Hipertensão Arterial e Comorbidades Oswaldo Passarelli Júnior Médico da Seção de Hipertensão Arterial Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia
Presidente do Departamento de Hipertensão da SBC
Hipertensão Arterial Conceituação “É uma doença crônico-degenerativa de natureza multifatorial, na grande maioria dos casos assintomática, que compromete fundamentalmente o equílibrio dos sistemas vasodilatadores e vasoconstritores que mantém o tônus vasomotor, levando a uma redução da luz dos vasos e danos aos órgãos por eles irrigados.”
PRESSÃO ARTERIAL MÉDIA SISTÓLICA E DIASTÓLICA POR IDADE, RAÇA E ETNIA NHANES III
Homens
Mulheres
150
150 Pressão arterial sistólica
130
130
110
110
mmHg
mmHg
Pressão arterial sistólica
80 70
80 Pressão arterial diastólica
70
Pressão arterial diastólica
0
0
18-29 30-39 40-49 50-59 60-69 70-79 > 80
18-29 30-39 40-49 50-59 60-69 70-79
Idade
> 80
Idade Legenda
Negros não hispânicos
Brancos não hispânicos
Mexicano-americano Hypertension, 1995; 25:305-313
Mortalidade Coronariana e Hipertensão
A partir de que nível de PA? Idade de risco anos
80 - 89
256
70 - 79
128
60 - 69
64
50-59
32 16
40-49
8 4 2 1
120
140
160
180
PAS usual (mm Hg) Adaptado de Lewington et al. Lancet, 2002; 360: 19031903-1913.
Mortalidade por DIC (Risco absoluto flutualnte e IC 95%)
Mortalidade por DIC (Risco absoluto flutualnte e IC 95%)
Idade de risco anos
80 - 89
256
70 - 79
128
60 - 69
64
50-59
32 16
40-49
8 4 2 1
70
80
90
100
PAD usual (mm Hg)
110
Hipertensão e a Lesão de Órgãos Alvo Hipertensão
Encefalopatia Encefalopatia TIA TIA AVC AVC Isquêmico Isquêmico AVC ágico AVC Hemorr Hemorrágico
Angina Angina do do peito peito Angina ável Angina Inst Instável Infarto árdio Infarto do do Mioc Miocárdio Hipertrofia Hipertrofia do do VE VE Morte úbita Morte SSúbita Insuficiência íaca Insuficiência Card Cardíaca
Insuficiência Insuficiência Renal Renal Doen ça Renovascular Doença Renovascular
Claudica ção Claudicação Aneurisma Aneurisma Isquemia Isquemia de de MIs MIs
Hipertensão Fator de Risco para a DCV D. art. coronariana 50 Índice bienal ajustado à idade para 1.000 indivíduos
D. arterial periférica
AVC
Insuficiência Cardíaca
45,4
40
Normotenso Hipertenso
30 22,7 20 10
21,3 9,5
12,4 3,3
0 Risco relativo
Homens Mulheres 2,0 2,2
2,4
6,2
Homens Mulheres 3,8 2,6
13,9
9,9 5,0
7,3 2,0
Homens Mulheres 2,0 3,7
3,5
6,3 2,1
Homens Mulheres 4,0 3,0
Kannel WB. JAMA. 1996; 275: 1571-1576
Fatores Genéticos
1. FISIOPATOLOGIA DA HA
? Fenótipos Intermediários
2. LESÃO EM ÓRGÃO-ALVO A
Droga
B
ABC ABCDE...
Fatores de Risco Ambientais 3. RESPOSTA TERAPÊUTICA
PACIENTES COM HIPERTENSÃO E OUTROS FATORES DE RISCO ASSOCIADOS Apnéia do sono 40%
Tabagismo 35% HVE 30%
Sedentarismo 60-80%
HIPERTENSÃO
Diabetes 15% HDL 25%
Colesterol >240 mg 40%
Sobre/Obes 66% Hiperinsulinemia 50%
Adaptado Kaplan, NM. Metabolic Aspects of Hypertension, 1997
Componentes da Síndrome Metabólica I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica Componentes
Níveis
Obesidade central
Circunferência abdominal >102cm (homens) e >88 (mulheres)
Triglicérides
> 150mg/dL
HDL-C
<40mg/dl (H); <50 mg/dL (M)
Pressão arterial
>130 mmHg ou >85 mmHg
Glicemia de jejum
>110 mg/dL
Hipertensão Arterial Como avaliar a Hipertensão Arterial?
