Jardim Das Folhas Sagradas

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Jardim das Folhas Sagradas

 

Trailer do Jardim

 

Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, veja entrevista com a fonoaudióloga, jornalista, e atriz Lia Mara, que faz uma participação muito especial em Jardim das Folhas Sagradas. Mais...

 

 

Entrevista com Lia Mara  

   

 

     

   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jardim das Folhas Sagradas está em fase de finalização. O filme fica pronto em março e a previsão de lançamento é para o segundo semestre de 2009.

Veja entrevista (vídeo) com o antropólogo Raul Lody, roteirista do vídeo Axé do Acarajé e consultor do filme Jardim das Folhas Sagradas.

   

 

   

 

     

Veja entrevista com o diretor Pola Ribeiro

     

 

 

Este ano comemora-se o bi-centenário de Charles Darwin, que esteve na Bahia duas vezes, em 1832 e 1836, durante uma expedição ao redor do mundo no navio inglês HMS Beagle. Mais...

    Pola faz um balanço do processo de realização do filme e fala sobre a estratégia de divulgação montada para o seu primeiro longa-metragem. Mais...

     

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Jardim das Folhas Sagradas

         

Studio Brasil 2008 - Salvador - Bahia - Brasil

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Jardim das Folhas Sagradas

 

  "Osonyin alawo wa, sawure pipé Orisa ewé. Osonyin alawo wa, sawure pipé Orisa ewé" ("Ossain é nosso sacerdote, faça-nos o encanto Que nos traga boa sorte em sua totalidade, Ó orixá das folhas")

 

  Sinopse Uma inovadora e consistente visão das relações a um só tempo comuns e complementares entre o movimento ecológico e o candomblé. Ambientado no contexto de tenso desenvolvimento urbano da mais negra cidade do Brasil, o documentário revela as dificuldades da religião afro-brasileira em enfrentar a dinâmica de uma sociedade de mercado, e se desenvolver no tecido problemático da vida urbana contemporânea, que inflete violentamente sobre os espaços verdes, sagrados para os adeptos do culto. Os ambientalistas baianos toparam com uma visão de mundo onde a natureza é fundamental ('sem folha não há orixá') e, em conseqüência, viram que nenhum discurso sobre a questão ambiental na Bahia pode passar ao largo do candomblé. Sacerdotes e militantes se fortalecem com esse encontro. Os terreiros percebem de imediato que a questão ecológica também pertence a eles. E essa aproximação de uma visão ancestral da natureza, confere originalidade e uma outra consistência ao discurso e à prática ambientalistas na Bahia.

   

 

   

 

   

 

"O que não se registra, o vento leva" (Mãe Stella)   Abordagem "Nas sociedades africanas pré-colonias, de uma maneira geral, não existe distinção entre sociedade e natureza. Tudo está untado, melado, sujo, emporcalhado do sagrado, tudo é natureza. Não há distinção. Até na organização social, na qual o poder político se confunde com o poder emanado do universo sagrado." (Julio Braga) O segredo é um preceito sagrado nos cultos afro-brasileiros, estando associado aos ritos iniciáticos que vão, aos poucos, revelando para os adeptos desse sistema de crenças, a cosmogonia do candomblé. Não abordar o segredo e, ao mesmo tempo, não sonegar a informação. Esse é o desafio! Sempre tendo o cuidado para não revelar os fundamentos secretos do

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Jardim das Folhas Sagradas candomblé, reservados apenas aos iniciados, um dos mais originais aspectos dessa religião. O documentário deve circular entre detalhes do cotidiano e princípios essenciais. A compreensão do mundo em que vivemos. O exercício da tolerância e do entendimento do outro. Solidariedade e comprometimento. Futuro da comunidade e da religião.A consideração ética em relação a tudo isso tem papel decisivo na construção da linguagem e é vital do ponto de vista da própria estrutura da narrativa.

A linguagem do documentário tem como uma das linhas estruturais a utilização da própria forma de expressão e transmissão do candomblé, via orikis (poemas), que mesmo recriados em português mantém características como: frases curtas e cadenciadas, ritmo de acordo coma respiração e o elemento melódico da tonalidade, que segundo Verger é a forma como o conhecimento é transmitido na África. Permeando toda a narrativa, como eixo estrutural, a história de Lívia Ferreira, mãede-santo em formação, que aos vinte e dois anos, faixa preta de karatê (2º Dan), encontra-se no processo de assumir sua casa, sua roça, seu axé. Motivo de "fuxico" para o público interno (também uma forma de aprendizado) e verdadeira preciosidade para o público fora do culto, que vai se confrontar com a motivação, com a ação pré-instalação de uma casa-de-santo. Um terreiro de Iansã, com a representação de todos os orixás. Ilê Axé! Uma biografia se fazendo, buscando uma abordagem sensível e verdadeira, diferenciada mesmo, do tratamento do resto do filme. Enquanto segue os passos de Lívia na formação da sua casa, a câmera respeita o tempo, o segredo, a emoção, e pontua o que é acessível. A história de Lívia, suas lutas, seus desafios. Sacrifícios da liberdade individual, o peso da solidão, a obediência ao seu destino. Tratar a trama com seriedade e carinho, pelo amor com que Lívia encara suas responsabilidades. Ouve e sabe o quanto é grave e severa a não observância dos preceitos. A necessidade de liderar e impor sua autoridade com intensidade total e entrega absoluta, ciente do dever de respeitar com rigor e precisão as tradições. A comunicação de Lívia, o que muda, como age na relação com os seus "filhos". O candomblé reverencia a ancestralidade, o princípio da senioridade, o ensinamento dos mais velhos. Lívia é o contraponto. O saber vem no momento de aprender, na obediência, na hierarquia, no movimento cotidiano em seus mínimos detalhes: o comportamento nos rituais, as formas de servir, de se trajar, de dançar, de comer... "Religião é cultura. A religião estática perecerá. Como sinal dos tempos, não é mais possível a prática da crença Orixá sem reflexões, estudos e entrosamentos.Não podemos ficar confinados no Axé. A tradição somente oral é difícil. Os Olorixá têm que se alfabetizar, adquirir instrução, para não passar pelo dissabor de dizer sim à própria sentença". (Mãe Stella) Necessário avançar na comunicação, entendendo o limite da transmissão de conhecimento baseado estritamente na tradição oral - num mundo intermediado, hoje, pela mídia. Novas formas de preservação do saber, onde a oralidade é gradativamente substituída por instrumentos cada vez mais sofisticados de anotações, gravações mecânicas, e até mesmo leitura informatizada.

"A tradição no candomblé é tão dinâmica quanto a noção de mudança. É como se pudéssemos pensar que alguma coisa fosse capaz de mudar, permanecendo". (Júlio Braga) Contrastes, confrontos e diferenças resultantes da dinâmica da cidade pontuam o roteiro, onde tempos distintos - e espaços diferenciados - convivem , complementam-se e se excluem. A vida religiosa, o contexto urbano, o embate ecológico e a dinâmica social envolvem mundos paralelos suscitando o diálogo, ao mesmo tempo que a estigmatização e o complexo exercício do convívio com essa multifacetada e provocante realidade. É esse painel que, levando em consideração a

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Jardim das Folhas Sagradas tolerância e a convivência como estão postas nos marcos da sociedade local, permite apresentar as tensões entre os distintos pontos de vista dos diversos "atores" do mundo moderno, tematizando um cotidiano que escapa completamente à leitura exotizante e empobrecedora que folcloriza, hoje, a cultura baiana.  

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Jardim das Folhas Sagradas

 

 

Parceiros   - Brisa Restaurante - CEAO - Centro de Estudos Afro-Orientais - UFBa - Infosol - Jorge Portugal - Programa Aprovado! - Kofre

   

 

   

 

- Lava Max Lavanderia Industrial - LM Transportes - Lazzo Matumbi - Physio Pilates - Restaurante Nirá -Atelier Márcia Ganem -Cha-Cha-Dum-Dum

       

-Mina Índia -Didara Design

   

-Goia Lopes

Cultura Afro-Brasileira Órgãos Oficiais

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Jardim das Folhas Sagradas

- Fundação Cultural Palmares - CEAO - Centro de Estudos Afro-Orientais - UFBa - Boletim CEAO - Grupo de Discussão

Terreiros - Ilê Axé Opô Afonjá - Ilê Axé Oxumaré Reportagem Correio da Bahia - 4.jun.2006

- Folhas: Armas sagradas -

Caminhos da cura Filha de Iroco Rito delicado Sem folha não tem vida Senhor das folhas

Websites diversos - Candomblé sem Mistérios - O Mundo dos Orixás - Candomblé Ketu Brasil

 

Ecologia Órgãos Oficiais - Ministério do Meio Ambiente - Agência Nacional de Águas - Ibama - SEMARH - Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos - Gov. da Bahia - CRA - Centro de Recursos Ambientais - Gov. da Bahia

Websites diversos - Grupo Ambientalista da Bahia - Gambá - Recicláveis - Recicloteca.org.br

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Jardim das Folhas Sagradas - Portal do Meio-Ambiente - Ambiente Ecológico - Brasil Sustentável - EcoDebate

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Jardim das Folhas Sagradas

 

8 março 2009

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  Entrevista com Lia Mara  

 

Atriz, jornalista, fonoaudióloga, Lia Mara é muito conhecida e querida entre os artistas baianos, que entregam suas vozes nas competentes mãos dela. No filme Jardim das Folhas Sagradas fez uma participação pra lá de especial. Segundo o diretor Pola Ribeiro foi uma participação das mais importantes. Ela tem o simbólico do personagem. Como ele, Lia quer mudar o mundo". Leia a entrevista com Lia Mara sobre o trabalho dela no longa.

  Como foi feito o convite para sua participação no filme? Pola quando ligou disse que eu ia ler um texto de 2 ou 3 minutos, uma coisa pequena, uma coisa "rapidinha". Mas aí começou um "mergulhinho" na coisa. Eu precisava saber o que levou aquela senhora a dizer o texto e em que contexto. Pra quê e pra quem. Qual a conseqüência. Quais os antecedentes. Um filho sumir, voltar e ela receber bem. Mãe de Santo, ao meu ver tem essa sabedoria, a sabedoria do perdão. Dar acolhimento. Ela sabe que existe maré vazante e maré enchente. Ela sabe que filho vem e vai e ela está de braços abertos para receber passantes e ficantes. Como foi essa aproximação como personagem mesmo, como alguém que faz  parte do candomblé? É um momento no mundo em que a obediência está sendo questionada. A  disciplina  é confundida com  intolerância . Eu acho que disciplina é uma forma  ótima de se ter liberdade de convivência. Existem parâmetros numa  casa de santo. A hierarquia não é baseada na força, mas na crença.

