Livro_dons Espirituais

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  • Pages: 132
Dons Espirituais por

Fred G. Zaspel Publicado pela Word of Life Baptist Church copyright © 1987, Fred G. Zaspel

Capítulo 01 - DEFINIÇÕES ou O que é um Dom Espiritual?

Palavras Descritivas Para entender a natureza dos dons espirituais devemos olhar primeiro para as palavras que os escritores da Bíblia usaram para descrevê-los. 1 Coríntios 12 lista-os para nós. Cada palavra, parece, observa os dons de outro ponto de vista, mostrando outro aspecto do seu propósito, função ou origem. Olhar estes termos juntos produzirá uma descrição mais completa dos dons que eles estavam descrevendo. "Espirituais" No verso 1 a Versão Autorizada (KJV) menciona “dons espirituais”. No grego lemos simplesmente “espirituais” (ton pneumatikon), significando “coisas caracterizadas ou controladas pelo Espírito”. Dons espirituais são, portanto, em primeiro lugar, coisas controladas ou caracterizadas pelo Espírito. "Dons" No verso 4 encontramos a palavra “dons” que é traduzida a partir da palavra grega charisma; portanto, nosso termo “carismático”. A palavra raiz significa “graça”. Assim, se pneumatikon nos fala que os dons espirituais são coisas caracterizadas pelo Espírito Santo, charisma nos ensina que eles são dons da graça de Deus. Eles não algo que conseguimos ou merecemos. Eles são dons da graça. Apesar do que o termo “carismático” significa e implica hoje, não há tal coisa como um

dom não-carismático. Todos dons são carismáticos; isto é, todos os dons são livremente dados por um Deus gracioso. Este termo é usado também em Romanos 12:6 e 1 Pedro 4:10. (Deve ser observado que quando Paulo fala de dons em Efésios 4:7-8, ele emprega outro termo, dorea , que enfatiza virtualmente a mesma verdade; isto é, que os dons espirituais são justamente isto – dons, não recompensas.) Isto é mais adiante enfatizado durante toda a primeira metade do capítulo 12. Por exemplo, o verso 7 nos diz que eles são dados; novamente no verso 8 é o mesmo. Versos 11 e 18 declaram que os dons são dados soberanamente pelo Espírito de Deus: Ele os distribui como quer. Com esta verdade reconhecida, um princípio básico começa a emergir, um princípio que desenvolveremos mais tarde em maior detalhe. Naturalmente tendemos a pensar que um homem bem dotado deve ser um homem piedoso. Um pastor, por exemplo, que é especialmente dotado em diversas áreas (tais como pregação, ensino, liderança, aconselhamento, etc.) é quase instintivamente presumido ser espiritualmente maduro e mais avançado na santidade do que todos os crentes “comuns”. “Como explicar o fato dele ser cheio de dons?”, pensamos. O simples fato do assunto é que ele pode ou não ser espiritualmente maduro. O fato de ele ser cheio de dons não tem nada a ver com a questão, porque os dons não são dados em proporção à santidade ou qualquer outra coisa. Os dons são dados livre e soberanamente por Deus a qualquer um que Ele queira. Eles são dons da graça, não mérito, e assim eles não indicam de modo algum a santificação de uma pessoa. Eles não provam nada, exceto que Deus dá dons livremente. Os dons espirituais são “carismáticos” – dons da graça. "Administrações" No verso 5 Paulo os chama de “administrações” [versão inglesa – em algumas outras versões “ministérios”, “serviços”]. O termo no grego é diakonia , “serviço”, a mesma palavra da qual tomamos a palavra “diácono”, que significa “servo”. O próximo fato sobre os dons espirituais, portanto, é que eles são serviços a serem prestados. Sua função primária é para os outros. Dons são para servir. "Operações" O verso 6 os chama de “operações”. Esta é a palavra grega da qual tomamos nossa palavra portuguesa “energia” (energema) . Os dons espirituais são também energizadores. Provavelmente esta palavra enfatiza a divina energia nos capacitando a realizar o serviço. Pedro tinha esta mesma idéia em mente quando ele diz para “ministrar”

(servir) com a “capacidade” (força) que Deus dá (1 Pedro 4:11). Deus nos dota para realizar o serviço na Sua força. "Manifestações" Finalmente, o verso 7 se refere a eles como “manifestações”. A palavra grega ( phanerosis ) significa “fazer visível”, ou “mostrar”. Os dons espirituais, então, são mostras visíveis de serviço aos outros. Os dons espirituais não são habilidades dadas para fazer algo para si mesmo, sozinho. Isso é egoísmo. Eles são “serviços” visíveis realizados para outros. Eles são exercitados em amor, Paulo ensina no capítulo 13, e “o amor não busca os seus próprios interesses” (13:5). Definição Colocando todos estes termos juntos, encontramos que um dom espiritual é uma capacidade dada por Deus para servir a igreja eficazmente. Há definições longas que poderiam ser dadas, mas esta parecer dizer tudo. Deus tem graciosamente, de forma imerecida, equipado a cada um de nós com a capacidade de ministrar aos outros dentro do corpo de Cristo. Um dom espiritual, então, é mais do que uma possessão, é um canal através do qual o Espírito Santo ministra para Sua igreja. Isto significa que Ele escolheu edificar a Igreja. Distinções Dons e Dom Nessa conjuntura, algumas distinções são apropriadas. Os dons do Espírito não são iguais ao dom do Espírito. Em Atos 2:38 Pedro diz para aqueles que inquiriram sobre a salvação, “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para remissão de vossos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo.” O “dom” (singular) do Espírito é simplesmente o próprio Espírito Santo. O próprio Espírito Santo era o Dom prometido para todos aqueles que cressem em Jesus. Jesus falou disto em diversas ocasiões. João 7:38-39 registra uma dessas. Jesus disse, “Quem crê em mim, como diz a Escritura, do seu interior correrão rios de água viva”. Então João adiciona o comentário interpretativo, “Ora, isto ele disse a respeito do Espírito que haviam de receber os que nele cressem; pois o Espírito ainda não fora dado, porque Jesus ainda não tinha sido glorificado”. João 14:15-18,26; 15:26; e 16:7 também fala do mesmo Dom prometido, com o faz Atos 1:4-5. Como desenvolveremos mais tarde, o Espírito Santo é o Dom de Cristo para Sua igreja, e isto é fundamental para o recebimento dos dons (plural) do Espírito: quando O recebemos, então, recebemos também o que Ele dá; isto é, os dons espirituais. Por exemplo, desde que eu casei com minha

esposa, tenho comicamente lhe dito várias vezes, “o que é seu é meu, e o que é meu é seu!” Isto pode ser um pouco unilateral, mas você vê o princípio – quando eu a recebi, eu também recebi o que era seu. Tudo que era seu se tornou meu também quando nos tornamos unidos em matrimônio. E o mesmo é verdadeiro para ela. Da mesma forma, quando eu recebo o bendito Espírito de Deus, eu O recebo em tudo que Ele tem para oferecer. Entre os maravilhosos ministérios do Espírito na vida do crente está o ministério de dotar para o serviço. Isto nós recebemos quando O recebemos. Talvez seja útil parar aqui e explicar outro ponto neste versículo (Atos 2:38). Quando Pedro disse “arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado para remissão de vossos pecados” ele não estava ensinando que o batismo é uma condição para a salvação. A preposição grega traduzida “para” neste verso (eis) carrega a idéia de “por causa de”. “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado por causa da remissão de vossos pecados”. É como aqueles pôsteres na estação policial, “homem procurado ‘por' roubo” – eles não estão solicitando voluntários! Eles estão declarando que alguém é procurado “por causa de” seu crime já cometido; ele não é procurado para cometê-lo! O mesmo é verdade aqui; nós somos batizados em obediência a Cristo por causa do perdão de nossos pecados e não para ganhar tal perdão. Dons e Fruto Nem devemos confundir os dons do Espírito com o fruto do Espírito. Os dons são serviços para serem prestados aos outros; “fruto” fala das graças ou traços característicos de uma pessoa habitada pelo Espírito Santo. Quando o Espírito de Deus toma residência num homem, Ele não somente o capacita para servir, mas também começa a cultivar a santidade, a evidência de que é um solo profundo, o “amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio” (Gálatas 5:22-23). Tanto o fruto como os dons são essenciais. Ambos são manifestações da habitação do Espírito. Mas os dois não são a mesma coisa. Dons e Talentos Finalmente, uma palavra sobre talentos. Qual a diferença entre um dom e um talento? É freqüentemente dito que nós nascemos com certos talentos, habilidades naturais, mas quando nascemos de novo é nos dado dons espirituais – talentos sendo naturais e dons sendo sobrenaturais. É interessante que tal brilhante distinção nunca é descrita nas Escrituras. Ela é freqüentemente inferida ou apenas presumida, hoje, mas nunca declarada dessa forma nas Escrituras. E com todos os

fatos examinados, parece que esta distinção é inútil e difícil, se não impossível, de se demonstrar. Deixe-me explicar. Gálatas 1:15-16, por exemplo, declara, efetivamente, que Paulo foi dotado para pregar no nascimento. Mas este dom, obviamente, não foi exercitado até muitos anos depois. Certamente, ele sem dúvida pregava e ensinava antes de crer, mas tal pregação ou ensino recebeu inteiramente uma nova dimensão quando ele foi salvo. Ele tinha o dom (talento) desde o começo; ele se tornou “espiritual” quando ele se tornou espiritual. (Um homem “espiritual” é um Cristão. Esta é a terminologia de Paulo em 1 Coríntios 2:14-15). Seus dons (os quais, sem dúvida, foram soberanamente dados também) “naturais” se tornaram espirituais simplesmente porque ele mesmo se tornou espiritual. Ou olhe isto de uma outra forma: qual é a diferença entre o que o seu professor de Escola Dominical faz para você todas as manhãs de Domingo e o que seu professor da faculdade lhe faz? A diferença é óbvia: o ensino do seu professor de Escola Dominical, ou do seu pastor embora o mesmo talento, dom, possa ser usado numa sala de aula secular - tem uma dimensão totalmente diferente. Este ensino é espiritual e ministra para a igreja. O talento é o mesmo, mas recebeu uma nova dimensão e uma nova capacidade – uma capacidade para as coisas espirituais. Muitos professores se tornaram “espirituais” e assim ganharam a capacidade para ministrar para a igreja com o mesmo talento, o mesmo dom, que ele tinha desde o começo. Este talento simplesmente se tornou aprimorado em sua capacidade de servir à igreja eficazmente. Tornou-se espiritual. Assim o contraste não é absoluto; nem há distinções necessárias. Deus sabiamente e providencialmente equipa no nascimento; a dimensão espiritual é adicionada no novo nascimento, mas o talento em si mesmo é basicamente o mesmo. Uma Observação Antes de deixar este assunto de definições, mais uma observação é necessária, e é no que concerne a palavra “manifestações”. Justamente o que é manifesto? O que é feito visível? É o próprio Espírito Santo! Um dom espiritual é uma “manifestação do Espírito ” (1 Coríntios 12:7, itálico adicionado). Isto é como o Espírito Santo é visto – no exercício dos dons espirituais. Uma das maiores demonstrações do Espírito Santo é uma igreja na qual os membros estão exercitando os dons uns para com os outros. Uma igreja funcionando como um corpo bem dotado é uma bela demonstração do Espírito. Assim, um dom espiritual não é somente uma habilidade para servir; ele é um canal através do qual o Espírito Santo ministra ao corpo. Isto coloca a discussão num nível mais alto de importância! Quando você exercita seu dom a serviço de outros crentes, isto será reconhecido como a manifestação, a demonstração do Espírito

de Deus. Deus escolheu ministrar ao Seu povo através de nós! Poucas coisas podem se comparar à benção de saber e experimentar isto. Portanto, se pergunte: como o Espírito Santo ministrou através de você nesta semana? Como Ele o fará na próxima? NT: A tradução perdeu um pouco da comparação, pois no inglês tanto em Atos 2:38 como na frase é usada a preposição ‘for' (para, por, etc.). A tradução literal para o português ficaria sem sentido: “homem procurado ‘para'roubo”. O duplo sentido é possível somente no original: "man wanted `for' robbery". Tradução livre: Felipe Sabino de Araújo Neto Cuiabá-MT, 22 de Fevereiro de 2004

Dons Espirituais por

Fred G. Zaspel Publicado pela Word of Life Baptist Church copyright © 1987, Fred G. Zaspel

Capítulo 02 - DIVERSIDADES ou Que tipos de Dons Têm Sido Dados?

Tendo chegado a um entendimento da natureza dos dons espirituais, é bom descobrir exatamente quais dons têm sido dados. No Novo Testamento, somente o apóstolo Paulo os menciona pelo nome. Ele nos dá cinco listas dos tais. Todas as listas são diferentes, assim, é necessário olhar para todas elas ao mesmo tempo. Os dons são encontrados em Romanos 12:6-8 (listando sete dons), 1 Coríntios 12:810 (nove), 1 Coríntios 12:28 (oito), 1 Coríntios 12:29-30 (sete), e Efésios 4:11 (quatro). Subtraindo aqueles repetidos, temos um total de dezenove. O seguinte quadro mostra todos eles como são listados nas passagens do Novo Testamento.

Romanos 12:6-8 1 Coríntios 12:29-30 1 Coríntios 12:8-10

Efésios 4:11

1 Coríntios 12:28

Profecia

Apóstolos

Palavra de sabedoria

Apóstolos

Apóstolos

Ministério (Serviço)

Profecia

Palavra de conhecimento Profetas

Ensino

Ensino



Evangelistas Mestres

Exortação

Milagres

Cura

Pastor-Mestre Milagres

Contribuição

Cura

Milagres

Curas

Liderança

Línguas

Profecia

Socorro

Uso de misericórdia

Interpretação de línguas

Discernimento de espíritos

Governo

Tipos de línguas

Variedades de línguas

Profetas

Interpretação de línguas

Observações Descrevendo a partir destas listas de dons espirituais, um número quase sem fim de observações podem ser feitas. É útil, por exemplo, observar quais dons aparecem mais de uma vez e em mais de uma das epístolas de Paulo. Por exemplo, a profecia é mencionada em cada uma das cinco listas, e o argumento de Paulo em 1 Coríntios 14 é que a profecia é o dom mais importante para a igreja. O dom de ensino é mencionado em quatro das cinco listas e em todas as três epístolas. Quando o apostolado aparece, é sempre o primeiro da lista. Nas três listas nas quais o dom de línguas é mencionado (1 Coríntios 12), as línguas aparecem por último (junto com seu dom acompanhante, o dom de interpretação de línguas). Além do mais, os dons miraculosos, tais como línguas, curas e milagres, são mencionados somente em 1 Coríntios e não são encontrados em nenhum outro lugar nas epístolas. A Lista Chave Deves ser observado também que 1 Coríntios 12:28 é a lista chave na qual os dons são mencionados na ordem de importância. “E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro mestres, depois operadores de milagres, depois dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas”. Visto que é óbvio que algum dos dons que estavam no final da lista (tais como curas e milagres) estavam em operação antes dos dons do topo da lista (tais como apóstolos), o “primeiramente...em segundo lugar...em terceiro” devem indicar ordem de importância e não ordem na qual eles foram dados para a igreja. Isto foi de grande importância para a igreja em Corinto,

porque uma larga parte de seu problema era que eles deram às línguas um alto lugar de importância enquanto a profecia e o ensino foram deixados em sua sombra – cujo problema Paulo tratou extensamente durante todo o capítulo 14. Virtualmente o mesmo problema existe hoje, mas é necessário somente este verso para corrigir o mesmo, o qual mostra ser o ensino superior às línguas. Sobreposição Um exame mais detalhado dessas listas também revela alguma sobreposição nos dons. Pode ser que não haja dois dons listados que sejam perfeitamente idênticos, mas seria difícil encontrar qualquer diferença real entre alguns. Por exemplo, seria difícil demonstrar a diferença entre o dom de socorro e o dom de mostrar misericórdia. Ambos têm o mesmo foco: ministrar (servir) aos outros. Novamente, a diferença entre liderança e governo é muito difícil de determinar. Mesmo se a identidade exata não é pretendida, ainda há muita sobreposição. Este é o caso com os dons da palavra de sabedoria e a palavra de conhecimento, os dons de exortação e ensino, e os dons de socorro e serviço. Da mesma forma, os dons de cura podem não ser tão amplos como o dom de milagres, mas a similaridade é óbvia. Deve-se ter cuidado para não fazer distinção onde a mesma não é pretendida. Listas Completas? Finalmente, é útil notar que estas listas não são exaustivas. Sabemos que nenhumas das listas são por si só completamente exaustivas, porque nenhuma delas mencionam todos os dons. Por exemplo, a mais longa das listas, 1 Coríntios 12:8-10, não menciona os apóstolos, mestres, liderança, etc. Dessa forma, ela não é completa. Agora, se nenhuma das listas é completa, devemos insistir que todas as listas são, juntas, completa? Pode haver outros dons espirituais não nomeados dessa forma no Novo Testamento: hospitalidade, pregação, oração, música e aconselhamento podem todos ser exemplos disto. Contudo, parecerá que qualquer dom espiritual não especificamente nomeado no Novo Testamento, geralmente sobreporá com alguns daqueles mencionados, somente com uma diferença no foco ou ênfase. Os dons especificados no Novo Testamento podem ser considerados como títulos gerais sob os quais qualquer número de serviços específicos podem ser encontrados. O ponto é este: você pode ter um dom não mencionado pelo nome no Novo Testamento. Que ninguém te frustre, ao restringir você destas listas. Deus pode ter uma área de serviço para você em Sua igreja em outra área. Se você está querendo saber quel é o seu dom espiritual, certamente é bom estudar estas listas pelo menos como um guia geral

para as áreas de serviço; seu dom pode ser apenas um dom que não é especificamente nomeado pelo apóstolo. Mas, acima de tudo, simplesmente procure por uma oportunidade de serviço, a qual você seja capaz de atender eficazmente. Tendo achado esta, você encontrará seu dom espiritual – seja ele nomeado ou não pelos escritores do Novo Testamento. Tradução livre: Felipe Sabino de Araújo Neto Cuiabá-MT, 22 de Fevereiro de 2004

Dons Espirituais por

Fred G. Zaspel Publicado pela Word of Life Baptist Church copyright © 1987, Fred G. Zaspel

Capítulo 03 - A DISTRIBUIÇÃO ou De Quem e Para Quem são Dados os Dons?

Nos versos iniciais de 1 Coríntios 12, Paulo levanta e responde outra importante questão. Esta questão diz respeito ao assunto da distribuição dos dons espirituais. Quem os dá? E quem os recebe? Esta dimensão do assunto o faz particularmente excitante. A Fonte O Espírito Santo

Quando falamos da fonte dos “dons espirituais”, é imediatamente evidente que é o Espírito Santo quem os dá. O verso 1 fala disto quando Paulo descreve os dons como “coisas caracterizadas ou controladas pelo Espírito”. O verso 4 fala das variedades de dons, todos vindo do “mesmo Espírito”. O verso 7 os descreve como “manifestações do Espírito”. Frases qualificativas tais como “pelo Espírito” e “pelo mesmo Espírito” são encontradas durante todo o capítulo. Os dons são dados pelo Espírito Santo. A Trindade Mas isto por si só não completa a resposta. Uma observação mais detalhada nos verso 4-6 revela que os dons espirituais são uma obra das três Pessoas da Divindade. O verso 4 fala deles como vindo do “mesmo Espírito”, como já observamos. Mas o verso 5 fala deles como vindo do “mesmo Senhor” (Jesus Cristo) e o verso 6 como vindo do “mesmo Deus” (o Pai). O verso 18 fala de Deus dando os dons: “Mas agora Deus colocou os membros no corpo, cada um deles como quis”. O ato de dotar os crentes é uma obra cooperativa da Divindade Triuna. A Obra de Cristo Efésios 4:7 e versículos seguintes adicionam um novo calor a isto quando fala dos dons como vindos de Deus o Filho. Paulo diz: “Mas a cada um de nós foi dada a graça conforme a medida do dom de Cristo. Por isso foi dito: Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro, e deu dons aos homens”. Ele está se referindo a um costume militar daqueles dias, no qual o general conquistador vinha desfilando de volta para sua cidade de moradia, mostrando todos seus cativos e os despojos da guerra à multidão que aclamava e distribuindo aqueles despojos com o povo, dando-os livre e generosamente. Esta passagem descreve Cristo retornando vitoriosamente de Sua guerra contra o pecado na cruz e assim dando dons para nós, Seu povo redimido. “E ele deu uns como apóstolos, e outros como profetas, e outros como evangelistas, e outros como pastores e mestres” (verso 11). Nossos dons espirituais, portanto, devem ser vistos como prêmios da vitória de Cristo. Eles são uma parte de nossa porção nas bênçãos da salvação que Ele assegurou em Sua guerra contra o pecado. Esta verdade faz de nossos dons espirituais algo para ser estimado e grandemente apreciado! Eles são dons da Divindade Triuna, providos pelo triunfante Cristo que morreu, ressuscitou dos mortos, e ascendeu em glória compartilhando conosco, o Seu povo, os benefícios de Sua vitória. A Extensão

Agora se levanta a questão da extensão: Quem recebe estes dons? Todas as passagens que tratam sobre este assunto se unem no ensino de que a todos os que pertencem a Jesus Cristo são dados os dons espirituais. Efésios 4:7 diz, “Mas a cada um de nós foi dada a graça conforme a medida do dom de Cristo”. Pedro escreve, “o dom que cada um recebeu” (1 Pedro 4:10). Paulo enfatizou isto repetidamente em 1 Coríntios 12:7 – “a cada um , porém, é dada a manifestação do Espírito para o proveito comum”; verso 11, “Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, distribuindo particularmente a cada um como quer”; verso 18, “Mas agora Deus colocou os membros no corpo, cada um deles como quis” (itálicos adicionados). Parece que Deus demonstrou isto para nos impressionar com o fato de que cada um de nós tem um dom! Os dons espirituais não são reservados para os pastores ou evangelistas, ou alguma outra elite espiritual. Todos do povo de Deus desfrutam desta bênção! Se você é um Cristão, seu dom espiritual chegou! Você pode não tê-lo desempacotado (você pode não estar usando-o ou desfrutando-o), mas Deus lhe deu uma habilidade para ministrar à igreja. Você, amigo Cristão, tem o privilégio de ser o canal da benção Divina para outros. Princípios Função Corporal Uma verdade básica essencial para a função da igreja é enfatizada aqui. É a do princípio do serviço ou função corporal. A igreja não é um espectador de esporte, o pastor jogando e os demais assistindo. O ministério da igreja não é pretendido ser executado pelo pastor ou por umas poucas pessoas somente. Cada membro do corpo é esperado funcionar no seu próprio lugar de serviço; para isto, cada membro foi equipado. A igreja sofre quando depende somente dos ministros “profissionais”. Está se privando do ministério e da bênção. Um corpo pode funcionar bem somente quando todos os seus membros realizam suas responsabilidades para com os outros. Este é o ponto de Paulo nos versos 12-31 de 1 Coríntios 12 com sua detalhada analogia do corpo – o ouvido não está contente em ser um ouvido e o pé um é, e assim por diante. Amigo Cristão, se você não está servindo a igreja, você está falhando como um membro do corpo! Deus te equipou para servir, e ignorar este dom é ingratidão, e priva a igreja de bênção. Deus te colocou como um membro num corpo; você deve funcionar como tal. Nenhum Dom Universal

Outro princípio que emerge aqui é que embora todos tenham um dom, todos não têm o mesmo dom, nem é qualquer dom universal. Isto foi uma grande parte do problema em Corinto, e é a carga do argumento de Paulo em 1 Coríntios 12:12-31. Os Coríntios não careciam de nenhum dom (1 Coríntios 1:7); eles tinham todos. Todavia, muitos deles pensavam que o dom de línguas deveria ser desfrutado por todos, o que, de acordo com o apóstolo, levaria somente a confusão. Paulo pergunta, “Se o corpo todo fosse olho, onde estaria o ouvido?” (verso 17). Seu humor sarcástico é pungente: se tal fosse o caso, não haveria corpo de nenhuma maneira! Para usar uma ilustração moderna, como você gostaria de estar num time de futebol no qual cada um quisesse ser o zagueiro? Suponho que você poderia chamar isto de unidade, e poderia aparecer na primeira página da seção de esportes, mas dificilmente este seria um time digno de se apostar nele! Cada um deve desempenhar sua própria posição fielmente ou não haverá vitória. O mesmo é verdade para a igreja: se todos tentassem falar em línguas ou se todos tentassem ser mestres, haveria confusão. Todos os dons devem estar em operação para a igreja funcionar. Assim, Paulo pergunta: “Porventura são todos apóstolos? são todos profetas? são todos mestres? são todos operadores de milagres?” (versículo 29). A construção grega neste versículo demanda uma resposta negativa – “não, nem todos são apóstolos, etc”. Nem todos têm o mesmo dom. Deus distribuiu os dons como Lhe aprouve. Ele providenciou uma variedade de dons e uma variedade de pessoas dotadas para o funcionamento adequado da igreja. Portanto, não sinta que você foi deixado de lado simplesmente porque não pode pregar, ensinar ou aconselhar. É escolha de Deus que você tenha um dom particular. Ele vê que é melhor haver diversidade, e por esta razão, nenhum dom pode ser universal, e todos não podem ter o mesmo dom. Variedades no Ser Dotado Outra questão se levanta aqui com respeito ao número de dons que uma pessoa pode ter. Cada Cristão tem um dom espiritual, mas, somente um? Embora cada crente possa ter uma área primária na qual é dotado, provavelmente, ninguém tem somente um dom. Os apóstolos, sabemos, eram homens multi-dotados. Eles tinham o dom de ensino, pregação, exortação, profecia, línguas, discernimento de espíritos, evangelização, apostolado, curas, etc. Pastores também devem ter mais do que um dom: a qualificação para o seu ofício inclui os dons de ensino, liderança e governo (1 Timóteo 3:1-5). 1 Coríntios 12:11 nos diz que o Espírito de Deus “distribui particularmente a cada um como quer”. Este verbo (“distribuir”) no grego, aparece em sua forma substantiva no verso 4, traduzido por “diversidades”, verso 5 como “diferenças”, e no verso 6 como “diversidades” novamente. Parece que o apóstolo está nos

dizendo que não somente há uma variedade de dons e de pessoas dotadas, mas há também uma variedade de combinações dos dons. Exemplos disto são vistos nos apóstolos e presbíteros, como já observado. Outro é Timóteo: 2 Timóteo 4:1-5 menciona seus dons de pregação, ensino e evangelização. Outra pessoa pode ter os dons de misericórdia, contribuição e fé, ou semelhante. Assim, quando Pedro fala de nosso dom no singular (1 Peter 4:10-11), isto pode simplesmente ser visto como um dom com várias facetas. O ponto, então, é este: não pense que você está preso a alguma área de serviço. Deus equipa várias pessoas de várias maneiras. Você pode ser, e provavelmente é, alguém que Deus capacitou para ministrar de muitas formas. Variedade de Eficácia Há também um variado grau de dons que Deus tem sabiamente concedido. Até entre aqueles com o mesmo dom, há uma variada eficácia. É muito óbvio que alguns são dotados em um grau maior do que outros. Por exemplo, alguns professores são mais eficazes do que outros. O mesmo é verdade de pregadores e cada um dos outros dons espirituais. Deus estabeleceu isto também. Freqüentemente a grande eficácia de um certo pregador, por exemplo, é devido simplesmente à sua grande diligência no estudo e preparação. E embora possa ser argüido que aqueles mais diligentes e proficientes no estudo são aqueles assim dotados, não obstante, é verdade que alguns são mais eficazes porque Deus os capacitou (dotou) dum modo mais eficaz. Paulo afirma isto em suas epístolas diversas vezes. Por exemplo, 1 Coríntios 12:6 diz que há “diferentes manifestações de poder” . Ao nos dotar soberanamente, Deus nos energizou soberanamente também, de forma que alguns têm uma maior “energia” divina, por assim dizer, para o funcionamento de seus dons. Romanos 12:3 e 6 ensinam o mesmo: Paulo fala de exercitar nossos dons “segundo a medida da fé”. Assim, como o verso 6 diz, o profeta é para exercitar seu dom no melhor de sua capacidade, segundo a medida da fé lhe dada. Além disso, não lhe é requerido fazer mais nada. Isto não é escusa para preguiça – é ainda necessário aperfeiçoar os seus dons tanto quanto possível. Devemos ainda “despertar” os nossos dons (2 Timóteo 1:6). Mas isto é uma revelação da graciosidade de Deus em capacitar Seu povo em variados graus e então requerer precisamente nada mais do que isso. O que Deus requer de nós, Ele nos provê. Mas o que Ele provê, Ele requer. Servindo Além da Área em que É Dotado

Mas, você pode ministrar fora da área do seu dom? Deveria? Poderia você fazer isso eficazmente? Esta questão é freqüentemente levantada, mas a resposta é tanto simples como óbvia. Por exemplo, suponha que sua casa estivesse em chamas, e você estivesse impossibilitado de fazer algo, e assim fosse me pedir socorro. O que você pensaria se eu replicasse: “Me desculpe, mas a área de atuação de meus dons é o ensino, não socorros ou contribuição!”?. A questão responde por si só – a ausência de dons não escusa ou alivia a responsabilidade Cristã. Vocês, homens, são responsáveis de liderar sua família, quer tenham ou não o dom de liderança. Vocês são responsáveis de ensinar suas crianças, quer tenham ou não o dom de ensino. Todos os Cristãos são responsáveis de testemunhar por Cristo, quer tenham ou não o dom de evangelização. Vocês são responsáveis de sustentar o ministério de sua igreja (assumindo que esta seja uma igreja fiel às Escrituras), quer tenham ou não o dom de contribuição. Vocês são responsáveis de promover a comunhão Cristã, quer tenham ou não o dom de hospitalidade. Vocês são responsáveis de exortar seus companheiros crentes, quer tenham ou não o dom de exortação, e assim por diante. Seu dom pode ser seu ponto de partida, sua área primária de eficácia, mas jamais permita que ele o detraia de servir ou realizar suas responsabilidades em outras áreas também. Sumário Para resumir este capítulo, então, os dons espirituais são dons dados pelo Deus Triuno, assegurados pelo conquistador Senhor Jesus para cada um de Seu povo. Deus soberanamente e de forma variada equipou cada membro para funcionar no seu lugar exclusivo no corpo. Esta função não é opcional, mas esperada e essencial para o corpo como um todo. E embora nenhum dom seja universal, todos dentro do corpo devem cuidar dos outros de todo modo possível. Este é o caminho de Deus de ministração para Sua igreja – não somente através de um pastor dotado ou de uns poucos na liderança, mas através de todos membros dotados para servir uns aos outros. Está é a única forma na qual um corpo pode funcionar. NT: em algumas versões. Tradução livre: Felipe Sabino de Araújo Neto Cuiabá-MT, 23 de Fevereiro de 2004

Dons Espirituais por

Fred G. Zaspel Publicado pela Word of Life Baptist Church copyright © 1987, Fred G. Zaspel

Capítulo 04 - As DIVISÕES ou Como os Dons São Categorizados?

Vários esforços têm sido feitos para agrupar ou categorizar os dons mencionados na Escritura. Pedro parece distinguir entre dons de falar e dons de servir em 1 Pedro 4:10-11, onde ele escreve: “servindo uns aos outros conforme o dom que cada um recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus. Se alguém fala, fale como entregando oráculos de Deus; se alguém ministra, ministre segundo a força que Deus concede”. Alguns dons focam primariamente o “fazer” e outros o “falar”. Para atender a vários propósitos de ensino, outros têm tentado categorizar os dons sob vários títulos. Eles poderiam ser listados em suas categorias como se segue.

1./Temporário /Permanente

2./De falar /De servir /Sinal

3./Sustentação /Serviço /Sinal

4./De Fundamento /Sustentação /Serviço /Sinal

Temporário

De falar

Sustentação

Fundamento

Apostolado Profecia Conhecimento Sabedoria Discernimento de espíritos Milagres Curas

Apóstolos Profecia Evangelização Pastor-Mestre Ensino

Apóstolos Profecia Evangelização Pastor-Mestre Ensino

Apóstolos Profetas

Línguas Interpretação de línguas Serviço

Sustentação

Liderança Governo Fé Contribuição Socorro Misericórdia Ministério (Serviço)

Liderança Governo Exortação Fé Contribuição Socorro Misericórdia Ministério (Serviço)

Evangelização Ensino Pastor-Mestre

Sinal

Sinal

Discernimento de espíritos Milagres Curas Línguas Interpretação de línguas Sabedoria Conhecimento

Conhecimento Sabedoria Discernimento de espíritos Milagres Curas Línguas Interpretação de línguas

Permanente

De servir

Evangelistas Pastor-Mestre Ensino Liderança Governo Exortação Fé Contribuição Socorro Misericórdia Serviço

Serviço Liderança Governo Exortação Fé Contribuição Socorro Misericórdia Ministério (Serviço) Sinal Sabedoria Conhecimento Discernimento de espíritos Milagres Curas Línguas Interpretação de línguas

Cada uma destas divisões tem o seu mérito, dependendo do alvo a ser alcançado. A tripla divisão entre dons de sustentação, serviço e sinal é útil em sua distinção entre alguns dos dons permanentes. Alguns dons carregam consigo uma honra particular porque eles são especialmente vitais à igreja. São estes os dons de sustentação que se focam sobre a ministração pública da Palavra. Nestes sentido eles sustentam a igreja. Os outros dons permanentes, embora essenciais, não carregam tal dignidade. São diferenças que o apóstolo reconhece e serão

desenvolvidas no capítulo 6. Este agrupamento também reconhece a especial significância dos dons de sinais – dons, especialmente o apostólico, que serviram para autenticar os apóstolos e sua mensagem. Isto também será desenvolvido mais tarde na discussão sobre os dons miraculosos. A quádrupla divisão de dons de fundamento, sustentação, serviço e sinalreconhece ainda mais a importante distinção entre os dons de fundamento temporários e os outros dons de sustentação que são permanentes, sendo antes uma parte da fase superestruturada da igreja, do que de sua fase fundacional de edificação. Para os propósitos deste estudo, a simplificada divisão dupla entre os dons temporários e permanentes será mantida. É especialmente importante para nós nestes dias reconhecer quais dons não estão mais em operação e quais deles estão. A segunda parte deste livro examinará os dons permanentes; com respeito a eles, há pouco debate hoje. A parte três investigará os dons temporários em algum detalhe. Qualquer que seja o método de divisão empregado, é importante reconhecer as diferenças que existem entre certos dons. Há diferenças de função, diferenças de importância, e diferenças de propósito, as quais, quando reconhecidas, aumentam grandemente nosso entendimento dos próprios dons. Tradução livre: Felipe Sabino de Araújo Neto Cuiabá-MT, 22 de Fevereiro de 2004

Dons Espirituais por

Fred G. Zaspel Publicado pela Word of Life Baptist Church copyright © 1987, Fred G. Zaspel

Capítulo 05 - O DESÍGNIO ou Qual é o Propósito dos Dons Espirituais?

