Guia de Programação para as Forças de Defesa e Segurança Opções de programas para controle das DST/HIV/aids nas Forças de Defesa e Segurança
Séries do UNAIDS: Envolvendo as Forças de Defesa e Segurança no controle das DST/HIV/aids Documento 1
Guia de Programação para as Forças de Defesa e Segurança Opções de programas para controle das DST/HIV/aids nas Forças de Defesa e Segurança
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Guia de Programação para as Forças de Defesa e Segurança
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Índice Prefácio
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1. Introdução
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2. Componentes de um programa
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3. Lidando com as questões de gênero
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4. Abuso de substâncias psicoativas - as drogas
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5. Estabelecendo um programa de controle de DST/HIV/aids
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6. Direitos legais, éticos e humanos
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7. Criando e mudando políticas
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8. Colaboração com a sociedade civil
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9. Identificando o problema
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10. A gestão de um programa
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11. O planejamento estratégico na comunicação para a mudança de comportamento
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12. Selecionando populações-alvo
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13. Realizando uma avaliação formativa
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14. A comunicação para a mudança de comportamento em um programa de HIV/aids
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15. A elaboração de mensagens e de materiais educativos
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16. A produção de materiais educativos e a escolha de canais de comunicação
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17. A pré-testagem de mensagens e de materiais educativos 65 18. A implementação de estratégias de comunicação para a mudança de comportamento
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19. O monitoramento e a avaliação
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Guia de Programação para as Forças de Defesa e Segurança
Agradecimentos Este guia foi elaborado por Iain McLellan sob orientação do Escritório do UNAIDS sobre Aids, Segurança e Resposta Humanitária. O UNAIDS gostaria de agradecer a Michael Munywoki e a Lev Khodakevich pela orientação e apoio. Ampliam-se os agradecimentos às seguintes pessoas no UNAIDS pela colaboração na publicação deste guia: Ulf Kristoffersson, Andrea Verwohlt e Jelena Vladicic. O UNAIDS gostaria também de agradecer aos programas de controle de HIV/Aids das Forças Armadas do Gana, Mauritânia, Camboja e Zâmbia, bem como ao Serviço de Polícia do Gana pelas suas contribuições e críticas durante o processo de elaboração do guia. A coordenadora do projeto do UNAIDS para este guia é Sinead Ryan. No Brasil, a adaptação do material foi realizada pelo consultor Luiz Fernando Marques, com o apoio dos Ministérios da Defesa e da Saúde e do Escritório do UNAIDS no Brasil. UNAIDS no Brasil: SCN, quadra 2, bloco A, módulo 602 Brasília - DF 70712-900 Fone: (61) 3038-9220 Fax: (61) 3038-9229
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Prefácio à Edição Brasileira
Prefácio Sabemos pela experiência acumulada que a aids é mais do que uma questão de saúde: ela passa a constituir-se em uma preocupação de segurança global, que já atinge proporções epidêmicas. A aids pode devastar regiões inteiras, reverter décadas de desenvolvimento nacional e até destruir as bases de uma nação: suas comunidades, economias ou instituições políticas, e mesmo as próprias forças militares e policiais. Em muitos países, a aids já afetou o pessoal das forças armadas em proporções maiores do que as alcançadas nas populações civis. Onde isso ocorre, a aids debilita as estruturas de comando, bem como compromete a prontidão e a capacidade militar de responder à ameaça e à instabilidade. As Forças Armadas, especialmente seus jovens membros homens e mulheres, são extremamente vulneráveis ao HIV/aids em função de fatores como o ambiente de trabalho, a mobilidade, a idade e outras circunstâncias que as expõem a um risco acrescido de infecção. Esse fato foi primeiramente reconhecido pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) quando adotou a Resolução 1308, em julho de 2000, exprimindo a preocupação em relação ao potencial impacto do HIV/aids na saúde do pessoal das forças internacionais de manutenção da paz. Essa preocupação foi posteriormente enfatizada na Declaração de Compromisso da ONU sobre o HIV/Aids, em junho de 2001, na qual seus Estados Membros e a comunidade internacional comprometem-se a abordar questões relacionadas ao HIV/aids entre seu pessoal das forças de defesa e segurança. Os jovens recrutas são particularmente alvos de ação, tendo em vista o seu potencial papel de futuros líderes, de tomadores de decisão e como membros das forças de manutenção da paz dentro e fora de seus países. Os recrutas nas Forças Armadas defrontam-se com a solidão e outros desafios por encontrarem-se longe das suas famílias e contextos culturais. O comportamento dos jovens recrutas e a disponibilidade de informação e de serviços apropriados podem determinar a qualidade de vida de milhões de pessoas em seus respectivos países. Como resposta a essa situação e seguindo concretamente as orientações acima traçadas, o Secretariado do UNAIDS, por meio de seu Escritório para a Aids, Segurança e Resposta Humanitária, foi incumbido de assumir o papel de liderança no desenvolvimento de uma abordagem coordenada e integrada em resposta ao HIV/aids nas Forças Armadas, sobretudo entre os jovens recrutas. Muitas forças de defesa e segurança constataram que uma abordagem sistemática de controle das DST*/HIV/Aids é mais eficaz do que abordagens isoladas com muitas atividades descoordenadas. Este documento foi elaborado pelo UNAIDS para apoiar as forças de defesa e segurança que queiram controlar a epidemia, fazendo significativa diferença nas vidas do seu próprio pessoal e familiares. Ulf Kristoffersson Diretor Escritório do UNAIDS para Aids, Segurança e Resposta Humanitária * Doenças sexualmente trasmissíveis.
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1. Introdução 1.1. Qual é o propósito deste guia? Fornecer opções de programa Este guia fornece um panorama de opções de programas para controle das DST/ HIV/ Aids, destinado aos planejadores de saúde das Forças Armadas. O guia enfatiza a importância do planejamento estratégico, buscando que todos os esforços sejam orientados e dirigidos por pesquisa que os embase. A ênfase é dada na discussão sobre a vulnerabilidade às DST/HIV/aids e na adoção de práticas mais seguras. O guia aborda diferentes públicos-alvo em seus contextos culturais. Assim, os leitores devem ajustar a terminologia e a abordagem do programa, visando contemplar as necessidades específicas das suas corporações. Focalizar os fatores que aumentam a vulnerabilidade às DST/HIV/aids O guia apresenta uma visão na qual todos os esforços estão focalizados em influenciar mudanças positivas de comportamento. A experiência diz-nos que, geralmente, essa mudança não é alcançada somente pela informação. Uma ênfase específica é dada ao desenvolvimento de intervenções para o grupo de populações mais vulneráveis, os jovens entre os 15 e 24 anos de idade. Questões-chave que aumentam a vulnerabilidade às DST/ HIV/aids no âmbito das Forças Armadas Dentre as principais questões-chave, destacamos: A maior parte de seus integrantes está no grupo etário mais vulnerável à infecção pelo HIV, os sexualmente ativos com menos de 25 anos de idade. As características de emprego das Forças Armadas, tendem, em determinadas situações, a gerar um ambiente favorável à adoção, por parte dos militares, de comportamentos de risco. Os quartéis e seu pessoal, incluindo aí as instalações das forças de manutenção da paz, atraem os comércios de sexo e de drogas ilícitas. O serviço prestado pelas Forças Armadas pressupõe longos períodos longe do ambiente familiar, resultando que, muitas vezes, o pessoal procure formas de se libertar da solidão, do estresse e do aumento da tensão sexual.
1.2. O que é o programa das DST/HIV/aids? O programa de contole das DST*/HIV*/Aids* constitui um esforço coordenado para lidar com o impacto das DST/HIV/Aids no ambiente das Forças Armadas. As opções de programa abarcam: serviços biomédicos incluindo o diagnóstico e tratamento das * Doenças Sexualmente Transmissíveis * Vírus da Imunodeficiência Humana * Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
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Introdução
DST; aconselhamento e testagem voluntária e confidencial; promoção de preservativos e de serviços de disponibilização; treinamento de pessoal; educação de pares e liderança de pares; comunicação para a adoção de práticas mais seguras; advocacia e desenvolvimento de políticas. A maioria dos programas encontra um equilíbrio operando nas áreas de advocacia e desenvolvimento de políticas e na disponibilizaçao de serviços médicos e na promoção de atividades de prevenção, ajustando a dimensão do programa aos recursos existentes. Os países com incidência relativamente baixa de HIV/aids podem privilegiar seus recursos em prevenção e o estabelecimento de programas de controle das DST, enquanto aqueles com prevalência mais elevada priorizam seus esforços nos cuidados e no tratamento das pessoas vivendo com HIV/aids.
1.3. Por que estabelecer um programa? Para aumentar a eficácia Um programa estabelece um quadro geral no qual os serviços e as atividades fiquem claramente estabelecidos. Ele assegura que a resposta seja equilibrada, os fundos existentes sejam usados em respostas efetivas e que os elementos do programa sejam coordenados e funcionem eficientemente em uma ação conjunta. Para inserir ações de prevenção nos serviços A inserção das ações de prevenção em serviços acessíveis é particularmente importante. Os educadores de pares podem incentivar o uso do preservativo ou o tratamento sindrômico das DST, mas, se não houver preservativos e medicamentos para o tratamento de DST, pouco resultado será possível. As Forças Armadas precisam controlar as DST/ HIV/aids, em uma abordagem planejada e que faça diferença na qualidade de vida de seu pessoal e de suas famílias. Para proteger os companheiros de farda Existe uma ética amplamente estabelecida nas Forças Armadas que preza a lealdade entre os companheiros de farda e, também, a valorização dos oficiais para com o bemestar de seus comandados. Esses aspectos sustentam a eficiência, elemento crucial nas corporações militares. Há, ainda, uma crescente sensibilização para a necessidade do enfrentamento das questões relativas ao HIV/aids, o que está evidenciando-se ser tão importante como dar cobertura durante uma batalha. Ademais, ações de prevenção são muito mais baratas que o tratamento às pessoas infectadas.
1.4. Por que as Forças Armadas são particularmente vulneráveis? Pela prática do sexo ocasional No mundo inteiro os homens constituem a maioria do pessoal nas Forças Armadas. Os jovens de idades compreendidas entre os 15 e os 24 anos, tanto os não casados como os temporariamente separados de suas parcerias regulares, constituem o mais amplo e vulnerável grupo dentre todos os militares. Assim como os jovens civis, eles são mais suscetíveis às infecções pelo HIV e de infectarem a outras pessoas. O fato de, muitas vezes, os militares estarem longe de suas casas fazem-nos recorrerem mais aos serviços de profissionais do sexo, de ficarem infectados com DST, com destaque ao HIV e, por
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sua vez, infectarem suas esposas, namoradas ou parcerias ocasionais, quando desmobilizados ou em períodos de folga. Pelo estímulo ao comércio sexual Em países com economias desestabilizadas por conflitos, a presença de grande número de homens fardados constitui um fator importante para o incremento do comércio local de sexo. Pode então ocorrer o tráfico de mulheres para a prostituição ou que elas se ofereçam como forma de sobrevivência. Nesse contexto, em função do sexo não protegido com muitos parceiros ocasionais diferentes, as Forças Armadas têm, em geral, taxas de prevalência de DST e HIV mais elevadas do que as médias encontradas na população geral. Em alguns países, por terem as taxas de infecção mais elevadas que as dos civis (em outros países, mas não no Brasil) Segundo o UNAIDS, as taxas de DST entre as Forças Armadas são de duas a cinco vezes mais elevadas que as encontradas na população civil, e ainda mais elevadas em tempo de conflito em alguns países. Os últimos dados do UNAIDS sugerem que, em certas partes do mundo, a diferença pode ser ainda maior que essa. Um estudo francês constatou que membros de suas Forças Armadas que operaram no estrangeiro eram cinco vezes mais suscetíveis ao HIV e outras DST do que aqueles que permaneceram no país. Em muitos países não industrializados, a aids é a principal causa de morte entre membros das Forças Armadas. Trabalhando com as comunidades locais A interação entre os membros das Forças Armadas e a comunidade local pode ter tanto efeitos negativos como positivos. As relações entre os militares e as mulheres locais, incluindo as profissionais do sexo, foram identificadas como um dos canais por meio dos quais o HIV espalha-se nas comunidades circunvizinhas. Contudo, tanto os militares quanto os civis, devidamente treinados, podem trabalhar como ativistas no aumento da sensibilização ao HIV/aids entre as comunidades locais e as redes de profissionais do sexo que, muitas vezes, aparecem próximo de quartéis e estabelecimentos similares. Em todos os aspectos do programa de controle de HIV/ aids, incluindo a educação de pares, a comunidade local, destacando as profissionais do sexo, deve estar envolvida. Essa abordagem assegurará a sustentabilidade de qualquer atividade de abordagem ao HIV/aids.
1.5. Por que as intervenções em HIV/aids são importantes para as Forças Armadas? Pelo impacto em relação à prontidão Se for deixada sem a devida atenção, a ocorrência de HIV/aids terá importante impacto em relação à prontidão do pessoal e comprometerá a segurança interna e nacional. A mortalidade e a morbidade podem reduzir o poderio total da tropa, a força de destacamento e a reserva de recrutamento de pessoal alistado.
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Introdução
Pelos custos acrescidos A rotação de pessoal não somente cria uma perda de continuidade do comando, como também aumenta os custos de recrutamento e de treinamento do pessoal substituído. Os custos acrescidos com cuidados de saúde podem ser substanciais, incluindo a necessidade de pessoal adicional para os cuidados de saúde, o seguro médico, os seguros de vida e os pagamentos por incapacidade. O absenteísmo aumenta e a produtividade diminui, uma vez que mais pessoas infectadas pelo HIV ficam doentes. Por portar a infecção para a população civil A atuação das Forças Armadas pode também significar um impacto fora de suas próprias fileiras. O HIV/aids tende a ser mais presente nos países durante os períodos de instabilidade. O pessoal operando no estrangeiro como força de manutenção de paz, ou compondo uma parte das forças militares, pode infectar-se e portar o HIV para o seu próprio país, onde a infecção é menos comum. No inicio da década de 1980, na África, as Forças Armadas tanzanianas invadiram a vizinha Uganda. As forças atravessaram uma zona da fronteira que tinha, então, a mais elevada taxa de incidência do HIV na África. Depois da ação, período em que muitos soldados infectaram-se, eles foram desmobilizados de forma igual pelo país inteiro, aumentando muito a vulnerabilidade das populações nas cidades e estados.
1.6. O que pode acontecer se um efetivo programa de controle de DST/HIV/aids não for desenvolvido? Um programa inadequado Muitas forças militares no mundo ainda não possuem um programa de DST/HIV/aids. Outras acrescentaram algumas questões de caráter biomédico às já existentes orientações dadas no treino dos recrutas. Assim, e em grande medida, as Forças Armadas, especialmente aquelas em países não industrializados, deram menos prioridade a um programa do que foi dada à população civil. Dessa forma, forças militares de países com elevada prevalência agora constatam que a prevalência das DST/HIV/aids não se acompanha de respostas adequadas dos serviços de saúde. Forças de defesa civil ou militar doentes não serão tão eficazes ou disciplinadas como forças saudáveis. As forças de defesa e segurança, incluindo as forças de defesa civil, são extremamente vulneráveis às DST, incluindo o HIV, sobretudo em função de seu ambiente de trabalho, da mobilidade, da idade de seus membros e de outros fatores. As elevadas taxas de prevalência entre os membros das forças de defesa e segurança enfraquecem a defesa nacional. Combater o HIV/aids nas forças de defesa e segurança não é apenas uma questão moral, mas também uma questão de otimização da eficácia militar. A ocorrência do HIV/aids limita a prontidão, as capacidades e o aproveitamento de experiências valiosas de seus membros. Em decorrência disso, uma escassez de oficiais e soldados pode acontecer e, assim, um pessoal menos experiente pode ter de assumir mais responsabilidades. O aumento da sensibilização para o HIV/aids e o encorajamento para a adoção de práticas mais seguras entre os membros das forças de defesa e segurança salvará vidas e melhorará a sua eficácia.
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Um problema crescente As Forças Armadas de países com baixa prevalência do HIV/aids devem observar que em alguns países que hoje apresentam cerca de um terço de seus membros infectados pelo HIV também havia uma baixa prevalência há apenas 15 anos. Os países hoje menos afetados pela epidemia ganhariam em aprender com a experiência dos mais severamente afetados e propor ações imediatas para evitar uma espiral da epidemia.
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Componentes de um programa
2. Componentes de um programa 2.1. Porque os serviços de DST são necessários? As DST são indicadores precoces de vulnerabilidade ao HIV Os mesmos fatores que tornam o pessoal das Forças Armadas vulneráveis à infecção pelo HIV, como a separação dos parceiros regulares e conseqüente aumento da possibilidade de sexo desprotegido, também aumentam as chances de contrair uma DST. Um estudo revelou que 10% do pessoal da Marinha Americana contraíram uma DST durante missões na América do Sul, África Ocidental e Mediterrâneo. AS DST são co-fatores para a infecção pelo HIV Se uma pessoa contraiu uma DST, torna-se até 50 vezes mais suscetível ao HIV se tiver relações sexuais não protegidas com uma pessoa soropositiva. O estabelecimento de serviços competentes de diagnóstico e tratamento de DST, ou de um sistema de referência para os serviços públicos, deveriam ter uma alta prioridade para os programas de HIV/ aids das Forças Armadas. Para disponibilizar o diagnóstico e tratamento de DST O treinamento dos profissionais dos serviços de saúde das Forças Armadas para diagnosticar e tratar DST pode constituir-se em um primeiro importante passo. O manejo sindrômico de casos de DST, no qual todas as possíveis causas da síndrome são tratadas, é eficaz na prevenção e no tratamento, sem pressupor procedimentos laboratoriais dispendiosos. Os principais componentes da abordagem sindrômica das DST incluem: z
Identificação dos principais agentes causadores das DST, por meio dos sintomas clínicos que eles produzem;
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Tratamento de todas as causas importantes da síndrome;
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Oferecimento do tratamento a todas as parcerias sexuais do contato.
