Jesus vem para Sua Esposa
A Bíblia encerra suas páginas com o maior chamado de amor de Jesus à sua Igreja. O convite a entrar numa relação matrimonial com Ele. Jesus tem se revelado, através das eras, como Salvador, como Curador, como Provedor, como Libertador e assim, de tantas maneiras. Mas, a sua última manifestação é a de "Esposo". Deus está preparando as bodas do Cordeiro. Ele mesmo chama "bemaventurados" a todos os convidados para esta grande celebração. Entretanto, há uma benção maior do que esta: ser "a esposa". O Espírito e a esposa dizem: Vem. E quem ouve diga: Vem. E quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida. Apocalipse 22: 17 - SBTB Há uns que são convidados e outros os que contrairão núpcias. No corpo de Cristo, há diferentes níveis de relação com o Senhor. O primeiro é o nível de filho. Os filhos buscam a Deus como Pai. Querem sentar-se em Seu colo, sentir Suas carícias amorosas; mas, sobretudo, os filhos se interessam pela herança. Os que tem este nível de relação passeiam pelo mundo sentindo-se os filhos do grande Rei. Eles buscam os favores de Seu Pai e sabem que são linhagem escolhida e sacerdócio real (I Pedro 2: 9; Apocalipse 1: 6). Quando se prega sobre herança dos santos, ou a posse da terra, os filhos transbordam de gozo porque são filhos e, portanto, herdeiros.
O segundo é o nível de servo. Os servos são humildes, serviçais, fiéis e, em seu coração, anelam o dia em que receberão os galardões. Eles sonham com a coroa de justiça, com a coroada vida, com a voz do Pai, um dia dizendo: "... Bem está servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre o muito te colocarei." (Mateus 25: 21). Estes gostam de ocupar posições onde possam influenciar muitas pessoas. A maioria deles deseja ser achada digna da fama que Deus outorga. Ainda que esses níveis de relação sejam maravilhosos, há um que é maior. E este é o nível da Esposa do Cordeiro. Os apóstolos de Jesus O seguiram por razões diferentes: Uns, porque se maravilhavam com os milagres e outros, porque estavam buscando posições no Reino, o assentar-se à direita ou à esquerda de Jesus (cf. Marcos 10: 35-45). Mas somente um, João, seguiu o Mestre como "Seu Amado". Aquele que é a Esposa não está buscando a herança, nem galardão, nem posições, nem fama. Ela O quer, está profundamente enamorada dEle e fará o que for por Seu Amado. Irá aonde quer que Ele vá. A esposa está unida ao Espírito Santo (veja Apocalipse 22: 17) e juntos tem um clamor que não os deixa nem de dia e nem de noite. A única coisa que quer é estar com Ele, olhar Seus olhos e perder-se por horas inteiras no frescor e na intensidade do Seu olhar. Seu grito e seu clamor são um contínuo "Vem!". Ela levanta de madrugada e não pode começar o dia sem senti-Lo ao seu lado. Seus primeiros pensamentos estão nEle e em ninguém mais. Seu coração transborda com música de amor por seu Amado. Ainda nem bem despertou e já está banhada de Sua presença gloriosa. Seus lábios estão cheios de Seu nome: Jesus, Jesus, Jesus! Há tanta plenitude nesse nome que não pode deixar de pronunciá-Lo. É ungüento derramado sobre todo o seu ser. É o ar que ela respira, é a única bebida que a sacia. Ouvir o nome de Jesus, ouvi-Lo ressoar em seu interior, enquanto Ele a enche de bens e acaricia com beijos de Sua boca, é seu primordial deleite. Seus beijos são o alento de vida que une os dois espíritos. É quando as palavras já são insuficientes e a única coisa que eles desejam é fundir-se um com o outro. Este é o clamor dEle: ... como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti. Que eles também sejam um ém nós, ... João 17: 21 - SBTB E eis o dela: Beije-me ele com os beijos da sua boca; pois melhor é o seu amor do que o vinho (...) Leva-me tu, correremos após ti. O rei me introduziu nas suas recâmaras...