Voltando novamente para 1 Coríntios 12, observe que o apóstolo inspirado também escreve sobre a questão do propósito. Precisamente por que Deus nós dá estes dons? Qual é o propósito deles? Certamente, o princípio fundamental em tudo o que fazemos é a glória de Deus. Devemos exercitar nossos dons espirituais para glorificar a Deus corretamente. Pedro ensina isto em 1 Pedro 4:11 quando, escrevendo de nossos dons espirituais, diz que eles devem ser exercidos “ para que em tudo Deus seja glorificado por meio de Jesus Cristo ”. Paulo já tinha escrito isto aos Coríntios (1 Coríntios 10:31), mas aqui ele se torna mais específico. Sim, os dons são para o propósito de glorificar a Deus, mas há ainda outro, um propósito mais imediato. Este propósito é a edificação do corpo de Cristo. Deus é glorificado quando usamos nossos dons para edificar a igreja. Isto está implicado no verso 5 quando Paulo descreve os dons como “administrações” (serviços). No verso 7 ele diz que os dons são “dados a cada um para o proveito dos demais”, ou “para o bem comum”. Este termo (“para o proveito dos demais”) no grego é interessante. A palavra raiz é sumphero que literalmente significa “levantar juntamente”. Deus deu os dons espirituais para que os membros do corpo de Cristo possam por eles levantar uns ao outros, juntos (Embora alguns possam agir assim, não há realmente nenhum dom de crítica! Os dons são para edificação, não para demolição!) Efésios 4:11-12 ensina o mesmo; eles foram dados “ tendo em vista o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo ”. Os dons espirituais são designados para edificar a igreja. Você já desejou saber o porque de você estar na igreja? Aqui está uma resposta: para edificar o corpo. Você não está lá somente para receber, mas para dar também. Esta responsabilidade não pertence somente ao pastor somente ou a alguns poucos líderes da igreja. Cada membro é dotado, e cada membro é então responsável de edificar o corpo com este dom. E para o corpo inteiro ser totalmente edificado, todos os dons são necessários. Este é uma parte da analogia de Paulo em 1 Coríntios

12:14-31. O corpo está aleijado e ferido sem todos os membros funcionando como eles deveriam. Imagine um pé que não anda (1 Coríntios 12:15)! Novamente, este foi precisamente o problema em Corinto. Todos estavam prontos para ser o número um. Os dons eram desejados para edificação própria, ou até para a auto-exibição. Hoje o mesmo problema existe; muitos querem um dom particular porque supostamente ajudam na adoração ou por algo similar ao proveito pessoal derivado dele. Este erro egoísta é a razão primária do capítulo 13, no qual Paulo ensina que o amor elimina este tipo de atitude. O amor “ não busca os seus próprios interesses ”. O propósito da mão é ajudar ao corpo, e não a si mesma. Da mesma forma, o propósito dos dons espirituais é a edificação da igreja. Os dons são “serviços”; seu foco é os outros, não a si mesmo. Nos versos 20-25 Paulo expande sobre isto um pouco mais. “ Agora, porém, há muitos membros, mas um só corpo. E o olho não pode dizer à mão: Não tenho necessidade de ti; nem ainda a cabeça aos pés: Não tenho necessidade de vós. Antes, os membros do corpo que parecem ser mais fracos são necessários; e os membros do corpo que reputamos serem menos honrados, a esses revestimos com muito mais honra; e os que em nós não são decorosos têm muito mais decoro, ao passo que os decorosos não têm necessidade disso. Mas Deus assim formou o corpo, dando muito mais honra ao que tinha falta dela, para que não haja divisão no corpo, mas que os membros tenham igual cuidado uns dos outros ”. Este é o seu ponto: se é verdade que os dons são para o propósito de ajudar aos outros, e se é da mesma forma verdade que todo os dons são necessários, então, é também verdade que todos os dons são importantes – não há membros insignificantes ou desnecessários. Você pode ter a sensação de que, visto que você não tem o dom de ensino ou de pregação, você não é importante. Sem dúvida, os dons de ensino carregam uma honra peculiar com eles, mas todos os dons são importantes, apesar de tudo. Imagine o fato de tantos Cristãos empenhados não o terem sido, se não com a ajuda daqueles que estavam na retaguarda, com os (aparentemente insignificantes) dons de fé, contribuição, oração ou socorro! Estes são os meios estabelecidos por Deus para estabelecer Sua igreja. Você pode não sentir que seu dom de socorro seja importante; se é assim, sua atitude mudará quando você se encontrar do outro lado, recebendo do mesmo dom! Olhar desta maneira dá “muita mais honra” a estes dons (verso 24), e promove mútuo cuidado e preocupação dentro do corpo (versos 25-26). Os dons espirituais são designados para edificar. Onde eles não realizam este propósito, eles são abusados, e igreja sofre. E sendo designados

para realizar isto, todos eles são importantes. São importantes porque edificam. Alguns dos dons têm ainda outro propósito. Eles serviram como sinais, marcas autenticadoras dos apóstolos e seu ministério. Isto será examinado em detalhe mais tarde na discussão dons temporários (capítulo 13). Tradução livre: Felipe Sabino de Araújo Neto Cuiabá-MT, 22 de Fevereiro de 2004

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Capítulo 06 - Os GRAUS ou Alguns Dons São Mais Importantes?

Tendo visto que todos os dons são necessários e essenciais porque todos eles são designados a edificar, voltemo-nos para uma questão relacionada com esta, a qual afeta nossa atitude e vida na igreja. A questão é esta: alguns dons são mais importantes do que outros? Novamente a resposta é tanto simples como óbvia. Estendendo a metáfora do apóstolo da igreja como um corpo, embora todas partes do corpo sejam importantes, algumas são particularmente essenciais, tais como o coração, por exemplo, é mais importante do que uma mão. Os Coríntios reconheceram que alguns dons eram maiores: “Mas procurai com zelo os maiores dons” (1 Coríntios 12:31; observe que, visto que os

dons são dados soberanamente esta declaração pode ser melhor entendida não como um mandamento (imperativo) mas como uma declaração de fato (modo indicativo) – uma mera observação do que os Coríntios estavam de fato fazendo). O problema deles, contudo, era que estimavam os dons na ordem errada! Os dons ostentosos eram considerados melhores do que os dons de ensino, cujo problema Paulo corrige amplamente no capítulo 14. A Evidência A Primazia dos Apóstolos e Profetas Quais dons, então, são maiores em importância? Paulo explica claramente diversos dons em 1 Coríntios 12:28. “E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro mestres, depois operadores de milagres, depois dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas”. Como já observado (capítulo 2), o uso do apóstolo de “primeiramente...em segundo lugar....em terceiro” devem implicam ordem de importância, visto que nenhuma outra ordem faria sentido neste versículo. Deveria ser óbvio o bastante que o apostolado é lista em primeiro lugar simplesmente porque foi a partir dos apóstolos que recebemos o ensino Cristão. Eles, junto com os profetas, classificados em segundo lugar neste verso, são o fundamento da igreja. Em Efésios 2:20, Paulo diz que a igreja á “edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas”. Isto é visto também em Mateus 16:18-19 onde Pedro, como representante dos apóstolos, é dito ser a pedra sobre a qual Cristo edifica Sua igreja e alguém com as chaves do reino. O testemunho apostólico da Pessoa e obra de Cristo é o fundamento de nossa fé, Jesus Cristo, certamente, sendo a principal pedra de esquina. Por causa disto, o apostolado e a profecia são maiores em importância do que outros dons que se seguem na lista. A Superioridade da Profecia e Ensino Os Mestres, aqueles que apresentam claramente as verdades da fé Cristã que os apóstolos tinham dado, são da mesma forma mais importantes do que outros dons que são mencionados no final da lista de 1 Coríntios 12:28, como deveria novamente ser óbvio. Operar um milagre, por exemplo, é maravilhoso, mas não satisfaz as necessidades básicas e ternas do homem como o ensino. Paulo continua neste fio de pensamento em 1 Coríntios 14. A carga inteira do seu argumento neste capítulo é mostrar que o dom de línguas, não importa quão importante ele possa ser, é vastamente inferior ao dom de profecia (verso 1) e ensino (verso 19); porque embora as línguas possam demonstrar vividamente o poder sobrenatural do Espírito Santo,

elas não são úteis na clarificação da verdade espiritual que sozinha alcança e satisfaz a necessidade básica e maior do homem. “Se, pois, toda a igreja se reunir num mesmo lugar, e todos falarem em línguas, e entrarem indoutos ou incrédulos, não dirão porventura que estais loucos? Mas, se todos profetizarem, e algum incrédulo ou indouto entrar, por todos é convencido, por todos é julgado; os segredos do seu coração se tornam manifestos; e assim, prostrando-se sobre o seu rosto, adorará a Deus, declarando que Deus está verdadeiramente entre vós”. (versos 23-25) A Honra do Presbiterato Da mesma foram em 1 Timóteo 5:17, Paulo ordena que os presbíteros, especialmente os presbíteros que ensinam, sejam estimados dignos de “duplicada honra”. Isto inquestionavelmente se refere ao sustento financeiro dos presbíteros (de acordo com o verso 18), mas também deve implicar a atitude de “honra” como normalmente a entendemos. Isto é claro a partir de suas palavras em 1 Coríntios 9:1-14 onde, efetivamente, ele declara a razão pela qual eles devem ser tão altamente estimados: “Se nós semeamos para vós as coisas espirituais, será muito que de vós colhamos as materiais?” (verso 11). A ministração das coisas de Deus é mais digna do que todas as coisas materiais desta vida. Novamente, seu ponto é claro: alguns dons carregam consigo uma honra que não é verdades dos outros. Isto é mais adiante trazido à luz em passagens tais como 1 Tessalonicenses 5:12-13 e Hebreus 13:7 que ordenam aos crentes ter os presbíteros em alta estima e considerar-lhes com grande amor. A Explanação Assim, há uma gradação de dons; uma maior honra anexa a alguns do que a outros. A próxima questão, então, é esta: quais são os dons mais honrados, e por quê? O dons mais honráveis são aqueles que se focam sobre o ministério da Palavra de Deus, tais como mestres e pastores/presbíteros, e assim como apóstolos e profetas. Novamente, isto não significa de modo algum que alguns dons não sejam importantes; Paulo é cuidado em deixar isto claro em 1 Coríntios 12:15 e versos seguintes. Todos dons são essenciais, mas aqueles que se focam no ministério público da Palavra de Deus são especialmente importantes porque sem eles a igreja desmoronaria. Não haveria nenhuma estrutura, nem forma, nem sistema doutrinal apartes destes dons. A Aplicação

Sua atitude reflete isto? Você mostra honra especial, “duplicada”, para aqueles que te trazem a Palavra de Deus? São o ensino e a pregação da Palavra de Deus mais valiosos para você do que as coisas materiais? E isto é demonstrado? Isto não é teórico; é uma verdade Divina para ser vivida por todos de nós que pertencemos a Ele. Tradução livre: Felipe Sabino de Araújo Neto Cuiabá-MT, 23 de Fevereiro de 2004

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Capítulo 07 - A DURAÇÃO ou Até Quando Eles Durarão? & Eles Podem Ser Perdidos?

Dons Temporários? Realmente algumas pessoas se aborrecem em ouvir que alguns dos dons do Espírito podem ter sido temporários e, assim, não presentes hoje. No final das contas, elas pensam, não temos o direito de esperar e desfrutar tudo o que a igreja primitiva desfrutou? Não é preciso ser necessariamente assim, e esta é uma suposição que não é sustentada pelos fatos da Escritura. A terceira parte desde livro (“Os Dons Temporários do Espírito”) examinará esta questão em detalhe. O capítulo 13 tratará especialmente com esta questão.

Pessoas Dotadas Temporariamente? Mas, o que dizer sobre as pessoas dotadas? É possível um Cristão perder seu dom espiritual? Pode o mesmo ser revogado? Até mesmo um passar de olhos superficial no Novo Testamento revela que alguns dos dons miraculosos, tais como curas, começaram a desaparecer gradualmente antes da morte daqueles que tinham estes dons. Paulo, por exemplo, freqüentemente realizava curas, mas no final de sua vida a capacidade parece ter sumido. Isto certamente não era por causa de qualquer falta de fé da sua parte, nem alguém desejará contender que seus dons foram revogados por causa de pecado. O dom em si próprio era um dom temporário, e tendo servido para o seu propósito pretendido, foi retirado. (Novamente, isto é discutido extensamente na terceira parte.) Aparte dos dons miraculosos, contudo, parece que o ato de ser dotado é permanente. Talvez uma observação de uma triste experiência, porém muito comum, explicará isto. Você já ouviu um pregador ou professor, que era obviamente dotado em um grande grau, cuja vida camuflava sua mensagem? Você alguma vez, então, se sentou e se maravilhou de como no mundo ele poderia pregar ou ensinar tão bem, e o porque de Deus não revogar seu dom? É triste que este abuso de um dom gracioso sempre ocorra, mas guarde em mente a base deste dom: não há requerimentos anexos. Não há condições para serem satisfeitas. Deus simplesmente deu dons para Seu povo soberanamente, como Ele quis, e nós somos deixados para usá-los de acordo com Sua Palavra. O problema é que alguns abusam deles e fazem dos mesmos uma proteção para suas vidas menos do que recomendáveis, e isto leva alguns à confusão. Mas, lembre-se, Deus não dá estes dons somente quanto certas condições forem satisfeitas ou se um certo padrão de santidade for alcançado. Ser dotado, como demonstrado anteriormente, não assegura a santidade. Os dons não são um padrão para mendir a condição espiritual de um homem. Até mesmo Judas Iscariotes era dotado! Os dons não são para uma elite espiritual, mas para todos do povo de Deus, mesmo para aqueles que algumas vezes abusam deles. Se os dons estivessem associados com o enchimento do Espírito, então, o pecado poderia causar sua morte, mas eles não estão. Eles são dados graciosamente e livremente como dons de Deus; são dons da graça, não recompensas de mérito, (Se este não fosse o caso, desejaríamos somente saber como foi permitido que tantos Cristãos continuassem com seus dons, e por tanto tempo!) Sendo este o caso, os dons espirituais não podem ser usados como uma capa para o comportamento carnal!

Romanos 11:29 é interessante nesta relação: “Porque os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento”. Deus não é alguém que dá esperando receber algo de volta. Seus dons não são sujeitos à revogação. Inquestionavelmente este verso está se referindo à nação de Israel e às bênçãos do pacto, mas o princípio é o mesmo. Deus dá livre, graciosa, permanente e incondicionalmente, da mesma forma como Ele salva. Não devemos, portanto, desprezar tal graça, mas usar nossos dons para Sua glória somente. Tradução livre: Felipe Sabino de Araújo Neto Cuiabá-MT, 23 de Fevereiro de 2004

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Capítulo 08 - Como Posso Descobrir Meu Dom Espiritual?

A Bíblia claramente nos ensina que a todo cristão é dado um dom espiritual, alguma habilidade para servir a igreja. Mas é justamente este ensino que leva muitos a um dilema: Qual é o meu dom espiritual? É bom considerar uma questão mui prática com esta. Mas algumas vezes parece que a resposta dada somente complica e confunde ainda mais o assunto. Alguém dirá para observar as listas na Escritura para descobrir o seu dom. O problema com esta resposta é que as listas não são

necessariamente exaustivas; elas não são completas, exceto nas categorias gerais. Alguém dirá para orar por um dom, mas isto não pode ser certo, porque os dons são dados soberanamente, “como Ele quer” (1 Coríntios 12:18; veja também o verso 11). O Processo Se você está desejoso de saber qual é o seu dom espiritual, os três passos seguintes podem ser úteis. Os dois primeiros são muito práticos e parecem sensatos; o terceiro é a expressa resposta da Escritura e assim, será examinado de uma maneira mais completa. Examine Seus DESEJOS Em primeiro lugar, examine os seus desejos. Simplesmente se pergunte: “O que eu quero?” Se Deus te dotou de um certo modo, é razoável assumir que Ele lhe dará também com este dom o desejo de exercitá-lo. Por exemplo, eu lutei durante um tempo com a decisão de pregar, mas não porque eu não desejasse pregar. Totalmente o contrário. Eu queira exercitar este dom, de outra forma não teria existido nenhuma luta! Mas porque eu me sentia incapaz e despreparado de um lado, e por outro relutante a enfrentar seus problemas acompanhantes, tive uma luta. Mas Deus deu o desejo tanto como o dom. Você deve descobrir o mesmo. Agora, tome cuidado! Você deve examinar os seus motivos também – eles podem ser enganosos. Seu “chamado para o serviço” pode na realidade ser meramente um desejo de se sobressair ou de ser notado. Esta foi uma parte do problema dos Coríntios – eles queriam os dons que os fizessem notáveis e proeminentes. Tiago alude a este mesmo problema em Tiago 3:1, onde ele ordena aos seus leitores para que nem todos tentassem ser mestres. Muitos, parece, queriam ensinar ou liderar por causa da honra associada como tal atividade. Mas o desejo por proeminência não é um desejo apropriado; o desejo para servir outros da melhor forma possível, é. Examine a EVIDÊNCIA A seguir, examine a evidência. Não seja ingênuo como o homem que estava certo de que ele tinha o dom de ensino, mas estava estarrecido porque ninguém parecia ter o dom de escutar! Agora, certos dons devem ser desenvolvidos, afiados; mas se a evidência diz que não há o dom, então encontre outra área de serviço. Se você tem sido bemsucedido em encorajar, confortar, ou até mesmo pacientemente

admoestar o povo no Senhor, seu dom pode ser o de exortação. E assim por diante – simplesmente examine a evidência à luz dos seus desejos. Examine as OPORTUNIDADES Finalmente, examine as oportunidades que Deus lhe dá. Esta é a ênfase do Novo Testamento neste respeito. Simplesmente pergunte o que está disponível. Olhe para ver o que é necessário. Se esforce para descobrir como você pode servir e melhor beneficiar o corpo. Simplesmente olhe para a necessidade que você é capaz de preencher. Uma Observação Estas linhas de direção que abamos de mencionar parecem estar em conformidade com os princípios Bíblicos relatados. Mas é esclarecedor nesta conjuntura observar que o apóstolo Paulo, em toda sua discussão sobre os dons espirituais, em parte alguma dá alguma instrução sobre como reconhecer o seu dom. Ele tratou extensivamente sobre os dons para que você saiba que possui um dom e que você deve usá-lo para o bem do corpo, mas ele nem faz nem responde a questão de como descobrir seu dom específico. Isto é fascinante em comparação com toda a preocupação sobre a questão hoje. O contraste é impressionante! Evidentemente, para os escritores do Novo Testamento, o reconhecimento do seu dom espiritual é relativamente sem importância! Eu disse evidentemente – é evidente em virtude do fato de que a questão jamais é discutida. Uma Explicação Há uma razão para isto. Pode ser que a própria pergunta da questão pode levar a uma resposta errada. Deixe-me explicar. O foco dos dons espirituais é o serviço, serviço para a edificação dos outros. Visto que este é o caso, ele estaria em uma conformidade muito maior com a instrução do apóstolo; não com a pergunta “Qual é a minha especialidade espiritual?”, mas, antes, com a simples pergunta: “Como eu posso servir melhor?” Dentro dos tipos de oportunidades que Deus tem colocado diante de você, onde você pode ser mais eficaz? Quais são as necessidades com as quais você se defronta? E de que maneira você está mais capaz para satisfazer aquelas necessidades? Responder a estas questões é descobrir seu dom espiritual, e é também um controle para os seus motivos. Temos caído no erro, hoje, de encontrar respostas agradáveis, arranjadas para questões que os escritores do Novo Testamento nem fizerem nem responderam. A carga do ensino deles neste respeito era,

1) Você tem um dom espiritual, 2) Você necessita servir e edificar o corpo de Cristo com esse dom. Quaisquer e todas as outras considerações são, na melhor das hipóteses, secundárias; e, na pior das hipóteses, embaraçadoras – em cujo caso a ausência delas é mais do que útil. Aplicação Você deseja saber qual é o seu dom? Você tem feito esta pergunta frustrado com algumas das respostas que lhe foram dadas? Então, é hora de começar a procurar por um lugar de serviço – ensinando, contribuindo, socorrendo ou qualquer outra coisa. Tendo encontrado um lugar de serviço no qual você seja capaz de satisfazer eficazmente as necessidades, você terá descoberto o seu dom. O dom se tornará evidente pelo próprio uso que você fizer dele. A ênfase da Escritura é a função do corpo, a mútua ajuda e a edificação. Nossa ênfase deve ser a mesma. Tradução livre: Felipe Sabino de Araújo Neto Cuiabá-MT, 25 de Fevereiro de 2004

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Capítulo 09 - A DEMONSTRAÇÃO ou Como os Dons Funcionam?

Na última parte de 1 Coríntios 12 (versos 12-31), Paulo mostra vividamente como uma igreja deve funcionar como um corpo multidotado. A igreja não é uma organização, primariamente, mas um organismo, um corpo. A igreja deve funcionar como um corpo – com todos os membros cooperando e ministrando aos outros. A obra do ministério não é a de um espectador de esportes com somente uns poucos membros jogando. Cada membro funciona para o benefício mútuo de todos. Em Efésios 4:11-12 o apóstolo ensina que os dons dos apóstolos, profetas e pastores-mestre são dados para equipar “ os santos , para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo ” (itálico adicionado). É a igreja em sua inteireza que é capacidade por homens dotados para cumprir o ministério e edificar o corpo. É uma função do corpo, não somente uma função de uns poucos membros do corpo. Unidade Retornando novamente para 1 Coríntios 12, Paulo primeiro estabelece seu ponto de unidade no corpo. “ Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também. Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito ” (versos 12-13). O ponto é simples: enquanto há diferenças em muitos aspectos, todos são membros do mesmo corpo – muitos membros, um corpo. Isto é unidade. Todos nós fossos trazidos a este corpo por Cristo quando Ele nos batizou em Seu Espírito. Como resultado, todos bebemos do mesmo Espírito. Todos nós desfrutamos juntamente uma unidade de uns para com os outros. Diversidade Seu segundo princípio é a diversidade. Isto é desenvolvido nos versos 14-20 com a metáfora gráfica e algumas vezes humorada do corpo humano. O verso 14 começa a discussão dizendo, em efeito, que nem todos fazemos a mesma coisa. Um corpo não é feito de um membro, mas de muitos; todos com funções diferentes. É um corpo com uma diversidade de membros, cada um com sua própria função. Suas ilustrações disto nos versos 15-19 deixam o ponto claro como cristal. Imagine o seu pé como inveja de sua mão! Imagine o seu ouvido tentando agir como um olho! Certamente quando chegamos ao verso 18 estamos prontos para concordar que Deus sabiamente colocou os

membros no corpo como Lhe agradou – e como isto nos agrada! Estou totalmente satisfeito de que meu pé seja no final da minha perna! Assim, Paulo pergunta: “ E, se todos fossem um só membro, onde estaria o corpo? ” Obviamente, não haveria um corpo! Este é exatamente o seu ponto. A igreja é uma unidade diversificada. Como um corpo humano, ela tem vários membros, cada um deles cumprindo a sua própria responsabilidade para com o corpo inteiro. Ele dotou cada membro diferentemente para que o corpo possa funcionar bem. É uma diversidade dentro de uma unidade. Harmonia O resultado de tudo isto é harmonia. Num corpo unificado e funcionando de forma diversa pelo mesmo Espírito, haverá harmonia. Este é o ponto de Paulo nos versos 21-26. Mútua Função Em primeiro lugar esta unidade diversa produz uma mútua função. “ E o olho não pode dizer à mão: Não tenho necessidade de ti; nem ainda a cabeça aos pés: Não tenho necessidade de vós ” (verso 21). Um corpo não pode andar bem sem um pé. Os dois devem trabalhar juntos. Ou você já tentou amarrar seu sapato sem uma mão? Você já viu uma igreja na qual o ministério é esperado ser executado somente pelo pasto? Deve haver uma mútua função no corpo. Todos os vários membros trabalhando juntamente para a edificação do corpo. Isto é harmonia. Importância Mútua É também encontrada nisto uma importância mútua. “ Antes, os membros do corpo que parecem ser os mais fracos são necessários ” (verso 22; veja os versos 21-24). De que proveito seria sua perna sem o seu pé? Limitada na melhor das hipóteses, certo? Isto é o que acontece à igreja quando um membro se recusa a cumprir sua parte do ministério. A igreja será limitada; uma parte de seu corpo não estará funcionando. O exercício de seu dom é imperativo. Falhar em exercê-lo é um crime contra os seus irmãos. Além do mais, um entendimento disto elimina o orgulho por um lado e a inveja por outro. Ele nos força a reconhecer que qualquer capacidade que tenhamos é somente dada a nós – não importa quão insignificante possa parecer o seu dom, ele é importante para o funcionamento do corpo – isto elimina a inveja. Com isto há harmonia; sem isto, há “ divisão no corpo ” (verso 25). Mútua Afeição

Em terceiro lugar, uma demonstração apropriada dos dons espirituais, esta unidade diversa, produz mútua afeição. Você deixará o seu dedo mindinho preso na porta? Você apertará a ponta do dedo do pé? Isto fere somente aqueles pequenos membros, ou fere o corpo inteiro? Quase dói pensar sobre isto – o corpo inteiro se fere! “ De maneira que, se um membro padece, todos os membros padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele ”. Isto é mútua afeição. Paulo dá o propósito deste funcionamento diverso do corpo no verso 25: “ Para que não haja divisão no corpo, mas antes tenham os membros igual cuidado uns dos outros ”. Quando a igreja começa a funcionar como um corpo, todos trabalhando para a edificação de cada um dos outros, há uma paz harmoniosa e um cuidado e respeito mútuo de uns para com os outros, nunca experimentada antes. Dependência Mútua Por último, há dependência mútua. Imagine uma mão tentando agir para si mesma. Imagine um pé tentando agir independentemente da mão – já tentou ligar uma luz com o seu pé? Assim como a função do corpo produz harmonia, assim a independência produz divisão. Em todo problema da igreja, alguém está pensando que pode agir por si só e que não necessita do resto do corpo. Se devemos aprender a confiar uns nos outros, a depender uns dos outros, não devemos somente funcionar melhor, mas devemos também nos entender melhor. Assim como minha mão depende do meu pé para chegar ao interruptor de luz, assim cada membro da igreja necessita dos outros para a benção e edificação espiritual. Reconhecendo ou não isto, você depende dos outros para a edificação. Um corpo unificado funcionando de forma diversa produz este tipo de harmonia. O convite hoje, o espírito Americano, é um áspero individualismo e independência. Pode ser uma boa política, mas é um suicídio espiritual para um Cristão pensar que ele pode progredir aparte do corpo da igreja. Aplicação Como você funciona no corpo de Cristo? Como? Você serve aos outros? E você aprecia isto quando os outros tentam te servir? Já descobriu que necessita de outros Cristãos? Já descobriu que eles necessitam de você? Qual é a sua contribuição para a edificação do corpo? Esta é uma demonstração apropriada dos dons espirituais. Possa Deus conceder mais dela para a edificação de Sua igreja!

Tradução livre: Felipe Sabino de Araújo Neto Cuiabá-MT, 10 de Março de 2004

Dons Espirituais por

Fred G. Zaspel Publicado pela Word of Life Baptist Church copyright © 1987, Fred G. Zaspel

Capítulo 10 - Dons Espirituais e o AMOR

O amor da Escritura não é meramente emoção, mas uma atividade da vontade: ele tenciona o bem da pessoa amada, não esperando nada em retorno (por conseguinte, a tradução, "caridade"). Devemos estar sempre atentos, portanto, para que a função do corpo não dependa dos dons espirituais, mas do amor. E embora os dons espirituais sejam importantes, não são tão importantes como o amor. Esta é a mensagem de 1 Coríntios 13. Os versos 1-3 mencionam os dons sem amor. Os versos 4-7 falam do amor aparte dos dons, o que, caso tenha que escolher, é muito melhor. Veja: se realmente amo o povo a quem Deus me deu para pastorear, lhes ensinarei, exortarei, socorrerei, encorajarei, e assim por diante. A ênfase do dom é o serviço, e este é resultante do amor. Por outro lado, a pessoa mais dotada no mundo (o caráter imaginário dos versos 1-3) sem amor, não realiza nada (verso 1); não é nada (verso 2) e não ganha nada (verso 3). Mas o amor, com muitos dons ou não, satisfará toda e qualquer necessidade do corpo. O amor é o cumprimento da lei.

Este foi o problema básico em Corinto - não uma falta de dons, porque eles tinham todos (1 Coríntios 1:7). O problema deles era uma falta de amor. O amor teria dissolvido ou até mesmo evitado completamente cada um dos seus problemas, inclusive o seu abuso dos dons espirituais! Observe bem: o amor não somente prevenirá o mau uso e abuso dos dons, mas também assegurará a realização de seu propósito pretendido - servir os outros. Muito melhor, então, não é meramente buscar um dom espiritual mas, antes, buscar exercitar um dom em amor - procurar socorrer e edificar. Somente isto cumprirá o propósito pretendido dos dons e satisfará toda necessidade do corpo. Tradução livre: Felipe Sabino de Araújo Neto Cuiabá-MT, 23 de Fevereiro de 2004

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Capítulo 11 - CINCO DONS DESPERCEBIDOS Importantes mas Freqüentemente Ignorados

Temos visto que há vários tipos de dons permanentes. Há dons de sustentação – pastor-mestre e ensino. Há outros dons de falar que são permanentes, tais como exortação, e há dons de serviço. Mas num

sentido, todos os dons permanentes são dons de serviço. O propósito deles é servir. Os dons são descritos como “serviços” [ou “ministério'] em 1 Coríntios 12:5. Eles são para a “obra do serviço” [ou “obra do ministério”] de acordo com Efésios 4:12. Embora haja um dom específico de serviço (“ministério”, Romanos 12:7), o proposto de todos estes dons permanentes é ministrar (isto é, servir) à igreja. É significante que Paulo começa Romanos 12 demandando completa consagração de cada um de nós que experimentamos “as misericórdias de Deus” (verso 1). Devemos sacrificar a nós mesmos para a obra do Senhor (verso 1). Obviamente, este sacrifício de nós mesmos no serviço não tem muito valor se estivermos mortos, de forma que ele nos chama para um “sacrifício vivo”. E se Ele não tiver os nossos corpos, certamente não nos tem de forma alguma, assim, Paulo nos diz que devemos apresentar os nossos “corpos como um sacrifício vivo”. Deus demanda de cada um de nós o gastar-nos para Deus. Colocar a nós mesmos sobre o altar de sacrifício, como se estivéssemos entregando a Ele tudo o que somos e temos, colocando-nos totalmente no serviço para Ele. Isto é o que diz os versos 1 e 2. Mas, como? De que forma devemos servi-Lo? O verso 3 responde esta questão pois ele começa a discussão do exercício de nossos dons espirituais. Deus diz, em efeito, “Eu quero que você se gaste para Mim – servindo os outros”. Veja, se você não está servindo os outros (que é o propósito de ter recebido dons), você não está cumprindo os mandamentos de Romanos 12:1-2. Você não está se consagrando totalmente, um sacrifício vivo, a menos e até que você esteja servindo. Como o espírito de independência e de “horário cheio” de hoje, é difícil até mesmo pensar muito sobre os outros, sem falar em tomar tempo para servi-los. Todavia, a consagração demanda que sirvamos aos outros, que exercitemos os nossos dons à medida que Deus dá oportunidade. Voltando para os próprios dons permanentes, encontramos pelo menos cinco dons que, embora vitais, são freqüentemente ignorados ou despercebidos.

Ministério Romanos 12:7 menciona o dom de ministério (veja também 1 Coríntios 12:28 e Efésios 4:12). Como já observado, a palavra no Novo Testamento traduzida por “ministério” não significa ensino ou pastoreado como seu pastor “ministra” a Palavra todo Domingo. Não é “ministério” no sentido profissional moderno do termo. A palavra significa simplesmente

“serviço”. É uma forma de nossa palavra “diácono”, que significa “servo”. Este dom é uma capacidade dada por Deus para servir aos outros. Soa excitante? Estas pessoas são heróis não louvados da igreja! São as pessoas que estão desejosas de trabalhar nos bastidores naquelas tarefas necessárias, mas não glamourosas. Seja servindo indivíduos em suas necessidades ou tarefas, ou servindo a igreja corporativamente em suas necessidades ou tarefas, o dom é o mesmo e igualmente necessário. Aparte destes serventes, a igreja seria debilitada. Para o ministério de uma igreja ser vibrante, deve haver aqueles que estão desejosos e ansiosos de tomar conta das necessidades dos outros. Socorro O dom de socorro é muito similar. A palavra raiz no Grego significa “tomar no lugar de”, isto é, tomar o trabalho de outro para si mesmo. Isto é amor em ação. A igreja primitiva foi marcada por muito disto, e quanto mais o experimentarmos, mais seremos abençoados como eles foram. Usdo de Misericórdia Da mesma forma, o dom de misericórdia foca-se nas necessidades dos outros, talvez com uma dimensão adicionada de especial respeito, cuidado e simpatia no cumprimento daquelas necessidades. Um suporte emocional pode também ser uma parte dele. Pessoas dessas nunca poderão ser demais. Contribuição Este dom de contribuição não é a capacidade de colocar dinheiro na igreja oferecendo prataria (embora isto possa ser muito bem uma parte dele!). Este dom é a capacidade de prover as necessidades financeiras e materiais da igreja e do seu povo. Difere do dom de serviço e de socorro no que diz respeito ao seu foco, que é mais dar do que socorrer. Os dons de serviço e socorro tratam mais com o dar a si mesmo, ou o servir; o dom de contribuição trata com o dar coisas materiais, ou financeiras. É significante que Romanos 12:8 ordena que este dom seja exercido numa certa atitude. A contribuição deve ser feita “com simplicidade”, ou generosidade, liberalidade, com singeleza de propósito – prover uma necessidade, sem interesses, com alegria, e sem pesar. É sustentar uma pessoa individualmente ou a igreja corporativamente como um ministério especial. Esta pessoa não dá esperando ser louvada por isso. Ela não espera nada em retorno. Dá pelo puro prazer de ministrar dessa forma.

