Curso de Pós-Graduação em Gestão de RH - EAD QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO Prof.ª Marta Cristina Wachowicz
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Século XIX – a luta pela sobrevivência Pré-história da saúde dos trabalhadores - jornada de 12,14 ou 16 horas/dia - emprego de crianças na produção industrial - salários baixos - falta de higiene - esgotamento físico - subalimentação - acidentes de trabalho
Lutas operárias que marcaram todo o século 09 anos 13 anos tempo 11 anos 15 anos 40 anos 27 anos 25 anos 23 anos
–supressão da caderneta operária – projeto de lei para a redução do de trabalho das mulheres – lei sobre higiene e segurança – lei sobre acidentes de trabalho – jornada de 10 horas – repouso semanal – jornada de 8 horas – jornada de 8 horas nas minas
CHAPLIN – Tempos Modernos
Só a partir do fim do século são obtidas leis sociais pertinentes, especificamente, à saúde dos trabalhadores: 1890 – criação, nas minas, de delegados de segurança 1893 –lei sobre a higiene e a segurança dos trabalhadores da indústria 1898 – lei sobre os acidentes de trabalho e sua indenização 1905 – aposentadoria dos mineiros 1920 – aposentadoria para o conjunto dos trabalhadores após 65 anos (“aposentadoria do mortos”). Somente 15% dos franceses atingiam esta idade.
Da 1ª. Guerra Mundial (1914/18) a 1968 Repercussões do sistema Taylor na saúde do corpo - a disciplina do corpo gera exigências fisiológicas até então desconhecidas, especialmente as exigências de tempo e ritmo de trabalho - ao separar, radicalmente, o trabalho intelectual do manual, o sistema Taylor neutraliza a atividade mental dos operários
HISTÓRICO MUNDIAL 1556 – GEORGIUS AGRÍCOLA Primeiro autor a abordar a relação saúde/trabalho em um livro, “De Re Mettalica” que estudava vários problemas relacionados com a extração e a fundição do ouro e da prata, enfocando inclusive os acidentes de trabalho e doenças mais comuns entre os mineiros.
HISTÓRICO MUNDIAL 1557 – PARACELSO Precursor do estudo sistêmico das doenças, como lepra, gota, epilepsia, entre outras. Publicou uma monografia que tratava especificamente da relação entre saúde e trabalho, estudando vários métodos de trabalho e inúmeras substâncias manuseadas, dedicando especial atenção às intoxicações por mercúrio.
HISTÓRICO MUNDIAL 1700 – BERNARDINO RAMAZZINI
É considerado o “Pai da Medicina do Trabalho”, autor de “As doenças dos Trabalhadores”. Pesquisou as doenças de diferentes categorias profissionais (mineiros, químicos, pintores, ferreiros, saboeiros, cloaqueiros, tipógrafos, salineiros, atletas, militares...), sistematizando e classificando as doenças seguindo a natureza e o grau de nexo com o trabalho. Sugere prescrições médicas preventivas ou curativas contra as doenças dos operários.
Da classificação empírica construída por Ramazzini, há quase 300anos, é possível pinçar os critérios para uma primeira sistematização da Patologia do Trabalho: a) As doenças diretamente causadas pela nocividade da matéria manipulada que dão origem às doenças profissionais (tecnopatias). b) As doenças produzidas pelas condições de trabalho: posições forçadas, inadequadas, de pé, sentado, inclinado, encurvado (mesopatias).
O professor inglês, Richard Schilling desenvolveu uma classificação própria agrupando as doenças como: - causadas pelo trabalho - agravadas pelo trabalho Este estudo se fez para fins médico-legais vinculados à prestação de benefícios do seguro.
Categoria de Doenças Relacionadas ao Trabalho segundo Schilling I - Trabalho com Causa Necessária: intoxicação por chumbo, silicose II – Trabalho como Fator Contributivo, mas não Necessário: doença coronariana, varizes dos membros inferiores, doenças do aparelho locomotor III – Trabalho como Provocador de um Distúrbio Latente ou Agravador de Doença já Estabelecida: bronquite crônica, úlcera péptica, eczema, doenças mentais.
HISTÓRICO MUNDIAL 1802 – Inglaterra Lei de Saúde e Moral dos Aprendizes Estabelecia um limite de 12 horas de trabalho por dia; proibia o trabalho noturno; tornava obrigatória a ventilação do ambiente de trabalho e a lavagem das paredes da fábrica duas vezes ao ano.
HISTÓRICO MUNDIAL 1833 – FACTORY ACT Primeira norma promulgada pelo parlamento britânico com ação eficiente no campo de proteção ao trabalhador. Ela fixa em 9 anos a idade mínima para o trabalho; estabelece o limite de 12 horas de trabalho por dia e de 69 horas por semana; proíbe o trabalho noturno para menores de 18 anos e exige a realização de exames médicos de todas as crianças trabalhadoras.
