Escolas Ignoram Necessidades De Alunos Com Gagueira

  • May 2020
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A16 VIDA&

SEGUNDA-FEIRA, 27 DE JULHO DE 2009 O ESTADO DE S.PAULO

EDUCAÇÃO

SEGUNDA-FEIRA

TERÇA-FEIRA

QUARTA-FEIRA

QUINTA-FEIRA

Educação

Saúde

Meio Ambiente

Ciência

CURRÍCULO

PAULO LIEBERT/AE - 19/8/2008

Programa aumenta uso de preservativo

NÚMEROS

78

mil Jovens já foram atendidos desde o início do projeto, há 9 anos

1.650 Professores, agentes de saúde e de ação social foram envolvidos

nicípios de Minas, Espírito Santo e Bahia – em várias dessas cidades, as prefeituras assumiram o projeto, expandindo-os para toda a rede. Para o ginecologista Aníbal Faundes, professor da Unicamp e consultor da Organização Mundial de Saúde (OMS), o programa foi eficaz em gerar mudançaspositivasnocomportamento sexual de adolescentes sem antecipar ou estimular a prática sexual, comprovando com uma experiência brasileira o que estudos internacionais já mostravam. “Há uma série de estudos no mundo que mostram a eficácia de programas bem estruturados de educação sexualeaexperiênciadesseprojetoemMinascontribuiparaesse conhecimento”, diz.

Educação sexual também não antecipou idade em que há relações Simone Iwasso

Programa de educação sexual implementado a um grupo de mais de 4,5 mil alunos da rede estadual de Minas conseguiu dobrar o uso regular do preservativocomparceirocasual eaumentar em 68% o uso de métodos anticoncepcionais na última relação sexual. Além disso, aintervençãonão teve efeitosobre a idade da primeira relação sexual ou na prática de atividades sexuais dos adolescentes – alegação frequente de quem é contrário a aulas sobre o tema. “Os dados do programa podem contribuir para reduzir a resistência daqueles que expressam a preocupação de que a educação sexual estimula atividades sexuais,já quenão existem evidências para tal crença”, explica a médica Heloisa Andrade, coordenadora técnica do projeto. Ela conta que o foco das reflexões em nenhum momentoestimulou a abstinência, mas sim o comportamento sexual responsável. Implementado pelas Secretarias de Educação e Saúde do Estado em parceria com a Fundação ArcelorMittal, o projeto abrangeu 20 escolas públicas dequatro municípios,totalizando4.795estudantes.Asaulasforam ministradas no período de um ano letivo e os resultados foramacompanhadosporpesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), doCentro dePesquisas emSaú-

de Reprodutiva de Campinas e do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fiocruz. Chamado de Programa de Educação Afetivo-Sexual (Peas), o projeto primeiro capacitou todo o corpo docente das escolas, fazendo com que professores refletissem sobre seus conhecimentos e práticas sexuais. Em seguida, foram propostas atividades para os adolescentes de 10 a 19 anos dentro e fora de sala de aula – o objetivo foi levantar debates e discussões sobre prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e gravidez não planejada.

CONSENSO

Debates falavam de prevenção a doenças e gravidez indesejada Os estudantes deveriam desenvolverprojetosligadosaotema da sexualidade e da saúde reprodutiva, elaborando programas de rádio, produção de jornal escolar, peças de teatro, entre outros. Em todos os produtos, eles deveriam discutir e apresentar aos colegas os danosprovocadosàsaúde porpráticas sexuais inseguras. “Após o programa, eles adquirem maior conhecimento e responsabilidade sobre sua saúde, inclusive passando a procurar mais o professor para se orien-

