Efeitos De Dinamica

  • November 2019
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Prof. Lawrence Shum – Efeitos de Dinâmica 

EFEITOS DE DINÂMICA  Como  o  próprio  nome  sugere,  os  processadores  de  dinâmica  permitem  que  se  altere a variação dinâmica de uma voz, de um instrumento ou mesmo de uma mixagem  como um todo. Basicamente, o que os processadores de dinâmica fazem é alterar as  diferenças entre os níveis mais altos e os mais baixos, abaixando os níveis mais altos  em  relação  aos  mais  baixos  (compressores  e  limiters),  ou  abaixando  os  níveis  mais  baixos em relação aos mais altos (gates e expanders). São processadores de dinâmica  os compressores, limiters, expanders e gates. Nesta lição vamos falar um pouco sobre  cada um deles e experimentar, através dos exemplos gravados, o que acontece quando  são utilizados. 

Conexões  Os processadores de dinâmica podem ser conectados ao seu sistema em uma das  maneiras abaixo: ·

Inserts dos canais

·

Auxiliares (sends)

·

Diretamente em um instrumento  Na maioria das vezes, os inserts dos canais da mesa de som (física ou virtual) são 

utilizados para a ligação de compressores, já que ao comprimirmos um sinal qualquer,  desejamos  que  todo  o  sinal  passe  por  compressão,  eliminando  o  sinal  original.  Ao  contrário, isso não ocorre com um reverb ou  um delay, por exemplo. Nestes casos, o  sinal original é enviado para o processador de efeitos, através de uma mandada auxiliar  (auxiliar send), e o sinal processado é direcionado para um dos canais da mesa. Desta  maneira, é possível enviar sinais de diferentes instrumentos, em níveis de intensidade  diversos,  para  um  único  processador.  Entretanto,  é  uma  prática  comum  o  uso  de  mandadas auxiliares (sends) para enviar sinais de um grupo de canais, como backing  vocals, por exemplo, para um compressor ou limiter, de modo que o sinal processado  retorne para um ou dois canais da mesa. Os sinais originais são normalmente mutados.

Prof. Lawrence Shum – Efeitos de Dinâmica  Também  é  possível  ligar  um  instrumento  qualquer  diretamente  ao  compressor  e este  último à mesa de som. 

Compressor / Limiter  Imagine que você estivesse gravando uma orquestra ao vivo. Haveria momentos  em que o som atingiria níveis tão elevados, que seria necessário abaixar o volume de  entrada na mesa, para evitar distorções. Em seguida, assim que a orquestra voltasse a  tocar com menos intensidade, você restauraria o volume original. Esse procedimento se  repetiria  toda  vez  que  o  volume  atingisse  um  determinado  valor  (threshold).  Assim,  podemos  dizer  que  o  compressor  serve,  essencialmente,  para  "abaixar  o  volume".  O  VCA (voltage controlled amplifier) permite que o volume varie, através de alterações nos  níveis de voltagem, determinados pelas variações nos níveis de amplitude do sinal (a  música!).  O  compressor  é  uma  ferramenta  fundamental  para  se  gravar  vozes  e  instrumentos com grande variação dinâmica, como baixos, saxofones e guitarras. 

Porque usar um compressor  Instrumentos  como  metais,  cordas,  vocais  e  guitarras  podem  apresentar  diferentes  níveis  de  amplitude  entre  si  e  influenciar  regiões  de  freqüências  diversas.  Essas  regiões,  eventualmente,  desaparecem  e,  subitamente,  "saltam"  em  uma  mixagem. O que o compressor faz é equilibrar a mixagem e diminuir variações bruscas  de volume e de respostas de freqüências. Um compressor permite, inclusive, minimizar  oscilações de volume provenientes de mudanças de posicionamento de um (a) artista  frente ao microfone.  O compressor também serve para melhorar a relação sinal ruído.  O  princípio  disto  é  bem  simples:  a  partir  do  momento  em  que  os  sinais  com  maior  amplitude são reduzidos, pode­se ampliar os sinais com menor amplitude, provocando  um "encorpamento" geral do sinal e, conseqüentemente, um maior volume médio para  uma  mesma  quantidade  de  ruído  (constante),  inerente  ao  sistema.  Um  compressor  usado adequadamente permite, ainda, aumentar a inteligibilidade de um som, como a  gravação  de  um  vocal,  por exemplo. Imagine a performance de um cantor que oscile  entre uma frase sussurrada e um grito extremamente alto. Não fosse o compressor, o  volume de gravação teria de ser ajustado em um valor muito baixo para que distorções

Prof. Lawrence Shum – Efeitos de Dinâmica  não ocorressem nos momentos de maior intensidade da voz. Lembramos que embora  seja possível fazer ajustes de volume manualmente, em tempo real, isto não funciona  na maioria das situações em que ocorrem variações extremas e rápidas de amplitude.

