Documento Sem Título.docx

  • Uploaded by: Hyun
  • 0
  • 0
  • June 2020
  • PDF

This document was uploaded by user and they confirmed that they have the permission to share it. If you are author or own the copyright of this book, please report to us by using this DMCA report form. Report DMCA


Overview

Download & View Documento Sem Título.docx as PDF for free.

More details

  • Words: 1,850
  • Pages: 6
USP - ECA - CTR Legislação e Mercado Audiovisual Hyun Woo No 9290411 Prof. Carlos Augusto Calil

MELEIRO, Alessandra (org.). Cinema e Mercado. São Paulo: Escrituras Ed., 2012

Alessandra Meleiro, organizadora do livro Cinema e Mercado (pertencente à coleção Indústria Cinematográfica e Audiovisual Brasileira Vol. III), propõe-se, a partir deste, tratar de temas diversos do mercado audiovisual no Brasil. Os sete artigos compilados no livro abordam tópicos como: o pensamento industrial cinematográfico, as políticas de apoio à indústria, o mercado exibidor, o universo dos festivais, entre outros; sempre levantando dados históricos e traçando paralelos com o atual cenário do tema estudado. É necessário ressaltar, entretanto, que algumas informações já se mostram um tanto datadas; principalmente nos capítulos V e VI, em que os objetos de estudo principal são as novas mídias oriundas da Internet. Pode-se perceber, dessa maneira, a rápida transformação que esta sofreu em um curto intervalo de tempo (7 anos, já que o livro foi organizado em 2012). O livro, por esperar do leitor um conhecimento prévio de certos mecanismos do meio (indústria cinematográfica e economia estatal, por exemplo), obviamente é voltado para um público já inserido no mesmo. Ainda assim, Cinema e Mercado consegue relatar de forma bastante eficiente e didática diversos universos complexos e não muito convidativos até para o estudante de cinema. A linguagem, mesmo variando de autor para autor, é, no geral, de fácil entendimento (é exceção para mim, pessoalmente, o primeiro artigo, em que há, em certos trechos, um problema entre a articulação de frases e ideias, resultando em uma falta de clareza no pensamento) e bem objetiva. Além disso, as citações e referências presentes nos artigos compõem bem os textos, uma vez que fortalecem os dados presentes nos mesmos. A estrutura dos capítulos de Cinema e Mercado também funciona bem, as informações vão se

somando de forma lógica e coerente e alguns fatos explicitados vão adquirindo mais camadas e profundidade à medida que os outros artigos abordam-no de pontos de vista diferentes (por exemplo, a crise dos cinemas na década de 80, abordada no segundo artigo pelo olhar da produção e no terceiro pelo olhar da exibição). Proponho-me, a seguir, a resumir os artigos do livro e levantar as questões que, para mim, foram mais relevantes e interessantes.

1. O pensamento industrial cinematográfico brasileiro: ontem e hoje Arthur Autran afirma em seu artigo que “fica claro que o modo como hoje a indústria cinematográfica brasileira é projetada, tem diferenças significativas em relação ao período que vai até o final o final da década de 1980. Muito especialmente a perspectiva do distribuidor de filmes estrangeiros e do exibidor como inimigos, a serem combatidos e derrotados a todo custo.” (p. 32). Foi interessante ver e entender como se deram as políticas de aproximação do setor da produção nacional com os distribuidores de filmes estrangeiros e com os exibidores (III e IV Congresso Brasileiro de Cinema). Outro ponto levantado por Autran é a relação do cinema com a televisão, marcada por conflitos de interesses. “Por outro lado, é a televisão que passa a ser objeto do desejo dos cineastas, posto que se trata de um veículo implantado industrialmente no país em tempo de produção audiovisual. Aqui, no entanto, o conflito é grande, pois as emissoras comerciais não aceitam nenhum tipo de enquadramento legal que as leve obrigatoriamente a exibir o filme brasileiro.” (p. 32).

