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REDESCOBRINDO O ACONSELHAMENTO BÍBLICO EM OPOSIÇÃO À PSICOLOGIA MÍSTICA E ANTI-CRISTÃ DO SÉCULO XXI INTRODUÇÃO O objetivo primordial desta tese é apresentar, fundamentadas e inseridas dentro da cosmovisão bíblica, ferramentas práticas para um aconselhamento cristão eficaz, quebrando paradigmas que, hoje, fazem parte da filosofia humanista ou secular que se infiltrou dentro das igrejas ditas evangélicas. Este trabalho visa, também, a apresentar um sistema de verdades bíblicas que integra pessoas e seus respectivos problemas e o Deus vivo, trazendo-as de volta a um relacionamento genuíno com o Pai na pessoa de Cristo por meio da graça e da vida em abundância que nos foi prometida e conquistada na cruz. O aconselhamento que emprega a Palavra de Deus é um dever necessário à vida cristã e à comunhão, constituindo o resultado da verdadeira maturidade espiritual. Nos tempos apostólicos, o aconselhamento era tido como função natural da vida espiritual do corpo: Meus irmãos, eu mesmo estou convencido de que vocês estão cheios de bondade e plenamente instruídos, sendo capazes de aconselharem-se uns aos outros – epístola de Paulo, o apóstolo, aos romanos, capítulo quinze, versículo quatorze. E, ainda, Habite ricamente em vocês a Palavra de Cristo; ensinem e aconselhem-se uns aos outros com toda sabedoria, e cantem salmos, hinos e cânticos espirituais com gratidão a Deus em seu coração – epístola de Paulo, o apóstolo, aos colossenses capítulo três, versículo dezesseis1. Atualmente, surgiu dentro da igreja um forte e influente movimento que busca substituir o aconselhamento bíblico pela “psicologia cristã” – técnicas e sabedoria adquiridas a partir de terapias seculares e aplicadas por profissionais que recebem por seus serviços. Eles citam as escrituras e misturam idéias teológicas aos ensinamentos de Freud ou de Jung dependendo da linha à qual pertencem. Essa prática, entretanto, não está conduzindo as pessoas a uma direção bíblica, pode estar condicionando os cristãos a pensar no aconselhamento como algo que pertença a especialistas formados em psicologia somente. Essa postura poderá abrir portas para uma variedade de teorias e 1
A partir desse parágrafo, passaremos a utilizar a abreviatura, dos livros, capítulos e versículos, contida no índice geral da Bíblia Sagrada e nas respectivas notas de rodapé, da versão traduzida por João Ferreira de Almeida, edição revista e atualizada, publicada pela Sociedade Bíblica do Brasil. A passagem acima teria como abreviatura, Cl 3.16.
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terapias extra bíblicas, sugerindo sutilmente que a Palavra de Deus é insuficiente ou incapaz de ajudar ou, até mesmo, de curar problemas emocionais e espirituais das pessoas. Muitas vezes essa postura pode, também, sugerir que pecados são problemas de comportamento ou desvios, levando os cristãos a abandonarem os mandamentos de Deus perdendo a consciência de que pecado se coloca na cruz para recebimento do perdão de Cristo pelo sacrifício dEle e problema se resolve por meio do conhecimento das verdades que renovam nossa mente, levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo. Essa conduta anti-cristã e humanista pode afastar as pessoas da comunhão, diminuir a confiança no papel da igreja como sal e luz; pode enfraquecer a vontade de buscar a intimidade com o Pai pela oração e leitura da Palavra e, por último, afastar os fiéis da pregação como meio pelo qual o Espírito Santo opera para transformar vidas. Grupos cada vez maiores estão procurando tratamento psicológico, entretanto, o que se observa não é mais equilíbrio ou pessoas melhor ajustadas e mentalmente sadias. O que se observa, na prática, são pessoas dependendo mais e mais de psicólogos e não do poder transformador e regenerador da Palavra de Deus. A confiança na ciência tomou o lugar da fé. Além disso, o relativismo pósmoderno tem prendido o homem ao falso conceito do “tudo depende do ponto de vista”. Qualquer pessoa pode estar certa desde que se considere o momento sócio-histórico e cultural ao qual está inserido. A filosofia individualista vem destruindo o absoluto, isto é, Deus, o ser supremo criador e absoluto deixou de existir: tudo é relativo e pecado é questão de opinião. O espiritual passou a místico, trocando a busca a Deus pela metafísica. Não se quer aqui, negar a psicologia, mas não podemos nos deixar levar por modismos ou trocar nossa confiança no Deus verdadeiro por teorias de comportamento. O significado da palavra psicologia é “estudo da alma”. O verdadeiro estudo da alma só pode ser feito se baseado em concordância com as verdades bíblicas, pois é na Bíblia que encontramos o plano de salvação da alma que, por causa do pecado, morreu. A psicologia secular baseia-se em pressupostos ateístas e fundamentos evolucionistas, estando apta, apenas para lidar superficial e temporalmente com os problemas comportamentais do homem. O pai da psicologia moderna, Sigmund Freud, era humanista e ateu, substituindo a religião pela ciência do comportamento. Antes de Freud, o estudo da alma era inerente à disciplina espiritual. Sua principal contribuição foi definir a alma humana em termos absolutamente seculares, separando completamente a antropologia da esfera espiritual.
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Há grande valor na psicologia tanto quanto há valor em todas as ciências, pois tudo está sob o controle do Supremo Criador. O que não se pode admitir é a substituição dos valores absolutos da Palavra de Deus por teorias que os negam. São dezenas, para não dizer centenas, de modelos e técnicas baseadas em teorias conflitantes, sendo impossível falar de psicoterapia como ciência unificada e consistente. São vários conceitos defendidos que possuem suas raízes no humanismo parecem, sutilmente que são verdadeiros. Alguns deles estão listados abaixo: 1. A natureza humana é essencialmente boa; 2. Encontramos as respostas para os problemas dentro do próprio homem; 3. A chave para a compreensão e para a correção das atitudes e ações de uma pessoa reside em algum ponto do seu passado; 4. Os problemas do indivíduo são resultantes de algo que alguém provocou nele; 5. Os problemas humanos podem ser puramente psicológicos em sua natureza, não estando relacionados a qualquer condição espiritual ou física; 6. Os problemas profundos só podem ser resolvidos por conselheiros profissionais e por meio de terapia; 7. As Escrituras, a oração e o Espírito Santo são fontes inadequadas e simplistas para a resolução de certos tipos de problemas. Essas e outras teorias similares já se infiltraram em nossa cultura e até mesmo dentro igreja. Podemos, sim, usar as teorias e os conceitos da psicologia que concordam com os princípios de Deus como ferramenta no aconselhamento, contudo não podemos aceitar que eles sejam a verdade absoluta, já que o Espírito Santo é criativo e criador e é nela que está toda a sabedoria e poder para nos levar à liberdade. Para cada uma dessas afirmativas, encontramos outra que se opõe e que é a verdade, pois está contida na Bíblia e em nossos corações se somos realmente discípulos de Cristo: 1. A natureza humana é má e pecaminosa: No evangelho segundo Marcos2, lemos: E, pondo-se Jesus a caminho, correu um homem ao seu encontro e, ajoelhando-se, perguntou: Bom mestre, que farei para herdar a vida eterna? Respondeu-lhe Jesus: Por que me chamas bom? Ninguém é bom senão um, que é Deus. E mais, no livro de Eclesiastes 3, Não há homem justo sobre a terra que faça o bem e não peque.
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BÍBLIA SAGRADA. Almeida Revista e Atualizada. Sociedade Bíblica do Brasil. São Paulo: SBB, 2008. Mt 10.17-18.
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Idem. Ibidem. Ec 6.20.
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As respostas para os nossos problemas estão em Deus e no sacrifício
vicário de Cristo que sofreu uma única vez: No livro de Provérbios4, lemos: O coração do homem pode fazer planos, mas a resposta certa vem dos lábios do Senhor. No livro de Jeremias5, Eu sei, Senhor, que não cabe ao homem determinar o seu caminho, nem ao que caminha o dirigir os seus passos. No livro de Hebreus6, Ora, neste caso, seria necessário que ele tivesse sofrido muitas vezes desde a fundação do mundo; agora, porém, ao se cumprirem os tempos, manifestou-se, uma única vez por todas, para aniquilar, pelo sacrifício de si mesmo, o pecado. 3.
A compreensão das atitudes possui suas respostas no corpo do pecado e
na natureza decaída da humanidade. A correção das mesmas necessita da correção de Deus e da regeneração produzida pela habitação de Cristo na pessoa do Espírito Santo no Homem: O apóstolo Paulo (cf. Rm 7.14-15) esclarece muito bem o motivo das atitudes erradas do homem, Porque bem sabemos que a lei é espiritual; eu, todavia, sou carnal, vendido à escravidão do pecado. Porque nem mesmo compreendo o meu modo de agir, pois não faço o que prefiro e, sim, o que detesto. A correção das atitudes depende do posicionamento do ser humano, optando por aceitar o sacrifício de Cristo pela fé e assumindo o Senhorio de Cristo em sua vida para que haja transformação pelo Espírito Santo. O passado não é resposta para nada, pois é deixado na cruz e não deve ser lembrado - Fomos, pois, sepultados com ele pelo batismo na morte, para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida (cf. Rm 6.4); Esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo pelo prêmio da vocação celestial de Deus em Cristo Jesus (cf. Fl 13-14). Não vos lembreis das coisas passadas, nem considereis as antigas (cf. Is 43.18). Pelo que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo (2Co 5.17). 4.
Os problemas do homem adulto são provocados por ele mesmo. Ele, por
possuir o livre arbítrio, tem a liberdade de escolher o que vai ser ou fazer. Quando criança pode sofrer abusos ou violência involuntariamente. Nesse caso, ao optar por servir a 4
BÍBLIA SAGRADA. Almeida Revista e Atualizada. Sociedade Bíblica do Brasil. São Paulo: SBB, 2008. Pv 16.1
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Idem. Ibidem. Jr 10.23;
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Idem. Ibidem. Hb 9.26
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Deus, Ele mesmo o liberta e por Seu amor e poder apaga de sua memória a dor do trauma pela fé: A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a iniqüidade do pai, nem o pai levará a iniqüidade do filho, A justiça do justo ficará sobre ele, e a impiedade do ímpio cairá sobre ele (cf. Ez 18.19-20). Vinde, pois, e arrazoemos, diz o Senhor: ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, tornar-se-ão como a lã (cf. Is 1:18). Até a criança se dá a conhecer pelas suas ações, se a sua conduta é pura e reta (Pv 20.11). 5.
Os problemas humanos podem ser psicológicos em sua natureza, mas
podem, também, estar relacionados com sua condição espiritual ou física, ou mesmo por sua condição físico-espiritual. Basta analisarmos as passagens, nas quais Jesus opera a cura e a libertação. Porque tinha curado a muitos, de tal maneira que todos quantos tinham algum mal se arrojavam sobre ele, para lhe tocarem. E os espíritos imundos vendo-o, prostravam-se diante dele, e clamavam, dizendo: Tu és o Filho de Deus (cf. Mc 3.10-11). Em Lc 8.2, podemos observar que há uma distinção entre espíritos malignos e enfermidades, e também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades. 6.
