Miriam. Projeto De Mestrado.docx

INSTITUTO LATINO-AMERICANO DE ARTE, CULTURA E HISTÓRIA (ILAACH) PROGRAMA DE PÓS – GRADUAÇÃO INTERDISCIPLINAR EM ESTUDOS LATINO – AMERICANOS (PPG – IELA)

PROJETO DE PESQUISA

A INTERNACIONALIZAÇÃO CURRICULAR LATINO AMERICANA COM REFLEXÃO NOS VALORES CULTURAIS E PLURILINGUÍSTICOS: UMA NOVA VISÃO BRASILEIRA

Foz do Iguaçu 2018

INTRODUÇÃO A América Latina com sua riqueza cultural e linguística (MELO, 2017), transformou-se em oportunidade para pessoas que anelam a realização profissional através das Instituições de Ensino Superior (IES), permeado pelo preço módico que oferece em seus países, como também facilidade de inclusão. Ao receber milhares de estudantes anualmente, os países colaboram não somente com o desenvolvimento intelectual desses imigrantes, como também acontece uma doação de sua vivencia cultural, sendo a linguagem o meio de comunicação crucial aliado à troca de saberes (BRANDALISE, 2011). A denominação “troca”, refere-se ao diálogo onde duas pessoas ou grupo compartilham sua realidade advinda do contexto vivido, sem esquecer do seu eu ou suas origens, evidenciando em um compartilhamento cultural. Segundo Warnier (2000, p.16) a linguagem e a cultura herdada, são como o coração do fenômeno “identidade”. A abordagem de Freire (1987, p.14) denomina o diálogo autêntico como “reconhecimento do outro e reconhecimento de si, no outro”, sendo uma colaboração de construir um mundo comum. A necessidade da comunicação torna-se ponto chave para uma nova identidade, porém agora com uma ampla visão e qualificação interpessoal, pois a globalização nos aproxima cada vez mais das adversidades (WARNIER, 2000, p.17). Uma vivência atípica reflete em novas tomadas de decisões em situações fora de nossa zona de conforto, criando profissionais globalmente qualificados (COPPOLA; FAZIO, 2016), adquirindo conhecimento a bibliografias internacionais e acesso à multiculturalidade. Costa (2006, p.16) afirma que

a visão cosmopolita desenhada por Anthony Giddens e, principalmente Ulrich Bech, baseia-se, igualmente, num modelo centrífugo, depreendendo-se de experiências de sociedades européias a categoria reflexividade. O processo de globalização, por sua vez, promove a expansão da reflexividade para todas as partes do mundo, produzindo sujeitos “mais astutos”, aptos a compreender os efeitos de suas próprias ações num mundo interdependente.

A união entre países da América Latina é uma maneira de driblar as diferenças, diluindo o silencio cultural e destacando a essência de suas origens, desassociando

de

culturas

impostas

pelo

americanismo

e

imperialismo,

oportunizando também o espaço à legalização e aceitação política em formações fora de seu país de origem, fortalecendo os acordos Mercosul para que se possa ter a liberdade real de escolha e usufruir democraticamente para ir e vir, formar e trabalhar. Segundo matéria no site da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES, para que currículos internacionais sejam aceitos, é necessário que uma validação ocorra, a fim de que se possa exercer a atividade profissional, porém essa política no Brasil é permanentemente burocrática, principalmente se tratando de formações em países da própria América Latina, valorizando formações em países de “primeiro mundo” ou desenvolvidos. Estudos sobre Internacionalização Curricular (IC) como de (MOREIRA, 2009; LIMA, 2011; AVEIRO, 2015), apontam grande importância e singularidade sobre a forma ampla e espacial de sua origem e necessidades estabelecidas para a contemporaneidade em questão. Tal IC promove e agrega ao mercado de trabalho pessoas prontamente competitivas e preparadas para um mundo globalizado, essa inter-relação em outros contextos, resulta em pessoas aptas à recepção de mudanças, trocas e inovações (GUIDO; AGUILAR, 2012).

Portanto o projeto permeia a objetividade em retirar a antiga visão brasileira de um “currículo americanizado” (MOREIRA, 1990) para um currículo internacional integrado à América Latina, destacando que países subdesenvolvidos também apresentam ensino de qualidade. A proposta do projeto em questão é também destacar a liberdade cultural, os benefícios de um Currículo Internacional Latino Americano (CILA), brindando a conquista de um novo idioma, elemento esse fundamental para a comunicação e incremento ao diploma e graduação.

