Modalidades de utilização dos RSU
RESIDUOS E RECICLAGENS
O conceito de lixo, tal como a maioria de nós o entende, ou entendia até há bem pouco tempo, está a sofrer uma revolução. Chegou a era do vidrão, do papelão e do ecoponto. A educação ambiental veio para ficar e se ainda não separamos, pelo menos já pensamos duas vezes antes de deitar tudo para o caixote do lixo.
O que acontecia é que por falta de tempo ou por simples preguiça, acabávamos por acumular uma série de coisas que depois não sabíamos o que lhes havíamos de fazer. Isto acontecia principalmente com os jornais e as revistas ou as garrafas de vidro. De resto, as latas, as embalagens de leite, etc., ainda têm todas o mesmo destino: o lixo. Segundo alguns estudos, até ao ano 2005, Portugal passou a recuperar 25% das suas embalagens. O ideal seria atingir metade ou mais desta capacidade de reciclar o que deitamos fora, mas isso implica uma mudança de hábitos radical. Por outro lado, cada concelho tem levado a cabo diferentes formas de reaproveitar os desperdícios. Até ao momento, não existe um plano concertado que abranja todos os municípios e, assim, cada um governa-se com “a prata da casa”.
7
Modalidades de utilização dos RSU
Em minha opinião, um método que poderia ajudar a melhorar a reciclagem, seria a recolha selectiva porta-a-porta. Solicitando a todas as pessoas, a participação, separando embalagens de plástico, cartão e metal e colocandoas em sacos apropriados para o efeito. O papel deve ser atado em molhos ou colocado também em sacos.
As Câmaras Municipais devem fazer um esforço para dotar as localidades mais distantes dos centros das cidades, com equipamentos que permitam a separação do lixo, pois estes equipamentos ainda são em número bastante insuficiente.
Por outro lado as escolas devem abordar o tema, logo na origem, ou seja no ensino primário, para que a rotina de separar o lixo seja implementado logo na base, e os miúdos até acabam depois por alertar os pais para a necessidade da separação dos resíduos.
Ainda há pouco tempo um estudo revelava que desde o início do ano já foram recicladas trinta e cinco toneladas de madeira derivadas de secretárias e cadeiras. Imagine-se o quanto foi poupada a nossa floresta, quantas árvores foram poupadas e quanto se contribuiu para melhorar o ar.
Algumas energias já começam a escassear, como por exemplo o petróleo, sendo por isso urgente encontrar alternativas, que podem muito bem passar por uma aposta na reciclagem e utilização de energias alternativas.
7
Modalidades de utilização dos RSU
Reciclar é tornar o planeta mais verde, é defender o presente acautelando o futuro.
A compostagem
a) O que é a compostagem
A compostagem até pode ser, por exemplo, efectuada no recreio das escolas, permitindo a utilização directa do composto no jardim e assim permitir essa experiência prática às crianças. Não podem ser colocados no composto materiais como o plástico, o vidro, as baterias, os têxteis, os óleos, as tintas, os produtos químicos em geral, o alumínio, os entulhos, as fraldas, as fezes e o papel colorido. De uma maneira geral, podem ser utilizados todo o tipo de resíduos vegetais e animais, tais como resíduos de jardim e restos de alimentos. No entanto, existem algumas folhas e restos de árvores que são difíceis de compostar, porque são muito ácidas tais como o choupo, o eucalipto, a oliveira e o pinheiro. As aparas de relva devem ser colocadas somente quando estiverem quase secas, e devem ser misturadas com outros materiais, pois podem absorver muita água e ganhar bolor. As aparas de sebes e de árvores devem ser guardadas no jardim e colocadas apenas quando for necessário tornar o composto mais solto, para aumentar o arejamento, uma vez que são dificilmente degradáveis. A temperatura na pilha de compostagem vai aumentando, o que significa que os microrganismos estão a actuar e a degradar a matéria orgânica. Quanto maior for a pilha melhor decorre o processo.
