Enfrentando O Desafio Muculmano

  • May 2020
  • PDF

This document was uploaded by user and they confirmed that they have the permission to share it. If you are author or own the copyright of this book, please report to us by using this DMCA report form. Report DMCA


Overview

Download & View Enfrentando O Desafio Muculmano as PDF for free.

More details

  • Words: 58,266
  • Pages: 139
Enfrentando o desafio muçulmano Um manual de apologética cristã-muçulmana

John Gilchrist

Introdução A questão cristã-muçulmana atual Grandes conflitos vão e vêm, mas um em especial, que tem se prolongado por quase quatorze séculos, parece ser destinado a durar para sempre. É a clássica batalha universal, que sobrevive a todas as gerações: a luta entre islamismo e cristianismo pelas almas dos que vivem na terra. Apesar de passar desapercebida, esta é provavelmente a luta suprema, que se debate com as questões vitais, isto é, o verdadeiro propósito da existência humana e seu destino final. Cada religião tem seu próprio personagem central, que é aclamado como o mensageiro definitivo de Deus para toda a humanidade — Jesus Cristo, o Salvador do mundo, ou Maomé, o Profeta universal das nações. Cada um deles tem a sua própria missão — espalhar o Evangelho até os confins da terra ou estabelecer uma unmah (comunidade) que cubra o globo. Da mesma maneira, cada um possui a convicção de que triunfará no final sobre todas as filosofias, religiões e poderes que desafiaram a fidelidade humana. Este livro trata da relação atual entre islamismo e cristianismo, particularmente dos argumentos que os muçulmanos empregam na discussão ou debate com cristãos a fim de estabelecer uma "superioridade" do islamismo pela refutação da autenticidade das escrituras cristãs e de suas doutrinas fundamentais. Qualquer cristão que tenha uma conversa com muçulmanos logo descobrirá que eles estão armados com um arsenal de objeções que são inseridas na discussão para minar a mensagem do Evangelho e colocam o cristão na defensiva. A investida muçulmana contra o cristianismo O desafio remonta à época de Maomé. O Qur'an (ou Corão), livro sagrado dos muçulmanos, tem várias passagens polêmicas que confrontam as crenças cristãs, não só opondo-se a elas mas também propondo argumentos racionais para combatê-las. Nos primeiros séculos do islamismo, estudiosos muçulmanos escreveram várias teses desafiando a integridade da Bíblia (Ibn Hazm), a doutrina da Trindade (Abu Isa al-Warraq), a estrutura da sociedade cristã (Al-Jahiz), ao mesmo tempo em que Maomé é cumprimento de profecia tanto do Velho quanto do Novo Testamento (Ali Tabari). Os tempos modernos presenciaram a produção em massa de material polêmico para distribuição ao redor do mundo, particularmente dos livretos de Ahmed Deedat, um propagandista muçulmano do meu país natal, a África do Sul. Os cristãos, em algumas ocasiões, têm procurado igualmente o confronto, questionando veementemente as credenciais de Maomé como profeta e produzindo numerosas evidências contra a assertiva de que o Qur'an

é a Palavra de Deus. Em ambos os casos, as estocadas têm sido extremamente parciais e destemperadas. Os ideais mais sublimes da religião do seguidor são freqüentemente contrastadas com os piores excessos da fé do adversário, sem que sequer os debatedores se dêem conta da injustiça deste método. Por exemplo, um cristão poderia argumentar que as mulheres recebem um péssimo tratamento em algumas partes do mundo muçulmano, enquanto que, segundo o ensinamento bíblico, elas deveriam estar em posição de igualdade no casamento monogâmico (Efésios 5:28 a 33), não levando em conta, no entanto, a prevalência de divórcio e imoralidade nas sociedades tradicionais cristãs no mundo ocidental. Da mesma maneira, um muçulmano ensinaria que o islamismo é a religião da paz perfeita, ignorando os numerosos conflitos no mundo muçulmano e os atentados com bombas em embaixadas, aviões, centros comerciais e outros em nome do Islã. Muçulmanos também afirmariam que a unidade universal do mundo muçulmano é um ponto favorável ao islamismo quando comparado com as muitas divisões eclesiásticas cristãs, sem contudo considerar o grande número de secções conflitantes no Islã e o fato de que a unidade islâmica é, na realidade, uma uniformidade de culto baseada apenas na natureza rígida da prescrição das orações, jejuns, abluções e a peregrinação Haji dos muçulmanos. Neste livro, meu objetivo é discutir sobretudo os argumentos muçulmanos contra os cristãos, dando aos cristãos respostas efetivas às suas altercações. Tenho o privilégio de ter, durante mais de vinte e cinco anos, participado de debates com milhares de muçulmanos na África do Sul, e provavelmente ouvi quase todas as objeções que eles são capazes de levantar contra a fé cristã e suas Escrituras. Também examinei todos os livretos muçulmanos citados na bibliografia no final deste livro. Com genuína convicção, posso dizer que nunca ouvi um argumento muçulmano que não pudesse ser legítima e adequadamente respondido. Os argumentos listados nos capítulos a seguir são aqueles de que os muçulmanos mais freqüentemente se utilizam em conversas pessoais, apresentados na forma argumento/resposta a fim de dar as cristãos exemplos de como rebatê-los. Atitudes dos muçulmanos que frustram os cristãos Percebi muitas vezes em debates acalorados com muçulmanos que certas atitudes da parte deles são calculadas para evitar uma discussão produtiva. O ideal seria que cristãos e muçulmanos debatessem suas posições com o objetivo comum de descobrir as verdades definitivas de Deus. Contudo, o que freqüentemente acontece é que os muçulmanos tentam somente frustrar o testemunho cristão, lançando seus argumentos de forma a produzir uma cortina de fumaça ao invés de estabelecer uma plataforma para possibilitar uma interação saudável. São feitos protestos regularmente, sem que se dê nenhuma oportunidade de resposta por parte do cristão. Por exemplo: ouvi muitas vezes questões como "como Deus pode ter um filho se

ele não tem uma mulher?", ou "se Cristo morreu pelos seus pecados, isso significa que você pode pecar o quanto quiser?", etc. Como se a questão levantada por si só fosse a prova definitiva, a última palavra a respeito do assunto. Os muçulmanos quase nunca querem ouvir a resposta, mas apenas refutar algum ponto. Poucos muçulmanos têm uma compreensão real do cristianismo, fato abundantemente evidenciável pelos livretos produzidos que tentam se opor ao cristianismo. Os cristãos são acusados de crerem em três deuses, presume-se que o Novo Testamento seja uma versão modificada do Velho Testamento (que é assumido como sendo as escrituras originais), enquanto que a divindade de Cristo é desconsiderada por causa do plano físico. Alega-se que Deus não poderia ter um Filho sem uma mulher, ainda que o próprio Qur'an, na Surata 19:20-21, ensine que pelo poder e decreto de Deus Maria poderia ter um filho, ainda que ela não tivesse marido. Os cristãos precisam demonstrar paciência quando discutem questões como essas com os muçulmanos. Outra fonte de frustração é a inclinação de parte dos muçulmanos de questionar livremente a autenticidade da Bíblia ou de crenças básicas do cristianismo, ao mesmo tempo em que se mostra bastante ofendido quando se vira a mesa contra o Qur'an e o islamismo. Mais uma vez, os cristãos precisam ser tolerantes e permanecer equilibrados em casos assim, sem tentar rebater com uma abordagem semelhante. Outros muçulmanos debatem simplesmente a fim de encontrar incoerências, sem se interessarem em ouvir respostas razoáveis. Em vários encontros dos quais participei, muçulmanos proclamaram enfaticamente uma objeção a algum dos pilares da nossa fé, e foi preciso tempo para responder adequadamente. Muitas vezes a resposta não pode ser dada de maneira tão sucinta ou enfática quanto a objeção que a tornou necessária. Contudo, ainda que o muçulmano não tenha feito nenhum esforço para rebater o contra-argumento, ele irá depois triunfantemente repetir o seu mesmo argumento, como se ele já não tivesse sido refutado antes. Paciência e perseverança são essencialmente necessários nesses casos! Argumentos muçulmanos devem ser respondidos Alguém poderia dizer: "por que discutir?". Por que não apenas compartilhar nossas crenças diferentes num espírito de compreensão mútua e deixar os pontos conflitantes da nossa fé de lado? Há inúmeras razões pelas quais os cristãos, se quiserem ser verdadeiros na sua fé e consigo mesmos, devem estar preparados para responder às objeções dos muçulmanos e rebater seus argumentos. Primeiramente, se você não é capaz de defender sua fé, os muçulmanos concluirão que você pode ser um crente fervoroso, mas que não é capaz de justificar o que crê. A sua indisposição para enfrentar esse desafio irá dar aos muçulmanos a impressão de que a sua religião é indefensável.

Depois, se você puder não só afirmar aquilo que você crê, mas também explicar porque acredita de forma coerente, os muçulmanos terão uma tendência maior a ouvi-lo, sabendo que você mesmo já testou a credibilidade da sua crença e é capaz de defendê-la de modo convincente. Finalmente, em terceiro lugar, quando um muçulmano converte-se ao cristianismo, ele invariavelmente vai querer saber, assim que possível, quais as evidências que sustentam a fé que ele agora professa, especialmente porque ele também poderá ser questionado por outros muçulmanos, tentando trazê-lo de volta ao islamismo. Ele precisa, portanto, ser muito bem treinado para resistir a essas pressões. O apóstolo Pedro afirmou claramente que os cristãos precisam estar preparados para enfrentar os desafios que lhe são colocados, e também o espírito com o qual devemos responder: "... estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós, fazendo-o, todavia, com mansidão e temor, com boa consciência, de modo que, naquilo em que falam contra vós outros, fiquem envergonhados os que difamam o vosso bom procedimento em Cristo." (1 Pedro 3:15 a 16) O apóstolo Paulo nunca se esquivou do dever de fundamentar aquilo que cria com provas adequadas. Quando estava na companhia de judeus que procuravam discutir com ele, Paulo "arrazoou com eles acerca das Escrituras, expondo e demonstrando ter sido necessário que o Cristo padecesse e ressurgisse dentre os mortos" (Atos 17:2 e 3). Ele não estava interessado numa mera troca de visões religiosas, esperando que a mensagem do Evangelho prove-se atrativa o bastante apenas pela sua simples apresentação. Ele sabia que precisava fazer com que tudo o que ele dissesse merecesse crédito, se quisesse que os seus adversários o levassem a sério. Em outra ocasião, ele disse: "anulando nós, sofismas e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus" (2 Coríntios 10:4 e 5), provando ele mesmo ser alguém que dominava o assunto e tinha plena confiança na sua capacidade de endossar a verdade na qual cria. Na evangelização de muçulmanos, é essencial que os cristãos sejam capazes de refutar as objeções e os argumentos que o muçulmanos produzem de pronto. Na próxima seção, iremos considerar o espírito com o qual o cristão deve responder. A resposta cristã: métodos e abordagens corretos Os capítulos deste livro exemplificam meios eficientes de se responder aos argumentos mais comuns dos muçulmanos contra a Bíblia e os seus ensinamentos. É essencial que o conteúdo desses exemplos seja claro e convincente. Assim, este livro estaria bastante incompleto se não fosse dada atenção ao modo de conduta do cristão quando estiver discutindo com muçulmanos. O espírito da nossa abordagem é tão importante para produzir um impacto genuíno nos muçulmanos quanto a fundamentação dos nossos

argumentos. Exemplos de abordagens e atitudes erradas Há muitas maneiras pelas quais os cristãos podem arruinar seu testemunho aos muçulmanos. Serão consideradas três delas aqui: 1. O espírito de triunfalismo Há muitos anos atrás, participei de encontro em Durban, África do Sul, onde quase dois mil cristãos e muçulmanos estavam aguardando que o auditório da prefeitura abrisse suas portas. Houve um atraso e a multidão simplesmente ficou aguardando, do lado de fora, em silêncio. Dr. Anis Shorrosh, um cristão palestino, havia anunciado que naquele encontro iria rebater as críticas de Ashmed Deedat, o campeão local muçulmano da polêmica anti-cristã, tendo inclusive desafiado-o a ter a coragem de dividir a tribuna com ele. A atmosfera do lado de fora da prefeitura, compreensivelmente, era tenso. De repente, um dos pastores cristãos locais gritou a um de seus amigos: "vamos cantar em louvor ao Senhor". Eles começaram, então, animadamente a cantar o coro: "Deus seja exaltado e seus inimigos dispersados", e a seguir vinham triunfantemente os versos "No nome de Jesus temos a vitória, no nome de Jesus os demônios serão expulsos". Infelizmente, os "demônios" ficaram — e deram o troco. E venceram! Um muçulmano logo interrompeu a cantoria com gritos de "Allahu Akbar!". Em pouco tempo, cerca de mil muçulmanos urravam incessantemente "Allahu Akbar!" (Alá é maior), e depois "La ilaha illullah!" (Não há outro Deus senão Alá), num imenso uníssono até que o coro dos cristãos fosse minguando até silenciar. Um cristão ao meu lado me perguntou, nervoso: "O que eles estão dizendo?" (ainda era a época do auge do reacionarismo islâmico e fundamentalismo eufórico), a quem eu respondi: "Calma, eles estão apenas gritando que só Deus é grande". É fácil cantar entusiasmados refrões como aqueles no conforto da comunhão com outros cristãos, quando ninguém mais está ouvindo. Triunfalismo é uma característica muito comum em várias formas contemporâneas do culto cristão. Somos chamados a sermos pessoas humildes falando em espírito de amor a todos que encontrarmos. Já foi muito bem dito que nosso alvo é ganhar os muçulmanos para cristo, e não vencer uma batalha para o cristianismo. Os cristãos devem resistir à tentação de tentar impor sua fé aos muçulmanos. Da mesma maneira, precisamos resistir à tendência de tentar provar alguns pontos somente para vencer o debate. O próprio ouvinte é o alvo principal. Tudo o que dissermos, e o espírito com que fazemos isso, deve ser na tentativa de se ganhar a confiança, a atenção e a boa vontade do outro. Nossa abordagem deve ser a que está descrita nesta passagem:

"A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada um." (Colossenses 4:6) Em vários seminários, eu incitei repetidamente os cristãos a memorizarem a seguinte frase, na verdade um acrônimo da palavra "Islã" em inglês: I-S-L-A-M stands for I Shall Love All Muslims! (Islã quer dizer: Eu devo amar todos os muçulmanos!) Ouvi dizer que os cristãos devem odiar o Islã mas amar os muçulmanos. Eu sugeriria que o mais apropriado é amar todos os muçulmanos e se esforçar para compreender o que é o islamismo. Quanto mais você aprende sobre a fé muçulmana, mais irá aprender a respeitá-la (falo por experiência própria), e mais os muçulmanos irão respeitá-lo e estar dispostos a ouvi-lo. Quando os cristãos demonstram que se importaram o bastante para descobrir o que os muçulmanos acreditam de verdade, e se familiarizar com o Qur'an e a herança islâmica, os muçulmanos invariavelmente respondem tornando-se mais inclinados a participar de uma discussão sério ao invés de mero confronto e argumentação. Precisamos conquistar o direito de sermos ouvidos. 2. A tendência a demonizar e interpretar mal o islamismo Muitos escritores e palestrantes cristãos têm deturpado o islamismo por ignorar sua história verdadeira e ensinamentos básicos, projetando suposições falsas que são muito mais fáceis de ser condenadas e associadas a vilões. Há alguns anos, no meu país, a África do Sul, uma campanha pública foi lançada por alguns líderes cristãos contra o símbolo muçulmano hallal, que aparecia em embalagens de margarina, carnes de aves e outros produtos nos supermercados locais. Alegavam que era um sinal que indicava que aquele produto havia sido oferecido ao ídolo muçulmano, Alá, e que os cristãos não deveriam comer esses produtos porque Paulo proibia que se comesse alimentos consagrados a ídolos em 1 Coríntios 10:19 a 22. Outras publicações cristãs recentes insistiam que Alá era o "deus lua" do paganismo árabe anterior ao islamismo, e que o deus muçulmano era, na verdade, somente um deus de traços animistas. Uma vez tendo classificado Alá, do islamismo, como um deus falso ou como ídolo, fica muito mais fácil de atacar as crenças muçulmanas. Ao se discutir com muçulmanos, essas falsidades devem ser evitadas. Alá é o nome universal árabe para o único Ser Supremo de todo o universo, e é usado com a mesma liberdade por cristãos e judeus de fala árabe, bem como pelos muçulmanos. Do mesmo modo, o símbolo hallal é nada mais que um indicativo de que foi retirado daquele produto tudo o que significasse restrição segundo as leis islâmicas, e que o torna, portanto, apto para ser consumido. De certa forma, é exatamente contrário do que alegaram aqueles cristãos sul-africanos (o antônimo haraam

é usada, no islamismo, para descrever os alimentos separados, que não devem ser consumidos, como carne de porco), porque certamente nunca indicaria que aquele alimento foi oferecido como sacrifício de qualquer tipo. Outra falácia cristã muito popular que está sendo largamente difundida ultimamente (e, infelizmente, as pessoas acreditam nela) é que o islamismo era, originalmente, uma conspiração do catolicismo para eliminar os judeus e cristãos que se recusavam a se submeter à autoridade do Vaticano. Maomé teria sido iludido numa história ingênua, onde sua mulher Khatija, que seria uma espiã católica, motivava-o a se tornar um grande líder para executar os desígnios e planos do Vaticano. No entanto, fortificado pelo apoio financeiro do Vaticano, o islamismo teria se rebelado e tomado seus próprios rumos na História. Além de fantasiosa ao extremo, por desafiar todos os extensos registros históricos a respeito da vida de Maomé e do início do islamismo, ela foi espalhada pelo Dr. Alberto Riviera, partindo de um boato segundo o qual um cardeal jesuíta, conhecido por Augustine Bea, tomou conhecimento da trama em instruções secretas que teriam circulado no Vaticano. Apesar de ser baseada numa lorota, muitos cristãos (que freqüentemente não sabem muito mais que isso a respeito do islamismo) acreditam fervorosamente nela e criam confusões com os muçulmanos. Pela divulgação de informações falsas, os muçulmanos apenas são afastados ainda mais da verdade. Os cristãos precisam buscar, sempre, ser verdadeiros em seu testemunho e objetivos nas suas perspectivas — ser coerente com a Palavra de Deus, com os registros históricos confiáveis, e tentar evitar conquistar uma "vantagem" sobre o islamismo usando-se de acusações falsas. 3. Atitudes negativas e de milícia contra os muçulmanos Há alguns milhares de anos atrás, o mundo viu o começo de uma nova estratégia do cristianismo frente ao islamismo, que foi a dominação do Oriente Médio por três séculos. As Cruzadas, quatorze no total, partiram da Europa Ocidental contra o mundo muçulmano, na tentativa de arrancar grande parte dele para a cristandade católica, particularmente os locais santos em Jerusalém para que as peregrinações cristãs pudessem acontecer sem maiores transtornos, bem como para estabelecer uma presença dominante e poder cristãos na região. Muitas obras de arte resistiram às batalhas entre cristãos e muçulmanos, retratando os soldados cristãos sempre segurando numa mão a espada, e, na outra, um escudo com o desenho de uma cruz. Os cristãos foram, indubitavelmente, os agressores, e o mundo muçulmano sofreu uma série de guerras, conflitos e campanhas que só podem ser descritas como um exercício cristão de jihad1. A Primeira Cruzada, promovida pelo papa Urbano II, foi surpreendentemente bem-sucedida, pois, apesar de pequeno, o exército cristão apanhou os muçulmanos 1 Guerra santa (N.T.)

despreparados. Sob o comando de líderes como Godfrey de Bouillon, conquistaram muitas cidades, incluindo Jerusalém, passando impiedosamente judeus e muçulmanos sob o fio da espada até que seu sangue corresse pelas ruas. As cruzadas que se seguiram não foram tiveram tanto sucesso nem foram tão brutais, mas deixaram o legado da hostilidade entre cristãos e muçulmanos, que perdura até hoje. A militância moderna cristã contra o islamismo assume uma forma menos violenta, mas ainda presente. "Estamos em guerra com o Islã" é grito de convocação que eu, pessoalmente, já ouvi sendo proferido por cristãos, criando um sentimento negativo contra os muçulmanos, que são capaz de percebê-los facilmente. Com um Salvador descrito como "príncipe da Paz" (Isaías 9:6), fica difícil acreditar que esta seja uma abordagem apropriada. Não seria melhor que a nossa missão fosse uma campanha de paz? Ao invés de se martelar os últimos atentados a bomba em embaixadas, seqüestros, incidentes como o avião de uma empresa aérea norte-americana que foi derrubado em Lockerbie2, Escócia, e outros que cultivam um sentimento negativo em relação aos muçulmanos, deveríamos, ao invés disso, desenvolver uma atitude de boa vontade e amor para com eles. Também, precisamos estar dispostos a entregar nossas vidas sacrificialmente em testemunho e serviço, assim como Jesus Cristo fez por nós — Ele não considerou as nossas faltas e as usou contra nós, mas prontamente entregouSe para nos trazer de volta a Deus. Só quando estivermos prontos para amar os muçulmanos, a despeito do que eles fazem ou teriam feito, seremos verdadeiramente capazes de manifestar o amor de Jesus por eles, e cumprir o propósito fundamental do nosso testemunho — levá-los à Sua graça e salvação.

Princípios importantes na nossa abordagem aos muçulmanos Vamos olhar alguns princípios do testemunho que devemos nos esforçar para ter quando estivermos compartilhando com muçulmanos ou debatendo com eles, num nível mais prático. 1. Justiça, paciência e amabilidade Talvez você conheça o ditado: "mantenha sua cabeça, mesmo quando todos em volta estiverem perdendo as suas". Os muçulmanos, quando argumentando com cristãos, costumam importunar e provocar deliberadamente com o único objetivo de irritar, até que o cristão perca a paciência ou fique nervoso e ofendido. Para eles, isso é um sinal de que eles venceram, e que a resposta comportamental do cristão é uma prova de que ele não é capaz de refutar às objeções. É essencial manter a compostura o tempo todo e, mesmo que você 2 O livro foi escrito em 1999, antes do atentado simultâneo às torres do World Trade Center, em Nova York, e ao Pentágono, em Washington, EUA.

ache os muçulmanos chatos e irritantes, deve-se manter um espírito de mansa boa vontade e conversação razoável. Igualmente, não se surpreenda ou desanime quando eles atacarem o ponto central da sua mensagem. Os muçulmanos são treinados para rebater argumentos cristãos. Imagine um evangelista fervoroso, batendo na porta de um muçulmano pela primeira vez. Quando o muçulmano abrir, ele informa: — Vim para contar a você sobre as gloriosas boas novas de Jesus Cristo, o Filho de Deus, que morreu por você para que você fosse perdoado e pudesse ir para o céu". Ele poderia esperar que o ouvinte respondesse: "Puxa, isso é a coisa mais maravilhosa que eu já ouvi em toda a minha vida! Onde posso ser batisado?". Se for essa a sua expectativa, ele ficará bastante desapontado. É muito mais provável que ele seja confrontado com este tipo do de resposta: — Deus não tem parceiros! Onde ele arranjou um Filho? Quem foi a mulher de Deus? Como ele poderia deixar que o Seu Filho morresse? Você tem filhos? Você ficaria lá parado, olhando, enquanto criminosos assassinam os seus filhos? Que Pai é esse? De qualquer modo, ninguém pode morrer pelos seus pecados — cada alma deve carregar seu próprio fardo. Se Cristo morreu por você, isso não lhe dá o direito agora de pecar o quando quiser, uma vez que você já está perdoado? Os muçulmanos prontamente reduzem o testemunho cristão para o debate, conflito e argumentação. Isso não pode ser evitado. Os cristãos, às vezes, precisarão discutir de maneira razoável com eles, esforçando-se para apresentar respostas com argumentos sólidos aos seus argumentos, e fazer isso num espírito amável e paciente. 2. Evite brigas e disputas Quando se aceita que é essencial responder aos argumentos dos muçulmanos, também é preciso se dizer que não se deve nunca deixar que aquilo que começou como um debate saudável se degenere, transformando-se em reles briga e controvérsia. O apóstolo Paulo disse: "E repele as questões insensatas e absurdas, pois sabes que só engendram contendas. Ora, é necessário que o servo do Senhor não viva a contender e sim deve ser brando para com todos, apto para instruir, paciente; disciplinando com mansidão os que se opõe" (2 Timóteo 2:23 a 25) Conceitos errados devem ser removidos de maneira gentil, mas efetiva, sempre que possível. Uma resposta paciente e ao mesmo tempo ponderada pode não surtir um efeito imediato sobre o muçulmano que ou está promovendo seu próprio triunfalismo, ou agitado e agressivo e não muito disposto a ouvi-lo, mas no longo prazo o impacto será inevitavelmente mais profundo. Quando o clima

amenizar e a poeira não estiver mais no ar, sua resposta confiante e segura será lembrada. O que quer que você faça, não seja aquele que provoca primeiro argumentos rudes e disputas. 3. Seja sério a respeito de sua fé Testemunhar a graça de Deus em Jesus Cristo é uma das coisas mais importantes e sérias que você pode fazer na sua vida. Quando conversar com muçulmanos, evite gracinhas e irreverência. Faça com que o muçulmano perceba, especialmente se ele discutir com você tentando ridicularizá-lo ou sendo displicente, que você leva sua fé bastante a sério e quer discutir quaisquer pontos que ele esteja disposto a esclarecer. Mesmo no testemunho cristão normal, é importante manter uma atitude compatível e de seriedade no que se refere à sua mensagem. Afinal, você quer que o seu interlocutor leve-a a sério também. Há pouco tempo atrás, depois de testemunhar a um muçulmano a respeito dos mais maravilhosos aspectos da nossa fé cristã, descobri, quase quando ia saindo de sua casa, que ele torcia para o mesmo time de futebol que eu, o Manchester United da Inglaterra. Como todo bom muçulmano sul-africano torce para o Manchester (os outros preferem o Liverpool e o Arsenal), eu imediatamente mudei o rumo da conversa para o Manchester, porque, por experiência própria, sabia que um interesse comum é muitas vezes uma porta para o coração de um muçulmano e para que ele se interesse por você. Desta vez, no entanto, descobri que havia deixado um impacto maior do que pensava ter deixado, pois ele rapidamente voltou ao assunto da minha mensagem: "Minha mãe é cristã, se converteu do islamismo há alguns anos. Ela tem uma paz que eu quero de verdade. Eu fiquei realmente tocado pela sua mensagem, e vou ler as coisas que você me deu com atenção." Soube imediatamente que era hora de deixá-lo ali, prometendo vê-lo novamente em breve. Em momentos como esse, a seriedade do nosso ministério de fazer com que as pessoas conheçam a Jesus deve prevalecer. Não podemos nunca perder isso de vista. 4. Seja bíblico em suas respostas Acho que não conseguirei dar a ênfase necessária a este tópico. Quando discutindo a Trindade, por exemplo, é sempre tentador raciocinar teológica e doutrinariamente, tentando explicar como Deus pode ser três pessoas numa só. Muitas vezes, percebi que, depois de um tempo, eu estava tão confuso quanto o muçulmano a respeito desse assunto tão profundo! Há tantas coisas que eu não compreendo e, francamente, acho que não é para entendermos. Às vezes, os cristãos usam ilustrações para explicar a doutrina, como dizer que H 2O, que, sendo uma só substância, pode ser vapor, água ou gelo. Ou então a ilustração do ovo (gema, clara e casca, mas o ovo é uma coisa só). Os muçulmanos dificilmente conseguem entender a Trindade através destes raciocínios. Na seção deste livro chamada O Pai, o Filho e o Espírito Santo, mostro como uma apresentação bíblica do papel das três pessoas divinas é, sem dúvida, o meio mais poderoso

para se explicar o assunto, ao mesmo tempo que lhe permite continuar a iniciativa e voltar ao testemunho genuíno. É a própria Bíblia que diz: "Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração" (Hebreus 4:12) Conheça a sua Bíblia. Quanto mais você dominar a Palavra de Deus, mais eficiente você será no debate com os muçulmanos. É o nosso melhor manual, e é o principal meio usado pelo Espírito Santo para mover o ouvinte a fim de que ele responda à mensagem cristã. Há um poder na Palavra e, muitas vezes, em situações em que me encontrava na defensiva quando precisava explicar algumas coisas em termos humanos, descobri aquela autoridade que surge quando a Bíblia é citada e retorna à posição de fonte do meu testemunho. Em geral, nada precisa ser provado — a Bíblia só precisa ser citada adequadamente, e a Palavra de Deus irá produzir seu impacto no interlocutor. Naturalmente, quando o ataque é contra seus próprios ensinamentos e convicções, a razão humana é necessária, mas mantendo-se bíblicas as respostas, é mais provável que seja alcançado um resultado melhor. Tente evitar ser racional ou teológico com os muçulmanos. Você não pode colocar as pessoas no Reino de Deus através da razão — é preciso que elas respondam à mensagem da graça e do perdão de Deus com seus corações, e isso demanda não só assentimento à verdade, como também que se gere arrependimento e convicção profundos. E a Bíblia é a melhor ferramenta para isso. Faça o possível para conseguir que os muçulmanos a leiam! 5. Use as objeções como uma oportunidade para testemunhar Este é o meu último tópico, mas com certeza não é o menos importante. Ele irá retornar constantemente neste livro. Faça o possível para usar os argumentos dos muçulmanos para fortalecer o seu testemunho entre eles. Isso lhe ajudará a voltar ao seu foco real, que é desafiar os muçulmanos a responder à sua mensagem e clamar por Cristo em suas almas. Vamos voltar a uma discussão já mencionada, expandi-la um pouco, e ver como se pode usar o debate como oportunidade para enfatizar a mensagem do Evangelho. Os muçulmanos retrucam: "Como Deus pode deixar seu Filho morrer? Para nós, Jesus Cristo é um profeta, e mesmo assim honramos a Ele e a Deus, acreditando que Deus o livrou da cruz. No entanto vocês sustentam que ele era o Filho de Deus, e que Deus não fez enquanto O crucificavam. E você quer que acreditemos nisso?" O argumento é, em geral, sincero — eles acreditam na sua lógica, especialmente porque os filhos são muito valorizados nas famílias muçulmanas em todo o mundo. Um muçulmano foi mais longe comigo:

— Quantos filhos você tem? — ele me perguntou. — Dois — respondi. — Bem, se você visse um grupo de fascínoras atacando um deles, e se você percebesse que eles iriam matá-lo, você não tentaria salvá-lo? Você não ama seu filho? Assim que você cai na armadilha e responde com um simples "sim", os muçulmanos encerram o debate — é precisamente o que um bom Pai celeste faria pelo seu filho. Respondi: — Vou fortalecer ainda mais seu argumento antes de lhe responder: e se você me visse andando numa estrada com uma faca numa das minhas mãos e com o meu filho na outra, pronto para matá-lo? Isso não seria pior? Ele concordou (havia caído na minha armadilha!). — Então — continuei —, como você consegue acreditar que Abraão foi um grande profeta e pai, se foi isso que ele fez? Ele preparou um dia para matar seu próprio filho, de acordo com o Qur'an (Surata 37:102-103). Deus disse a Moisés: "não matarás" (Êxodo 20:13). Você consegue ter uma imagem positiva de Abraão quando ele se preparava para fazer isso com seu próprio filho? Ele respondeu, e eu cito literalmente o que ele disse: — Você não entende. Aquilo foi diferente! (ênfase minha). Foi um teste do seu amor por Deus. Se um homem entregar seu filho para Deus, ele será capaz de dar qualquer coisa a Ele!" A porta estava aberta para um testemunho mais profundo, com melhores resutados do que uma apresentação comum da mensagem do Evangelho alcançaria. — Exatamente! — respondi — E é precisamente o que eu estou tentando explicar a respeito de Deus. Ele não agüentou ficar só olhando, e deu prontamente seu Filho por nós para salvar-nos de nossos pecados. Foi a maior prova de Seu amor que Ele poderia ter dado. João 3:!6! Continuei: — Deus poupou o filho de Abraão, mas não poupou o Seu próprio Filho. Deus mostrou, ao ordenar que Abraão desse a melhor prova de amor do seu amor por Deus possível, que era o sacrifício do seu filho, aquilo que ele iria fazer ao nos dar a maior manifestação de Seu amor . Os cristãos sabem que, na cruz, Deus fez a melhor coisa possível por nós. O islamismo tem algo comparável? Alá alguma vez igualou o exemplo supremo de amor sacrificial de Abraão?

O que começou como uma ofensiva muçulmana contra o Evangelho terminou com um testemunho muito mais impactante do que eu seria capaz de dar se ele nunca tivesse levantado aquela questão. Use os argumentos dos muçulmanos para fortalecer seu testemunho. Leve a conversas o mais longe possível de discussões ríspidas e disputas, e traga o debate para onde ele deve estar: testemunho evangelístico. Concluindo, só posso enfatizar novamente que o conteúdo é tão importante quando a forma da abordagem aos muçulmanos. Certifique-se de tudo o que você faz e diz está sendo feito em espírito de amor genuíno por eles.

John Gilchrist Benoni, África do Sul. 20 de março de 1999

Capítulo Um

A integridade da Bíblia A autenticidade textual do Qur'an e da Bíblia

1.1 Os manuscritos bíblicos antigos Muçulmano: Sua Bíblia não contém as escrituras originais que foram reveladas a Moisés, Jesus e outros profetas. Ela foi modificada várias vezes. Os nossos maulanas, pessoas estudadas, nos ensinaram isso. Que provas vocês têm de que a sua Bíblia é totalmente autêntica e confiável? Há muitos anos atrás, uma jovem muçulmana me perguntou se a Bíblia já havia sido alterada. Respondi que era quase certeza que não, e ela perguntou outra vez: — Mas ela não ensina que Jesus Cristo é o Filho de Deus? Eu confirmei que ela ensinava isso, e ela retrucou: — Então ela foi alterada! Qualquer cristão que consultar a bibliografia das publicações muçulmanas citadas no final deste livro, ficará surpreso em descobrir que os argumentos utilizados para questionar a integridade da Bíblia são, com freqüência, extremamente fracos e não convincentes. Há apenas uma explicação para isso: os muçulmanos não acreditam que a Bíblia tenha sido modificada porque descobriram evidências plausíveis disso, mas sim porque é necessário que rejeitar a autenticidade da Bíblia para manter sua convicção de que o Qur'an é a Palavra de Deus. Dois livros conflitantes não podem ser ambos a Palavra de Deus. Uma vez que eles descobriram, nos primeiros séculos do islamismo, que a Bíblia ensinava enfaticamente doutrinas fundamentais do cristianismo como a divindade e a ação redentora de Jesus Cristo, eles não podiam mais abordar o tema objetivamente. Desde então, eles procuram provar que isso não é mais do que uma suposição. A Bíblia tem que ter sido alterada! A maior razão para os muçulmanos não acreditarem na integridade bíblica é que eles não têm escolha se quiserem sustentar sua fé no Qur'an. É importante conhecermos quais as evidências a favor da autenticidade textual da Bíblia, especialmente o fato de que nós temos manuscritos verdadeiros, datados de séculos antes do islamismo, mostrando que a Bíblia

que temos em nossas mãos hoje é precisamente a que os judeus e cristãos primitivos reconheciam como suas escrituras sagradas. Os três grandes códices antigos Há três grandes manuscritos da Bíblia em grego que chegaram até nós (contendo a Septuaginta do Velho Testamento e o original em grego do Novo Testamento), os quais datam de séculos antes de Maomé. São eles: 1. Codex Alexandrinus Este volume, escrito no século V d.C., contém toda a Bíblia, exceto por algumas páginas do Novo Testamento, que foram perdidas (Mateus 1:1 a 25, João 6:50 e 5:52 e 2 Coríntios 4:13 a 12:6). Tudo que este manuscrito contém faz parte da nossa Bíblia hoje. O manuscrito está no Museu Britânico, em Londres. 2. Codex Sinaiticus Este texto antiquíssimo, datado do final do século IV d.C., contém todo o Novo Testamento e grande parte do Velho. Preservado por séculos na Biblioteca Imperial em São Petesburgo, na Rússia, foi vendido por cem mil libras ao governo britânico, e agora também faz parte do acervo do Museu Britânico. 3. Codex Vaticanus Provavelmente, é o mais velho manuscrito bíblico existente. Escrito no século IV d.C., hoje faz parte da Biblioteca do Vaticano, em Roma. A parte final do Novo Testamento, de Hebreus 9:14 até o fim do Apocalipse, está escrita em letra diferente do restante (o escriba original provavelmente não conseguiu completar o texto porque morreu, ou alguma outra razão).

Estes manuscritos provam conclusivamente que as únicas escrituras nas mãos da Igreja, pelo menos duzentos anos de Maomé, eram o Velho e o Novo Testamentos que conhecemos.

Outras evidências mais recentes da integridade da Bíblia Há outras numerosas evidências que falam a favor da integridade da Bíblia que datam de muitos séculos antes do islamismo. Quando discutindo com muçulmanos, enfatize o seguinte: 1. Os textos massoréticos hebreus

Não são só os cristãos que têm manuscritos bíblicos. Os judeus também possuem originais do Velho Testamento, que é a porção das escrituras reconhecida por eles, no texto original em hebraico, com pelo menos mil anos de idade. São conhecidos como textos massoréticos. 2. Os pergaminhos do mar Morto Descobertos inicialmente em cavernas na região erma de Qumran, ao redor do mar Morto em Israel, estes pergaminhos contém muitas porções do Velho Testamento no hebraico original, e datam século II a.C.! Não mais que duas cópias do livro de Isaías estavam nesta coleção, contendo profecias a respeito da morte e ressurreição de Cristo (Isaías 53:1 a 12), seu nascimento de uma virgem (Isaías 7:14) e afirmação da sua divindade (Isaías 9:6 e 7). 3. A Septuaginta Este é o nome da primeira tradução do Velho Testamento em grego. Foi transcrita também no século II a.C., contendo todas as maravilhosas profecias a respeito da vinda do Messias, o Filho de Deus (Salmos 2:7, 1 Crônicas 17:11 a 14), bem como os detalhes de seu sofrimento e morte (Salmos 22 e 69). A Igreja primitiva usava a Septuaginta. 4. Vulgata Latina A Igreja Católica Romana traduziu toda a Bíblia para o latim no século IV d.C., usando a Septuaginta e manuscritos gregos antigos do Novo Testamento. A Vulgata, assim como a Septuaginta, contém as mesmas escrituras do Velho e do Novo Testamento que conhecemos hoje. Ela se estabeleceu como o texto padrão da Igreja Católica Romana. 5. Porções do Novo Testamento em grego Existem várias páginas, fragmentos e porções do Novo Testamento original em grego, do século II d.C., que sobreviveram. Todos, reunidos, formam o Novo Testamento que temos hoje. É muito interessante comparar essa riqueza de evidências com as dos textos clássicos gregos e romanos, muitos dos quais são, pelo menos, de mil anos depois de Cristo. De fato, nenhum outro texto antigo do mesmo período tem hoje tantos manuscritos que lhe conferem autenticidade como o Novo Testamento em grego. O que é mais importante e deve ser enfatizado para os muçulmanos é que não há fontes alternativas de evidências que sugiram que a vida e os ensinamentos de Jesus Cristo foram muito diferentes daquilo que está registrado na Bíblia. Todas as escrituras apócrifas rejeitadas pela Igreja seguiam, ao menos em linhas gerais, os tópicos presentes nos manuscritos do Novo Testamento. Certamente, não há nenhuma evidência histórica desse período que sustente que Ele foi o profeta do islamismo que o Qur'an diz ter sido.

Concluindo, é proveitoso desafiar os muçulmanos a produzir evidências históricas que fundamentem seus argumentos de que a Bíblia, como a conhecemos hoje, tenha sido alterada. Como ela era originalmente? O que, precisamente, foi alterado para transformá-la no livro que é hoje? Quem fez essas mudanças? Quando elas foram feitas? Nenhum muçulmano, se desafiado a identificar quem teria corrompido a Bíblia, em que momento da História isso teria sido feito e, precisamente, quais as mudanças textuais foram feitas frente aos manuscritos originais, será capaz de provar a acusação. Tais evidências simplesmente não existem. Lembre-se sempre que os ataques dos muçulmanos provêm não de um exame crítico das evidências, mas de uma hipótese necessária. A Bíblia, em sua lógica, deve obrigatoriamente ter sido modificada se ela contradiz o Qur'an — infelizmente, quando os muçulmanos abrem uma Bíblia para ler, o fazem apenas para encontrar algo que justifique seu preconceito. 1.2 Os diferentes códices antigos do Qur'an Muçulmano: Felizmente, o nosso Qur'an foi preservado intacto, sem que uma única letra tenha saído do lugar. Nunca foi mudado, como a Bíblia, o que prova indubitavelmente que o Qur'an é a infalível Palavra de Deus. Desde a infância, os muçulmanos aprendem uma das maiores falácias existentes: a de que a Bíblia foi modificada, enquanto que o Qur'an foi miraculosamente protegido contra alterações. A verdade é que as evidências a favor da autenticidade textual da Bíblia são muito mais eloqüentes do que as do Qur'an. Considerando também o fato de que a Bíblia contém sessenta e seis livros, compilados num período de mais de dois mil anos, e que o Qur'an, um livro muito mais recente, surgiu a partiu de um único homem, durante um curto tempo de vinte e três anos, há todas as razões do mundo para se acreditar que a Bíblia tenha um respaldo maior para ser a Palavra de Deus preservada. Iremos, contudo, contrastar as evidências que existem dos manuscritos bíblicos com o que acontecem aos códices antigos do Qur'an. A compilação original do texto do Qur'an Durante a vida de Maomé, o textos do Qur'an não foram escrito nem reunidos num único volume. Num dos mais confiáveis relatos da vida e ensinamentos de Maomé, é afirmado que o Qur'an veio ao profeta de maneira mais abundante pouco antes de sua morte, e que neste período se deu a maior parte da sua revelação (Sahih al-Bukhari, Vol. 6, p. 474). Assim, não havia razão para se produzir um livro único, especialmente porque mais porções podiam ser esperadas enquanto Maomé vivesse. Foi só depois da morte de Maomé que foram feitas as primeiras tentativas de se compilar os manuscritos de todo o texto do Qur'an. A mesma fonte diz que Abu Bakr, sucessor imediato de Maomé, encorajou um conhecido recitador do Qur'an, Zaid ibn-Thabit, a coletá-los. Esse jovem relatou que foi obrigado a obtê-los de várias fontes, desde caules de folhas de palmeira, pedras brancas

finas e outros materiais nos quais partes foram registradas, bem como da memória daqueles que conheciam os ensinamentos de cor. Pelo menos um verso veio de apenas uma pessoa, Abi Khuzaima al-Ansari (Sahih al-Bukhari, vol. 6, p. 478). Reunidas, essas fontes não eram nem de longe as ideais para uma compilação perfeita e livre de erros. Na época, esse manuscrito tinha pouca significância além de ter sido comissionado pelo próprio Califa. Cai no esquecimento, depois de ter ficado sob a custódia privada de Hafsah, uma das viúvas de Maomé (Sahih al-Bukhari, vol. 6, p. 478). Outros códices logo foram feitos, compilados por companheiros próximos de Maomé; é importante se familiarizar com os mais bem conhecidos. 1. Abdullah ibn Mas'ud Um dos primeiros a se converter ao islamismo. Está registrado que, quando Maomé mencionou as quatro maiores autoridades do Qur'an, que eram os capacitados para ensiná-lo, ele deliberadamente mencionou Abdullah em primeiro lugar (Sahih al-Bukhari, vol. 5, p. 96). É sabido que ele compilou seu próprio manuscrito do Qur'an, que se tornou o texto oficial em Kufa. Ele próprio disse que ninguém conhecia o livro melhor do que ele (Sahih al-Bukari, vol. 6, p. 488). 2. Salim, o ex-escravo de Abu Hudhaifa Foi o segundo, na lista das quatro autoridades, a ser mencionado por Maomé. Apesar de ter sido morto na batalha de Yamama não muito depois da morte de Maomé, ele é citado como o primeiro a reunir os textos do Qur'an numa mushaf — manuscrito ou códice escrito (As Suyuti, Al-Itqan fii 'Ulum al-Qur'an, vol. 1, p. 135). 3. Ubayy ibn Ka'b Também citado entre os quatro, diz-se que Alá teria ordenado que Maomé o ouvisse recitar porções do Qur'an. Ele era conhecido como o sayid alqurra (mestre da récita), e também compilou seu próprio texto do Qur'an, o qual se tornou o texto preferido dos muçulmanos na Síria.