  E por onde começou o processo de preparação para fazer a voz da mãe de santo? A primeira coisa que vi foi que não era uma narração "rapidinha". Eu tinha que assumir um personagem na medida em que assumiria a voz. Tive que envelhecer a voz. E não é fácil fazer isso. Tive que sentir emoção, o ritmo da fala a inflexão. Como iria dizer o texto em Iorubá, procurei um professor de Iorubá para aprender

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Jardim das Folhas Sagradas a pulsação do texto. Contei com a ajuda de Mãe Estela, que conversou uma tarde inteira comigo sobre a propriedade - adequação dos sons e palavras do texto. Eu gravei no mesmo local onde a cena do filme foi feita depois. Embaixo de uma árvore, debaixo de chuvarada. Pensei qual era o significado daquela árvore em nossa ancestralidade. Falei com o Márcio Meirelles, que fez a preparação do elenco do filme. Na horinha de gravar perguntei a Márcio - qual a idade de voz e emoção pra eu dizer "você sumiu". "Ele disse, com aquele jeito de menino, pois é, você mesmo some e quando aparece mãe Estela não fica perguntando, porque você sumiu". Ele me deu um toque e consegui fazer a cena - adequando a emoção e imagem vocal - a partir daquele toque. Síntese - acolhimento. Além das aulas e da conversa com mãe Estela, teve também o figurino de  mãe de santo pra fazer a cena. A segunda pele de um personagem é a roupa. Fui vestida porque para  fazer a voz tem que construir o personagem, estar inserida dentro do momento de vida dele. Uma vez  fui gravar  numa emissora e me deram um paletó para fazer personagem surfista. Me  sentia estranha, dividida. Em cima de um jeito e embaixo de outro. Me  senti mal como se estivesse mascarada. Eu não queria imitar o surfista, o propósito era assumir o surfista. Um outro episódio que aconteceu comigo. Uma  mãe de santo perdeu a voz e me procurou.  Quando ela entrou estava com a roupa de mãe de santo,  enorme. Eu não  conseguia sentir a respiração dela com aquela roupa toda. Precisava tratar  a pessoa, não a mãe de santo. Pedi pra ela vestir roupa de passeio e  não de ritual, e consegui encontrar a razão da perda de voz. Depois  que encontrei a voz orgânica, ela recuperou a voz  como pessoa e voltou a se vestir com a roupa do ritual. Foi muito bonito porque ela recebeu o santo e transitou pela casa com a voz recuperada.  A  liberdade  de expressão preservadas a partir da essência. Ao meu ver o ser humano tem sub-personalidades. A vida é um equilíbrio  delas. Fui procurar meu lado mágico, de mistério, e me vesti como  achava que esse lado de mistério deveria ser . Me vesti baseada nos rituais que tinha assistido. A gente  tem distanciamento artístico mas tem que assumir uma verdade humana. Prefiro acompanhar mente, corpo e fala . O comando é central. A fala é a conseqüência . O maior órgão da fala é o cérebro, bem administrado. Quando você consegue equilibrar a zorra toda é a glória. E é bom ter a parceria de um diretor como Póla, que além de competente é amoroso. Dá a maior força e doçura ao dirigir um filme. No caso, O Jardim das Folhas Sagradas. Folhas Sagradas / Ascom

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Jardim das Folhas Sagradas

 

    Ajude a divulgar o filme Jardim das Folhas Sagradas. Utilize os banners em sites, blogs. Em breve teremos outras peças de divulgação.

 

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Jardim das Folhas Sagradas

         

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Jardim das Folhas Sagradas

 

novembro 2008

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  Chegou a hora!  

 

Prestes a definir a data de lançamento de Jardim das Folhas Sagradas, o cineasta Pola Ribeiro faz um balanço do processo de realização do filme, e fala sobre a estratégia de divulgação montada para o seu primeiro longa-metragem.

Quando Jardim das Folhas Sagradas vai chegar às telas? Em 2009. Vamos definir quem será nosso parceiro na distribuição nos próximos dias e logo teremos uma data. A atividade audiovisual se intensificou, mas o cinema brasileiro passa invisível pelas salas. A comunicação é fraca, conservadora. É restritiva, não atinge as pessoas que deveria atingir. Tenho a responsabilidade de informar e criar nessas pessoas o desejo de ver o filme. Queremos desenvolver uma estratégia de comunicação para o público que não têm o hábito de ir ao cinema. Então, como primeiro passo, quero tocar estas pessoas. Criar através do site, uma camada de interesse que vá se expandindo. O que o público pode esperar do filme? Jardim é um filme de orçamento médio, mas feito com cuidado de produção, uma fotografia linda e coerente com um universo

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Jardim das Folhas Sagradas

Pola e Godi em 2006

diferenciado da cidade, mais ligado aos seus matos do que ao mar. Tem um elenco que aos poucos foi se tornando bem conhecido ao longo dos últimos dois anos. A começar por João Miguel, e muitas revelações e caras novas do Bando de Teatro Olodum. Mas também conta com a participação de veteranos como Sérgio Guedes, Haydil Linhares, Wilson Mello, Lia Mara, Meran Vargens, Harildo Deda e Antonio Godi, que faz o personagem principal, Bonfim, e agrega uma coisa muito forte.

A história com Godi é um processo longo. Meu desejo de tê-lo como protagonista vem desde o primeiro momento em que pensei em fazer o filme. E ele se dôou de maneira extraordinária. Nos permitiu cortar os dreadlocks de seu cabelo, fez um ritual religioso para isso porque entendeu que esse gesto, de fato, iria somar muito para a composição do personagem. O que acabou gerando, inclusive, uma música que o Jorge Papapá fez. Esperamos mostrar um pouco de Salvador e suas contradições entre o tradicional e o moderno, o conhecimento espiritual e a tecnologia material, as fronteiras de pele e os vínculos disso com a espiritualidade. Nesse ponto, acho que vamos trazer alguma novidade por tratar de assuntos pouco tratados, pelo menos em termos de mídias como o cinema e a televisão. As filmagens foram realizadas em 2006. Por que tanto tempo para finalizar este seu primeiro longametragem? Fizemos o esforço de rodar duas longas em quatro meses com a estrutura muito pequena da Studio Brasil. Então foi natural que viesse uma certa ressaca do processo, com acertos de contas, pagamento de passivos. Em novembro (de 2006) acabamos de rodar Jardim e, em janeiro, eu estava dirigindo o Irdeb (Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia). Era uma tarefa nova e inesperada, em um órgão para o qual faltava meta, rumo e projeto. Com isso, passei 2007 sem tocar no filme, apenas decantando e acertando arestas. Retomamos, em 2008, com o processo de montagem e finalização com esse delay de 2007. Mas agora o processo caminha normal, fizemos um teste de audiência no mês de maio, em Brasília, com resultado bem satisfatório. Em seguida, o Estúdio Base finalizou a mixagem de som, fizemos as correções de cor na Teleimage, agora, estamos produzindo as computações gráficas e a Cinecolor trabalha no teste de cópia.

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Jardim das Folhas Sagradas Do ponto de vista da mise-en-scene, da constituição de uma dramaturgia, como você lida com a representação das manifestações afro-religiosas? Trabalhamos com humildade e deferência com o desconhecido. Meu pai falava: enquanto você constrói a casa, é a casa que está fazendo você. Isso quer dizer que o projeto foi sempre se alterando. Sei que identifico, desde o início, uma área de interesse onde claramente há limites. É preciso saber relacionar-se com o segredo. Tenho a consciência de que sou alguém de fora fazendo o filme. Cada vez que eu conhecia um pouco mais de uma coisa, percebia que meu desconhecimento era ainda maior – fosse no roteiro, na ocupação dos espaços para levantar o set, na manipulação dos objetos sagrados, no acesso aos terreiros de diferentes vertentes. Tivemos a missão de congregar, de pedir permissão para as pessoas trabalharem. Sem falar no privilégio de ter colaboradores como Júlio Braga, Raul Lody e diversos técnicos e atores que carregavam elementos, histórias, gestos. A pesquisa não parou quando fomos para o set, o filme foi se enriquecendo de informações. Não foi à toa que partimos para a produção de um documentário sobre o assunto, interprogramas de TV e acumulamos 100 horas de making of. Esperamos passar a dignidade que se estabelece nessa relação. Pedimos agô o tempo inteiro e está chegando a hora de devolver ao público imagens que são a comunicação deste conhecimento.

Harildo Deda Agora, com o filme quase pronto, você pode avaliar se o enredo mudou muito em relação ao argumento inicial? O enredo cresceu muito antes da filmagem. A criação do roteiro foi um processo de escuta. Vários dos diálogos são falas quase que literais dos cidadãos das ruas ou colhidas em terreiros, palestras, entrevistas. Então o roteiro engordou muito e foi para umas quatro horas. Houve o encantamento com a escrita. Depois o roteiro foi enxugado com a consultoria de Orlando Senna, que ajudou a mim e ao roteirista Henrique Andrade a encontrar um foco mais preciso. A partir daí não se alterou muito, já sabíamos qual era a intenção. Algumas seqüências mudaram de posição do primeiro para o segundo corte. Mexemos no quebra-cabeça, na estrutura, mas não no conceito. E, no saldo geral, apenas uma seqüência ficou de fora. João Miguel estourou com vários filmes e prêmios, o elenco do Olodum via Ó Pai Ó estreou com sucesso nos cinemas e emplacou um seriado na Globo. Você considera bom ou ruim o fato de o elenco ter adquirido visibilidade ao longo desses dois anos? Como o ator principal, embora veterano no meio teatral, é um rosto novo na tela, considero essa visibilidade importante. Engrandece, é bacana, não chega a ser um excesso. E o ator principal está resguardado. Rostos conhecidos aproximam, não criam distância. E, no filme, eu diria que cada personagem se sobrepôs ao ator. Aproveito para lembrar também da visibilidade das estrelas da música que estão atuando no elenco de Jardim – Mariene de Castro, Virgínia Rodrigues, Lazzo. A disponibilidade dos atores e demais participantes do elenco me deixa comovido. O elenco ESTÁ no filme, seja na frente ou atrás das câmeras. Os movimentos

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Jardim das Folhas Sagradas organizados ligados ao tema reagiram com uma aceitação bem bacana. Simulamos um 20 de Novembro na Ladeira do Curuzu, reduto do Ilê, e reunimos grupos que tradicionalmente se opõem dentro do movimento negro. Eram duas mil pessoas caminhando, integrantes de vários blocos carnavalescos, como Olodum e Os Negões, de grupos como o MNU (Movimento Negro Unificado) e Unegro. Isso deu solidez ao projeto. Foi aí que percebi que estávamos fazendo um filme maior que a gente.

  Como vai conciliar o cargo de diretor do Irdeb com a tarefa de divulgar Jardim das Folhas Sagradas? Como conciliei em 2008. Estou trafegando em espaços muito próximos, então tenho que ter cuidado. Mas sem boicotar o filme. Minha empresa está finalizando o processo e vamos manter nossas parcerias, mostrar o filme a possíveis novos parceiros. Quero comprovar na prática com Jardim o que prego como gestor público do audiovisual. O mercado é duro, temos que utilizar ao máximo os meios disponíveis. A política pública, o apoio da ABD (Associação Brasileira de Documentaristas), do Conselho Nacional de Cineclubes. Queremos potencializar o apoio dessa associações, que, afinal de contas, estão em todos os estados do país, e trabalhar também com a Abepec (Associação Brasileira das Emissoras Públicas, Educativas e Culturais), a Arpub (Associação das Rádios Públicas) e a Ancine. É um momento de grande exposição, mas cinema, por outro lado, envolve muita gente mesmo e também recursos públicos. Queremos implementar maneiras de dar esse retorno à sociedade, criar a oportunidade de o público ver o filme.