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Parâmetros dos compressores  Os parâmetros básicos de um compressor são threshold, attack time (tempo de  ataque), release time (tempo de decaimento) e ratio (taxa). A seguir, vamos falar sobre  cada um deles. 

Threshold  Threshold é o ponto (valor em dB) a partir do qual o compressor passa a atuar.  No momento em que identifica o sinal a ser comprimido, passa a agir de acordo com os  ajustes de attack time (tempo de ataque), release time (tempo de decaimento) e ratio  (taxa).  O  threshold  é,  portanto,  o  ponto  de  partida  onde  o  sinal  começa  a  sofrer  compressão.  Qualquer  valor  (em  dB)  acima  do  threshold  é  comprimido.  Em  contrapartida, qualquer valor (em dB) abaixo do threshold é preservado intacto. 

Movendo o valor do threshold para cima ou para baixo, diminui­se ou aumenta­  se a quantidade de compressão.

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Gain Reduction (ganho de redução)  Os  compressores  costumam  apresentar  uma  série  de  LEDs  ou  um  VU  para  indicar  a  quantidade  de  redução  de  volume  que  está  ocorrendo  em  um  determinado  momento.  O  ganho  de  redução  é o quanto em dB um sinal qualquer é reduzido pelo  VCA  (voltage  controlled  amplifier),  a  partir  do  momento  em  que  atinge  o  valor  de  threshold. Assim, se houver, por exemplo, um ganho de redução de 6 dB, o nível geral  do sinal poderá ser elevado em 6 dB. Conseqüentemente, as passagens mais suaves  (com menor amplitude) da música poderão ser ouvidas com mais clareza e o nível geral  do  sinal  subirá  6  dB  acima  do  nível  de  ruído,  melhorando  a  chamada  relação  sinal­  ruído. 

Dica:  Lembre­se  de que enquanto VUs apresentam a média do sinal reduzido, LEDs  mostram o pico do mesmo sinal. 

Dica: Compressores são ferramentas essenciais para trabalhos de produção de áudio para  vídeo e TV por causa da limitada variação dinâmica dessas mídias.

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Attack time (tempo de ataque)  O  tempo  de  ataque  determina  quanto  tempo  o  compressor  vai  levar  para  "perceber"  que  um  sinal  atingiu  o  valor  do  threshold.  Se  o  tempo  for  muito  curto,  o  compressor vai reduzir os transientes (sons de alto impacto e curta duração). Isso pode,  eventualmente, fazer com que o instrumento perca "expressividade" e definição. Em um  vocal, por exemplo, consoantes como o "t" e o "d" podem desaparecer. Por outro lado,  se o tempo de ataque for muito grande e o vocal estiver sendo bastante comprimido, os  "ts" e o "ds" não serão comprimidos e soarão exagerados.  Nos compressores mais sofisticados (e caros!) os valores de attack time (tempo  de  ataque)  costumam  começar  em  níveis  bastante  baixos,  oscilando  entre  100  microssegundos e 20 milissegundos. Um microssegundo é a milionésima parte de um  segundo,  enquanto  um  milissegundo  é  a  milésima  parte  de  um  segundo.  Alguns  compressores  também  apresentam  valores  fixos  de  attack  time  para  propósitos  específicos como vocais, por exemplo. 

Release time (tempo de decaimento)  O  tempo  de  decaimento  determina  quanto  tempo  o  compressor  vai levar para  "perceber"  que  um  sinal  caiu  abaixo  do  valor  do  threshold,  interrompendo  a  compressão.  O  tempo  de  release  pode  variar  entre  50  milissegundos  a  2  ou  3  segundos.  Tempos  mais  prolongados,  tipicamente  de  1  ou  mais  segundos  produzem  um  som  mais  suave  e  natural.  Se  o  tempo  de  release  for  muito  curto,  a compressão  será  interrompida  bruscamente  após  o  sinal  cair  abaixo  do  valor  de  threshold  e  o  volume  aumentará  de  maneira  exageradamente  rápida,  provocando  um  tipo  de  distorção.  Para  vocais  e  contrabaixos,  o  release  time  (tempo  de  decaimento)  é  comumente ajustado entre 0,5 e 2 segundos, dependendo do andamento e do estilo da  música.