Objetivos da Investigação Clínico-laboratorial
Confirmar a elevação da PA e firmar o diagnóstico de hipertensão arterial. Identificar fatores de risco para DCV. Avaliar lesões de órgãos-alvo e presença de DCV. Diagnosticar doenças associadas à HA. Estratificar o risco cardiovascular do paciente. Diagnosticar a hipertensão arterial secundária.
Classificação da PA (>18 anos) Classificação
PAS (mmHg)
PAD (mmHg)
Ótima
< 120
< 80
Normal
< 130
< 85
Limítrofe
130-139
85-89
Hipertensão Estágio I
140-159
90-99
Hipertensão Estágio II
160-179
100-109
Hipertensão Estágio III
> 180
> 110
Hipertensão Sistólica isolada > 140
< 90
O valor mais alto de sistólica ou diastólica estabelece o estágio do quadro hipertensivo. Quando as pressões sistólica e diastólica situam-se em categorias diferentes, a maior deve ser utilizada para classificação do estágio.
HAS –FR e DCV
menopausa
lípides
hipertensão
diabetes sedentarismo
sexo
obesidade idade dieta
Doença sub-clínica Disfunção endotelial
Estenose de carótida
inflamação
Calcificação coronária
HVE
ICC
Morte súbita
Doença clínica AVC
IVP
Angina IAM
HIPERTENSÃO ARTERIAL ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO
CLASSIFICAÇÃO DE PRESSÃO ARTERIAL
FATORES DE RISCO
LESÕES EM ÓRGÃO ALVO
DOENÇA CLÍNICA ASSOCIADA A RISCO CARDIOVASCULAR AUMENTADO
Estratificação do Risco Individual do Paciente Hipertenso PA
Fator de risco Normal
Limítrofe Estágio 1
Sem FR
Sem risco adicional
1 a 2 FR
Risco baixo
3+ FR ou lesão de órgão-alvo ou DM
Risco médio
DCV
Risco alto
Risco alto Risco muito alto
Estágio 2
Estágio 3
Risco baixo
Risco médio
Risco alto
Risco médio
Risco médio
Risco muito alto
Risco alto
Risco alto
Risco muito alto
Risco muito alto
Risco muito alto
Risco muito alto
TRATAMENTO DA PRESSÃO ARTERIAL
TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO
SEM COMORBIDADES
COM COMORBIDADES
Mudança do Estilo de Vida
SAL < 6 g/dia
Álcool
< 30 g/dia Gordura Fumo
Obesidade IMC< 25 Cintura <102 cm <88 cm
Estresse
Hábitos Saudáveis
Ingesta de Potássio, Cálcio e Magnésio
Exercícios Físicos
Tratamento Não-medicamentoso Modificações do estilo de vida no controle da PA Modificações Modificações Controle do peso Padrão alimentar
Redução do consumo de sal Moderação no consumo de álcool Exercício físico
Recomendação Recomendação
Redução Redução aprox. aprox. na na PAS PAS
Manter o peso corporal na faixa normal (IMC entre 18,5 e 24,9 kg/m2) Consumir dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com baixa densidade calórica e baixo teor de gorduras saturadas. Adotar dieta DASH Reduzir a ingestão de sódio para não mais de 6g sal/dia*
5 a 20 mmHg para cada 10kg de peso reduzido
Reduzir consumo a 30g/dia (homens), 15g/dia (mulheres)
2 a 4 mmHg
Habituar-se à prática regular de atividade física aeróbica: caminhadas 30 min/dia, 3-5x/sem
4 a 9 mmHg
8 a 14 mmHg
2 a 8 mmHg
* 6g de sal/dia = 4 colheres de café rasas de sal = 4g + 2g de sal próprio dos alimentos
Tratamento da Hipertensão Arterial
TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO
SEM COMORBIDADES
COM COMORBIDADES
Evolução do tratamento anti-hipertensivo Eficácia Tolerabilidade 1940s
1950
1957
1960s
Vasolidatadores diretos Diuréticos Simpaticolíticos Periféricos Bloqueadores Ganglionares Veratrum alkaloids
1970s
1980s
1990s
2008/9
Alfa bloq
iECA
BRAs
IDR
Tiazidicos Agonistas DHP ACCs Alfa Centrais ACCs Não-DHP Beta bloqueadores
BB (nebivolol)
Classes de Anti-hipertensivos Diuréticos. Inibidores adrenérgicos. Ação central – agonistas alfa 2 centrais. Alfabloqueadores – bloqueadores alfa 1 adrenérgicos. Betabloqueadores – bloqueadores beta-adrenérgicos. Alfabloqueadores e betabloqueadores.