Fé Novamente, parece estranho encontrar a fé mencionada como um dom espiritual especial. Assim como de todos os Cristãos é requerido socorrer, servir, mostrar misericórdia e contribuir, assim também todos Cristãos são responsáveis por ter fé – para a salvação e para tudo da vida. Este dom de fé, contudo, é uma capacidade especial de crer em Deus de forma incomum. É o dom de pessoas como George Muller. Alguns chamam-no de dom de oração ou dom de visão. A todos nós é dada uma “medida de fé” (Romanos 12:3); esta pessoa tem uma grande medida. Ele é capaz de crer que Deus suprirá necessidades específicas como um ministério para os outros. Sua fé é acompanhada de resultados além de ordinários. Isto é como todo grande empreendimento Cristão tem sucesso – pessoas atrás dele com uma grande fé. Este dom é um ministério especial exercido para os outros. Se você tem esta fé, gaste mais tempo sobre os seus joelhos! Sumário & Conclusão Estes cinco dons (serviço, socorro, uso de misericórdia, contribuição e fé) são dons que tanto pertencem a alguns como também são responsabilidades comuns a todos Cristãos. Somos responsáveis de contribuir e mostrar misericórdia para com os irmãos em necessidade; de servir e socorrer aqueles que disso necessitam; e de crer em Deus na realização de tudo isso. Tiago 2:14 e versos seguintes deixam isto claro, assim como o fazem muitas outras passagens da Escritura, especialmente a primeira epístola de João. Uma marca certa de um Cristão é o seu respeito e cuidado para com os outros. Os dons envolvem um contribuir, servir, socorrer e um uso de misericórdia que está acima e além do esperado. Como o bom Samaritano na parábola de nosso Senhor que sujou suas mãos com as necessidades de outro homem e gastou o seu próprio dinheiro para adquirir o bem-estar para outrem; a pessoa com estes dons é capaz de alegremente ir além do esperado. Estes dons parecerão brandos para alguns, e não tão excitantes. Mas quando você se encontrar do lado que é beneficiado por quaisquer destes dons, sua perspectiva mudará! Estes dons são vitais! Aqueles que os possuem, exercitam-nos para o nosso benefício, e aqueles que falham em exercê-los, o fazem para o nosso prejuízo. Pode algum destes dons ser seu? Você já o desempacotou?

Tradução livre: Felipe Sabino de Araújo Neto Cuiabá-MT, 11 de Março de 2004

Dons Espirituais por

Fred G. Zaspel Publicado pela Word of Life Baptist Church copyright © 1987, Fred G. Zaspel

Capítulo 12 - SERVINDO & LIDERANDO

Os Dons de Liderança Este capítulo examinará os dons do Espírito mais proeminentes e notáveis que Deus dá à Sua igreja hoje. Em contraste àqueles que estudamos no capítulo anterior, estes dons servem numa capacidade de liderança e, geralmente, tem mais a ver com o ministério público da Palavra. Evangelistas O termo “evangelista” significa muitas coisas para muitas pessoas. Quando você menciona a palavra alguém imediatamente pensa em Billy Graham e um estádio de futebol abarrotado. Outros pensam em tabernáculos ao ar livre, bancos duros e corredores de serragem. Ainda muitos pensam em músicas inspiradas, tristes estórias, todas seguidas por vinte e cinco estrofes de “Assim como sou”. Na igreja primitiva, os evangelistas eram considerados como os sucessores dos apóstolos. Eles não pensavam que os evangelistas eram iguais aos apóstolos, mas meramente que eles continuaram o ministério dos apóstolos.

O termo no grego está relacionado com a palavra “evangelho”. O euangelion é o “evangelho”, ou as “boas novas”. Euangelizo (a forma verbal) significa anunciar o evangelho, “evangelizar”. O euangelistes é “alguém que evangelista”, ou o “evangelista”. O termo “evangelista” ocorre somente três vezes no Novo Testamento, nenhuma das quais realmente define o que um evangelista é. Atos 21:8 simplesmente nos informa que Filipe foi um evangelista; Efésios 4:11 ensina que evangelistas são dons para a igreja; e 2 Timóteo 4:5 ordena a Timóteo fazer a obra de um evangelista. Colocando juntas as informações disponíveis nestes versos, podemos chegar a um entendimento do termo. O termo em si, sabemos, significa anunciar as boas novas, evangelizar. Efésios 4:11-12 ensina que o evangelista é para o propósito de equipar os santos para a obra do ministério para a edificação do corpo de Cristo. E com o ministério de Filipe registrado em Atos 8, temos um exemplo do que um evangelista é e faz. Um evangelista é, então, alguém que é especialmente eficaz na apresentação da mensagem do evangelho aos perdidos e na instrução dos crentes na fé. Seu ministério é itinerante, ministrando aos crentes e descrentes da mesma forma, em várias localizações.Ele não é alguém que anuncia uma nova verdade – isto é, um profeta. Mas ele é alguém que anuncia a verdade. Parece que o evangelista do Novo Testamento é muito parecido com o nosso missionário de hoje em dia. Ele traz as boas novas a uma comunidade não evangelizada, a discípulos, estabelece uma igreja, e parte. Nossos evangelistas de hoje em dia, como os temos conhecido desde os dias de Wesley e Whitefield com os seus ministérios itinerantes, cujos ministérios são extremamente valiosos para nossa igreja, usam apropriadamente o título “evangelista”, mas o evangelista do Novo Testamento, como parece a partir do exemplo de Filipe, tinha uma obra muito mais ampla. Pastores-Mestre Sua Identidade O dom de pastor-mestre é mencionado somente em Efésios 4:11, junto com apóstolos, profetas e evangelistas. Embora o termo “pastor” seja o mais comumente usado hoje, é somente usado (em sua forma substantiva, poimen ) aqui, e isto somente enquanto associado com o ensino. Este é o único dom com as responsabilidades de ensino e liderança combinadas. O verbo poimaino , “apascentar”, ou “pastorear”, é usado em Atos 20:28 (“rebanho”) em conexão com os termos “presbíteros” (verso 17) e “bispos” (verso 28). O mesmo é encontrado em 1 Pedro 5:1-5. Todos os três termos se referem ao mesmo ofício – um pastor é um bispo, é um presbítero. De acordo com 1 Timóteo 5:17,

alguns presbíteros têm a responsabilidade específica de ensino (“principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina”). Este presbítero-doutrinador é o pastor-mestre. De acordo com 1 Timóteo 3:2 todos presbíteros devem ensinar. De acordo com 1 Timóteo 5:17 todos os presbíteros devem governar, mas alguns governam especialmente pelo ensino. Seu Número Como uma rápida consulta através de qualquer concordância revelará, a norma da igreja do Novo Testamento é a pluralidade de presbíteros, ou pastores (Atos 11:30; 14:23; 15:2-23; 16:4; 20:17; Filipenses 1:1; 1 Tessalonicenses 5:12-13, “vos”; 1 Timóteo 5:17; Tito 1:5; Hebreus 13:7, 17, 24; 1 Pedro 5:1). Não há número específico determinado; provavelmente com variações consideráveis de acordo com as diferentes necessidades das igrejas – Deus deu os dons “como Ele quis” (1 Coríntios 12:18), mas a norma é a pluralidade de homens piedosos na liderança de uma igreja. As responsabilidades são muito grandes para somente um homem. Suas Qualificações Um homem não é automaticamente um pastor pela virtude dos dons somente – há também certas qualificações que devem ser preenchidas. Estas qualificações estão listadas em 1 Timóteo 3 e Tito 1. Nestas listas de qualificações há pouca ênfase na possuir dons, mas muita ênfase no caráter (alguns dons são aludidos, contudo, tais como ensino, governo, pregação, liderança, exortação, etc.). Uma posição de tal liderança carrega com ela uma grande responsabilidade. Ele deve ser um homem cuja fé possa ser imitada (Hebreus 13:7). Suas Reponsabilidades As responsabilidades do pastor-mestre permanecem geralmente debaixo de dois títulos: liderança e apascentamento. Temos tais como “fiscalizar”, “governar”, “apascentar” e “ensinar” são usados repetidamente com referência a pastores ou presbíteros. Estas são as suas concentrações. O ofício de pastor não é dado para abraçar todos os outros dons que são necessários para o ministério do corpo. Este homem dotado é para “aperfeiçoar os santos para a obra do ministério”. Isto simplesmente significa que seu trabalho é treinar todos e cada um para ministrar. Quão diferente é a descrição do seu trabalho hoje! Sua Honra

Acima de todos os outros dons permanentes, este carrega uma honra especial. Hebreus 13:7, 17 e 24, e 1 Tessalonicenses 5:12-13 são duas passagens que deixam isto claro. De significado particular é 1 Timóteo 5:17, onde os presbíteros que ensinam (os pastores-mestre) são “especialmente dignos de duplicada honra”, mesmo em comparação com os outros presbíteros! Aqueles que servem a igreja liderando e ensinando são particularmente dignos de amor e estima. Nossa atitude deve ser reflexo disto. Mestres O dom de ensino aparece mais freqüentemente nos catálogos de dons espirituais do que quaisquer outros, com exceção somente da profecia, Um mestre, como o nome sugere, é alguém com a capacidade de explicar claramente as coisas de Deus. Ele não é um profeta, anunciando uma nova verdade, mas alguém que é capaz de expor a verdade já revelada. Este dom, como poucos outros, requer trabalho preliminar para o seu exercício. Alguém que deseja ensinar deve treinar e preparar para ensinar efetivamente. É provavelmente seguro assumir que alguém com o dom de ensino, deve também ter recebido um desejo de estudar e aprender. Um mestre deve especialmente “despertar” o seu dom (1 Timóteo 1:6) para aumentar a sua eficácia. E novamente, o dom de ensino carrega consigo uma honra especial. A disseminação das coisas de Deus é especialmente importante e útil (1 Coríntios 9:11). Onde quaisquer de nós estariam hoje, se mestres dotados não tivessem nos instruídos na nossa santíssima fé? Exortação Exortação é outro dom definido somente por seu nome. A palavra grega parakaleo inclui três idéias: 1) encorajamento (consolação, conforto), 2) desafio, e 3) repreensão (admoestação). Talvez nossa palavra “conselheiro” comunique melhor todas as idéias. Aquele que exorta se levanta onde o mestre se senta. Alguém disse que se o mestre coloca a verdade para fora, o que exorta a coloca para dentro. O que exorta é alguém que tem a capacidade de pegar princípios amplos da Escritura e aplicá-los a uma situação específica; sobre o fundamento do qual ele dá o seu conselho. Ele é capaz de dizer, “Porque a Escritura ensina isto, você deve...” Pela natureza deste dom, o que exorta tem o risco de ser impopular para com muitos. Muitos simplesmente não querem ouvir alguém lhes dizer o que fazer! O encorajamento é dom, o desafio ok, mas repreensão? Mas ainda assim, este dom é essencial para igreja. A exortação mútua é uma responsabilidade de todos Cristãos, não somente daqueles assim dotados. Mas se todos são responsáveis por isso, esta pessoa é

particularmente bem-sucedida nisso. O seu conselho não deve ser tomado negligentemente. Presidência & Governo Aparte da liderança, qualquer organização entrará em colapso. Estes dons são para preencher esta necessidade. “Presidência” (Romanos 12:8), freqüentemente chamada de “administração”, não é a capacidade de misturar papéis todos os dias. O termo significa presidir, ou liderar. É usado em 1 Timóteo 3:4-5 dos presbíteros (bispos) que presidem sua casa e igreja. O dom de “governos” (1 Coríntios 12:28) enfatiza a autoridade na liderança. Este dom deve ser um requerimento de um presbítero (1 Timóteo 3:4-5) e deve estar incluso na responsabilidade de presidir e liderar os assuntos da igreja tais como disciplina. O espírito de independência de nossa sociedade instintivamente rebela-se sob a idéia de alguém em autoridade sobre tais assuntos pessoais, mas este é o meio de Deus liderar a Sua igreja. Alguns serviços devem estar em forma de autoridade e liderança. Conclusão Servindo e Liderando Estes seis dons são para servir – aqueles que têm estes dons nunca devem esquecer disto! A atitude de um mestre ou de um líder deve ser a de um servo, ou ele está abusando do seu dom para a sua própria ruína e da igreja Servindo e Seguindo Estes seis dons são para liderar – aqueles que não têm estes dons nunca devem esquecer disto! Se é necessário para o que preside servir, é igualmente necessário para aqueles que são presididos, seguir de forma submissa no serviço deles.. Para estar de acordo com o plano do Novo Testamento, nossas atitudes devem ser tanto corretas como estimadas. Tradução livre: Felipe Sabino de Araújo Neto Cuiabá-MT, 12 de Março de 2004

Dons Espirituais por

Fred G. Zaspel Publicado pela Word of Life Baptist Church copyright © 1987, Fred G. Zaspel

Capítulo 13 - O que Aconteceu com os Dons Miraculosos? ou Alguns Dons Espirituais Realmente Desapareceram?

Na discussão dos dons espirituais poucas (se alguma) considerações mais amplas do que esta foram tecidas sobre os dons miraculosas. Eles ainda existem? Deus ainda dá o dom de realização de milagres à igreja? Os Carismáticos e outros advogados do presente exercício dos dons miraculosos asseguram os seus seguidores que eles têm todo o direito de esperar qualquer bênção desfrutada pela igreja primitiva e que não há nenhum verso na Bíblia que possa ser citado para ensinar o contrário. Além do mais, eles asseveram, se Jesus Cristo é o sempre o mesmo (Hebreus 13:8), então, naturalmente se segue que Suas bênçãos para os crentes desta era da Igreja devem ser certamente as mesmas daqueles no princípio. Embora estes argumentos possam parecer plausíveis para alguns, a questão, certamente, é se eles estão ou não de acordo com a Escritura. Os apóstolos inspirados demandam que “examinemos todas as coisas” (1 Tessalonicenses 5:21) e que “provemos os espíritos” (1 João 4:1). Este artigo é uma tentativa de fazer justamente isto. Incidentemente, o fato de que Jesus Cristo permanece o mesmo não pode de forma alguma implicar que Ele deva sempre dar os mesmos dons à Sua igreja, mais do que possa implicar que Ele deva requerer os sacrifícios do Antigo Pacto dos crentes do Novo Testamento. Ele mesmo

permanece imutável; Seus tratamentos com os Seus podem, contudo, diferir de tempo para tempo. Além do mais, como será mostrado abaixo, Deus nem sempre deu os mesmos dons ao Seu povo. Através de toda a História Bíblica, pouquíssimos desfrutaram dos dons miraculosos, embora Jesus Cristo permanecesse o mesmo. Há, portanto, alguma justificação para dizer que alguns (ou algum) dons espirituais foram dados somente temporariamente? É escrituristicamente correto rejeitar o exercício de alguns dons hoje? Estas questões críticas devem receber respostas claras, e a resposta da Escritura é um ressoante “SIM”. Deverá ser claramente entendido que Deus nunca pretendeu que alguns dons fossem operantes em Sua igreja permanentemente, durante toda a era da igreja; Ele deu alguns para serem desfrutados somente pela igreja do primeiro século. O Novo Testamento deixa isto muito claro. Nossa tarefa aqui será examinar várias linhas de raciocínio que a Escritura dá para mostrar que alguns dons foram, realmente, somente temporários.

As Qualificações do Apostolado

A primeira e talvez mais óbvia evidência dos dons temporários é encontrada nas qualificações para o dom de apostolado. Quando os onze discípulos procuraram um substituto para Judas Iscariotes, as estipulações foram claras: “ É necessário, pois, que, dos homens que conviveram conosco todo o tempo em que o Senhor Jesus entrou e saiu dentre nós, Começando desde o batismo de João até ao dia em que de entre nós foi recebido em cima, um deles se faça conosco testemunha da sua ressurreição ” (Atos 1:21-22). Note dois requerimentos: 1) convívio com Cristo durante Seu ministério terreno até Sua ascensão, e 2) testemunho do Senhor ressurreto. Estas foram as qualificações que tiveram que ser preenchidas pelos novo décimo-segundo apóstolo, o qual, como relatado nos versos seguintes, foi Matias. Claramente, isto elimina qualquer apostolado nos dias presentes.

Parece que a segunda qualificação é o que o Novo Testamento especificamente enfatiza. Paulo a cita em defesa de seu próprio apostolado: “ Não vi eu a Jesus Cristo SENHOR nosso? ” (1 Coríntios 9:1). Isto deve também revelar que estes requerimentos não se aplicavam somente ao grupo elite dos “doze”, sendo os outros apóstolos excluídos, como é freqüentemente argüido. A qualificação permanece de pé para todos os que reivindicam o apostolado. O requerimento é claro: nenhum homem pode ser um apóstolo, sem ter sido uma testemunha do Senhor ressurreto. A menos que alguém esteja desejoso de reivindicar que sua idade é mais do que duas vezes a de Matusalém, não há o dom de apostolado hoje. As qualificações simplesmente não podem ser preenchidas. Já que isto é claro, então, não podemos simplesmente assumir que todos os dons do primeiro século são dados hoje.

A Natureza de Certos Dons

Alguns dons, por sua própria natureza, estão limitados àquele estágio inicial da história da igreja. Dons de Fundamento Apóstolos e profetas, por exemplos, são dons de fundamento (Efésios 2:19-20). A igreja é edificada sobre este fundamento, os apóstolos e profetas. A natureza de um fundamento é que sobre ele que se é construído algo; um construtor não continua a construir um fundamento mas ao contrário, tendo lançado o fundamento, ele continua a construir sobre ele. Uma vez lançado o fundamento, não há mais necessidade de se construir outro. A igreja, em Efésios 2:19-22, é descrita como um grande edifício, um templo, no qual Deus habita. O fundamento de tal edifício é “ os apóstolos e profetas, o próprio Jesus Cristo sendo a principal pedra da esquina ” (verso 20). Os apóstolos e profetas foram os únicos em sua posição; o seu ensino é fundamental para a igreja, sem o qual, o edifício inteiro desmoronaria. A verdade nos dada por Deus através dos apóstolos e profetas (Efésios 3:5) sustenta a igreja. Isto é antecipado na declaração de Cristo a Pedro em Mateus 16:18-19, a qual apresenta Pedro, o representante dos apóstolos, segurando as chaves do reino como a pedra sobre a qual Cristo edificaria a Sua igreja. Os apóstolos foram o fundamento para igreja; Cristo foi a pedra principal

de esquina. Este é implicado também em Apocalipse 21:14 que declara que os nomes dos apóstolos estão escritos sobre as doze pedras do fundamento do muro da Nova Jerusalém. No registro para a igreja da vida e ensino de Cristo, os apóstolos e profetas foram fundacionais. Cristo é a pedra principal de esquina: aos Seus labores redentores nada pode ser adicionado. Mas os apóstolos e profetas suplementaram esta obra no sentido de que eles a testemunharam Com este fundamento intacto, os dons que constituíram o fundamento não são mais necessários. Dons Revelatórios Alguns dons foram revelatórios, isto é, alguns crentes foram capacitados pelos seus dons a receber a verdade diretamente de Deus. A questão aqui é precisamente esta: Deus dá revelações hoje? Este é um assunto relacionado, porque se Deus não está dando dons revelatórios hoje, então, segue-se necessariamente que os dons revelatórios não estão mais operantes. O Novo Testamento é claro em seu ensino de que revelação especial não é mais dada. Em João 14:26 o Senhor Jesus Cristo conta aos Seus discípulos da vinda do Espírito Santo e de Seu ministério neles à medida que escrevessem os livros que viriam a ser as Escrituras do Novo Testamento: “ Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito ” Sua promessa para os Seus discípulos foi que eles seriam guiados em toda verdade; toda verdade seria dada a eles. Jesus novamente faz a mesma promessa em João 16:12-13. Toda verdade foi dada aos apóstolos. Esta “toda verdade”, certamente, não significa toda verdade sobre todas as coisas: os apóstolos não foram informados das leis da física ou astronomia, etc. Ela é toda verdade com respeito à fé e vida Cristã, a verdade que, tendo sido recebida, os apóstolos pregaram e registraram. O ponto é este: se toda verdade foi revelada a eles, então, não há mais para ser revelada. A verdade revelada está completa. Isto é precisamente o que Judas afirmou no verso 3 de sua epístola quando se referiu à fé Cristã como dada “ uma verdade por todas ”. João atestou o mesmo em Apocalipse 22:18 onde ele disse, em efeito, “isto é tudo; não pode haver nada mais” e pronuncia uma maldição sobre qualquer um que tentar adicionar algo a ela.

Foi o claro entendimento de nosso Senhor e Seus apóstolos, os escritores do Novo Testamento, que a revelação estava completa. Toda a verdade que Deus revelou, Ele escolheu revelar aos Seus apóstolos e profetas, os quais com esta verdade lançaram o fundamento da igreja. Eles deram a verdade à igreja; está tudo aqui, e não há mais nada. O fundamento está completo, e com esta a igreja passou para a fase superestruturada de sua construção. Reivindicar revelação adicional, então, é andar para trás, voltando à fase fundacional da igreja: imediatamente, “toda verdade” se tornaria “alguma verdade”, e as Santas Escrituras seriam incompletas. O desejo por revelação adicional, além daquela dada na Escritura, não é um desejo por algo maior, mas um convite para muito menos. Isto é precisamente o que tem sido entregue por aqueles que reivindicam nova revelação – o livro dos Mórmons de Joseph Smith serve como um vívido exemplo. Os Carismáticos supõem que as visões e revelações são menos destrutivas. Permitir mais é entregar menos: questiona a verdade de Deus revelada através dos Seus apóstolos. A igreja e o mundo de hoje não necessitam de mais revelação; eles necessitam somente de uma fresca e honesta confrontação com a revelação que foi dada na Sua Palavra. Sumário Alguns dons foram de fundamento, e alguns revelatórios. Com o fundamento completo e a revelação cessada, estes dons estão agora extintos. Eles foram dons temporários – dons dados à igreja inicialmente, mas dados temporariamente, apesar de tudo.

O Padrão dos Dons Miraculosos

Muitas pessoas parecem pensar que a Bíblia é uma longa história de milagre após milagre, do princípio ao fim. Os operadores de milagres, eles pensam, sempre foram uma parte dos tratamentos de Deus com o Seu povo. Mas mesmo uma observação casual da Bíblia revela que isto não é de forma alguma o caso. Historicamente, os dons miraculosos foram dados somente ocasionalmente. Este padrão sugere que nunca foi pretendido que eles fossem ornamentos permanentes na igreja. A Bíblia registra basicamente três períodos de milagres.

Moisés & Josué O primeiro período de milagres foi durante o tempo de Moisés e Josué (aproximadamente 1.400 AC). Os incidentes das pragas do Egito, a abertura do mar, a água da pedra, o rápido e imediato julgamento de Corá, a queda de Jericó, o dia longo, etc., são todos muito familiar. Antes do tempo de Moisés e Josué, contudo, e até mesmo depois, os milagres são virtualmente inaudíveis. Para ser exato, houve eventos milagrosos esporádicos (tais como o período de Juízes), mas a presença de um operador de milagres, alguém que poderia causar o miraculoso, não foi desfrutada. Elias & Eliseu Até o tempo de Elias e Eliseu (aproximadamente 870 AC) não houve qualquer operador real de milagre. Com o ministério destes homens, chuva foi retida, fogo foi trazido dos céus, o alimento de uma viúva foi sobrenaturalmente suprida, um jovem foi ressuscitado dentre os mortos, o Rio Jordão foi cruzado novamente, um leproso foi curado, e a lista continua (pelo menos oito milagres de cada um). Mas, novamente, com a morte destes homens, os milagres cessaram; os milagres apareciam novamente de forma ocasional (como no tempo de Daniel), mas a capacidade de realizá-los desaparecera. Cristo & Seus Apóstolos O próximo e último grande período de milagres cerca o ministério de Cristo e Seus apóstolos. Os quatro evangelhos parecem nunca terminar no registro deles dos milagres extraordinários de Cristo, conquistando forças demoníacas, enfermidades, e até a morte. Aos Seus apóstolos foi dado um poder similar, embora não na mesma extensão. Eles também realizaram uma abundância de milagres. O padrão da história bíblico então se repete: com a morte deles, novamente há silêncio. Os milagres aparecem de forma evidente de tempo em tempo, mas a presença de alguém que possa, de acordo com sua vontade, curar enfermidades e levantar mortos está de forma conspícua ausente. Conclusão O ponto resultante desta evidência é óbvio: milagres não são a norma, e não há razão para esperar que o sejam. Eles são exceção è regra. A reivindicação de que a igreja hoje deve esperar experimentar qualquer benção desfrutada na igreja primitiva é completamente sem fundamento: os fatos dos registros Bíblicos falam claramente o contrário. Os milagres acontecem somente de forma ocasional e temporária. Qualquer pessoa que hoje reivindique que os milagres devem estar

operantes, ela mesma tem a obrigação de provar, porque o padrão da Escritura claramente mostra de outra forma.

O Propósito dos Dons Miraculosos

Nem são estes milagres espalhados ao acaso. Uma questão se levante neste ponto: porque os dons miraculosos foram dados à igreja? Porque não em outros tempos, mas somente durante estes períodos ocasionais? E porque eles desapareceram tão abruptamente? A resposta é simples: eles foram dados para servir um propósito específico, e com este propósito servido, não foram mais necessários, e assim foram removidos. Analisando o Padrão Note outro padrão que emerge dentro desde padrão já observado. Em cada período de milagres, os milagres chamaram atenção a uma nova revelação de Deus e atestaram a autoridade do operador do milagre. Os milagres de Moisés e Josué foram introdutórios ao Pentateuco e à literatura histórica primitiva, afirmando também a autoridade dos líderes de Israel, Moisés e Josué. Israel estava num tempo de baixa espiritualidade durante o ministério de Elias e Eliseu. Deus enviou estes homens com a Sua palavra (agora registrada nos livros de Reis e Crônicas) à nação daquele tempo. Com suas capacidades de realizar milagres, a aprovação de Deus aos seus ministérios foi claramente afirmada. Voltando para o Novo Testamento, Cristo e Seus apóstolos trouxeram uma nova e completa revelação de Deus; a autoridade deles e a verdade de sua mensagem foram validadas pelos seus milagres. Este padrão é muito claro: repetidamente Deus chama a atenção de Seu povo à Sua Palavra e à verdade dos Seus mensageiros. Este foi o propósito dos dons miraculosos. Declarando o Propósito Conseqüentemente, o Novo Testamento nomeia estes dons miraculosos de “dons de sinais”. Um sinal é uma marca ou alguns meios de identificar algo. Por exemplo, a marca distintiva de todos os homens Judeus fiéis era a sua circuncisão (Romanos 4:11, “ sinal de circuncisão ”). Um “sinal” de um erudito da Bíblia é a sua capacidade de trabalhar bem com os idiomas originais. Neste sentido, os milagres foram sinais;

eles tiveram um propósito, e este propósito foi “sinalar” ou testificar a autoridades do operador de milagre. A famosa profecia de Isaías foi que o filho nascido da virgem seria um sinal (Isaías 7:14). O primeiro milagre de Jesus, a transformação da água em vinho nas bodas de Caná, é chamado, literalmente (lendo o Grego; NT: idêntico à versão Almeida), o “ princípio dos sinais ” (João 2:11). A cura do filho do nobre foi Seu “ segundo sinal ” (João 4:54; versão do autor e outras). Os milagres estavam também entre os “ sinais de um apóstolo ” (1 Coríntios 12:12); eles eram credenciais apostólicas. O ministério do apóstolo Paulo foi verificado pelos “ sinais e maravilhas ” (Romanos 15:19). A necessidade deste tipo de autenticação é óbvia. Imagine-se como um Judeu fiel naquele primeiro século ouvindo outro Judeu dizer que Deus estabeleceu uma nova religião (Cristianismo), insistindo que o velho caminho foi-se para sempre. Em palavras talvez não desta espécie, você, com toda probabilidade, o informaria do seu inevitável destino! Esta reação seria completamente compreensível: apesar de tudo, o Judaísmo foi dado por Deus! Então, à medida que você observasse esse Cristão realizar tais milagres como cura e ressurreição de mortos, você seria capaz de chegar a nenhuma outra conclusão, senão a de que o seu poder é de Deus, e assim ele deveria estar dizendo a verdade. Os milagres, então, serviam como sinais. Eles testificavam a fidelidade dos mensageiros de Deus e estabelecia a autoridade deles. Este foi o propósito pretendido deles. O mesmo é declarado ser no caso de Moisés: os milagres foram “ para que eles cressem que o SENHOR Deus de seus pais. . . te apareceu ” (Êxodo 4:1-5). O pedido de Elias para que fogo caísse do céu teve o mesmo efeito também (1 Reis 18:36, “ para que eles possam saber. . .que eu sou teu servo ”); isto estabeleceu sua autoridade. Quando Jesus foi interrogado pelos seguidores de João o Batista se Ele era o Messias, Ele replicou meramente apontando para os Seus milagres (Mateus 11:26); eles estabeleciam o fato. Novamente, Ele fez o mesmo com os Seus inimigos (Mateus 11:28; João 10:25). Seu ministério foi “ aprovado por Deus entre vós com maravilhas, prodígios e sinais ” (Atos 2:22). Da mesma forma, o ministério do apóstolo Paulo foi confirmado pelos dons espirituais (1 Coríntios 1:6-7; veja também Romanos 15:18-20 e 2 Coríntios 12:12). Como se isto não fosse o suficiente, o autor do livro de Hebreus também deixa o ponto abundantemente claro. No capítulo 2, versos 3-4, ele fala do evangelho que foi “ confirmado pelos que O ouviram. Testificando também Deus com eles, por sinais, e milagres, e várias maravilhas e dons do Espírito Santo ”. A clara declaração é que aqueles que nos

precederam (isto é, a primeira geração de Cristãos, “aqueles que O ouviram”) operaram sinais e milagres. Note o tempo passado: foi algo que a geração primitiva teve, o qual não estava mais disponível. Em outras palavras, o escritor aos Hebreus, inspirado, afirmou que os milagres foram operantes (note o tempo passado) para aqueles Cristãos primitivos e que aqueles milagres serviram ao seu propósito de atestar a verdade do evangelho. Eles foram meios de Deus afirmar a fidelidade dos Seus mensageiros. O claro e óbvio entendimento dos escritores do Novo Testamento era que sua fé foi confirmada por aqueles dons miraculosos e que, uma vez que este propósito foi alcançado, os dons que o alcançaram foram retirados. A nova revelação foi dada, confirmada, e está agora aqui para ficar “ de uma vez por todas ” (Judas 3), mas não os seus dons confirmatórios. Servindo o Propósito Hoje? Nenhum propósito será servido pela busca de dons miraculosos hoje; o propósito deles já foi servido. A igreja tem uma revelação de Deus validade e confirmada, e isto é tudo que ela necessita.Além do mais, se um homem não crê na Escritura hoje, nem ainda crerá em milagres. Houve milagres suficientes para estabelecer o fato. Agora não é mais uma questão de milagres, mas de fé. Isto foi precisamente o ponto de Jesus em Lucas 16:30-31, onde Ele falou de um homem rico no inferno pedido para Abraão enviar alguém dentre os mortos para testificar aos seus irmãos: “ Se algum dentre os mortos fosse ter com eles, arrepender-se-iam! ”, ele clamou. A réplica: “ Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que algum dos mortos ressuscite ”. Isto, certamente, é precisamente a verdade – o próprio Jesus levantou dentre os mortos, um indisputável fato da história, todavia, Sua Palavra é rejeitada. Pedro faz uma reivindicação impressionante em sua segunda epístola. Embora falando do evento miraculoso sobre o monte da transfiguração, ela fala da Escritura como uma “ muito mais firme a palavra de profecia ” (2 Pedro 1:16-21; NT: “ ainda mais firme a palavra dos profetas ”, NVI). Mesmo em comparação com os eventos miraculosos pessoalmente experimentados, a Palavra de Deus é suprema. A idéia prevalecente hoje é que a experiência é normativa; com Pedro não foi dessa forma. Para ele, a Escritura somente é completamente digna de confiança. Deus pretendeu que a fé descansasse em algo muito mais crível do que experiências miraculosas – Sua Palavra. “ Andamos por fé, e não por vista ” (2 Coríntios 5:7) ou sinais.

À luz do fato que a Escritura está estabelecida e confirmada, pedir por sinais adicionais seria exatamente o contrário à fé (veja Lucas 11:29 e João 4:48). “ Bem-aventurados os que não viram e creram ” (João 20:29). Sumário Os dons miraculosos aparecem somente ocasionalmente nas páginas da Escritura. O propósito deles era validar as reivindicações dos mensageiros de Deus que traziam uma nova revelação. Esta revelação tendo sido confirmada, aqueles dons confirmatórios ou de sinais não são mais necessários. A Palavra de Deus não está somente completa, mas também bem confirmada pelos dons miraculosos daqueles que a entregaram. A Escritura, então, é tanto suficiente quando digna de confiança, mas seus dons de validação que inicialmente a acompanharam, desapareceram.

