Final Capella

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OS EXILADOS DE CAPELLA: MITO DERRUBADO PELA CIÊNCIA

Durante muitas décadas o mito de que Espíritos exilados do planeta Capella tenham imigrado para reencarnar na Terra, persistiu alimentando crenças que se justificavam apenas na palavra de um único Espírito, tido como infalível entre a grande maioria dos Espíritas. Quando levantei a possibilidade de que o Espírito estivesse enganado, muitos se levantaram contra mim demonstrando uma prática muito diferente da que encontramos nas obras Codificadas do Espiritismo por Allan Kardec: a aceitação pura e simples de uma informação, sem submetê-la ao CRIVO DA RAZÃO, sustentada na INFALIBILIDADE DE UM ESPÍRITO e DE UM MÉDIUM, sem considerar o importante critério de UNIVERSALIDADE ; tudo isso reunido, caracteriza a FÉ NÃO RACIOCINADA como subproduto do FANATISMO RELIGIOSO, que combatem em seus discursos. Vê-se que o discurso não coincide com a prática, quando se trata de “tudo submeter ao crivo do mais rigoroso exame, da mais rigorosa lógica.” Quando tentamos esclarecer o assunto em uma emissora de rádio tida como espírita, recebemos com surpresa a comunicação de que não deveríamos prosseguir – tornou-se proibido, negavam-se a ouvir o que contrariava suas crenças arraigadas. A mentira é como lixo que o obreiro preguiçoso pode varrer e ocultá-lo sob o tapete durante algum tempo: uma hora ou outra, outro, mais atento e responsável, virá revelá-la e retirá-la dando-lhe o destino apropriado. Não serve como apoio nenhuma obra cuja base é a que se encontra questionada. Em que nossa contestação pode afetar a credibilidade do Espírito Emmanuel? R. – Em ponto algum. “Suponhamos que sejam homens que nos escrevem, e julguemo-lo da mesma maneira. Julguemo-los severamente, pois os bons Espíritos de modo algum se sentirão ofendidos com esta escrupulosa investigação, porque são eles próprios que a recomendam como meio de controle. Sabemos que podemos ser enganados. Portanto, nosso primeiro sentimento deve ser o de desconfiança. Os maus Espíritos, que nos procuram induzir em erro podem temer o exame porque, longe de provocá-lo, querem ser acreditados sob palavra.” (Revista Espírita – setembro de 1859).

“No trabalho pela integração definitiva no Espiritismo é preciso não descuidar a VIGILÂNCIA que preserva a paz e fornece o equilíbrio das ATITUDES. Não faltam estratagemas SUTIS e PERNICIOSOS.” “O conhecimento lúcido dos DEVERES RESPONSABILIDADE MORAL para o homem equilibrado.”

representa

“A responsabilidade mede a estatura moral do homem, fala dos seus sentimentos espirituais, expressa a sua evolução, candidata-o a mais elevados misteres.”

Exige-se do espírita a mais rigorosa disciplina e o mais preciso respeito às orientações kardecianas, mesmo diante dos fatos que nos pertubem os instintos, que nos contrariem as idéias: observar, analisar e concluir é o que se pode esperar de uma doutrina que se contrói com bases científicas. A REVELAÇÃO CIENTÍFICA resulta que esse ensinamento não é privilégio de nenhum indivíduo, mas é dado a todo mundo pelo mesmo meio; que aqueles que os transmitem e os que recebem não são seres passivos, dispensados do trabalho de observação e de pesquisa; que não renunciam ao seu juízo e ao seu livre arbítrio ; que o controle não lhes é proibido; mas ao contrário, recomendado; que a doutrina não foi ditada completa, nem imposta à crença cega; que é deduzida , pelo trabalho do homem, da observação dos fatos que os Espíritos colocam sob seus olhos, e das instruções que lhe dão, instruções que ele estuda, comenta, compara e das quais ele mesmo tira as conseqüências e aplicações.

O que caracteriza uma REVELAÇÃO ESPÍRITA é que sua fonte é divina, que a iniciativa pertence aos Espíritos, e que a elaboração resulta do trabalho do homem. “Como meio de elaboração, o Espiritismo procede do mesmo modo que as Ciências positivas, quer dizer, aplica o MÉTODO EXPERIMENTAL. MÉTODO é um conjunto de ETAPAS, ordenadamente dispostas, a serem vencidas na investigação da VERDADE, no estudo de uma CIÊNCIA ou para alcançar um determinado fim. O MÉTODO utilizado no Espiritismo é explicado por Kardec no livro A GÊNESE, de onde extraimos algumas partes desta reflexão e à qual acrescentamos: “Fatos de uma ordem nova se apresentam e não podem se explicar pelas leis conhecidas; observa-os, analise-os, e dos efeitos remontando às causas, chega à lei que os rege; depois deduz suas conseqüências e procura as suas aplicações úteis.” “Não estabelece nenhuma teoria preconcebida; assim não colocou como hipótese, nem a existência e intervenção dos Espíritos, nem o perispírito, nem a reencarnação, nem nenhum dos princípios da Doutrina; concluiu da existência dos Espíritos, quando se deuduziu, com evidência da observação dos fatos; e assim os outros princípios. Não foram os fatos que vieram confirmar a teoria que veio, subsequentemente, explicar e resumir os fatos.” “... O Espiritismo é uma ciência de observação, e não o produto da imaginação. As ciências não tiveram progresso sério depois que o seu estudo se baseou no MÉTODO EXPERIMENTAL, mas até esse dia, acreditou-se que este método não era aplicável senão à matéria, ao passo que o é, igualmente, às coisas metafísicas.” Uma das bases do Espiritismo é o CONHECIMENTO CIENTÍFICO, de forma simplificada, diz-se que CIÊNCIA. O CONHECIMENTO CIENTÍFICO resulta da INVESTIGAÇÃO METÓDICA, SISTEMÁTICA da REALIDADE. Ele transcede os fatos e os fenômenos em si mesmos analisam-os, para descobrir suas causas e concluir as leis gerais que os regem. Em geral, o objeto da ciência é o UNIVERSO MATERIAL, físico normalmente perceptível pelos órgãos dos sentidos ou mediante a ajuda de instrumentos de investigação. O conhecimento científico é verificável na prática, por demonstração ou experimentação.

Pessoalmente, considero que alguns conhecimentos científicos, hoje consagrados, tiveram suas raízes no CONHECIMENTO TEOLÓGICO. De um modo geral o CONHECIMENTO TEOLÓGICO, apresenta respostas para questões que o homem não pode responder com o conhecimento VULGAR, CIENTÍFICO e FILOSÓFICO. Tal aceitação, racional ou não, resulta de início da FÉ que o aceitante deposita num ENTE que se encontra além dos seres comuns do mundo material. A aceitação é o ponto de partida para o estudo sistemático do fato e para o início da base experimental. NINGUÉM ESTUDA O QUE NÃO ACEITA. NINGUÉM APRENDE O QUE REJEITA. Ainda no livro A GÊNESE, Allan Kardec, no item 15 do cap. I, apresenta um exemplo que serve de orientação para a aplicação do MÉTODO EXPERIMENTAL às questões METAFÍSICAS: “Citemos um exemplo. Passa-se, no mundo dos Espíritos, um fato muito singular, e que, seguramente, ninguém teria suspeitado, que é, os dos Espíritos que não se crêem mortos. Pois bem! Os Espíritos superiores afirmam: há Espíritos que crêem ainda viverem a VIDA TERRESTRE; que conservaram seus gostos, seus hábitos e seus instintos.” Temos conhecimento objetivo dos Espíritos quando estes se manifestam OSTENSIVAMENTE através dos fenômenos espiritistas. A PNEUMATOGRAFIA, por exemplo, é um desses fenômenos. Em um médium escrevente, a mão é um instrumento, mas a sua alma, o Espírito nele encarnado, é o Intermediário, ou seja, o agente ou o intérprete do Espírito estranho que se comunica. Como interprete depende de sua habilidade, de sua cultura, de suas tradições, a fidelidade do que comunica por seu intermédio como produto do que vem do Espírito desencarnado. Na PNEUMATOGRAFIA, é o próprio Espírito estranho que escreve diretamente, sem intermediário, sem interferência do organismo. Trata-se de um fenômeno muito raro, mas que se tem produzido em todos os tempos registrados pela história da Humanidade. A Bíblia, inclusive, relata um desses acontecimentos tidos como insólitos: o famoso caso do aparecimento de três palavras escritas na parede durante o movimentado banquete do festim de BALTAZAR, fato presenciado por muitas dezenas de convivas. AS SENSAÇÕES DÃO-NOS A IMAGEM DO UNIVERSO REAL. Qualquer objeto material atua de alguma forma sobre os órgãos dos nossos sentidos, causando-nos uma sensação. Essa informação é transmitida para o cérebro que, por seu turno, forma a imagem exata, a cópia do objeto

