Ensinando Para Trans For Mar Vidas_pr Isaltino

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ENSINANDO PARA TRANSFORMAR VIDAS Preparado pelo Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho para as igrejas batistas de Piracicaba e Rio Claro, em 1.4.6

INTRODUÇÃO O ensino é central na vida da Igreja. Ensinar é uma recomendação presente na Grande Comissão (Mt 28.19-20). O dom de ensino está em Romanos 12.7. Em Efésios 4.11-16, a estrutura para a maturidade da igreja passa pelo ensino. Impressionamo-nos com igrejas que ajuntam gente, em grande multidão, e presumimos que a estrutura tradicional de igreja está falida. Sem resvalar para críticas, recordo que nossas igrejas não são estação rodoviária, lugar de passagem. São família, lugar de firmar laços e criar vínculos relacionais estáveis. Estamos numa fase da cultura humana de irracionalismo e superespitualização. A história do pensamento humano é um pêndulo. Após três décadas de materialismo, cientificismo, marxismo, existencialismo e agnosticismo, entramos numa fase de misticismo. Saímos da razão para o absurdo. Isto ajuda a entender o porquê do florescimento de tanto absurdo espiritual. Uma pessoa que me disse que não podia crer na mensagem de Jesus porque a achava absurda, trazia estampado em seu carro um adesivo “Eu acredito em duendes”. Neste florescer de absurdos, surgem os absurdos evangélicos. Quanto mais mística, quanto mais irracional e quanto mais manipulativa a seita, mais adeptos ela consegue. Entramos em desvantagem. Nós, tradicionais, não criamos currais. Criamos para maturidade. O pastor competente é aquele que consegue formar líderes que partilhem o fardo com ele, e que tem uma igreja que não é dependente dele. Ela tem alegria em tê-lo como pastor, mas não depende dele para viver. O bom pastor é um mestre. A boa igreja tem bons mestres. Os bons mestres na igreja são aqueles que produzem pessoas maduras que sabem andar sozinhas. O ensino na igreja não é para criar dependência, mas para formar pessoas maduras, que saibam viver sem o mestre. Tenho visto que muito do chamado “discipulado” nada mais é que criar pessoas dependentes. Alisto, a seguir, algumas passagens bíblicas que acentuam o valor do ensino. Leiam estas passagens, agora distribuídas entre vocês, e a partir delas, sigamos nosso rumo. A IMPORTÂNCIA DO ENSINO

PARA AS GERAÇÕES FUTURAS “Ensinem-nas a seus filhos, conversando a respeito delas quando estiverem sentados em casa e quando estiverem andando pelo caminho, quando se deitarem e quando se levantarem.” (Dt 11.19) “Disse ele aos israelitas: No futuro, quando os filhos perguntarem aos seus pais: 'Que significam essas pedras?' Expliquem a eles: Aqui Israel atravessou o Jordão em terra seca.” (Js 4.21-22)

PARA A GERAÇÃO PRESENTE “Pois tudo o que foi escrito no passado, foi escrito para nos ensinar, de forma que, por meio da perseverança e do bom ânimo procedentes das Escrituras, mantenhamos a nossa esperança.” (Rm 15.4)

O ENSINO É UM DOM DADO POR DEUS “Se o seu dom é servir, sirva; se é ensinar, ensine;” (Rm 12.7)

2 PORQUE NÃO BASTA IR “Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos". (Mt 28.19-20)

O ESPÍRITO SANTO ENSINA E LEMBRA “Mas o Conselheiro, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, lhes ensinará todas as coisas e lhes fará lembrar tudo o que eu lhes disse.” (Jo 14.26)

NO TEMPLO E DE CASA EM CASA “Todos os dias, no templo e de casa em casa, não deixavam de ensinar e proclamar que Jesus é o Cristo.” (At 5.42)

PARA QUE HAJA FIRMEZA “Se trabalhamos e lutamos é porque temos colocado a nossa esperança no Deus vivo, o Salvador de todos os homens, especialmente dos que crêem. Ordene e ensine estas coisas.” (1Tm 10.11)