Para implantar a abordagem sindrômica das DST Por exemplo, no manejo sindrômico de um homem com queixas de corrimento uretral o tratamento incluiria tanto o da gonorréia quanto o da infecção por clamídia. Para uma pessoa com úlcera genital, o tratamento visaria à cura do cancroide e da sífilis. A abordagem sindrômica oferece acessibilidade e tratamento imediato. Uma desvantagem dessa abordagem é o tratamento excessivo em alguns pacientes. Os estudos demonstraram que o manejo sindrômico das DST é mais eficaz em relação aos custos do que o diagnóstico baseado em exames clínicos e em testes laboratoriais. Para a reduzir a automedicação A automedicação das DST é um problema também comum entre os membros das Forças Armadas, já que podem sentir-se embaraçados em procurar tratamento em lugares adequados, por não haver serviços apropriados disponíveis ou por preocupar-se com a
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notificação de uma DST em seu registro no serviço médico, o que poderia constituir-se em uma desvantagem para os mesmos. As estratégias devem incluir a colaboração com as farmácias próximas das instalações militares, no sentido de encorajar a referência para os serviços públicos de DST. O estabelecimento e a promoção de serviços confidenciais nas instalações militares também aumentam a procura por tratamento das DST. Para assegurar a disponibilização dos medicamentos O aumento de capacidade operacional do pessoal de saúde em diagnosticar e tratar as DST, ou o estabelecimento de novas clínicas de DST, trarão pouco impacto se não forem acompanhados de outros suportes básicos ao estabelecimento do programa. Bons exemplos são a ampla disponibilização de preservativos e dos medicamentos para o tratamento das DST. Para serem referência às ações de prevenção às DST Para diminuir a probabilidade de infecções de repetição, a promoção do uso do preservativo e o aconselhamento devem fazer parte da abordagem de prevenção e de tratamento. Os serviços de DST que efetiva e sistematicamente realizem a busca do contato das pessoas afetadas por uma DST também reduzem as probabilidades de infecções de repetição. Por exemplo, a organização de atividades de prevenção às DST junto às profissionais do sexo que trabalhem próximas às instalações militares podem trazer um impacto na diminuição de DST do pessoal das Forças Armadas.
2.2. Qual a função do preservativo? Ser a principal arma de defesa do pessoal A camisinha, tanto a masculina como a feminina, é a principal arma de defesa para o pessoal fardado contra as DST/HIV/aids. Os novos recrutas, em particular, têm menos probabilidade de serem casados ou de terem parcerias regulares, além de serem mais suscetíveis a envolverem-se em relações sexuais ocasionais sem proteção. A responsabilidade pela proteção à saúde e segurança do pessoal é parte da tradição das Forças Armadas. Ser incorporado aos objetos pessoais A aids é a principal causa de morte entre o pessoal das Forças Armadas em muitos países do mundo. O preservativo deve ser considerado, portanto, uma parte essencial do bornal do pessoal. De fato, algumas Forças Armadas tornaram o porte de preservativos obrigatório e disponibilizaram uma quantidade deles para serem transportados no cinto dos soldados. Nessa situação, o pessoal deve mostrar os seus preservativos durante as inspeções diárias, podendo, inclusive, ser punidos se não os portarem.
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Componentes de um programa
Cartão de Orientação sobre o HIV/aids O UNAIDS, em parceria com o Departamento das Nações Unidas para as Operações de Manutenção de Paz (DPKO), desenvolveu uma estratégia de sensibilização para as operações de manutenção de paz. O “Cartão de Orientação sobre o HIV/Aids” contém informações básicas sobre o HIV/aids, um código de conduta para o pessoal de manutenção da paz, instruções sobre prevenção e um recipiente para portar até dois preservativos. Baseado no sucesso desse cartão de sensibilização, o Ministério da Saúde, em parceiria com o Ministério de Defesa e o UNAIDS, produziram um cartão semelhante para as forças armadas nacionais. Esse material pode fazer parte de uma campanha de sensibilização às IST e à aids e deveria ser incorporado como parte integrante do uniforme das Forças Armadas. No Brasil, esse cartão será distribuído nas ações de prevenção organizadas pelos Ministério da Defesa e da Saúde. Para mais informações contate www.unaids.org ou www.aids.gov.br.
Ter seu fornecimento garantido As Forças Armadas têm a responsabilidade de garantir que seu pessoal tenha acesso ao fornecimento regular de preservativos. Eles podem ser oferecidos gratuitamente ou vendidos a preços subsidiados nas próprias instalações do quartel ou próximos a elas, como nas cantinas, farmácias ou por indivíduos, como os educadores de pares. Adicionalmente, devem ser pensados acordos com os projetos já existentes de marketing social da camisinha que estejam trabalhando na área. Essa ação amplia o número de pontos de venda das camisinhas nas proximidades dos quartéis ou em locais onde possa haver práticas de sexo não protegido, como os bares, clubes noturnos e bordéis. O preservativo precisa de promoção Tornar os preservativos masculino e feminino disponíveis e acessíveis é um bom desafio, o que nos faz pensar na necessidade de permanentes campanhas de promoção de seu uso. Para tanto, é necessário identificar os obstáculos mais comuns para o seu uso e ajudar as pessoas a ultrapassá-los. Demonstrações de como colocá-los, usando pênis de madeira ou borracha, aliado à correta instrução de uso, colocada em banheiros, por exemplo, pode resultar no aumento de habilidade e de aderência ao uso correto e consistente da camisinha. O marketing social do preservativo para as profissionais do sexo também deve ser incentivado.
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O que é o ATV? O aconselhamento e testagem voluntária e confidencial (ATV) constitui o processo no qual uma pessoa torna-se capaz de fazer uma escolha informada em relação a ser testado para o HIV, caso considere que o necessite. Essa decisão deve ser inteiramente do indivíduo e a ele, ou ela, deve ser assegurado que todo o processo seja confidencial. O aconselhamento em HIV foi definido como “um diálogo confidencial entre uma pessoa e um prestador de cuidados, visando habilitar a pessoa a enfrentar o estresse e a tomar decisões pessoais relacionadas com o HIV/aids. O processo de aconselhamento inclui avaliações do risco pessoal em relação às DST/HIV e das condições de adoção de comportamentos seguros”
Os objetivos do aconselhamento em HIV são: 1) prevenir a transmissão das DST/HIV e 2) dar apoio emocional àqueles que desejam fazer o teste anti-HIV, tanto para ajudálos a tomar uma decisão quanto a se testar, como na facilitação de tomada de decisão após o seu resultado.
2.3. Qual a função do aconselhamento e da testagem voluntária anti-HIV? A ocorrência da testagem obrigatória A testagem obrigatória anti-HIV, prévia ao recrutamento para aqueles destacados em missão de manutenção de paz ou antes de novos destacamentos, é comum entre as Forças Armadas no mundo inteiro. Um inquérito entre as Forças Armadas de 43 países constatou que quase todo o pessoal foi testado antes de sua partida ao exterior, bem como cerca de metade dos novos recrutas submeteu-se ao teste anti-HIV. A testagem obrigatória viola os direitos humanos O UNAIDS apregoa que a testagem anti-HIV obrigatória, ou seja, sem o consentimento informado, constitui uma violação dos direitos humanos. É bom que seja lembrado que a maioria das infecções ocorridas em pessoal das Forças Armadas ocorre após o recrutamento e não antes dele. Em casos onde as Forças Armadas obrigam a testagem, mas oferecem pouco apoio médico e psicossocial, há pouco ou nenhum benefício em fazê-lo. O UNAIDS recomenda o aconselhamento e a testagem voluntária, por acreditar em sua eficácia, quando for amplamente promovido e inteiramente financiado. A escolha do teste O ATV está centrado na comunicação e na escolha, permitindo que as pessoas possam compreender o seu grau de risco, mesmo que possam rejeitar a idéia do teste por medo da descoberta de estarem infectadas. No entanto, se elas forem educadas sobre os benefícios precoces do teste, ou souberem que a maioria das pessoas são soronegativas, mais pessoas submeter-se-ão ao teste. O pessoal também estará mais propenso ao teste se as Forças Armadas não forem vistas como tendo políticas que discriminam aqueles que são soropositivos. É importante assegurar que os serviços de ATV estejam disponíveis para satisfazer a demanda criada.
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Componentes de um programa
O processo de aconselhamento é essencial Um aconselhador experiente pode ajudar a pessoa a ser testada a compreender as implicações e a lidar com o medo e a ansiedade decorrentes. Se o resultado der positivo o aconselhador poderá ajudar a pessoa a enfrentar as suas dificuldades e a facilitar as ligações com os serviços de referência. O apoio emocional que o aconselhador oferece pode beneficiar o indivíduo, prevenindo riscos adicionais ou a transmissão a outras pessoas. Aqueles que forem corretamente aconselhados e testados são também mais aderentes aos serviços e tomam atitudes que podem aumentar a qualidade e a esperança de vida. Os aconselhadores experientes fazem muito mais pelo usuário do serviço do que apenas dar informação. Para tanto, eles devem ter atitudes de empatia e compreensão e desenvolver habilidades para escutar e ajudar o cliente a gerir o estresse e a ansiedade decorrentes de questões relacionadas a infecções e à doença. A confidencialidade Disponibilizar um ATV de qualidade – servico confidencial e anônimo, com aconselhador experiente - aumenta o número de pessoas interessadas na testagem. Algumas instituições militares permitem àquele que deseja o teste que se identifique por meio de um código (teste anônimo), ou que possa ser transferido para os serviços de ATV de um serviço público próximo. Uma outra forma de tornar os testes mais reservados é disponibilizá-los em serviços mais gerais, como nas clínicas de DST. Promoção do ATV O ATV é mais eficaz quando os seus benefícios são bem promovidos. Um desses benefícios é saber que a testagem acaba com a preocupação de ser HIV-positivo. Uma pessoa envolvida em comportamentos que a expõe ao HIV e que se revela ser HIVnegativo pode repensar esses comportamentos e passar a adotar práticas mais seguras. Para aqueles revelados HIV-positivos, o ATV demonstrou sua eficácia em prolongar as suas vidas com qualidade, quando a infecção é detectada precocemente. O ATV permite que as pessoas vinculem-se a serviços e encoraja mudanças positivas no estilo de vida. O conhecimento da condição de alguém em relação ao HIV permite planejar o futuro, colocando as finanças em dia, preparando um testamento e protegendo a segurança da família. Permite, ainda, que a pessoa reveja a sua vida e a aproveite de forma intensa o aqui e o agora. A facilidade de acesso ao teste por meio, por exemplo, da abertura de muitos locais para fazê-lo e a ampliação de horários dos serviços também aumentam a sua procura. Os oficiais superiores podem demonstrar coragem e liderança voluntariandose para a testagem anti-HIV.
2.4. E sobre o tratamento e o suporte de serviços? Necessidades médicas e psicossociais Os cuidados e apoio às pessoas vivendo com o HIV/aids geralmente abrangem três áreas: serviços psicossociais, tais como a criação de grupos de apoio; serviços biomédicos tais como o tratamento de infecções oportunistas, como a tuberculose ou pneumonia; e serviços de extensão tais como a assistência domiciliar. O UNAIDS apregoa que as Forças Armadas devem assegurar que os cuidados e atenção a seus membros afetados
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pelo HIV/aids, bem como de seus familiares, sejam providos, incluindo a continuidade dos cuidados à medida que eles regressem à vida civil. Referência aos serviços públicos Se as Forças Armadas não tiverem as condições de elas próprias proverem as necessidades de seus membros afetados pelo HIV/aids, elas devem buscar a retaguarda dos serviços públicos. Isso pode envolver a negociação para que haja referência de militares a serviços civis localizados próximo as instituições militares e/ou a capacitação de pessoal militar das áreas de saúde. Grupos de apoio às pessoas vivendo com HIV/aids A organização de grupos de pessoas vivendo com HIV/aids provou ser um dos meios mais eficazes em relação aos custos do fornecimento de apoio para aqueles que se desafiam a viver de forma positiva com o vírus. Os grupos, além de oferecer apoio psicossocial e a promoção de espaço de inspiração e de mudanças comportamentais positivas, podem promover atividades de prevenção e fornecer insumos para o desenvolvimento de políticas setoriais. Acesso à terapia anti-retroviral O acesso aos medicamentos de controle da HIV/aids – a terapia anti-retroviral - fortalece a qualidade e prolonga a vida das pessoas soropositivas. Algumas Forças Armadas de países não-industrializados desenvolveram programas que permitem ao pessoal obter medicamentos anti-retrovirais. Os fundos de solidariedade terapêutica foram criados e funcionam como esquemas de segurança, nos quais muitas pessoas contribuem, mas apenas uns poucos necessitam a eles recorrer. Dessa forma, os custos dos medicamentos reduzem-se a cerca 5 a 15% de seus preços iniciais. No Brasil, desde 1996, o acesso aos anti-retrovirais e a todo o tratamento para o controle da doença é universal e gratuito, garantido pelo Estado.
2.5. O que é Comunicação para a Mudança de Comportamento (CMC)? Uma abordagem planejada A comunicação para a mudança de comportamento (CMC) é um processo que consiste em diversas fases, no qual as pessoas adquirem autoconfiança ensaiando um novo comportamento. O processo é inspirado nas estratégias de comunicação, especificamente concebido para apoiar a decisão de mudanças comportamentais. A CMC reforça mudanças, auxiliando as pessoas a desenvolver habilidades para se prevenir das DST/HIV e criar um clima social de apoio a mudanças consistentes. A CMC pode também contribuir na modificação de ambientes sociais que facilitem comportamentos inseguros. Por exemplo, a CMC pode ajudar a conter as atitudes prevalentes nas Forças Armadas que pressionam os homens a beber demasiado e a ter relações sexuais ocasionais. Isso pode também ser usado para reduzir a discriminação de pessoas vivendo com o HIV/aids.
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Componentes de um programa
Desenvolvida a partir da educação em saúde A CMC desenvolveu-se a partir das abordagens da promoção e da educação em saúde, bem como das ferramentas de IEC (Informação educação e comunicação). A CMC tem muitas contribuições a dar em uma programação de HIV/aids. Uma CMC eficaz deve: z
Promover a advocacia: por meio de ações de advocacia, a CMC pode facilitar a compreensão daqueles em posição de poder da necessidade de apoiar ativamente o programa. A advocacia ocorre em todas as esferas, do nível nacional até a unidade de local.
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Estimular o diálogo: a CMC deve encorajar a discussão sobre os fatores subjacentes que contribuem para a propagação das DST/HIV. A CMC deve criar uma demanda por informação e serviços e deve encorajar ações para reduzir o risco, a vulnerabilidade e a discriminação.
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Aumentar o conhecimento: a CMC deve assegurar que as pessoas tenham as informações básicas por meio da linguagem, de imagens e de outros meios de comunicação e que possam ser compreendidas e relacionadas com o que se quer mostrar.
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Promover a mudança de comportamento: deve motivar as pessoas a adotarem práticas mais seguras em sua vida.
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Reduzir o estigma e a discriminação: a comunicação em HIV/aids deve incluir questões sobre estigma e discriminação e influenciar as respostas sociais a esses problemas.
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Promover serviços de prevenção, de cuidados e apoio: a CMC pode promover serviços tão variados quanto os que lidam com DST, órfãos e crianças vulnerabilizadas, aconselhamento e testagem voluntária, transmissão do HIV de mãe para filho, grupos de apoio para pessoas vivendo com HIV/aids, cuidados clínicos para infecções oportunistas e apoio social e econômico.
2.6. Qual é o papel da capacitação? Construir habilidades de gestão As Forças Armadas podem precisar investir na construção das habilidades para o planejamento e implementação de um programa de DST/HIV/aids. Aspectos como a advocacia, a busca e a administração da assistência técnica civil, o monitoramento e avaliação podem ser habilidades necessárias que devem ser buscadas. Essas e outras habilidades são importantes na construção de programas efetivos que façam mais do que suprir as lacunas de informação, e que possam promover a adoção de práticas seguras para a prevenção das DST/HIV/aids. Capacitar o pessoal de saúde O primeiro passo tomado pela maioria das Forças Armadas ao iniciar um programa de DST/HIV/aids é o de treinar seus profissionais de saúde dentro dos próprios serviços. Isso poderia ser feito ao se acrescer questões relativas às DST/HIV/aids em treinamentos-em-serviço de pessoal médico, ou assegurando a sua participação em
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treinamentos organizados por outras instituições nacionais. Também poderia ser negociada a assistência técnica para essa formação junto a doadores internacionais, às organizações não governamentais (ONG) ou a outros projetos existentes. Adicionar questões relativas ao HIV/Aids à capacitação básica As Forças Armadas, como regra, realizam treinamentos básicos na recepção aos novos recrutas. Em relação às DST/aids há uma evidente sensibilização em relação a esses conteúdos. No entanto, os treinamentos convencionais não demonstram muita eficácia em relação à adoção e a mudanças para comportamentos mais seguros. Treinar em habilidades especiais Aos formadores e supervisores dos educadores de pares será exigido o desenvolvimento de habilidades para o trato do ATV e das estratégias de CMC. Além disso, deverá haver também a orçamentação para a implantação de outras atividades essenciais como a supervisão de formadores e apoio à ação dos educadores de pares.
2.7. O que é educação de pares? Os educadores de pares desenvolvem a discussão sobre vulnerabilidade às DST/HIV/aids Um par é uma pessoa que tem uma posição hierárquica de igualdade em relação a uma outra. Um educador de pares é um membro de um grupo de pessoas com semelhante história e valores. O educador de pares é formado para facilitar discussões sobre a vulnerabilidade em relação às DST/HIV, levando os seus iguais a refletir e a propor soluções. Os educadores de pares são o elo de ligação entre o programa e a populaçãoalvo e, geralmente, têm a mesma idade, gênero e status de seus pares. Eles têm várias funções tais como: facilitar discussões, responder perguntas, conduzir ações educativas, atuar em advocacias, realizar aconselhamento, distribuir materiais, referenciar a serviços especializados, e vender ou distribuir preservativos. A liderança de pares No contexto das Forças Armadas, o termo “líder de par” pode ser considerado mais apropriado do que “educador de par”. Liderar implica em dar exemplos positivos, inspirando os outros a seguirem direções apropriadas. Os líderes de pares devem apoiar seus colegas no sentido de se submeterem ao ATV e de adotar comportamentos mais seguros em relação às DST/HIV. A liderança de pares é um tipo de educação não formal que pode ser implantada a baixo custo, sendo bastante eficaz na passagem de mensagens culturalmente sensíveis , bem como na atuação e no benefício de um grupo específico. Vantagens da educação de pares Os educadores de pares são mais acessíveis ao público-alvo, em função da proximidade, sobretudo quando os soldados estão confinados à base. As outras vantagens da educação de pares incluem:
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Componentes de um programa
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Uma implantação de custo mais baixo;
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A maior facilidade em discutir assuntos mais sensíveis em um contexto de pares;
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A maior facilidade de propor a adoção de mudanças comportamentais sustentáveis;
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A maior sensibilidade para a manutenção da confidencialidade;
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A maior eficácia na passagem de mensagens em função da informalidade e da proximidade com uma população-alvo específica, como os recrutas;
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Um menor dispêndio de tempo, comparado com intervenções educativas mais complexas.
