Fascismos - Por Carlos Ferreira Santos - Ulcv

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O asciism O Fa mo             Por Carlos Ferreira SSantos 

U Universidade e Lusófona de Cabo Verd de – Licenciattura em Direeito – 1º Ano o – 2008/200 09   

     

Dedicatória      A todos aqueles que preferiram não ignorar a existência do Fascismo.                  

Epigrafe   

  “Que sorte para os Ditadores, que os Homens não pensem.”   

 

 

 

 

Adolf Hitler 

            Universidade Lusófona de Cabo Verde – Licenciatura em Direito – 1º Ano – 2008/2009   

Resumo      O presente trabalho tem como objectivo fundamental fazer uma introdução ao “Fascismo” e  tentar compreender os principais factores que contribuíram para a ascensão dos mais variados  movimentos fascistas, focando no entanto os dois principais movimentos fascistas, o Fascismo  Italiano e o Nazismo Alemão.  Tenta também o trabalho lançar as bases para os colegas estudantes mais “curiosos” iniciarem  algum estudo sobre este tema, permitindo ideias e reflexões próprias sobre os Fascismo.  Usando  literatura  variada,  cientifica  e  politica  e  ainda  um  vasto  acervo  sobre  o  assunto  disponível  na  Internet,  abrange  o  trabalho  a  busca  das  origens  do  Fascismo,  a  análise  da  ideologia  criada  pelo  Fascismo,  compara  o  Fascismo,  enquanto  sistema  absolutista  de  um  capitalismo  extremado,  com  o  extremo‐Socialismo,  investigada  o  sucesso  do  Fascismo  enquanto sistema económico e busca a existência dos novos modelos Fascistas, na Sociedade  Moderna.  Vai o trabalho ao ponto de questionar a veracidade da existência de um “fascista” em qualquer  “nacionalista”, deixando no ar a questão da possibilidade da humanidade recorrer ao Fascismo  se  submetido  as  mesmas  condições  que  existiram  e  permitiram  a  ascensão  dos  movimentos  fascistas.  Mais  ainda,  tenta  mostrar  o  trabalho  a  importância  do  entendimento  e  estudo  do  Fascismo,  enquanto  uma  das  movimentações  mais  importantes  da  humanidade,  que  questionou  seriamente o Homem em si, enquanto centro da Sociedade.  Finalmente servem estas informações para a chamada de atenção para algo que a humanidade  deve  evitar  que  volte  a  acontecer,  o  Holocausto,  enquanto  consequência  directa  do  regime  Nazi e até hoje, a pior catástrofe humana de sempre.                 

Universidade Lusófona de Cabo Verde – Licenciatura em Direito – 1º Ano – 2008/2009   

O Fascismo      1 ‐ Introdução  A  ideia  do  Fascismo  tem  gerado  grande  ambiguidade  ao  longo  de  vários  séculos  de  história. As ideologias de esquerda consideram fascistas as ideologias da direita, as da  direita  a  da  esquerda.  Na  juventude,  é  normal  considerar‐se  “fascista”  qualquer  manifestação  de  poder  ou  autoridade.  Assim  a  palavra  fascismo  ganhou  confusa  conotação nas mais diversas sociedades, nas mais diversas classes, nos mais diversos  meios.  É  assim  que  o  Fascismo  abrange  mais  de  20  anos  de  História  na  Europa,  alastrando‐se para quase todos os continentes. O Fascismo poderá ser considerado o  terceiro grande acontecimento de entre as duas grandes guerras mundiais, que poderá  ter  aparecido  em  resposta  ao  declínio  da  Democracia  e  a  um  crescente  e  dinâmico  Socialismo.  Segundo  os  fascistas,  a  Europa  conquistada  pelo  fascismo  devia  servir  de  trampolim  para  a  conquista  de  todo  o  mundo.  Por  pouco  a  humanidade  não  assistiu  a  esta  macabra possibilidade.    2 – Etimologia do termo “Fascismo”  O termo Fascismo deriva da palavra italiana “fascio”, que significa grupo, ou união, e  ainda da palavra latina “fasces”. O Fasces era um conjunto de cordas/varas amaradas a  um  haste  com  a  ponta  de  um  machado,  símbolo  de  autoridades  e  magistrados  romanas e simbolizava o poder do Estado e a unidade de um Povo.    3 – Natureza, Definições e Origens do Fascismo  Politólogos, Historiadores, Cientistas e outros estudiosos discordam ainda sobre a natureza e  origem exacta do Fascismo. A verdade é que cada regime fascista tem as suas particularidades,  tendo surgido por razões diferentes, levando a que definições gerais do fascismo possam não  servir  os  seus  propósitos.  No  entanto,  pode  ser  mais  comum  definir  o  Fascismo  enquanto  corrente prática da política que primeiro surgiu na Itália, implementada por Benito Mussolini,  considerado  o  pai  do  Fascismo.  Este  Fascismo  (1919  –  1945),  opõe‐se  aos  diversos  liberalismos, socialismos e democracias que existiam então.   Universidade Lusófona de Cabo Verde – Licenciatura em Direito – 1º Ano – 2008/2009   

 

2.1 – No espectro politico  Os  Historiadores  normalmente  são  contra  a  classificação  do  Fascismo  no  espectro  politico,  visto  este  tipo  de  regime  oferecer  um  amplo  campo  de  posicionamento,  podendo  suportar  ideologias  de  direita,  de  esquerda  e  do  centro,  ou  ainda  de  todas  essas alas ao mesmo tempo. O próprio criador do primeiro Fascismo, Benito Mussolini,  promoveu  um  regime  totalitário  bastante  ambíguo,  com  o  objectivo  de  conseguir  a  maior aderência possível da sociedade politica. Assim o partido fascista italiano, criado  a  partir  de  um  movimento  paramilitar,  era  um  partido  de  massas,  que  promovia  e  tentava  angariar  militantes  e  simpatias  em  todas  as  faixas  da  sociedade.  Assim  a  historia  mostra  que  vários  movimentos  totalitários,  classificados  enquanto  regimes  fascistas,  estavam  de  facto  enquadrados  nos  mais  diversos  quadrantes  políticos,  no  entanto com clara ênfase na classe aristocrática. Numa última análise, o fascismo terá  agido  em  prol  da  classe  anti‐proletária,  portanto  dos  ricos,  tendo  servido  essencialmente sistemas económicos capitalistas.     