Jardim das Folhas Sagradas / Ascom

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  Axé do Acarajé  

 

   

 

   

 

        Axé do Acarajé documenta o registro do ofício das baianas de acarajé como bem cultural imaterial do Brasil. O documentário mostra o mito, as crenças, a importância econômica para a Bahia da "bola de fogo" - significado da palavra "acarajé" em Iorubá. O acarajé chegou ao Brasil através dos escravos africanos. É um alimento sagrado, oferecido a Iansã, que se popularizou nas ruas de Salvador.  O vídeo, dirigido por Pola Ribeiro, foi uma encomenda da Fundação Palmares. O antropólogo Raul Lody, roteirista do vídeo, participou depois do processo de filmagem de Jardim das Folhas Sagradas. Segundo Pola,a realização de Axé do Acarajé propiciou investir e desenvolver a pesquisa do longa e contribuiu para construir o universo do filme.

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Jardim das Folhas Sagradas

         

Lançamento de Axé do Acarajé, no Dia da Baiana, 25 de novembro, no Senac Pelourinho.  

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Jardim das Folhas Sagradas

 

02 mar 09 - Entrevista com Lia Mara 23 jan 09 - Axé do Acarajé 20 nov 08 - O trailer do Jardim

 

11 nov 08 - Entrevista com Pola Ribeiro. Chegou a hora! 06 mai 08 - Montando o Jardim 04 dez 07 - Romenildo 11 nov 06 - Entrevista com Pola Ribeiro 08 set 06 - Um Dia no Bom Juá 22 ago 06 - Sérgio Guedes e Jairo Uidá não são a mesma pessoa? Bem que poderiam. 20 ago 06 -Quatro Semanas de Filmagens 26 jul 06 - Érico Brás: "Ser negro não é moda"

   

 

   

 

25 jul 06 - Curuzu de olho no cinema 24 jul 06 - Evelin, Ângela e a câmera 'olho' 18 jul 06 - Entrevista com o ator Antonio Godi 03 jul 06 - Caminhada da Liberdade 03 jul 06 - Entrevista com o ator João Miguel

       

20 jun 06 - Dia do Cinema comemorado na Câmara de Vereadores 17 jun 06 - Palestra do antropólogo Cláudio Pereira 16 jun 06 - Cinema, candomblé e folhas 02 jun 06 - Entrevista com Pola Ribeiro 25 mai 06 - Encontro de gerações marca escalação do elenco

         

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Jardim das Folhas Sagradas

         

Studio Brasil 2008 - Salvador - Bahia - Brasil

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Jardim das Folhas Sagradas

 

6 maio 2008

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  Montando Jardim  

 

Responsável pela montagem, Marcos Póvoas virou noites e noites diante do Final Cut, mas está satisfeito com o resultado do primeiro corte do filme

  Depois de algum tempo de recesso, a boa-nova: o primeiro corte de Jardim das Folhas Sagradas está pronto e será exibido nesta terça-feira (6/5), durante um teste de audiência, em Brasília, organizado pela Asacine Produções e pelo Espaço Caixa Cultural. O processo de montagem pegou embalo no final de fevereiro e consumiu mais de dois meses de trabalho de Marcos Póvoas. Montador de curtas conhecidos do circuito baiano (Cega Seca, Vermelho Rubro do Céu da Boca), Póvoas marca sua estréia em longas refazendo, diante da moviola, a saga do personagem Bonfim. Na verdade, como praticamente qualquer filme hoje em dia, Jardim das Folhas Sagradas foi montado em um Final Cut básico, a partir do material telecinado em baixa resolução pela TeleImage.

   

 

   

 

                Antônio Godi e Harildo Deda em Jardim das Folhas Sagradas

http://www.jardimdasfolhassagradas.com/not_020.htm[27/04/2009 19:55:29]

 

Jardim das Folhas Sagradas

 

  Foram semanas e semanas seguidas de dedicação exclusiva, muitas vezes entrando pela madrugada, conforme o relato de um aliviado Marcos Póvoas, ou simplesmente Kiko, para os mais chegados. Ele conta que recebeu uma única instrução do diretor Pola Ribeiro, seguir o roteiro. “Isso significa que trabalhei tendo como base uma adaptação do roteiro a partir do que foi filmado (já que todo roteiro, como se sabe, é apenas um ponto de partida para o que, de fato, será filmado)”, diz o montador. “Outra coisa que resolvemos, logo no início, foi nunca voltar. Só dei um play geral quando cheguei na última seqüência”. Por que, Kiko? “Porque precisávamos ter uma noção do todo, e devo dizer que o resultado teve um efeito, um impacto, que achei bem curioso. No curta, rapidinho você chega nessa fase, então para mim foi um exercício.” E quais as seqüências mais complicadas? “De um modo geral, todas”, despista Póvoas, tentando esconder o jogo.

Filmagem da caminhada do 20 de novembro no Curuzu

Mas, ante a insistência, ele abre um pouco: “as mais complicadas foram as cenas quase documentais que fizemos da caminhada do 20 de novembro no Curuzu, às vezes eu levava horas para selecionar dez segundos de imagem.” Agora, Eduardo Airosa, à frente do Estúdio Base, e o músico Pedro Augusto Dias, vão encarar cada um a sua missão. O primeiro, a edição de som, e o segundo, a trilha sonora. E o público vai poder conferir tudo isso a partir de novembro, mês previsto para a estréia de Jardim das Folhas Sagradas.

JFS, 5/5/2008

Studio Brasil 2008 - Salvador - Bahia - Brasil

http://www.jardimdasfolhassagradas.com/not_020.htm[27/04/2009 19:55:29]

       

Jardim das Folhas Sagradas

 

20 novembro 2008

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  O trailer do Jardim  

 

Intriga política, romance, magia, mistério e drama. Bonfim, filho de uma yalorixá, é um negro baiano, casado, funcionário de um banco.  Aos 40 anos recebe um aviso através dos búzios de que precisa assumir abrir um terreiro de candomblé. Ele segue seu destino, mas vê sua vida virada pelo avesso. Enfrenta dificuldades na busca de um lugar próprio para a criação do terreiro na cidade tomada por prédios e avenidas. Afastado das tradições da religião, questiona fundamentos como o sacrifîcio, o que lhe traz  graves consequências. O filme mostra um pouco das contradições de Salvador entre o tradicional e o moderno,  os limites entre a herança do conhecimento espiritual e o mundo tecnológico. As lições do candomblé na preservação e convívio com  a natureza. Assista ao trailer.

 

   

 

   

 

                Jardim das Folhas Sagradas está em fase de finalização. O filme fica pronto em Março e a previsão de lançamento  é para o segundo semestre de 2009.

http://www.jardimdasfolhassagradas.com/not_022.htm[27/04/2009 19:55:31]

 

Jardim das Folhas Sagradas

 

 

       

Studio Brasil 2008 - Salvador - Bahia - Brasil

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Jardim das Folhas Sagradas

 

nov 2007

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    Romenildo Borges (*1959 +2007)

A você, que sempre foi um atleta no set, nossa saudade.

 

   

Romenildo,

 

 

Com a amizade de sempre, Equipe Jardim das Folhas Sagradas

             

http://www.jardimdasfolhassagradas.com/not_017.htm[27/04/2009 19:55:33]

 

Jardim das Folhas Sagradas

   

Studio Brasil 2007 - Salvador - Bahia - Brasil

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Jardim das Folhas Sagradas

 

11 nov 2006

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  Entrevista com Pola Ribeiro  

 

Nesta entrevista, Pola Ribeiro dá as coordenadas de Jardim das Folhas Sagradas até o lançamento do filme, em julho de 2007, faz seu balanço sobre produção, elenco e anuncia Pau Brasil, o próximo longa-metragem de sua produtora, a Studio Brasil, que começa a ser rodado no dia 14 de novembro.

  Como diretor do filme, que avaliação você faria de Jardim das Folhas Sagradas no estágio atual?

Pola Ribeiro

Logo após o final das filmagens, o Antônio Luiz (Mendes, diretor de fotografia) me disse que Jardim acabou do mesmo jeito que começou: com a mesma organização, a mesma programação, a mesma estrutura. Tomei isso como um elogio, porque toda filmagem é sempre um momento de crise, tudo interfere. É uma atividade muito intensa que precisa interagir com as outras atividades de uma cidade, até as climáticas. Você tem prazos, custos a gerir, contratos a serem cumpridos. Felizmente passamos por todo esse período [julho a setembro] com a programação sendo cumprida. O material captado é belíssimo, está acima do que queríamos. A sintonia da equipe, a performance do elenco e as relações com o movimento negro superaram o planejado, são fruto da sinergia de cada núcleo, de cada ator... Chegar a uma qualidade de relação a que chegamos com a comunidade do Bom Juá é algo marcante: você pedir silêncio para um bairro inteiro, e o bairro fazer silêncio.

   

 

   

 

           

 

   

Quando o filme deverá ser lançado? O que falta para ficar pronto?

 

http://www.jardimdasfolhassagradas.com/not_016.htm[27/04/2009 19:55:35]

Jardim das Folhas Sagradas Vamos lançá-lo em julho de 2007. Daqui para frente, nossa opção foi a seguinte: fazer uma primeira parte de preparação da montagem, fazer o sinc das imagens com o material sonoro na Doc Doma e no Estúdio Base. A administração da Studio Brasil e a produção do filme estão resolvendo as pendências de produção que ficam para depois do processo de filmagem. Outubro, novembro e dezembro são meses fundamentais para a captação. É quando as empresas fecham o balanço do ano corrente e aprovam os orçamentos do próximo. Então, todas as nossas forças estão concentradas nisso, em buscar contato com empresas para completar os 50% do orçamento que a carta da Ancine nos permite captar – o que dá R$ 1,8 milhão.

          Jardim das Folhas Sagradas: lançamento em julho de 2007

Agora, me sinto outro, outra pessoa. A gente faz o filme, mas o filme também faz a gente. Ainda mais numa produção com 60 atores, 1000 figurantes e 80 profissionais na equipe técnica. E é com esse handcap que parto para fazer a captação do restante dos recursos. Se eu estivesse só montando agora, teria que passar janeiro e fevereiro em busca de patrocínio.

  De onde veio a primeira parte dos recursos financeiros? Os 50% de recursos captados são de três grandes estatais: temos, via concurso público, a BR Distribuidora e o BNDES e temos, via FazCultura, a Chesf. Portanto nosso foco é manter diálogo com grandes empresas que, de alguma maneira, tenham sintonia com o projeto e satisfação em investir. E, conceitualmente, o que você diria hoje do enredo de Jardim das Folhas Sagradas? O filme trata de progresso e tradição, tecnologia e religião. O metrô, por exemplo, está lá como um símbolo, um marco de desenvolvimento que toda cidade quer. E Salvador quer. É com muito prazer que vejo o andamento das obras do metrô, que está no filme e logo vai estar também na cidade. Então ver o metrô na tela antecipa uma realidade.

  E os outros projetos de sua produtora? A Studio Brasil vai filmar a partir de 14 de novembro o longa metragem Pau Brasil, de Fernando Bélens. É momento de torcermos para que tudo dê certo com essa produção que está sediada em Cachoeira, cidade que tem no audiovisual uma vocação histórica, com os seus cenários, grandes filmes realizados e a própria mobilização de intelectuais, artistas e a própria comunidade local. Não estamos captando apenas para Jardim, mas também para Pau Brasil. Não existe Jardim das Folhas Sagradas sem Pau Brasil, os dois têm que caminhar juntos. São produzidos pela mesma empresa e têm que ser geridos com a mesma responsabilidade e prazer.

