Figuras De Linguagem..pdf

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IV FIGURAS

DE LINGUAGEM

Emprego especial de palavras, expressões ou frases, característico linguagem literária. As figuras valorizam sobremaneira o texto, desde que usadas co critério e de maneira comedida. Fazem parte da Estilística; por isso mesm não se prendem, muitas vezes, ao rigor da gramática normativa. A silep por exemplo, é um desvio, tolerado, das normas de concordância. A divisão das figuras em função de sua natureza é algo extremamen confuso, arbitrário. Ninguém se entende quanto a isso, e cada um propõe sua própria divisão. Por exemplo, para alguns, as figuras de sintaxe estão grupo das de palavra; para outros, não. Os tropos (metáfora, meto nímia etc são vistos ora no grupo das figuras de palavra, ora como independente . Buscamos, nesta obra, uma distribuição que nos parece lógica. Poré o mais importante é a compreensão de cada uma das figuras aq apresentadas. Assim, as figuras de linguagem podem ser: I) Figuras de palavras • tropos



de construção ou sintaxe {



de harmonia

por por por por

repetição ou excesso omissão transposição discordância

11)Figuras de pensamento

FIGURAS DE PALAVRAS TROPOS As palavras não são empregadas em seu sentido próprio. Podem por similaridade (metáfora, catacrese e símbolo) ou contigüidade (meto ' e paronomásia). São esses os cinco tropos mais importantes, que passam a estudar.

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1. Metáfora Tipo de comparação indireta, sem a presença do elemento conector e daquilo que é comum aos dois seres: Minha filha é uma flor. Literalmente, é impossível alguém ser uma flor. A frase só pode ser entendida se a desdobrarmos em uma comparação, na qual ela se baseia: Minha filha é bonita (suave, delicada, perfumada) como uma flor. A metáfora é um tipo de conotação, ou seja, emprego especial de uma palavra, sempre com base numa comparação. Outros exemplos: "Mas vejo aquela cujo olhar são pirilampos ..." (Antônio Nobre) "Todo o universo é um templo ..." (Castro Alves) "Anatureza - é uma harpa presa nas mãos de Deus." (Castro Alves) "AConsciência Humana é este morcego!" (Augusto dos Anjos) Veja as comparações implícitas nos quatro exemplos: olhar /pirilampos, universo/templo, natureza/harpa, consciência/morcego. Observações 1ª) Numa frase do tipo "Meu colega é perverso como um bárbaro", aparecem dois elementos (colega e bárbaro) sendo comparados; também se nota a presença daquilo que é comum aos dois: a perversidade. Essa frase é exemplo de comparação ou símile, que estudaremos adiante. Se dissermos diretamente: "Meu colega é um bárbaro", passaremos a ter a metáfora. 211)

Às vezes, não há a presença de um verbo, como ocorreu em todos os exemplos dados: Adoro as maçãs de seu rosto. (bochechas vermelhas como maçãs) "Avida - manso lago azul..." (Júlio Salusse) "E o Universo - Bíblia imensa ..." (Castro Alves) "Iracema, a virgem dos lábios de mel..." (José de Alencar); ou seja, lábios doces como mel. "...Desse botão de flor - que é minha filha." (Luís Guimarães Iúnior)

2. Catacrese Extensão de sentido de uma palavra, que ocorre para suprir uma lacuna vocabular, É uma variante da metáfora: Ele embarcou no ônibus das oito horas.

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FIGURAS DE UNGUAGEM

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o verbo embarcar significa, primitivamente, "entrar em um barco". Não existe uma palavra específica para "entrar em um ônibus". Assim, embarcar tem uma extensão de sentido e preenche um vazio na língua. Também se embarca em trens, aviões, carroças, bondes etc. Em todos os casos, embarcar será exemplo de catacrese. Também são catacreses expressões do tipo pé de mesa, leito de rio, céu da boca, barriga da perna etc. Às vezes a catacrese ocorre por simples desconhecimento da palavra precisa, e não por inexistência dela. É o caso de barriga da perna, cujo nome preciso é panturrilha. Desconhecendo o termo, o povo, valendo-se da analogia, passa a utilizar uma palavra que atenda às suas necessidades de comunicação. Nasce, assim, a catacrese.

3. Metonímia Troca de uma palavra por outra, havendo entre elas uma relação real. Diferentemente da metáfora, a meto nímia tem caráter objetivo. Há um sem-número de metonímias, entre as quais incluiremos sinédoques, seguindo uma corrente mais atual. •

O autor pela obra: Sempre li Machado e Assis. (Machado de Assis no lugar da obra que ele escreveu) "Volta e meia a Teócrito consulto." (Martins Fontes) (Teócrito em vez de sua obra)

• A causa pelo efeito: O esforço molhou-lhe a roupa. (esforço em vez de suor)

• O efeito pela causa: Respirava saúde naquelas montanhas. (saúde em vez de ar puro)

• O continente pelo conteúdo: Beba mais um copo. (copo em vez do nome da bebida) "Ninhos cantando! Em flor a terra toda!" (Olavo Bilac) (ninhos em vez de pássaros)

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OBJETIVA DA ÚNGUA RENATO AQUINO

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as

o abstrato

pelo concreto: Incentivemos a juventude. (juventude no lugar de jovens)



O concreto pelo abstrato: Ele era a bengala de seus velhos pais. (bengala em vez de amparo)

• A marca ou lugar pelo produto: Tomar uma Caxambu bem gelada. (Caxambu no lugar de água mineral) "Beijarias até uma caveira Se espumante o Madeira ali corresse!" (Castro Alves) (Madeira em vez de vinho) • A coisa possuída pelo possuidor: As armas conseguiram a independência (armas em vez de soldados)

do país.

• O possuidor pela coisa possuída: Os barcos encontraram Netuno agitado. (Netuno em vez de mar) ta: Netuno, na mitologia romana, é o deus dos mares, ou seja, o dono, o - uidor dos mares. Corresponde a Poseidon, dos gregos. • O lugar pelo habitante: A cidade vibrou com o resultado. (cidade em vez de moradores) "AAmérica reagiu e combateu." (Latino Coelho) (América em vez de americanos) ta: Pode-se aqui entender também como o emprego do continente (cidade .mérica) pelo conteúdo (moradores e americanos). • O habitante pelo lugar: O brasileiro terá assento no Conselho de Segurança da ONU. (brasileiro em vez de Brasil) • O sinal pela coisa significa da: O cavaleiro lutava pela coroa. (coroa no lugar de reino) ta: Este tipo de metonímia udarernos adiante.