O Testemunho da História do Novo Testamento

A história da igreja primitiva, registrada no livro de Atos e nas epístolas, revela claramente um desaparecimento gradual dos dons miraculosos. A parte mais primitiva deste período abundou com os milagres: cura de coxos, cegos e homens enfermos; ressurreição de mortos, expulsão de demônios, quebra miraculosa de prisão, julgamento rápido e imediato de pecadores, etc. Eles alcançaram o seu mais alto nível com Paulo em sua terceira viagem missionária: “ milagres extraordinários ” foram realizados, tais como um mero enviar de um lenço para curar uma pessoa (Atos 19:11-12). O fato impressionante é que estes grandes poderes começaram cedo a diminuir. Em 2 Coríntios 12 Paulo fala de uma dor que ele não podia curar, nem Deus a curou em resposta de suas orações. Escrevendo de uma prisão em Roma, aos crentes em Filipos, ele fala de seu bom amigo Epafrodito que quase morreu como resultado de sua terrível enfermidade (Filipenses 2:26-27). Deus o curou, mas evidentemente foi uma enfermidade fora do controle de Paulo. Mais tarde, escrevendo ao seu jovem amigo e companheiro, Timóteo, ele o aconselha a tomar vinho por seu valor medicinal (1 Timóteo 5:23). Escrevendo a ele em outra época, de um calabouço em Roma, ele menciona que teve que deixar seu companheiro, Trófimo, em Mileto por causa de sua enfermidade (2 Timóteo 4:20).

A questão óbvia é: o que aconteceu com os lenços? A única resposta possível é que os poderes miraculosos de Paulo estavam desaparecendo. Eles evidentemente tinham servido o seu propósito e, então, estavam sendo retirados. Ate mesmo aqueles rápidos e imediatos julgamentos tais como os de Ananias e Safira (Atos 5:1-11), Herodes (Atos 12:20-23), e Barjesus (Atos 13:5-11) esteve notavelmente ausentes depois. Em 1 Coríntios 5 um homem é “ entregue a Satanás para destruição da carne ” por causa de incesto (versos 1-5), mas (presumidamente) mais tarde está vivo e evidentemente bem restaurado (2 Coríntios 2:6-9 e 7:9-12). Em 63 DC, Alexandre foi entregue a Satanás (1 Timóteo 1:20), mas aproximadamente em 67 DC ainda não foi julgado (2 Timóteo 4:14). O ponto é claro: não é de forma alguma sem razão falar da cessação de milagres, porque é visto nas páginas do próprio Novo Testamento. Dizer que eles têm continuado até hoje é completamente sem fundamento.

O Testemunho da Experiência Diária

É simplesmente um fato da vida que ninguém hoje é capaz de curar o cego e ressuscitar o morto. É interessante que embora a cura da lepra foi uma das curas miraculosas mais comuns no Novo Testamento, ela é inteiramente ausente hoje; missionários em terras onde a lepra é prevalecente não a vêem curada. Não há hipócritas morrendo imediatamente (Atos 5:1-11). Ninguém pode hoje olhar para outro homem e fazer com que ele fique cego, como fez Paulo em Atos 13. Não obstante todas as reivindicações, estas coisas simplesmente não acontecem hoje. Estes dons desapareceram; é um fato da vida diária. (Este fato foi também reconhecido por aquelas gerações da igreja que seguiram o período apostólico. Para uma completa discussão disto veja B.B. Warfield, Milagres Falsificados , The Banner of Truth Trust.)

A Promessa de Cristo

Em João 14:12, o Senhor fez uma promessa fascinante: “ Aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas , porque eu vou para meu Pai ” (itálico adicionado). Isto significa (como alguns ensinam) que os crentes hoje podem esperar realizar milagres maiores do que os que Cristo realizou? Se sim, a promessa tem

caído por terra sem cumprimento, porque ninguém hoje pode fazer o que Ele fez. Seus milagres estão numa categoria muito acima para eles mesmos. Ninguém hoje pode alimentar milhares de pessoas com um pequeno lanche. Ninguém hoje pode trazer à vida um homem que esteve morto por quatro dias. Ninguém pode nem acalmar uma tempestade, nem andar sobre as águas. Seus milagres simplesmente não podem ser sobrepujados. O que Ele quis dizer, então? Ele estava se referindo ao ministério da igreja de satisfazer as necessidades básicas dos homens, completa e permanentemente. Seus milagres, embora fossem grandes, somente satisfaziam as necessidades superficiais dos homens – cura física, alimento, etc. – e isto somente de foram temporária, porque os homens curados voltavam a adoecer de outras doenças, e os homens alimentados voltavam a sentir fome. Mas na ministração do evangelho de Jesus Cristo, os crentes de hoje podem satisfazer as necessidades básicas e essenciais dos homens e isto de forma permanente. Charles Haddon Spurgeon colocou este assunto com a sua eloqüência característica: "Ele os enviou para operar milagres como também para pregar. Agora, Ele não nos tem dado este poder, nem o desejo por ele; é mais para a glória de Deus que o mundo deva ser conquistado pela força da verdade do que pelo resplendor dos milagres. Os milagres foram os grandes sinos do universo que tocaram para chamar a atenção de todos os homens em todo o mundo para o fato de que o banquete do evangelho estava pronto; nós não necessitamos de sinos agora...., porque as forças morais e espirituais da verdade operam por si mesmas, aparte de qualquer manifestação física; é mais para a glória da verdade, e do Cristo da verdade, do que se todos fossem operadores de milagres, e pudessem destruir os opositores. Ainda assim, apesar de não operarmos milagres no mundo físico, operamos no mundo espiritual e moral”. O ponto aqui é este: esta promessa claramente profetiza que o Seu ministério de milagres seria suplantado por outra coisa, um ministério de cura espiritual. Este ministério maior tem substituído o outro. Sumário & Conclusão Nosso propósito aqui foi simplesmente estabelecer o fato que alguns dons foram somente temporários. A evidência corre junta com estas linhas. Que alguns dons foram somente temporariamente dados é evidente em virtude de: 1) As Qualificações para o apostolado

2) A Natureza de Certos Dons Dons de Fundamento Dons Revelatórios 3) O Padrão dos Milagres Bíblicos 4) O Propósito dos Dons Miraculosos 5) O Testemunho da História Bíblica 6) O Testemunho da Experiência Diária 7) A Promessa de Cristo É o ensino da Escritura que certos dons nunca foram pretendidos ser permanentes na vida da igreja. Eles foram somente para o estágio fundacional da igreja. O retorno deles, então, seria um retorno à infância (1 Coríntios 13:11). Os Cristãos hoje são muito mais abençoados. Eles não necessitam retornar àquelas revelações, mas a uma nova e honesta confrontação com a Escritura, o guia todo suficiente de fé e prática. Tradução livre: Felipe Sabino de Araújo Neto Cuiabá-MT, 12 de Março de 2004

Dons Espirituais por

Fred G. Zaspel Publicado pela Word of Life Baptist Church copyright © 1987, Fred G. Zaspel

Capítulo 14 - Apostolado

Definições " Apóstolo " O termo “apóstolo” (grego, apostolos) significa simplesmente, “um enviado”. Um apóstolo é um mensageiro, um embaixador. A idéia é a de representação: um apóstolo é uma pessoa que representa aquele(s) que lhe enviou. Ele vem no lugar de, representando os interesses de, e trazendo uma mensagem de outra pessoa. " Apóstolo de Igreja " Um apóstolo de uma igreja, então, é alguém enviado por uma igreja particular para representar os interesses daquela igreja ou entregar sua mensagem. Paulo menciona que Epafrodito era o apóstolo da igreja em Filipos: “” (Filipenses 2:25). A palavra grega traduzida aqui por “mensageiro” é apostolos . O relacionamento entre Paulo e a igreja em Filipo era íntimo, e isto é uma indicação dele: eles enviaram um mensageiro para assistir Paulo em seus labores por Cristo. Ele (Epafrodito) era apóstolo dele; ele representou a igreja em Filipo para o apóstolo Paulo. 2 Coríntios 8:23 também menciona tais apóstolos de igreja (“mensageiros”, grego, apostoloi ). " Apóstolo de Cristo " O dom de apostolado, contudo, refere-se àquele grupo cuidadosamente selecionado de homens que foram os representantes pessoais do próprio Jesus Cristo. “Apóstolo de Cristo” é um uso muito mais específico e técnico do termo “apóstolo”. Num sentido, todos Cristãos devem ser apóstolos de Jesus Cristo, mas este dom de apostolado pertenceu somente a uns poucos. Um apóstolo de Cristo era um mensageiro pessoal de Jesus Cristo, enviado pelo próprio Senhor. Ele era um vigário (se você quiser perdoar a expressão!) de Cristo! Ele era alguém que representava os interesses de Jesus Cristo aos homens. Qualificações Como o dom de Pastor-Mestre, alguém era um apóstolo não somente por ser chamado ou dotado, mas também pela satisfação de certas qualificações. Como já observado no capítulo anterior, um apóstolo devia ser alguém que pudesse testemunhar pessoalmente da ressurreição de Cristo. Este foi o argumento de Paulo em 1 Coríntios 9:1, que estabeleceu seu próprio apostolado: “ Não vi eu a Jesus nosso Senhor? ” Este também foi um dos requerimentos estipulados pelos

onze para o substituto de Judas (Atos 1:21-22). As credenciais dos apóstolos de Cristo também incluíam a capacidade de realizar milagres. O próprio Jesus deu este poder aos doze quando lhes comissionou (Mateus 10:1). Novamente, em defesa do seu apostolado aos Coríntios, Paulo menciona isto como sendo algo que o identificou como um verdadeiro apóstolo: “ Os sinais do meu apostolado foram, de fato, operados entre vós com toda a paciência, por sinais, prodígios e milagres ”. (2 Coríntios 12:12). Sua Posição Os apóstolos de Cristo ocupação uma posição ímpar de honra . Em 1 Coríntios 12:28 eles são listados como “primeiros” em importância. O próprio Jesus afirmou isto quando profetizou que na vinda do Reino eles “ sentariam sobre tronos, julgando as doze tribos de Israel ” (Lucas 22:29-30). Apocalipse 21:14 fala dos seus nomes sobre os doze fundamentos do muro da Nova Jerusalém. Em Mateus 16:18-19 Pedro, o representante dos apóstolos, é quem segura as chaves do reino e é a pedra sobre a qual Cristo edificaria Sua igreja. Por que eles desfrutaram tal honra? Não somente porque eram os representantes pessoais de Cristo, mas também porque testemunhando de Cristo e de Sua obra, eles foram o fundamento da igreja (veja capítulo 13). Era sobre o ensino deles que a igreja era edificada, por conseguinte, sua grande honra. Sua Autoridade Intimamente associada com esta honra, está a sua autoridade exclusiva. Eles eram embaixadores pessoais de Jesus Cristo, e como tais suas palavras carregavam autoridade divina. Não havia apelo em cima de suas palavras, nem discussão, nem debate. Eles eram legados Divinos, trazendo a própria palavra de Deus aos homens. Sua autoridade na igreja era absoluta. Uns poucos exemplos devem estabelecer o ponto. Em Atos 4:35-37, são os apóstolos quem estão responsáveis pelos assuntos financeiros da igreja. Em Atos 6:2-6, o registro da primeira divisão na igreja, eles dizem à igreja exatamente quais passos devem ser tomados para resolver a discussão. 1 Coríntios 4:17 declara que o exemplo do apóstolo Paulo deve ser lembrada. Em 1 Coríntios 14:37 Paulo diz, efetivamente, “se alguém não concorda comigo, o tal não é espiritual”. Ele reivindica que quando ele fala, é Cristo falando através dele (2 Coríntios 13:3). Gálatas 1:8-9 pronuncia uma maldição sobre qualquer um que discorde com o ensino de Paulo. 1 Tessalonicenses 2:13 declara que a palavra do apóstolo é a palavra de Deus. 2 Tessalonicenses 2:15 diz, com efeito,

“façam o que disse que fizessem, e creiam no que disse que cressem”. 2 Tessalonicenses 3:16-15 ordena um tratamento áspero com qualquer um que não a instrução e prática do apóstolo. Esta é uma autoridade real! O Novo Testamento ensina claramente a autoridade dos presbíteros na igreja local, mas este tipo de autoridade vai muito mais além! Esta é autoridade do próprio Cristo através de seus mensageiros pessoais. Isto não é dizer que os apóstolos eram infalíveis em cada detalhes de suas vidas. A repreensão de Paulo a Pedro, por este não praticar o que pregava, deixa isto claro (Gálatas 2:11 e versos seguintes). Além do mais, após anos de serviço a Cristo, o próprio Paulo ainda reivindicava ser o principal dos pecadores (1 Timóteo 1:15). Mas, apesar de tudo, os apóstolos eram a autoridade: suas palavras findavam disputas e estabeleciam doutrinas. Nem é sua autoridade limitadas aos primeiros séculos contemporâneos deles. As palavras dos apóstolos (agora nas Escrituras) não são menos obrigatórias hoje. A palavra deles é a Palavra de Deus. Eles eram os porta-vozes de Deus, os próprios representantes de Cristo à Sua igreja. Sua Função Muitos pensam que o termo “apóstolo” significa simplesmente “missionário”. A palavra “missionário” vem de uma palavra de origem latina que significa “enviar”, assim, a inferência é compreensível. Paulo esteve envolvido em muita atividade missionária, como os outros apóstolos; mas é também claro que muitos, se não a maioria, dos apóstolos permaneceram em Jerusalém por diversos anos. Assim, a função de um apóstolo era muito maior do que somente missões. Sua função era basicamente, 1) lançar o fundamento da igreja (Efésios 2:20, Mateus 16:18), 2) dar a revelação de Deus aos homens (Efésios 3:5), e 3) demonstrar a verdade desta revelação pelo exercício de seus dons de sinais (2 Coríntios 12:12). Essas três funções foram discutidas no capítulo anterior. Seu Número É surpreendente para alguns aprender que houve mais do que somente os doze apóstolos. É uma ofensa a outros limitar o número apostólico somente a quinze, ou algo assim. O Novo Testamento, contudo, provê a evidência para isto claramente. Os Onze

Em primeiro lugar, certamente, havia os doze apóstolos originais, menos Judas Iscariotes, que traiu a Cristo. Eles eram Simão Pedro, André, Tiago, João, Filipe, Bartolomeu (chamado de Natanael no Evangelho de João), Tomé, Mateus, Tiago (o menor), Corajoso (conhecido como Tadeu, também chamado Judas, o irmão de Tiago o menor), e Simão Zelote. Estes homens estão listados em Mateus 10:2-4, Marcos 3:16-419, Lucas 6:14-16, e Atos 1:13. Matias No primeiro capítulo do livro de Atos, esses onze, depois de muita oração e sob a direção do Espírito Santo, escolheram Matias como o substituto para Judas Iscariotes (versos 12-26). Alguns pensam que Matias não foi, no final das contas, o substituto apontado por Deus, mas sim Paulo. Isto parece descansar mais sobre suposição do que evidência das Escrituras. O fato do assunto é que Matias foi escolhido, não Paulo, e nenhum dica ao contrário é jamais dada. Em nenhum lugar é declarado que os onze foram apressados em sua escolha. Na realidade, o verso 26 diretamente declara que Matias “ foi contado com os onze ”; em outras palavras, ele era o número doze. Além do mais, Paulo não satisfazia as qualificações estipuladas em Atos 1:21-22 que requeriam que o substituto fosse um tivesse andado com Cristo durante Seu ministério terreno até a Sua ascensão. Matias foi o décimo-segundo apóstolo. Tiago Tiago, o meio-irmão do Senhor e escritor da epístola que traz o seu nome, foi outro apóstolo. Ele tem uma interessante biografia, sendo incrédulo até algum tempo após a ressurreição. Ele é identificado como um apóstolo igual aos outros em Gálatas 1:19, e em Atos 15 sua alta posição entre os apóstolos é evidente. Barnabé Barnabé ("o consolador") foi um apóstolo também. Ele foi assim designado em Atos 14:4 e 14. Alguns hoje questionam seu apostolado; contudo, observe que ele é referido como sendo um apóstolo igual a Paulo. Paulo Paulo, então, foi o último homem a desfrutar a posição de apostolado. Ele foi “ um que nasceu fora de tempo ”, com isso ele foi o último (deveras, o último) a ser adicionado à companhia apostólica (1 Coríntios

15:8-11). Por causa disto, evidentemente, alguns questionaram sua autoridade apostólica, o que não foi algo sem importância para o apóstolo. Diversas vezes ele se esforçou para defender seu próprio apostolado (cf., 1 Coríntios 9:1 e seguintes, Gálatas 2, etc.). Em nove das suas treze epístolas, ele é cuidadoso em se identificar como um “apóstolo de Jesus Cristo” (por exemplo, 1 Coríntios 1:1). Ele fez isso vigorosamente escrevendo aos Gálatas, especificando que seu apostolado era uma comissão do próprio Jesus Cristo, não de Paulo ou de qualquer outro homem (Gálatas 1:1). Era um assunto muito importante para ele que se reconhecesse que o seu comissionamento era, deveras, pessoalmente de Cristo. Ela enfatizou adiante que aprendeu sua teologia de primeira mão do Senhor, e não de homem algum (Gálatas 1:11-24). Sumário Foi um grupo cuidadosamente selecionado de homens que desfrutou o dom de apostolado, quinze no total – os onze primeiros, Matias, Tiago, Barnabé e Paulo. Evidentemente, este grupo de elite não foi aberto a qualquer outro. Outros são chamados apóstolos (2 Coríntios 8:23 e Filipenses 2:25), mas estes eram apóstolos de igrejas. Há uma diferença muito grande entre alguém comissionado por e representando uma igreja e alguém pessoalmente comissionado por e representando Jesus Cristo! Estes eram homens com honra e autoridade singulares na igreja. Houve também legados apostólicos, tais como Timóteo e Tito, que possuíram algum grau de autoridade também, mas a autoridade deles foi investida pelo apóstolo Paulo, não por Cristo diretamente. A autoridade deles não era absoluta como o era a dos apóstolos. Um homem hoje reivindicando o apostolado deveria cuidadosamente considerar as implicações de tal reivindicação. Seu Desaparecimento

Durante toda a história da igreja, a sucessão apostólica têm sido reivindicada por alguns; a igreja Católica Romana é bem-conhecida por tais reivindicações. Mas muitos argumentos militam contra a possibilidade de quaisquer apóstolos modernos. 1) As qualificações para o ofício não podem ser satisfeitas hoje (veja acima). 2) A natureza de sua obra proíbe sua continuação – eles eram fundacionais com um ministério revelatório; a igreja agora está na fase de superestrutura de sua construção, e as revelações cessarão (cf., capitulo 13).

3) A capacidade de realizar sinais, as credenciais acompanhantes dos apóstolos, está ausente hoje (capítulo 13). 4) Paulo foi o último apóstolo. 5) Ninguém hoje tem semelhante autoridade absoluta sobre as igrejas. A autoridade pastoral e a liderança são uma coisa, mas a autoridade apostólica é completamente outra. Além do mais, ninguém hoje tem o privilégio de infabilidade doutrinal como os apóstolos tinham (a despeito das reivindicações ao contrário do papa). Totalmente ao contrário, os Cristãos, hoje, devem simplesmente avaliar todos os ensinamentos pelo padrão fundamental dado pelos próprios apóstolos (Judas 17). 6) Os exemplos do Novo Testamento de sucessores dos apóstolos (por exemplo, Timóteo e Tito) nunca são chamados de apóstolos ou considerados com a plena autoridade apostólica. Eles deviam continuar a obra dos apóstolos como, num sentido, todos Cristãos devem, mas a genuína sucessão apostólica nunca foi considerada; deveras, aquela própria primeira geração de Cristão, reconheceram a singularidade dos apóstolos de Cristo. 7) A igreja primitiva (logo após os apóstolos) reconheceu a ausência do dom. Conclusão O apostolado foi um dom temporário e muito importante. Mas somente uns poucos o receberam. Ninguém hoje é assim chamado ou dotado, bem pode alguém satisfazer as qualificações necessárias (veja capítulo 13).

Tradução livre: Felipe Sabino de Araújo Neto Cuiabá-MT, 24 de Fevereiro de 2004

Dons Espirituais por

Fred G. Zaspel Publicado pela Word of Life Baptist Church copyright © 1987, Fred G. Zaspel

Capítulo 15 - Profetas & Profecia

Definições O verbo “profetizar” significa “falar antes” (do grego pro , antes, e phemi , falar). O dom inclui tanto a idéia de predição como de proclamação, predizendo o futuro e pregando. Um profeta era um portavoz de Deus: ele falava por Deus e dava Sua mensagem. Algumas vezes esta mensagem dizia respeito ao futuro. Outras vezes concernia ao presente, até mesmo passado, ou simplesmente uma verdade doutrinal, mas era sempre uma mensagem proclamada em nome de Deus. O Assunto Algumas controvérsias se levantar neste ponto: o interesse renovado e a investigação dos dons espirituais, hoje, têm feito muitos nãocarismáticos redefinir o dom de profecia. Os carismáticos, certamente, prontamente admitem a natureza revelatória deste dom e reivindicam sua operação hoje. Alguns não-carismáticos modernos definiram o dom de outro modo, resultando numa interpretação que tolera o dom de profecia hoje, mas não em seu sentido revelatório. Eles dizem que o dom de profecia significa somente a capacidade de falar em nome de Deus, pregar; não necessariamente, dizem, um dom de revelação, mas a capacidade de pregar a verdade de Deus com grande poder e percepção. O assunto pode ser expresso na forma de duas questões: 1) É escrituristicamente permissível limitar o dom somente à proclamação (como oposto à profecia preditiva)? e, 2) Não há nada revelatório nesta proclamação? Isto é, ela é meramente a capacidade de expor uma verdade previamente revelada? Assim, a questão a ser aclarada logo no início é de definições. A resposta a esta questão determinará o curso do restante do estudo.

Evidência Em primeiro lugar, deve ser reconhecido que alguém que profetiza é profeta. Isto poder parecer bastante óbvio, mas há aqueles que sustentam esta idéia de profecia não revelatória fazendo uma astuta distinção entre estes dois – um profeta sendo alguém com os dons de revelação e alguém que profetiza como sendo meramente o pregador de verdades previamente reveladas. Velho Testamento Não há dúvida ou qualquer debate, entre os crentes na Bíblia, de que os profetas do Velho Testamento receberam revelação direta e foram capazes de prever o futuro. Sua função, em parte, era revelar o que Deus faria nos dias ou anos vindouros. Suas profecias também tratavam com assuntos de interesse presente – o que Deus queria do Seu povo naquele momento. Suas profecias ainda diziam respeito aos assuntos de doutrina: Deus lhes revelava a verdade a fim de que eles pudessem, por sua vez, “profetizá-la” para o povo. Havia também tempos quando Deus dava uma revelação concernente ao passado, contando-lhes sobre algum evento de outra forma incognoscível para eles; a confrontação de Natã com Davi sobre o seu pecado com Bate-Seba ilustra muito bem este fato (2 Samuel 12:1-12). O fato é claro: os profetas do Velho Testamento tanto predisseram o futuro com proclamaram a verdade dada por Deus, ambos aspectos inquestionavelmente envolvidos com a revelação direta. Sua profecia, não importa com o que relacionada, era claramente revelatória. Novo Testamento Nem há qualquer indicação de mudança no caráter da profecia do Novo Testamento, mas, antes, sua natureza revelatória é claramente assumida. Por exemplo, quando em Sua audiência diante de Caifás, Jesus foi cuspido e golpeado na face enquanto estava com os olhos vendados, Ele foi jocosamente exortado a “profetizar quem havia lhe batido” (Lucas 22:64). Esta profecia claramente envolveria revelação direta.Quando Jesus falou sobre o passado oculto da mulher junto ao poço, Ele foi imediatamente reconhecido como um profeta (João 4:19). Ágabo exercitou o dom de profecia de um modo preditivo: ele previu uma fome que estava por vir e também os sofrimentos vindouros de Paulo (Atos 11:27-28, Atos 21:10-11). 1 Timóteo 4:14 nos informa o mesmo com respeito ao dom de profecia de Paulo: Deus disse-lhe que Timóteo devia receber seu dom pela imposição das mãos; foi uma revelação direta. Efésios 2:20 e 3:5 claramente associam os Profetas do Novo Testamento com o recebimento de revelação diretamente de Deus,

e esta revelação não era necessariamente com respeito ao futuro, mas, antes, com respeito à doutrina. 1 Coríntios 12-14 Além do mais, deve ser reconhecido que a única passagem no Novo Testamento que trata com o assunto dos profetas e com profecia duma maneira exaustiva é 1 Coríntios 14 (em seu contexto, começando com 1 Coríntios 12). Nesta passagem o caráter revelatório dos dons é claramente apresentado também. Em 1 Coríntios 12:28 os profetas são classificados como mais importantes do que os professores. Em 1 Coríntios 13:2 o dom de profecia é explicado como “conhecendo todos os mistérios e todo a ciência”. Um “mistério”, na terminologia do Novo Testamento, é um segredo, algo incognoscível aparte de revelação direta. A suposição implícita é que o dom envolvia revelação especial. 1 Coríntios 14:1 declara o tema de todo capítulo – a superioridade da profecia às línguas. O verso 3 menciona a profecia, mas não de um modo definitivo; somente declara os resultados do exercício apropriado do dom, a saber, a edificação. Em outras palavras, o verso 3 explica exatamente porque a profecia é superior às línguas. Os versos seguintes expandem este argumento: a profecia é uma fala inteligível, e as línguas não; por conseguinte, a profecia é superior. E neste sentido a profecia está associada com outros dons de fala inteligíveis, tais como ensino (versos 6, 9). Na seção seguinte do capítulo 14 a profecia e as línguas estão associadas nesta mesma consideração – que ambos são revelatórios na natureza (versos 26-30; confira o verso 2). Finalmente, os versos 29 e 30 exigem que o dom de profecia que estava sendo exercitado na igreja de Corinto era revelatório; eles claramente declaram que a profecia era algo “revelado”. Sumário É claro o suficiente que o dom de profecia não deve ser confundido com o dom de pregação ou ensino. Que há uma sobreposição entre o profetizar e a pregação é óbvio, mas a diferença é importante: Um pregação deve tomar um texto da verdade previamente revelada e procurar expô-lo, e sua autoridade estende-se somente à exatidão de sua interpretação daquele texto. Mas alguém exercitando o dom de profecia não toma nenhum texto, mas, antes, entrega um novo texto, por assim dizer. Ele entrega uma verdade revelada por Deus. Sua autoridade, então, descansa na mensagem em si mesma: ela é a própria palavra de Deus. Conseqüentemente, a profecia é classificada acima do ensino (1 Coríntios 12:28). O mais próximo de profetizar que alguém

poderia chegar, hoje em dia, não é pregando, mas simplesmente lendo a Escritura palavra por palavra. O dom de profecia era a capacidade de declarar a verdade recebida diretamente de Deus, uma verdade obtida por revelação especial. Os profetas eram os porta-vozes de Deus, falando Sua palavra, para o mundo deles, com respeito tanto ao passado como ao presente ou a uma verdade futura. Eles eram homens de expressões inspiradas. A Importância Do Dom O dom de profecia era muito importante que satisfez uma necessidade real e exclusiva da igreja primitiva. Eles estavam em desvantagem sem qualquer uma desta nova revelação já registrada e disponível, portanto, Deus deu Sua palavra “parte por parte” (1 Coríntios 13:9) através destes homens dotados até que a Palavra escrita fosse completa. A importância dos apóstolos também é vista em que, junto com os apóstolos, eles eram o fundamento da igreja. Sob a verdade revelada através deles, a igreja de Cristo é edificada (Efésios 2:20). Conseqüentemente, eles são listados em segundo lugar de importância em 1 Coríntios 12:28. A Validação das Profecias 1 Tessalonicenses 5:19-20 ordena que os Cristãos provem, ou testem, todas profecias. Como? Os apóstolos eram capazes pelos seus dons miraculosos de vindicar sua própria mensagem, mas nenhuma provisão foi dada aos profetas. Para servir como um controle contra os homens que reivindicavam falsamente o dom profético, outros eram dotados com o dom de discernimento de espíritos (veja capítulo 16). Esta pessoa dotada deveria se levantar e pronunciar julgamento sobre uma profecia dada, declarando se ela era de Deus ou não. Um exemplo disto é dado em 1 Coríntios 14:29 onde Paulo ordena que depois dos profetas falarem, “os outros julguem”. A mensagem do verdadeiro profeta era absoluta, mas tinha que ser estabelecido se de fato ela vinha de Deus. Esta era a função dos discernidores de espíritos. Havia ainda outro controlo dada para validar a profecia: completa concordância com os apóstolos era mandatário. “Se alguém se considera profeta, ou espiritual”, escreve o apóstolo Paulo, “reconheça que as coisas que vos escrevo são mandamentos do Senhor (1 Coríntios 14:37). Este é o padrão pelo qual devemos “testar os espíritos” (1 João 4:1). Este teste era final. Se algum homem reivindicasse profetizar, mas

não estivesse em concordância com o ensino dos apóstolos, esta “profecia” não era de Deus, não importa o que mais pudesse parecer validar sua reivindicação. Concordância com os apóstolos era mandatário. Os Exemplos do Novo Testamento O dom é mencionado em todas as cinco listas do Novo Testamento (veja o capítulo 2), mas somente uns poucos profetas do Novo Testamento são mencionados. Ágabo é um que tinha o dom. Em Atos 11:27-28 ele predisse uma fome, e em Atos 21:10-11 ele predisse os sofrimentos vindouros de Paulo, ambos dos quais vieram a acontecer como profetizado. (A partir deste exemplo é claro que o dom de profecia envolvia a capacidade de prever assim como a de meramente proclamar). As irmãs de Filipe profetizavam (Atos 15:32), mas nenhum detalhe é dado. Atos 13:1 menciona os profetas e mestres na Igreja em Antioquia, embora nenhum detalhe seja dado, nem seja dito quais homens eram profetas ou quais eram mestres. Judas e Silas são designados profetas em Atos 15:32. Paulo e os outros apóstolos evidentemente tinham este dom também (por exemplo, Atos 27:23-24). Seu Desaparecimento Diversos fatores demandam que o dom de profecia não é mais dado à igreja. 1) A mais óbvia razão pela qual o dom não é mais dado é que não há nenhuma necessidade dele hoje. Deus deu uma completa revelação que é completamente suficiente em todas os assuntos da fé e prática. Os profetas satisfizeram uma necessidade exclusiva daquela igreja do primeiro século, antes desta revelação estar disponível. A igreja hoje não necessita de quaisquer profetas para dar uma nova revelação, somente professores e pregadores para expor a Revelação já dada. 2) Nenhuma revelação está sendo dada hoje (confira o capítulo 13). Ninguém hoje pode adicionar um só verso à Escritura; ninguém hoje está recebendo uma nova verdade. 3) Os profetas foram os fundamentos da igreja (Efésios 2:20), a qual está agora completa (confira o capítulo 13). 4) 1 Coríntios 13:8-13 especificamente prediz seu desaparecimento com o cânon da Escritura completado. Com a Escritura completa, as outras profecias são inúteis. Sumário

A profecia foi um dom importante para igreja e satisfez uma necessidade exclusiva da igreja primitiva, mas ele não é mais necessário hoje. Suas mensagens “parciais” (1 Coríntios 13:9) foram substituídas pela Revelação completa. A igreja está hoje, então, em uma grande vantagem sem ela. Tradução livre: Felipe Sabino de Araújo Neto Cuiabá-MT, 25 de Fevereiro de 2004

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Fred G. Zaspel Publicado pela Word of Life Baptist Church copyright © 1987, Fred G. Zaspel

Capítulo 16 - Três Dons Obscuros

Palavra de Conhecimento, Palavra de Sabedoria e Discernimento de espíritos O estudo destes três dons começa com um problema – o problema de identificação ou definição. Como alguns dos outros dons, não são definidos em nenhum lugar no Novo Testamento, mas diferentemente de muitos outros dons, nem o Novo Testamento especifica definitivamente como eles funcionavam nem quais eram os seus propósitos. Sendo mencionados somente em 1 Coríntios 12-14 (12:4-11, 13:8-10, e 14:6), e talvez referidos indiretamente uma ou duas vezes, estes dons são relativamente obscuros. Para definições, então, ao intérprete é deixado somente os próprios significados das palavras, inferências e deduções traçadas a partir deles, e o contexto no qual eles aparecem.