HOMENS FIÉIS QUE ENSINEM OUTROS “Portanto, você, meu filho, fortifique-se na graça que há em Cristo Jesus. E as palavras que me ouviu dizer na presença de muitas testemunhas, confie-as a homens fiéis que sejam também capazes de ensinar outros.” (2Tm 2. 1-2) ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE ESTES TEXTOS Chamo sua atenção para alguns aspectos importantes que brotam destes textos: 1. O ensino cristão não é meramente cognitivo, transmitindo dados e informações. Isto é importante. O mestre cristão não ministra informações cristãs. Ministra vida, ministra experiência com Deus. Isto cria uma necessidade ou um dever para ele: ele precisa ser uma pessoa que tenha experiência com Deus. Uma pessoa pode ser mestre secular de alta competência, e ser um péssimo mestre cristão. O mestre cristão não passa informações, mas transmite realidades espirituais que ele deve vivenciar. O mais importante é vida. O conteúdo mais forte do ensino cristão é a vida. Não a vida pessoal, que glorifica o mestre cristão, mas a vida com Cristo, que glorifica a Cristo. 2. Nas passagens bíblicas vemos que o conteúdo do ensino eram experiências vividas com Deus. Deus fizera algo por Israel, era o ensino a se passar aos jovens hebreus. Deus fizera algo por meio de Jesus, era o ensino a se passar às comunidades cristãs. Os mestres tinham internalizado o conteúdo. Assim, não contavam histórias, mas contavam algo que lhes era vivencial. O mestre cristão não é um contador de histórias, mas deve exibir uma experiência com Deus para motivar os alunos a se interessarem a ter uma experiência com Deus. Muitos professores de crianças contam as histórias bíblicas como as histórias de João e Maria. Devem contar como revelação de Deus, com paixão espiritual. Não são contadores de histórias, mas apresentadores de Jesus. 3. Na igreja, o Mestre que ensina os mestres é o Espírito Santo. O mestre cristão precisa ter um dom espiritual, e não apenas um dom natural. E precisa ter uma vida em comunhão com Deus e sob orientação do Espírito Santo. Vida espiritual abundante é exigência do mestre cristão. E o ensino não deve se restringir ao templo. Confundimos tempo de classe na EBD com ensino cristão. No tempo da EBD o ensino é exposto em forma de aula, mas ele