2.2 – Causas históricas do fascismo  Também  aqui  existe  uma  diversidade  de  posições  em  relação  ao  aparecimento  e  elevação do Fascismo enquanto ideologia de massas. No entanto é Communis Opinio  de que o Fascismo terá aparecido em resposta aos eventos da primeira grande guerra,  que  culminaram  com  o  fraquejar  da  democracia,  do  liberalismo  e  ainda  em  contraposição  ao  crescente  bolchevismo.  Mas  igualmente  o  favorecimento  do  internacionalismo  em  detrimento  do  nacionalismo  terá  despertado  a  vontade  de  centralização  em  certos  regimes  e  países,  terá  contribuído  para  o  aparecimento  do  Fascismo.  Na  Itália  de  Mussolini,  a  decaída  democracia  e  o  medo  de  um  Marxismo  galopante,  terá  contribuído  para  que  massas  apoiassem  Mussolini.  Assim  apareceu  o  Fascismo  Italiano  enquanto  alternativa  radical  e  nacionalista  e  travão  ao  crescente  bolchevismo  vindo  da  revolução  Russa  de  Outubro.  Obvio  que  também  as  condições  económicas  vividas  pelos  países  que  abraçaram  o  Fascismo,  contribuíram  e  de  que  forma  para  o  crescimento  deste  regime.  Tanto  na  Itália  como  na  Alemanha,  a  crescente pobreza, os disparados números de desempregadas e a impossibilidade de  enquadrar os veteranos da primeira grande guerra, gerou enorme descontentamento  popular, que facilmente abraçou as promessas populistas do Fascismo, que promovia a  unidade  nacional,  o  patriotismo  e  valorizava  os  soldados  e  os  defensores  dos  territórios nacionais. Também a desilusão causada pelo liberalismo, a crise financeira  de 1929 (a grande depressão), também impulsionou o sentimento nacionalista contra  o internacionalismo. Assim sendo, o Fascismo teve ascensão fácil.        Universidade Lusófona de Cabo Verde – Licenciatura em Direito – 1º Ano – 2008/2009 

 

 

2.3 – O epíteto “fascismo”  Conforme  introduzido,  após  a  primeira  grande  guerra  e  ascensão  do  Fascismo,  a  palavra  Fascismo  quase  que  se  tornou  num  “palavrão”,  servido  sempre  em  sentido  pejorativo,  para  adjectivar  ou  classificar  qualquer  autoritarismo,  mas  também  e  principalmente  para  adjectivar  adversários  ou  inimigos  políticos,  independentemente  do  seu  posicionamento  ideológico,  basta  que  mostre  “traços”  autoritaristas.  No  entanto a palavra fascista acabou por tomar um sentido muito vago, significando hoje  uma vasta ambiguidade, ou quase nada. O termo fascista e qualquer outro termo que  signifique algo rude, estúpido, totalitário, ditatorial, são hoje comparáveis. 

  3 – Ideologia fascista  Pode‐se  dizer  que  o  núcleo  da  ideologia  fascista  é  fundamentalmente  composta  por  uma  reacção  em  duas  direcções  ou  a  duas  ideologias,  nomeadamente  a  ideologia  liberal‐ democrática burguesa e a ideologia marxista, socialista, comunista e proletária em geral.  É  uma  ideologia  de  ANTIS‐,  portanto  anti‐individualista,  anti‐parlamentar,  anti‐democrática,  anti‐marxista,  anti‐socialista,  anti‐colectivista,  anti‐igualitarista,  anti‐intelectualista,  anti‐ semitista (racista) etc.   Esta ideologia assenta numa concepção organicista e institucionalista da sociedade, rejeitando  a separação de poderes, afirmando a unidade e poder total do Estado. É uma ideologia, que  através do Estado, tenta uma regulamentação supra‐individual da vida social, anti‐democratica  e elitista do poder político.  Demais  características  da  ideologia  Fascista  são  ainda  a  apologia  do  Estado,  apologia  do  nacionalismo, o culto do chefe e ainda a glorificação da violência.   Finalmente  e  um  traço  muito  particular  do  Fascismo  é  o  corporativismo,  onde  o  poder  legislativo  é  dado  aos  representantes  da  corporações  representativas  dos  interesses  económicos industriais ou profissionais, nomeadas por intermédio de associações de classes, e  que  através  dos  quais  os  cidadãos,  devidamente  enquadrados,  participam  na  vida  política,  através dos representantes por si escolhidos, que no entanto são membros do Regime.   

4 – Estados e Regimes Fascistas  Se  a  ideologia  Fascista  é  uma  ideologia  de  reacção  as  correntes  democrático‐liberais  e  socialistas,  obvio  que  o  início  do  Estado  Fascista  dá‐se  com  a  destruição  ou  tentativa  de  destruição  das  instituições  típicas  desses  regimes.  (parlamento,  partidos  políticos,  sindicatos  etc.) Logo a seguir, o estado fascista tenta solidificar os seus principais aparelhos de gestão:  ‐  O  Partido  Fascista  enquanto  partido  de  massas  (catch  all  partie  ou  pigliatutti),  um  partido  centralizado, intimamente ligado ao aparelho do Estado e a todas as organizações de massas; 

Universidade Lusófona de Cabo Verde – Licenciatura em Direito – 1º Ano – 2008/2009   

‐ A Policia Politica, que desempenha o papel repressivo e controlador;  ‐ O Aparelho de Propaganda, normalmente operado pelo próprio Estado ou instituições muito  próximas deste, que serve para a formação e mobilização ideológica;  ‐ Organizações Para‐Militares de enquadramento ideológico, desde a juventude, trabalhadores  e cidadãos em geral. (pioneiros, milícias etc.)  ‐  Estatização  ou  controle  por  parte  do  Estado  de  todas  as  organizações  sociais  e  civis.  (associações cívicas, desportivas etc.);  ‐ Transformação da família, da igreja e da escola em aparelhos ideológicos do Estado;  ‐  Substituição  de  formas  de  eleições  de  representação  Universal  por  formas  de  aprovação  plebiscitária e referendária e de representação orgânica corporativa;  ‐ Substituição das assembleias parlamentares por câmaras corporativas;  ‐ enquadramento corporativo dos trabalhadores e do patronato, a cartelização económica e a  restrição dos princípios da económica de mercado.   

4.1 – Estado fascista como estado capitalista de excepção? (teorias ‐ ensaio)  Terá sido o estado Fascista e as suas particularidades apenas uma evolução irracional  do  estado  democrático‐liberal,  do  capitalismo,  correspondendo  a  uma  crise  desse  sistema?  Seria  o  Estado  Fascista  o  desenvolvimento  natural  do  Estado  Capitalista  na  sua fase monopolista e imperialista? A posição Neo‐Liberalista explica que não, que as  particularidades vividas pelos Estados Fascistas são eventos temporais enquadrados e  limitados,  enquanto  que  a  leitura  típica  da  internacional  Socialista,  ou  mesmo  o  esquerdismo  teórico  Alemão  é  de  que  se  trata  de  facto  de  evolução  “natural”  do  Capitalismo.  Nesta  perspectiva,  o  Fascismo  seria  o  caminho  natural  a  traçar  pelo  Capitalismo,  que  culmina  na  inevitável  ditadura  da  burguesia,  que  por  outro  lado  conduz a revolta ou revolução e a ditadura proletária. O pensamento moderno tenta  afastar‐se dessas duas análises, propondo que o Estado Fascista tenha sido um Estado  Capitalista de Excepção, ou seja uma mera configuração, uma possibilidade temporal  do desenvolvimento Capitalista e não uma inevitável e derradeira evolução.    