JUSTIFICATIVA O Brasil é um país ofertante de muitas universidades federais, públicas e privadas. Os dados levantados pelo Censo em 2013, conforme informações no site do governo do Brasil, registrou que existem 7.305.977 milhões de estudantes matriculados em instituições de ensino superior. Somando-se os estudantes de pósgraduação stricto sensu (mestrado e doutorado), são 7.526.681 matriculados. Possuindo 2.391 mil instituições de ensino superior que oferecem mais de 32 mil cursos de graduação. Os universitários estão distribuídos em 32 mil cursos de graduação, oferecidos por 2,4 mil instituições de ensino superior, sendo 301 públicas e 2 mil particulares. As universidades são responsáveis por 53,4% das matrículas, enquanto as faculdades concentram 29,2%.Entre os alunos de graduação, 5.373.450 - aproximadamente 71,4% - estão vinculados a instituições de ensino superior privadas. De acordo com os dados citados, observa-se que a massa de pessoas que necessitam estudar em universidades públicas ultrapassa à demanda ofertada por universidades públicas. Além das barreiras de inclusão depara-se consequentemente, com a irrealidade em manter-se financeiramente, já que as universidades públicas oferecem horários inflexíveis impossibilitando que os estudantes mantenham uma carga horária trabalhista. Com restrita opção recorrem à instituições particulares com valores exacerbados,chegando a ultrapassar o salário recebido mensalmente pelo povo brasileiro. Fato esse demonstrado em um estudo de Rodrigues e Magalhães (2014) em que estudantes de medicina de origem brasileira residentes na Bolívia, optaram por essa escolha devido à mensalidade no Brasil ultrapassar o valor de 3.500,00 em faculdades privadas.

Devido às diversas dificuldades encontradas pelos jovens e adultos para a formação no âmbito nacional, muitas pessoas buscam sua formação em países vizinhos, onde o valor dos cursos são demasiadamente inferior que no Brasil, além de facilidade à inclusão e acesso para multiplicidade de alunos, assim também ofertantes de uma ampla variedade de instituições (GUAJARDO, 2018, p. 21). Apesar de tais benefícios o CILA é permeado por um olhar crítico daqueles que se formam em seu país de origem. Sendo assim, uma nova visão é necessária e emergencial, já que a globalização avança progressivamente. É necessário que se destaque os benefícios e expectativas de um CILA e não uma negação à formações externas, fortalecendo e esclarecendo os verdadeiros objetivos do acordo Mercosul (SOUZA, 2014), tanto para graduandos quanto para pós graduandos. Entre os autores que investigaram o processo da IC encontram-se (GÁCEL, 2006; QUIANG, 2003; KNIGHT, 2010; MADERA, 2005) no qual apontam sobre os benefícios existentes em uma IC; a padronização de tópicos acadêmicos internacionais para a docência;a investigação e a ação social que também são importantes

nos

processos

de

acreditação

e

reconhecimento

nacional

e

internacional. Gácel (2006) afirma que o intercâmbio internacional se visualiza como um valor agregado à qualidade da educação superior já que permite aos docentes e a estudantes, continuar sua formação acadêmica em outras universidades que oferecem opções diferentes; também, favorece à atualização de docentes e de planos de estudos se o intercambio se realiza em instituições cuja qualidade seja reconhecida. Em destaque ao papel da IC, existem razões culturais e sociais, assim como à importância de entender idiomas e culturas estrangeiras (KNIGHT, 2010). Tais valores apontados servirão como uma nova alternativa e liberdade de escolha sem menosprezar ou desvalorizara própria identidade cultural. Agregando

uma nova abordagem a estudos curriculares da América Latina, que ainda pouco documentado evidencia real importância. (DÍAZ-BARRIGA; GARDUÑO, 2014, p.12). Os benefícios que pretendo demonstrar no projeto podem ser um desembaçador para aqueles que estão na cegueira da inflexibilidade, assim como também pode-se ampliar a uma facilitação para um CILA no Brasil, evitando a desistência de pessoas que se graduaram fora do seu âmbito nacional, devido à maçante democracia para a validação curricular.

OBJETIVOS GERAIS - Analisar a percepção dos atores sociais envolvidos no processo de internacionalização do currículo da Educação Superior em face do desafio da globalização e os benefícios de um CILA, refletindo sobre a inserção de novos elementos culturais em sua formação.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS -Ampliar a visão curricular através de entrevistados e seus depoimentos sobre suas absorções ao contexto vivido. -Apontar as vantagens de um CILA com retirada de uma visão preconceituosa para com pessoas formadas fora de seu país de origem.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA-METODOLÓGICA O desenho da pesquisa terá uma abordagem mista, pois utilizará técnicas quantitativas e qualitativas para a coleta de dados como: - a entrevista semiestruturada. - revisão bibliográfica e análise documental. Fontes de informação: - Estudiantes universitários da UNINTER - Graduados do Brasil, que estudam na UNINTER - Professores paraguaios que exercem a função com estudantes brasileiros.