7
Modalidades de utilização dos RSU
Se o composto se encontrar demasiado húmido vai dar origem à sua compactação e impedir a entrada de oxigénio, originando maus cheiros. O recipiente da compostagem deve encontrar-se em contacto com a terra, de forma a permitir que a água se possa infiltrar quando chove. Nestas condições, as minhocas e outros organismos vão acelerar a degradação da matéria orgânica e a sua transformação em húmus, rico para o solo.
b) Separação dos resíduos Os funcionários da cantina e o jardineiro da escola podem colaborar na separação dos resíduos orgânicos. Deve ser colocado um contentor fechado no refeitório para deposição dos restos alimentares. As pessoas que vão despejar os resíduos na pilha de composto devem estar numa lista, de forma a tornar rotativa essa prática. É importante que o jardineiro coloque aparas de relva ou ramos de arbustos na pilha de compostagem.
c) Compostagem na escola onde e como fazer Para fazer a compostagem é necessário ter um recipiente, que pode ser feito com ripas de madeira, semelhante a uma caixa de fruta com aberturas de lado que permitem a entrada de ar. O recipiente deve ter cerca de 1m2 de área e 1m de altura. O recipiente para a compostagem deve ser colocado num lugar com as seguintes condições: -O local deve estar protegido do sol e do vento; -Localizado em contacto com a terra de forma a permitir que a água possa infiltrar-se quando chove e que as minhocas e outros pequenos organismos possam contactar com a matéria orgânica, ajudando à sua degradação e transformação em húmus rico para o solo.
7
Modalidades de utilização dos RSU
d) Enchimento do recipiente -Colocar um pouco de terra no fundo; -Pôr uma camada de pequenos ramos e materiais de maiores dimensões, como restos de jardim secos e restos de cozinha bem misturados, para o ar poder entrar; -Por cima vão sendo colocados restos de jardim e de cozinha à medida que se vão produzindo.
7
Modalidades de utilização dos RSU
e) A compostagem Os resíduos vão sendo colocados dentro do recipiente, formando uma pilha em que a sua temperatura vai aumentando. Deve ser adicionada água ao composto nas quantidades correctas, de modo a que este não fique demasiado húmido. Para se saber qual a quantidade de água existente no composto pode fazer-se o seguinte teste: -pegar numa mão cheia de composto e apertar; não deve pingar mas deve deixar a mão húmida. Para verificar como o composto se encontra no interior da pilha faz-se um buraco com um pau. Quando este for retirado não deve trazer agarrados pedaços de composto. Caso o composto esteja muito molhado, deve ser promovido o arejamento recorrendo à elaboração de canais com um pau e colocando no composto o interior de rolos de papel de cozinha ou tubos perfurados. Se chover muito deve ser colocada uma cobertura no recipiente, no entanto é importante que o grau de humidade seja mantido a níveis elevados. No fim, obtém-se um material de cor acastanhada com odor a húmus pronto para ser utilizado no jardim ou na horta da escola ou outros terrenos.
Reciclagem A reciclagem é um termo genericamente utilizado para designar o reaproveitamento de materiais beneficiados como matéria-prima para um novo produto. Muitos materiais podem ser reciclados e os exemplos mais comuns são o papel, o vidro, o metal e o plástico. As maiores vantagens da
7
Modalidades de utilização dos RSU
reciclagem são a minimização da utilização de fontes naturais, muitas vezes não renováveis; e a minimização da quantidade de resíduos que necessita de tratamento final, como aterramento, ou incineração. O conceito de reciclagem serve apenas para os materiais que podem voltar ao estado original e serem transformados novamente num produto igual em todas as suas características. O conceito de reciclagem é diferente do de reutilização. O reaproveitamento ou reutilização consiste em transformar um determinado material já beneficiado noutro. Um exemplo claro da diferença entre os dois conceitos, é o reaproveitamento do papel. O papel chamado de reciclado não é nada parecido com aquele que foi beneficiado pela primeira vez. Este novo papel tem cor e textura diferentes. Isto acontece devido ao facto de não ser possível fazer com que o material volte ao seu estado original e sim transformá-lo numa massa que no final do processo resulta num novo material de características diferentes. Outro exemplo é o vidro. Mesmo que seja "derretido", nunca irá ser feito um outro com as mesmas características, tais como cor e dureza, pois na primeira vez em que foi feito, utilizou-se uma mistura formulada a partir da areia. Já uma lata de alumínio, por exemplo, pode ser derretida e voltar ao estado em que se encontrava antes de ser beneficiada e ser transformada em lata, podendo novamente voltar a ser uma lata com as mesmas características. A palavra reciclagem difundiu-se a partir do final da década de 1980, quando foi constatado que as fontes de petróleo e de outras matériasprimas não renováveis se estavam a esgotar rapidamente, e que havia falta de espaço para a disposição de lixo e de outros dejectos na natureza. A expressão vem do inglês recycle (re = repetir, e cycle = ciclo). Como o disposto acima sobre a diferença entre os conceitos de reciclagem e reaproveitamento, em alguns casos, não é possível reciclar indefinidamente o material. Isso acontece, por exemplo, com o papel, que tem algumas de suas propriedades físicas minimizadas a cada processo de reciclagem, devido ao inevitável encurtamento das fibras de celulose.
