Estudo Dirigido Formalismo E Futurismo

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UFSJ, Universidade Federal de São João del Rei, 16 de março de 2009 Módulo: Teoria da Literatura: Correntes Críticas Professora: Eliana C. Tolentino Aluna: Francine Natasha Alves de Oliveira ESTUDO DIRIGIDO POMORSKA, Krystyna. A teoria formalista da linguagem poética. In: Formalismo e Futurismo. São Paulo: Perspectiva, 1972, p.19-58. 1. Durante as décadas de 30 e 40 do século XIX é possível perceber uma democratização da literatura através do surgimento de novas tendências e estilizações. O aparecimento, nos estudos linguísticos, da dialetologia e da etnografia somadas à estilística normativa tradicional, representam um marco na historiografia e na crítica literária russa. 2. Seguindo a tradição de Humboldt que enfatiza os “fatores individuais e criativos no desenvolvimento da linguagem”, Potiebniá transfere os “estudos estilísticos da esfera lingüística pura para o campo da estética”, sendo o primeiro russo a “estabelecer uma aguda distinção entre a linguagem poética e a linguagem prática”. 3. Kazan, o centro provinciano de linguística moderna na Rússia, no comando de Jan Baudouin de Courtenay, é uma “escola estreitamente ligada à estética do futurismo russo” que se destacou por sua forma de pensamento uma vez que Baudouin foi “o primeiro a formular os princípios

da

fonologia”,

conquistando

um

grande

número

de

admiradores e seguidores. 4. Opoiaz é um grupo representado pelos nomes de V. Chklóvski, L. Iakubínski e B. Eikhenbaum, cujas idéias baseiam-se principalmente nos elementos imutáveis e nas características constantes da linguagem poética. Diante da “necessidade de uma reavaliação fundamental de toda a sua metodologia”, o estudo da literatura passou a ser feito a partir de sua essência, adotando-se, então, uma espécie de “metodologia científica” para estudos literários. 5. No texto é feita menção ao Círculo Lingüístico de Moscou, sendo que Jakobson, membro tanto deste círculo quanto da Opoiaz ajudou,

também, a formar o Círculo Lingüístico de Praga. Tais escolas trabalham no desenvolvimento das idéias de Ferdinand Saussure, “relativas ao estudo diacrônico e sincrônico da linguagem”, dando, no entanto, prioridade aos estudos sincrônicos, fazendo uma “completa descrição da linguagem como um sistema”, baseando-se na teoria husserliana do “caráter independente do fenômeno espiritual”. 6. Saussure passa a ver a linguagem como um sistema, descrevendo-a sem recorrer a qualquer interpretação histórica. Outra característica importante de sua metodologia foi a distinção entre langue e parole, ou seja, “entre o sistema geral e uma atividade particular da linguagem”. 7. Segundo R. Jakobson, “a relação e a interação entre a parte e o todo, a cor e a forma, entre a representação e o representado” está presente no Cubismo que, transformado em poesia, enquadrou-se no estilo conhecido como futurismo russo. 8. Os membros do grupo Opoiaz, focados na essência do produto literário, orientam sua teoria pelo “caráter conotativo da obra”, sendo uma forma de mensagem e expressão, tendo uma função comunicativa. Tais critérios fazem com que a obra literária seja, portanto, um produto verbal. 9. O conceito de metáfora aceito pelo grupo Opoiaz diverge da idéia de uma linguagem poética associada ao Romantismo, que seria identificado como “pensamento por imagens”. Chklóvski coloca a metáfora como um meio de se intensificar o efeito artístico e de se enfocar a atenção do receptor sobre o material da obra literária. 10. No caso, a linguagem prática, estando ligada ao pensamento e, consequentemente, à formação de imagens, objetiva o conhecimento, ao passo que a linguagem poética está ligada à expressão; não está ligada à formação das imagens, mas à configuração delas. 11. A linguagem poética, segundo o próprio grupo Opoiaz, é simplesmente a linguagem utilizada na poesia, em contraposição à linguagem falada, usada na prosa. Mais a fundo, é possível dizer que a linguagem poética tem um caráter muito mais expressivo, ao passo que a linguagem prática tem um caráter essencialmente comunicativo.

12. Jakobson define a ambiguidade como um traço da poesia, “inalienável de qualquer mensagem autoconcentrada”, ou seja, um caráter típico do cruzamento do que se tem como a similaridade (metáfora) com a contiguidade (metonímia), funções próprias da mensagem poética. 13. O grupo Opoiaz tem a linguagem, basicamente, como um sistema de signos, diferenciando, no caso, a linguagem poética como um sistema no qual “os principais pontos mostram um desvio da norma, isto é, da linguagem prática”. 14. Segundo Saussure, langue, a linguagem, “é separada do espécime individual criador”, surgindo como um produto desse espécime: a associação da imagem sonora ao conceito, “em que as duas partes do signo são igualmente psíquicas”. 15. A Opoiaz define o signo na linguagem poética como sendo puramente fônico, focalizando seus estudos estritamente na natureza do som e nos padrões sonoros. 16. Nas palavras de L. Iakubínski, o som está constantemente no “campo luminoso da consciência”, o que torna a linguagem poética tão peculiar. 17. O ritmo, para o grupo, é o que indica os padrões de simetria. Isso significa que uma repetição sonora, dentro da poesia, está “totalmente subordinada à organização rítmica”, ditando o tom da poesia em si. 18. A prosa poderia ser estudada como linguagem oral, segundo Eikhenbaum, porque a origem de qualquer narrativa é oral. 19. A importância da estrutura, no caso da diferenciação de estilos, está ligada à própria função da linguagem, uma vez que, para causar um determinado efeito sonoro pode-se modificar, na poesia, a estrutura tradicional, como, por exemplo, uma frase que não é terminada ou uma oração que só se completa no verso seguinte. No caso da linguagem prática é necessário que se siga uma estrutura mínima a fim de que haja entendimento; a fim de que se ocorra a comunicação. 20. Tinianov propõe uma abordagem diferente da personagem literária, tratando-a não como um ser real, mas como um dos procedimentos da construção literária, que “depende ontologicamente dos objetivos artísticos gerais de um determinado momento”.

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