é, na realidade, o emprego de símbolos, que

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• A parte pelo todo: Todas aquelas pessoas ficaram sem um teto. (teto no lugar de casa) "Asas tontas de luz, cortando o firmarnento!" (Castro Alves) (asas no lugar de pássaros) "O bonde passa cheio de pernas ..." (Carlos Drurnmond de Andrade) (pernas em vez de pessoas) •

O todo pela parte: Usava cintos de jacaré. (jacaré em vez de pele de jacaré)



O singular pelo plural: O carioca é bastante simpático. (o carioca em vez de os cariocas)


A matéria pelo objeto: Soava ao longe o bronze. (bronze no lugar de sino)



O gênero pela espécie: Alguns prima tas vivem em minha árvore. (primatas no lugar de micos)

• A espécie pelo gênero: "Éolo de pensamentos" (Castro Alves) (Éolo em vez de vento) Nota: Os seis últimos casos podem ser classificados como sinédoque, embora haja na atualidade a tendência a considerá-Ios metonímia. Na sinédoque a troca de palavras envolve extensão, para mais ou para menos; na metonímia, apenas relação. 4. Antonomásia Tipo especial de metonímia que consiste na substituição de um nome próprio por uma qualidade, uma circunstância, uma característica que a ele se referem: "O Genovês salta os mares ..." (Castro Alves) Genovês -7 Colombo, que nasceu em Gênova. "E ao rabi simples, que a igualdade prega ..." (Raimundo Correia) rabi -7 Jesus O autor de Dom Casmurro não se negou a colaborar com a revista. autor de Dom Casmurro -7 Machado de Assis

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5. Símbolo Ocorre símbolo quando uma palavra é usada como referência, passando a representar algo. Tem como ponto de partida uma metáfora ou metonímia. A palavra se converte em um símbolo quando é usada repetidamente e tem aceitação universal. O símbolo tem origens diversas, tais como mitologia, história, religião, iteratura, animais, plantas, cores etc.: Hércules -7 força Vênus -7 beleza e amor Cupido -7 amor Nero -7 perversidade Napoleão -7 conquistador J ó -7 paciência Cruz -7 sofrimento ou fé Matusalém -7 velhice Sherlock -7 detetive D. Quixote -7 idealista ingênuo Don Iuan -7 conquistador amoroso Toga -7 justiça Espada -7 força, poder militar Branco-s pureza Verde -7 esperança Lírio -7 pureza Cão-7fidelidade Raposa -7 astúcia Burro -7 estupidez Leão -7 força Víbora -7 maldade Lesma -7 lentidão, moleza Quando se diz "Ele é um Hércules", não se tem, apenas, uma metáfora, m base na comparação "Ele é forte como um Hércules", A palavra Hércules, r força do uso reiterado, passou a simbolizar força. Da mesma forma, na frase "Preciso levar minha cruz", não existe, tãosomente, uma meto nímia, ou seja, o sinal (cruz) pela coisa significada sofrimento). Cruz, usada sistematicamente, simboliza, hoje, sofrimento ou 'é, conforme o contexto. Nas duas situações apresentadas, a análise é dupla: metáfora e símbolo, etonímia e símbolo. Na realidade, a presença do símbolo constitui os casos e metáfora e metonímia desses dois exemplos. APÊNDICE 4 FIGURAS DE UNGUAGEM

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DE CONSTRUÇÃO OU SINTAXE Por omissão 1. Assíndeto Omissão das conjunções aditivas, em especial E: Saímos cedo, passeamos pelo bosque, sentamos sob uma velha mangueira. "Sorri, doideja, papagueia, canta." (Raimundo Correia) "Trabalho para as grandezas, Pra crescer, criar, subir." (Carlos Drummond

de Andrade)

"Terra ingrata, onde a urze a custo desabrocha, bebendo o sol, comendo o pó, mordendo a rocha." (Guerra Iunqueíro)

Observações 1'1) Nos quatro exemplos, a conjunção

e, que normalmente ligaria as duas últimas orações em cada período, não foi utilizada. A ausência da conjunção não implica alteração de sentido.

2i) Você deve estar lembrado

de que uma oração coordenada sem conjunção recebe o nome de assindética. Assim, nos exemplos apresentados, todas as orações são assindéticas, e a figura de sintaxe presente é o assíndeto.

2. Elipse É a omissão de palavras ou expressões de qualquer natureza, com o objetivo de aumentar a expressividade ou simplesmente simplificar a construção: Meu amigo chegou triste, o olhar perdido na amplidão. (com o olhar) Estávamos sós na fazenda. (Nós estávamos) Em frente à casa, um jardim maravilhoso. (havia um jardim) Espera-se tudo se resolva logo. (que tudo) "Ah! sim, um despejo, aquilo!" (Adelino Magalhães) (era um despejo) "Na terra, tanta guerra, tanto engano ..." (Camões) (há tanta guerra)

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Observações lª) A omissão da conjunção que (4il frase) é exemplo de elipse. O assíndeto ocorre com conjunções coordenativas. 211)

Não há como negar a expressividade trazida pela omissão de determinados termos, em especial o verbo. Os dois últimos exemplos, sem dúvida, perderiam o brilho, a força, se os verbos tivessem sido escritos.

3. Zeugma Omissão de um termo, geralmente o verbo, que já foi utilizado anteriormente. É um tipo especial de elipse: A mulher estuda de manhã; o marido, à noite. "São estas as tradições das nossas linhagens; estes os exemplos de nossos avós." Alexandre Herculano) "O mar é -lago sereno, O céu - um manto azulado." (Casimiro de Abreu) "...mesmo que o pão seja caro e a liberdade, pequena." (Ferreira Gullar)

Observações 1il) Sinta como a omissão das formas verbais estuda, são, é e seja deixa as construções mais leves, agradáveis. 2'1)

Deve o leitor ter estranhado a pontuação de Casimiro de Abreu, no último exemplo: travessão entre o sujeito e seu predicativo. Isso era comum no Romantismo brasileiro. Hoje, é uma pontuação anacrônica.

Por excesso ou repetição 1. Polissíndeto É o oposto do assíndeto, ou seja, é a repetição estilística, expressiva da conjunção aditiva. Muito fácil de se reconhecer: Com a palavra se dá ajuda, e se dá alívio, e se cura, e se redime. "Ama,e treme, e delira, e voa, e foge, e engana." (Alberto de Oliveira) "Trejeita, e canta, e ri nervosamente." (Padre Antônio Tomás) "E treme, e cresce, e brilha, e afia o ouvido, e escuta ..." (Olavo Bilac) "Que as Estrelas e o Céu e o Ar vizinho .." (Camões) APÊNDICE

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"...Dum roxo macerado e dorido e desfeito ..." (Guerra Iunqueiro) Nota: É livre o emprego da vírgula antes de e, no polissíndeto. Compare os dois últimos exemplos com os demais. 2. Pleonasmo Repetição enfática de um termo (pleonasmo sintático) ou de uma idéia (pleonasmo semântico): A ti, ninguém te fará nada. De José, com certeza todos ali gostam muito dele. "Eu vigio o gado, e ele me vigia a mim." (Fr, L. de Sousa) "Ã doente trouxeram-lhe uma xícara de caldo que ela pareceu beber com gosto." (A.Garrett)

"As estrelas no alto abrigo, Mais alegre fico a vê-Ias ..." (José Albano) "Mas a grande recompensa

teve-a ele em casa." (M. Lobato)

Vi tudo com meus próprios olhos. Segurou os livros com suas mãos enormes. "Fez- me chorar a sua carta lágrimas de sangue." (Carnilo Castelo Branco) "Tantos outros assombros da natureza e prodígios inauditos, vistos com os olhos, palpados com as mãos, pisados com os pés." (Padre Antônio Vieira) Observações 1'9 Nos seis primeiros exemplos, temos pleonasmo sintático, ou seja, a repetição enfática de um termo da oração; nos outros, pleonasmo semântico, isto é, da idéia ou sentido. 211) O pleonasmo, se mal empregado, pode ocasionar problemas ao texto.