HISTÓRICO MUNDIAL 1834 – Dr. ROBERT BAKER Primeiro Inspetor Médico de Fábricas. 1842 – ESCÓCIA Primeiro Médico de Fábrica da indústria têxtil. Sua função é submeter os menores trabalhadores a exames médicos admissionais e periódicos.
HISTÓRICO MUNDIAL 1897 – FACTORY INSPECTORATE Órgão do Ministério do Trabalho da Inglaterra que realiza exames médicos admissionais e periódicos, mas também, notifica e investiga casos de doenças profissionais.
HISTÓRICO MUNDIAL 1919 – OIT Criação da Organização Internacional do Trabalho, hoje vinculada à Organização nas Nações Unidas – ONU. 1950 – COMITÊ MISTO OIT/OMS Trabalho conjunto entre a Organização Internacional do Trabalho e a Organização Mundial da Saúde, que define as funções da Medicina do Trabalho:
PROMOVER e MANTER o mais alto grau de bemestar físico, mental e social dos trabalhadores de todas as ocupações. PREVENIR entre os trabalhadores os desvios de saúde causados pelas condições de trabalho. PROTEGER os trabalhadores em seus empregos contra os riscos resultantes de fatores ou agentes prejudiciais a sua saúde. COLOCAR e MANTER o trabalhador em um trabalho adequado as suas aptidões fisiológicas e psicológicas. ADAPTAR o trabalho ao homem e cada homem a sua atividade.
A primeira lista de doenças profissionais reconhecidas e indenizáveis, elaborada pela OIT, contava apenas 3 doenças (Convenção nº. 18, 1925), a segunda de 10 doenças(Convenção nº. 42, 1934), na terceira são 15 doenças listadas (Convenção nº. 121, 1964. Quando da revisão da lista de 1964, ocorrida em 1980, ela foi ampliada para 29 doenças ou grupos de doenças.
Versão Preliminar da Lista de Doenças – Convenção 121 de 1964 (emenda de 1980): 1. Agentes Químicos: berílio, cádmio, fósforo, cromo, manganês, arsênico, mercúrio , chumbo, fluor, sulfeto, benzeno, álcoois, ácidos minerais, zinco ozônio, cobre, estanho, ósmio, tálio, antibióticos, vanádio, óxidos de nitrogênio, acrilonitrina, hexano...
Versão Preliminar da Lista de Doenças – Convenção 121 de 1964 (emenda de 1980): 2. Agentes Físicos: perdas auditivas causadas pelo ruído, doenças decorrentes da vibração, trabalho em ar comprimido, radiações ionizantes, catarata por radiação de calor, conjuntivite pela radiação ultravioleta, doenças causadas pelo ultrasom e por temperaturas extremas.
Versão Preliminar da Lista de Doenças – Convenção 121 de 1964 (emenda de 1980): 3. Agentes Biológicos: infecções ou doenças parasitárias contraídas em alguma ocupação onde existe um risco particular de contaminação.
Versão Preliminar da Lista de Doenças – Convenção 121 de 1964 (emenda de 1980): 4. Órgãos ou Sistemas: doenças respiratórias ocupacionais como a asma, bronco-pulmonares, alveolite alérgica, pneumoconioses... Dermatoses ocupacionais Doenças Musculoesqueléticas
PSICOSSOMÁTICA O termo foi introduzido na Medicina em 1818 por Helmholtz e, naquela ocasião, tinha o sentido de designar as doenças somáticas que surgiam tendo como fator etiológico os aspectos mentais. Na moderna psicossomática, este conceito evoluiu para o estudo da pessoa como ser holístico, um sistema único constituído de três subsistemas: corpo, mente e social.
Essa inter-relação das dimensões biológica, psicológica e social é inerente a cada ser humano e cada uma dessas características humanas contém aspectos muito especiais e diferenciam-se em termos de funcionamento e modo de reação, mas são totalmente interdependentes.
O conceito holístico, básico para a Medicina Psicossomática, foi introduzido na medicina por Smutes em 1926. O termo advém do grego holos, que significa todo, sistêmico, global ou geral. Este conceito estabelece noções acerca da natureza biopsicossocial do homem, na saúde e na doença, bem como o respectivo tratamento.
O estudo e a pesquisa devem sempre levar em conta a pessoa como um todo e não as partes isoladas.
É fundamental que se considere a totalidade do ser humano e as circunstâncias que o rodeiam para termos uma compreensão mais ampla dos processos de adoecer. O indivíduo, no decorrer de seu desenvolvimento, constrói e estrutura formas de ser e reagir aos diferentes estímulos aos quais pode ser submetido no sentido de manter a homeostase do sistema humano.