  Não é o grande desafio envolver-se com dois longas? Qual a sua relação com Pau Brasil?

http://www.jardimdasfolhassagradas.com/not_016.htm[27/04/2009 19:55:35]

Jardim das Folhas Sagradas

Participo como co-produtor, apenas. Quero dizer, não posso me envolver esteticamente com Pau Brasil. Fernando está querendo fazer esse filme há 18 anos e nós, como amigos, temos isso. Podemos trabalhar um com o outro sem interferir, sabendo para onde o outro quer caminhar. Somos uma pequena empresa que trouxe outras pequenas empresas, que continuam a me dar respaldo. Procuramos as grandes também para dar um outro carimbo. Temos a co-produção da Quanta e da Tele Image para os dois. Com acordos desse alcance, potencializamos a ação dos dois junto aos patrocinadores.

  Apesar do tamanho da produção, grande para os padrões locais, e de algumas seqüências mais sofisticadas, Jardim das Folhas Sagradas não é o filme de atores? Completamente. A começar por dois nomes: Antonio Godi, o protagonista, e Marcio Meirelles como preparador de elenco. Mas também pela presença dos atores convidados, excelentes profissionais. João Miguel, que está no elenco de Cinema, Aspirinas e Urubus (do pernambucano Marcelo Gomes), produção brasileira préindicada ao Oscar, com a qual ele ganhou sete prêmios nacionais e internacionais. Maria Menezes, Evelyn Buchegger, Meran Vargens, Arany Santana, Ray Alves, Wilson Mello, Harildo Deda, Rita Santana, Sergio Guedes, José Carlos Ngão, Haydil Linhares, Lucio Tranchesi. Dizer os nomes é uma forma de reconhecer isso e agradecer a todos eles. Não posso deixar de agradecer, ainda que coletivamente, ao Bando de Teatro do Olodum, cada vez com uma performance mais profissional também no audiovisual. Seja na peça Sonhos de Uma Noite de Verão, ou em Ó Pai Ó, que já virou filme (dirigido por Monique Gardenberg) e será ainda transformado em seriado pela Globo, como no próprio Jardim das Folhas Sagradas. Do mesmo modo, sou imensamente grato aos meus atores musicais, todos grandes feras: Graça, do Ilê Aiyê, Lazzo, Mariene de Castro, Virgínia Rodrigues e o Afrogueto.

Folhas Sagradas / Ascom Fotos: Henrique Andrade

Studio Brasil 2008 - Salvador - Bahia - Brasil

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Jardim das Folhas Sagradas

 

8 setembro 2006

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  Um Dia no Bom Juá  

 

Escalação de elenco une gerações do teatro baiano

  Quinta-feira, dezessete de agosto. A gritaria de Dona Queca (Haydil Linhares) chamava atenção para a cena. “Isso é coisa do Diabo”, dizia ela, bem em frente do portão do Ilê Axé Opá Ewê. Um grupo de adeptos da casa apareceu, liderado por Bonfim (Antônio Godi), que providenciou a expulsão da inconveniente senhora, também aos berros, da vista de todos. A gritaria foi então substituída por uma sincronia de gritos solitários. “O som Em ação, dona Queca (Haydil Linhares) foi bom” veio do canto direito do set, vocifera contra o Ilê Axé Opá Ewê quando Toninho Murici acertou o áudio. Antônio Luiz Mendes soltou um “foi ótimo!” que deixou sem palavras o diretor. E sem gritar, com o polegar em riste, Pola Ribeiro deu o sinal para equipe: seqüência 81 okay.

  Agora são murmúrios, conversas paralelas. Reunidos em grupos, cada equipe parte para a preparação do próximo plano, cada qual de acordo com suas especificidades. O set transforma-se num formigueiro. Um número de 80 a 160 profissionais, sempre variando no decorrer da jornada, entre técnicos, atores e figurantes, transita por todos os lados da locação, que possui 500m2 de área construída, planejada em seus mínimos detalhes pelo núcleo de arte. Uma ação, aliás, onde a arte de não atrapalhar se faz o supra-sumo da sensibilidade no set cinematográfico.

 

   

 

   

 

                 

http://www.jardimdasfolhassagradas.com/not_015.htm[27/04/2009 19:55:39]

Jardim das Folhas Sagradas

     

Uma equipe de 160 pessoas cuidavam de todos os detalhes no set do Bom Juá

  Construído na comunidade do Bom Juá, localizada nas imediações do Posto Jaqueira, às margens da BR – 324, o Ilê Axé Opá Ewê é o território sagrado de Bonfim. Na fábula, a tensão dramática que desenlaça a temática do filme põe em debate conflitos populacionais, e assume a defesa da natureza e da cidade do Salvador. No plano real, a comunidade do Bom Juá interage com a produção de Jardim das Folhas Sagradas em seu círculo de vivência. Um contingente de 25 trabalhadores, moradores do local, foi absorvido como mão-de-obra, desde a construção do cenário, que se estendeu por três semanas, à manutenção e produção do set. Nessa contagem não está contabilizada a participação de outros tantos, como figurantes de cena.

  Cinema é pra homem, menino e mulher. Todos observam atentos, e fofocam atentos, sendo inconscientemente interpelados pela arte da vez. Cinema é, também, a arte da espera. Entre um plano e outro, dada à complexidade da cena, do cenário e do set, pode-se contar uma ou duas horas de relógio no aguardo por uma nova ordem de ação. Espera para quem observa, diga-se, para não fazer injustiça com Haydil Linhares espera a hora de entrar o platô Macarra Vianna. Tudo passa em cena pelo conhecimento dele, desde a entrada e saída de veículos da locação, a organização do espaço, frequentemente articulada com o 1º assistente de direção Lula Oliveira. É a hora da ação nos bastidores. Com a fluência do trabalho em equipe o tempo parece voar.

Durante uma jornada de 12h, contando com intervalos previamente ditados, gravase em média 3 seqüências do roteiro, escrito por Pola Ribeiro e Henrique Andrade. Atravessando a quarta semana de filmagem, Jardim das Folhas Sagradas estreita cada vez mais os laços e o diálogo com Salvador. Chamando a atenção para o vínculo entre o candomblé e ecologia, o filme pretende se apresentar como uma ação inclusiva, de provocante reflexão sobre as referências da cidade.

http://www.jardimdasfolhassagradas.com/not_015.htm[27/04/2009 19:55:39]

   

Jardim das Folhas Sagradas

Folhas Sagradas / Ascom

Studio Brasil 2008 - Salvador - Bahia - Brasil

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Jardim das Folhas Sagradas

 

16 maio 2006

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  Cinema, candomblé e folhas  

 

Pubilcado em A Tarde - coluna Opinião

  Os setores da produção audiovisual na Bahia estão mobilizados diante de uma constatação que se cristalizou nos últimos meses por meio de prêmios, orçamentos, cronogramas, montagens de equipe, ensaios: o filme de longametragem volta a protagonizar a cena do cinema baiano. O Estado vai abrigar, até dezembro de 2006, a realização de seis longas, e vale destacar que, desse conjunto, quatro projetos são de iniciativa totalmente local – da criação do argumento à produção executiva. Sem ignorar as lacunas, numerosas, de um processo histórico tão complexo como o que caracteriza o nosso cinema, trata-se de panorama dos mais animadores. O dinheiro a ser injetado nas produções, e que circulará pelos vários níveis da cadeia produtiva, supera os R$ 7 milhões. Experimento, pessoalmente, a satis fação de ser autor de um dos projetos da temporada, Jardim das Folhas Sagradas. O filme parte de uma história fictícia para tratar dos vínculos entre o candomblé e a ecologia, uma questão bem real e cuja concretude solicita, a cada dia, uma postura menos passiva de soteropolitanos e baianos nascidos ou não na terra de todos os santos. Meu envolvimento com o tema remonta a um documentário que eu faria há 14 anos e que finalmente sairá junto com o longa-metragem. Durante esse tempo, colecionei contribuições valiosas – Gustavo Falcon, Antonio Risério, Júlio Braga, Raul Lody, Luís da Muriçoca, Vivaldo Costa Lima, Leopoldo de Ogum, Valdina Pinto, entre muitos outros nomes. Devo reconhecer que hoje tenho outra visão de Salvador. A cidade me parece mais rica, com capacidade de elaborar uma reação eficiente ao bombardeio midiático que tende a engessá-la no cartão-postal, pálido, de turismo e praia. Ao mesmo tempo, do ponto de vista de sua autorepresentação, não se renega o dilema do novo versus o velho. Os rasgos de modernidade que prometem uma cidade em sintonia fina com os

http://www.jardimdasfolhassagradas.com/not_004.htm[27/04/2009 19:55:41]

   

 

   

 

                 

Jardim das Folhas Sagradas grandes centros internacionais tanto transformam Salvador rapidamente quanto se somam aos fortes vestígios de uma pólis quase medieval, de modo a reinterpretar o caráter sincrético de nossa expressão em novos patamares. Devemos permanecer atentos à linguagem das ruas, ao que há de natureza nas ruas, às vegetações, e perceber como a feição urbana interage com isso. Hoje, o mato para mim não é só uma mancha verde. Acredito que o candomblé pode trazer fundamentos, resgatar o elo com o passado em que tudo era natureza e ao mesmo tempo sagrado. Cabe perguntar se essa compreensão está presente nos discursos de nossa cidade. Neste sentido, o filme Jardim das Folhas Sagradas quer dar visibilidade e colocar em discussão dilemas da população, preservar cultura e tradição, assumindo um protagonismo perante a defesa da natureza e da cidade de Salvador no sentido mais amplo.

Pola Ribeiro

Studio Brasil 2008 - Salvador - Bahia - Brasil

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Jardim das Folhas Sagradas

 

20 jun 2006

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  Cineastas querem vereadores na militância pelo cinema brasileiro

 

    O Dia Nacional do Cinema foi celebrado na Câmara Municipal de Salvador em sessão especial realizada no final da tarde de segunda-feira, 19 de junho, com a presença de Pola Ribeiro, Solange Lima e Roque Araújo, entre outros cineastas convidados. A sessão foi uma iniciativa da vereadora Ariane Carla e deu voz a gerações distintas do cinema baiano. Os cineastas convocaram o legislativo municipal a ter uma participação efetiva nas políticas públicas que envolvam o setor audiovisual. Estudantes dos colégios Manoel Novais e Anísio Teixeira prestigiaram o evento, que contou com a exibição de filmes curtos. Pola Ribeiro na Câmara Municipal de Salvador

   

 

   

 

   

  “Parodiando o poeta Castro Alves, digo que estamos em plena câmara”, brincou Pola Ribeiro no início de sua fala. “É muito bom lembrar que filmaremos seis longas na Bahia este ano, mas isso tem que deixar de ser efêmero”, afirmou Ribeiro, que roda o longa-metragem Jardim das Folhas Sagradas a partir de 13 de julho. “O nosso público de cinema é muito pequeno. Mas se pouca gente vê ou viu nossos filmes, o cinema sempre esteve atento e viu o Brasil sempre. Falo da importância de uma arte que

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Jardim das Folhas Sagradas é industrial e junta todas as outras, teatro, música, artes plásticas.”

 

 

   

Para o diretor, o momento é mais que oportuno para um conjunto de ações capaz de favorecer a distribuição e a exibição dos filmes brasileiros. “Essa câmara tem essa obrigação”, destacou Ribeiro. A necessidade de uma estratégia que atenda outros segmentos da indústria cinematográfica, e não só a produção, foi defendida também por Solange Lima, presidente da Associação Baiana de Cinema e Vídeo.