INICIAÇÃO – Pesquisa mostrou que início das relações sexuais ocorreu, em média, entre 16 e 18 anos

tarem quanto a questões relativasàsexualidade”, complementa a coordenadora-geral do Peas, Zulmira Braga. Apesquisamostrouqueainiciação das atividades sexuais ocorreu, em média, em torno dos 16 anos entre meninos e dos 18 anos entre meninas. A por-

centagemdeestudantesquedeclarou já ter tido ou ter relações sexuais foi de 30% – os dados sãosemelhantes aosapresentados por outras escolas com as mesmas condições socioeconômicas e geográficas. Para se ter uma ideia, pesquisa com 6.308 estudantes de colégios particu-

lares do País mostrou que 22% delesperderamavirgindadeantes dos 15 anos. O projeto foi criado há nove anos e já atingiu 78 mil estudantes e 1.650 professores, agentes de saúde e de ação social. Atualmente, ele está sendo aplicado nasescolaspúblicasdeonzemu-

Mesmocomexperiênciaspositivas como essa, ainda falta consensonasescolaspúblicaseparticulares em torno do tema. Pela recomendação do Ministério da Educação (MEC), a educaçãosexualdeveria estarpresente no contexto das demais disciplinas do currículo escolar. A SecretariaEstadualdeSãoPaulo, por exemplo, recomenda para as classes a partir da 7ª série. Escolas particulares começam com orientações e conversas aos 10 anos. “Essa pesquisa ressalta que devemos trabalhar a educação sexual. Há grande número de dados que mostram que onde há programas qualificados, há uma queda na gravidez na adolescência e nas relações sexuais sem proteção”, afirma Maria Helena Vilela, diretora executivado InstitutoKaplan, quetambém desenvolve projetos do tipo com jovens. Elaressalta que, para ser efetivo, um projeto não deve apenas levar informação para o jovem, precisa fazer com que ele reflita e entenda que uma mudança de comportamento será benéfica para ele. ●

+ 9

NECESSIDADES ESPECIAIS

Gagossão têmprejudicados pior desempenho Gagos na escola Pesquisa inglesa mostra diferença de aprendizado entre crianças com dificuldade na fala Alison Whyte THE GUARDIAN

“Qual é o seu nome?” parece ser uma pergunta simples. Mas isso pode levar Max, de 8 anos, a uma luta consigo mesmo pela sua dificuldade para falar. Boca aberta, pé batendo contra o chão, ele tenta obrigar as palavras a sair. Pessoas que sofrem de gagueira enfrentam dificuldades para conversar, contar uma história, fazer uma piada, expressar uma opinião – tudo aquilo que ajuda a compor nossa identidade social. Os pensamentos se formam nos seus cérebros, mas ficam engasgados a caminho da boca. Eles podem ser pessoas espirituosas, divertidas, de pensamento ágil e cheios de opinião, mas o que vemos quando olhamos para um gago é uma pessoa que parece ter engolido a própria língua. Esse descompasso pode prejudicar a autoestima de uma criança no universo escolar e sua aprendizagem. A lacuna no desempenho educacional entre crianças com desordens na fala e as demais crianças na Inglaterra e País de Gales é imensa. Ao concluírem o ensino fundamental, 25% das crianças com necessi-

dades especiais relativas à fala, linguagem e comunicação atingem o patamar esperado no ensino do inglês, comparado a 80% das demais crianças. A diferença no ensino da matemática é de 46%, e nas ciências, 41%. De acordo com Bercow, isso poderia ser evitado se as crianças recebessem o atendimento de que necessitam. A gagueira é um dos distúrbios da fala mais comuns e afeta cinco entre cada cem crianças. Maspesquisasrecentesrealizadas pelo Centro Michael Palin

Professores não sabem lidar com o problema em sala de aula, diz estudo para Crianças com Gagueira, na Grã-Bretanha, mostram que muitos professores não sabem como lidar com o problema. Em 2007, o governo pediu ao parlamentar britânico John Bercow que avaliasse os serviços prestados às crianças com necessidades especiais relacionadas à fala, linguagem e comunicação. No seu relatório, publicado em julho de 2008, Bercow

relatou ter encontrado profissionais “frustrados” e pais “marcadosporexperiênciasnegativas”. Os relatos das crianças eram “desiludidos”, “diretos” e “desconcertantes”. Ao longo da pesquisa, ele acompanhou o Secretário da Educação da Inglaterra e País de Gales, Ed Balls, numa visita ao Centro Michael Palin, que oferece tratamento para crianças de toda Grã-Bretanha. Os dois ficaram impressionados aoouvirumgrupodeadolescentes descrevendo suas experiências na escola. Como resultado, o Departamento de Crianças, Escolas e Famílias encomendou ao centro a produção de um material que fosse capaz de conscientizar educadores a respeito do problema. Foi criado então um Programa deInformação sobre a Gagueira, que será implementado emtodas as regiõesdo país a partir de setembro. DEPOIMENTOS