Muitos outros códices foram transcritos ao mesmo tempo. Desses, os manuscritos de Ali, Ibn Abbas, Abu Musa, Anas ibn Malik e Ibn az-Zubair estão bem documentados.

A ordem de Uthman de destruir os outros códices Durante o reinado de Uthman, o terceiro sucessor (califa) de Maomé, chegou até ele a notícia de que os muçulmanos em várias províncias estavam divergindo consideravelmente na leitura do Qur'an. Uthman decidiu unir o povo com um musaf wahid (texto único) e, depois de solicitar o códice de Zaid (que, convenientemente, estava em Medina, cidade sob possessão de Hafsah e sede do governo do califado), ordenou a este que, com três outros, transcrevesse seu manuscrito para sete outras réplicas exatas e enviasse uma cópia para cada província, com a ordem de que todos os outros manuscritos do Qur'an existentes fossem queimadas (Sahih al Bukhari, vol. 6, p. 479). Os códices de Abdullah ibn Mas'ud e Ubayy ibn Ka'b foram particularmente execrados e destruídos. Abdullah ibn Mas'ud, de início, resistiu à ordem. A cópia de Zaid nunca havia sido padronizada como texto oficial, e fora escolhida puramente pela conveniência de estar à mão em Medina e de não ser identificada com nenhum grupo muçulmano. Abdullah reclamou que ele obteve as setenta suratas diretamente de Maomé, quando Zaid era apenas uma criança — porque agora ele deveria abandonar o que conseguira? (Ibn Abi Dawud, Kitab al-Masahif, p. 15). Ele também declarou claramente que preferia a o Qur'an que provinha da récita do próprio Maomé do que o de Zaid, sugerindo que não via o códice de Zaid como totalmente autêntico e acrescentando que "o povo foi culpado de embuste na leitura do Qur'an" (Ibn Sa'd, Kitab al-Tabaqat al-Kabir, vol. 2, p. 444). Apesar das abundantes evidências de que o códice de Zaid era apenas mais um entre muitos outros manuscritos antigos, sem motivos para se crer que fosse o melhor disponível, ou pelo menos uma cópia autêntica, ele foi padronizado por Uthman como texto oficial do Qur'an, e assim permanece até hoje. Ainda nesse capítulo, será feita uma comparação entre as centenas de leituras textuais discrepantes em todos os códices antigos do Qur’an e as poucas da Bíblia. Neste ponto, entretanto, precisamos somente considerar a ação de Uthman de condenar à fogueira muitos manuscritos do Qur'an compilados por alguns dos companheiros mais chegados de Maomé, incluindo dois dos quatro que ele nomeou como as maiores autoridades no Qur'an, de quem os outros deviam aprendê-lo. A Bíblia foi queimada apenas pelos seus inimigos. Uthman queimou todos os outros manuscritos do Qur'an que não aquele que estava convenientemente à sua mão. Os códices que haviam sido considerados como textos com autoridade nas várias províncias foram queimados em favor de um manuscrito que Hafsah mantinha debaixo da sua cama! Essa ação desfavorece o Qur'an, e contrasta com as evicências que consideramos a respeito dos textos bíblicos. As passagens de Marcos 16 e João 8 Muçulmano: Há duas passagens nos evangelhos que aparecem em alguns manuscritos antigos, mas não em outros. Algumas edições da Bíblia RSV

trazem esses trechos, mas outras o omitem. Isso não prova de uma vez por todas que a Bíblia foi modificada? Apesar da grande extensão da Bíblia (é quase cinco vezes a do Qur'an), há somente duas passagens sobre as quais pode haver dúvidas quanto à autenticidade. Elas preenchem menos do que uma página de um livro que tem mais de mil. Vamos analisá-las: Marcos 18:9 a 20: As aparições de Jesus após a ressurreição Essa passagem descreve várias aparições pós-ressurreição de Jesus, e a sua ascensão ao céu. Ela não aparece em manuscritos muito antigos do evangelho de Marcos, mas é a conclusão do livro em muitos dos textos em grego um pouco mais recentes que aqueles manuscritos. Alguém teria adicionado essa breve passagem ao evangelho de Marcos? Como não se conhece nenhum outro caso em que é possível que tenha havido adição ao texto original no Novo Testamento (exceto João 8:1 a 11), é altamente improvável que essa seção tenha sido feita alguns séculos depois que o livro foi escrito, e que tenha ganho aceitação como parte integrante do texto. É muito mais provável que ela seja autêntica, e tenha sido omitida dos textos mais antigos por circunstâncias desconhecidas. Cada um dos quatro evangelhos possui a sua conclusão. Sem essa passagem, o evangelho de Marcos terminaria abruptamente. Ela registra a aparição de um anjo a três mulheres, que as envia para a Galiléia, onde elas poderiam ver a Jesus. É muito improvável que o evangelho terminasse sem relatar o que aconteceu com ele. Outro ponto é se a passagem ensina algo que contrarie o resto do Novo Testamento. Estes pontos são relevantes: 1. A aparição de Jesus a Maria Madalena Os versículos de 9 a 11 registram que ele apareceu no primeiro dia depois da sua ressurreição a Maria Madalena. Esse incidente é relatado com mais detalhes em João 20:11 a 18. 2. Outra aparição a dois seguidores Mais uma breve referência, que delineia a interação de Jesus com dois dos seus discípulos, mais tarde naquele dia. Esse incidente, da mesma forma, é contado com detalhes mais específicos em Lucas 24:13 a 35. 3. Sua comissão aos seus onze discípulos A seguir, Ele aparece aos seus onze discípulos remanescentes (depois da morte de Judas); Ele os encontra quando estavam reunidos à mesa. O mandamento de pregar o Evangelho a toda criatura se segue a outras falas, que explicam a comissão. A aparição, outra vez, tem paralelos em Mateus 28:19 e Lucas 24:36 a 43.

4. A ascensão de Jesus ao céu A passagem em questão conclui com uma breve narrativa da ascensão de Jesus, logo depois, ao céu, e da saída dos discípulos para pregar a mensagem em todo lugar. Isso também é confirmado pelo primeiro capítulo de Atos. Não há nada nessa passagem que não seja repetido em algum outro ponto do Novo Testamento. Os muçulmanos precisam provar que os ensinamentos da Bíblia cristã não são os que haviam sido originalmente registrados, e que o livro inteiro teria sido alterado do que alegadamente era, ou seja, um texto consistente com o islamismo. Argumentos a respeito dessa passagem em particular não chega nem perto de discutir a questão real. Nada aqui conflita com o conteúdo geral do Novo Testamento e, como foi visto, todos os acontecimentos relatados tem paralelos nos outros livros. João 8:1 a 11: a mulher pega em adultério A única outra passagem sobre a qual pode haver alguma dúvida no Novo Testamento é a história de Jesus e da mulher que havia sido pega em adultério, cujo relato está em João 8:1 a 11. Alguns manuscritos antigos o incluem exatamente nessa porção do livro; outros o omitem completamente e, ainda, outros o trazem como um apêndice ao evangelho de Lucas. Parece que havia um consenso entre os primeiros cristãos de que a passagem era legítima, embora sua localização dentro dos textos fosse discutida. Há, de fato, várias razões que levam a crer que ela era originalmente parte do evangelho de João exatamente onde está hoje, no início do oitavo capítulo. 1. Os ministérios contrastantes de Moisés e Jesus Por todo o evangelho de João, desenha-se um contraste entre o ministério limitado de Moisés, e o cumprimento de todos os propósitos de Deus em Jesus Cristo. "Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo." (João 1:17). Este versículo resume a afirmação inicial. Por exemplo: apesar de Moisés ter alimentado o povo com pão durante quarenta anos, todos eles morreram. Mas aquele que se alimenta do pão da vida eterna oferecido por Jesus irá viver eternamente (João 6:31 a 35). Da mesma maneira os que foram circuncidados no sábado apenas para cumprir a lei de Moisés — quanto mais poderia ser feito com todo o corpo no sábado por Jesus (João 7:23). Portanto, nessa passagem em que a lei de Moisés condenava a mulher envolvida em adultério, à luz da presença e do ensinamento de Jesus, todos os presentes deixaram a cena acusados pelo seu pecado (João 8:7 a 9). A mulher, contudo, ficou para experimentar a graça salvadora trazida por Jesus (João 8:10 a 11). 2. O uso do termo "mulher" por Jesus Depois que todos os líderes judeus haviam deixado o cenário, Jesus se dirigiu à mulher adúltera: "Mulher, onde estão aqueles teus acusadores?

Ninguém te condenou?" (João 8:10). Este uso incomum do vocativo "mulher" por Jesus, como se fosse um pronome de tratamento respeitoso (como "senhor"), aparece mais vezes no evangelho de João em muitas ocasiões (João 2:4, 4:21, 20:15), mas não é encontrado nos outros evangelhos. 3. A seqüência lógica dos eventos Os fariseus, que não haviam sido mencionados no evangelho até esta passagem, surgem repentinamente, sem que tenham sido apresentados, na discussão com Jesus em João 8:13. São introduzidos claramente na história em João 8:3. Igualmente, o debate acalorado entre eles e Jesus, que continua durante o resto do capítulo, é obviamente conseqüência dos fatos narrados em João 8:1 a 11. Ao longo de todo o seu evangelho, João registra incidentes na vida de Jesus que geraram desavenças e debates com os líderes judeus (cf joão 6:1 a 59). Sem a história da mulher pega em adultério, e a interação subseqüente de Jesus com os líderes judeus, essa tendência ficaria descaracterizada. 4. 4. Jesus e Moisés: a condenação do pecado No debate com esses líderes, Jesus indagou: "Quem dentre vós me convence de pecado?" (João 8:46). A pergunta seria isolada, se não fosse o episódio com a mulher. É nesta passagem que Jesus, ousado, lhes desafia: "Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire a pedra." (João 8:7). Um por um, face ao desafio, deixou o local, começando pelo mais velho, até que Jesus ficasse só com a mulher. A estocada é clara: Ele os condenou todos pelos seus pecados, mas qual deles seria capaz de fazer o mesmo com Ele? Há evidências consideráveis, se não plenamente convincentes, de que o trecho de João 8:1 a 11 pertence exatamente ao lugar em que está. Novamente, não há nada que seja conflitante com tudo o que ensina o Novo Testamento. Não há, portanto, nenhuma evidência relevante ou significante que sustente a tese de que passagens teriam sido omitidas ou adicionadas à Bíblia, cujo conteúdo teria sido alterado transformando um texto originalmente fiel ao islamismo num livro cristão. Argumentos sobre as duas porções que analisamos aqui não provam a hipótese muçulmana. Conforme já foi dito, as duas juntas não preenchem uma página — uma prova insuficiente de que a Bíblia teria sido modificada. Ao contrário, demonstraremos a seguir que há muito mais evidências que sugerem que partes do Qur'an teriam sido omitidas do texto original. Ainda, veremos mais uma vez que a integridade textual do Qur'an original é, de longe, muito mais questionável do que a da Bíblia, mesmo sendo o livro cristão cinco vezes mais extenso e compilado durante um período de séculos a mais que o Qur'an.

Passagens que foram removidas do Qur'an Muçulmano: O Qur'an é um livro completo, exatamente como foi revelado ao nosso santo Profeta. Nada nunca foi adicionado ou retirado dele. Isso também prova que ele é a infalível Palavra de Alá. Ao contrário da crença popular muçulmana, há numerosas evidências que provam que o Qur'an, da maneira como se apresenta hoje, está incompleto. Abdullah ibn Umar disse, logo nos primórdios do islamismo: "Que nenhum de vocês diga: 'adquiri todo o Qur'an'. Como alguém pode saber que todo é esse, quando muito do Qur'an desapareceu? Ao invés disso, diga: 'adquiri o que sobreviveu até nós'. " (As-Suyuti, Al Itqan fii Ulum alQur'an, p. 524) Há muitos registros de versículos, passagens e até mesmo de seções inteiras que teriam sido parte do Qur'an original, e que não pertencem mais a ele. A seguir, alguns exemplos importantes: Suratas inteiras que foram removidas do Qur'an Abu Musa al-Ashari, um amigo próximo de Maomé e uma das primeiras autoridades no Qur'an, disse, quando ensinava as récitas do Qur'an em Basra: "Costumávamos recitar a surata que lembrava em tamanho e rigor à [surata] Bara'at. No entanto, eu a esqueci, exceto esse pedaço que sei de cor: 'Se houvesse dois vales cheios de riquezas, para o filho de Adão, este buscaria um terceiro vale; e nada encheria o estômago do filho de Adão senão pó.' " (Sahih Muslim, vol. 2, p. 50) A tradição está preservada num dos dois mais reconhecidos compêndios de provérbios de Maomé. Ao lado da Sahih al-Bukhari, a Sahih Muslim é vista como o registro mais autêntico da vida do profeta. Outros dos seus companheiros, como Anas ibn Malik e Ibn Abbas, também relataram que Maomé costumava recitar o verso citado acima, mas não estavam certos se ele fazia parte do Qur'an ou não. Abu Musa também menciona outra surata, que foi recitada nos primórdios do islamismo pelos companheiros de Maomé: "E ele costumava recitar uma surata que lembrava uma das suratas de Musabbihat, da qual não me lembro mais senão este trecho: 'Ó povo que acredita, por que não praticais aquilo que dizeis ' (61:2) e 'que está registrado em seus pescoços e como testemunha (contra vós) e sereis interrogados a respeito disso no Dia da Ressurreição.' (17:13) (Sahih Muslim, vol. 2, p. 50) A Musabbihat é um grupo de cinco suratas (57, 59, 61, 62 e 64) que começam com a expressão "Que tudo o que está nos céus e na Terra louve

(sabbahu ou yusabbihu) a Allá". Esses registros de pelo menos duas suratas que foram perdidas provam que o Qur'an não é perfeito e completo como os muçulmanos afirmam ser. Quando eles levantarem argumentos contra as passagens que analisamos nos evangelhos de Marcos e João, será útil mencionar essas suratas na réplica.

Verscíulos omitidos no Qur'an

Além dos versículos mencionados nas duas tradições no Sahih Muslim, há evidências de outros que hoje não estão mais no Qur'an. Alguns deles são:

1. A religião de Alá é al-Hanifiyyah Há uma tradição da Jami as-Sahih de at-Tirmidhi de que o verso a seguir já foi parte da Suratul-Bayyinah (Surata 98) do Qur’an: “A religião com Alá é al-Hanifiyyah (o Caminho Correto), e não a dos judeus ou cristãos; e aqueles que a seguirem não ficarão sem recompensa.” (As-Suyuti, Al Itqan fii Ulum al-Qur’an, p. 525)

A passagem poderia muito bem ser parte dessa surata, pois se encaixa perfeitamente no seu contexto e contém palavras que são encontradas no resto do texto como din (religião, v. 5), aml (fazer, v. 7) e humafa (correto, v. 4). A surata também contrasta o caminho de Alá com o dos judeus e cristãos em outras partes do texto, e é um bom exemplo de verso que foi retirado do Qur’an.

2. Apedrejamento de adúlteros até a morte Umar ibn al-Khattab, um dos companheiros mais próximos de Maomé e seu segundo sucessor, ensinou claramente de púlpito, em Medina enquanto foi Califa, que, apesar de ser ensinado na Surata 24:2 que os adúlteros deveriam ser chicoteados cem vezes, um verso do Qur’an estipulava originalmente que homens e mulheres casados que cometessem adultério deveriam ser apedrejados até a morte. “Veja que não esqueças o verso sobre apedrejamento e digas: ‘Não o encontramos no Livro de Alá’; o Apóstolo de Alá (que a paz seja sobre

ele) ordenou o apedrejamento, e assim nós temos feito após ele. Pelo Senhor que tem domínio sobre a minha vida, se o povo não fosse me acusar de acrescentar algo ao Livro de Alá, eu mesmo teria transcrito para o Livro: ‘O homem e a mulher que cometerem adultério, apedrejaios.’ Temos lido este verso.“ (Muwatta Imam Malik, p. 352) Várias outras fontes confirmam que esse verso era originalmente parte do Qur’an, e hoje não consta mais dele. Pode-se citar Umar dizendo que parte da escritura revelada a Maomé foi o ayatur-raja (verso do apedrejamento), que foi memorizado, entendido e recitado por eles. Ele acrescentou que temia que o povo, no futuro, ao descobrir que não havia mais o verso no Qur’an, esquecesse a ordenança (Sahih al-Bukhari, Vol. 8, p. 539).

3. A descendência exclusivamente paterna Outro verso que, segundo Umar, seria originalmente parte do kitabullah (livro de Alá, ou seja, o Qur’an) mas que, na época seu califado, teria se perdido é o seguinte: “Ó povo! Não te consideres descendência de ninguém senão de teus pais, pois é incredudilidade de tua parte afirmar que és descendente de outro que não o teu pai verdadeiro.” (Sahih al-bukhari, Vol. 8, p. 540) 4. A satisfação de Alá Anas ibn Malik, outro companheiro de Maomé, ensinou o seguinte verso que teria sido parte do Qur’an e mais tarde revogado e retirado do texto: “Dá ao nosso povo de nossa parte a notícia que encontramos nosso Senhor, e Ele está satisfeito conosco, e tem nos satisfeito também.” (Sahih al-bukhari, Vol. 5, p. 288) Também está registrado que este texto estava “escrito num verso do Qur’an antes de ser retirado” (As-Suyuti, Al Itqan fii Ulum al-Qur’an, p. 527). É outra prova de que o Qur’an não foi preservado sem nenhuma alteração, modificação ou omissão, como acreditam os muçulmanos. Ao contrário, as evidências de que algumas passagens tenham sido retiradas do Qur’an são, como podemos ver, muito mais eloqüentes do que as que dizem respeito à Bíblia. 5. Casamento entre pessoas amamentadas pela mesma mãe Outra tradição relatada por Ayishah, uma das viúvas de Maomé, diz que havia uma passagem no Qur’an que ensinava que, se duas pessoas tivessem sido amamentadas pela mesma mãe por mais de dez vezes, elas não podiam se casar. Mais tarde, segundo ela, o número foi reduzido a cinco:

“A’isha (Alá se alegre com ela) relatou que foi revelado no Santo Qur’an que dez mamadas tornavam o casamento proibido; mais tarde foi modificado para cinco mamadas e o Apóstolo de Alá (viu) morreu, e isso foi antes desse tempo no Santo Qur’an.” (Sahih Muslim, Vol. 2, p. 740) Estas são apenas algumas evidências selecionadas de que o Qur’an é um livro incompleto. Os cristãos deveriam usar essas provas com os muçulmanos, para mostrar-lhes que seus desafios a respeito da integridade do texto bíblico pode ser facilmente — e com muito mais propriedade — serem utilizados contra o Qur’an. Como diz o ditado, quem tem telhado de vidro não deve atirar pedras.

1.5. Variações das leituras do Novo Testamento Muçulmano: Há muitos exemplos na Bíblia de versículos que aparecem apenas em alguns manuscritos, e não em outros. Outros tipos de variações do texto também podem ser encontradas. Como a sua Bíblia pode ser a verdadeira Palavra de Deus se o seu texto não pode ser completamente verificado? Os muçulmanos acreditam com grande convicção que o Qur’an é um livro perfeito, no qual nenhuma vírgula foi alterada ou omitida, e que esse miraculoso estado de preservação prova que o livro é a Palavra de Deus. Ao mesmo o tempo, qualquer prova basta para demonstrar que a Bíblia foi modificada e portanto não é confiável. Nós não acreditamos que, para ser a autêntica Palavra de Deus, um livro tenha que estar totalmente intacto. Ao contrário, se ele tiver sido protegido e preservado com apenas alguns erros de cópia do original, variações negligenciáveis e uma ou duas passagens incertas, sua integridade global não pode ser questionada. Como já vimos, e iremos ver novamente na próxima seção, o Qur’an não foi todo transcrito corretamente, e sofre com mais variações e passagens perdidas do que a Bíblia.

As poucas variações no Novo Testamento É notável que o texto bíblico tenha sido preservado com não mais do que algumas poucas variações no texto. Todas elas, ao redor de vinte, estão no Novo Testamento. Como foi ressaltado por Kenneth Cragg, apenas um milésimo do livro foi afetado, o que não basta para os muçulmanos provarem que a Bíblia, como um todo, tenha sido dramaticamente alterada a ponto de não conter mais a mensagem original. Mais do que isso, nenhuma das variações encontradas no texto do Novo Testamento afeta, mesmo que levemente, o conteúdo de um livro como um todo, ainda que algumas delas não tenham nenhum tipo de paralelo nos outros evangelhos, que virtualmente se repetem. Vamos considerar algumas destas variações para exemplificar:

1. Marcos 15:28: uma citação de Isaías 53:12 Um versículo encontrado em vários originais do evangelho de Marcos, mas não em todos, diz: “E cumpriu-se a Escritura que diz: ‘Com malfeitores foi contado’.” (Marcos 15:28). A passagem é uma referência ao texto do sofrimento messiânico em Isaías 53:12. Ele é encontrado, no entanto, também como uma citação, em todas as cópias conhecidas do evangelho de Lucas: “Pois vos digo que importa que se cumpra em mim o que está escrito: ‘Ele foi contado com os malfeitores’ (...)” (Lucas 22:27). A “variação” nessa passagem do evangelho de Marcos, como todas as outras do Novo Testamento, não afeta o contexto geral. Um arranhão num Rolls Royce pode ofuscar um pouco da sua perfeição, mas não faz com que o carro deixe de ser um Rolls Royce. 2. Mateus 21:44: sendo destruído por uma pedra que cai Na parábola dos lavradores na vinha, registrada no evangelho de Mateus, a seguinte frase de Jesus é encontrada somente em alguns poucos manuscritos do livro: “Todo o que cair sobre esta pedra ficará em pedaços; e aquele sobre quem ela cair ficará reduzido a pó.” (Mateus 21:44) Por outro lado, o texto se repete quase que com as mesmas palavras em Lucas 20:18. Portanto, a variação não afeta a mensagem geral do texto. O mesmo se aplica a Mateus 23:14, que contém outra frase de Jesus, desta vez uma advertência aos fariseus que devoravam a casa das viúvas. O versículo só faz parte de alguns textos mais antigos do evangelho de Mateus, mas se repete em Marcos 12:40. 3. I João 5:7: O Pai, a Palavra e o Espírito Santo Neste caso, estamos diante de um versículo que aparece em nenhum dos manuscritos em Grego, a língua em que se escreveu os originais do Novo Testamento, mas que pode ser rastreado até a tradução da Bíblia para o latim, conhecida como Vulgata Latina. A partir dali o versículo é encontrado nos textos do Novo Testamento transcritos em grego mais recentes, nos quais foi baseada a versão do rei James3. O versículo diz: “Pois há três que dão testemunho no céu: o Pai, a Palavra e o Espírito Santo; e estes três são um.” (1 João 5:7). Como não aparece em nenhum dos textos mais antigos do evangelho de João, é provável que este versículo fosse uma nota de rodapé de algum escriba, um complemento ao versículo seguinte, que diz: “E três são os que testificam na terra: o Espírito, a água e o sangue, e os três são unânimes num só propósito.” Os muçulmanos esforçaram-se para desacreditar a integridade do texto bíblico 3 N.T. A versão do rei James (King James Version) é a tradução da Bíblia mais popular entre os cristãos de fala inglesa.

usando esse versículo, defendendo que ele seria a única passagem que fundamentaria a doutrina da Trindade em toda Bíblia. Convenientemente, desprezaram outra afirmação igualmente defensora da Trindade: “... batisandoos em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mateus 28:18), bem como ensinamentos similares em 2 Coríntios 13:14 e Efésios 2:18. Há muitos outros casos no Novo Testamento, sobretudo nos quatro evangelhos, onde há pequenas variações nos originais que afetam palavras, expressões ou orações curtas. Novamente, nenhum dessas diferenças afetam os ensinamentos do livro como um todo, ou sua autenticidade geral. As variações na Bíblia podem ser tão facilmente explicadas e têm tão pouca importância que não afeta de maneira alguma a integridade geral do livro. As escrituras, na sua totalidade, foram preservadas até nós virtualmente inalteradas, ao contrário do Qur’an, onde cada manuscrito que foi produzido pelos companheiros de Maomé, com excessão de um deles, foi jogado na fogueira para ser destruído. 1.6 Evidências das variações no Qur’an Muçulmano: Não há variantes que afetem o texto atual do Qur’an. Nos primeiros dias, o Qur’an foi recitado em diferentes dialetos, que só afetaram a pronúncia dos seus versos. Por isso, os primeiros manuscritos foram queiados: para eliminar essas pequenas diferenças de pronúncia. Essa afirmação, que auto-evidencia sua falta de lógica, é típica da maioria das explicações dos muçulmanos para a queima de todos os outros códices escritos pelos companheiros de Maomé, que continham variações, por Uthman. A pronúncia não tem nada a ver com textos escritos. Não se pode “queimar” as diferenças dos dialetos com uma língua comum! Devem ter existido diferenças textuais significantes entre os vários manuscritos para que uma decisão tão drástica tenha sido tomada. Na época de Uthman, o Qur’an ainda era melhor conhecido de memória por grande parte dos muçulmanos, e a ordem de queimar os manuscritos não eliminou o conhecimento das variações. Durante algum tempo, historiadores do Qur’an como Ibn Abi Dawud, que compilou um registro dessas variações chamado Kitab al-Masahif (Livro dos Manuscritos), e Muhammad Abu Jafar at-Tabari, autor do monumental trabalho sobre o Qur’an chamado Jami al-Bayan fii Tafsir al-Qur’an (Uma compilação completa para um comentário do Qur’an), preservaram um registro de todas as variações conhecidas entre os diferentes textos antigos.

As diferenças entre os primeiros textos As evidências, sobretudo dos relatos de at-Tabari, mostram que havia, literalmente, centenas de variações entre os primeiros manuscritos. Arthur Jeffery,

que compilou um catálogo das diferenças entre os textos baseando-se nos trabalhos de Ibn Abi Dawud e at-Tabari, listou-as nas trezentas e sessenta e duas páginas do seu livro Materials for the history of the text of the Qur’an (Materiais para a história do texto do Qur’an). Seu livro também inclui a íntegra de Kitabe alMasahif, de Ibn Bai Dawud. Perto dessas diferenças, as encontradas no texto bíblico parecem insignificantes e, mais uma vez, é importante lembrar que a Bíblia é séculos mais antiga que o Qur’an, é cinco vezes maior e foi escrita por vários autores durante um período de dois mil anos. Quando os muçulmanos argumentarem que a Bíblia foi modificada, será bastante útil mencionar algumas das variações encontradas entre os primeiros manuscritos do Qur’an. Alguns exemplos interessantes: 1. O dia da ressurreição A Surata 2:275 começa com as palavras: “Os que praticam a usura só serão ressuscitados como aquele que foi perturbado por Satanás” (Allathiina yaakuluunar-ribaa laa yaquumuuna). No texto de Ibn Mas’ud, encontram-se as mesmas palavras, porém no final foi acrescentado yawmal qiyaamati (“no Dia da Ressurreição). Essa diferença foi mencionada por Abu Ubaid’s, no seu Kitab Fadhail al-Qur’an, e também relatado no códice de Talha ibn Musarrif. 2. Jejuando por três dias consecutivos A Surata 5:89, no texto do Qur’an atual, contém uma exortação ao “jejum de três dias” (fasiyaamu thalaathatiu ayyaamin). O texto de Ibn Mas’ud inclui o adjetivo mutataabi’aatin, mudando a expressão para “jejuar por três dias consecutivos”. At-Tabari registra a variação (7.19.11), bem como Abu Ubaid. Ubayy ibn Ka’b, Ibn Abbas e Ar-Rabi ibn Khuthaim também a relataram. 3. O caminho de Alá A Surata 6:153 do Qur’an começa assim: “Esta é a Minha senda reta” (wa anna haathaa siraati). No manuscrito de Ibn Mas’ud lê-se: “Este é a senda do seu Senhor” (wa haathaa siraatu rabbakum). At-Tabari, mais uma vez, é quem registra a variação (8.60.16). Ubayy ibn Ka’b, o outro grande especialista no texto do Qur’an, e companheiro próximo de Maomé, escreveu como at-Tabari, exceto a palavra rabbika ao invés de rabbakum. Outras diferenças neste texto também foram encontradas. 4. As mães dos crentes A Surata 33:6 fala a respeito de “mulheres e mães” de Maomé e dos crentes muçulmanos (azwaajuhuu ummahaatuhuu). At-Tabari registra a maior diferença — Ibn Mas’ud e Ubayy ibn Ka’b incluem as palavras que hoje, aparentemente, faltam no texto do Qur’an: “e ele é o pai deles” (wa huwa abuu laahum). Ibn Abbas, Ikrima e Mujahid ibn Jabir também as registram. O número de testemunhas textuais sugerem que o texto de Zaid (que é o Qur’an atual) deixou essa parte que

fazia parte do texto original de fora.

Estas são apenas quatro da vasta coleção de variações que existem. Há tantas delas (mais de duas mil) que é de se admirar a convicção com que os muçulmanos atacam a integridade bíblica. Muitas vezes, eles simplesmente ignoram a maneira pela qual o Qur’an foi padronizado, eliminando a riqueza de variações em prol do texto único atual.

Modificações feitas no Qur’an por Al-Hajjaj Há evidências claras em Kitab al-Masahif, de Ibn, Abi Dawud, que pelo menos onze palavras foram, individualmente, modificadas pelo escriba al-Hajjaj, sob as ordens do seu califa, Abd al-Malik. O livro possui um capítulo chamado Bab: Ma Ghaira al-Hajjaj fii Mushaf Uthman (Capítulo: O que foi modificado por Al-Hajjaj no texto de uthmânico). O capítulo começa assim: “Ao todo, Al-Hajjaj ibn Yusuf fez onze modificações no texto de Uthman. Em alBaqarah (Surata 2:259), lia-se originalmente Lam yatassana waandhur, que foi alterado para Lam yatassanah.” (Ibn Abi Dawud, Kitab al-Masahif, p. 117) Algumas das mudanças feitas no Qur’an nessa ocasião, segundo relatado no capítulo citado de Ibn Abi, são: 1. Sharity’ah foi trocado para shir’ah (lei) na Surata 5:48; 2. Uthasharukum foi trocado para yusayyirukum (viagem) na Surata 10:22; 3. Ma’a’ishahum foi substituído por ma’ishatahum (modo de subsistência) na Surata 43:32; 4. Yasin foi mudado para Aasin (água salobra) na Surata 47:15. Em todos estes casos, bem como nos outros sete relatados, as diferenças geralmente são de uma letra ou duas. Não são, contudo, restritas à pronúncia, e refletem uma modificação real no texto consonantal, minando, assim, o argumento muçulmano de que nem uma letra sequer do Qur’an foi mexida. A palavra que Ibn Abi Dawud sempre usa para ligar as duas alternativas distintas é faghyirah, que significa “mudada, alterada, trocada por” — palavra que os muçulmanos não gostariam de ver, há tanto tempo atrás, sendo usada para explicar alterações no Qur’an!

Dialetos e o texto do Qur’an

É muito importante saber que não há vogais nos primeiros manuscritos do Qur’an. O árabe escrito não possui vogais — só séculos depois é que foram adicionadas vogais ao Qur’an. Os manuscritos mais velhos do Qur’an que chegaram aos nossos dias não têm mais do que cem ou cinqüenta anos mais do que a morte de Maomé, e foi escrito na escrita al-ma’il de Medina. A maioria dos outros manuscritos restantes estão na escrita kufic, uma espécie de escrita mais legível originária de Kufa, no Iraque. Afirma-se hoje que os manuscritos uthmânicos sobreviveram, e teriam até manchas de sangue na página que Uthman lia quando foi assassinado. Um desses manuscritos está no Museu Topkapi, em Istambul, e outro é o famoso Códice Smarqand de Tashkent. Ambos estão na escrita kufic, e datam de mais de um século depois da época em que Uthman viveu. Como já foi dito, o argumento predileto dos muçulmanos para sustentar a hipótese de que o texto atual do Qur’an é uma réplica exata e fiel aos originais é que as únicas variações existentes no início eram na pronúncia dos dialetos. As evidências provam conclusivamente o contrário. Essas diferenças não apareceriam num texto escrito e, de fato, incontáveis formas de escrita sobreviveram por pelo menos três séculos até que Ibn Mujahid, uma conhecida autoridade no Qur’an na corte de Abbasid em Bagdá, ordenasse que só sete poderiam delas continuar. Ele baseava-se numa tradição vinda do próprio Maomé, a de que o Qur’an teria sido revelado em “sete maneiras diferentes”, e que cada muçulmano podia escolher qual achasse mais fácil para ler. (Sahih al-Bukhari, Vol. 6, p. 510) Todas as variações relatadas no Jami de at-Tabari e no Kitab al-Masahif de Ibn Abi Dawud, bem como outros registros similares, implicam em modificações substanciais no texto escrito atual, sejam elas alterações nas expressões, palavras, consoantes ou orações. Havia tantas delas que Uthman não tinha outra alternativa a não ser destruir todas as versões exceto uma, que convenientemente foi padronizada como texto oficial do Qur’an. Essa seqüência de eventos nos primórdios do islamismo torna a posição do Qur’an muito mais desfavorável do que a do texto bíblico quanto à autenticidade.

Conteúdo e ensinamento bíblicos 1.7 Erros aparentes nos números na Bíblia Muçulmano: Há ocasiões na Bíblia em que há contradições óbvias entre passagens paralelas, nas quais os números apresentados não batem. Essas discrepâncias e erros fatuais provam que a Bíblia não é confiável e portanto não pode ser a Palavra de Deus. Escritores muçulmanos muitas vezes se atém a uns poucos textos paralelos do Velho Testamento onde há contradições aparentes dos números e anos

apresentados nas narrativas de eventos específicos. Além de conhecê-los, e importante estarmos atentos, como das outras vezes, à ocorrência desse fenômeno no Qur’an. Erros de copistas no Velho Testamento Há quatro exemplos, em todo o texto bíblico, que iremos considerar como típicos do problema. Em cada caso, apesar dos argumentos muçulmanos de que existem evidências de contradições generalizadas que seriam erros dos autores originais, ficará claro que os problemas advém somente de erros de cópia feitos durante a transcrição dos textos. 1. Os reinos de Jeoaquim e Acazias, reis de Judá Numa passagem, a Bíblia afirma que “tinha Jeoaquim dezoito anos de idade quando começou a reinar” (2 Reis 24:80, enquanto que em outra diz que “Jeoaquim tinha oito anos de idade quando começou a reinar” (2 Crônicas 36:9). Tudo porque uma única letra, que em hebraico designa a dezena, foi omitida durante a cópia do texto de Crônicas por um escriba há mais de dois mil anos. Uma divergência do gênero ocorre entre uma passagem que diz que “era Acazias de vinte e dois anos quando começou a reinar” (2 Reis 8:26), e outra que registra que “era Acazias de quarenta e dois anos quando começou a reinar” (2 Crônicas 22:2). Fora a idade, os textos concordam entre si no que diz respeito à duração do reinado de Acazias (um ano) e que sua mãe foi Atalia , filha de Omri. Novamente, o original em hebraico, a diferença entre as duas idades é resultado da troca de uma única letra. Portanto, o erro teria ocorrido apenas na cópia do texto. É óbvio que a segunda idade é a incorreta, já que, se Acazias tivesse 42 anos quando subiu ao trono, ele seria dois anos mais velho que seu pai! 2. Os carros de Davi e os cavalos de Salomão Um texto do Velho Testamento diz que “Davi matou dentre o sírios os homens de setecentos carros” (2 Samuel 10:18). Mas, em outro trecho, diz que “Davi matou dentre os sírios os homens de sete mil carros” (1 Crônicas 19:18). Há muitas semelhanças entre as letras dos numerais hebraicos, e aqui, como nos exemplos anteriores, a diferença entre os textos é de somente uma letra. Estamos diante, obviamente, de outro caso de erro do copista, que não afeta de maneira alguma o texto da Bíblia, ou seus ensinamentos, significantemente. O mesmo se aplica ao versículo que diz que Salomão possuía quarenta mil cavalos em estrebarias (1 Reis 4:26), comparado ao outro que afirma que eram quatro mil cavalos (2 Crônicas 9:25) Em todos estes e outros casos que podem ser levantados pelos muçulmanos, a questão é quase sempre uma diferença mínima na transcrição de uma letra do original em hebraico. Este tipo de argumento não chega a tratar do problema central que é a integridade global da Bíblia, especialmente no seu conteúdo e ênfase cristãos (e não islâmicos).

Contradições nos números no Qur’an Há muito mais discrepâncias óbvias em excertos numéricos do Qur’an similares. Aqui, não encontramos explicação do problema na troca de uma única letra por outra muito similar, mas sim de palavras inteiras, o que cria contradições óbvias. Dois exemplos devem ser aprendidos pelos cristãos, e citados sempre que os muçulmanos atacarem as diferenças entre números na Bíblia que citamos há pouco. 1. A duração do dia do julgamento Segundo um texto, o Grande Dia de Deus será de “mil anos, de vosso cômputo” (Surata 32:5), enquanto que outro diz que o mesmo dia durará “cinqüenta mil anos” (Surata 70:4). Neste caso, a diferença é muito mais óbvia, já que não está restrita a apenas uma letra, mas a uma palavra inteira que é khamsiina (cinqüenta), presente no segundo texto junto com as palavras alfa sanatin (mil anos). Os muçulmanos se esquivam, explicando a contradição como sendo fruto de uma linguagem “mística”, “cósmica” ou “alegórica”. Porém, como primeiro texto diz claramente que a duração desse dia será de mil anos da nossa “medida” (o que quer dizer precisamente que o tempo foi medido exatamente como o fazemos na Terra), há uma contradição concreta, impossível de ser explicada com facilidade, entre os textos. Como podem mil e cinqüenta mil revoluções da Terra em torno do sol serem a mesma coisa? 2. A criação original dos céus e da terra Numa passagem, o Qur’an diz que os céus, a terra e tudo que há entre eles foi feito em seis dias (Surata 50:38), enquanto que em outra ensina que a terra foi feita em dois dias, os céus em outros dois, e a sustentação da terra entre eles em quatro dias (Surata 41:9 a 12), totalizando oito dias, conforme a mais simples matemática. Novamente, é difícil reconciliar os dois textos, pois a contradição é resultado de um cálculo de diferente períodos de tempo.

Outro problema que os cristãos enfrentam quando testemunhando aos muçulmanos é a tendência que eles têm de criar padrões irracionais para a autenticidade da Bíblia que não podem ser aplicados da mesma forma contra o Qur’an. Começam com a premissa de que, para que seja a Palavra de Deus, um livro não pode ter erros nos seus números, variações entre os textos, etc. Certos de que o Qur’an está livre de tais defeitos, eles atacam a integridade do texto bíblico. Os cristãos precisam conhecer as evidências que questionam a integridade do Qur’an, e mais precisamente aquelas que tem o mesmo ponto de partida das usadas pelos muçulmanos para justificar a sua ilusão — alimentada desde a

infância pelos líderes e maulanas — de que o Qur’an é um livro perfeito, sem contradições, variações e afins. O objetivo não deve ser desacreditar o Qur’an nem vencer a discussão, mas sim rebater os ataques injustificados contra a Bíblia.

1.8 A autoria do evangelho de Mateus Muçulmano: Mateus não foi o autor do evangelho que lhe é atribuído. Há provas de que ele foi escrito muito depois da época em que ele viveu por outro autor desconhecido. Às vezes, parece que os muçulmanos usarão quaisquer argumentos disponíveis para desacreditar a Bíblia. Mais de uma vez ouvi muçulmanos questionando a autoridade do evangelho de Mateus. O argumento é geralmente baseado num texto do próprio evangelho: “Partindo Jesus dali, viu um homem chamado Mateus sentado na coletoria e disse-lhe: Segue-me! Ele se levantou e o seguiu.” (Mateus 9:9) Apesar de todas as fontes cristãs mais antigas atribuírem esse evangelho ao apóstolo Mateus, os muçulmanos afirmam que ele não poderia ser o autor porque descreve seu próprio diálogo na terceira pessoa nesse versículo. Mais de um autor muçulmanos afirmou que uma narrativa na primeira pessoa deveria ter sido obrigatoriamente usada, se Mateus fosse mesmo o autor desse evangelho. É de se admirar a maneira como os muçulmanos se fazem aptos a julgar o texto bíblico a ponto de prescreverem o que deveria ter sido feito. Ao analisar um livro como a Bíblia ou o Qur’an, seria muito mais apropriado deixar o livro falar por si mesmo e então aplicar uma abordagem acadêmica ao seu conteúdo. Com muita freqüência, eles fazem o contrário para conseguirem encontrar erros onde for possível. Em resposta a um muçulmano que uma vez me desafiou com esse argumento durante uma conversa pessoal, repliquei: “Quem é o autor do Qur’an?”. Ele respondeu imediatamente que era Alá, ao que respondi: “Então porque Alá constantemente se refere a si próprio na terceira pessoa?”. Usei o seguinte verso como exemplo: “Ele é Deus; não há mais divindade além d’Ele” (Surata 59:22)4 No árabe, o verso começa com Huwallaah (Ele é Alá), na terceira pessoa; e termina com o mesmo pronome, huwa (Ele é). Em ambos os casos, usou-se o pronome na terceira pessoa. Alá também é chamado pelo nome, na terceira pessoa, quase três mil outras vezes no livro. Se Mateus não é o autor do evangelho que lhe atribuem porque fala de si mesmo na terceira pessoa, então Alá, pela mesma lógica dos muçulmanos, não pode ser o autor do Qur’an. Não há 4 N.T. As citações do Qur’an utilizam a tradução para o português de Samir El-Hayek (1994).

nenhuma diferença entre o uso da terceira pessoa na Bíblia e no Qur’an. Os cristãos tendem a se frustrar com o esforço que os muçulmanos fazem para desacreditar a Bíblia. Geralmente, seus argumentos são extremamente frágeis, e muitas vezes podem ser aplicados contra o Quran. É difícil evitar a conclusão de que eles tentam provar seu ponto de vista utilizando todos os meios possíveis, e que fundamentam sua argumentação em suposições convenientes ao invés de evidências sólidas. O cristianismo se baseia nos seus próprios e históricos registros da vida de Jesus, conforme o Evangelho. Não precisa tentar desacreditar uma religião que surgiu só seiscentos anos depois para se manter. O islamismo, por outro lado, por reconhecer a existência de Jesus e não ter relatos alternativos da Sua vida, precisa combater o cristianismo para se estabelecer. Eis porque o próprio Qur’an tenta minar as crenças e práticas cristãs, e porque os muçulmanos tentam com tanta dedicação desacreditar a Bíblia. Se os cristãos lembrarem disso, terão mais paciência para lidar com os muçulmanos, especialmente aqueles que lançam mão de qualquer argumento disponível para tentar afirmar a sua religião.

Outros argumentos contra o evangelho de Mateus É comum que os muçulmanos adquiram argumentos contra a integridade da Bíblia de artigos de acadêmicos ocidentais da ala liberal moderna, que baseiam suas conclusões no que se tornou conhecido como “criticismo superior” do texto bíblico. Essa fonte, quase que invariavelmente, é bastante questionável, já que esses autores não trabalham com evidências mas sim com toda sorte de suposições. Um exemplo típico é a hipótese, presente em muitos desses artigos, de que os evangelhos sinópticos (Mateus, Marcos e Lucas) tiveram como fonte tradições sobre a vida de Jesus. Presume-se que essas tradições tenham sido compiladas como se fossem uma colagem escrita dos ensinamentos e eventos derivados dos discípulos de Jesus, algum tempo antes que os quatro evangelhos fossem escritos. Essa compilação que foi chamada de “Q” por falta de um nome ou fonte apropriados que se aplicassem a esse texto que, convenientemente, se assume que existiram. Conclui-se, necessariamente, que Mateus não poderia ter escrito o evangelho que lhe é atribuído. Há três razões excelentes que desafiam não só essa conclusão, mas também os meios dos quais esses acadêmicos se valeram para escolherem seus próprios argumentos subjetivos em detrimento às evidências fatuais contrárias. 1. As evidências dos primeiros manuscritos cristãos Todas as mais antigas fontes cristãs, conforme já dissemos, atribuem esse evangelho a Mateus. As hipóteses subjetivas dos acadêmicos modernos, que preferem as especulações do século XX às evidências fatuais da época, não podem ter valor maior do que o testemunho daqueles que viverem na época em que esse evangelho foi copiado e distribuído pela primeira vez. Esses mesmos acadêmicos questionam a história da criação, rejeitam o dilúvio de Noé,

classificando-o como mito, riem da estada de três dias dentro de um peixe de Jonas, e duvidam do nascimento de Jesus através de uma virgem, tudo pelo mesmo motivo: especulação pura, dessa vez feita em termos racionais. Os acadêmicos muçulmanos, que sabem que o Qur’an confirma todos esses eventos, não poderiam, se fossem coerentes, basear-se nessas fontes que, pelas mesmas razões, desacreditam também o islamismo. 2. Falta de um autor alternativo para o evangelho de Mateus J. B. Phillips, na sua introdução a esse evangelho, ao mesmo tempo em que confirma que alguns acadêmicos modernos desconsideram as fontes tradicionais que atribuem o livro a Mateus, afirma que, ainda assim, ele pode ser chamado de evangelho de Mateus. Isso porque não há um outro autor que fosse uma alternativa razoável, e nem há na história da Igreja primitiva qualquer sugestão de um outro autor possível. 3. As supostas tradições orais por trás desse evangelho Phillips também afirma, sem qualquer prova, de que o autor baseou-se, quase que exclusivamente, na misteriosa compilação “Q”. Não há evidência em lugar algum da História do cristianismo primitivo de que essas tradições orais tenham sido reunidas numa coleção escrita. Sua existência não é apenas um mistério, mas também um mito. O próprio nome “Q” testifica a natureza especulativa dessa suposta fonte dos evangelhos sinópticos.