material. Nossa percepção retorna a imagem exata do objeto. Utilizamos instrumentos ou equipamentos para ampliar os sinais, de tal modo que passam ser percebidos por quelquer dos nossos sentidos; são microscópicos, rádio-telescópios, amplificados de rádio freqüência, etc.. Apenas obtendo o conhecimento real do fenômeno, obtemos dele o CONHECIMENTO OBJETIVO. Ao vermos ou ao constatarmos com sucessivas experimentações onde colhemos dados estatísticos, tomamos conhecimento objetivo de sua existência real, portanto, temos dele um conhecimento objetivo. O conhecimento racional objetivo não dispensa o conhecimento sensível. Tomando a ciência como ponto de apoio, a FILOSOFIA produz conhecimento racional objetivo; quando não considera o dado científico, produz conhecimento abstrato ou subjetivo. Mas o conhecimento teológico É PRODUTO EXCLUSIVO DA FÉ, portanto, é exclusivamente CONHECIMENTO IDEAL, METAFÍSICO, ABSTRATO. QUE TIPO DE CONHECIMENTO É O ESPIRITISMO? FILOSÓFICO? CIENTÍFICO? TEOLÓGICO? Toda vez que há divergência entre o objeto real e a percepção que temos dele ocorre uma DEFORMAÇÃO DA REALIDADE, portanto, UMA DETURPAÇÃO DA VERDADE. Por outro lado, toda vez que há coincidência entre o objeto real e a percepção, com suas propriedades reais, ocorre a representação da própria realidade, portanto o conhecimento da VERDADE. É essa VERDADE que se denomina OBJETIVA, porque reflete com EXATIDÃO o que realmente existe. Muitas vezes manifestamos como verdade conceitos que são subjetivos, ou seja, não corresponde a realidade independente de nossa consciência. Nesse caso não obtemos conhecimento verdadeiro, porque o conteúdo desse conhecimento não corresponde à realidade, mas a um conceito subjetivo de que se julga ser a realidade, como o que apreciaremos neste estudo: quase totalidade dos adeptos espíritas julga ter realmente se originado de Capella os Espíritos que determinaram a ascendência da raça branca ou ariana, em nosso planeta. A NEGAÇÃO DA VERDADE OBJETIVA É INCOMPATÍVEL COM A CIÊNCIA. A apropriação do objeto pela mente, o conhecimento da verdade real, não subjetiva, é uma das razões de ser da CIÊNCIA e, consequentemente do Espiritismo como Ciência que é. Somente conhecendo a verdade real, o homem pode desvendar o Universo material e espiritual, compreendê-los em sua extensão, e agir sobre eles para utilizálos de acordo com suas necessidades evolutivas. Sem a possibilidade de

“posse” da verdade objetiva, ou seja, do conhecimento da realidade concreta, a Ciência seria inútil. Desde que tive contato pela primeira vez com obras que tratam da hipótese de Espíritos Exilados de Capella tenham reencarnado na Terra, venho estudando com rigor científico a questão. Diversas perguntas foram surgindo ao longo do tempo e as respostas uma a uma iam apontando numa direção bem diversa da que sustentavam seus autores. Mais importante do que os fatos científicos observados que contrariam a possibilidade do Sistema Alpha Aurigae possuir algum planeta que “guarda alguma semelhança” com a Terra, é a constatação do abismo existente entre o Espiritismo codificado por Allan Kardec e o “Espiritismo Brasileiro”. O Espírito Erasto é praticamente desconhecido por uma considerável parcela das pessoas que frequentam regularmente centros espíritas, enquanto que Emmanuel é conhecido por sua totalidade – fato apurado em recentes palestras que realizei em alguns grupos espíritas. Não há unidade doutrinária e o “Pacto Áureo” foi mais um pacto político do que um movimento efetivo de unificação. Por outro lado, se houve a necessidade de um pacto de unificação é porque o movimento espírita encontrava-se (e se encontra ainda) em total desalinho com o Espiritismo tal como foi Codificado na França. Kardec propôs uma organização para a formação dos grupos espíritas de tal sorte relacionados que deveria resultar em primeira linha a unidade da doutrina, como conseqüência natural. Kardec garantiu essa unidade que já estava feita em grande parte, com as bases fundamentais do Espiritismo, admitida pela imensa maioria dos adeptos nos anos de ouro da Codificação Espírita (Revista Espírita – 1862), mesmo havendo ainda questões duvidosas. O Espiritismo não foi codificado completo e não é uma doutrina fechada – afirmou Kardec -, por ser uma doutrina científica não se pode admitir outra coisa. “Se os sistemas, algumas vezes, são produtos de cérebros humanos, sabe-se que certos Espíritos não estão atrás nesse assunto; com efeito, vê-se que excitam com um maravilhoso jeito, encadeiam com muita arte, idéias frequentemente absurdas, e delas poderia falsear a opinião de pessoas que não se dão ao trabalho de aprofundar, ou que são incapazes de fazê-lo pela insuficiência dos seus conhecimentos. Sem dúvida, as idéias falsas acabam por cair diante da experiência e da inflexível lógica; mas, à espera disso, podem lançar a incerteza. Sabe-se também que, segundo sua elevação, os Espíritos podem ter, sobre certos pontos, uma maneira de ver mais ou menos justa; que as assinaturas que as comunicações levam nem sempre são uma garantia de autoridade, e que os Espíritos orgulhosos procuram às vezes, fazer passar utopias ao abrigo dos nomes respeitáveis com os quais

se enfeitam. Sem contradita, é uma das principais dificuldades da ciência prática, e contra a qual muitos se chocaram.” (Revista Espírita 1862). Quando afirmamos não haver unidade doutrinária não descartamos que ela tenha ocorrido em torno de outro referencial não kardeciano. Quando se detecta que o Espírito Emmanuel é reconhecido publicamente em detrimento da importância maior de Erasto, que foi discípulo de Paulo de Tarso, percebemos outro referencial: o chiquista, isto sem depreciar a extraordinária obra do grande médium Francisco Cândido Xavier – situando-o em seu justo lugar, seus serviços prestados à humanidade através do Espiritismo, ganham uma dimensão muito maior da que se lhe atribui como objeto de pura e simples adoração, coisa que, com certeza, ele reprovaria. - Como se não bastasse, outros referenciais menores vão sendo postos em uso aumentando ainda mais o abismo doutrinário, inviabilizando o uso da palavra Espiritismo para denotar o movimento que se atribui originário em Kardec. Ensina-se Kardec? Pratica-se Kardec? Por certo que não, pois do contrário haveria UNIDADE DOUTRINÁRIA e os “pactos áureos” não teriam o menor sentido. “O melhor critério, em caso de divergência, é a conformidade do ensino pelos diferentes Espíritos, e transmitidos por médiuns completamente estranhos uns aos outros. Quando o mesmo princípio for proclamado ou condenado pela maioria, será necessário render-se à evidência.” (Revista Espírita – 1862) Uma leitura apressada, subjetiva, do que aqui se encontra registrado por Kardec, tem levado muitos a considerar, erradamente, que basta a “aceitação da maioria” para que uma informação seja tida como verdadeira, pensando assim estar apoiado em Kardec. A proclamação a que se refere o Codificador não tem validade sem que se observe o rigor da universalidade. Outro dia, um conceituado médium após ter sido acusado de ter plagiado um outro médium, ao ser entrevistado pela televisão, alegou que as coincidências entre suas psicografias eram decorrentes da universalidade do ensino. Não houve universalidade porque os médiuns não eram completamente estranhos um ao outro e as obras de um eram conhecidas pelo o outro. Também se costuma indicar como referências obras posteriores a outra que defende opiniões contestadas. “Se é um meio de se chegar à verdade, seguramente, é pela concordância tanto quanto pela racionalidade das comunicações, ajudadas pelos meios que temos para constatar a superioridade ou a inferioridade dos Espíritos; cessando a opinião de ser individual, por tornar-se coletiva, adquire um grau de mais autenticidade, uma vez que não pode ser considerada como o resultado de uma influência pessoal ou local. Aqueles que ainda estão incertos, terão uma base para fixar suas idéias,

porque seria irracional pensar que, aquele que está só, ou quase, em sua opinião, tem razão contra todos.” (Revista Espírita 1862) “OS EXILADOS NÃO SÃO DE CAPELLA” não somente derruba um mito, mas demonstra de modo claro e inequívoco que, o que se denomina Espiritismo no Brasil não passa de um arremedo mal feito da Doutrina, que é de fato a Terceira Revelação. Aceitamos contestações validadas nos referenciais kardeciano e científicos, como resultado do raciocínio, destituídas do temperamento, do caráter, da educação, das crenças, pessoais. Não basta ter uma opinião que parece ser a mais correta, ou porque é dominante no meio social ou porque satisfaz os mais íntimos anseios, para formar um juízo aceitável sobre qualquer questão de mérito científico-espírita. Opinião firmada não tem valor. Aliás, que valor científico tem a opinião? Nenhum valor é a resposta filosoficamente correta, pois que, a opinião fundamenta-se na dúvida e pode ser falsa ou verdadeira, não há como definir seu valor lógico sem um estudo aprofundado do mérito. Segundo Kardec, encontram-se Espíritos que procuram fazer prevalecer suas idéias pessoais. Portanto, ainda de acordo com o Codificador, “É, pois, útil submeter as idéias divergentes ao controle que propusemos, se a doutrina, ou algumas das doutrinas, que professamos, forem reconhecidas errôneas por uma voz unânime, submeter-nos-emos sem murmurar, felicitando-nos haja sido encontrada por outros; mas se, ao contrário, elas são confirmadas, permitir-nos-á crer que estamos com a verdade.” Se antes não havia nenhuma divergência quanto à possibilidade de terem os exilados vindo de Capella, de acordo com a opinião de Emmanuel, é porque a Ciência não dispunha de tecnologia observacional para coletar e processar informações da realidade do sistema estelar conhecido como α Aurigae – até 1995 pensava-se como um sistema duplo, e não como um sistema de estrelas múltiplas como se tem revelado. Segundo Antonio Genovesi, nascido em Salerno, Itália (1713 – 1769) e sacerdote católico ordenado em 1737, “A razão humana é a mesma faculdade de perceber, entender, cogitar e raciocinar. No uso, porém, está mais admitido que a razão se chame uma faculdade de raciocinar. Duas coisas são necessárias para raciocinar: os princípios, donde raciocinamos, e a arte, com que daqueles princípios concluímos os conseqüentes. Os princípios chamam-se juízos, ou claros, ou de qualquer modo certos, em que se funda toda nossa raciocinação. A arte, porém de raciocinar é uma reta e pronta faculdade de tirar dos princípios postos aqueles consequentes, que neles estão ocultos.” As questões metodológicas expostas aqui são questionáveis no sentido de que possam ser em parte modificadas ou ampliadas, com a exposição de pesquisas ou trabalhos mais recentes, devidamente verificados; o mesmo se aplica às informações obtidas dos