 

“O cinema deve ser pensado em casas legislativas como essa todos os dias, se exibir é o gargalo, que se encaminhe um projeto de lei que repercuta na audiência do filme brasileiro”, afirmou Solange Lima, também titular da diretoria de regionalização do Congresso Brasileiro de Cinema. Pola Ribeiro, a vereadora Ariane Carla e a presidente da ABCV, Solange Lima

  Os cineastas Alex Souza e Marcio Cavalcante também foram ao púlpito dar o seu recado, além da coordenadora de projetos culturais da Petrobras Lorena Coelho e do representante da Emtursa Gustavo Ramiro. “Temos a pretensão de fazer um festival em Salvador e estamos abertos a sugestões”, prometeu Ramiro. Durante a sessão especial, o público conferiu ainda os curtas Mera Abulia, de Pola Ribeiro, e Folhinha Verde, de Marcio Cavalcante, ambos vencedores do Festival Nacional A Imagem em 5 Minutos.

Folhas Sagradas / Ascom

Studio Brasil 2008 - Salvador - Bahia - Brasil

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Jardim das Folhas Sagradas

 

20 agosto 2006

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  Quatro semanas de filmagens    

 

Equipe de Jardim das Folhas Sagradas completa quatro semanas de filmagens e prepara-se para rodar no recôncavo baiano. Trupe do longa-metragem dirigido por Pola Ribeiro arma o set em Cachoeira e São Félix nos próximos dias. Fotos: Henrique Andrade

Filmar as cenas do Ilê Oxotokanxoxô - terreiro onde Bonfim (Antonio Godi) e Mãe Leandra (Lia Mara) protagonizam uma virada no enredo do filme nas cidades históricas unidas pelo Rio Paraguaçu tem um gostinho especial para o diretor, que volta e meia aparece por lá, fazendo locação, filmando, coordenando oficinas de audiovisual em parceria com Lu Cachoeira ou para relaxar e visitar amigos.

  O diretor de fotografia Antônio Luiz Mendes e o 1º assistente de câmera Haroldo Borges em ação nas margens da BR-324, imediações do Posto Jaqueira.

  Folhas Sagradas / Ascom

 

   

 

   

 

                 

http://www.jardimdasfolhassagradas.com/not_013.htm[27/04/2009 19:55:45]

Jardim das Folhas Sagradas

         

Studio Brasil 2008 - Salvador - Bahia - Brasil

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Jardim das Folhas Sagradas

 

26 jul 2006

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  “Ser negro não é moda”    

 

Érico Brás começou no teatro atuando no grupo EPA (Evangelização Pela Arte), sediado no bairro de Fazenda Coutos III, onde morou durante a infância. Desde os 8 anos, o ator acostumou-se a refletir sobre questões políticas e sociais, interpretando peças de temas delicados e de difícil abordagem. Chegou ao Bando de Teatro Olodum em 1999 pelas mãos de Márcio Meirelles, preparador de elenco de Jardim das Folhas Sagradas, para atuar em Cabaré da Raça e permanece até hoje no plantel do Bando. Foto: Henrique Andrade Clique na foto para vê- la em alta resolução

Érico Brás interpreta Bará Veja perfil do personagem

Aos 10 anos, Érico viu a sombra tradicionalista da Igreja Católica vetar a montagem de Missa dos Quilombos, assinada pelo grupo EPA. Passados 16 anos do frustrante episódio, Bará, seu personagem na trama de Jardim das Folhas Sagradas, faz o ator resgatar a reflexão sobre a religiosidade. Jornalista, futriqueiro, dinâmico, moleque, Bará se apega ao arquétipo de Exu para guiar Bonfim (Antônio Godi) em sua saga religiosa. Entre a fábula e o mundo real, Érico, hoje aos 27, atiça a discussão sobre cultura negra no cotidiano da cidade de Salvador. “É bom ser negro e ator negro”, enfatiza ele, sem desconhecer as dificuldades. “Mas isso é complicado no mercado cultural porque temos de lutar contra um padrão de beleza referencial que é europeu, do colonizador.”

   

 

   

 

           

  Jardim das Folhas Sagradas põe em debate aspectos velados e paradoxais das relações sociais contemporâneas brasileiras ao trazer à tona o modo de vida de uma negritude que é frequentemente apropriada pela moda pop, no pior sentido da expressão. Taxativo, Érico resume: “dizer não ao racismo está na moda, mas ser negro não é moda”.

http://www.jardimdasfolhassagradas.com/not_012.htm[27/04/2009 19:55:48]

     

Jardim das Folhas Sagradas

  Folhas Sagradas / Ascom

       

Studio Brasil 2008 - Salvador - Bahia - Brasil

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Jardim das Folhas Sagradas

 

25 jul 2006

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  Curuzu de olho no cinema    

 

Das janelas e marquises, da calçada, de cima dos muros. Pouco a pouco, naquele sábado de 22 de julho, uma multidão (1.300 pessoas, no cálculo da PM) se formou na ladeira do Curuzu para ver o início das filmagens do primeiro longa-metragem do cineasta Pola Ribeiro. Jardim das Folhas Sagradas teve sua tomada inicial em Salvador justo ali, onde os movimentos dos corpos sonoros do Ilê Aiyê reverberam toda a vibração, e caráter de resistência, da expressão negra. A magia do cinema lapidava os sorrisos, um a um, em sintonia harmoniosa com valores e tradições de uma Bahia de alma barroca e suas contradições com a natureza e sua gente. Fotos: Henrique Andrade Clique na foto para vê- la em alta resolução

A caminhada no Curuzu reuniu cerca de 1.300 pessoas

 

Agora quem olha é a câmera. Ela desenha a multidão colorida. O movimento se repete algumas vezes, várias vezes. Numa passeata, o Dia da Consciência Negra se reconstituía em cena. No nosso 20 de novembro, artistas, intelectuais e personalidades da comunidade afrodescendente encorpavam ao lado de Bonfim (Antônio Godi) o ato em prol do terreiro Ilê Axé Opa Ewe. Entre um plano e outro, dá pra ver o diretor com as mãos na cabeça. Calma, Pola! Agora vai. Corre daqui, corre dali. Tudo certo. A ansiedade dá lugar à satisfação. A ação conduz olhares pelos caminhos do universo de orixás e explana novo sentido aos espíritos guerreiros da sétima arte: alegria, alegria!

   

 

   

 

                 

http://www.jardimdasfolhassagradas.com/not_011.htm[27/04/2009 19:55:50]

Jardim das Folhas Sagradas

 

Pola Ribeiro (diretor do filme) e Antonio Luiz (diretor de fotografia)

Equipe de fotografia em ação

  Na Senzala do Barro Preto flertamos com a beleza que dança, dança, solta e linda à espera do beijo. A cena do beijo primeiro entre Cora (Auristela Sá) e Bonfim, casal protagonista do filme. O espaço é apertado. A equipe é grande. A figuração extravasa o semblante faceiro. Luz ok? Vamos rodar? Dessa vez o movimento é preciso, mas Antonio Luiz Mendes continua com a câmera na mão. A câmera encontra as nuances de gestos sensuais e se aproxima das personagens. Está bonito, está bonito!, alguém comenta baixinho. O Ilê faz a trilha. Olhos nos olhos. Estava na hora. Beija!!!! Beija!!!!!!!, Pola gritou. E sorriu. O menino sorriu o sorriso que nascera há 15 anos, na escrita das primeiras linhas do roteiro que ali se fotografava em película.

  Ainda não tinha acabado. As últimas cenas eram da festa. Câmera literalmente nos trilhos. Graça divide o palco com Lazzo. A intensidade distinta dos sons resultava em sublime simetria com o balanço da comunidade, que àquela altura já fazia parte de tudo o que estava acontecendo a sua volta. Lá fora a criançada se divertia e disputava pra ver quem comeu mais acarajé. Um diz que comeu dois. Outro conta vantagem, comi dois com camarão. Mas a menina de trança, que ainda abocanhava o quitute recheado com tudo que a baiana tinha no tabuleiro, apontava o escore final: papou 3. Estávamos todos saciados. Matamos a fome de cinema! Mas era só o primeiro dia.

Veja mais fotos no blog

Folhas Sagradas / Ascom

Studio Brasil 2008 - Salvador - Bahia - Brasil

http://www.jardimdasfolhassagradas.com/not_011.htm[27/04/2009 19:55:50]

       

Jardim das Folhas Sagradas

 

24 jul 2006

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  Evelin, Ângela e a câmera 'olho'  

 

Aos quinze anos de carreira Evelin Buchegger aparece entre os destaques da dramaturgia baiana. Conquistou o Prêmio Braskem de Teatro 2006 (melhor atriz) pela atuação na peça Murmúrios, de Nehle Frank. Agora se prepara para viver Ângela, mulher do protagonista Bonfim, vivido por Antônio Godi, no filme Jardim das Folhas Sagradas, sob a direção de Pola Ribeiro.

  No trânsito do teatro para o cinema, Evelin destaca a mediação da câmera “olho” que remonta ao público a forma singular da interpretação direta, ao vivo. “Cada gesto deve ser moldado para esse olho e a partir dele devemos pensar e transmitir as sensações e anseios da personagem”. Iniciada no curso livre de teatro da UFBa, em 1991, parte para a experiência cinematográfica na expectativa de travar um dialogo com outra linguagem, “fonte de renovação e aprendizado”.

Evelin Buchegger

Evelin, que já foi dirigida por Pola Ribeiro na televisão quando realizou Bêbado em Cama Alheia (2004) para TVE Bahia, aposta no entrosamento para interpretar a personagem com sucesso e salienta dizendo que “tem que ter uma confiança plena em quem está dirigindo porque tudo é muito árduo”.

   

 

   

 

       

Veja perfil do personagem

  Blanche Dubois, personagem de Tennessee Williams que a atriz viveu no teatro, e já interpretado no cinema por Vivien Leigh, caracteriza um difícil conflito na carreira de Evelin, resgatado desta vez por Ângela em Jardim das Folhas Sagradas. “Reproduzir gestos discriminatórios é difícil em cena porque preciso alcançar uma verdade que não estou acostumada na vida pessoal”. Na trama, Ângela alimentará uma discussão de tema religioso ilustrando o preconceito ao culto do candomblé. “É uma mulher conturbada, mas instigante."

         

http://www.jardimdasfolhassagradas.com/not_010.htm[27/04/2009 19:55:52]

Jardim das Folhas Sagradas

  Folhas Sagradas / Ascom

       

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Jardim das Folhas Sagradas

 

18 jul 2006

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  Entrevista com o ator Antonio Godi  

 

Ator, antropólogo, professor da UEFS, Godi interpreta Bonfim, personagem principal de Jardim das Folhas Sagradas

  A carreira de Antonio Godi começa pelo teatro em 1968. No ano do AI-5, o ator estreou em uma montagem teatral do clássico de Ariano Suassuna, O Auto da Compadecida. Godi passou à direção de espetáculos em 1977, quando constituiu, ao lado de Cau Santos, Lia Espósito e Ana Sacramento, o grupo Palmares Inãron. Dirigiu, durante os 80, peças que marcaram a década, a exemplo de Ajaká, Iniciação para a Liberdade (83), com texto em português e iorubá assinado por Orlando Senna, Mestre Didi e Juana Elbein. Boca de Sifu e Guetos: Retalhos Sangrentos são outras montagens de destaque no período. Na área musical, Godi atuou como produtor de Sine Calmon, Jorge Papapá, os funkeiros Jorge Krunk e Paulinho Lima, além do Agbeokuta, inclusive no show ecológico que a banda de afro-jazz realizou em 1992 com Gilberto Gil no Hotel Meridien.