CRONOGRAMA Mês/Ano

02/19

Modificações

06/19

09/19

X

X

X

X

X

X

12/19

03/20

06/20

09/20

11/20

02/21

X

Propostas Análise Bibliográfica Síntese

de

X

Documentos Coleta e Análise

X

X

dos Dados Entrevistas

X

X

Semiestruturadas Análise

e

X

X

Observações Redação Final Defesa

X X

REFERÊNCIAS AVEIRO, T. M. M. O papel da coordenação de aperfeiçoamento de pessoal de nível superior (CAPES) na cooperação brasileira para o desenvolvimento internacional (COBRADI). Revista Conjuntura Austral. v. 6, n. 27 – 28, mar. 2015.

BRANDALISE, R. A televisão brasileira nas fronteiras do Brasil com o Paraguai, a Argentina e o Uruguai: um estudo sobre como as representações televisivas participam da articulação das identidades culturais no cotidiano fronteiriço. 2011. Tese (Doutorado em Interfaces Sociais da Comunicação) - Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011. Disponível em: < http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27154/tde-26092011-114307/en.php >. Acesso em: 19 set. 2018.

COPPOLA, N. ; FAZIO, M. La Internacionalización e Innovación Curricular de la educación universitaria: tendencias, perspectivas y desafios. In: COLOQUIO INTERNACIONAL DE GESTIÓN UNIVERSITARIA, 16., 2016, Arequipa, Peru. Gestión de la investigacíon y compromiso social universitário. Peru: Universidade Nacional de Mar Del Plata.

COSTA, S. Dois Atlânticos teoria social, anti-racismo e cosmopolitismo. Belo Horizonte:UFMG, 2006.

DÍAZ-BARRIGA, A.; GARDUÑO, J. M. G. (Coord.). Desarrollo del curriculum en América Latina: experiencia de diez países. Buenos Aires : Miño y Dávila, 2014.

ENSINO superior registra mais 7,3 milhões de estudantes. Disponível em: Acesso em 17 set. 2018.

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GÁCEL, A. J. La Dimensión Internacional de las Universidades Mexicanas, Revista de la Educación Superior, Mexico, v.29 n. 115, jul/set. 2000. Disponível em: Acesso em: 14 jun.2018. GUAJARDO, P. H. (Coord). Tendencias de la educación superior en América Latina y el Caribe 2018. Caracas: UNESCO: Universidad Nacional de Córdoba, 2018.

GUIDO, E.G. & AGUILAR, A. G. Criterios para internacionalizar el currículum universitário. Actualidades Investigativas en Educación, v. 12, n. 1, 2012.

KNIGHT, J. Internacionalización de la Educación Superior: nuevos desarrollos y consecuencias no intencionadas. IESAL Informa, [S.l], n.11, out. 2010. LIMA, M.C.; MARANHÃO, C.M.S.A. Políticas curriculares da internacionalização do ensino superior: multiculturalismo ou semiformação? Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, v.19, n.72, jul/set. 2011. Disponível em: Acesso em: 14 jun. 2018.

MADERA, I. (2005) Un nuevo paradigma educativo: la Internacionalización del currículum en la era global. In: ENCUENTRO NACIONAL DE EDUCACIÓN Y PENSAMIENTO, 4., 2005. Santo Domingo – República Dominicana. Educación y Pensamiento, Republica Dominicana: OFDB-RD. Disponível em: Acesso em: 5 jun. 2010 .

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MOREIRA, A. F. B. Currículos e Programas no Brasil. 15.ed. Campinas: Papirus, 1999.

MOREIRA, A. F.B. Estudos de Currículo: avanços e desafios no processo de internacionalização. Cadernos de Pesquisa, v. 39, n.137, p. 367-381, maio/ago. 2009

NOVAS regras vão facilitar a validação de diplomas expedidos no exterior. Disponível em: Acesso em: 03 set. 2018.

QIANG, Z. Internationalization of Higher Education: towards a conceptual framework. Policity Futures in Education, 1(2). 2003. Disponível em: Acesso em: 04 jun. 2010.

RODRIGUES, F.G.; MAGALHÃES, D. F. Quem é o jovem Brasileiro que migra para a Bolívia para cursar Medicina? In: ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS POPULACIONAIS, 19., 2016, São Pedro – SP. Anais..., São Pedro – SP: ABEP. Disponível em:< www.abep.org.br/publicacoes/index.php/anais/article/download/2204/2159> Acesso em: 19 set. 2017

SOUZA, C. A. Formação profissional em nível de mestrado e doutorado no Mercosul: o poder político, o pensamento e o conhecimento. RGSN, v.2, n.2, out. 2014.

WARNIER, J. P. A mundialização da cultura. Bauru, SP: EDUSC, 2000.