Escola E Universidade

  • November 2019
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FACEL – FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO, CIÊNCIAS, EDUCAÇÃO E LETRAS PREFEITURA MUNICIPAL DE CURITIBA SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO PROJETO ESCOLA & UNIVERSIDADE Ivone Batista Ribeiro Ipema M. Ribeiro Ferreira Josemara Rodrigues Xavier

VIVENDO, SOMANDO E APRENDENDO: DA SALA DE AULA PARA O MUNDO

CURITIBA 2008

FACEL – FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO, CIÊNCIAS, EDUCAÇÃO E LETRAS PREFEITURA MUNICIPAL DE CURITIBA SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO PROJETO ESCOLA & UNIVERSIDADE Ivone Baptista Ribeiro Ipema M. Ribeiro Ferreira Josemara Rodrigues Xavier

VIVENDO, SOMANDO E APRENDENDO: DA SALA DE AULA PARA O MUNDO

Relatório do Projeto Escola & Universidade, número apresentado à Secretaria Municipal de Educação em parceria com a Facel- Faculdade de Administração, Ciências, Educação e Letras. Unidade Escolar: Contraturno Anísio Teixeira. Orientador: Tânia Mara Fantinato.

CURITIBA 2008

“Responder uma pergunta não é tão importante quanto ser capaz de encontrar uma resposta.” (Wagoner, 2002).

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................03 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..............................................................................05 3 METODOLOGIA DE PESQUISA............................................................................09 4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS......................................10 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................16 6 REFERÊNCIAS ......................................................................................................,17 7 ANEXOS................................................................................................................18

LISTA DE FIGURAS

1- Moedas e cédulas de Anísios. 2- Atividades passatempo. 3- Textos individuais produzidos pelos alunos. 4- Fotos da visita ao supermercado. 5- Dados coletados durante a visita ao supermercado. 6- Situações problemas significativas criadas pelas crianças. 7- Fotos da feira .

RESUMO

Participantes: Ivone Baptista Ribeiro Ipema M. Ribeiro Ferreira Josemara Rodrigues Xavier

Unidade escolar:Contraturno da Escola Municipal Anísio Teixeira Instituição de Ensino Superior: FACEL – FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO, CIÊNCIAS, EDUCAÇÃO E LETRAS Professor(a) Orientador(a): Tânia Mara Fantinato Nos tempos atuais escuta-se com uma freqüência cada vez maior que

a

criança já é alfabetizada, produz textos, lê com fluência e faz satisfatoriamente .........diversas outras atividades que envolvam a Língua Portuguesa. Mas quando a professora pede para pegar o caderno de Matemática a aula .......torna-se maçante, “chata” no linguajar dos alunos. Esta Ciência tem sido trabalhada de maneira obrigatória por alunos e professores das séries iniciais. Os conceitos matemáticos são passados como está no livro, sem nenhum atrativo para a mente da criança, que já está cheia com outras coisas mais importantes. Todos esquecem que a criança deve ser alfabetizada em todas as áreas do conhecimento e da vida, inclusive na Matemática.

O projeto Vivendo, somando e

aprendendo: da sala de aula para o mundo, atendeu crianças de Educação Infantil, primeiro ano do ensino de nove anos, primeira e segunda etapas do Ciclo I do ensino de oito anos e alunos da Classe Especial, e se propôs a alfabetizar matematicamente cada uma delas. Trazendo fatos cotidianos para a sala de aula, transformando uma corriqueira visita ao supermercado numa gostosa e produtiva aula de Matemática. Os alunos também tiveram o privilégio de experimentar como ganhar, guardar e gastar o seu próprio “dinheirinho”, de maneira responsável e consciente, na atividade de culminância do projeto: a feira. Matemática; dinheirinho; somar; pensar matemáticamente