Kit de educação de pares disponível Em reconhecimento à importância das questões relacionadas às DST/HIV/Aids no contexto das forças de defesa e segurança e o reconhecimento das vantagens da educação de pares, o UNAIDS produziu um kit de apoio à educação de pares, direcionado às mulheres e homens jovens componentes das Forças Armadas. O kit proporciona orientações facilitadas sobre como estabelecer, coordenar e avaliar os processos de educação de pares e ajuda o educador e seus colegas a compreender questões tais como os fatores de vulnerabilidade às DST/HIV/aids, o uso do preservativo, a relação entre o abuso de álcool e outras drogas, a violência sexual e as formas de prevenção e tratamento das DST/HIV/aids. No Brasil, o kit foi adaptado com a parceiria dos Ministérios da Saúde e da Defesa, com o apoio dos Escritórios do UNAIDS e do UNFPA no país e será utilizado nas ações de prevenção direcionadas às Forças Armadas. Para mais informações contate
[email protected], ou o Escritório do UNAIDS do seu país.
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3. Lidando com as questões de gênero 3.1. Por que as questões de gênero são importantes? As mulheres têm menos poder Na maior parte do mundo as mulheres estão social e economicamente em desvantagem em seus contextos familiares e sociais. Elas são vulneráveis em função do abandono e do abuso por parte dos homens. As iniquidade de gênero pode limitar a capacidade de geração de rendimentos das mulheres, o que pode levá-las ao trabalho sexual. As mulheres, jovens ou não, também podem ter limitado poder de negociação nas práticas sexuais, resultando em sexo indesejado ou sem o uso do preservativo. As mulheres são mais vulneráveis às infecções As mulheres são especialmente vulneráveis às DST em função de sua constituição anatômica e fisiológica, bem como das desigualdades de status e poder em relação aos homens. As mulheres são mais suscetíveis do que os homens a qualquer das DST, incluindo o HIV, a partir de uma única exposição. Elas têm também mais DST assintomáticas, o que dificulta o diagnóstico e o tratamento. Em período de conflito há vulnerabilidade acrescida Durante tempos de conflitos a situação das mulheres piora, pois a violência sexual e a violação podem ser usadas como armas de guerra, onde as forças atacantes subjugam as mulheres, tanto como para dar medo ao inimigo, quanto como uma forma de “limpeza étnica”. Com o deslocamento de refugiados e a baixa qualidade dos serviços de saúde, incluindo os de prevenção de DST/HIV, a probabilidade das mulheres serem infectadas aumenta. A chegada de grande número de soldados constitui um estimulo à industria do sexo, o que pode incluir o tráfico de mulheres para a prostituição. Muitas vezes, intimidada pela violência dos seus gigolôs, essas mulheres, que trabalham como escravas sexuais, têm pouco poder de negociação sobre o uso do preservativo. Tornam-se esposas vulneráveis As esposas e as namoradas regulares de homens fardados podem ser particularmente vulneráveis às DST trazidas pelos seus parceiros. Um padrão comum de comportamento é o de que os homens em missões externas tenham relações sexuais não protegidas com parcerias ocasionais. Quando em licença, eles retornam e podem transmitir, involuntariamente, DST às suas parceiras regulares. Muitos casais descobrem a chegada do HIV na sua família apenas quando a mulher engravida. As mulheres das Forças Armadas enfrentam desafios As Forças Armadas têm a responsabilidade de assegurar a proteção de seu contigente feminino contra o abuso sexual e as DST/HIV/aids. Essas mulheres trabalham, muitas vezes, em um ambiente onde as dominam os homens, vulnerabilizadas pelo assédio sexual dos colegas e dos oficiais superiores.
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Lidando com as questões de gênero
As adolescentes são mais vulneráveis As jovens mulheres que vivem nas instalações policiais e militares são, muitas vezes, forçadas pelos homens fardados a ter relações sexuais. As jovens são particularmente vulneráveis já que alguns homens julgam, erradamente, que as mulheres jovens têm menos capacidade de os infectarem com o HIV.
3.2 O que pode ser feito para reduzir a vulnerabilidade? Aumentar as capacidades de negociação e de comunicação das mulheres Ações educativas direcionadas à moças e às mulheres, por meio do aumento da autoestima e do poder de negociação, podem ter impacto positivo no comportamento dos homens. Se as mulheres forem mais seguras em suas relações com os seus parceiros sexuais, as chances de que elas sejam capazes de protegerem a si mesmas e as suas famílias das DST/HIV ficam maiores. As mulheres podem, então, desenvolver a habilidade de dialogar com seus parceiros e negociar o uso do preservativo. Em alguns contextos, as mulheres de homens das Forças Armadas foram encorajadas a discutir com seus maridos o uso do preservativo, quando houver relações sexuais extraconjugais. Aumentar o respeito pelas mulheres Os homens das Forças Armadas precisam aumentar a compreensão sobre a vulnerabilidade das mulheres em relação ao abuso sexual e às DST/HIV. A falta de sensibilidade de gênero, acentuada pela percepção de poder advindo do uso do uniforme, pode aumentar o risco de abuso sexual dos homens contra as mulheres. Um componente de gênero, que trate de tais questões, constitui uma parte do programa de DST/HIV/aids para as Forças Armadas.
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4. Abuso de substâncias psicoativas – as drogas 4.1. Qual é a ligação entre o abuso do álcool e o HIV? O uso do álcool aumenta a vulnerabilidade às DST/HIV/aids O abuso de álcool pode ter um impacto direto sobre a transmissão das DST e do HIV. O consumo pode aumentar o desejo por relações sexuais com parcerias ocasionais e de reduzir a atenção para a necessidade do uso do preservativo. O abuso do álcool pode também aumentar a violência sexual em relação às esposas, às namoradas, às profissionais do sexo ou às mulheres que os homens das Forças Armadas encontram no decurso do seu trabalho.
4.2. O que pode ser feito em relação ao abuso de álcool? Programas de tratamento do álcool A criação de grupos de apoio às pessoas que fazem uso prejudicial de bebidas nas corporações militares pode ajudar àqueles que assim o desejarem. Como em todas as circunstâncias em que há necessidade de mudança de comportamento, o primeiro passo ao lidar com uma pessoa que abusa de bebidas é a aceitação de que existe um comportamento que precisa ser alterado. Em algumas coorporações militares há o encorajamento do “sistema de camarada”, no qual os homens andam em pares como uma forma de controlar a abuso do álcool, e para que as relações sexuais sejam feitas com o uso do preservativo.
4.3. Qual é o problema com o uso de drogas injetáveis? Injetar HIV nas veias Aqueles que compartilham equipamentos para injetar substâncias psicoativas – agulha, seringa, pote para misturar a substância - correm alto risco de se infectar com o HIV e outros microrganismos, como os vírus das hepatites. Isso acontece porque, junto com a substância ou droga, mistura-se o sangue de todas as outras pessoas que usaram o mesmo equipamento e, nele, pode haver também o HIV. Nos países onde há elevado consumo de substâncias psicoativas na forma injetada, geralmente entre os jovens, podese esperar que, à semelhança da população geral, também os jovens recrutados às Forças Armadas usem substâncias injetáveis. Esse fato é especialmente verdadeiro nas situações em que o serviço militar é obrigatório. A ilegalidade do uso oculta o problema Nas Forças Armadas, onde o consumo de drogas é geralmente ilegal, responder ao desafio do uso injetável de substâncias psicoativas é mais complicado, na medida em que as pessoas descobertas tendo essa forma de uso são suscetíveis a serem forçadas a abandonar a instituição militar.
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Abuso de substâncias psicoativas – as drogas
4.4. O que pode ser feito em relação aos usuários de drogas injetáveis? A identificação da dimensão do problema Considerando que o consumo de drogas injetáveis é geralmente ilegal e encoberto, especialmente nas instituições militares, obter dados sobre o grau do problema e os padrões de comportamento de quem as utiliza pode ser um desafio. O envolvimento de organizações civis, com experiência no assunto, pode conduzir a um trabalho com os usuários de drogas injetáveis (UDI) e ajudar a desvendar a realidade. A redução de danos pelo uso de drogas psicoativas Acabar com o consumo de drogas injetáveis revela-se um objetivo demasiadamente ambicioso. De forma mais imediata e pragmática, a redução das infecções de transmissão sangüínea – HIV e hepatites – pode ser um passo mais realista. Desde a década de 90, no Brasil, é realizado trabalho de prevenção com utilização da estratégia de redução de danos que implica a orientação para o não compartilhamento de agulhas e seringas, bem como não misturar em um pote comum a substância a ser injetada. Além disso, em muitos estados brasileiros, são disponibilizados equipamentos novos para evitar a transmissão, que compõem o “kit de redução de danos”, composto por preservativos, agulhas, seringas, copo para diluição da droga, lenço para assepsia, garrote (em alguns casos) e material educativo para que as pessoas, caso queiram, busquem serviços de saúde de referência, inclusive para tratamento. A orientação baseada na redução de danos é fundamental para a contenção da epidemia e deve ser sempre difundida. Ela se aplica também às substâncias de uso lícito como o álcool, o cigarro e os medicamentos usados de forma indevida. A redução da demanda Provou-se que a disponibilidade de serviços médicos, educacionais e sociais às pessoas comprometidas pelo uso prejudicial de substâncias psicoativas, bem como a promoção de estilos de vida saudáveis, onde as drogas têm um papel limitado, reduz o uso injetável de substâncias psicoativas. Juntar-se a organizações civis As Forças Armadas podem estabelecer programas anônimos de tratamento de pessoas afetadas pelo uso de drogas ou, ainda, podem apoiar-se em organizações civis para o estabelecimento de programas de tratamento próximos das bases. A organização militar pode também encorajar os UDI a procurar, voluntariamente, o tratamento nos programas civis. As organizações civis de auto-ajuda, muitas vezes geridas por antigos usuários de substânciais psicoativas, podem prover o apoio de pessoas infectadas pelo uso de drogas aos militares que também as utilizem ou que vivam com o HIV/aids. As organizações da sociedade civil que têm como foco os usuários de drogas ou pessoas que vivem com o HIV/aids também podem ser parceiras tanto no apoio social a esses usuários, como também na divulgação de estratégias de uso mais seguro de drogas.
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5. Estabelecendo um programa para DST/HIV/aids 5.1. Quem elabora o programa? Uma liderança experiente é necessária Geralmente, ao pessoal médico é atribuída a tarefa de montar um programa ou serviço específico de controle das DTS/HIV/aids. No entanto, não necessariamente, ao corpo médico cabe a função de gerenciar tal programa. De fato, também podem ser bons gestores de programas aquelas pessoas que já possuem boas habilidades em advocacia, em gestão e na identificação e contratação de especialistas, mesmo que não sejam da área médica. Em alguns casos, essa responsabilidade cabe ao nível mais elevado de comando. Essa é uma tentativa de assegurar que o programa estenda-se, efetivamente a outras estruturas, além do corpo médico. É também uma indicação da relevância e prioridade dadas ao programa e ao desenvolvimento de uma resposta no campo de DST/ HIV/aids. Envolver desde o início as pessoas vivendo com HIV/aids As pessoas vivendo com HIV/aids têm uma expectativa específica, em todos os níveis, em relação a programas de controle das DST/HIV/aids. Elas têm idéias próprias sobre vulnerabilidade, comportamentos de risco e o que motiva a mudança de comportamento. Elas podem também atuar como persuasivos “advogados” junto a seus pares e com os escalões de comando. O testemunho de pessoas afetadas pela epidemia agrega uma dimensão humana e emocional que, muitas vezes, ajuda os outros a desenvolver uma compreensão mais profunda das questões, criando um apoio adicional ao programa. Por sua vez, os grupos comunitários, as ONGs, os familiares do pessoal das Forças Armadas diretamente afetados pela epidemia, assim como o próprio pessoal infectado, podem estar disponíveis para ajudar.
5.2. Que apoio é preciso? Uma vez indicado o gerente do programa, é necessário definir o pessoal de apoio profissional e de secretaria, o espaço do escritório, os meios de comunicação, como telefone, fax e e-mail, bem como os recursos financeiros que concretizem o planejamento e a realização das atividades. As Forças Armadas que não levarem a sério o desafio do controle do HIV/aids e alocaram apenas uma pessoa no seu programa limitam severamente o seu potencial impacto. Em outras situações, o gerente do programa tem limitado progresso, por concentrar excessiva responsabilidade individual e não delegar tarefas ao outros membros de sua equipe.
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Estabelecendo um programa para DST/HIV/aids
Critérios para a seleção de educadores de pares
Língua Os educadores de pares devem ser fluentes na língua específica da missão (tanto falada como escrita).
Gênero Na seleção dos participantes o equilíbrio de gênero é importante, ou seja, que estejam contemplados um número equilibrado de homens e mulheres.
Profissão As pessoas com formação médica têm uma vantagem acrescida na seleção de educadores de pares, porém esse perfil não é obrigatório. A mudança de opinião e a adesão de lideranças, via treinamento e advocacia, pode resultar em grande impacto positivo.
Representação de vários níveis Considerando que o treinamento envolve a educação de pares e múltiplas interações, a seleção de pessoal deve contemplar a representação de todas os níveis hierárquicos, particularmente, considerando os rígidos organogramas encontrados em instituições militares. Quanto maior for a representação de oficiais de patentes superiores, melhor. Os oficiais superiores influenciam as decisões políticas maiores, o que significa que a mudança em suas atitudes confere sustentabilidade à educação de pares.
Consciência do próprio comportamento e prontos para mudar Aqueles que fazem as nomeações são encorajados a selecionar apenas aqueles participantes desejosos em alterar o seu próprio comportamento.
Voluntários Aqueles que se voluntarizam para o treinamento não só o fazem bem, mas, geralmente, tornam-se figuras-chave na promoção do programa.
Representação Quanto mais variada for a representação - de países, de instituições, de culturas, de religiões, de profissões, de forças de defesa – na composição do curso, maior serão as interações, possibilitando o enriquecimento de lições, pelo compartilhamento das diversas experiências.
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Em missões de manutenção de paz Deverá haver um equilíbrio na seleção dos participantes de cursos, procurando contar com representantes de contingentes, de observadores militares, de oficiais e de pessoal civil, tanto internacional, quanto das forças locais de defesa da nação que acolhe o treinamento. As comunidades vizinhas devem também ser consideradas para participar do treinamento.
Números O número de potenciais educadores de pares para o treinamento de formadores depende muito do tamanho do contingente-alvo. Contudo, os critérios acima listados, como representação, gênero e profissão, devem ser levados em consideração.
Motivação e compensação para os educadores de pares Um dos principais desafios que deve ser enfrentado nas intervenções via educação de pares é o de manter o interesse de seus participantes. A tendência é haver a motivação após o treinamento, porém, gradualmente, ela ir se perdendo ao longo do tempo. Isso é especialmente verdadeiro se não houver algum incentivo ou a falta de apoio, tal como supervisões do processo e reciclagens de conteúdo. Algumas sugestões para a motivação e compensação dos educadores: z
Permissão que os educadores de pares realizem as sessões educativas durante e como parte do seu trabalho diário;
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Disponibilização de materiais educativos de apoio e, com tal qualidade, que encoraje a participação das pessoas. Os educadores deverão ser treinados no uso desse material, o que tornará mais fácil o desenvolvimento de seus trabalhos.
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Oferecimento de crachás ou certificados de mérito aos educadores de pares que completem um período de atuação, tal como um ano;
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Reconhecimento oficial de oficiais superiores à contribuição dos educadores de pares que, individualmente, forem particularmente dedicados;
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Valorização do trabalho voluntário do educador de pares, por parte da instituição militar, aumentando as chances de promoção na carreira. Certificar-se, no entanto, que aqueles que aprovam as promoções concordem que a atuação como educador de par seja um critério para promoções. Ter clareza, também, de quem são os educadores de pares;
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Distribuição de mochilas, bonés, camisetas, braçadeiras, crachás ou algo que identifique os educadores de pares, aumentando potencialmente o seu status e o orgulho na execução do trabalho;
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Conceder incentivos, tais como ajudas de custo nos períodos de capacitação ou, quando apropriado, subsídios de viagem.