4.2 – Fascismo Italiano  Com o fim da Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918), a Itália foi ignorada nos tratados  que  selaram  o  conflito.  O  desgaste  social  e  económico  mal  recompensado  mobilizou  diferentes  grupos  políticos  engajados  na  resolução  dos  problemas  da  nação  italiana.  No  ano  de  1920,  uma  greve  geral  de  mais  de  dois  milhões  de  trabalhadores  demonstrava  a  situação  caótica  vivida  no  país.  No  campo,  os  grupos  camponeses  sulistas exigiam a realização de uma reforma agrária.  Universidade Lusófona de Cabo Verde – Licenciatura em Direito – 1º Ano – 2008/2009   

   A mobilização dos grupos trabalhadores trouxe à tona o temor dos sectores médios, da  burguesia industrial e dos conservadores em geral. A possibilidade revolucionária em  solo italiano reflectiu‐se na ascensão dos partidos socialista e comunista. De um lado,  os socialistas eram favoráveis a um processo reformador que traria a mudança por vias  estritamente partidárias. Do outro, os integrantes das facções comunistas entendiam  que reformas profundas deviam ser estimuladas.    O  processo  de  divisão  ideológica  das  esquerdas  acontecia  enquanto  os  sectores  conservadores  e  da  alta  burguesia  pleitearam  apoio  ao  Partido  Nacional  Fascista.  Os  fascistas  liderados  por  Benito  Mussolini  louvavam  uma  acção  de  combate  contra  os  focos  de  articulação  comunista  e  socialista.  Desse  modo,  o  “fasci  di  combattimento”  (fascismo de combatimento) passou a atacar jornais, sindicatos e comícios da esquerda  italiana.     Criando uma força miliciana conhecida como “camisas negras”, os fascistas ganharam  bastante popularidade em meio às contendas da economia nacional. A demonstração  de  poder  do  movimento  se  deu  quando,  em  27  de  Outubro  de  1922,  os  fascistas  realizaram  a  Marcha  sobre  Roma.  A  manifestação,  que  tomou  as  ruas  da  capital  italiana,  exigia  que  o  rei  Vítor  Emanuel  III  passasse  o  poder  para  as  mãos  do  Partido  Nacional  Fascista.  Pressionado,  a  autoridade  real  chamou  Benito  Mussolini  para  compor o governo.    Inserido  nas  esferas  de  poder  político  central,  os  fascistas  teriam  a  oportunidade  de  impor  seu  projecto  político  autoritário  e  centralizador.  Já  nas  eleições  de  1924,  os  representantes  políticos  fascistas  ganharam  a  maioria  no  parlamento.  Os  socialistas,  inconformados  com  as  fraudes  do  processo  eleitoral,  denunciaram  a  estratégia  antidemocrática fascista. Em resposta, o socialista Giacomo Matteotti foi brutalmente  assassinado por partidários fascistas.     Mussolini  já  tomava  acções  no  sentido  de  minar  as  instituições  representativas.  O  poder legislativo foi completamente enfraquecido e o novo governo publicou a Carta  de Lavoro, que declarava as intenções da nova facção instalada no poder. Explicitando  os princípios fascistas, o documento defendia um Estado corporativo onde a liderança  soberana de Mussolini resolveria os problemas da Itália. No ano de 1926, um atentado  sofrido  por  Mussolini  foi  a  brecha  utilizada  para  a  fortificação  do  estado  fascista.     Os órgãos de imprensa foram fechados, os partidos políticos (excepto o fascista) foram  colocados na ilegalidade, os camisas negras incorporaram as forças de repressão oficial  e  a  pena  de  morte  foi  legalizada.  O  Estado  fascista,  contando  com  tantos  poderes,  aniquilou  grande  parte  das  vias  de  oposição  política.  Entre  os  anos  de  1927  e  1934,  milhares de civis foram mortos, presos ou deportados.  Universidade Lusófona de Cabo Verde – Licenciatura em Direito – 1º Ano – 2008/2009   

  O apelo aos jovens e à família instigou grande apoio popular ao regime do “Duce”. Em  1929,  os  acordos  firmados  com  a  Igreja  no  Tratado  de  Latrão  aproximaram  a  população  católica  italiana  ao  regime  totalitário.  Ao  mesmo  tempo,  o  crescimento  demográfico  e  o  incentivo  às  obras  públicas  começaram  a  reverter  os  sinais  da  profunda  crise  que  tomava  conta  da  Itália.  O  sector  agrícola  e  industrial  passou  a  ganhar considerável incremento, interrompendo o processo inflacionário da economia.    Com a crise de 1929, a prosperidade económica vivida nos primeiros anos do regime  sofreu  uma  séria  ameaça.  Tentando  contornar  a  recessão  económica,  o  governo  de  Benito Mussolini passou a entrar na corrida imperialista. No ano de 1935, os exércitos  italianos realizaram a ocupação da Etiópia. A pressão das demais potências capitalistas  resultaria  nas  tensões  que  desaguaram  na  deflagração  da  Segunda  Guerra  Mundial  (1939 – 1945), momento em que Mussolini se aproxima do regime nazista alemão.   

4.3 – Fascismo e Nazismo (o Caso Alemão)  Após a Primeira Guerra Mundial, a Alemanha foi palco de uma revolução democrática  que  se  instaurou  no  país,  culminando  na  assinatura  do  tratado  de  Versalhes,  que  impunha pesadas obrigações à Alemanha.    À medida que os conflitos sociais foram se intensificando, surgiram no cenário político‐ alemão  partidos  ultranacionalistas,  radicalmente  contrários  ao  socialismo.  Curiosamente,  um  desses  partidos  chamava‐se  Partido  Nacional  Socialista  dos  Trabalhadores Alemães (Partido Nazista) e era liderado por um ex‐cabo de nome Adolf  Hitler.  Alemanha  passou  por  algum  crescimento  económico,  que  no  entanto  durante  apenas até 1929.     Foi quando a crise económica atingiu com tal força a Alemanha, que, em 1932, já havia  no país mais de 6 milhões de desempregados. Nesse contexto de crise, os milhões de  desempregados,  bem  como  muitos  integrantes  dos  grupos  dominantes,  passaram  a  acreditar  nas  promessas  de  Hitler  de  transformar  a  Alemanha  num  país  rico  e  poderoso.  Assim,  nas  eleições  parlamentares  de  1932,  o  Partido  Nazista  conseguiu  obter  38%  dos  votos  (230  deputados),  mais  do  que  qualquer  outro  partido.    Valendo‐se  disso,  os  nazistas  passaram  a  pressionar  o  presidente  e  este  concedeu  a  Hitler  o  cargo  de  chanceler  (chefe  do  governo).  No  poder,  Hitler  conseguiu  rapidamente que o Parlamento aprovasse uma lei que lhe permitia governar sem dar  satisfação  de  seus  atos  a  ninguém.  Em  seguida,  com  base  nessa  lei,  ordenou  a  dissolução de todos os partidos, com excepção do Partido Nazista. Em Agosto de 1934,  morreu Hindenburg e Hitler passou a ser o presidente da Alemanha, com o  título de  Führer (guia, condutor). 