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1 INTRODUÇÃO

O Brasil é um país em desenvolvimento e em função disso fazse necessário o assistencialismo. Tendo em vista os programas do governo a afirmativa acima se torna verdadeira. A instituição escola está inserida neste contexto, principalmente as de período integral. A criança fica na escola durante todo o dia, e o que antes era função de família passa a ser da escola. Em um período a criança aprende o ensino dito normal, com todas as suas áreas, teorias e práticas. No outro ela se alimenta corretamente, aprendendo inclusive a usar talheres e guardanapos. No tempo livre brinca e faz amigos. Exercita a sua inteligência interpessoal, resolve conflitos e aprende regras de jogos, sempre assistida por professores. Escovando os dentes depois do café da manhã adquire noções de higiene e asseio pessoal. A tarefa de casa é realizada na sala tendo o apoio do professor sempre que preciso. O aluno também aprende que ter um tempo dedicado ao estudo é primordial para o bom rendimento escolar. Os vários projetos que são realizados ao longo do ano, têm por principal objetivo ajudar a criança a lidar melhor com a vida. Dessa maneira nossas crianças estão sendo privadas de experimentar as frustrações de vida. Ganham “tudo”. Quando for necessário esperar para se obter algo não irão conseguir, porque não aprenderam a lidar com este problema. O projeto abordou dois temas usando a Matemática como apoio: quebra das regras pré-determinadas utilizando a bagagem cultural que o aluno possui e uso da “frustração” para poder viver em sociedade. Professores e alunos têm encontrado mais um obstáculo a ser acrescentado aos já conhecidos, quando o assunto são as aulas de Matemática: A comunicação. A linguagem das aulas de Matemática é bastante específica, com regras bem definidas e, por isso, muitos alunos encontram dificuldades não somente com os conceitos matemáticos envolvidos, mas também com os desencontros entre os conceitos matemáticos e os termos usados no

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cotidiano deles, com os significados que trazem para a aula de Matemáticasignificados esses, na grande maioria das vezes, oriundos de experiências prévias. O Projeto Vivendo, somando e aprendendo: da sala de aula para o mundo trabalhou com os conceitos matemáticos de uma maneira mais informal, lidando diretamente com a linguagem das crianças. O professor fez o papel de incentivador e moderador das idéias geradas pelos alunos. Dessa “forma os alunos participaram ativamente, “fazendo Matemática”, e não passivamente” observando” a Matemática “ser feita” pelo professor. A assunto foi desafiador, interessante e real. Primordialmente, incentivou-se os alunos a pensar. Assim, a função de orientador e facilitador da aprendizagem se realizou mais facilmente, podendo-se perceber como pensaram e encaminharam a solução do problema, que estratégias tentaram usar, que dificuldades precisaram superar etc. O professor, discretamente, propiciou aos alunos “idéias brilhantes”, fazendo com que se lembrassem de fatos e os utilizassem adequadamente. Foi importante proporcionar ao aluno a satisfação de tê-las obtido. Alunos resolvedores de problemas se sentiram seguros e, em geral, demonstraram grande interesse pela Matemática e com ela estarão mais preparados para a vida, pois lidaram melhor com a realidade do mundo capitalista além de terem adquirido maior responsabilidades junto a seus pertences.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Os principais períodos de desenvolvimento segundo Piaget (apud BEARD,1973) são: Período da inteligência sensório- motora- que vai do nascimento até o aparecimento da linguagem, aproximadamente durante os dezoito primeiros meses de vida; desenvolvimento inicial das coordenações e relações de ordem entre ações, início de diferenciação entre o próprio corpo e os objetos, constituição da função simbólica. Neste estágio o campo da inteligência aplica-se a situações concretas. Preparação para operações concretas de classes, relações e números e a sua realização- do décimo oitavo mês de vida até cerca de onze ou doze anos, é neste estágio que se reorganiza verdadeiramente o pensamento. É a partir deste estágio que as crianças começam a ver o mundo com mais realismo, deixam de confundir o real com a fantasia, adquirem a capacidade de realizar operações. No entanto, precisam de realidade concreta para realizar as mesmas, ou seja, tem que ter a noção da realidade concreta para que seja possível efetuar as operações. Operações formais- começa aproximadamente aos doze anos e atinge seu pleno desenvolvimento cerca de três anos mais tarde. É neste estágio que a criança realiza raciocínios abstratos, não recorrendo ao contacto com a realidade. É nesta fase que a criança desenvolve a sua própria identidade, podendo haver, neste período problemas existências e dúvidas entre o certo e o errado. A criança manifesta outros interesses e ideais que defende segundo os seus próprios valores e naquilo que acredita. Vivendo, somando e aprendendo: da sala de aula para o mundo pretendeu trabalhar nas crianças o segundo período exposto por Piaget, que é subdividido em duas partes: pré-operacional e período das operações concretas. É nesse período que as crianças aprendem a conservar, comparar e equiparar quantidades. Ações essas, que foram muito utilizadas pelos alunos durante o projeto pois, observar, manipular, demonstrar, comprovar, etc são as bases das aprendizagens matemáticas. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino

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Fundamental (vol. 3, p. 35), “O ensino da Matemática deve levar o aluno a: resolver situações- problemas e construir a partir delas, os significados das operações fundamentais, buscando reconhecer que uma mesma operação está relacionada a problemas diferentes e um mesmo problema pode ser resolvido pelo uso de diferentes operações.” Resolver problemas é a razão principal de se aprender Matemática, é imprescindível que se produza uma aprendizagem conjunta e globalizada com os demais conteúdos, para promover aprendizagens significativas ao aplicá-los e relacioná-los com fatos e conceitos. Foi por meio dessa prática que se iniciou o aluno no exercício do pensar matematicamente tendo tenacidade para encontrar respostas, disposição para dar informação, precisão ao utilizar ferramentas e materiais, decisão e denodo para fazer estimativas e trabalhar com aproximações, etc. Resolver problemas é o processo de reorganizar conceitos e habilidades, aplicando-os a uma nova situação, atendendo a um objetivo. Ao resolver problemas, o aluno desenvolveu determinadas estratégias que, em geral, se aplicam a um grande número de situações, além de favorecer processos de crescimento pessoal, objetivam dotá-lo de habilidades que o ajudou a ser prático e competente para interpretar e agir sobre aspectos matemáticos do ambiente. Dante (1995, p. 84), salienta que: Aprender a resolver problemas matemáticos deve ser o maior objetivo da instrução matemática. Certamente outros objetivos da Matemática devem ser procurados, mesmo para atingir o objetivo da competência em resolução de problemas. Desenvolver conceitos matemáticos, princípios e algoritmos através de um conhecimento significativo e habilidoso é importante. Mas o significado principal de aprender tais conteúdos matemáticos é ser capaz de usá-los na construção das soluções de situações- problema. Ensinar a resolver problemas requereu que o professor colocasse os alunos frente a diferentes situações. Ele encorajou-os a pensarem por si mesmos, a levantarem suas próprias hipóteses e a testá-las, a discutirem com seus colegas como e porque determinada estratégia resolveu ou não o problema. Zabala (1999, p. 166), salienta que:

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Conseguir que os alunos trabalhem em situações experimentais e com diversos conteúdos os ajudará a progredir na organização, compreensão e generalização dos conhecimentos, e organizará uma classe em função de temas de interesse imediato, promovendo uma autêntica atitude matemática. Ajudar os colegas, colaborar e pedir colaboração participar em grupos de trabalho, compartilhar as descobertas, participar dos jogos matemáticos estar disposto a comprovar e trocar informação, também são atitudes importantes que se referem diretamente a como se cria e se compartilha o conhecimento, ao mesmo tempo em que ajudam a compreender a importância dos acordos universais e da validade das linguagens matemáticas. Foi importante também, que o professor considerou dois fatores que desempenharam papel fundamental na resolução de problemas: os conceitos e as habilidades da criança para encontrar a solução. Esses fatores foram construídos de acordo com o repertório de problemas previamente resolvidos, daí a importância dos alunos resolverem uma variedade de problemas. Ao propor essas questões, o professor estava atento aos problemas matemáticos que não tem como objetivo encontrar uma resposta numérica, mesmo que se encontre essa resposta, era apenas um ponto intermediário nesse processo. Assim, foi essencial uma interpretação ou uma análise da questão a ser resolvida. Foi preciso considerar a importância de planejar, levando em conta, principalmente, dois aspectos. Um, de tipo mais geral, auxiliou os alunos a se situarem diante de situações de todo tipo para conhecer e atuar sobre o meio – objetivo básico da Matemática – com maior segurança e habilidade, permitindo que tomassem decisões efetivas e que ampliassem aprendizagens realizadas. O outro, de tipo mais técnico, permitiu-lhes refletirem sobre os processos, avaliando-os passo a passo. Saviani (1999) coloca que uma questão por si só não caracteriza um problema, mesmo que sua resposta seja desconhecida. O que caracteriza um problema é aquela questão cuja resposta, além de não ser conhecida, deseja-se conhecer. Durante a aplicação do projeto os alunos estavam interessados em resolver a situação, no caso, ganhar “dinheirinho” , para terem um maior poder de compra no dia da feira.