centros de pesquisas de todo o mundo, visto que a ciência se amplia continuamente. O uso da moderna tecnologia observacional e de processamento por meios eletrônicos de dados científicos, reduz consideravelmente a possibilidade de equívocos, mesmo assim alguma probabilidade existe, em função do poder maior dos equipamentos eletrônicos colocados a serviço dos pesquisadores. Mas, em Ciência, existem dois domínios: o AXIOMÁTICO – já evidenciado pelas descobertas e conclusões que se tornam evidentes por si mesmas-, e o HIPOTÉTICO com suas formulações ideativas, suposições aparentemente centradas em fatos, especulações, concepções, sem que as provas sejam conclusivas o suficiente para a garantia da verdade. Nosso ofício lógico, parafraseando Genovesi, é formar o entendimento para retamente filosofar. É construir um conhecimento Espírita metodizado, sistemático, organizado de forma a atender estritamente os critérios do Espírito Erasto, sem calar ninguém e sem se deixar calar, pois a final, nossa fé é inabalável, ao contrário de nossos opositores, pode encarar a razão face a face, em todas as épocas da Humanidade (Ver o Evangelho segundo o Espíritismo no frontispício). Este artigo é um convite ao debate, à boa polêmica, pois não consideramos as idéias subjetivas senão como ponto de partida de nossas pesquisas, e agimos com a dignidade necessária, e profundo senso de responsabilidade, a ponto de abrirmos espaços para colher o resultado da pesquisa individual de nossos leitores – seguindo os passos do professor Rivail (Kardec) quando concebeu a Revista Espírita para este fim.

A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO ESPÍRITA Vivemos num mundo muito diferente daquele em que viveu Allan Kardec. É preciso entender o espírito desta mudança com vistas à adaptação a uma nova ordem, a uma nova etapa na ascensão no saber e na construção do conhecimento Espírita. A falta de conhecimento filosófico, científico e moral, comprometem gravemente a aquisição de recursos para enfrentar os problemas que nos apresenta a vida cultural espírita nos tempos modernos. O conhecimento científico é uma conquista recente da humanidade: tem apenas 300 anos e surgiu no século XVII com a revolução galileana. Isso não quer dizer que antes daquela data não houvesse saber rigoroso, pois, desde o século VI a.C., na Grécia Antiga, os homens aspiravam a um

conhecimento que se distinguisse do mito e do saber comum. Tais sábios ocupavam-se com a filosofia e a ciência.

No século V a.C., Sócrates buscava a definição dos conceitos, por meio da qual pretendia atingir a essência das coisas.

Platão mostrava o caminho que a educação do sábio devia percorrer para ir da opinião à ciência A ciência e a filosofia somente se separam na Idade Moderna, buscando cada uma delas seu próprio caminho, ou seja, seu método. A ciência moderna nasce ao determinar um objeto específico de investigação e ao criar um método pelo qual se fará o controle desse conhecimento. ESPIRITISMO: UM CONHECIMENTO ABERTO O ser humano já percorreu um bom caminho para se tornar um ser racional. Não age como os animais inferiores. Estes apenas se esforçam pela vida, O homem, além disso, esforça-se por entender a natureza e, embora sua inteligência seja dotada ainda de limitações, tenta sempre dominar a realidade, agir sobre ela para torná-la mais adequada às suas necessidades. E à medida que domina e transforma, também amplia e desenvolve suas próprias necessidades. Esse processo de acúmulo de conhecimentos sobre a natureza e de ações racionais capazes de transformá-las compõe o universo de idéias que hoje denominamos “Ciência”. Para compreender a Ciência: a concepção científica da humanidade tem evoluído com o passar dos tempos. Merece ser considerada a proposta de Karl R. Popper. Ele vê a Ciência como uma interpretação parcial e temporária de uma realidade existente; uma interpretação atualizável porém nunca exata.

Ciência é, pois, o conhecimento racional, sistemático, exato e verificável da realidade. Por meio da investigação científica o homem reconstitui artificialmente o universo real em sua própria mente. Mas essa reconstituição ainda não é definitiva. A descoberta e a compreensão de fatos quase sempre levam à necessidade de descobrir e compreender novos fatos. E como o resultado das investigações depende dos conhecimentos já adquiridos e de instrumentos capazes de aprofundar a observação, a Ciência está sempre limitada às condições de sua época. É de se esperar algo diferente para a Ciência Espírita? Creio que o caminho é o mesmo, a Ciência é um conhecimento aberto e o Espiritismo a partir do momento que se afirma como científico é também um conhecimento aberto, em constante movimento. O Espiritismo e a Ciência se completam reciprocamente; a Ciência, sem o Espiritismo, se acha na impossibilidade de explicar certos fenômenos só pelas leis da matéria; ao Espiritismo, sem a Ciência, faltaria o apoio e a comprovação. Allan Kardec – A Gênese : p.21 – 24ª edição “Pela sua substância, (O Espiritismo) alia-se à Ciência que, sendo a exposição das leis da Natureza, com relação a certa ordem de fatos, não pode ser contrária às leis de Deus, autor daquelas leis. (...)” Vemos então que a reserva colocada por Kardec ao estudo dos fatos “espíritas” por parte da Ciência trata-se de uma coerência com os objetos e métodos desta própria ciência, que se auto restringiu à pesquisa dos objetos materiais e das leis que os regem, os quais são passíveis de explicação por algarismos e forças mecânicas. Os fatos que se apresentavam não se enquadravam nesta ordem de fenômenos, daí a afirmação de Kardec de que o Espiritismo não era da alçada da ciência, de então, enquanto enfoque metodológico. ANDRÉ HENRIQUE – 29 de novembro de 2000

Espiritismo e Ciência Entretanto, a restrição não se faz de maneira absoluta. Kardec pôde perceber que o Espiritismo estudava uma potência da Natureza, o Espírito, e que, portanto, não poderia seguir um caminho isolado. Sabia que o elemento espiritual não atuava sozinho e reconhecia que alguns tópicos estudados pelo Espiritismo, necessariamente seriam abordados pelas demais ciências. Daí as suas criteriosas observações a respeito dos pontos de contatos entre o Espiritismo e as outras ciências: “Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrasse estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará.” ALLAN KARDEC – A Gênese. 24ª edição – FEB – páginas: 44 e 45 Essas percepções acerca do Espiritismo deixam bem caracterizadas a posição de Kardec com relação à estrutura do conhecimento espírita que NÃO É DE MODO ALGUM FECHADO EM SI MESMO. Ele entendia o Espiritismo como uma representação de nossas atuais percepções acerca de uma determinada ordem de fatos – os espirituais; e propunha que esta representação NÃO FOSSE ESTÁTICA, MAS CONTINUAMENTE ATUALIZÁVEL como o resto do conhecimento científico. Cabe ressaltar que a representação dos fenômenos espirituais colocada pelo Espiritismo possui como fundamento a observação de fatos e a experimentação segundo as técnicas permitidas pela tecnologia vigente. Desse modo, foi na observação dos fatos que o Espiritismo fundamentou sua METODOLOGIA DE CONHECIMENTO. “As ciências só fizeram progressos importantes depois que seus estudos se basearam sobre o método experimental, até então acreditou-se que esse método também só era aplicável à matéria, ao passo que o é também às coisas metafísicas.” – ALLAN KARDEC: A Gênese – 24ª edição: página – 20

E com relação ao Espiritismo, Kardec destaca: “Como meio de elaboração, o Espiritismo procede exatamente da mesma forma que as ciências positivas, aplicando o método experimental. Fatos novos se apresentam que não puderam ser explicados pelas leis conhecidas; ele ( o Espiritismo) os observa, compara, analisa e, remontando dos efeitos às causas, chega às leis que os rege, depois deduz-lhe as conseqüências e busca as aplicações úteis.” ALLAN KARDEC – A Gênese – 24 ª edição – FEB – p.20 A explicação dos fatos que o Espiritismo admite suas conseqüências morais, forma toda uma ciência e toda uma filosofia, que reclama estudo sério, perseverante e aprofundado. O crítico visto, e