Nesse ponto, não estamos mais nos deparando com evidências verdadeiras, mas com mera especulação. Esses acadêmicos modernos geralmente não levam em conta as evidências textuais da Bíblia como são, mas apoiam-se nas suas próprias e convenientes hipóteses. Os cristãos, quando discutirem com muçulmanos, precisam encorajá-los a manterem-se presos aos fatos, evitando que se utilizem de conjeturas que não podem ser provadas.

1.9. A multiplicidade de traduções Muçulmano: Por que existem tantas versões diferentes da Bíblia? Há a versão do rei James, a Revista e Atualizada, a Nova Versão Internacional, entre outras. Felizmente, nós temos apenas uma versão do Qur’an, que nunca foi revisada. Esse argumento é comum apenas nos países cuja língua é o inglês, onde normalmente os muçulmanos são minoria. Quando os muçulmanos tomam conhecimento de que há várias traduções da Bíblia para o inglês, especialmente quando são denominadas “versões”, eles imediatamente assumem que cada uma delas é uma edição na qual houve modificações em relação à anterior — uma prova óbvia de que a Bíblia foi e ainda está alterada pelos sacerdotes e líderes

cristãos, a fim de que ela se adapte aos seus interesses. As traduções não são revisões da Bíblia em si Por alguma razão, os muçulmanos que usam este tipo de argumento citado aqui não conseguem perceber sua irrelevância imediata. Eles comparam meras traduções diferentes da Bíblia com o original em árabe do Qur’an. È preciso que os cristãos, pacientemente, expliquem que as tradições são baseadas nos mais antigos manuscritos em hebraico e grego, respectivamente do Velho e do Novo Testamento. Estes nunca foram modificados ou substituídos por outros, e cada “versão” não é nada mais do que uma tradução para uma outra língua. Houve várias traduções do Qur’an para o inglês nas últimas décadas, mas ninguém sugere que sejam “versões” diferentes do livro. Cada uma possuiu uma característica própria. Durante um debate a respeito da integridade da Bíblia com Yusuf Buckas, um propagandista muçulmano de Durban, na África do Sul, em 1985, ele citou seguinte o prefácio da versão Revista e Atualizada da Bíblia para o inglês: “Ainda, a versão do rei James tenha graves defeitos, (...) esses defeitos eram tantos e tão sérios que demandavam uma revisão”. Aqui, ele concluiu com um “fecha aspas”. Ele usou o prefácio como um argumento para provar que a Bíblia sofreu várias alterações para remediar seus defeitos. Respondi que ele havia fechado as aspas no lugar errado, pois a frase terminava assim: “demandavam uma revisão da tradução para o inglês” (ênfase minha). Tive de usar alguns minutos para mostrar aos muçulmanos presentes que a Bíblia em si não estava sendo revisada, mas sim uma tradução para o inglês, não com o propósito de corromper o texto original, mas sim de fazer com que a tradução se aproxime o máximo possível dele.

Algumas diferenças na tradução Os muçulmanos, no entanto, esforçam-se para criar argumentos a partir de certas diferenças entre a versão do rei James e a Revista e Atualizada. Duas passagens serão mencionadas e discutidas, conforme os argumentos típicos com que os cristãos se deparam, com indicações de como respondê-los. 1. Isaías 7:14: uma jovem ou uma virgem? Na versão do rei James, o texto diz que uma virgem daria a luz, enquanto que no mesmo texto, na versão Revista e Atualizada, aparece que uma jovem conceberia e teria um filho. Não passam de pequenas diferenças de tradução da palavra hebraica almah, mas os muçulmanos tentam a todo custo fazerem dessa diferença na escolha de uma palavra uma prova de que a Bíblia foi mudada. O argumento se desdobra na afirmação de que a Bíblia, originalmente, ensinava que Jesus nasceria de uma virgem, mas que, numa edição posterior, o texto teria

sido alterado, eliminando uma verdade fundamental presente no Qur’an (Surata 3:47, 19:20 e 21). A resposta apropriada dos cristãos a esse argumento é bastante simples. Primeiramente, a palavra hebraica do texto original é almah, e ela nunca foi tocada. Portanto, a questão aqui é exclusivamente um problema da tradução. Em segundo lugar, a palavra almah, na sua tradução literal, quer dizer mulher jovem, e portanto a tradução da versão Revista e Atualizada está perfeita. A palavra mais comum em hebraico para virgem é bethulah. Por outro lado, pelo contexto, é bastante óbvio que a concepção por uma jovem seria única, e um sinal dramático ao povo de Israel. A versão do rei James interpreta corretamente essa particularidade, dizendo o que era claramente a intenção do original, ou seja, que uma virgem conceberia um filho. O versão do Novo Testamento em grego, a Septuaginta, que tem quase dois mil anos a mais que a do rei James, também traduz almah como virgem. Ambas as palavras são bastante aceitáveis. Assim, não há como se afirmar que a Bíblia foi modificada através desse argumento. 2. João 3:16: o Filho unigênito de Deus Um argumento semelhante baseia-se na tradução desse versículo nas duas versões já citadas. Na mais antiga, que é a do rei James e data do ano 1611 d.C., o versículo diz que Deus amou tanto o mundo que enviou seu filho unigênito5. Na versão Revista e Atualizada, de 1952, lê-se que Deus enviou seu filho único. Os muçulmanos alegam, mais uma vez, que a Bíblia foi modificada, retirando-se a idéia para eles questionável de que Deus teria “gerado” um Filho, conceito este que é enfaticamente rejeitado pelo Qur’an: “Dize: Ele é Deus, o Único! Deus! O Absoluto! Jamais gerou ou foi gerado! E ninguém é comparável a Ele.” (Surata 112:1 a 4) Novamente, aqui, os muçulmanos fazem tempestade em copo d’água. A palavra que aparece no original em grego é monogenae¸ que significa “um” (mono) “que vem” (genae) do Pai. É, portanto, correto traduzi-la tanto por “único” quanto por “unigênito”. Ambas as expressões significam a mesma coisa: o único filho que vem do Pai. A palavra que, em inglês, corresponde a unigênito era de uso corrente no século XVII, quando a versão do rei James foi escrita. Contudo, ela não faz parte do vocabulário do inglês do século XX — eis porque a versão Revista e Atualizada a substituiu. Novamente, a questão não é a “alteração” do texto original, mas sim de interpretação dos tradutores. Ao longo dos anos, ouvi uma série de ataques dos muçulmanos contra a Bíblia que desafiaram a minha paciência. “Por que há quatro Bíblias no seu Novo Testamento?” é uma. Outra é “por que seus papas mudam a Bíblia todos os anos? 5 N.T. A palavra unigênito foi utilizada aqui para traduzir “only-begotten” por ser a que aparece em algumas das traduções mais populares da Bíblia em português, e porque, assim como “only-begotten”, guarda a idéia de filho único gerado pelos pais, explicando assim a objeção dos muçulmanos.

Não é só o papa da igreja Católica Romana, o da igreja Batista faz a mesma coisa.” Outra pergunta clássica: “De acordo com o Qur’an, só existe um Injil, o “Evangelho”, que foi revelado a Jesus. Mas a sua Bíblia tem vários evangelhos: Mateus escreveu um, Marcos, Lucas, João e Atos também. Romanos escreveu um Evangelho, e Coríntios escreveu dois!” Mesmo que você deseje se concentrar somente no verdadeiro Evangelho e o efeito do amor de Deus revelado em Jesus Cristo, é importante responder às investidas dos muçulmanos contra a Bíblia, mesmo quando os argumentos são pobres e irrelevantes para nós. Minha experiência pessoal é que uma resposta positiva e eficiente a cada questão levantada é capaz de, no longo prazo, convencer o muçulmano de que a verdadeira mensagem que você quer expor merece ser seriamente considerada.

1.9 A genealogia de Jesus nos evangelhos Muçulmanos: As genealogias de Jesus nos evangelhos citam diferentes linhagens de descendência. Como você explica essa contradição? Além disso, algumas das mulheres mencionadas entre os ancestrais eram grandes pecadoras. Como o perfeito filho de Deus pode descender de uma linhagem tão impura? É comum que os argumentos dos muçulmanos contra a Bíblia revelem um pouco mais do que um grave desconhecimento do que o cristianismo realmente significa. Ao responder essas duas objeções, os cristãos não só esclareceram um malentendido, mas também testemunharão aos muçulmanos que as fizerem da salvadora graça de Jesus. É necessário enfatizar seguidamente que toda argumentação dos muçulmanos contra a Bíblia deve ser encarada como uma porta aberta para o testemunho da essência da sua mensagem. As duas genealogias diferentes A linhagem, segundo os hebreus, da qual Jesus descendeu está registrada em Mateus 1:2 a 16 e Lucas 3:23 a 28. Não há diferença entre os dois registros de Abraão até Davi, mas depois desse ponto elas divergem consideravelmente. Mateus traça a linhagem de Jesus através de Salomão, filho de Davi; Lucas, entretanto, o faz através de seu irmão Natã. Os dois relatos continuam, a partir daí, com muitas diferenças. Os estudiosos muçulmanos concluíram sumariamente que existe aí uma contradição irreconciliável. Os seguintes pontos devem ser levantados em resposta aos muçulmanos que tocarem nesse assunto: 1. Todas as crianças têm duas genealogias Não é preciso grande esforço para se demonstrar que todos os homens do mundo têm duas linhagens de ancestrais diferentes, uma por parte paterna, e a outra pelo lado materno. A primeira coisa óbvia a respeito das duas genealogias nos evangelhos é que ambas a descrevem a partir de um ancestral comum, Davi, indo

até Abraão. O que as duas revelam, a partir de um estudo acurado do seu contexto no respectivo evangelho, é que José¸ o guardião legal como pai registrado de Jesus (ainda que não fosse o pai natural), era descendente de Davi através de Salomão, enquanto que Sua mãe Maria era descendente do mesmo ancestral, mas através de Natã. Portanto, não há contradição entre as genealogias. 2. Mateus e Lucas claramente definem a partir de quem acompanham a genealogia Não é apenas uma mera suposição dizer que cada um dos dois escritores acompanham, respectivamente, a ascendência paterna e materna de Jesus. Mateus deixa bem claro que acompanhou a genealogia a partir do ramo de José (Mateus 1:16), e, durante os dois primeiros capítulos do seu evangelho, José é o personagem central. Todas as aparições do anjo Gabriel registradas envolvem José. Entretanto, no evangelho de Lucas, Maria é sempre a personagem central, e só é mencionada a aparição de Gabriel a Maria. 3. Lucas deliberadamente qualifica sua genealogia Lucas também diz que Jesus, “como se cuidava”, era filho de José (Lucas 3:23). Nessa pequena expressão está a chave para a genealogia de Jesus apresentada em seu evangelho. Diferente de Mateus, ele não menciona mulheres na genealogia e, para manter o costume geral de se registrar somente os parentes homens, Lucas cita José como o “possível” pai de Jesus. De maneira muito cuidadosa é que ele define o papel de José, a fim de deixar claro que não registrava a genealogia de Jesus a partir do seu pai “legal”, mas sim a verdadeira genealogia a partir de Sua mãe real, Maria.

As quatro mulheres citadas na genealogia de Mateus Por várias vezes autores muçulmanos tentaram desacreditar a perfeição de Jesus, como Filho de Deus, por causa das quatro mulheres que Mateus cita entre a ascendência de Jesus. São elas: Tamar¸ que cometeu incesto com seu pai Judá, do qual nasceu Perez, ancestral de Jesus; Raabe, prostituta e gentil que ajudou Josué e os israelitas na conquista de Jericó; Rute, a esposa de Boaz, também gentil; e Bate-Seba, a mulher de Urias com quem Davi adulterou e gerou a Salomão. É evidente que Mateus deliberadamente colocou as quatro mulheres que perturbam a genealogia de Jesus, por causa de seus defeitos morais ou étnicos. Claramente, o autor não pensava que a presença delas afetava a dignidade de Jesus. Se houvesse algum estigma ligado à essas ancestrais, com toda certeza ele teria citado algumas das mais famosas mulheres hebréias da qual Cristo descendia, como Sara e Rebeca. Por que, então, ele cita especificamente quatro mulheres que “maculam” a linhagem de Jesus? O próprio Mateus responde, ao

contar o que o anjo Gabriel disse, quando apareceu a José, sobre a criança que estava por nascer: “... lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mateus 1:21) Foi exatamente para pessoas como a incestuosa Tamar, a prostituta Raabe, a adúltera Bate-Seba ou Rute dos gentios, que Jesus veio ao mundo. Ele desceu dos santos portais celestes, tomando a forma humana, a esse mundo pecador e decadente, a fim de salvar seu povo das suas iniqüidades, salvação esta disponível para todos os homens e mulheres, tanto para os judeus quanto para os gentios. Numa outra passagem do mesmo evangelho, vemos Jesus esclarecendo o povo sobre o seu propósito: “Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes. Ide, porém, e aprendei o que significa: ‘Misericórdia quero e não holocaustos; pois não vim chamar justos, e sim pecadores.’ ” (Mateus 9:12 e 13) Jesus não veio para ser um exemplo a ser seguido de piedade e religiosidade. Ele veio, em primeiro lugar, para salvar aqueles que deixassem os seus pecados para segui-lO, e para fazer com que estes pudessem receber o Espírito Santo, dando a eles poder para viver suas vidas de maneira genuinamente santa. Assim, fica óbvio como qualquer argumento contra a Bíblia pode ser efetivamente usado como oportunidade de testemunho. Sempre que um muçulmano questionar a Bíblia num ponto como este, é importante buscar não só meios para refutar sua objeção, mas também aberturas para compartilhar a verdadeira essência da nossa fé.

1.10“Pornografia” e obscenidades bíblicas Muçulmano: Como um livro que presume ser a Palavra de Deus pode conter histórias como o incesto de Judá, o adultério de Davi e o casamento de Oséias com uma prostituta, bem como passagens onde Deus fala usando termos claramente obscenos e pornográficos? Essa linha de argumentação tem se tornado cada vez mais comum ultimamente. Ela deriva de uma suposição dos muçulmanos de que todos os profetas eram livres de pecado, e de que Deus nunca usaria linguagem vulgar para descrever a infidelidade do seu povo ou, para dizer de um outro modo, para “chamar um espada de espada”. Começaremos com a primeira parte do argumento.

A suposta pureza dos profetas A Bíblia registra muitas histórias de falhas morais dos profetas e dos patriarcas. Judá cometeu incesto com sua irmã Tamar (Gênesis 38:12 a 26), assim como Ló fizera com suas duas irmãs algum tempo antes (Gênesis 19:30 a 38). Davi adulterou com Bate-Seba, a mulher de Urias, o Hitita (2 Samuel 11:2 a 5), e em seguida fez com que seu marido fosse morto na linha de frente da batalha (2 Samuel 11:14 a 21). Outros profetas pecaram, de maneiras diferentes — Moisés assassinou um egípcio, Jacó mentiu ao seu pai Isaque, e Salomão tomou concubinas e casou-se com egípcias e outras nações dos gentios. Os muçulmanos recuam diante dessas histórias, pois foram ensinados que todos os profetas, de Adão a Maomé, nunca pecaram. Este ensinamento, conhecido como a doutrina do isma (pureza, sem pecado), não está no Qur’an, mas deriva dos credos muçulmanos ortodoxos como o Fiqh Akbar II dos séculos seguintes. Foi estabelecido para combater o ensinamento cristão de que só Jesus não tinha pecado. Quando os muçulmanos utilizam-se desse argumento, os cristãos precisam mostrar que o Qur’an também ensina que os profetas pecaram. Muitos aparecem no Qur’an pedindo perdão a Deus, ou sendo desafiados por Ele a fazê-lo. Por exemplo: 1. Abraão — Ele disse que esperava que Deus, o Rabb’al-Alamin (“Senhor dos mundos”), perdoasse suas faltas no Dia do Juízo. (Surata 26:81). Autores muçulmanos tentam enfraquecer passagens como essa, dizendo que Abraão orava por proteção contra erros e falhas, mas foram usadas as palavras yaghfira, que é a palavra árabe comum para “perdoar”, e khati’ati, uma palavra forte que significa claramente “pecado”, e nunca erros ou falhas menores. Ela é usada na passagem que narra que o povo, no dilúvio do tempo de Noé, afogou-se “pelos seus pecados” (Surata 71:25). 2. Moisés — O Qur’an confirma que Moisés matou um de seus inimigos, e diz que, imediatamente depois, ele orou: “Ó Senhor meu, certamente me condenei! Perdoa-me, pois!” (Surata 28:15 a 16). Com certeza Alá o perdoou, pois Ele é o Al-Ghafur, “Aquele que perdoa”. 3. Davi — A história do seu adultério não está no Qur’an, mas a repreensão de Natã (2 Samuel 12:1 a 15) sim, de forma um pouco diferente. A parábola do homem com gado e ovelhas que toma de um pobre sua única cordeirinha, usada por Natã para expor o pecado de Davi, mesmo tendo muitas esposas, ao tomar a única esposa de Urias é repetida numa pequena passagem do Qur’an (Surata 38:21 a 25). Ela conclui dizendo que Davi “pediu perdão” (fastaghfara) e que Alá o perdoou (faghafar, a palavra mais usada para perdão de pecados). Autores muçulmanos usaram vários argumentos para evitar as implicações de passagens como esta, negando que a parábola se refira ao adultério de Davi. Não conseguiram, no entando, apresentar uma explicação

alternativa para ela (no Qur’an, ela não num contexto como na Bíblia). É significante, porém, que Alá ordene a Davi que este não “siga a sua luxúria”como os outros fazem, os quais iram enfrentar uma punição pesada (Surata 38:26) no Dia Final (Yawma’l-Hisab). 4. Maomé — O próprio Profeta do Islã recebeu a ordem de “pedir perdão pelos seus pecados”, bem como pelos de todos os homens e mulheres crentes (Surata 47:19). As palavras usadas neste trecho foram wastaghfir lithanbik¸ exatamente as mesmas que foram utilizadas para dizer que Zulaykah (o nome muçulmano para a mulher de Potifar) deveria se arrepender do seu desejo de seduzir José (Surata 12:29). A Bíblia simplesmente não esconde as falhas dos profetas, e sua opinião fundamental a respeito de todos os homens é que nenhum deles é justo — todos cometeram transgressões, pecaram contra Deus e se desviaram para os seus próprios caminhos (Romanos 3:9 a 18). Por esta razão é que Jesus Cristo, o único homem sem pecado que já veio ao mundo, a fim de proporcionar a salvação a todos. Mais umas vez, há uma oportunidade óbvia aqui para o testemunho. É importante ressaltar aos muçulmanos que o Qur’an é muito mais próximo à Bíblia do que eles ao conceber que os profetas também pecaram. A alegação de passagens pornográficas na Bíblia A segunda parte do argumento que estamos discutindo é baseado em trechos bíblicos como este abaixo, que, segundo autores muçulmanos, contém linguagem obscena e pornográfica: “As suas impudicícias, que trouxe do Egito, não as deixou; porque com ela se deitaram na sua mocidade, e eles apalparam os seios da sua virgindade e derramaram sobre ela a sua impudicícia. Por isso, a entreguei nas mãos dos seus amantes, nas mãos dos filhos da Assíria, pelos quais se inflamara. Estes descobriram as vergonhas dela, levaram seus filhos e suas filhas; porém a ela mataram à espada; e ela se tornou falada entre as mulheres, e sobre ela executaram juízos.” (Ezequiel 23:8 a 10) O capítulo inteiro é citado como um exemplo de linguagem impura que, para esses autores muçulmanos, seria incompatível com um Deus santo. Outra passagem típica que também é mencionada é a seguinte: “Repreendei vossa mãe, repreendei-a, porque ela não é minha mulher, e eu não sou seu marido, para que ela afaste as suas prostituições de sua presença e os adultérios de entre os seus seios; para que eu não a deixe despida, e a ponha como no dia em que nasceu, e a torne semelhante a um deserto, e a faça como terra seca, ea mate à sede, e não me compadeça de seus filhos, porque são filhos de prostituições.” (Oséias 2:2 a 4) Ambas as passagens são uma ilustração da extrema ira de Deus, resultante de infidelidade de Seu povo, Israel, a Ele. Por isso é que Ele determinou a Oséias

que tomasse uma prostituta como esposa, no intuito de que isso simbolizasse como Deus se sentia em relação ao Seu próprio povo. Eles, constantemente, viravam-se contra Ele, buscando deuses falsos e ídolos, adotando as práticas lascivas dos países vizinhos ao invés de se submeterem à Sua santidade. A linguagem utilizada nestas passagens foi concebida exatamente para chocar o povo e devolver-lhes a consciência de que estavam em perigo, por causa da sua cegueira. Seu comportamento era como o da mulher adúltera, que se entrega a outros amantes. Era necessária uma linguagem forte e enfática para que eles percebessem a impureza dos seus caminhos tolos. No Dia do Julgamento, Deus denunciará como práticas imundas exatamente aquelas que o são: sodomia, perversão sexual, prostituição, lascívia, e similares. Ele não usará palavras bonitas para descrever um comportamento imoral, como parece ser a idéia de alguns muçulmanos. Ele toma conhecimento de todas as paixões perversas da raça humana, e nada pode surpreendê-lo. Ele irá tratar delas pelo que são. Os muçulmanos devem ser encorajados a permitir que Deus seja aquilo que Ele é, e a falar do modo que desejar. Ninguém é capaz de prescrever a Deus como Ele deve falar da infidelidade e da falta de fé. Quando um muçulmano diz que determinada linguagem presente na Bíblia encoraja os jovens a terem pensamentos impuros e cria toda sorte de desejos lascivos, só é necessária a menção de um versículo como resposta: “Todas as cousas são puras para os puros; todavia, para os impuros e descrentes, nada é puro. Porque tanto a mente como a consciência deles estão corrompidas.” (Tito 1:15) Novamente, esta á uma oportunidade para compartilhar com os muçulmanos a nossa fé. Se eles falarem algo sobre passagens como as que analisamos, pergunte a eles se eles já leram a Bíblia toda, de capa a capa. Desafie-os a fazêlo, e a desconsiderar passagens que foram arrancadas do seu contexto apenas para parecerem “obscenas” ou “pornográficas”.

O Qur’an em relação à Bíblia 4.8 Os judeus e as escrituras cristãs Muçulmano: O próprio Qu’an confirma que a Bíblia foi alterada. O Velho e o Novo Testamento não são os livros que foram originalmente revelados a Moisés e a Jesus. Onde estão esses livros hoje? O que você tem em mãos não é mais a Palavra de Deus.

Em todo o mundo, os muçulmanos aprendem que o Qur’an acusa os judeus e os cristãos de terem modificado seus textos sagrados. A acusação de que a Bíblia sofreu modificações é uma das maiores lendas já criadas em nome da verdade. No entanto, é interessante descobrir que o Qur’an, em contraste com a atitude geral dos muçulmanos, na verdade enaltece os textos das escrituras judias e cristãs, e confirmam sua autenticidade.

Torá: as escrituras dos judeus O título mais freqüente das escrituras dos judeus no Qur’an é at-Tawraat, ou “a Lei”. Diz-se especificamente do kitab (“livro”) que teria sido dado a Moisés (Surata 11:110). Sua integridade e existência nas mãos dos judeus nos tempos de Maomé é confirmada por este verso: “Por que recorrem a ti por juiz, quando têm a Torá que encerra o Juízo de Deus? E mesmo depois disso, eles logo viram as costas. Estes em nada são fiéis.” (Surata 5:43) Esta passagem, claramente, ensina que os judeus (especificados como o povo à quem se refere na Surata 5:41) são os detentores da Torá. As palavras usadas no original em árabe confirmam isso. Diz que o livro está inda hum — “com eles”. Portanto, o Qur’an ensina, neste verso, que o livro estava com os judeus no tempo de Maomé. Como o verso fala de judeus que, na verdade, vinham até ele para obter decisões jurídicas, é óbvio que é uma referência os judeus da região de Medina. A passagem continua, descrevendo a Torá como sendo “orientação e luz”, a mesma descrição que os antigos profetas aplicavam à lei de Deus para os judeus, seus rabinos e juízes (Surata 5:44). A seguir, são feitos mais apelos para que se julgue segundo o que havia sido revelado na Torá. Durante toda sua História, os judeus tiveram apenas um texto sagrado — os livros do Velho Testamento que conhecemos hoje. Já vimos que, desde o século II antes de Cristo (oito séculos antes de Maomé), o Velho Testamento em hebraico já havia sido traduzido para o grego — versão conhecida hoje como a Septuaginta. Aparecem citações do Velho Testamento, muito tempo depois, nos textos do Novo Testamento, e os mais recentes manuscritos conhecidos também são séculos mais antigos que o Islã. Não há dúvida de que o livro a que o Qur’an se refere só pode ser o Velho Testamento. O Qur’an sempre fala das antigas escrituras com grande reverência. Dificilmente exortaria os judeus a julgar a partir delas se estivessem corrompidas ou não fossem confiáveis. É significante o fato de que se usa a palavra Torá (Torá), a mesma que os próprios judeus utilizam para descrever os cinco primeiros livros de Moisés na Bíblia.

Injil: as escrituras cristãs O Qur’an, quando se refere às escrituras cristãs, usa uma palavra muito familiar aos cristãos, que é al-Injil — “o Evangelho”, e diz que elas foram reveladas a Jesus: “E depois deles (profetas), enviamos Jesus, filho de Maria, corroborando a Torá que o precedeu; e lhe concedemos o Evangelho, que encerra orientação e luz, corroborante do que foi revelado na Torá e exortação para os tementes.” (Surata 5:49) A partir deste texto e outras passagens semelhantes (Surata 3:3), fica bem claro que o Qur’an considera a Torá e o Injil como a soma total dos textos sagrados dos judeus e dos cristãos, respectivamente. Outra vez, vemos o Qur’an confirmando a existência de um segundo texto sagrado, em posse dos cristãos, na época em que viveu Maomé: “Que os adeptos do Evangelho julguem segundo o que Deus nele revelou” (Surata 5:47) Se o livro não ficou intacto, como o Qur’an pode exorta os cristãos a julgarem pela direção e luz das suas escrituras? É significante que este texto chame os cristãos de ahlul-Injil, ou “povo do Evangelho” — mais uma confirmação da existência do Novo Testamento com os cristãos no tempo de Maomé. Ainda, assim como os judeus, os cristãos tiveram apenas os livros do Novo Testamento como suas escrituras durante sua história. Numa outra passagem, o Qur’an confirma novamente que as duas escrituras estavam com os judeus e os cristãos no período em que Maomé viveu: “São aqueles que seguem o Mensageiro, o Profeta iletrado, o qual encontram mencionado em sua Tora e no Evangelho.” (Surata 7:157) Novamente, o Qur’an afirma que essas escrituras estão inda hum, palavras do árabe que significam, de maneira bastante específica, “com eles”. É óbvio que Maomé nunca duvidou da integridade dos livros que os judeus e cristãos dos seus dias consideravam como seus textos sagrados. Ele não tinha nenhuma reserva em confirmar essa integridade. Mais uma passagem do Qur’an que enfatiza este fato de maneira muito clara: “Dize: Ó adeptos do Livro, em nada vos fundamentareis, enquanto não observardes os ensinamentos da Tora, do Evangelho e do que foi revelado por vosso Senhor!” (Surata 5:71) Como eles seguiriam diligentemente essas escrituras se, em primeiro lugar, elas não estivessem em seu poder e, depois, se elas não fossem completamente autêntica? É inegável que o Qur’an ensina que tanto as escrituras dos judeus quanto a dos cristãos estavam intactas no tempo de Maomé. Em outro verso, Maomé é encorajado, se tivesse dúvida sobre algo que lhe fosse revelado, a

consultar aqueles que haviam lido as escrituras antes dele, ou seja, os judeus e os cristãos. É importante, no debate com muçulmanos, conhecer estas passagens do Qur’an que testemunham a respeito da integridade da Bíblia. O Qur’an testefica, de maneira quase que inequívoca, sua autoridade como revelação da Palavra de Deus, quer os muçulmanos queiram ou não. Sob a luz da reverência e do respeito que o livro sagrado deles mostra quando se refere ao nosso, não devemos hesitar em pedir que os muçulmanos mostrem a mesma estima quanto à Bíblia e a leiam, para a sua própria hudan e nur — “direção e luz”.

4.9 Tahrif — as alegaões de corrupção Muçulmano: Há várias passagens no Qur’an que ensinam claramente que as escrituras mais antigas foram alteradas e corrompidas. Como então você diz que o Qur’an confirma a integridade da Bíblia cristã? Há várias passagens no Qur’an em que, à primeira vista, parecem mesmo dizer que aconteceram algumas manipulações no texto das escrituras mais antigas. Quando se investiga melhor, porém, é óbvio que se tratam de situações em que o Ahl al-Kitab (o “povo do Livro”, ou seja, os judeus e os cristãos) são acusados de interpretar erroneamente os ensinamentos dos seus livros sagrados. Nenhuma dessas passagens sequer sugerem que os textos da Twaraat ou do Injil em si tenham sido corrompidos. Torcendo as palavras com suas línguas Muitos textos, que são invariavelmente citados pelos muçulmanos para provar que a Bíblia, de acordo com o Qur’an, teria sido alterada. Esses textos, se analisados com cuidado, tratam somente de citações verbais erradas dos textos sagrados, e nunca da palavra escrita em si. Um exemplo típico é este verso: “Entre os judeus, há aqueles que deturpam as palavras, quanto ao seu significado. Dizem: ‘Ouvimos e nos rebelamos’. Dizem ainda: ‘Issmah ghaira mussmaen, wa ráina’, distorcendo-lhes, assim, os sentidos, difamando a religião..” (Surata 4:46) Os muçulmanos alegam que esta passagem ensina que os judeus teriam removido partes do texto original das suas escrituras, e substituído-os com outros inventados. Os pontos a seguir provam exatamente o contrário: 1. Distorções puramente verbais A acusação neste verso refere-se somente a uma mudança verbal do verdadeiro sentido das palavras. “Eles distorcem com suas línguas”, diz o texto. Não há alegação de mudanças ou substituições reais do texto escrito. Uma outra acusação similar contra os judeus, a de que eles “deturpam as palavras”, aparece

novamente na Surata 5:41 onde, assim como na Surata 4:56, são mencionados frases de judeus para ilustrar o seu “crime”. 2. A acusação é contra o discurso dos judeus contemporâneos a Maomé A palavra ra’ina na Surata 4:46 significa “por favor, nos atenda”. Mas, com uma modificação sutil, torna-se um insulto. Como as escrituras originais dos judeus estavam em hebraico, é óbvio que o Qur’an refere-se aos judeus do tempo de Maomé que conversavam com os árabes em sua língua. Novamente, é óbvio que é esse diálogo dos judeus, no qual faziam um jogo de palavras bastante sutil, a verdadeira questão aqui, e não uma alteração das escrituras deles. Uma interpretação verbal errada Outro verso que sempre é levantado como uma suposta prova de que judeus e cristãos modificaram os textos originais das suas escrituras é o seguinte: “Aspirais, acaso, a que os judeus creiam em vós, sendo que alguns deles escutavam as palavras de Deus e, depois de as terem compreendido, alteravamnas conscientemente?” (Surata 2:75) Aqui, mais uma vez, há vários pontos que demonstram que este verso se refere apenas às interpretações verbais incorretas, e não à mudanças no texto dos manuscritos antigos. 1. A opinião dos grandes acadêmicos muçulmanos Os dois primeiros grandes acadêmicos muçulmanos Razi e Baidawi ensinavam que este trecho trata apenas do que eles chamaram de tahrifi-manawi, ou a corrupção do sentido da Palavra de Deus, e não tahrifi-lafzi, uma alteração real no próprio texto. Em nenhum lugar o Qur’an ensina que judeus e muçulmanos tenham se engajado na tahrif (corrupção) dos seus livros sagrados — essa acusação nunca foi feita nos primeiros séculos do Islã. 2. A Palavra falada de Alá Neste verso, o Qur’an expressamente afirma que foi a kalam de Alá que estava sendo pervertida. Essa é a palavra falada, que foi “ouvida” por eles, conforme o texto. Não foi o kitab, o livro escrito, que foi modificado. Quando se refere às escrituras dos judeus e dos cristãos, o Qur’an usa a palavra kitab. Aqui, está em questão apenas a mensagem que foi pregada.

3. A Palavra é a palavra pregada por Maomé É óbvio que foi a pregação do Qur’an que estava sendo mal interpretada. Um grupo de pessoas que ouviu a pregação de Maomé teria depois pervertido o seu

discurso — como, então, poderia ele esperar que cressem nele? É preciso uma imaginação bastante fértil para transformar isso numa prova de corrupção do texto escrito original da Bíblia. 4. Só um grupo dos seus ouvintes a perverteu Inquestionavelmente, a acusação de deturpar a mensagem de Maomé recai apenas sobre um grupo de judeus do seu tempo6. O verso seguinte os acusa de afirmar que acreditavam na pregação quando encontravam com muçulmanos apenas para, quando estivessem sozinhos depois, distorcerem a mensagem. Outra vez, é claro que esse verso não se aplica nem remotamente a uma suposta corrupção dos textos sagrados dos judeus e cristãos. Distorcendo verbalmente a Palavra de Deus Outro trecho semelhante, mas que trata apenas de distorções verbais, do Qur’an utilizado por autores muçulmanos como prova de que a Bíblia passou por modificações é este: “E também há aqueles que, com suas línguas, deturpam os versículos do Livro, para que penseis que ao Livro pertencem, quando isso não é verdade. E dizem: 'Estes (versículos) emanam de Deus', quando não emanam de Deus. Dizem mentiras a respeito de Deus, conscientemente.” (Surata 3:78) É um tanto quanto óbvio, mais uma vez, que a acusação aqui não é a respeito de corrupção do texto bíblico original. A expressão usada para descrever o que estava acontecendo é yaluwnal-sinatahum, que quer dizer “torcer a língua”. O uso da palavra árabe para língüa, lisan, mostra que é uma questão de distorção verbal. É puramente uma questão de citar passagens que não fazem parte da Bíblia como se fossem parte do texto bíblico. Outras passagens relacionadas à acusação de tahrif Existem alguns outros textos que os muçulmanos utilizam para fortalecer seus argumentos contra a integridade da Bíblia. Um dos que eles consideram ser o que mais auxilia sua causa é este: “Ai daqueles que copiam o Livro, (alterando-o) com as suas mãos, e então dizem: Isto emana de Deus, para negociá-lo a vil preço. Ai deles, pelo que as suas mãos escreveram! E ai deles, pelo que lucraram!” (Surata 2:79) Desta vez, trata-se de um recado claro aos que escrevem algo que fingem ser um texto sagrado, e o vendem para obter lucro. No entanto, isso se refere somente à pequenos trechos compilados por um grupo anônimo, e, novamente, não existe aqui nenhuma acusação direta à integridade bíblica. A Torá e o Injil originais sempre são tratados com muita referência, e não existe aqui nenhuma pista de 6 N.T. Nas citações do Qur’an no texto original em inglês, aparece a expressão “party of them” (um grupo deles), explicitando que a acusação referia-se a apenas um grupo de judeus, e não a todo o povo.

que esses originais tenham sido modificados. A menção do Qur’an é a outros textos. Além do mais, o verso é vago demais, assim como muitos dos outros, para determinar exatamente sobre o que ele trata. Não há nenhuma indicação do quê foi escrito, de quem o escreveu ou precisamente quando isso aconteceu. O último verso que precisamos analisar é um que é freqüentemente utilizado pelos muçulmanos para demonstrar que o Qur’an considera que a Bíblia foi alterada: “Ó adeptos do Livro, por que disfarçais a verdade com a falsidade, e ocultais a verdade com pleno conhecimento?” (Surata 3:71) Mais uma vez, no entanto, trata-se de uma acusação de interpretar de maneira errada a verdade das escrituras. De forma alguma pode-se dizer que o verso ensina que a Bíblia em si tenha sofrido mudanças. As escrituras dos judeus e dos cristãos não são sequer mencionadas. Não é de se admirar que os primeiros acadêmicos muçulmanos defendiam que o Qur’an ensinava que existia uma tahrif, mas somente do sentido e do que se ensinava sobre as escrituras, nunca do texto em si. Os muçulmanos que argumentam o contrário é que estão, conscientemente, “encobrindo a verdade com falsidade”. Talvez sejam eles os que “ocultam a verdade”, mesmo a conhecendo! 4.10Torá, Injil e Qur’an Muçulmano: A Bíblia que vocês têm hoje não é formada pela Torá e pelo Injil originais que foram revelados a Moisés e a Jesus, respectivamente. Vocês tês os livros de Paulo e outros escritores, mas não a Palavra de Deus. Onde estão a Torá e o Injil originais? Não há quaisquer evidências históricas de que livros supostamente revelados a Moisés e a Jesus, no formato do Qur’an, existiram um dia. Não há uma página sequer que fale em favor dessa hipótese dos muçulmanos a respeito das escrituras originais. Tudo isso fica ainda mais estranho à luz da crença muçulmana de que o Qur’an original foi totalmente preservado, ponto por ponto e letra por letra. Se Alá preservou um livro, porque ele não preservaria, mesmo que um pedaço de evidência, dos outros dois que teriam existido? Este ensinamento do Qur’an não tem sustentação em nenhum dos registros fatuais da história humana. A natureza da Torá e do Injil O Qur’an, além de afirmar que estes dois livros foram na verdade revelados a Moisés e a Jesus, também ensina que eles eram muito similares ao Qur’an. “Ele te revelou (ó Mohammad) o Livro (al-Kitab) (paulatinamente) com a verdade corroborante dos anteriores, assim como havia revelado a Tora (at-Tawraat) e Evangelho (al-Injil).” (Surata 3:3) Como já expomos, o Qur’an divide corretamente o livro dos judeus e cristãos em duas seções, ainda que se refira a ambos os livros coletivamente como al-Kitab (o

Livro), e os seguidores das duas religiões como Ahl al-Kitab (povo do Livro). Também observamos que, sem sombra de dúvidas, o Qur’an reconhece as escrituras que estavam em poder dos judeus e cristãos nos dias de Maomé como os verdadeiros e intactos Torá e Injil, respectivamente. O problema, para os muçulmanos, é que os únicos dois livros que judeus e cristãos tomaram como sagrados são o Velho e o Novo Testamentos, respectivamente. Eles guardam muitas semelhanças quanto à sua forma e estilo, e o último faz muitas referências consistentes ao primeiro. Cada um contém obras narrativas, material profético, citações de profetas e apóstolos — as verdadeiras palavras e ensino de Deus. Nenhum deles, no entanto, tem qualquer semelhança com o Qur’an. Os muçulmanos gastam muito tempo tentando desacreditar a Bíblia ou provar que ela foi modificada sem, talvez, chegarem ao ponto chave. Como os nossos dois livros são tão diferentes do formato que o Qur’an pressupões que tinha a Torá e o Injil, o verdadeiro desafio deles é encontrar os livros “originais”, ou pelo menos alguma evidência do seu estado anterior. Até que eles consigam isto, não se pode fazer mais do que presumir que os tais “originais” nunca existiram. Por seu lado, os muçulmanos dirão que, por ser a Palavra de Deus, as afirmações Qur’an são a única evidência necessária para provar a existência dos livros “originais”. Ao contrário, o absoluto silêncio da História sobre quais seriam os livros mais importante já distribuído milita contra a suposta origem divina do Qur’an. A conclusão lógica é de que Maomé sabia que existiram outras duas escrituras mais antigas, em poder dos judeus e cristãos, que as liam diariamente. Ele não tinha razões para duvidar da sua autenticidade, mas errou ao assumir que elas tinham o mesmo formato do seu Qur’an. Mais de uma vez, muçulmanos me interpelaram perguntando onde estavam a Torá e o Injil originais: “Produza os originais para que nós vejamos!”. Minha resposta a eles sempre foi muito enfática: “Não, vocês é que devem produzi-los! É o seu livro que alega a existência deles, e não o nosso. Essas escrituras de que vocês falam não nos interessa, e não cremos que elas foram reveladas. A obrigação é de vocês de nos mostrá-los, para que possamos examinar as evidências.”

