 6.º ano de escolaridade", resume a sociedade. Mais elementar ainda é a pergunta 6, que a SPM entende estar "ao nível do 3.º ano de escolaridade". Em comunicado, a sociedade critica ainda o facto de "grande parte da matéria do 9.º ano de escolaridade não ser coberta por esta prova", como a resolução de inequações, sistemas e equações literais, multiplicação de polinómios, intervalos de números reais, proporcionalidade inversa e igualdade ou semelhança de triângulos. Assim sendo, considera a SPM, os jovens que vão prosseguir estudos para o secundário ou aqueles que optam por terminar aqui a escolaridade "não podem concluir estar bem preparados" se conseguirem um resultado satisfatório neste exame. "O que exames deste tipo transmitem é a ideia de que não vale a pena estudar mais do que as partes triviais das matérias (...). Estabelecer patamares demasiado baixos acaba por prejudicar todos - tanto os melhores, que se sentem desincentivados, como os menos treinados, que sentem menos necessidade de trabalhar para aumentar o seu domínio das matérias", critica a sociedade.
Sociedade Portuguesa de Matemática, 22 de Junho de 2009