Destruição de uma Nação A ex-República Socialista Federativa da Iugoslávia desintegrou-se pela guerra civil étnica desencadeada nos princípios da década de 1990. As várias etnias que a compõem (sérvios, croatas, eslovênios, montenegrinos, albaneses e macedônicos), a partir do colapso do socialismo, retomaram as antigas guerras tribais que tanto infelicitaram a região, aquela esquina do mundo, onde, no passado, interesses conflitantes das grandes potência imperais (da Áustria, da Rússia, da Turquia otomana) se encontravam, acirrando o ódio das populações locais, umas contra as outras. Quando todos analistas pensavam que as velhas rivalidades e antigos ódios estivessem sepultados por mais de quarenta anos de convívio de paz sob um regime comum (o comunismo não-stalinista de Tito), eis que os fantasmas vingativos, vindo de tempos remotos, resolveram reaparecer para uma mortífero acerto de contas entre as diversas tribos balcânicas, banhando as montanhas, os vales e as cidades da Iugoslávia com o sangue dos inocentes. Como uma mancha, o desacerto intraétnico começou em 1990 com a "guerra dos dez dias" da Eslovênia contra o exército iugoslavo, estendendo-se depois para o centro e finalmente chegando, dez anos depois, à Macedônia, a mais meridional das repúblicas balcânicas. Churchill disse certa vez que os Bálcãs produziam mais história do que podiam consumir, enquanto Otto von Bismarck, o chanceler alemão, desprezava aquela região pobre, assegurando que "os Bálcãs não valem os ossos de um granadeiro alemão."