Veja, mais adiante, em Vícios de Linguagem, o pleonasmo vicioso. 3. Epíteto de natureza Tipo especial de pleonasmo que consiste em atribuir a um substantivo uma qualidade que lhe é inerente. Pode ser chamado apenas de epíteto: A branca neve caía sem cessar. Temia aquele fogo quente. "...dos frios gelos, e dos sóis queimado." (Tomás Antônio Gonzaga)

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"Ó mar salgado ..." (Fernando Pessoa)

"Fogem as neves frias Dos altos montes; quando reverdecem As árvores sombrias." (Camões) 4. Anadiplose Repetição de uma outro, ou no fim de uma Como sofre Coração de

palavra ou expressão no fim de um verso e início de oração e início de outra: o coração, apaixonado.

"Aí, o bem que menos custa, Custa a saudade que deixa!" (Vicente de Carvalho) "Daquele céu de safira Que se mira, Que se mira nos cristais!" (Casimiro de Abreu) "Pescador da barca bela, Inda é tempo, foge dela, Foge dela, Ó pescador!" (Almeida Garrett) "...Por te servir, Deusa serena, Serena Forma!" (Olavo Bilac) 5. Epizeuxe Repetição seguida de um vocábulo: Cheguei hoje, hoje pela manhã. Você, você que tanto me preocupa ... "Teus olhos são negros, negros ..." (Castro Alves) "Correi, correi, ó lágrimas saudosas ..." (Fagundes Varela) "Acabe, acabe a peste matadora ..." (Tomás Antônio Gonzaga) "Voai, voai do Céu para meu lado ..." (Bocage) "Cantai! cantai as límpidas cantigas!" (Antônio Nobre) ""Eram brancas, brancas, brancas ..." (Almeida Garrett) 6. Diácope Repetição de uma palavra intercalada por outra ou outras: Filho, meu filho, não jogue futebol aqui! Li uma notícia, boa notícia que interessa a todos.

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Volte, disse ele, volte logo para casa. "Louco, sim, louco, porque quis grandeza ..." (Fernando Pessoa) "Tu, só tu, puro Amor, com força crua

" (Camões)

"Pouco tão pouco pesará nos braços

" (Fernando Pessoa)

"Só eu velo, só eu, pedindo à sorte ..." (Bocage)

7. Anáfora Repetição de palavra ou expressão no início de versos, orações ou períodos:

Sou uma pessoa bastante esforçada, sou uma pessoa que luta sempre. Riram todos os participantes, riram por causa daquele incidente, riram porque estavam muito tensos. "Se você gritasse, Se você gemesse, Se você tocasse A valsa vienense ..." (Carlos Drummond

de Andrade)

"Era a larva agarrada a absconsas landes, Era o abjecto vibrião rudimentar ..." (Augusto dos Anjos) "Viu uma lua no céu, Viu outra lua no mar." (Alphonsus de Guimaraens) "Avida é flor na corrente, A vida é sopro suave, A vida é estrela cadente, Voa mais leve que a ave ..." (João de Deus)

8. Epístrofe RepetiçãO de palavra ou expressão períodos:

no final de versos. orações ou

Estávamos todos deitados, pretendíamos

continuar deitados.

Houve muita confusão, não entendemos

a confusão, tivemos

medo da confusão. "Procuro dizer o que sinto Sem pensar em que o sinto." (Fernando Pessoa) "Outra vez te revejo, Mas, ai, a mim não me revejo!" (Fernando Pessoa)

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"Estavam todos voltados para a vida Absortos na vida Confiantes na vida." (Manuel Bandeira) 9. Símploce Repetição no início e no fim, ao mesmo tempo. Ou seja, é a simultaneidade da anáfora e da epístrofe: Vamos, companheiros, sonhar um pouco, vamos todos sorrir um pouco. "Como é misterioso nascer! Como é escuro nascer! Como é úmido nascer!" (Augusto Frederico Schmidt) "Sempre uma coisa defronte da outra, Sempre uma coisa tão inútil como a outra ..." (Fernando Pessoa) IO.Antanáclase ou diáfora Repetição de homônimos ou de uma palavra usada com sentidos diferentes. Também há antanáclase quando uma palavra se alterna com outra ue é parte dela: Não tenhamos pena se a sua pena for severa. O segundo entrevistado agiu segundo sua intuição. "Em pós de um sonho vão, em vão se cansa." (Raimundo Correia) Ele não apenas usa, mas também abusa. "Este mundo é uma bola que rebola sempre." (Camilo Castelo Branco) II.Antimetábole Repetição de palavras colocadas em outra ordem, estabelecendo contraste: Se todas as pessoas viverem entre os animais, os animais parecerão pessoas. "Onde os meninos camparem de doutores, passarão de meninos." (Rui Barbosa)

os doutores

não

"De certos homens dizia Sócrates, que não comiam para viver, mas que só viviam para comer." (Padre Antônio Vieira)

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12.Epanadiplose Repetição de uma palavra ou expressão no começo de um verso ou período e no final do seguinte. Não confunda coma epanalepse: Voltaram felizes para casa. Realmente, todos voltaram. A árvore será derrubada. Ninguém defenderá a preservação da árvore? "Vozes veladas, veludosas vozes, Volúpias dos violões, vozes veladas ..." (Cruz e Sousa) Nota: No primeiro verso, encontra-se uma epanalepse: vozes ...vozes. (Veja a seguir)

13.Epanalepse Repetição de uma palavra ou expressão no início e no fim de um mesmo verso ou período: Viver é maravilhoso, mas é importante saber viver. Agora só preciso de uma coisa: que me procurem agora. "Benditos monges imortais benditos ..." (Cruz e Sousa) "Qualquer música, ah, qualquer." (Fernando Pessoa) Observações Ia)

Também se considera epanalepse a repetição de palavras no meio de orações seguidas: Esperavam tudo dos amigos, rogavam tudo à família, mas negavam tudo à sociedade em que viviam. "Divertem-nos a atenção os pensamentos, suspendem-nos a atenção os cuidados, prendem-nos a atenção os desejos, roubam-nos a atenção os afetos." (Padre Antônio Vieira)

2ª) É muito parecida com a epanadiplose. Nesta, há necessariamente dois versos ou períodos: Tristes palavras me disseram, tristes. Epanalepse -7 início e fim do mesmo período Tristes palavras me disseram. Agora, quando estou mais maduro, elas não me parecem tristes. Epanadiplose -7 início de um período e fim do seguinte .