Com estes dados considerados, parece ser mais fácil entender estes dons como temporários, dons revelatórios; isto é, eles são dons que envolviam revelação direta de Deus e foram dados para igreja primitiva somente. Definições Palavra de Conhecimento Este dom é mencionado somente em 1 Coríntios 12:8, 13:2(?), 8-10, e 14?6. “Conhecer” algo, certamente, significa apreender certa informação. A identificação “palavra de conhecimento” revela ser isto um dom de fala, o expressar deste conhecimento para outros. Como explicado acima, é o conhecimento revelatório que está em vista, conhecimento recebido diretamente de Deus, não alcançados por métodos normais de pesquisa e aprendizagem. Naqueles dias, antes da disponibilidade da Escritura, a igreja dependia de homens para entregar a Verdade Divina diretamente de Deus; um homem dotado com a palavra de conhecimento era um desses homens. Este dom é similar ao dom de profecia, diferindo talvez já que este dom carecia da capacidade de prever o futuro como podiam os profetas. Mais do que provavelmente, como o nome do dom sugere, àquele com a palavra de conhecimento Deus dava grande percepção e entendimento da verdade que já tinha sido revelada. Este conhecimento tinha que ser revelatório também. O homem com o dom de conhecimento simplesmente entrega e explica a verdade de Deus à igreja. Deus lhes dava o conhecimento, e eles retransmitiam o mesmo à igreja. As freqüentes referências de Paulo ao recebimento e entrega de um “mistério” (segredo) divino servem como bons exemplos deste dom (por exemplo, Efésios 3:1-5 e 1 Coríntios 15:51). Deus simplesmente lhes informava uma verdade, de outra maneira incognoscível, para ser entregue à igreja. Muitas pessoas hoje possuem uma grande capacidade de entendimento da Verdade Divina, mas este entendimento é alcançado somente pelo esforço nos processos normais de aprendizagem. Este dom de conhecimento não necessitava tal esforço: a verdade era simplesmente revelada por Deus. Palavra de Sabedoria A diferença entre dons de conhecimento e de sabedoria é sutil, com muita sobreposição. “Conhecimento” assume um certo grau de entendimento de certa informação; “sabedoria” assume que isto mais um pouco – o uso ou aplicação daquela informação para alcançar certos

fins. Não é conhecimento meramente, mas conhecimento posto em uso prático. Esta pessoa dotada não somente entende a Verdade de Deus, mas pode também aplicar profundamente esta verdade à vida Cristã. Muitos Cristãos têm sido abençoados por conhecer algum Cristão discernidor, sábio, que parece sempre ser capaz de tomar alguma grande verdade da Escritura e relacionar com algum dilema particular deixando, dessa forma, o assunto claro. Evidentemente, Deus capacitou homens para fazer isto mesmo depois da Escritura ter sido finalmente dada. Ele lhes deu conhecimento e com este a capacidade para usá-lo para o socorro de sua própria vida e da dos outros. Deus ainda dá sabedoria hoje e isto em variados graus, mas este dom de sabedoria era diferente em virtude de sua natureza revelatória. Novamente, as freqüentes exortações dos apóstolos baseadas nos Princípios Divinos ilustram este dom muito bem. Discernimento de Espíritos Discernimento é a capacidade de avaliar algo. O termo grego aqui literalmente significa “julgar através de”. O dom de discernimento de espíritos era a capacidade de “julgar através de” ou de avaliar profecias, ensinamentos, e/ou pessoas, distinguindo o falso do verdadeiro. Naqueles dias, lembre-se, Deus falava à igreja através de homens tais como os profetas. Este dom (como observado no capítulo anterior) serviu como um controle sobre aqueles que abusassem daquele e proferissem palavras e ensinamentos que não fossem enviados por Deus (por exemplo, 1 Coríntios 12:3, onde alguém evidentemente ensinou que Jesus era maldito). Esta pessoa com o dom de discernimento de espíritos podia declarar a verdadeira natureza de determinada profecia e afirmar a verdade da genuína. A percepção de Pedro dos motivos e feitos ocultos de Ananias e Safira (Atos 5:1-11) e a avaliação da Paulo da garota possessa por demônio (Atos 16:16-18) ilustram bem isto. Talvez o exemplo mais claro seja encontrado em 1 Coríntios 14:29 que ordena que alguém, que não os profetas, avaliem a profecia entregue. Este controle era necessário quando a igreja não tinha Padrão, nenhum cânon da Escritura, pelo qual medir os ensinos. Assim como os dois dons anteriores, há similaridade hoje: Deus ainda dá discernimento, mas o discernimento de hoje não é baseado sobre a revelação direta mas, antes, sobre uma comparação com as verdades e princípios revelados aos apóstolos e profetas e agora registrados nas Escrituras. Seu Desaparecimento

Pelo menos três considerações apontam para o fato de que estes dons não mais ocorrem na igreja. 1) A revelação está completa e cessou. 2) A necessidade destes dons passou. Nenhum conhecimento ou sabedoria, e nenhum outro padrão para a avaliação de ensinos é necessário além daquele dado na Escritura. Além do mais, se os profetas estão ausentas da igreja (veja capítulo 15), então não há necessidade de discernidores para avaliá-los. Sumário Estes dons de conhecimento, sabedoria e discernimento de espírito eram temporários, dons revelatórios para a igreja, dados para preencher uma única e temporária necessidade. Hoje a igreja tem o maior dos dons, a Revelação completa da Escritura; este e somente este é o guia todo suficiente de fé e prática. Tradução livre: Felipe Sabino de Araújo Neto Cuiabá-MT, 24 de Fevereiro de 2004

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Fred G. Zaspel Publicado pela Word of Life Baptist Church copyright © 1987, Fred G. Zaspel

Capítulo 17 - Dons de Milagres e Curas Hoje?

O problema da doença humana é tanto real como difícil. Desejar e procurar por curas é tanto compreensível e, algumas vezes, recompensador. Além do mais, o milagroso e o espetacular são intrigantes e fascinantes. A combinação dos dois - a busca por cura e o desejo de realizar milagres – foi, deveras, a experiência da igreja primitiva. Os registros do Novo Testamento abundam em eventos miraculosos, não menores do que as curas miraculosas das pessoas que estavam doentes. Alguns, hoje em dia, desejam e até mesmo reivindicam ter a dupla experiência da igreja primitiva como registrada no Novo Testamento. Com isto, certamente, tem se levantado tanto excitação como cepticismo – bem como muita confusão. A tentativa aqui é inspecionar os dados bíblicos relevantes e assim prover um guia acurado nesta discussão. Dados Relevantes *Mateus 17:19-20 – Os discípulos falham na tentativa de realizar um milagre por causa de sua falta de fé. *Lucas 10:17 – Os discípulos expulsam demônios; nenhum detalhe é dado. *Atos 2:43 – Os apóstolos realizam “muitos sinais e maravilhas”; nenhum detalhe é dado. *Atos 3:3-16 – Pedro cura um coxo na porta do Templo. *Atos 5:1-11 – Ananias e Safira morrem pela palavra de Pedro. *Atos 5:12-16 – Os apóstolos curam muitos; alguns são curados meramente por estar debaixo da sombra de Pedro à medida que ele passava. *Atos 6:8 – “Estêvão, cheio de graça e poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo”. *Atos 8:6-7, 13 – Filipe, em Samaria, realiza milagres e sinais, entre os quais curas e expulsão de demônios. *Atos 9:32-34 – Pedro cura um homem paralítico em Lida, chamado Enéias.

*Atos 9:36-42 – Pedro, sob o pedido dos crentes em Jope, ressuscita Dorcas dentre os mortos. *Atos 13:6-11 – Paulo cega Elimas (Bar-Jesus), o falso profeta. *Atos 14:3 – Paulo e Barnabé realizam sinais e maravilhas em Listra; nenhum detalhe é dado. *Atos 14:8-10 – Paulo cura um coxo em Listra. *Atos 19:11-12 – Paulo realiza muitos “milagres extraordinários”, curando e expulsando demônios com o uso de lenços e aventais. *Atos 20:9-12 – Paulo ressuscita Eutico dentre os mortos. *Atos 28:1-6 -- Paul não é afetado pela picada de uma víbora, em Malta. *Atos 28:8-9 – Paulo cura muitos doentes em Malta. *Romanos 15:15-19 – Paulo declara que o seu ministério foi estabelecido por seus “sinais poderosos e maravilhas”. *2 Coríntios 12:12 – Paulo declara que seus milagres, sinais e maravilhas faziam parte de suas credenciais apostólicas . *Hebreus 2:3-4 – O autor fala de milagres, sinais e maravilhas realizados por aqueles que primeiro ouviram de Cristo. Observações 1. As curas eram instantâneas. Não era necessário tratamento adicional (Atos 3:1-11). 2. As curas eram completas. Aqueles que eram curados podiam imediatamente reassumir suas atividades normais; eram desimpedidos pela doença, de todas as formas (Atos 9:32-34). 3. As curas eram permanentes. Isto não é dizer que alguém curado nunca voltasse a ficar doente, mas é dizer que no dia seguinte, quando o “curandeiro” ia embora, a doença não retornava (Atos 14:4). 4. Aqueles com o dom de curas tinham a capacidade de curar doenças orgânicas também. Eles não curavam meras doenças psicossomáticas (Atos 3:1-11; 5:14-16).

5. Aqueles com o dom de curas não eram seletivos em quem curariam. Eles podiam curar qualquer um (Atos 5:14-16; 28:8-9). 6. Aqueles com o dom de curas podiam curar à vontade. Não havia condições colocadas sobre aqueles que seriam curados (Atos 3:1-11). O mesmo era verdade dos outros milagres (Atos 13:11-12). 7. Fé, da parte daquele que seria curado, não era um requerimento ou condição. A fé era freqüentemente recompensada, mas nunca declarada como sendo uma condição para a cura de uma pessoa, nem jamais usada como uma escusa por uma falha em realizar uma cura (Atos 3:111; 9:40). 8. As tentativas de curas eram sempre bem sucedidas. (A única exceção para isto é a ocasião registrada em Mateus 17:20, quando os discípulos careciam de fé). 9. As curas eram geralmente realizadas para os incrédulos (Atos 3:1-11; 5:14-16). 10. As curas geralmente não eram solicitadas (Atos 3:1-11). 11. As curas eram secundárias à pregação (Lucas 9:6). Isto é visto também em Atos 20:17-38 onde Paulo analisa seu ministério em Éfeso e não faz menção de seus grandes milagres realizados ali (cf. 19:11-12), somente sua fidelidade em ministrar a Palavra. Nenhum homem jamais teve um “ministério de cura”. 12. Aqueles com o dom de curas podiam também ressuscitar dos mortos sob pedido (Atos 9:40). 13. Embora as curas nem eram de forma alguma ocultas, eram geralmente realizadas em relativa privacidade e numa num serviço público de cura. “Serviços de curas” nunca foram uma parte da igreja primitiva (Atos 3:1-11). 14. Milagres e curas eram realizados pelos apóstolos e seus auxiliares próximos. Filipe e Estevão são os únicos curadores não-apostólicos. 15. As curas nunca foram realizadas por um suposto “cair no Espírito” ou algo parecido. 16. As curas eram realizadas livres de qualquer custo financeiro. Nem havia qualquer venda de souvenires ou coleta de ofertas.

17. As curas e milagres não podiam ser negados. Eram feitos incontestáveis de poder (Atos 4:14-17). 18. Os poderes associados com o dom de milagres e curas não se estendiam além da cura, expulsão de demônios e ressurreição dos mortos. Estes poderes não incluíam a capacidade de realizar truques, curar ou ressuscitar dentre os mortos animais, ou algo semelhante. 19. As curas eram realizadas de vários modos: pelo toque (Atos 3:6); por ser tocado (Atos 5:15); geralmente sem contato físico de qualquer espécie (Atos 5:14-16; 9:32-34); pelo falar (Atos 14:10); com o uso de lenços e aventais (Atos 19:11-12); com oração (Atos 9:38-41); geralmente sem oração (Atos 3:1-11; 28:8-9); e algumas vezes até em ausência (Atos 19:11-12). 20. O escritor do livro de Hebreus, escrevendo como uma segunda geração de Cristãos, fala dos dons miraculosos no tempo passado (Hebreus 2:3-4). Sumário e Conclusão O dom de curas aparece no Novo Testamento como um dom (sinal) miraculoso do Espírito Santo para a companhia apostólica (2 Coríntios 12:12), a fim de confirmar a nova mensagem que eles estavam pregando (Hebreus 2:3-4). O dom envolvia a capacidade de curar doenças físicas aparte dos processos de cura normais. O dom consistia da capacidade de curar doenças e enfermidades à vontade, sem tratamento médico ou quaisquer outros agentes de cura. O dom está intimamente associado com aquele de milagres (o termo amplo, evidentemente) e funcionava em todos níveis de doenças humanas – física e espiritual. O homem assim dotado era capaz de curar doenças orgânicas (por exemplo, 3:1-11, uma doença congênita), ressuscitar os mortos (9:36-42), e até trazer julgamento físico (5:1-11; 13:6-11). Este dom parece também incluir a capacidade de expulsar demônios (19:12), a qual, então, seria sua dimensão espiritual. Estas observações são muito reveladoras, especialmente em comparação com as atuais reivindicações do dom. Se há similaridades elas desaparecerão rapidamente em comparação com as diferenças que são bem maiores e mais óbvias. O dom de milagres desfrutado pela igreja primitiva nas mãos da companhia apostólica foi uma experiência única que serviu o seu propósito e então desapareceu.

Tradução livre: Felipe Sabino de Araújo Neto Cuiabá-MT, 23 de Fevereiro de 2004

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Fred G. Zaspel Publicado pela Word of Life Baptist Church copyright © 1987, Fred G. Zaspel

Capítulo 18 - O Dom de Línguas

Assuntos Preliminares A Crise Certamente não será exagero dizer que o fenômeno de línguas causou uma das maiores crises que a igreja enfrentou nesta geração. As línguas não são mais algo testemunhado somente nas Igrejas Pentecostais; elas são vistas agora por toda a parte, desde o Catolicismo Romano aos batistas e outras Igrejas independentes. Por séculos todos da Cristandade reconheceram que o dom era inoperante; agora, junto com suas acompanhantes reivindicações de curas, milagres, revelações, e “cair no espírito”, (que, a propósito, é algo completamente desconhecido até mesmo na própria Igreja primitiva), têm invadido virtualmente cada denominação. Seus pregadores estão reivindicando a ocorrência de um Pentecoste moderno. Alguns estão acusando os pregadores que recusam reconhecer o dom de enganadores que roubam o povo de Deus das bênçãos por Ele enviadas. Em suma, este tem se tornando um dos assuntos mais quentes no cenário eclesiástico: os que crêem nele não podem parar de falar a respeito, e aqueles que não o aceitam aparentemente nunca cessarão de ouvir sobre o mesmo!

O Padrão Deve ser enfatizado, certamente, que há somente um Padrão pelo qual podemos medir tais reivindicações – a Escritura. A questão envolvida neste ponto não é se algum Cristão genuíno teve ou não algum tipo de experiência; uma experiência pode ser muito real e, todavia, muito errada, ou pode ser muito real e mesmo assim muito mal-entendida. Este assunto de autoridade é particularmente essencial na discussão do dom de línguas, porque há muitos que estão seguros de que o experimentaram. Mas re-enfatizemos isto: somente a Escritura tem a resposta para esta questão. Qualquer e todas as experiências devem ser avaliadas à luz da Palavra de Deus. Nós não julgamos uma experiência em cima de nossas próprias reivindicações, mas com base nas Santas Escrituras, porque o Espírito Santo nunca será o autor de qualquer experiência que não esteja de acordo com Sua própria Palavra. Isto nunca poderá ser superenfatizado, especialmente tratando-se de um assunto que é essencialmente experiencial. Passagens Relevantes O dom de línguas não ocorre nas Escrituras tão freqüentemente como alguns podem pensar. As únicas passagens que tratam com o dom de algum modo são Atos 2:1-13; Atos 10:44-48; Atos 19:1-7; e 1 Coríntios 12-14. É possível que o dom de línguas também tenha sido exercido em Atos 8:14-19, mas é impossível se ter certeza (a questão é o que Simão “disse”, verso 18). Todas estas passagens serão investigadas, mas visto que 1 Coríntios 14 é a passagem que dá a mais específica instrução concernente a este dom, ela receberá maior atenção.

A Natureza dos Dons

Definições Não é de modo algum difícil definir o dom de línguas; contudo, por causa do debate em torno deste assunto, a sustentação para a definição aqui dada será avaliada em alguns detalhes. O dom de línguas foi a capacidade sobrenatural de falar em um idioma humano estrangeiro que não era previamente conhecido ou estudado pelo locutor. Note que o dom de línguas não é a capacidade de balbuciar – o que não requer capacidade sobrenatural. Mas nisto é onde precisamente o debate começa. Virtualmente todos os teólogos liberais, por causa de sua negação da possibilidade do sobrenatural e da revelação direta, ensinam que o dom de línguas era meramente uma

expressão extática. Embora eles não questionem a possibilidade do sobrenatural, todos os Carismáticos e muitos não-caristmáticos ensinam virtualmente a mesma coisa. Muitos deles crêem que embora as línguas de Atos fossem deveras idiomas estrangeiros, as línguas de 1 Coríntios eram diferentes – eram expressões extáticas, balbuciações, que continham uma revelação de Deus compreensível para o próprio Deus (para uso privado, devocional) e para o intérprete (para uso público). Contudo, este não é o caso; e que estas línguas eram idiomas estrangeiros é evidente a partir das seguintes considerações. 1. A palavra Grega traduzida por “línguas” nas Escrituras ( glossa ) normalmente se refere à língua como um órgão físico ou como um idioma humano. Este é precisamente seu uso hoje – falamos com nossas línguas em nossa língua nativa. A palavra pode ser usada com referência ao falar extático, mas tal uso é completamente estranho ao Novo Testamento. A menos que haja uma boa razão (evidência) para entender o termo como se referindo ao balbuciar, é injustiça assumi-lo como tal, especialmente à luz do fato de que seu significado por toda parte no Novo Testamento é sempre o contrário. 2. Em Atos 2 as línguas, claramente, eram idiomas humanos conhecidos (isto é, conhecido para alguns que ouviam). As “outras línguas” (heterais glossais) do verso 4 são explicadas como sendo os idiomas dos Partos, Medos, Elamitas, Mesopotâmicos, etc., nos versos 9-11. No verso 6 aqueles que ouviam os discípulos pregar, lhes ouviam em sua “própria língua”. O termo grego para “língua” neste verso (e no verso 8) é dialektos, de onde vem a palavra portuguesa “dialeto”; ela pode significar somente idioma, nunca balbucio. Além do mais, é claro que em Atos 2 as línguas eram designadas para ser o método de comunicação efetiva para aqueles que estavam visitando Jerusalém para a festa de Pentecoste. Em outras palavras, as línguas de Pentecoste quebraram a barreira da linguagem; elas não estabeleceram uma barreira de linguagem. Esta regra tira qualquer possibilidade de balbucio. 3. Semelhantemente, o dom era claramente de idiomas em Atos 10 também, porque em Atos 11:15-17 Pedro o identifica como o mesmo fenômeno que ocorreu em Atos 2. Parecerá óbvio, então, presumir o mesmo para as línguas de Atos 10 também. 4. O dom de línguas em 1 Coríntios nunca é declarado ser algo diferente daquele de Atos. Entendê-las como sendo algo diferente, requereria alguma explicação. Além do mais, os relatos de Atos foram escritos por Lucas, que era um companheiro de Paulo; é inconcebível que ele falasse de outra espécie de línguas sem explicação.

5. Em 1 Coríntios 14:14 Paulo fala que alguém que fala em uma língua edifica a si mesmo. É evidente, então, que ele entendia o que estava dizendo, porque a edificação seria impossível aparte do entendimento (o que Paulo prossegue estabelecendo nos versos seguintes). Incidentalmente, é evidente também a partir disto que o verdadeiro dom de línguas não era uma experiência puramente emocional, mas uma na qual a mente estava ativa. A implicação de Paulo era que alguém falava numa língua, entendia o que ele estava falando, e assim era edificado. Seu ponto nos versos seguintes é que o que não pode ser entendido, não pode edificar. O dom de línguas é freqüentemente caracterizado, hoje, como se ele fosse um transe santo de alguma espécie, falando coisas desconhecidas até mesmo para o próprio locutor! Isto está claramente excluído pela implicação de Paulo aqui. A concepção é que o locutor, em completo controle de suas faculdades mentais, sabe o que ele quer falar e é capaz, sobrenaturalmente, de dizer isso em outro idioma. Como todos os outros dons, as línguas eram exercitadas inteligentemente. 6. 1 Coríntios 14:10-11 claramente demanda o mesmo. Paulo estava falando de línguas “no mundo” e isto demanda sons distintos, idiomas conhecidos. 7. Em 1 Coríntios 14:18 Paulo declara que ele falava em línguas mais do que qualquer um deles. Ele segue com uma declaração afirmando que esta nunca foi sua prática na Igreja (verso 19). A única coisa que poderia se fazer necessário para Paulo falar em línguas mais do que eles, então, seria sua necessidade delas nas suas jornadas missionárias. Novamente, isto aponta para idioma, não para balbucio; porque o balbucio teria sido sem sentido na sua obra de missões estrangeiras; o idioma, por outro lado, teria sido o mais útil possível. 8. Em 1 Coríntios 14:21 Paulo associa seu dom de línguas com a profecia de Isaías sobre Israel ouvindo o idioma Assírio. Entender o dom como balbucio, destrói seu ponto de referência totalmente. 9. Em 1 Coríntios 14:22 Paulo diz que as línguas eram “um sinal”. Elas eram tão espetaculares que despertavam atenção. Somente um idioma humano pode ser eficaz como um sinal. O falar extático era bem conhecido muito antes do século XI a.C., especialmente como uma parte das religiões misteriosas Gregas; ele serviria somente para associar os Cristãos de Corinto com seu passado pagão. O que fazia o dom de línguas Cristão diferente e significante era o fato que aqueles assim dotados, eram capazes de falar em idiomas não aprendidos previamente; mero balbucio, falar extático, não teria sentido algum e assim não poderia servir como um sinal.

10. As palavras gregas hermeneuo e diermeneuo traduzidas por "interpretar" e "interpretação" em 1 Coríntios 14, normalmente significa “traduzir” de um idioma para outro. É como a palavra é freqüentemente usada hoje: quando um homem de um idioma fala para uma audiência de outro, ele fala através de um “intérprete”. Este é seu significado comum através de todo o Novo Testamento e da Septuaginta (a tradução grega do Velho Testamento; por exemplo, Gênesis 42:23; Esdra 4:7; João 1:42; Atos 9:36). “Tradução”, então, aponta para idioma, não para balbucio. 11. Jesus especificamente proíbe o falar extático em oração: “ E, orando, não useis de vãs repetições, como fazem os gentios” (Mateus 6:7). O termo grego traduzido por “vãs repetições” não tem nada a ver com um pedido de oração repetente (embora Jesus use a palavra aqui para se referir também à descuidada repetição de orações), mas antes significa “balbuciar” ou “falar balbucios”. Jesus, aqui, expressamente proíbe o balbucio. É inconcebível que Ele proibisse algo que era em si mesmo um dom espiritual. A única alternativa é que as línguas eram realmente idiomas. Deus nunca intencionou que os homens falassem ou orassem em uma “linguagem” que até mesmo eles não poderiam entender. Tal coisa teria sido sem propósito algum.

Objeções Parece que as evidências dadas acima são insuperáveis. Contudo, aqueles que sustentam que as línguas eram um falar extático, apresentam os seguintes argumentos: Objeção #1 . No Pentecoste, quando os apóstolos falaram em línguas, eles foram acusados de estarem bêbados (Atos 2:13). Este é um argumento comum e justo. Uma análise mais atenta da passagem, contudo, revela que havia dois grupos de pessoas presentes: 1) os estrangeiros que entendiam em seus próprios idiomas e estavam “todos maravilhados” com tão impressionante fenômeno (versos 9-12), e 2) os Judeus Palestinos que, em vista de os apóstolos estarem falando em idiomas estrangeiros, não podiam entender o que eles estavam falando. Estes Judeus Palestinos locais são descritos como “outros” (heteroi) no verso 13 em contraste com os estrangeiros listados nos versos 9-12. O verso 13 diz, então, que eram estes Judeus locais que estavam lançando a acusação de embriaguez. Os idiomas que estavam sendo falados eram claramente entendidos pelos estrangeiros, por isso eles não foram os que levantaram a acusação de embriaguez. Além do mais, como já mostrado, as línguas de Atos 2 foram especificamente chamadas “idiomas” [ou “línguas” em algumas versões] (dialektos) nos versos 6 e 8.

(Isto, a propósito, também mostra que o milagre de Pentecoste era de fala, não de audição, porque havia aqueles que não entenderam. Um milagre de audição teria sido experimentado pelos Judeus locais e estrangeiros igualmente.) Objeção #2 . Paulo fala de “línguas dos anjos” em 1 Coríntios 13:1, o que deve se referir à uma linguagem celestial desconhecida por qualquer ser humano. O problema com este entendimento desta frase é que Paulo, em todo este cenário dos versos 1-3, está falando em termos hipotéticos. O “aindas” nestes versos estão no modo subjuntivo, o modo da irrealidade. Nestes versos Paulo está falando de coisas que claramente não aconteceram, tais como dar seu corpo para ser queimado (verso 3). Ele está simplesmente falando no superlativo para enfatizar o que estava falando. Não há nada aqui que demande balbucio. Além do mais, não há exemplo de ninguém no Novo Testamento falando numa língua angelical. Objeção #3 . Em 1 Coríntios 14, Paulo usa o termo laleo (“falar”; por exemplo, verso 2). Esta palavra significa tagarelice ininteligível. O fato do assunto é que este verbo grego não precisa de modo algum ser entendido como uma tagarelice; ela mui freqüentemente significa simplesmente “falar” (por exemplo, Mateus 9:18). Paulo usa este verbo no verso 21, sem dúvida, porque este é o verbo usado na Septuaginta que ele está citando. Além do mais, os verso 34-35 do mesmo capítulo usam o verbo para descrever “o fazer perguntas”. Finalmente, o verso 16 equaciona este termo com lego , um verbo grego que sempre significa “falar” ou “dizer”. Objeção #4 . O termo “línguas desconhecidas” indica expressões extáticas. O primeiro e mais óbvio problema com este argumento é que o termo “desconhecidas” é uma adição feita pelos tradutores da King James; a palavra não está nos manuscritos gregos (note que ela está sempre escrita em itálico). Evidentemente os tradutores caíram no erro comum de permitir que sua teologia desnecessariamente influenciasse sua tradução. Além do mais, até mesmo se a palavra fosse genuína, ela não demandaria balbucio; ela poderia da mesma forma se referir ao idioma desconhecido pelo locutor.

Objeção #5 . I Coríntios 14:2 diz que os que falam em línguas falam “a Deus” e que “nenhum homem entende” a língua. É interessante encontrar alguns versos das Escrituras usados para sustentar um ponto, quando o verso ensina exatamente o oposto; tal é o caso com este argumento. Como será demonstrado, Paulo argüi nesta passagem que um intérprete é necessário, de outra forma as línguas seriam inúteis, porque elas não seriam entendidas. Como resultado, alguém falar em línguas (sem um intérprete) é falar somente a Deus, porque, pela natureza do caso, ninguém pode entendê-lo (porque não há intérprete). Objeção #6 . A necessidade de um intérprete em Corinto mostra que as línguas dos Coríntios eram diferentes das línguas em Atos. Novamente, este argumento também sustenta o ponto oposto. Em Atos, os estrangeiros ouviram em seu próprio idioma, de modo que eles não necessitavam de intérprete. Em Corinto quando um homem falava em uma língua estrangeira, ela era pela natureza do caso ininteligível; um tradutor era necessário simplesmente porque não havia estrangeiros presentes para entender o idioma falado. A expressão era ininteligível para os ouvintes, mas não para o locutor. Objeção #7 . I Coríntios 14:14-15 diz, " Porque se eu orar em língua, o meu espírito ora, sim, mas o meu entendimento fica infrutífero. Que fazer, pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com o entendimento”. É argüido que Paulo aqui contrasta orar com o espírito com orar com a mente. Orar com o espírito, é dito, significa orar com fala ininteligível, a mente estando “infrutífera”; orar com a mente é orar em linguagem humana. Os Coríntios poderiam estar simplesmente abusando do dom de línguas desta forma, e isto é o que Paulo procurar corrigir naqueles versos. Estes versos, então, dirão a mesma coisa para ensinar exatamente o oposto. A palavra “infrutífero” significa “improdutivo”. É evidente pela explicação do verso 16 que Paulo está falando da oração pública. Tudo que ele diz é que se você orar em uma língua, você pode pensar que está orando, mas você realmente não está realizando nada; isto é infrutífero, improdutivo. Você deve, antes, procurar edificar a igreja (verso 12); isto é, pela oração em um idioma que todos possam entender. No verso 15 ele dá a solução: toda oração deve ser tanto com o espírito como com o entendimento. Em outras palavras, todas elas devem ser inteligíveis; senão ela não será produtiva, e aqueles que ouvem não serão capazes de dizer “Amém” quando você terminar “porque que não sabem o que dizes” (verso 16b). Não importa o que possa não ser claro

sobre este verso, está muito claro que na mente do apóstolo “orar no Espírito” não indica a ausência do entendimento; oração deve ser tanto “no Espírito” como “com a mente”. Além do mais, como foi mostrado acima, falar em línguas não era algo feito sem a mente; era algo inteligente e deliberado. Muitos apelam para Romanos 8:26 para sustentar esta mesma alegação que orar “no Espírito” é orar em fala extática. “Do mesmo modo também o Espírito nos ajuda na fraqueza; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inexprimíveis”. Mas note que os “gemidos” são feitos pelo Espírito, não pelo Cristão. Este verso simplesmente descreve o crente em oração desejando mas não sabendo realmente como orar segundo a vontade de Deus, em cujo caso o Espírito Santo leva aquele desejo sincero da coração ao trono em uma oração agradável a Deus. O verso não diz nada sobre “oração em línguas”. Nada! Sumário O dom de línguas era a capacidade de falar em uma língua estrangeira não conhecida ou estudada previamente pelo locutor. O verdadeiro dom não tem nada a ver com balbucios. O dom de interpretação de línguas era a capacidade de traduzir a mensagem dada em uma língua estrangeira. Não há evidência de que as línguas de Atos sejam algo diferente das línguas de 1 Coríntios, exceto que pode ter havido algum abuso do verdadeiro dom pelos Coríntios.

O Valor das Línguas

É importante entender o valor que o Novo Testamento coloca sobre o dom de línguas. O dom é importante? Ele é para os Carismáticos de hoje. Era para a igreja em Corinto. Ele era importante para os escritores do Novo Testamento? A resposta para isto é claramente: “não”! Certamente o dom tinha propósitos para servir, e assim foi importante para aqueles propósitos. Mas o dom em si mesmo nunca foi enfatizado pelos escritores do Novo Testamento. O Livro de Atos No livro de Atos, o dom é exercido somente três vezes (Atos 2, 10, 19). Ele é mais adiante mencionado no capítulo 11 e pode ter ocorrido no capítulo 8. Mas isto é tudo o que Lucas diz sobre o dom em todo o livro

de Atos, cobrindo todos aqueles muitos anos do primeiro século da igreja. Julgando a observação de Paulo em 1 Coríntios 14:18, ele falou em línguas freqüentemente durante este período, mas o Espírito Santo (e assim, Lucas) não reconheceu isto como sendo algo digno de nota. As Epístolas Paulinas Nenhuma epístola do Novo Testamento jamais discute ou mesmo menciona o dom, exceto a carta de Paulo para o problema na igreja de Corinto. Mesmo em Efésios e Romanos, onde Paulo menciona e lista vários dons espirituais, as línguas estão impressionantemente ausentes. 1 Coríntios 12-14 Paulo discute o assunto das línguas largamente em 1 Coríntios 12-14; deveras, tudo dos capítulos 12-13 são construções para sua discussão direta das línguas no capítulo 14. Contudo, para enfatizar a relativa irrelevância das línguas, Paulo está sempre mencionando o dom por último em suas listas de dons (junto com o dom de interpretação de línguas; cf. 1 Coríntios 12:10,28,29-30). Seu propósito específico nas suas listas de dons em 1 Coríntios 12:28 é mostrar que há dons mais importantes do que outros; novamente, as línguas estão por último. Ele mais adiante mostra a relativa irrelevância das línguas em 1 Coríntios 12:29-30 ao apontar que Deus nunca intentou que todo mundo tivesse este dom.

1 Coríntios 14 1. O Tema A coisa impressionante sobre 1 Coríntios 14 é que mesmo uma leitura superficial do capítulo revela que Paulo não está enfatizando de modo algum o dom de línguas, mas ele está realmente desenfatizando-o. Isto é significante à luz do argumento comum dado pelos faladores de línguas hoje: “visto que Paulo escreveu tanto sobre o assunto, ele deve ser muito importante para nós”. Este argumento perdeu o ponto completamente. Paulo não escreveu 1 Coríntios 14 para elevar o dom de línguas, mas para examinar e avaliar o abuso e ênfase exagerada dele. Ele escreveu para tratar de um problema associado com o dom. Paulo escreveu da mesma forma muito sobre comer alimentos e sobre a liberdade Cristã (1 Coríntios 8-10), mas isto não elevou o exercício da liberdade de alguém, mas a restringiu. Ele devotou tempo e espaço para um problema específico numa situação específica para um propósito específico; não é então para nós elevarmos o seu problema específico, mas antes para entender os princípios envolvidos e aplicá-los para nossas próprias circunstâncias.