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Ratio (taxa)  A taxa determina o quanto o sinal vai ser comprimido. Ocorre uma comparação  entre a quantidade de sinal que ultrapassa o valor de threshold e o valor estabelecido  pela taxa. Se, por exemplo, você estiver utilizando uma taxa de 3:1 e ocorrer um pico de  12 dB, a saída do compressor vai liberar um pico de 4 dB, isto é, para cada 4 dB de  entrada, é liberado 1 dB de saída.

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Outros Parâmetros  Alguns compressores possuem ainda outros parâmetros como: 

Stereo Link 

Recurso  que  permite  "linkar"  dois  canais  de  um  compressor  ou  um  segundo  compressor  ao  primeiro.  Quando  habilitado,  faz  com  que  um  dos  canais  (ou  um  dos  compressores) controle o outro canal (ou compressor). Serve, por exemplo, para manter  os mesmos níveis de compressão entre diferentes canais em uma mixagem stereo. 

Side Chain 

Entrada  adicional  geralmente  situada  na  parte  traseira  do  equipamento.  Esta  entrada  permite  que o som sofra a compressão ajustada, mas a partir do sinal que é  recebido  por  ela  (a  side  chain).  Um  exemplo  disso  é  o  chamado  de­esser.  Funciona  assim: Digamos que uma cantora esteja "sibilando" na faixa de 8 kHz. Para minimizar  este efeito, primeiro, manda­se o sinal da voz, a partir de uma saída auxiliar da mesa,  para um equalizador; este equalizador, por sua vez, corta todas as freqüências, exceto  aquelas em torno de 8 kHz. Finalmente, o sinal filtrado, com predominância em torno de  8  kHz,  é  enviado  para  a  side  chain  do  compressor.  O  resultado  é  uma  compressão  somente em torno da faixa de 8 kHz. 

Knee 

Ajuste  do  modo  de  compressão:  mais  suave  ou  intenso.  Em  alguns  compressores recebe o nome de overeasy.

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Como ajustar o compressor · O primeiro passo é determinar a taxa de compressão (ratio). Valores entre 3:1 e 7:1  costumam  soar  com  mais  naturalidade.  Já  se  o  objetivo  for  limitar  o  sinal,  usa­se  taxas acima de 10:1. Um limiter nada mais é do que um compressor configurado com  taxas elevadas de compressão, chegando a valores extremos como 60:1, 100:1 ou  mesmo  ºº:1.  Um  limiter  é  muito  útil  quando  um sinal qualquer apresenta variações  extremas de amplitude. Com uma taxa de 100:1, por exemplo, para cada 100 dB de  entrada, acima do valor de threshold, apenas 1dB de saída é liberado. · Em seguida, ajuste os valores de attack (tempo de ataque) e de release (tempo de  decaimento). Um valor tipicamente usado é de 1 ms de ataque e entre 0,5 e 1 s de  decaimento. · Finalmente, defina valor do threshold ou quantidade de ganho de redução desejada.  Comumente  tem­se  uma  redução  de  3  a  6  dB  nas  partes  com  maior  amplitude  e  ausência de compressão nos outros momentos. 

Dicas importantes · Evite  comprimir  o  sinal  o  tempo  todo.  Isso  pode  provocar  uma  artificialização  ("achatamento") do som. · O uso de compressores durante a gravação pode otimizar a relação sinal­ruído na  entrada do sinal no sistema (HD ou fita). · O uso intenso de compressão na mixagem pode gerar um problema conhecido como  pumping  ou  breathing.  Neste  caso,  o  nível  de  ruído  pode  ser  acentuado  cada vez  que o compressor interrompe sua atuação a partir do nível de threshold determinado.

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Gate / Expander  A exemplo do compressor e do limiter, o gate e o expander são da família dos  efeitos de dinâmica. Porém há uma diferença importante: No compressor e no limiter o  sinal  acima  de  um  determinado  valor  de  threshold  é  atenuado.  A  quantidade  de  atenuação (gain reduction) é determinada pelo valor da taxa de compressão (ratio). Já  no  gate  e  no  expander,  ao  contrário,  o  sinal  abaixo  de  um  determinado  valor  de  threshold é eliminado (gate) ou reduzido (expander).