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311) Nos dois versos que constituem o último exemplo de epanadiplose, temos também uma epanalepse. Ela ocorre no primeiro verso, em que a primeira palavra é também a última: "Vozes veladas, veludosas vozes ..." 411) Na realidade, há muita controvérsia em relação a essa figura. Para muitos, epanalepse é o nome genérico das figuras de repetição. 14.Epanástrofe Repetição de um verso ou oração, com inversão da ordem de suas palavras: Brincavam os dois meninos, os dois meninos brincavam. "Minha viola bonita, Bonita viola minha ..." (Mário de Andrade) "Soam suaves, sonolentos, Sonolentos e suaves ..." (Eugênio de Castro) 15.Epânodo Repetição de palavras seguidas de explicações para cada uma delas, m separado: Paulo e Antônio estavam muito felizes. Paulo porque se tornou universitário; Antônio porque conseguiu uma namorada. "Aprudência é filha do tempo e da razão; da razão pelo discurso, do tempo pela experiência." (Padre Antônio Vieira) 6.Quiasmo ou conversão Repetição simétrica, em que as palavras se cruzam como um x. Pode aver alterações nas palavras. Muito parecido com a epanástrofe: Pedia ajuda aos amigos, aos amigos pedia fé. "Ela tremia e corava, Corava e tremia eu." (Juvenal Galeno) "Uma ilusão gemia em cada canto, Chorava em cada canto uma saudade!" (Luís Guimarães Iúnior) "Tinhas a alma de sonhos povoada, E a alma de sonhos povoada eu tinha." (Olavo Bilac)

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Por transposição 1. Hipérbato É qualquer alteração na ordem dos termos da oração, bem como a inversão de orações no período: De você preciso muito. (preciso muito de você) Inteligente ele sempre foi. (ele sempre foi inteligente) A casa vou visitar em que nasci. (vou visitar a cada em que nasci) "Essas que ao vento vêm Belas chuvas de junho!" (Joaquim Cardozo) (essas belas chuvas de junho que ao vento vêm.) "E contudo os olhos de ignóbil pranto Secos estão." (Gonçalves Dias) (e contudo os olhos de ignóbil pranto estão secos) "Aberta em par estava a porta." (Almeida Garrett) (a porta estava aberta em par) "O som longínquo vem-se aproximando Do galopar de estranha cavalgada." (Raimundo Correia) (o som longínquo do galopar de estranha cavalgada vem-se aproximando) "De ti data essa trágica linhagem." (Antero de Quental) (essa trágica linhagem data de ti) 2. Anástrofe Tipo particular de hipérbato em que o termo regido (com preposição) antepõe-se ao termo regente: Ele amava de seus olhos o brilho intenso. (o brilho intenso de seus olhos) Adorou de seus lábios o sabor ameno. (o sabor ameno de seus lábios) "Vingaí a pátria ou valentes Da pátria tombai no chão." (E Varela) (tombai no chão da pátria) E galopas do vale através ..." (Álvares de Azevedo) (através do vale)

u •••

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"Do mar à borda eu me debruço aflito." (Raimundo Correia) (à borda do mar) "Onde estão da casinha os habitantes?" (os habitantes da casinha)

(Castro Alves)

"Desceu da escada o mármore polido." (Alberto de Oliveira) (o mármore polido da escada) Nota: Alguns gramáticos destacam um tipo especial de hipérbato que consiste numa inversão violenta, a ponto de o sentido ficar prejudicado. Não consideramos, por ser de mau gosto, a sínquise como figura de linguagem. Melhor seria incluí-Ia nos vícios de linguagem: "Enquanto manda as Ninfas amorosas Grinaldas nas cabeças pôr de rosas." Entenda-se: Enquanto manda as Ninfas amorosas pôr grinaldas de rosas nas cabeças. O sujeito de manda é ela (Vênus, como se depreende da leitura de todo o poema). 3. Parêntese Interposição de expressões ou orações ao sentido geral do texto. Podem ser usados parênteses, vírgulas ou travessões: Naquela tarde especial, estávamos todos apreensivos (não sei se havia algo mais) por causa do temporal que se avizinhava. Vamos fazer (Deus nos proteja!) o que deve ser feito.

-o Netuno

(lhe disse), não te espantes ..." (Camões)

"Ora, se deu que chegou (isso já faz muito tempo) no bangüê dum meu avô uma negra bonitinha Chamada negra Fulô." (Jorge de Lima)

Por discordância 1. Anacoluto Quebra da estruturação sintática de uma frase, de que resulta ficar um termo sem função sintática no trecho: Meu irmão, quem pediria isso a ele? Existe na frase um aparente pleonasmo. Acontece que Meu irmão não tem função sintática. Veja a análise dos termos: sujeito: quem; objeto direto: isso; objeto indireto: a ele.

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Se a frase fosse "Ameu irmão, quem pediria isso a ele?', teríamos um pleonasmo sintático, sendo A meu irmão o objeto indireto, e a ele, o indireto pleonástico. Seria possível colocar A meu irmão no lugar de a ele: isso é pleonasmo. No exemplo dado, não é possível tal substituição, porque Meu irmão está sem função sintática. a realidade, o termo fica em destaque, mas solto, sem valor sintático algum. Outros exemplos: Nós, poucos ali se importavam

conosco.

Marcos, creio que todos confiam nele. "Eu, parece-me que sim; pelo menos nada conheço, que se lhe aparente." (Sá-Carneiro) "Essas criadas de hoje não se pode confiar nelas." (Aníbal Machado) "Avelha hipocrisia recordo-me hoje dela com vergonha." (Carnilo Castelo Branco) "Umas carabinas que guardava atrás do guarda-roupa, a gente brincava com elas, de tão imprestáveis." (José Lins do Rego) 2. Hipálage É a adjetivação de um termo em vez de outro: Ouvi o choro desesperado de uma criança. (criança desesperada) Estávamos no quarto romântico de uma mulher solteira. (mulher solteira e romântica) "Avaia amarela dos papagaios Rompe o silêncio da despedida." Andrade) (papagaios amarelos)

(Carlos Drummond

de

"Astias, fazendo as suas meias sonolentas ..." (Eça de Queirós) (tias sonolentas) "No silêncio orvalhado da manhã." (Miguel Torga) (manhã orvalhada) "...A dupla correnteza augusta das fachadas ..." (Cesário Verde) (fachadas augustas) "...Pálida sombra de mulher formosa ..." (Álvares de Azevedo) (mulher formosa e pálida)

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'ota: Igualmente existe hipálage numa frase do tipo "enfiou o chapéu na cabeça", pois o ato de enfiar está atribuído ao chapéu, e não à cabeça, o que eria lógico. 3. Enálage Emprego de um tempo verbal por outro, para dar mais expressividade frase: Se eu não chegasse a tempo, ganhava uma advertência. (ganhava por ganharia) O que seria de nós, não fora sua infinita paciência. (fora por fosse) "Eu perdera chorando essas coroas Se eu morresse amanhã!" (Álvares de Azevedo) (perdera por perderia) "Agora que murcharam teus loureiros Fora doce em teu seio amar de novo." (Álvares de Azevedo) (fora por seria) . 'ota: Também se considera enálage a troca de classe gramatical de uma alavra. Veja o brilhar das estrelas. (brilhar - de verbo a substantivo) Eles chegaram ligeiro. (ligeiro - de adjetivo a advérbio) -1. Silepse ou sínese É a concordância feita com a idéia, e não com o termo presente na - ase. Por isso mesmo, é conhecida como concordância ideológica. Pode ser: a) de gênero: Alguém te procurou. Estava preocupada. Admiro a dinâmica Belo Horizonte. "Conheci uma criança ...mimos e castigos pouco podiam com ele." (Almeida Garrett)

"v. Ex.s parece

magoado ..." (Carlos Drummond

de Andrade)

b) de número: Essa gente está sempre reclamando. Criam muitos problemas. É muito boa essa família: nunca nos incomodaram.