Espiritismo não pode considerar sério, senão aquele que tudo tenha estudado e aprofundado com paciência a perseverança de um observador consciencioso; que do assunto saiba tanto quanto qualquer adepto instruído; que haja, por conseguinte, haurido seus conhecimentos algures, que não nos romances da ciência; aquele a quem não se possa opor fato algum que lhe seja desconhecido, nenhum argumento de que não já não haja cogitado e cuja refutação faça, não por meio de mera negação, mas por meio de outros argumentos mais peremptórios; aquele, que possa indicar, para os fatos averiguados, causa mais lógica do que a que lhes aponta o Espiritismo. Tal crítico ainda está por aparecer (Allan Kardec – O Livro dos Médiuns. FEB. 55ª edição. 1987. páginas 30 e 31). De fato, tal crítico vai se construindo ao longo do tempo com o desenvolvimento da ciência, da tecnologia e dos métodos investigativos. No século XIX a ciência engatinhava ainda tropegamente com o seu método de pesquisa e de construção de conhecimento. No limiar do século XXI, muitos dos problemas considerados solucionados satisfatoriamente nos anos 1860, tiveram de ser reestudados e novamente resolvidos. Outros problemas, com o desenvolvimento científico, vão se apresentando e cada um sempre mais desafiador do que o outro, levando o homem a novas construções de conhecimento.

É de todo compreensível o posicionamento de Kardec. Primeiramente ele pretendeu aplicar aos fenômenos sob análise dos crivos da ciência corrente, com seus métodos, pressupostos, e conceitos. É notável sua preocupação com a eletricidade, quando ele tenta encontrar uma possível conexão dos fenômenos espiritistas com os fenômenos científicos, mostra seu rigor metodológico de buscar primeiramente nos elementos conhecidos, ou paradgmáticos, as causas desses mesmos fenômenos. Não encontrando porém, lança mão de novas alternativas ao lançar o problema sobre os ombros da Ciência. A Ciência não é isenta de juízos de valor e o assunto não recebeu a abordagem merecida. Os sábios da época, representantes da Ciência, tratavam fenomenologia espiritista com visível desdém, como se ela não existisse. A Ciência de então procurava abordar o problema segundo o ponto de vista mecânico e a influência do Positivismo foi marcante, tanto no sentido da abordagem kardequiana como na negação dos sábios de então. É Kardec quem destaca: “Até aí, como se vê, tudo pode caber no domínio dos fatos puramente físicos e fisiológicos. Sem sair desse âmbito de idéias, já havia ali, no entanto, matéria para estudos sérios e dignos de prender a atenção dos sábios. Porque assim não aconteceu? Nos anos 1968, Gaston Bachelerd apresenta uma idéia completamente diferente da qual se fazia aplicar predominantemente: “O verdadeiro pensamento científico é metafisicamente indutivo”. Referindose às geometrias “não-euclidianas”, que não veio para contradizer a geometria em seus aspectos tradicionais é, antes de tudo, uma espécie de fator adjunto que permite à totalização, o acabamento do pensamento geométrico, a absorção numa pangeometria não-euclidiana. O que de fato nos interessa não é a discussão filosófica que envolve a geometria com seus dimensionamentos, mas os resultados que nos levam a ampliação dos limites da antiga forma de pensar Ciência, que segundo Bachelard, o raciocínio “Será o mesmo para todas as formas novas do pensamento

científico, que vêm depois projetar uma luz recente sobre as obscuridades dos conhecimentos incompletos (...)”. “O Novo Espírito Científico – G. Bachelard / Briblioteca Tempo Universitário I2”. Temos a cerca da Ciência Espiritista um conhecimento apenas embrionário, que não avançará se permanecer escudada por crenças que se opõem ao moderno modo de se fazer ciência e, notadamente, ao avançado pensamento de Kardec que permanece ainda obscuro para a grande maioria espirita. Estamos na encruzilhada dos caminhos que se deve colocar o epistemológico, entre o realismo e o racionalismo. Justamente neste ponto, podemos colher o novo dinamismo destas filosofias contrárias: o duplo movimento pelo qual a Ciência espiritista simplifica o real e complica o racional. E quem não faz da ciência o objeto de sua especialização, conforme se tem visto em grande número de livros atribuídos à psicografia, ao simplificar o real introduz idéias fantasiosas misturando realidade e ficção. Da meditação da ação científica, verifica-se que o realismo e o racionalismo trocam sem fim seus conselhos. Nem um nem outro isoladamente basta para constituir prova científica de coisa alguma; nos domínios das ciências físicas não há lugar para uma intuição do fenômeno que designaria de uma só vez os fundamentos do real; nem tampouco para uma convicção racional – absoluta e definitiva – que imporia categorias fundamentais a nossos métodos de pesquisas experimentais. Allan Kardec não desconhecia essa advertência, em todos os textos que produziu sobre suas conclusões da fenomenologia espírita, considerou a prudência em primeira linha, agindo sempre com correto espírito científico. Não há de se admitir comunicações que banalizam a psicografia, e que demonstrem alguma contradição com os critérios kardecianos. É muito fácil para os leigos em Ciência a defesa de ‘opiniões” a respeito da existência de algum mundo habitado, denominando-o e localizando-o: não têm nenhum compromisso com a verdade, pois ignoram o que significa “vida” e muito menos ainda “vida orgânica”. Não conhecendo os instrumentos científicos e sua metodologia, consideram como “verdades espíritas” absurdos como: “outra química”, “reencarnações em corpos etéreos”, “civilizações em esferas estelares”, “corpos fluídicos tangíveis”, além da apropriação de fatos ligados à física quântica em correlações duvidosas com alguns fenômenos espiritistas. “A objetividade não pode se destacar dos caracteres sociais da prova. Não se pode chegar à objetividade senão expondo de uma maneira discursiva e detalhada um método de objetização.” (O Novo Espírito Científico – G. Bachelard). Não podemos levar em conta, em se tratando de Ciência, e mais ainda de Ciência Espírita, nenhuma hipótese sem estabelecer o caráter polêmico do conhecimento – a polêmica é parte

integrante da Ciência – sem filtrar, depurar, vazando no molde dos instrumentos, produzindo no plano dos instrumentos. Entendemos como instrumentos as teorias materializadas, de onde saem fenômenos que trazem por todos os lados a marca teórica, sem o estigma da banalização imposta por conceitos de fé. “O Espiritismo é ao mesmo tempo uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática ele consiste nas relações que se podem estabelecer com os Espíritos; como filosofia ele compreende todas as circunstâncias morais que decorrem dessas relações.” Portanto, não pode ter uma prática contraditória com o ESPÍRITO CIENTÍFICO, pois senão estará negando a si própria. “Podemos definí-lo assim: ´O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, da origem e da destinação dos Espíritos, e das suas relações com o mundo corporal” (Allan Kardec –O que é o Espiritismo. I.D.E. 15ª edição. P.10 – 1983). Vemos que Kardec procurou caracterizar o Espiritismo como uma ciência e enfaticamente qualificou-o de ciência de observação. Segundo ele, este caráter científico do Espiritismo é decorrente do método empregado para a construção do conhecimento. A construção do conhecimento espírita depende de uma correta leitura do mundo “O Espiritismo é ao mesmo tempo uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática ele consiste nas relações que se podem estabelecer com os Espíritos; como filosofia ele compreende todas as circunstâncias morais que decorrem dessas relações.” “Podemos definí-lo assim: ´O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, da origem e da destinação dos Espíritos, e das suas relações com o mundo corporal” (Allan Kardec –O que é o Espiritismo. I.D.E. 15ª edição. P.10 – 1983)

Para conhecer a parte de responsabilidade que incumbe ao Espiritismo numa dada circunstância, há um meio muito simples, que é o de inquirir de boa fé, não entre os adversários, mas na própria fonte, o que ele aprova e o que ele condena. A coisa é tanto mais fácil que nada tem de secreto; seus ensinos são públicos, e cada um pode controlá-los. O Espiritismo não é mais solidário com aqueles que se comprazem em dizerem-se espíritas, do que a medicina não o é com os charlatães que a exploram, nem a sã religião com os abusos, ou mesmo crimes, cometidos em seu nome. Não reconhece por seus adeptos senão aqueles que colocam em prática os seus ensinos, quer dizer, que trabalham para o seu próprio adiantamento moral, esforçando-se por vencer as suas más inclinações, serem menos egoístas e menos orgulhosos, mais dóceis, mais humildes, mais pacientes, mais benevolentes, mais caridosos para com o próximo, mais moderados em todas as coisas, porque são os sinais característicos do verdadeiro espírita. O Espiritismo caminha de acordo com a ciência no terreno da matéria: admite todas as verdades que ela constata; mas onde se detêm as investigações desta, prossegue as suas no terreno da espiritualidade.