A Lei e o Evangelho Outra vez, no entanto, a questão aqui não dá nenhum ponto no placar para os muçulmanos. Nosso objetivo último é testemunhar a graça de Deus, revelada a nós em Jesus Cristo e, sempre que os muçulmanos levantarem a discussão das escrituras “originais”, é uma oportunidade para perguntar-lhes o que na verdade significam os títulos Torá e Injil. Todas as traduções muçulmanas do Qur’an traduzem estas palavras como “Lei” e “Evangelho”, respectivamente. Poderíamos, então, perguntar o quê são essas duas coisas. Por que a Lei revelada a Moisése,

e o que é esse Evangelho que foi trazido por Jesus? Eis uma oportunidade para mostrar como ninguém pode ser salvo somente pela Lei, e porque a salvação advém puramente da graça de Deus em Jesus Cristo. Este verso resume o contraste: “Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo.” (João 1:17)

Nas suas cartas aos romanos e aos gálatas, Paulo concentra-se no fato de que o pecado causou tamanha devastação entre Deus e o homem que a Lei, da maneira que foi revelada a Moisés, não podia salvar ninguém. Os israelitas no deserto já a haviam rejeitado inteiramente, fazendo um bezerro de ouro e quebrando virtualmente cada um dos dez mandamentos — dizendo a Deus, muito claramente na sua festa de idolatria: “não vamos obedecer as suas leis”. Sempre esteve arraigada no coração humano uma resistência instintiva às santas leis de Deus. Já perguntei muitas vezes aos muçulmanos, de maneira simples, se o pecado era aceitável ou não para Deus, e se ele podia ser justificado de alguma maneira. A resposta deles sempre foi negativa, ao que eu respondia: “Então porque vocês, quando acordarem amanhã de manhã, não prometem a Deus que nunca mais irão pecar enquanto viverem?”. Nem sempre eles davam uma resposta muito enfática à minha segunda pergunta. Os muçulmanos sabem que o pecado habita dentro deles, não importa o esforço do islamismo para ensinar-lhes que é uma mera escolha praticar o que é certo ou o que é errado. Pode-se conseguir bons resultados mostrando a eles que, apesar do homem pecador não conseguir alcançar a Deus, Ele, na Sua bondade e misericórdia, nos alcançou através do seu Filho Jesus Cristo. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3:16) Este é o Evangelho, o significado da palavra Injil. Da mesma maneira, o próprio nome “Jesus” quer dizer “Deus é a nossa salvação” (cf. Mateus 1:15). Que os muçulmanos saibam o que as Boas Novas (outra expressão para “Evangelho”) da salvação de Deus são. Responda, quando surgirem os questionamentos dos muçulmanos a respeito do Injil “original”, que ele está em todo lugar! Quando lhe pedirem para que lhes mostre os “originais”, compartilhe com ele as boas novas do verdadeiro Evangelho. Pergunte a eles o quê a palavra injil significa, e porque ela sempre aparece do islamismo em conjunção com a pessoa de Jesus. Mais uma vez, fique sempre atento às maneiras de transformar os argumentos dos muçulmanos em maravilhosas oportunidades para testemunhar a eles. 4.11O Velho e o Novo Testamentos na Bíblia Muçulmano: Não importa o que você diz, nós sabemos que o Velho e o Novo Testamentos não são a verdadeira Palavra de Deus. Em algum período nos

séculos que antecederam o Islã, eles foram corrompidos. Os muçulmanos sempre foram unânimes quanto a essa visão. Concluindo, há ainda mais alguns pontos que os cristãos devem conhecer a fim de desmontar os argumentos dos muçulmanos contra a integridade da Bíblia. Profecias a respeito de Jesus no Velho Testamento Apesar do Velho Testamento constituir as escrituras dos judeus e ter sido terminado alguns séculos antes de Jesus Cristo vir ao mundo, ele contém muitas profecias sobre Jesus, especialmente as duas características fundamentais da fé cristã e do ensino do Novo Testamento a seguir: 1. A divindade de Jesus Cristo Foi antecipado em 1 Crônicas 17:13, Salmos 2:7 e 89:26 e 27, Isaías 9:6, e muitas outras passagens do Velho Testamento. Os judeus nunca permitiriam que os cristãos inserissem algo assim no seu texto sagrado. 2. A crucificação e o sofrimento O próprio evento da crucificação de Cristo é claramente previsto em Salmos 22:1 a 21 e 69:1 a 29, enquanto que o Seu sofrimento aparece em Isaías 52:13 até 53:12, bem como em outras passagens do Velho Testamento. Aqui, novamente, temos um forte testemunho da integridade bíblica, já que esses seriam os primeiros textos que os judeus modificariam se tivessem corrompido suas escrituras alguma vez. Quem corrompeu as escrituras “originais”? Os muçulmanos nunca foram capazes de produzir nenhuma evidência histórica que apontasse um responsável pelas modificações das escrituras, ou quando isso aconteceu. É preciso lembrar que o mundo cristão aceitou o Velho Testamento dos judeus como a Palavra de Deus intacta, junto com o Novo Testamento. Não cremos que Deus jamais tenha permitido que qualquer parte da sua Palavra fosse modificada. Toda ela foi preservada sem alterações, e não parte dela, como querem acreditar os muçulmanos. Como já expomos, a tradução do Velho Testamento para o grego, a Septuaginta, foi feita dois séculos antes de Cristo. É extremamente consistente com os manuscritos mais antigos dos textos hebraicos, e não há dúvidas que o Velho Testamento que temos hoje é o texto sagrado dos judeus, anterior à Jesus e a Maomé. Ainda assim, essas escrituras trazem as profecias a respeito da divindade e da crucificação de Jesus Cristo, dois ensinamentos do Novo Testamento que o Qur’an renega veementemente. O judaísmo e o cristianismo são religiões muito diferentes, e por vezes até mesmo opostas. As duas têm as suas próprias divisões internas. Como poderíamos

considerar seriamente a hipótese que, num ponto desconhecido qualquer da história, as duas se uniram para modificar suas escrituras em comum acordo? Algo assim dificilmente poderia acontecer sem que fosse documentado, ainda que considerássemos possível uma conspiração improvável dessas. Mesmo que os líderes de uma dessas duas grandes religiões decidissem por unanimidade perverter o Velho Testamento, eles nunca conseguiriam convencer os da religião rival a fazê-lo. Simplesmente não há lógica, evidências ou razão alguma na hipótese dos muçulmanos de que a Bíblia tenha sido modificada. É uma das maiores ilusões já criadas. Os primeiros acadêmicos muçulmanos e a Bíblia É bastante significativo que, nos primeiros séculos do Islã, a autenticidade do Velho e do Novo Testamentos fosse amplamente reconhecida, e que sua identidade como a Torá e o Injil que o Qur’an cita nunca fosse objeto de discussão. Mesmo sem ter o mesmo formato do Qur’an, os estudiosos muçulmanos aceitavam a Bíblia, em parte porque sabiam que os judeus e cristãos nunca tiveram outro texto sagrado, e também porque o livro é um extraordinário registro da interação de Deus com o seu povo, de Adão até Jesus Cristo. Além disso, se a Bíblia não contém os textos originais, de onde ela veio? Por que judeus e cristãos, durante séculos, iriam forjar um livro com ensinamentos sagrados em detrimento dos verdadeiros livros de Deus, se eles já possuíam esses últimos? As atitudes de alguns dos grandes estudiosos muçulmanos dos primeiros séculos do Islã podem ser contrastados com os argumentos preconceituosos das publicações muçulmanas modernas. 1. Ali Tabari Foi um médico famoso da corte do Califa Abbasid Mutawakkil, cerca de duzentos e cinqüenta anos depois da morte de Maomé. Escreveu uma defesa do Profeta do Islã, incluindo um estudo de muitas profecias bíblicas, que acreditava serem uma referência a Maomé. Ali Tabari ensinava com liberdade que o primeiro livro a existir foi a Torá dos judeus, e que esta ainda estava com eles. Ensinou o mesmo a respeito do Injil, que, por sua vez, estava sob a guarda dos cristãos. Quando falava sobre os seus conteúdos, no entanto, ele destacava os conteúdos do Velho e do Novo Testamento, respectivamente. 2. Abu Hamid al-Ghazzali Ele foi um dos maiores pensadores que o mundo muçulmano já conheceu, e é geralmente visto como um dos seus maiores teólogos. Escreveu uma longa exposição sobre a Trindade e, mesmo tendo vivido cerca de cinco séculos depois de Maomé, quando outros acadêmicos radicais, como Ibn Hazm, atacaram a integridade do texto bíblico, ele defendia sua autenticidade. Afirmava apenas que os cristãos não interpretavam de maneira correta as suas escrituras. Morreu no ano 1111 d.C.

3. Fakhruddin Razi Outro grande e famoso teólogo, que viveu cem anos depois de al-Ghazzali e morreu em 1209 d.C. Ele foi bastante enfático quanto ao texto bíblico: ele não havia sido modificado, e os ensinamentos e narrativas do Qur’an eram perfeitamente consistentes em relação aos da Bíblia.

Todos esses acadêmicos somente perpetuaram a posição do Qur’an frente aos outros textos mais antigos: todos eles seriam a autêntica Palavra de Deus, sem nenhuma modificação. É importante que os cristãos saibam desses fatos para responder aos incansáveis ataques dos autores muçulmanos atuais, que fazem tudo o que podem para minar a autenticidade da Bíblia.

Capítulo Dois A Doutrina da Trindade A doutrina de Deus cristã

2.1 Origens bíblicas da Doutrina da Trindade Muçulmano: A Bíblia não ensina em lugar nenhum que Deus seja uma Trindade. A palavra “trindade” não aparece no livro. Os judeus crêem em um Deus, enquanto que gregos e romanos acreditam em vários deuses. A Igreja inventou três deuses numa única teoria para agradar a todos. A doutrina da Trindade é uma das mais importantes questões que fazem a divisão entre cristãos e muçulmanos. Os últimos acreditam ela atinge diretamente o coração de um dos temas fundamentais do Qur’an, que é o de Deus ser absolutamente único. Os muçulmanos crêem que qualquer tentativa de atribuir parceiros a Alá é shirk (“o ato de atribuir parceiros”), o maior de todos os pecados e o único que não pode ser perdoado: “Deus jamais perdoará a quem Lhe atribuir parceiros; porém, fora disso, perdoa a quem Lhe apraz. Quem atribuir parceiros (shirk) a Deus cometerá um pecado ignominioso.” (Surata 4:48) A doutrina cristã é vista precisamente como uma associação de Jesus a Deus, assim como o Espírito Santo. Alá gerando um Filho é, para os muçulmanos, a expressão última da descrença. Desde a infância, os muçulmanos aprendem essa surata em especial, já citada neste livro, memorizando-a, e a consideram como uma das mais importantes do Qur’an — chegam a dizer que ela equivale a um terço de todo o livro: “Dize: Ele é Deus, o Único! Deus! O Absoluto! Jamais gerou ou foi gerado! E ninguém é comparável a Ele!” (Surata 112:1 a 4) Quando estiver testemunhando aos muçulmanos, você logo descobrirá que os muçulmanos negarão enfaticamente qualquer possibilidade de Deus ser Triuno, enquanto que, por outro lado, atacarão ferozmente a doutrina que dizem ser o ponto mais fraco da fé cristã. Afinal, como três pessoas podem subsistir num só Deus? Quando Cristo morreu, Deus morreu também? As três pessoas morreram na cruz? Devem ter morrido, se de fato são uma só pessoa, dirão os muçulmanos. Eles irão afirmar também, conforme o argumento citado acima, que a Trindade não aparece na Bíblia. Vamos examinar as provas de que a doutrina têm uma firme base bíblica.

A divindade do Pai, do Filho e do Espírito Santo Com os muçulmanos, é necessário enfatizar a natureza do Deus Triuno como é revelada na Bíblia: Pai, Filho e Espírito Santo. 1. Deus Pai Este é o título mais comum de Deus no Novo Testamento — Pai —, apesar de ser raramente encontrado como descrição de Deus nas outras religiões, e nunca aparecer no islamismo. Jesus sempre falou do Deus no céu como “meu Pai” (Mateus 18:11), “seu Pai” (Lucas 12:32), “o Pai” (João 14:12) e, quando orando, simplesmente dirigia-se a Ele como “Pai” (João 11:4). O importante aqui é que se fala de Deus usando-se termos próprios do relacionamento familiar. Ele não é só o soberano dominador do universo, mas também possuiu um relacionamento definido dentro do Seu ser divino e além da Sua própria personalidade individual. 2. Deus Filho É com a segunda pessoa — o Filho — que Ele goza, em primeiro lugar, desse relacionamento. Essa segunda pessoa tornou-se o homem Jesus Cristo, que sempre falou de si mesmo como o Filho do Pai, em termos absolutos e exclusivos. Ninguém conhece o Filho senão o Pai, e ninguém conhece o Pai senão o Filho (Mateus 11:27). Todo aquele que não honrar ao Filho, também não honra o Pai que O enviou (João 4:23). Ele veio do Pai ao mundo; deveria deixá-lo e retornar ao Pai (João 16:28). Quando se discute a Trindade com os muçulmanos, é importante enfatizar textos como esses, que mostrar o relacionamento divino entre o Pai e o Filho, do qual, dessa maneira tão exclusiva, nenhum ser humano goza. 3. Deus Espírito Santo Em todo o Novo Testamento, aparece constantemente uma terceira pessoa — o Espírito Santo —, que também goza de uma óbvia intimidade tanto com o Pai quanto com o Filho, no plano divino. Enviado através do Filho pelo Pai, o Espírito provém do Pai, dando testemunho do Filho (João 15:26). O Espírito foi enviado pelo Pai no nome do Filho, traz a lembrança do Filho a todos aqueles que são Seus discípulos (João 14:26). Todas essas citações são do próprio Cristo, o grande Verbo de Deus que era desde o princípio, estava com Deus, e era Deus (João 1:1). Ele é constantemente chamado de Filho de Deus na Bíblia, inclusive pelo próprio Pai, que em duas ocasiões declarou : “Este é o meu filho amado” (Mateus 4:17, 17:5).

Afirmações bíblicas sobre a Trindade Há vários trechos da Bíblia que falam sobre as três pessoas da Trindade juntas, num só espírito. Vamos discutir três deles, que podem ser utilizados em debates

sobre o assunto com os muçulmanos. 1. Mateus 28:19 – O Pai, o Filho e o Espírito Santo Nessa passagem, Jesus ordena aos seus discípulos que façam mais discípulos em todo o mundo, “batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”. É significante notar que Jesus fala em nome dos três, usando o singular para demonstrar uma unidade absoluta entre eles. Do mesmo modo, o “nome”, na Bíblia, é freqüentemente utilizado para definir de algum modo aquele que o recebe — Mosheh (Moisés), por exemplo, assim chamado porque foi tirado (mashah) da água. Em Mateus 28:19, Jesus usa a palavra “nome” para expressar a natureza comum das três pessoas, querendo dizer aos discípulos que batizassem na essência única do Pai, do Filho e do Espírito Santo. 2. 2 Coríntios 13:14 – A bênção triuna Paulo conclui a sua segunda carta à igreja em Corinto desejando que a graça do Filho, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo fosse com eles. Novamente, cada pessoa da Trindade é citada em união com as outras duas, e é a bênção e a comunhão das três pessoas divinas juntas que lhes é dada. 3. Efésios 2:18 — Acesso ao Pai Eterno Outra vez Paulo é quem menciona as três pessoas da Trindade juntas, numa afirmação de objetivo comum e união divina. Em Jesus Cristo, tanto os crentes judeus quanto gentios têm acesso, através do mesmo Espírito Santo, ao Pai. Novamente, é a unidade dessas três pessoas que deve ser ressaltada, e é no âmbito espiritual que se dá o relacionamento entre elas. Em Mateus 28:19, aparece a natureza divina comum das três pessoas; em 2 Coríntios 13:14, uma bênção divina comum; e aqui, a acessibilidade divina comum é apresentada ao leitor. Há muitas outras passagens que sustentam a Trindade na Bíblia. Mesmo no Velho Testamento há menções às outras pessoas, tanto o Filho em relação ao Pai, como vimos no último capítulo, quanto o Espírito Santo, a quem freqüentemente os escritores se referem como o agente direto de Deus, e como seu próprio espírito (Gênesis 1:2, Salmos 51:11). É essencial, no testemunho aos muçulmanos, mostrar que a Igreja não inventou a Trindade ou adaptou sua fé em Deus para favorecer crenças monoteístas ou politeístas, mas que a encontrou diretamente nos ensinamentos bíblicos. É útil também demonstrar que foi a vinda de Jesus Cristo ao mundo que permitiu a revelação de Deus como ser trino. Antes dEle, o Velho Testamento referia-se a Deus como Yahweh, o Senhor Deus de Israel. Mas quando Jesus começou a ensinar, chamando Deus de Pai, a si próprio de Filho e anunciando a vinda do Espírito Santo, não deixou dúvida que os três compartilhavam o mesmo plano de glória divina, a mesma natureza, essência e propósito, e que havia neles uma unidade absoluta. Como conseqüência, o Novo Testamento foca consisten-

temente cada uma das três pessoas da Trindade divina como esferas nas quais os cristãos podem conhecer a Deus (o Pai), serem perdoados por Ele (através do Filho, Jesus Cristo) e gozar da sua presença divina (no Espírito Santo). Todas as referências a Yaweh desaparecem à luz da unidade íntima que todos os crentes gozam com Deus, agora mais plenamente revelado em Sua verdadeira natureza e personalidade trina. 2.2 A incompreensível natureza de Deus Muçulmano: O conceito de Deus do islamismo é muito fácil de entender, mas a sua doutrina cristã da Trindade é um desafio à razão. Mesmo com mil livros, é impossível explicá-la totalmente. Por outro lado, nossa doutrina é tão simples que pode ser colocada num selo postal: “Huwallaahu ahad” — Ele é Alá, o Único. Os muçulmanos têm uma dificuldade sincera em entender como Deus pode ser três. Quando explicam a doutrina, é comum que os próprios cristãos se confundam tanto quanto os muçulmanos! Não é, realmente, um conceito simples. Contudo, a sua complexidade não é um argumento razoável contra a sua validade — ao contrário, é um dos pontos fortes ao seu favor. Afinal, estamos lidando com a natureza do eterno Deus do Universo. Ele é maior que os céus e a terra — seria alguma surpresa se nós, meros mortais, criaturas limitadas, descobríssemos que a sua característica básica é incompreensível? A própria Bíblia diz: “Porventura, desvendarás os arcanos de Deus ou penetrarás até à perfeição do Todo-poderoso? Como as alturas dos céus é a sua sabedoria; que poderás fazer? Mais profunda é ela do que o abismo; que poderás saber?” (Jó 11:7 a 9) Os muçulmanos sustentam que o conceito islâmico de Deus pode ser compreendido facilmente, e, portanto, seria mais aceitável do que a doutrina que os próprios cristãos admitem ser incompreensível. É impossível não perguntar se um conceito de Deus mais compreensível à mente humana não é na verdade uma criação dessa mesma mente limitada. Como disse Kenneth Cragg, a doutrina de Deus não se afirma pela capacidade de ser reduzida a uma frase num selo. Não estamos lidando com algo simples. O escritor muçulmano Afif Tabbarah é mais razoável quando diz que o Deus Todo-poderoso é muito diferente de suas criaturas, e mais sublime do que nossas mentes conseguem imaginar. Buscando o conhecimento de Deus A doutrina da Trindade não é contrária à razão, apenas está acima dos domínios da razão limitada do homem. É necessária uma abordagem diferente para se aceitar isso. Um estudo racional e analítico dos seus princípios não trará muitos resultados palpáveis. O apóstolo Paulo disse certa vez: “Por que se julga incrível enter vós que Deus ressuscite os mortos?” (Atos 26:8) Paulo, dirigindo-se ao rei Agripa e outros membros da corte, não tentou explicar racionalmente como os mortos eram trazidos de volta à vida. Todos os estudos

científicos da natureza do mundo nunca poderão explicar racionalmente como isso pode ser possível. A questão aqui é de fé. Todos os muçulmanos, somente pela fé, conceberão a ressurreição de mortos. Por que então — poderíamos perguntar — é tão inacreditável para eles que o Deus Todo-poderoso, que domina o universo, tenha uma incompreensível natureza infinita e eterna? O Novo Testamento está muito mais preocupado com nosso relacionamento com Deus do que com a nossa compreensão da Sua natureza. O que sabemos a respeito de Deus não é nem de longe mais importante do que a necessidade de conhecer verdadeiramente a Deus. A busca pela Sua santidade, o perdão dos nossos pecados e a segurança da vida eterna são as reais preocupações das escrituras cristãs. Como Paulo disse, conhecemos a Deus ou, antes, somos conhecidos por Deus (Gálatas 4:9). Através da revelação de Deus na sua natureza trina, especialmente com o que foi revelado a nós em Jesus Cristo, que é a imagem do Deus invisível (Colossenses 1:15), em quem habita corporalmente a plenitude de Deus (Colossenses 2:9), é que iremos conhecer a Deus e sermos conhecidos por Ele. Alguém precisa dizer aos muçulmanos que o mais importante é sermos aprovados por Deus, justificados por Ele, amados e perdoados, do que sermos capazes entender ou compreender Sua natureza. Deus quer ser amado e obedecido, e não estudado ou analisado. A Trindade: a revelação divina É importante também destacar que, apesar das linhas adotadas pelas igrejas Católica Romana, Protestante ou Ortodoxa serem divergentes em muitos aspectos, elas nunca questionaram a doutrina da Trindade, nem mesmo os seus menores detalhes. A razão é simples: não foi a Igreja quem criou essa doutrina. A Igreja apenas discerniu a Trindade a partir do estudo da revelação de Deus nas escrituras sagradas. É a única doutrina de Deus que pode ser formulada a partir de um estudo objetivo dos livros do Novo Testamento. O Concílio de Nicéia em 325 d.C. finalmente definiu a doutrina Trinitariana. O termo “Trindade” foi proposto pela primeira vez por Tertuliano, o grande estudioso cristão africano da antigüidade. Os muçulmanos, com freqüência, atém-se a este fato para provar que a doutrina foi uma invenção da igreja, alguns séculos depois de Cristo. Em linhas gerais, alguns muçulmanos argumentam que Deus sempre foi uma entidade única, até o século três, quando a Igreja transformou Deus numa Trindade. Posso sugerir uma linha de argumentação bastante eficiente, que descobri ser efetiva para rebater esta objeção. Durante séculos, os homens acreditaram que a Terra era redonda e que o sol, os planetas e as estrelas giravam ao seu redor. Há apenas alguns séculos atrás, Galileu, Copérnico e outros astrônomos começaram a dizer que, na verdade, a Terra era redonda, estava suspensa no espaço e girava em torno do Sol. A nova teoria foi atacada (principalmente pela Igreja!) pela simples razão de que, historicamente, estava estabelecido como senso comum que a Terra era chata e que, em qualquer acontecimento, o mesmo senso comum diria que o nosso

planeta não se movimentava, e sim o céu é que girava ao nosso redor. A idéia de que estamos girando a quase dois mil quilômetros por hora ao redor do nosso próprio eixo todos os dias, em torno do Sol a dezenas de milhares de quilômetros por hora e através do Universo a velocidades ainda maiores, era simplesmente inteiramente racional para a mente do homem daquele tempo. Só aceitamos a teoria hoje porque temos comprovações científicas de que ela é verdadeira, mas ainda assim é difícil de compreendê-la. A natureza de Deus, no entanto, não é passível de ser determinada cientificamente. Ainda assim, Ele pode ser exatamente o contrário do que as pessoas esperariam, de modo semelhante ao que ocorreu com o sistema planetário. A Igreja, contudo, discerniu a natureza trina de Deus quatorze séculos antes de ser descoberta a verdade sobre como funciona o nosso universo. Por quê? Simplesmente porque Deus revelou-nos sua verdadeira natureza nas escrituras. A Igreja não transformou Deus numa Trindade — Ele o era desde a eternidade. Alguns muçulmanos argumentam que a Trindade não pode ser provada matematicamente, pois 1 + 1 + 1 = 3. Não há como transformar isso em 1 novamente. Mas mesmo a Matemática usa um símbolo independente, ∞, para definir o infinito, simplesmente porque ele não pode ser multiplicado, dividido, adicionado ou subtraído de numerais comuns. Da mesma forma, também o Deus infinito não pode ser compreendido por meios finitos, e a nossa Matemática é um padrão um tanto quanto inadequado para determinar realidades eternas! O cristianismo não faz nenhum esforço para apresentar um Deus que o mundo possa compreender. O objetivo é revelar um Deus que pode ser conhecido — o Pai que ama seus filhos, o Filho que morreu para resgatá-los, e o Espírito Santo que os renova e os santifica. A meta humana é chegar ao céu para estar com Deus, e não ser capaz de desenhar um mapa celeste ou de produzir um conceito fácil de Deus, analisado ou reduzido a apenas uma frase que cabe num selo postal. 2.3 A unidade de Deus: o fundamento da Trindade Muçulmano: A verdade é que os cristãos adoram três deuses e são culpados de “shirk”. A Bíblia enfatiza que Deus é único. Sua doutrina é inconsistente com as suas próprias escrituras. Não há como colocar três personalidades num só Deus. É intrigante ver os muçulmanos dizendo que a Bíblia ensina, de maneira enfática, que Deus é um só, como se com isso a doutrina da Trindade caísse por terra. O Velho Testamento declara que “o Senhor é Deus em cima no céu e embaixo na terra; nenhum outro há” (Deuteronômio 4:39), enquanto que o Novo Testamento diz que “o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor!” (Marcos 12:29) e que “Deus é um só” (Romanos 3:30, Gálatas 3:20). Estes textos, quando citados em debates acerca da Trindade com muçulmanos, demonstram que a unidade de Deus é uma mensagem fundamental de toda a Bíblia, assim como no Qur’an. O ponto a ser considerado é a natureza complexa dessa unidade na doutrina bíblica do Deus trino.

Deus: uma tri-unidade, não um triteísmo Como podem três ser um? — esta é a grande pergunta dos muçulmanos. Todos os seres humanos são criaturas distintas, com personalidades distintas. Não há como fazer com que três seres tenham uma mesma única natureza. Nossa resposta a isso deve ser encontrada na Bíblia, observando como ela projeta o Pai, o Filho e o Espírito Santo. 1. 1 João 1:5 — Deus é luz A Bíblia aborda esse tema várias vezes. Deus é chamado de “Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança” (Tiago 1:17). O Filho de Deus, Jesus Cristo, também declarou que ele era “a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terás a luz da vida” (João 8:12), enquanto que o Novo Testamento diz também que Ele nunca mudará, sendo o mesmo ontem, hoje e sempre (Hebreus 13:8). Através do Espírito Santo, Deus também brilha em nossos corações para dar a luz “para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo” (2 Coríntios 4:6). Há, claramente, uma absoluta unidade de essência e propósito entre as três pessoas. 2. João 3:33 — Deus é verdadeiro Assim como este texto declara que a verdade é uma característica essencial de Deus, o Pai, também o Filho de Deus diz que Ele é a verdade (João 4:6). Semelhantemente, o Espírito Santo é chamado de “Espírito da Verdade” (João 15:26). Não há falsidade em nenhum dos três. Outra vez, descobrimos que, ainda que os seres humanos tenham personalidades e características diferentes, essas diferenças não existem entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Os três são a verdade. 3. 1 João 4:8 — Deus é amor O Novo Testamento fala com freqüência do amor do Pai (João 16:27), mas vai além dizendo que o amor de Deus foi manifesto no fato de que Ele enviou o Seu Filho para nos redimir dos nossos pecados (Romanos 5:8, 1 João 4:10). Também afirma que o amor de Deus foi “derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado” (Romanos 5:5). Mais uma vez, uma demonstração de unidade absoluta na essência e no propósito entre as três pessoas da Trindade. O mesmo pode ser dito a respeito da vida de Deus. Assim como o Pai é a fonte de toda a vida, o Filho também diz ser “a Vida” (João 11:25, 15:6) e é chamado de Autor da Vida (Atos 3:15). O Espírito Santo também é aquele por meio de quem Deus dá a vida eterna aos nossos corpos mortais (Romanos 8:11). Em todos estes textos, podemos ver uma tri-unidade divina, e não três personalidades independentes. Nossa doutrina somente se sustenta dentro de uma definição da unidade de Deus. Sem isso, a natureza fundamental da Trindade se esvai. Não é

possível estabelecer a doutrina fora da singularidade essencial de Deus. Como disse Jesus, “eu e o Pai somos um” (João 10:30), unidade esta que é compartilhada com o Espírito. Primeiras reações muçulmanas contra a Trindade É interessante deter-se no momento em que os primeiros autores muçulmanos começaram a responder à doutrina da Trindade. O mais importante e completo trabalho foi uma dissertação do século IX d.C., escrita por Abu Isa al-Warraq, chamada Ar-Radd ala al-Tathlith (“A refutação da Trindade”). Abu Isa escreveu como resposta aos teóricos cristãos do seu tempo. Eles ensinavam o caráter trino de Deus de maneira bastante técnica, e enfocavam o Filho como o Verbo e o Espírito como a Vida — uma distinção muito pobre, uma vez que Jesus Cristo, como já vimos, muitas vezes disse que Ele era “a Vida”. Assim como os cristãos modernos usam, com freqüência, ilustrações para explicar a Trindade (como o ovo, que tem três partes: a casca, a clara e a gema), os cristãos daquela época também se utilizaram de abordagens que, na minha opinião, eram inadequadas e muitas vezes enganadoras. Tentaram, usando a razão, provar que três hipóstases pudessem ser um único ser. Abu Isa respondeu da mesma forma, seguindo os princípios deixados pelo acadêmico muçulmano Al-Kindi — Deus era um ser que não podia ser multiplicado ou dividido de forma alguma, nem pela Sua essência e nem por outra coisa qualquer; e que a Sua substância também não era passível de divisão ou de multiplicação. Enquanto a maioria dos autores muçulmanos geralmente atacavam a doutrina cristã a partir do Qur’an — usando o argumento que Alá não podia ter filhos e nem ter parceiros, e que Jesus era um mero mensageiro —, Abu Isa rebateu a doutrina superficialmente, e se familiarizou bastante com ela. Ele argumentava que, se as hipóstases eram a substância, e se a substância é única e indiferenciada mas as hipóstases são três, então os cristãos estavam transformando algo diferenciado em indiferenciado. Ele dizia, portanto, que se a substância é idêntica às hipóstases, a recíproca tem de ser verdadeira. Não podem existir três de algo único, e vice-versa. Se são distintos, a substância deve ser uma quarta pessoa. Abu Isa baseou seus argumentos nas teorias racionais populares do seu tempo. Uma delas era que a razão humana é sempre o único critério para julgamento, e que os profetas deveriam falar de acordo com os seus princípios. É fácil perceber o que acontece quando os cristãos tentam provar a Trindade com a razão analítica e princípios finitos. Novamente, eu enfatizo o que disse na introdução do livro: seja bíblico nas suas respostas, e não doutrinário, racional ou ilustrativo. Nossa maior resposta aos muçulmanos é que a nossa doutrina é fruto de revelação divina, e não pode ser julgada pela razão humana e suas limitações. Respondemos àquilo que Deus revelou a respeito de Si mesmo porque, como disse Carl Pfander, a razão humana é incapaz de entender o Ser eterno. A tênue luz da razão deve dar

lugar à aurora radiante da verdade.

2.4 A doutrina da Trindade tem origens pagãs? Muçulmano: Sua doutrina tem fundamentos de religiões pagãs, que também tinham deuses que formavam trindades muito antes do cristianismo existir. Os egípcios, hindus, romanos e gregos também tinham tríades de divindades, nas quais acreditavam. A tendência dos muçulmanos de desprezar a essência da unidade do Deus trino, e de considerar a fé cristã triteísta, dá margem a acusações de que a doutrina tem paralelos em religiões pagãs antigas, nas quais havia uma pluraridade de deuses que eram adorados. Todos os tipos de exemplos já foram levantados por autores muçulmanos que discutiram o assunto. Exemplos específicos de supostos paralelos Muitos tipos de tríades foram citadas por autores muçulmanos, como por exemplo a dos deuses gregos Zeus, Demétrio e Apolo, apesar de nunca ter sido considerado que existisse uma unidade absoluta entre eles, ou qualquer semelhança à verdadeira Trindade bíblica do Pai, Filho e Espírito Santo. Analisaremos dois dos exemplos mais usados pelos muçulmanos como prova de sua tese: 1. Os deuses egípcios Osíris, Ísis e Hórus Em publicações muçulmanas, é comum encontrarmos o argumento de que os egípcios também tinham sua trindade, formada pelos deuses Osíris, Ísis e Hórus, que seriam o equivalente egípcio da Trindade. Destaco outra vez a importância de se enfatizar a unidade que é a essência de Deus, e que é o fundamento monoteísta da fé cristã. A própria palavra Trindade traz a idéia de uma unidade divina — só os muçulmanos sabem o que eles querem dizer com “trindade de deuses”. A própria expressão é contraditória. A família mitológica dos deuses conhecidos como Osíris, Ísis e Hórus constitui uma família composta por pai, mãe e filho — a diferença entre a doutrina cristã do Pai, Filho e Espírito Santo é a maior que você puder imaginar. Além disso, são só três da multidão de divindades egípcias, que incluem Num, Atum, Ra, Khefri, Shu, Tefnut, Anhur, Geb, Nut e Set. Havia, também, mais de um Hórus: o Hórus ancião, o Hórus de Edfu, o Hórus filho de Ísis, etc. A religião egípcia não era trinitariana, não tinha um Ser Supremo cuja personalidade era trina. Eles adoravam a vários deuses, entre quais Osíris, Ísis e Hórus. Não se acreditava que os três compartilhavam uma unidade absoluta. Como veremos, essas tríades pagãs estão mais próximas do conceito equivocado do Qur’an a respeito da doutrina bíblica do que da doutrina verdadeira, conforme

fundamentada na Bíblia. 2. A “Trimurti” hindu: Brahma, Visnu e Siva Os hindus acreditam na “Trimutri” — uma tríade formada pelos deuses Brahma, Visnu e Siva. Os muçulmanos argumentam que a Trindade cristã é inspirada no conceito hindu. Uma análise histórica do conceito hindu mostrará, no entanto, que não existe, nem remotamente, um paralelo entre as duas religiões. Braham é uma divindade impessoal do hinduísmo, que não possuiu personalidade e representa tudo aquilo que existe num estado de perfeito nirvana (o ato de se absorver num estado universal). Vishnu é casado com uma divindade feminia, e Siva é o maior deus dos savitas hindus. Eles não tem nenhum relacionamento em particular uns com os outros. O hinduísmo tem várias outras divindides, como Krishna, Rama, Sita, Ganesh, Hanuman, Kali, enter outras. O Upanishads, as Vedas e outros textos sagrados hindus ensinar que não há uma relação três-em-um entre Brahma, Vishnu e Siva. As Vedas falam em, pelo menos, trinta e três divindades diferentes, que são deuses individuais, às vezes até opostos aos outros. Muitos são casados com deusas hindus. O conceito da Trimurti só vai ser encontrado em sânscrito mais modernao, e não pode ser anterior ao século V d.C. — muito depois da doutrina da Trindade ter sido completamente estabelecida. Os muçulmanos, simplesmente, usam qualquer artifício que encontrem para relacionar a crença cristã da Trindade às divindades pagãs, mesmo que não haja nenhuma semelhança entre eles.

A singularidade da Trindade bíblica Os muçulmanos que argumentam que nossa doutrina tem origens pagãs terão que apresentar provas muito melhores e correntes de evidências verdadeiras para provar sua dependência de credos pagãos. A doutrina da Trindade é absolutamente única, sem paralelos em nenhuma outra religião ou filosofia. Ninguém poderia inventá-la, ou descobri-la, senão pela revelação nas páginas do Novo Testamento. Ela se originou no ambiente predominantemente monoteísta do judaísmo, e representa uma divindade totalmente consistente com o Deus de Israel do Velho Testamento. Quando os muçulmanos falam da origem pagã da Trindade, os cristãos têm uma oportunidade excepcional para testemunhar efetivamente a glória de Deus e Seu maravilhoso plano para a nossa salvação. A característica distintiva da nossa doutrina é a tripla personalidade dada pelo Pai, Filho e Espírito Santo. Os próprios autores do Novo Testamento não tentaram definir a doutrina cristã sobre Deus, nem codificá-la ou explicá-la. Eles simplesmente a proclamaram! Restou aos estudiosos cristãos das gerações que se seguiram a interpretação desses ensinamentos, a fim de definir claramente uma doutrina.

Mateus, Marcos, Lucas, João, Paulo e todos os outros autores do Novo Testamento estavam mais preocupados principalmente em projetar a relação entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo para os crentes. O objetivo era evocar uma resposta de fé dos corações, e fortalecê-la. Como já foi dito aqui, Deus não quer ser definido, analisado ou conceitualizado, mas sim reconhecido, obedecido e, implicitamente, que se confie nEle. Ele não pode ser visto, materializado, computadorizado ou reduzido a algo que possa ser determinado com métodos finitos. No entanto, Ele pode ser conhecido, e a questão entre os muçulmanos e os cristãos não é tanto sobre a Sua identidade, mas sim o quê precisamos assegurar com urgência, que é receber dEle o perdão, o Seu Espírito, conhecê-lO pessoalmente e tornar-se filho dEle para, assim, herdar o Seu reino. Na próxima seção, vamos ver a melhor maneira para se apresentar a Trindade aos muçulmanos, bem como porque é melhor usar o assunto como oportunidade de testemunho ao invés de debatê-lo e provar a validade da sua opinião.

2.5 O Pai, o Filho e o Espírito Santo Muçulmano: O Qur’an ensina que a maior honra para um homem é servir a Alá, que é nosso Senhor e Mestre. O que nos é pedido é que obedeçamos as suas leis e acreditemos no Dia Final, onde esperamos que ele perdoe os nossos pecados Para um muçulmano, o favor de Deus não pode ser garantido, Seu perdão não pode ser assegurado nesta vida, e é impossível conhecê-lo ou ter um relacionamento pessoal com ele. O Qur’an diz: “Sabei que tudo quanto existe nos céus e na terra comparecerá, como servo, ante o Clemente.” (Surata 19:93) A palavra usada com o sentido de servo é abd. Um pouco antes, na mesma surata, é registrada uma declaração de Jesus contendo a mesma palavra: “Sou o servo de Deus” (Surata 19:30). Segundo o islamismo, este é o maior nível que um homem pode atingir perante Alá — não mais do que um servo do sue Mestre e Juiz divino. Portanto, os muçulmanos acreditam que eles só devem viver como servos de Deus, trabalhando para conquistar o Seu favor e esperando que Ele se alegre com as suas vidas quando chegar o Dia da Ressurreição. Aqui está um glorioso campo para proclamar a Trindade, de maneira a apresentar um Deus muito mais glorioso, em quem é possível ter uma esperança muito maior. O Pai: Deus para nós Segundo os registros de Hadith a respeito do islamismo, Alá tem noventa e nove “lindos nomes” (al-asma’ul husna), que são os seus atributos. Quem os pronuncia ganha a perspectiva de entrar no Paraíso (Sahih Muslim, vol. 4, p. 1410). Os treze primeiros nomes aparecem, na ordem, na Surata 59:22 a 24, e começam assim: Ar-Rahman (o Clemente), Ar-Rahim (o Misericordioso), Al-Malik (o Soberano), Al-

Quddus (o Santo), etc. Para os muçulmanos sufi, Alá tem um centésimo nome, que foi revelado apenas aos grandes mestres sufi da História. Já sugeri diversas vezes aos muçulmanos que, se falta um nome para Alá, não é o centésimo, mas sim o primeiro que é o título mais comum de Deus no Novo Testamento: Pai. É significativo que Deus não seja chamado de Pai em lugar algum do Qur’an, ou mesmo em qualquer outro texto da literatura islâmica mais antiga. O ponto é, logicamente, que, se o maior posto que um homem pode ter perante Deus é o de ser um mero servo, como ensina o Qur’an, então Alá só pode ser seu Mestre (Al-Malik). O Qur’an simplesmente não permite a possibilidade de nos tornarmos filhos de Deus — de fato, ele afirma justamente o contrário, com todas as letras (Surata 6:100). Quando começou a pregar, no entanto, Jesus ensinou claramente que Deus é o Pai de todos aqueles que crêem. Este título, dado à primeira pessoa da Trindade, nos revela o Deus para nós. Ele se tornou nosso Pai, e assim não somos mais meros escravos ou servos de Deus, mas Seus filhos. É bastante útil comparar os privilégios de um servo e de um filho, quando estiver conversando com um muçulmano. Um servo tem que merecer a sua sobrevivência todos os dias. O seu senhor não tem necessariamente algum tipo de afeto pelo servo, e só espera que ele faça a sua tarefa. O servo pode ser dispensado se não fizer seu trabalho corretamente. Ele viverá fora da casa do seu senhor, mas nos domínios dele. Um filho, por outro lado, sabe que é amado pelo seu pai, e que não será nunca colocado para fora da sua casa. Ele não precisa fazer nada para merecer a sua posição, porque ela é dele por direito. Ele mora na casa do seu pai, e tem o seu próprio espaço. O filho experimenta uma liberdade que o servo nunca teve, porque ele sabe que o seu pai é por ele. O mesmo acontece com os verdadeiros cristãos, que conhecem o amor de Deus pessoalmente. “Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus.” (1 João 3:1) “Não temais, ó pequenino rebanho; porque vosso Pai se agradou em dar-vos o seu reino.” (Lucas 12:32) É só pelo conhecimento de Deus, o Pai, que a plenitude do Seu amor poderá ser verdadeiramente experimentado; e que os crentes, como Seus filhos, terão certeza da Sua boa vontade em relação a eles e do seu lugar no reino que está por vir.

Deus Filho: Deus conosco Cristo não só se apresentou como o Filho de Deus, mas também assegurou aos seus discípulos que, através da fé nEle, eles também poderiam tornar-se filhos de Deus. Estava dentro da vontade de Jesus entregar a sua vida por nós, para que víssemos o amor de Deus verdadeiramente revelado a nós. Aqui, também, temos

um Deus conosco. Ao assumir a forma humana, o Filho, a segunda pessoa da Trindade, também aproximou o homem a Deus de maneira inédita. Já perguntei muitas vezes aos muçulmanos qual tinha sido o maior ato de amor de Alá para com eles, e recebi várias respostas diferentes. No entanto, será que Ele teria dado de si mesmo a fim de revelar seu amor por eles, da mesma forma que Abraão fez, quando estava pronto para sacrificar seu próprio filho como teste supremo de seu amor por Deus? O islamismo não aponta para uma resposta positiva à essa questão. Somente a revelação de um Deus trino pode nos dar um retrato tão perfeito do Seu amor, resumido nestas palavras: “Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados.” (1 João 4:10) “Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores.” (Romanos 5:8) Em Jesus, temos a segurança do perdão dos nossos pecados, e estamos aptos a perceber a grandeza do amor de Deus por nós. Os muçulmanos não conhecem amor como este. Quando o Qur’an fala do amor de Deus e O chama de al-Wadud (o Amabilíssimo — Surata 85:14), significa (de acordo com estudiosos muçulmanos) simplesmente que Ele expressa aprovação aos que O seguem. Não significa que Ele tenha um sentimento pessoal por eles, ou que Ele seja capaz de algum sacrifício para demonstrar o Seu amor pela humanidade. Com minha experiência, já vi muitos muçulmanos acolheram a revelação cristã de um Deus amoroso em Cristo. Os seres humanos são capazes de expressar os mais belos atos de amor sacrificial em prol daqueles que amam, e muitos muçulmanos querem conhecer um Deus que seja assim, e assegurar-se do Seu favor eterno e amor pessoal por eles. Somente em Jesus Cristo é que eles podem encontrar esse Deus, o único que demonstrou a verdade do que disse — que não poderia haver amor maior de um homem pelos seus amigos do que entregar a sua vida por eles (João 15:13). Este é o nosso melhor testemunho. Deus Espírito Santo: Deus em nós É na terceira pessoa da Trindade que o amor de Deus pode não apenas ser conhecido e percebido, mas também experimentado de maneira pessoal. Jesus falou muitas vezes a respeito da necessidade de recebê-lO — o Espírito Santo. Não se trata apenas de uma força especial ou de um poder divino, mas do próprio Espírito de Deus que, quando habita alguém, de uma maneira especial (para aqueles que crêem), é como se Deus realmente vivesse naquela pessoa. Temos aqui o terceiro efeito da revelação do Deus trino: Deus em nós. Não é de se admirar que os autores do Novo Testamento não tenham se esforçado para definir ou explicar a Trindade. Conhecer a Deus, ter a certeza de que Ele é por nós, em nós e conosco, é tudo o que precisamos saber para desfrutarmos de um relacionamento completo com ele. O Espírito dá aos crentes o poder de viver

segundo as santas leis de Deus, mas, além disso, proporciona a experiência de viver com a presença de Deus em nós. Deus enviou o Seu filho para que nos tornássemos ser Seus filhos; e, porque somos Seus filhos, Ele também nos enviou o Seu Espírito aos nossos corações, para que pudéssemos dizer: “Abba! Pai!” (Gálatas 4:4 a 6). “... mas recebestes o espírito de adoração, baseados no qual clamamos: ‘Abba, Pai.’ O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.” (Romanos 8:15 e 16) “ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado.” (Romanos 5:5) Descobri uma ilustração que pode ser útil nesta altura: um casal decidiu adotar uma criança órfã, e irá enfrentar todo o processo legal para oficializar a adoção. A criança continuará não conhecendo os seus pais biológicos, mas quando os seus novos pais o levarem para a sua casa nova, mostrarem-lhe o seu quarto e lhe disserem que a casa também é dele, aceitando-o com amor, ele saberá que não é mais órfão, e irá experimentar o amor dos seus novos pais por ele. É o que acontece quando o Espírito Santo adentra o nosso coração. Não há maneira melhor de explicar a Trindade a um muçulmano do que mostrar a ele essa revelação em três faces do amor de Deus por nós — uma revelação que pára na perfeição. Somente um Deus trino é que poderia mostrar, integralmente, aquilo que esse amor poderia ser, ou tem sido. Na introdução deste livro, foi dito que os cristãos precisavam ser bíblicos no seu testemunho, e em nenhum lugar é mais importante aplicar isso do que no tema da Trindade. Não deixe que os muçulmanos vençam pelo cansaço com os argumentos de que a doutrina não tem uma lógica racional, nem tente provar a sua validade com ilustrações “três-em-um” incompletas. Use a oportunidade para mostrar-lhes que a personalidade trina de Deus só foi revelada quando Jesus veio ao mundo e falou com liberdade a respeito do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Foi só quando era tempo do amor de Deus ser totalmente expressado em Cristo, que a verdadeira e integral natureza de Deus tornou-se acessível a nós. Por isso, os autores do Novo Testamento mantiveram exclusivamente esse foco quando tratavam da Trindade. O melhor que podemos fazer, quando estivermos testemunhando aos muçulmanos, é agir da mesma forma.