Universidade Lusófona de Cabo Verde – Licenciatura em Direito – 1º Ano – 2008/2009   

  Fortalecido, o Führer lançou mão de uma propaganda sedutora e de violência policial  para  implantar  a  mais  cruel  ditadura  que  a  humanidade  já  conhecera.  Criou  fortes  órgãos de propaganda que eram encarregados de manter um rígido controlo sobre os  meios  de  comunicação,  escolas  e  universidades  e  de  produzir  discursos,  hinos,  símbolos,  saudações  e  palavras  de  ordem  nazista.  Criou  as  violentas  forças  policiais  como as SS (tropas de elite), as SA (tropas de choque) e a Gestapo (polícia secreta de  Estado)  para  prender,  torturar  e  eliminar  quaisquer  inimigos  do  nazismo.  No plano económico, o governo hitlerista estimulou  o crescimento da agricultura, da  indústria de base e, sobretudo, da indústria bélica. Com isso, o desemprego extinguiu‐ se,  o  regime  ganhou  novos  adeptos  e  a  Alemanha  voltou  a  se  equipar  novamente,  ignorando os termos do Tratado de Versalhes.  Com  um  Pais  economicamente  e  socialmente  bem  estabilizado  e  com  a  mais  feroz  máquina  de  guerra,  Hitler  provocou  a  segunda  guerra  mundial,  numa  estratégia  de  dominar o Mundo. A catástrofe causada pelo Partido Nazi levou a morte cerca de 12  milhões de pessoas, onde 6 milhões de Judeus foram sistematicamente exterminados.  É  o  chamado  Holocausto,  ou  a  Solução  final  (Die  Endlösung)  reservada  a  Raçã  Judia,  pelo partido Nazi.   

4.4 – Fascismo e Socialismo  O Fascismo desenvolveu‐se enquanto oposição ao socialismo e o comunismo, embora  muitos  fascistas  houvessem  sido  marxistas  no  passado  (tanto  na  Itália  como  na  Alemanha).  Por  mais  que  certos  tipos  de  socialismo  possam  parecer‐se  superficialmente  ao  fascismo, deve ser destacado que as duas ideologias são completamente diferentes em  assuntos cruciais. O papel do Estado, por exemplo. No Socialismo, considera‐se que o  Estado  é  meramente  uma  "ferramenta  do  povo",  algumas  vezes  chamado  de  "mal  necessário", que existe para servir aos interesses do povo e proteger o bem comum (e  algumas formas de socialismo, como o socialismo libertário, rejeitam completamente o  estado). Já o Fascismo crê no Estado como um fim em si mesmo, e digno de obediência  e subserviência por parte do povo.  O  Fascismo  rejeita  as  doutrinas  centrais  do  Marxismo,  que  são  a  luta  de  classes  e  a  necessidade  de  substituir  o  capitalismo  por  uma  sociedade  controlada  pelo  proletariado, na qual os trabalhadores sejam proprietários dos meios de produção.  No  entanto,  há  politólogos  que  argumentam  que  existem  diferenças  apenas  superficiais  entre  o  Fascismo  e  formas  totalitárias  de  socialismo  (por  exemplo  o  Estalinismo);  uma  vez  que  os  governos  autoproclamados  "socialistas"  nem  sempre  mantiveram seu ideal de servir ao povo e respeitar os princípios democráticos. Muitos  socialistas  e  comunistas  rejeitam  esses  governos  totalitários,  encarados  como  uma  forma de Fascismo com máscara de socialismo.   Universidade Lusófona de Cabo Verde – Licenciatura em Direito – 1º Ano – 2008/2009   

Socialistas e outros críticos (não necessariamente de esquerda) sustentam que não há  sobreposição  ideológica  entre  Fascismo  e  Marxismo;  acreditam  que  ambas  as  doutrinas  são  diametralmente  opostas.  Sendo  o  Marxismo  a  base  ideológica  do  comunismo,  eles  concluem  que  as  comparações  feitas  por  estes  politólogos  são  inválidas.  A origem esquerdista do líder fascista italiano Mussolini, como um antigo líder da ala  mais  radical  do  partido  socialista  italiano,  tem  sido  frequentemente  notada,  para  suster  a  posição  da  proximidade  entre  o  fascismo  radical  de  direita  e  um  possível  fascismos radical de direita. Após a sua viragem para a direita, Mussolini continuou a  empregar  muito  da  retórica  do  socialismo,  substituindo  a  classe  social  pela  nação  como a base da lealdade política.  Também  é  frequentemente  notado  que  a  Itália  fascista  não  nacionalizou  quaisquer  indústrias  ou  entidades  capitalistas.  Em  vez  disso,  ela  estabeleceu  uma  estrutura  corporativista  influenciada  pelo  modelo  de  relações  de  classe  avançado  pela  Igreja  Católica.   Apesar  de  o  fascismo  italiano  ter  proclamado  a  sua  antítese  ao  socialismo,  a  história  pessoal  de  Mussolini  no  movimento  socialista  teve  alguma  influência  sobre  ele.  Elementos da prática dos movimentos socialistas que ele reteve foram:  ‐ A necessidade de um partido de massas (pugliatutti);   ‐ A importância de obter o apoio entre a classe trabalhadora;   ‐ técnicas propagandista próprias do socialismo.  O  Manifesto  Fascista  original  continha  um  determinado  número  de  propostas  para  reformas que também eram comuns entre os movimentos socialista e democráticos e  eram  desenhados  para  apelar  à  classe  trabalhadora.  Estas  promessas  foram  geralmente ignoradas uma vez que os fascistas tomaram o poder.  Críticos  apontam  que  os  Marxistas  e  os  sindicalistas  foram  os  primeiros  alvos  e  as  primeiras vítimas de Mussolini e de Adolf Hitler uma vez que eles chegaram ao poder.    

4.5 – Fascismo na Península Ibérica  A Península Ibérica, com o crescente Fascismo na Itália e Alemanha, também aderiu a  “moda”, como mostram os casos de Salazar em Portugal e Franco em Espanha. 

