Filosofia E Parapsicologia

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FILOSOFIA E PARAPSICOLOGIA O papel da filosofia na aceitação da hipótese PSI1 Vanderlei Dallagnolo2 Blumenau, 29 de novembro de 2005

RESUMO Neste artigo conceitua-se a Parapsicologia e a Filosofia, bem como alguns de seus elementos básicos tais como seus critérios. São esclarecidos alguns conceitos utilizados para a demonstração do raciocínio que este trabalho propõe; mostrar que a Filosofia pode ser fundamental para o esclarecimento do papel da Parapsicologia em relação ao pensamento científico. Palavras-chave: Filosofia, Parapsicologia, verdade, ciência, critério.

1 INTRODUÇÃO A Filosofia é a mãe de todas as ciências. A medida que um conjunto de conhecimentos sobre determinada área ia se agregando, esta área ia se especializando até tornar-se um ramo específico de saber ou uma nova ciência. Apesar de não ser uma atividade que produza resultados concretos, objetivos, tangíveis; inidiretamente a Filosofia influenciou o homem em todos os seus aspectos de atuação ao longo da história. Esta talvez seja a característica da Filosofia a proporcionar mais embasamento a uma maior aceitação da Parapsicologia. Pois, apesar da subjetividade da Filosofia, excetuando-se por algumas limitadas correlações entre os seus postulados lógicos e a Matemática, ninguém pode negar suas contribuições e influências. A Parapsicologia, ocupando-se também de toda a sorte de subjetividades (ao menos aparentes), talvez mereça melhores chances ou maiores espaços para mostrar se pode realmente trazer benefícios ao ser humano. Parte desta aval, pode ser cedido pela Filosofia.

2 PARAPSICOLOGIA 1

Psi é a 23ª letra do alfabeto grego e é utilizada em Parapsicologia para designar os fenômenos que são objetos de seu estudo. Como a natureza dos fenômenos ainda é ignorada, Psi passou a ser utilizado com a mesma conotação do X na matemática. 2 [email protected]

A Parapsicologia é a ciência3 que estuda as interações, aparentemente, extrasensório-motoras dos seres vivos entre si (humanos ou não) e também com o meioambiente. Existe uma divisão mais comumente utilizada nesta área para os fenômenos estudados, conforme Zangari (2001), “[...] os parapsicólogos dividem os fenômenos [...] em duas categorias: os extra-sensoriais, ou fenômenos de percepção extra-sensorial, e os extramotores, ou fenômenos psicocinéticos”. Os fenômenos de percepção extra-sensorial estão relacionados com a realização de percepções e obtenção de conhecimento, sendo o mais popularmente conhecido desta categoria o fenômeno de telepatia4. Os fenômenos psicocinéticos estão relacionados com a ação da mente sobre a matéria ou meio-ambiente, como exemplo muito conhecido desta categoria podemos citar a movimentação de objetos com o poder da mente. Ambas as categorias dos fenômenos parapsicológicos têm subdivisões e diferentes tipos de fenômenos, cada um com suas características e especificidades.

3 FILOSOFIA A mais difundida explicação acerca do que seja a Filosofia é aquela exprimida por seu significado etimológico. Ou seja, “amor ao saber”, expresso através do grego philos ou amor, com sophia ou saber. No entanto, esta conceituação é deficitária e facilmente nos tornaríamos conscientes deste fato utilizando um subterfúgio atribuído ao próprio Sócrates5, conforme Gislon ([ca. 2005], pg. 28), que consistia em questionar as pessoas acerca de valores que eles julgavam conhecer. Ou seja, podemos julgar saber o que é a Filosofia ao interpretar o significado etimológico da palavra, mas ao nos questionarmos de modo sincero observaremos que não possuímos uma imagem real do que ela seja. Este conceito é mais bem expresso na transcrição abaixo: Uma definição precisa do termo "filosofia" é impraticável. Tentar formulá-la poderia, ao menos de início, gerar equívocos. Com alguma espirituosidade, alguém poderia defini-la como "tudo e nada, tudo ou nada...". Melhor dizendo, a filosofia difere das ciências especiais na medida em que procura oferecer uma imagem do pensamento humano 3

Recomenda-se o site http://www.pesquisapsi.com, como fonte de informações sobre pesquisa com base científica na área parapsicolóigca. 4 “A telepatia é um fenômeno [...] que resulta na aquisição de informação extraída [...] de um outro conteúdo mental (o grifo é do autor)” (BARRIONUEVO apud PALLÚ, [ca. 2005], p. 5). 5 Sócrates é considerado o patrono da Filosofia, nasceu entre 470 ou 469 a.C e morreu em 399 a.C..

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ou mesmo da realidade, até onde se admite que isso possa ser feito -como um todo. (EWING, 1984)

Ainda, conforme Ewing (1984) o termo Filosofia pode ser atribuído a Pitágoras6; originando-se de suas réplicas ao ser chamado de sábio, pois considerava que sua sabedoria residia apenas no fato de admitir sua ignorância e, portanto preferia ser considerando um “amante da sabedoria”. Portanto, para compreender melhor o que é a Filosofia devemos abandonar por um instante seu termo e concentrar-mo-nos em seu objetivo que conforme Ewing (1984) “[...] consiste na busca da verdade (grifo meu) e na contemplação da realidade”.