"Corria gente de todos os lados, e gritavam." (Mário Barreto) APÊNDICE 4 FIGURAS DE UNGUAGEM

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"Plantava tudo que era verdura, que ficavam velhas no chão." (José Lins do Rego) "O resto do exército realista evacua neste momento Santarém; vão em fuga para o Alentejo." (Almeida Garrett) c) de pessoa: Os modernos

conseguimos

grandes vitórias sobre esse mal.

Os homens somos necessitados "Os amigos nos revezávamos Queirós) "Os portugueses

de amparo espiritual. à sua cabeceira."

sois assim feitos."

"Dizem que os cariocas somos públicos." (Machado de Assis)

(Sá

(Amadeu de

de Miranda)

pouco

dados

aos jardins

5. Hendíadis Emprego de dois substantivos ligados por conjunção em vez do emprego mais lógico, que seria a subordinação:

coordenativa,

Era uma festa de luzes e cores. (de luzes e cores = de luzes coloridas) Admirávamos o canto e os pássaros. (o canto e os pássaros = o canto dos pássaros) "Acorda ao colo, nu de seda e pano ..." (Camões). (de seda e pano = de pano de seda) "O prêmio e glória dão por que mandou ..." (Camões) (prêmio e glória = prêmio glorioso)

DE HARMONIA 1. Onomatopéia Palavra que representa graficamente o som da coisa: O trilar do apito encerrou o jogo. Era medonho o ribombar

dos canhões.

Estavam todos silenciosos, quando ...Bum! Não agüentava mais aquele tique-taque "Não se ouvia mais que o plíc-plíc-plíc-plíc (Machado de Assis)

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insistente. da agulha no pano."

"...E as xícaras já tilintavam na bandeja." (Aníbal Machado) "Sino de Belém bate bem-bem-bem."

(Manuel Bandeira)

"O longo vestido longo da velhíssima senhora frufrulha no alto da escada." (Carlos Drummond de Andrade) 2. Aliteração Repetição de sons consonantais, sonoridade: Todo tatu tem toca.

com o objetivo

de criar maior

Quero a corda mais curta. "Que a brisa do Brasil beija e balança." (Castro Alves) "Me deixa ser teu escracho, Capacho, teu cacho, riacho de amor... Quando a lição é de esculacho, Olha aí, sai de baixo, que eu sou professor!" (Chico Buarque) "O vento vem vindo de longe ..." (Cecília Meireles) "...Soam suaves, sonolentos ..." (Eugênio de Castro) "Ruem por terra as emperradas

portas." (Bocage)

"Rápido o raio rútilo retalha." (Raimundo Correia) "O telefone é uma estrela. Ele se estrela todo estridente gritos ao soar de repente em casa." (Clarice Lispector)

em

. ota: É comum a aliteração ser utilizada com fins onomatopaicos. É o caso dos quatro últimos exemplos, nos quais a repetição dos sons consonantais procura lembrar determinadas coisas. Há, então, concomitância de aliteração e onomatopéia. 3. Sinestesia Consiste na interpenetração de sentidos: Era um som áspero, desagradável. som -7 audição áspero -7 tato Ouviu-se um ruído pesado. ruído -7 audição pesado -7 tato "Há rastros de luz macia." (Joaquim Cardozo) luz -7 visão macia -7 tato APÊNDICE 4 FIGURAS DE UNGUAGEM

417

"Aculpa é das sombras das bananeiras de meu país, esta sombra mole, preguiçosa." (Carlos Drummond de Andrade) sombra -7 visão mole -7 tato "Quando bebo teu hálito mais puro Que o bafejo inefável das esferas ..." (E Varela) Nota: este último exemplo, não é clara a união de sentidos. ão se encontram, aí, substantivo e adjetivo nos quais se realize tal aproximação. O verbo beber sugere tato ou paladar, enquanto hálito, sem dúvida, olfato. Pode, assim, a sinestesia vir expressa na ligação de um verbo com um substantivo. Um exemplo bem sugestivo do que acabamos de explicar é o do poeta Ronald de Carvalho: "Gela o som ..." 4. Assonância Repetição de sons vocálicos iguais, em sílaba tônica: S6 agora posso ter a bola. "Sou um mulato nato no sentido lato ..." (Caetano Veloso) "Duma nuança mansa que não cansa." (Emiliano Perneta) "Fada encantada,

em teu regaço lasso ..." (Castro Alves)

"E as cantilenas de serenos sons amenos ..." (Eugênio de Castro) Nota: A repetição de determinados sons vocálicos pode ser desagradável. Ao invés de criar frases agradáveis, eufônicas, pode dar origem a construções que melhor será considerar vício de linguagem. Por exemplo, a terminação ão. Ela é de tal forma corriqueira, que acaba empobrecendo o trecho, devendo ser evitada, na medida do possível. ão pense o leitor que uma frase do tipo "João e o irmão do capitão irão à estação" valorizará seu texto. 5. Paronomásia Emprego expressivo de parônimos: Com discrição fez a descrição do ambiente. "Os magnetes Antônio Vieira)

atraem o ferro; os magnatas

o ouro." (Padre

"Aarte de versejar rende pouco: baladas não são boladas." (Agripino Grieco) Nota: Tem-se verificado alguma confusão entre a antanáclase e a paronomásia. Alguns autores as consideram a mesma coisa. Convém distinguir as duas, no entanto. A palavra paronomásia se formou de parônimo,

418

GRAMÁTICA

OBJETIVA DA ÚNGUA RENATO AQUINO

PORTUGUESA

daí ser ela o emprego desse tipo de palavra com fins de expressividade. A antanáclase (q. ver) é emprego de homônimos ou de palavra que se alterna com outra que é parte dela: Quem sabe viver sabe conviver. (antanáclase) Deixou o conserto do carro para ir ao concerto no Municipal. (Antanáclase) Nem todo intimorato é intemerato.

(Paronomásia)

FIGURAS DE PENSAMENTO 1. Antítese ou contraste Emprego de palavras ou expressões de sentido contrário: "...Que recompensa os bons, que os maus castiga." (Bocage) "O que dá pra rir dá pra chorar." (Billy Blanco) "E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento." (Vinícius de Moraes) "Estes edificam, aqueles destroem; estes sobem pelos degraus da honra, aqueles outros descem." (Padre Manuel Bernardes) "Sorrir em meio dos pesares e chorar em meio das alegrias." (Manuel Bandeira) "Avirtude é feliz na sua desgraça, o vício infeliz na sua ventura." (Marquês de Maricá) "Era o porvir em frente do passado, A liberdade em frente à escravidão." (Castro Alves) que mostra o céu, prendendo-nos Carvalho) u •••

"Se os ditosos vos lerem sem ternura, Ler-vos-ão com ternura os desgraçados."

