CULTURA, RELIGIÃO E ESTILOS DE VIDA QUAL
A SUA RELAÇÃO?
ÍNDIA, IRÃO, POLÓNIA
E
SUÉCIA
Ariana Marques – 4617 Hugo Pereira – 4722 Rodolfo Barros – 4664 Samuel Costa – 4689
ESCOLA SUPERIOR DE MATOSINHOS, OUTUBRO 2008
INTRODUÇÃO Numa altura, em que os valores morais e éticos da sociedade capitalista começam a ser postos em causa, que papel exerce a religião na sociedade?! Propomos um olhar atento sobre quatro países em particular (Índia, Irão, Polónia e Suécia) cujas práticas religiosas e o papel da religião na sociedade têm um grau de incidência completamente diferente. Do Islamismo ao Hinduísmo passando pelo Catolicismo Apostólico Romano ou Luterano todas as Igrejas sustentam uma doutrina que, mais ou menos conservadora, se insere no panorama nacional aos mais variados níveis. Desejamos então uma boa leitura e que os próximos capítulos contribuam para uma melhor percepção do que a Igreja significa na sociedade contemporânea.
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Índia A Índia situa-se no sudeste asiático e faz fronteira com a cordilheira dos Himalaias, Sri Lanka, Bangladesh, o Paquistão e a China. Tem uma população estimada em cerca de 1,147,995,904 na qual a religião assume um papel decisivo no modo de vida e no quotidiano da sociedade. Com fortes ligações à terra e ao mar, não é de surpreender que a religião predominante seja, portanto, o Hinduísmo representante de cerca de 80.5% da população local, sendo que, a grande maioria dos hindus, são praticantes. A doutrina Hindu baseia-se na crença da “Realidade Última”, isto é, na fé da realidade do espírito (“Atman”) que preconiza a crença numa ordem espiritual do mundo. Considera também que só existe um “Ser Supremo” para todos os Homens (a filosofia Hinduísta admite sismas dogmáticos nas religiões que, no entanto, se tornam indiferentes aos “olhos” de Deus quando evangelizados valores correctos à convivência humana) e vêm na actividade cósmica a sua acção, nomeadamente em três vértices: • Na Criação, na Preservação e na Dissolução e Recriação. A estas três ordens, no entanto, a doutrina atribui três “Deties”, isto é, seres representantes da ordem espiritual são estes, respectivamente: •
Brahma, Vishnu, e Shiva.
O Hinduísmo vê também na Natureza e, sobretudo, na Ordem Natural uma forma de contacto com o “Atman”. É, sobretudo, desta corrente que decorre a alteração dos hábitos sociais da Índia, isto é: •
Os valores morais (Dharma) são extremamente importantes entre a população nomeadamente o respeito pela propriedade privada e pela preservação do ser (da expressão autónoma).
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O valor pela liberdade e pela preocupação nos assuntos externos, que encontraram em Mahatma Gandhi o seu expoente, fazem parte dos valores hindus devido, mais uma vez, à crença numa ordem espiritual mundial e na Ordem Natural Cósmica ( Kharma).
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O apelo aos valores hedonísticos e ao desejo (Kama).
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No entanto, não é só nestes campos que a religião afecta o estilo de vida indiano. Talvez a maior área de intervenção directa da religião na sociedade seja nos hábitos gastronómicos: A crença e o contacto intenso com a Natureza influenciaram de tal forma os hábitos sociais que grande parte da gastronomia indiana é vegetariana. Talvez um ícone da sociedade indiana é também a sacralização da vaca. Na verdade isto decorre de uma crença ancestral hindu que acabou por se implementar nos hábitos quotidianos da Índia.
Irão O Irão (denominado oficialmente por República Islâmica do Irão) é um país do Médio Oriente, cuja capital é Teerão. O Irão é um “mosaico de grupos étnicos”, caracterizando-se as relações destes grupos sobretudo pela harmonia. O maior grupo étnico-linguístico é composto pelos persas, que representam 51% da população. Por conseguinte, é dos países abordados neste trabalho, aquele em que a religião exerce uma pressão e um papel mais activo junto do panorama social. A religião muçulmana tem-se desenvolvido muito nos últimos anos e, actualmente é a segunda maior do mundo e está presente em todos os continentes. Trata-se de uma religião monoteísta, isto é, representa da apenas por um Deus: Alá. Criada pelo profeta Maomé, a doutrina muçulmana encontra-se fundamentalmente no livro sagrado Alcorão e foi fundada na actual região da actual da Arábia Saudita. A Sharia define as práticas de vida dos muçulmanos, em relação ao comportamento, atitudes e alimentação. De acordo com a Sharia, todo muçulmano deve: •
Crer em Alá como seu único Deus;
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Fazer cinco orações diárias curvado em direcção a Meca;
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Pagar o zakat (contribuição para ajudar os pobres);
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Fazer jejum no mês de Ramadão (Setembro) e peregrinar para Meca pelo menos uma vez na vida.