Bloqueadores dos canais de cálcio. Inibidores da ECA. Bloqueadores do receptor AT1 da angiotensina II. Vasodilatadores diretos
Tratamento Medicamentoso Monoterapia Estágio 1 Diurético Betabloqueador Inibidor da ECA Bloqueadores dos canais de cálcio Bloqueadores do receptor AT1
Associação de fármacos Classes distintas em baixas doses, principalmente para estágios 2 e 3
Resposta inadequada ou efeitos adversos Aumentar Substituir a a dose monoterapia
Adicionar Aumentar a Adicionar Trocar a 2oo anti3oo antidose da associação hipertensivo associação hipertensivo Resposta inadequada
Adicionar outros anti-hipertensivos
Fluxograma Diretriz Européia HA estágios 2 e 3
HA estágio 1 RCV baixo ou médio
RCV alto ou muito alto
Monoterapia
Combinação de drogas Se não alcançar a meta
Dose plena monoterapia
Trocar o medicamento
Dose plena combinação
Adicionar droga
Se não alcançar a meta 2 ou 3 medicamentos em doses plenas
Dose plena monoterapia
2 ou 3 medicamentos em doses plenas
ESH/ESC Guidelines 2007
Diretrizes 2007 ESH/ESC Diuréticos
Bloqueadores do receptor AT1 da All
Betabloqueadores
X Alfa-1 bloqueadores
Bloqueadores dos canais de cálcio
Inibidores da IECA
Fluxograma da Diretriz Britânica <55 anos Etapa 1(Estágio 1) Baixo/médio RCV
Etapa 2
Etapa 3
Etapa 4
I-ECA/BRA
RCV Etnia Idade
55 anos ou pacientes negros de qualquer idade
BCC ou diurético tipo tiazida
I-ECA/BRA + BCC ou I-ECA/BRA + diurético tiazida
I-ECA/BRA + BCC + clortalidona
Trio de ouro
Acrescentar outra terapia diurética, α-bloqueador, ou β-bloqueador. Considerar obter a opinião de um especialista Adaptado da Diretriz Britânica 2009
Tratamento Medicamentoso Escolha inicial SM
DM
IM
Gravidez
Ictus
Raça negra
Idade
Objetivo imediato: redução da pressão arterial Objetivo primordial: capacidade de reduzir a morbidade e a mortalidade Seleção
Angina
EVP
IC
Situação Clinica
Características demográficas
DM nefropatia
Insuficiência Cardíaca (?)
Regressão ou retração na Progressão de LOA
de
Disfunção renal
Mecanismo fisiopatológico predominante
IM (?)
fármaco
Prevenção específica
Ictus (?)
Prevenção progressão a alto risco
Doenças associadas FA
Nova DM
SM
Perfil de segurança Condições socio-econômicas
Proteinúria Aterosclerose Assintomática
Caracteristicas individuais ERT
HVI
Deterioração cognitiva (?) Nova HTA (?)
Rev. Esp. Cardiol. 2008; 61(8): 861-79
Classes de Anti-hipertensivos Preferenciais Condições
Diurético
-bloq
LOA subclínica HVE Aterosclerose assint Microalbuminúria Disfunção renal Evento clínico AVC IAM Angina ICC F Atrial recorrente permanente IRC/Proteínúria DAP
IECA
BRA II
BCC
(alça)
Ant. Aldosterona
ESH/ESC Guidelines 2007
Classes de Anti-hipertensivos Preferenciais
Condições Condição H Sist Isolada Sínd. Metabólica Diabetes Gravidez Negros
Diurético
-bloq
IECA
BRA II
BCC
Metildopa
ESH/ESC Guidelines 2007
Impacto da hipertensão arterial não controlada Eventos atribuídos à PAS >115 mmHg (%)
76
80
62 60
49
40
14
20 0 AVC
Doença cardíaca isquêmica
Doença Hipertensiva*
Outras DCVs
Isto corresponde a 7 milhões de mortes ao ano *As doenças hipertensivas incluem hipertensão essencial, hipertensão cardíaca e hipertensão renal
Lawes e col. J Hypertens 2006;24:423–30
Historia Natural do Risco Cardiovascular IAM, Angina Interrupção da Progressão Ictus cardiaca HVE daInsuficiencia doença micro e Insuficiencia Renal Episodios > IAM macrovascular reincidentes Infartos lacunares Arteriopatía Periférica HAS não fatais Microalbuminuria
HAS
Arteriosclerose Remodelação vascular
HipertensãoHAS Obesidade Dislipidemia Diabetes
Genética Estilo de vida
HAS IR terminal Dialise Demencia
HAS
Morte Adaptado de Dzau et al. Circulation 2006; 114: 2850-2870
DÚVIDAS: CENTRO DE CONVENÇÕES AMARELINHO