à terra ..." (Vicente de

(Bocage)

2. Cominação, imprecação, diatribe ou objurgatória Consiste numa explosão emocional, uma espécie de maldição ameaça: "Maldita sejas pelo ideal perdido!" (alava Bilac)

ou

"Astros! noite! tempestades! Rolai das imensidades! Varrei os mares, tufão!" (Castro Alves)

APÊNDICE 4 FIGURAS DE UNGUAGEM

419

"Nem mais um passo, cobardes! Nem mais um passo, ladrões!" (Castro Alves) "Vão para o diabo sem mim, Ou deixem-me ir sozinho para o diabo! Para que havemos de ir juntos?" (Fernando Pessoa) "O dia em que nasci morra e pereça ..." (Camões) "Conteve-se o bárbaro - Mísero cão!" (Fagundes Varela) 3. Deprecação ou obsecração Consiste num pedido simplesmente, num convite:

fervoroso,

numa

súplica

comovente

ou,

"Perdoa as duras frases que me ouviste: Vê que inda sangra o coração ferido, Vê que inda luta moribundo em ânsias Entre as garras da morte." (Gonçalves Dias) "Senhor, não deixes que se manche a tela Onde traçaste a criação mais bela De tua inspiração." (Castro Alves) "Enquanto pasta alegre o manso gado, Minha bela Marília, no sentemos À sombra deste cedro levantado." (Tomás Antônio Gonzaga) "Entra, e sob este teto encontrarás

abrigo." (Alceu Wamosy)

"Perdoa, minha mãe - eu te amo ainda!" (Álvares de Azevedo) 4. Gradação Consiste na apresentação isso, temos a seguinte divisão: •

progressiva

ou regressiva das idéias. Por

Gradação ascendente ou clímax: apresentação progressiva das idéias: Ele anda, corre, voa. Falava, gritava, berrava como um possesso. "Tão dura, tão áspera, tão injuriosa palavra é um Não!" (Padre Antônio Vieira) "Mais dez, mais cem, mais mil e mais um bilião, uns cingidos de luz, outros ensangüentados ..." (Machado de Assis) "Um coração chagado de desejos Latejando, batendo, restrugindo ..." (Vicente de Carvalho)

420

GRAMÁTICA

OBJETIVA DA ÚNGUA RENATO AQUINO

PORTUGUESA



Gradação descendente ou anticlímax: apresentação regressiva das idéias: Em sua mente confusa, sumia o país, o estado, a cidade em que nasceu. Esperneava, gritava, gemia. Na infância, miserável.

era rico; na juventude,

pobre; na velhice, um

"Eu era pobre. Era um subalterno. Era nada." (Monteiro Lobato) "...Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada." (Gregório de Matos) "Inda tenho este abrigo, inda me resta O pranto, a queixa, a solidão, e a morte." (Bocage) 5. Eufemismo Consiste no abrandamento de uma idéia desagradável. É conhecido como linguagem diplomática: Bem velhinho já era meu avô quando Deus o chamou. Apoderou-se do que não lhe pertencia. "Roga a Deus, que teus anos encurtou ..." (Camões) "Levamos-te Bandeira)

cansado

ao teu último

endereço."

(Manuel

"Alguém dali tomou perpétuo sono E fez da vida ao fim breve intervalo." (Camões) 6. Prosopopéia

ou personificação

Consiste em atribuir a outros seres ações próprias dos seres humanos. Veja que personificação é o ato de personificar, ou seja, tratar algo ou um animal como pessoa: As flores sentiam saudades minhas. A Lua era nossa testemunha. "Lá fora, no jardim que o luar acaricia ..." (Olegário Mariano) "Aolonge, o mar na solidão gemendo, Arrebentava em uivos e lamentos." (Luís Guimarães Iúnior) "Marcham Bandeira)

para o levante

as nuvens

langorosas."

(Manuel

"Quando ela serenava ...a flor beijava-a ..." (Castro Alves) APÊNDICE 4 FIGURAS DE UNGUAGEM

421

"...A flor do vale que adormece ao vento ..." (Álvares de Azevedo) "Maliciosas em tentação, Bandeira) "Os altos promontórios

riem amoras orvalhadas."

o choraram

"Nas naves etéreas o vento gemeu

(Manuel

" (Camões) " (Castro Alves)

7. Prolepse ou antecipação Há dois tipos de prolepse: • Antecipação feita pelo autor de uma objeção supostamente pelo interlocutor, com o fim de refutá-Ia ou destruí-Ia: Sei que você me dirá estar na hora de desistir.

elaborada

"Vejo que me perguntais por que Deus não dá o mesmo dom aos pregadores." (Padre Antônio Vieira) •

Emprego antecipado de um termo, tirando-o de sua oração original: A primavera parece que vem chegando. As aves tudo indica que migrarão ainda neste mês. "O próprio ministro dizem que não gostou do ato." (Machado de Assis)

8. Hipérbole Consiste em exagerar as coisas, de tal forma que se extrapole realidade: Tenho um milhão de coisas para fazer.

a

Faz séculos que não o vejo. "O povo estourava de riso." (Monteiro Lobato) "Teus ombros Andrade)

suportam

o mundo."

(Carlos Drummond

de

"Que pegue um táxi e venha voando." (Ciro dos Anjos) "Eu tenho um coração maior que o mundo!" (Tomás Antônio Gonzaga) "Sofro todo o infinito universal pesar." (Olavo Bilac) 9. Comparação

ou símile

Aproximação de dois ou mais seres, quando há entre eles um elemento comum, por meio de um conectivo comparativo: Seus olhos brilhavam como diamantes.

422

GRAMÁTICA

OBJETIVA DA ÚNGUA RENATOAQUINO

PORTUGUESA

Meu avô agiu feito uma criança. "O favo da jati não era doce como seu sorriso ..." (José de Alencar) "Respira a alma inocência Como perfumes a flor." (Casimiro de Abreu) "Duas opulências que se realçam, alabastro ..." (José de Alencar)

como a flor em vaso de

"Apraça! A praça é do povo Como o céu é do condor," (Castro Alves) "O seu riso era triste como o inverno ..." (Fagundes Varela) Nota: O símile é a base da metáfora. Se, em lugar deste último exemplo, disséssemos "O seu riso era o inverno", sem o conectivo como e sem o elemento comum aos dois (triste), teríamos uma metáfora. 1O.Alusão Apreciação de algo ou alguém com referência a um fato ou a um personagem bastante conhecidos: Tudo queimava rapidamente; parecia o circo de Niterói. Senti claramente Aquiles.

que ali eu encontraria

o meu calcanhar

de

"Fugi das fontes: lembre-vos Narciso." (Camões) "Outro Aretino fui, a mocidade ..." (Bocage) "Não é como a de Horácio a minha musa ..." (Gonçalves Dias) Observações Ill)

Circo de Niterói é uma alusão ao incêndio de um circo nessa cidade do Rio de Janeiro, tristemente famoso pela quantidade de vidas que tirou e pelas circunstâncias dramáticas em que ocorreu.

211)

Calcanhar de Aquiles é uma alusão à mitologia grega. O calcanhar era a única parte vulnerável de Aquiles, exatamente que o levou à morte.

311) Na mitologia grega, Narciso era um pastor que se apaixonou por sua imagem refletida nas águas de uma fonte. Foi, por isso, destruído. A palavra narcisismo quer dizer "vaidade excessiva". 411) Aretino (Pietro Aretino) foi um escritor italiano que viveu entre os séculos XVe XVI.Ficou famoso por sua obra licenciosa e malévola.

APÊNDICE 4 FIGURAS DE UNGUAGEM

423

Bocage, arrependido de seus atos mundanos, soneto escrito no leito de morte. SlI)

alude a ele em seu

Horácio (Quintus Horatius Flaccus) foi um grande poeta romano, famoso por sua arte e sua filosofia de vida.