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Estabelecendo um programa para DST/HIV/aids
5.3. Onde se encontram os recursos necessários? Advocacia ligada ao financiamento Quando, dentro das Forças Armadas, as pessoas que decidem perceberem o desafio colocado pelo HIV/aids, e que o preço a ser pago será muito mais alto se a questão for ignorada, haverá uma maior inclinação para o apoio ao programa. Boas ações de advocacia podem assegurar que recursos adequados sejam disponibilizados para o suporte do programa. Os recursos financeiros podem ser alocados nos orçamentos dos serviços médicos ou remanejados de outras áreas consideradas menos prioritárias. Fundos civis disponíveis As Forças Armadas são, tradicionalmente, relutantes em procurar fundos em orçamentos de fontes civis, mas a gravidade da epidemia pode alterar esse quadro. Em países onde o Programa Nacional de Controle das DST/Aids tem respostas efetivas, os Ministérios da Defesa Nacional e do Interior geralmente fazem parte do Programa, e os recursos advindos dos doadores internacionais são alocados em ações desenvolvidas em instituições militares. O Coordenador do UNAIDS no País pode servir como intermediário entre o Programa de DST/Aids das Forças Armadas e os doadores das Nações Unidas. O Coordenador do UNAIDS no país está também em contato com o Escritório do UNAIDS para Aids, Segurança e Resposta Humanitária, que tem a responsabilidade de apoiar as Forças Armadas e pode viabilizar algum financiamento inicial bem como intermediar contatos com os outros doadores. No Brasil, desde a década de 1990, o Programa Nacional de DST/aids do Ministério da Saúde e as Forças Armadas atuam conjuntamente no estabelecimento de estratégias de promoção à saúde e atenção às DST/HIV/aids. Também existe o apoio do escritório do UNAIDS no país. Pegando carona nos projetos existentes Na maioria dos países em desenvolvimento, uma gama de projetos e programas de controle das DST/aids foi estabelecida. As organizações internacionais e os doadores bilaterais vêm apoiando as ONGs, as instituições acadêmicas, os organismos de governo e, mesmo, o setor privado. Nesse contexto é possível estabelecer colaborações com os projetos e programas já existentes e deles se beneficiar, como na participação de capacitações, nos materiais de CMC e na negociação e na instalação de serviços próximos das instalações militares. Um bom exemplo dessa colaboração é o aproveitamento das ações de marketing social do preservativo, já financiadas por doadores em projetos de organizações da sociedade civil. Assistência de militar para militar Existe uma longa tradição das Forças Armadas de países desenvolvidos em oferecer assistência às organizações militares de países em desenvolvimento. A assistência em programas de HIV/aids é uma possibilidade comumente utilizada como forma de apoio técnico.
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5.4. Como são desenvolvidas as parcerias? Adesão aos comitês nacionais Ao tornar-se um membro ativo de comitês técnicos do Programa Nacional de DST/aids, os representantes das Forças Armadas têm acesso a informações sobre programas, projetos e doadores existentes. Outra possibilidade são as visitas às Forças Armadas de outros países que estabeleceram programas de HIV/aids eficazes. Esse intercâmbio permite que se aprimorem as formas de captação de insumos, de composição de alianças, de acesso a financiamento e a obtenção de assistência técnica de doadores internacionais.
5.5. Por que procurar apoio de quem decide? A aprovação dos altos escalões é necessária A sensibilização dos tomadores de decisão quanto ao impacto atual e potencial do HIV/ aids é crucial para convencê-los a apoiar o programa. A liderança sênior em qualquer organização tem o poder de alocar recursos, estabelecer prioridades e de tomar qualquer iniciativa. A advocacia é um termo usado para descrever o processo de procurar ativamente o apoio daqueles que estão em posição de poder em relação ao programa das DTS/ HIV/aids.
5.6. Como é organizada a advocacia? A estratégia necessária O primeiro passo em uma ação de advocacia é preparar um bom material de apoio, como dados epidemiológicos das epidemias e uma breve análise sobre a vulnerabilidade do pessoal à novas infecções. Pode-se também analisar a eficiência de custos do desenvolvimento de um programa e de uma capacitação, frente às potenciais horas de trabalho perdidas, à produtividade reduzida e aos custos com cuidados médicos e outros serviços de apoio. A advocacia também pode ser feita privadamente em encontros individuais com os principais tomadores de decisão. Podem ser preparados grandes eventos com os escalões de comando, nos quais especialistas em HIV/aids são também convidados para expor os desafios a serem enfrentados. Em ambos os casos, as pessoas vivendo com HIV/aids podem constituir-se na personificação daqueles desafios, liderando uma chamada às armas na batalha contra as infecções de transmissão sexual, sobretudo o HIV. Dicas para boas ações de advocacia z
Compilar dados sobre saúde. É importante munir-se com informações que demonstrem o perfil do HIV e da aids nas Forças Armadas. Dados como o número de casos de DST, tratamento de infecções oportunistas, tuberculose, mortes reportadas devido à aids ou outra informação coletada pelos serviços de saúde podem ser apresentadas aos comandantes em um documento-síntese. Bons recursos incluem um relatório entitulado “Combat AIDS: HIV and the World’s Armed Forces” (Combate à Aids: O HIV e as Forças Armadas mundiais) publicado pela PANOS e a Healthlink Worldwide, disponível em http://www.healthlink.org.uk e o relatório da International Crisis Group “HIV/AIDS as a Security Issue” (O HIV/aids como uma questão de segurança), disponível em http://www.imtl-crisisgroup.org. Outros materiais importantes são os relatórios das pesquisas com
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Estabelecendo um programa para DST/HIV/aids
conscritos do Exército Brasileiro realizadas entre 1996 e 2002 pelo PN-DST/ AIDS, disponíveis no site www.aids.gov.br. z
Preparar estudos sobre vulnerablidadeàs DST/aids, tais como os padrões de busca de insumos de prevenção, como uso do preservativo; ida a serviços de aconselhamento ou a clínicas de DST. Os relatórios citados no item anterior fornecem dados e análises importantes sobre esse ponto. Também podem ser selecionados dados sobre a epidemia em homens, em estudos já existentes, como as pesquisas nacionais sobre comportamento sexual.
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Desenvolver uma estratégia de advocacia a curto e médio prazos, buscando um amplo apoio entre lideranças, o que necessita uma lista de pessoas para contatos; documentos de apoio necessários; encontros a serem realizados no decorrer do tempo.
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Preparar um documento de apoio às ações de advocacia, ressaltando a urgência de respostas, os prejuizos com não tomar medidas, as projeções sobre o enfraquecimento das Forças Armadas, o custo de retreinar pessoal, o custo-eficácia de medidas de prevenção, a pressão sobre os serviços médicos, questões de seguros e de benefícios às viúvas, etc.
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Procurar apoio no alto comando. Mostrar os dados e os estudos de comportamento ao alto comando, incluindo o Ministério da Defesa, pedindo apoio à execução de ações urgentes e a um programa eficaz.
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Envolver a chefia dos serviços médicos, por meio do pessoal médico sênior, para que haja uma ênfase junto ao alto comando sobre a necessidade urgente de uma ação eficaz. Empenhar-se para que a chefia dos serviços médicos envie um documento a todos os serviços médicos, exortando-os a apoiar o programa de HIV/aids.
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Apresentar os parceiros civis ao alto comando. Empenhar-se no sentido de que uma liderança civil na área de HIV/aids tenha um canal de comunicação direto com o alto comando, reforçando a importância do desenvolvimento de um programa eficaz. Obter uma carta do chefe do gabinete do comando endossando a necessidade do estabelecimento de um programa eficaz de controle de HIV/aids por razões de segurança nacional.
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Convidar os parceiros de cooperação técnica bilateral para se reunir com o alto comando. Os representantes das organizações internacionais de cooperação bilateral, interessados no apoio ao programa de HIV/aids, podem encontrar-se com o comando das Forças Armadas para discutir os desafios do controle do HIV/aids nas Forças Armadas, bem como das opções para uma resposta efetiva.
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Obter a aprovação do alto comando e seu empenho para o desenvolvimento do programa de controle do HIV/aids, incluindo, se possível, a proposta metodológica da educação de pares, durante as horas de trabalho, e a modificação de procedimentos e regulamentos discriminatórios.
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Comunicar o apoio do alto comando e providenciar para que haja o envio de ordens a todos os comandantes no sentido de suporte ao programa de HIV/aids.
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Guia de Programação para as Forças de Defesa e Segurança
Empenhar-se para que os comandantes enviem cartas pessoais aos comandantes regionais, que os incentivem a demonstrar liderança na proteção e integridade de seu pessoal e a fortalecer o seu comando por meio do apoio ativo ao programa de HIV/aids. Anunciar publicamente o apoio ao programa de HIV/aids . z
Explanar as opções do programa de HIV/aids, indicando as diferentes alternativas de ação contidas no programa, bem como os seus custos, as vantagens e desvantagens de não implantá-lo. Salientar, ainda, o caráter de investimento das Forças Armadas na alocação de recursos para o controle da epidemia.
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Falar sobre questões relativas ao HIV/aids nas reuniões regulares do comando, fazendo um apelo às Forças Armadas no sentido de respostas à ameaça do HIV/ aids, aproveitando-se dos encontros regulares dos oficiais do alto comando.
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Identificar os comandantes que forem relutantes, indiferentes ou que se oponham ao programa, oportunizando reuniões individuais com os comandantes que apresentem algum tipo de resistência ao programa do HIV/aids. Empenhar-se para que comandantes do alto comando contate-os e dêem o seu apoio.
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Envolver os coordenadores regionais de programas de controle de HIV/aids, identificando aqueles com habilidade para ações de advocacia. Disponibilizar materiais e documentos de apoio à advocacia e instigá-los a realizar encontros regulares com os comandantes regionais e seu pessoal para explicar o programa de HIV/aids e obter o seu endosso. Encorajar os coordenadores a estabelecer encontros com os comandantes regionais e com os oficiais regionais civis do HIV/aids para discutir o desafio específico do HIV/aids na região.
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Envolver oficiais das Forças Armadas que estejam vivendo com o HIV/aids. Personificar a questão trazendo oficiais que possam se reunir pessoalmente com o alto comando ou, mesmo, intervir em encontros de comandantes ou de outros altos oficiais, contando as suas histórias e defendendo um programa eficaz de HIV/aids.
5.7. Porque envolver as lideranças regionais? Necessidade de amplo apoio Nem todos os altos oficiais podem ser convencidos da importância da participação de seu pessoal em atividades relativas ao HIV/aids. Por exemplo, uma parte dos oficiais lotada na capital do país está sensibilizada sobre a urgência do estabelecimento do programa de controle de HIV/aids. No entanto, se os comandantes das regionais militares não forem convencidos dessa importância, poderá haver uma séria limitação na execução de atividades fora do âmbito da capital. Nesse cenário, por exemplo, poderá não haver a permissão para que o pessoal possa participar de treinamentos ou, ainda, não haver o consentimento para que caminhões sejam usados no transporte de preservativos.
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Estabelecendo um programa para DST/HIV/aids
Estudo de caso: Um bom exemplo de advocacia no Sudeste da Ásia
Percepção do comando sobre a vulnerabilidade dos militares para o HIV/aids Há alguns anos o Ministério da Defesa nacional e uma organização não governamental americana constituiram uma parceira para desenvolver um programa de educação de pares em HIV/aids em um país do sudeste asiático. O Ministério estava crescentemente alarmado pelos níveis de infecção entre o seu pessoal. De fato, os dados sobre a prevalência da infecção constituiram-se em um instrumento potente de advocacia para a causa. A liderança do alto comando militar assustou-se com a potencial ameaça de enfraquecimento que o HIV/aids poderia representar na segurança do país. Para muitos dos comandantes de estados e de regiões, não foi apenas a elevada prevalência - mais de 5% - que criou o sentido da urgência da ação. Muitos dos comandantes conheciam colegas de farda que já haviam morrido de aids. Na fase inicial do programa, pouca atenção foi dada à obtenção de apoio dos comandantes nos estados e regiões. Na segunda fase, empreendeu-se maior atenção às ações de advocacia e, então, centenas de encontros de “sensibilização” foram realizados com os comandantes. Isto provou ser de grande eficácia e surgiram novas lideranças no programa. Elas foram determinates no processo, uma vez que os comandantes nos estados e regiões detêm poder de fomentar o programa. Um outro fator que contribuiu para o sucesso dos esforços de advocacia foi a forte ocupação do comando com questões relacionadas ao bem-estar dos homens sob suas ordens. Esta solidariedade pode ser considerada como parte da ética militar, uma vez que todas as fileiras dependem umas das outras nessa batalha de vida e morte. Os comandantes freqüentemente referiam-se aos seus homens como “família” e demonstravam muita empatia pelos homens e suas famílias afetados pela epidemia. Um general que se dedicou a ações de advocacia relatou que usou o poder de sua patente para obter a atenção dos comandantes sob seu comando. Ele e sua equipe dirigiram-se diretamente a comandantes sabidamente resistentes ao programa e explanaram sobre os benefícios do mesmo. Os comandantes foram sensibilizados sobre o HIV/aids, que suas questões constituíam um verdadeiro problema e que uma de suas funções era a de proteger os soldados.
A relutância foi rapidamente ultrapassada Considerando que, na maioria dos países, a educação de pares é um novo conceito para comandantes militares, é compreensível que haja algumas reservas em relação a essa metodologia. Os representantes das equipes médicas em campo desempenharam um papel chave na identificação dos comandantes com dúvidas sobre a educação de pares, ou que não estavam convencidos de que o HIV/aids seria uma prioridade. Como os serviços de HIV/aids estavam localizados nas unidades médicas, os médicos puderam reportar as dificuldades com os comandantes que não colaboravam. Aqueles
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comandantes com dúvidas receberam visitas dos serviços de HIV/aids do Ministério da Defesa, bem como ordens dos oficiais superiores no sentido de apoiar o programa de educação de pares. Como parte do processo de envolvimento dos comandantes nos estados e regiões, os serviços de HIV/aids do Ministério da Defesa e a equipe da ONG reuniram-se com os seus comandantes e desenvolveram planos para a educação de pares. Este processo aumentou o empenho de todos, uma vez que os planos foram elaborados de forma participativa. Um outro fato motivador para os comandantes regionais foi uma visita de estudo a um país vizinho, onde o impacto da epidemia era mais pronunciado e a resposta mais diversificada do que no seu próprio país. Os comandantes observaram o princípio do processo de treinamento participativo, o que os ajudou a assimilar melhor o conceito de educação de pares. Um dos participantes da visita de estudo admitiu suas dúvidas em relação ao enfoque participativo, mas, uma vez que ele próprio viu o potencial impacto da epidemia, passou a confiar e a apoiar todas as atividades do programa, inclusive, financeiramente.
A obtenção de apoio junto ao comando Um dos mais evidentes sucessos do programa foi a obtenção de grande apoio e compromisso do alto comando nacional, bem como dos comandantes nos estados e regiões. Quase todos os oficiais ficaram altamente motivados e sensibilizados em relação ao programa e, então, houve um impressionante empenho em sua execução. Os comandantes tinham, inclusive, arranjado tempo para participar das reuniões de coordenação, bem como permitir que os formadores despendessem até metade de seus tempos em atividades do programa. Os comandantes fizeram doações em espécie, liberaram fundos discricionários e organizaram os meios de transporte necessários. Tudo isso em apoio às ações de educação de pares.
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Direitos legais, éticos e humanos
6. Direitos legais, éticos e humanos 6.1. O que pode acontecer às pessoas vivendo com o HIV/aids? As pessoas vivendo com o HIV/aids precisam de proteção Ao contrário da maioria das outras condições de saúde, estar afetado pelo HIV/aids pode muitas vezes significar a perda do emprego, sofrer preconceito e o desprezo dos colegas, ser estigmatizado publicamente e mesmo ser rejeitado pela família e amigos. Conseqüentemente, deve-se estar atento para assegurar que os direitos humanos das pessoas afetadas pelo HIV/aids sejam assegurados e que os arcabouços legais e éticos sejam acionados para protegê-las.
6.2. Por que proteger os direitos humanos? Proteger as pessoas vivendo com HIV/aids As Forças Armadas têm a responsabilidade de proteger o seu pessoal, o que inclui assegurar que os procedimentos, regulamentos, normas e leis sejam adequados e cumpridos, evitando que pessoas vivendo com HIV/aids sofram discriminação e que possam viver com dignidade e respeito. Como regra, as Forças Armadas são, relativamente, lentas em criar novas políticas de proteção às pessoas vivendo com HIV/aids e de rever aquelas que são discriminatórias.
6.3. Como a discriminação oficial pode ser reduzida e as políticas discriminatórias alteradas? Avaliar as linhas políticas O primeiro passo na melhoria das políticas setoriais é a revisão da situação dos direitos humanos e a identificação das questões políticas chave com implicações negativas para as pessoas vivendo com HIV/aids. O passo seguinte é desenvolver estratégias para que as políticas possam ser revistas. Por exemplo, em alguns países asiáticos, as viúvas não recebem as pensões quando os seus maridos morrem de uma doença relacionada à aids. Por ser esta uma causa de morte relativamente nova, ainda não consta na lista oficial de causas de morte, o que não permite que a viúva beneficie-se de seus direitos. Nessa condição, os serviços de saúde apontam, muitas vezes, a malária como a causa de morte, deturpando as estatísticas de mortalidade, tanto da aids como da malária. Dar oportunidade às pessoas interessadas As pessoas vivendo com HIV/aids estão em melhor posição para saber que políticas são mais justas e que mudanças deveriam ser feitas. Algumas forças militares incluíram pessoas vivendo com HIV/aids em seus comitês assessores e de planejamento, bem como em outras estruturas de planejamento. Outra maneira de consulta é o encontro regular de pessoas vivendo com HIV/aids com grupos de apoio formados por pessoas das Forças Armadas.
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Procurar assessoria externa As Forças Armadas podem não ter experiência no desenvolvimento de políticas de proteção aos direitos humanos. Em muitos países, há ONGs ou advogados com experiência neste domínio que podem ser consultados. Anunciar as mudanças políticas Uma vez que as políticas passem a ser oficiais, é importante anunciar a sua existência. Isto pode ser feito por meio de mensagens que utilizem a estrutura de comando, a colocação de anúncios e a realização de encontros com grupos de pessoas vivendo com HIV/aids, alertando sobre os seus novos direitos.