Paulo não escreveu 1 Coríntios 14 para elevar o dom de línguas, e é um completo mal-entendido do capítulo pensar de outra forma. Paulo declara logo no início (versos 1-2) que as línguas são inferiores, e então ele procede para estabelecer este ponto até o verso 25. A relativa inutilidade das línguas é seu tema declarado através desses versículos. Eu tenho ouvido que um pregador de rádio disse que a completa verdade de 1 Coríntios 14 é: “fica frio!” Isto está exatamente correto. É espantoso, então, como alguns podem olhar para onde a Bíblia deprecia algo e usar esta mesma passagem para elevar isto. O propósito da declaração de Paulo no capítulo 14 é mostrar que os dons que apresentam claramente a Palavra de Deus, seja por revelação (profecia, verso 1) ou por ensino (verso 19), são vastamente superiores ao dom de línguas; este é o seu ponto de início no verso 1: “procurai com zelo os dons espirituais, mas principalmente o de profetizar”. 2. A Explicação Então ele procede para explicar esta preferência nos versos 2-25, onde ele passa a demonstrar extensivamente a inferioridade das línguas. Os princípios envolvidos aqui são: 1) entendimento, ou inteligibilidade (verso 2), e 2) edificação (versos 3-6). Nada que não seja compreensível é edificante; este é o princípio que domina a discussão seguinte. As línguas, ele diz, não são tão edificantes porque elas não são compreensíveis (até que elas sejam interpretadas); assim, porque tanta incomodação por causa delas? 3.A Ilustração Ele então dá duas ilustrações de seu ponto: 1) instrumentos musicais (versos 7-9) e, 2) a própria linguagem humana (versos 9-14; nota o “assim também” ou “da mesma forma” do versículo 9, apontando para o fato de que ele está ilustrando seu ponto dos versículos precedentes). O ponto de sua ilustração é que o som deve ser distinto e claro, ou senão eles são inúteis. Você já ouviu alguma vez um locutor que pôde te maravilhar com sua capacidade de falar, mas quando ele terminou você quis saber o que ele disse? Esta é a segunda ilustração de Paulo. Tal locutor está “falando ao ar” (v. 9). Isto, Paulo diz, é precisamente o que as pessoas pensam quando você fala em línguas. Você é como um bárbaro para eles, um estrangeiro, porque eles não podem entendê-lo. Que edificação há nisto (veja v. 16)? Se o seu pastor se levantasse para sua oração pastoral na próxima manhã de Domingo e dissesse, "Eulogetos ho theos kai pater tou kuriou

hemon Iesou Chistou ” . Você poderia dizer “Amém” para esta oração (veja v. 16)? Se alguém se levantasse também e desse a interpretação – “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo”. Você diria, “Porque ele não disse isso da primeira vez?!” Este é exatamente o ponto de Paulo. Pela sua própria natureza, a oração como dado na primeira vez era inteligível para qualquer um que não conhecesse o idioma, e assim não poderia edificar; portanto, as línguas são inferiores. 4. A Prática de Paulo Precisamente por causa disto, Paulo diz no verso 19, “todavia na igreja eu antes quero falar cinco palavras com o meu entendimento, para que possa também instruir os outros, do que dez mil palavras em língua”. É impressionante como este verso tem sido negligenciado. Se as palavras têm algum significado, Paulo diz aqui que ele nunca falou em línguas na igreja. Ele disse que simplesmente não preferia, pois isto não serviria para edificar como fazem o ensino ou profecia. O claro ensino da Palavra de Deus era preeminente, porque isto é o que edifica. (Sua referência no verso 18 para suas línguas deve então se referir ao seu uso delas em suas jornadas missionárias, não como uma função de adoração na igreja local) No verso 20 ele lhes fala que este entendimento requer um pouco de maturidade da parte deles. O presente pensamento deles sobre o dom de línguas era infantil e egoísta. 5. Um Exemplo Prova o Ponto Finalmente, nos versos 23-25, ele descreve uma reunião da igreja; ele ainda está tratando seu ponto que a profecia é superior às línguas porque ela é muito mais edificante. “ Se, pois, toda a igreja se reunir num mesmo lugar, e todos falarem em línguas, e entrarem indoutos ou incrédulos, não dirão porventura que estais loucos? Mas, se todos profetizarem, e algum incrédulo ou indouto entrar, por todos é convencido, por todos é julgado; os segredos do seu coração se tornam manifestos; e assim, prostrando-se sobre o seu rosto, adorará a Deus, declarando que Deus está verdadeiramente entre vós”. “O que vocês desejam fazer nas suas reuniões?”, ele pergunta. “Vocês querem se mostrar? Ou querem ver o povo edificado?” Esta questão responde a si mesma. À luz disto, a única solução é fazer o que Paulo fez; isto é, não praticar línguas na igreja (v. 19). Isto é o porque ele lhes ordena a crescer no entendimento (verso 20). Sumário

É sempre importante que nossas atitudes sejam refletivas do apóstolo inspirado. É abundantemente claro que Paulo não enfatizou o dom de línguas, antes ele o desenfatizou. Depois de tudo isto, alguém pode somente se maravilhar de quão pouco o dom de línguas foi exercitado na igreja de Corinto! “Mas”, alguém pode objetar, “se seguirmos isto, nunca mais teremos línguas na igreja!” Uma observação muito interessante e criteriosa.

Os Faladores de Línguas: Quem Pode Falar? Enquanto muitos hoje estão reivindicando que todo Cristão deve desfrutar da benção de falar em línguas, é claramente evidente que o Novo Testamento nunca nem mesmo implica tal coisa. Os dons são dados soberanamente, “como Ele quer” (1 Coríntios 12:11). A igreja é um corpo, cada membro tem diferentes funções. Se todo o corpo tem o mesmo dom, não haverá nada senão confusão: “Se o corpo todo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se todo fosse ouvido, onde estaria o olfato?” (1 Coríntios 12:17) Paulo expressamente declara em 1 Coríntios 12:29-30 que nem todos falam em línguas: “Porventura são todos apóstolos? são todos profetas? são todos mestres? são todos operadores de milagres? Todos têm dons de curar? falam todos em línguas? interpretam todos?” Estas questões, como estão construídas no Grego, demandam uma resposta negativa. Para entender isto completamente, as questões devem ser lidas assim: “Não são todos apóstolos, são? Não são todos profetas, são?” etc. A declaração clara é que Deus nunca pretendeu que todos os crentes tivessem o mesmo dom. Muitos Carismáticos contemporâneos, vendo a força disto, simplesmente dizem que há dois tipos diferentes de línguas – uma como um dom per se , e a outra como uma língua para uso pessoal, privado e pretendida para todos os crentes. Evidência? Em nenhum lugar a Bíblia nem mesmo sugere que haja um dom de línguas que não seja o dom de línguas. A asserção disto é simplesmente gratuita.

O Propósito das Línguas

O Propósito Errado

É comumente crido que as línguas servem para o propósito de autoedificação. As línguas, muitos pensam, edificam aquele que fala com elas; e assim, este é o propósito delas. Contudo, a idéia de que as línguas são para edificação própria é completamente infundada; ela é precisamente contrária a tudo o que Paulo estava construindo através dos capítulos 12 a 14 de 1 Coríntios. O apóstolo enfatizou grandemente que os dons espirituais são para a edificação de outros. Ele diz em 1 Coríntios 12:7 que os dons são “para o bem comum”. O cântico do amor de Paulo em 1 Coríntios 13 é tão linda, em si e de si mesmo, que muitos perderam seu ponto exato: ele está mostrando que os dos devem ser exercitados em amor, e se eles são exercitados em amor, eles devem ser exercitados para o benefício de outros, não próprio. “O amor não busca os seus próprios interesses” (verso 5) mas se foca nos outros. Exercitar um dom simplesmente para o benefício pessoal seria uma prostituição dele. Esta é precisamente a carga do argumento de Paulo em 1 Coríntios 14. Os dons são para edificar os outros, a igreja, não a si próprio (veja os versos 3, 4, 5, 12, 17, 26). Seu argumento nos versos 1-3 é simplesmente que as línguas são inferiores porque elas não tendem à edificação como fazem as profecias. O argumento freqüentemente dado é que em 1 Coríntios 14:2 e 4 Paulo declara que a auto-edificação é o propósito das línguas: “Porque o que fala em língua não fala aos homens, mas a Deus; pois ninguém o entende; porque em espírito fala mistérios...O que fala em língua edificase a si mesmo, mas o que profetiza edifica a igreja”. Isto, contudo, é um completo mal-entendido do verso; de fato, isto é precisamente a reversão do seu significado pretendido. Sim, se um homem se levanta na igreja e fala em uma língua (sem intérprete), somente Deus o entende, assim ele não fala aos homens, somente a Deus, e somente a própria pessoa é edificada. Paulo não está comentando isto – ele está criticando isto. Ele diz, “isto é o que vocês estão fazendo, mas isto não é bom. Isto é ruim! É um uso impróprio de um dom. Você deveria antes “edificar a igreja”. Ele está simplesmente expressando a prática deles como um prelúdio de sua condenação dela; ele não está declarando o propósito das línguas. (Paulo usou este mesmo tipo de argumento anteriormente; veja 1 Coríntios 11:21) Isto não é dizer que um dom não pode edificar aquele que está exercitando-o. Um pregador ou professor está continuamente edificado pelo uso de seu dom, como toda outra pessoa pelo uso de seu próprio dom. Mas isto simplesmente significa que este não é o propósito de nenhum dom; os dons foram dados para capacitar os crentes a ministrar aos outros. Usá-los para qualquer outro propósito seria uma prostituição

egoísta deles. Nenhum homem tem direito de usar seu dom para o mero propósito de auto-edificação. Além do mais, o fato de que as línguas foram dadas para ser um sinal para os incrédulos também exclui qualquer idéia de uso privado ou devocional do dom (isto será desenvolvido abaixo). E mais, se as línguas foram designadas para edificar, a igreja em Corínto certamente teria sido uma igreja diferente. Nenhuma igreja no Novo Testamento falou em línguas mais do que a igreja em Corinto; todavia, nenhuma igreja no Novo Testamento era mais carnal. Claramente, as línguas não edificaram os Coríntios. Os Propósitos Declarados O Novo Testamento é claro em seu ensino que os dons espirituais são para o propósito de edificar a igreja. As línguas não têm este efeito: quando elas eram traduzidas, elas tinham a função equivalente à da profecia. Que as línguas eram então edificantes para a igreja (quando propriamente usadas) não pode ser questionado. Contudo, no caso das línguas, a edificação era somente secundária; elas tinham um propósito maior. Após exortar os crentes de Corinto para terem um pensamento mais maduro sobre o dom, Paulo cita Isaías 28:11-12 para estabelecer o propósito das línguas: “Está escrito na lei: Por homens de outras línguas e por lábios de estrangeiros falarei a este povo; e nem assim me ouvirão, diz o Senhor. De modo que as línguas são um sinal, não para os crentes, mas para os incrédulos; a profecia, porém, não é sinal para os incrédulos, mas para os crentes” (1 Coríntios 14:21-22). Este é o propósito declarado e pretendido das línguas: elas são para um sinal, um sinal para os incrédulos. Este é, então, o porque as línguas têm tão pequeno propósito na igreja: elas são para um sinal para os incrédulos. Seu propósito primário não era ministrar aos crentes, mas aos incrédulos – para despertar sua atenção ao evangelho e confirmar a credibilidade do Cristianismo em geral. Este é precisamente o propósito satisfeito com a ocorrência inicial do dom de línguas (Pentecoste, Atos 2). Nem Paulo necessariamente implica nestes versos (1 Coríntios 14:21-22) que as línguas são para um sinal de julgamento ou um sinal para os Judeus somente, como é freqüentemente ensinado. Ele meramente cita Isaías para traçar um princípio a partir dele, a saber, que as línguas servem como um sinal para os incrédulos. Jesus disse aos Judeus que eles não teriam outro sinal, exceto aquele da ressurreição (Mateus 16:4);

e o próprio apóstolo Paulo já tinha dito aos Coríntios que os Judeus pediam mas não recebiam um sinal (1 Coríntios 1:22-23). Se este sinal era para os Judeus somente, Paulo certamente teria declarado isto amplamente na igreja Gentílica em Corinto; antes, ele meramente diz que as línguas eram sinal para os incrédulos, quer Judeu, quer Gentio. Isto é tudo que é requerido a partir desta declaração. As línguas eram um sinal para os incrédulos confirmando o evangelho e a nova mensagem Cristã. Se o finalzinho de Marcos é genuíno ou mesmo historicamente correto, Jesus também declarou ser este o propósito das línguas; línguas são “sinais” (Marcos 16:17). Embora este seja o declarado e assim, primário, propósito do dom de línguas, eles também serviam outro propósito: eles demonstravam o recebimento do Espírito Santo e a unidade no Corpo de Cristo. Agora, tenha cuidado! Isto não é dizer que as línguas são evidência de um Batismo do Espírito subseqüente à salvação. Mas no livro de Atos, as línguas serviam para demonstrar o recebimento do Espírito, isto é, a salvação. Pela natureza disto, então, aqueles que falavam em línguas davam evidência de sua unidade no corpo de Cristo. Isto é precisamente o que aconteceu em Atos 2. Foi o dom de línguas dado para a casa de Cornélio que convenceu Pedro que os Gentios também tinham recebido o Espírito e assim se tornado parte da igreja também (Atos 11:15-58, se referindo aos eventos de Atos 10:44-48). O mesmo foi demonstrado em Atos 19 com os discípulos de João o Batista e também em Atos 8 com os Samaritanos, se realmente as línguas ocorreram ali. Crentes de todos os tipos – Judeus, Samaritanos e Gentios – receberam o mesmo dom e por isto deram evidência de sua unidade no mesmo corpo, o Corpo de Cristo. Sumário As línguas nunca foram pretendidas para o uso pessoal, devocional, nem pode ser encontrado qualquer verso das Escrituras que ensine tal coisa. Seria uma razão egoísta e injustificada para o exercício do dom. Os dons espirituais foram dados para edificar os outros. O dom de línguas, especificamente, foi dado como um sinal para estabelecer o evangelho e o movimento Cristão. Eles ainda serviram para demonstrar o recebimento do Espírito Santo (salvação) e assim a unidade de todos aqueles dentro da família da fé.

As Regras Como temos visto através de 1 Coríntios 14, Paulo esteve severamente restringindo o dom de línguas. Começando com o verso 26, contudo, ele

adiciona mais regras ainda. Nenhum outro dom é regulado como o é o dom de línguas. Paulo esteve explicando aos Coríntios o propósito dos dons, que eles servem como um sinal para os incrédulos. Agora ele lhes diz que este propósito não pode ser servido, a menos que o dom seja exercido do maneira apropriada e de acordo com determinados linhas de direção. As Regras Aqui estão as regras que o apóstolo Paulo dá para o exercício do dom de línguas. 1. Edificação (verso 26). Este é o princípio regulador de todos os dons em geral. Eles devem servir para edificar os outros. 2. Não mais do que três num culto (verso 27). “Quando muito três” indica que ter três diferentes pessoas falando em línguas em um dado culto seria raro. Congregações inteiras falando, cantando ou orando em línguas é especificamente proibido aqui. 3. Um de cada vez (verse 27). "Cada um por sua vez" restringe o falar em línguas a um homem por vez; qualquer um a mais acrescentaria somente confusão. Já é uma confusão suficiente escutar um idioma estrangeiro; escutar duas ou mais pessoas ao mesmo tempo seria fútil e certamente não poderia edificar. A prática comum contemporânea de ficar de pé falando em línguas durante a pregação é também proibida aqui. 5. Deve haver somente um intérprete (verso 27). O verbo Grego “um” é o número um, não uma palavra geral se referindo a “algum”. Paulo requer aqui que o mesmo intérprete dê as interpretações das mensagens dadas por uma, duas ou no máximo três pessoas. Nenhum outro intérprete deve falar. 6. O intérprete deve ser alguém à exceção daqueles que estão falando em línguas (versos 27-29). Paulo não permite que alguém fale em uma língua para dar sua própria interpretação. 7. Ordem (versos 29-33, 40). Os dons nunca devem ser exercidos de um modo que tenda à “confusão”, porque depreciaria seu propósito (edificar). Embora o formalismo não seja a única resposta, o caos é claramente excluído. O serviço de adoração deve ser conduzido de uma forma ordenada. 8. Auto controle (verso 32). " Os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas” exclui qualquer escusa tal como, “Eu simplesmente não pude

me refrear; o Espírito Santo apenas tomou o comando!” Paulo expressamente requer que o homem esteja em controle de suas faculdades mentais em todo tempo. Ser “arrastado” é refletivo das religiões pagãs, não dos dons Cristãos (1 Coríntios 12:2). Esta regra impede qualquer assim chamado “cair no Espírito” ou algo semelhante em que a pessoa está completamente fora de controle; quando o Espírito Santo requer auto controle, Ele então não causará o oposto. Ele não violará Sua própria palavra. A objeção freqüentemente dada é, “Mas e se o Espírito Santo me encher de uma forma que eu perca o contato com a realidade?” ou, “Eu simplesmente não pude controlar o Espírito”, ou algo parecido. Mas a clara premissa deste versículo é que o Espírito Santo nunca fará isto. Ele proibiu-a, e Ele simplesmente nunca fará algo que é contrário à Sua palavra. Nunca! 9. Nenhuma mulher permitida (versos 35-38). Paulo não poderia ser mais claro nesta proibição. “As mulheres estejam caladas nas igrejas”. Não importa ao que mais se refira, isto pelo menos refere-se ao exercício dos dons de línguas e profecia, porque este é o contexto no qual este mandamento é dado. Percebendo, evidentemente, a tempestade de protesto que este mandamento receberia, Paulo acompanha o mesmo com uma declaração de autoridade nos versos 36-38, que diz, efetivamente, “se você não concorda comigo nisto, você é um arrogante (verso 36), não espiritual (verso 37), e um rebeldemente ignorante” (verso 38). A regra não poderia ser mais clara; rejeitá-la desafia diretamente o apóstolo inspirado. Outras restrições já apontadas, mas não declaradas ou listadas naqueles versos também se aplicam. Eles são as seguintes: 10. As línguas devem ser idiomas. Balbucio é completamente estranho ao dom de línguas do Novo Testamento. Falar em uma “expressão extática” é inteiramente sem garantia Bíblica. 11. As línguas devem servir para propósitos apropriados. O uso pessoal e devocional não é o propósito Bíblico servido pelo dom. 12. As línguas devem ser públicas. O uso privado do dom é completamente sem precedente e não pode servir como um sinal para os incrédulos. Sumário Estas são as regras para o dom de línguas nas quais o apóstolo inspirado não deixa espaço para debate (versos 36-38). Onde estas regras não são seguidas, podemos estar certos de que não é um dom genuíno, mas uma falsificação.

Novamente, alguém pode objetar, “Mas todas estas restrições podem abolir inteiramente a prática!” E novamente também, esta é uma observação muito criteriosa. Pergunto-me o que aconteceu em Corinto.

A Cessação das Línguas Não se levanta pequeno protesto, em alguns círculos, até mesmo questionar se as línguas são para hoje. Dizer que elas cessaram usualmente evoca uma resposta parecida com esta: “A igreja do Novo Testamento teve este dom, e assim nós devemos, portanto, ter!” “Tudo o que eu quero é o que eles tiveram!” “Não há nenhum verso na Bíblia que diga que não podemos tê-los hoje!”. Em primeiro lugar, que a igreja primitiva teve o dom em si e de si mesmo não requer que devamos tê-lo; e do mesmo modo, não prova que não devamos. Depois, ter o que eles tiveram pode não ser tão bom no fim das contas – como você gostaria de viver sem um Cânon da Escritura completo, sem um padrão certo para medir as reivindicações religiosas? Isto seria um passo para trás, não para frente. Além do mais, que não há nenhum verso que precisamente declare o assunto é discutível (como veremos), e mesmo se não houvesse nenhum, a teologia Cristã nunca descansou meramente em textos provas, mas antes em induções traçadas a partir de toda a Bíblia (já procurou um único versículo isolado das Escrituras para provar a Trindade?). E mais, também não há nenhum verso das Escrituras na Bíblia que diga que podemos ter o dom hoje. A questão nunca será resolvida com base em opiniões emocionais – “Eu quero o que eles tiveram!” Ela pode ser somente resolvida pelos ensinos das Escrituras; esta é o único Padrão capaz de fornecer a resposta. Evidência A Bíblia declara em diversas maneiras e provê diversas razões porque as línguas não podem ser uma parte da igreja hoje. 1. Paulo declara diretamente em 1 Coríntios 13:8 que as línguas cessariam. Na última epístola de Paulo e em outras epístolas do Novo Testamento, as línguas estão impressionantemente ausentes. É significativo também que por quase dezenove séculos este dom de línguas esteve ausenta da vida da igreja e nunca reivindicado por qualquer grupo legitimamente Cristão (veja B.B. Warfield, Milagres Falsificados , The Banner of Truth Trust). O que quer que possa ser obscuro sobre esta passagem, o fato claro é que o apóstolo inspirado disse que elas cessariam. E elas cessaram. Se dezenove séculos de

ausência não é uma “cessação”, é difícil imaginar o que mais poderia qualificar. 2. O Padrão da história Bíblica é que os dons miraculosos eram dados para curtos períodos de tempo e removidos então. Assumir que eles devem ter remanescido é uma suposição impossível de sustentar. 3. A história do Novo Testamento dá claro registro que o dons miraculosos foram desaparecendo mesmo antes da morte dos próprios apóstolos. 4. A revelação cessou, e assim o dom de línguas, que era um dom revelatório, cessou também. 5. O propósito das línguas foi cumprido, e assim elas não são mais necessárias. Elas eram para servir como um sinal para autenticar o evangelho e demonstrar a unidade dentro do corpo de Cristo. Com a igreja Cristã e sua unidade como um fato estabelecido, os sinais dos mesmos não serviriam para nenhum propósito. 6. A completa inferioridade do dom de línguas para a profecia (1 Coríntios 14:1-3) ou mesmo ensino (verso 19), faz dele desnecessário. Ele realmente não pode realizar nada senão o que pode ser melhor e mais facilmente realizado pelo ensino. 7. A própria atitude do apóstolo Paulo para com as línguas expressa em 1 Coríntios 14 e suas impressionantes restrições colocadas em cima do dom, quase eliminam as línguas completamente (por exemplo, verso 19). A atitude é tão severa e as regras são tantas, que o exercício apropriado do dom é quase impossível, mesmo se ele fosse para os nossos dias. Objeção: 1 Corinthians 14:39 A objeção é freqüentemente levantada que em 1 Coríntios 14:39 Paulo diz não proibir as línguas. Não nos demanda isto que elas sejam permitidas hoje? A questão é justa, mas a resposta pode não ser tão simples como o questionador pode pensar. Paulo não ordena que nós cegamente aceitemos todas as reivindicações de ser o dom de línguas; de outra maneira, isto seria um endosso para muitos cultos e religiões pagãs bem como para fraudes óbvias dentro da própria igreja. Ele obviamente não pretendia proibir o dom como ele é legitimamente dado e apropriadamente exercitado; este, no contexto (versos 26-40), é claramente o ponto de Paulo. Como temos visto, por muitas razões não

há o dom legítimo de línguas hoje; assim, este verso não nos requer aceitar as reivindicações daqueles que dizem possuí-lo (não obstante quão sinceros eles possam ser). Além do mais, mesmo se o dom fosse dado hoje, seria difícil, senão impossível, achá-lo exercitado de acordo com os regulamentos que Paulo deu para ele (veja as doze regras listadas acima; eu, pessoalmente, nunca ouviu o testemunho de reuniões onde se falam línguas nas quais todas aquelas regras sejam respeitadas), e onde quer que aqueles regulamentos não sejam respeitados, este mandamento (verso 39) não pode se aplicar. Por causa do abuso e mal-entendimento dos Coríntios sobre o dom, através dos primeiros trinta e oito versos de 1 Coríntios 14, Paulo severamente restringe o dom de línguas; deveras, ele dificilmente teria uma boa palavra para dizer sobre o dom. Conseqüentemente, ele tacitamente deu o mandamento do verso 39, para que os Coríntios não pensassem que ele sentiu ser o dom inteiramente errado; era errado somente na sua violação dos princípios que ele estabeleceu. Para que um homem reivindique que o mandamento do verso 39 se lhe aplica, então, ele deve ser capaz de demonstrar que, 1) Deus dá o dom de línguas hoje (dando respostas para as razões Bíblicas dadas acima), e 2) seu dom está sendo apropriadamente exercido e está de acordo com as regulamentações apostólicas para ele. Somente então o verso 39 pode se aplicar a ele.

Conclusão O dom de línguas era o dom de idiomas, um dom miraculoso direcionado para os incrédulos, mas pouquíssimo enfatizado no Novo Testamento. O dom foi dado somente para relativamente uns poucos na igreja primitiva e nunca foi pretendido ser possuído por todos os crentes. Mesmo enquanto o dom era dado, certas limitações severas foram colocadas para o seu uso. Depois da fase fundacional da igreja com a morte dos apóstolos, o dom não foi mais dado. Segue-se naturalmente, então, que o dom de interpretação de línguas cessou também. Tradução livre: Felipe Sabino de Araújo Neto Cuiabá-MT, 07 de Fevereiro de 2004

Dons Espirituais

por

Fred G. Zaspel Publicado pela Word of Life Baptist Church copyright © 1987, Fred G. Zaspel

Capítulo 19 - Pentecoste, Batismo do Espírito e o Movimento Carismático

O Debate Central para o debate entre Carismáticos e não-carismáticos, hoje, é a doutrina do batismo do Espírito. Os Carismáticos contendem que está é uma experiência distinta e subseqüente à salvação, na qual um crente recebe completamente o Espírito Santo em sua vida, capacitando-o inteiramente para a adoração e para o serviço. Realmente, esta interpretação da doutrina é o suporte básico do sistema inteiro deles. Esta "segunda benção", ou recebimento do Espírito Santo após a salvação é (eles ensinam) o meio para a plenitude da benção na vida Cristã e o meio para o exercício dos dons "carismáticos". Sem ela, eles reivindicam, uma pessoa pode ser um Cristão, mas não completamente abençoado ou inteiramente capacitado para adorar e servir ao Senhor. Eles ainda ensinam que ela é recebida somente sob a junção de certas condições, tais como santidade e oração ardente, e a principal evidência do recebimento dela é o falar em línguas. Estas reivindicações são centrais para o debate e devem ser avaliadas cuidadosamente.

A Doutrina A Extensão O Novo Testamento repetidamente ensina que todos Cristãos recebem o Espírito Santo e isto no mesmo grau. Não há Cristãos que não O possuam. De fato, uma pessoa não pode ser um Cristão sem receber o Espírito Santo. Uma das grandes bênçãos da salvação é a realidade da habitação do Espírito Santo de Deus na vida de todos os crentes.

João 7:38-39 Jesus prometeu, "Quem crê em mim, como diz a Escritura, do seu interior correrão rios de água viva", ao que o inspirado apóstolo João adicionou o comentário interpretativo, "Ora, isto Ele disse a respeito do Espírito que haviam de receber os que nele cressem" (João 7:38-39). Jesus claramente prometeu que todos os crentes não somente receberiam o Espírito ou meramente O receberiam parcialmente, mas que eles O receberiam em rios de abundância. O Novo Testamento elabora em grande detalhe esta abundante possessão do Espírito Santo: os ministérios do Espírito Santo de selar, doar, guiar e santificar são vários aspectos desta possessão. Romanos 8:9 Talvez o enunciado do apóstolo Paulo em Romanos 8:9 seja ainda mais claro, no qual ele ousadamente declara que se alguém não tem o Espírito Santo, esse tal não pertence a Cristo. Este recebimento do Espírito de Deus não é uma segunda benção recebida após a salvação; ele é a absoluta parte básica da própria salvação. Falar de um homem sem o Espírito é falar de um homem sem Cristo. 1 Coríntios 12:13 Um outro verso das Escrituras que merece atenção neste respeito, é o de 1 Coríntios 12:13. Paulo declara, "Pois em um só Espírito fomos todos nós batizados em um só corpo". Várias referências ao batismo do Espírito são encontradas no Novo Testamento, mas esta é a única que é diretamente interpretativa. Outras derramar luz sobre a doutrina por referência a ela, mas esta é a única que a interpreta; dessa forma, ela é o ensino básico sobre o assunto, a passagem normativa sobre a doutrina. Note primeiramente quando este batismo ocorre; ele ocorre na hora da salvação. Ele ocorre quando um homem entra no corpo de Cristo; de fato, ele é o próprio meio de entrada. Esta não é uma experiência posterior, subseqüente, mas o evento que traz um homem para "um só corpo". Observe ainda a extensão, isto é, quem são os privilegiados para receber esta benção - "todos". Isto não é algo reservado para uma experiência posterior de uns poucos privilegiados; é uma benção gozada por todos que estão no "corpo". As Provisões

O Novo Testamento é igualmente claro em seu ensino que quando um homem é salvo, a ele é dado tudo que ele necessita para completar seu crescimento espiritual; ele não necessita esperar por algo além ou qualquer benção posterior. Ora, há a definida necessidade de crescimento, e este crescimento pode somente se cumprir através de certos meios; mas até o mais novo Cristão tem todo o equipamento necessário para a adoração e serviço. Talvez nenhum verso declare este maravilhoso privilégio mais claramente do que II Pedro 1:3, que afirma que aos crentes tem sido dado "tudo o que diz respeito à vida e à piedade" (itálico adicionado). Não há nenhum "não possuo" no corpo de Cristo; nenhum membro tem sido trapaceado ou deixado de lado. Este mesmo ponto é também enfatizado em Romanos 6, que declara que em sua luta contra o pecado em sua vida, o Cristão tem tudo que é necessário para a vitória por causa da suficiência da obra de Cristo. A provisão é completa para todo crente. Profecia e Cumprimento Esta benção do Espírito Santo foi profetizada pelo predecessor do Senhor, João o Batista, o último profeta da ordem antiga. Ele profetizou, "Eu vos batizei em água; ele, porém, vos batizará no Espírito Santo" (Marcos 1:8). Repetidamente Jesus prometeu a Seus discípulos que Ele enviaria Seu Espírito (João 7:38-39; 14:16-18,26; 15:26; 16:7-14). Justamente antes de sua ascensão ao céu, Jesus ordenou aos Seus discípulos que esperassem em Jerusalém pela "promessa do Pai....Porque, na verdade, João batizou em água, mas vós sereis batizado no Espírito Santo, dentro de poucos dias" (Atos 1:4-5). Dez dias depois eles experimentaram o grande evento do dia de Pentecostes em Jerusalém (Atos 2), e eles foram "cheios do Espírito" (Atos 2:4). Em Atos 11:15-17, Pedro associa o recebimento de Cornélio do Espírito com o Pentecostes deles e identifica ambos como o batismo do Espírito. A promessa do Espírito foi cumprida em Pentecostes quando o Senhor enviou Seu Espírito para habitar Sua igreja. A Significação "O batismo do Espírito", então, é uma referência à vinda do Espírito; a significação e implicações disto devem agora ser determinadas. 1. O Batizador

Marcos 1:8 Primeiramente, é importante reconhecer QUEM é o que realizar a obra batizadora. Freqüentemente é pensado que o Espírito Santo batiza; isto não é de forma alguma o caso. Não é o Espírito Santo, mas antes o próprio Cristo que batiza no Espírito Santo; isto é o que João o Batista claramente profetizou que aconteceria: "Ele vos batizará no Espírito Santo" (Marcos 1:8). 1 Coríntios 12:13 O mesmo é ensinado em 1 Coríntios 12:13 que declara que "em um só Espírito fomos todos nós batizados em um só corpo". O próprio Cristo batiza, não em água, mas (em um sentido místico) no Espírito Santo, dessa forma fazendo do homem uma parte de Seu corpo. A Versão Autorizada (KJV) traduz a preposição Grega em como "pelo" neste verso. Esta tradução, embora gramaticalmente permitida, não está de forma alguma em harmonia com a linha de pensamento de Paulo aqui. O pensamento é similar ao de Romanos 8:9, que declara que um homem sem o Espírito está sem Cristo. Ele não está mostrando que o Espírito Santo formou o corpo de Cristo, mas que todos no corpo de Cristo gozam da benção do Espírito Santo, porque nEle todos foram batizados (por Cristo). O Espírito Santo é o denominador comum de todos crentes; portanto, todo O possuem. Este é o ponto de Paulo. Isto é enfatizado mais adiante no restante do verso que declara que a todo no corpo "foi dado beber de um só Espírito". Resumindo, o pensamento de 1 Coríntios 12:13 com respeito a isto é: todos os crentes participam do Espírito Santo; isto é verdadeiro porque nEle foram todos batizados (por Cristo) no corpo de Cristo. Conclusão A frase "batismo do Espírito", embora comum, nunca é encontrada nas Escrituras e conduz uma doutrina errônea. É o Senhor Jesus QUEM batiza, não o Espírito Santo. Ele batiza, como João profetizou, não em água, mas no Espírito Santo, colocando assim o homem em Seu corpo, a igreja. 2. O Significado Um das mais impressionantes promessas de Jesus com respeito ao dom do Espírito em Pentecostes é encontrada em João 14:12-18. O verso 16 promete a vinda de "outro Consolador", ou o Paracleto (Grego, parakletos). Ele é "outro" no sentido de "mesmo" (Grego, allos), o

mesmo ajudante como foi Cristo. O verso 1 é o clímax: "Não vos deixarei órfãos; voltarei a vós". Observe a identificação, "Eu" - "Eu voltarei a vós". Isto é freqüentemente interpretado como significando uma promessa de Sua segunda vinda ou Sua ressurreição da tumba; talvez estes estejam de certo modo inclusos. Mas a ênfase desta promessa é o retorno de Cristo para eles na pessoa do Espírito Santo. Ele voltará para eles pelo envio do Espírito Santo, "outro Consolador". Este verso é significativo, então, pois ele identifica a vinda do Espírito Santo como a continuação da obra salvadora de Cristo. A vinda do Espírito Santo, o batismo do Espírito, não é algo que pode ser visto separadamente da obra de Cristo: ela é a continuação e (para este ponto na história) o clímax dela. Jesus Cristo, o Cabeça e Fundador da igreja está presente e vivo na igreja, agora, pela virtude do Espírito Santo, o "outro Consolador". A vinda do Espírito Santo foi a vinda do próprio Cristo para Sua igreja. Este é o significado da promessa de Sua vinda: o Espírito Santo sempre esteve presente e operando no mundo e em Seu povo, mas nunca antes nesta capacidade como na vinda de Cristo para Sua igreja. Esta foi a grande promessa do Espírito Santo QUE "ainda não tinha sido dado" (João 7:39). Ele veio como a pedra superior da provisão pessoal de Cristo para Sua igreja. Este é o significado do comentário de Paulo em Colossenses 1:27, "Cristo em vós, a esperança da glória" (itálico adicionado). Isto é o que Paulo tinha em mente quando ele disse que "Cristo vive em mim" (Gálatas 2:20). Isto também explica porque Paulo podia falar da habitação do Espírito como equivalente à habitação de Cristo (Romanos 8:9). Isto ainda explica porque o apóstolo pôde dizer "O Senhor é Espírito" (1 Coríntios 3:17) e porque em outro lugar ele fala de Cristo suprindo os dons (Efésios 4:7) e do Espírito Santo suprindo-os em outro (1 Coríntios 12:8). Além disso, esta é a união vital do crente com Jesus Cristo. O próprio Jesus Cristo está habitando Sua igreja na pessoa do Espírito Santo de Deus QUE foi enviado e concedido em Pentecostes. Este é o significado do batismo do Espírito. Sumário O batismo do Espírito, então, não é algo que Deus faz por um crente depois da salvação: ele é uma essencial e proeminente parte da própria salvação. Um homem sugerir que ele é algo recebido mais tarde, depois da salvação, é sugerir uma interpretação inteiramente nova da salvação; é sugerir que na salvação Cristo realmente não provê tudo de maneira alguma. Mas não cometa engano sobre isto; quando Cristo salva, Ele provê tudo. Ele não "nos deixou órfãos" (João 14:16), mas, antes, Ele

veio para habitar em nós pelo Seu Espírito, e Ele "nos deu tudo o que diz respeito à vida e à piedade" (II Pedro 1:3). Nós estamos "completos nEle" (Colossenses 2:19).