4.5.1 ‐ O Salazarismo.  Em  Portugal,  o  golpe  militar  nacionalista  de  1926,  além  de  terminar  com  a  República parlamentar liberal, abriu caminho para o estabelecimento da longa  ditadura de extrema‐direita, comanda por António de Oliveira Salazar, de 1932  a 1974. Ministro da Fazenda entre 1928 e 1932, durante o governo do general  Universidade Lusófona de Cabo Verde – Licenciatura em Direito – 1º Ano – 2008/2009   

Carmona, Salazar orientou a política segundo o modelo fascista de Mussolini,  atendendo  às  expectativas  da  burguesia  lusitana  e  fortalecendo  seu  poder.  Tornou‐se  ditador  assim  que  passou  a  chefe  de  governo.  O  Estado  Novo  –  como ficou conhecida a ditadura salazarista – foi organizado pela Constituição  outorgada  de  1933  e  possuía  muitas  características  dos  Estados  fascistas:  polícia política, corporativismo, uni‐partidarismo, propaganda de massa, forte  censura,  nacionalismo  exagerado.  O  salazarismo  sobreviveu  mesmo  após  a  morte de seu líder, em 1970, findando apenas em 25 de Abril de 1974, com a  Revolução dos Cravos. (Fonte Principal Klickeducação‐Brasil) 

4.5.2 – O Franquismo.  Durante  os  anos  20,  a  Espanha  viveu  sob  crise  política  e  económica,  além  de  constantes ameaças do movimento operário, das esquerdas e do separatismo  basco e catalão. Para amenizar as tensões, o rei Afonso XIII, contando com  o  apoio  das  forças  conservadoras  (burguesia,  latifundiários,  exército  e  clero),  permitiu  a  instalação  de  uma  ditadura  militar  em  1923.  O  regime  não  conseguiu  se  manter,  caindo  em  1931  diante  das  pressões  populares  que  restabeleceram as eleições gerais.  Com  vitória  da  coalizão  das  esquerdas  e  sectores  liberais  nas  eleições  gerais,  foi  proclamada  a  república.  Mas  a  coalizão  logo  passou  a  sofrer  divisões  que  fragilizaram  o  novo  regime.  A  Falange,  partido  nacional‐socialista,  criado  em  1931, congregou os conservadores de direita, enquanto a Frente Popular uniu  as forças de esquerda. Em 1936, a Frente Popular venceu as eleições, levando  a  direita  a  formar  a  União  Militar  Espanhola.  Sob  comando  do  general  Francisco  Franco,  a  União  Militar  inicia  uma  acção  golpista,  que  parte  do  Marrocos e, chegando à Espanha, tira a Frente Popular do governo. É o início  da Guerra Civil Espanhola (1936‐39).  Os  franquistas  receberam  apoio  directo  italiano  e  alemão  e  indirecto  das  potências  liberais  e  da  Liga  das  Nações,  que  preferiram  ficar  neutras  e  não  intervieram  a  favor  do  governo  republicano.  Os  republicanos,  no  entanto,  tiveram  limitada  ajuda  soviética  e  das  Brigadas  Internacionais,  formadas  por  voluntários de vários países do mundo. O desequilíbrio das forças combatentes  e  a  violência  dos  golpistas,  destruindo  várias  cidades  (como  o  ataque  aéreo  alemão  a  Guernica),  favoreceram  mais  um  regime  ditatorial  de  extrema‐ direita.  A  Guerra  Civil  Espanhola,  além  de  marcar  a  ascensão  do  franquismo,  pode  ser  considerada  o  'ensaio  geral'  para  a  Segunda  Guerra  Mundial  (1939‐ 45).  A  ditadura  fascista  na  Espanha  durou  de  1939  a  1975.  (Fonte  Principal  Klickeducação‐Brasil)        Universidade Lusófona de Cabo Verde – Licenciatura em Direito – 1º Ano – 2008/2009   

4.5 – Fascismo e regimes totalitários, principais movimentos fascistas.  O  Fascismo  alastrou‐se  pelo  mundo  inteiro  e  diversos  movimentos  fascistas  (alguns  movimentos  totalitarista  classificados  também  de  fascista  assumiram  grande  dimensão). Alguns exemplos:  ‐ Partido Húngaro das setas cruzadas ( Arrow Cross Party), entre 1935 e 1945.  ‐ Autrofascismo na Áustria, entre 1934 e 1938  ‐  O  Integralismo  Brasileiro  de  Plinio  Salgado,  entre  1930  e  1938,  com  participação  ainda de alguns membros do partido integralista no Putsch de 1964 João Gulart.   ‐ O Regime Autoritário de 4 de Agosto da Grécia, entre 1936 e 1941.  ‐ O Iron Guard da Romenia entre 1927 e inicio da Segunda Guerra Mundial  ‐ O Fascismo Japonês, também chamado de Socialismo da Direita Japonesa.  ‐ O Rexismo Belga entre 1930 e 1945  ‐ O Movimento Ustasa Croata, entre 1929 e 1945.   

5 – Fascismo enquanto sistema económico  Vários  Politólogos  já  se  referiram  ao  Sistema  Económico  fascista  enquanto  “socialismo”  com  uma  veia  capitalista.  De  facto,  o  Fascismo  Económico  usa  quase  todas  as  bases  económicas  do  Socialismo,  substituindo  apenas  pequenos  aspectos.  Assim  enquanto  o  socialismo  procura  o  planeamento  e  controle  da  economia  pelo  Estado, o Fascismo controla directamente os agentes económicos, donos dos factores  de produção. Onde o Socialismo nacionaliza explicitamente a propriedade, o Fascismo  faz  a  mesma  coisa  implicitamente,  quando  exige  que  os  proprietários  apenas  usem  esses meios de produção em favor do Estado. Onde o Socialismo abole as relações no  mercado  livre,  o  Fascismo  mantêm  a  aparência  de  mercado  livre,  controlando  no  entanto todas as actividades financeiras. Onde o Socialmente tende a abolir e unificar  o valor e o preço das coisas, o Fascismo controla o sistema monetário e determina os  preços “politicamente”.  O Fascismo promove então a cartelização da economia, controlando totalmente o que  se produz, como se produz e para quem se produz.  Nos  sistemas  Fascistas,  para  manter  baixo  as  taxas  de  desemprego,  era  normal  avançar‐se  com  enormes  programas  de  infra‐estruturação  pública,  financiadas  por  taxas públicas. Igualmente enormes somas serviam para financiar o aparato militar.  Os Sistemas Económicos Fascistas foram de facto altamente eficientes e antes das aus  ascensões  para  o  totalitarismo  absoluto,  foram  várias  vezes  acarinhas  e  referidas  enquanto casos de sucesso.   Universidade Lusófona de Cabo Verde – Licenciatura em Direito – 1º Ano – 2008/2009   

Tanto  Hilter  como  Mussolini  eliminaram  pequenas  industrias  e  construíram  enormes  corporações industriais económicas e financeiras, que eram geridos e controlados por  afiliados do partido Fascista.  Igualmente a politica económica social era bastante desenvolvida no Estado Fascista,  no entanto ela não era uma politica igualitária e baseava‐se completamento no social‐ darwinismo.   