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A educação e a escola devem-se manter abertas ao desenvolvimento da comunicação aliada ao lúdico, o que para a criança é real. Estimulando nos educandos a formação de uma consciência crítica diante dos meios. O aprender através de todos os sentidos e não de um só, acelera a aprendizagem, MORAN- Revista de Tecnologia Educacional- 1990. O livro “Matemática de 0 a 6” das autoras Smole, Diniz e Cândido, fala que as preocupações com um ensino de Matemática de qualidade desde a Educação Infantil são cada vez mais freqüentes, e são inúmeros os estudos que indicam caminhos para fazer com que o aluno dessa faixa escolar tenha oportunidades de iniciar de modo adequado seus primeiros contatos com essa disciplina. O conhecimento matemático não se constitui em um conjunto de fatos a serem memorizados; que aprender números é mais do que contar, muito embora a contagem seja importante para a compreensão do conceito de número; que as idéias matemáticas que a crianças aprendem na Educação Infantil serão de grande importância em toda a vida escolar e cotidiana. O projeto atendeu também, crianças da Educação Infantil e do primeiro ano do ensino de nove anos, e sua proposta incorporou contextos do mundo real usando experiências e a linguagem natural das crianças. Para compreender a forma de aprender de uma criança, foi preciso conhecer o processo de seu desenvolvimento cognitivo. Uma criança não é um adulto em miniatura. Ela passa por um amadurecimento neurológico paulatino , que lhe permite fazer novas descobertas a casa dia. Esse desenvolvimento se dará conforme o estímulo recebido, quanto mais melhor. Como VYGOSTSKY (1989) escreveu, a interação com o outro é fundamental para que a criança construa seu raciocínio.

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3 METODOLOGIA DA PESQUISA Vivendo, somando e aprendendo: da sala de aula para o mundo atendeu crianças de Educação Infantil, primeiro ano do ensino de nove anos, primeira e segunda etapas do Ciclo I do ensino de oito anos e alunos da Classe Especial, que são divididos em três grupos: turma Flik, turma Mike e turma Nemo . Essas crianças freqüentam o espaço do contraturno no período da manhã e a escola à tarde. Com base em uma tabela de combinados as professoras pagaram ao final de cada dia os Anísios pertinentes a cada aluno. No decorrer dos dias aconteceu um fato ao qual chamaremos de TROCA, por exemplo, os alunos possuíam quatro Anísios, a professora precisava pagar um Anísio para essa criança, ela dava uma nota de cinco e a criança devolvia o troco.

Foi necessário também que cada uma guardasse o que lhe

pertencia para poder participar da feira que aconteceu em novembro. Nela a criança pode adquirir objetos do seu gosto com o “dinheirinho” obtido. Para avaliar a aceitabilidade do projeto junto aos pais foi idealizado esse questionário:

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4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Inicialmente foram discutidos junto com as crianças quais combinados melhorariam o convívio com o nosso grupo. Ficou estabelecido o seguinte: CHEGADA CAFÉ DA MANHÃ HIGIENE TAREFA DE CASA RECREAÇÃO PROJETO ALMOÇO FILME PERMANÊNCIA SAÍDA