Se os problemas só pudessem ser resolvidos por conselheiros
profissionais e por meio de terapia, o poder de Deus seria totalmente negado ou rejeitado. É claro, que não se pode ser leviano e tratar todos os problemas usando um modelo pronto como se todas as pessoas fossem iguais, desrespeitando sua individualidade. Entretanto, a Palavra de Deus, bem aplicada e vivida, pode libertar e até curar enfermidades físicas, porque Jesus declarou (cf. Jo 8.31) que aqueles que permanecessem em sua palavra, seriam, verdadeiramente, seus discípulos; a verdade seria conhecida, conduzindo à libertação. Permanecer em Jesus significa tomar posse e aplicar tudo o que foi ensinado por ele, pois ele conquistou todo o poder e autoridade a fim de nos presentear com eles, cujo objetivo seria usá-los para a glória de Deus, libertando e revelando seu poder aos que ainda não o conhecem. Tendo, Jesus, convocado os doze, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios e para efetuarem curas (cf. Lc 9.1); Depois disto, o Senhor designou outros setenta; e os enviou de dois em dois, para que o precedessem em cada cidade e lugar onde estava para ir. [...] Então, regressaram os setenta, possuídos de alegria, dizendo: Senhor, os próprios demônios se nos submentem pelo teu nome! [...] Eis aí vos dou autoridade para pisardes serpentes e escorpiões e sobre todo o poder do inimigo, e nada, absolutamente, vos causará dano (cf. Lc 10.1, 1719). O Senhor curou pessoas que depois ficaram doentes, multiplicou pães e peixes cujas
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pessoas comeram, mas voltaram a ter fome e, ressuscitou mortos que depois voltaram a morrer. Sem desmerecer os milagres que possuíam característica material e passageira, a obra iniciada pelo Espírito através dos apóstolos e dos cristãos que viriam depois resultou na salvação eterna de milhões e milhões de pessoas: Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço e outras maiores fara, porque eu vou para junto do Pai (cf. Jo 14.12). 7.
As Escrituras, a oração e o Espírito Santo são, certamente, fontes mais do
que adequadas para a resolução de todos os tipos de problemas. O problema reside na racionalidade humana moderna ou pós-moderna que tenta submeter tudo à explicação lógica e científica, esquecendo-se de que tudo foi criado por Deus e está debaixo do seu comando – nem mesmo a ciência ou o conhecimento fogem da soberania de Deus. Dizer que o Espírito Santo não é fonte adequada para a resolução de certos tipos de problemas é negar o poder de Deus, pior que isso, é negar a eficácia do sacrifício de Cristo, de sua ressurreição pelo poder do e a promessa do Consolador e Conselheiro. Toda a escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda a boa obra (cf. 2Tm 3.16-17). Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra (cf. At 1.8). Mudou o Senhor a sorte de Jó, quando este orava pelos seus amigos; e o Senhor deu-lhe o dobro de tudo o que antes possuíra (cf. Jó 42.1). O absurdo da afirmação de que a oração não se adéqua à solução de problemas está no confronto com o Senhor que se retirava para orar e conhecer a vontade do Pai. É fato que certos tipos de depressão possuem causas físicas e que devemos ser cautelosos ao lidar com dependentes químicos. Deve-se usar o bom senso, também, ao se atender alcoólatras, pessoas que sofreram abuso ou pessoas que possuam incapacidade intelectual. Todavia, qualquer tratamento seja ele psicológico ou médico, não existiria se o próprio Criador não inspirasse o homem criado do pó da terra e lhe inculcasse todo o tipo de conhecimento por meio de Sua sabedoria. A infusão da psicologia, sem a adequação com a Verdade e sob o seu somínio, dentro do ensino da igreja tem produzido confusão entre modificação comportamental e santificação. Modificação comportamental é condicionamento, tal qual Pavlov explicando aprendizagem por estímulo, ou como Skinner querendo provar aprendizagem por reforço. Não há “trabalhador da alma” que possa conduzir alguém a
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um nível espiritual maior do que Jesus Cristo. Buscar ser semelhante a Cristo e a santificação, por amor e gratidão por tão grande salvação, é a suprema qualificação para a cura completa do comportamento e das feridas da alma. Portanto, esse trabalho tem como meta, enfatizar a aplicação da Palavra de Deus como agente de transformação e cura para os traumas emocionais e distúrbios de comportamento. A fim de atingir o objetivo proposto, estudaremos conceitos de antropologia, ética, filosofia, apologética, angelologia e pedagogia, além dos conceitos de psicologia e de outras disciplinas seculares. A comparação da cosmovisão cristã com o pensamento moderno e secular tardio, ou seja, da última década do século XX, também chamado de pós-modernismo, é necessária para que se obtenha uma análise mais detalhada da sutileza ideológica e filosófica que modifica o comportamento dos conselheiros cristãos, levando-os a adotarem técnicas e métodos praticados por profissionais da área da psicologia que são incoerentes com as verdades bíblicas, melhor dizendo, incompatíveis. Para o antropólogo secular Dumond7, a religião foi a geradora do individualismo moderno que, por sua vez, produziu a idéia relativista de opiniões. Para ele, surgiu da antiga forma de pensamento judaico-cristão e de outras formas de religião, principalmente a hinduísta, que convence o homem a buscar a verdade, abandonando a vida social para consagrar-se ao seu próprio progresso e destino. Quando o homem olha para trás de si, para o mundo social que abandonou, vê-o à distância, como algo desprovido da realidade e a descoberta do eu se confunde para ele, não com a salvação no sentido cristão, mas como a libertação dos entraves da vida tal como é vivida neste mundo. Assim, esse homem “renunciante” acaba por se bastar a si mesmo e passa a se preocupar somente consigo mesmo. Dessa forma, cada ser “renunciante”, em busca do desenvolvimento espiritual, considera sua visão desprovida de realidade correta, distanciando-se do absoluto. Conclui, então, que a relativização é resultado da renúncia da ordem social. Entretanto, esse mesmo homem depende da vida social para sua subsistência, sendo ele respeitado por instruir o mundo, já que possui um grau mais elevado de “sabedoria espiritual”.
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DUMOND, Louis. O individualismo: uma perspectiva antropológica da ideologia moderna. Rio de Janeiro: Rocco, 1985.
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Portanto, cria-se o paradoxo que é bem vivenciado no século XXI, ao mesmo tempo em que o homem individualiza-se, ele se pluraliza ou como se diz, atualmente, globaliza-se, misturando-se aos vários ideais de pensamento em que todos podem ser ou estar corretos com o objetivo de se incluir na sociedade “holística”, ou seja, pluralizada. Para Amorese8, estudioso cristão da crise da igreja deste século, existem três pilares que, segundo ele, são os portadores da modernidade. De alguma forma, existe certa concordância com o pensamento de Dumond, citado anteriormente, no que diz respeito à individualização e à pluralização. Em seu livro Icabode, Amorese traça um paralelo entre uma cidade hipotética – caracterizada por sua estrutura social equilibrada, tradicional, teocrática – e a Igreja (Povo de Deus), demonstrando como os portadores da modernidade (pluralização, privatização e secularização) arruínam – por meio da fartura de opções de mercado, da liberdade de escolha e realização pessoais e, do seu amoldar aos padrões do mundo secular, passando do domínio religioso para o regime leigo – a ordem antes estabelecida. Essa ordem é quebrada, trazendo crises de autoridade, de identidade, doutrinárias, morais, intelectuais, de caráter e todas as demais que provocam a inversão de valores com que nos confrontamos hoje. Por meio desse paralelo, o autor desafia a Igreja de Cristo a se posicionar contra esses três pilares da modernidade. O título do livro, ICABODE, “foi-se a glória de Israel” e com ela a aliança de Deus com o povo, figurada pela arca, é um alerta ao povo de Deus, que vive em Canaã 2000, a não se conformar com as mudanças impostas pelos meios de comunicação de massa e pelo isolamento entre as pessoas (anonimato próprio da cidade grande), mas retomar a aliança com Cristo, assentar-se à mesa com Ele em comunhão com os irmãos e possuir a mente de Cristo. A fim de fundamentar o argumento proposto por essa tese, de que existe em oposição ao aconselhamento bíblico, fundamentado em princípios e verdades próprias da Sabedoria de Deus contida em Sua Palavra, um aconselhamento fundamentado em propostas anti-cristãs, mascarado por aquilo que a sociedade aprova, ou seja, por uma metodologia científica humanista e sutil, misturada com princípios bíblicos que confunde tanto o conselheiro cristão quanto o aconselhado, estudar-se-á tantos os conceitos humanistas de aconselhamento quanto os bíblicos para que se possa provar que existe e é possível a utilização da Palavra de Deus para aconselhar e direcionar apropriadamente o povo de Deus. 8
AMORESE, Rubem. Icabode, da mente de Cristo à consciência moderna. Minas Gerais: Ultimato, 2004.
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Por influência da filosofia desse século, indivíduos sinceros e honestos em sua fé têm buscado em fontes enganosas a cura para seus problemas comportamentais e mentais, porque o pensamento moderno é o modelo mais real da árvore do conhecimento do bem e do mal. A humanidade, e mais sério, a Igreja de Cristo, continua pecando e, enganada, escolhe, ainda, alimentar-se do fruto oferecido pela serpente no Éden. Na segunda carta de Paulo, o apóstolo, aos coríntios 9, capítulo onze versículos de um a quatro, lê-se: Quisera eu me suportásseis um pouco mais na minha loucura. Suportai-me, pois. Porque zelo por vós com zelo de Deus; visto que vos tenho preparado para vos apresentar como virgem pura a um só esposo, que é Cristo. Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim, também, seja corrompida a vossa mente e se aparte da simplicidade e pureza devidas a Cristo. Se, na verdade, vindo alguém, prega outro Jesus que não temos pregado, ou se aceitais espírito diferente que não tendes recebido, ou evangelho diferente que não tendes abraçado, a esse, de boa mente, o tolerais.
Jesus deixou o modelo, a técnica, a metodologia e tudo o mais como o verbo encarnado. Mostrou que o evangelho é poder e sabedoria de Deus, apresentou o Reino chegado aos homens na Verdade, no Caminho e na Vida em sua morte e ressurreição e nos libertou do engano e da mentira, enxertando-nos na videira, tornando aqueles que o recebem e crêem no Seu nome em filhos. Não satisfeito com isso, deu-nos de graça a vida eterna na vitória sobre a morte. Se usarmos como conselheiros, discipuladores, tendo a mente renovada espiritualmente, toda a ferramenta da Palavra Viva, certamente, trataremos e curaremos ao mesmo tempo em que também seremos tratados e curados por Ele. A Ele toda a honra, toda a glória e todo o louvor desde agora e para sempre!
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BÍBLIA SAGRADA. Almeida Revista e Atualizada. Sociedade Bíblica do Brasil.