Questões Remanescentes O Contraste Uma questão que permanece é esta: qual é, então, a diferença entre o que os crentes do Antigo Testamento tiveram e o que os crentes do Novo Testamento têm? Se a vinda (dom) do Espírito (batismo do Espírito) é algo único para esta era da igreja, o que os crentes do Novo Testamento têm que os crentes do Antigo Testamento não tiveram? A resposta para esta questão não é que os crentes desta era têm o Espírito Santo, embora os outros não tiveram. Que os santos do Antigo Testamento tiveram o Espírito Santo é obvio do fato que, 1) suas vidas agradáveis (santificação) a Deus teriam sido impossíveis sem a habitação do Espírito, e 2) as passagens das Escrituras que claramente declaram que o Espírito Santo estava "nos" crentes do Antigo Testamento (por exemplo, Gênesis 41:38, José; Números 27:18 e Deuteronômio 34:9, Josué; Daniel 4:8, 9, 18, 6:13; 1 Pedro 1:11, os profetas do Antigo Testamento). A diferença é simplesmente que, 1) pela virtude desde batismo um homem é membro do corpo de Cristo que foi primeiramente formando em Pentecostes, 2) Seu ministério nos crentes, hoje, é maior e mais extensivo do que antes (por exemplo, distribuindo dons, aumentando o entendimento espiritual, etc.), e 3) o Espírito Santo veio em uma nova e maior capacidade: Ele veio como o Cristo ressurreto e ascendido para Sua igreja. Nunca antes tinha o Espírito vindo nesta dimensão. Isto interpreta a declaração de Jesus de que o menor dos crentes do Novo Concerto era maior do que João o Batista, o maior dos crentes do Velho Testamento (Mateus 11:11). Isto explica também a diferença notória nos apóstolos antes e depois do Pentecostes. O contraste é grande, mas não absoluto. O Espírito Santo sempre habitou nos Seus; sem isto, ninguém poderia viver vidas santificadas. Mas Sua vinda nesta grande dimensão marcou um imensurável aumento na provisão e benção, uma benção reservada para os crentes do Novo Concerto (Ezequiel 36:27). As Condições Outra questão envolvida concerne às condições para se receber o Espírito Santo. É freqüentemente ensinado, hoje, que o batismo do Espírito é recebido somente unindo as condições de absoluta entrega, total rendição, obediência, fé, e/ou oração ardente. A suposição básica

para tal interpretação é que o Espírito Santo pode habitar somente o que é santo. Esta pode parecer uma suposição apropriada até que se é perguntado como uma pessoa pode ser santo sem a habitação do Espírito. Como pode uma pessoa viver uma vida santa sem o Espírito Santo habitando e guiando (Gálatas 5:16)? Além do mais, se um homem pode viver tal vida sem a habitação do Espírito, porque, então, ele necessita do batismo do Espírito? Qual seria o propósito disso em tal caso? Tal interpretação desmorona a si mesma: se um homem pode produzir santidade por si mesmo, aparte da influenciadora habitação do Espírito Santo, como uma condição recebê-Lo, então, a necessidade dEle se foi. O ensinamento do Novo Testamento é totalmente contrário a isto: o Espírito Santo não vem para habitar pessoas santas. Ele vem para habitar pessoas impuras para fazê-las santas. Se este não fosse o caso, então, ninguém jamais O receberia, porque a santidade é impossível sem Ele. Os crentes O recebem não porque eles são justos, mas porque a justiça de Cristo foi imputada a eles. O Espírito Santo, então, vem para socorrer na luta contra o pecado e conquista a vitória sobre ele na vida. Nem é a oração uma condição para recebê-Lo, mas, antes, uma evidência dele (veja abaixo). O Novo Testamento simplesmente nunca declara quaisquer condições para o batismo do Espírito. O recebimento do Espírito é a provisão da própria salvação, não uma benção recebida somente mais tarde sob certas condições. As Evidências Uma outra questão concerne à evidência do batismo do Espírito. Muitos ensinam que a principal (se não única) evidência de ter recebido o Espírito é o falar em línguas. As seguintes considerações militam contra esta interpretação: 1) O Novo Testamento simplesmente nunca ensina tal doutrina; em nenhum lugar se aconselha tal ensino. Na realidade, o contrário é verdade: muitos dos que estavam presentes no Pentecostes, embora sendo batizados no Espírito, nunca falaram em línguas (Atos 2). 2) Durante toda a história da igreja, os maiores dos movimentos do Espírito Santo nunca foram marcados pelo falar em línguas. Tal fenômeno esteve impressionantemente ausente. 3) O Espírito Santo veio sobre Jesus em Seu batismo, todavia nosso Senhor não falou em línguas.

4) 1 Coríntios 12:13 ensina que todos na igreja foram batizados no Espírito, enquanto o verso 30 ensina claramente que nem todos falam em línguas. As evidências do batismo do Espírito dadas no Novo Testamento não são (aparentemente) espetaculares. Oração (Gálatas 4:6; Romanos 8:15-16), entendimento espiritual (I Coríntios 2:12; Romanos 5:5), certeza (II Coríntios 1:22), santidade (Gálatas 5:22-23), e amor (João 4:12-13) podem não parecer excitantes para alguns, mas são maravilhosas e tremendas qualidades espirituais disponíveis somente por causa da habitação do Espírito. (É interessante que embora a certeza da salvação seja uma evidência de ter recebido o Espírito, a teologia basicamente Arminiana dos Carismáticos, que falar mais de ter o Espírito Santo, faz pouquíssima concessão a tal certeza). Estas são as marcas de um homem habitado pelo Espírito de Deus. A ênfase não é sobre as línguas de maneira algumas, mas sobre a santidade (cfe. João 15:26 e 16:14). Você quer saber se você recebeu o Espírito Santo? Estes são os testes e as evidências.

Sumário e Conclusão Os ensinamentos fundamentais do movimento Carismático (isto é, que o Espírito é recebido após a salvação somente pela união de certas condições e é evidenciado pelo falar em línguas) claramente não é sustentado pelo ensino Escriturístico. O batismo do Espírito é o recebimento do Espírito Santo. Jesus Cristo batiza o Seu povo no Espírito Santo, fazendo deles uma parte da igreja. O próprio Cristo veio para habitar Sua igreja em e pelo Seu Espírito; este é o clímax de Sua obra em Seu povo (para este ponto na história). O batismo do Espírito é o meio de entrada no corpo de Cristo, não uma benção recebida subseqüentemente. Ele é recebido como um dom gratuito, uma parte da própria salvação, e é evidenciado pela santidade. Tradução livre: Felipe Sabino de Araújo Neto Cuiabá-MT, 17 de Setembro de 2003.

Dons Espirituais

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Fred G. Zaspel Publicado pela Word of Life Baptist Church copyright © 1987, Fred G. Zaspel

Capítulo 20 - O Movimento Carismático & O Livro de Atos

A Confusão ao Redor do Livro As Reivindicações A teologia Carismática descansa largamente sobre o ensino de que o batismo do Espírito ocorre subseqüente à salvação quando certas condições são satisfeitas e é evidenciado pelo falar em línguas. Sua evidência? O livro de Atos. A reivindicação deles é que esses ensinos descansam sobre o padrão apresentado em Atos. Este livreto avaliará o livro de Atos à luz dessas reivindicações. Há algumas evidências para suas reivindicações. Em Atos 2 os apóstolos foram batizados no Espírito num tempo que foi subseqüente à salvação deles. Em Atos 8 a ordem para os Samaritanos convertidos foi a seguinte: 1) arrependimento e fé, 2) a água do batismo, 3) Imposição das mãos dos apóstolos, e 4) recebimento do Espírito Santo. O mesmo é verdade em Atos 19. Novamente, em Atos 2, tendo sido batizados no Espírito Santo, os apóstolos falaram em línguas; este também foi o caso no capítulo 19 e possivelmente no capítulo 8. Cornélio falou em línguas ao receber o Espírito em Atos 10. De acordo com os Carismáticos, esta é a regra para hoje. Os Problemas Mas o assunto não é resolvido tão simplesmente assim: sob uma análise mais cuidadosa, o padrão não permanece verdadeiro. Por exemplo, em Atos 2 os apóstolos foram batizados no Espírito subseqüentemente à

salvação, mas os outros 3.000 receberam o batismo na hora da salvação. Qual é normativo? Qual é o padrão para hoje? Em Atos 10 os Gentios também foram batizados no Espírito na hora da salvação. Além do mais, o batismo do Espírito ocorreu antes do batismo nas águas em Atos 2 e 10 e depois do batismo nas águas nos capítulos 8 e 19. Além do mais, o Espírito foi dado somente pela imposição de mãos dos apóstolos em Atos 8 e 19, mas sem elas nos capítulos 2 e 10. Sob uma análise de todos registros relevantes do livro de Atos, o padrão suposto pelos Carismáticos desmorona. O “padrão” não é tão consistente. Uma Clarificação Confusão? Uma coisa é óbvia: O suposto padrão Carismático no livro de Atos não é encontrado no livro de Atos! Seu “padrão” é somente uma parte do padrão do livro de Atos. Deveras, é difícil (senão impossível) encontrar qualquer padrão que abranja tudo, no livro. Seguir o padrão do livro de Atos é um objetivo respeitável, mas qual padrão deve ser seguido? O padrão do livro de Atos é (aparentemente) inconsistente consigo mesmo: algumas vezes há línguas; outras vezes não há. Em alguns o Espírito é recebido através da imposição de mãos; em outros nenhuma imposição de mãos é necessária. Alguns recebem o Espírito antes do batismo em águas, outros depois. Se toda Escritura é inspirada, o intérprete deve encontrar uma posição e padrão que considere e inclua todos os registros Bíblicos, não somente uma parte deles. Um Princípio Mais um princípio emerge do meio desta confusão: a doutrina deve ser baseada sobre o ensino dos apóstolos, não sobre a experiência. Para colocar de outro modo, em formulação teológica, o ensino dos apóstolos é normativo, não a experiência de alguns na história registrada no livro de Atos. Estabelecer doutrina de qualquer outro modo traz total confusão (como essa agora examinada) e insultuoso ao ensino inspirado dos apóstolos. Com este princípio estabelecido (que o ensino apostólico é normativo), o intérprete deve reconhecer que 1 Coríntios 12:13 é o único comentário interpretativo sobre o assunto encontrado no Novo Testamento: “ Pois em um só Espírito fomos todos nós batizados em um só corpo ”. Outras passagens se referem ao batismo do Espírito de uma forma ou de outra, mas este é o único verso que procura explicá-lo. Desta declaração, então, o intérprete pode interpretar o assunto, e usando este verso como um guia, que pode classificar através de todas os variados detalhes no livro de Atos.

O Propósito de Atos Básico para este estudo é um entendimento do propósito de Lucas em escrever o livro de Atos. Ele declara este propósito nas linhas de abertura do livro: é apresentar uma continuação do ministério de Cristo após Sua ressurreição e ascensão; isto é, Seu ministério através de Seus apóstolos (daqui a designação, “Atos dos Apóstolos”). Ele escreveu para documentar a difusão da igreja apostólica de Jerusalém até “ os confins da terra ” (Atos 1:8). Seu propósito, então, não foi doutrinal, mas histórico, o que explica sua falha em explicar as diferenças levantadas no “padrão” do livro. Seu propósito direcionou seu estilo.

A Transição de Atos Observando Isto O livro de Atos, então, é um livro de transição, e como tal ele é único. Ele constrói uma ponte sobre a lacuna entre a velha e a nova dispensação, dos tratamentos de Deus primária e quase exclusivamente com os Judeus para seus tratamentos primária e quase exclusivamente com os Gentios. Nos Evangelhos o povo de Deus ainda adorava de acordo com a Lei Mosaica com seus dízimos, sacrifícios, e templo; nas epístolas, o povo de Deus era a igreja, encontrando e adorando fora do templo e aparte da Lei Mosaica. Em Atos há ambos; ele é um período de transição. Na ordem do Velho Testamento, O Anjo do Senhor aparecia aos homens para revelar a vontade de Deus, um fenômeno desconhecido nesta era; mas em Atos o Anjo do Senhor de vez em quando entrava em ação como antes (por exemplo, Filipe, Atos 8). Atos é um livro de transição, e como tal ele é único. Não há outra explicação para o variado e aparentemente inconsistente “padrão” no livro de Atos: a menos que Atos seja visto como um período de transição, a confusão não pode ser justificada. Os liberais usam a “confusão” como evidência para a oposição entre Pedro e Paulo. Os ultra-dispensacionalistas dividem o livro em diferentes dispensações. A única solução real descansa no fato que Atos é um livro de transição; ele registra um período de transição, o link entre a Velha e a Nova ordem. Explicação Isto Este período de transição foi necessário por pelo menos duas razões: 1. Um Período Fundacional

A primeira é a necessidade por um período fundacional. Um período de tempo era necessário para os apóstolos e profetas lançarem o fundamento da igreja (Efésios 2:20). Seu ensino tinha que ser dado, e então validado pelo exercício de seus dons e sinais (2 Coríntios 12:12). O livro de Atos registra a história deste período fundacional e de operação de milagres; ele apresenta o palco e o lança a obra fundamental para a fase da superestrutura da igreja que se seguiria. Durante um tempo de transição, algo de ambas era (aquela antes e depois) será evidente por um tempo. O fundamento teve que ser lançado, e teve que ser confirmado por um período de dons miraculosos; com isto realizado, a transição se completou. 2. Crentes que Viveram Antes e Depois do Pentecostes Outro fator demandando um tempo de transição é a posição única daquelas pessoas que eram crentes antes e depois do Pentecoste. Para eles, pela natureza do caso, o batismo do Espírito tinha que vir subseqüente à salvação, porque ele ocorreu pela primeira vez no Pentecoste. Tal foi o caso com os apóstolos. Além do mais, a cruz e o dia de Pentecoste marcaram uma mudança definitiva na economia de Deus, mas para aqueles crentes que não estavam em Jerusalém para ouvir dela, Deus não abriu o céu e fez o anúncio universal: “Ok, o tempo é agora; tudo mudado!” Obviamente, tempo era requerido para que a mensagem chegasse até os outros crentes, e devia haver milhares deles que necessitavam ouvir a nova mensagem. Alguns intérpretes sugerem que estes crentes que não estavam em Pentecoste foram apesar de tudo “idealmente” batizado sem conhecimento dele. Mas isto não está de acordo com os fatos. Dois exemplos ilustram isto muito bem: Filipe em Samaria (Atos 8) e Paulo em Éfeso (Atos 19:1-7). No vaso de Filipe e o avivamento Samaritano, havia alguns crentes mesmo antes da chegada de Filipe (João 4:39) que não receberam o Espírito até a chegada e ministração de Pedro e João a eles mais tarde. No caso de Paulo, havia crentes convertidos sob o ministério de João o Batista que não tinham recebido o Espírito até uns 20 anos depois de sua conversão. Em ambos os casos havia homens que creram antes do Pentecoste, mas que não estavam presentes no Pentecoste e dessa forma não receberam o Espírito até algum tempo mais tarde; eles “nem sequer ouviram que existia algum Espírito Santo” (Atos 19:2). É evidente que somente os crentes presentes no Pentecoste foram batizados no Espírito naquela hora; os outros passaram por este período transicional sem ele, recebendo-o mais tarde quando o Espírito Santo foi ministrado a eles pelos apóstolos ou seus cooperadores (Gálatas 3:5). Isto é também o porque Jesus ordenou que Seus discípulos ficassem em Jerusalém até a vinda do Espírito (Atos 1:4-5).

3. Outros Fatores Há talvez outros fatores que requeiram um período transicional, tal como uma normal resistência à mudança, a necessidade de pregar o evangelho para os Judeus primeiro, e a necessidade de um período de sinais miraculosos, mas estes dois fatores mencionados parecem ser os mais proeminentes. Sumário Há, então, um padrão totalmente diferente emergindo de um estudo de todos os fatos relevantes, e isto é explicável somente pelo reconhecimento do caráter transicional do livro de Atos. Aqueles salvos no ou depois do Pentecoste receberam o Espírito Santo na hora da sua salvação (os três mil no Pentecoste e os Gentios na casa de Cornélio); aqueles que eram crentes antes do Pentecoste receberam o Espírito no dia de Pentecoste (se eles estiveram presentes, como os apóstolos em Atos 2) ou algum tempo mais tarde, quando os apóstolos puderam ministrar o Espírito para eles (Atos 8 e 19). Conclusão Como verificado pelo comentário de Paulo em 1 Coríntios 12:13, aqueles salvos agora seguem o padrão daqueles em Atos que foram salvos depois do Pentecoste e recebem o Espírito na hora da salvação. Esta é a norma uma vez que a transição se completou. Há duas exceções para este padrão (Atos 8 e 19) e por mui boas razões; elas serão explicadas abaixo.

Uma Análise das Passagens Relevantes Atos 2 Os eventos do dia de Pentecoste registrados em Atos 2 são o cumprimento da promessa que Jesus repetidamente deu aos Seus discípulos, a saber, que Ele viria para eles na Pessoa do Espírito. É um evento irrepetível simplesmente porque ele foi único: ele marcou o nascimento da igreja, o dia de sua formação, o início de uma nova era. Foi a vinda do Espírito de Cristo para residir em Sua igreja. Isto pode acontecer somente uma vez; pode haver somente um dia de nascimento. Havia pessoas presentes ali que tinham sido salvas antes daquele tempo, assim, pela natureza do caso, o batismo do Espírito ocorreu depois da salvação.

Assim, pela natureza de sua exclusividade, os eventos de Pentecoste não podem ser a norma hoje. Eles foram uma parte necessária daquele período transicional, mas as circunstâncias não podem ser duplicadas. Atos 8 Atos 8 dá um exemplo de pessoas salvas antes do Pentecoste e recebendo o Espírito só mais tarde, que é explicável somente à luz do fato que isto foi uma parte de um período transicional. Dos muitos problemas que a igreja primitiva enfrentou, dois foram mui proeminentes. Um foi para os Judeus o aceitar compartilhar suas benção com os Samaritanos; o outro foi para os Samaritanos o aceitar compartilhá-las com os Judeus! Seu ódio de um para com outro era tanto antigo como profundo. Além do mais, os eventos do Pentecostes foram conduzidos pelos Judeus (os apóstolos); não houve nenhum Samaritano envolvido. Evidentemente (mais evidência é dada abaixo concernente ao mesmo problema com os Gentios em Atos 10), Deus viu que se os Samaritanos recebessem o Espírito sem os Judeus, a unidade nunca seria possível; os Samaritanos teriam o seu próprio ramo do Cristianismo. Mas, sendo incapaz de recebê-LO independentemente dos apóstolos Judeus, eles foram forçados a reconhecer a unidade estabelecida por Deus e a autoridade dos apóstolos (embora eles fossem Judeus). A mesma verdade para os próprios Judeus: vendo os Samaritanos receberem o Espírito das mãos dos apóstolos, eles não puderam negar que todos eles eram uma parte do mesmo corpo. Deus excepcionalmente reteve o Espírito por um tempo para suprir uma necessidade exclusiva naquele período transicional. Uma vez que este propósito foi alcançado, estes eventos incomuns não mais ocorrem. O fato que esta ordem de eventos (receber o Espírito depois da salvação) era deveras incomum é enfatizado no verso 16, que adiciona uma nota de explicação: “ Porque sobre nenhum deles havia ele descido ainda ”. A implicação da declaração é que esta ordem de eventos é diferente do normal. Lucas sentiu ser necessário dar esta nota explanatória porque as circunstâncias eram incomuns. Se esta ordem dos eventos fosse a norma, a explanação de Lucas aqui seria sem sentido. Atos 10 O mesmo problema existiu em um grau maior com referência aos Gentios. Para um Judeu, um Gentio era um cachorro; deveras, isto é precisamente o porque Deus necessitava primeiro ensinar Pedro a lição através de um sonho/visão do lençol branco descendo. Esta passagem mostra que até mesmo os Gentios era uma parte do mesmo corpo como

os Judeus, e isto destruiu a desunião entre eles: os Gentios da casa de Cornélio creram e receberam o Espírito assim como aconteceu com os Judeus. A experiência deles foi idêntica, assim a unidade foi óbvia demais para ser negada. Que este foi o propósito envolvido é evidente a partir do testemunho de Pedro no capítulo 11 no qual ele dá um relato à igreja de Jerusalém desses acontecimentos sem precedentes. Todos eles concordaram, “ desceu sobre eles o Espírito Santo, como também sobre nós no princípio ” (versículo 15). Este foi o propósito no capítulo 10 e no capítulo 8 também. Uma necessidade exclusiva foi suprida durante este período transicional; Concernente o “padrão” do livro de Atos, discutido anteriormente, é importante notar que nesta passagem, 1) A salvação e o batismo do Espírito são simultâneos, e 2) Se fala do batismo do Espírito como da própria salvação (verso 47). Atos 19 Em Atos 19:1-7 o problema foi simplesmente que havia alguns crentes (discípulos de João o Batista) que não tinham ouvido a mensagem do Espírito Santo. Sendo discípulos de João o Batista, eles conheciam, certamente, o ensino da vinda do Espírito Santo; este foi um dos temas do Batista (conforme Lucas 3:16). Eles estavam fielmente esperando o Messias, mas não tinham ouvido toda a mensagem ou aquela de que o Espírito Santo tinha, deveras, vindo. Evidentemente, eles não estavam presentes no Pentecoste. Os apóstolos, então, deram-lhes um ensino adicional sobre o assunto e lhes ministraram o Espírito Santo. Conclusão 1. As Reivindicações Contraditórias Os Carismáticos reivindicam que o livro de Atos sustenta sua posição de que: 1) O batismo do Espírito ocorre após a salvação sob a reunião de certas condições. Mas este não é o ensino do livro: o batismo do Espírito ocorreu subseqüente à salvação por um pouco de tempo, mas por óbvias e exclusivas razões que não podem se repetir (isto é, para adequar os crentes que viveram durante a transição e para demonstrar a unidade do corpo de Cristo). Além do mais, este não é o padrão consistente padrão do livro, e é contrário ao ensino de Pedro e Paulo

sobre o assunto (Atos 10:47; 1 Coríntios 12:13), nem são quaisquer condições para o recebimento do Espírito jamais mencionadas. 2) A evidência do batismo do Espírito é falar em línguas. Isto ocorreu em Atos 10 e 19 e possivelmente no capítulo 8. Que as línguas demonstraram o recebimento do Espírito Santo não pode ser negado, porque as línguas são um dom do Espírito. Mas esta não foi a experiência de todos os crentes em Atos 2, somente dos apóstolos. Nem foi jamais declarado que isto continuaria a ser a evidência da presença do Espírito Santo. 2. O Padrão O padrão do livro de Atos não ensina que o batismo do Espírito sucede a salvação. O padrão é que, 1) aqueles que eram crentes antes do Pentecoste, receberam o Espírito ou no dia de Pentecoste, se eles estiveram presentes (como os apóstolos), ou num tempo mais tarde quando eles ouviram a mensagem e foi ministrado o Espírito pela companhia apostólica (como os discípulos de João o Batista; conforme Gálatas 3:5); e 2) aqueles salvos no ou após o Pentecoste receberam o Espírito na mesma hora (como os três mil mencionados em Atos 2 e a casa de Cornélio em Atos 10). A única exceção para isto foi os Samaritanos, para quem o Espírito foi temporariamente retido para demonstrar seu próprio lugar no corpo de Cristo. 3. A Norma A norma para hoje é o batismo do Espírito na hora da salvação, como foi o caso em Atos 2 e 10. Paulo afirma isto em 1 Coríntios 12:13, como também Pedro em Atos 2:38 e 10:47.

Sumário O livro de Atos cobre um período exclusivo da história da igreja. Ele é um livro de transição histórica e como tal não deve ser visto como algo dado por si mesmo para ensinar um “padrão” para todo a era da igreja. Um “padrão” permanente é discernível no livro, porém somente através do ensino apostólico dado concernente ao mesmo (isto é, 1 Coríntios 12:13).

Tradução livre: Felipe Sabino de Araújo Neto Cuiabá-MT, 12 de Fevereiro de 2004

Dons Espirituais por

Fred G. Zaspel Publicado pela Word of Life Baptist Church copyright © 1987, Fred G. Zaspel

Capítulo 21 - Uma Questão de Autoridade: Escritura Versus Experiência

Um assunto que inevitavelmente se levanta na discussão da natureza temporária de alguns dons envolve a questão de autoridade. Sem exceção (ao melhor de minha recordação), cada vez que tenho me esforçado para mostrar, a alguém que crê que os dons miraculosos e revelatórios são para hoje, que a Palavra de Deus ensina que estes dons não são mais dados para a igreja, a resposta é (nestas expressões ou similares): “Mas eu tenho visto acontecer”, ou “Mas aconteceu comigo! Como você pode negar isso?” Após olhar para muitas porções das Escrituras com respeito ao assunto, um certo homem disse: “Entendo o que você está dizendo, mas eu não posso acreditar que todos estes Cristãos maravilhosos e sinceros possam estar errados!” Ao que eu repliquei: “O que dizer sobre todos estes Cristãos, da mesma forma sinceros, que crêem no oposto? Você pensa que todos eles podem estar errados?” Veja, jogos como este podem continuar ad infinitum . Porque para cada experiência que possa ser mostrada para provar alguma coisa, outra pode ser dada para provar o oposto. O fato do assunto é que alguém está errado, seja ele sincero ou não; ele pode estar sinceramente errado, mas errado apesar de tudo. Isto foi o que tentei mostrar para o homem com minha réplica. Torna-se claro que no meio das conversações e confusões como esta, que a questão pode ser resolvida somente duma forma: “Que dizem as Escrituras?” A conversação deve proceder completamente em outra direção. O único padrão que pode

adequadamente responder tal questão é a Escritura, não a experiência. Apelar para uma experiência ou para a sinceridade de outro Cristão para resolver um assunto de doutrina difere pouquíssimo, na análise final, de um liberal que nega completamente a Escritura. Somente “a Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar” (2 Timóteo 3:16); uma teologia baseada sobre a experiência ou sentimento é oca, na melhor das hipóteses. Pode parecer sacrilégio para alguns, mas quando considero o que é certo ou errado nos assuntos de religião, realmente não me preocupo sobre suas experiências, nem preciso me preocupar com as minhas. Tudo o que importa é o que a Escritura diz. Uma das grandes doutrinas da Reforma foi o Sola Scriptura – “Somente as Escrituras” é o guia infalível e todo suficiente para a fé e prática. “A lei do Senhor é perfeita, e refrigera a alma; o testemunho do Senhor é fiel, e dá sabedoria aos simples. Os preceitos do Senhor são retos, e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro, e alumia os olhos. O temor do Senhor é limpo, e permanece para sempre; os juízos do Senhor são verdadeiros e inteiramente justos”. (Salmos 19:7-9) Em suma, a Escritura é, em si e de si mesma, completamente suficiente para cada necessidade. Uma das possessões mais maravilhosas e valiosas que Deus deu ao Seu povo é a Escritura, que é Sua Palavra. Ela provê cada necessidade e responde toda questão. Um Cristão, então, não julga uma experiência com base em seus próprios méritos, mas pela Palavra de Deus! A Escritura não é somente infalível, mas é suficiente! Ela é tudo o que necessitamos, e é tudo o que Deus quer que consultemos para resolver todas as questões de fé e prática. Apelar para qualquer outra coisa é uma afronta ao próprio caráter das Escrituras. Por que é tão importate assim considerar as “Escrituras somente” nas questões de fé e prática? A resposta é óbvia: simplesmente porque ela “não pode ser anulada” (João 10:35); ela é confiável e inerrante em cada detalhe (Mateus 5:17-18). Como tal, ela e somente ela é o padrão; nada mais pode ser, porque tudo mais é falível e sujeito ao erro. Interpretar a Escritura pela experiência é convidar confusão doutrinal, desastre e contradição; interpretar a experiência pela Escritura é encontrar a verdade. O que é requerido que o Cristão faça, é primeiro olhar para a Palavra de Deus e ver o que ela ensina sobre um assunto; com isto estabelecido, ele pode então entender de forma apropriada a sua experiência. Ele deve olhar para a Escritura primeiro, porque ela é confiável. Com isto resolvido, ele pode então avaliar as experiências, as quais por si mesmas são incertas, e pesar todas as alternativas concernentes a elas.

Pedro escreveu sobre este mesmo assunto de uma forma fascinante em 2 Pedro 1:16-21. Ele está falando de sua experiência no Monte da transfiguração, onde ele viu e ouviu o testemunho de Deus o Pai para com a majestade de Jesus Cristo. Foi inquestionavelmente uma experiência verdadeira e enviada por Deus. Todavia, Pedro não nos leva a confiar em sua experiência; antes ele aponta para algo "mais firme" (verso 19. A Escritura, ele diz, é dada por Deus (versos 19-21), e dessa forma é muito mais confiável do que a experiência! Isto é fascinante, porque é precisamente contrário ao pensamento comum hoje. Tendemos a pensar que a Escritura é confirmada pela experiência. Pedro diz: "Não, a experiência é confirmada pela Escritura". Ora, não há dúvida de que aquilo que a Escritura ensina será produzido em nossa experiência, mas é a Escritura que é normativa, não a experiência. Nossa experiência pode ser real e errada ao mesmo tempo. Além do mais, nossa experiência pode ser mal entendida e/ou mal interpretada. Mas a Escritura é "mais firme" e "não pode ser anulada"; ela não pode falhar em qualquer ponto. A Escritura somente é o guia para verdade, nada mais e nada menos. Deus pretende que a fé descanse em algo mais confiável do que experiências milagrosas; Ele requer que a fé descanse em Sua Palavra somente! "Andamos por fé, não por vista" (2 Coríntios 5:7) ou sinais ou qualquer outra experiência. Uns poucos minutos depois da conversa mencionada acima, eu disse para o homem: "Toda esta conversa deveria te incomodar!" "Por que?", perguntou. Respondi: "Porque durante toda ela, eu apelei para a Escritura somente, e tudo o que você citou é experiência! Qual é mais importante para você?" Foi quando ele fez o seu apelo para a sinceridade de seus amigos, o que mostrou ser um jogo sem fim também. O ponto de tudo isto era simplesmeste este: nenhum dos lados da questão pode ser finalmente estabelecido por nada, exceto pela Escritura. A Palavra de Deus é suprema, não a experiência. A sabedoria do homem desmoronará, mas a Verdade da Palavra de Deus permanece para sempre. Somente a Palavra de Deus é autoritativa. Que nunca abandonemos este maravilhoso tesouro. Sola Scriptura! Tradução livre: Felipe Sabino de Araújo Neto Cuiabá-MT, 23 de Fevereiro de 2004

Dons Espirituais por

Fred G. Zaspel Publicado pela Word of Life Baptist Church copyright © 1987, Fred G. Zaspel

Capítulo 22 - O Movimento Carismático Hoje: Uma Avaliação Bíblica

A Parte Três deste livro analisou em algum detalhe o ensino do Novo Testamento com respeito aos dons miraculosos. O estudo seria incompleto aparte de uma análise do movimento Carismático, porque são os Carismáticos que reivindicam tanto destes dons. O propósito deste capítulo deve se tornar claro desde o início. Embora o desacordo fundamental com as reivindicações dos Carismáticos já seja evidente, condenar ou caluniar todos que estão envolvidos no movimento serviria a nenhum propósito. Nosso interesse é meramente com a verdade da Palavra de Deus e com o bem do Seu povo; a exatidão da doutrina é essencial. Embora haja muitos dentro do movimento Carismático que sem dúvida são crentes sinceros, o movimento como um todo tem alguns erros seríssimos que devem ser reconhecidos. O Movimento Carismático Em Geral Primeiro de tudo, olhemos para o movimento Carismático em geral. 1. Talvez o mais óbvio aspecto do movimento Carismático é que ele se foca mais sobre a experiência do que sobre a verdade escriturizada. A questão importante para ser aquele que alguém experimenta, sente, ou vê, seja por línguas, curas, “cair no Espírito”, revelações, visões ou outros milagres. Isto, um após o outro, encoraja um sistema falho de hermenêuticas (a ciência de interpretar a Bíblia) que interpreta a Bíblia

por e sujeita aos aparentemente infalíveis padrões da experiência (veja capítulo 21). Mas mesmo com aqueles primeiros crentes que gozaram dos dons miraculosos legitimamente, Deus não estava tão preocupado com sua experiência, como Ele estava com o seu entendimento da Verdade Divina como um meio para seu crescimento espiritual. Se focar sobre emoções ou experiência pessoa na arena da fé produzirá uma vida Cristã vazia. Declarações tais como, “Eu apenas quero ter o que eles tiveram na igreja primitiva!” são freqüentemente meras autocentralizações. Todos nós necessitamos e assim, todos deveríamos querer o que Deus diz em Sua Palavra que Ele tem para nós. Descobrir o que Ele diz em Sua Palavra, então, deve ser nosso objetivo, não as experiências emocionais. 2. Intimamente associado com esta ênfase na experiência, está uma sub-ênfase na Escritura. Não somente é sua autoridade questionada (embora não intencionalmente) pela estrita aderência à (suposta) honestidade da experiência, mas revelações adicionais são encorajadas, deixando dessa forma a devastadora implicação de que a Escritura não é suficiente. 3. Estreitamente relacionada com esta inadequada ênfase nas Escrituras está a desvalorização da sã doutrina. Freqüentemente o apelo deles é para escapar de toda esta doutrina que, eles reivindicam (e, portanto, equivocadamente!), tende somente a “te secar” espiritualmente. Eles procuram se reunir sobre a base de uma experiência comum – o dom de línguas. O ensino claro escriturístico é então deixado em algum lugar no segundo plano, e não tem virtualmente lugar proeminente. A teologia, então, a própria base da fé e crescimento Cristão, é representada como desprezível. 4. O ecumenismo segue adiante com muita naturalidade. Com a verdade doutrinal desvalorizada, as diferenças doutrinas não importam. Os Carismáticos freqüentemente falam muito de sua unidade – reunindo-se com denominações incrédulas simplesmente sobre a base das línguas, etc. – mas esta não é uma unidade verdadeira, porque não há verdadeira unidade aparte da verdade. Os requerimentos Bíblicos para separação de apostasia doutrina ainda permanecem, e a santidade genuína é impossível aparte dela. 5. Os Carismáticos também erram em sua óbvia e deliberada superênfase no Espírito Santo. O Espírito Santo e Sua atividade são o centro de sua adoração e a parte mais proeminente de sua mensagem. Em contraste com isto, Jesus diretamente disse que quando o Espírito Santo viesse, Ele magnificaria Cristo, e não a Si mesmo (João 15:26 e 16:13-14)! Em outras palavras, onde o Espírito Santo é elevado acima do