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Parâmetros  Os  parâmetros  são  basicamente  os  mesmos  dos  compressores  e  limiters.  O  threshold determina a quantidade de sinal (nível de amplitude) abaixo da qual o sinal  será  eliminado  (gate)  ou  reduzido  (expander).  Os  tempos  de  ataque  e  de  release  definem a velocidade com que o sinal será atenuado quando o nível cair abaixo do valor  do threshold e o tempo em que o filtro levará para parar de agir quando o sinal alcançar  um  valor  acima  daquele  determinado  pelo  threshold.  A  margem  (range)  funciona  de  forma  correlata  à  taxa  (ratio)  de  compressores  e  limiters.  Na  verdade,  nos  processadores  com  múltiplas  funções  (compressor  /  limiter  /  expander  /  gate),  um  mesmo  botão  serve  para  controlar  os  valores de margem (gates e expanders) e taxa  (compressores e limiters). Em um compressor ou em um limiter a taxa (ratio) determina  a quantidade de atenuação acima de um determinado valor de threshold; em um gate  ou em um expander, a margem (range) determina a quantidade de atenuação abaixo de  um determinado valor de threshold. Em um gate (ou noise gate), o sinal é eliminado ao  atingir um valor abaixo do threshold, isto é, quando o sinal cai abaixo do threshold, o  gate fecha. O gate, então, mantém­se fechado até que o sinal atinja um valor acima do  threshold. Portanto, o gate tem esse nome (gate = portão) porque ele abre ou fecha, na  medida  em  que  o  sinal  cai  ou  ultrapassa  o  valor  do  threshold.  A  margem  (range)  também pode ser ajustada de modo que apenas parte do sinal sofra redução, quando  este  atingir  um  nível  abaixo  do  valor  de  threshold.  Neste  caso,  temos  o  expander.  Assim, o expander tem este nome porque permite a expansão da margem dinâmica. Ele  aumenta a diferença entre os pontos de maior e de menor de amplitude, reduzindo o  nível  daqueles  com  menor  amplitude.  Há  ainda  os  expanders  que,  paralelamente  à  atenuação  dos  pontos  de  menor  amplitude,  também  amplificam  aqueles  com  níveis  mais elevados. 

Aplicações  Gates são muito úteis para eliminar ruídos entre segmentos de vocais e / ou de  instrumentos  musicais  em  um  track  (pista)  de  áudio.  Em  gravações  de  bateria,  por  exemplo,  são  excelentes  para  eliminar  "vazamentos"  de  um  microfone,  posicionado  para  captar  uma  determinada  peça,  para  outro,  ajustado  para  captar  o  som  de  outra

Prof. Lawrence Shum – Efeitos de Dinâmica  peça. Expanders também podem fazer o mesmo, com a diferença de que estes últimos  apenas  atenuam,  ao  invés  de  eliminar  o  sinal  abaixo  do  valor  de  threshold.  Assim,  podemos  dizer  que  os  gates  e  expanders  permitem  "limpar"  os  intervalos  entre  os  trechos gravados. Os expanders, porém, costumam soar mais naturais.  Os expanders servem ainda para restaurar a margem dinâmica de um sinal que  tenha  sido  comprimido  excessivamente.  Se,  por  exemplo,  um  compressor  reduziu  os  pontos de maior amplitude em 9 dB, pelo menos teoricamente, se o sinal for expandido  com uma margem também de 9 dB, a variação dinâmica original será restaurada.  Gates  e  expanders  são  normalmente  utilizados  na  mixagem  ao  invés  de  na  gravação. Isso acontece porque, se forem ajustados incorretamente, podem fazer com  que  notas  ou  passagens  mais  suaves  não  sejam  gravadas,  caso  estejam  abaixo  do  valor de threshold. Durante a mixagem, o threshold pode ser ajustado de modo a evitar  que passagens de menor amplitude sejam eliminadas pelo gate. Porém, eventualmente,  em  home  studios,  pode  ser  aconselhável  o  uso  de  gate  durante  a  gravação.  Isso  costuma  funcionar  desde  que  se  tenha  um  cuidado  extremo  ao  se  configurar  o  processador  e  que  a  execução  musical  não  apresente  variações  dinâmicas  muito  significativas. Uma guitarra com ruído, por exemplo, permite o uso do gate na gravação,  já que o ruído é constante e é fácil ajustar o threshold. 

Dicas ·

Pratique, experimentando os diversos tipos de efeitos de dinâmica em diferentes  tipos de som: vozes, instrumentos, efeitos sonoros, etc. Experimente também  exercitar com CDs comerciais de diferentes artistas e gêneros musicais.

·

Ao ajustar cada processamento, experimente valores extremos para perceber  como cada parâmetro altera o som. Altere o som ao máximo. Depois, tente fazê­  lo soar o mais natural possível.

·

Experimente conectar diferentes fontes sonoras ao side chain (entrada externa)  e verifique as possibilidades de diferentes efeitos que isso pode provocar.

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