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CAPÍTULO 1 Compreendendo o comportamento humano 1. O estudo do homem e sua integração na sociedade Quem é o homem? Se o nosso ponto de partida para responder a essa pergunta não for a Palavra de Deus, então, teremos de usar várias disciplinas, pois são muitas as características e as particularidades que o conceituam. Definir é um termo extremamente complexo, porque não há como definir o homem, isoladamente, do seu Criador. Assim, podemos estudar o homem sob vários aspectos e jamais poderemos defini-lo usando qualquer das ciências, sejam elas, humanas, biológicas ou físicas. Não se pode estudar, também, o comportamento do homem, isoladamente, fora de um contexto cultural ou social. A ciência que estuda o homem, social e culturalmente, é a Antropologia. Portanto, nesse capítulo, descreveremos o papel dessa ciência na compreensão do comportamento do homem dentro da sociedade. Essa disciplina científica, em seu sentido etimológico, significa “ciência do homem” ou “estudo do homem”. Esse conceito, por ser muito amplo, é pouco preciso, nada informando sobre o campo ou campos específicos de estudo da Antropologia. Entretanto, ele se justifica, em parte, pelo fato ser a ciência que estuda o homem sob uma grande multiplicidade de aspectos. Outra característica distintiva da Antropologia é a ocupação do estudo do homem tanto do ponto de vista biológico quanto social. Naturalmente, outras ciências sociais e biológicas também estudam o homem, porém o fazem de ângulos muito restritos. Já a Antropologia combina em uma só disciplina essa dupla abordagem, centrando seus problemas no homem como membro do reino animal e no homem como membro de uma sociedade. Ela os vê sob uma perspectiva histórica, indagando a origem do organismo humano e sua evolução até a forma e estrutura atuais, isto é, desde o início, passando pelas transformações das civilizações até chegar aos dias atuais. Uma vez que a Antropologia cuida de tantos e tão variados aspectos do homem, poder-se-ia indagar se não incorreria no risco de perder sua unidade por efeito da variedade de objetivos. Enquanto o economista, por exemplo, procura analisar um
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problema como um sistema isolado de idéias e comportamentos, o antropólogo estuda a economia dentro da cultura total, apreciando suas reações com outros aspectos da vida humana. Relativamente a qualquer outra ciência, a Antropologia adota uma maior objetividade e maior relatividade de ponto de vista, ou seja, considera que os tipos de comportamento que diferem dos de outra cultura ou sociedade não são necessariamente inferiores ou menos lógicos, mas representam soluções alternativas para problemas humanos comuns. Pelas razões citadas, parece conveniente que se mantenha o conceito literal da Antropologia como “ciência do homem”, ou seja, o conceito de disciplina sintetizadora de todos os conhecimentos sobre o homem, inclusive o espiritual bíblico. Para STORK e ECHEVARRIA, 2005, a descoberta da verdade a respeito do homem eleva o ânimo e provoca admiração. Todavia, ela não pode ser repentina, mas exige uma familiarização contínua como seu modo de ser e de agir. A realidade humana é extremamente rica, exigindo aproximar-se dela a partir de diferentes perspectivas. As afinidades e diferenças do homem em relação aos animais podem ajudar a elucidar a compreensão de suas atitudes e de seu comportamento. Evidentemente, o homem como ser vivente difere dos seres inertes porque possui vida. Viver, é movimentar-se, é um modo de ser. Outra característica da vida é a unidade que se for quebrada ou dividida provoca a morte. O ser vivente é imanente, isto é, guarda e permanece dentro, exerce atividades cujo efeito permanece dentro do sujeito. Por exemplo, alimentar-se, crescer, ler, chorar, dormir são operações imanentes que permanecem para aquele que as executa. Além disso, a vida possui um ciclo: todo o ser vivente nasce, cresce e se desenvolve, reproduz, envelhece e morre, diferentemente de uma pedra que permanece imóvel, até se desgasta, mas não muda e nem se reproduz. Diferentemente dos outros seres viventes, o Homem possui intelecto e não depende do instinto. Possui a capacidade de escolha e de aprendizado individuais. Portanto, a conduta humana é permeada pelo conhecimento intelectual. Ele pode controlar seus instintos mediante a razão, se não o faz, identifica-se com os animais. O homem aprende a viver por meio do raciocínio, ou seja, nele a satisfação do instinto exige a intervenção da razão que pode decidir beber ou não beber, comer ou não comer, ou comer uma coisa e não outra. Assim sendo, se o homem não se comporta segundo a razão, seus instintos se tornam desmedidos – coisa que não sucede com os animais – há homens iracundos, tristes, melancólicos, covardes etc. O ser humano, se
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não for racional, pode se tornar pios que os animais: quando seus instintos o dominam, cresce nele uma força excessiva que danifica a realidade dos outros e de si próprio. Essa é uma das conseqüências do livre arbítrio. Como foi dito, anteriormente, a Antropologia, possui vários ramos, entretanto, os dois principais são: a Antropologia física e Antropologia cultural. A Antropologia física secular10 estuda o homem como animal, focalizando problemas relativos à sua origem e evolução orgânica, sua posição e relações com outros animais, a natureza e significação das diferenças raciais, as influências recíprocas entre o homem e o ambiente natural e a eugenia. A Antropologia cultural, também secular, ocupa-se do estudo da origem das civilizações e suas transformações até os dias presentes. Interessa-se tanto pelas civilizações dos homens primitivos como dos habitantes das grandes cidades atuais. As civilizações modernas ou passadas são, em última análise, as resultantes dos procedimentos desenvolvidos pelo homem para enfrentar seu meio cultural e seu meioambiente social. A palavra cultura em Antropologia possui várias definições. A primeira delas se refere aos elementos comuns a todos os seres humanos tais como a linguagem, os hábitos e as atividades econômicas. A segunda, diz respeito às sociedades tais como a maneira de vestir e seus valores adquiridos e preservados na construção de sua própria história. A terceira está ligada aos padrões de comportamento e suas peculiaridades provocadas pela geografia. A quarta se refere às diferenças dentro de uma mesma cultura, aos grupos que se formam, construindo costumes diferenciados uns dos outros, também chamados de subculturas. Ao ramo da Antropologia que se dedica ao estudo das crenças religiosas de um povo, dá-se o nome de Antropologia da Religião. Toda cultura manifesta uma forma de religião, ou seja, de se religar a um deus seja ele qual for, por meio de doutrinas ou rituais. É necessário diferenciar a verdade bíblica absoluta daquilo que seria um aspecto cultural, expressado numa passagem bíblica. Por essa razão, a Antropologia cultural, 10
Dizemos secular, pois é voltada para a linha teórica evolucionista. Para o estudo proposto nessa tese, a linha seguida é a criacionista, já que se baseia nas verdades bíblicas, a fim de se opor à metodologia terapêutica humanista que tem se infiltrado no meio cristão no que diz respeito ao aconselhamento. A posição criacionista faz uma distinção essencial entre uma teoria e outra, pois a evolucionista aborda o homem relativamente aos animais, buscando respostas na biologia, história, medicina e outras disciplinas, sendo relativista porque analisa o ser humano dentro de contextos sócio, históricos e culturais; enquanto a criacionista o aborda o homem e seu relacionamento com Deus Criador ou com o Absoluto, não dependendo do contexto, embora necessário, mas dos princípios verdadeiros e imutáveis contidos na Palavra de Deus.
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também, é uma ferramenta para a compreensão do contexto em que cada livro da Bíblia foi escrito. A descontextualização de uma passagem bíblica ou a consideração de apenas uma parte dela pode acarretar em grandes problemas quanto à veracidade do texto e da revelação divina como única fonte de confiança ao discípulo de Cristo. Comumente, a Antropologia cultural é subdividida em três ramos: a Arqueologia, a Etnologia e a Lingüística. A Arqueologia trata das civilizações primitivas já desaparecidas ou de fases passadas das civilizações atuais. Os achados arqueológicos permitem descrever alguma coisa a respeito das civilizações antigas, mas a maior parte permanece inacessível ao estudioso como a linguagem, a vida familial, a organização política e as crenças religiosas. As conclusões são meras especulações. A Etnologia tem seu início onde a Arqueologia termina e, entre ambas, não existe uma demarcação nítida. Para o estudo das civilizações passadas se conta, geralmente, com a palavra escrita. Estuda todos os povos que habitam a terra desde o ártico até os grandes centros urbanos, Entretanto, atém-se ao estudo dos povos primitivos. A Etnologia mostra que os modos de vida dos diferentes povos variam no espaço e no tempo, narrando os costumes e realizando um trabalho descritivo, isto é, etnográfico. Conhecendo os costumes dos diferentes povos, suas semelhanças e diferenças, pode-se inferir leis ou princípios válidos para todos os grupos humanos. O mesmo objetivo é alcançado quando o estudo se refere à história de cada povo isoladamente, pois se pode conhecer o que se manteve inalterado e o que se modificou no tempo quanto aos modos de vida. Essa dupla abordagem, horizontal ou espacial (comparações entre os povos atuais) e vertical ou temporal (história de cada povo), usada pela etnologia, pode-se desenvolver um corpo de teorias ou de doutrina. A lingüística, por sua vez, estuda a linguagem humana com o objetivo de conceituar e analisar os aspectos das sociedades ligados à comunicação – sua origem, desenvolvimento e estrutura e, seu papel desempenhado nas sociedades humanas. Esses três ramos, se aplicados às narrativas bíblicas, concomitantemente, aos achados arqueológicos de fatos e lugares descritos na Bíblia, cooperam para comprovar a autoridade do texto ao comunicar a verdade não só por meio da narrativa, mas comparando manuscritos com algo real e existente. A noção de indivíduo no pensamento ocidental se baseia no pensamento grego, que até admite ter sido o homem “formado”, mas rejeita a hipótese de criação. Essa abordagem é filosófica e exerce forte influência sobre todas as concepções filosóficas