2. Políticas públicas federais de apoio à indústria cinematográfica brasileira: um histórico de ineficácia na distribuição O autor do artigo, João Paulo Rodrigues Matta, além de explicar sucintamente o funcionamento do Fundo Setorial do Audiovisual, das Funcines e da Lei do Audiovisual, mecanismos fundamentais na indústria ainda hoje, busca explicitar os métodos estatais de apoio à indústria cinematográfica nos períodos préEmbrafilme, Embrafilme e da Retomada. Em sua análise, entende que “no geral, houve ineficácia no apoio a distribuição, o que, consequentemente, afetou negativamente a performance competitiva de filme brasileiros no mercado interno.” (p. 50).

Matta ainda percebe a má articulação do cinema com a televisão, “sabe-se que o desafio de superar a ineficiência da distribuição dos filmes brasileiros no mercado interno e a fraca convergência entre a indùstria cinematográfica e os demais elos da indústria do audiovisual nacional contrariam interesses políticos e econômicos históricos da MPAA, do governo norte-americano e das redes de televisão.” (p. 50).

3. Mercado exibidor brasileiro: do monopólio ao pluripólio Luis Gonzaga de Luca, em seu artigo, traça toda a trajetória do mercado exibidor de forma muito detalhada: de monopólio para duopólio, as expansões do circuito, a influência da popularização da televisão no meio, o surgimento dos cinemas nos shoppings centers, o homevideo e por fim, a chegada dos operadores internacionais (por exemplo: Cinemark e UCI). O autor ainda comenta sobre o atual perfil do setor exibidor no Brasil, revelando que “Cinemark, UCI e o Grupo Severiano Ribeiro detêm aproximadamente 37% das telas existentes no país” (p. 68) mas possuem quase 60% das bilheterias. Tal fato evidencia a concentração de arrecadação no mercado exibidor atualmente.

4. O papel dos festivais de cinema no Brasil: um diagnóstico do setor Abordando as diversas possibilidades dos festivais, Antonio Leal e Tetê Mattos oferecem um panorama geral acerca dos mesmos. Além de evidenciar esse universo como um meio em expansão (“é possível verificar que o circuito de festivais mais do que triplicou em sete anos, saindo de 38 eventos naquele ano para 132 festivais em 2006”) (p. 76), o ensaio dos dois autores ainda indica a Região Sudeste como a região que mais concentra festivais. Outros pontos abordados pelos autores são os efeitos socioeconômicos positivos e contribuições para o audiovisual trazidos pelos festivais: “o circuito de festivais é a vitrine natural dos curta-metragens” (p. 84); “esses eventos são empreendimentos com capacidade de alavancar negócios, gerar emprego, renda, impostos e promover um significativo aquecimento da economia de serviços” (p. 86); “postura de cidadania que produz reflexo no combate à exclusão social tendo como base um leque diversificado de ações culturais.” (p. 90).

5. Novas janelas Sabrina Nudeliman e Daniela Pfeiffer traçam, no ensaio Novas Janelas, uma evolução do consumo de audiovisual: passando pelas salas de cinema (como meios exclusivos de consumo), pelo homevideo, até chegar em plataformas mais recentes, como o computador e o celular. Nesse viés, as autoras afirmam que “há que se considerar as novas mídias também como uma janela potencial de exibição” (p. 112). “O Brasil tem demonstrado grande variedade e diversidade cultural através das produções realizadas. O que acontece, porém, é que grande parte desse conteúdo não encontra espaço ou público nas mídias consideradas “tradicionais” (...) Nesse sentido, as novas mídias se apresentam cada vez mais como uma alternativa à exibição dos filmes” (p. 112). Por fim, Nudeliman e Pfeiffer ainda abordam a questão da democratização da produção, proporcionada pela internet e pelas novas mídias. “Em um contexto econômica e culturalmente dominado por grandes empresas de mídia, surgem pontos alternativos de expressão e fluxo audiovisual, através de recursos digitais que permitem interatividade, participação e facilidade de acesso à informação e à troca” (p. 114).

6. A indústria audiovisual e os novos arranjos da economia digital João Carlos Massarolo e Marcus Vinícius Tavares de Alvarenga abordam em seu artigo, novas formas de negócios para a economia do audiovisual, visto as mudanças no sistema de produção, distribuição e exibição de conteúdo audiovisual com o desenvolvimento das novas mídias digitais. São contemplados pelos autores diversos aspectos da cultura emergente frente a difusão das novas mídias. São exemplos: mídias colaborativas (MSN, Orkut, Google Maps), cultura participativa (usuários da internet que compartilham conhecimentos e experiência com outros usuários), criação de universos audiovisuais (franquia de filmes), entre outros.