A dimensão biológica refere-se às características constitucionais herdadas e congênitas, incluindo os diferentes órgãos e sistemas que promovem o funcionamento do corpo humano, como o sistema glandular, cardiovascular, gastrointestinal, inclusive as resistências e vulnerabilidades destes mesmos órgãos e sistemas.
A dimensão psicológica corresponde aos processos afetivos, emocionais e intelectuais, conscientes ou inconscientes, caracterizando a personalidade, a vida mental, o afeto e o jeito de se relacionar com as pessoas e com o mundo que as rodeia.
A dimensão social é relativa à incorporação e influências dos valores, das crenças e expectativas das pessoas com as quais se convive, dos grupos sociais e das diferentes comunidades com as quais entramos em contato durante a vida, desde o nascimento. Inclui também a influência do ambiente físico e as características ergonômicas dos objetos que utilizamos.
Em função da integração dessas dimensões, o organismo, diante de cada reação desencadeada pelos diferentes estímulos a que se está submetido, tende a uma volta ao equilíbrio. Mas esses impactos e as tensões que eles provocam deixam marcas e modificam as pessoas, inclusive seus corpos.
No corpo de cada ser humano, estão as marcas de sua história, de seu esforço, de suas perdas e de suas vitórias. Todo processo biopsicossocial desencadeia-se a partir de impactos internos e externos ao corpo. Essas manifestações também podem ser percebidas de forma inesperada pelas pessoas com as quais convivemos.
As respostas humanas não são isoladas ou ao acaso. Elas ocorrem simultaneamente em todo o organismo. Se levamos um susto - o que é uma reação psicológica - concomitantemente a respiração fica alterada, a pressão arterial se eleva, o pulso acelera, há palidez ou rubor facial, aumento da produção de suor, entre outras expressões corporais e, muitas vezes, precisamos de outras pessoas para nos darem apoio.
Do ponto de vista biopsicossocial, podemos entender o ser humano e suas manifestações, tanto na saúde como nas doenças, de forma mais completa. Coerente com a definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), que observa a saúde do ser humano como: “o completo bem-estar biológico, psicológico e social e não apenas como a ausência de doença”.
O processo do adoecer As doenças são expressões do comprometimento do organismo humano devido a causas biológicas, como vírus, bactérias, hereditariedade, ou físicas e químicas como frio, calor, poluição, intoxicações, entre outras. Este Modelo Unicausal determina que a presença de microorganismos é a única condição necessária para o surgimento de doenças.
No século XIX, no ano de 1881, o químico e microbiologista francês Louis Pasteur junto com o médico alemão Robert Koch, criaram as condições necessárias para uma compreensão mais racional dos processos infecciosos. Esse conjunto de conhecimentos possibilitou a descoberta do bacilo da tuberculose e do princípio das vacinas.
A partir desse momento, a compreensão dos mecanismos que determinam as doenças, concentram-se quase que exclusivamente na idéia de contágio, em que o organismo é um mero receptáculo das doenças. Surge a crença de que a bacteriologia iria resolver se não todos, a maioria dos problemas com que a medicina se defrontava.
O Modelo da Multicausalidade enfatiza que uma pessoa não adoece unicamente em função da existência de elementos nocivos no ambiente, mas pelo fato de ser ou tornar-se sensível à ação desses agentes. Há uma interação recíproca entre múltiplos fatores envolvidos na causalidade das doenças: o potencial patogênico do agente agressor, a susceptibilidade do organismo e o ambiente (desnutrição, pobreza, más condições de higiene e habitação).
As diferenças individuais, de como cada pessoa avalia a situação, é que irá descrever a vulnerabilidade orgânica ou não. Como as pessoas se fazem e se constróem em seu cotidiano e suas características de caráter, temperamento e personalidade é que irão determinar a forma de avaliar e enfrentar a relação doença-saúde.
As emoções ocorrem simultaneamente no nível do subsistema do corpo e no nível do subsistema dos processos mentais. Aquilo que no nível dos sentimentos é medo, raiva, tristeza, alegria, fome, no corpo concomitantemente se expressa através de modificações no subsistema somático, através de modificações das funções motoras, secretoras e de irrigação sangüínea.
As pessoas podem apresentar disfunções motoras no nível: Aparelho digestivo: vômito, diarréia, prisão de ventre; Aparelho respiratório: asma, bronquite; Aparelho circulatório: hipertensão arterial, enxaqueca; Pele: eczemas, pruridos, micoses.
Os desgastes que encontramos no nosso processo de viver é um dos cofatores mais potentes no desenvolvimento de doenças. A forma pela qual reagimos frente a estes desgastes é determinante. Estar doente ou saudável é uma questão de filosofia de vida.