Cantares 1: 2 e 4 Quando Ele a beija, o coração da noiva parece explodir de gozo inefável, e o beijo dela inunda os céus de um aroma delicioso. Numa ocasião, enquanto adorava e sentia "esses beijos" da boca do Senhor; Ele me levou, em espírito, aos céus. Estando ali, vi Jesus assentado em Seu trono e, ao redor dEle, a mais magnífica adoração celestial. Havia miríades de anjos entoando cânticos belíssimos. Algun voavam ao redor fazendo giros e piruetas numa dança cheia de harmonia e perfeição, enquanto a glória radiava por cima do trono produzindo uns reflexos de luz que os deixava sem fala. Eu me encontrava perto do trono, a uma distância em que facilmente podia ver o rosto de Jesus. Ele deleitava-se com a adoração, mas seus olhos denotavam insastifação. Sua presença era reverendíssima, não se podia interromper sob nenhuma circunstância. Assim, permameci em silêncio obeservando tudo deditamente. Ao olhar seu rosto, senti um grande desânimo ao pensar que se aquela adoração não O satisfazia, que esperança eu tinha de que meus pobres cânticos O deleitassem? De repente, aconteceu algo. O rosto de Jesus começou a transformar-Se e a encher-Se de uma luz gloriosíssima. Inclinou-Se ficando assentado, apenas na borda do trono, como se algo importantíssimo estivesse para acontecer. Então, levantou os braços e fez um sinal ordenando a todos os anjos que guardassem silêncio. Naquele instante todos se calaram. Eu não me atrevia, sequer, respirar. Tudo fico estático numa ordem das mais solenes. Os anjos que dançavam foram para as laterais, e se via, sob o trono, um piso de pedra com um azum muito profundo e exuberante. No meio deste, começou a surgir um filete de fumaça que subia até tocar o rosto de Jesus. Ele começou a cheirar e todo lugar se encheu de uma fragrância deliciosa. Enquanto desfrutava daquele delicioso perfume, seu rosto se enchia de alegria e irradiava mais intensamente. Foi naquele momento que Ele se voltou e olhou para onde eu estava. Seu olha encontrou-Se com o meu e senti que me transpassava com um amor maravilhoso. Então, me disse: "Isso é o que enche de plenitude meu coração, a verdadeira e sincera adoração de minha amada." Voltei da visão com um profundo sentimento de gratidão, ao pensar que não somos nada, em comparação ao que Ele é. E mesmo assim, o Senhor Se deleita bastante com o nosso amor e com nossa adoração. Nas igrejas e nos congressos aonde Deus me leva, observo muitas vezes as pessoas quando chega o momento adorar. Tristemente, a grande maioria somente canta para preencher o momento, mas suas mentes e seus corações não estão com Ele. No entanto, entre elas há um remanescente cuja voz transpassa o teto e chega até os próprios céus. Esse remanescente é a Esposa do Cordeiro que está buscando esse beijo, essa união de substâncias, no profundo
do Espírito, que é onde se toca e se bebe da vida. " ... Quem tem sede, venha..." (Apocalípse 22: 17). Ela sempre tem sede dEle. O dia que não O vê, face a face (porque é concedido a amada ver seu rosto), ou que, por alguma razão, Sua voz não é ouvida, ela sente-se incompleta, pois a essência vital de seu ser fez-se ausente, e ela sai para buscá-Lo com grande veemência. A Esposa não se deterá diante de nada, irá se expor ao perigo, se for necessário; correrá de dia e de noite. Sacudirá os céus com o seu clamor. Não se dará por vencida. Ela provou da água do amor matrimonial, e já não pode viver sem Ele. Eu abri ao meu Amado, mas já o meu Amado se tinha retirado, e se tinha ido; a minha alma se derreteu quando antes Ele me falou; busquei-o e não o achei. Chameio-o, mas Ele não me respondeu. Acharam-me os guardos que rondavam pela cidade. Espancaram-me e me feriram; tiraram-me o manto os guardas dos muros. Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém, se achardes o meu amado, que lhe digais que estou enferma de amor. Cantares 5: 6-8 É à Esposa que são revelados os segredos íntimos do Esposo. É a ela, para quem Ele abre o seu coração afim de dar-lhe partes suas que não podem ser dadas a servos, nem a filhos. Somente a ela. Há um amor que vem de Deus, que não é o amor de Pai, nem o de Amigo, nem o de Mestre. É um amor passional. É um amor o qual é fogo líquido que corre pelas veias. É um amor que incendeia o espírito e envolve você em uma brasa que lhe transporta a lugares nEle, reservados somente para a Esposa. Esse amor busca possuir tudo. Não se conforma com fragmentos de amor, quer tudo. Fará o que for para derrubar todo obstáculo que se interponha entre Ele e Sua amada. É como um rio turbulento que ninguém pode deter. Arrasa e derruba sem piedade tudo o que o separa de seu grande amor. Este tipo de amor, inevitavelmente, destrói, despedaça o ego, inimigo mortal do amor. Levanta-se como leão enfurecido contra fortalezas do medo, com as quais o homem autoprotege seu coração para amar com reservas. ... Aquele que teme não é aperfeiçoado em amor. I João 4:18