6  –  Fascismo  na  era  moderna,  o  Neo‐Fascismo.  (Fascismo  é  ainda  uma  ameaça?)  Apesar de severamente abatido durante a segunda guerra mundial, o fascismo não foi  completamente destruído e assiste‐se até a actualidade a persistência e as vezes até  certa ascensão de várias organizações neo‐fascistas ou neo‐nazistas.   O neo‐fascismo tem sobrevivido e convivido nas mais diversas democracias pluralistas,  enquanto partido radical, mas de manifestações moderadas, no entanto recorrendo as  vezes a certas práticas fascistas.  Pode‐se  distinguir  claramente  duas  grandes  vagas  de  reorganização  dos  movimentos  neofascistas  na  Europa.  De  um  lado,  um  movimento  histórico  (quer  dizer,  directamente vinculado aos fascismos realmente existentes e derrotados em 1945 ), e  organizada, principalmente, em torno da chamada Internacional de Malmö, reunião de  partidos neofascistas europeus. De outro lado, constituiu‐se, a partir dos anos ´90, um  conjunto  de  grupos  novos  fascistas,  em  países  como  a  Itália,  Alemanha  e  Áustria.  Mesmo tais grupos novos apresentaram‐se divididos entre uma corrente dita histórica  (que reclama a herança fascista histórica e opta pelo uso de uniformes e símbolos do  nazismo e do fascismo históricos, como na Alemanha e Espanha ) e uma vertente dita  moderna  ou  pós‐fascista,  que  mesmo  mantendo  ideário  fascitizante  abandona  as  imagens tradicionais do fascismo, como é o caso na Itália e Áustria.  Politólogos defendem certa legitimidade do fascismo, se enquadrado e respeitando as  regras  do  jogo  democrático,  podendo  então  esta  ideologia  conviver  com  demais  ideologia,  se,  como  já  se  disse,  no  entanto  eliminado  os  excesso  e  respeitando  a  natureza igualitária humana.   

7 – Conclusão  O Fascismo pode ser um dos movimentos mais importantes da humanidade e provou  ser uma força política nova e original, que conseguiu por em questão toda a Sociedade  existente até o seu aparecimento, questionando seriamente o Homem e a sua posição  nessa Sociedade.  Parece ser o Fascismo uma manifestação histórica complexa, diversa e variável demais  para poder ser reduzido a um fenómeno isolado. Uma primeira observação mostra que  Universidade Lusófona de Cabo Verde – Licenciatura em Direito – 1º Ano – 2008/2009   

o Fascismo nasceu de um contexto de crise excepcional e sem precedentes, que criou  enormes  instabilidades  a  nível,  politico,  financeiro  e  social,  que  prejudicou  o  funcionamento  das  instituições  democráticas  e  facilitou  a  proletarização  de  uns  e  causa  a  desgraça  e  incerteza  noutros.  Numa  segunda  observação,  o  Fascismo  é  uma  revolução interclasses, pois se exprimiu primeiramente através das classes médias, só  chegou  ao  poder  com  o  apoio  da  classe  dirigente  e  só  se  manteve  no  poder  com  o  apoio e aprovação das massas. O Fascismo veio então exprimir uma certa globalidade  nacional,  que  não  exclui  a  possibilidade  de  se  recorrer  outra  vez  a  ele,  se  as  circunstancias vierem a ser propícias.  O Fascismo aparece também como inimigo do comunismo, mas vai tomar a ele vários  elementos, que no entanto usa precisamente para o tentar destruir. Se num primeiro  momento  o  objectivo  principal  do  Fascismo  não  é  a  destruição  do  comunismo,  ele  passa imediatamente a ser ao alcançar o poder. Lenine afirmou que: “o Fascismo é a  ultima  forma  que  as  Sociedades  tomarão  para  não  capitularem  sem  luta,  frente  a  ditadura proletariada”. Portanto o recurso a ditadura fascista é um último recurso de  uma  Sociedade,  que  acredita  já  não  ter  alternativas  para  combater  a  revolução  proletária.  Igualmente  os  métodos  Fascistas  fizeram  escola  em  vários  aspectos,  mas  principalmente na reabilitação da violência. Nenhum outro movimento anterior, este  tão  determinado  em  aniquilar  o  seus  inimigos  e  de  forma  tão  brutal.  Nenhum  outro  movimento  glorificou  tão  gratuitamente  a  violência,  obrigando  os  seus  adversários  a  reagir  da  mesma  forma,  igualmente  brutal,  transformando‐se  cada  um  num  Fascista  do outro.  O  Fascismo  perverteu  vários  valores  morais  e  tradicionais,  como ordem,  patriotismo,  disciplina,  solidariedade  de  grupo  etc.,  não  podendo  ser  estranho  que  hoje  grande  parte da população, principalmente a juventude rejeite esses valores.  Maurice  Bardèche  escreveu  que:  “todo  o  homem  sinceramente  patriota,  tem  dentro  de si a semente do Fascismo”. Se for assim, e já provado que o Fascismo veio por em  questão  o  conceito  do  homem  e  da  sociedade,  é  de  se  perguntar,  se  submetido  as  mesmas circunstâncias existentes entre as duas grandes guerras, o Fascismo, sabendo  que foi derrotado mas não destruído, seria capaz de voltar? 

Bibliographia  ‐ Michel, Henry “Les Fascismes” 1977. (tradução Publicações Dom Quixote)  ‐ Richmann, Sheldon “Fascism – The Concise Encyclopedia of Economics”  ‐ Silva, Francisco Carlos Teixeira “Anatomia do Fascismo” – revista electrónica Boletim do  Tempo nr. 2 Ano 27 – 2007 ( ISSN 1981‐3384)  ‐ Duverger, Maurice “Introdução à Politica” 1964 Editorial Estúdios Cor Lda.  ‐ Bernardo, João “A Legitimidade Democrática do Fascismo” Tese Coimbra 1992.  ‐ Moreira, Vital “Notas de Estudo, Ciência Politica e Direito Constitucional” Coimbra 1976/77  ‐ Acervo da Internet, textos e autores vários (Wikipedia, BrasilEscolanet, Jus Navigandi etc.) 

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Apêndice.  Este apêndice consiste de um texto económico produzido para a revista económica Cifrão,  publicada em 22 de Janeiro de 2009. No presente contexto, o artigo servirá para fazer a intima  ligação entre a recuperação económica da Alemanha e a ascensão do Nazismo. 