2.6 O Qur’an e a doutrina cristã Muçulmano: O Qur’an nega expressamente a Trindade. Deus é um só, e não três, como vocês acreditam. É uma grande blasfêmia dizer que Alá tem parceiros ou colaboradores. Tudo o que há no céu e na terra dá glória somente a Ele. O maior motivo da confusão que os muçulmanos fazem sobre a Trindade são as informações falsas contidas no Qur’an. A palavra “Trindade” também não aparece

no livro deles, mas é claro que o Qur’an tinha a intenção de se opor à crença da existência divina subdividida em três, não importa qual a forma que tomasse. Contudo, ele não chega sequer a mencionar a crença básica cristã no Pai, Filho e Espírito Santo, mas reage a uma doutrina pervertida, possivelmente derivada de crenças sectaristas da Península Arábica e arredores. O trio corânico: Jesus, Maria e Alá O Qur’an rejeita enfaticamente a crença dos cristãos numa tríade de deuses, nomeados, nessa ordem, como Jesus, sua mãe Maria, e Alá! Em três passagens, esse conceito é condenado como politeísta e blasfemo. A primeira diz: “Crede, pois, em Deus e em Seus mensageiros e digais: Trindade! Abstende-vos disso, que será melhor para vós; sabei que Deus é Uno. Glorificado seja! Longe está a hipótese de ter tido um filho.” (Surata 4:171) A palavra usada para “Trindade” é thalathah, que aparece dezenove vezes no Qur’an. Significa sempre “três, mas não poderia nunca ser traduzida ou entendida como “Trindade”. A ordem de não se falar de Alá como se Ele fosse formado por três pessoas está dentro de uma passagem exortando os cristãos em geral a não exagerar na sua religião. Atrevés do contraste da singularidade de Deus com a divindade trina cristã, fica claro de que o Qur’an desconhece a unidade, que é a essência da doutrina cristã sobre Deus. Num outro trecho, o Qur’an chega a identificar três divindades diferentes, que seriam as adoradas pelos cristãos. Não muito surpreendente é o fato das três passagens que lidam com esse assunto fazerem parte dos últimos trechos do Qur’an revelados a Maomé, e parece que foi só no fim da vida que o Profeta ouviu, pela primeira vez, a respeito da Trindade, sem, no entanto, ter descoberto precisamente o que ela representava. O segundo verso que fala do assunto diz: “São blasfemos aqueles que dizem: Deus é um da Trindade!, portanto não existe divindade alguma além do Deus Único. Se não desistirem de tudo quanto afirmam, um doloroso castigo açoitará os incrédulos entre eles.” (Surata 5:73) As palavras usadas na primeira frase para dizer “um da Trindade” são thalithu thalathah. Outra vez, não deveria haver nenhuma referência específica à Trindade pois, como já vimos, a palavra thalathah significa apenas “três”, e não diz que o Deus cristão é um ser trino. A distinção, novamente, é puramente entre um e três, e não engloba uma entidade trina. Alguns versos depois, o Qur’an identifica as outras duas divindades da que, supostamente, seriam adoradas na tríade cristã: “O Messias, filho de Maria, não é mais do que um mensageiro, do nível dos mensageiro que o precederam; e sua mãe era sinceríssima. Ambos se sustentavam de alimentos terrenos, como todos. Observa como lhes elucidamos os versículos e observa como se desviam.” (Surata 5:75) O argumento é bastante claro: Jesus

e sua mãe Maria são meros seres

humanos. Apesar de ter sido um mensageiro de Alá, outros iguais a ele o precederam. E sua mãe não foi mais do que uma serva fiel de Alá. Afinal, ambos precisavam comer para se sustentar. Portanto, como eles poderiam ser divindades no mesmo nível de Alá? O Qur’an, obviamente, confundiu a doutrina cristã e representou-a como uma tríade formada por Jesus, Maria e Alá. É ainda mais significativo descobrir que Alá é descrito somente como o terceiro da tríade. Na doutrina cristã do Deus trino, o Pai, ao menos, ocupa o primeiro lugar! Muitas seitas, como a dos nestorianos, monofisitas e outros das vicinidades da Arábia, tinham crenças confusas a respeito de Deus, Jesus e Maria, mas nenhuma deles representava a Trindade formada pelos três. Pode-se perceber porque os muçulmanos acreditavam que as crenças cristãs eram baseadas na família composta por pai, mãe e filho dos deuses egípcios Osíris, Ísis e Hórus. O mais provável é que Maomé desconhecia totalmente a verdadeira doutrina da Trindade da fé cristã, e acabou se confundindo com as crenças pagãs, nas quais existem tríades formadas por pai, mãe e filho. Se foi Deus mesmo o autor do Qur’an, é difícil conceber que Ele fizesse um erro tão crasso, que não representa nem de longe a doutrina cristã defendida pelas maiores divisões do cristianismo — as tradições Católica Romana, Protestante e Ortodoxa —, que dizem que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são um só Ser Supremo. O último versículo que retrata a suposta crença cristã de três divindades independentes é este: “E recordar-te de quando Deus disse: Ó Jesus, filho de Maria! Foste tu quem disseste aos homens: Tomai a mim e a minha mãe por duas divindades, em vez de Deus? Respondeu: Glorificado sejas! É inconcebível que eu tenha dito o que por direito não me corresponde. Se tivesse dito, tê-lo-ias sabido, porque Tu conheces a natureza da minha mente, ao passo que ignoro o que encerra a Tua. Somente Tu és Conhecedor do incognoscível.” (Surata 5:116) Mais uma vez, as duas outras divindades são identificadas como sendo Jesus e Maria. A veneração a Maria tem sido uma característica da tradição Católica Romana, e a Igreja Etíope, em particular, historicamente a reverencia como mãe de Deus. Parece, no entanto, que esses excessos e confusões só resultaram no aumento da confusão por parte do Qur’an! Nenhuma igreja cristã, não importa quanta reverência ou glória dê a Maria, como, por exemplo, a Rainha dos Céus, jamais a inseriu na Trindade, ou fez dela o que aparece no Qur’an. Quando os muçulmanos atacam a doutrina da Trindade, e não aceitam que ela seja uma expressão diferente do conceito unitário do Qur’an da unidade divina, é importante citar esses textos, em primeiro lugar, como evidência de que as informações do Qur’an a respeito da doutrina são totalmente falsas e, depois, que ele é a fonte da convicção errônea dos muçulmanos de que nós acreditamos em três deuses distintos. Também é importante saber que a verdadeira doutrina cristã já era conhecida na

Arábia antes dos dias de Maomé. Edward Glasser, um explorador no Yemen, descobriu uma inscrição em 1888, contendo uma narrativa sobre a revolta contra a dominação etíope no país na era pré-islâmica. A inscrição data de 542 d.C. — vinte anos antes do nascimento de Maomé —, e está escrita em árabe (sem as vogais, que não eram utilizadas no árabe escrito da época): Rhmn w mshh w rh qds, ou “(no poder do) Compassivo, do Messias e do Espírito Santo.” Assim, a natureza real da Trindade cristã era conhecida na Península Arábica muitos anos antes do Qur’an ser escrito, e as informações completamente falsas a respeito dessa doutrina no livro só pode ser atribuída à ignorância pessoal de Maomé quanto à teologia cristã.

Capítulo Três Jesus, o Filho do Deus vivo A divindade de Jesus Cristo na Bíblia

3.1 A rejeição da divindade de Jesus no Qur’an Muçulmano: O Qur’an é enfático ao negar que Jesus seja o Filho de Deus. Ele foi apenas um profeta, assim como os outros que vieram antes dele. Se Jesus é o Filho de Deus, quem foi a esposa de Deus? O que você diz é uma grande blasfêmia contra Alá. O que, para os cristãos, é o fundamento da sua fé — que Jesus é o Filho de Deus e o único que poderia nos redimir dos nossos pecados, abrindo-nos as portas do céu —, para os muçulmanos é uma das maiores heresias, que, mais do que qualquer outra, pode fechar as portas do paraíso. É crucial reconhecer isso. Na verdade, a distância entre cristãos e muçulmanos no que se refere à pessoa de Cristo é o fator principal que separa cristianismo e islamismo. O maior obstáculo para trazer os muçulmanos a Cristo é a rejeição incondicional da Sua divindade no Qur’an. Alá nunca teve esposa nem filho No último capítulo, vimos que o Qur’an traz informações falsas sobre a Trindade, retratando-a como uma família formada por Alá, Maria e Jesus. Sobre Jesus ser o Filho de Deus, o Qur’an diz que Alá nunca teve uma esposa, e portanto nunca poderia ter um filho. Parece que Maomé não conseguia conceber nada que não coubesse nas condições limitadas humanas. O Qur’an diz: “Originador dos céus e da terra! Como poderia Ter prole, quando nunca teve esposa, e foi Ele Que criou tudo o que existe, e é Onisciente?” (Surata 6:101) “Cremos em que — exaltada seja a Majestade do nosso Senhor — Ele jamais teve cônjuge ou prole” (Surata 73:3) A impressão que fica é que Maomé entendeu essa doutrina no sentido puramente carnal, e não conseguiu ver o que os muçulmanos precisavam saber, ou seja, o relacionamento espiritual entre o Pai e Jesus é o mesmo que o relacionamento entre pai e filho. Três princípios importantes estão envolvidos aqui: 1. A mesma essência do Ser Assim como tanto os pais quanto os filhos são humanos, e têm a mesma essência, também o Pai e o Filho dos céus são ambos divinos. O Filho tomou a forma humana num certo ponto da História, e se tornou o homem Jesus Cristo. O

Pai nunca adotou um Filho, porque Eles eram desde a eternidade, e serão para sempre. 2. A autoridade do Pai Apesar de serem iguais na essência, o Pai tem autoridade sobre o Filho, assim como na terra os filhos, apesar de serem tão humanos quanto seus pais, submetem suas vidas ao controle de seus pais. Por isso, quando na terra, Jesus assumiu um relacionamento de servo e senhor, igual aos filhos que trabalham nos negócios dos seus pais submetem-se às suas ordens e senhorio. 3. Sua afeição para com o Seu Filho Ainda que um pai tenha autoridade sobre o seu filho, ele terá uma afinidade muito maior com o filho do que com um empregado qualquer, e tudo que ele tem será, eventualmente, do filho. Apesar do Filho não fazer nada por si mesmo, mas somente aquilo que viu o Pai fazer (João 5:19), ainda assim o Pai tinha um amor especial pelo Filho (João 5:20) e revela a este Filho todos os Seus propósitos, na intenção de um dia delegar a Ele a Sua autoridade. Então, toda a terra dará honra ao Filho, da mesma forma que honra ao Pai (João 5:22 a 23). É isso que a Bíblia quer dizer quando Jesus é o Filho de Deus. A questão é relacional, num contexto eterno e espiritual. Não é carnal ou terreno, como supõe o Qur’an.

O grande pecado imperdoável no islamismo Para Maomé, crer que Jesus é o Filho de Deus parecia ser um paralelo à crença do paganismo árabe, que possuía vários ídolos como Al-Lat, al-Uzza e Manat, que eram “filhas de Alá”. A idolatria per se era, para o Profeta do Islã, um ato de blasfêmia, ainda mais, como era o caso, atribuir parceiros a Alá, algo impensável e que afrontava a Sua própria glória. O problema, ao que tudo indica, provinha do ambiente em que Maomé se encontrava. Lidando com a concepção árabe, ele atacou a natureza contraditória das suas convicções. Eles acreditavam que o nascimento de uma menina era conseqüência de cobiça ou vergonha (Surata 16:58 e 59)! Quanto aos cristãos, ele contentou-se em simplesmente negar qualquer possibilidade de Jesus ser o Filho de Deus em versos como este: “...os cristãos dizem: O Messias é filho de Deus. Tais são as palavras de suas bocas; repetem, com isso, as de seus antepassados incrédulos. Qaatalahumullaah — Que Deus os combata! Como se desviam!” (Surata 9:30) “Dizem: Deus teve um filho! Glorificado seja Deus; Ele é Opulento; Seu é tudo quanto há nos céus e na terra! Que autoridade tendes, referente a isso? Direis acerca de Deus o que ignorais?” (Surata 10:68)

São denúncias bastante fortes. Maomé achava que comprometia a glória de Deus dizer que Ele tinha um Filho. Na Bíblia, porém, a revelação da Sua graça, misericórdia e bondade ao entregar Seu Filho para morrer por nós foi a maior prova da Sua glória! Os cristãos precisam enfatizar esta grande verdade quando estiverem testemunhando aos muçulmanos, pois eles têm uma consciência muito viva da necessidade de honrar a Sua glória acima de tudo. A grande tragédia da negação da divindade de Cristo pelo Qur’an é o fato dela ser identificada como pecado capital no islamismo, por atribuir a Alá um parceiro. Como vimos no capítulo anterior, esse pecado é, segundo o islamismo, imperdoável. De fato, conforme o Qur’an, é o único pecado que não pode ser perdoado (Suarta 4:48), deixando aquele que o comete fora de Jannat al-Firdaus (Jardins do Paraíso) para sempre. O apóstolo João escreveu aos cristãos dos seus dias, encorajando-os no conhecimento de que tinham vida eterna por crerem no nome do Filho de Deus (1 João 5:13). No seu evangelho, ele ensinou claramente que todos aqueles que não acreditassem no nome de Jesus já estavam condenados, e que apenas os que cressem nEle como Filho de Deus seriam salvos (João 3:18). O que, para os cristãos, é a única porta de entrada no céu, para os muçulmanos é um passo certo em direção ao abismo. O Qur’an defende que, como Alá não tem parceiros, Ele não poderia ter um filho. Numa passagem, não parece que a mensagem é que seria absolutamente impossível Deus ter um filho, mas sim que “isso não Lhe é apropriado“7 (Surata 19:35). O problema, parece, é o que glorifica a Deus, e é justamente aqui que se abre a oportunidade para que o cristão testemunhe. Jesus Cristo revelou a glória de Deus de uma maneira especial. Talvez, usando os únicos meios de demonstrar a glória dEle: 1. O maior símbolo do amor de Deus pelo mundo Já analisamos este assunto no último capítulo. O islamismo não conhece nada parecido com o amor sacrificial que Deus teve ao entregar quem Lhe era mais querido, seu próprio Filho, para morrer pela nossa salvação. Se Ele está preparado para dar tanto por nós, podemos ter a certeza que Ele nos dará, eventualmente, todas as coisas com ele (Romanos 8:32). 2. Um exemplo perfeito do espírito humilde do próprio Deus Todos os muçulmanos reconhecem que orgulho é um sentimento ruim, um defeito de caráter. Quem pode afirmar, se Deus está tão preocupado em manter Sua glória acima de toda a Sua criação o tempo todo (como o Qur’an parece ensinar), que Ele não criou todas as coisas somente para mostrar o Seu domínio sobre 7 Segundo o texto original em inglês deste livro. A tradução do Qur’an de Samir El-Hayek para o português deste verso é: “É inadmissível que Deus tenha tido um filho. Glorificado seja! quando decide uma coisa, basta-lhe dizer: Seja!, e é.”, com a seguinte nota: “Gerar um filho é um ato fisiológico que depende das necessidades da natureza animal do homem. Deus, o Altíssimo, é independente de todas as necessidades, e é derrogatório atribuir-Lhe tal ato. Isso constitui meramente uma relíquia das superstições pagãs, antropomórficas e materialistas.”

elas? Quando o Filho de Deus veio à terra, pudemos testemunhar a maravilhosa humildade de Deus. Apesar de ter, por direito, a forma divina, o Filho não se agarrou orgulhosamente à Sua igualdade perante o Pai, mas se esvaziou, tomando a forma de servo e transformando-se num ser humano. Mais: Ele foi além, humilhando-se ainda mais, obedecendo até a morte, mesmo que a morte fosse tão vergonhosa quanto morrer numa cruz (Filipenses 2:6 a 8). A Bíblia declara com firmeza que Deus tem um dia contra todos os soberbos e altivos, contra aqueles que se exaltam (Isaías 2:12), e que Ele habita naqueles que têm espírito humilde e contrito (Isaías 57:15). Somente através do Filho de Deus é que este aspecto da glória de Deus pôde ser completamente conhecido e experimentado. Jesus Cristo é o Filho de Deus. Não temos nada para fazer apologia ao mundo muçulmano desta crença além da mensagem de gloriosas boas novas para proclamar. Quando os muçulmanos disserem algo a respeito da Sua divindade, tente a todo custo fazer dos argumentos deles uma oportunidade para testificar do grande amor de Deus por Eles que foi revelado em Cristo. 3.2 Filho de Deus num sentido metafórico? Muçulmano: Mesmo que Jesus tenha se auto-proclamado Filho de Deus, foi apenas no sentido metafórico. Todos nós somos filhos de Deus, e a sua Bíblia chama, mais de uma vez, todos os crentes de “filhos de Deus”. Você foi longe demais quando fez dEle o eterno Filho de Deus. Este é um argumento bastante comum entre os muçulmanos. Como disse Ulfat Aziz-us-Samad, Jesus pode ser chamado de filho de Deus, no sentido de que todos os seres humanos justos podem ser também chamados de filhos de Deus — mas não no sentido literal ou peculiar. Com freqüência, eles também exibem algumas passagens para embasarem seus argumentos. Uso bíblico do termo “filhos de Deus” Os muçulmanos, geralmente, baseiam seus argumentos na passagem abaixo (outras também são citadas com freqüência): “Replicou-lhes Jesus: Não está escrito na vossa lei: ‘Eu disse: sois deuses?’ Se ele chamou deuses àqueles a quem foi dirigida a palavra de Deus, e a Escritura não pode falhar, então, daquele a quem o Pai santificou e enviou ao mundo, dizeis: ‘Tu blasfemas’; porque declarei: sou filho de Deus?” (João 10:34 a 36) Argumentam os muçulmanos que, ao citar o Salmo 82:6, onde todos os crentes são chamados de “filhos do Altíssimo”, Jesus estava dizendo apenas que também Ele era um dos filhos de Deus. O ponto importante aqui é o fato dos muçulmanos admitirem implicitamente que Jesus realmente disse que era o Filho de Deus, qualquer que seja o sentido. Ao ouvir um muçulmano dizendo que Jesus assumiu o título de Filho de Deus de forma simbólica ou metafórica, os cristãos devem imediatamente pressioná-lo, de forma que ele admita que Jesus usou o título de

algum modo. O argumento deles perde o sentido se não admitirem isso e, caso admitam, a discussão pode, a partir daí, concentrar-se no sentido verdadeiro das palavras de Jesus. A Bíblia diz que Deus, quando falou a respeito de Salomão, declarou: “Eu lhe serei por pai, e ele me será por filho” (1 Crônicas 17:13); também chama Adão de “filho de Deus” (Lucas 3:38). Todos os cristãos crentes, os guiados pelo Espírito de Deus, também são chamados de “filhos de Deus” (Romanos 8:14). Em outras passagens, são usadas expressões similares. Como disse Ahmed Deedat: “De acordo com a Bíblia, Deus tem filhos às pencas!”. Realmente, trata-se de um questionamento justo e válido por parte dos muçulmanos perguntar por que Jesus Cristo deve ser considerado como Filho de Deus apenas num sentido eterno e absoluto. Antes de responder à essa questão, no entanto, é preciso esclarecer algo aqui. Quando os muçulmanos dizem que “somos todos filhos de Deus”, estão indo contra o próprio Qur’an, que afirma expressamente que Alá não tem “nem filhos nem filhas” (Surata 6:100). Só na Bíblia dos cristãos é que a possibilidade de alguém se tornar filho de Deus e conhecê-lO como Pai aparece, e isso somente porque o Filho de Deus, Jesus Cristo, tornou isso possível ao entregar sua vida pela nossa redenção.

Jesus: o Eterno Filho de Deus Um cristão, ao testemunhar a um muçulmano, deve conhecer ao menos algumas das principais evidências ensinadas por Jesus de que Ele era o único Filho de Deus, no sentido absoluto. Por exemplo, quando Ele foi levado ao Sinédrio na noite da Sua prisão, o sumo sacerdote Caifás perguntou-Lhe sem rodeios: “És tu o Cristo, o Filho do Deus Bendito?. Ele respondeu, de maneira igualmente clara: “Eu sou, e vereis o Filho do homem assentado à direita do Todo-poderoso e vindo com as nuvens do céu.” (Marcos 15:61 e 62). O sumo sacerdote rasgou suas vestes, acusando-O de blasfêmia. Ele não perguntara se Cristo era um dos filhos de Deus. Se a pergunta fosse esta, a resposta nunca poderia ensejar uma acusação de blasfêmia. Todos sabiam exatamente qual era o ponto: afirmava Jesus ser o Filho de Deus, o Filho Eterno do Bendito? A resposta de Jesus não dava chance à uma segunda interpretação — Ele realmente se dizia Filho de Deus. Há muitas passagens que demonstram com clareza porque o sumo sacerdote acreditava que Jesus se dizia ser o único e eterno Filho de Deus. Os textos abaixo fazem parte do arsenal de provas: “Ninguém conhece o Filho senão o Pai, e ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar.” (Mateus 11:27) Da mesma maneira, quando Jesus disse que o Pai havia dado todo julgamento ao Filho, para que todos honrassem também o Filho mesmo quando honravam ao Pai

(João 5:22), é impossível ver como Jesus poderia reclamar a posição de Filho de Deus usando um sentido menos enfático ou metafórico. Também é útil citar as duas ocasiões em que o próprio Deus, falando dos céus a Jesus, declarou: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mateus 3:17; 17:4). Contudo, é numa parábola de Jesus que encontramos a mais eloqüente prova de que Ele não era apenas um profeta como os que O precederam, mas sim o único Filho de Deus: a parábola dos lavradores maus (Mateus 21:33 a 43, Marcos 12:1 a 12, Lucas 20:9 a 18). Alguns servos foram enviados pelo dono da vinha para receber os frutos que eram seus por direito. Os lavradores, no entanto, agarraram os servos, e espancaram um, mataram outro e apedrejaram o terceiro. O dono da vinha mandou mais servos, que receberam o mesmo tratamento. O clímax da história acontece no trecho abaixo: “Restava-lhe ainda um, seu filho amado; a este lhes enviou, por fim, dizendo: ‘Respeitarão a meu filho’. Mas os tais lavradores disseram entre si: ‘Este é o herdeiro; ora, vamos, matemo-lo, e a herança será nossa’. E, agarrando-o, mataram0no e o atiraram para fora da vinha. Que fará, pois, o dono da vinha? Virá, exterminará aqueles lavradores e passará a vinha a outros.” (Marcos 12:6 a 8) A interpretação da parábola é bastante óbvia: Deus enviou vários servos ao seu povo, na Sua terra prometida, chamados de profetas; estes foram maltratados e rejeitados pelo povo de maneiras diversas. Como disse Pedro em outra ocasião: “Qual dos profetas vossos pais não perseguiram?” (Atos 7:52). Finalmente, Ele enviou seu Filho amado, Jesus Cristo, a quem Ele sabia que eles matariam — uma profecia clara a respeito da Sua crucificação que estava por vir. O contraste entre os grandes profetas, que eram simples servos de Deus, e o último mensageiro que era o Filho, não pode ser mal interpretado, pois é a verdade central desta parábola. Há muitas outras passagens que podem ser usadas para mostrar que Jesus se apresentou como o único Filho de Deus, mas nunca usou o título de forma metafórica ou simbólica.

3.3 Limitações bíblicas sobre o Filho de Deus Muçulmano: Se Jesus é o Filho de Deus, porque Ele com tanta freqüência fala do Pai como sendo maior do que Ele em poder, autoridade e entendimento? Se Ele era divino como vocês dizem, com toda certeza ele deveria ser igualmente onipotente e onisciente. Poucos cristãos fora do contexto do evangelismo aos muçulmanos já se depararam com um dos argumentos mais convincentes usados pelos muçulmanos: que Jesus não poderia ser o Filho de Deus se Ele era limitado em poder e entendimento, como muitas das Suas palavras sugerem.

O entendimento e o poder de Jesus Três passagens são bastante citadas pelos muçulmanos para provar essa tese. Todas parecem limitar a autoridade e a condição divina de Cristo — todas serão analisadas, uma por vez. Em cada caso, veremos como a situação pode ser revertida a fim de produzir um testemunho efetivo da glória de Jesus em resposta aos argumentos. 1. Fatos divinos desconhecidos sobre Jesus Os muçulmanos chegam à conclusão que se Jesus, como Filho de Deus, é a segunda pessoa da Trindade divina, deveria conhecer todas as coisas. Se Deus é onisciente, também Cristo deveria ter um conhecimento universal. O versículo a seguir destrói essa suposição: “Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão o Pai.” (Mateus 24:36) Como Jesus pode ser onisciente, se Ele mesmo negou saber o tempo exato do julgamento? O importante aqui é ver onde Jesus se coloca nas categorias que Ele menciona: nenhum homem sabe a hora; nem mesmo os anjos dos céus, nem o Filho, mas apenas o Pai. Há uma escala crescente. Jesus posiciona-se exclusivamente acima de todos os homens e anjos, relacionando-se somente num contexto divino com o Senhor de toda a terra, definindo a Si mesmo como o Filho do Pai. O que se pode concluir é que, apesar dessa condição privilegiada, é prerrogativa do Pai, a fonte eterna de todas as coisas, a quem estão sujeitos tanto o Filho quanto o Espírito, decretar quando será o Dia final, sem revelar a hora exata a ninguém. A limitação do Filho de Deus não depõe contra sua divindade, mas apenas indica uma definição especial dela. 2. Uma incapacidade de fazer qualquer coisa sem o Pai Assim como Jesus não parece ser onisciente, também Sua onipotência é desafiada no versículo abaixo: “(...) Em verdade, em verdade vos digo que o Filho nada pode fazer de si mesmo, senão somente aquilo que vir fazer o Pai (...) Eu nada posso fazer de mim mesmo” (João 5:19 e 30) Novamente, assim que olhamos para o contexto destas afirmações (que parecem indicar que Jesus não tinha poder intrínseco), fica claro que trata-se de uma explicação do Seu relacionamento com o Pai, e não a negação da Sua divindade. Jesus continua a primeira frase dizendo que “tudo o que este [o Pai] fizer, o Filho também semelhantemente o faz.” É uma mera questão de sujeição à autoridade do Pai. A respeito do poder em si para fazer aquilo que o Pai faz, Jesus afirma ter poder igual para fazer tudo o que o Pai faz — uma prova da Sua divindade — e diz que Ele somente faz aquilo que o Pai faz, uma ação natural de duas pessoas que formam um único Ser divino.

3. Uma declaração da grandeza superior do Pai O terceiro versículo que é usado para provar, a partir das Suas próprias declarações, que o Filho de Deus é limitado, é este: “Se me amásseis, alegrar-vos-íeis de que eu vá para o Pai, pois o Pai é maior do que eu.” (João 14:28) Os muçulmanos se agarram a esta frase, que seria uma prova da humildade de Jesus, reconhecendo a grandeza superior de Deus em relação ao homem — uma declaração que se esperaria de qualquer profeta de verdade. O fato é que nenhum outro profeta jamais fez uma declaração semelhante. Na verdade, se qualquer homem comum o fizesse, seria quase uma blasfêmia. Ao mesmo tempo que é um reconhecimento de limitação, a fala de Jesus também é uma estrondosa declaração da grandeza do próprio Cristo! Se foi preciso informar Seus discípulos que o Pai, em última análise, é ainda maior que Ele é um sinal claro que Ele tinha conhecimento da Sua própria grandeza! Mais uma vez, fica demonstrado que Ele se auto-avalia apenas no nível divino, comparando-se apenas ao Pai. A limitação está somente no seu papel como Filho de Deus. É importante reconhecer que realmente há uma limitação no Filho de Deus, conforme verificado nas próprias palavras de Jesus. É freqüente vermos cristãos caírem na armadilha de proclamar dogmas extremamente simplistas como “cremos que Jesus é Deus”. Os muçulmanos irão responder: “se Jesus é Deus, Ele irá abandonar você algum dia?”, ao que, com certeza, os cristãos responderão com muita convicção: “Nunca! Ele prometei nunca deixar ou abandonar você! (Hebreus 13:5)”. Nesse momento, o muçulmano tirará seu ás da manga: “Bem, que bom que o seu Deus Jesus não vai abandoná-lo. Infelizmente, o Deus dEle O abandonou: ‘Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?’ (Mateus 27:46). Você ora ao seu Deus Jesus, mas Ele orou ao Deus dEle e não teve muito sucesso. Como você quer que acreditemos nEle?” É isto o que acontece quando os cristãos não testemunham de maneira cuidadosa aos muçulmanos, ou quando se valem de afirmações que soam convincentes apenas porque podem ser ditas enfaticamente, mas que não são totalmente verdadeiras. Jesus é o Filho de Deus, um título que automaticamente Lhe impõe uma limitação. O cerne da mensagem bíblica a respeito de Jesus é que, ao mesmo tempo que o Filho é uma das pessoas divinas da Trindade, Ele também está sujeito à autoridade do Pai e, portanto, no tempo em que esteve na terra, pôde assumir tranqüilamente a forma humana e estabelecer um relacionamento entre servo e senhor. O relacionamento entre Filho e Pai simplesmente transformou-se para ser expresso entre homem e Deus. Nessa pessoa ímpar, os homens vieram a conhecer a Deus face a face, porque quem vê ao Filho também vê o Pai (João 14:9). Ainda, da mesma forma vemos em Jesus um homam como nós, apto a assumir nosso lugar e eventualmente levar-nos à glória eterna como filhos e filhas de Deus, assim como Ele , que é por natureza o eterno Filho de Deus. Quanto mais entendermos isso, maior será a revelação da glória de Deus

em Cristo. Precisamos nos lembrar desta verdade gloriosa quando estivermos testemunhando aos muçulmanos: “... Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo” (2 Coríntios 5:19).

3.4 A singular natureza sem pecado do Filho Muçulmano: Em que Jesus difere de todos os outros mensageiros de Alá? Todos eles foram fiéis à sua tarefa, e ensinaram ao povo apenas aquilo que Alá ordenou que dissessem. O Qur’an não faz distinção entre Jesus e os outros profetas. Um dos ensinamentos centrais da fé cristã é a natureza única sem pecado de Jesus Cristo. Sendo o eterno Filho de Deus, Ele não tem culpa ou cometeu qualquer pecado, mantendo-se no perfeito padrão de justiça divina em tudo o que disse e fez. Se Ele tivesse sido um pecador como todos os outros homens (incluindo os profetas), não poderia ter nos redimido das nossas iniqüidades. É interessante, e talvez não intencional, que as fontes originais do islamismo confirmem esta singularidade. Este é um ponto crucial no nosso testemunho de Jesus como Filho de Deus. A pureza de Jesus no Qur’an e no Hadith O nascimento de Jesus através de uma virgem é confirmado pelo Qur’an em duas narrativas (Suratas 3:41 a 48; 19:16 a 34). De acordo com a segunda passagem, quando Maria soube pela primeira vez que estava grávida, através do anjo que Deus lhe enviara, ela expressou sua surpresa pela visão. O anjo a respondeu: “(...) Sou tão-somente o mensageiro do teu Senhor, para agraciar-te com um filho imaculado.” (Surata 19:19) O correspondente da palavra “imaculado” em árabe, é zakiyya, cuja raiz significa “pureza” (como em zak’at, a caridade “pura” praticada pelos muçulmanos). Particularmente, o contexto em que a palavra foi utilizada é o mesmo da outra única passagem em que ela aparece no Qur’an. O livro registra uma história sobre Moisés e uma viagem que ele fez com um jovem companheiro que, segundo a tradição islâmica, era Al-Khidr — “aquele que é verde”, uma misteriosa figura que se acredita ter aparecido a profetas e mestres Sufi em vários momentos. Quando Al-Khidr repentinamente mata um homem sem nenhuma razão aparente, Moisés exclama: “Acabas de matar um inocente, sem que tenha causado morte a ninguém!” (Surata 18:74) O companheiro, então, disse-lhe que não deveria comentar sobre coisas que ele não conhecia. A palavra árabe utilizada para “inocente” é zahiyyah. Nesta passagem, significa que alguém que não era culpado por crime nenhum foi

castigado com a morte, mas no caso de Jesus é uma descrição de Sua personalidade e caráter. Portanto, pode ser traduzida também por sem pecado, o que faz de Cristo o único mensageiro de Deus que o Qur’an descreve expressamente como “sem pecado”. Como vimos anteriormente neste livro, o Qur’an confirma o ensinamento bíblico de que todos os outros profetas eram pecadores e tinham falhas. O ensinamento do Qur’an a respeito da natureza sem pecado de Jesus é corroborada por uma respeitável tradição, que é registrada numa das maiores obras da literatura da tradição islâmica. Diz o seguinte: “Disse o Profeta: ‘Nenhuma criança é nascida senão a que é tocada por Satanás quando vem ao mundo, quando começa a chorar alto por ter sido tocada por Satanás, exceto Maria e seu filho’. “ (Sahih al-Bukhari, Vol. 6, p. 54)

Nesta declaração, Maomé faz uma clara distinção entre Jesus e todos os outros seres humanos, incluindo os profetas, todos afetados pelo toque de Satanás no momento em que nascem. É importante conhecer essas passagens do Qur’an e do Hadith, pois elas auxiliam os cristãos a testemunhar de maneira efetiva aos muçulmanos acerca da perfeição sem par do caráter do Salvador.

A imaculada perfeição de Jesus na Bíblia Existem muitas passagens na Bíblia que testificam a respeito da natureza perfeita e sem pecado de Jesus, mas é suficiente conhecer apenas as afirmações mais enfáticas sobre isso. A primeira é: “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus.” (2 Coríntios 5:21) O Novo Testamento, com freqüência, contrasta a santidade perfeita de Jesus com o nosso pecado, acrescentando a isso a maravilhosa verdade de que Ele sofreu as conseqüências pelos nossos erros para que pudéssemos experimentar a Sua perfeição. Esta é a essência e o cerne do Evangelho cristão, diferente da pregação islâmica de que o pecado não necessariamente aliena o homem de Deus, exigindo a intervenção de um Salvador. Outro texto que traz o mesmo princípio, de maneira muito clara, é este: “... carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça (...) “ (1 Pedro 2:24) Há outras duas passagens no Novo Testamento que dizem com todas as letras que Jesus não tinha pecado. Cada uma delas confirma a singularidade da Sua santa personalidade, em contraste com o resto da humanidade, sem exceções:

“Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as cousas, à nossa semelhança, mas sem pecado. “ (Hebreus 4:15) “Sabeis também que ele se manifestou para tirar os pecados, e nele não existe pecado. “ (1 João 3:5) O Islã tentou, por várias vezes, desacreditar a singularidade de Cristo, em particular com ensinamentos de que Maomé também teria sido um profeta sem pecado, e que realizou vários milagres. Nenhuma destas afirmações têm fundamento no Qur’an (na verdade, são totalmente contrárias: ver Surata 47:19 e 17:80 a 93), mas tornaram-se bastante populares devido ao desejo dos muçulmanos de provar que Maomé era, no mínimo, igual a Cristo. De fato, a anunciação a Maria de que ela teria um filho imaculado deve ser considerada dentro do seu contexto. Ela conceberia uma criança sem a participação de um homem. Por quê? A resposta que o anjo lhe dá é esta: “Você experimentou uma concepção singular, porque há algo muito singular nesta criança. Ele é o santo Filho de Deus e, sendo eterno e sem pecado, não é possível que ele tenha sido gerado da maneira comum.” A fé cristã dá uma explicação bastante clara, tanto sobre o nascimento de uma virgem quanto para a natureza sem pecado. O Islã, com sua determinação de reduzir Jesus ao mesmo nível dos profetas comuns, não pode oferecer explicação, limitando-se a afirmar que foi simplesmente uma manifestação da vontade e do poder de Alá.

3.5 Profecias do Velho Testamento sobre a divindade de Jesus Muçulmano: Abraão, Moisés e Davi foram grandes profetas, em nada diferentes de Jesus. Até hoje os judeus, assim como nós, não conseguem aceitar a idéia de que Deus tem um Filho ou que um homem possa também ser Deus. Que prova você tem de que Jesus é Deus? Ao contrário do que os muçulmanos supõe, há muitas evidências de que os profetas que antecederam Jesus sabiam que um grande Messias estava por vir, e que Ele seria maior do que todos os mensageiros de Deus antes dele. Jesus e os profetas que O antecederam Nos seus próprios discursos, Jesus Cristo falou sobre muitos dos patriarcas e profetas que O antecederam, e confirmou que todos eles previram a vinda daquele que seria maior que eles. 1. Abraão, que previu o Dia de Jesus Quando Jesus debatia com os líderes dos judeus e com os fariseus, estes se gabavam de descender do grande patriarca Abraão, a quem consideravam seu pai

(João 8:33 a 39). Quando Jesus afirmou que todo o que guardasse a Sua palavra não conheceria morte, eles responderam: “És maior do que Abraão, o nosso pai, que morreu? Também os profetas morreram. Quem, pois, te fazes ser? “ (João 8:53) Essa passagem é muito importante no contexto da evangelização dos muçulmanos. Assim como os judeus, os muçulmanos crêem que Jesus não era maior do que os outros profetas. Os judeus, no entanto, através das próprias palavras de Cristo, ficaram com a impressão de que Ele se considerava superior a todos os profetas. Como Jesus respondeu a isso? Ele disse: “Abraão, vosso pai, alegrou-se por ver o meu dia, viu-o e regozijou-se. (...) Em verdade, em verdade eu vos digo: antes que Abraão existisse, EU SOU. “ (João 8:56 e 58) Jesus deixou claro que Ele era muito maior que Abraão. O patriarca morreu porque era um homem como qualquer outro, mas, por ser o eterno Filho de Deus, Jesus existia antes de Abraão, num estado onde o presente é eterno que, em última análise, desconhece passado ou futuro: “Antes que Abraão existisse, EU SOU“ (cf. Mateus 22:32, onde Jesus diz o mesmo sobre Deus e Abraão). 2. Jacó e a Água da Vida Eterna Jacó foi outro profeta muito estimado, especialmente pelos samaritanos, que o consideravam seu grande patriarca. O poço de Jacó ficava bem na saída da cidade de Sicar, na Samaria, e esta fonte permanente de água no meio do deserto era encarada como o grande legado que Jacó lhes deixara. Quando Jesus disse à mulher samaritana que Ele poderia dar-lhe água viva, ela perguntou: “És tu, porventura, maior do que Jacó, o nosso pai, que nos deu o poço, do qual ele mesmo bebeu e, bem assim, seus filhos e seu gado?“ (João 4:12) Da mesma maneira que os judeus questionaram se Cristo era maior do que Abraão, também os samaritanos perguntavam: “És tu maior que nosso pai Jacó?” Em ambos os casos, o foco é o grande patriarca do povo em questão. Novamente Jesus confirma que Sua superioridade, simplesmente porque, sendo o eterno Filho de Deus, Ele poderia dar água viva, uma fonte de vida eterna que jorraria dentro daquela mulher (João 4:14). 3. Moisés escreveu sobre Jesus Em outra ocasião, lemos que os judeus queriam matar Jesus porque Ele chamava Deus de Seu Pai, igualando-se a Deus (João 5:18). Os judeus confiavam Moisés, o grande jurista, com quem acreditavam que Deus havia falado. Sobre aquele homem chamado Jesus, no entanto, eles declaravam não ter idéia de onde vinha (João 9:29). Eis as palavras finais de um discurso em que, mais uma vez, Jesus se dizia ser o Filho de Deus e que ninguém poderia honrar o Pai sem honrar o

Filho: “... quem vos acusa é Moisés, em quem tendes firmado a vossa confiança. Porque, se de fato crêsseis em Moisés, também creríeis em mim; porquanto ele escreveu a meu respeito.“ (João 5:46 e 47) Outra vez, Jesus confirma ser superior a Moisés, num contexto onde Ele contrasta Seu poder e caráter divinos com o poder limitado do profeta que o precedeu. Assim como Abraão previu Seu dia, Moisés também havia escrito a Seu respeito. Novamente, surge a grande figura do Messias que estava por vir. 4. Davi chamou Jesus de seu Senhor Um último profeta deve ser mencionado aqui. Em outra discussão com os judeus, Jesus, tendo respondido a todas as suas perguntas, desafiou-os a identificar o Messias que eles aguardavam — de quem ele seria filho? Eles responderam que seria “filho de Davi”, ao que Jesus disse: “Como, pois, Davi, pelo Espírito, chama-lhe Senhor, dizendo: ‘Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés’? Se Davi, pois, lhe chama Senhor, como é ele seu filho?“ (Mateus 22:43 a 45) Jesus, na Sua revelação a João na Ilha de Patmos, respondeu: “Eu sou a raiz e a Geração de Davi“ (Apocalipse 22:16). Ele era mesmo filho de Davi por descendência direta mas, por ser também Filho de Deus, era da raiz de Davi e também seu Senhor. Portanto, Ele era maior que Davi.

Todas essas passagens ajudam a mostrar como, desde os maiores profeta do Velho Testamento, a divindade de Jesus foi anunciada. Abraão ficou feliz por saber que O conheceria no dia final; Moisés escreveu sobre Ele, e Davi chamouLhe Senhor. Todos eles apontaram Jesus como sendo o grande Messias que aguardavam, que existiu antes deles e o único que poderia dar a água da vida eterna; aquele que era seu Senhor e Salvador. Mencione estes temas ao responder qualquer argumento de que Jesus não passava de um profeta como os que O precederam. 3.6 “Nem carne nem sangue o revelaram” Muçulmano: Mostre-me onde Jesus diz “Eu sou Deus”, e eu acredito em você. Prove-me que Jesus era o Filho de Deus e eu aceitarei. Todos os seus argumentos até aqui não me convenceram. Por que você não consegue provar o que diz? Estou citando um trecho de um diálogo real com um muçulmano em Durban, África do Sul, de muitos anos atrás. Os cristãos que já trabalharam com

evangelismo de muçulmanos muitas vezes frustram-se, ou até ficam bastante confusos, com a incapacidade dos muçulmanos de ver a luz, mesmo quando ela lhes ofusca os olhos. Lembro-me de outro incidente em que dois de nós estavam numa casa com sete muçulmanos, e ficamos conversando por duas horas sobre se Jesus era mesmo o Filho de Deus ou não. Eu lhes dei todas as provas que conhecia e, quando estávamos abrindo a porta do nosso carro para irmos embora, um dos jovens muçulmanos me disse: “Você sabe, eu tenho que concordar com você. Parece que Jesus acreditava mesmo e pregava aos outros que Ele era o Filho de Deus.” Eu fiquei bastante animado com esse testemunho até que ele continuasse: “Mas se Jesus pensava mesmo que era o Filho de Deus, acho que Ele estava errado.” Não se pode ganhar todas! Percebendo que Jesus é o Filho de Deus Muitos cristãos, criados na fé cristã à base de classes de Escola Dominical e outros métodos de treinamento bíblico, acreditam prontamente que Jesus é o Filho de Deus sem grandes problemas — e, freqüentemente, sem nem saber por que acreditam. Parece que as crianças aceitam mais facilmente o que lhes é ensinado. Por outro lado, tente convencer um muçulmano, que é capaz de apresentar alguns dos argumentos bastante difíceis de serem rebatidos já considerados contra a divindade de Jesus, e pode ser que você irá descobrir que ele não sabe como justificar ou explicar no quê ele realmente acredita e por quê. Para os muçulmanos, que cresceram ouvindo que Deus não tem parceiros, que Jesus não poderia ser Filho de Deus por ser homem e que a Trindade não faz o menor sentido, dar as costas para tudo e acreditar que Jesus é a segunda pessoa da Trindade tem um custo muito alto. Aprendi, há anos atrás, que simplesmente não se pode esperar que um muçulmano seja persuadido a crer no Evangelho apenas com argumentos racionais humanos. É necessária um entendimento que é inspirado por Deus, e é isso que eu digo aos muçulmanos que me questionam como citei acima. Eu lhes devolvo a seguinte pergunta que Jesus fez aos Seus discípulos: “Quem diz o povo ser o Filho do Homem?” (Mateus 16:13) Já havia algum tempo que Jesus estava com seus discípulos, ensinando às multidões, curando doenças e enfermidades e fazendo muitas demonstrações de poder no meio deles. Eles responderam que o povo acreditava que Ele era João Batista, Elias, Jeremias ou algum dos outros profetas. A impressão comum era de que Ele era um profeta — eles não sabiam ao certo qual deles, mas, de qualquer forma, era um profeta. Afinal, ele não era muito diferente dos outros: um homem que não possuía nada e proclamava a palavra de Deus, provando ser enviado divino por sinais, da mesma maneira que Moisés, Elias e Eliseu fizeram antes dEle. No entanto, quando Jesus lhes perguntou: “Mas vós, quem dizeis que eu sou?”, Simão Pedro exclamou: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.” (Mateus 16:16). O

que, na verdade, Pedro estava dizendo era que “o povo acha que você é um profeta, mas eu sei que você é mais do que isso, você é o Filho de Deus”. Por que ele disse isso? Teria ele, por causa da sua maior proximidade com Jesus, visto ou ouvido coisas que o levassem a perceber a verdade? A resposta de Jesus a Pedro é muito significativa: “Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu pai, que está nos céus.” (Mateus 16:17) Pedro não fez essa grande descoberta por si mesmo. Deus, o Pai, havia lhe revelado quem Jesus realmente era. Não podemos nunca esquecer que, quando estamos evangelizando muçulmanos, somos apenas meras testemunhas da verdade de Deus, e que o trabalho de esclarecimento e conversão é exclusivo do Espírito Santo. Portanto, o que eu respondi ao muçulmano que me fez a pergunta que abriu este tópico foi que eu não tinha como provar que Jesus era o Filho de Deus se ele estava determinado a não acreditar, não importa o que eu fizesse. Deus somente poderia inspirá-lo a ver a verdade se ele estivesse com a mente aberta para receber a verdade.