Além desses itens foi observado o respeito pelo outro, o que falavam e como falavam. Após a discussão foi feito um cartaz com os combinados e aficionado em um local visível pelos três grupos de crianças. O mesmo era lido rotineiramente pelos professores ou por algum aluno. A criança que cumpria todos os combinados conquistava o seu Anísio diário e ia somando para o dia da feira. A turma Flik é composta por alunos pequenos, de 5 a 6 anos portanto foi necessário construir um envelope para o acondicionamento dos Anísios. Todos os dias esses envelopes eram recolhidos pela professora no início da aula e entregues no final, quando acontecia a contagem do “dinheirinho”. As crianças participavam ativamente dessa contagem, sempre amparados pela tabela de combinados. A turma Mike é formada basicamente por alunos do primeiro ano do ensino de nove anos. Uma criança teve a idéia de guardar os seus Anísios no estojo, que é distribuído no início da manhã para a realização das atividades e recolhido no final do período. Os outros alunos copiaram a idéia desse colega, portanto foi a turma que mais possuía dinheiro no dia da feira,

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já que as demais turmas levavam seus Anísios pra casa e algumas vezes não cuidavam dos mesmos. Houve algumas histórias engraçadas de mães que lavaram o uniforme com o “dinheirinho” no bolso, irmãos menores que rasgaram os Anísios e crianças que simplesmente perderam. As professoras aproveitavam essas histórias para reforçar que dinheiro deve ser guardado em local seguro, levando os alunos a adquirirem responsabilidade. Os Anísios extraviados não eram substituídos. Os alunos da turma Nemo pertencem à segunda etapa do Ciclo I e a Classe Especial, instruídos pela professora providenciaram carteiras para guardar seus Anísios. No dia da feira três alunos dessa turma não possuíam nenhum Anísio para gastar, quando questionados sobre o assunto disseram que haviam perdido ou esquecido. Diariamente no horário da troca de Anísios,os alunos eram instigados a realizar cálculos matemáticos oralmente, alguns por vontade própria se utilizavam de papel e lápis, Os questionamentos mais freqüentes eram: Quantos Anísios cada criança possui? Quem possui mais? Quanto terá daqui a uma semana? Se uma criança faltar durante quatro dias quantos Anisios deixará de possuir? Quantos Anísios a turma toda possui? E se juntarmos os Anísios das três turmas, quantos possuiremos? A professora da turma Nemo ficou uma semana sem pagar os alunos, ao final desse período foi “acertar” com as crianças, cada aluno recebeu três Anísios por dia, se ele faltou algum dia não foi contabilizado. Foi uma atividade muito válida, pois deu para trabalhar as quatro operações básicas. Os alunos pensaram logicamente durante todo o tempo. Um aluno, que apresenta sérias dificuldades na Língua Portuguesa, se destacou muito nessa aula, respondendo com precisão e assertividade quase todas as perguntas, utilizando os dedos sempre que sentia necessidade. Algumas contas registradas nessa aula:

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3+3+3+3+3+3+3=21 3 x 7=21 24 – 6 = 15

A oralidade dos alunos no que diz respeito ao “pensar matematicamente” aumentou de maneira considerável. Eles já formulam hipóteses mais lógicas, antes falavam o primeiro número que lhes vinha à cabeça. Foi criado em um espaço de uso comum das três turmas um canto intitulado: VIVENDO, SOMANDO E APRENDENDO: DA SALA DE AULA PARA O MUNDO. O segundo cartaz que ficou exposto nesse espaço contava a História do dinheiro, o primeiro era um quadro com os combinados. As crianças tiveram acesso a uma série de livros criada pelo Banco Central do Brasil, com eles o Banco acredita estar oferecendo às crianças brasileiras, por meio de textos simples e ilustrações divertidas alguns temas e conceitos básicos de economia que permitirão a elas compreender a complexidade do mundo econômico de hoje. Tais temas foram: O que é o dinheiro? O que são os bancos? O que é um Banco Central? O fantasma da inflação Crianças adoram literatura, com nossos alunos não foi diferente. Os livros da Série Educativa do Banco Central trouxeram de maneira facilitada, para a sala de aula, os assuntos complexos da economia. Algumas curiosidades chamaram mais a atenção dos alunos, por exemplo: a origem da palavra salário, o escambo e a história da inflação. Outra revista muito utilizada foi a Eco kids, também do Banco Central. Lá as professoras puderam encontrar informações sobre a história do dinheiro e sobre o dinheiro brasileiro: quem determina quanto dinheiro deve ser feito, quem o fabrica e quais os cuidados se deve ter com moedas e cédulas. Os