11.Perífrase ou circunl6quio Emprego de muitas palavras no lugar de uma s6 ou de poucas: Os que escrevem livros agradecerão. Isto é: escritores "De quantos bebem a água de Parnaso ..." (Camões) Ou seja: poetas. "Rosa tocada do cruel granizo ..." (Casimiro de Abreu) Cruel granizo: morte. Nota: Quando a perífrase é utilizada para substituir um nome próprio, recebe o nome de antonomásia, um tropo já estudado. Liguemo-nos sempre ao Divino Mestre. Divino Mestre: Jesus. 12.Ap6strofe Consiste numa interpelação direta a alguém personificada: Meus amigos, esta é uma noite especial. Vejam, crianças, aquela árvore frondosa. "- Senhor, minha casa é pobre ... Ide bater a um solar!" (Castro Alves)

ou alguma

"Não chores, meu filho: Não chores, que a vida É luta renhida: Viver é lutar." (Gonçalves Dias)

"6 alma silenciosa e compassiva Que conversas com os Anjos da Tristeza ..." (Cruz e Sousa) "6 palmeira da serra que eu vejo todo dia ..." (Alberto de Oliveira) "Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus!" (Castro Alves)

424

GRAMÁTICA

OBJETIVA DA ÚNGUA RENATO AQUINO

PORTUGUESA

coisa

13.Ironia ou antífrase Consiste em dizer-se o contrário do que se quer, com a finalidade de criticar ou satirizar: Antônio acertou dez por cento das questões. Que inteligente! Vejam que belo exemplo de nossos políticos: aumentar salários em época de recessão.

seus

"Aexcelente dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças." (Monteiro Lobato) 14. Paradoxo ou oximoro Tipo especial de antítese que consiste num jogo de palavras contrárias que, aparentemente, se excluem, mas que se enlaçam: Ele é um pobre menino rico. A saudade é um doce amargo. "Dor, - tu és um prazer!" (Castro Alves) "O mito é o nada que é tudo." (Fernando Pessoa) u ••• É um contentamento descontente, É dor que desatina sem doer." (Camões)

" calor que provoca arrepio." (Caetano Veloso) " És a um tempo esplendor e sepultura." (Olavo Bilac) 15.Lítotes É a afirmação de algo pela negação de seu contrário: Ele não é baixo. (Ele é alto) Não fui mal na prova. (Fui bem na prova) "Tu não estás bom, José Rodrigues." (Machado de Assis) Observações 1li) Alítotes, dependendo da construção e da intenção do emissor, pode ser sinônima de eufemismo, quando visa a suavizar uma idéia desagradável: Não foi feliz com suas palavras. (Foi infeliz, ou seja, estúpido, desaforado) 2l1)

Também se entende por lítotes qualquer situação em que se tenta, por humildade, mesmo que fingida, atenuar algo: Venho falar-lhes como o mais simples de todos aqui presentes. "Eu que a pobreza de meus pobres cantos ..." (Castro Alves) APÊNDICE 4 FIGURAS DE UNGUAGEM

425

16.Sujeição ou subjeção Consiste em se fazer uma pergunta e, a seguir, apresentar a resposta: Quem se apresentou primeiro para o trabalho? Exatamente o mais preguiçoso. Você tem dinheiro? Sim, com certeza você tem. "Quem é o verdadeiro rico? Aquele que não quer nada." (Padre Antônio Vieira) "Foi saudade? Foi dor? - Foi tanta agrura Que eu nem sei se foi dor ou foi saudade!" (Augusto dos Anjos) "Chove? Nenhuma chuva cai.,." (Fernando Pessoa) "São estes os sítios? São estes; mas eu O mesmo não sou." (Tomás Antônio Gonzaga)

EXERCíCIOS 568) No verso "Acorda cedo como os passarinhos existe uma figura chamada:

...", do poeta português

Eugênio de Castro,

a) hipérbato b) metáfora c) símile d) meto nímia 569) Observe os versos abaixo, de Raul de Leoni. " ...É a imensa aspiração de ser divino, No supremo Neles podemos

prazer de ser humano!" reconhecer

uma figura de pensamento

conhecida

como:

a) prosopopéia bl antítese c) eufemismo d) hipérbole 570) S6 não há metáfora a)

"Somente

em:

a ingratidão

- esta pantera ..." (Augusto dos Anjos)

b) "As fontes de minha terra são mãos em concha ..." (Francisco Karam) c)

"Meu coração desce, Um balão apagado ..." (Camilo Pessanha)

d) "Eu durmo e vivo ao sol como um cigano ..." (Álvares de Azevedo)

426

.............. GRAMÁTICA

OBJETIVA OA ÚNGUA RENATO AQUI NO

PORTUGUESA

571) No verso "Eu s6 tenho a lira e a cruz.", de Junqueira Freire, existe uma figura chamada: a) eufemismo

c) metonímia

b) anástrofe

d) antonomásia

572) No verso "Fogem fluidas, fluindo à fina flor dos fenos ...", de Eugênio de Castro, encontra -se um recurso estilístico chamado: a) assonância

c) anáfora

b) aliteração

d) prolepse

573) Assinale a opção em que se encontra

um exemplo de zeugma.

a) "Onde nos vimos n6s? ..És doutra esfera?" (Castro Alves) b) "...Passou do berço pra brincar no céu." (Casimiro de Abreu) c) "Que paz tranqüila ..," (Soares de Passos) d)

u •••

Que às vezes é pelourinho,

Mas poucas vezes - altar," (Castro Alves) 574) Em" ...Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.", Fernando Pessoa utiliza uma figura de construção conhecida como: a) polissíndeto

c) epístrofe

b) assíndeto

d) símploce

575) Leia os versos abaixo. "Que importa do nauta o berço ..." (Castro Alves) "Amirn ensinou-me tudo." (Fernando Pessoa) As figuras presentes

são, respectivamente:

a) hipérbato e anacoluto

c) anástrofe e anacoluto

b) anástrofe e pleonasmo

d) hipérbole e pleonasmo

576) No verso" ...Faz da tu'alma lâmpada do cego ..", de Cruze Sousa, temos um exemplo de: a) metonimia c) metáfora d) perífrase b) antítese 577) O verso "Tu, sim, tu eras alguém!", de Mário de Sá-Carneíro, a) elipse

c) diácope

b) assíndeto

d) paronomásia

578) Leia os dois versos abaixo, do poeta Femando "...Sinto mais longe o passado, Sinto a saudade mais perto." Eles exemplificam

é exemplo de:

Pessoa.

as seguintes figuras de linguagem:

a) anáfora e metonímia

c) elipse e silepse

b) epístrofe e antítese

d) anáfora e antítese

APÊNDICE 4 FIGURAS DE UNGUAGEM

427

579) No verso "Bebendo a luz dos teus olhos ..", o poeta Caldas Barbosa se utiliza de uma: a) hipérbole c) hipálage b) prosopopéia d) sinestesia 580) Observe os dois versos abaixo, do poeta José Albano. "Onde está o céu risonho? No meu sonho." Neles, o autor faz uma pergunta a) sujeição b) assonãncia

e, a seguir, dá a resposta. Isso é conhecido c) epizeuxe d) parêntese

como:

581) Que figura de linguagem ocorre nos versos abaixo, de Gonçalves Dias? "Eis rebenta a meus pés um fantasma, Um fantasma d'imensa extensão ..." a) ironia b) pleonasmo

c) anadiplose d) onomatopéia

582) Só não há antítese em a) u ••• Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada ..." (Gregório de Matos) b) u ••• Colhendo males pelo bem que fiz ..." (Olegário Mariano) c) "Cada minuto de vida Nunca é mais, é sempre menos." (Cassiano Ricardo) d) "Já foste alegre e hoje és triste ..." (José Albano) 583) Que figura de linguagem aparece nos versos abaixo, de Fernando "Meu coração é um almirante louco Que abandonou a profissão do mar ..." c) comparação a) catacrese d) elipse b) metáfora

Pessoa?