Godi já trabalhou com Pola Ribeiro em A Lenda do Pai Inácio (87)

Na televisão, o ator produziu programas para a TV Itapoan e participou da minissérie Mãe de Santo (Rede Manchete, 1990). No cinema, Godi já fez incursões pelo curta-metragem, em tempos de Super-8, o média-metragem (A Lenda do Pai Inácio / 87, de Pola Ribeiro), e agora, com Jardim das Folhas Sagradas, prepara-se para seu primeiro filme de longa duração.

Nos últimos anos, a vida de artista de Godi deu lugar à rotina de professor. Ele integrou o elenco de Os Negros (Carmem Paternostro / 1997) e escreveu o libreto de A Revolta dos Malês, Uma Ópera Negra (2001/2002), que misturava teatro, dança, cinema e o funk do grupo mineiro Berimbrown sob a direção geral de Mestre Pitanga e elenco do Balé de Arte Negra da UMES de São Paulo.

   

 

   

 

               

  Mas é com o crédito de professor do

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Jardim das Folhas Sagradas

Departamento de Ciências Humanas e Filosofia da Universidade Estadual de Feira de Santana que o antropólogo chega, aos 54 anos, ao papel de Miguel Bonfim, personagem principal do longa-metragem de Pola Ribeiro. Pausa para a tese de doutorado, em desenvolvimento, sobre o reggae baiano e para os escritos sobre cultura e identidade negra. Na entrevista a seguir, Godi fala basicamente sobre Bonfim, Após 30 anos com visual rasta: seu pensamento sobre o personagem e o "topei cortar o cabelo" intenso mergulho que tem empreendido para vivê-lo.

Como poderia ser definido o personagem Miguel Bonfim? Bonfim é um negro baiano bem sucedido, que trabalha no banco e demonstra competência a ponto de ser o único negro daquela sala. No entanto, ele convive com conflitos interiores profundos, que atravessam também a vida doméstica. Há um conflito subliminar ligado a grandes heranças que ele carrega advindas de sua mãe. O santo de Bonfim foi feito quando ele ainda estava na barriga. Ele veio ao mundo já com compromissos. O personagem progressivamente se afasta disso, mas tropeça lá na frente porque se trata de uma herança importante. De que maneira esse tropeço é articulado na trama? Em um dado momento ele conhece Castro (João Miguel), que desperta nele novidades de algum modo relacionadas aos compromissos com o orixá Ossain. Castro é ligado ao verde, às ervas, às plantas, raízes. Mesmo distante religiosamente do orixá, a compreensão ecológica que vem com Castro, que é ecologista, vegetariano provoca uma virada em Bonfim. Isso desperta um sentimento de fascinação. Ele desenvolve uma amizade que chega às raias do amor. A essa altura Bonfim está carente, o casamento em crise. É um homem que vive em conflitos e que de repente, vivendo pequenas tragédias, percebe que tinha que assumir o que herdou. Mas, para chegar a isso, enfrenta a cidade, o banco, a si próprio. Você é hoje um cinquentão, professor universitário. Protagonizar um longametragem traz também um desafio pessoal? Bonfim aparecerá no filme em fases distintas, mais novo, mais velho. O filme não pode acontecer no Século 21 sem apresentar as marcas de seu tempo. Coisas como o reggae ou o hip hop, a eletrônica, as identidades transnacionais. Claro que fico um pouco tenso porque tenho atuado pouco. Mas não foi difícil encarar o desafio. Já no primeiro dia de trabalho, saímos para fazer umas fotos e me pediram para repassar algumas cenas, fazer uma leitura. Fiz e ficaram surpresos. De algum modo aquilo já estava orgânico. Pola e Godi durante leitura do roteiro no Teatro Vila Velha (veja matéria) Que motivo o levou a aceitar este projeto? Fui sendo seduzido a partir do roteiro e da responsabilidade que ele revela. É um

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Jardim das Folhas Sagradas roteiro sério, que toca em questões profundas. Assumi o compromisso com o Pola há quatro anos, mas sempre tive intimamente um senão por causa do cabelo. Tenho dreadlocks há quase 30 anos. Meus filhos só me conhecem assim. Mas topei cortar o cabelo, será a minha contribuição. Fazer um filme é um trabalho de equipe e minha preocupação é criar, portanto há conciliação. Meu laboratório tem sido de experiências diversas. A consultoria do Raul Lody, por exemplo. Um simples contato com essas pessoas do mundo mágico e você sai impregnado. Estou fazendo um laboratório incrível com o Mauro do terreiro Ilê Axé Opô Aganjú. Você vê as coisas acontecendo magicamente. Como está a rotina de ensaios? Os ensaios começaram há dois meses e há duas semanas tenho me dedicado ao filme quase que integralmente. Ou estou ensaiando com o Pola, Marcio Meirelles ou a Lia Mara, ou estou em casa estudando os diálogos. Como o texto tem que ser muito coloquial, tenho que colocá-lo no corpo para tornar o subtexto poderoso. O personagem deve falar como uma pessoa que existe. Existe alguém como o Bonfim na vida real?

Imersão para viver o personagem inclui laboratório em terreiro de candomblé.

É um personagem fictício, mas que dá conta, levanta reflexões e perguntas que a cidade grita para serem respondidas. A cultura híbrida, a mistura de Salvador. Aqui tudo é possível. Há segmentos na minha própria família que jamais se vestiriam como eu. Qual seria a sua grande referência cinematográfica? Tem a quase unanimidade de Glauber, inevitável. Chorei quando vi Deus e o Diabo (64) pela primeira vez. Mas o Nelson Pereira dos Santos (pausa). Ele tem um olhar voltado para o umbigo brasileiro e a sensibilidade de fazer Vidas Secas (63), com aquela sonoridade, aquele preto e branco, Tenda dos Milagres (77) que, mais que Jorge Amado, é uma grande narrativa para os orixás. Em Como Era Gostoso o Meu Francês (71), ele mostra que não é simplesmente canibalismo, o humano comendo o outro. Ali há o homem oferecendo seu corpo como sepulcro. Considero o filme uma bela exploração a partir do descreveram Hans Staden e Jean de Léry.

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9 jul 2006

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  Caminhada da Liberdade

Jardim das Folhas Sagradas filma na Liberdade, Curuzu

 

    Uma manifestação em defesa do Candomblé e da afirmação da identidade afrobaiana será realizada no próximo dia 22 de julho, a partir das 13 horas, na rua do Curuzu. Promovida pela filme Jardim das Folhas Sagradas, de Pola Ribeiro, a reprodução da Caminhada do dia 20 de Novembro deverá ter cerca de 2 mil participantes. Realizada com o apoio de entidades e grupos afros, a Caminhada reunirá pessoas representativas do movimento negro baiano, artistas e outras personalidades. Assim como a Caminhada original, que abriga diversas palavras de ordem e reivindicações, na Caminhada do dia 22 de julho estará um grupo de candomblezeiros do Ilê Axé Opá Ewê lutando em defesa do tombamento do terreiro liderado por Bonfim (Antonio Godi), personagem principal do filme. Depois da Caminhada, no início da noite, será filmada outra cena de Jardim das Folhas Sagradas : Bonfim e Cora encontram-se numa festa, que é um ensaio de bloco afro, e dão início a um novo romance. Esta cena será filmada no interior da sede do Ilê Aiyê e a festa será animada pela Band'Aiyê e convidados, como Lazzo e outros cantores de blocos afros e afoxés. Antes do início da festa, será exibido o documentário "Mário Gusmão", de Élson Rosário, e vídeos sobre o Ilê Aiyê e outros blocos afros, como "Os Negões".

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Jardim das Folhas Sagradas Um outro filme estará sendo realizado neste mesmo dia, horário e local. É um documentário que contará a história do movimento negro. Duas câmeras e um cenário com imagens e palavras de ordem do movimento serão instalados em uma das salas da Senzala do Barro Preto, a partir das 9 horas do dia 22 de julho para a gravação de depoimentos de dezenas de pessoas ligadas ao movimento negro baiano e brasileiro. Em fase de pesquisa e de produção das primeiras tomadas, o documentário – que deverá ser finalizado em 2007 - será um importante registro da memória dos protagonistas que fizeram e fazem a história da mobilização em favor da causa negra. PROGRAMAÇÃO 10h: Entrevistas para o documentário História do Movimento Negro 13h: Concentração para a Caminhada 14h: Início da Caminhada 17h30: Exibição do documentário Mário Gusmão, de Elson Rosário 18h30: Exibição de vídeos de blocos afros 19h: Show da Band'Aiyê com Lazzo, Os Negões e outros convidados   Dia:

22 de julho

Horário:

a partir das 13 h

Local:

Senzala do Barro Preto (sede do Ilê Aiyê) Rua do Curuzu, Liberdade

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03 julho 2006

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  Entrevista com o ator João Miguel  

 

Ele se mudou para São Paulo há três anos, literalmente levado pela boa repercussão do espetáculo teatral Bispo, dirigido em parceria com Edgard Navarro. Nas telas, atuou em Eu Me Lembro, de Navarro, e Cidade Baixa (Sergio Machado). Com a destacada performance vista em Cinema, Aspirinas e Urubus, do pernambucano Marcelo Gomes, tornou-se o ator mais premiado de 2005, com direito a reconhecimento internacional. Nos próximos filmes de Karim Ainouz (Rifa-me), Paulo Caldas (Deserto Feliz) e Sandra Kogut (Mutum), Miguel também marca presença. Dito assim, nem parece que o ator tem 29 anos de carreira teatral (36 de idade) iniciada com a montagem de O Cavalinho Azul, de Maria Clara Machado, no Teatro Castro Alves. Na entrevista a seguir, João Miguel fala sobre as duas linguagens, novos projetos e comenta sua participação no filme Jardim das Folhas Sagradas como o personagem homossexual Castro, ecologista militante, amigo do protagonista Bonfim.

< Clique na imagem para foto em alta resolução.

Sob direção de Pola Ribeiro, João Miguel interpreta o personagem Castro

 

   

 

       

(Veja perfil do personagem em PERSONAGENS).

  O que tem a dizer de sua participação no filme? Estou muito honrado em fazer o Castro. É um homem que antes de tudo é um humanista e também questiona o mundo branco. O Brasil, por mais que seja aberto, ainda tem muitos preconceitos. Fazer esse personagem tem a ver com a quebra de preconceitos para a Bahia também, que é carnavalesca, mas ainda muito moralista. O encontro do meu personagem com Bonfim revela uma possibilidade de

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Jardim das Folhas Sagradas transcendência dessas estruturas aprisionadas. Ele vê isso no Bonfim, essa chama. Por mais que não conheça o candomblé por dentro, ele sente. Para mim, é um desafio grande e prazeroso.

 

Você já interpretou um homossexual anteriormente?

