Pólo Presencial de Ribeirão Preto – Bauhaus Núcleo de Educação à Distância – NEAD Universidade de Franca – Unifran EAD - Administração
Portifólio Filosofia Geral e Ética Profissional
Plínio Alexandre dos Santos Caetano Outubro, 2008
1. Atividade Proposta Estabelecer a diferença entre as teorias do conhecimento racionalista e empirista, e diga quem apresentou outra teoria que realmente demonstra como se efetiva o conhecimento. 2. Desenvolvimento 2.1 Teoria do Conhecimento Como distinguir o conhecimento da simples opinião? O que podemos / o que não podemos conhecer? Como distinguir a verdade da mentira? Antes de mais nada, vamos conceituar o que na realidade é entendido como Teoria do Conhecimento: podemos compreender a Teoria do Conhecimento como a busca contínua de respostas para as perguntas apontadas no início deste texto. Busca esta firmada no estudo do alcance, das fontes e dos limites do conhecimento Humano. Um requisito para que se encontre as respostas às questões propostas está na necessidade de compreender a capacidade do indivíduo de, no momento de interação com o mundo que o cerca, compreendê-lo. No entanto, o mais complexo está no fato de que, muitas vezes os juízos de valores levam a uma concepção errônea sobre dada situação. E, ao penetrarmos o terreno da relação percepção e realidade, é impossível não encontrar a filosofia. ROSAS define conhecimento como a relação entre o sujeito que conhece ou deseja conhecer e, o objeto a ser conhecido ou que se dá a conhecer. O mesmo autor, retorna à Grécia Antiga pontuando as visões é métodos de conhecimento de Sócrates, baseada na ironia e na maiêutica; 2
de Platão, baseada na Doxa1 e; Aristóteles, baseada na Episteme2. Contudo, uma vez que o propósito deste trabalho esteja focado na Teoria do Conhecimento oriunda da Idade Moderna, não nos ateremos à Antiguidade ou à Idade Média. Ainda segundo ROSAS, a primeira revolução Científica promoveu diversas mudanças para o pensamento, dentre as quais a mudança da visão de mundo do teocentrismo para o antropocentrismo (de Deus como o centro do conhecimento para o Homem como tal centro). A seguir, serão elucidadas as correntes do Racionalismo e do Empirismo, bem como suas diferenciações. 2.2 Racionalismo x Empirismo Ao atentarmos para o racionalismo, é possível notar que este há uma argumentação no sentido de que a obtenção do conhecimento científico se dá pelas idéias inatas (pensamentos existentes no homem desde sua origem que o tornariam capazes de deduzir as demais coisas do mundo). Para os racionalistas, essas idéias inatas seriam o fundamento da Ciência. Em contrapartida, para o empirismo e seus seguidores, os empiristas, a experiência é a base do conhecimento científico, ou seja, adquire-se a sabedoria por intermédio da percepção do Mundo externo, ou então do exame da atividade da nossa mente, que abstrai a realidade que nos é exterior e as modifica internamente. Portanto, os empiristas apontam que a única maneira de se compreender um dado acontecimento é vivenciar (experiência) uma dada
1 2
Ciência baseada na opinião Ciência baseada na observação / experiência
.
3
situação / conhecimento, a fim de que o sujeito possa internalizá-lo (caráter bastante individualista de aprendizagem). Segue um quadro comparativo entre as duas Teorias do
Concepções
Outras
Causa e Efeito
Idéias
Origem das
Conhecimento (SOUZA): Racionalismo Para os racionalistas, as idéias do mundo exterior são
Empirismo Os empiristas apontam a origem das idéias como fruto de um
tecidas pela captação da realidade do mundo externo
processo de abstração. Tal processo deveria se iniciar com a
pelo indivíduo. Também pode ser provenientes da
percepção a partir da qual os sentidos do indivíduo interagem
ação imaginativa e, pelas idéias inatas (nascem com o
com o ambiente.
sujeito), tidas como base da razão.
A grande diferenciação com relação ao racionalismo está em
A partir do inatismo é dado ao indivíduo conhecer as
não focar a ‘coisa’ em si (fator objetivo), nem tampouco a idéia
leis naturais, criadas por um ser criador.
que se faz (atribuição da razão) a esta coisa; mas puramente
Tal princípio parte da certeza do pensamento para
como percebe-se esta coisa, ou como chega até nós através
afirmar qualquer outra realidade. As relações de causa e efeito
dos sentidos3. Para empiristas, esta relação é apenas resultado de nossa
são
vistas
pelo racionalismo como obedientes ao Mecanicismo4.
maneira comum e habitual de compreender fenômenos e os
Estas relações podem ser expressas pelo rigor
correlacionar como causa e conseqüência através de uma
matemático, com objetividade bastante destacada. De
repetição constante.
modo sintético, os racionalistas viam que as relações
Ou seja, as leis da Natureza só seriam leis porque se
observadas do comportamento humano são inerentes
observaram repetidamente pelos homens. Neste ponto, seria o
aos objetos em si e à Mecânica da Natureza, como
mesmo que deduzir após muito observar a existência de cisnes
engrenagens
ordem
brancos, sem jamais notar um de outra forma que todos são
preestabelecida. A liberdade de consciência do indivíduo tem um fim:
brancos. Há uma indução a um erro (pelo método indutivo). Nega o ‘permanente’ - o conteúdo de nossa consciência varia de
uma justa apreciação dos bens, dizendo ainda que
um momento para outro de tal forma que ao longo do tempo
haveria uma identidade permanente da consciência
essa consciência teria, em momentos diferentes, um conteúdo
individual.
diferente, pois a consciência, como sendo um conjunto de
Entende a razão como capacidade de bem julgar e de
representações, depende das impressões que se têm das
discernir o entre o verdadeiro e o falso.
coisas.