Para os muçulmanos, existem ainda três locais sagrados: •
A cidade de Meca, local onde se situa a pedra negra, também conhecida como Caaba. 4
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A cidade de Medina, local onde Maomé construiu a primeira Mesquita (templo religioso dos muçulmanos). A cidade de Jerusalém, cidade onde o profeta subiu ao céu e foi ao paraíso para encontrar com Moisés e Jesus.
A Educação é obrigatória para todas as crianças entre os 6 e os 10 anos de idade e de acordo com dados referentes a 2005, 81,3% da população com mais de 15 anos de idade encontra-se alfabetizada. Todas as escolas e universidades devem promover os valores do islamismo, verificando-se portanto, um acentuado afastamento em relação a modelos educativos seculares. Após a Revolução Islâmica muitos académicos foram forçados a abandonar os seus lugares devido às suas ligações com a monarquia ou pela sua identificação com valores seculares, o que provocou uma falta de pessoas nestas instituições. Algumas universidades foram mesmo encerradas no início da década de 80 e outras mudaram de nome. Muitos iranianos encontram-se a estudar no estrangeiro devido a este fenómeno e também porque existe no país a mentalidade que uma educação no exterior é superior. A Revolução Islâmica de 1979, que destituiu o xá, teve um impacto evidente na vida das mulheres, trazendo, portanto, restrições mais severas, como um novo código de vestuário, mas também novas oportunidades, como a possibilidade de ter o mesmo tipo de ensino que os homens. No entanto, em público, as mulheres continuam a ter que usar o "chador" (uma espécie de manto preto), cobrindo o cabelo e o corpo até aos pés; existem, ainda, restrições para aquelas que queiram alugar apartamentos sozinhos e, por vezes, para viajarem para o estrangeiro ainda precisam do consentimento prévio dos maridos ou dos pais; os dois sexos são aconselhados, pelo menos em público, a manter uma certa distância; em algumas zonas, as mulheres e os homens têm áreas de transportes públicos próprias, existindo estâncias de esqui, praias e outras instalações desportivas apenas para mulheres. Estas restrições tiveram algumas consequências nefastas: as mulheres têm uma taxa de suicídio mais alta do que os homens, particularmente em Qom, cidade santa para os muçulmanos xiitas e centro dos estudos religiosos do Irão. Nos últimos quatro anos, sob a Presidência reformista de Khatami, as mudanças evidenciaram-se mais na vida feminina. Actualmente, os sectores mais religiosos continuam a fazer do 5 G1DA
uso do "chador" mas em Teerão (capital), por exemplo, existem muitas mulheres, inclusivamente as que ocupam cargos de chefia, que o substituem por uma gabardina larga, a tapar o corpo até abaixo do joelho. O cabelo tem, por outro lado, que aparecer sempre coberto .A sociedade iraniana nos últimos anos tem-se revelado menos retrógrada nomeadamente em relação a assuntos considerados tabu. Questões como a prostituição, fenómeno crescente, têm sido debatidas abertamente na imprensa e em algumas reportagens televisivas recentes, foram exibidas imagens de toxicodependentes. Por outro lado, continuam a existir testes de virgindade obrigatórios para as mulheres e, caso a sua "pureza" não seja confirmada, as mulheres são punidas com chicotadas. Apesar disto, as mulheres iranianas desfrutam de mais direitos e oportunidades do que as suas congéneres da maior parte dos Estados do Médio Oriente, podendo estudar, trabalhar, votar, conduzir, viajar sem a autorização do marido e exercer quase todas as profissões.