CONHECIMENTO FILOSÓFICO O conhecimento filosófico tem por origem a capacidade de reflexão do homem e por instrumento exclusivo o raciocínio. A Ciência exige o concurso da Filosofia, pois não é suficiente para explicar o sentido geral do universo. APRENDENDO A LER O MUNDO Um sem número de vezes somos obrigados a interpretar, ou seja, a dar significado a uma série de acontecimentos de nossa vida. Pelo cheiro podemos obter significados tais como: algo queimando; através da audição, o telefone tocando ou podemos associar a campanhia da porta… assim obtemos alguns significados. A essa atividade de atribuir significados podemos dar o nome de leitura. A leitura nesse sentido passa a ser uma atividade bastante ampla: é efetuada toda vez que lemos um significado em algum acontecimento, alguma atitude, algum texto escrito, no

comportamento de alguém, um quadro, um mapa, e até nas gracinhas de um animal doméstico. A tudo isso podemos chamar de leitura do mundo. E para que possamos fazer uma leitura adequada do mundo à nossa volta, é preciso saber observá-lo, recolhendo informações dos mais variados tipos. O Mundo consta de séries muito bem ordenadas de causas e efeitos. É ofício de o Filósofo indagar estas coisas. Antonio Genovesi (*) Ser Espírita significa também ser racional, porque, conhecendo as relações das coisas, avalia e raciocina. Ainda de acordo com Genovesi, a verdade se defende com a verdade e argumentos, não com violência e palavras injuriosas, não com proibições obstando ao filósofo acesso à defesa de suas idéias. Calar um filósofo ou impedí-lo de falar é ato de extrema violência para com a cultura e frente a uma doutrina codificada com caracteres de Ciência, aberta às construções do conhecimento. Deixando-o falar, ao contrário, abre-se um leque de oportunidades para que as idéias sejam discutidas amplamente, dando espaço à construção efetiva da verdade. A todos compete indagar a verdade e encontrar caminhos para o entendimento com que podemos distintamente perceber os objetos, julgar, raciocinar, abstrair, refletir, imaginar, recordar-nos, etc. Segundo Allan Kardec “Toda idéia nova vem, necessariamente, suplantar uma idéia velha. Se ela é falsa, ridícula e impraticável, ninguém lhe dá importância, pois, instintivamente, compreende-se que não tem vitalidade. Deixam-na morrer de morte natural. Se é justa e fecunda, ela atemoriza aqueles que , a qualquer título, por orgulho ou interesse material, estiverem interessados em manter a idéia antiga. Estes a combaterão, e, com tanto ardor quanto melhor perceberem o perigo, que representa aos seus interesses.” Qualquer neófito da Doutrina Espírita tem contato com a “lenda” dos exilados de Capella. Crescem com ela, tem contato com um sem número de livros que repetem a mesma história sem ao menos pensar em sua lógica, sem verificar o que a Ciência tem a dizer a respeito. Quando aparece alguém com uma idéia nova que contesta a antiga, causa comoção e levanta contra ele a indignação de todos os crentes, que não se importam em negar

os mais inteligentes critérios para verificação da verdade. Têm receio de colocar suas idéias em confronto, esquecendo-se de que “Não há fé inabalável senão aquela que pode encarar a razão face a face, em todas as épocas da Humanidade.” A realidade o tem demonstrado: centros espíritas evitam tocar no assunto, proibem e calam os que ousam contestar Emmanuel; o tema foi proibido até mesmo em uma emissora de rádio sob a alegação de que “a maioria aceita que os exilados vieram de Capella”. Calar um filósofo é a maior violência que se pode cometer contra ele e suas idéias. “Pode-se, de modo geral, julgar a importância de uma idéia pela oposição que ela suscita.” (Allan Kardec). De fato, temos recebido forte oposição de todos os lados, mas grande parte delas decorrente da ignorância demonstrada pelas pessoas tanto no que afeta a Ciência material como também a metodologia kardeciana. Faltam noções de epistemologia. Em ciência trabalha-se com fatos. Observado um FATO, elabora-se uma hipótese. A experimentação é importante para testar a hipótese. Os fatos previstos devem ser confirmados pela observação e experimentação que deve ter como objetivo a solução do problema que está sendo estudado. No Movimento Espírita atual improvisa-se quase sempre e para formular uma hipótese basta a palavra de um Espírito, seja qual for o médium; nada é verificado: a autenticidade da assinatura, a universalidade, a validade da informação. A maioria vive ainda imersa na fantasia, ou seja, a formatação que damos às coisas que não temos como provar diretamente ou por ignorância ou por falta de vontade; são imagens que livremente aumentamos ou ajuntamos outras imagens produto da imaginação de um Espírito ainda imperfeito. Capella assim está configurada, desde os tempos antigos quando a estrela já exercia certo fascínio. Capella já foi chamada de “cabra-estrelachuvosa”, pois a palavra “cabra” era associada a “vento de tempestade”, pois nos meses em que se apresentava mais visivel e esplendorosa no firmamento, coincidia o período de chuvas e ventos fortes, inundações e tormentas. Entre os árabes teve vários nomes: Ayyuk, Alathod, Alkatod, Alatudo, Atud, e Al’Ans. É simbolizada por uma figura que apresenta o cocheiro trazendo sobre seu ombro esquerdo uma cabra. Durante algum tempo foi também conhecida como Amalthea, que consultou a cabra que amamentou o bebe Zeus (Jove/Jupiter). Amalthea era a mãe do Haed (as duas estrelas descritas como cabras do pequeno Zeta (Hoedus 1) e Eta Aurigae (Hoedus 11) que foi posta de lado para acomodar seu filho, e com sua irmã Melissa, alimentou o deus-infanto com leite da cabra e mel . No Egito, Capella teve

lugar no Zodíaco de Denderah, onde aparece representada pelo gato mumificado na mão estendida de uma igura masculina coroada com penas. É uma estrela importante e alvo de adoração do templo egípcio do grande Ptah. Entre os gregos também se apresenta como objeto de adoração, onde pode ter sido o ponto de orientação de um templo em Eleusis consagrada à deusa Diana. Na India, Capella era tida como sagrada – conhecida como Brahma Ridaya ou seja “Coração de Brahma. Na Babilônia na língua Akkadian (uma das notáveis linguas da história do mundo antigo) aparece grafada como I-ku dik-gan, que significa “mensageiro da luz”, e também como Babill dil-gan ou seja “Estrela padroeira da Babilônia”. Uma inscrição cuneiforme Akkadian, utilizada , segundo se supõe para consultas espirituais dirigidas à Capella, foi traduzida por Jensen Askar, como “deus da tempestade” e a “a tabuleta dos trinta ursos das estrelas” ou o seu sinônimo Miliampère-um-tu. Segundo José de Costa, jesuita espanhol que viveu no século XVI, os antigos peruanos identificavam essa estrela como Colca ou seja pastor. Como vimos, Capella, era utilizada por muitos povos como centro de adoração ou como oráculo e adivinhatórios, conservando assim forte mistiscismo em seu entorno. E não é de estranhar que essa tradição tenha chegado aos brasileiros, visto que sua adoração vem de tempos remotos. Algumas pessoas, certamente, vão querer ver nisso uma “prova” de que os exilados vieram de Capella, sem atinar que não passa de fascínio natural que o Espírito humano sempre nutriu pelos astros, principalmente por aqueles que mais enfeitam os céus. Os costumes antigos são transmitidos pelos espíritos mais ingênuos em ciência e/ou em moralidade, de encarnação a encarnação, e somente se libertam deles quando passam a compreender os astros como esferas que completam o cenário do Universo material, destinados a atender os propósitos da vida em sua extensão cósmica. Adorá-los, seja qual for a forma, é sinal de sentimentos primitivos dominantes. Afinal, mais difícil do que convencer alguém a aceitar novos conceitos é convencer alguém a “se livrar” dos velhos. OS ESPÍRITOS NÃO REVELAM FATOS CIENTÍFICOS QUE COMPETEM AO HOMEM, PELO SEU ESFORÇO, DESVENDAR: Os Espíritos não podem guiar descobertas nem investigações científicas. A Ciência é obra do gênio e só deve ser adquirida pelo trabalho, pois é por este que o homem progride. Que mérito teríamos nós se, para tudo saber, apenas bastasse interrogar os Espíritos? Por esse preço, todo imbecil poderia tornar-se sábio. (CI – cap. X)

