O Capital Intelectual

  • November 2019
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  • Pages: 2
Artigo - Sustentabilidade

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O Capital Intelectual Nelson A. Alves (*)

Alinhada com as melhores práticas organizacionais, a edição 2001 dos Critérios de Excelência do Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ) incluiu o item 4.3 – Desenvolvimento do Capital Intelectual – no qual a organização deve descrever como estimula, identifica, desenvolve e protege o conhecimento e o acervo tecnológico para desenvolver o capital intelectual, que é definido como o valor agregado aos produtos da organização por meio de informação e conhecimento. De fato, esse é um tema cada vez mais presente dentre as preocupações das empresas. Thomas Davenport e Laurence Prusak, no livro “Conhecimento Empresarial”, afirmam que a única vantagem sustentável que uma empresa tem é aquilo que ela coletivamente sabe, a eficiência com que ela usa o que sabe e a prontidão com que ela adquire e usa novos conhecimentos. Segundo os autores, os fatores que levam ao sucesso dos projetos do conhecimento são: cultura orientada para o conhecimento; infra-estrutura técnica e organizacional; apoio da alta gerência; vinculação ao valor econômico ou setorial; orientação para processos; clareza de visão e linguagem; elementos motivadores não-triviais; e múltiplos canais para a transferência do conhecimento. Mas o assunto não é novidade. O conhecimento já era tema abordado pelos filósofos gregos. Embora a experiência e o conhecimento de gerentes e colaboradores sejam usados e valorizados pelas organizações, nos últimos dez anos é que houve um certo despertar para a importância da Gestão do Conhecimento, como também para as formas de compartilhá-lo dentro da organização e protegê-lo. Nestas últimas décadas, houve vários movimentos no mundo dos negócios, como Qualidade Total, Reengenharia, Downsizing etc., visando à redução de custos e ao aumento da competitividade, o que provocou uma drástica diminuição no número de funcionários dos segmentos industriais, gerando sérios problemas sociais, principalmente em países com menor qualificação de pessoas, mas ao mesmo tempo provocando uma elevação nos índices produtivos. Esse enxugamento da força de trabalho, em muitos casos, tornou vulnerável o nível de conhecimento das organizações, pois muitas pessoas experientes e com uma grande bagagem acabaram saindo e levando a experiência acumulada de muitos anos. Aquelas empresas, que conseguiram reter esses colaboradores, gerenciar os talentos, vêm desenvolvendo outras alternativas para desenvolver e proteger esse “patrimônio”, e têm obtido o grande diferencial da atualidade: o conhecimento, ou seja, a informação com orientação para a ação. Não basta ter acesso a dados e informações, é preciso transformar esses fatos “brutos” em valor agregado aos produtos e serviços, constituindo o capital intelectual, que focaliza a eficácia, isto é, “fazer a coisa certa”. É um processo contínuo de aprendizagem, que se dá pela sinergia de dados e informações e a capacidade das pessoas. As organizações só aprendem por meio de indivíduos que aprendem. A aprendizagem individual não garante a aprendizagem organizacional. Entretanto, sem ela, a aprendizagem organizacional não ocorre. É

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Não há sociedade do conhecimento sem trabalhadores do conhecimento. Segundo a Harvard Business Review, 20% da força de trabalho do mundo se constitui de trabalhadores do conhecimento, assim como o uso inteligente do conhecimento pelas pessoas dentro das empresas determinará a empregabilidade desses profissionais. Com o crescimento do setor de serviços nos últimos 20 anos, os ativos tangíveis tradicionais como prédios, equipamentos, estoques, deixaram de ser a parte mais relevante das empresas, dando lugar aos ativos intangíveis, como marcas e know-how. Hoje representam a maior fatia do valor patrimonial em empresas, como: IBM (89%), Coca-Cola (95%) e American Express (81%). Há outros exemplos de iniciativas em gestão do conhecimento, como: Andersen’s Knowledge Xchange, Ernst & Young’s Center for Business Knowledge e Monsanto’s Knowledge Management Architeture. Uma das maneiras de proteger o capital intelectual é registrar a propriedade industrial, ou seja, efetuar um registro formal e legal de propriedade de patentes, de desenhos industriais e de marcas utilizadas na indústria, no comércio, na agricultura. Essa concessão de um direito legal é obtida no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi). Além da preocupação com a proteção desses ativos intangíveis, é importante compartilhar o know-how adquirido com a força de trabalho, para que a equipe esteja atualizada com as últimas novidades tecnológicas e possam incorporá-las em suas atividades, agregando valor aos produtos e serviços e conseqüentemente ao relacionamento com os clientes. Para isso podem ser utilizados diversos meios, como, por exemplo, comitês de estudos, seminários internos, videoconferências, uso da intranet e de pastas públicas, quadros de gestão à vista etc. O conhecimento compartilhado impulsiona o crescimento das pessoas e da organização. As normas NBR ISO 9000:2000 também incluem aspectos ligados à informação e ao conhecimento. O item 8.4 da NBR ISO 9001:2000 deixa mais explícita a necessidade de desdobrar os dados coletados em informações úteis e o item 6.5 da NBR ISO 9004:2000 vai mais além, recomendando que a direção da organização “trate os dados como recurso fundamental para conversão em informação e para o desenvolvimento contínuo do conhecimento na organização, o que é essencial para tomada de decisões com base em fatos e que pode estimular inovações”. Sugere ainda, além de outras ações, que a organização converta informações em conhecimento para uso na organização e avalie os benefícios decorrentes do uso da informação para melhorar a gestão da informação e do conhecimento. A tendência atual é que este seja um processo formal e não ocasional e aleatório. Incentivar o pensamento criativo e inovador, compartilhar internamente as inovações tecnológicas e os conhecimentos adquiridos, cultivar e proteger o capital intelectual, estabelecendo metas e indicadores são práticas recomendadas pelos atuais Critérios de Excelência do Prêmio Nacional da Qualidade, de forma a incentivar as organizações a valorizar o conhecimento como parte fundamental de seu sucesso. (*)Coordenador do Comitê Técnico de Comunicação da FPNQ, Examinador sênior PNQ-1999/2000, Examinador relator PNQ-1998, Examinador PNQ – 1992/93/95/96/97 – Instrutor da Banca Examinadora –1994/95/96/98/99/00. Fonte: Revista Banas Qualidade - Acessado em 25/9/2001

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