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alunos tiveram acesso a várias dicas sobre como poupar e gastar melhor o seu dinheiro. Embasadas nesta revista as professoras confeccionaram vários passatempos educativos para as crianças, tais como: desembaralhe as letras, troque moeda por cédula, caça-palavras, desenrosque, ligue os pontos, jogo dos sete erros, encaixe, encontre as sombras e labirinto. A maioria dessas atividades enfatizava a importância da circulação das moedas no comércio. Utilizou-se também uma literatura da Autora Ruth Rocha intitulada, Como se fosse dinheiro. Esse livro conta a história de um menino que sempre recebia bala de troco quando comprava algum lanche na cantina da escola. Um belo dia ele resolveu pagar na mesma moeda, levou uma galinha para quitar o seu lanche. Essa história prendeu muito a atenção dos alunos e os levou a fazer uma reflexão sobre aquelas moedas que ficam sempre guardadas nos cofrinhos ou perdidas nos fundos das gavetas. As crianças chegaram à conclusão que as moedas devem circular para evitar transtornos como o do livro. Quanto mais atividades eram realizadas mais os alunos estavam aptos a produzirem seus próprios textos sobre o assunto. A professora da turma Nemo começou com uma produção individual, o que não gerou o resultado esperado, pois os alunos, principalmente os da Classe Especial, não conseguiram organizar em forma de texto todo o conhecimento adquirido. As demais turmas montaram um texto coletivo. Alguns alunos participantes do projeto fizeram uma visita a um supermercado próximo a escola, levaram blocos de papel e lápis para fazer um levantamento de preços de algumas mercadorias. As professoras chamaram a atenção do grupo para a organização da loja e de como todas as mercadorias são distribuídas por sessões. Os alunos foram levados a pensar matematicamente no momento em que as professoras perguntaram o que seria possível comprar com um número exato de Anísios. Com os maiores auxiliando os menores, fizeram comparações, somas, subtrações, divisões e multiplicações. Os dados coletados na visita ao supermercado foram utilizados depois em

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sala de aula como subsídios para a criação de situações problemas significativas. Mesmo as crianças que ainda não dominam o código da escrita, levantaram suposições e se mostraram alegres frente ao conhecimento significativo que tal atividade proporcionou. O projeto Vivendo, somando e aprendendo: da sala de aula para o mundo culminou em uma feira.

Nela tinha quatro sessões: Delícias, Empório,

Material escolar e Brinquedos. As crianças ajudaram as professoras na montagem de toda a feira, colocaram preços, confeccionaram o caixa, montaram as prateleiras e organizaram os produtos. Houve um revezamento para trabalhar no caixa da feira, os alunos menores eram sempre auxiliados pelos maiores e pelas professoras. Foi um dia de festa no Contraturno, ao término das compras o aluno usufruíram de seus pertences, adquiridos pelos seus próprios méritos e esforços.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Segundo a obra Reinventando a Aritmética: implicações da teoria de Piaget das autoras: Constance Kammii e Georgia Declark e Didática da Resolução de problemas da Matemática do Professor Luis Roberto Dante de onde foi tirado algumas considerações importantes sobre a melhor maneira de aplicar a Matemática de modo atraente e incentivador, desenvolvemos esse projeto. Realmente esse trabalho foi de grande valia. Houve boa aceitabilidade por parte dos alunos, pois demonstraram que no final desse projeto, são capazes de auxiliar a família em fazer compras e enfim aplicar o que aprenderam no seu dia a dia. Esse trabalho com o dinheirinho foi bem interessante, observou-se o grande interesse das crianças em cumprir com os combinados para ganhar todos os dias os Anísios e o cuidado que tiveram de não perder nenhum. O projeto criou nas crianças uma expectativa muito grande em esperar o dia de feira, onde elas gastariam os seus Anísios comprando mercadorias de sua escolha. Pode-se perceber o orgulho estampado no rosto delas, algumas ficaram até confusas na hora de escolher o que comprar, já que esse é um hábito que não faz parte da vida deles. A feira foi um sucesso, os alunos olharam o preço de cada mercadoria, contaram seus Anísios e verificaram o que poderiam comprar. Nesse momento pode-se observar que a maioria soube aplicar o que foi aprendido. Realizaram as operações necessárias, somando e observando o troco. Como todo projeto houve aspectos positivos e negativos. Algumas crianças não cumpriram com os combinados ou perderam seus Anísios e assim não puderam participar da feira. Houve certa frustração por parte dessas crianças, mas ao mesmo tempo perceberam que poderiam empenhar-se mais e melhorar suas atitudes para obter um melhor resultado da próxima vez. Observou-se falha de algumas famílias em não ajudar seus filhos, incentivando-os a melhorar o seu comportamento e também os orientando a cuidar dos seus Anísios.

