Doce veneno Há 300 anos, a humanidade não usava aditivos doces em sua dieta. Foi somente nos últimos dois séculos que o açúcar começou a ser produzido e consumido de forma cada vez mais intensa. Hoje é muito difícil resistir a ele, mas além de ser um fantasma para a boa forma, o açúcar é um vilão para quem deseja ter uma boa saúde Açúcar não é um alimento natural! O açúcar branco é um carboidrato simples, resultado de um processo químico que retira da garapa a sacarose, e que, quando ingerido, se divide em glicose e frutose. Durante o processo de refinação que o torna solto, branco e bonito, o açúcar perde uma série de nutrientes como fibras, sais minerais, vitaminas e proteínas, tornandose assim uma fonte de calorias vazias e podendo até causar desnutrição generalizada, principalmente em crianças que utilizam este alimento como principal fonte de nutrientes. Segundo a nutricionista Dra. Denise Madi Carreiro, “o açúcar é um produto refinado químico, por isso não podemos dizer que é um alimento natural”. Na verdade, o açúcar é apenas um alimento calórico, de baixa qualidade nutricional, que não oferece benefícios para o organismo. “Ele rouba nutrientes, podendo alterar o meio digestivo no estômago, prejudicar a absorção de vitaminas e minerais, interferir na digestão e na absorção intestinal, além de facilitar o aumento da excreção de alguns nutrientes dentro do organismo. Além disso, o açúcar é alimento de cândidas, fungos e más bactérias. Quando há um aumento desses elementos, você acaba mantendo um pH ácido no intestino, o que prejudica a absorção de nutrientes essenciais para o bom funcionamento orgânico”, frisa a nutricionista. O vilão da boa saúde! Considerado por alguns como um produto antibiológico, o açúcar consumido em excesso pode ser diretamente considerado como um fator de causa ou colaboração para o desenvolvimento de várias doenças. A Dra. Carreiro afirma que o excesso de consumo do açúcar não é o causador da obesidade, mas pode facilitar o aumento da gordura abdominal. “Quando você come o açúcar, ele já está pronto para ser absorvido, não necessitando de um processo de digestão. Ao comer algo com açúcar, ocorre rapidamente um pico de glicose no sangue. O pico de glicose, acompanhado pelo pico de insulina e, muitas vezes, por alguns processos inflamatórios que podem acontecer no organismo por má alimentação, pode provocar um aumento da resistência à insulina, gerando assim a síndrome metabólica”. E essa montanha-russa não faz nada bem ao organismo. Além disso, o açúcar rouba energia do cérebro, facilita a síndrome metabólica que é geradora de problemas cardiovasculares e da gordura abdominal, hipoglicemia reativa - que pode causar enxaqueca - distúrbios de concentração, fadiga crônica, e ainda destrói alguns nutrientes essenciais para o seu próprio metabolismo, como, por exemplo, o cromo. Sua imunidade em perigo Cerca de 70 a 80% dos sinais da modulação do nosso sistema imunológico vêm da parede do intestino. As responsáveis por manter a integridade da parede intestinal e fazer com que a modulação do nosso sistema imunológico trabalhe de forma adequada são as boas bactérias. Entretanto, o açúcar é o alimento preferido dos fungos e más bactérias que prejudicam o bom funcionamento do intestino e, conseqüentemente, do sistema imunológico. Além disso, o açúcar aumenta a excreção de determinados nutrientes pelo organismo, entre eles os responsáveis pela ação da modulação do sistema imunológico. Ou seja, o açúcar prejudica as defesas do organismo, fazendo com que as pessoas fiquem mais propensas a gripes, candidíases, herpes, amigdalites, entre outras doenças. Açúcar branco, mascavo, adoçante... A nutricionista afirma que não há um consumo diário indicado de açúcar porque a sensibilidade a ele é muito individual. “O açúcar deve ser retirado da dieta nos casos em que ele é um problema para a saúde, como o diabetes, a hipoglicemia, a candidíase ou a hiperatividade infantil”, afima a Dra. Carreiro. Uma alternativa pode ser o revezamento do consumo de alimentos doces. O açúcar mascavo tem mais nutrientes que o açúcar branco, mas não deixa de ser sacarose e também deve ser consumido com moderação. Em alguns casos, o uso de adoçantes, da frutose e do mel também são uma boa opção. No caso do mel, é importante considerar as inúmeras vitaminas e minerais que ele possui, o que o torna um alimento mais saudável. Dicas importantes: Como o açúcar é agressor da parede gastrintestinal, as pessoas têm que ter o cuidado de: • Não consumir o açúcar com o estômago vazio. • Não consumir o açúcar em excesso. • Evitar o consumo do açúcar à noite, pois ele pode ajudar na diminuição da liberação do hormônio do crescimento (GH). Esse hormônio é importante porque atua no crescimento, para quem está crescendo, e na renovação celular, para quem já passou dessa fase. Açúcar envelhece Nosso organismo é composto por, no mínimo, 100 trilhões de células. Diariamente, renovamos cerca de 50 milhões de células. Para realizar essa renovação celular utilizamos uma série de nutrientes. Como a ingestão de excesso de açúcar impede a absorção de nutrientes e ajuda na excreção dos já presentes no organismo, não há energia e matéria-prima suficientes para que as células se renovem.
Além disso, o alto consumo de açúcar aumenta a formação de radicais livres, que, em excesso, podem causar efeitos deletérios no organismo, gerando o estresse oxidativo, ou seja, os radicais livres alteram o funcionamento das nossas células favorecendo o envelhecimento celular. Dra. Denis Madi Carreiro é nutricionista clínica funcional formada pela Universidade de São Paulo. É autora do CD Multimídia “Entendendo a importância do processo alimentar” e coautora do livro “Mitos e realidades sobre a obesidade e cirurgia bariátrica”. Fonte: transcrito da revista Viver Nutrilite (Ano 2, Número 8, Junho de 2006, páginas 10 e 11).