7
Modalidades de utilização dos RSU
Noutros casos, felizmente, isso não acontece. A reciclagem do alumínio, por exemplo, não acarreta nenhuma perda de suas propriedades físicas, e esse pode, assim, ser reciclado continuamente.
Denomina-se reciclagem a separação de materiais do lixo, tais como papéis, plásticos, vidros e metais, com a finalidade de voltarem a ser utilizados. Esses materiais são novamente transformados em produtos comercializáveis no mercado.
Aterro sanitário
O que é um aterro sanitário? Um aterro sanitário é uma instalação de eliminação utilizada para a deposição controlada de resíduos acima ou abaixo da superfície natural, no qual os resíduos são lançados ordenadamente e cobertos com terra ou material similar. Existe controlo sistemático das águas lixiviantes e dos gases produzidos, bem como a monitorização do impacto ambiental durante a operação e após o seu encerramento. Um aterro sanitário é uma das modalidades de confinamento de resíduos, tornando-se assim numa grande evolução em relação às lixeiras e vazadouros controlados em termos de controlo de impactes ambientais.
Como é que faz parte de gestão de Resíduos Sólidos Urbanos?
Idealmente, no aterro sanitário "só se deve depositar o que não puder ser aproveitado de nenhum modo conhecido e só se confina o que não puder ser reutilizado ou reciclado não só devido à escassez de recursos em termos de matérias-primas mas também em termos de espaço, factor já muito
7
Modalidades de utilização dos RSU
relevante. De momento, em Portugal, a gestão de resíduos sólidos urbanos depende fortemente, neste elemento, de gestão, visto que nos encontramos ainda na fase de limpeza das lixeiras que antigamente proliferavam no País.
Um aterro é um local devidamente construído, em que uma primeira camada é constituída por uma barreira geológica . Esta barreira pode ser natural do local onde vai ser implantado o aterro ou ser transportada por forma a garantir um certo grau de impermeabilização.
A segunda camada é constituída por um forro de impermeabilização de geotêxtil e geomembrana (frequentemente Polietileno de Alta Densidade PEAD). A impermeabilização é garantida quase na totalidade com estas duas camadas, e tem como principal objectivo evitar a contaminação dos aquíferos e dos solos. Por fim surge uma camada de drenagem das águas lixiviantes.
Diag.1 Integração da aterro no sistema de gestão de RSU - desde a recolha municipal ao deposito dos resíduos não recicláveis e compactados no aterro.
7
Modalidades de utilização dos RSU
Construção do aterro e impactos ambientais É essencial a existência de uma série de instalações e de infra-estruturas para que a exploração de um aterro ocorra da melhor forma possível. A unidade tem de possuir: a)Vedações e portões, de forma a impedir a entrada de pessoas, e animais e a descarga clandestina de resíduos perigosos; -Á entrada do aterro deve existir uma báscula, por forma a pesar as viaturas de recolha dos RSU antes e depois de depositarem os como objectivo controlar a quantidade de lixo produzido pelas populações ao longo do tempo; Instalação de abrigo para o guarda, com o objectivo de lhe permitir a sua presença 24 horas/dia;
-Instalações de apoio, que têm como objectivo proporcionar aos funcionários as melhores condições sociais e administrativas para poderem executar as suas funções -Unidade de lavagem dos rodados após deposição dos resíduos, por forma a evitar que pequenos resíduos sejam transportados para o exterior e que assim possam surgir possíveis contaminações.
Para que o aterro seja explorado correctamente é necessária a implantação de uma rede de drenagem de águas pluviais, uma rede de drenagem de águas lixíviantes, uma rede de drenagem de biogás e a realização de uma monitorização da qualidade das águas subterrâneas. É importante instalar uma rede de drenagem de águas pluviais, uma vez que o volume das águas lixíviantes que se acumula no interior dum aterro depende em grande parte da infiltração das águas pluviais. A implantação de uma rede de drenagem de águas lixíviantes tem como principal objectivo a diminuição de possíveis riscos, devido à sua elevada carga poluente.