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  Pior que os Magistrados, Os Economistas, os verdadeiros Pilatos.  Por  Carlos Ferreira Santos  Acabo  de  ler  que  mais  um  assassino  vai  ser  solto.  O  Killer  Holandês.  Desta  vez,  ninguém  pediu  “habeas  corpus”, o Juiz Conselheiro do Supremo decidiu simplesmente. Ainda bem, porreiro mesmo e tudo continua  bem, até porque o Presidente cessante do Supremo sai de “consciência tranquila”. E o Bastonário da Ordem  dos Advogados aplaude e promete “chuva” de “habeas corpus”, até porque é bom testarmos a solidez do  sistema da justiça. Enquanto Engenheiro, resta‐me apenas felicitar esta sábia posição, porque também eu  aprendi na Escola que a forma mais eficaz de procurar uma fuga de gás, é com um fósforo aceso na mão. É  tiro  e  queda,  a  fuga  de  gás  encontramos  de  certeza,  mas  as  consequências…  Honras  também  ao  Dr.  Jorge  Carlos  Fonseca,  que  considera natural um juiz ter opinião “completamente” diferente em casos “muitíssimo” semelhantes e obvio, obrigado também  por nos esclarecer ser normalíssimo a existência de duas “correntes” de pensamento do Supremo Tribunal de  justiça. “Houston,  ...we  have  a  problem”.  Não  é  afinal  o  Supremo Tribunal  de  Justiça  a  Instancia  máxima  da  nossa  justiça  e  devia  ser  o  garante  do  inequívoco? A ultima e clara palavra da Justiça? Mas se ali não há consenso, recorremos agora a quem? Felizmente existe DEUS e a  justiça divina. (E os Céus anunciarão a sua Justiça; pois Deus é o Juiz. Salmos 50:6).   Nesta manhã de Domingo, arrependo‐me por ter limitado a minha colaboração apenas ao jornal económico Cifrão, portanto com  textos e artigos com ligações econômico‐financeiros, impedindo‐me de livremente explorar este assunto e “malhar” nesta Classe  da Justiça (haverá por aí uma conspiração dos “players” da Justiça contra a Sociedade Cabo‐verdiana?). Creio que algumas dezenas  de milhares de Cabo‐verdianos CONTINUAM ansiosos por respostas.   Assim sendo e não podendo fazer de outro modo, concentro a minha frustração nos Economistas. Afinal a crise continua e já que  são eles os principais responsáveis e não os Políticos, como nos querem agora fazer crer,  o texto que se segue hoje, é para mim o  mais marcante exemplo que a Historia conhece.  A Crise continua especialmente porque continua a não haver confiança no Sistema e o Sistema é feito por Homens. Então não há  confiança  nos  Homens,  nos  Economistas*.  Economistas  que  novamente  driblarão  a  historia  e  como  sempre  sairão  impunes,  enquanto o mundo paga uma pesada factura.   Para  mim,  quem  melhor  terá  esclarecido  sobre  os  brilhantes,  lúcidos,  estupidamente  racionais  e  frios  Economistas,  terá  sido  Francisco  Corrêa  Guedes,  Engenheiro  de  caliça,  que  por  volta  dos  quarenta  resolve  estudar  Economia,  para  melhor  entender  os  logros que lhe aconteciam na vida. No seu glorifico “Moeda – A Dimensão Obscura da Politica”, considerou os Economistas como  sendo  os  Pilatos  dos  tempos  modernos.  Classificação  difícil  de  superar,  já  que  igual  a  Pontius  Pilatos,  quando  permitiu  que  se  matasse Jesus Cristo mesmo reconhecendo nele um inocente, os Economistas fornecem inteligência e engenhos que criam as mais  aberrantes  situações,  mas  vão  lavando  as  suas  mãos,  inocentando‐se  das  catástrofes  e  condenações  que  tais  situações  afinal  proporcionam, já que, conforme advogam, a decisão é sempre dos Políticos ou do Povo e não deles. Foi assim desde os primórdios  da Economia Civilizada e esses mesmos Economistas e as “estratégias”, por eles criadas, estiveram por detrás dos maiores crimes  Políticos e Conflitos da Humanidade.  Um  desses  conflitos  cabe‐me  relatar  em  abordagem  diferente  do  que  a  comum  Historia,  o  pior  conflito  que  a  humanidade  enfrentou, O Holocausto, a Segunda Guerra Mundial e a Alemanha Nazi. Ter sido atirado para o meio dos Alemães em tenra idade  e ter de ali sobreviver/integrar (com seu devido enquadramento temporal, o tempo mais profícuo de minha vida), obrigou‐me a  conhecer,  com  pormenores  mórbidos,  esse  episódio  negro  da  humanidade,  o  maior  conflito  humano  e  militar  da  Historia,  que  abalou o Mundo, que custou a vida a 39 milhões de pessoas, com cerca de 6 milhões Judeus, 4 milhões de Russos e Polacos e mais  cerca de 2 milhões de “Alemães‐comunistas”, “Alemães‐socialistas”, Ciganos, Intelectuais, Homossexuais, Testemunhas de Jeová e  Deficientes, a serem sistematicamente e industrialmente “eliminados”.  Por conhecer alguns outros detalhes, sempre considerei que este Episodio mórbido da Historia da Humanidade é genericamente  mal abordado. Há uma enorme concentração de interesse no aspecto político  (Hitler e o Nacional Socialismo – Nazismo), mas  o  questionamento  certo  quase  nunca  é  feito.  É  que  antes  de  mais,  é  preciso  saber  que  o  “austríaco”  Adolf  Hitler  tinha  manifestamente fracas capacidades intelectuais, que por ter reprovado por três vezes perdeu o direito de continuar a estudar e  abandonou  o  Liceu,  que  foi  vagabundo  e  viveu  em  lares  de  sem‐abrigo  na  sua  juventude,  que  foi  preso  por  fraude,  que  não  conseguiu  alistar‐se  no  exercito  Austríaco  que  o  considerou  “Waffenunfähig“  (inapto  para  manejar  armas).  Para  além  disso,  é  preciso saber também que quando se instaurou o Nazismo na Alemanha, esta passava por uma enorme e terrível crise económica,  financeira e social.  Sabendo isto, o questionamento certo sobre o que terá originado o Holocausto seria: Se Adolf Hitler não tinha grandes capacidades  intelectuais  nem  formação  consistente,  se  a  Alemanha  vivia  a  mais  profunda  crise  económico‐financeira  e  de  identidade,  então  como foi possível reunir à volta do “Nationalsozialismus” (Nazismo) quase toda a Nação Alemã? Como foi possível em 4 anos criar 6 