3 continuar em todo lugar e deve se expressar na vida do discípulo, em todo lugar. Os alunos devem saber e ver que seu mestre vive o que ensina. ALGUNS DESAFIOS PARA NÓS Isto posto, gostaria de salientar alguns desafios para estabelecermos um processo de ensino que conduza os crentes à maturidade cristã, tendo como desdobramento os quesitos anteriores. 1. O primeiro é que o mestre precisa ter o conteúdo do ensino internalizado na vida. É mais que saber a lição. É ser a lição. Valha-nos, aqui o texto de Romanos 2.17-24. Leiamo-lo, substituindo as palavras “judeu” por “crente” e “lei” por “evangelho”. O mestre cristão, para transformar vidas com seu ensino, precisa ter uma vida transformada pelo ensino do Espírito Santo ao seu coração. 2. O segundo é que o mestre cristão deve nutrir a consciência de que transmite vida, não informações. Pode até trazer informações, mas elas precisam estar carregadas de vida. Leciono Homilética, na FTBSP. Um das considerações que faço aos alunos é que ponham vida no sermão e na leitura do texto bíblico. Vida não significa gritar, mas falar com firmeza, com convicção. Há gente que lê o diálogo de Jesus com a mulher samaritana como se lesse bula de remédio. E há os que perderam a paixão pelo livro santo e o lêem como obrigação. Ler a Bíblia é sempre um ato de paixão e de humildade. Nenhum pregador terá futuro se ler a Bíblia em busca de sermão. Deve ler para si, com fome. Nenhum mestre será mestre de futuro se estudar a Bíblia apenas para preparar lições. Deve estudar para si, para aprender, com fome. 3. O terceiro é que o mestre precisa ter em mente o objetivo do ensino cristão. A meta do ensino está bem definida em Efésios 4.12-16. Mais que ter uma igreja bem doutrina (o que é válido e necessário) é ter cristãos vivos, maduros e equilibrados. Muita classe de EBD parece filha do INSS: um lugar onde se exibem cicatrizes de cirurgia e tenta ver quem tem a dor mais forte ou cirurgia mais dramática. A classe não é lugar para terapia de grupo, mas para ensino da Palavra. E este ensino não é informativo, mas formativo. 4. O quarto é que o mestre precisa entender que não é um guru, mas um instrumento divino. As primeiras instruções que Saulo de Tarso recebeu foram de Ananias, mas ele se tornou maior que Ananias. Foi-se para cumprir seu ministério. O ensino cristão não cria dependência, mas forma pessoas para viverem suas vidas sob orientação do Espírito Santo. O mestre deve respeitar o aluno, não o vendo como uma criança, mas como um irmão a quem Deus quer usar e talvez até de forma mais ampla que a ele, o mestre. 5. O quinto é que o mestre precisa entender que não é um produto acabado, mas em fazimento, sempre. Paulo foi mestre de Timóteo e Tito, bem como de muitos outros pastores e igrejas. No fim de sua vida, queria livros e pergaminhos (livros sagrados), como lemos em 2Timóteo 4.13. Este crescimento não era apenas intelectual, mas espiritual e relacional, pois ele viu o valor de Marcos (2Tm 4.11), a quem antes impugnara com veemência (At 15.37-40). O mestre cristão estará sempre crescendo, inclusive relacionalmente. Há santos insuportáveis. O que têm de santos têm de grossura. 6. O sexto é que precisamos rever um ponto básico de ensino. Fazemos avaliações cognitivas, com perguntas que mensuram o quanto o aluno aprendeu. Nos dois últimos trimestres de lições que preparei para editoras de EBD, fiz as perguntas em tom vivencial, para saber quanto os alunos tinham mudado comportamento e não o que guardaram de conceitos. Se ensinamos para formar vidas, devemos avaliar por vidas transformadas. Neste sentido, o grande desafio é para que os alunos mudem suas vidas à luz da Palavra de Deus. Se este for o alvo, encaminharemos nosso ensino nesta direção.

4 CONCLUSÃO Uma vez, o ex-presidente FHC, em entrevista à revista Veja, nas páginas amarelas, declarou que ele dava aulas, apenas. Que não se preocupava com a vida do aluno fora da classe. Isto era problema do aluno. Um professor secular pode pensar e agir assim. Um mestre na igreja do Senhor é diferente. Ele não ensina matérias nem disciplina. Ensina uma pessoa, Jesus Cristo. E ensina esta pessoa a pessoas. Também digo aos meus alunos de Homilética: “Nós não apenas pregamos a Bíblia. Pregamos a Bíblia para pessoas”. O alvo do nosso trabalho é gente. Gente preciosa aos olhos de Deus. E que deve ser preciosa aos olhos do mestre cristão. Deve saber os nomes dos alunos, deve orar por eles, e deve preparar o estudo pensando neles. Não no seu desempenho, se brilhará ou não. Mas em como poderá ajudar os alunos a crescerem espiritualmente. Ser mestre cristão é algo muito sério. “Meus irmãos, somente poucos de vocês deveriam se tornar mestres na Igreja, pois vocês sabem que nós, os que ensinamos, seremos julgados com mais rigor que os outros” (Tg 3.1). É o que se chama de glória com peso. É glorioso, mas é pesado. E não deve nos intimidar, mas nos tornar conscientes da seriedade do que fazemos e nos levar a uma consagração de vida ao Senhor para desempenho de nossa missão.

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