7
Modalidades de utilização dos RSU
O processo de degradação da fracção fermentável produz líquidos residuais, constituídos principalmente por matéria orgânica proveniente dos resíduos mais facilmente degradáveis e ácidos inorgânicos. Estas águas, por serem muito carregadas, devem ser sujeitas a pré-tratamento antes de serem encaminhadas para a rede de colectores municipais e tratadas posteriormente numa Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR). Num aterro é essencial que exista uma rede de drenagem de biogás para que haja uma minimização dos riscos provocados pela emissão de gases, isto porque no processo de degradação dos resíduos formam-se também produtos gasosos de origem aeróbia e anaeróbia. A degradação aeróbia ocorre na parte superficial dos resíduos, é muito rápida e dá origem a uma mistura gasosa constituída por dióxido de carbono, amoníaco e água. A degradação anaeróbia ocorre nas camadas inferiores, é promovida pela compactação e cobertura dos RSU e dá origem ao biogás (constituído por cerca de 60% de metano e 40% de dióxido de carbono). O metano, por ser um gás menos denso que o ar, passa para a superfície. Esta sua migração em aterro pode produzir um mistura explosiva com o ar, quando se encontra numa proporção entre 5 e 15%. O biogás resultante da degradação dos resíduos pode ser aproveitado para a produção de electricidade para iluminação da área do aterro, uma vez que este continuará a ser produzido muitos anos após o seu encerramento. Um dos motivos pelo qual o biogás deve ser queimado, para produção de electricidade por exemplo, é o facto deste ser um gás de estufa, ou seja, que vai contribuir para o agravamento do efeito de estufa. Quando os resíduos são descarregados no aterro procede-se à sua compactação, de forma a promover a diminuição do volume ocupado pelos resíduos. No final de cada dia é efectuada a cobertura dos RSU aí depositados, com o objectivo de diminuir os odores desagradáveis, diminuir o risco de incêndio, evitar o espalhamento de materiais e ainda impedir a aproximação dos vectores.
Selagem do aterro
7
Modalidades de utilização dos RSU
Após a exploração do aterro, ou seja, quando é atingida a cota de enchimento, procede-se à sua selagem. Em primeiro lugar surge a camada de recolha de gases, seguindo-se uma camada de impermeabilização, que pode ser efectuada por 0,6m de terra mineral com permeabilidade máxima de 1x107 m/s (normalmente é argila) ou por um forro artificial com os mesmos requisitos de permeabilidade (por exemplo geocomposto bentomítico). Segue-se uma camada de drenagem de águas pluviais composta por brita. Coloca-se em seguida uma camada de cobertura com subsolo de cerca de 0,5 m e por fim uma camada de top-solo de 1 m, que é camada de solo arável recuperada de escavações. A cobertura final do aterro permite que se proceda a uma reflorestação da zona afectada. Estas áreas verdes podem servir para campos de jogos, jardins públicos, entre outros, uma vez que esta área fica interdita à construção. Este processo também está a verificar-se em lixeiras que estejam a ser seladas.
Incineração
Incineração é um processo de redução de peso, de volume e de características de perigosidade dos resíduos, geralmente aplicada aos chamados resíduos perigosos (geralmente os não enviados para a outras modalidades). Com a consequente eliminação da matéria orgânica ou das características inerentes desses resíduos, por meio da combustão controlada. A incineração é a queima do lixo em aparelhos e/ou fornos especiais. Apresenta a vantagem de reduzir bastante o volume de resíduos. Além disso, destrói os microrganismos que causam doenças, contidos principalmente no lixo hospitalar e industrial. Depois da queima, resta um material que pode ser encaminhado para aterros sanitários ou mesmo reciclado. Devemos procurar reutilizar o produto desses materiais queimados para a confecção de borracha, cerâmica, entre outros.