3.1 CRITÉRIOS DA VERDADE Se o objetivo da Filosofia é “conhecer” a verdade, obviamente que ela irá se ocupar com o problema do conhecimento. Para julgar se um conhecimento é verdadeiro propuseram-se alguns critérios (palavra cuja raiz etimológica significa julgar).. Conforme Gislon ([ca. 2005], pg. 22), ao longo de sua história a Filosofia identificou os seguintes criérios para avaliação do conhecimento como verdadeiro: • critério da autoridade • critério da evidência • critério da ausência de contradição • critério da utilidade • critério da prova • critério da prática • critério da teoria Para efeito do presente artigo o que nos interessa é o critério da prova, por ser aceito cientificamente. Segundo este critério, quaisquer proposições para serem verdadeiras devem ser “[...] provadas, verificadas, explanadas, demonstradas e fundamentadas” (GISLON, [ca. 2005], pg. 24). A Parapsicologia, como ciência, deve ater-se a este critério em suas proposições

4 PRESSUPOSTOS CIENTÍFICOS E A PARAPSICOLOGIA Como observamos, a Parapsicologia enquanto ciência deve ater-se aos mesmos critérios que os utilizados por outras ciências para provar suas proposições. Este é um dos diversos pontos em que a Parapsicologia toca sensivelmente em questões de ordem filosófica. Pois, apesar das evidências, o objeto de estudo da Parapsicologia tem uma

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O filósofo Pitágoras teria vivido entre 570-490 a.C..

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impossibilidade teórica de existir ou, no mínimo, de ser objetivamente avaliado segundo o paradigma mecanicista7 ainda vigente. “Delineado o modelo da ciência clássica, poderia-se perguntar: a Parapsicologia, desde o ponto de vista da ciência clássica, pode ser considerada uma ciência? A resposta é não. [...] Em resumo: a Parapsicologia não seria uma ciência porque pretende estudar experiências não apenas impossíveis de serem estudadas, mas impossíveis de existir.” (ZANGARI, 2001) Esta impossibilidade é expressa, conforme Zangari (2001), pelas seguintes características: • • • • •

a Parapsicologia estuda experiências humanas, subjetivas e que não podem ser diretamente observadas. estas experiências, devido a seu caráter subjetivo, nem sempre podem ser aferidas por equipamentos ou são passíveis de medições que lhes dariam um caráter mais objetivo o papel da mente, nas interações estudadas pela Parapsicologia, contrapõe-se ao pressuposto de independência entre sujeito e objeto observado. certas experiências contrapõe-se também ao conceito de causalidade. a dificuldade da reprodução de certas experiências, remete a uma contradição em relação ao determinismo.

Podemos tecer inúmeras conjecturas, com base na reflexão filosófica, levando em conta cada uma destas características individualmente. E outras tantas, também muito interessantes se analisarmos este contexto globalmente. O enfoque dado ao problema, poderia ser este. O que fazer, quando existem evidências sobre determinada proposição, mas que são impossíves segundo determinado modelo ou conjunto de pressupostos? Uma possível postura filosófica sobre o tema, poderia ser, abandonar os pressupostos, pois as evidências são mais objetivas. Porém, não é necessário um esforço muito grande para perceber que esta é uma análise superficial; as evidências podem ser aparentes e o modelo aqui citado, refere-se ao que é aceito pelo estabilishment como verdades científicas, com todas as suas implicações ligadas a interesses e aos resultados práticos já conquistados e sobejamente aceitos como positivos para grande parte da sociedade. Uma das mais importantes características da ciência é que ela não é (ou não deveria ser) dogmática. Isto é o que garante a evolução do pensamento científico. Portanto, a Filosofia, e em especial a filosofia da ciência, pode contribuir em muito para que se mantenham abertas as portas (ou as mentes) da ciência para as importantes contrbuições que podem advir de rigorosos estudos na área parapsicológica. Minimizando o impacto de posturas contrárias ao progresso. Pois a ciência é feita pelo ser humano e para o ser humano 7

O paradigma mecanicista propõem um visão do Universo através de uma analogia com um gigantesco relógio, totalmente determinista e regido por leis eternas e imutáveis.

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e, portanto, está sujeita a toda a sorte de influências oriundas da subjetividade de seu caráter.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS No mito da caverna8, citado por Platão, os homens presos na caverna ao serem confrontados com os novos conceitos daquele que havia conseguido fugir; zombam, espancam-no e tentam matá-lo. Se o homem que sai da caverna, segundo o mito é o filósofo. E o parapsicólogo, enquanto cientista, também seria um filósofo; do contrário seria apenas como um computador que apenas processa e classifica os dados obtidos de acordo com um programa pré-estabelecido. Podemos tecer alguma correlações. A ignorância, menos da Parapsicologia em particular e mais das bases filosóficas do próprio pensamento científico; fazem com que a Parapsicologia padeça de zombaria, de agressões gratuitas e tentativas de exterminá-la. Ainda assim, existem uns poucos que escutam e ao menos tem a correta postura de aceitar que existe a possibilidade de a Parapsicologia nos guiar para fora da caverna, para um mundo de novas possibilidades e principalmente novas percepções.

6 REFERÊNCIAS EWING, A. C.. O que é a Filosofia e por que vale a pena estudá-la. texto escaneado por Marco Antonio Frangiotti de Ewing, A. C. (1984). Disponível em: < http://www.cfh.ufsc.br/~wfil/ewing.htm >. Acesso em: 27 de novembro de 2005. PALLÚ, Tarcísio R.. Apostila de Parapsicologia I. Joinville, SC. Trabalho não publicado. VALCIR, Gislon. Apostila de Filosofia. Joinville, SC. Trabalho não publicado. ZANGARI, Wellington. O Estatuto Científico da Parapsicologia. Revista Virtual de Pesquisa Psi. São Paulo: Inter Psi. Disponível em: < http://www.pesquisapsi.com/index.php?option=content&task=view&id=2257>. Acesso em: 21 de novembro de 2005.

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O mito da caverna pode ser visto na íntegra no seguinte endereço http://educaterra.terra.com.br/voltaire/cultura/caverna.htm

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