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Criando e mudando políticas
7. Criando e mudando políticas 7.1. Que tipo de políticas precisam ser apoiadas? Aconselhamento e testagem confidencial O sigilo para o teste de HIV é importante. As pessoas acorrerão mais prontamente ao serviço de testagem se estiverem seguras quanto à discrição e ao sigilo. A ausência dessas condições pode comprometer o uso desses serviços, comprometendo também a qualidade de vida das pessoas infectadas e até mesmo encurtando suas vidas. O direito do assintomático ao trabalho Considerando-se que o risco de infecção pelo contato ocasional, não sexual, está próximo de zero e em conformidade com o que ocorre no Brasil, o UNAIDS prega que às pessoas vivendo com HIV/aids e incorporadas às Forças Armadas devam ser dadas todas as oportunidades para a execução das tarefas para as quais elas foram treinadas e que ainda são capazes de desempenhar. Além disso, respeitados os limites físicos, essa pessoas podem permanecer no Serviço Ativo. Se as pessoas soropositivas tiverem medo de sofrer discriminação na progressão da carreira, elas rejeitarão o teste. Assegurar a proteção dos benefícios É importante que as Forças Armadas assegurem a continuidade dos cuidados para as pessoas vivendo com HIV/aids, bem como para suas famílias. Isto inclui, além da assistência integral à saúde, as assistências social, jurídica e religiosa. O apoio deve ser estendido a cônjuges/companheiros(as), a viúvos(as) e órfãos, principalmente em locais onde os serviços de assistência social forem insuficientes. Apoiar as famílias A separação da família e do ambiente social de origem aumenta a possibilidade de envolvimento de militares com parcerias sexuais ocasionais. Um núcleo familiar desestabilizado contribui para a prática do sexo não seguro e, conseqüentemente para o aumento das taxas de infecção pelo HIV. As Forças Armadas devem estabelecer políticas visando preservar a união familiar entre as quais: aumentar a disponibilidade habitacional e observar períodos regulamentares de licenças que permitam a visita à família, para o pessoal em serviço em regiões onde a família não pode acompanhá-lo. A solidariedade no interior das Forças Armadas Já nos primeiros treinamentos, os recrutas são ensinados a ser bravos e a correr riscos. O enfrentamento de riscos é fundamental em um combate, mas é errado quando aplicado ao campo das relações sexuais. A tradicional solidariedade entre camaradas militares, tem o potencial de ser aplicada no encorajamento para que os homens e mulheres se cuidem e protejam, uns aos outros, do uso abusivo do álcool e do sexo não protegido.
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As atitudes para com as populações civis Os militares em patrulha, cada vez mais, confrontam-se com situações complexas que exigem crescente contato com civis, o que demanda decisões que exigem atitudes perspicazes e ponderadas. A habilidade de calcular riscos e de julgar tais decisões tem demonstrado a crescente necessidade da iniciativa individual. Essa nova ética de assumir responsabilidade pessoal pode também ser aplicada à prevenção do HIV.
7.2. Por que a discriminação deve ser abordada? Definição de discriminação
A discriminação cria um ambiente hostil e de medo envolvendo a tudo que se relacione ao HIV ou à aids. A discriminação tem como resultado a condenação, de forma sutil ou não, das pessoas vivendo com HIV/aids. O medo e o preconceito podem criar sentimentos negativos como de rejeição, hostilidade, culpa ou vergonha em relação às pessoas afetadas pela epidemia. A discriminação prejudica a implantação de um programa A discriminação e o estigma relacionados ao HIV/aids aumentam a possibilidade de que as pessoas se recusem a admitir que possam estar infectadas, ou mesmo doentes. O medo de sofrer discriminação desencoraja as pessoas a querer saber se são ou não soropositivas para o HIV. A discriminação também dificulta, ou mesmo impede, que as pessoas vivendo com HIV/aids possam obter apoio de outras pessoas, em um momento da vida em que elas mais precisam. Provedores da assistência à saúde podem afastar as pessoas afetadas pelo HIV/aids de suas dependências se elas sentirem-se julgadas. Estes fatos contribuem para que a pessoa vivendo com HIV/aids tenha sua vida encurtada por falta de cuidados ou de acesso aos serviços de saúde. A discriminação deturpa a realidade A pessoa vivendo com HIV/aids, se for rejeitada, se sente só e isolada e teme ser alijada de seu emprego, casa ou comunidade. Famílias podem expulsar um membro infectado se julgarem, erroneamente, que possam se infectar no convívio doméstico. A discriminação pode também criar medos exagerados da infecção, tanto a partir de contatos ocasionais, como na partilha de utensílios para comer, quanto em aproximar-se de pessoas vivendo com HIV/aids.O isolamento social em larga escala pode resultar em aumento do nível de empobrecimento do país.
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Criando e mudando políticas
7.3 Como a discriminação pode ser reduzida? Compreender a discriminação O primeiro passo na criação de um ambiente livre de estigma e de discriminação é a educação e a conseqüente identificação de preconceitos e seus impactos. Nesse contexto, a comunicação para a mudança de comportamento (CMC) pode ter um importante papel, tanto na redução do medo não justificado, quanto na promoção dos direitos humanos e do respeito às pessoas vivendo com HIV/aids. Mudança de políticas em relação à discriminação Novos códigos de conduta estão em processo pautando o respeito aos direitos humanos de todas as pessoas, quer populações vulneráveis, como as vítimas da pobreza, refugiados, presidiários e profissionais do sexo, quer pessoas já vivendo com HIV/aids, proporcionando segurança e compreensão para com suas questões e evitando atitudes preconceituosas. As políticas de combate à discriminação precisam, no entanto, além de serem implantadas, cumpridas.
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8. Colaboração com a sociedade civil 8.1. Por que estabelecer colaboração com a sociedade civil? As Forças Armadas tornam-se mais fortes se não trabalham sozinhas A estreita colaboração com serviços de saúde das organizações civis, bem como com outras autoridades pode aumentar a eficácia dos programas militares de prevenção e controle do HIV/aids. Não há soluções simples nem próximas para a epidemia do HIV/ aids e, nesse sentido, as Forças Armadas e a sociedade civil podem e devem beneficiarse da partilha das abordagens mais adequadas e das inovações desenvolvidas. A desmobilização exige colaboração Quando um grande número de militares é desmobilizado de uma missão, faz-se necessária uma boa interação com a sociedade civil no sentido de reduzir o potencial impacto do aumento da infecção do HIV na comunidade.
8.2. Como a colaboração pode ser organizada? A inserção das Forças Armadas como membro-pleno do programa nacional de controle das DST/aids é essencial para o controle da epidemia no país. Nesse contexto, os funcionários do sistema de saúde civil podem também participar diretamente das ações de treinamento, de prevenção e de prestação de cuidados aos militares, bem como equipes militares podem auxiliar as autoridades civis em treinamentos, programas de prevenção e na assistência de saúde, principalmente em regiões onde os Serviços de Saúde militares são únicos ou preponderantes.
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Identificando o problema
9. Identificando o problema 9.1. Por que proceder a uma análise nos dados básicos? Percepções necessárias à eficácia do programa É importante conhecer os padrões comportamentais de risco usuais dos grupos-alvo e o que influencia aqueles comportamentos para um planejamento eficaz. Alguns exemplos de percepções que devem ser considerados: z
Padrões da atividade sexual (com profissionais do sexo, parcerias ocasionais, esposas, mistos, etc);
z
Freqüência com que o comportamento de risco é praticado;
z
Aceitação de comportamento seguro (uso consistente do preservativo e não compartilhamento de equipamento no uso de drogas injetáveis);
z
Identificação dos comportamentos mais prováveis de mudança;
z
Foco na mudança de comportamentos de mais amplo impacto;
z
Identificação de obstáculos para a mudança (concepções erradas sobre o preservativo);
z
Definição do objetivo da comunicação (aumento da utilização dos serviços militares de DST);
9.2. Que circunstâncias são específicas para as Forças Armadas? Pessoal em risco Em alguns países encontra-se a mesma taxa de infecção pelo HIV no pessoal das Forças Armadas e na população em geral, como no Brasil. Em outros, a taxa de infecção é mais elevada, podendo chegar ao dobro. Em todos os países, no entanto, existe um número de fatores que tornam as forças militares mais vulneráveis à infecção. Os fatores incluem: z
O encorajamento ao enfrentamento do risco como parte do próprio trabalho;
z
O pessoal, muitas vezes, é colocado longe das suas parcerias sexuais regulares;
z
O trabalho, muitas vezes, exige longos períodos de isolamento e aborrecimento;
z
O pessoal, normalmente, consome grande quantidade de bebidas alcoólicas e mantém relações sexuais ocasionais;
Os jovens recrutas são como outros “jovens” Na realidade, os jovens recrutas, que são o principal grupo alvo do programa, são iguais aos outros jovens do país. O primeiro passo na identificação do problema é o de coletar a informação já existente no país sobre o comportamento sexual dos jovens, com particular destaque sobre os homens jovens.
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10. A gestão de um programa 10.1. Que recursos são necessários? Assegurar a disponibilidade de recursos adequados Com o propósito de desenvolver um programa eficaz de controle das DST/aids deve haver a alocação de recursos humanos e financeiros, por parte dos Ministérios, ou por fontes externas. Isso significa aumentar o orçamento do setor saúde para iniciar ou ampliar o programa, recrutando pessoas comprometidas para nele trabalhar e assegurando um espaço que sirva de escritório, equipamentos e meios de comunicação, bem como o transporte (vide também o capítulo 5, Estabelecimento de um programa de DST/HIV/aids).
10.2. Qual é o papel do monitoramento e da avaliação? Manter o registro do que está sendo feito O monitoramento envolve a observação periódica do que foi realizado pelo programa. Ele mede o que foi feito em relação ao que foi planejado e também observa o processo de realização. Manter o registo do que foi realizado A avaliação determina se o programa atingiu os seus objetivos e metas. Em outras palavras, ela mede o grau de mudança de comportamento e que fatores influenciaram essa mudança. Exemplo de planejamento de programa de controle de DST/HIV/aids nas Forças Armadas por um período de um ano
Ambiente favorável Ações de advocacia ao nível regional Promover a necessidade de uma rápida resposta às questões do HIV/aids para os oficiais de alta e média patentes. Ações de advocacia junto a líderes comunitários Promover a importância da prevenção das DST/HIV junto a lideranças comunitárias, incluindo as religiosas, as associações de esposas, as associações juvenis, os líderes escolares, os líderes de empresários e outros.
Prevenção Promoção do preservativo Disponibilizar invólucros para portar preservativos para todo o pessoal (como os cartões de orientação dos Ministério da Saúde/Defesa e do UNAIDS), bem como prover outros
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A gestão de um programa
recursos a todos os educadores de pares, que apóiem a promoção do uso do preservativo, como adesivos, panfletos e revistas em quadrinhos. Associar-se ao projeto local de marketing social, se houver, visando a disponibilizar amplamente a compra de preservativo nas proximidades ou nas próprias instalações militares. Comunicação para a mudança de comportamento (educação de pares) Promover capacitações aos educadores de pares, focalizando, entre outros aspectos, a avaliação de risco e a superação de obstáculos ao uso do preservativo. Disponibilizar material educativo de apoio, como flip charts, panfletos e vídeos. Melhorar os serviços de DST Integrar a atenção às DST em todos os serviços básicos de saúde, incluindo a capacitação para o diagnóstico e tratamento e a melhoria dos serviços de testagem e aconselhamento. Procurar estabelecer serviços de ATV no local e, quando necessário, referenciar pessoas a serviços públicos. Promover a melhoria dos serviços, por meio da educação de pares e da disponibilizaçao de material educativo e de comunicação, tais como panfletos, cartazes e quadros.
Cuidados e Apoio Tratamento de pessoas vivendo com HIV/aids Assegurar a capacitação de profissionais dos serviços nacionais de saúde para o tratamento de doenças relacionadas à aids.
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11. O planejamento estratégico na comunicação para a mudança de comportamento 11.1. Em que a CMC difere de outras estratégias? Somente informação não funciona O fornecimento de informação é necessário mas, por si só, não é suficiente para promover a consciência sobre situações de risco ou da necessidade de mudanças de comportamento. A CMC não trata apenas da divulgação de informação, está focada especificamente em inspirar a mudança para a adoção de comportamentos seguros.
11.2. Como a CMC integra-se aos outros serviços? Ligação aos serviços Os planejadores da CMC deveriam trabalhar de forma cooperativa com as Forças Armadas ou com planejadores de serviços de saúde pública, visando a assegurar que haja disponibilidade prévia de clínicas de DST, de preservativos e de serviços de ATV, entre outros.
11.3. Como a CMC funciona em um contexto de Forças Armadas? População-alvo homogênea Há vantagens em se ter uma ampla população-alvo com características homogêneas, ser relativamente fácil de acessar e ter algum grau de escolaridade. Lideranças das Forças Armadas podem preocupar-se que o seu pessoal possa ser percebido pela população como tendo mais riscos do que as demais pessoas. Nesse contexto, os esforços no sentido da CMC devem ser discretos e focados mais internamente à corporação. Como regra, é importante que a CMC reflita sempre a cultura própria das Forças Armadas.
11.4. O que tem de específico a CMC no contexto das Forças Armadas? Vantagens da CMC nas Forças Armadas Na sociedade civil, a identificação e o ganho de atenção das populações-alvo é um dos maiores desafios para a realização de ações de CMC. Vantajosamente, as Forças Armadas são altamente estruturadas e seu pessoal altamente disciplinado, o que facilita a implantação de estratégias de CMC. As outras vantagens incluem: z
As Forças Armadas são uma comunidade fechada, o que reduz as oportunidades de que a população ofenda-se com a discussão aberta e franca sobre a sexualidade;
z
A população-alvo das Forças Armadas tem características homogêneas, facilitando as ações CMC;
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O planejamento estratégico na comunicação para a mudança de comportamento
z
Há, em geral, pouca reação a que se promova e distribua o preservativo;
z
A população-alvo, em geral, é mais instruída do que a população em geral;
z
As ações de CMC são, relativamente, mais fáceis de serem organizadas, porque a população-alvo concentra-se em quartéis e nos locais de trabalho;
z
Os materiais de CMC podem ser facilmente distribuídos por meio das redes de comunicação já existentes.
Desafios para a CMC no contexto das Forças Armadas A CMC constitui-se em uma abordagem inovadora em muitas Forças Armadas e, em função disso, nem todos aqueles em posições de poder estão convencidos de sua utilidade. Os processos participativos – baseados em estratégias provenientes da pesquisa sóciocomportamental e na comunicação entre pares - ao invés de processos hierarquizados são, geralmente, novos e sensíveis às Forças Armadas. Os materiais de CMC necessitam da aprovação dos oficiais superiores que, não necessariamente, estarão familiarizados e convencidos sobre os métodos e estratégias da CMC.
11.5. Como inspirar a mudança de comportamento? A mudança de comportamento não é fácil Inspirar a mudança de comportamento é, muitas vezes, um processo lento e que requer persistência e método. Não é de um único estímulo que, geralmente, resulta a sensibilização para a adoção de mudanças em direção a atitudes mais seguras. Em geral, somente a convergência de um conjunto de diferentes influências tem o poder de atingir o indivíduo. As situações podem ser tão variadas quanto: a) um panfleto distribuído em um treinamento e, posteriormente, discutido entre pares; b) uma conversa íntima com a parceira sexual, após ouvir uma mensagem educativa no rádio, ou; c) uma ordem de um oficial superior para que os soldados sempre portem preservativos. Há, no entanto, uma série de motivos comuns que fazem com que as pessoas mudem o seu comportamento. Seguem-se algumas situações: Resultados esperados z
Quando as pessoas com comportamento de risco dão-se conta dos benefícios da proteção, elas sensibilizam-se a atitudes mais seguras. Por exemplo, se houver a preocupação em estar infectado pelo HIV, aproveita-se a oportunidade para encorajar a pessoa a submeter-se ao aconselhamento e à testagem voluntária, bem como à discussão e à decisão sobre o não-engajamento em futuras situações de risco, após o teste.
Intenção z
A pessoa decide que fazer a mudança vale a pena. Por exemplo, muitas pessoas não se percebem, pessoalmente, em risco. Porém, em função das oportunidades trazidas pela CMC, elas avaliam as suas condutas e dão-se conta de seus próprios riscos. Essa consciência constitui um passo importante na tomada de decisão na direção da mudança de comportamento.
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Guia de Programação para as Forças de Defesa e Segurança
Auto-Imagem z
A CMC pode criar um ambiente que torne aceitável e mesmo desejável a prática de medidas de prevenção. Se a pessoa sentir-se bem em relação a práticas seguras, é mais provável que haja a adesão a essas práticas comportamentais.
Habilidades z
A CMC pode ajudar o indivíduo a desenvolver habilidades que o tornem capaz de práticas comportamentais positivas. Por exemplo, se a pessoa não usa camisinha porque não sabe como, ou se o preservativo se rompe freqüentemente, há que se adquirir a habilidade do uso correto do mesmo.
Auto-eficácia z
A adoção de novo comportamento pode aumentar a confiança. Por exemplo, a CMC pode fazer com que a pessoa assuma o controle da sua saúde sexual, após ter adquirido habilidades de negociação com suas parcerias ou com o uso correto do preservativo.
Emoções z
A CMC pode despertar sentimentos em pessoas com práticas de risco, o que pode levar a atitudes de reflexão. Por exemplo, tais pessoas podem não estar motivadas a se proteger, mas podem ser bem sensíveis quanto à percepção de que podem deixar seus filhos órfãos.
Normas sociais percebidas z
A CMC pode contribuir para a criação de um ambiente que dê às pessoas com práticas de risco a impressão de que existe um momento ou um movimento social no sentido da adoção de um determinado comportamento. Por exemplo, a pressão dos colegas que já adotaram um comportamento seguro revela-se ser muito influente no contexto de um programa de educação de pares.
Disponibilidade de serviços z
A consciência de que os serviços estão disponíveis, são acessíveis e de fácil utilização aumenta as chances de que eles sejam utilizados. A CMC pode promover os serviços, bem como ajudar para que os obstáculos para a sua utilização sejam ultrapassados.
Conhecimento z
A CMC pode suprir as lacunas de conhecimento e ajudar a ultrapassar a desinformação em aspectos relevantes. Por exemplo, se as pesquisas revelarem que as pessoas com comportamento de risco não fazem a conexão entre as DST e a infecção pelo HIV, a CMC pode esclarecer esse fato, bem como promover prontamente o uso de serviços de confiança.
Coerência aos comportamentos z
A CMC é mais eficaz quando ela é consistente com os estilos de vida existentes. Por exemplo, a proposta da abstinência sexual para os jovens soldados, não casados
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O planejamento estratégico na comunicação para a mudança de comportamento
e que freqüentem bares, terá menos impacto do que a promoção do uso do preservativo.