Polónia A República da Polónia tem como capital a cidade Varsóvia. Tem uma população média de 38,7 milhões de habitantes (Polacos 98,7%, ucranianos 0,6%, outros 0,7%) onde predominam fortes ligações à Igreja Católica (aproximadamente 95% da população). Historicamente, a Polónia só se torna um estado no momento em que decide ser católica, isto é, a origem da nação polaca está vinculada à conversão ao cristianismo de Mieszko I, no ano de 996 de tal forma que o 6 G1DA
primeiro hino nacional polaco foi um canto religioso – o Bogurodzica – entoado pelos cavaleiros no início de uma batalha. A república polaca vive abertamente a sua religião e revelou-se sempre como um dos países mais tolerantes e acolhedores da Europa para as outras religiões. Durante o apogeu da Reforma foi, inclusivamente, declarada "terra sem fogueiras", dado que não se procedia a perseguições – e muito menos se queimava – quem seguisse os parâmetros de outra religião, na verdade, durante séculos a Polónia foi terra de asilo para milhões de judeus e, talvez por isso, foi um dos países que mais sofreu a sanha antisemita dos nazis. A Igreja Católica Polaca teve um papel essencial para manter a consciência, a tradição, a unidade e inclusivamente a língua nacional. Nos dramáticos tempos da Segunda Guerra Mundial e também durante a era comunista, a Igreja foi símbolo de coesão. A influência religiosa traduz-se em milhares de igrejas e santuários, com a sua peculiar arquitectura, que atraem milhões de peregrinos e também na conservação de numerosos rituais, mistérios e romarias populares que dão vida, até, à mais pequena aldeia. As principais celebrações coincidem logicamente, com as épocas religiosas por excelência: Páscoa e Natal. As representações da Paixão têm particular interesse e a elas se unem algumas celebrações populares, como o costume de arremessar água na segunda-feira de Páscoa. O nosso conhecido Papa Polaco Karol Wojtyla (João Paulo II) nasceu a 18 de Maio de 1920 em Wadowice, uma pequena cidade polaca junto ao rio Skawa, junto das serras cobertas de bosques de Beskid Maly, junto à Cracóvia, no número 7 da rua Koscielna, mais tarde, convertido num pequeno museu em sua honra. Analisada a influência da Igreja Católica na sociedade polaca, é fácil encontrar vestígios de comportamentos sociais que resultem das normas canónicas, como por exemplo: Como já descrito anteriormente, existe uma grande liberdade de consciência e uma vasta variedade de credos, de tal forma que a própria constituição da República Polaca (datada de 1952) consagra precisamente estes direitos e, inclusivamente, o do ensino e propagação de religiões diferentes. O estatuto da Constituição de 1952 consagra ainda a aquisição de estatutos diferentes e independentes sobre a posição do Estado polaco face a todas a comunidades religiosas. Além da acção formal da Igreja em organizações ou estatutos de Direito existe ainda a manifestação informal ou cultural que a doutrina católica proliferou nas mentes da população. A população polaca vê ainda a utilização de contraceptivos como algo de mau tom e a taxa de divórcio e relativamente baixa quando analisada com os países nórdicos. O casamento homossexual foi recentemente alvo de um uma acção de veto por parte do parlamento, acrescente-se a isto a pressão da ONU e da EU em prol da despenalização do aborto e constatamos facilmente que a sociedade polaca é, à semelhança da Igreja Católica, algo conservadora. 7 G1DA
Suécia A Suécia (Reino da Suécia) situada no norte da Europa, tem aproximadamente 9 milhões de habitantes e como capital Estocolmo, o seu governo é constituído por uma monarquia parlamentarista. Como na maioria dos países europeus e mundiais, e a semelhança do nosso país, na Suécia quando há um nascimento os pais, caso pertençam, incluem os seus filhos na Igreja Luterana Estatal, ficando assim a criança como membro de uma religião. Logicamente que, como em todas as outras religiões caso seja de sua vontade pode mais tarde abandonar a religião, no caso, apenas terá que preencher um requerimento para se desvincular da religião em questão, falamos da Igreja Luterana dado que na Suécia esta tem a maior percentagem de fieis sendo 87% dos suecos Luteranos e 13% de outras religiões tais como a Ortodoxa, Católica Romana, Judeus, etc. A religião não se tornou menos importante na sociedade sueca, mas mudou de cor, ou seja, de acordo com um relatório da Universidade Åbo (Finlândia), nos países nórdicos a igreja protestante luterana tem de ser liberal e aberta a uma moderna interpretação da mensagem cristã. Caso contrário, a Igreja tomaria uma posição demasiado autoritária o que faria com que a maioria dos suecos não a aceitasse. No decorrer de 1970-80, o número de pessoas que recebem baptismo, e tiveram o seu casamento na igreja quase duplica actualmente. E a Igreja Sueca está cada vez mais a perder membros. Uma razão poderá ser o facto de as pessoas que registarem a sua separação (através do requerimento atrás referido) da Igreja são isentos do imposto de igreja, outra razão que possa ser motivo para o abandono da igreja será o facto de actualmente na Suécia já não existir formação a nível religioso nas escolas e/ou durante o processo escolar, assim, os jovens já não têm contacto com a mensagem bíblica, posteriormente torna-se muito difícil para eles sentirem alguma ligação com a igreja. Devido à imigração para a Suécia, o Islão é agora no país a segunda maior religião depois cristianismo. Um certo número de mesquitas foi já construído em diferentes partes da Suécia e estão planeados mais. Em suma, a título conclusivo, quase 8 em cada 10 suecos são membros da Igreja da Suécia o que faz um total de 7 milhões, apenas 1 em cada 10 suecos acha que a religião é importante na vida quotidiana. Cerca de 7 em cada 10 crianças são baptizada na Igreja da Suécia, pouco mais de 5 em cada 10 casamentos têm lugar na igreja e quase 9 em cada 10 suecos têm um enterro cristão. Por sua vez, o Islão tem cerca de 130.00 seguidores na Suécia. 8 G1DA
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