Indica o uso do método de conhecimento inspirado no
Aponta a razão como dependente da experiência sensível,
rigor da Matemática (método dedutivo – do geral para
afirmando não existir dualidade entre espírito e extensão.
o particular):
Recusa o método matemático, a experiência é o ponto de
"os princípios conhecidos por intuição desempenham
partida de nosso conhecimento, logo não há necessidade de
o papel de axiomas”
fazer hipóteses.
que
obedecem
a
uma
Caracteriza-se o método indutivo que parte do particular (experiências) para a elaboração de princípios gerais.
2.3 Uma outra Teoria: Kant
3
Em uma área de Psicologia focada na Educação, a Psicologia Educacional, existem teóricos que apontam que o conhecimento se dá de dentro para fora e outros que dizem que se dá de fora para dentro (internalização). O primeiro caso é o de Piaget, que aponta que para amadurecer o indivíduo têm de ser colocado em situação que o auxilie a passar para um nível de maior conhecimento; já no segundo caso destaca-se Vygotsky, com sua teoria sócio-interacionista ou sócio-cultural. 4 Teóricos também estudados em Psicologia da Educação, tais com Pavlov, Skinner e Watson trabalharam suas pesquisas no sentido de modular comportamentos ou compreender a modulação do pensamento, com estímulos. O saber de modo mecânico, sem a internalização do conhecimento tem raízes nesta linha de pesquisa em Psicologia.
4
Uma colocação bastante interessante sobre Immanuel Kant, proveniente do sítio Mundo dos Filósofos5 é que ele “sofreu duas influências contraditórias:
a influência
do
pietismo,
protestantismo
luterano
de
tendência mística e pessimista (que põe em relevo o poder do pecado e a necessidade de regeneração), que foi a religião da mãe de Kant e de vários de seus mestres, e a influência do racionalismo: o de Leibnitz, que Wolf ensinara brilhantemente, e o da Aufklärung (a Universidade de Koenigsberg mantinha relações com a Academia Real de Berlim, tomada pelas novas idéias). Acrescentemos a literatura de Hume que "despertou Kant de seu sono dogmático" e a literatura de Russeau, que o sensibilizou em relação do poder interior da consciência moral”. Feita a colocação, Vanzela aponta que o criticismo kantiano é reação ao dogmatismo racionalista e ao ceticismo empirista. Em verdade, foi realmente Kant que criticou o racionalimo e o empirismo e uniu a razão com a experiência sensível, para a aquisição do verdadeiro conhecimento. Fez a chamada Nova Revolução Copernicana, onde valoriza tanto o sujeito como o objeto para que haja o verdadeiro conhecimento. Em suma:
"das coisas, nós só conhecemos a priori aquilo que nós mesmos nelas colocamos”.
5
http://www.mundodosfilosofos.com.br/kant.htm
5
3. Bibliografia FRANCIOTTI, Marco Antonio. Texto Interativo sobre as Áreas da Filosofia. Disponível em: [http://www.ufsc.br/~portalfil/interativo.html] MACIEL, J. C. Kant e o tuiuiú: o Direito pela revolução copernicana em Kant .Disponivel
em:
[http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=4166] ROSAS, Vanderlei de Barros. Afinal, o que é Conhecimento? – Disponível em: [http://www.mundodosfilosofos.com.br/vanderlei22.htm] SOUZA,
Ilan
de.
Racionalismo
x
Empirismo.
Disponível
em:
[http://profesron.spaceblog.com.br/42501/RACIONALISMO-xEMPIRISMO/] VANZELLA, José Marcos Miné. Apostila de Filosofia 2008. Disponível em: [http://omeu.net/direito/direito/3semestre/FilosofiaGeral/APOSTI LA_DE_FILOSOFIA_2008.doc] 3.1 Comentários de Rodapé (Psicologia Educacional): GATTI, B. A. O que é psicologia da educação? Ou, o que ela pode vir a ser como área de conhecimento?. Psicologia da Educação, São Paulo, 5, p.73-90, 2º semestre/1997. CUNHA, M. V. Psicologia da Educação. Rio de Janeiro: DP&A, 2002. SAVIANI, D. Os saberes implicados na formação do educador. In: Maria Aparecida Viggiani Bicudo, Celestino Alves da Silva Júnior (Orgs.). Formação do educador: dever do Estado, tarefa da universidade (V.1). 1. ed. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1996.
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