7
Modalidades de utilização dos RSU
Certos resíduos, no entanto, liberam gases tóxicos ao serem queimados. Nesses casos, para evitar a poluição do ar, é necessário instalar filtros e equipamentos especiais, o que torna o processo mais caro. Com a incineração é possível reduzir o volume de resíduos através da combustão, com temperaturas da ordem dos 1100 °C. Trata-se de um sistema útil na eliminação de resíduos combustíveis, não tendo vantagens para outros materiais como, por exemplo, vidros e metais. A matéria orgânica, que constitui cerca de 36% dos RSU, devido ao seu elevado teor em água, possui um baixo poder calorífico e como tal não é interessante incinerar sob o ponto de vista energético. Este tipo de sistema tem vindo a ser implementado em zonas de grande produção de resíduos por permitir uma redução do volume inicial até cerca de 90%. Deste processo resultam como produtos finais a energia calorífica (que é transformada em energia eléctrica ou vapor), águas residuais, gases, cinzas e escórias. Os gases resultantes da incineração têm se sofrer um tratamento posterior, uma vez que são compostos por substâncias consideradas tóxicas (chumbo, cádmio, mercúrio, crómio, arsénio, cobalto e outros metais pesados, ácido clorídrico, óxidos de azoto e dióxido de enxofre, dioxinas e furanos, clorobenzenos, clorofenóis ). O efluente gerado pelo arrefecimento das escórias e pela lavagem dos gases, terá de sofrer um tratamento adequado uma vez que, de acordo com a legislação da União Europeia, é considerado um resíduo perigoso. A incineração de resíduos, mesmo sendo um sistema que permite a redução do volume de RSU e o aproveitamento da energia, como não há a reciclagem dos materiais torna-se assim numa perda no ciclo de renovação dos recursos naturais. Por estes motivos, a incineração, assim como o aterro, surge no último lugar da hierarquia de gestão de resíduos. Os principais problemas do uso desta tecnologia como alternativa aos outros tratamentos são as falhas de manutenção e de operação que, se inadequadas ou ausentes, emitem à atmosfera gases tóxicos a partir da queima de compostos clorados, presentes em certos tipos de embalagens. Estes compostos, segundo alguns especialistas, são altamente cancerígenos e causam doenças irreversíveis aos seres humanos e animais, inclusive no nível
7
Modalidades de utilização dos RSU
de alterações genéticas. Contudo, existe outra corrente de opinião que desmente tal possibilidade, insistindo que é a melhor maneira de eliminação dos resíduos perigosos.
Co-incineração em cimenteiras
Os fornos de cimento reúnem algumas características que os recomendam como possíveis instalações para a eliminação de resíduos perigosos, principalmente se esses resíduos forem combustíveis e puderem ser destruídos por reacção com o oxigénio atmosférico. Dado o seu carácter perigoso a queima destes resíduos tem de ser efectuada de modo que a sua remoção e destruição seja elevada. Os gases no forno de clinquer atingem temperaturas máximas de 2000 ºC no queimador principal e permanecem a temperaturas acima dos 1200 ºC por períodos de 4 a 6 segundos. Por sua vez o clinquer sai do forno a temperaturas da ordem dos 1450 ºC. Estas temperaturas são das mais elevadas encontradas em qualquer processo industrial e o tempo de residência dos gases a alta temperatura é também bastante superior ao conseguido noutros processos de combustão alternativos, como a incineração dedicada. Assim um forno de clinquer é um local com condições óptimas para uma queima ou destruição eficaz de qualquer resíduo orgânico que se possa oxidar/decompor com a temperatura. Devido à quantidade elevada de matéria-prima existente no interior do forno este tem uma inércia térmica superior ao de muitas outras instalações industriais a alta temperatura. Nos fornos de cimento as variações de temperatura são lentas e mais facilmente controláveis. Esta característica é vantajosa quando se queimam substâncias com composição e poder calorífico variável como são os resíduos industriais. É necessário tomar algumas precauções em relação ao modo como o material é adicionado ao forno. O local de injecção mais apropriado é o queimador principal junto à saída do clinquer, porque nestas condições a temperatura e
7
Modalidades de utilização dos RSU
o tempo de residência são maximizados. Substâncias líquidas ou sólidos triturados são normalmente queimados neste ponto do forno. Os resíduos têm de chegar à unidade fabril com uma composição conhecida e com uma uniformidade em composição e granulometria especificada. Por conseguinte, às modificações efectuadas no interior da unidade fabril, deve ser acrescentada a necessidade de instalações, normalmente externas, de recepção, filtragem, análise e acondicionamento do resíduo. Resumindo, a co-incineração em cimenteiras apresenta as seguintes vantagens: Altas temperaturas e longos tempos de residência: mais de 5minutos a uma temperatura superior a 1800 °C; Elevado índice de destruição: orgânicos totalmente destruídos; Metais incorporados e fixados no produto final; Processo com auto-lavagem de gases: A cal representa mais de 60% em massa; Dupla valorização de produtos orgânicos e minerais; Alta eficiência e recuperação; Redução das emissões globais: CO2 global é reduzido; Em resumo, não podemos esperar que os resíduos se acumulem sem que lhes seja dado um destino correcto, contribuindo assim para a melhoria da qualidade de vida na Terra. Para finalizar quero acrescentar, algumas vezes, no caminho em que habitualmente faço o jogging, tenho constatado a existência de vários pneus velhos abandonados e, mesmo durante o exercício, (porque me faço acompanhar de telemóvel) ligo para a Câmara Municipal para os recolherem.
Coimbra, 29 de Janeiro de 2009
7
Modalidades de utilização dos RSU
7