7. O cinema brasileiro visto de fora Randal Johnson, em seu artigo O cinema brasileiro visto de fora, evidencia, através de dados e tabelas, o alcance de alguns filmes brasileiros no mercado norte-americano. Ele ainda revela que “o envolvimento de produtoras estrangeiras, as distribuidoras associadas à MPA, e Globo Filmes (em filmes que alcançaram

expressivo sucesso comercial nos cinemas dos Estados Unidos), dá uma clara indicação que de modo geral - mas não exclusivo - os filmes que têm acesso ao mercado americano são filmes orientados mais para um público amplo do que para um público restrito.” (p. 138). Por fim, Johnson ainda mostra como é a produção acadêmica sobre o cinema brasileiro nos Estados Unidos e na Inglaterra.

WU, Tim. Impérios da Comunicação - Do Telefone à Internet, da AT&T ao Google. Rio de Janeiro: Zahar Ed., 2012

Tim Wu, em seu livro Impérios da Comunicação, busca narrar o surgimento e evolução dos grandes conglomerados de mídia nos Estados Unidos. O autor aborda, principalmente, o processo de transição das mídias: de um espaço aberto e livre para meios controlados por grandes empresas. Abrangendo domínios como o telefone, rádio, cinema e internet, Wu consegue oferecer, em cada um dos cinco capítulos do livro, um panorama vasto da história dos diferentes meios de comunicação. Começando pelo telefone, o autor destaca a Bell Company, futura American Telephone and Telegraph Company (ou AT&T), como exemplo do processo de formação de um monopólio. Nesse sentido, é revelado que o domínio do meio telefônico foi obtido pela companhia por meio de uma aliança entre Theodore Vail (o então presidente da Bell Company) com o governo americano. Oferecendo desenvolver a telefonia em todo o território nacional, a Bell Company se via operando sem muita concorrência. Sobre o âmbito do rádio, o autor mostra como se deu a evolução do meio. Partindo desde a era aberta do rádio, em que haviam grupos isolados e independentes de operadores locais (estações de rádio de caráter pessoal e comunitário) até os dias de hoje, em que essa produção independente não é mais possível (é necessário obter autorização do governo para estabelecer uma estação de rádio própria), Wu insiste que “os primeiros rádios foram, antes da internet, a maior mídia aberta do século XX, e talvez o mais importante exemplo, desde os primeiros tempos dos jornais, do que seria uma economia aberta e irrestrita no setor da comunicação” (p. 53).

Já no que tange o universo do cinema, Tim Wu comenta como se deu o surgimento e desenvolvimento da indústria cinematográfica norte-americana: a formação de Hollywood e de distribuidoras como a Fox, Warner Bros e a Paramount; e também como foi a estruturação do tripé produtor, distribuidor, exibidor. Por fim, o autor disserta sobre o universo da internet, suas relações com o desenvolvimento dos computadores e perspectivas futuras no meio. Refletindo sobre a possibilidade de grandes empresas dominarem todo o âmbito da internet, Wu cita empresas de grande porte como a Google e o Facebook, que já possuem certo grau de monopólio nos serviços que oferecem. Entretanto, ele ainda revela que é muito cedo para defini-las como dominantes, visto a volatilidade dessa mídia. O autor ainda se mostra contrário ao monopólio da internet, favorecendo seu caráter livre, comunitário e participativo. Impérios da Comunicação consegue transmitir, com muito sucesso, seu conteúdo. Sua linguagem é simples e seus caminhos são bem diretos. Concluindo, acredito que o livro de Tim Wu se configura como uma base sólida para compreender tanto as origens quanto o atual estado dos meios de comunicação.

Related Documents

Documento
May 2020 29
Documento
November 2019 45
Documento.
October 2019 41
Documento
October 2019 38
Documento
December 2019 38
Documento
November 2019 40

More Documents from ""