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relacionadas ao judaísmo, islamismo e cristianismo cujas características religiosas são parecidas. Para os gregos, o homem vive em dois mundos, o sensível o qual apreende pelos sentidos e o inteligível o qual apreende pela razão, confirmando-o como ser racional. Para os judeus, islâmicos e cristãos, o homem, também, acha-se suspenso entre dois mundos – o finito e o infinito, assim, numa mesma natureza estão contidas a insignificância e a imensa grandeza. O ser humano seria uma criatura cuja realidade não é própria, porém é criação à imagem e semelhança de Deus. Essa realidade confere ao homem certa superioridade em relação aos outros seres criados. Por mais que se tente, nenhuma abordagem consegue definir o que é o homem. São caracterizações, são meras tentativas de se inserir o homem dentro de explicações, ou seja, de abordagens usando as ciências, quaisquer que sejam elas, sem, todavia, defini-lo. Assim, vários conceitos se misturam e não se pode afirmar nada objetiva e definitivamente. São abordagens que incluem a biologia, a psicologia, a sociologia e a antropologia. Entretanto, e é claro, somente o criador pode conhecer o objeto criado, no caso o “ser” criado ou formado. O objeto ou ser criado não tem condições de se explicar a si mesmo obviamente. Se, então, o homem não pode se definir ou se explicar, como poderíamos, usando a Palavra de Deus, defini-lo, melhor dizendo, explicá-lo? A Palavra de Deus trata o homem como sendo corpo, alma e espírito. Separa a alma do espírito. Assim, alma e espírito possuem naturezas diferentes. Na Antropologia bíblica, o homem é uma tri-unidade, estando o corpo no nível do concreto, ou seja, material e a alma e o espírito no nível imaterial. Por ter sido criado à imagem e semelhança de Deus, seu Criador que é Pai, Filho e Espírito Santo, isto é, Trindade, o homem é corpo, alma e espírito. Portanto, o homem completo é uma trindade, foi feito corpo e espírito, tendo sido criada a alma, quando Deus “soprou em suas narinas o fôlego de vida”, tornando-se “alma vivente” – Então, formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego da vida, e o homem passou a ser alma vivente (cf. Gn 2.7). Ao colocar o espírito dentro do revestimento de terra, a alma foi produzida. Antes da queda, em que a alma do homem morreu, espírito e corpo estavam fundidos, produzindo um novo elemento, a alma. Assim como oxigênio e hidrogênio, ao se ligarem numa reação química, produzem um elemento novo, a água, analogamente, corpo e alma, amalgamados, deram origem à alma. A combinação
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perfeita dessas três naturezas em uma, tendo a alma como unidade tornou-se a causa da individualidade, da existência como ser distinto dos outros. Segundo PEMBER11, 2003, a formação do corpo, a infusão do fôlego da vida e o resultado que fez com que o homem passasse a ter consciência, ou seja, uma alma vivente são três pontos a se considerar como constituição humana. O espírito do homem em nada se parecia com sua forma física. Em primeiro lugar, o Criador modelou a estrutura inerte para, depois, soprar o “fôlego da vida”. Portanto, o homem foi formado de parte corpórea e parte espiritual, tendo como fator de unidade, a alma. O verso bíblico que melhor descreve a natureza tricotômica do home m é – Porque a palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes e, penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração (cf. Hb 4.12). O autor descreve, nessa passagem, a parte imaterial do homem, consistindo em dois elementos inseparáveis, a alma e o espírito; descreve, também, a parte material, juntas e medulas, que são órgãos de movimento e sensação. Somente Jesus, que é a Palavra Viva possui o poder de separar e despedaçar o ser humano: físico, psicológico e espiritual. O apóstolo Paulo, também, reconhece a tricotomia do homem – O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo (cf. 1 Ts 5.23). Embora só possamos ler no Novo Testamento essas duas passagens que explicitem corpo, alma e espírito, as línguas hebraica e grega possuem palavras diferentes para alma e espírito, cada uma com sua própria característica e natureza. Alma - No AT, do hebraico vpn (nephesh). Ocorre aproximadamente 755 vezes, sendo traduzida de diferentes formas, dependendo do contexto. No Novo Testamento, a palavra grega é quch (psyche) e ocorre aproximadamente 105 vezes. A palavra “alma” aparece na Bíblia aproximadamente 1600 vezes e, em nenhum caso, refere-se a uma entidade fora do corpo, ou que seja “imortal”. Espírito - vento (respiração - Gn 8.1), espírito (no sentido de alento - Jz 15.19), atitude ou estado de espírito (Rm 8.15; I Co 4.21), sopro ou hálito de Deus (II Ts 2.8) consciência individual (I Co 2.11). Possui também outras definições: anjos e demônios (Hb 1.14; I Tm 4.1) aplica-se como apelativo a Cristo (II Co 3.17) a Divina natureza de Cristo (Rm 1.4), a Terceira Pessoa da Trindade (Rm 8.9-11; I Co 2.8-12). O termo "espírito", em todas as vezes que aparece nas Escrituras referindo-se ao ser humano, não 11
PEMBER, G. H. As eras mais primitivas da terra. São Paulo: Editora dos Clássicos, 2003. V.1.p.119.
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expressa o conceito de que o mesmo seja uma entidade imaterial consciente capaz de sobreviver fora do corpo.
ESPÍRITO SABEDORIA
{ MENTE
ALMA
VONTADE EMOÇÕES
CORPO
{
SENSAÇÕES (tato, olfato, visão,
audição, paladar)
A ilustração, acima, ser-nos-á útil, quando passarmos ao estudo das feridas da alma e dos distúrbios psicológicos. Por meio do corpo físico, o homem entra em contato com o mundo material e o possibilita a ter consciência do mundo. A alma inclui o intelecto, as emoções e a vontade. A alma confere ao homem sua personalidade e temperamento e é denominada, também, de autoconsciência. O espírito é a parte que nos permite ter comunhão com Deus e é, somente, por meio dele que podemos compreender o Criador e, assim, adorálo. O espírito é o elemento da consciência de Deus, pois Ele habita no espírito. O ego habita na alma e os sentidos fazem parte do corpo: a audição, a visão, o tato, o paladar e o olfato. Diferentemente, o pensamento grego considera que o homem é constituído de corpo e alma, ou seja, possui uma concepção dicotômica do ser humano. O corpo é a parte material do homem e a alma, a parte espiritual dele. Muitos teólogos adotam essa concepção para explicar a composição do homem. Para os gregos e algumas correntes teológicas, alma e espírito pertencem à mesma categoria, sendo que a alma enfatiza aquilo que é distinto na personalidade consciente e que o espírito carrega nuances da personalidade de Deus. Essa visão dicotômica e dualista acentua excessivamente os dois pólos, de modo que terminam separando-se e se opondo sem nunca se unirem. O corpo e a alma são realidades separadas e devem ser explicadas separadamente, por conseguinte, esse dualismo acaba gerando uma dualidade, pois determina o homem não como uma unidade, mas como uma mistura.
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Essa visão dualista nos apresenta um homem dividido em duas metades irreconciliáveis (dualismo pitagórico ou cartesiano). O corpo (soma) seria, segundo Pitágoras (o difusor do dualismo no século sexto antes de Cristo), o túmulo da alma (psique) que estaria aprisionada nele, ansiando por romper a união e deixar a terra corruptível.
Para Descartes (filósofo da renascença), o homem se distingue entre
substância pensante e substância material. Uma segunda visão dualista é o materialismo que se iniciou em meados do século dezenove. Para o materialismo, qualquer emoção ou pensamento seria, apenas, uma determinada reação bioquímica nos neurônios, isto é, um estado da matéria. Essa postura inclui o espiritual no fisiológico, portanto, o homem se torna “coisificado”. Atualmente, o pensamento pós-moderno, após passar por várias transformações filosóficas, cujo desígnio primordial seria o afastamento do Criador (nas quais não vamos nos ater nesse estudo). Desde os pré-socráticos até a fenomenologia, o modo de pensar no qual chegamos, não só aprisiona a alma no corpo como também espiritualiza o homem relativizado, transformado-o em espírito materializado. Tudo isso por influência da globalização desenvolvida pela multiplicação da ciência, com suas invenções, que uniu ocidente e oriente pelos meios de comunicação, assim, a ciência trouxe ao mundo ocidental a meditação transcendental, introduzindo as doutrinas orientais da reencarnação no modo de pensar. O que encontramos hoje para explicar o homem é um apanhado de contradições filosóficas, característica marcante das sociedades capitalistas avançadas pelo fato de serem tanto libertárias como autoritárias, tanto hedonistas como repressoras, tanto múltiplas como monolíticas. 1.1.
O Criacionismo e o Evolucionismo
O Criacionismo e o Evolucionismo são duas propostas contraditórias que dizem respeito à ocorrência temporal de um fenômeno: a origem do homem. A primeira, criacionista radical, adotada pela teologia judaico-cristã, foi expressa com surpreendente precisão pelo bispo anglicano de Armagh Usher, no final do século XVII que decidiu, baseado em textos bíblicos, que o mundo tinha sido criado precisamente no ano 4004 AC, juntamente com todas as espécies tal como existem atualmente.
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A segunda, o evolucionismo, adotada pela ciência, propõe que o universo surgiu há cerca de mais ou menos 13 bilhões de anos atrás, a vida em nosso planeta, com suas formas mais primitivas de organismos unicelulares, há cerca de 3.5 bilhões de anos. Apoiando o criacionismo radical está a fé religiosa que é baseada nos textos bíblicos. O evolucionismo, mesmo sendo dito teoria, é apoiado em evidências cosmológicas, geológicas, arqueológicas e antropológicas comparativas, cujas bases foram criadas pelo homem, embora não confirmadas, Quanto à origem das espécies e do homem em particular, todos os processos de avaliação da idade dos fósseis, tanto animais como do próprio homem e, de seus precursores mais imediatos, apontam números totalmente incompatíveis com os fixados pelos textos religiosos, pois foram adotados fixando-se por base uma data hipotética que jamais se poderá provar, a não ser que se fosse possível viajar no tempo. Cumpre aos estudiosos, sejam eles seculares ou cristãos, integrar a teologia a outras disciplinas no sentido de dialogar e discutir fatos e teorias, observação empírica e antropologia, já que essa ciência analisa língua e linguagem, arqueologia e etnologia. Desde a pesquisa do DNA e a viagem espacial até a ciência da computação e da neurofisiologia, nosso mundo é científico. O que causa espanto é o quanto a ciência relativizou a criação e o criador, provocando um conflito preconceituoso entre a fé e a lógica por meio do pensamento grego filosófico controverso, afastando o homem da verdade pura e simples: Jesus Cristo é a verdade. O quadro da evolução biológica da transformação das espécies por geração de variedade e seleção por aptidão à sobrevivência, inaugurada por Darwin, apresenta alguns pontos obscuros ou ainda não totalmente absorvidos pela teoria da evolução, mas é geralmente aceito em suas linhas gerais pela totalidade dos cientistas, embora seja uma teoria e não fato comprovado. Crer numa teoria é tão incongruente quanto afirmar que Deus não existe. As conseqüências do evolucionismo fundamentalista e hermético, que leva à negação da existência de um ente supremo e restringe-se a uma doutrina materialista, na sua mais nefasta pressuposição, nega qualquer possibilidade de vida espiritual e de vida após a morte. Na tentativa de amenizar o hiato entre o tempo da criação bíblica e a imagem fornecida pela ciência, o criacionismo compreende, atualmente, certa variedade de crenças, deslizando desde a interpretação literal da Bíblia até um criacionismo progressivo, criacionismo contínuo, evolucionismo teísta etc.