11.6. Qual é o processo da CMC? O caminho para a mudança de comportamento não é direto e claro O processo de mudança de comportamento não segue uma ordem seqüencial ou um padrão fixo. Pode haver desvios, idas e vindas e, mesmo, a perda de terreno ganho. O processo em direção à mudança de comportamento, esboçado no quadro a seguir, descreve os níveis de transformação que as pessoas podem passar para se tornar conscientes sobre as dificuldades em fazer e em manter uma mudança positiva. Estágios no processo de mudança de comportamento 1. Não consciente z
Não há o reconhecimento de que o comportamento usual traz riscos;
z
Pode reconhecer que o comportamento traz riscos, mas não os relaciona em seus próprios riscos;
z
Pode não reconhecer que o seu próprio comportamento é de risco.
z
Informação básica sobre as DST/HIV/aids pode ser disponibilizada;
z
Avaliações de risco podem ser feitas àqueles em risco para facilitar a compreensão dos efeitos do seu comportamento;
z
Mitos, concepções e informações erradas podem ser corrigidas;
2. Consciente ou apreensivo z
Havendo o entendimento de que existe uma situação de risco, o passo seguinte é apontar um caminho para contorná-la;
z
Há um aumento de interesse na avaliação sobre comportamentos de risco;
z
As pessoas necessitam compreender por que elas são vulneráveis;
z
A negação é ultrapassada à medida em que as pessoas decidem que algo deve ser feito.
3. Consciente e capaz z
Considera seriamente a existência de um problema;
z
Procura mais informação junto aos pares, aos amigos e à família;
z
Podem ser desenvolvidas habilidades para discutir questões sexuais e negociação para o sexo seguro;
z
Aumenta o conhecimento sobre a disponibilidade de serviços relacionados ao tema.
4.Motivado e pronto para a mudança z
Começa a haver empenho no sentido da mudança;
z
Considera seriamente a necessidade de proteger a si e aos outros da infecção;
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z
Sente-se estressado com a própria ansiedade e culpado em relação a seu comportamento de risco;
z
Motivado a evitar as conseqüências da infecção;
z
Assegurar que as clínicas de IST acolham adequadamente a seus clientes;
z
Manisfesta desejo de tentar o novo comportamento;
z
Pode não tentar de novo se considerar a mudança difícil (por exemplo, rompimento do preservativo);
z
Precisa de reforço positivo e de elogios pela mudança de comportamento;
6. Adotando e mantendo o novo comportamento z
Sente-se estressado com a própria ansiedade e culpado em relação a seu comportamento de risco;
z
Motivado a evitar as conseqüências da infecção;
z
Há demanda para serviços, tais como clínicas de DST, ATV e de preservativos;
z
Acredita que as pessoas pertencentes a grupo de pares e a outros grupos praticam sexo seguro;
z
Suscetível a exemplos, mensagens positivas e a ambientes de apoio.
5. Em tentativa de mudança de comportamento z
O fornecimento de instruções de uso do preservativo é util;
z
Assegurar que as clínicas de DST acolham adequadamente a seus clientes;
z
Manisfesta desejo de tentar o novo comportamento;
z
Pode não tentar de novo se considerar a mudança difícil (por exemplo, rompimento do preservativo);
z
Precisa de reforço positivo e de elogios pela mudança de comportamento;
6. Adotando e mantendo o novo comportamento z
Avaliar e reforçar a ação tomada;
z
Novo hábito estabelecido e apoiado;
z
Reforçar comportamento com comunicação continuada;
z
Relatar o sucesso e o beneficio aos outros;
z
Reavaliar o risco pessoal.
11.7. Como sabemos se a CMC funciona? Difícil de medir Considerando que muitas e diferentes circunstâncias influenciam a mudança de comportamento, é difícil saber o que exatamente contribuiu a uma mudança específica. A mudança pode ter sido inspirada pela CMC ou promovida por circunstâncias familiares não relacionadas. É possível, no entanto, perceber se mensagens da CMC foram ouvidas e compreendidas, como, por exemplo, na observação de indicadores tais como aumento no
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O planejamento estratégico na comunicação para a mudança de comportamento
uso do preservativo, crescimento na requisição de serviços ou queda nas taxas de DST. Contudo, indicar exatamente o que promoveu a mudança de comportamento não é fácil. Muitas influências contribuem Os esforços da CMC com freqüência representam o mecanismo desencadeador da reflexão sobre a escolha das pessoas em seus comportamentos. As pessoas em suas vidas estão sujeitas a muitas situações. Elas podem ler um panfleto ou conversar com um educador de pares sobre o preservativo. Elas podem, então, ouvir um spot publicitário que promova uma marca de preservativo e ganhar alguns deles em um bar. Por último, pode haver uma conversa com a sua companheira sobre a transmissão mãe-filho do HIV que acaba por convencer o indivíduo a experimentar o preservativo em sua próxima relação sexual ocasional. É impossível dizer se foi o panfleto ou o anúncio que resultou na mudança de comportamento. Provavelmente, houve a concorrência de muitas influências pare esse efeito, algumas programadas e outras espontâneas.
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12. Selecionando populações-alvo 12.1. O que é população-alvo? Grupo com características comuns Uma população-alvo é um grupo de pessoas que partilham das mesmas características demográficas e semelhantes padrões de comportamento e que são ou serão objeto de nossa intervenção. As características demográficas comuns podem ser gênero, idade, localização geográfica, grupo étnico, língua ou ocupação. Quanto aos padrões comportamentais, também designados de características “psicossociais”, característicos de uma população-alvo temos, por exemplo, os clientes de profissionais do sexo ou as pessoas que repetidamente usam os serviços de DST. Homens jovens, entre os 15 e 24 anos de idade, alistados nas Forças Armadas há menos de cinco anos, freqüentemente fazem parte da população mais ampla, e estão em maior risco de se infectarem com o HIV.
12.2. Quais são as populações-alvo “primárias”? Grupos que mais precisam de atenção As populações-alvo são divididas em populações primária e secundária. A primária é o grupo cujo conhecimento, atitudes ou comportamento devem modificar-se para que se possa resolver um dado problema. As principais populações-alvo primárias em um programa de DST/aids incluem os clientes das profissionais do sexo, jovens, trabalhadores emigrantes, usuários de drogas injetáveis e alguns segmentos bem definidos da população em geral.
12.3. O que são populações-alvo “secundárias”? Grupos que influenciam o primeiro grupo As populações-alvo secundárias são aqueles grupos que podem apoiar na mudança de comportamento da população-alvo principal. Por exemplo, um programa de controle de DST/aids das Forças Armadas procura aumentar o uso do preservativo entre os seus soldados e recrutas (uma população-alvo primária) nas suas relações sexuais.
12.4. As populações-alvo podem ser segmentadas? Melhor focalizar na maior e em maior risco A segmentação de uma população-alvo significa dividir o grupo em partes, visando a focalizar aqueles com o mais elevado risco de se infectar e de infectar os outros. Esse enfoque torna as ações de CMC mais eficazes. Por exemplo, há uma tendência em focalizar, indiscriminadamente, ações sobre todas as patentes e em ambos os sexos, embora sejam os militares de baixa patente, masculinos e jovens, que constituem a maior percentagem em todas as forças militares. Se todos os homens e mulheres, de todos os serviços, oficiais ou não, forem, simultaneamente, abrangidos pela CMC haverá uma importante redução em sua eficácia. Se considerarmos que 70% do exército de um país é constituído por homens jovens, e que eles tendem a ter freqüentes relações sexuais não protegidas com parcerias ocasionais, então são eles que constituem a populaçãoalvo primária de nossa ação.
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Selecionando populações-alvo
12.5. Por que concentrar os recursos em grupos específicos? Um esforço de CMC não focalizado constitui um instrumento enfraquecido Se as mesmas mensagens são enviadas a diferentes populações-alvo, não haverá a percepção de que haja mensagens específicas. A CMC não orientada a um gupo específico é como um tiro de espingarda, a maioria deles não atinge alvo algum, havendo apenas um dano superficial quando disparado de uma longa distância. Uma intervenção bem dirigida tem a precisão de um atirador especial ao acertar o seu alvo. Atingir grupos específicos é, também, muito mais eficiente em relação aos custos. As questões a seguir orientam a quem deva decidir sobre quem são suas populaçõesalvo primárias: z
Que grupos estão em situação de maior vulnerabilidade?
z
Que grupos são mais passíveis de mudar o seu comportamento de risco?
z
Que grupos têm as características mais comuns, tais como mesmos padrões de comportamento, idade, língua e cultura?
Exemplo: Procurando o maior denominador comum Um rascunho de panfleto está sendo preparado para ser usado nas Forças Armadas de um país da África Ocidental. Se o propósito é atingir o maior número de pessoas de uma coorporação militar, a melhor escolha para a imagem ilustrativa de um panfleto seria a de um homem fardado, entre os 18 e 25 anos de idade, padrão que representa 80% do pessoal das Forças Armadas. Um oficial da marinha fardado em branco, o que representa menos de 1% de todo o pessoal militar, não seria uma boa escolha. Exemplo: sexos diferentes têm necessidades diferentes Em um país da Ásia, produziu-se um mesmo material de prevenção para homens e mulheres de uma corporação militar, embora as mensagens devessem ser bem diversas para cada um dos gêneros. Os homens tinham mais probabilidade de serem solteiros do que as mulheres, e, em função de suas relações com vários parceiros, expunham-se mais ao risco. No entanto, a promoção do preservativo teve pouca evidência no material educativo, que, além disso, também abordava tópicos como os serviços de planejamento familiar, estes destinados às mulheres. Exemplo: priorizando as populações-alvo O programa de controle de HIV/aids das Forças Armadas em um país africano decidiu priorizar as suas populações-alvo e, durante um período de cinco anos, desenvolveu estratégias de CMC para atingir todos eles. A lista:
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Guia de Programação para as Forças de Defesa e Segurança
z
Militares homens de baixa patente, a serem designados para uma missão dentro do país;
z
Pessoal do exército não comissionado;
z
Militares homens antes e depois de regressar de missões nas forças internacionais de manutenção de paz;
z
Homens alistados em outros serviços (força aérea e marinha);
z
Esposas e namoradas regulares de militares das Forças Armadas;
z
Profissionais do sexo e namoradas ocasionais, residindo próximo das bases e de campos das Forças Armadas.
z
Jovens vivendo nas instalações das Forças Armadas.
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Realizando uma avaliação formativa
13. Realizando uma avaliação formativa 13.1. Que percepções devemos captar sobre as populações-alvo? Comportamento, motivação e hábitos da comunicação O primeiro passo, após a seleção e priorização das populações-alvo, é obter as suas percepções sobre comportamento, motivação, hábitos da comunicação e preferências. Tal estudo não deve de ser feito todo em uma mesma pesquisa. De fato, um conjunto de pequenos estudos, tais como a discussão de grupos focais, é, muitas vezes, mais bem sucedido. Algumas sugestões para estudos: z
Envolvimento da população-alvo no processo de planejamento;
z
Definição dos comportamentos usual e ideal, após as mudanças comportamentais sugeridas;
z
Identificação de fatores que influenciam o comportamento;
z
Compreensão junto àqueles que já adotaram novo comportamento sobre o que motivou a mudança;
z
Pré-testagem de mensagens e de materiais.
13.2. O que é a avaliação formativa? Localizar os estudos existentes e realizar novos estudos A avaliação formativa envolve rever os dados existentes e produzir novos estudos, visando a obter os níveis de conhecimento, atitude e comportamento de uma dada população-alvo frente a uma determinada situação. Os estudos podem incluir entrevistas com pessoaschave, entrevistas em profundidade, e discussões em grupos focais. Para desenvolver uma estratégia de CMC eficaz é importante contextualizar as pessoas em seu âmbito social, o que significa ultrapassar uma avaliação individual, para ater-se também aos ambientes nos quais elas vivem. No contexto das Forças Armadas, pode-se obter as percepções das comunidades localizadas nas proximidades das instalações militares. O estudo pode incluir também a compreensão sobre o comportamento dos militares em bares e clubes noturnos. É importante obter as percepções das comunidades sobre comportamentos de risco e quais são os fatores de vulnerabilidade presentes.
13.3. Que percepções são necessárias? Padrões comportamentais de risco Os planejadores de CMC precisam entender quais são os padrões de comportamento de risco, o que envolve identificar as percepções das pessoas de quem nele se envolve, em quais comportamentos e com que parceiros. Também, há que se compreender se há consciência de riscos e quais os processos de negação a eles. Para a elaboração de materiais educativos é necessário conhecer os hábitos de comunicação da população-
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alvo, bem como sua preferência por estilos e imagens na área de comunicação. Uma estratégia de CMC eficaz exige conhecimento sobre: z
As percepções sobre riscos e vulnerabilidade;
z
Os contextos nos quais acontecem os comportamentos de risco;
z
As opiniões dos líderes sobre questões-chave como sexo, sexualidade e, em alguns contextos, o abuso de drogas;
z
Os serviços existentes e instalações usadas pela população-alvo, bem como as suas opiniões sobre os mesmos;
z
As expectativas, receios e metas da população-alvo para o futuro, o que ajudará a captar a sua atenção;
z
Os hábitos da comunicação;
z
Os hábitos de lazer;
z
O comportamento relacionado à busca por cuidados de saúde.
13.4. Que estudos podem ser feitos? Pesquisa em dados existentes O primeiro passo na realização de uma pesquisa é recolher dados ou estudos existentes. Muitas vezes, a pesquisa é feita sem levar em conta estudos semelhantes já existentes. Por exemplo, em muitos países já há estudos comportamentais exaustivos sobre jovens e profissionais do sexo. Esses estudos prévios poderiam ser aproveitados se a populaçãoalvo primária por homens jovens dos 15 aos 24 anos que buscam os serviços de profissionais do sexo. No Brasil, as pesquisas realizadas pelo PN-DST/AIDS podem ser encontradas no endereço eletrônico: www.aids.gov.br. Discussões em grupos focais O grupo focal é uma das formas de pesquisa mais eficazes em relação aos seus custos. Envolve selecionar representantes da população-alvo e estimular uma discussão focalizada e fechada, colocando questões específicas que se deseja responder. É uma forma de pesquisa qualitativa e nenhuma tentativa é feita para quantificar os resultados em termos de percentagens ou de outros números. Estudos CAPC (Conhecimento, atitude, prática e comportamento) Este método de pesquisa qualitativa envolve lançar um conjunto de perguntas às pessoas, geralmente usando o formato de múltipla escolha. É uma forma de estudo relativamente complexa, uma vez que as amostras são, geralmente, muito grandes, os entrevistadores precisam ser bem treinados, os resultados devem ser analisados em computadores sofisticados e as respostas apresentadas em tabelas complexas. Entrevistas em profundidade Este estudo tem método semelhante ao das discussões em grupos focais, no sentido de que é uma forma de pesquisa qualitativa e envolve representantes de uma dada população-
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Realizando uma avaliação formativa
alvo, entrevistados um de cada vez, que falam sobre comportamento, a percepção do seu próprio risco e a perspectiva em relação à sua prevenção. Observação Estar presente em locais em que existem comportamentos de alto risco, observando o ambiente e as interações entre as pessoas, é uma forma simples e muito revelante de pesquisa.
13.5. O que é melhor: pesquisa quantitativa ou qualitativa? Métodos complementares de pesquisa Este é um debate recorrente que não tem uma resposta certa ou errada. Certamente, a pesquisa quantitativa tem maior credibilidade porque ela, geralmente, tem dimensões de amostras maiores. Impressiona por trazer os dados impecavelmente organizados em colunas de números que podem ser compreendidos. Por outro lado, a pesquisa qualitativa, como os grupos focais, muitas vezes, permite a compreensão de fatos de forma mais pormenorizada do que as frias estatísticas. Em geral, tem custo menor e é mais fácil e mais rápida de ser planejada e concluída. Em uma perspectiva ideal, os orçamentos de pesquisa deveriam ser suficientes para contemplar ambas. A apreensão de percepções mais íntimas é, geralmente, captada nas pesquisas quantitativa e qualitativa. Exemplo: Necessidade de uma amostra representativa Na hora da seleção de uma população-alvo é importante que ela seja verdadeiramente representativa do universo que se deseja estudar. Em dois países, em função de problemas com a seleção de participantes para grupos focais, não foi possível aproveitar os resultados obtidos. Em um deles, os planejadores do programa de HIV/aids das Forças Armadas não obtiveram a permissão dos oficiais para liberar os seus homens para participar na pesquisa. Assim, foi ouvido o corpo médico que, em relação ao resto do pessoal, tinha um nível de conhecimento elevado sobre as DST/HIV/aids. Os resultados foram de pouca utilidade porque eles não representavam o conhecimento do resto do pessoal da coorporação. No outro país, deu-se a mesma importância aos resultados das discussões dos grupos focais com oficiais do que as dos homens alistados, embora o último grupo fosse mais numeroso e sujeito a maiores riscos. Os oficiais citaram a “pressão alta” e a “gota” como os seus problemas de saúde mais comuns, refletindo o fato de eles serem pessoas de meia idade.
13.6. Quem realiza os estudos? Desenvolver capacidade ou subcontratar A maioria das Forças Armadas reconhece que a sua capacidade de conduzir pesquisa sócio-comportamental é limitada e procura contratar pessoas de fora para realizá-la. Uma vantagem dessa conduta é que os militares podem sentir-se mais confortáveis em discutir assuntos íntimos, como o seu comportamento sexual, com terceiros, mais habituados a realizar esse tipo de trabalho. Os departamentos de ciências sociais de universidades, as empresas de consultoria que vêm trabalhando para as agências doadoras
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internacionais e empresas de publicidade comerciais, que fazem pesquisa sobre o consumo, estão entre os grupos que podem ser solicitados.
13.7. Como podemos contratar os pesquisadores? Identificação dos pesquisadores É possível que as Forças Armadas desenvolvam capacidades de realização de pesquisa sócio-comportamental, bem como de testar protótipo de materiais para estudo com representantes de populações-alvo. Em alguns casos, podem ser contratadas pessoas que já tenham essa experiência. No entanto, na maioria dos casos, as Forças Armadas apoiar-se-ão em especialistas da sociedade civil para a realização de pesquisa. Algumas sugestões para a identificação de pesquisadores: z
Procurar pesquisadores que tenham experiência com estudo sócio-comportamental em outras organizações;
z
Solicitar que sejam vistas as pesquisas já realizadas;
z
Contatar as organizações referidas para saber se elas ficaram satisfeitas com as pesquisas encomendadas;
z
Pedir um plano de pesquisa a diferentes grupos de pesquisa;
z
Oferecer informação básica sobre as Forças Armadas, suas necessidades específicas e cultura institucional;
z
Acordar com o pesquisador que os resultados da pesquisa pertencem às Forças Armadas e que os mesmos não podem ser usados sem o seu consentimento;
z
Envolver a população-alvo no planejamento do estudo, incluindo na revisão dos questionários e nos roteiros de discussão do grupo focal.