milhões de empregos e trazer a Alemanha para a situação de emprego pleno? Como foi possível recuperar a economia Alemã de  uma profunda crise e ainda preparar e financiar a maior máquina de guerra jamais conhecida, um exército capaz de lançar o terror  sobre a humanidade e conquistar o Mundo inteiro? Como terá sido possível?  A esta pergunta a Historia responde com: Horace Greeley Hjalmar Schacht.  Hjalmar Schacht, como ficou conhecido, Economista, Intelectual, frio, calculista, ambicioso e obvio: extremamente racional, como  todos magníficos Economistas da historia. Igualmente e na óptica dos Pilatos, Schacht não pagou pelos seus crimes, aliás, conseguiu  nos  Julgamentos  de  Nuremberga,  nem  sequer  ser  acusado  de  crimes  contra  a  humanidade,  mas  apenas  de  “conspiração  que  provocou a guerra” e de “preparação para a guerra”, acusações, que pela sua inteligência, rapidamente refutou, tendo saído como  homem livre. Acusado mais uma vez pelos próprios Alemães que sobreviveram à guerra e queriam um Estado livre dos fantasmas  ex‐Nazis, lá conseguiu mais uma vez lavar as mãos e fintar a humanidade. Fundou ainda seu próprio Banco, foi consultor em vários  países menos desenvolvidos e morreu homem livre em Munique, 1970, com 93 anos.  Entre os Historiadores detalhistas, é Communis Opinio que Hitler só foi possível porque Schacht existiu. Brilhante banqueiro, foi um  dos primeiros vinte industriais e figuras proeminentes da Sociedade Alemã a indicarem o nome de Hitler ao Presidente Paul Von  Hindenburg, para ocupar o lugar de “Reichskanzler”. Subido ao poder, em 1933 rapidamente Hitler chamou Schacht não só para  presidir o “Reichsbank” (Banco Central), mas também para ser responsável pela “Kriegswirtschaft” (Economia de Guerra). Schacht,  que  no  entanto  nunca  militou  no  Partido  Nazi  (NSDAP),  conseguiu  os  mais  amplos  poderes  económicos,  portanto  a  gestão  monetária e financeira, o controle de câmbios, o controle de exportações e importações, os títulos do Estado, enfim, controlava a  Economia Alemã de A a Z. Nascia assim o Czar Económico do Sistema Nazi. Recuperar a ecónomia alemã não foi tarefa fácil, mas  Schacht  conhecia  o  seu  engenho,  tinha  sido  já  presidente  do  “Reichsbank”  entre  1923  e  1930  onde  com  um  truque  de  mágica,  salvou  a  Alemanha  da  pior  crise  inflaccionária  de  toda  a  Historia  da  Economia  (Hiperinflação  Alemã).  Com  poderes  ilimitados,  Schacht avança para uma série de truques financeiros, como as famosas “Mefo‐Wechsel” (Letras de pagamento da Metallurgische  Forschungsgesellschaft)  com  os  quais  eram  pagos  todos  os  fornecedores  do  Estado,  que  no  entanto  não  os  descontavam  imediatamente, visto estarem carregados de fortes juros, preferindo conservá‐los o máximo possível. Assim Schacht construía toda  a Alemanha e tirava o último desempregado da rua à custa dos Industriais e sem “gastar” muito dinheiro. Obvio também que não  era só isso, já que a expropriação aos Judeus ricos, o trabalho forçado e escravização dos Judeus e outras classes terá contribuído e  de  que  modo,  para  fazer  florir  a  economia  Alemã.  Com  uma  Alemanha  prospera,  sem  desempregados,  com  os  pobres  a  serem  “retirados” das ruas, quem seria contra os enormes e disparatados gastos que o “Führer“ vazia na criação da mais poderosa arma  de guerra? Ninguém.   A  partir  daqui  e  por  acreditarem  estar  o  poder  também  partilhado  por  “humanistas”  (Schacht  e  Companhia),  e  não  apenas  por  Hitler,  Goebbels,  Göring,  Himmler  e  os  restantes  trogloditas  do  Partido  Nazi,  até  a  Alemanha  dos  Nobres,  dos  Educados,  dos  Iluminados, a Alemanha que pertenceu a Schiller, Goethe, Marx e Engels, alinhou inicialmente nas barbaridades de Hitler e de seu  Partido. O próprio Schacht, no seu último livro “76 Jahre meines Lebens” (76 anos da minha vida) classificara Hitler de Líder Tosco,  mas  carismático,  com  ideias  mirambolantes  e  confusas.  Terá  pensado  até  então,  ter  algum  controlo  da  situação  e  sobre  Hitler.  Estava equivocado.  Em  1939,  já  nas  vésperas  da  Guerra,  ao  tomar  consciência  do  terrível  e  horrendo  monstro  que  havia  criado  no  quintal,  Schacht  sabiamente  começa  a  incompatibilizar‐se  com  o  Sistema  Nazi,  perdendo  seus  poderes  gradualmente,  demitindo‐se  até  de  Presidente  do  “Reichsbank”,  mas  conservando‐se  Ministro  da  Economia  de  Guerra,  no  entanto  sem  pasta,  até  1943.  Com  a  tentativa de assassinato ao “Führer“ em 20 de Julho de 1944 (apenas um dos 42 atentados que Hitler sofreu), Schacht é preso pela  “Gestapo”, por conspiração. Não que Schacht tenha participado na feitura ou execução do atentado, mas tinha reservado para si,  juntamente  com  Claus  Stauffenberg,  que  de  facto  planeou  o  atentado,  um  lugar  de  Ministro  no  futuro  Governo  que  deveria  negociar a paz com os aliados, após morte de Hitler.   O resto da Historia já foi contado, e apesar de Schacht ter desenvolvido e aplicado politicas de expropriação e perda de direitos e  cidadania aos Judeus, apesar de ter enriquecido pessoalmente com bens confiscados a judeus, apesar de ter criado financiamento  para toda a politica de perseguição e de guerra da Alemanha Nazi, saiu impune, enganou todos, quando na verdade é ele o maior  responsável pelo terror que foi a Segunda Guerra Mundial, já que Hitler e os restantes Nazis, mais não eram do que primatas com  algum desenvolvimento mental.   Como Pilatos que privou a humanidade de algo tão grandioso como Jesus Cristo, Schacht que ofereceu a Segunda Guerra Mundial  ao  Mundo,  os  actuais  Magníficos  Economistas  do  mundo  de  hoje,  entregam‐nos  à  mercê  da  pior  e  mais  imprevisível  crise  da  Economia Moderna, privando‐nos de liberdades e possibilidades incalculáveis. Assim como Pilatos e Schacht, também uma grande  parte dos Racionais Economistas do mundo de hoje, marcharão impunes e com a pretensão de marcar a Historia como os seres  mais Iluminados.  *Economistas: refere‐se aos líderes economistas e aos técnicos economistas com amplos poderes de gestão e aconselhamento aos  políticos e titulares de cargos políticos. 

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