– Univ. Lusíada de Lisboa – Faculdade de Arquitectura e Artes – Licenciatura em Arquitectura (Mestrado Integrado) – – Planeamento Regional e Urbano – 4º Ano – Turma V – Aluno n.º 11087208 – André Roldão S. Tribolet –
No documentário a que assistimos, ouvimos Nuno Portas falar da necessidade de “Construir Novas Paisagens” e ouvimos também a comentadora referir que “A economia da desordem está a atingir os seus limites”. A realidade que actualmente enfrentamos, demonstra a necessidade de rapidamente se alterar o modelo de desenvolvimento subjacente à nossa cultura e também de adequar os instrumentos de planeamento e ordenamento do território para os tornar mais eficazes e credíveis.
Enquadramento
Vive-se presentemente um momento de viragem, mais do que, de século, mas também e principalmente, de postura perante a ocupação do território. Demonstra-se imprescindível compreender como e o que foi feito até este momento, com o objectivo de aproveitar o melhor, corrigir os erros do Passado e preparar o Futuro de acordo com a Presente postura. Palavras como sustentabilidade, ecologia, democracia, salubridade estão na “boca do povo” e demonstram que a necessidade de mudança é real, inevitável e desejada, algo que em Portugal era abafado até ao 25 de Abril de 1974. Só a partir daí, com o surgir da democracia portuguesa, a população começou a ter conhecimento do país real, não aquele que era mostrado nos jornais e RTP até aí controlados pela censura. Confundiu-se muito crescimento com desenvolvimento. As cérceas aumentaram e os preços aumentaram (fruto da especulação). Não se desenvolveu as redes de água potável, de electricidade e viária. Nos anos 80 são criadas REN e RAN, que veio travar a ocupação desregrada do território, que não impediu no entanto a destruição de algumas zonas muito importantes para a sustentabilidade ecológica.
Temas
De seguida apresenta-se algumas citações importantes retiradas do documentário:
• «Monstros de betão, postes de alta-tensão, obras inacabadas, subúrbios degradados, entulhos por todo o lado, estradas absurdas, trânsito intransitável… Portugal, que é o condomínio de todos os portugueses, encontra-se altamente danificado» – 00:36 por Luísa Schmidt • «Os bairros de lata começaram a crescer na periferia da cidade, porque os que acorriam seduzidos pela fortuna de trabalhar na capital, cedo compreendiam que não ganhavam o suficiente para viver num prédio, para ter uma casa, logo sentiram que mesmo que o conseguissem, não saberiam lá viver. Elevadores, banheira, água que corre das torneiras, porteira, tudo isso são empecilhos, para quem vem de uma aldeia onde, muitas vezes, a electricidade ainda não chegou e a água se tira do poço.» – 01:10 citação de “Há só uma terra; RTP, 1974” • «As pessoas têm que pensar que existem aqui variedade e espécies que não existem noutros sítios. Aquilo que se chama as espécies endémicas, são espécies que só existem aqui(…). Pergunta-se: porque é que isso é importante? Para além de ser bonito e para além da ética, da moral da pessoa não poder destruir um património que é de todos, nós não sabemos quase nada disto, sabemos muito pouco disto, e portanto destruir sem saber é pelo menos uma estupidez.» – 37:51 por Eugénio Sequeira • «Monsanto deve ficar ligada através de um sistema de espaços verdes e de espaços cultura até Queluz. Portanto somos intransigentemente pela defesa total do Parque de Monsanto.» – 44:20 por Gonçalo Ribeiro Telles, Subsecretário de Estado do Ambiente, 1974 • «O grande problema na conservação da natureza é novamente um problema da justiça: a justiça não funciona; e se não funciona e se não castiga as pessoas que prevaricam obviamente que depois ninguém vai querer cumprir a lei.» – 49:37 por Miguel Magalhães Ramalho, Univ. Lisboa
Apontamentos
Com o objectivo de procurar uma vida melhor a população rural migra para a cidade urbana, em Portugal, especialmente para as do litoral. Durante o século XX o aumento da população urbana provocou não só o envelhecimento da população rural, mas também o estabelecer de inúmeros bairros de origem clandestina. Num país burocrático não era possível acompanhar as reais necessidades de crescimento das cidades, em especial de Lisboa e Porto, originando “bairros de lata” e bairros clandestinos, muitas vezes, sem condições de salubridade exigíveis num país desenvolvido. Houve crescimento sem desenvolvimento. As REN e RAN são um início para um crescimento sustentável, mas é apenas um início, muito tem de ser feito, tendo como base essas redes, mas desenvolvendo essas ideias. Não só definir o que não pode e o que tem de ser feito para garantir a sustentabilidade ecológica, mas igualmente verificar o que foi feito e prejudica o equilíbrio por forma a corrigir os erros.
Abordagem
Temos no Presente um território com o qual não nos identificamos, sem condições de sustentabilidade a vários níveis (económico, politico, social e ecológico), em que a história foi indiscriminadamente substituída. A democracia estabelece-se com a valência do funcionar do sistema judicial para garantir a liberdade de todos e não só daqueles que têm mais de algo que outros, mas não está a funcionar. Os organismos de regulação do país não estão a funcionar e estão a cometer-se crimes contra os cidadãos portugueses. – Memorando: O modelo de desenvolvimento subjacente à nossa cultura e os instrumentos de planeamento e ordenamento do território – Lisboa, Terça-Feira, 17 de Março de 2009