Os Espíritos não se manifestam para libertar do estudo e das pesquisas o homem, nem para lhe transmitirem, inteiramente pronta, nenhuma ciência. Com relação ao que o homem pode achar por si mesmo, eles o deixam entregue às suas próprias forças. Isso sabem-no hoje perfeitamente os espíritas. De há muito, a experiência há demonstrado ser errôneo atribuir-se aos Espíritos todo o saber e toda a sabedoria e supor-se que baste a quem quer que seja dirigir-se ao primeiro Espírito que se apresente para conhecer todas as coisas. Saídos da Humanidade, eles constituem uma de suas faces. Assim como na Terra, no plano invisível também os há superiores e vulgares; muitos, pois, que, científica e filosoficamente, sabem menos do que certos homens; eles dizem o que sabem, nem mais, nem menos. Do mesmo modo que os homens, os Espíritos mais adiantados podem instruir-nos sobre maior porção de coisas, dar-nos opiniões mais judiciosas, do que os atrasados. (GE – cap. I: 60) Não obstante os apontamentos kardecianos, a todo momento vemos publicadas obras atribuídas aos Espíritos, num visível processo de banalização da psicografia e/ou da inspiração, portadoras de informações pseudo-científicas, como se tivessem, autoridade e permissão para antecipar descobertas aos homens. No tempo de Kardec, muitas mensagens contendo relatos de vidas em outros planetas, como Jupiter e Saturno, eram bem comuns, mas a prática era submetê-las à apreciação de estudiosos e especialistas em ciências, à comunidade espirita, a outros Espíritos e aos demais homens, na Europa e na América, através da publicação da Revue Spirite. Hoje, os meios eletrônicos de comunicação, possibilitam um “campo de ensaio” incomensuravelmente maior do que o que Kardec utilizava: “Aliás, os leitores assíduos da Revue hão tido ensejo de notar, sem dúvida, em forma de esboços, a maioria das idéias desenvolvidas aqui nesta obra, conforme o fizemos, com relação às anteriores. A Revue, muita vez, representa para nós um terreno de ensaio, destinado a sondar a opinião dos homens e dos Espíritos sobre alguns princípios, antes de admiti-los como partes constitutivas da doutrina.” (Introdução da 1ª edição publicada em 1868) Esse é o motivo pelo qual não se admite a Revista Espírita como sendo uma obra da Codificação Kardeciana, nem como sendo sua complementação.. “ ... lembrai-vos de que, se á absurdo repelir sistematicamente todos os fenômenos de Além Tumulo, também, não é prudente aceitá-los de olhos fechados (...) nunca será demasiado repetir: não aceiteis nada cegamente.

Que cada fato seja submetido a um exame rigoroso, minucioso, aprofundado e severo” (O Livro dos Médiuns). Então, porque aceitar a opinião de um único Espírito, através de um único médium a respeito de assuntos que não são assim tão óbvios e que estão a exigir o esforço da comprovação científica? Mesmo que diversos Espíritos, através de diversos médiuns, se manifestassem a respeito, ainda assim competiria à Ciência o labor da comprovação. O livro “A Caminho da Luz, História da Civilização à Luz do Espiritismo” apresenta algumas contradições científicas importantes que convém mencionarmos. O verbete que se lê logo no frontispício da obra de F. C. Xavier, que se atribui ao Espírito Emmanuel, apresenta uma contradição com o que vemos mais adiante, no Antilóquio: “Não deverá ser este um trabalho histórico. A história do mundo está compilada e feita. Nossa contribuição será à tese religiosa, elucidando a influência sagrada da fé e o ascendente espiritual, no curso de todas as civilizações terrestres.” Afinal, trata-se ou não da História da Civilização? Se não houve um exame criterioso da obra, em todos os seus aspectos, pode então se afirmar como sendo “à Luz do Espiritismo”? Foram utilizados, na produção do texto da obra, os mesmos critérios que se fazem observar nas obras mestras ou seja, na Codificação Espírita? Certamente que não! Nenhuma obra construída sem observar um alinhamento metodologico e pedagógico, além da coerência científica, filosófica e moral, demonstradas com as obras de Kardec podem ser tidas como “à luz do Espiritismo”. Pode até conter alguns bons “grãos de trigo puro”, mas o processo de “catação” para separar o joio e descartá-lo é uma necessidade para todos que desejarem a melhor qualidade em termos de conhecimento espírita. Veremos a seguir um erro científico que não escapa, por certo, ao apontamento de um químico ou de um astroquímico, como preferirem, mais atento. “A primeira, verificou-se quando o orbe terrestre se desprendia da nebulosa solar, a fim de que se lançassem, no Tempo e no Espaço, as balizas do nosso sistema cosmogônico e os pródromos da vida na matéria em ignição, do planeta (...)” “Laboratório de matérias ignescentes, o conflito das forças telúricas e das energias físico-químicas opera as grandiosas construções do teatro da

vida, no imenso cadinho onde a temperatura se eleva, por vezes, a 2.000 graus de calor, como se a matéria colocada num forno, incandescente (...)” Quando trata da solidificação da matéria, Emmanuel comete um erro científico grave que revela seu desconhecimento da Química Elementar: “Na grande oficina surge, então, a diferenciação da matéria ponderável, dando origem ao hidrogênio”. Anteriormente ele admitiu ter a Terra se desprendido da nebulosa solar e depois que ela se formara de matérias ignescentes. Como entender uma nebulosa sem hidrogênio? E a matéria ignescente que solidificou? Por acaso não se encontra hidrogênio na matéria que aflora à superfície do planeta originárias das camadas igneas ainda existentes no interior da Terra?

A energia que permite a existência de vida na terra vem do sol e é produzida, principalmente, pela seguinte reação nuclear:

onde 1n é um nêutron. No sol, quantidades apreciáveis de ambos isótopos do hidrogênio são continuamente formadas por outras reações nucleares que envolvem o . O deutério e o trítio ocorrem também na Terra, mas em quantidades mínimas O átomo de hidrogênio é o elemento que apresenta maior abundância em todo o Universo, mas sua quantidade na Terra é muito pequena atualmente, mas não foi sempre assim. Esta discrepância é explicada pelo fato de que uma grande quantidade de gases escapou da gravitação da Terra, varridos pelos ventos solares. O hidrogênio por ser o gás de menor peso molecular, foi o mais perdido pela atmosfera da Terra na evolução geológica, num período em que a quantidade de hidrogênio superava

muitas vezes a de oxigênio. Gases de carbono nitrogênios, apareciam como hidretos e não como óxidos: CH4 (metano) e NH3 (amônia) eram encontrados no lugar de CO2 e NO2. Quando a Terra se solidificou havia uma quantidade de hidrogênio maior da que temos agora. Erra Emmanuel tanto quanto a frequência do hidrogênio na Terra em eras primitivas como também quanto a sua origem, atribuída à difereciação da matéria poderável, como se ela já não existisse antes.

“Nos mapas zodiacais, que os astrônomos terrestres compulsam em seus estudos, observa-se desenhada uma grande estrela na Constelação do Cocheiro, que recebeu, na Terra, o nome de Cabra ou Capela. Magnífico sol entre os astros que nos são mais vizinhos, ela, na sua trajetória pelo Infinito, faz-se acompanhar, igualmente, da sua família de mundos, cantando as glórias divinas do Ilimitado.” Em nenhum momento Emmanuel percebeu que não se tratava de uma estrela, mas de um sistema de estrelas, onde duas componentes impressionam por suas turbulências.

Capella – observada de um pequeno telescópio óptico Capella (Alfa Aurigae) apresenta-se bem visível no hemisfério norte principalmente no inverno. Capella brilha quase diretamente em cima, sua aparência, por certo não denuncia seu caráter múltiplo e se apresenta como uma das três estrelas brilhantes espalhadas em torno do céu do norte. Apresenta o mesmo brilho, de Arcturus suave e alaranjado, de Vega, de quente e branco. Assim podemos ver Capella como uma estrela de tonalidade amarelo-branco e no meio da escala de temperatura. Quando apontamos para o sistema Capella as lentes do Hubble ou das modernas estações eletrônicas de observação, temos outra realidade. As nove componentes conhecidas até o momento são: ALPHA-Aa AURIGAE ALPHA-Ab AURIGAE NSV01897 13 AUR HR34029 SAO 40186 BD+451077 FK5:193 WDS 05167+4600A A estrela principal do sistema é uma estrela variável do tipo RS-CVn, tendendo para uma supernova do tipo NSV1897. “Os Espíritos esclarecidos e verdadeiramente superiores não podem ensinar coisas absurdas. Portanto, toda comunicação manchada por erros manifestos, ou contrários aos dados mais vulgares da ciência e da observação, atesta por isso a inferioridade de sua origem. A ignorância não

pode contrafazer o verdadeiro saber, nem o mal confranger o bem de maneira absoluta. Todo Espírito que, sob o nome venerando, diz coisas incompatíveis com o título que se dá, está convicto de fraude” (Erasto). De fato não houve universalidade. Tudo que refere aos exilados capelinos se reportam a uma única obra que prescedeu todas as demais. Qualquer livro que se apóie nessa única fonte se coloca em dúvida, pois parte exatamente da que está sendo questionada e que apresenta evidentes erros científicos e que não foi submetida, antes de ser publicada a uma rigorosa observação. Ingenuamente, alguns tentam obter apoio na Revista Espírita, desconhecendo a finalidade da própria revista: servir de “campo de ensaio” segundo palavras do próprio Kardec. De algum tempo sabemos que Jupiter é um planeta gasoso, tendo sua superfície coberta por um “oceano” de hidrogênio líquido de 40000 km de profundidade. Sua atmosfera resulta uma pressão 3 milhões de vezes maior que a da Terra. Que vida orgânica seria possivel nessas condições? O que é Vida? Por tudo que foi exposto até este ponto, percebemos que não existe uma definição definitiva sobre o que seja vida. Para a Ciência definir vida implica outras definições, um conjunto delas que pode a qualquer momento ser acrescido. Precisamos de definições que atendam aos seguintes aspectos: Fisiológica - um ser capaz de realizar algumas funções básicas, como comer, metabolizar, excretar, respirar, crescer, reproduzir e reagir a estímulos externos. Como a definição não é completa e apresenta falhas precisamos recorrer a outras definições que complementem esta. Metabólica – onde um ser vivo é apresentado como um objeto finito, trocando matéria continuamente com ambiente, com o entorno, sem alterar suas propriedades gerais. Observamos que alguns objetos que realizam trocas com a vizinhança não são seres biológicos, por exemplo, a chama de uma vela troca matéria continuamente e não é um ser vivo.