   

Na série de tevê Carandiru e Outras Histórias (Globo/2005), fiz o personagem Delson, que é casado com um travesti, Madoninha (Roberto Alencar). Além do sexual, da carne, esse aspecto da homossexualidade, no filme, tem a ver com a coisa do encontro entre dois seres independentemente do sexo. Com tanta repercussão no cinema, como vai a sua carreira teatral? Não tenho como parar de fazer teatro. Não posso esquecer de que Bispo (monólogo interpretado pelo ator de 2001 a 2004) me lançou. Foram 90 mil espectadores em apresentações por todo o Brasil, São Paulo, Rio, Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Acre, Brasília. Procurei ali uma atuação autoral, como os filmes que tenho feito, o que permite uma possibilidade de diálogo interessante com os Em Esses Moços, de José Araripe diretores. Neste momento estou me permitindo Jr, João Miguel faz uma fazer os filmes que me interessam. Mas já participação especial vivendo recusei fazer outros talvez de repercussão seu principal personagem do imediata para fazer as coisas que tenham a ver teatro: comigo. O teatro é um ótimo campo de Arthur Bispo do Rosário. investigação, de perguntas e não de respostas. E a figura do ator pode ser vista como parte desse veículo. Vou dirigir um monólogo com a Ludmila Rosa (atriz que já foi apresentadora da MTV e trabalhou com Antunes Filho) baseado na vida de Pagu. Você sempre gostou de cinema? Sempre fui um cinéfilo, não muito metódico mas um apaixonado pelo cinema. Percebi que ali se poderia dizer coisas com uma outra profundidade. Cinema traz coisas do inconsciente. Já o teatro é mais da ação, do gesto, do corpo. Entrevistei o Glauber quando tinha 10 anos (para o programa infantil Bombom Show, da TV Itapoan, dirigido por Nonato Freire). Falei para ele ‘vou lhe perguntar uma pergunta’, então ele me disse ‘e eu vou lhe responder uma resposta’. Fiquei nervoso e falei ‘tá tudo errado’; e ele ‘pra mim tá tudo certo’. Houve alguma dificuldade em passar do palco para o set? Quando você tem o que dizer, essa adaptação vem de maneira orgânica. Você descobre fazendo. Mas é claro que no cinema menos é mais, o que não quer dizer que exista uma fórmula. Qual seu próximo projeto? Depois de Jardim das Folhas Sagradas, vou rodar em novembro o longa Tropa de Elite, de José Padilha (Ônibus 174).

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17 jun 2006

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  ‘O candomblé é a religião do gesto e do corpo’, afirma antropólogo

 

  As equipes de elenco, produção e direção do longa-metragem Jardim das Folhas Sagradas reuniram-se na tarde da sexta-feira 16 de junho para acompanhar a palestra do antropólogo Cláudio Pereira sobre sacrifício de animais no candomblé. A palestra foi realizada na Fundação Cultural do Estado da Bahia (Barris) e proporcionou um intenso debate entre os presentes. “O candomblé pode ser considerado a religião do gesto e do corpo, tem plasticidade própria e uma orientação simbólica que a define. O sacrifício comporta uma ritualidade, mas não é somente um rito”, afirmou Cláudio Pereira. O antropólogo esclareceu que, embora esteja presente em diversas culturas, o sacrifício é objeto de interpretações diferentes. “No contexto das religiões afro-brasileiras, por exemplo, deve ser afastado da leitura cristã.” A noção de sacrifício, segundo Pereira, é fundamental na antropologia e tem grande centralidade na própria religião católica porque funciona como mediador entre os homens e o sagrado. O que ocorre com o sacrifício na prática do candomblé é um processo mimético, ou seja, o animal substitui o homem.

   

 

   

 

           

Antropólogo Cláudio Pereira

O simbolismo, de fato, é ingrediente dos mais fortes no processo do sacrifício de animais para o candomblé. Da espécie a ser sacrificada, que varia de acordo com o orixá a ser venerado, aos participantes de cada etapa, todo o procedimento deve ser seguido criteriosamente. Para Ossain, principal orixá a ser abordado no filme dirigido por Pola Ribeiro, devem ser ofertados bode, porco, galo ou galinha d’angola. Para Xangô, carneiro, galo ou cabra. Porém, lembra Pereira, Exu deve ser

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Jardim das Folhas Sagradas sempre servido, em qualquer sacrifício, com um animal de duas patas. “O que significa dizer que qualquer sacrifício acaba se desdobrando em no mínimo dois.” Mães e pais de santo, iabás, ogãs. Cada um tem um papel determinado para que o sacrifício seja cumprido corretamente. “Em qualquer religião o sagrado é altamente destrutivo, por isso há a figura do mediador”, afirmou Pereira, que também é professor de cinema na Faculdade de Tecnologia e Ciências. “A oferenda foi aos poucos ganhando força no roteiro”, disse Pola Ribeiro no início da palestra. O evento contou com a presença de profissionais da equipe de produção, da assistente de direção Sofia Federico, do produtor de elenco Elson Rosário e de atores do filme, entre os quais, Carlos Betão, Sergio Guedes, Lucio Tranchesi, Erico Brás, Iara Colina, Rita Santana, Nélia Carvalho, Frida Gutmann, Valdinéia Soariano e André Becker. As filmagens de Jardim das Folhas Sagradas serão realizadas de 13 de julho a 30 de agosto.

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Studio Brasil 02 junho 2006

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  Entrevista com o diretor Pola Ribeiro  

 

 

O cineasta Pola Ribeiro tem trinta anos de carreira. Quase metade desse tempo foi dedicada a concretizar o projeto Jardim das Folhas Sagradas, primeiro longa-metragem do diretor que está prestes a ser rodado, com Godi, Harildo Deda e Bando de Teatro do Olodum no elenco. As filmagens estão previstas para os meses de julho e agosto, mas desde abril Ribeiro trabalha intensamente na montagem da equipe técnica, escolha de elenco, ensaios, retoques no roteiro e na captação da parcela final de recursos para garantir o orçamento de R$ 2,4 milhões.

   

 

   

 

  Na entrevista a seguir, concedida na sede de sua produtora, a Studio Brasil, no bairro Rio Vermelho, o realizador fala de sua persistência para finalmente chegar ao set, o envolvimento pessoal que travou com as questões relacionadas ao candomblé durante o processo de elaboração do roteiro e comenta a produção do seu longa-metragem no contexto do segmento cinematográfico baiano.  

       

  Como você chegou ao argumento do filme? Juca Ferreira, quando secretário do meio-ambiente, me pediu um documentário que abordasse a relação entre candomblé e ecologia. Ele me deu um texto do (Antonio) Risério para roteirizar e pediu que eu fizesse um orçamento. Fiquei maravilhado com a história toda, fiz o projeto, mas aí Juca saiu da secretaria. Então eu disse a ele: ‘vou fazer um longa com essa temática’. Isso já tem 14 anos. Após tanto tempo, você não correu o risco de partir para outra e dedicarse a outro projeto? O primeiro longa vem sempre cercado de algumas

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Jardim das Folhas Sagradas pressões. Quanto mais eu ouvia, menos eu sabia. Pensava ‘convivo diariamente com essas questões e sou totalmente ignorante’. Eu aprendi muito nesse tempo todo. Por isso esses 14 anos passaram rápido. Minha vida não parou. Fiz várias outras coisas enquanto tocava o projeto, fui me enriquecendo. São muitos filmes por trás do longa Jardim das Folhas Sagradas porque eu filmava cada entrevista. Não parei de fazer cinema. Eu pretendo fazer um documentário que investigue como essa religião convive com a natureza. Acredito que o candomblé pode trazer fundamentos, resgatar o elo com o passado em que tudo era natureza e ao mesmo tempo era sagrado. Cabe perguntar se essa compreensão está presente no discurso ecológico de nossa cidade. Meu filme quer reforçar esse elo e fazer com que o candomblé se sinta aliado, um defensor da natureza no sentido mais amplo. Há oito anos, convidei Gustavo Falcon e Risério para trabalhar comigo e eles deram muitas contribuições. Na verdade, eu queria que eles escrevessem o roteiro. Acharam bacana, fizemos algumas reuniões, mas eles não escreviam. (José) Araripe acabou me aconselhando a escrever e eu levei a dica a sério. Fiz uma longa entrevista com o Julio Braga (antropólogo, pesquisador de cultura africana e atual diretor do IPAC) e finalizei uma primeira escrita do roteiro.   Tamanha demora está também relacionada ao espinhoso processo de captação de recursos, não? Gostaria de saber a trajetória seguida para compor o orçamento de sua produção? Primeiro esclareço que ainda estamos captando para completar o orçamento. Tentei, em 2001, o edital do Governo do Estado e perdi. Em 2002 ganhei a bolsa da Fundação Vitae e aí pude me dedicar mais. Fiz várias entrevistas, pesquisa de locações. Conversei com especialistas como Vivaldo Costa Lima. Foi um momento muito importante porque pude me aprofundar. Em 2004, concorrendo com vários projetos, fui contemplado com uma verba (R$ 600 mil) do programa Petrobras Cultural que representa um quarto do orçamento. Recentemente por meio do Faz Cultura (programa de incentivo a produções culturais via renúncia fiscal do Governo do Estado da Bahia) conseguimos o patrocínio da Chesf.

 

Considero também muito importante as parcerias da Studio Brasil com empresas como a Conta Hábil (contabilidade), a Conspiradoria (administração de projetos), escritórios de advocacia. São coisas que sentimos necessidade em outras produções. Me associei a empresas locais da área cinematográfica que são de pequeno porte, como a DocDoma e a Araçá Azul. Então a perspectiva é abrir mais parcerias. De forma que esse pool de pequenas empresas que se juntam para fazer um projeto de certo vigor possa ter também uma postura grande. Vamos buscar mais parcerias fora do estado e até fora do país. Mas parceiros que pareçam com a gente e não nos engulam na parceria. Nosso objetivo em estabelecer um diálogo de semelhança para reforçar o mercado audiovisual da Bahia. E a sua trajetória pessoal nesse processo? Como filtrar esse grande volume de informações na elaboração fictícia?

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Jardim das Folhas Sagradas Não preciso ser expert no assunto, tenho consultores como Lodi, o Bando de Teatro do Olodum. A demanda por conhecimento é minha. Para o filme propriamente, eu estou de olho nas coisas do cotidiano. Não estou antropologizando. Mas devo reconhecer que tenho outra visão da cidade hoje. Salvador me parece mais rica, não é só praia, não é só África. Estou atento à linguagem das ruas, do que há de natureza nas ruas, as vegetações, não a feição urbana. Hoje o mato para mim não é só uma mancha verde. Depois de conversar com a Valdina Pinto é impossível não pensar assim. Quando entro em contato com a cidade eu melhoro. Minha falta de ritmo fica mais sonora. Minha capacidade de repensar paradigmas aumenta. Este filme é o processo mais rico de minha vida. Até 30 de agosto teremos rodado tudo, muita energia, esforço e criatividade concentrados num curto espaço de tempo. Minha sensibilidade está à flor da pele. Durmo cada dia menos horas, mas não sinto falta do sono. Acordo recarregado, ansioso pela realização. É muito trabalho, sim, mas também um privilégio. Você poderia comentar algo sobre a formação da equipe de Jardim das Folhas Sagradas? Equipe técnica e elenco somam quase 200 profissionais. No tamanho, a equipe técnica que montei é semelhante à de Três Histórias da Bahia (2002) e Eu Me Lembro (2005). O que cresceu é um departamento de comunicação mais estruturado, capaz de elaborar um discurso sobre o filme e que não apenas divulgue. Pensei numa comunicação competente desde o início já sabendo que não vamos ter uma verba grandiosa para lançamento, quando a visibilidade é fundamental. Sua produção conta com profissionais de outros estados. Ante as dificuldades do mercado baiano não considera essa uma decisão polêmica?