O Evangelho — A revelação de Deus a respeito dEle mesmo Concluindo, nós, como cristãos, devemos fazer a tarefa que nos cabe e testificar da verdade. A Bíblia afirma categoricamente que a fé só vem pelo ouvir da Palavra de Deus (Romanos 10:17), e nós precisamos proclamá-la e defendê-la quando chamados a isso. A este respeito, a questão não é como Deus pode se transformar em homem, ou como Ele pode habitar um corpo de carne e osso. Uma vez que admitimos que todas as coisas são possíveis para Deus, o verdadeiro mistério é o que Deus revelou a Seu respeito. A questão, novamente, não é se Deus pode ficar confinado à forma humana, mas sim apenas se a humanidade pode suportar a imagem divina. Quando estava neste mundo, Jesus Cristo manifestou todos os atributos perfeitos de Deus de maneira plena. Foi por isso que Ele disse que “quem vê a mim vê aquele que me enviou” (João 12:45). O caráter divino de Deus não foi distorcido de forma alguma enquanto Jesus andou entre os homens. Ao contrário: a plenitude do amor de Deus, Sua bondade, graça e misericórdia só foram enfim reveladas quando Seu filho entregou sua vida para que pudéssemos ser perdoados e alcançar a vida eterna. O Qur’an, quando narra a aparição do anjo Gabriel a Maria para anunciar-lhe a concepção do seu filho sem a participação de um homem, diz: “E colocou uma cortina para ocultar-se dela (da família), e lhe enviamos o Nosso Espírito, que lhe apareceu personificado, como um homem perfeito.” (Surata 19:17) O próprio Qur’an admite, sem reserva alguma, que Deus envia Seus anjos, que são espírito (ruh), na forma exata da aparência humana. Por que então o Filho de

Deus, que também é espírito, não poderia assumir a forma humana? Não existem argumentos que possam justificar a impossibilidade de fazê-lo. Em outro trecho, o Qur’an diz: “Responde-lhes: Se na terra houvesse anjos, que caminhassem tranqüilos, Terlhes-íamos enviado do céu um anjo por mensageiro.” (Surata 17:95) Se, então, Deus manda um mensageiro angélico aos anjos na Terra, por que Ele, se quisesse viver pessoalmente entre sua criação e redimi-la por seus pecados, não poderia escolher assumir a forma de um mensageiro humano? Afinal, se a Bíblia diz que Deus criou-nos, disse “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança” (Gênesis 1:26). Assim, parece razoável que essa mesma forma humana comportasse a imagem de Deus. Jesus é, sem dúvida, o Filho de Deus. Não precisamos esconder esta verdade. Ao invés disso, devemos proclamá-la ao mundo muçulmano da melhor forma que pudermos, e orar para que o Santo Espírito de Deus aja em suas vidas, para que vejam a verdade.

Capítulo Quatro

A crucificação e a redenção As questões históricas e espirituais

4.1 As conseqüências da natureza pecaminosa do homem Muçulmano: Ninguém pode pagar pelos pecados do outro. Cada homem é responsável pela sua própria vida. É preciso se esforçar ao máximo para obedecer às leis de Alá, e confiar na Sua misericórdia para perdoar nossas falhas. Pecados são más ações, que devem ser compensadas por boas ações. Uma das grandes diferenças entre o islamismo e o cristianismo é o conceito que cada uma destas religiões do que é pecado, e o efeito dele no relacionamento do homem com Deus. De acordo com o Novo Testamento, o pecado de Adão não foi apenas uma ofensa contra as santas leis de Deus, mas um ato de insurreição que colocou toda a raça humana contra Deus (Romanos 2:9 a 18), deixando todos os homens, por natureza, mortos espiritualmente em virtude das suas transgressões e iniqüidades, presos ao destino de seguir o diabo como filhos da desobediência (Efésios 2:1 e 2). O islamismo, por outro lado, ensina que todos os homens são seres neutros, capazes de fazer tanto o bem quanto o mal, de acordo com as escolhes que fizerem. Mesmo que o Qur’an lamente com freqüência a instintiva tendência humana de se voltar contra Deus, de demonstrar ingratidão a Ele e de seguir suas paixões, pelas quais o homem é dominado (Surata 100:6 a 8), ele não vê a incapacidade do homem de obedecer em todo o tempo a Deus como um cisma devastador, que separa Deus do homem a não ser e até que Deus intervenha e propicie a redenção, conforme narra a Bíblia, através da crucificação, morte e ressurreição de Seu Filho Jesus Cristo. Por que a redenção é necessária A questão central não é se o homem tem uma natureza intrinsecamente má, como afirma a Bíblia, e cujo coração é “desesperadamente corrupto” (Jeremias 17:9), mas sim se Deus é tão bom como a Bíblia diz que é. Segundo o islamismo, Alá é o Senhor do Universo, e Seus atributos, como justiça, misericórdia e retidão, são apenas atributos, e nada mais. A Bíblia, contudo, ensina que Deus é, por sua própria natureza, santo e justo, e que o homem, ao quebrar Suas santas leis, é desligado do Seu caráter absolutamente santo (Romanos 3:23). Como explicar isso a um muçulmano que acusa o cristianismo de ter uma visão excessivamente pessimista da natureza humana, e que portanto Deus não teria porque salvar alguém, perdoando somente aqueles a quem Ele quisesse e escolhesse? Uma das maneiras mais eficientes de fazê-lo é não tentar provar a doutrina da

redenção, mas apresentar uma comparação entre dois homens, Adão e Jesus, começando por esta passagem: “Visto que a morte veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos. Porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo.” (1 Coríntios 15:21 e 22) Todos os muçulmanos aceitam que Adão e Eva foram expulsos do Jardim do Éden porque pecaram. A conseqüência do seu ato de desobediência não podia ser cancelada por uma boa ação, e nem era questão de simplesmente ser perdoado por Deus. Eles nunca mais puderam voltar ao Jardim, e nem nenhum outro ser humano, descendente deles. Os muçulmanos crêem que o Jardim era o céu, porque, no Qur’an, recebe o mesmo nome que o céu: Jannatu’l’Adn (Surata 9:72). Discutindo com muçulmanos, aprendi que eles aceitam facilmente a idéia de que Adão e Eva não morreriam se tivessem permanecido no Jardim, e que apenas neste mundo decadente para o qual eles foram mandados é que a morte surge como destino inevitável. Logo, é de se esperar que os muçulmanos sejam capazes de reconhecer que o pecado original de Adão e Eva teve conseqüências desastrosas e arrasadoras. A pergunta que já fiz a eles muitas vezes é: se Deus perdoou Adão e Eva, porque eles não puderam voltar ao jardim? Por que eles e seus descendentes foram expulsos para morrer nesta terra? Não há resposta para essas perguntas no islamismo. Ainda assim, os muçulmanos preferem acreditar que Jesus foi elevado aos céus, sendo o único homem que para lá foi levado sem nunca conhecer a morte. Como teria Ele conseguido isso, enquanto que todos os outros homens que nasceram na terra, desde Adão a Maomé e depois dele, morreram? É fácil, a partir desse ponto, demonstrar que Jesus ensinou que Ele subiria aos céus porque foi de lá que Ele veio. Ele não era outro homem comum, e seu nascimento cercado de particularidades provam isto. Como disse Jesus: “Ora, ninguém subiu ao céu, senão aquele que de lá desceu, a saber, o Filho do homem que está no céu” (João 3:13) “Vim do Pai e entrei no mundo; todavia, deixo o mundo e vou para o Pai.” (João 16:28) Os muçulmanos alardeiam que eles privilegiam a lógica; portanto, use-a quando estiver falando com eles. Se retornamos ao pó porque dele viemos, não é lógico acreditar que Jesus subiu aos céus porque, analogamente, foi de lá que Ele veio? Aprendi que é bastante útil insistir em mostrar que Jesus veio entre nós pela primeira vez, se fazendo homem como nós, seres humanos ordinários, “em semelhança de carne pecaminosa” (Romanos 8:3) para morrer como nós morremos, e para redimir-nos dos nossos pecados. Ele virá dos céus pela segunda vez para nos fazer como Ele, em toda Sua glória resplandecente, para que possamos viver no reino dos céus, onde Ele vive. Assim como Jesus, quando visto como Ele é verdadeiramente, brilha com toda a glória da perfeição, com sua

face resplandecendo como o sol (Mateus 17:2), nós também “resplandeceremos como o sol” no reino do nosso Pai por causa da nossa fé no Filho e do relacionamento com Deus através dEle (Mateus 13:43). Se o cristianismo tem a visão mais pessimista da natureza humana — que o homem não pode se redimir ou salvar a si mesmo com boas obras —, ao mesmo tempo também oferece a visão mais otimista sobre aquilo que o homem pode se tornar! O único caminho de volta para o Jardim do qual Adão e seus descendentes foram banidos é através de Jesus, que retornará dos céus para levar seus seguidores de volta com ele. Sem a redenção propiciada por Ele, não há como retornar ao Jardim. A queda de Adão no Qur’an É importante enfatizar, nesta altura, a respeito do que foi exposto acima, que o Qur’an corrobora o ensinamento bíblico de que a transgressão de Adão não foi um mero erro ou falha, ou um esquecimento da ordem de Deus de não comer do fruto proibido (tese que os muçulmanos costumam defender), mas sim que ele saiu do seu estado superior e foi expulso do Jardim: “Todavia, Satã os seduziu, fazendo com que saíssem do estado (de felicidade) em que se encontravam. Então dissemos: Descei! Sereis inimigos uns dos outros, e, na terra, tereis residência e gozo transitórios.” (Surata 2:36) A palavra chave deste versículo é ahbituu, cuja raiz é habt e que significa “descer uma encosta”, ou “descer de um lugar alto para um mais baixo”. O imperativo “Descei!” que aparece no texto pode ser traduzido, em outras palavras, por “Saiam já daqui!”. As conseqüências também seriam profundas: ódio entre os homens, e banimento do homem para a terra. É extremamente importante ressaltar o fato de que Adão e Eva nunca mais foram aceitos no Jardim. A Morte foi a conseqüência final do pecado deles, e dela é que surgiu a necessidade de um Salvador, Jesus Cristo, que ressurgiu dos mortos para nos trazer a esperança da vida eterna. Ao mencionar este fato, é também importante lembrar aos muçulmanos que tentam minimizar a ofensa de Adão dizendo que ele só “esqueceu” da ordem dada por Deus que, além de ser altamente improvável que Adão tenha esquecido a única proibição estabelecida por Deus (Surata 7:19), Shaitaan, o Demônio, recordou a ordem de Deus quando foi tentar a Adão: “Então, Satã lhe cochichou, para revelar-lhes o que, até então, lhes havia sido ocultado das suas vergonhas, dizendo-lhes: Vosso Senhor vos proibiu esta árvore para que não vos convertêsseis em dois anjos ou não estivésseis entre os imortais.” (Surata 7:20) O pecado de Adão foi um ato deliberado de desafio a Deus. A árvore, localizada no meio do Jardim, era símbolo da autoridade de Deus sobre o homem e, ao comer do seu fruto, Adão desafiou essa autoridade e condenou a raça humana a um estado de rebelião eterna contra Deus. Somente Cristo pode resgatar-nos dessa nossa condição.

Às vezes os muçulmanos falam de uma tumba que teriam preparado na Masjid an-Nabi (a Mesquita do Profeta) em Medina, Arábia, onde dizem que Jesus será enterrado depois de quarenta anos de sua volta à Terra. Já mencionei que eu também visitei duas tumbas de Jesus em Jerusalém, uma na Igreja do Santo Sepulcro na cidade velha, e outra no jardim logo ao pé do Gólgata, onde Cristo foi crucificado. Conclui que é algo notável que um homem tenha três tumbas, mas que seu corpo não esteja em nenhuma delas e nunca estará! Elas estão totalmente vazias! Ele agora habita nas alturas dos céus, e nunca morrerá novamente. A vida de Jesus começou de modo único, nascendo de uma virgem porque Ele vinha dos céus, e terminou de maneira igualmente singular, sendo levado aos céus após sua ressurreição dentre os mortos. Outro ponto que merece ser enfatizado aqui e que eu descobri ser bastante eficaz com os muçulmanos é que Jesus estava vivo em glória celestial antes mesmo que Maomé nascesse, e permaneceu assim durante toda a vida do Profeta, e continua vivo na mesma glória depois de quatorze séculos da morte de Maomé, que está enterrado em solo árabe.

4.2 Os cristãos tem uma licença para pecar? Muçulmano: Se Cristo morreu por todos os seus pecados, sejam eles passados, presentes e futuros, então você pode pecar o quanto quiser. Não é por isso que o mundo ocidental de hoje é tão corrupto? Basta pedir perdão, e você está perdoado! Nós, muçulmanos, nunca acreditaremos em algo que é tão fácil. Este é o argumento mais comum com que os cristãos se deparam quando vão testemunhar aos muçulmanos. Para eles, o favor de Deus deve ser conquistado através de uma sucessão de boas obras e devoções religiosas. Eles não conseguem entender como a salvação pode ser um presente, ou como o perdão de todos os pecados pode ser obtido simplesmente através da fé em Jesus. O ensinamento de Paulo em Romanos 6 Este problema é resolvido conclusivamente pelo apóstolo Paulo no sexto capítulo da sua epístola aos Romanos. O argumento que ele antecipa e responde na primeira parte do capítulo é ligeiramente diferente do argumento dos muçulmanos: “Permaneceremos no pecado, para que a graça seja mais abundante?” (v. 1). A segunda parte, no entanto, inclui a objeção clássica dos muçulmanos: “Havemos de pecar porque não estamos debaixo da lei e sim da graça?” (Romanos 6:14). Suas respostas vão direto ao cerne do que é o evangelho cristão, dando aos cristãos uma oportunidade real de testemunhar aos muçulmanos sobre os efeitos da graça salvadora de Deus em Cristo sempre que eles utilizarem o argumento citado acima. 1. Mortos para o pecado e vivos para Deus em Cristo

A primeira resposta do apóstolo é, na verdade, perguntar como os crentes podem sequer contemplar a possibilidade de viver em pecado com a consciência tranqüila quando o efeito da sua fé em Jesus é compartilhar da Sua morte e vitória sobre todas as forças das trevas: “Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos?” (Romanos 6:2) A grande verdade no argumento de Paulo é que os que colocam sua fé em Cristo unem-se a Ele na Sua morte e ressurreição. Ele morreu para conquistar a culpa e o poder do pecado, e ressurgiu para dar perspectiva de vida para todos os que escolheram segui-lO. Em troca, eles identificam-se com Sua morte para o pecado, tornando-se vivos para Deus e a plenitude da Sua justiça. Ninguém pode receber o perdão de Deus em Cristo, a não ser que tenha desejo sincero de se arrepender dos seus pecados e abandoná-los, para ser transformado à imagem de Deus em verdadeira justiça e santidade. “Pois, quanto a ter morrido, de uma vez para sempre morreu para o pecado; mas quanto a viver, vive para Deus” (Romanos 6:10) 2. A graça de Deus liberta os crentes do poder do pecado Talvez o mais importante a ser destacado seja o fato de que Jesus Cristo morreu não apenas para livrar-nos da culpa do pecado, mas também do seu poder. Jesus disse que quem peca torna-se escravo do pecado (João 8:34). Muitas vezes já perguntei a um muçulmano que, se o pecado era uma simples escolha feita pelo homem, porque eles não diziam a Deus: “Sei que queres que sigamos o caminho certo (Siratal-Mustaquim). Por isso, deste dia em diante eu escolho nunca mais pecar”. Invariavelmente, eles devolveram um sorriso amarelo à minha sugestão, admitindo que ninguém pode fazer uma decisão dessas para o resto da vida, e talvez nem por um dia. Geralmente eles dizem que, muitas vezes, eles não sabem nem que estão pecando, porque o que às vezes parece certo aos olhos humanos é errado perante Deus. Muitos muçulmanos lutam contra a dolorosa percepção de que a tendência a pecar é uma força que nos compele, uma triste realidade da natureza humana. É nesse momento que o efeito da redenção adentra a vida cristã: “Mas graças a Deus porque, outrora, escravos do pecado, contudo, viestes a obedecer de coração à forma de doutrina a que fostes entregues; e, uma vez libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça.” (Romanos 6:17 e 18) A fé em Jesus não só nos traz o perdão dos nossos pecados, mas também nos dá o poder de vencer o pecado em nossas vidas. Como disse Paulo em outra carta, Jesus veio para “redimir-nos de toda iniqüidade” e também para “purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras” (Tito 2:14). Para muitos muçulmanos, a perspectiva de um poder alheio capaz de conquistar o pecado é muito atrativo.

3. Enchendo-se do Espírito Santo Todo aquele que compromete sua vida com Cristo recebe, simultaneamente, o Espírito Santo, a terceira pessoa da Trindade. Ele não controla nossas vidas (Deus é gracioso demais para fazer isso), mas nos enche de amor pelos mandamentos de Deus que estão enraizados em nós e, a medida que nos submetemos a Ele, liberta-nos das tendências poderosas nas nossas almas de buscar os nossos próprios e pecaminosos desejos. O trecho abaixo impressiona bastante os muçulmanos a este respeito: “... chegando-se, porém a Jesus, como vissem que já estava morto, não lhe quebraram as pernas. Mas um dos soldados lhe abriu o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água.” (João 19:33 e 34) João procura dar o máximo de ênfase possível a esta passagem, dizendo, no verso seguinte, que ele foi testemunha ocular desses acontecimentos, e os reconta para que os leitores creiam. Mas acreditar o quê? Somente nos eventos que aconteceram? Não é provável, especialmente porque o verbo “crer” é sempre carregado de um significado profundo em todo o evangelho que ele escreveu. Na verdade, João conta essas coisas para que o leitor viva pela fé em Jesus. O que o impressionou foram os dois líquidos que saíram do Jesus quando o soldado Lhe feriu com a lança. O sangue simbolizava o perdão dos pecados, assim como o derramamento do sangue de bois, cordeiros e bodes no templo foi, no passado, o meio pelo qual Deus expiava os pecados do povo. A água, por outro lado, simbolizava o derramamento do Espírito Santo e os rios de nova vida que os que cressem receberiam. A água é um símbolo comum do poder divino na alma neste evangelho (João 4:14, 7:38). Deve-se perceber que esta é uma ilustração muito útil para fundamentar os ensinamentos de Paulo em Romanos 6. Concluindo, também é apropriado desafiar qualquer muçulmano que tente defender que “se Jesus morreu por você, pode pecar à vontade” a citar trechos da Bíblia que mostrem onde ele retirou embasamento para sua tese. Uma alternativa é sugerir, sem demonstrar agressividade, que, dizendo uma falácia dessas, o muçulmano demonstra uma clamorosa ignorância a respeito daquilo que a Bíblia ensina, e que portanto ele precisa de uma breve explicação do que a salvação realmente significa.

4.3 O jovem rico e os mandamentos Muçulmano: É estranho que vocês digam que a salvação vem através da fé em Jesus. Afinal, o próprio Jesus ensinou que, para receber a vida eterna, é preciso guardar os mandamentos de Deus. É isso que o islamismo (e toda verdadeira religião) ensina.

Muitos muçulmanos conhecem a história do jovem rico que se aproximou de Jesus para perguntar-Lhe o que ele precisava fazer para ganhar a vida eterna. Jesus respondeu-lhe: “Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos.” (Mateus 19:17). Eles sustentam que Jesus nunca pregou o arrependimento mas, como está escrito neste versículo, conclamou os homens a observarem os mandamentos de Deus se quisessem entrar no Seu reino. Como responder a isto?

Ninguém é bom senão Deus Em certas ocasiões, os muçulmanos irão afirmar que Jesus também negou, no seu diálogo com o jovem rico, que Ele tivesse qualquer bondade em Si mesmo por ser apenas um homem comum como os outros. Quando o jovem rico se dirigiu a Ele chamando-O de “bom mestre”, Jesus respondeu: “Por que me chamas bom? Ninguém é bom senão um, que é Deus.” (Marcos 10:18) Aqui, surge outra excelente oportunidade para se transformar um problema em oportunidade de testemunho, desta vez da divindade de Cristo. Jesus nunca negou ser Deus; ao contrário, referia-se a Si mesmo como o Bom Pastor, que dá sua vida pelas suas ovelhas (João 10:11), fazendo eco com a afirmação do próprio Deus no passado: “Eu mesmo apascentarei as minhas ovelhas” (Ezequiel 34:15). Não há muito espaço para duvidar que Jesus tinha esta passagem em mente quando assumiu o título de Bom Pastor. Na verdade, o que Ele estava dizendo ao jovem rico era: “Por que me chamas bom?”. Ele não estava negando Sua divindade. O jovem rico, no hebraico, chamado-O de bom rabi (como aparece em João 1:38). Havia muitos rabbis e mestres da lei em Israel naquela época, e, se o jovem rico pensou que ele era apenas mais um deles, poderia muito bem ser questionado sobre por que havia chamado Jesus de “bom”, quando só Deus é bom, no sentido eterno. A resposta de Jesus era um desafio ao jovem rico, para que ele declarasse se via Jesus apenas como mais um dos muitos mestres da lei, que davam sua interpretação segundo o que aprenderam nos seus estudos, ou se via em Jesus uma singularidade divina, pela qual Ele seria capaz, com autoridade divina, de desvendar o segredo da vida eterna. Isto salta aos olhos ainda mais quando se lê o resto do diálogo entre os dois.

Se queres ser perfeito, vem e segue-me Quando Jesus disse ao jovem rico que poderia obter a vida eterna cumprindo os mandamentos, ele perguntou: “Quais?”. Jesus, então, mencionou cinco deles, todos a respeito da relação do homem com o seu próximo, mas excluindo o

décimo mandamento: “Não cobiçarás”. O jovem rico respondeu que havia guardado todos aqueles mandamentos desde a juventude — o que ainda faltava? Jesus, conhecendo seu amor pelos bens materiais e seu espírito dado à cobiça, lançou-lhe outro desafio: “Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens, dá aos pobres e terás um tesouro no céu; depois, vem e segue-me.” (Mateus 10:21) O jovem rico partiu triste, incapaz de dividir suas muitas posses. Vemos, nesta história, não que qualquer um pode ganhar a vida eterna simplesmente guardando os dez mandamentos, mas que ninguém pode fazê-lo de maneira tão perfeita quanto a necessária para receber a vida eterna através da obediência a esses mandamentos. Deus é perfeito, e, se alguém guarda Suas leis, no sentido verdadeiro do termo, deve segui-las igualmente à perfeição. Outro versículo diz: “Pois qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos.” (Tiago 2:10) Jesus estava tentando dizer ao jovem rico, que pensava que havia guardado todas as leis de Deus desde a infância, que era preciso guardar todas as leis de Deus sempre, continuamente, sem nenhum deslize. Por isso, Jesus disse que, se ele quisesse ser perfeito, precisava vender todos os seus bens e renunciar ao seu espírito materialista. Piedade relativa é inaceitável a um Deus que é Santo e santificado em justiça (Isaías 5:16). Ao invés, portanto, de encontrar a vida eterna pela obediência aos mandamentos de Deus, o jovem rico descobriu que essas leis apenas o condenavam pelo pecado. Como disse o apóstolo Paulo: “”(Romanos 7:10) Jesus deu àquele jovem uma dica bem clara de onde está realmente a salvação quando disse: “Se queres ser perfeito, (...) vem e segue-me.” É só pelo trabalho de arrependimento feito por Cristo que podemos finalmente encontrar a perfeição e a salvação. Longe de ser a negação da divindade de Jesus e da redenção, essa passagem reafirma essas coisas.

Outras provas da redenção A acusação de que Jesus nunca teria ensinado sobre a redenção pode ser confrontada por outros meios. Em vários momentos, Ele deixou claro que veio à terra somente para salvar-nos dos nossos pecados, e sempre é bom citar as passagens nas quais Jesus afirma isso quando conversar com muçulmanos sobre este assunto: “... tal como o Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate por muitos.” (Mateus 20:28)

“Eu sou o pão vivo que desce do céu; se alguém dele comer, viverá eternamente; e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne.” (João 6:51) “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas.” (João 10:11) Talvez o episódio mais óbvio da vida de Jesus que aponta claramente a Sua morte como o plano de Deus para a nossa salvação é a Última Ceia, na qual Ele estava com Seus discípulos pela última vez antes de ser preso, julgado e crucificado. Jesus tomou o pão, partiu e o distribuiu entre os discípulos dizendo: “Tomai, comei; isto é o meu corpo.” A seguir ele pegou um cálice de vinho e lhes deu para beber, dizendo: “Bebei dele todos, porque isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados.” (Mateus 26:26 a 28). É virtualmente impossível entender como alguém pode sugerir que Jesus nunca ensinou que daria Sua vida para nos redimir em face de um evento como o que narramos acima. Tudo o que Ele fez na última noite com seus discípulos antes de morrer foi chamar a atenção para sua morte para nos salvar. Os cristãos têm, frente às objeções dos muçulmanos como a levantada na história do jovem rico, enormes oportunidades de compartilhar a mensagem completa do Evangelho com eles, ao mesmo tempo em que combate seus argumentos.

4.4 A Teoria da Substituição no Qur’an Muçulmano: Deus não teria se limitado a assistir aos Seus inimigos crucificarem Seu Filho. Para nós, Jesus foi apenas um grande profeta, e mesmo assim Alá livrou-o dos judeus que queriam matá-lo. Ele foi salvo da cruz, enquanto outro foi crucificado no lugar dele. Só um versículo, em todo o Qur’an, trata da crucificação de Jesus. O evento é negado enfaticamente como uma calúnia dos judeus contra Ele. Sua intenção de matá-lo não é ocultada, mas Alá teria honrado Seu profeta salvando-o das mãos dos judeus, enquanto uma outra pessoa, cuja aparência teria sido modificada por Alá para que ela se parecesse com Jesus, foi crucificada. Não há nenhuma menção quanto à relevância do episódio para a fé cristã, um lapso surpreendente se considerarmos que a Bíblia ensina que Jesus entregou sua vida por vontade própria para a salvação de todos os homens, e que este foi o propósito expresso da encarnação do Filho de Deus. Sem a morte e a ressurreição de Cristo, não haveria cristianismo, e o fato de que isto é o centro da nossa fé torna a omissão de qualquer referência a respeito do contexto cristão nesse trecho do Qur’an ainda mais notável. O versículo é este: “E por dizerem: 'Matamos o Messias, Jesus, filho de Maria, o Mensageiro de Deus', embora não sendo, na realidade, certo que o mataram, nem o crucificaram, senão que isso lhes foi simulado. E aqueles que discordam, quanto a isso, estão na dúvida, porque não possuem conhecimento algum, abstraindo-se tão-somente

em conjecturas; porém, o fato é que não o mataram.” (Surata 4:157)

Implicações da Teoria da Substituição A pequena e interessante expressão “wa laakin shubbiha lahum” — traduzido por “senão que isso lhes foi simulado” — levou o mundo muçulmano a acreditar que as características físicas de outra pessoa foram modificadas para que sua aparência fosse igual à de Jesus, o qual Deus teria sido substituído por essa outra pessoa. Jesus, no entanto, teria sido levado aos céus, onde vive até o dia em que retornará à terra, pouco antes do fim dos tempos. O Qur’an chega tentadoramente perto de admitir a posição cristã — aceita que os judeus prenderam Jesus e que pretendiam crucificá-lO, que alguém foi mesmo crucificado e que, para todos os efeitos, era idêntico a Jesus, e que todos os que permaneceram ao pé da cruz acreditaram que era Ele quem estava ali. Na verdade, a expressão “que isso lhes foi simulado” é um tanto imprecisa, e deu origem a algumas disputas entre os muçulmanos a respeito do que realmente aconteceu com Jesus. No entanto, há um consenso geral de que alguém foi transfigurado para ter a aparência física de Jesus, que foi crucificado no lugar dEle. Além disso, o Qur’an oferece outra inusitada coincidência: o dia em que a vida de Jesus na terra chega ao fim coincide com o dia que é narrado na Bíblia. Isso, ironicamente, dá à Teoria da Substituição o seu único crédito possível, pois ela termina a vida natural de Jesus no mesmo dia em que a História afirma que ela teve fim. Ainda, como veremos, essa teoria tem poucos fundamentos e pode ser contestada em vários níveis. O importante é responder à negação dos muçulmanos ao episódio da crucificação, inicialmente, pelo estabelecimento de fatos em comum entre o que a Bíblia e o Qur’an narram. O único objeto de disputa é se Jesus foi realmente crucificado (como ensina a Bíblia) ou se alguém foi morto em seu lugar (como sustenta o Qur’an). Uma vez montado o tabuleiro, fica muito mais fácil atingir o objetivo.

Uma análise crítica da Teoria da Substituição Não só o ensinamento do Qur’an sobre o que aconteceu naquele dia é contrangedoramente vago, como também a interpretação que os muçulmanos fazem dele, a Teoria da Substituição, é extremamente vulnerável em aspectos morais, e não sobrevive ao duro teste da análise crítica. Os seguintes pontos podem ser levantados no diálogo com os muçulmanos: 1. Por que Deus vitimaria um inocente? Se a intenção de Deus era salvar Jesus da morte, levando-O aos céus, porque alguém precisava ser crucificado? Não faz sentido! O próprio ato de substituir um

homem por outro é uma forma de disfarce para enganar os que estavam presentes, e não podemos aceitar que Deus tenha jamais feito tal coisa. Alguns muçulmanos dizem que Judas Iscariotes teria sido crucificado (para retirar a acusação de que um inocente teria sido crucificado), mas não há identificação de quem teria sido a vítima no lugar de Jesus no Qur’an. O fato é que, quem quer que tenha sido o substituto de Cristo, um inocente, que não devia responder pelos crimes dos quais Jesus supostamente seria culpado, sofreu o castigo. A escolha de Judas é um mero expediente para justificar o que Deus teria feito naquele dia. A Bíblia, no entanto, registra claramente o que aconteceu com Judas: quando viu que Jesus seria crucificado, enforcou-se por causa de seu remorso (Matue 27:5. Ver também Atos 1:18). 2. Deus não tinha consideração pela família de Jesus e Seus discípulos? A segunda objeção óbvia a essa teoria é o efeito que a crucificação teria nos que estavam reunidos ao pé da cruz. Maria, sua mãe; sua irmã Maria, mulher de Cléopas, e dois de Seus discípulos mais próximos, Maria Madalena e João, filho de Zebedeu, estavam “junto à cruz” (João 19:25). Se a pessoa crucificada assumiu as características físicas de Jesus, essas pessoas que estava ao pé da cruz presumiam que era realmente Ele quem estava ali pregado? Por que Deus fez essas pessoas mais próximas de Jesus passarem pela agonia de vê-lO morrer? Teria Deus permitido que a mãe de Jesus, reverenciada no islamismo como Bibi Maryam, a única mulher cujo nome é mencionado no Qur’an (Surata 3:36, 19:16), passasse por tanto sofrimento por causa de uma ilusão criada por Ele? É válido, neste ponto, dizer que Jesus dirigiu-se diretamente a Maria e a João enquanto estava na cruz: “Vendo Jesus sua mãe e junto a ela o discípulo amado, disse: ‘Mulher, eis aí teu filho’. Depois, disse ao discípulo: ‘Eis aí tua mãe’. Dessa hora em diante, o discípulo a tomou para casa.” (João 19:26 e 27) Este é apenas uma das sete falas de Cristo na cruz, mostrando que a pessoa crucificada não apenas se parecia fisicamente com Jesus, mas também falava como Ele. Só o próprio Jesus poderia mostrar tamanha compaixão pela sua mãe. Qualquer outra pessoa ficaria apenas gritando da cruz que era inocente, e que era vítima de um erro. Para chegarem à verdade, os muçulmanos precisam apenas reconhecer uma coisa: que foi o próprio Jesus quem foi crucificado naquele dia! 3. O cristianismo foi fundado com base num trote de Deus? A terceira objeção à teoria muçulmana é que, se o homem crucificado foi transfigurado para ser igual a Jesus, pode-se culpar Seus discípulos por pensarem que era Ele quem estava naquela cruz? Eles foram e pregaram o Cristo que havia sido crucificado, dispostos a entregar suas vidas à mensagem do Evangelho de que Jesus morrera para salvar o mundo do pecado. Eles encontraram essa fé num trote, numa ilusão criada deliberadamente pelo próprio Deus? A Teoria da Substituição faz de Deus a maior fonte de decepção da História da religião. A

ironia é que a própria teoria é que talvez seja a maior de todas as desilusões da História, uma desilusão que aprisionou centenas de milhões de muçulmanos por quatorze séculos. Sob uma análise mais cuidadosa, percebe-se que essa teoria está cheia de improbabilidades. É importante, quando se testemunha aos muçulmanos, enfatizar que a Bíblia ensina explicitamente que Jesus foi crucificado, que Ele morreu na cruz, e que ressuscitou dos mortos no terceiro dia. Estas declarações, feitas por um anjo a algumas das seguidoras de Jesus no dia da Sua ressurreição e pelo apóstolo Pedro a milhares de judeus, resumem estas grandes verdades: “... sei que buscais Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui; ressuscitou, como tinha dito. Vinde ver onde ele jazia. Ide, pois, depressa e dizei aos seus discípulos que ele ressuscitou dos mortos” (Mateus 28:5 a 7) “[Este Jesus,] sendo entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus, vós o mataste, crucificando-o por mãos de iníquos; ao qual, porém, Deus ressuscitou, rompendo os grilhões da morte; porquanto não era possível fosse ele retido por ela.” 8 (Atos 2:23 e 24) Deus é glorificado no Evangelho cristão. A crucificação, morte e ressurreição de Jesus Cristo, Seu único Filho, é a maior evidência do Seu amor por nós. É a porta para a vida eterna, a fonte do nosso perdão completo e redenção final. A teoria dos muçulmanos de que alguém teria sido crucificado no lugar de Jesus, ao contrário, não faz sentido, por fazer com que o evento da crucificação não tenha nenhum outro propósito aparente senão transformar em vítima um inocente, traumatizar os seguidores de Jesus, além de resultar numa religião que se baseia numa falácia — tudo arquitetado por Alá. É mesmo muito improvável!

4.5 A Teoria do Desmaio dos apologistas muçulmanos Muçulmano: Pode ser demonstrado através da Bíblia que, mesmo se foi Jesus quem estava naquele cruz, ele não morreu nela, mas foi retirado vivo, desmaiado. Mais tarde, ele se recuperou e apareceu a muitas pessoas — daí a ilusão de que ele teria ressuscitado dos mortos. A natureza indefensável da Teoria da Substituição e sua óbvia fragilidade levaram alguns autores muçulmanos a atacar os registros bíblicos da crucificação de Cristo, tentando provar aquilo que se conhece hoje como a Teoria Alternativa do Desmaio. É uma heresia antiga, adotada inicialmente pelo ramo islâmico Ahmadiyya através dos ensinamentos do seu profeta, Mirza Ghulam Ahmad, que viveu na Índia no século XIX. É importante saber que, em 1974, seguidores do Movimento Ahmamdiyya foram declarados não-muçulmanos no Paquistão. Sua teoria, no entanto, foi ocasionalmente adotada por importantes autores 8 N.T.: ênfases do autor.

muçulmanos como um meio conveniente de combater o Evangelho cristão.

Evidências típicas usadas pela Teoria Ahmadiyya Ignorando convenientemente todas as afirmações nos evangelhos de que Jesus realmente morreu na cruz, esses autores atêm-se a certas passagens, distorcendo-as do seu contexto e reinterpretando-as de modo a sugerir que Jesus sobreviveu à cruz. Vamos considerar alguns exemplos proeminentes: 1. Jesus orou para que Deus o salvasse da morte No Jardim do Getsêmani, logo após ter sido preso, Jesus orou: “Pai, se queres, passa de mim este cálice; contudo não se faça a minha vontade, mas sim a tua.” (Lucas 22:42), e, como resposta à Sua oração um anjo foi enviado para confortálO (Lucas 22:43). Argumentam que Jesus estava relutante em morrer, e que o anjo foi enviado para confortá-lO porque Ele seria salvo da morte. É difícil ver como Jesus poderia ser confortado pela idéia de que, depois de sofrer os horrores da crucificação até chegar à beira da morte, seria salvo porque, para todos os efeitos, ele pareceria estar morto quando O tirassem da cruz. Aqui, até a Teoria da Substituição faz mais sentido! Não é mais lógico imaginar que, se Deus quisesse salvá-lO da morte, teria livrado-O completamente do sofrimento? Por que salvá-lO somente depois de um atraso desnecessário e trágico? A qualquer momento, Jesus poderia ter fugido de Jerusalém naquela noite, evitando ser preso, uma vez que sabia exatamente o que Judas Iscariotes estava tramando contra Ele (João 18:4). Jesus recuou ante a perspectiva de ser separado de Seu Pai ao tomar a ira de Deus contra os nossos pecados sobre Si, um medo santo que o fez suar sangue (Lucas 22:44). A própria perspectiva de ser abandonado pelo Pai, e de ser deixado no mundo do pecado e suas conseqüências, fez com que Jesus, momentaneamente, hesitasse em pânico, ainda que Ele tivesse se submetido à vontade de Seu Pai. A força que o anjo Lhe deu era para que Ele tivesse condições de suportar o martírio sem paralelo que se seguiria. A gloriosa ressurreição de Jesus, três dias depois, foi um livramento ainda maior. 2. O centurião não se certificou de que Jesus estava morto Os muçulmanos fazem muito barulho porque, quando os soldados romanos vieram quebrar as pernas dos três homens que haviam sido crucificados naquele dia, não tocaram em Jesus, pois viram que ele já estava morto (João 19:33). Argumenta-se que eles basearam-se apenas na sua percepção, e que não procuraram ter certeza de que Jesus havia realmente morrido. Contudo, os soldados nunca deixariam passar algo desse tipo, seja por descuido ou por se deixarem levar pelas impressões. Veja a passagem a seguir: “Mas Pilatos admirou-se de que ele já tivesse morrido. E, tendo chamado o centurião, perguntou-lhe se havia muito que morrera. Após certificar-se, pela

informação do comandante, deu o corpo a José.” (Marcos 14:44 e 45) O governante romano ficou bem satisfeito em aceitar a confirmação dada pelo centurião, porque seria fatal para qualquer soldado romano cometer um erro numa situação como essa. Quando o apóstolo Pedro escapou da prisão, pouco tempo depois, na mesma cidade, os soldados que haviam recebido a incumbência de guardá-lo foram sumariamente executados (Atos 12:19). Quando um carcereiro supôs que Paulo e Silas haviam escapado, “puxando da espada, ia suicidar-se” (Atos 16:27). Permitir que um prisioneiro escapasse era punido com a morte — o que esperaria um centurião que permitisse que um condenado escapasse porque não haviam se certificado de que ele estava morto? Ninguém era uma testemunha mais confiável do que ele no que se refere à morte de Cristo na cruz! De fato, um dos soldados abriu o flanco do corpo de Jesus com uma espada (João 19:34), para ter certeza de que Ele havia morrido. Só esse ferimento já seria suficiente para matá-lO.

3. Os judeus duvidaram que Jesus estava morto Outro argumento típico é de que os líderes judeus estavam preocupados porque Jesus ainda estava vivo depois de ter sido retirado da cruz, e foram pedir a Pilatos que a tumba fosse selada, a fim de impedir que ele escapasse. O argumento é baseado na fala dos líderes ao governador: “Senhor, lembramo-nos de que aquele embusteiro, enquanto vivia, disse: ‘Depois de três dias ressuscitarei’.” (Mateus 27:63) Outra vez, o argumento ignora, convenientemente, afirmações claras presentes no contexto que mostram que, longe de acreditar que Jesus pudesse recobrar sua saúde, os judeus estavam preocupados com a possibilidade de que os discípulos de Jesus viessem roubar seu corpo, para, depois, proclamarem que Ele havia ressuscitado dos mortos (Mateus 27:64). Há dois pontos que tornam óbvio o que eles realmente queriam. O primeiro é que eles citam o que Jesus havia dito “enquanto vivia”, implicando no fato de que eles reconheciam que Ele estava agora morto. Em segundo lugar, eles agiam de modo a impedir uma profecia dita por Jesus, mais precisamente a de que, depois de morto, Ele ressuscitaria após três dias (Lucas 9:22). A Teoria do Desmaio não tem nenhum fundamento. Baseia-se no que está nas entrelinhas (o que alguns proponentes muçulmanos até admitem) ao invés de um exame cuidadoso do que as linhas em si dizem. A teoria serve apenas para um propósito, que é mostrar o quanto a Teoria da Substituição é embaraçosa para muitos muçulmanos, e até que ponto eles chegam para atacar os relatos bíblicos para não precisarem dela. 4.6 O que era realmente o sinal de Jonas?

Muçulmano: Jesus falou sobre o sinal de Jonas, o único sinal que Ele estava preparado para dar aos judeus. No entanto, é óbvio que Jonas não morreu no estômago do peixe, e que Jesus não ficou três dias e três noites no túmulo, como disse que faria. Os muçulmanos agarram-se ao sinal de Jonas para prolongar a sobrevida da Teoria do Desmaio, e ao mesmo tempo para desafiar o paralelo que Jesus fez entre o tempo que Jonas havia passado nas profundezas do oceano e o tempo que Ele ficaria nas profundezas da terra. Vamos considerar os dois argumentos que eles produzem, especialmente por serem bastante comuns no mundo muçulmano.

Jesus estava vivo ou morto na sepultura Ninguém duvida que Jonas estava vivo durante o seu martírio, e nem foi sugerido que ele ressuscitou dos mortos quando foi lançado em terra seca. Assim, dizem os muçulmanos, Jesus também deveria estar na sepultura, mas vivo, até que a pedra fosse removida. Senão, como Jesus poderia usar a experiência de Jonas como um sinal da sua própria ressurreição dentre os mortos? Quando se lê a frase completa de Jesus, no entanto, fica óbvio que a semelhança era restrita ao fator tempo: “Porque assim como esteve Jonas três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim o Filho do homem estará três dias e três noites no coração da terra.” (Mateus 12:40) É muito claro que a semelhança era devida apenas pelo tempo que ambos passaram longe dos olhos do povo, depois do qual era muito improvável uma reaparição — Jonas passou os três dias num peixe, e Jesus na sepultura. O importante é apenas o período de tempo de três dias e três noites. Não se pode querer expandir a declaração de Jesus para que ela inclua também o estado em que cada um permaneceu, ou seja, para dizer que “se Jonas permaneceu vivo, então Jesus também devia estar vivo durante esse tempo”. Tudo fica ainda mais evidente se observarmos outra declaração semelhante de Jesus, onde, novamente, no contexto da Sua crucificação próxima, Ele traça uma comparação entre Sua morte iminente e um episódio narrado no Velho Testamento: “E do modo por que Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado.” (João 3:14) Aqui, a semelhança está restrita apenas ao estado de ser levantado, a serpente numa haste e Jesus na cruz. A primeira havia sido levantada entre o povo, para curar os judeus mordidos por serpentes; o segundo, para curar as nações escravas do pecado. Neste caso, no entanto, a serpente era um objeto de metal.

Nunca esteve viva. Estava morta quando foi pregada à haste, bem como quando foi retirada dela. Se aplicarmos a mesma lógica muçulmana aqui, significa que Jesus deveria obrigatoriamente estar morto antes mesmo de ser pregado na cruz! Fica patente que, em cada caso, o estado do que é comparado a Cristo não é relevante ao ponto que Jesus queria ressaltar. A semelhança era confinada somente ao ponto de similaridade que era mencionado — no caso de Jonas, o período de tempo de três dias e três noites, e no caso da serpente de bronze, a ação de levantá-la.

