Cultura E Arte 2009 - Fev-01.pdf

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Umuarama, domingo, 1º de fevereiro de 2009

CRÔNICA

Tudo o que tenho é seu

ÁGUA NO RADIADOR

Nosso cérebro é a uma das grandes maravilhas da evolução, ou da criação divina para quem preferir, ou dos dois para os que não querem problemas teológicos. Ele tem sido objeto de estudos neurocientíficos cada vez mais avançados para desvendar seu funcionamento, mas sempre que os estudos e descobertas avançam, mais o Sr. Cérebro aumenta em complexidade. É um grande enigma a forma como um mesmo órgão se comporta de formas tão distintas e imprevisíveis em diferentes pessoas. Esse grande “não saber” acerca do cérebro nos fez criar entidades como “a mente” ou “a alma” para explicar esses desvios pessoais e intransferíveis que moldam as particularidades de cada indivíduo nesse mundão-de-meu-deus. Estas entidades são tão antigas quanto a humanidade. Os egípcios, e os povos anteriores a eles, já cultuavam e consideravam a existência de alguma coisa invisível que complementava o físico de cada pessoa. O interessante é que até surgir o grego Hipócrates, pai da medicina ocidental, que viveu entre 460 a 379 AC, a morada da consciência, ou alma, ou sabedoria e afins era o coração. Ele foi o primeiro a apontar o cérebro como o órgão que controlava as sensações e a inteligência. Sim, os antigos acreditavam que o a razão e o intelecto moravam no coração, portanto, antes Hipócrates, “ouvir o coração” era ser racional, frase que nos dias de hoje é bem o oposto. Mas interessante mesmo era a visão que o filósofo Aristóteles tinha da nossa “cachola”. Para ele a inteligência e a razão eram controladas pelo coração, o cérebro funcionaria como um radiador que resfriava o sangue aquecido pelas batidas do coração. Maluquice? Acho que não. Com a evolução da neurociência, o cérebro tem se tornado cada vez mais complexo e distante do nosso entendimento. Ele é praticamente uma entidade abstrata e intocável aos meros mortais como nós. Usá-lo é para os cientistas, a gente fica mesmo é com o coração. Na hora de amar, na hora de brigar, na hora da indecisão, o coração sempre ganha do cérebro, é mais fácil. Muitas vezes essa técnica ajuda e faz a vida andar, mas ignorar a razão por muito tempo gera um mal costume, um retorno ao primitivo, ao ato reflexo, à inconsequência e à superstição. Perceba que as confusões e brigas começam quando uma das partes perde a razão, quando acabam os seus argumentos. Perceba que um sujeito atira em alguém numa briga de trânsito quando escolhe não usar a cabeça e medir as ações. Perceba que uma sociedade afunda quando se ignora o intelectual e não pensa nas consequências futuras do que está fazendo. Existe sempre o valentão que, depois de fazer burrada, se justifica: “Pô, eu não tenho sangue de barata!”. E não tem mesmo! Mas como anda o seu radiador? Tem usado direito? Trocado a água, limpado? Afinal, como qualquer peça de qualquer máquina que não se usa, ele enferruja e para de funcionar. É aí que vão meus créditos pro Aristóteles, o cara que melhor definiu o cérebro na história do mundo, só faltou dizer que a “água” desse “radiador” é o conhecimento, a criatividade e refrescâncias afins.

Sarah Vaughan foi uma das vozes femininas mais influentes do Jazz, de timbre um tanto grave, porém muito versátil. Ela foi uma das primeiras vocalistas a incorporar as intrincadas frases do Bebop em seus vocais. Filha de um guitarrista amador e de uma lavadeira, Sarah Lois Vaughan nasceu em Newark, E.U.A, aos 24 de março de 1924. Desde cedo estudou música e ainda na adolescência se juntou a algumas “Big Bands” como vocalista. Com uma bela voz e interpretações cheias de sentimento, não demoraria para ela despontar em carreira solo, o que duraria dos anos 1940 até o final da década de 80 quando ela, por causa de um câncer de pulmão, se afastou dos palcos. Vaughan faleceu em 3 de Abril de 1990, em sua casa na Califórnia, enquanto assistia um filme estrelado por sua filha Debra Lois na televisão. Há, nestes últimos dias um disco dela que não me sai da vitrola, chamase Every Thing I Have Is Yours, e é uma coletânea de várias gravações da “Divina” (como também era chamada) durante a década de 40. A cantora está próxima da perfeição em faixas como September Song, do compositor alemão Kurt Weill, e Lover Man. O disco também conta com a participação, em algumas faixas, do saxofonista Charlie Parker e do trompetista Dizzy Gillespie, também ícones do Jazz, principalmente do Bebop. Tal álbum foi produzido pelo selo americano Drive, especializado em raridades desse gênero e foi distribuído no Brasil pela Trama.

OS CARECAS

O clima dessa coletânea é mormente romântico, o próprio titulo já adianta o clima, mas não existe no disco aquele mundo de lágrimas ou tristeza demais, os sentimentos como nostalgia, saudade, amor são passados ao ouvinte com um sorriso, facilmente perceptível na bela voz de Sarah. É certamente uma boa chance para quem se interessa e não sabe por onde começar a ouvir esse estilo tão misterioso e ao mesmo tempo simples, que é o Jazz.

Por Jefferson Silveira

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