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Essa discussão entre criacionismo e evolucionismo e suas diversas crenças de teólogos e cientistas acabou gerando um problema ainda maior, uma inversão de valores tal que se perdeu a noção de pecado. Hoje, o que ouvimos é – tenho um problema e necessito de uma solução. Por acaso temos ouvido de alguém – tenho um pecado e necessito de salvação? A ciência, com sua teoria da evolução, que reduziu o homem a descendente do macaco, animal irracional e sem alma, gerou distorções de comportamento que passaram a se chamar, problema. Por sua vez, a teologia, também, gerou um afastamento do homem do Deus criador, ao trazer tantas abordagens e postos e vista quanto à criação Na ânsia de querer provar que um está certo e o outro errado, seja criacionismo ou evolucionismo, usando-se tantos argumentos quanto possível, a fé simples introduzida por Jesus Cristo como Logos encarnado, transformou-se em discussão sobre quem está certo e quem está errado, perdendo-se o foco, ou seja, tudo o que existe está reservado para juízo e haverá novos céus e nova terra. Em meio a tantas teorias, cada uma defendendo seus pontos de vista a respeito de quem é o homem e as questões que envolvem seu aparecimento na terra e desenvolvimento como cultura e sociedade e, também, degradação do comportamento, surgem disciplinas científicas, entre elas a Psicologia, levantando mais e mais questões e formulando mais e mais teorias, levando para bem longe da verdade os que buscam explicações para aquilo que está evidenciado nas Escrituras. A questão não é se podemos crer no que Deus diz na Bíblia. Essa questão precisa ser previamente resolvida com base em nossa fé. Pois nos é dito especificamente que: Pela fé entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem [...] de fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam (cf. Hb 11.3-6). Deus não necessita de advogado, de defensor. As coisas criadas estão aí para que o homem seja inescusável. Deus é e não está interessado em provar sua existência e, sim, em que creiamos que, por amor, enviou seu Filho para que pela fé, voltássemos a ter intimidade com Ele como era no Éden e nos libertasse da condenação que o pecado trouxe. Jesus não veio nos libertar de problemas, mas veio nos livrar da morte gerada pelo conhecimento tanto do bem quanto do mal. Toda essa discussão entre teologia e ciência provoca incredulidade e mais afastamento da simplicidade que existe na
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obediência, sem questionamento, nos princípios eternos contidos na criação quer provemos sua existência ou não. Certamente que o objetivo desse trabalho deva ser aquele que Deus já estabeleceu: Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos. Um dia discursa a outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite. Não há linguagem, nem há palavras, e deles não se ouve nenhum som; no entanto, por toda a terra se faz ouvir a sua, e as suas palavras, até os confins da terra (cf. Sl 19.1-4). E ainda, Os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis (cf. Rm 1.20). A verdade fundamental do cristianismo é a abertura do homem para o Absoluto que o leva, em todas as épocas, a perguntar-se por Deus e, se estamos abertos ao Absoluto, é porque Deus quer se revelar a nós. Deus saiu ao encontro do homem na pessoa de Cristo. A Palavra feita carne é a verdade. O fato histórico da aparição de Jesus Cristo, sua vida e morte, sua explicação de si mesmo em palavra e existência e, definitivamente, de sua ressurreição de entre os mortos, afirmada por testemunhos fidedignos, sintetiza a constatação fundamental da intervenção de Deus na história do homem, dirigida para salvá-lo. Por obra de Jesus Cristo, a morte deixa de ser um mal definitivo, está submetida ao poder da vida e alcançamos a plenitude do bem e da verdade que o homem por si mesmo é incapaz de conseguir. A vida moderna tem deixado a existência dos homens em compartimentos estanques, desde a ruptura da unidade das ciências, pois se fizeram incomunicáveis entre si, fomentando a crise de identidade. O homem só possui identidade se estiver reconciliado com Deus. A crise de identidade se reflete na crise moral e ética pela qual atravessa nossa sociedade com todos os seus valores invertidos. 1.2 A ética
Etimologicamente, ética vem do grego "ethos", e tem seu correlato no latim "morale", com o mesmo significado: Conduta, ou relativo aos costumes. Podemos concluir que etimologicamente ética e moral são palavras sinônimas.
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Vários pensadores em diferentes épocas abordaram especificamente assuntos sobre a Ética: Os pré-socráticos, Aristóteles, os Estóicos, os pensadores Cristãos (patrísticos, escolásticos e nominalistas), Kant, Espinoza, Nietzsche, Paul Tillich etc. Podemos, assim, dizer que o estudo da ética teve seu início, mais ou menos, há vinte e cinco séculos. Seu campo de atuação, atualmente, ultrapassa os limites da filosofia, sendo que muitos outros profissionais, tais como, sociólogos, biológos, psicológos e até mesmo conselheiros cristãos, desenvolvem trabalhos no campo da ética. A ética não é algo superposto à conduta humana, já que, praticamente, todas as atividades envolvem uma carga moral. Nas relações do dia a dia, questiona-se problemas do tipo: Devo dizer a verdade sempre ou existem ocasiões em que posso mentir?; Devo ajudar um amigo que está em perigo mesmo que eu corra risco de vida?; Seria correto, em alguma ocasição, desobedecer às regras de trânsito?; Os soldados que matam na guerra seriam condenados por seus crimes ou estão cumprindo regras? Perguntas como essas são colocadas diante de problemas práticos que aparecerem nas relações reais e efetivas entre indivíduos. Suas soluções não envolvem somente a pessoa que as propõe, mas, também, outras que poderão sofrer as conseqüências das decisões e ações, ou mesmo, afetar uma comunidade inteira. A ética é uma característica inerente a toda ação humana e, por essa razão, é um elementovital na prodição da realidade social. Todo homem possui um senso ético, uma espécie de consciência moral, estando, constantemente, avaliandoe julgando suas ações para saber se são boas ou más, certas ou erradas, justas ou injustas. A ética está fundamentada nas idéias de bem e virtude. Existem comportamentos humanos que podem ser classificados sob a ótica da certo e do errado, do bem e do mal. Essas classificações, embora estejam relacionadas com a ação individual, possuem matrizes culturais que prevalecem em determinadas sociedades e contextos históricos e estão relacionadas à opção, ao desejo de realizar a vida, mantendo com os outros relações justas e aceitáveis. Há mais de dois mil anos, quando Sócrates discutiu com Êutifron a respeito da natureza da piedade, ele afirmou confiadamente, que ninguém sustentaria que um malfeitor não devesse ser punido. As pessoas, naquela época, também, negavam que fossem culpadas ou que houvessem cometido crimes, porém não afirmaram que os culpados não seriam punidos, pois possuíam o conceito de certo e errado bem definidos.
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A ética secular procura descrever e atentar para os valores morais humanos independentemente de Deus ou de religião. Levanta problemas do homem com “serno-mundo” que realiza sua existência no encontro com outros homens, sendo que, todas as suas decisões e ações estão ligadas à convivência e à coexistência e para tanto, são necessárias regras que coordenem e harmonizem a relação do homem com o outro. São códigos culturais que, ao mesmo tempo em que são obrigações, servem de proteção. São normas que se julga mais adequadas de serem cumpridas, por terem sido reconhecidas por um grupo social como válidas e obrigatórias, isto é, reconhecidas como valores morais ou costumes adquiridos por hábito, podendo ser entendidas, então, como o conjunto das práticas cristalizadas pelos costumes e convenções histórico-sociais. Cada sociedade tem caracterizado seus conjuntos de normas, apoiados na tríade – cultura, história e natureza humana – que podem, muitas vezes, tornarem-se incompatíveis com os avanços e conhecimentos das ciências naturais e sociais12. Dessa forma, ética seria, então, uma espécie de teoria sobre a prática moral, seria mais uma reflexão que analisa e critica os fundamentos e princípios que regem o sistema moral da sociedade. É a ciência do comportamento moral dos homens na sociedade. Muitos filósofos acreditaram que, uma vez entendido o que é Bem, descobriríamos o que fazer diante das situações apresentadas pela vida. Como as definições de Bem variam de linha filosófica para linha filosófica, definir esse conceito é impossível se não existir o Absoluto. A variedade de definições de Bem seria o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal que vem alimentando o ser humano desde sua queda, culminando em nosso século com a possibilidade de negação da culpa. Negar a possibilidade de culpa é algo de nossa era relativizada. A cultura pós-moderna nos causou uma insegurança quanto aos valores e essa incerteza dos valores morais gerou um caos ético. Ora, se não existe culpa não existe condenação e, assim, não existe mais a necessidade de um Salvador.
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Porém, os valores de Deus jamais se tornam incompatíveis, pois são imutáveis. A mudança foi gerada pela degradação humana causada pela queda. A natureza decaída do homem, ou seja, afastada da comunhão com a santidade e perfeição divinas, provoca mutações que vão desde o DNA celular, reveladas pelas anomalias e doenças, até as mais nefastas taras mentais, como por exemplo, criando assassinos em série e distorções de comportamento em que homens e mulheres perdem sua identidade sexual – [...] porque até as mulheres mudaram o modo natural de suas relações íntimas por outro, contrário à natureza; semelhantemente, os homens, também, deixando o contato natural da mulher, se inflamaram, mutuamente, em sua sensualidade, cometendo torpeza, homens com homens e, recebendo, em si mesmos, a merecida punição por seu erro (cf. Rm 1.26-27). Portanto, dizer que se tornam incompatíveis com os avanças das ciências, é justificar a inclinação para o pecado, negando o poder transformador de Deus pela conversão, isto é, pela mudança de mente que traz o homem de volta aos valores imutáveis de Deus.
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Segundo FORELL, 2002, o mundo que, em alguns sentidos, está mais unido do que nunca pelos meios de comunicação e de transportes, está, simultaneamente, dividido como nunca esteve antes. A ética, hoje em dia, é uma questão crucial, pois está se tornando cada vez mais difícil estabelecer o que é certo e que é errado. Em outras épocas, seria bem mais simples, pois as pessoas supunham saber diferenciá-los. Elas possuíam certeza de que as leis morais de sua sociedade eram válidas. Podiam existir indivíduos perversos que, habitualmente, transgrediam essas leis, mas todas estavam convencidas de que isso era problema dos indivíduos e, não, das leis. É típico, também, dessa confusão de valores o fato da fé em Deus ser substituída pela fé em vários expedientes, idéias e personalidades humanas. A ser humano possui vários deuses, muitas crenças que coexistem, sem que haja uma fé dominante que controle tudo. Vivemos num tempo em que a sociedade está perdendo seu sangue vital e esse sangue, segundo o testemunho da grande maioria dos sociólogos, é a ética. Em vista desse caos de valores, ou de valores invertidos, e de crenças, qual seria a resposta cristã ao problema dos critérios ou padrões morais da sociedade? Com as profundas mudanças da fisionomia mundial, segundo AMORESE, 2000, nada mais foi igual. O mundo, agora, parece girar mais rápido e a relação entre as pessoas estão profundamente afetadas. A consciência dos indivíduos foi transformada, assim, passaram a ser denominadas, pessoas modernas. Sob que aspectos a vida cristã diferiria da vida apregoada pelos que não seguem os princípios do cristianismo? 1.3 A ética cristã A ética cristã, bem diferente daquela que foi descrita no item anterior, é o sistema de valores morais associado ao Cristianismo histórico e que retira dele a sustentação teológica e filosófica de seus preceitos. Ela possui elementos distintivos em relação a esses outros sistemas, tendo como fundamentos as Escrituras do Antigo e o Novo Testamento, entendidas como a revelação pessoal de Deus aos seres humanos.