Créditos da gravura: Universidade Federal de Santa Catarina (artigos sobre vida) - QMCWEB

Bioquímica – também conhecida como definição bio-molecular. Os seres vivos são vistos como seres que contêm informações que se encontram codificadas em moléculas de ácidos nucleicos e que controlam a velocidade de reações metabólicas ou fisiológicas (hereditárias). Mesmo neste caso ainda encontramos restrições que vai exigir outra definição: existe um tipo de virus que não contém ácido nucleico e que é capaz de se repoduzir sem a utilização do ácido nucleico do hospedeiro. Genética – trata-se de um sistema capaz de evoluir por seleção natural, onde a informação hereditária é transportada por grandes moléculas conhecidas como genes. Genes diferentes determinam características diferentes do organismo. Mesmo com tanta precisação na transmissão dos caracteres, ocorrem “falhas” que são tidas como mutações. Algumas mutações são responsáveis por características especiais que quase sempre objetivam tornar o organismo a se tornar mais apto às novas condições ambientais, garantido assim sua sobrevivência – fazem surgir as espécies dominantes. Mais uma definição é necessária. Termodinâmica – levamos em conta a definição de termodinâmica conquistada pela física: “um sistema fechado garante que nenhum processo que leve a um aumento da ordem interna do sistema pode ocorrer.” Em um organismo vivo a ordem parece aumentar: uma planta pega moléculas ordinárias de água e gás carbônico e as transforma em clorofila, açúcares e carboidratos, moléculas bem mais elaboradas e ordenadas. O ser vivo é um sistema aberto. Ainda de acodo com o QWCWEB, cujo artigo nos serve de fundamentos, “alguns cientistas concordam que, na maioria dos sistemas abertos, a ordem aumenta quando se fornece energia para o sistems, e que isto acaba formando ciclos. O mais comum dos ciclos biológicos na Terra é o ciclo biológico do carbono”, se bem que salvo o “ciclo do silício”, não se conhece outro. É bem improvável que exista algum outro. Vários ciclos

termodinâmicos existem mesmo na ausência de vida orgânica. Como é observado em vários processos químicos. Assim vários ciclos biológicos são explorações de ciclos termodinâmicos por organismos vivos. Mas não param aí os debates sobre os conceitos de vida. Outros de cunho filosófico vêm sendo trabalhado tanto por biólogos como exobiólogos, com objetivo de explorar o Universo em busca de alguma forma inteligente de vida. Não podemos ficar satisfeitos com conceitos que se têm apresentado em livros mediúnicos, com os quais se pretendem fechar a questão. Em relação a Capella, podemos afirmar que a existência de vida orgânica está condicionada à existência de um planeta rochoso no sistema e mais ainda: o planeta deve possuir um meio reacional líquido, superfícies inorgânicas catalíticas, uma atmosfera adequada (inclusive que seja capaz de impedir a penetração de raio X, cerca de 10.000 vezes maior do que a Solar), além de uma proteção contra os raios ultravioletas, tal como a que temos na Terra com a camada de ozônio. A instabilidade, a emissão de raio X 10 mil vezes mais intensa que a solar e a idade do sistema não permitiria a eclosão de vida orgânica em qualquer esfera planetária em seus domínios, caso existisse alguma. É muito provável que o autor espiritual, o médium e os editores do livro “A Caminho da Luz” tenham exagerado o que se encontra no livro “A Genese” de Allan Kardec, deixando de lado a prudência do Codificador do Espiritismo, que em momento algum cita Capella ou qualquer esfera planetária (A Gênese Espiritual – cap. XI – GE). Também não se pode levar em conta o que traz a Revista Espírita (Jupiter e alguns outros mundos – março de 1858) uma vez que se trata de um relato que Kardec submeteu à apreciação de seus leitores espíritas e não-espiritas para que pudesse avaliar, comprovando, modificando ou rejeitando seu conteúdo (veja o último parágrafo da Indrodução do livro “A Gênese”, onde se encontra de forma muito clara o objetivo da Revista Espírita). O conhecimento que os Astrônomos têm de Jupiter e dos demais planetas gasosos, não deixa qualquer dúvida sobre a inexistência de camadas rochosas e água na forma líquida indispensáveis à vida nos estágios superiores, além da colossal pressão atmosférica desses astros. Vimos também que a alegação de “outra química” para justificar a crença da existência de seres inteligentes em exoplanetas, é quimérica e apenas demonstra a ignorância científica e ingenuidade de seus defensores. Algumas questões de O Livro dos Espíritos também costumam ser levantadas em defesa da crença de que todos os globos são habitado por seres inteligentes, o que tem levado muitos a pensar em “alguma química” para que corpos biológicos possam existir até mesmo em esferas estelares, o que convenhamos é um absurdo dos grandes.

Q.180 – Os seres que habitam os diferentes mundos têm corpo semelhante ao nosso? R- Sem dúvida, eles têm corpos porque é preciso que o Espírito esteja revestido de matéria para poder agir sobre a matéria; mas esse envoltório é mais ou menos material de acordo com o grau de pureza a que chegaram os Espíritos, e é isso que diferencia os mundos que devemos percorrer. Há várias moradas na casa de nosso Pai e muitos graus, portanto. Alguns sabem disso e estão conscientes aqui na Terra; outros nada sabem. (LE – cap. IV) Não resta dúvida que a resposta dada pelos Espíritos fala da existência de vida orgânica que será tão diferenciada quanto o grau de cada mundo. Entendemos como revestimento de matéria os elementos orgânicos que disseminam a vida. Se não fosse assim ficaria sem sentido o comentário de Kardec introduzido nas Q. 182 e 183: “A duração da vida nos diferentes mundos parece ser proporcional ao grau de superioridade física e moral desses mundos (...)” Q.183- Passando de um mundo a outro o Espírito passa por uma nova infância? R- A infância é, em toda parte, uma transição necessária, porém não é em toda parte assim precária como entre vós. Os biólogos, de um modo geral pensam a vida orgânica assim: ⇨ Os seres orgânicos são aqueles que têm, em si mesmos, uma fonte de atividades íntima que lhes dá a vida. Eles nascem, crescem, reproduzem-se por si mesmos e morrem. São dotados de órgãos especiais para realizarem os diferentes atos da vida e que são apropriados às suas necessidades de conservação. Nessa classe estão compreendidos os homens, os animais e as plantas. ⇨Os seres inorgânicos são todos aqueles que não têm vitalidade, nem movimento próprio e não se formam senão pela agregação da matéria. Tais são os minerais, a água e as plantas. Vamos retorna ao Livro dos Espíritos. Q.34 – Pelo corpo físico o Homem é SER ORGÂNICO análogo aos animais, sujeitos às mesmas precisões e dotado dos mesmos instintos para

as prover. Seu corpo fica submisso à mesma lei de decomposição, e a sua constituição, mesmo, o tornaria inferior a muitos dentre eles se não fora suprida pela superioridade da sua inteligência. Q.80 – A passagem pela vida material é necessária à purificação dos Espíritos. Para se instruir e melhorar devem suportar todas as tribulações da existência corporal. A encarnação lhes é imposta, seja como expiação para uns, seja como missão para outros. Tudo se encadeia em a Natureza; o mesmo tempo que a alma se depura pela reencarnação, concorre também, sob tal forma, ao cumprimento dos desígnios da Providência. Na primeira edição de O Livro dos Espíritos, encontramos alguns esclarecimentos importantes: Q.132 – Os Espíritos que habitam outros Mundos possuem envoltórios semelhantes aos nossos? R- Sem dúvida têm envoltórios, porque é preciso que a alma fique revestida de corpo; todavia esse envoltório é mais ou menos carnal segundo o grau de pureza alcançado pelos Espíritos, e isto é que demarca a diferença dos Mundos que haveremos de percorrer; porque: “Existem muitas moradas em casa de Nosso Pai e portanto muitos degraus. Uns o sabem, e disto têm consciência na Terra, e outros estão em condição absolutamente inversa.” Poderíamos acaso conhecer exatamente o estado físico e moral de outros Mundos? R- Nós, Espíritos, não poderíamos responder senão conforme o grau em que estiverdes; isto significa que não devemos revelar tais coisas a todos, e que nem todos estão em estado de as compreender e ficariam perturbados. Temos a considerar algumas informações importantes: 1- Não se pode pensar “reencarnação” sem a existência de corpo carnal ou seja, de um corpo biológico. 2- Não existem corpos biológicos se as condições ambientais forem desfavoráveis e sem a química ter completado o seu ciclo evolutivo.