Os três dias e as três noites É consenso universal entre os cristãos, com raras exceções, que Jesus foi crucificado numa sexta-feira, e que ressurgiu na manhã do domingo seguinte. Os muçulmanos alegam que, se assim tivesse ocorrido, o sinal de Jonas não teria sentido, porque Jonas passou três dias e três noites no ventre do peixe. Jesus ficou apenas duas noites (de sexta-feira para sábado, e sábado até o domingo), como atesta a matemática mais elementar, na sepultura, e também mal chega a três dias. O período de tempo de três dias e noites compreende 72 horas, mas Jesus não teria ficado mais de 33 horas no túmulo (das 15h da sexta-feira até as 6h da manhã do domingo). O que escapa a esses muçulmanos é uma grande diferença entre a linguagem oral hebraica do primeiro século, e a do nosso português do século XX. Naquela época, os judeus contavam cada parte do dia como um dia completo quando calculavam períodos consecutivos de tempo. Jesus foi colocado no seu túmulo na sexta, permaneceu lá durante todo o sábado, e só saiu pouco antes da alvorada do domingo. Como o domingo começava no pôr-do-sol do fim de tarde anterior no calendário judeu, Jesus esteve na sepultura por três dias, de acordo com o cálculo dos judeus da época. A questão é por que existem apenas duas noites entre os três dias. É preciso entender os coloquialismos do hebraico antigo. A expressão três dias e três noites não teria lugar no português moderno. Seu sentido, portanto, deve ser procurado no contexto em que era utilizado no hebraico do século I d.C. Hoje, diríamos: “Ficarei fora da cidade por duas semanas”, ou “por quinze dias”, mas sem a intenção de que isso seja uma medida precisa de quinze dias e quinze noites. Nesse sentido, a Bíblia utiliza-se desta expressão em vários momentos: Moisés jejuou por quarenta dias e quarenta noites no deserto (Êxodo 24:18), enquanto que os amigos de Jó sentaram-se com ele por “sete dias e sete noites” durante sua doença (Jó 2:13). Nenhum judeu diria “três dias e duas noites”, ou “sete dias e seis noites”, mesmo se este fosse o período de tempo exato ao qual ele estivesse se referindo. Foi uma medida geral e imprecisa de três dias de que Jesus estava falando e, por acaso, o mesmo tempo que Jonas passou debaixo do mar.

Um ótimo exemplo disso é encontrado no Velho Testamento, quando a rainha Ester ordena que ninguém coma por “três dias, nem de noite e nem de dia” (Ester 4:16), mas, no terceiro dia, depois de apenas duas noites, ela vai até a residência do rei e o jejum termina. A expressão três noites e três dias era um coloquialismo judeu, que significava qualquer período de tempo que compreendesse três dias. Isso fica bastante óbvio a partir da maneira como os judeus reagiram à declaração de Jesus, assim que Ele havia sido sepultado. Quando falaram com Pilatos, lembraram que Jesus havia dito que ressuscitaria depois de três dias, e pediram que ele desse segurança à sepultura até o terceiro dia (Mateus 27:64). Isso aconteceu uma noite depois, no dia seguinte à crucificação (sábado); por isso, insistiram para que o governador agisse imediatamente. Hoje, nós entenderíamos a declaração de Jesus de que Ele ressurgiria depois de três dias como se a ressurreição fosse ocorrer no quarto dia. Os judeus, no entanto, conhecendo seus próprios coloquialismo, entenderam que Jesus ressuscitaria no terceiro dia, ou seja, no domingo, depois de transcorridas somente duas noites. Por isso é que eles mostravam preocupação quanto a segurança da sepultura até o terceiro dia. Sabiam que Ele não quis dizer que ficaria sepultado por 72 horas, mas sim por parte de um período de três dias. O importante é interpretar o que foi dito no contexto dos termos do século I d.C., e não segundo a nossa linguagem oral contemporânea. Quando os discípulos de Jesus anunciavam que Jesus havia ressuscitado dos mortos ao terceiro dia (Atos 10:40), ninguém colocou em dúvida o testemunho dizendo que havia contradição entre o tempo realmente transcorrido e a afirmação de Jesus. Concluindo, é preciso dizer que, quando os muçulmanos enveredam por este assunto do sinal de Jonas, cria-se uma maravilhosa oportunidade de testemunho do que ele na verdade significa: um símbolo da crucificação, morte e ressurreição de Jesus dos mortos no terceiro dia.

Capítulo Cinco

Maomé na Bíblia? Argumentos dos muçulmanos a partir de textos bíblicos

5.1 O profeta como Moisés de Deuteronômio 18 Muçulmano: Na Tawraat original, havia várias profecias a respeito da vinda do nosso santo Profeta. Uma delas sobreviveu, e pode ser encontrada em Deuteronômio 18, onde Moisés indubitavelmente fala da vinda de outro profeta que seria como ele. Um dos mais eloqüentes argumentos levantados pelos muçulmanos em debates com cristãos é a alegação de que Maomé é objeto de profecia na Bíblia. A questão deriva de uma passagem do Qur’an, que levou acadêmicos muçulmanos, desde os primórdios do islamismo, a procurar por passagens, tanto no Velho quanto no Novo Testamento, que provassem que a vinda do seu Profeta foi de fato predita por profetas mais antigos. Alguns dos livros muçulmanos escritos a este respeito citam várias passagens de todo o Velho Testamento, bem como uma ou duas do Novo, mas, no diálogo do dia-a-dia com os muçulmanos, só são encontrados dois exemplos mais proeminentes, e são estes que serão considerados neste capítulo. O versículo do Qur’an é: “São aqueles que seguem o Mensageiro, o Profeta iletrado, o qual encontram mencionado em sua Tora e no Evangelho” (Surata 7:157) Em ambos os casos, os cristãos irão descobrir que não há como duvidar de que as passagens referem-se, respectivamente, a Jesus e ao Espírito Santo.

Os argumentos muçulmanos pelo Profeta “semelhante” a Moisés A primeira das profecias que eles dizem ser sobre o Profeta deles é encontrada no trecho a seguir, no qual Deus dirige-se a Moisés: “Suscitar-lhes-ei um profeta do meio de seus irmãos, semelhante a ti, em cuja boca porei as minhas palavras, e ele lhes falará tudo o que eu lhe ordenar” (Deuteronômio 18:18) O primeiro argumento é que Maomé seria o profeta que é prometido, porque ele era semelhante a Moisés de uma maneira que nenhum dos outros profetas foi.

Como os cristãos, por outro lado, afirmam que a profecia refere-se a Jesus, os muçulmanos rebatem dizendo que não se deve considerar quaisquer outros possíveis profetas candidatos, mas apenas traçar uma comparação entre Moisés, Jesus e Maomé. As alegações são, geralmente, as seguintes: 1. Moisés e Maomé tiveram vidas normais em todos os aspectos Suas vidas seguiram perfeitamente o curso normal, o que não se pode dizer de Jesus, cuja vida, a cada momento, apresentava características únicas ou inusitada. Ambos tiveram pai e mãe, enquanto que Jesus nasceu de uma virgem e não tem um pai humano. Ambos morreram de causas naturais em idade avançada. Jesus, porém, de acordo com a Bíblia, morreu tragicamente com apenas trinta e três anos. Moisés e Maomé casaram-se; Jesus permaneceu solteiro durante toda a vida. Portanto, Maomé seria o profeta prometido que era semelhante a Moisés. 2. Moisés e Maomé foram líderes dos seus povos Nos últimos anos de suas vidas, depois de inicialmente serem rejeitados, respectivamente, por judeus e árabes, Moisés e Maomé tornaram-se os líderes políticos e religiosos das suas nações. Quando morreram, ocupavam o cargo de chefe sem oposição, enquanto que Jesus tinha apenas um punhado de seguidores no fim da vida, tendo sido rejeitado pelo chefe dos sacerdotes e pelo povo. 3. Ambos os seus sucessores conquistaram a terra da Palestina Logo após morrerem, os sucessores de Moisés e de Maomé comandaram exércitos que invadiram a Palestina e a conquistaram. Josué conquistou a terra de Canaã, como era então chamada, onde os judeus se estabeleceram no que iria mais tarde se tornar no território de Israel, enquanto que Umar, o segundo Califa depois de Maomé, conquistou a mesma terra para o Islã e estabeleceu os muçulmanos árabes nas terras onde vivem até hoje. Jesus, no entanto, foi expulso de Jerusalém e morto pelos romanos, que continuaram a dominar aquela terra por séculos. Argumentos semelhantes também são usados para provar que era a vinda de Maomé que estava sendo prevista, e não a de Jesus.

Características principais do profeta especial que estava por vir As provas apresentadas pelos muçulmanos não chegam nem perto da questão principal. Moisés foi um profeta especial, comissionado para introduzir uma aliança entre Deus e o povo de Israel. O profeta anunciado por Deus a Moisés, a quem ele seria semelhante, teria, obviamente, que possuir algumas características distintivas e que o tornasse mais parecido com Moisés do que

qualquer outro profeta. Os cristãos podem argumentar, de modo análogo aos muçulmanos, que tanto Moisés quanto Jesus saíram do Egito para cumprir seus ministérios, o que Maomé nunca fez. “Pela fé, ele abandonou o Egito”, diz a Bíblia a respeito de Moisés (Hebreus 11:27), e sobre Jesus, Deus diz: “Do Egito chamei o meu Filho.” (Mateus 2:15). Contudo, quais eram as características distintas de Moisés como profeta? Vamos analisá-las. 1. Moisés era o mediador de uma aliança No mesmo trecho em que está a profecia que estamos discutindo, Deus diz ao povo de Israel que Ele iria levantar em favor deles um profeta semelhante a Moisés, “segundo tudo o que pediste ao Senhor, teu Deus, em Horebe, quando reunido o povo: ‘Não ouvirei mais a voz do Senhor, meu Deus, nem mais verei este grande fogo, para que não morra’” — nessa ocasião, o povo rogou a Deus que somente lhes falasse através de um mediador (Deuteronômio 18:16). Moisés mediou uma aliança entre Deus e o povo, quando, depois dos dez mandamentos e outras leis lhes terem sido enviadas, o Livro da Lei e o povo foram aspergidos com sangue de bezerros e bodes, bem como o tabernáculo e os utensílios usadas no culto, dizendo: “Este é o sangue da aliança, a qual Deus prescreveu para vós outros.” (Hebreus 9:20). 2. Moisés viu a Deus face a face Moisés tinha um relacionamento peculiar com Deus. Durante quarenta anos, o Deus imutável falou com ele diretamente, diferente de tudo que todos os outros profetas que o precederam ou sucederam experimentaram. A Bíblia diz: “Falava o Senhor a Moisés face a face, como qualquer fala a seu amigo” (Êxodo 33:11) O Qur’an confirma esse relacionamento especial, dizendo: “...e Deus falou a Moisés diretamente” (Surata 4:164), contrastando com um outro verso que diz: “É inconcebível que Deus fale diretamente ao homem, a não ser por revelações, ou veladamente, ou por meio de um mensageiro” (Surata 42:51). Precisamos, portanto, procurar por um profeta que tinha um relacionamento tão particular com Deus quanto Moisés. 3. Moisés fez grandes sinais e maravilhas Por muitos anos, Moisés fez vários milagres, como as pragas no Egito, a abertura do Mar Vermelho e o maná, que todos os dias caía do céu. Não se pode dizer de nenhum profeta que seja semelhante a Moisés se ele não for capaz de fazer milagres similares. Já vimos antes que Maomé não fez nenhum milagre durante sua vida, de acordo com o Qur’an e com a acusação que lhe faziam os árabes pagãos durante o tempo da sua missão: “Por que não lhe foi concedido o mesmo que foi concedido a Moisés?” (Surata 28:48)

Simplificando, o argumento é que, se Maomé fosse mesmo o grande profeta que ele se dizia ser, por que então ele não era igual a Moisés no que se refere às suas características mais importantes como profeta? Maomé não mediou nenhuma aliança, não viu Deus face a face (o Qur’an, segundo os registros da Hadith e a Surata 2:97, foi transmitida a Maomé apenas através do anjo Jibril) e nem realizou milagres. Portanto, ele não tem o perfil do profeta prometido em Deuteronômio 18:18. Este versículo, descrevendo o ministério de Moisés no fim da sua vida, destaca algumas particularidades do seu ministério profético: “Nunca mais se levantou em Israel profeta algum como Moisés, com quem o Senhor houvesse tratado face a face, no tocante a todos os sinais e maravilhas que, por mando do Senhor, fez na terra do Egito, a Faraó, a todos os seus oficiais e a toda a sua terra” (Deuteronômio 34:10 e 11) Não é difícil perceber, a partir desta passagem, que o profeta que estava por vir e que seria semelhante a Moisés poderia ser identificado, ao menos, pela seu relacionamento próximo e direto com Deus, bem como pelos sinais e maravilhas que acompanhariam seu ministério. Esse profeta só pode ser Jesus, como veremos no próximo item.

5.2 Jesus, o profeta prometido de Moisés Muçulmano: Que evidências vocês apresentam para defender que Jesus era o profeta que foi prometido por Deus quando falava a Moisés? Ele foi um grande profeta, mas sua missão parece ter se encerrado, sem cumprir seus objetivos, depois de poucos anos. Ele não tem a mesma grandeza que Moisés e Maomé. É importante, logo de início, salientar que a Bíblia aplica expressamente a profecia contida em Deuteronômio 18:18 a Jesus em duas ocasiões. O apóstolo Pedro, proclamando que Deus havia predito a vinda de Jesus através de todos os profetas, cita o texto em questão como prova de Moisés, como profeta, teria falado sobre Jesus (Atos 3:22). Estevão, o primeiro mártir do cristianismo, também apelou para o mesmo texto para provar que Moisés havia anunciado “a vinda do Justo” (Atos 7:52), Jesus, a quem os líderes dos judeus tinham traído e crucificado (Atos 7:37). A seguir, veremos como Jesus se enquadra nas três principais características de Moisés que analisamos anteriormente.

O mediador da nova aliança Às vezes, os muçulmanos tentam mostrar que Jesus, por ser, de acordo com a crença cristã, o Filho de Deus, não poderia ser considerado um profeta como os outros. Contudo, há muitas passagens em que Jesus chama a si mesmo de profeta (por exemplo, Matues 13:57), e também de Filho de Deus (João 10:36). Assumir a forma humana para proclamar a Palavra de Deus, como fizeram os

outros profetas, faz dele um profeta na acepção verdadeira da palavra. Vamos olhar por que Ele era o profeta semelhante a Moisés. 1. Jesus também foi mediador de uma aliança Nos tempos do profeta Jeremias, muitos séculos depois de Moisés, mas muito antes do nascimento de Jesus, Deus prometeu que uma nova aliança entre Ele e o Seu povo. Como a nação de Israel havia rejeitado sistematicamente as Suas leis, Deus considerou que a aliança original feita com Moisés havia se tornado obsoleta, mas prometeu que Ele começaria um relacionamento especial com o Seu próprio povo, perdoando seus pecados e escrevendo as Suas nos corações (Jeremias 31: 31 a 34). O Novo Testamento atesta que Jesus é o mediador desta aliança (Hebreus 9:15). Sobre a ratificação da primeira aliança, lemos: “Então, tomou Moisés aquele sangue, e o aspergiu sobre o povo, e disse: ‘Eis aqui o sangue da aliança que o Senhor fez convosco a respeito de todas estas palavras’.” (Êxodo 24:8) Como a primeira aliança havia sido mediada por Moisés, e ratificada com sangue, era de se esperar que o profeta que fosse o verdadeiro sucessor de Moisés fizesse a mesma coisa. Assim, logo após Sua morte na cruz, Jesus disse: “Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim.” (1 Coríntios 11:25) 2. Jesus também viu a Deus face a face Do mesmo modo que Moisés conhecia a Deus diretamente, e se comunicava pessoalmente com Ele durante seu ministério, também Jesus podia dizer: “ Eu o conheço, porque venho da parte dele e fui por ele enviado” (João 7:29). Em muitas outras ocasiões, Ele explicitou que havia visto Deus face a face, conforme diz nestas palavras: “Não que alguém tenha visto o Pai, salvo aquele que vem de Deus; este o tem visto” (João 6:46). A comparação mais eloqüente a respeito disso é encontrada em dois trechos que falam do efeito desse relacionamento próximo que Moisés e Jesus mantinham com Deus. O primeiro conta o que aconteceu quando Moisés falou diretamente com Deus: “... quando desceu do monte, não sabia Moisés que a pele do seu rosto resplandecia, depois de haver Deus falado com Ele.” (Êxodo 34: 29) Do momento em que a imagem invisível de Deus foi revelada através de Jesus, a quem Deus se referiu como sendo Seu Filho amado, lemos: “E foi transfigurado diante deles; o seu rosto resplandecia como o sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz.” (Mateus 17:2) Nenhum outro profeta teve tamanha distinção. Ninguém mais viu Deus face a face, de maneira que seu rosto brilhasse pela comunhão com Ele. Certamente,

não existem evidências em lugar algum do Qur’an, ou em qualquer outro registro muçulmano, de que Maomé tenha sequer tido um fiapo de experiência semelhante. Mesmo a história de al-Mir’aj, a sua suposta ascensão aos céus, não traz nada a respeito de um brilho no seu rosto. 3. Jesus também fez grandes milagres Existem muitas histórias dos grandes relatos que Jesus fez durante a sua vida, mas, outra vez, estabelecer um paralelo direto com Moisés ajudará a enfatizar a semelhança entre eles. Ambos demonstraram que tinham poder para controlar o mar, um feito inédito entre os outros profetas. “Então, Moisés estendeu a mão sobre o mar, e o Senhor, por um forte vento oriental que soprou toda aquela noite, fez retirar-se o mar, que se tornou terra seca, e as águas foram divididas.” (Êxodo 14:21) Outros profetas depois de Moisés controlaram rios (Josué 3:13, 2 Reis 2:14), mas nenhum se aproximou do grande milagre de Moisés no Mar Vermelho, até Jesus, que se levantou uma noite no Mar da Galiléia e acalmou uma tempestade com apenas duas palavras: “Acalma-te, emudece!” (Marcos 4:39). Seus discípulos exclamaram: “Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?” (Mateus 8:27) Um dos maiores milagres de Moisés foi alimentar o povo de Israel no deserto com um pão conhecido como maná, que chegava dos céus todos os dias. Quando os judeus viram Jesus alimentar cinco mil pessoas, sem contar mulheres e crianças, tendo em mãos apenas cinco pães e dois peixes, multiplicando-os para que todos comessem e ainda sobrasse o suficiente para encher doze cesto, lembraram-se imediatamente da profecia de Moisés. “Vendo, pois, os homens o sinal que Jesus fizera, disseram: ‘Este é, verdadeiramente, o profeta que devia vir ao mundo’.” (João 6:14) Quando viram o sinal, eles declararam que Jesus era o profeta, o semelhante a Moisés que havia sido prometido em Deuteronômio 18:18. Não há dúvidas, diante destas evidências, de que Jesus é o profeta cuja vinda foi predita por Moisés, e não Maomé. As características singulares da Sua vida, em particular as especificadas em Deuteronômio 34:10 e 11 que O identificam como o profeta que estava por vir, provam conclusivamente que aquele que Deus havia prometido ao povo de Israel era Jesus. 5.3 O profeta do meio de seus irmãos Muçulmano: Foi prometido um profeta que viria dos “irmãos” dos israelitas. Abraão teve dois filhos, Isaque e Ismael, cuja descendência deu origem aos ismaelitas. Maomé descendia de Ismael, e portanto ele é o profeta prometido.

Este é um dos argumentos favoritos dos muçulmanos para provar que o profeta prometido em Deuteronômio 18:18 era Maomé. Eles enfatizam a expressão “de teus irmãos”, assumindo os “irmãos” dos israelitas da profecia como nação. Uma breve pesquisa no contexto da passagem mostra, de maneira bastante conclusiva, que o termo não se refere aos ismaelitas.

A linhagem dos levitas A profecia de Deuteronômio 18:18 está inserida num contexto maior de um discurso de Deus, em que Ele dá a Moisés algumas diretrizes sobre a condução do povo de Israel no futuro, quando alcançassem a terra prometida, especialmente no que diz respeito as levitas, a tribo dos sacerdotes. Uma rápida consulta aos dois primeiros versos do capítulo dezoito revelará sobre quem Deus estava falando quando disse que lhes daria um profeta do meio deles: “Os sacerdotes levitas e toda a tribo de Levi não terão parte nem herança em Israel (... ) Pelo que [eles] não terão herança no meio de seus irmãos.” (Deuteronômio 18:12) É absolutamente nítido que o pronome eles refere-se a levitas, e que seus irmãos, em outras palavras, são as outras tribos de Israel. Nenhuma interpretação honesta pode chegar a outra conclusão. Logo, a interpretação de Deuteronômio 18:18 deve ser: “Suscitar-lhes-ei [aos levitas] um profeta do meio de seus irmãos [as outras onze tribos de Israel]”. Portanto, a passagem não faz nenhuma referência aos ismaelitas, e a profecia, inequivocamente, não se aplica a Maomé, o Profeta do Islã. É interessante notar que, dentro do Velho Testamento, a expressão “seus irmãos” ocorre com freqüência, e sempre significando as outras tribos de Israel que não aquela que foi mencionada. Um exemplo típico encontra-se no seguinte versículo, onde não há nenhuma dúvida sobre de quem são os irmãos: “... porém Benjamim não quis ouvir a voz de seus irmãos, os filhos de Israel.” (Juízes 20:13) Aqui, “seus irmãos” foi usado especificamente para designar os outros membros da nação de Israel que não pertenciam à tribo de Benjamim. Do mesmo modo, Deuteronômio 18:18 usa a mesma expressão para se referir às outras tribos que não a de Levi. Em outro trecho, lemos o que Moisés disse ao povo de Israel: “... estabelecerás, com efeito, sobre ti como rei aquele que o Senhor, teu Deus, escolher; homem estranho, que não seja dentre os teus irmãos, não estabelecerás sobre ti e sim um dentre eles.” (Deuteronômio 17:5) Só um entre os doze irmãos israelitas podia ser apontado como rei sobre a nação. Não lhes era permitido coroar um estrangeiro, como um ismaelita, para que

reinasse sobre eles. Em Deuteronômio 18:18, o princípio é reforçado: o grande profeta viria do meio dos “seus irmãos”, e portanto seria um israelita, mas não da tribo de Levi. Na Europa, durante muitos séculos, foi costume ter monarcas vindos de várias nações, a fim de manter um relacionamento mais próximos entre vários países. Príncipes alemães, ingleses, franceses e gregos casaram-se com princesas ou mulheres da realeza de países diferentes. Em Israel, no entanto, havia um mandamento expresso ao povo para que não coroassem ninguém de outra nação sobre eles, pois haviam sido separados como povo de Deus, diferentes das nações pagãs vizinhas.

Jesus, o profeta do meio dos seus irmãos Temos alguma evidência, contudo, para provar que Jesus se encaixa na descrição do profeta prometido neste contexto particular? O Novo Testamento registra que Jesus pertencia à tribo de Judá pela linhagem de Davi. Está escrito que ele descenda de “Judá, filho de Jacó” (Luca 3:34) e, em outra passagem, lêse que “(...) é evidente que nosso Senhor procedeu de Judá” (Hebreus 7:14). Jesus, portanto, é inquestionavelmente aquele que viria de uma das onze tribos de Israel que não a de Levi. Junto com as outras evidências que apresentamos, não há como duvidar que Ele é o profeta prometido em Deuteronômio 18:18. Maomé não atende a nenhum dos critérios vitais para a posição. Outros argumentos dos muçulmanos em favor de Maomé também não sobrevivem a um exame mais minucioso. Deus disse que colocaria as Suas palavras na boca daquele que seria o profeta, e os muçulmanos dizem que a profecia se cumpriu quando o Qur’an foi revelado a Maomé, que o transmitiu aos seus seguidores. De acordo com o islamismo, no entanto, foram reveladas de maneira semelhante a Tawraat, a Moisés; o Zabur, a Davi; e o Injil, a Jesus. Portanto, todos eles teriam recebido as palavra de Deus em suas bocas. Deus também disse a Jeremias: “Eis que ponho na tua boca as minhas palavras.” (Jeremias 1:9). Igualmente, Deus disse a Moisés que o profeta falaria ao povo tudo o que ele ordenasse. Jesus disse certa vez aos seus discípulos: “Porque eu não tenho falado por mim mesmo, mas o Pai, que me enviou, esse me tem prescrito o que dizer o que anunciar.” (João 12:49) Os muçulmanos não têm como provar, pelo contexto da profecia, que Maomé era o profeta que foi prometido em Deuteronômio 18:18. Outro argumento concentra-se na questão que os judeus fizeram certa vez a João Batista, depois que ele negara ser o Cristo (na verdade, perguntaram-lhe se ele era Elias ou o profeta prometido — ver João 1:21). Os muçulmanos defendem-se dizendo que os judeus fizeram uma distinção entre Elias, o Cristo e o profeta, os quais eram, na ordem, João Batista, Jesus e Maomé.

No entanto, não se pode fazer nenhuma conclusão a partir das especulações dos judeus. Em outra ocasião, eles disseram a Jesus: “Este é verdadeiramente o profeta” (João 7:40). Numa outra oportunidade, concluíram que Ele era “algum dos profetas” (Mateus 16:14); ou que era “um dos profetas” (Marcos 6:15), sem contar que pensaram que Jesus podia ser Elias (Marcos 6:15) ou ainda o próprio João Batista (Mateus 16:14). Não há como concluir nada destes palpites. Contudo, não há como hesitar, frente às considerações feitas, em dizer que Jesus Cristo, e não Maomé, era o profeta prometido na profecia de Moisés em Deuteronômio 18:18.

5.4 A promessa de Jesus de mandar o Consolador Muçulmano: De acordo com a sua Bíblia, Jesus não falou de outro profeta que viria depois dele, a quem chamou de Consolador? Esta é uma profecia óbvia a respeito da vinda do nosso santo profeta Maomé. O próprio Qur’an confirma a profecia. A maior de todas as apostas dos muçulmanos é a de que a vinda de Maomé foi prevista na Bíblia quando Jesus prometeu aos Seus discípulos que Ele seria sucedido por outra pessoa enviada por Deus, o Consolador, que os guiaria em toda a verdade — promessa que foi registrada quatro vezes no evangelho de João. Desde os primeiros séculos do islamismo, os acadêmicos muçulmanos esforçam-se para conseguir provar que o Consolador era Maomé, o Profeta do Islã. De todos os desafios com que os cristãos se deparam no testemunho aos muçulmanos, este é, sem dúvida, o mais freqüente. Ainda assim, os cristãos encontram aqui oportunidades tremendas para compartilhar a respeito do verdadeiro Consolador, o Espírito Santo, que completa a obra redentora de Jesus, ao mesmo tempo em que rebatem os seus argumentos.

Os argumentos muçulmanos sobre o Consolador Os muçulmanos acreditam ter, nos textos abaixo, provas de que Maomé foi claramente mencionado por Jesus, instigados pelo texto do Qur’an que afirma que a vinda de Maomé foi profetizada tanto no Injil quanto na Tawraat (Surata 4:157): “... mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as cousas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito.” (João 14:26) “Mas eu vos digo a verdade: comvém-vos que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá para vós outros; se porém, eu for, eu vo-lo enviarei.” (João 16:7)

Ambos os versículos são parte de um imenso discurso de Jesus, na última noite que passou com seus discípulos antes da Sua crucificação. Em duas outras ocasiões no mesmo discurso, Ele fala novamente do Consolador que viria (João 14:16; 15:26). Os muçulmanos afirmam que Cristo falava de Maomé pelas seguintes razões: 1. Maomé guiou o mundo em toda a verdade Os muçulmanos garantem que a promessa de Jesus d que o Consolador nos ensinaria “todas as coisas” foi cumprida quando o Profeta deles, ao receber a revelação do Qur’an, ensinou ao mundo tudo o que era preciso saber sobre Deus, suas leis e a vida que Ele esperava que Seus servos tivessem. Da mesma forma, quando Jesus falou que o Espírito “dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir” (João 16:13) — segundo eles Maomé teria feito exatamente isso, ao discorrer no Qur’an sobre o Dia Final (Yawma’l Akhir), a Ressurreição, o Julgamento Final e o destino da raça humana, que é o céu (Jannat) ou o inferno (Jahannam). 2. O uso do gênero masculino Os muçulmanos, muitas vezes, garantem que o Consolador é Maomé porque, quando fala dele, Jesus usa o gênero masculino não menos do que oito vezes. Eles sustentam que quando Jesus diz: “ele dará testemunho de mim”, “ele vos ensinará todas as cousas”, etc., estaria falando de um homem, um profeta, e não do Espírito Santo. Uma vez que é espírito, que não é nem masculino nem feminino, só se poderia referir a ele usando um pronome neutro. No entanto, como Jesus usa a terceira pessoa no masculino para o Consolador, isto seria um indicativo de que ele é um profeta, ou seja, Maomé.9 3. O Consolador deveria vir depois de Jesus O terceiro argumento mais comum é que, como Jesus disse que o Consolador não viria até que Ele fosse, o Consolador seria Maomé. Novamente, eles raciocinam que Jesus não está se referindo ao Espírito Santo porque, de acordo com a Bíblia, o Espírito sempre esteve entre nós. Davi pediu a Deus que não lhe retirasse Seu Espírito (Salmo 51:11), e João Batista seria cheio do Espírito Santo desde que estava no ventre da sua mãe (Lucas 1:15).

A resposta cristã a estes argumentos As respostas para estes três argumentos são simples. Um estudo cuidadoso do contexto dos versículos relevantes mostram que Jesus falava do Espírito Santo, que realmente foi enviado dez dias depois da ascensão de Jesus, conforme Ele tinha prometido (Atos 2:1 a 21). 9 Na verdade, este argumento não faz sentido para nós que falamos português, porque não temos um pronome neutro como o “it” do inglês.

De início, podemos dizer que o Espírito Santo realmente fez os discípulos lembrarem de tudo que Jesus havia lhes dito. João só escreveu o seu evangelho mais ou menos sessenta anos depois da crucificação e ressurreição de Cristo, e ainda assim foi capaz de se lembrar das últimas palavras de Jesus aos seus discípulos, que ocupam quatro capítulos, com precisão (João 13:1 a 16:33). As coisas que seriam ensinadas estão nos vinte e sete livros do Novo Testamento, e não no Qur’an. Toda a escritura é inspirada por Deus através do Espírito Santo (2 Timóteo 3:16), e nenhuma foi objeto de interpretação humana, porque elas não surgiram por vontade humano, uma vez que “homens falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo” (2 Pedro 1:21). Em segundo lugar, em toda a Bíblia tanto Deus e quanto o Espírito Santo são substituídos por pronomes masculinos: “Ele é o teu louvor e o teu Deus” (Deuteronômio 10:21) é um exemplo típico desse uso constante do gênero masculino para designar Deus, ainda que Deus não seja homem, mas espírito (João 4:24). Pode-se virar a mesa contra este argumento dos muçulmanos simplesmente citando uma passagem no Qur’an onde se usa o gênero masculino sete vezes seguidas para Alá (Surata 59:22 a 24): “Ele é Deus; não há mais divindade além d’Ele”, diz o meio do texto (v. 23), que começa e termina no árabe com o masculino huwa (“ele é”), e não com o neutro hiya. Se Alá, que é espírito e não homem, pode ser designado pelo gênero masculino no Qur’an, então por que o Espírito Santo não pode receber tratamento igual? Não há nenhum indicativo nas palavras de Jesus acerca do Consolador de que ele seria um homem ou um profeta — ao contrário, ele é identificado explicitamente como o Espírito Santo (João 14:26). Finalmente, Jesus não só disse que teria de partir para que o Consolador viesse, mas também prometeu que Ele próprio o enviaria aos seus discípulos, ou seja, a Pedro, Tiago, João e os demais. “... eu vo-lo enviarei”, disse Jesus (João 16:7), e não aos árabes em Meca ou Medina de seis séculos mais tarde. Não haveria benefício nenhum para os discípulos se o Confortador não viesse logo depois que Jesus deixasse este mundo. Quando subiu aos céus, Jesus lhes disse claramente que esperassem por um pouco em Jerusalém, até que recebessem o Espírito Santo, antes de saírem para proclamar o Evangelho (Atos 1:4 e 5). O Consolador realmente estava presente no mundo muito antes disso, mas, a partir dali, Ele seria derramado de maneira diferente, direto nos corações daqueles que cressem em Jesus. Os discípulos haviam experimentado o ministério e a presença de Jesus com eles durante três anos, mas depois a Sua presença era reconhecida de maneira muito mais íntima, pois o Espírito Santo habitava deles.

5.5 “O Mensageiro cujo nome será Ahmad” Muçulmano: De acordo com o Qur’an, Jesus predisse a vinda de Maomé, como “aquele que será louvado”. Esta é a profecia verdadeira. Vocês, cristãos, mudaram a palavra grega ‘periklutos’ (louvado) do original para ‘paracletos’

(consolador). Os muçulmanos concentram-se especialmente na promessa de Jesus de enviar o Consolador porque ela parece confirmar um texto semelhante do Qur’an, onde Jesus teria previsto a vinda de Maomé: “E de quando Jesus, filho de Maria, disse: 'Ó israelitas, em verdade, sou o mensageiro de Deus, enviado a vós, corroborante de tudo quanto a Tora antecipou no tocante às predições, e alvissareiro de um Mensageiro que virá depois de mim, cujo nome será Ahmad!' “ (Surata 61:6) Apesar da profecia não citar explicitamente o nome de Maomé, os acadêmicos muçulmanos asseguram que “Ahmad” vem da mesma raiz de três letras do seu nome, hmd, que significam “louvor”. Parece que Maomé sabia, de alguma forma, que Jesus havia falado algo sobre alguém que o sucederia, embora sem citar o nome. Por esta razão, evitou mencionar a si mesmo na adaptação da profecia para o Qur’an, usando um título o mais próximo possível do seu nome para obter poder induzir o leitor a acreditar que ele era o objeto da profecia.

Pariklutos ou parakletos? A palavra no original do evangelho de João que foi traduzida como “Consolador” é paracletos, de onde se origina a palavra paráclito em português, que significa aquele conselheiro ou mentor que está sempre próximo de nós. Nunca significa “aquele que é louvado”. É intuitivo que, nas palavras de Jesus, a palavra original correta é mesmo paracletos, pois tudo o que Ele diz a respeito do Consolador encaixa-se precisamente no conceito de um mentor ou conselheiro mais próximo. “Ele há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar” (João 16:14) é uma típica descrição feita por Jesus do Espírito Santo. Ele deveria habitar o coração dos discípulos, lembrá-los das palavras de Jesus e guiá-los nos caminhos de Deus, além de dar-lhes o poder de se encherem da graça de Cristo. Ele viria para convencer o mundo do seu pecado, como agente da justiça e do julgamento de Deus, falando através dos testemunhos e proclamações dos discípulos de Jesus. Contudo, os muçulmanos insistem em pregar, nos seus livros, que o mundo cristão corrompeu as palavras originais de Jesus, nas quais apareceria o termo periklutos, que significa “aquele que é louvado”. Inexplicavelmente, coincide com o título Ahmad de Maomé mencionado no Qur’an, que tem o mesmo sentido básico. Há fundamentos nessa tese dos muçulmanos? Existem evidências que a sustentem? 1. Periklutos não é uma palavra bíblica Não há nenhum indicativo nos manuscritos de que a palavra original pudesse ter sido periklutos. De fato, esta palavra não aparece em nenhum lugar do Novo

Testamento em grego, e portanto não faz parte do vocabulário bíblico. A tese dos muçulmanos baseia-se não em testemunhos fatuais ou concretos, mas em meras especulações que os beneficiam. 2. A palavra não se encaixa no contexto Como já dissemos, a definição daquele cuja vinda foi prometida por Jesus era de um conselheiro e advogado. Não há nada nas quatro declarações de Jesus sobre o Consolador que dê subsídios à especulação de que fosse “aquele que é louvado”, Maomé. Ao contrário: quando Jesus disse: “... porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as cousas que hão de vir” (João 16:13), fica nítido que o Consolador não chamaria a atenção para si mesmo. “Ele me glorificará”, continuou Jesus no versículo 14. Em outras palavras: o Consolador concederia o louvor a Jesus através do testemunho dos Seus seguidores, ao invés de reivindicar qualquer glória para Si mesmo. 3. Os muçulmanos é que estão modificando a Bíblia A ironia desta discussão é que existem evidências muito pronunciadas de que há uma tentativa dos muçulmanos de fazer algo do que os cristãos sempre foram acusados de fazer, ou seja, de tentar modificar a Bíblia para que o texto se prestasse para as suas pretensões! Eles tiveram que apelar para uma distorção esquisita para que Maomé pudesse se encaixar na profecia de Jesus, simplesmente tentando criar alguma conecção entre o nome (ou título) Ahmad do Qur’an. É muito claro que eles não têm como provar sua tese a partir dos textos bíblicos íntegros. Não há nenhuma justificativa para a suposição de que a palavra que teria sido originalmente usada por Jesus fosse periklutos, ou qualquer outra equivalente no hebraico. Mais importante, como já vimos, é que ela não se encaixa no contexto das frases de Jesus.

O título Ahmad no Qur’an Durante muito tempo, existiram inúmeras disputas sobre o uso da palavra Ahmad no Qur’an. Hoje, transformou-se num nome próprio comum entre os muçulmanos de todo o mundo, mas há indícios, em registros árabes do período em que Maomé viveu, que ela nunca tenha sido usada como nome próprio nos primeiros séculos do islamismo. Ela só se tornou popular, certamente, como resultado da utilização deste texto do Qur’an contra a crença cristã. É mais provável que a verdadeira forma da palavra que aparece na Surata 61:6, seja ahmadu, que é um mero adjetivo no árabe da época. Esta afirmação é corroborada pelo fato de que, nas palavras de Jesus que consideramos, o nome próprio do consolador que estava por vir foi totalmente omitido.

É também interessante notar que num dos primeiros códices do Qur’an, o do recitador Ubayy ibn Ka’b, que foi queimado por ordem de Uthman, a Surata 61:6 apresentava algumas diferenças. Ele omitia a conclusão “cujo nome será Ahmad” (ismuhu ahamad), e no seu lugar registra Jesus dizendo que Ele anunciava um profeta que exibiria o selo de Alá dos Seus profetas e mensageiros (khatumullaahu bihil-anbiyaa’ wal-rusuli). Partindo de uma perspectiva cristã, a Surata 61:6 é uma tentativa de modificar a profecia de Jesus a respeito do envio do Espírito Santo, a fim de que ela se aplique ao Profeta do Islã. Alguns séculos antes de Maomé, um auto-proclamado messias chamado Mani também tentou fazer com que a profecia se aplicasse a ele, e parece que este fato era bem conhecido nas vizinhanças da Arábia durante os séculos que se seguiram aos tempos de Jesus. Seria natural, portanto, para alguém como Maomé, que acreditava ser o último dos mensageiros de Alá, tentar apropriar-se da profecia em benefício próprio — daí a adaptação do título para o nome Ahmad, que aparece no Qur’an. 5.6 O Espírito Santo: o Consolador prometido Muçulmano: Você não tem como negar que Jesus falou especificamente de um outro mensageiro de Deus, que o sucederia. Como ele foi apenas um de uma longa linhagem de profetas e apóstolos enviados por Deus, não é bastante lógico considerar que o Consolador seja Maomé? Quando discutir sobre este assunto com muçulmanos, é mais eficaz utilizar apenas uma das quatro declarações de Jesus a respeito do Consolador prometido, e, com base nela, demonstrar que Ele só podia estar falando do Espírito Santo. Ao mesmo tempo, cabe um testemunho sobre como o Espírito Santo leva aqueles que realmente crêem a um relacionamento pessoal com o próprio Deus. O texto ideal para esse propósito é o seguinte: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não no vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós.” (João 14:16 e 17) Há muitas razões que justificam entender que só o Espírito Santo pode ser o Consolador a quem Cristo se refere, e não Maomé, o Profeta do islamismo.

Outro Consolador: o Espírito da verdade 1. Ele vos dará outro Consolador Jesus disse com clareza aos seus discípulos que lhes enviaria o Consolador prometido. Ele repetiu a promessa mais tarde, dizendo : “eu vo-lo enviarei ” (João 16:7). Portanto, a vinda do Espírito da verdade, que também foi especificado como

sendo o Espírito Santo (João 14:26), era esperado pelos discípulos de Jesus para o seu tempo e espaço. Maomé só surgiu seis séculos depois. 2. Ele vos dará um outro Consolador Se o termo original, como querem crer os muçulmanos, era periklutos, a frase ficaria assim: “ele vos dará outro daquele que é louvado”. Além de perder o sentido, a frase fica também completamente fora do contexto. O que Jesus está dizendo aqui é simplesmente isto: “Eu tenho sido o consolador, o conselheiro e o mentor de vocês. No entanto, ainda há muitas coisas que vocês precisam aprender, e por isso eu enviarei outro conselheiro e guia como eu.” Jesus veio de Deus como espírito celeste, que encarnou durante sua curta vida entre nós. Ele enviaria outro espírito do céu, para continuar o Seu ministério entre os Seus seguidores. 3. Ele estará convosco para sempre Maomé apareceu como o Profeta do islamismo na Árabia do século VII d.C., e não ficou para sempre com os seus companheiros: ele morreu quando tinha 62 anos. Foi enterrado em Medina, onde seu corpo ficou por quase quatorze séculos. Jesus afirmou que o Consolador prometido, contudo, estaria para sempre com os Seus discípulos, e é o que o Espírito Santo tem feito, habitando os corações de todos os verdadeiros seguidores de Cristo até o dia de hoje. 4. O Espírito da verdade que o mundo não pode receber O Qur’an diz que Maomé foi enviado para ser o mensageiro universal para toda a humanidade (Surata 34:28). Os muçulmanos acreditam que, algum dia, todo o mundo irá se submeter ao islamismo e se tornar seguidor do seu Profeta. Se isto é verdade, Jesus não poderia estar se referindo a Maomé, pois declarou que o mundo não poderia receber o Espírito da verdade. Somente os verdadeiros seguidores de Jesus, que O reconhecessem como seu Salvador e Senhor, poderiam nascer de novo no Espírito Santo e herdar a vida eterna. 5. Vós o conheceis É fácil, partindo das declarações de Jesus, concluir que os discípulos de Jesus já conheciam o Espírito da verdade. Maomé, por ter nascido só depois de mais de quinhentos anos mais tarde, não poderia ser o Espírito da verdade. O Consolador era um Espírito, com quem os discípulos já tinham uma certa familiaridade. O próximo item explicará como Ele já era conhecido deles. 6. Ele habita convosco Quando Jesus encontrou João Batista pela primeira vez e foi batisado, logo no início do Seu ministério, os céus se abriram, e o que se seguiu foi relatado pelo próprio João:

“Vi o Espírito descer do céu como pomba e pousar sobre ele. Eu não o conhecia; aquele, proém, que me enviou a batizar com água me disse: ‘Aquele sobre quem vires descer e pousar o Espírito, esse é o que batiza com o Espírito Santo’.” (João 1:32 e 33) O Espírito da verdade estava, desde o princípio, presente na própria pessoa de Jesus, e assim tornou-se conhecido pelos discípulos. Não há como tentar dizer que Maomé esteve com os discípulos de Cristo. 7. Ele estará em vós Assim como o Espírito já estava em Jesus, Ele também entraria e estaria presente para sempre dentro dos corações dos discípulos de Jesus depois que Ele voltasse aos céus. Isto aconteceu no dia de Pentecostes, quando o Espírito Santo foi derramado naqueles que haviam sido os primeiros a ouvir a Palavra de Deus e o Espírito de Jesus. O amor de Deus continua a ser derramado nos corações daqueles que têm fé em Cristo através do mesmo Espírito Santo, que lhes é outorgado (Romanos 5:5). O original em grego traz o sufixo en, que significa “dentro de”. A promessa não é, indubitavelmente, uma referência a Maomé, que nunca entrou pessoalmente dentro dos corações de todos os verdadeiros crentes em Jesus. Portanto, os cristãos podem não só refutar com relativa facilidade todos esses argumentos dos muçulmanos em favor da tese de que o Consolador prometido seria Maomé, mas também, como vimos, podem, a partir daí, dar um excelente testemunho aos muçulmanos.