584) Assinale o erro na identificação da figura de linguagem. a) "Na praia lá da Boa Nova, um dia, Edifiquei (foi esse o grande mal) ..." (Antônio Nobre) - parêntese b) "O seu filho não lhe faltam noivas." (Camilo Castelo Branco) -pleonasmo c) "Eu sou a que no mundo anda perdida Eu sou a que na vida não tem norte ..." (Florbela Espanca) - anáfora d) "Já o verme- metáfora

este operário das ruínas ..." (Augusto dos Anjos)

585) No verso " ... E rir meu riso e derramar encontramos as seguintes figuras: a) polissíndeto e hipérbato b) anáfora e pleonasmo

428

GRAMÁTICA

meu pranto .. ", de Vinícius c) anáfora e anacoluto d) polissíndeto e pleonasmo

OBJETIVA DA ÚNGUA RENATO AQUINO

PORTUGUESA

de Moraes,

586) Veja os versos abaixo, de Carlos Drummond de Andrade. "Tem poucos, raros amigos O homem atrás dos 6culos e do bigode." Neles há uma figura conhecida como: a) hipérbato c) quiasmo b) anástrofe d) silepse 587) Leia os versos abaixo, de Carlos Drummond de Andrade. "Café preto que nem a preta velha Café gostoso Café bom." Não está presente no texto: a) metonímia c) epíteto de natureza b) anáfora d) comparação 588) Veja os versos a seguir, de Mário de Sá -Carneíro, "...A vida corre sobre mim em guerra, E nem sequer um arrepio de medo!" O trecho apresenta uma figura conhecida como: a) eufemismo c) elipse b) ironia d) sinestesia 589) No verso "E o hábito de sofrer, que tanto me diverte ...", de Carlos Drummond Andrade, encontramos uma figura chamada: a) prosopopéia c) paradoxo b) diácope d) parêntese

de

590) Observe os versos abaixo, de Sidney Miller. "Sou violeiro caminhando s6, Por uma estrada caminhando s6." A figura de sintaxe presente no texto é: a) epizeuxe c) epístrofe b) símploce d) polissíndeto 591) No trecho "Ele ergue os olhos aflitos para o seu algoz", o escritor Femando utiliza de uma figura conhecida como: a) quiasmo c) enálage b) hipálage d) prolepse

Sabino se

592) Em "J á não brincam como crianças as árvores verdes ..." (Ascenso Ferreira), temos: a) hipérbato e metáfora c) hipérbato e meto nímia b) hipérbole e comparação d) hipérbato e comparação 593) O escritor português Carnilo Castelo Branco cá dentro, disse o morgado." Que figura de linguagem está presente no a) catacrese b) pleonasmo

escreveu, em um de seus romances: "Entre trecho? c) assíndeto d) assonância

APÊNDICE 4 FIGURAS DE UNGUAGEM

429

594) No verso "Se uma lágrima as pálpebras um exemplo de: a) hipérbole b) anacoluto

me inunda ...", de Álvares de Azevedo, temos c) personificação d) enálage

595) Leia os versos abaixo, de Gonçalves Dias.

"O Guerreiros

O Guerreiros

da Taba sagrada, da Tribo Tupi,

Falam Deuses nos cantos do Piaga, meus cantos ouvi."

O Guerreiros,

Eles exemplificam

a seguinte figura de linguagem:

a) anadiplose b) onomatopéia

c) assíndeto d) apóstrofe

596) No verso "Perdoai-lhe, se a figura chamada:

Senhor! ele era um bravo!", de Álvares de Azevedo, encontra-

a) sujeição

c) antimetábole d) deprecação

b) perífrase

597) No verso "Goza, goza da flor da mocidade ...', de Gregório de Matos, a repetição seguida da forma verbal é um exemplo de: c) epizeuxe a) antanáclase b) diácope

d) pleonasmo

598) Leia os versos abaixo, do poeta Gregório de Matos. "...te converta essa flor, essa beleza, em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada." Eles exemplificam

uma figura chamada:

a) hipérbole

c) anticlímax

b) epanástrofe

d) símile

599) Leia os versos a seguir, de Castro Alves. "São mulheres desgraçadas, Como Agar o foi também." Neles encontramos

a figura conhecida como:

a) perífrase

c) prolepse

b) alusão

d) eufemismo

600) O poeta português

Bocage escreveu os seguintes versos:

"Deram-se as mãos virtude e formosura, Para criar tua alma e teu semblante." Que figura eles exemplificam? a) prosopopéia

c) metáfora

b) pleonasmo

d) catacrese

430

GRAMÁTICA

OBJETIVA DA ÚNGUA RENATO AQUINO

PORTUGUESA

601) No verso" ...0 vinho, a graça, a formosura,

seguin te figura de linguagem: a) clímax

e providente

temos a

c) assíndeto d) anticlímax

b) apóstrofe 602) Em "Previdente

o luar!", de Guerra Iunqueíro,

amigo!" (Ciro dos Anjos), temos um exemplo de:

a) antonomásia b) metonímia

c) oximoro d) paronomásia

603) Observe os versos abaixo, de Bocage.

"Teus cabelos sutis e luminosos Mil vistas cegam, mil vontades prendem ..." Eles exemplificam

as seguintes figuras de linguagem:

a) metáfora e elipse b) pleonasmo e assíndeto

c) hipérbole e zeugma d) hipérbole e assíndeto

604) Leia os versos abaixo, de Bocage.

"Chorosos versos meus desentoados, Sem arte, sem beleza, e sem brandura ..." Neles encontramos: a) eufemismo e prosopopéia b) Iítotes e prosopopéia 605) Leia a frase seguinte,

c) paradoxo e eufemismo d) epíteto e anacoluto

de Machado de Assis.

"Essa gente já terá vindo? Parece que não. Saíram há um bom pedaço."

606)

Ela é exemplo de: a) epânodo

c) anástrofe

b) silepse de número

d) catacrese

o verso "Minha espada, pesada a braços lassos ...", de Fernando Pessoa, temos: a) assonância

c) antítese

b) paronomásia

d) hipérbole

607) Assinale a alternativa

em que ocorre erro na identificação

da figura.

a) "Minh' alma é triste como o grito agudo Das arapongas no sertão deserto ..." (Casimiro de Abreu) - sírnile b) "O prazer não tem começo E a tristeza não tem fim." (José Albano) - antítese c) "Amim basta-me só esta ventura ..." (João de Deus) -anacoluto d) "Um minutinho, estrangeiro, que o teu café já vem cheirando ..." (Aníbal Machado) - elipse

APÊNDICE 4 AGURAS DE UNGUAGEM

431

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