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Ela se apóia nos princípios imutáveis13 de Deus, recebidos pelo povo de Israel por meio de Moisés no Sinai, que esclarecem o que é BEM independente de qualquer linha filosófica, pois é ABSOLUTO, registrados em Sua Palavra e, até mesmo na Natureza criada e deixada como modelo de equilíbrio para o homem. Segundo a Palavra de Deus dada ao profeta Isaías, o dia em que os culpados não mais seriam punidos, dada a confusão dos valores éticos e morais, viria o juízo do Senhor para que os povos se voltassem para Ele e para a verdade14. Para se definir, mais explicitamente, o que está envolvido na perspectiva moral de Deus e, ensinada por Jesus, requerer-se-ia um tratado bem extenso, porém, pode-se dar um passo nessa direção a fim de nos livrarmos de qualquer confusão. Para isso, poderemos fazer uma breve comparação e contrastar alguns pontos de referência. A palavra “maneiras” é usada para denotar conduta ou prática; esse uso corresponde ao significado do termo grego em 1Co 15.33, “bons costumes” (ethe chresta)15. Em conformidade com as Escrituras, entretanto, conduta ou “maneiras” nunca podem ser disassociadas do complexo de disposições que se expressa em comportamento observável. A ética requerida pela Bíblia se refere ao coração do homem, porque dele procedem, as fontes da vida e como imagina em sua alma, assim ele é; porque de dentro dos homens é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, a blasfêmia, a 13
Os dez mandamentos foram princípios morais que instruíram o povo quanto ao relacionamento com Deus e ao relacionamento com o próximo - Então falou Deus todas estas palavras: Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo da terra, nem nas águas debaixo na terra. Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o Senhor, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem e faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos. Não tomarás o nome do Senhor , teu Deus, em vão, porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão. Lembra-te do dia de sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás e farás toda a sua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor, teu Deus; não farás nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o forasteiro das portas para dentro; porque, em seis dias, fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e, ao sétimo dia, descansou; por isso, o Senhor abençoou o dia de sábado e o santificou. Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor, teu Deus, te dá. Não matarás. Não adulterará. Não furtarás. Não dirás falso testemunho contra o teu próximo. Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma que pertença ao teu próximo (cf. Ex 20.1-17). Existem outros princípios (chamados, também, de aliança), contidos no livro de Deuteronômio que determinam bênçãos ou maldições de acordo com a obediência aos mandamentos (cf. Dt 28. 1-68). Existem mais dois livros na Bíblia que contêm esses princípios. São eles, o livro de Provérbios e o livro de Eclesiastes. 14
Cf. Is 5.18-24 - Ai dos que puxam para si a iniqüidade com cordas de injustiça e o pecado como com tirantes de carro. E dizem: Apresse-se Deus, leve a cabo a sua obra para que a vejamos; aproxime-se, manifeste-se o conselho do Santo de Israel para que o conheçamos. Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem, mal; que fazem da escuridade luz e da luz, escuridade; põem o amargo por doce e o doce, por amargo! Ai dos que são sábios aos seus próprios olhos e prudentes em seu próprio conceito! Ai dos que são heróis para beber vinho e valentes para misturar bebida forte, os quais, por suborno, justificam o perverso e ao justo negam justiça! Pelo que, como a língua de fogo consome o restolho e a erva seca se desfaz pela chama, assim será a sua raiz como podridão e a sua flor se esvaecerá como pó; porquanto rejeitaram a lei do Senhor dos Exércitos e desprezaram a palavra do Santo de Israel. 15
DOUGLAS, J. D. O novo dicionário da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 2006. p. 464.
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soberba, a loucura; vós sois os que vos justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece o vosso coração,pois aquilo que é elevado entre os homens é abominação diante de Deus (cf. Pv 4.23; 23.7; Mc 7.21-22; Lc 16.15). A ética que a Bíblia prescreve e que é mostrada nas várias eras narradas pela história bíblica não possui unidade básica. Houve uma revelação progressiva da vontade de Deus. No início da história da revelação, as normas de conduta não eram plenamente registradas como nos períodos posteriores. A revelação plena – Jesus foi revelado na plenitude dos tempos – para a frutificação focalizada na vinda e realização da obra de Cristo, já que a queda do homem afetou o conteúdo da ética apresentada por Deus no Éden. Foi criada uma nova situação, exigindo novas provisões para a conduta do homem. As diversas sanções penais surgiram, concomitantemente, com o resultado do pecado. Da mesma forma que a presença do pecado exigiu novas ações, a presença da redenção promoveu instituições que, novamente, viriam afetar a conduta humana. Os dez mandamentos fornecem o âmago da ética bíblica e há intimidade com as ordenanças da criação estabelecidas em Gênesis 1 e 2, quanto a da procriação, do encher a terra, de subjugá-la, de exercer domínio, do sábado, do trabalho, do casamento e da monogamia. Visto que Deus não muda, qualquer alteração na ética bíblica e, conseqüentemente, cristã – Jesus cumpriu a Lei – é inconcebível. Na epístola de Paulo, o apóstolo aos romanos (13.10), lemos que o cumprimento da Lei é o Amor, porém não se pode afirmar, confusamente, que o amor substitui a lei. O amor é o cumprimento da lei na medida em que constrange a assentimento e a cumprimento daquilo que está prescrito pela lei. Sabemos que cumprimento
é
obediência,
portanto,
se
é
obediência,
então,
subentende
consentimento voluntário do coração e da vontade. Pecado é inimizade contra Deus, sendo assim, é o contrário do que é o amor. Se todos pecaram, só o poder da redenção pode gerar amor no coração do homem. Deus amou o mundo e enviou o que lhe era mais precioso para trazer o homem de volta a ele sem pecado, logo, só amamos, verdadeiramente, quando entendemos esse amor. Se assim não fosse, o amor humano sequer poderia ser denominado amor. A força motivadora do amor sem interesse no homem só é encontrada em Deus. A ética que é exigida e aprovada por Deus, apresentada nas Escrituras, tem sua fonte na fé em Deus, sua motivação no amor a Deus, seu princípio orientador na Lei e seu alvo é glorificar a Deus. Esses são os critérios da ética bíblica cristã.
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A nota chave da vida e dos ensinos de Jesus no que diz respeito às regras morais do homem é achada no “amor obediente”. Isso significa que pela fé em Deus como centro vital do ser humano o que se requer dele é a busca por fazer a vontade de Deus por meio de um amor supremo a Ele e ao próximo como a si mesmo. Entretanto, como o impacto total dos ensinamentos de Jesus sempre torna evidente: amar ao próximo como a si mesmo não pode ser entendido como qualquer equação precisa e balanceada de amor pelos outros com o amor próprio. E muito menos significando amar aos outros com interesse de receber amor ou outros benefícios em troca. O amor que Jesus demonstra e cita em seu discurso é o chamado, ágape, que significa serviço sem limite, incalculável, num espírito de total doação de si mesmo. Tal “amor obediente” é demonstrado a nós nos evangelhos muito mais pelo modelo de vida que Jesus revelou do que por definições e conceitos de amor, culminando com sua própria morte na cruz em fidelidade a esse amor. Esse amor foi vivido e permanece descrito nos registros desde o Sermão do Monte até o discurso da Última Ceia. O negar-se a si mesmo em favor do outro mesmo que esse outro jamais mereça. O imperativo de “buscar o Reino de Deus e toda a sua justiça em primeiro lugar” é a base central do ensino de Cristo sobre o amor. A supremacia desse amor sobre qualquer significado de amor foi deixada clara por meio da expressão – porque se amardes os que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem os publicanos, também, o mesmo? E, se saudades, somente, os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os gentios, também, o mesmo? Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste (cf. Mt 5.46-48). O que é o “Evangelho do Reino”? É a mensagem integral de Jesus Cristo. Ela é mais exigente, mais gratificante, mais sagrada e mais poderosa que o “evangelho” do típico cristão moderno. De acordo com Jesus, quando alguém encontra o Reino de Deus, para usufruir dele vai, vende tudo quanto tem (Mt 13.44). Uma vez achado, deve ser desejado acima do alimento e do vestir diário; é um tesouro tão valioso que melhor seria sofrer a perda de uma mão ou de um olho do que a do Reino (Mt 6.23; Mc 9.47). É o evangelho que nos custa tudo, mas nos dá o melhor de Deus. Em meio ao materialismo, indiferença e rematadas fraudes, este evangelho do Reino é a mensagem que, Jesus disse, seria proclamada nos últimos dias. Em que isso difere do foco de referência nos vários sistemas morais e filosóficos clássicos? A seguir, com o objetivo de comparar essa diferença,
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descreveremos alguns sistemas clássicos filosóficos e morais. É claro que estes não são os únicos, existem muitos sistemas que se originaram desses até chegarem aos modernos. Todos eles tentam apresentar elementos bons que alegam possuir as respostas para a conduta moral humana, porém nenhum deles está baseado na conduta cristã. O pensamento platônico toma o eros como amor. Ágape e eros não são a mesma coisa. Eros, não confundido com o significado atual de erótico, significa o ajustamento harmonioso de personalidade, é uma busca por altos valores, é a satisfação pela procura do bom. Esse tipo de amor só é alcançado num indivíduo por meio da promoção do bem-estar aos outros. Portanto, envolve amor mútuo. Seu significado correlato atual seria a busca por uma vida cada vez melhor pela autorealização. Porém, para o cristão, o eros não é suficiente. O hedonismo aristotélico, cuja ênfase é uma vida de moderação, em que cada homem cumpre a função para a qual ele se encaixa por natureza e que, por conseqüência, garante a felicidade, é um sistema prático e terreno que possui, ainda, muita relevância no mundo moderno. Para o hedonista epicurista, ou seja, aquele que está à procura do prazer, a ética era, sem dúvida, o sensualismo sugerido pela expressão “coma, beba e se alegre, pois amanhã morreremos”, centrado num aproveitamento refinado na convivência com os amigos, vivendo na simplicidade e na liberdade das tensões da vida cultural extenuante. Por outro lado, os estóicos, com seu apelo à coragem perante as vicissitudes da vida (aceitando-as, pois há uma lei universal que ensina o homem a obedecer seus princípios) e a busca da virtude como um fim em si mesma era mais séria e mais religiosa no campo da ética. O estoicismo considerava que as questões morais, ou seja "a arte de bem viver", eram mais importantes do que as questões teóricas. Os estóicos se vangloriavam da coerência de seu sistema filosófico. Afirmavam que o universo poderia ser reduzido a uma explicação racional e que ele próprio seria uma estrutura racionalmente organizada. A capacidade do homem de pensar, projetar e falar, Logos, estava, plenamente, incorporada ao universo. A natureza cósmica, ou seja, Deus, pois os termos são sinônimos para o estoicismo, e o homem se relacionam um com o outro, intimamente, como agentes racionais. A lei natural de moralidade, que seria fundamental para toda a existência e dirigida como alvo a todos os homens, possuía uma nota de universalismo que fazia com que fosse aberta a um amalgamento com o
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pensamento cristão. O homem pode alcançar a sabedoria harmonizar sua racionalidade com a natureza. Nesse sentido, seria uma filosofia prática e os textos dos autores estóicos - guardadas as devidas proporções - se assemelham aos textos de auto-ajuda contemporâneos, na medida em que propunham maneiras de se atingir esse "bem viver". O fundador da escola cética, Pirro, afirmava que tudo deveria ser examinado e colocado em dúvida. A palavra grega skeptikós significa - o que examina ou o que duvida. Cético era aquele que negava a existência de soluções verdadeiras para os problemas filosóficos. O espírito humano seria limitado, incapaz de conhecer com certeza. A atitude mais sábia seria o cultivo da dúvida permanente, eliminando qualquer julgamento sobre o que quer que fosse. A ética cética afirmava que duvidar seria a única atitude digna de um homem sensato. O mais notável dos céticos, Sexto Empírico, julgava que a verdade seria inconquistável. Não se poderia possuir qualquer juízo de valor, pois, não sendo os sentidos confiáveis, tornar-se-ia impossível conhecer a natureza do que existe, já que os homens percebem as coisas de diferentes maneiras, formando juízos contrapostos, nenhum dos quais verdadeiro, mas, apenas, provável. Concluíam, portanto, que se deveria renunciar ao conhecimento porque a verdade é inapreensível. Pode-se afirmar que a ética cética deu origem ao relativismo contemporâneo no qual todo conceito formulado pode ser verdadeiro, dependendo da ótica em que se observa um fato ou fenômeno. Desde os primórdios do cristianismo até hoje, várias linhas de pesquisa buscam relacionar a ética cristã com a filosofia moral secular, entretanto, a ética cristã deve ser considerada com referência ao homem regenerado cujo principal desejo deveria ser agradar a Deus, e não com relação a um sistema filosófico hermético. O homem não é, e não pode ser o árbitro final do bem e do mal. Isto está reservado para Deus somente. Quando o homem tenta decidir o que é certo e errado, seus esforços são fadados ao fracasso. O homem deveria conhecer a Deus que é bom, mas deixou de conhecer todas as coisas nEle e passou a conhecer a si mesmo como a origem do bem e do mal, porque o problema do mal só pode ser entendido levando em conta a queda da humanidade. A queda, exatamente o conhecer o bem e o mal, causou a desunião entre o homem e Deus, provocando a incapacidade de discernir o que passou a ter, o bem e o mal.