Capítulo Seis

O Evangelho de Barnabé O evangelho apócrifo na apologética islâmica

6.1 O interesse muçulmano no Evangelho de Barnabé Muçulmano: Por que o mundo cristão esconde o Evangelho de Barnabé? Esse livro iluminado prova que Jesus foi um verdadeiro profeta do islamismo, que ele nunca se considerou o filho de Deus e que ele predisse a vinda do nosso Profeta, citando inclusive o seu nome. São grandes as chances de um cristão se deparar com a questão do Evangelho de Barnabé quando estiver evangelizando muçulmanos. Demonstrando muita confiança no que dizem, eles afirmaram que esse evangelho é o único registro confiável da vida de Jesus Cristo, e que nós, cristãos, o ocultamos deliberadamente porque ele mostraria que Jesus foi o profeta que o Qur’an diz que Ele teria sido. Se você parecer surpreso ao tomar conhecimento que tal livro existe, eles irão intensificar ainda mais os seus argumentos, apontando que a sua ignorância a respeito do livro é um sinal claro de que a Igreja proibiu que seu conteúdo fosse revelado e ensinado aos fiéis.

A história do Evangelho de Barnabé No seu Discurso Preliminar que abre a sua tradução para o Qur’an, publicada pela primeira vez em 1734 d.C., George Sale, antes de qualquer coisa, alertou o mundo cristão para a existência de um evangelho atribuído a São Barnabé, que, segundo ele, narraria a vida de Jesus de maneira bastante diversa da que é encontrada nos quatro evangelhos canônicos, mas correspondendo às tradições de Maomé no Qur’an. Ele mencionou uma tradução em espanhol, em poder dos Moriscoes na África (que não exite mais; restaram apenas uns poucos trechos), e uma outra tradução em italiano na biblioteca do príncipe Eugênio de Savóia. A partir desta edição, Londsdale e Laura Ragg publicaram uma versão inglesa em 1907, com várias notas, provando que as afirmações de Sale eram falsas. Desde o início do século XX, quando uma tradução para o árabe tornou-se bastante popular no mundo islâmico, acadêmicos e autores muçulmanos dissecaram o luvro. Em 1973, a versão inglesa de Ragg do Evangelho de Barnabé foi publicada pela primeira vez no mundo muçulmano. Desde então, já foram impressas aproximadamente 100 mil cópias no Paquistão. Esta versão causou

uma inquietação considerável, por parecer que ela seria a prova definitiva, originada no meio cristão, de que Jesus era o ‘Isa do islamismo, e que Maomé era mesmo o mensageiro final de Deus para a humanidade. Os muçulmanos supõem que esse Evangelho foi denunciado ao mundo muçulmano somente por causa do seu viés islâmico. No entanto, é mais correto dizer que essa única razão pela qual ele atraiu tanta atenção no mundo muçulmano. As evidências externas e internas sobre o livro fornecem motivos muito mais fortes para a sua rejeição. Elas provam, conclusivamente, que ele foi organizado apenas há alguns séculos, sendo, portanto, uma falsificação deliberada a fim de inserir o Qur’an e os dogmas tradicionais muçulmanos na vida de Jesus como é descrita nos quatro verdadeiros evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João. Enquanto cada um destes quatro livros tem entre vinte e quarenta páginas, o Evangelho de Barnabé estende-se por inacreditáveis 273 páginas. Muito do seu conteúdo é uma repetição dos ensinamentos bíblicos, ainda que adaptados para atender às expectativas islâmicas. Por exemplo, no episódo da cura de dez leprosos em que só um, que era samaritano, voltou para agradecer a Jesus, prostrando-se aos Seus pés (Lucas 17:16). Já o Evangelho de Barnabé registra, convenientemente, que o leproso curado que voltou para agradecer era um ismaelita! O resto do livro, no entanto, é recheado de lendas e histórias fantasiosas, inventando ensinamentos de Jesus que não têm nenhum valor histórico. Em seguida, consideraremos alguns dos ensinamentos islâmicos típicos:

Ensinamentos islâmicos do Evangelho de Barnabé 1. Jesus negou que fosse o Filho de Deus O Evangelho de Barnabé repete o incidente em que Jesus perguntou aos discípulos quem a multidão pensava que Ele era e, depois, quem eles pensavam que Ele era (Mateus 16:13 a 20). Quando Pedro respondeu que Cristo era o Filho de Deus, Jesus disse que ele era abençoado porque fora o próprio Pai do céu que havia lhe dado esta revelação. No Evangelho de Barnabé, no entanto, Pedro aparece corretamente declarando que Jesus era o Cristo, o Filho de Deus, mas a resposta que Jesus dá a Pedro é completamente diferente. 2. Judas foi crucificado no lugar de Jesus A doutrina muçulmana de que Jesus foi levado aos ceús vivo pouco antes de ser preso, e que outra pessoa que foi transfigurada para se parecer com Ele foi crucificada, aparece no Evangelho de Barnabé, inclusive especificando que o crucificado foi Judas Iscariotes. Foi só alguns séculos depois de Maomé que o mundo muçulmano criou essa teoria, inventada para justificar a crucificação de uma pessoa qualquer. Sendo Judas o crucificado, não se podia dizer que ele era um inocente que foi sacrificado no lugar de Jesus.

O Evangelho de Barnabé ensina que, quando Judas chegou com os soldados para prender Jesus, Deus teria enviado quatro anjos para levar Jesus deste mundo para o terceiro céu, enquanto Judas era “transformado em fala e aparência, para ser igual a Jesus”, fazendo com que Barnabé e os outros discípulos acreditassem que era mesmo Jesus que estava sendo preso (Evangelho de Barnabé, para 216). 3. Jesus predisse a vinda de Maomé, citando-o nominalmente Em muitas passagens Jesus aparece falando sobre a vinda de Maomé, citando inclusive o seu nome. Um exemplo é o trecho em que Jesus fala sobre a infâmia da crucificação, que Ele teria de suportar: “Porém, quando vier Maomé, o mensageiro sagrado de Deus, a infâmia será retirada” (Evangelho de Barnabé, para 112). Estas são algumas das principais características islâmicas que estão presentes no Evangelho de Barnabé, e que contradizem os quatro evangelhos bíblicos. Podem ser encontradas, ainda, muitas outras influências islâmicas em todo o livro, como a afirmação de que a promessa da aliança com Abraão foi feita em Ismael e não Isaque (oara 191), explicando a convicção dos muçulmanos de que o livro de Barnabé é o único evangelho verdadeiro. 6.2 Origens medievais provam a farsa Muçulmano: O Evangelho de Barnabé estava entre os livros desacreditados pelo Decreto Gelasiano do século VI d.C. Isso prova que ele já existia na época. Ele só foi rejeitado porque contava a verdade a respeito da vida e dos ensinamentos de Jesus. Existem muitos evangelhos e cartas apócrifas, além de outras falsificações que imitam o estilo das verdadeiras escrituras do Novo Testamento, que foram rejeitadas pelo Concílio de Nicéia em 325 e pelo subseqüente Decretum Gelasianum. Entre os livros rejeitados havia um chamado Evangelho de Barnabé. Não há nenhum tipo de registro histório que mostre que livro era esse, ou qual era o seu conteúdo. Contudo, um estudo baseado nos conteúdos desse evangelho islâmico, intensamente propagandeado em todo o mundo muçulmano, logo deixa bem claro que o Evangelho de Barnabé dos muçulmanos é um livro distinto do que foi rejeitado pelo Decreto Gelasiano. Várias provas evidênciam que o livro dos muçulmanos é uma farsa, produzida depois do século XVI.

Fontes medievais do Evangelho de Barnabé Não é difícil provar para qualquer muçulmano que esse evangelho foi compilado muitos séculos depois da vida de Jesus e de Maomé. Eis alguns exemplos das influências medievais reconhecíveis no livro:

1. O centésimo ano do jubileu Uma dais leis de Moisés estabelecia que o ano do jubileu deveria ser observado duas vezes a cada cem anos pelo povo de Israel, quando os escravos seriam libertados e as dívidas, canceladas. Deus ordenou o ano do jubileu: “O ano q6uinquagésimo vos será jubileu” (Levíticos 25:11) Por volta de 1300 d.C., o papa Bonifácio VIII decretou que o ano do jubileu deveria ser reintroduzido nas sociedades cristãs, mas que seria comemorado apenas uma vez por século, ou seja, uma vez a cada cem anos. No entanto, depois da morte de Bonifácio VIII, o papa Clemente VI decretou que o jubileu voltaria a ser observado a cada cinqüenta anos, conforme a ordenança bíblica. Mais tarde, falou-se até em comemorá-lo com freqüência ainda maior. No Evangelho de Barnabé, aparecem as seguintes palavras, atribuídas a Jesus: “E então, Deus será cultuado em todo o mundo, e misericórdia será dada, sobreturo no ano do jubileu, que hoje chega a cada cem anos; seja ele reduzido pelo Messias a todos os anos, em toda parte.” (Evangelho de Barnabé, para 82). O anacronismo é patente: o autor do Evangelho de Barnabé só poderia falar de um ano do jubileu que acontece a cada cem anos se conhecesse o decreto do papa Bonifácio VIII. Quem quer que seja que tenha escrito o evangelho faz Jesus repetir um decreto que só seria promulgado pelo menos treze séculos depois! Isto prova que esse evangelho é uma farsa posterior ao século XIV d.C. 2. Citações do “Inferno” de Dante Dante foi um escritor italiano contemporâneo do papa Bonifácio VIII. Sua obra mais conhecida é o clássico chamado “A divina comédia” (Divina comedia). Trata-se de uma fantasia sobre o inferno, o purgatório e o céu, conforme as crenças da época. Muitas passagens do Evangelho de Barnabé têm uma grande correlação com essa obra. Pode-se até perceber um plágio numa fala de Jesus a respeito dos profetas antigos: “Pronta e alegremente caminharam para a sua morte, para que não ofendessem a lei de Deus dada a Moisés, seu servo, indo e servindo a deuses falsos e mortos.” (Evangelho de Barnabé, para 23) A expressão dei falsi e lugiardi (deuses falsos e mortos) está em vários trechos do Evangelho de Barnabé. Jesus aparece dizendo-a novamente (para 78), e o autor diz que Herodes havia “adorado os deuses falsos e mortos” (para 217). O clichê não está nem na Bíblia e nem no Qur’an, mas é uma citação direta da obra de Dante! (Inferno de A Divina Comédia, 1.72). Nas próprias descrições do céu e do inferno, o Evangelho de Barnabé segue fialmente a Dante, contradizendo até o próprio Qur’an. Jesus aparece dizendo a Simão Pedro:

“Sabei que o inferno é um só, mas há sete círculos concêntricos. Há, assim, sete tipos de pecado, pois há sete portõs postos por Satã no céu; portanto, há sete punições, uma para cada tipo de pecado.” (Evangelho de Barnabé, para 135) Dante faz a mesma descrição dos quinto e sexto círculos do seu Inferno. Quando fala do céu, o Evangelho de Barnabé descreve nove céus, e diz que o Paraíso em si é maior que todos eles juntos (para 178). Novamente, há um paralelo com Dante, que também fala de nove céus, e mais o Empyrean, o décimo céu, que está acima de todos os outros. No entanto, essas descrições do céu contradizem diretamente o Qur’an, que ensina que Alá, depois de ter criado a terra, fez o paraíso, composto por sete céus (Surata 2:29). 3. A atmosfera medieval do Evangelho de Barnabé Outras passagens do livro mostra que o autor sentia-se mais confortável falando sobre o clima e as estações do sul da Europa do que da Palestina. Ele faz Jesus dizer como era belo o mundo durante o verão, quando a colheita e as frutas eram abundantes (para 169). Essa é uma descrição apropriada da Itália durante o verão, mas não da Palestina, onde chove durante o inverno e os campos ficam secos no verão. Do mesmo modo, o Evangelho de Barnabé fala sobre vinho sendo armazenado em tonéis de madeira (para 152), uma prática comum na Europa medieval, mas não na Palestina do século I d.C., onde o vinho era estocado em peles de animais (Mateus 9:17). Mais uma prova da ignorância do autor em Geografia da Palestina está no seguinte trecho: “Tendo chegado à cidade de Nazaré, os pescadores espalharam por toda a cidade as coisas que Jesus havia ensinado.” (Evangelho de Barnabé, para 20) Nessa passagem, Nazaré é descrita como cidade portuária, à margem do Lago da Galiléia. Mais tarde, é dito que Jesus “subiria para Cafarnaum”. Todos os discípulos de Jesus sabiam que Cafarnaum era a cidade à beira do Mar da Galiléia, enquanto que Nazaré ficava nas montanhas. Jesus subiria de Cafarnaum para Nazaré, mas nunca o contrário, como traz o Evangelho de Barnabé. Todas estas evidências demosntram que o Evangelho de Barnabé é uma farsa, compilada no sul da Europa ao redor do século XVI d.C. Iremos continuar o exame de outras evidências que descredenciam o livro como um evangelho autêntico.

6.3 Outras evidências contra a sua autenticidade Muçulmano: O Evangelho de Barnabé tem que ser o evangelho verdadeiro, pois ensina que Jesus não foi o mensageiro final de Deus para a humanidade. Esta honra estava reservada para o nosso santo Profeta Maomé, que sucederia a Jesus.

Há muitas outras provas contra a autenticidade do Evangelho de Maomé, muitas delas referentes às próprias passagens em que Jesus profetizaria sobre a vinda de Maomé. É interessante notar que esse evangelho não faz nenhuma menção ao nome de João Batista — uma omissão marcante, considerando-se a atenção que lhe é dada, nos evangelhos bíblicos, como profeta contemporâneo a Jesus. Ao invés disso, frases de João Batista são atribuídas a Jesus, como “Eu sou a voz que clama no deserto: ‘Endireitai o caminho do Senhor’.” (João 1:23), bem como todo o diálogo da qual ela faz parte (para 42). O autor desse envangelho, de modo conveniente mas incorreto, faz Jesus dizer de Maomé o que na verdade João disse a respeito de Cristo.

O Messias: Jesus ou Maomé? João Batista negou ser o Messias quando questionado pelos líderes judeus (João 1:20). O Evangelho de Barnabé traz Jesus fazendo o mesmo, e usando quase as mesmas palavras: “Jesus confessou e disse a verdade: ‘Não sou o Messias... Fui enviado para a casa de Israel como profeta para a salvação; mas o Messias virá após mim’.” (Evangelho de Barnabé, paras 42 e 82). Quem seria então este Messias que estava por vir? Em outro trecho desse evangelho, Jesus diz: “O nome do Messias é Admirável... Deus disse: ‘Esperai por Maomé’; pois por causa dele é que eu criarei o paraíso... O nome de Maomé é sagrado.” (para 97). Aqui, o autor do Evangelho de Barnabé se excede absurdamente, pois o próprio Qur’an afirma, com todas as letras e por dezoito vezes, que só Jesus é o Messias. A Bíblia também confirma isto em várias ocasiões (João 4:26, Mateus 16:20). Apenas uma citação é o suficiente para atingirmos o objetivo: “E quando os anjos disseram: Ó Maria, por certo que Deus te anuncia o Seu Verbo, cujo nome será o Messias, Jesus, filho de Maria, nobre neste mundo e no outro, e que se contará entre os diletos de Deus.” (Surata 3:45) O título aqui é Al-Masih, “o Messias”, e Jesus chama a si mesmo de Al-Masihu Isa, “o Messias Jesus”, no decorrer do Qur’an (Surata 4:171). Logo, o Evangelho de Barnabé contradiz o Qur’an ao afirmar que Maomé era o Messias. Nenhum muçulmano pode ser fiel ao seu livro santo tentando, ao mesmo tempo, defender a autenticidade do Evangelho de Barnabé. É muito interessante, aqui, descobrir que esse “evangelho” contradiz não só o Qur’an, mas também a si mesmo. No prólogo do livro, o autor fala de “Jesus o Nazareno, chamado Cristo”. O autor parece desconhecer que Messias e Cristo são sinômimos, sendo que o último dervida da palavra grega Christos, que é uma tradução da palavra hebraica Mashiah.

Contradições entre o Evangelho de Barnabé e o Qur’an Há ainda outras contradições entre o Qur’an e o Evangelho de Barnabé que não têm uma explicação satisfatória. Uma delas é o relato do nascimento de Jesus trazido por cada um dos dois livros. O Evangelho de Barnabé narra assim omomento em que Cristo vem ao mundo: “Havia uma luz extremamente brilhante ao redor da virgem, que trouxe seu filho à luz sem dor.” (Evangelho de Barnabé, para 3) Não há equivalente bíblico para essa afirmação, mas existem paralelos nas crenças do catolicismo da Idade Média. É mais uma evidência de que o Evangelho de Barnabé seja falso, e que tenha sido escrito até quinze séculos depois de Cristo. O que é significativo para os muçulmanos, no entanto, é que essa passagem conflita totalmente com o que está escrito no Qur’an a respeito de Maria e do nascimento de Jesus: “As dores do parto a constrangeram a refugiar-se junto a uma tamareira. Disse: 'Oxalá eu tivesse morrido antes disto, ficando completamente esquecida'.” (Surata 19:23) São muito escassas as possibilidades para que os muçulmanos defendam sua crença de que o Evangelho de Barnabé seja o autêntico evangelho, consistente com o Qur’an e com as tradições islâmicas. Não é de se surpreender o fato de que muitos acadêmicos muçulmanos tenham passado, recentemente, a rejeitar o Evangelho de Barnabé, considerando-o falso. Ainda assim, muitos autores muçulmanos, mesmo conhecendo a avalanche de evidências contra esse livro, continuam a propagandeá-lo como se ele fosse verdadeiro. Outra contradição típica entre os dois livros está no trecho do Evangelho de Abranabé que fala dos anjos de Deus durante os últimos dias antes do grande Julgamento: “Os santos anjos morrerão no décimo quinto dia; somente Deus permanecerá vivo” (para 53). O Qur’an não traz nada a respeito da morte de anjos, mas afirma que oito deles carregarão o trono de Alá no Dia Final (Surata 69:17). Em outro conflito, o Evangelho de Barnabé diz que, no décimo terceiro dia do período que antecerá o fim, toda a humanidade morrerá, e que todos os seres vivos sobre a terra perecerão (para 53), enquanto que o Qur’an afirma que uma trombeta soará, e que “Nesse dia, a cada qual bastará a preocupação consigo mesmo” (Surata 80:37). Deve ser relativamente fácil livrar-se do Evangelho de Maomé quando estiver testemunhando a um muçulmano, uma vez apresentadas estas evidências. O livro não tem nenhum valor além da promoção absurda feita pelos muçulmanos para que desviar-nos da genuína apologética cristã-muçulmana.

6.4 A autoria original do Evangelho de Barnabé Muçulmano: Barnabé foi conhecido por ser um dos grandes discípulos de Jesus. Como vocês se atrevem a tentar desacreditar um evangelho escrito por ele? Se ele era um dos doze, por que então vocês tentam rejeitar tudo o que ele escreveu? Uma das grandes dúvidas a respeito desse evangelho é quem é o seu autor verdadeiro. Quem o escreveu? Apesar de ser óbvio que o livro é falso e relativamente recente, é importante, assim mesmo, provar para os muçulmanos que o seu autor nunca poderia ter sido Barnabé. Durante todo o livro, o seu autor diz ter sido um dos doze discípulos de Jesus, apesar de ser de conhecimento de todos que o verdadeiro Barnabé somente aparece na cena depois da morte e ressurreição de Jesus. Além disso, ele só recebe este nome por causa de um episódio ocorrido muito depois. Eis a passagem: “José, a quem os apóstolos deram o sobrenome de Barnabé, que quer dizer filho de exortação, levita, natural de Chipre, como tivesse um campo, vendendo-o, trouxe o preço e o depositou aos pés dos apóstolos.” (Atos 4:36 e 37). Foi só a partir, quando esse homem chamado José encorajou a Igreja primitiva doando o lucro da venda de sua propriedade, que os discípulos de Jesus lhe deram o nome de bar-nabas. Logo, ele é uma das grandes personagens no registro do desenvolvimento inicial da Igreja, sendo mencionado em outros lugares do Novo Testamento (Gálatas 2:9). Ele, certamente, não era um dos doze discípulos originais, cujos nomes estão registrados em dois dos evangelhos (Mateus 10:2 a 4, Lucas 6:14 a 16): seu nome não é mencionado em nenhum dos quatro evangelhos. O autor da farsa, ao tentar criar elementos para conferir autenticidade ao seu texto, deixou as suas impressões digitais, incluindo também um anacronismo gritante. Jesus aparece chamando-o pelo nome em várias ocasiões, das quais o trecho abaixo é um exemplo: “Jesus respondeu: ‘Não te entristeças, Barnabé, pois aqueles a quem Deus escolheu antes da criação do mundo não perecerão’.” (Evangelho de Barnabé, para 19) É impossível que Jesus tivesse se dirigido a este homem como Barnabé antes de ter subido aos céus, já que ele só recebeu este seu segundo nome depois que Cristo deixou o mundo.

A provável autoria do Evangelho de Barnabé Existem algumas evidências que nos permitem especular a respeito do provável autor do livro. Na introdução da versão espanhola do “evangelho”, há uma indicação de que ela tenha sido traduzida a partir da versão italiana, tendo sido o tradutor um muçulmano aragoniano chamado Mostafa de Aranda. Sale também

coloca uma nota dizendo que, no prefácio da versão italiana, um certo Frei Marino, monge da Igreja Católica Romana, teria ouvido falar da existência de um Evangelho de Barnabé, e que havia encontrado-o quando vasculhava a biblioteca do Papa Sixtus V enquanto este, convenientemente, dormia. A conclusão da história diz que o monge retirou sorrateiramente o livro da biblioteca, e se converteu ao islamismo depois de lê-lo. Quem quer que seja o autor, é patente a familiaridade que ele tinha com o território da Espanha e do seu clima. Ele poderia muito bem ser um muçulmano espanhol que fora forçado a se converter ao cristianismo por causa da Inquisição espanhola, cuja vingança foi escrever esse “evangelho” islâmico. Ele o teria escrito primeiro em italiano, para dar uma aparência mais autêntica, antes de traduzi-lo para sua própria língua. Há uma evidência muito marcante da influência espanhola nessa frase atribuída a Jesus: “pois o que ele receberia em troca era uma peça de ouro, que deve ter sessenta mitas.” (Evangelho de Barnabé, para 54) A versão italiana divide o denário de ouro em sessenta minuti. Essas moedas eram de origem espanhola, datadas do período visigótico pré-islâmico, e revelam a influência espanhola do texto. É muito provável que o autor fosse o próprio Frei Marino, já que existem também evidências de que o livro foi escrito por alguém que também tinha certa familiaridade com a Itália e a sua língua, o italiano. De outras obras, sabe-se que o verdadeiro Frei Marino tinha um relacionamento próximo com Frei Peretti, uma das figuras-chave da Inquisição e mais tarde eleito papa — Papa Sixtus V. Devido a trapalhadas na sua administração como inquisidor, Frei Marino perdeu a simpatia de Frei Peretti por ele, e não foi mais promovido. Peretti, no entanto, fez uma carreira brilhante, recebendo uma distinção após a outra, até chegar ao papado. A sina de Marino, depois que Peretti chegou ao papado, pode tê-lo levado a escrever o “evangelho”, num ato de vingança pessoal contra o agora papa, especialmente se relamente ele se converteu ao islamismo. Há muitas provas sustentando esta teoria na história que se conta, na qual, numa audiência com o Papa, Marino teria encontrado o manuscrito original, enquanto o sumo pontífice ressonava. Conveniente também foi o fato de que o “evangelho” foi o primeiro livro que lhe caiu às mãos.. Os muçulmanos hoje afirmam, continuando com toda esse delírio, que os papas de Roma sempre esconderam deliberadamente o Evangelho de Barnabé dos fiéis num ato de conspiração calculada contra o seu conteúdo. É muito mais provável que o próprio Frei Marino, ou alguém que lhe fosse próximo, tenha produzido o manuscrito e depois inventado a história da sua “descoberta”. Nós nunca saberemos ao certo quem escreveu esse “evangelho”. O que sabemos é que ele não poderia ter sido escrito pelo apóstolo Barnabé, que nunca esteve entre os doze discípulos imediatos de Jesus. Se o Evangelho de Barnabé serve

para alguma coisa é, talvez, para provar que é impossível inventar um relato sobre a vida de Jesus que seja consistente com as evidências factuas da Sua vida e os eninamentos contindos nos quatro verdadeiros evangelhos, e que, ao mesmo tempo, afirme que Ele seja um profeta do islamismo. Esse livro falha clamorosamente na sua tentativa de fazer exatamente isto. É importante se livrar o mais rápido possível desse livro quando estiver conversando com os muçulmanos. Ele não oferece nenhuma contribuição válida para o campo da apoloegética cristã-muçulmana.

6.5 Paulo e Barnabé no livro de Atos Muçulmano: No seu evangelho, Barabé repudia expressamente o ensinamento de Paulo de que Jesus é o Filho de Deus, De fato, mesmo o Novo Testamento registra que Paulo e Barnabé não se entendiam. Era porque Barnabé ensinava a verdade sobre Jesus. O Evangelho de Barnabé começa com a frase: “muitos, iludidos por Satã, sob pretensa piedade, pregam a mais ímpia doutrina, chamando Jesus de Filho de Deus... dentre eles está Paulo, que também foi enganado” (para 1). No final do livro, Paulo é acusado novamente de estar iludido, pela mesma razão. Os muçulmanos atêm-se a esta passagem da Bíblia, onde está escrito que “houve entre eles tal desavença, que vieram a separar-se” (Atos 15:39), para provar que Paulo e Barnabé não concordavam um com o outro, como se isso fosse prova de que Barnabé diferia do principal apóstolo do cristianismo quanto aos pontos mais importantes da fé cristã. O objetivo deles é provar que Barnabé rejeitava essas crenças, e que escreveu esse “evangelho” para corrigi-las.

Barnabé e Paulo: dois companheiros bastante ligados Quem ler o capítulo 15 de Atos descobrirá que a única desavença entre esses dois homens era se João Marcos deveria acompanhá-los numa próxima viagem. Paulo não queria que ele fosse, pois ele havia desapontado-o na sua primeira viagem missionária (Atos 13:!3). Foi só por esta razão que eles se separaram. Barnabé levou Marcos com ele, rumando para Chipre, enquanto Paulo escolhia Silas como seu futuro companheiro de viagem (Atos 15:39 e 40). Todas as outras evidências no livro de Atos provam que, longe de ser um oponente de Paulo, Barnabé sempre o apoiava e o amparava. Quando Paulo se converteu, depois de ter uma visão dramática de Jesus no caminho de Damasco, ele permaneceu alguns dias na cidade com outros discípulos do Senhor, até que eles finalmente foram à sinagoga local para proclamar o nome de Jesus e declarar que Ele era o Filho de Deus (Atos 9:20). Não há dúvidas, portanto, que desde que se tornou seguidor de Jesus Cristo, Paulo proclamou a essência da doutrina cristã.

A partir deste ponto, é importante saber qual era o papel de Barnabé quando o acompanhava nas suas viagens. 1. Barnabé foi quem apresentou Paulo aos outros apóstolos Quando Paulo regressou pela primeira vez a Jerusalém depois da sua conversão, os outros discípulos o temiam, por saberem da sua fama de perseguidor incansável da Igreja primitiva. Eles não acreditavam que ele tivesse se tranformado num autêntico seguidor de Cristo. É revelador descobrir, tendo em mente os duros ataques feitos a Paulo no Evangelho de Barnabé, quem o defendeu perante os discípulos: “Mas Barnabé, tomando-o consigo, levou-o aos apóstolos; e contou-lhes como ele vira o Senhor no caminho, e que este lhe falara, e como em Damasco pregara ousadamente em nome de Jesus.” (Atos 9:27) Desde então, até a desavença por motivos pessoais, Paulo e Barnabé estiveram sempre juntos. De fato, como veremos, o verdadeiro autor do Evangelho de Barnabé não poderia ter escolhido mais inapropriadamente aquele a quem sua farsa seria atribuída. 2. Barnabé procurou Paulo para que o ajudasse a pregar na Antioquia Tão logo a igreja em Jerusalém soube que a Igreja em Antioquia crescia, os apóstolos enviaram Barnabé para lá, a fim de que ele instruísse os novos discípulos na fé em Jesus. Barnabé, contudo, resolveu que não cumprir a tarefa sozinho. Quem enviaram para ajudá-lo? Ninguém menos do que Paulo! Ele foi até Tarso para procurá-lo, e, quando o encontrou, trouxe-o com ele para Antioquia (Atos 11:25 e 26). É especialmente significante o versículo abaixo: “... tendo-o encontrado, levou-o para Antioquia. E, por todo um ano, se reuniram naquela igreja e ensinaram numerosa multidão. Em Antioquia, foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos.” (Atos 11:26) Foi no ministério desses dois homens que os seguidores foram chamados, pela primeira vez, cristãos, porque Paulo e Barnabé os ensinavam as verdades básicas do que faz do cristianismo aquilo que ele é até hoje: que Jesus é o Filho de Deus, que morreu pelos nossos pecados. É isso o que o Evangelho de “Barnabé” luta tanto para negar. Nas viagens em que faziam juntos, Paulo tomava a iniciativa de pregar o evangelho cristão, enquanto Barnabé o apoiava, confirmando tudo aquilo que ele dizia. Não podem existir dúvidas sobre se Barnabé era ou não o autor do evangelho contra Paulo que lhe atribuem. 3. Barnabé e Paulo rejeitaram a circuncisão Segundo o Evangelho de Barnabé, Jesus ensinou que a circuncisão é um dos atos mais importantes da piedade religiosa. Tanto o judaismo quanto o islamismo, até hoje, observam essa ordenança fielmente. Jesus teria dito:

“Deixai o medo para aquele que não circuncidou a sua carne, pois este não entrará no paraíso.” (Evangelho de Barnabé, para 23) É no mínimo irônico ver que o verdadeiro Barnabé ajuntou-se a Paulo para fazer uma dura oposição à necessidade do ritual circuncisão para a salvação: “Alguns indivíduos que desceram da Judéia ensinavam aos irmãos: ‘Se não vos cincuncidardes segundo o costume de Moisés, não podeis ser salvos.’ Tendo havido, da parte de Paulo e Barnabé, contenda e não pequena discussão com eles, resolveram que esses dois e alguns outros dentre eles subissem a Jerusalém, aos apóstolos e presbíteros, com respeito a esta questão.” (Atos 15:1 a 2) Numa de suas cartas, Paulo afirma que, quando ele e Barnabé foram a Jerusalém, levaram Tito, um grego crente em Jesus que não havia sido circuncidado, como caso a ser considerado. Paulo expôs aos apóstolos o evangelho cristão que ele estava pregando — um evangelho livre de rituais legalistas que caracterizam o judaismo e o islamismo — para ver se eles disconrdavam dele em algum ponto. Eles não só concordaram que Tito não deveria ser circuncidado (Gálatas 2:1 a 3), mas também “estenderam, a mim [Paulo] e a Barnabé, a destra de comunhão” (v. 9). Parece que ninguém estava mais afinado à pregação da fé cristã de Paulo do que Barnabé. Não há como ele ter sido o autor do evangelho que, erroneamente, lhe atribuem. O Evangelho de Barnabé é um livro sem valor histórico real. Os muçulmanos devem ser cuidadosamente persuadidos a esquecê-lo, e usar o seu tempo lendo os quatro genuínos evangelhos, onde a verdade acerca de Jesus está registrada.

Bibliografia 1. Literaturas cristã e diversas sobre os muçulmanos — apologética cristã ADANG, Camilla. Muslim writers on Judaism and the Hebrew Bible. E.J. Brill, Leiden. Holanda, 1996. BEVAN JONES, L. Christianity explained to muslims. Y.M.C.A. Publishing House. Calcutá, Índia. 1952. BROWN, David. Jesus and God in the Christian Scriptures — Christianity and Islam 1. Sheldom Press. Londres, Reino Unido, 1967. BROWN, David. The Christian Scriptures — Christianity and Islam 2. Sheldom Press. Londres, Reino Unido, 1967. BROWN, David. The cross of the Messiah — Christianity and Islam 3. Sheldom Press. Londres, Reino Unido, 1967. BROWN, David. The divine trinity — Christianity and Islam 4. Sheldom Press. Londres, Reino Unido, 1967. BURMAN, Thomas E. Religious polemic and the intellectual history of the Mozarabs, c. 1050-1200. E.J. Brill. Leiden, Holanda, 1994. GEISLER, N.L. e SALEEB, A. Answering Islam: the Crescent in the light of the cross. Baker Books. Michigan, EUA, 1993. GODDARD, Hugh. Muslim perceptions of Christianity. Grey Seal Books. Londres, Reino Unido, 1996. JEFFERY, Arthur. Materials for the History of the text of the Qur’an. AMS Press. Nova York, EUA, 1975. MUIR, Sir W. The Coran: its composition and teaching. S.P.C.K. Londres, Reino Unido, 1903. MUIR, Sir W. The beacon of truth. The Religious Tract Society. Londres, Reino Unido, 1894. MUIR, Sir W. The mohammedan controversy. Edinburgo. Escócia, Reino Unido, 1897. NEHLS, Gerhard. Christians ask muslims. Life Challenge. Cidade do Cabo, África do Sul, 1980. NEHLS, Gerhard. Christians answer muslims. Life Challenge. Cidade do Cabo, África do Sul, 1980. PARRINDER, Geoffrey. Jesus in the Qur’an. Sheldon Press. Londres, Reino Unido, 1976. PFANDER, C.G. Miftahu’l Asrar: the key of mysteries. The Christian Literature Society. Madras, Índia, 1912. PFANDER, C.G. The Mizan ul Haqq; or balance or truth. Church Missionary House. Londres, Reino Unido, 1867. PFANDER, C.G. The Mizanu’l Haqq (Balance or truth). The Religious Tract Society; Londres, Reino Unido, 1910. RICE, W.A. Crusaders of the twentieth century: the Christian missionary and the Muslim. Church Missionary Society. Londres, Reino Unido, 1910. SEALE, M.S. Qur’an and the Bible: studies in interpretation and dialogue. Croom

Helm. Londres, Reino Unido, 1978. SAMIR, K.A. e NIELSEN, J.S. Christian Arabic apologetics during the Abbasid period. E.J. Brill. Leiden, Holanda, 1994. THOMAS, David. Anti-Christian polemic in early Islam. Cambridge University Press. Cambridge, Reino Unido, 1992. TISDALL, W. St.Clair. A manual of the leading Muhammadam objections to Christianity. S.P.C.K. Londres, Reino Unido, 1912. WHERRY, E.M. The Muslim controversy. The Christian Literature Society. Madras, Índia, 1905. ZWEMER, S.M. Mohammed or Christ. Seeley, Service & Co. Ltd. Londres, Reino Unido, 1915. 2. Livros muçulmanos sobre o islamismo e o cristianismo AJIJOLA, AlHaj A.D. The myth of the cross. Islamic Publications Limited. Lahore, Paquistão, 1975. ALWI, Sumali. Divinity of Jesus: A dialogue between B. Mudhary and A. Widuri. Pustaka Aphiya. Kuala Lumpur, Malásia, 1987. ANSARI, Muhammad F.R. Islam and Christianity in the modern world. World Federation of Islamic Missions. Karachi, Paquistão, 1965. ASSFY, Zaid H. Islam and Christianity. William Sessions Limited, York, Reino Unido. 1977. ATA-UR-SAMAD, Ulft. A comparative study of Christianity and Islam. Sh. Muhammad Ashraf. Lahore, Paquistão, 1983. ATA-UR-SAMAD, Ulft. Islam and Christianity. International Islamic Federation. Peshawar, Paquistão, 1982. DEEDAT, Ahmed. The coice: the Qur’an or the Bible. Thinkers Library. Selangor, Cingapura. DURRANI, M.H. The Qur’anic facts about Jesus. International Islamic Publishers. Karachi, Paquistão, 1983. HAMID, Abdul. Islam and Christianity. A Hearthstone Book. Nova York, EUA, 1967. IMRAN, Maulana Muhammad. The cross and the Crescent. Malik Sirajuddin & Sons. Lahore, Paquistão, 1979. JAMEELAH, Maryam. Islam versus Ahl al Kitab, past and present. Mohammed Yusuf Khan. Lahore, Paquistão, 1968. JOOMMAL, A.S.K. The Bible: Word of God or word of man? I.M.S. Publications. Johannesburgo, África do Sul, 1976. KAMAL-UD-DIN, Khwaja. The sources of Christianity. Woking Muslim Mission & Literary Trust. Lahore, Paquistão, 1973. MANJOO, Muhammad E. The cross and the Crescent. Foto-Saracen. Durban, África do Sul, 1966. MUHAMMAD ALI, Moulvi. Muhammad and Christ. Ahmadiah Anjman-i-Ishaet-iIslam. Lahore, Índia, 1921. NIAZI, Kausar. The mirror of Trinity. Sh. Muhammad Ashraf. Lahore, Paquistão, 1975. OBARAY, A.H. Miraculous conception, death, ressurrection and ascension of Jesus (Nabi Isa) as taugth in the Kuran. Edição do autor. Kimberly, África do Sul,

1962. RAHMATULLAH, Maulana M. The Ijaharu’l Hakk; or truth revealed. Editora não mencionada. Ìndia, 1860. SADR-UD-DIN. Fundamentals of the Christian faith in the ligth of the Gospels. Ahmadiyya Anjuman Isha’at-i-Islam. Lahore, Paquiestão. SHAFAAT, Ahmad. The question of the authenticity and authority of the Bible. Nur Media Services. Montreal, Canadá, 1982. TABARI, Ali. The book of religion and empire. Law Publishing Company. Lahore, Paquistão. ZIDAN, Ahamd. Christianity: myth or message? A.S. Noordeen. Kuala Lumpur, Malásia, 1995. 3. Livretos cristãos sobre o islamismo e o cristianismo ADELPHI, G. e HAHN, E. The integrity of the Bible according to the Qur’an and Hadith. Hyderabad, Índia, 1977. ABD AL FADI. Sin and atonement in Islam and Christianity. Markaz-ash-Shabiba. Beirute, Líbano. ANDERSON, M. The Trinity: for christians and muslims. Pioneer Book Company. Caney, EUA, 1994. BRUTUS, Zachariah. God is one in the Holy Trinity. Markaz-ash-Shabiba. Basel, Suíça. ERIC, Walter. Let the Bible speak for itself. Life Challenge Africa. Nairóbi, Quênia, 1996. JADID, Iskandar. The cross in the Gospel and Quran. Markaz-ash-Shabiba. Beirute, Líbano. JADID, Iskandar. The infallibility of the Torah and the Gospel. Centre for Young Adults. Basel, Suíça. KHALIL, Victor. The truth of the Quran in the light of the Bible. Edição do autor. Detroit, EUA, 1981. 4. Livretos muçulmanos sobre o islamismo e o cristianismo ABIDI, Syed Azmat Ali. Discovery of the Bible. Defence Housing Society. Karachi, Paquistão, 1973. AL-HILALI, M.T. Jesus and Muhammad in Bible and Qur’an. Kazi Publications. Chicago, EUA. AL-JOHANI, M.H. The truth about Jesus. World Assembly of Muslim Youth. Riyadh, Arábia Saudita, 1987. BHULA, Ismail. A reply to Mr. A.H. Obaray! Young Men’s Muslims Association. Johannesburgo, África do Sul, 1963. DEEDAT, Ahmed. Combat kit against Bible thumpers. Islamic Propagation Centre. Durban, África do Sul, 1992. DEEDAT, Ahmed. Crucifixion or cruci-fiction? Islamic Propagation Centre. Durban, África do Sul, 1984.

DEEDAT, Ahmed. Is the Bible God’s Word? Islamic Propagation Centre. Durban, África do Sul, 198. DEEDAT, Ahmed. Resurrection or resuscitation? Islamic Propagation Centre. Durban, África do Sul, 1978. DEEDAT, Ahmed. Was Christ crucified? Islamic Propagation Centre. Durban, África do Sul, 1965. DEEDAT, Ahmed. What was the sign of Jonah? Islamic Propagation Centre. Durban, África do Sul, 1976. JOOMMAL, A.S.K. The riddle of Trinity and the Sonship of Christ. Islamic Missionary Society. Johannesburgo, África do Sul, 1966. MUHSIN, Ali. Let the Bible speak. Edição do autor. Dubai, Emirados Árabes. NAJAAR, A. Muslim judicial council chariman’s comments on Obaray’s booklet. Islamic Publications Bureau. Cidade do Cabo, África do Sul. SHABAZZ, Al’uddin. The plain truth about the birth of Jesus according to the Holy Bible. New Mind Productions. Nova Jersey, EUA,1981. 5. Profecias a respeito de Maomé na Bíblia (anônimo). Do you know? The Prophet Muhammad is prophesied in the Holy Bible! Y.M.M.A. Johannesburgo, África do Sul, 1960. (anônimo). The Prophet Muhammad in the Bible. Jamiat Ulema Natal. Wasbank, África do Sul. BADAWI, J. Muhammad in the Bible. Islamic Information Fundation. Halifax, Canadá, 1982. DAWUD, A. Muhammad in the Bible. Angkatan Nadhatul-Islam. Bersatu, Cingapura, 1978. DEEDAT, Ahmed. Muhammad in the Old and New Testaments. Islamics Publications Bureau. Cidade do Cabo, África do Sul. DEEDAT, Ahmed. Muhammad sucessor to Jesus Christ as portrayed in the Old and New Testaments. Muslim Brotherhood Aid Services. Johannesburgo, África do Sul. DEEDAT, Ahmed. What the Bible says about Muhammed. Islamic Propagation Centre. Durban, África do Sul, 1976. DURRANI, M.H. Muhammad, the biblical Prophet. International Islamic Publishers. Karachi, Paquistão, 1980. HAMID, S.M.A. Evidence of the Bible about Mohammad. Edição do autor. Karachi, Paquistão, 1973. KALDANI, D.B. Mohammad in the Bible. Abbas Manzil Library. Allahabad, Paquistão, 1973. KASSIM, Hajee Mahboob. Muhammad in world scriptures. Chishtiyya Publications. Calcutá, Índia, 1990. MUFASSIR, Sulayman Shahid. The Bible’s preview of Muhammad. Al-Balag Foundation. Teeirã, Irã, 1986. AL-QAYRAWANI, Faris. Is Muhammad the promised Parakletos? Al-Nour. Colorado Springs, EUA, 1992. SHAFAAT, A. Islam and its Prophet: a fulfilment of biblical prophecies. Nur al-Islam

Foundation. Laurent, Canadá, 1984. VIDYARTHY, A.H. Muhammad in world scriptures. (3 volumes). Ahmadiyya Anjuman Ishaat-i-Islam. Karachi, Paquistão, 1974. 6. O evangelho de Barnabé (anônimo). The Gospel of truth: the Barnabas Bible. Islamic Dawah Centre. Pretória, África do Sul. BEGUN AISHA BAWANY WAKF. The Gospel of Barnabas. 3ª edição. Karachi, Paquistão, 1974. CAMPBELL, William F. The Gospel of Barnabas: its true value. Christian Study Centre. Rawalpindi, Índia, 1989. DURRANI, M.H. Forgotten Gospel of St. Barnabas. International Islamic Publishers. Karachi, Paquistão, 1982. GAIRDNER, W.H.T & ABDUL-AHAD, S. The Gospel of Barnabas: an essay and enquiry. Hyderabad, Índia, 1975. JADEED, I. The Gospel of Barnabas: a false testimony. The Good Way. Rikon, Suíça, 1980. NIAZI, Shaheer. Is the Gospel of Barnabas a forgery? Siddiqi Trust. Karachi, Paquistão. PEERBHAI, Adam. Missing documents from Gospel of Barnabas. Islamic Institute. Durban, África do Sul, 1967. RAGG, L. & L. The Gospel of Barnabas. Clarendon Press. Oxford, Reino Unido, 1907. RAHIM, M.A. The Gospel of Barnabas. Quran Council of Pakistan. Karachi, Paquistão, 1973. SLOMP, J. Pseudo-Barnabas in the context of Christian-Muslim apologetics. Christian Study Centre. Paquistão, 1974. SLOMP, J. The Gospel in dispute. Pontificio Instituto di Studi Arabi. Roma, Itália, 1978. SLOMP, J. The pseudo-Gospel of Barnabas. Bulletin, Secretariatis pro non Christianis. Cidade do Vaticano, Itália, 1976. SOX, David. The Gospel of Barnabas. George Allen & Unwin Limited. Londres, Reino Unido, 1984. WADOOD, A.C.A. The holy Prophet foretold by Jesus Christ in the Gospel of St. Barnabas. Ceylon Muslim Missionary Society. Colombo, Sri Lanka. 1973. YUSEFF, M.A. The Dead Sea scrolls, The Gospel of Barnabas, and The New Testament. American Trust Publications. Indianápolis, EUA, 1994.

Related Documents