Este tipo de amor não admite um compromisso pela metade, nem corações cautelosos para entregar-se. Fará em pedaços a arrogância e a autosuficiência. Demandará tudo de si para derramar-se totalmente em você. Passará muitas vezes por cima da prudência, pondo em vergonha o farisaísmo e a religiosidade. Este tipo de amor não respeita os formalismos, nem as estruturas dos homens. É o mesmo Jesus que foi visto libertando e curando no dia de descanso sem se importar com os protocolos da lei. Porque a essência de toda lei é o amor, e este é antes das regras. É o maior de todos os atributos de Deus. É mais alto que a justiça, que a sabedoria e a própria lei. O amor matrimonial de Deus é como um fogo consumidor que o levará por vezes a lugares terríveis, onde a alma limitada do homem se enche de vertigem ao ver até aonde o amor de Deus é capaz de se entregar. É, então, quando o Amado lhe faz a pergunta: "Você me seguirá até aonde eu for? Verdadeiramente me ama de tal maneira, que queira tornar-se um comigo em tudo o que sou e nos mais profundos níveis de meu amor?" "Assim, é como eu amo", diz o Senhor que acrescenta: "Eu coloco todos os dias meu coração aberto e sem reservas nas mãos de cada ser humano, e todos os dias os homens me fazem em pedaços. No dia seguinte, não lhes dou menos de mim, mas volto a colocar tudo, exposto, sem reservas e sem limites para que torne a ser despedaçado. E enquanto me apunhalam, dia após dia, nos céus, retumba a minha voz: '... Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem'!" Lucas 23: 34 O homem racional tem pavor de amar, porque amar custa tudo, já que o amor e a dor estão intrinsecamente unidos. A que é verdadeiramente a Esposa do Cordeiro, irá segui-Lo até aonde Ele for. Não questiona, somente O segue. Confia plenamente nEle, e ainda que Ele a leve até à própria morte, ela continuará confiando nEle, pois O conhece íntima e profundamente. E a morte para ela é sua vitória final porque a unirá intimamente e, para sempre ao seu Amado. Numa ocasião, na qual o Senhor preparava meu coração para as tremendas provas que se aproximavam de minha vida, Ele trouxe um sonho que me sacudiu até as fibras mais sensíveis de meu coração. Encontrava-me voando no espaço sideral. Nosso planeta era visto pequeno à distância. Então, vi um enorme revólver de prata, de cano curto, mas muito poderoso. Naquele momento, começaram a sair umas balas de prata que lentamente projetavam-se uma atrás da outra e se aproximavam da Terra. Como numa aproximação de câmera fotográfica, meu espírito penetrou na atmosfera até o ponto em que podia ver, com nitidez, as pessoas no meio de uma cidade. As gigantescas balas começaram a chegar, e os homens saíram todos correndo dispersando-se pelas ruas de várias direções, enquanto gritavam
repetidas vezes: "Não, não queremos!" As balas, então, caíram na terra e se desfaziam. Então, entre a multidão enlouquecida, vi alguns que ficavam quietos e, sorridentes, estendiam as mãos e esperavam que as balas caíssem sobre eles. Quando estas penetravam seus corpos, a prata se transformava em luz, e eram invadidos pelo indescritível resplendor de Deus. Pouco a pouco, começaram a se transfigurar até que a única coisa que se via era a imagem de Jesus. Quando despertei do sonho, perguntei ao Senhor: "O que são essas balas?" Ele respondeu-me: "É meu amor." Então, retruquei: "Teu amor? E por que o identificas com balas?" Ele explicou: "Porque este tipo de amor é um amor que mata. Conhecer as profundezas de meu amor é também conhecer as dimensões mais profundas da dor e entender o preço que significa e custa amar de verdade. Muitos querem somente as minhas bençãos, mas eles não me conhecem, ainda que saibam acerca de mim. Conhecer-me significa penetrar, entender e tornar-se um com tudo o que Eu sou." E concluiu: "Nestes últimos dias, Eu estou escolhendo, dentre meu povo os que serão minha Esposa. Eles são os que têm se crucificado para o mundo e todos os seus desejos são para me seguir. E eu vou me transfigurar neles e minha glória será vista neles, porque Eu honro aos que me honram. O mundo saberá aqueles que me conhecem e me têm visto, e também identificará os que falam só do que têm ouvido e temem mais ao homem do que a mim." O Espírito e a esposa dizem: Vem. E quem ouve, diga: Vem. E quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida. Apocalipse 22: 17 – SBTB
(Do livro "Assentados nos Lugares Celestiais" - Ana Méndez - pág. 129 a 137)