“Alguns professores nos disseram que nunca encontraram crianças com gagueira em suas turmas, mas sabemos que isto é estatisticamente improvável. Essas crianças são especialistas em esconder a gagueira”,

diz Elaine Kelman, uma das terapeutas da fala e da linguagem do centro. “Algumas delas brincam com o problema. Suas capacidades acadêmicas, sociais eintelectuaispodem sersufocadas.Elasnãoestãoatingindo todo o seu potencial.” Os pesquisadores pediram a grupos de crianças e jovens de idades entre 2 anos e 18 anos que sofrem de gagueira para que escolhessem as mensagens que, segundo eles, os professores mais precisariam escutar. Eles então reuniram o material em dois DVDs – um para os especialistas e coordenadores da área de necessidades especiais e o outro para professores em geral. Philip Bennett, de 8 anos, diz: “Não contei ao meu professor porque sinto muito medo. Isso me deixa triste. Às vezes eles tentam me ajudar de uma maneira ruim, como ‘ande logo com essa frase’. Às vezes eles acham que a gagueira é invenção minha.” Algumas das crianças dizem que são considerados menos inteligentes do que as demais. “As pessoas tendem a pensar que sou mentalmente lerdo ou portador de alguma deficiência,masnãosou”,completou Ri-

cky Vachhari, de 18 anos. Ser ignorado na classe pode ser devastador para a autoestima de um aluno, mesmo que o professor esteja procurando uma maneira de poupar a criança do constrangimento. “Não posso participar de apresentações, não posso fazer coisas como falar para um grupo de pessoas, e isso faz com que eu deixe de responder muitas perguntas para as quais sei a resposta”, conta Samuel Zack, de 10 anos.

‘As pessoas tendem a pensar que sou lerdo’, conta aluno Não se sabe ao certo as razõesdagagueira,masacredita-sequeascausasdoproblema sejam múltiplas. Há um componente genético e certas pesquisas indicam que pode haver algum distúrbio na rede neural do cérebro. A gagueira geralmente começa entre 2 e 5 anos de idade, e é muito mais comum entre os meninos. ●

TERCEIRA IDADE

Inscrições em cursos da USP vão até quarta Termina na quarta-feira o prazo para se inscrever em um dos cursos da Universidade Aberta à Terceira Idade (UnATI) da USP. Em 2007, o programa teve 7.011 pessoas matriculadas. AsaulassãorealizadasnaEscola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), no câmpus da zona leste, e os interessados devem ter mais de 60 anos e fazer matrículapessoalmente. Há vagasgratuitasparapalestras,oficinas e disciplinas de graduação, preenchidas de acordo com a ordem de chegada. Para graduação,éexigido ensinomédio. Tel.: (0--11) 3091- 1016. VESTIBULAR

FGV abre processo seletivo para Rio e SP O processo seletivo dos cursos de graduação oferecidos pela Fundação Getulio Vargas (FGV), no Rio e em São Paulo, está com as inscrições abertas. Os interessados têm até o fim da tarde de 13 de agosto para aproveitar as condições especiais na taxa de inscrição e pagar apenas R$ 75. Depois das 18 horas do mesmo dia, o valor cobrado passará para R$ 150. As inscrições se encerram no dia 28 de setembro. Em São Paulo, as provas serão realizadas em novembro e dezembro e no Rio, nodia 25deoutubro.Mais informações no endereço www.fgv. br/vestibular.

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