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Os homens modernos têm uma vaga inquietude sobre sua capacidade de conhecer o bem e o mal, devido ao desejo de uma certeza filosófica. Se o cristão se ocupasse em viver segundo a vontade de Deus e, nunca, buscando um conjunto de regras que não possa seguir, porém buscando a vontade de Deus, haverá liberdade para tomar verdadeiras decisões, confiando que é o próprio Deus que, por meio dessa busca, põe em efeito sua vontade. Seria absurdo supor que o bem e o mal, em níveis individuais ou nacionais, fossem óbvios, e que haverá um acordo universal entre os cristãos. No meio de tanta confusão o que se pode aconselhar é que voltemos para Cristo com a forte expectativa de que é possível obter verdadeiras respostas. Este tipo de confiança é necessária entre nós cristãos que enfrentamos um mundo destituído de respostas. A força da Ética não está na resolução sistemática dos problemas que o mundo enfrenta, mas no reconhecimento de que a vida é complexa e todos os sistemas fora da humilde submissão à Palavra de Deus estão condenados ao fracasso. Por mais perturbadora que seja essa Ética, ela é um chamado refrescante para a igreja contemporânea a se arrepender e voltar a uma vida caracterizada pela perseverança na doutrina dos apóstolos que foram testemunhas oculares do Ensino da Verdadeira Ética, deixado por Cristo, o Senhor; pela perseverança na oração, na comunhão, no partir do pão e acima de tudo no temor, marca da igreja primitiva (cf. At 2.42-43). 1.4 Desvio de comportamento: pecado ou problema Antes de abordarmos os desvios de comportamento que, hoje, são chamados de problemas, de traumas ou complexos, de distúrbios de personalidade etc, e se esquece que, muitas vezes, é conseqüência do pecado, seria interessante analisarmos o que o cristianismo pós-moderno afirma a respeito da graça. Existe uma obra, escrita por Dietrich Bonhoeffer16, cujo nome é O Custo do Discipulado, publicada em 1939, que é uma exposição e uma interpretação rigorosa do Sermão no Monte e de Mt 9.35-10.42. A maior preocupação de Bonhoeffer foi descrever a graça barata, a graça moderna que se tornou tão diluída que já não se assemelha à graça dos Evangelhos do Novo Testamento, pois custou muito caro ao 16
Nasceu em 4 de fevereiro de 1906 em Breslau, Alemanha (agora parte da Polônia) e foi ministro na igreja luterana. Morreu em 1945. Opôs-se ao partido nazista e sua influência na igreja alemã durante a ascensão de Hitler, indo para a prisão. Deixou três obras importantes, O Custo do Discipulado, escrito em 1939. A Ética, escrita de 1940-1943 e Cartas e Documentos da Prisão.
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nosso Deus deixar a glória e morrer morte de cruz (cf. Fl 2. 5-8). Por graça barata, Bonhoeffer entende ser a graça que trouxe caos e destruição - é o consentimento intelectual a uma doutrina sem uma real transformação na vida do pecador. É a justificação do pecador sem as obras que devem acompanhar o novo nascimento (cf. Tg 2.14). A graça barata, ele afirma17, é a pregação do perdão sem requerer arrependimento, o batismo sem a disciplina da igreja, a Comunhão sem a confissão, a absolvição sem a confissão pessoal. A graça barata é a graça sem discipulado, a graça sem a cruz, a graça sem Jesus Cristo, vivo e encarnado. Bonhoeffer clamava por um novo cristianismo livre do individualismo e do super-naturalismo metafísico. Deus, dizia ele, deve ser conhecido neste mundo como opera e interage com o homem na vida diária. O Deus abstrato da especulação filosófica e teológica é inútil ao homem comum na rua, e são eles que mais precisam ouvir o Evangelho. Os termos bíblicos para designar pecado são variados. O pecado pode ser contemplado sob vários aspectos. Pecado pode ser fracasso, erro, iniqüidade, transgressão, contravenção, falta de lei, injustiça. A característica mais notável do pecado, em todos os seus aspectos, é ser uma orientação contrária a Deus, ou seja, é ir contra Deus, seguir numa direção contrária. A Palavra de Deus diz que pecado é transgreção da lei (cf. 1 Jo 3.4) e é esse conceito que usaremos aqui. A verdadeira graça, para Bonhoeffer, é a que custará a vida de um homem. É a graça feita custosa pela vida de Cristo, que foi sacrificado para comprar a redenção do homem. A graça barata surgiu do desejo do homem de ser salvo, mas sem converter-se em discípulo. O sistema doutrinal da igreja, com suas listas de códigos de comportamento, torna-se um substituto para o Cristo Vivo, e isto banaliza o significado de discipulado. O verdadeiro crente tem de resistir à graça barata e tem de entrar na vida do discipulado ativo. A fé não pode significar ficar sentando e esperar; o cristão tem de ressuscitar e de seguir o Cristo. Uma de suas mais duradouras afirmações sobre a vida do verdadeiro cristão diz, só aquele que crê é obediente, e só aquele que é obediente crê. Os homens se tornaram suaves e complacentes na graça barata e, portanto, se distanciaram da graça cara da abnegação e humilhação pessoal. Bonhoeffer acreditava que o ensino da graça barata era a ruína de mais cristãos que qualquer mandamento de realizar obras. 17
http://logoshp.6te.net/APO29.htm. Dietrich Bonhoeffer, The Cost of Discipleship, trans. R.H. Fuller, rev. ed. (New York: Macmillan, 1960), 30. Pesquisado em 30 de dezembro de 2008.
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O discipulado, para Bonhoeffer, significava adesão rígida em Cristo e seus mandamentos como o objeto de nossa fé. A exposição do Sermão no Monte é outro elemento importante de O Custo de Discipulado. Nele, Bonhoeffer coloca ênfase especial nas beatitudes por entender o Cristo encarnado e crucificado. É aqui que os discípulos são chamados "bemaventurados" por uma lista extraordinária de qualidades. Os pobres de espírito aceitam a perda de todas as coisas, especialmente a perda de si, de forma que eles podem seguir o Cristo. Os que choram são pessoas que vivem sem a paz e prosperidade deste mundo. O choro é a rejeição consciente da alegria na qual o mundo se regozija, e encontrar a própria felicidade e realização na pessoa de Cristo. Os mansos são aqueles que não falam em defesa de seus próprios direitos. Subordinam, continuamente, seus direitos e eles mesmos para a vontade de Cristo e, conseqüentemente, para o serviço dos outros. Os que têm fome e sede de justiça também renunciam a expectativa que o homem pode fazer do mundo um paraíso. Sua esperança está na justiça que só o reino de Cristo pode trazer. Os misericordiosos deixaram sua própria dignidade e se consagraram aos outros, ajudando os necessitados, os fracos, e os desterrados. Os puros de coração já não estão preocupados com o chamado deste mundo; eles se resignaram para o chamado de Cristo para suas vidas. Os pacificadores detestam a violência que se usa freqüentemente para resolver problemas. Este ponto seria de significado especial para Bonhoeffer, que escrevia às vésperas da Segunda Guerra Mundial. Os pacificadores mantêm a comunhão onde os outros encontrariam uma razão para romper uma relação. Estes indivíduos sempre vêem outra opção. Os que são perseguidos por causa da justiça estão dispostos a sofrer pela causa de Cristo. Qualquer e toda causa justa se torna sua causa porque é parte da obra geral de Cristo. O sofrimento se converte em forma de comunhão com Deus. A essa lista se junta a bênção final pronunciada àqueles que são perseguidos para causa da justiça. Estes receberão uma grande recompensa no céu e serão comparados aos profetas que também sofreram. A igreja é chamada para suportar todo o fardo de Cristo, especialmente no tocante ao sofrimento, senão, irá se desmoronar sob o peso do fardo. O discipulado não
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foi limitado ao que nós podemos compreender, tem de transcender toda a compreensão. O cristão tem de mergulhar em águas profundas, mais além da compreensão e do ensino cotidiano da igreja, e isto deve ser feito individualmente e coletivamente. Tendo em mente essa visão a respeito do que é ser cristão, o pecado deve ser desarraigado do coração do homem seja ele encarado como problema ou não. O pecado já estava presente no Universo antes da queda e isso tem sua evidência na presença e nas alegações do chamado adversário de Deus (em hebraico, satanás e em grego, diabo) no Éden. O pecado foi o ataque desse adversário contra a integridade e a veracidade da palavra dada por Deus aos primeiros seres humanos, Adão e Eva, e penetrou no mundo submetendo-o ao poder daquele que foi chamado por Cristo 18 de príncipe desse mundo. O querer ser igual a Deus, conhecer o bem e o mal, levaram a humanidade, representada pelos primeiros pais, ao desejo que deu origem ao agir na direção contrária ao que o Pai, Supremo Criador, havia dito. O pecado não teve origem no acaso, mas na sugestão, aquiescência e ação contrária ao que fora ordenado por Deus. Foi algo premeditado cuja procedência foi da mente e do coração. A gravidade da quebra do mandamento foi testificada pelo fato da violação da síntese da autoridade, bondade, da sabedoria, da justiça, da fidelidade e da graça de Deus. O homem caiu da graça, significou o repúdio à autoridade do Pai, a dúvida sobre a bondade na sugestão de que a proibição suprimia o que era de melhor, a sabedoria contida no conhecer o bem e o mal. Significou, também, o repúdio à verdade e o desprezo à graça. Em resumo, o pecado será sempre a exata contradição da perfeição de Deus, refletida no adversário da Verdade e suas conseqüências estão cada vez mais evidentes na nossa sociedade. As conseqüências da cobiça são evidenciadas imediatamente na perda da intimidade com o Pai e sua filiação; na perda da amizade e intimidade na visita de Deus na viração do dia (Gn 3.8); o homem não pôde mais se alimentar da árvore da vida, porque foi expulso do jardim, assim, a morte entrou no mundo e ele perdeu o acesso a árvore da vida e o direito de se alimentar do seu fruto; a terra se tornou maldita e se deu o início de sua deterioração; os pensamentos do homem se tornaram maus continuamente – o Pai teve de reiniciar toda a criação por meio do dilúvio em que somente oito almas foram preservadas (Gn 6.5). À medida que vamos caminhando na história da humanidade, percebemos que sua trajetória de degradação não terminará
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Cf. Jo 12.31 e Jo 16.11
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com uma solução humana, como pensam os filósofos, os antropólogos e demais estudiosos, mas dependerá de um redentor, que não resgatará a matéria, mas a alma. A criação geme, esperando a manifestação dos filhos de Deus e a terra está reservada para o juízo. A solução para o problema do pecado existe, mas não está no homem e nem na tentativa humana de se religar ao Criador. Está na fé na promessa dada pelo Pai de que viria nos resgatar da morte (Gn 3.15). Desde a queda, o infinito amor do Pai, já nos salvou. O homem vive aprisionado no tempo e não consegue perceber a bondade de Deus que, imediatamente, providenciou a solução. A solução é tão simples quanto é grande a cegueira da humanidade, que teima em não enxergá-la. Infelizmente, o homem deve cumprir os seus dias na história para alcançar a Vida Eterna. Até lá, tudo continuará sendo vaidade e aflição de espírito (Ec 1.1-11) e não haverá limites para fazer livros (Ec 12.12), tentando explicar aquilo que só o Espírito Santo pode explicar (Jo 14.17 e 26). A compreensão da alma e do pecado só é obtida pelo Espírito. O estudo da alma e dos problemas decorrentes do pecado se conclui em Cristo, porém a própria ciência, que permanece sob a soberania de Deus, adquire vislumbres e propõe teorias e conceitos que quase atingem seu objetivo. Se o homem deixasse de lado seu orgulho, já teria descoberto na simplicidade, renunciando o misticismo, a mitologia, as ciências, reflexos de sua vaidade, já teria se reencontrado com o Criador. O maior desvio de comportamento presente no homem denomina-se orgulho, pecado e não problema. O problema está em não buscar a Deus, logo, todos os problemas estão, de alguma maneira, relacionados ao pecado. A diferença entre a sabedoria humana e a divina com relação ao pecado é que a sabedoria humana dá desculpas e não o nomeia, deseja encombri-lo. Primeiro, tenta cobrir sua nudez, depois, coloca a culpa no outro para se autojustificar.