13.8. Quanto deve ser gasto? Alguém é melhor do que ninguém Como norma prática, é apropriado dispender 10% do total do orçamento da CMC em pesquisa. O desenvolvimento e a implementação da CMC sem um estudo norteador prévio é como conduzir um carro de olhos fechados, ou seja, é melhor ter um pequeno estudo bem orientado do que não ter nada que sirva de base. Se não for possível contar com um estudo quantitativo grande, em função de complexidade ou custo, os grupos focais podem trazer importantes contribuições internas.
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A comunicação para a mudança de comportamento em um programa de HIV/aids
14. A comunicação para a mudança de comportamento em um programa de HIV/aids 14.1. Como a CMC se incorpora ao planejamento geral do programa? Um apoio e um elemento fundamental A CMC, como parte do programa de HIV/aids das Forças Armadas, constitui tanto um apoio como um elemento fundamental do programa. A CMC dá melhores resultados quando é um processo cuidadosamente planejado, e que esteja integrado ao programa desde a sua concepção. As estratégias de comunicação interpessoais - tais como a educação de pares -, eventos organizados nas comunidades ao redor das instalações militares e mídias internas podem, todas, compor as estratégias da CMC.
14.2. Quais são os diferentes níveis de metas e objetivos? Uma tentativa de alcançar a mudança O processo de planejamento é visto, muitas vezes, como sendo mais complicado do que ele é ou tenha que ser. Essencialmente o planejamento determina o que se deseja realizar e como ele se insere dentro do programa nacional de HIV/aids. Após, deve-se definir as mudanças desejadas no comportamento das pessoas e nos planos específicos para alcançar tais mudanças. As “metas” e “objetivos” são os termos freqüentemente utilizados para descrever o que os programas de HIV/aids planejam alcançar. Os diferentes níveis de planejamento podem incluir: Nível Um Rever as metas ou objetivos gerais estabelecidos pelo programa nacional de HIV/aids. Estes são, geralmente, muito abrangentes e dão uma orientação geral sobre o que se espera realizar no nível nacional. Um exemplo de um objetivo de um programa nacional de HIV/aids pode ser “reduzir as taxas de infecção pelo HIV entre os jovens”. Nível Dois Estabelecer os objetivos próprios do programa de contole de HIV/aids das Forças Armadas. Estes descrevem o que o programa deseja realizar. Devem estar de acordo com as metas e objetivos do programa nacional de HIV/aids. Elas levam em consideração as metas do número de serviços que se quer estabelecer e das mudanças comportamentais desejadas. Um exemplo de objetivo é o de “reduzir as taxas de infecção pelo HIV entre os militares com idade entre os 15 e 24 anos”.
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Nível Três Fixar as metas da mudança de comportamento a serem alcançadas, e que são mais específicas do que as metas do programa. As metas são geralmente mensuráveis, para pemitir que se monitore o progresso do programa. Um exemplo é o de “aumentar o uso do preservativo entre o pessoal das Forças Armadas entre os 15 e os 24 anos de idade, de 20% para os 70%”. Nível Quatro Desenvolver estratégias específicas de CMC para as populações-alvo em função dos objetivos relativos à mudança de comportamento. Um exemplo é o “o aumento da confiança do preservativo como forma de proteção contra as DST, bem como as habilidades em usá-lo”.
14.3. Que outros exemplos de objetivos do programa de controle de HIV/aids das Forças Armadas podem ser dados? Os objetivos do programa de controle de HIV/aids das Forças Armadas cobrem todos os aspectos da intervenção, incluindo a mudança de comportamento. A experiência mostra que a CMC funciona melhor quando ela é coordenada com o desenvolvimento de serviços de qualidade. É importante estabelecer objetivos que tracem um plano coerente e completo para atacar o problema. Alguns outros exemplos de objetivos: z
Aumentar as práticas sexuais mais seguras (uso mais frequente do preservativo);
z
Aumentar a procura por serviços de DST e de tuberculose (visitas ou referências aos serviços, por exemplo);
z
Aumentar o acesso e o uso da terapira anti-retroviral;
z
Aumentar o uso de medidas de precaução universais para melhorar a segurança do sangue;
z
Aumentar as doações de sangue;
z
Melhorar a aderência aos tratamentos;
z
Aumentar o uso de seringas e agulhas novas pelas pessoas que usam drogas injetáveis;
z
Diminuir atitudes discriminatórias em relação às pessoas afetadas pelo HIV/aids;
z
Reduzir a incidência de atitudes discriminatórias contra as pessoas vivendo com o HIV/aids.
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Elaboração de mensagens e de materiais educativos
15. Elaboração de mensagens e de materiais educativos 15.1. O que é uma mensagem? Uma informação cuidadosamente apresentada As mensagens educativas são os conteúdos que se quer transmitir à população-alvo, na busca de uma resposta. As mensagens funcionam melhor se estão apropriadas à linguagem e à cultura da população-alvo. Devem abordar de forma clara e com a especificidade de conteúdo que a população-alvo necessita, sendo atraentes e servindo para estimular a discussão e a ação, visando sempre ao objetivo de mudar comportamentos inseguros. Se a mensagem abordar um produto, como o preservativo, deve informar, entre outros aspectos, onde obtê-lo e como usá-lo.
15.2. Como se elaboram mensagens educativas? Baseadas nas percepções da população-alvo Quanto maior compreensão houver sobre a população-alvo, maiores serão as chances de que as mensagens sejam captadas e valorizadas. Essa compreensão serve de base para a definição clara sobre os comportamentos de risco existentes e que mudanças devem ser propostas. As mensagens devem ser criativas e atraentes e devem ser prétestadas junto a representantes da população-alvo para que seu impacto seja avaliado. O processo de elaboração de uma mensagem deve incluir, de forma colaborativa, os planejadores do programa de HIV/aids e profissinais da área de comunicação que trabalham na criação de mensagens e de materiais educativos.
15.3. Que diferentes abordagens são usadas? Uma variedade de estilos é frequentemente usada quando se desenvolvem mensagens da CMC. Eis uma lista de abordagens, acompanhada por suas respctivas vantagens e desvantagens. Criação de uma atmosfera de medo Esta abordagem visa a ultrapassar a complacência ou a negação de que o HIV seja um real problema. Ela foi usada largamente no início da pandemia, mas constatou-se não ser suficientemente sutil para inspirar a mudança de comportamento. De fato, a atmosfera de medo, muitas vezes, tem o efeito contrário justamente naquelas pessoas que se quer atingir, e pode resultar na alienação daqueles que se encontam em maior risco. Pode também amedrontar as demais pessoas, bem como criar ou reforçar o preconceito contra as pessoas vivendo com HIV/aids. Culpando segmentos de populações-alvo específicos Quando os meios de comunicação de massas artibuem demasiada importância a segmentos populacionais - profissionais do sexo e seus clientes, usuários de drogas injetáveis e outros segmentos de risco acrescido - a população pode desenvolver preconceitos contra eles e ter um falso sentido de invulnerabilidade.
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Guia de Programação para as Forças de Defesa e Segurança
Enfoque moralista Alguns planejadores de CMC preferem promover a abstinência e a fidelidade, ao invés de lidar com questões com as quais se sentem desconfortáveis, como o uso do preservativo e a prostituição. As mensagens com tom moralista são especialmente ineficazes junto às pessoas mais jovens. A abstinência é um comportamento de difícil aceitação para aqueles que são sexualmente ativos, ou quando não fizer parte dos valores culturais da população. Apelo à razão As mensagens que enfatizam a responsabilidade pessoal, bem como apresentam razões e benefícios convincentes para a adoção do comportamento positivo, apresentam melhores resultados do que dizer, apenas, que as pessoas devem mudar seus hábitos.
15.4.Como são elaboradas as mensagens? Dar motivos para a mudança As mensagens devem convencer a população-alvo a mudar, já que simplesmente dizer que certo comportamento deva ser mudado já provou ser ineficaz. Por exemplo, o teste anti-HIV pode ser promovido em troca da diminuição da preocupação em relação a um futuro com ou sem ele. Esclarecer que as DST são um co-fator da infecção do HIV ou a causa principal de infertilidade pode encorajar a procura por um rápido tratamento de uma DST. Incluir um apelo emocional As questões relacionadas ao HIV/aids trazem reações emocionais. Porém, os materiais de CMC contêm, muitas vezes, apenas informações técnicas, sem conteúdos afetivos. Abordagens que contenham apelos de medo, preocupação, inquietação, angústia, amor e patriotismo podem tornar as mensagens mais eficazes. Por exemplo, um pai pode não estar preocupado de ele próprio estar infectado, mas pode sensibilizar-se pela idéia de que possa deixar a sua família sem apoio, ou de gerar filhos soropositivos. Não existe emoção mais arrebatadora do que se colocar em situações reais, nas quais haja pessoas próximas afetadas pelo HIV. Uso de transmissores de mensagens confiáveis e de boa informação As diferentes populações-alvo deparam-se com diferentes pessoas que transmitem mensagens confiáveis. Alguns podem encontrar no médico essa pessoa, para outros pode ser um sargento ou o pai de uma jovem família. Os jovens, em particular, tendem a preferir os seus colegas para transmitir mensagens educativas. A informação contida na mensagem deve também ser clara e confiável. Uso de mensagem na linguagem e nos padrões culturais da população-alvo Para aumentar as chances de que a população-alvo se identifique com a mensagem, é fundamental que a linguagem utilizada nos materiais seja facilmente compreendida e que as imagens e situações apresentadas sejam reconhecidas pela população-alvo.
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Elaboração de mensagens e de materiais educativos
Testando junto à população-alvo A pré-testagem significa apresentar aos representantes da população-alvo esboços das mensagens e dos materiais aducativos antes de sua finalização, procurando, assim, assegurar-se que o material seja bem compreendido, esteja apropriado e que produza o efeito desejado. A pré-testagem é geralmente feita nos diferentes estágios do processo e deve ser revista a partir de cada uma das vezes em que é submetida à testagem. Exemplos de mensagens que visam ultrapassar obstáculos ao uso do preservativo A pesquisa em um país identificou diversos obstáculos ao uso do preservativo entre o pessoal das Forças Armadas. Como resposta, um número de mensagens foi elaborado para a pré-testagem em homens. Problema: Redução da sensibilidade: Mensagens-chave: z
Não arrisque grandes problemas futuros por um momento de prazer de sexo sem o uso do preservativo;
z
Capacetes e botas de combate podem ser incômodos, mas um soldado nunca consideraria ir ao combate sem a proteção que eles fornecem.
Problema: Atraso do orgasmo: Mensagens chave: z
A maioria das pessoas acha que os preservativos não retardam o orgasmo, desde que estejam acostumados a usá-los;
z
Mesmo se o orgasmo atrasar, isso não é necessariamente uma coisa ruim porque pode fazer com que o prazer sexual dure mais.
Problema: Desinformação, como a que diz que o HIV é capaz de passar através do preservativo: Mensagens chave: z
Se o preservativo for corretamente usado proporciona proteção quase total contra as DST, o HIV e a gravidez não desejada.
z
A proteção que o preservativo dá chega a 98%, quando devidamente utilizado. A pequena percentagem de preservativos que se rompe é geralmente causada pela manipulação incorreta e não por defeito de fabricação.
z
Foi provado cientificamente que o preservativo é 100% resistente às DST, ao HIV e à passagem do esperma.
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Guia de Programação para as Forças de Defesa e Segurança
16. A Produção de materiais educativos e a escolha de canais de comunicação 16.1. O que são materiais educativos e canais de comunicação ? Diferentes mídias existentes Os materiais educativos e canais de comunicação são os diferentes formatos nos quais as mensagens educativas são apresentadas à população alvo. Geralmente as estratégias de CMC selecionam a melhor combinação de materiais e canais para atingir uma determinada população-alvo. A seguir, algumas opções. Materiais impressos Uma combinação de textos e imagens que podem ser distribuídos ou usados para apoiar a comunicação interpessoal com indivíduos ou grupos: z
Flip charts;
z
Livros ilustrados;
z
Santinhos;
z
Folhetos;
z
Panfletos;
z
Revistas em quadrinhos;
z
Calendários;
z
Boletins informativos.
Meios de comunicação de massa As transmissões eletrônicas e as publicações impressas têm amplo alcance junto ao público em geral: z
Rádio;
z
Televisão;
z
Jornais e revistas.
Exibições públicas Textos e imagens colocados à apreciação do grande público, em serviços de saúde, em estabelecimentos comerciais, banheiros públicos, na rua e em locais de aglomeração: z
Quadros e paredes;
z
Cartazes;
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A Produção de materiais educativos e escolha de canais de comunicação
z
Painéis;
z
Murais;
z
Vitrines
z
Exibições.
Materiais áudio-visuais As produções eletrônicas que podem circular resguardados os direitos autorais, e usadas para abordagem em grupo ou para apoiar treinamentos e a comunicação interpessoal: z
Fitas de áudio e de vídeo;
z
Dispositivos ou slides;
z
Filmes educativos.
Manifestações da cultura comunitária Uso de manifestações culturais já existentes e que passam a incorporar mensagens educativas. São usadas para atingir grupos de pessoas residentes, particularmente, em zonas rurais, mas que podem ser adaptadas para o contexto das Forças Armadas. Considere: z
Teatro tradicional;
z
Eventos;
z
Música;
z
Poesia.
Comunicação interpessoal É a interação entre um especialista e pessoas ou grupos, visando estimular a discussão ou a troca de informação. Ela funciona melhor quando conta com a participação e o apoio dos órgãos de comunicação social. Alguns exemplos: Educação e liderança de pares Uso de pessoal capacitado na facilitação de discussão de questões relacionadas a comportamentos de risco frente às DST/HIV junto a seus pares, com o propósito de encaminhar soluções para comportamentos de risco; Aconselhamento e testagem voluntária Interação entre um conselheiro capacitado e uma pessoa que deseja fazer o teste anti-HIV, aproveitando a oportunidade para examinar comportamentos de risco, explorar as opções de prevenção e a compreender a implicação dos resultados do teste; Treinamento Instrução formal em questões relacionadas com as DST/HIV/aids.
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Guia de Programação para as Forças de Defesa e Segurança
16.2. É melhor a comunicação interpessoal ou a de massa? A comunicação deve se dar de forma complementar Os planejadores de CMC pensam, muitas vezes, que devem escolher entre a comunicação interpessoal e a comunicação de massa. Um exemplo seria um educador de pares realizando uma sessão com cinco pessoas usando um flip chart ou, alternativamente, a utilização de um rádio-cassete ou a transmissão de rádio. A discussão não deve ser sobre qual das opções é melhor para o repasse da mensagem educativa, já que a CMC é mais efetiva quando são utilizadas, de forma coordenada e complementar, diferentes estratégias de comunicação de massa e de comunicação interpessoal.
16.3. Quais são as vantagens da comunicação de massa e da interpessoal? Os veículos de comunicação de massa têm maior alcance A comunicação social, especialmente a comunicação de massa como o rádio e a televisão, pode, de maneira rápida e eficaz, aumentar a sensibilização para questões que se deseja trabalhar e para a divulgação de serviços. Quando calculada em termos de número de pessoas atingidas, a comunicação social é, geralmente, mais eficiente em relação aos custos. O contato pessoal é caro, mas eficaz A comunicação interpessoal é geralmente considerada menos eficiente em termos de custos do que a comunicação de massa, pois é cara se considerarmos o número de pessoas atingidas. No entanto, a comunicação interpessoal é muito mais eficaz no suporte àquelas pessaos que estão na tentativa ou na manutenção de um comportamento já adotado. Um hábil comunicador pode adaptar as mensagens e satisfazer as necessidades surgidas nos grupos, bem como fornecer a retroalimentaçao que enriquece as percepções de seus membros.
16.4. Como são selecionados os materiais educativos e os canais de comunicação? Considere o custo-eficácia É importante definir qual o melhor meio de comunicação para atingir, de forma eficaz, a população-alvo, visando a um determinado fim. Os diferentes meios de comunicação apresentam vantagens e desvantagens distintas e, portanto, devem ser escolhidos tendo como base essas diferenças. Se não for possível saber previamente qual o mais adequado meio de comunicação aos propósitos do trabalho, é conveniente experimentar os diferentes meios disponíveis e, então, descobrir qual tem maior impacto.
16.5. Por que usar uma combinação de canais? Diferentes canais, diferentes potencialidades As potencialidades e a eficácia na transmissão de mensagens são diferentes para cada canal de comunicação, sendo que os veículos de comunicação de massa, como o rádio e a televisão, têm um alcance mais amplo. Em alguns países, as Forças Armadas têm o seu próprio programa de rádio, o que torna mais rápido o contato com um número maior
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A Produção de materiais educativos e escolha de canais de comunicação
de pessoas. Por exemplo: para veicular a informação sobre um novo serviço de tratamento de DST, poderia haver a inserção no programa e ainda haver a distribução de um panfleto, o que potencializaria a comunicação e o alcance da informação. Mesma mensagem, diferentes canais O impacto é maior quando a mesma mensagem é comunicada por meio de diferentes canais. Por exemplo: se a polícia quer promover o serviço de aconselhamento e testagem voluntária, uma combinação de meios de comunicação pode ser usada, tais como cartazes, inserções radiofônicas, panfletos distribuídos em lugares de grande circulação e lembretes colocados em mictórios. A experiência tem demonstrado que uma mensagem tem maior alcance quando é utilizada uma mistura considerável de materiais educativos e de mídias.