3- É indispensável a existência de planetas rochosos. 4- Os Espíritos não antecipam informações tais como “Espíritos exilados de Capella reencarnaram na Terra” – pois, considera informações cintíficas que cabe ao esforço humano obter – depende de provas científicas, que o Espírito não pode dar, para comprovar a existência tanto de exoplanetas, como a de que possam ser habitados. “Aqueles seres angustiados e aflitos, que deixavam atrás de si todo um mundo de afetos, não obstante os seus corações empedernidos na prática do mal, seriam degredados na face obscura do planeta terrestre; andariam desprezados na noite dos milênios da saudade e da amargura; reencarnariam no seio das raças ignorantes e primitivas, a lembrarem o paraíso perdido nos firmamentos distantes”. “Por muitos séculos não veriam a suave luz da Capela, mas trabalhariam na Terra acariciados por Jesus e confortados na sua imensa misericórdia. Com o auxílio desses Espíritos degredados, naquelas eras remotíssimas, as falanges do Cristo operavam ainda as últimas experiências sobre os fluidos renovadores da vida, aperfeiçoando os caracteres biológicos das raças humanas”. Em relação ao texto que reproduzimos acima, extraído do livro “A Caminho da Luz”, observamos a expressão “Suave luz de Capella”, lembrando que o par de estrelas numa posição destacada dentro do sistema Alpha Aurigae, possui uma luminosidade cerca de 15 dezenas de vezes maior do que o Sol. Para admitir uma luz suave, o planeta precisaria estar a uma distância muitas vezes maior que 1 UA o que o colocaria fora da região de habitabilidade conhecida para o sistema. Não encontramos planetas no sistema, convém lembrar. “A Natureza ainda era, para os trabalhadores da espiritualidade, um campo vasto de experiências infinitas; tanto assim que, se as observações do mendelismo fossem transferidas àqueles milênios distantes, não se encontraria nenhuma equação definitiva nos seus estudos de biologia”. “A moderna genética não poderia fixar, como hoje, as expressões dos "genes", porquanto, no laboratório das forças invisíveis, as células ainda sofriam longos processos de acrisolamento, imprimindo-se-lhes elementos de astralidade, consolidando-se-lhes as expressões definitivas, com vistas às organizações do porvir. Se a gênese do planeta se processara com a cooperação dos milênios, a gênese das raças humanas requeria a

contribuição do tempo, até que se abandonasse a penosa e longa tarefa da sua fixação.” Deixo aos biólogos o comentário para os dois últimos parágrafos acima. “Aquelas almas aflitas e atormentadas reencarnaram, proporcionalmente, nas regiões mais importantes, onde se haviam localizado as tribos e famílias primitivas, descendentes dos "primatas", a que nos referimos ainda há pouco. Com a sua reencarnação no mundo terreno, estabeleciam-se fatores definitivos na história etnológica dos seres. Um grande acontecimento se verificara no planeta É que, com essas entidades, nasceram no orbe os ascendentes das raças brancas. Em sua maioria, estabeleceram-se na Ásia, de onde atravessaram o istmo de Suez para a África, na região do Egito, encaminhando-se igualmente para a longínqua Atlântida, de que várias regiões da América guardam assinalados vestígios. Não obstante as lições recebidas da palavra sábia e mansa do Cristo, os homens brancos olvidaram os seus sagrados compromissos. Grande percentagem daqueles Espíritos rebeldes, com muitas exceções, só puderam voltar ao país da luz e da verdade depois de muitos séculos de sofrimentos expiatórios; outros, porém, infelizes e retrógrados, permanecem ainda na Terra, nos dias que correm, contrariando a regra Geral, em virtude do seu elevado passivo de débitos clamorosos. “Há muitos milênios, um dos orbes da Capela, que guarda muitas afinidades com o globo terrestre, atingira a culminância de um dos seus extraordinários ciclos evolutivos. As lutas finais de um longo aperfeiçoamento estavam delineadas, como ora acontece convosco, relativamente às transições esperadas no século XX, neste crepúsculo de civilização. Alguns milhões de Espíritos rebeldes lá existiam, no caminho da evolução geral, dificultando a consolidação das penosas conquistas daqueles povos cheios de piedade e virtudes, mas uma ação de saneamento geral os alijaria daquela humanidade, que fizera jus à concórdia perpétua, para a edificação dos seus elevados trabalhos As grandes comunidades espirituais, diretoras do Cosmos, deliberam, então, localizar aquelas entidades, que se tornaram pertinazes no crime, aqui na Terra longínqua, onde aprenderiam a realizar, na dor e nos trabalhos penosos do seu ambiente, as grandes conquistas do coração e impulsionando, simultaneamente, o progresso dos seus irmãos inferiores. Não se sustenta a hipótese de Emmanuel quando recorremos às descobertas científicas.

 O “Universo Mítico” é o resultado da visão empírica do homem. Ao lado da visão mítica, existe uma visão científica do Universo, visão essa baseada na observação e na experimentação – e ocasionalmente em percepções intuitivas que devem, contudo, ser confirmadas pela observação e pela experiência 

A Hipótese levantada pelo Espírito Emmanuel é originária de um esforço intuitivo realizado de forma conjugada com o médium Francisco C. Xavier, mas que a Ciência desmente amplamente. Trata-se de uma visão mítica que tenta explicar as diversidades étnicas, culturais e espirituais dos povos do planeta. Sabemos que por trás de uma visão mítica se esconde uma realidade científica, mas essa não tem como determinar, no momento, quais os mundos são habitados; pode sim determinar quais os que não têm nenhuma possibilidade de abrigar formas de vida orgânica, e isto com relativa precisão. Mesmo que essas formas tenham um número incontável de variações, existe um elemento primitivo que lhes dão origem e tudo indica que esse elemento é único no Universo inteiro.

Q.55 – LE/2ª: Todos os globos que circulam no espaço são habitados? R- Sim, e o homem da Terra está longe de ser, como ele crê, o primeiro em inteligência, em bondade e em perfeição. Todavia, há homens que se crêem muito fortes, que imaginam que somente seu pequeno globo tem o privilégio de abrigar seres racionais. Orgulho e vaidade! Julgam que Deus criou o Universo só para eles. O Espírito respondeu à indagação de Kardec, como de costume, genericamente. De fato não há um único globo no Universo que não seja assistido por um Espírito, que não tenha uma finalidade dentro do plano da criação e que, de acordo com o conceito moderno de vida, não possa ser considerado um “organismo vivo”. Ele não fala particularmente em VIDA em termos biológico, que como vimos é algo extremamente complexo de ser definido. Por outro lado, levando-se em conta o conhecimento científico ainda muito restrito daquele tempo não é de se surpreender a limitação imposta à resposta por falta de elementos que possibilitasse um esclarecimento mais amplo. Já imaginaram como seria falar de Física Quântica a uma criança que mal a concluiu a classe de alfabetização? Que palavras utilizaria? Diria a ela que “Assim como a relatividade estende o campo de aplicação das leis físicas para a região de grandes velocidades, a física quântica estende esse campo à região de

pequenas dimensões; e, assim como uma constante universal de significação fundamental, a velocidade da luz c, caracteriza a relatividade, também uma constante universal de significação fundamental, a chamada constante de Planck h, caracteriza a física quântica? Como ela compreenderia isso? SIMPLESMENTE NÃO COMPREENDERIA e a resposta seria totalmente inútil. No caso do Universo Mítico, há um reino celeste imorredouro e eterno, contrapondo-se ao mundo orgânico mutável e perecível pertencente ao Universo Científico, onde há propriedades conservadas – eternas e imorredouras. Nossa exposição pretende mostrar a inviabilidade de alguma forma de vida no Sistema Capela ou Alfa Aurigae que se assemelhe ao que a Ciência entende como vida orgânica. O Espírito Emmanuel fala em vida orgânica e não em vida espiritual tão somente. Não é possível a existência de vida orgânica em um sistema que não possua planetas rochosos como vimos no início. Mesmo as formas vivas mais antigas que se conhece até o presente como os restos micro fósseis de “algas verdes-azuis do Precâmbrico encontradas no sul da África, que têm cerca de 3 bilhões de anos de antiguidade e são muito semelhantes às que existem ainda em nosso tempo. Sabemos que essas algas produzem oxigênio e que, portanto, se relacionam com outros organismos ainda mais simples e antigos, que foram seus precursores. Se um mundo não se presta à encarnação de Espíritos é porque ele tem uma outra finalidade que somente é conhecida por Deus. Os seres humanos são ainda muito acanhados em seu saber e ainda falta um longuíssimo caminho a percorrer até que possa ter conhecimento de tais coisas. Mesmo assim, com base na revelação dos Espíritos, sabemos que um dos “objetivos da encarnação é colocar o Espírito em condições de cumprir sua parte na obra da criação. Para realizá-lo é que, em cada mundo, ele toma um aparelho em harmonia com a matéria essencial desse mundo, cumprindo aí, daquele ponto de vista, as ordens de Deus, de tal sorte que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta.” (Q132 – LE). Definitivamente a Q. 181 de O Livro dos Espíritos reforça ainda mais nosso raciocínio:

Q. 181- Os seres que habitam os diferentes mundos têm corpo semelhante ao nosso? R- Sem dúvida, eles têm corpos porque é preciso que o Espírito esteja revestido de matéria para poder agir sobre a matéria; mas esse envoltório é mais ou menos material de acordo com o grau de pureza a que chegaram os Espíritos, e é isso que diferencia os mundos que devemos percorrer. Há muitas moradas na casa de nosso Pai e muitos graus, portanto. Alguns sabem disso e estão conscientes aqui na Terra; outros nada sabem. Somente encontrando corpos biológicos em Capella poderíamos então concluir algo a favor da crença sustentada no livro atribuído a Emmanuel.

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