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Mas apesar disso, os objetivos desse projeto foram atingidos a contento.

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REFERÊNCIAS

BANCO CENTRAL DO BRASIL, Cadernos BC- Série Educativa. 2002. BANCO CENTRAL DO BRASIL, Revista Eco Kids. BEARD, Ruth m. Como a Criança Pensa, a psicologia de Piaget e suas aplicações educacionais. IBRASA- Instituição Brasileira de Difusão Cultural, 1973. DANTE. Luis Roberto.Didática da Resolução de Problemas de Matemática.São Paulo: Ática,1995. KAMII, Constance. DECLARK, Geórgia. Reinventando a Aritmética: Implicações da Teoria de Piaget. Campinas, Sp: Papirus, 1986. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO/ SECRETARIA DO ENSINO FUNDAMENTAL. Parâmetros Curriculares Nacionais- Matemática. Brasília, MEC /SEF,1997. Rocha. Ruth. Como se fosse dinheiro. Ilustrações Walter Ono. São Paulo, FTD, 2004. SAVIANI, Demerval. Pedagogia Histórico-Crítica, primeiras aproximações. São Paulo: Cortez, 1999. SIMONS, ursula Marianne. Blocos Lógicos- 150 exercícios. Curitiba: Hubertus 2003. I SMOLE, Kátia Stocco. II DINIZ, Maria Ignez. III Cândido, Patrícia. Resolução de Problemas- Matemática de 0 a 6. Porto Alegre. 2000. VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1987. WAGONER, Kathy. Ao Mestre com Carinho: 365 reflexões sobre a arte de ensinar. (tradução Diego Salerno Rodrigues). São Paulo: Publifolha, 2002. ZABALA, Antoni. Como trabalhar os conteúdos procedimentais em aula. Porto Alegre: Editora Artes Médicas Sul Ltda., 1999. GARDNER, Howard. Inteligências Múltiplas, a teoria na prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.

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ANEXOS

1- Moeda e cédulas de Anísios

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2 – Atividades passatempo

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4 - Textos individuai s produzidos pelos alunos

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5- Fotos da visita ao supermercado

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8- Fotos da feira

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10. Questionário entregue aos pais VIVENDO, SOMANDO E APRENDENDO: DA SALA DE AULA PARA O MUNDO – Visão dos pais durante a aplicação. Durante o segundo semestre desse ano foi desenvolvido o projeto do “dinheirinho” Com seu filho. Para que nós professores possamos avaliar o aproveitamento do projeto, por favor, complete o questionário, assinalando a coluna que indique sua opinião sobre as perguntas abaixo. 1-Em relação a responsabilidade do seu filho, houve um crescimento significativo durante o desenvolvimento do projeto? ( ( (

) sim ) parcialmente ) não

2- Seu filho apresentou uma melhora em relação ao raciocínio ou cálculo mental durante a realização desse projeto? ( ( (

) sim ) parcialmente ) não

3- Você se preocupou em ajudar seu filho a cuidar dos Anísios? ( ( (

) sim ) parcialmente ) não

4- De acordo com o que seu filho comentou em casa você acha que ele gostou de participar desse projeto? ( ( (

) sim ) parcialmente ) não

5- Marque o nível de participação da família em relação ao projeto. ( ( ( (

) Não posso avaliar ) Bom ) Muito bom ) Não gostei, porque eu não percebi melhora no aprendizado

6- Você gostaria que esse projeto continuasse no próximo ano? Comente. ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________

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