 

Pessoas de fora que vêm trabalhar aqui elevam o nível de nossos profissionais. Um (José Miguel) Wisnik (diretor musical do longa-metragem), por exemplo, não disputa com o músico de Salvador. Ele acrescenta uma outra sensibilidade, já disse em música que é baiano, já gravou aqui. Wisnik está me ajudando a fazer uma lapidação desse bloco que é a música baiana.

Antonio Luiz Mendes é um fotógrafo de ponta do cinema brasileiro, e olha que nossa cinematografia é rica em fotógrafos. Além de íntimo do mercado baiano, ele me cativou pelo jeito de trabalhar, é uma pessoa que escuta bastante. Tanto ele quanto o Wisnik são escolhas de sete anos atrás e desde aquela época os dois toparam. São titulares absolutos.   Além da ecologia, Jardim das Folhas Sagradas trata de religião, cultura negra, tudo isso com um elenco majoritariamente afro-descendente. Como pretende evitar que tais elementos não resultem em uma abordagem folclórica? Meu objetivo é criar um caminho dentro de outra lógica com os mesmos temas baianos. É claro que quero público, que o filme seja uma atração. É um desafio. Quem não quer tomar porrada fica quieto. Eu me sinto à vontade para fazer isso. A busca é escapar do estereótipo. Não quero falar de segredos, mistérios, mesmo sabendo que posso estar errando. Me sinto o braço cinematográfico dessa coisa que é o Ilê, no carnaval e na música, o Bando, no teatro. Se você me pergunta sobre o carnaval, digo que gosto do carnaval. O carnaval real, que tem reggae, samba, Mudança do Garcia. Gostaria de pensar Jardim das Folhas Sagradas como um filme inclusivo, no sentido de que sejamos uma referência na cidade. Espero que as pessoas vejam o

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Jardim das Folhas Sagradas filme, discutam, gostem, não gostem, não quero que passe batido. Desejo que o filme mostre que aqui é um lugar especial. Quero que o filme seja um personagem da cidade, que a Suburbana veja meu filme. Mas o set não é simplesmente um parque de diversões. Quero falar, ser porta-voz de alguma coisa. Há uma pretensão, me sinto porta-voz da cidade. Esse é um desejo de verdade. O protagonista Bonfim estaria, em algum nível, próximo de seu alter ego? Ele é um pouco de Godi, Pola e muitos outros. O que acontece com o Bonfim da ficção está de fato acontecendo, neste momento, com vários personagens reais da cidade. Meu herói é um homem comum, qualquer um poderia passar pelo que o personagem passa. Seu poder é o de decidir, optar.

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25 maio 2006

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  Encontro de gerações marca escalação do elenco  

 

Escalação de elenco une gerações do teatro baiano

  O primeiro encontro da equipe de produção de Jardim das Folhas Sagradas com o seu elenco, na noite de quarta-feira 24 de maio no Teatro Vila Velha, marcou o início de mais uma etapa no processo de realização do longa-metragem. Finalmente o projeto que Pola Ribeiro planeja rodar há sete anos ganhou vida na boca dos atores que irão atuar no filme. E melhor: o elenco escalado pelo diretor envolve participantes de gerações distintas do teatro baiano. No segmento das companhias de elenco afro, destaca-se a parceria inédita entre o contemporâneo Bando de Teatro do Olodum e os veteranos do Grupo Palmares, de intensa atividade na Bahia durante a década de 70. Traduzindo em nomes, a câmera de Antonio Luis Mendes, diretor de fotografia do longa, vai registrar, entre outras, performances de Erico Braz, Jorge Washinton, Godi e Arani Santana na trama conduzida por Bonfim, o personagem principal, um bancário de quarenta e poucos anos que vive em Salvador e é levado a rever diversos aspectos de sua vida após o aviso de seu orixá, Ossaim. Outro veterano dos palcos e telas a marcar presença em Jardim das Folhas Sagradas será Harildo Deda, que também esteve no teatro.

   

 

   

 

           

Pola e Godi

  No total, mais de 70 atores estiveram na sala principal do Vila Velha para fornecer medidas aos figurinistas, fazer fotografias e conhecer os

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Jardim das Folhas Sagradas

respectivos personagens. “Este filme quer falar do negro em Salvador, indagar sobre suas relações com o candomblé e deste com a ecologia. Trabalhar com vocês é um desejo que se concretiza”, afirmou Ribeiro antes do início da leitura, que foi acompanhada pelo encenador Marcio Meirelles, responsável pela preparação de elenco de Jardim das Folhas Sagradas.

A leitura foi marcada por bastante descontração, visível no semblante dos atores. Eles tiveram a oportunidade de conhecer profissionais que compõem a equipe do filme, entre eles, o co-roteirista Henrique Andrade, Sofia Federico e Lula Oliveira (assistentes de direção), os produtores Solange Lima e Paulo Alcântara, Gilson Andrade (direção de arte), Elson Rosário (casting) e Maurício Martins (figurino).

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22 agosto 2006

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  Sérgio Guedes e Jairo Uidá não são a mesma pessoa?

 

Mas bem que poderiam     Radicado em Paris desde 1984, Sérgio Guedes voltou ao Brasil por motivos estritamente profissionais. As Criadas, de Jean Genet, foi o que levou o ator ao circuito europeu, em montagem teatral assinada pelo diretor Eric Bopodor, que rodou o continente, permanecendo em cartaz por três anos. Com três décadas de carreira, Sérgio integra o elenco de Jardim das Folhas Sagradas na pele de Jairo Uidá, um professor universitário e filho de santo, grande amigo de Bonfim (Ântonio Godi), personagem principal da trama.

Sérgio Guedes interpreta Jairo Veja perfil do personagem

A experiência na Europa remete a coincidências e descobertas na vida do ator. Antropólogo e professor convidado do Instituto de Estudos Teatrais da Universidade de Paris, Sérgio mergulhou nos estudos da teoria do teatro e se aprofundou na atividade cênica estrelando montagens de autores franceses dos mais diversos gêneros. “Eu gosto do trabalho de ator”, diz Sérgio, que – admite ele – nunca manteve uma grande aproximação com o cinema. “Nunca vi os filmes que eu fiz”, revela o ator, que já participou de alguns curtas. Sua participação em Jardim das Folhas Sagradas marca o reencontro profissional com o diretor de elenco Marcio Meirelles, com quem trabalhou na fase do grupo Avelãs y Avestruz, em meados dos anos 70.

  O alheamento confesso ao fascínio da vida social do meio artístico pode ter influência na postura do ator, que, como intelectual, encontra refúgio na quietude de suas pesquisas e trabalhos acadêmicos. Mas a contaminação positiva entre as duas áreas não deixa de marcar sua rotina.

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Jardim das Folhas Sagradas

 

 

Foi como pesquisador que Sérgio Guedes encontrou sua maior indentificação com Jairo Uidá, peça importante na trama de Jardim das Folhas Sagradas. Da estreita relação com o mundo das artes, estimulada pelo auto-conhecimento das próprias origens, Sérgio e Jairo propõem em suas ações uma maturação do saber em prol da partilha de conhecimento com os que estão à sua volta.

       

Rita Santana e Sérgio Guedes num momento de concentração

  De matriz africana, sua família chegou ao Brasil no século XVIII, oriunda da Costa do Marfim, por meio de uma imigração voluntária. A partir dessa raiz, Sérgio enfatiza o aspecto colonial, “brutal e nefasto”, como divisor de águas na valorização da cultura enquanto bem público, gerador de divisas. “No Brasil a cultura não é encarada como ponto primordial de produção de conhecimento”, o que, segundo o ator, propicia uma cristalização dos processos de produção de cultura.

Leitura de texto: Sérgio Guedes entre Pola Ribeiro e Lúcio Tranchesi

  Sérgio Guedes pontua suas críticas, mas se mostra sensível ao momento de efervescência que atravessa a produção local. De tema estritamente baiano, Jardim das Folhas Sagradas se aprofunda na cotidianidade da vida em Salvador, descrevendo seus moradores e o funcionamento da cidade por um viés contemporâneo. Um olhar singular que pode ser encarado, segundo Sérgio, como “um passo à emancipação cultural da Bahia”.

Folhas Sagradas / Ascom

Studio Brasil 2008 - Salvador - Bahia - Brasil

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Jardim das Folhas Sagradas

 

BONFIM

 

Antônio Godí é Miguel Bonfim

 

Bancário, 40 anos. Bonfim é filho de mãe de santo negra e pai de santo branco. Criado pela mãe na tradição do candomblé, estudou e pôde ascender socialmente. Aos 40 anos tem uma promissora carreira no banco. Casado com Ângela, mantém um caso com Castro. Instigado pelo pai, que ocupou o lugar da mãe após sua morte, consulta os búzios e é avisado que tem que assumir seu papel de sacerdote de Ossain, o orixá das folhas, e que não cumprir pode lhe trazer graves conseqüências. Bonfim é de Ossain e Oxossi. Ossain é um orixá muito misterioso. Dos filhos deste orixá diz-se que são muito volúveis, com o temperamento da folha ao vento. E quem lhe revela as notícias do mundo é o pássaro Eyé.

 

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MARTINIANO

  Harildo Deda é Martiniano

 

Branco, 70 anos, solteiro e sem filhos. Há quase 50 anos totalmente devotado às coisas do candomblé. Padrinho de Bonfim, muito respeitado na comunidade e na religião, apesar de não possuir a “mão de Ifá” e o poder da vidência. Ferreiro de santo. Seus orixás: Xangô e Ogum. Ensina iorubá às pessoas do terreiro.

   

   

ÂNGELA

  Evelin Buchegger é Ângela

 

Mulher de Bonfim. Bonita, nascida no interior de Goiás, sem familiares em Salvador, para onde veio, trazida por uma empresa goiana. A empresa faliu e Angela ficou e casou com Bonfim. Sem trabalho e sem procurar estudar, foi se isolando e tornou-se presa fácil dos pregadores evangélicos.

       

    CASTRO

 

Jovem branco com quem Bonfim se relaciona amorosamente. Ex-bancário, morre em acidente de automóvel, que estava sendo dirigido por Bonfim. Ecologista e naturalista.

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Jardim das Folhas Sagradas

 

João Miguel é Castro

 

    CORA

 

Aurístela Sá é Cora

 

Arquiteta, amiga e namorada de Bonfim, tem grande participação na instalação do terreiro. Participa de movimentos e atividades ligados à ecologia Dengosa, vaidosa, faceira e sensual, gosta de panos vistosos, braceletes. Cora é de Oxum.

    JAIRO

  Sérgio Guedes é Jairo

 

58 anos, professor universitário, Doutor em Antropologia, casado com Eugênia. Foi preso pela ditadura militar em 68. Filho de santo graduado. Jairo é de Oxalá, Oxalufã. Sua condição de professor, sempre o aproximou de Bonfim e juntos construíram uma forte amizade.

    BARÁ

  Érico Brás é Bará

   

Jornalista. Seu santo é Exú, é ele quem precipita as ações. Dinâmico, moleque, anarquista, bagunceiro, sutil, astuto e provocador. Prepara armadilhas, cria mal entendidos e discussões. Arma confusões e atrapalhações. Viabiliza pedidos e desejos, fatos e situações. Não faz o mal, apenas remexe nele.

     

 

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