Senhor Jesus Cristo, podemos estar certos de que não é um resultado do ministério do Espírito Santo. 6. O ensino dos Carismáticos também encoraja uma forma sutil de orgulho espiritual. Há aqueles (de acordo com o seu ensino) que satisfizeram os requerimentos para a benção do Espírito. Há também aqueles que “não tiveram fé suficiente” para serem curados e permanecerem saudáveis. Isto não somente produz um sentimento de culpa sobre aqueles que não experimentaram as línguas e aqueles a quem Deus não concedeu a cura, mas também cria um sentimento de superioridade, ou orgulho, naqueles que tiveram. Não é uma questão de arrogância da parte de muitos deles, mas antes, uma aparente atitude de piedade para com aqueles que não são tão abençoados. Este é um fruto inevitável da doutrina deles. 7. Outro erro é a sua entrega do auto-controle. Isto é uma parte do falar em línguas (tanto público como privado) e das interpretações de línguas, durante as quais a pessoa simplesmente está (supostamente) “sobrepujada” pelo poder do Espírito e completamente desligada da realidade e fora de controle de si mesma. Isto é também o que caracteriza o assim chamado “cair no Espírito” deles. Mas a entrega da mente é não somente perigosa, é errada. Tal “ser levado” é característico do paganismo, não do Cristianismo (1 Coríntios 12:2). A perda do auto-controle de alguém era precisamente o efeito de possessão demoníaca (1 Coríntios 12:2). Tal falta de auto-controle nunca caracterizou os apóstolos. As línguas faladas eram entendidas pelo locutor para que ele mesmo fosse edificado no processo (1 Coríntios 14:4). Além do mais, Paulo expressamente proibiu este tipo de prática quando disse que “os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas” (1 Coríntios 14:32). Observe bem isto: a pessoa dotada é capaz de controlar seu espírito e o exercício de seus dons, se, realmente, ele tem um dom espiritual verdadeiro. A perca do auto-controle é prova certa de que esta não é uma obra do Espírito Santo. 8. O movimento Carismático também eleva os dons miraculosos. Isto foi uma parte da imaturidade dos crentes de Corinto que Paulo censurou (1 Coríntios 14:20). É uma marca de incredulidade requerer um sinal (Mateus 12:38-39; Lucas 16:1-4; João 4:48). Os dons miraculosos nunca tiveram o objetivo de ser o foco, mas antes, o ministério da Palavra de Deus. 9. A suposição básica do movimento Carismático é errada. O movimento assume que temos um direito, hoje, de ter o que existiu na igreja primitiva. Quem disse? Tal suposição é totalmente carente de suporte –

tanto da Escritura, como da lógica ou história. Não há simplesmente nada para estabelecer a permanência de todos os dons. Como foi mostrado no capítulo 13, sempre tem sido o padrão de Deus dar capacidades miraculosas por um período somente e então removê-las; reivindicar que Ele agora está fazendo de outra forma, carece completamente de fundamento. 10. Finalmente, as doutrinas fundamentais do movimento são antiescriturísticas. Isto é verdadeiro com respeito às línguas e aos outros dons miraculosos, à natureza, o momento e os receptores do Batismo do Espírito, bem como em seu subjetivismo geral e fundamento basicamente centrado no homem. As Línguas Especificamente Já foi demonstrado (capítulo 18) que o dom de línguas não está sendo dado hoje. Mas (por causa do argumento) mesmo se pudesse ser mostrado que as línguas genuínas podem ser experimentadas hoje, muitos problemas ainda permaneciam. Os Problemas Aparte do fato que o dom de línguas não é mais dado, há clara evidência que o que é testemunhado hoje, não pode ser o genuíno dom de línguas. 1. A natureza das línguas modernas difere daquela do dom verdadeiro do Novo Testamento. As línguas das Escrituras eram genuínos idiomas humanos. As línguas de hoje são expressões estáticas, balbucios. Portanto, as línguas de hoje não são o dom verdadeiro do Novo Testamento. Alguns reivindicam, hoje, estar realmente falando em algum idioma estrangeiro, mas esta reivindicação nunca foi provada. Análises lingüísticas de suas expressões, os fatos de que seus sons nunca são diferentes das sílabas do Inglês (habitualmente não mais do que umas poucas sílabas diferentes misturadas de uma forma confusa), e que suas supostas interpretações tão freqüentemente são muito parecidas com o inglês da Bíblia King James e que são freqüentemente meras citações soltas das Escrituras, sim, tudo isso aponta para o fato de que suas “línguas” são mero balbuciar, e não um idioma humano. 2. Os propósitos das línguas modernas são diferentes dos daquele dom verdadeiro do Novo Testamento. O dom de línguas era um sinal público para os incrédulos. O dom de hoje é usado para a adoração privada.

3. O lugar de exercício das línguas modernas é diferente daquele do dom verdadeiro do Novo Testamento. As línguas das Escrituras eram um sinal público para os incrédulos. O dom hoje é usado para adoração privada. 4. A distribuição das línguas modernas é diferente daquela do dom verdadeiro do Novo Testamento. O dom hoje é (supostamente) para ser desfrutado por todos Cristãos, é permitido para mulheres, e todo são instruídos a buscá-lo. As línguas das Escrituras, por outro lado, foram dadas somente para relativamente poucos, as mulheres eram proibidas de usá-la, e ninguém era para buscá-la. 5. A ênfase das línguas modernas é diferente daquela do dom verdadeiro do Novo Testamento. As línguas das Escrituras são de menor importância. O dom hoje é grandemente elevado e enfatizado. 6. As regras para o dom de línguas são ignoradas e violadas pelo “dom” moderno (veja as doze regras do Novo Testamento listadas no capítulo 18). Com todas estas diferenças deslumbradas, é óbvio que o que é experimentado hoje não é o verdadeiro dom de línguas. O Espírito Santo nunca deu uma experiência que é contrária a Sua Palavra. As Alternativas Se as “línguas” de hoje não são o verdadeiro dom, então, o que elas são? 1. Algumas são obviamente satânicas. Tal pode ser facilmente o caso das “línguas” das religiões e cultos pagãos bem como dos óbvios enganadores e impostores dentro do próprio Cristianismo. 2. Algumas delas são uma prática meramente aprendida. Isto certamente aplica-se àqueles que dão instruções sobre como falar em línguas. É verdade, como eles dizem, que “qualquer um pode conseguir”, mas este não é o verdadeiro dom. 3. Algumas delas são causadas pelo próprio estado de uma mente desejosa. São causadas psicologicamente, e não pelo Espírito Santo. Quaisquer que sejam as alternativas, é claro que o fenômeno moderno não é o verdadeiro dom. O genuíno dom não é mais dado, e as “línguas” de hoje quebram todas as regras. Conclusão

A Bíblia, a história e a própria experiência, sim, todas elas, declaram que as práticas do movimento Carismático moderno não são de Deus e seus supostos dons não são genuínos, mas falsificados. Objeção! Neste momento, alguns podem estar estarrecidos, pois, se o movimento tiver tantos erros assim, como alguns têm sido verdadeiramente edificados enquanto nele? Esta é uma justa questão, e a resposta é clara. Não pode haver dúvida de que há muitos dentro do movimento Carismáticos que têm uma fome genuína por uma vida Cristã mais significativa. As línguas e o batismo do Espírito pós-conversão não são a resposta, mas no caminho para a suposta experiência destes, há freqüentemente uma sincera busca do Senhor e leitura de Sua Palavra. Estas coisas são sempre recompensadas, e, portanto, a pessoa é edificada de certa forma a despeito de suas incorretas crenças doutrinais. Isto não significa que a exatidão doutrinal não tenha importância, nem deve alguém assim escusa os erros do movimento; a exatidão doutrinal aumenta a edificação. Isto significa somente que Deus graciosamente recompensa aqueles que sinceramente O buscam em Sua Palavra. Cuidado! Uma palavra de precaução é devida aqui, uma advertência para ambos os lados do assunto. Aqueles que estão dentro do movimento devem ser cuidadosos em basear seus ensinamentos e experiências sobre os ensinamentos da Palavra de Deus, e não devem condenar aqueles que insistem nisso. Todos os sentimentos, experiências, crenças e pensamentos devem ser mantidos em sujeição à autoridade da Escritura . Tal atitude de compromisso com a autoridade da Escritura é raramente encontrada dentro do movimento Carismático. Aqueles de fora do movimento devem do mesmo modo serem cuidadosos para reconhecer que assim como a exatidão da doutrina Bíblica é importante, assim também é uma atitude Bíblica correta. Eles nunca devem soltar sua estrita aderência à Escritura, mas ao mesmo tempo devem ser amáveis. Há muitos no movimento Carismático que são simplesmente analfabetos na verdade da Palavra de Deus com respeito a estas coisas; estas pessoas devem ser especialmente objeto de paciente atenção.

Tradução livre: Felipe Sabino de Araújo Neto Cuiabá-MT, 14 de Fevereiro de 2004

Dons Espirituais por

Fred G. Zaspel Publicado pela Word of Life Baptist Church copyright © 1987, Fred G. Zaspel

Conclusão - Uma Redeclaração & Oração

Uma Revisão A Parte Um deste livro mostrou que os dons espirituais são várias habilidades que Deus dá ao Seu povo para servir o Seu povo (a igreja) efetivamente. A ênfase do Novo Testamento com referência a estes dons é o serviço. Os Cristãos devem servir uns aos outros como resultado de um amor genuíno. Cada crente é privilegiado por ser dotado pelo próprio Deus para este propósito, e para cumprir este propósito cada Cristão é responsável. Esta é a manifestação do próprio Espírito Santo! A Parte Dois discutiu os dons disponíveis à igreja de hoje. Este é o cerne do funcionamento adequado da Igreja do Novo Testamento. Cada membro é uma parte do corpo, colocado ali para servir o corpo inteiro. Alguns destes sons são relativamente despercebidos mas, apesar de tudo, extremamente essências; a igreja sofrerá sem estes dons. Outros dons são mais proeminentes e são dados para o propósito de liderança; sem estes dons a igreja não teria nenhum fundamento ou estrutura, e não poderia permanecer. A Parte Três demonstrou que os dons miraculosos claramente não são para os nossos dias, mas foram dados à igreja primitiva como uma

vindicação dos apóstolos e de sua mensagem. Tê-los hoje não poderia servir o propósito e seria contrário à fé requerida por Deus. Eles serviram para estabelecer a credibilidade da fé então sendo entregue. Nós estamos agora com a firme confiança de que tal fé foi então estabelecida. A Parte Quatro investigou os assuntos relacionados com a discussão dos dons temporários. Os Carismáticos têm feito muitos dos dons miraculosos e trazido para dentro outros falsas doutrinas também. Embora possa haver algum crescimento espiritual entre os Carismáticos, o entendimento deles do livro de Atos e a natureza, extensão e momento do batismo do Espírito está claramente em sério erro. Um comprometimento inabalável com a autoridade das Escrituras resolverá todos estes erros. Uma Oração O assunto dos dons espirituais não é somente um estudo fascinante; é também um assunto de vital importância para a igreja hoje. É minha oração que este livro não somente ajude a clarificar os assuntos envolvidos, mas que também te encoraje a ser ativo e efetivo na oba do Senhor com os seus dons. Tradução livre: Felipe Sabino de Araújo Neto Cuiabá-MT, 11 de Março de 2004

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Fred G. Zaspel Publicado pela Word of Life Baptist Church copyright © 1987, Fred G. Zaspel

Apêndice - 1 Coríntios 13:8-13

A Profecia de 1 Corinthians 13:8-13 Finalmente, em 1 Corinthians 13:8-13, o apóstolo Paulo profetiza que certos dons cessarão: “O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá. Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos. Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor”. Não importa o que possa não estar claro sobre esta passagem, uma coisa está muito clara: certos dons – línguas, profecia e ciência – são ditos ser somente temporários. Eles cessarão. Este é o ponto no contexto: em contraste com o amor, que é eterno, os dons espirituais são temporários. Declarando o Assunto A questão, certamente, é: quando? Resposta: “quando vier o que é perfeito” (verso 10). A próxima questão, então, é, o que é “o perfeito”, e quando ele veio ou virá? Virtualmente todos os Carismáticos concordam que isto é uma referência à segunda vinda de Cristo e assim, reivindica que estes dos mencionados aqui continuarão até então. Muitos outros crêem o mesmo. Ainda outros entendem ser isto uma referência ao estado eterno, morte, céu, Escritura, ou a igreja madura. O Contexto Antes que uma passagem possa ser interpretada, o seu contexto deve ser entendido. Paulo está tratando aqui com o assunto dos dons espirituais de forma geral, e com o dom de línguas especificamente. Ele começou esta discussão no capítulo 12, e tudo relativo a este ponto é construído para tratar com o problema na igreja em Corinto – não dos dons espirituais em geral, mas do dom de línguas especificamente (veja 1 Coríntios 14). Com isto em mente, Paulo escreve este belo tratado sobre o amor (1 Coríntios 13; ver também o capitulo 10 deste livro). O amor, ele diz, deve ser o contexto do exercício dos dons, e o amor deve ser o seu motivo e objetivo. Em resumo, o amor é superior aos dons.

Ele faz este ponto de superioridade do amor mostrando que o amor é eterno. Mas os dons são somente temporários. O amor dura para sempre; os dons não. Este é o ponto que ele desenvolve nos versos 813. Nos versos 8-10, ele simplesmente declara o seu caso, que estes dons não permanecerão indefinidamente, mas serão substituídos por algo melhor, algo mais completo (“perfeito”). Nos versos 11-12, ele explica sua declaração com duas ilustrações: 1) infância versus maturidade (verso 11), e 2) vendo através de um espelho misterioso versus vendo claramente (verso 12). Finalmente, ele conclui com uma declaração sumária no verso 13. Exposição Nos versos 8-9 Paulo declara a natureza temporal de três dons espirituais: profecia, ciência e línguas. “Havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá” "Profecia" significa simplesmente proclamar. O dom de profecia não se refere somente à capacidade de predizer o futuro, embora isto tenha sido uma parte do dom. Nem significa meramente a capacidade de pregar. Um profeta (alguém que profetiza) era alguém que recebia e assim proclamava uma nova revelação de Deus. A revelação poderia estar focalizada no passado, presente, futuro ou simplesmente em assuntos de doutrina ou vida. Não importa qual fosse o assunto exato de uma profecia dada, ela era uma verdade revelada diretamente de Deus, uma expressão “inspirada”. Isto é evidente à partir de 1 Coríntios 14:2930, que declara que o profeta fala o que lhe foi revelado. (Isto será desenvolvido mais completamente no capítulo 15). O dom de “conhecimento” [NT: “ciência” em algumas versões] foi um dom revelatório também. Deus revelava diretamente alguma verdade a uma pessoa com este dom, e lhe daria um conhecimento especial de algum assunto. Muitos consideram este dom como meramente a capacidade de entender a verdade como ela é revelada na Escritura, mas isto não faz justiça com o restante da passagem. Paulo diz que o conhecimento “desaparecerá” e, certamente, conhecimento neste sentido nunca desaparecerá. Claramente, Paulo está falando de um tipo especial de conhecimento, o dom de conhecimento, conhecimento revelatório. (Para um desenvolvimento adicional, ver capítulo 16). O dom de “línguas” é a capacidade sobrenatural de falar numa língua estrangeira que não é previamente conhecida ou estudada pelo locutor (ver capítulo 18 para uma discussão detalhada).

Dois destes dons (profecia e conhecimento) recebem menção novamente nos versos 9-10 e são descritos como “parciais”. “Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos”. A frase “em parte” (ek merous) significa “parcialmente, pouco a pouco”. Isto se refere aos dons de profecia e conhecimento como fragmentados, parciais, em contraste com “o que é completo (perfeito)”. Naquele tempo, a revelação vinha aos poucos e de vez em quando. Quando um profeta ou homem com o dom de conhecimento falava, o povo recebia a revelação de Deus “em parte”; pela natureza disto, ela não era um acervo completo da verdade, Aqueles dons eram importantes e serviam um propósito vital, mas ainda eram incompletos. Era uma revelação incompleta. Paulo diz que estes dois dons (profecia e conhecimento) seriam “abolidos” ( katargeo , verso 8). O verbo grego ( katargeo ) traduzido nesta passagem por “aniquilar”, “passar” (verso 8), “desaparecer” (verso 10), e “deixar para trás” (verso 11), significa “abolir, fazer inoperante ou inválido, ou ab-rogar”. Nos versos 8 e 11 ele está no sentido futuro e na voz passiva, o que significa que os seus sujeitos (profecia e conhecimento) serão num dado momento influenciados de forma que serão considerados inúteis. Especificamente, a chegada do “perfeito” abolirá os dons de profecia e conhecimento. As línguas, por outro lado, Paulo diz, “cessarão” ( pauo , verso 8). O verbo grego pauo indica algo um pouco diferente de katargeo . Antes do que “serem abolidas” (como a profecia e o conhecimento), as línguas simplesmente “pararão”. Além do mais, ele está na voz média, a qual difere da passiva, na qual o sujeito não está sendo influenciado, mas participa na ação do verbo. O significa, então, é, “parar, para por si mesmos”. Para parafrasear de outra forma, “elas desaparecerão”. Enquanto a profecia e o conhecimento serão feitos inoperantes pela chegada do “perfeito”, as línguas simplesmente expirarão totalmente por si mesmas. A gramática aqui é importante, porque ajuda a identificar o tempo da cessação daqueles dons. A indicação é que línguas cessarão antes da chegada do “perfeito”, que abole a profecia e o conhecimento. Se, por exemplo, durante uma prova cronometrada, um professor que conhece bem os seus estudantes, disser “Jack e Rick pararão, mas Carmen continuará”, o significa é claro: Carmen completará a prova antes do tempo expirar, enquanto Jack e Rick correrão antes do tempo se esgotar, antes do término da prova. Isto é o que Paulo indica nesta passagem concernente ao dom de línguas: profecia e conhecimento serão abolidos pela chegada do “perfeito”, mas as línguas pararão por si mesmas. Isto é o porque os

versos 9-10 não fazem menção das línguas de forma alguma. Estes versos não dizem que as línguas serão abolidas pelo “perfeito” (literalmente, “o que é completo”), mas que os dons de profecia e conhecimento, que são “parciais”, serão abolidos pela chegada do “completo”. O dom de línguas já terá parado. A idéia dos versos 8-10, então, é que as línguas num dado momento irão “parar”, e mais tarde, quando esta “coisa completa” chegar, fará com que a profecia e conhecimento fiquem inoperantes. A questão restante é, o que é “o que é perfeito” ( to teleion , verso 10)? Esta frase é entendida de várias formas por intérpretes diferentes. Sugestões incluem a segunda vinda de Cristo, o estado eterno, céu, escritura e a igreja madura. Literalmente, a frase é lida “o completo” ou “a coisa completa”. A idéia parece ser que, porque esta coisa que virá é “completa”, estes outros dons, sendo “parciais”, se tornarão obsoletos. As coisas parciais não são necessárias na presença da perfeição. A questão, então, é estreitada um pouco. “O perfeito” permanece em contraste com “o parcial”. Visto que “o parcial” é obviamente uma referência à uma revelação parcial, “o completo” deve estar mais do que naturalmente se referindo à completa revelação. Parece ser mais fácil tomar esta “coisa completa” como uma referência à Escritura em sua forma completa, a revelação completa/cânon da Escritura. Pela natureza disto, quando a revelação completa de Deus veio (Escritura), a profecia e o conhecimento não eram mais necessários; elas se tornaram obsoletos. Muitas considerações suportam esta interpretação. Primeiro, a palavra grega teleion (“perfeito”) sugere o fim de um processo completado, o alcance de um alto estágio de desenvolvimento, maturidade. Não é de forma alguma “perfeito” no sentido de “sem falhas”, mas no sentido de completo, ou maduro. É consistentemente usado desta forma com referência à maturidade Cristã (por exemplo, 1 Coríntios 14:20, “homens”), e com referência à igreja madura. Que este é o significado no verso 10 é claro a partir da ilustração do verso 11, que fala de um processo de crescimento da infância à maioridade. A menos que esta passagem seja a única exceção, o termo teleion (“perfeito”) nunca é usado na Escritura com referência à qualquer uma das visões alternativas. Dado o fato de que ele aparece no gênero neutro, seria muito difícil vê-lo como uma referência ao retorno de Jesus Cristo, onde o masculino seria esperado. A palavra é, contudo, usada com referência à Escritura (em sua forma adjetival em Tiago 1:25, “a perfeita lei da liberdade”).

Um paralelo exato a esta interpretação desta passagem é visto em Efésios 4:12 e versos seguintes, que falam da igreja (“homem perfeito”) sendo trazida ao estado completou ou maturidade pela Escritura ministrada pelos homens dotados para esse fim. O mesmo é visto em Efésios 2:20-22 e, em efeito, em 2 Timóteo 3:16-17. Assim, esta interpretação parecer ser a melhor para se adequar com o entendimento normal de to teleion (“o que é perfeito”). Em segundo lugar, os dons revelatórios (tais como profecia e conhecimento) não estão mais presentes na igreja, pelas razões declaradas acima e detalhadas no capítulo 15 e 16. Se estes dons se foram, então, o que os aboliu (“o perfeito ou coisa completa”) deve, pela natureza do caso, já ter vindo. Um fato controlador na definição de “o completo”, então, é que estes dons dos quais é dito serem abolidos, não estão mais na igreja. Esta fato demanda que “o perfeito” (o qual é dito ser o que destrói estes dons) deve agora ser passado, não futuro (isto é, ele já veio). Oponentes à esta visão entendem a força deste raciocínio e, assim, redifinem os dons fazendo-lhes algo menos do que revelatórios na natureza. Contudo (como mencionado previamente), definir profecia e conhecimento como algo menos do que revelatório não somente é gratuito e impossível de se demonstrar exegeticamente, como é uma lógica suicida também! Se, como a interpretação deles demanda, o dom de conhecimento significa somente um grande entendimento da verdade da Escritura, então, em que sentido devemos entender que este tipo de entendimento será abolido (verso 10)? Além do mais (para pular adiante na passagem um pouco), a abolição daquele tipo de conhecimento contradiz o próprio ponto que estes intérpretes tentam estabelecer a partir do verso 12, quando eles falam da perfeição pessoal e do gigantesco acréscimo de conhecimento experimentado no céu! No céu aquele tipo de conhecimento será infinitamente aumentado! É logicamente impossível definir o dom de conhecimento como simplesmente o acréscimo Cristão de conhecimento da Divina Verdade e, então, falar dele como sendo abolido! O problema é inescapável. (Para uma discussão adicional da natureza e desaparecimento do dom de profecia, veja o capítulo 15 deste livro). Em outras palavras, a interpretação preferida desta passagem deve dar satisfações à abolição do “conhecimento”. O único modo lógico de dar satisfações a isto, é afirmar que o que é dito, o é sobre o conhecimento revelatório e que este foi abolido com a chegada da revelação completa da Escritura.

Em terceiro lugar, a verdade desta interpretação é indubitável; isto é, que os dons revelatórios (tais como conhecimento e profecia) são inúteis precisamente por causa da chegada da Palavra escrita, não pode ser negado. Em quarto lugar, como previamente observado, o contraste envolvido é claramente um de revelação. O teleion é o oposto de profecia parcial, revelação fragmentada. É o conhecimento completo que torna obsoleto o conhecimento parcial, assim como o aspirador de pó tornou obsoleto os velhos espanadores de tapetes, carros e carroças. Os dons de profecia e conhecimento foram temporais e parciais em natureza, e devem se tornar obsoletos por uma revelação completa. Este é o contraste que Paulo traça nestes versos. Ele está falando de revelação parcial, uma verdade parcial se tornando obsoleta; porque para o contraste fazer qualquer sentido, seja qual for, to teleion deve se referir ao estar completo no mesmo sentido como de "o perfeito". Visto que os dons de profecia e conhecimento se focam, pela própria natureza deles, na verdade divina, assim deve fazer o teleion. Sem isto, o contraste está destruído! Interpretar "o perfeito" como céu ou a segunda vinda ou glorificação é introduzir uma terceira idéia na discussão. Paulo está falando da completa revelação de Deus. Este crescimento a partir de uma palavra parcial da parte Deus para uma Palavra completa de Deus é o processo que um dia seria completado (versos 10-11). Possuindo a completa Palavra de Deus, aqueles dons revelatórios, parciais, seriam como briquedos de criança (verso 11). A completa revelação é o pensamento do verso 12 também. Concordamos que a imagem de "face a face" parece retratrar vividamente a experiência do crente no céu depois da morte ou da segunda vinda, ou no estado eterno. Mas esta imagem deve ser considerada no contexto. Simplesmente não há razão para assumir que Paulo está falando do céu. Ele alcançou a conclusão de seu argumento crescimento a partir de uma revelação parcial para uma revelação completa; o "agora" e o "então", o "face a face", e o "conhecerei como também sou conhecido" devem ser entendidos neste contexto. Paulo está falando de revelação; a idéia de glorificação em parte alguma de encaixa nesta passagem! A idéia de completação Cristã no céu é completamente estranha à linha de raciocínio aqui. A asserção feita por muitos de que é evidente a partir da linguagem do verso 12 que o contexto é céu faz-se de desentendida, e está procurando interpretar a passagem pelas figuras do verso 12 ao invés de determinar o significado destas figuras à luz da passagem. Isto viola uma regra fundamental da hermenêutica.

Além do mais, se vendo "através de um espelho em enigma" é linguagem figurativa (e certamente o é), assim deve ser vendo "face a face". Demandar destas palavras uma visão literal de Cristo ou de um perfeito conhecimento no sentido absoluto, enquanto permitindo um entendimento metafórico, figurativo, da primeira parte da declaração, é obviamente inconsistente Paulo está dizendo que com estas revelações parciais somente, o homem recebe somente um retrato parcial de si mesmo, como se vendo "através de um espelho em enigma". Mas com a Palavra completa de Deus, é como ver "face a face" e conhecer "como também sou conhecido", porque somente então ele poderá ver completamente os propósitos de Deus para ele, o que Deus requer dele, e o que Deus diz sobre ele. Isto é possível somente com uma real exposição ("face a face") da Palavra "completa" de Deus, a qual a "parcial" profecia e conhecimento não podem oferecer. O contraste, então, não é tão grande como possa parecer para alguns à princípio. Paulo não está dizendo que embora tenhamos um conhecimento imperfeito, um dia receberemos um conhecimento perfeito. Nenhum Cristão jamais terá perfeito conhecimento, nem Paulo está dizendo que alguém terá. Novamente, este pensamento é estranho à linha de raciocínio. Ele está meramente dizendo que a exposição da revelação completa dará muito mais ao crente do que ele poderia ter de outra forma. Assim, o verso 12 sumariza o porque aqueles dons revelatórios devem terminar; eles eram obscuros [em enigma], turvos, em comparação coom a claridade da final e completa verdade, a Palavra de Deus. Finalmente, a declaração conclusiva do verso 13 clarifica o assunto ainda mais. "Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor”. Note o "agora", "agora" como um assunto de tempo (grego, nuni não de). Quando? Agora - esta presente era. Estas coisas (fé, esperança, amor) permanecem agora, embora aqueles dons tenham desaparecido. Este é o um lugar onde todas as outras alternativas caem em inevitável contradição. Se o céu ou o estado eterno está em visão, então Paulo deve ser entendido no verso 13 como dizendo "quando chegarmos ao céu, não precisaremos mais destes dons, nós teremos fé, esperança e amor". Isto é absolutamente impossível. "Fé é a substância das coisas que se esperam, a evidência das coisas que se não vêem". O Cristão agora anda "por fé e não por vista", porque ele não está ainda presente com o Senhor. Mas quando ele O ver, a fé não será mais necessária, nem a esperança. "A esperança que se vê não é esperança", diz Paulo

(Hebreus 11:3, 2 Coríntios 5:7, Romanos 8:24). A suposição fundamental destas declarações é que com vista, a esperança e a fé não mais existirão. A fé e a esperanã não são uma parte da experiência do Cristão no céu, ou Paulo e o escritor aos Hebreus estavam errados naquelas declarações. Mas "agora", embora aqueles dons previamente mencionados estejam ausentes, a fé, esperança e o amor permanecem. O Cristão agoar tem fé e esperança, esperando pelo dia quando eles serão trocados pela visão na presença de seu Senhor. Uma menção deve ser feita neste ponto concernente à interpretação que equaciona "o perfeito" com a "igreja madura", antes do que com a Escritura. Esta interpretação, que é sustentada por um número crescente de não-carismáticos, se ajusta com a idéia de teleion muito bem, e pode estar envolvida, mas somente por implicação. O problema com ela é que é também uma terceira idéia trazida à discussão. O assunto da discussão é revelação (os dons de conhecimento & profecia), e assim, para que o contraste seja paralelo (veros 10), teleion deve ter a ver com revelação também. De outra forma o contraste/paralelo é destuído. O contraste não é uma igreja "parcial" versus uma "igreja madura" mas, antes, uma revelação "parcial" versus uma revelação "completa". Se nos aproximamos do verso 11 com a idéia do amadurecimento da igreja em mente, isto se encaixa muito bem, mas novamente, não há nada no próprio texto/contexto que nos leve nesta direção. Certamente a revelação completa trouxe a igreja à maturidade (conforme Efésios 2:20-22; 4:12-13 e versos seguintes; 2 Timóteo 3:1617), mas o foco de teleion parece antes ser a revelação especificamente. Muitos objetam que o neutro (“o que é perfeito”, ou “a coisa perfeita”) não pode ser uma referência à “Escritura”, que é um substantivo feminino. Mas esta objeção pode ser levantada contra todas as interpretações, porque ecclesia (igreja) e as várias palavras para a segunda vinda ( apokalupsis , epiphaneia, parousia ) são todas substantivos femininos também, e “céu” é masculino. Nem pode o neutro ser uma referência a Jesus Cristo. Em nenhuma parte na Escritura o neutro teleion refere-se seja à igreja, às Escrituras, à segunda vinda de Cristo, ao próprio Cristo ou ao céu. Assim, a objeção permanece contra todas as posições igualmente. Contudo, não há necessidade gramatical do feminino se usado sobre a Escritura ( graphe ), se este substantivo ( graphe ) não estiver na passagem. O neutro se ajusta à idéia de revelação muito bem. Não é impossível para um substantivo não mencionado diferir em gênero com o seu pronome. Além do mais, teleion , em sua forma adjetival, é usado com referência à Escritura em Tiago 1:25. Assim, há alguma garantia/precedente para esta

interpretação, cujo precedente não pode ser reivindicado pelas outras posições. Conclusão 1 Coríntios 13:8-13 profetiza que com a completa revelação (Escritura), os dons de conhecimento e profecia seriam abolidos, e que antes disso, as línguas se extinguiriam. Esta passagem, então, é uma clara declaração do caráter temporal de alguns dons. Especificamente, os dons de profecia, línguas e conhecimento desapareceram da igreja aproximadamente no fim do primeiro século. Sumário & Conclusão O propósito deste capítulo foi estabelecer o fato dos dons temporários. A evidência da Escritura corre junto com pelo menos oito linhas de pensamento. Que alguns dons foram dados somente temporariamente é evidente em virtude de: 1) As Qualificações para o apostolado 2) A Natureza de Certos Dons Dons de Fundamento Dons Revelatórios 3) O Padrão dos Milagres Bíblicos 4) O Propósito dos Dons Miraculosos 5) O Testemunho da História Bíblica 6) O Testemunho da Experiência Diária 7) A Promessa de Cristo 8) A Profecia de 1 Coríntios 13:8-13 É o claro ensino da Escritura que certos dons nunca foram pretendidos ser permanentes na vida da igreja. Eles foram somente para aquela fase fundacional, o estágio de infância da igreja. Retornar a eles, então, seria um retorno à infância (1 Coríntios 13:11). Os Cristãos hoje são muito mais abençoados. Eles não necessitam retornar àquelas revelações, mas

à uma nova e honesta confrontação (“face a face”) com a Escritura, o guia todo suficiente para fé e prática. Tradução livre: Felipe Sabino de Araújo Neto Cuiabá-MT, 15 de Março de 2004

Dons Espirituais por

Fred G. Zaspel Word Of Life Baptist Church Web Site - COPYRIGHT 1996 Fred Zaspel

Conteúdo Capítulo 01 - A Definição de Dom Espiritual Capítulo 02 - A Diversidade de Dons Espirituais Capítulo 03 - A Distribuição dos Dons Espirituais Capítulo 04 - As Divisões dos Dons Espirituais Capítulo 05 - O Desígnio dos Dons Espirituais

Capítulo 06 - Os Graus dos Dons Espirituais Capítulo 07 - A Duração dos Dons Espirituais Capítulo 08 - A Descoberta dos Dons Espirituais Capítulo 09 - A Demonstração dos Dons Espirituais Capítulo 10 - Os Dons Espirituais e o AMOR Capítulo 11 - Cinco Dons Despercebidos Capítulo 12 - Servindo e Liderando Capítulo 13 - O que Aconteceu com os Dons Miraculosos? Capítulo 14 - Apostolado Capítulo 15 - Profetas & Profecia Capítulo 16 - Três Dons Obscuros Capítulo 17 - Dons de Milagres e Curas Hoje? Capítulo 18 - O Dom de Línguas Capítulo 19 - Pentecoste, Batismo do Espírito e o Movimento Carismático Capítulo 20 - O Movimento Carismático & O Livro de Atos Capítulo 21 - Uma Questão de Autoridade: Escritura Versus Experiência Capítulo 22 - O Movimento Carismático Hoje: Uma Avaliação Bíblica Conclusão - Revisão & Oração Apêndice - 1 Coríntios 13:8-13

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