16.6.A relação custo-benefício é importante? A escolha cuidadosa poupa recursos A estratégia da CMC deve calcular que materiais educativos e veículos de comunicação são mais adequados para atingir populações-alvo específicas, e deve-se levar em consideração o custo-eficácia de cada um. Por exemplo, uma mensagen gravada em vídeo pode ser muito eficaz na transmissão de um conteúdo, mas sua produção e veiculação a tornam muito cara. Comparativamente, peças e mensagens musicais contendo as mesmas mensagens e sendo amplamente difundidas em fitas de áudio são mais baratas em sua produção, tornando-se mais eficientes em relação ao custo. Necessidade de difusão do plano de comunicação Às vezes, materiais educativos são produzidos mas pouca atenção é dada para saber como serão utilizados. Por exemplo: álbuns seriados são produzidos, mas ninguém é treinado para usá-los; calendários são impressos, mas são colocados nos gabinetes dos oficiais onde soldados raramente os vêem. Ou ainda, alguns materiais educativos têm potencial de eficácia, mas eles alcançam apenas uma ínfima fração da população-alvo. Por exemplo, mil exemplares de revistas em quadrinhos são impressos, mas há dez mil potenciais pessoas que são o grupo-alvo. Algumas sugestões para a elaboração de material educativo e para a seleção de canais de comunicação: Algumas sugestões para a elaboração de material educativo e para a seleção de canais de comunicação: z
Avaliar o custo de cada meio de comunicação disponível;
z
Material impresso tende a ser mais caro, porém, em função de seu efeito multiplicador, deve ser sempre considerado na formação de educadores de pares;
z
Qualquer material impresso precisa ser acompanhado por um plano claro de como será seu uso e distribuição;
z
A mídia de rádio tem um custo menor se comparado à da televisão, considerando o número maior de pessoas atingidas;
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A impressão em preto e branco é mais barata que a em cores.
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Guia de Programação para as Forças de Defesa e Segurança
Exemplos de custo-eficácia z
A produção de um maior número de livros em preto e branco é mais eficiente do que a produção de um pequeno número de livros coloridos em papel brilhante, já que se fossem estes os produzidos só seria possível a impressão de um número insuficiente em relação ao tamanho da população-alvo.
z
Um adesivo promovendo o uso do preservativo colado em todos os banheiros da guarnição militar poderá ser visto por muitas pessoas durante anos. Essa opção é mais eficiente do que produzir calendários que podem acabar nos gabinetes dos oficiais e, após um ano, serem retirados;
z
Uma encenação dramática com mensagens educativas é produzida e cópias em fitas de áudio são enviadas a todas as guarnições militares. Dessa forma barateiamse os custos em relação à produção de fitas de vídeo, e, assim, com os mesmos recursos, mais pessoas podem receber a sua própria cópia para ouví-la individualmente. Além disso, mais pessoas possuem gravadores de áudio do que vídeo-cassetes.
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Os recursos do programa podem ser bem empregados na confecção de portapreservativos que compõem o “Cartão de Orientação sobre o HIV/Aids para as Forças de Defesa e Segurança”. Materiais promocionais como chaveiros, camisetas, bonés ou botões são bastante apreciados, porém têm uma limitada capacidade de passar mensagens e promover mudanças efetivas de comportamento.
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Os flip charts de apoio a treinamentos ou formação de educadores de pares devem ser produzidos após a clara compreensão sobre a quem se destinam e como serão usados.
16.7.Quem elabora as mensagens e os materiais educativos? A ajuda externa pode ser necessária Alguns programas de HIV/aids das Forças Armadas podem produzir seus próprios materiais educativos. Outros, porém, poderão necessitar de ajuda externa para desenvolver o trabalho ou para a pré-testagem dos protótipos. Esse apoio pode ser encontrado entre consultores de comunicação, empresas de publicidade comercial, organizações governamentais, como o Ministério da Saúde, onde há setores que trabalham a informação, a educação e a comunicação (IEC). Essas instituições podem fornecer ajuda para o desenvolvimento de estratégias, de mensagens e de materiais da CMC.
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A pré-testagem de mensagens e materiais educativos
17. A pré-testagem de mensagens e de materiais educativos 17.1. O que é a pré-testagem? Verificação do potencial impacto dos esboços É importante assegurar-se que a mensagem que se quer passar esteja sendo recebida corretamente e tenha o efeito desejado na população-alvo. A pré-testagem envolve a apresentação de idéias na forma de mensagens ou de materiais educativos aos representantes da população-alvo para que sejam apreciados, antes da finalização.
17.2. Por que pré-testar? Redução da chance de desperdicio de esforços A pré-testagem não garante que as estratégias, mensagens e materiais funcionarão, mas aumenta as chances de que se alcancem bons resultados, evitando erros e desperdício de recursos. A produção de materiais sem a pré-testagem é como disparar no escuro. Se um cartaz for mal entendido ou se um spot radiodiofônico for profundamente ofensivo à população-alvo, haverá prejuízos financeiros e de credibilidade.
17.3. O que se pré-testa? Rascunhos e protótipos Os materiais são pré-testados quando ainda estão longe de exprimir o seu conteúdo final, mas não tão distante de sua finalização quando se torna muito caro alterá-los. Os esboços, ainda sob a forma de rascunhos incompletos, ou desenhos com letras à mão são bons materiais de pré-testagem. Spots radiofônicos podem ser lidos ao invés de gravados; anúncios para a televisão ou uma encenação dramática podem ser apresentados na forma de banda desenhada (um conjunto de desenhos representando as imagens que serão mais tarde filmadas). É também possível pré-testar as diferentes partes separadamente, as mensagens, a música a ser usada, o estilo artístico, os personagens e os respectivos atores. Diversas versões podem ser pré-testadas para comparar as reações.
17.4. Quem faz a pré-testagem? Especialistas podem ajudar Os especialistas em comunicação, muitas vezes, desenvolvem habilidades que os tornam capazes de pré-testar os materiais que eles produzem. Alguns pesquisadores da área de ciências sociais ou quem trabalha com grupos focais também estão aptos a pré-testar materiais, bem como algumas agências publicitárias do setor privado e consultores de informação. Como norma, é preferível que quem criou o material não seja o mesmo a fazer a pré-testagem.
17.5. Quando é feita a pré-testagem? Periodicamente durante o processo Idealmente, a pré-testagem deve ser feita em todas as fases do processo de criação. Já de início, as idéias para as estratégias de CMC, tal como até que ponto os sonhos do
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futuro constituem um fator motivador, podem ser pré-testadas. As diferentes mensagens, imagens, locutores, ou mesmo cores e música, podem ser pré-testadas. Em geral, a prétestagem deve ocorrer quando os planejadores de CMC estão em dúvida quanto às diferentes abordagens, mensagens ou outro material. As principais diferenças de opinião podem ser estabelecidas por meio da pré-testagem.
17.6. Com quem se faz a pré-testagem? Representantes da população-alvo Representantes cuidadosamente selecionados da população-alvo são as pessoas ideais para a pré-testagem do material: uma amostra daqueles a quem as mensagens e materiais se destinam. O tamanho da amostra depende dos recursos disponíveis mas, em geral, compreende uma média de 10 a 50 pessoas. A pré-testagem pode ser feita com indivíduos, em pequenos grupos de 3 a 5 pessoas, ou em grupos focais, de 12 a 15 pessoas. Verificar se são verdadeiramente representativos A chave para uma pré-testagem bem sucedida é assegurar que aqueles que pré-testam o material são reais representantes da população-alvo. Se os selecionados forem pessoas mais instruídas que o resto da população-alvo, poderá haver um melhor entendimento do conteúdo, e então, surgir a falsa impressão de que o material também será compreendido pela ampla maioria. Como regra, quanto maior a amostra, mais confiáveis serão os resultados. Pré-testagem com outras partes interessadas Embora a pré-testagem com outros envolvidos não possa substituir aquela com representantes da população alvo, a pré-testagem deve também ocorrer com outras pessoas-chave. Isso nem sempre é possível, mas os programadores deveriam tentar fazê-la para minimizar a controvérsia, o que pode desviar ou comprometer o programa. No contexto das Forças Armadas, identificamos os capelães, as esposas ou os oficiais como sendo essas pessoas.
17.7. Que perguntas devem ser feitas? Fazer perguntas simples São preferíveis as perguntas abertas, que questionam sobre o que a população-alvo pensa, gosta, sente ou até que ponto ela é inspirada pelas mensagens e materiais. As perguntas podem ser muito simples e não precisam ser específicas. Um perigo com as perguntas muito específicas é que a resposta dada possa ser curta, não esclarecendo outros pontos que também possam interessar. Em geral, os participantes estão muito entusiasmados, querem expressar as suas opiniões e não se aprofundam muito. Algumas perguntas-sugestão: z
O que é que isto lhe transmite?
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Do que você gosta e do que não gosta?
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Para quem serve isto?
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O que é que isso lhe sugere?
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Descobrir as coisas de que gostam e não gostam É fundamental que se perceba se o conteúdo da mensagem é compreendido pelos representantes da população-alvo, bem como descobrir se os conteúdos são relevantes e se são apreciados. Por exemplo, o conteúdo pode tentar evocar uma reação emocional que pode ou não pode funcionar com estratégias de sensibilização. É também importante perceber se a mudança de comportamento recomendada tem suas razões compreendidas e se as pessoas estão sensibilizadas para tal. As pessoas estão entendendo que a mensagem destina-se a eles? Quantas sessões são necessárias? Algumas são melhores do que nenhuma Duas sessões com quatro pessoas é melhor do que apenas uma, e três é melhor do que duas. Uma indicação é continuar a testagem até que os mesmos comentários sejam ouvidos repetidas vezes. Quanto mais sessões forem realizadas, mais claras serão as percepções trazidas pela pré-testagem, mas, por outro lado, é uma perda de recursos e de energia repetí-las demasiadas vezes. Como regra, se surgirem as mesmas reações após diversas sessões, não haverá a necessidade de prosseguir. As limitações de tempo e orçamento podem reduzir o número de sessões e de participantes. Dez participantes e três sessões são considerados o mínimo ideal.
17.8. O que os resultados significam? Mudanças esperadas É raro que não surjam recomendações de mudanças quando as sessões de pré-testagem são bem conduzidas. Quase sempre as mudanças sugeridas fazem sentido e melhoram muito o produto final. O aproveitamento das mudanças sugeridas deve ser considerado uma parte natural do processo e não uma crítica à qualidade do trabalho feito. A análise pode ser falsa A análise dos resultados de uma pré-testagem exige habilidades especiais, pois não se pode esperar que todos os representantes da população-alvo percebam o processo exatamente da mesma maneira. Em alguns casos, algumas das recomendações da prétestagem podem ser ignoradas. Por exemplo, em uma determinada região os soldados recomendaram a substituição de imagens em que apareciam soldados com civis, porque eles não gostariam que o público associasse a aids à eles. Esse pedido foi ignorado porque os materiais não seriam vistos pelo público em geral. Ignorar as opiniões menos prevalentes Se três quartos dos participantes de uma pré-testagem têm a mesma reação, a reação diferente do quarto restante pode ser ignorada. Após a análise dos resultados e da incorporação das mudanças sugeridas, idealmente, uma outra pré-testagem deveria ser feita para perceber a aceitação da nova versão do material. Pode haver, ainda, a necessidade de novas mudanças.
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17.9. Como podem ser utilizados os resultados? Envolver os tomadores de decisão no processo Os tomadores de decisão sobre o plano de CMC podem ter idéias arraigadas sobre as melhores estratégias, mensagens e materiais educativos. No entanto, uma vez que eles geralmente pertencem a uma geração mais velha, bem como têm maior escolaridade do que as outras patentes, os tomadores de decisão podem não estar compreendendo bem a realidade sócio-cultural de seus soldados. A pré-testagem ajuda a captar essas diferenças.
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A implementação de estratégias de comunicação para a mudança de comportamento
18. A implementação de estratégias de comunicação para a mudança de comportamento 18.1. Por que assegurar as ligações com os serviços? Coordenar os parceiros Já na fase de implementação do plano de CMC, todos os elementos de sua estratégia entram em funcionamento. Todos os parceiros, incluindo os produtores, programadores e os canais de comunicação da estratégia devem coordenar e ajustar os seus trabalhos, uma vez que cada elemento é interdependente dos outros. Assegurar que os serviços estejam disponíveis A mudança de comportamento dificilmente ocorrerá se os serviços de apoio não estiverem disponíveis, já que existem ligações entre os principais elementos do programa tais como a oferta e a procura de produtos ou de serviços. Se não estiverem disponíveis os preservativos prometidos, haverá quebra de credibilidade e o programa como um todo ficará comprometido.
18.2. Por que responder rapidamente às críticas? A crítica pode desfocar a ação A desinformação, tal como o falso rumor sobre a segurança do preservativo, precisa ser rebatida ou poderá evoluir de mito para fato tido como verdade. As críticas de vozes minoritárias, tais como as que apregoam que o uso do preservativo induz à promiscuidade, também precisam ser abordadas de forma discreta. Os resultados de pesquisas e da pré-testagem, que indicam a aceitação das mensagens e dos materiais por uma determinada população-alvo, poderiam ajudar a aplacar algumas das reações negativas.
18.3. Qual é a importância da cobertura? A necessidade de alcançar a maior parte do pessoal Muitas Forças Armadas concentram os esforços de seu programa de HIV/aids em seus contingentes de pessoal localizados na capital, fato explicado pelos poucos recursos para transporte, pessoal não treinado ou pela resistência de comandantes regionais não sensibilizados. Pessoal lotado na capital pode ser de mais fácil alcance e, sem dúvida, um bom ponto de partida para um programa. Porém, para que ele se torne eficaz, há que se perseguir a cobertura nacional.
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19. O monitoramento e a avaliação 19.1. O que é monitoramento e avaliação? Um guia do programa O monitoramento e a avaliação são componentes essenciais do programa, especialmente em contextos de recursos limitados. O monitoramento permite que os planejadores do programa verifiquem se as suas abordagens e estratégias foram eficazes, bem como dar subsídios para os ajustes necessários. A CMC precisa de instrumentos de monitoramento e de avaliação eficazes Durante a fase de implementação do programa faz-se necessário estar atento ao processo que gerou as estratégias de CMC para certificar-se de que o programa realmente aborda o problema identificado, as populações-alvo definidas e as constatações da avaliação formativa. Esse esforço também ajuda a identificar se os objetivos da CMC estão sendo alcançados e se os canais de comunicação estão sendo usados de forma apropriada.
19.2. O que é monitoramento? O seguimento do progresso O monitoramento é a avaliação regular dos investimentos e dos resultados intermediários de um projeto. Esta retroalimentação permite aos planejadores detectar e corrigir problemas surgidos no desenvolvimento do projeto, assim como verificar seus acertos. Para monitorar efetivamente o curso de uma estratégia de CMC, um sistema de levantamento de dados deve ser estabelecido. A informação a ser recolhida para subsidiar as ações de CMC deve conectar-se ao sistema amplo de monitoramento do programa. Isto significa verificar se as ações de comunicação estão ocorrendo segundo o planejado. z
Se houve a produção de anúncios para rádio e televisão, é importante monitorar as horas de sua veiculação;
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Se houve a produção de material impresso, é importante monitorar a distribuição e o seu uso;
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Se os meios de comunicação promovem serviços, é importante monitorar se há aumento na utilização desses serviços;
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Se há um trabalho na área de educação de pares, é importante monitorar o que de fato é transmitido nas sessões de educação de pares.
As discussões periódicas do grupo focal e as entrevistas em profundidade podem ajudar os organizadores da CMC a acompanhar as percepções da população-alvo.
19.3. Quando fazer o monitoramento? Verificações regulares Em cada fase, os planejadores avaliam se o processo está transcorrendo conforme o planejado e fazem os ajustes no que não for considerado adequado. Os recursos para as
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O monitoramento e a avaliação
ações de monitoramento devem ser alocados já na fase de planejamento do projeto para assegurar que o monitoramento seja um processo contínuo.
19.4. Como analisar os resultados? Uso do senso comum Um bom sistema de monitoramento pode identificar os problemas antes deles se ampliarem. Por exemplo, em um projeto constatou-se que os educadores de pares faziam ações educativas sobre HIV, mas não estimulando as discussões, como havia sido planejado. A disponibilização de novos materiais de apoio que encorajem a interatividade, aliada a uma reciclagem do pessoal em processos participativos, foram ações planejadas para corrigir essa falha. Não é possível resolver tudo Nem todos os problemas serão identificados por meio do monitoramento e, dentre os detectados, nem todos terão resolução possível ou imediata. É importante que se façam os ajustes possíveis e, a partir das lições aprendidas, planejar de forma mais adequada no futuro.
19.5. Avaliação final Veja se os objetivos foram realizados A avaliação final detém-se na implementação do projeto e no alcance dos objetivos e das metas pré-determinados. As intervenções devem ser avaliadas em relação aos objetivos expressos no projeto, tendo como referência uma linha de base levantada em estudos qualitativos ou quantitativos. Não é fácil medir, efetivamente, as mudanças de comportamento, uma vez que existem muitas variáveis potenciais que as influenciam. Qualitativo ou quantitativo Para os programas em larga escala, a pesquisa de base quantitativa pode ser repetida para demonstrar as alterações reportadas nas áreas do conhecimento, da atitude e do comportamento. A mudança pode também ser avaliada por meio de pesquisa qualitativa, aplicada no grupo-alvo da intervenção. A avaliação qualitativa (ou a avaliação dos efeitos da comunicação) examina a evidência narrada de mudança no comportamento.
19.6. Por que a avaliação é importante? Prova de sucesso Sem a avaliação, as percepções sobre o que funcionou e o que não funcionou em um projeto perder-se-ão, na medida em que ela é a base de orientação para um futuro planejamento. A avaliação nos dá também uma informação valiosa quanto à eficácia e à eficiência em relação ao custo das intervenções.
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19.7. Retroalimentação e nova concepção Aplicação dos resultados para a reprogramação. À medida que os projetos evoluem, as populações-alvo adquirem novo conhecimento e comportamento, e a comunicação precisa adequar-se e também mudar. As necessidades das populações-alvo devem ser reavaliadas periodicamente para que se capte em que estágio se encontram no processo de mudança de comportamento. À medida que a epidemia se desenvolve, os tipos de informação e comunicação necessárias também evoluem a partir de novas informações e das discussões relacionadas à discriminação, cuidados e apoio, e com práticas sustentáveis. Os estudos de monitoramento e avaliação levam diretamente à modificações do programa geral e das estratégias, mensagens e abordagens de CMC.
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