Inventa
tecnologias e explicações, buscando a todo o custo por respostas racionais, lidando apenas com o corpo e com a alma, esquecendo-se do espírito. A alma pecou, trouxe degradação à natureza e privou o espírito da comunhão com Deus. Tratamos o corpo usando a medicina, tratamos a alma, usando a psicologia. E o espírito? Será que devemos tratá-lo com a teologia? O estudo de Deus nos levará a Ele? Assim como podemos usar a teologia para nos aproximar de Deus, poderemos usar a psicologia com a mesma finalidade. Se nossa alma se reconciliar com Deus ao reconhecermos por meio dela nossos pecados, então estaremos no caminho certo: nossa
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alma curada e salva do pecado levará nosso espírito de volta à comunhão com o Pai e, dessa forma, poderemos clamar Aba, Pai (Ef 4.6) com a identidade de filho. 2. Panorama histórico do estudo da alma
Biblicamente, voltando à figura apresentada na página dezesseis, o ser humano, feito à imagem e semelhança de Deus, possui corpo, alma e espírito. No corpo percebe as sensações por meio de órgãos: boca, nariz, pele, ouvido e olhos. Na alma percebe as emoções, possui vontade e raciocina. No espírito percebe e busca a Deus. A alma pecou e o homem perdeu a comunhão com Deus no espírito e seu corpo se tornou corruptível. Como explicitamos, anteriormente, o sopro do espírito de Deus no homem gerou a alma, o homem foi formado de parte corpórea e parte espiritual, tendo como fator de unidade, a alma. Alma ou psique é o que se afirma, hoje como sendo o lugar em que se alojam os distúrbios de comportamento e as chamadas “feridas de alma” em Aconselhamento Bíblico. O termo alma, em hebraico, nephesh, que se traduz por “vida” ou criatura, é usado para se referir a um ser vivo tanto animal quanto criatura (Gn 2.7), para se referir a substância distinta do corpo e, como vida animal, note-se a aparente identificação com o sangue (Lv 17.14 e Dt 12.23). O termo pode significar a sede dos afetos, das sensações e das paixões, sendo suscetível à angústia (Gn 42.21), à aflição (Lv 16.29), ao desanimo (Nm 21.5), ao desejo (Dt 14.26), ao aborrecimento (Sl 107.18). Por último, pode significar, também, o elemento capaz de se comunicar com Deus, desejando-O (Sl 42.1, Is 26.9), regozijando-se Nele (SI 35.9; Is 61.10), confiando Nele (Sl 57.1), adorando-O (SI 86.4, 104.1), mas pecando contra Deus e fazendo mal a si mesma (Jr 44.7 Ez 18.4, Mq 6.7). No Novo Testamento, alma é o termo cuja tradução do grego é psyché, que, como nephesh, é muitas vezes traduzido por “vida”. Usa-se para se referir ao homem individual (At 2.41; Rm 13.1; 1 Pe 3.20); à vida animal sensitiva, com as suas paixões e desejos, distinguindo-se do corpo (Mt 10.28) e do espírito (Lc 1.46; 1 Ts 5.23; Hb 4.12). A alma é suscetível a perder-se (Mt 16.26); a ser salva (Hb 10.39; Tg 1.21); e a existir depois da separação do corpo (Mt 10.28; Ap 6.9; 20.4).
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A palavra nephesh quando é usada com um sufixo pronominal para denotar o próprio eu (ego em grego) (Jz 16.16; Sl 120.6; Ez 4.14)19. A denominação de eu ou ego é importante no estudo da psicologia dentro das Teorias da Personalidade. O eu, o temperamento ou a personalidade são a identidade do ser humano. 2.1.
O aparecimento da psicologia como ciência
Entende-se ciência como um conjunto de conhecimentos sistematizados e que segue métodos rigorosos. Uma das características da abordagem científica está a objetividade, ou seja, as conclusões serão baseadas em dados passíveis de mensuração. Não se baseiam em dados subjetivos ou tendenciosos por parte do investigador. O cientista descreverá os procedimentos de forma minuciosa a fim de possibilitar uma réplica do estudo por qualquer outro que deseje corroborar os resultados. Embora a psicologia estude, também, fenômenos que não são observáveis diretamente, ela atende aos critérios da ciência, por distinguir fatos de inferências. O comportamento pode ser medido objetivamente. Apesar de não podermos medir sentimentos ou pensamentos, não significa que eles não existam ou que não são observáveis. Eles são inferidos por meio do comportamento. A psicologia como disciplina científica estuda o comportamento do homem e o do animal com o objetivo de melhor compreender ou tentar justificar o comportamento humano. Como ciência experimental deve respeitar a ética, portanto, seus experimentos devem seguir as normas adotadas por convenção ligadas aos seus procedimentos e é responsabilidade do investigador garantir que nenhuma pessoa sofra qualquer tipo de dano por ter participado de uma pesquisa como sujeito. A psicologia usa a observação naturalista, testes, método experimental e método clínico para coligir informações sobre o comportamento com o objetivo de formular teorias para explicar, por exemplo, a aprendizagem, o desenvolvimento afetivo, a inteligência, a sexualidade, a socialização e outros fatos ligados ao comportamento humano individual e social. A diversidade de objetos da psicologia é explicada pelo fato de ter adquirido caráter científico muito recentemente. Foi no século dezenove que passou a existir como
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DOUGLAS, J. D. O novo dicionário da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 2006. p. 39.
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ciência, a despeito de existir como Filosofia no sentido de preocupação com o comportamento humano. Wilhen Wundt criou o primeiro laboratório de experimentos em psicologia em Leipzig na Alemanha. O marco histórico foi o desligamento das idéias psicológicas das idéias abstratas e místicas. Desde a antiguidade até então, o homem, por não conseguir explicar todos os fenômenos ligados à alma humana, buscava respostas em outros campos ou práticas tais como astrologia, quiromancia, numerologia etc. A psicologia lida com o sujeito, assim, tem por identidade a subjetividade, isto é, o mundo das idéias, significados e emoções construído internamente pelo sujeito a partir das suas relações sociais, de suas experiências de vida e de sua constituição biológica. Essa subjetividade permanente de conhecimento de mundo que promove um diálogo constante entre pensamento e realidade, permeada pela insatisfação das explicações lógicas e pelo avanço tecnológico do século XXI, trouxe o homem de volta ao misticismo, agora humanista, já que o vazio e o caos sentido pela humanidade continuam sem explicação. Vivemos o que foi descrito em Gn 1.2 de maneira cada vez mais intensa – a terra, porém, estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava por sobre as águas. Voltamos ao início, ou melhor, jamais sairemos dele sem Cristo. 2.2.
O estudo da alma - a psicologia na antiguidade
2.3.
As disputas teológicas sobre a alma na igreja primitiva
2.4.
A psicologia como disciplina científica
Como vimos, a Psicologia é a ciência dos fenômenos psíquicos e do comportamento como estrutura vivencial interna que se manifesta na conduta. O termo psicologia origina-se da junção de duas palavras gregas: psiché, alma, e lógos, ciência. As antigas especulações sobre a alma e a capacidade intelectual do homem foram complementadas desde o século XIX por uma nova ciência, a psicologia,
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que estabeleceu métodos e princípios teóricos aplicáveis ao estudo e de grande utilidade no estudo e tratamento de diversos aspectos da vida e da sociedade humana. A teoria psicológica tem caráter interdisciplinar por sua íntima conexão com as ciências biológicas e sociais e por recorrer, cada vez mais, a metodologias estatísticas, matemáticas e informáticas. Não existe, contudo, uma só teoria psicológica, mas sim uma multiplicidade de enfoques, correntes, escolas, paradigmas e metodologias concorrentes, muitas das quais apresentam profundas divergências entre si. Nos últimos anos, tem-se intensificado a interação da psicologia com outras ciências, sobretudo com a biologia, a lingüística, a informática e a neurologia. Com isso, surgiram campos de aplicação interdisciplinares, como a psicobiologia, a psicofarmacologia, a inteligência artificial e psiconeurolingüística. 2.4.1. Psicologia, Psicanálise e Psiquiatria
Definimos psicologia como um conjunto de subáreas interdependentes, sendo que cada uma possui características e exigências próprias e exclusivas. No âmbito geral, atualmente e, mais convenientemente, o estudo da alma poderia se chamar de estudos psicológicos. Ao mesmo tempo em que é uma das disciplinas mais antigas, dado o desempenho dos filósofos antigos em pesquisar e analisar o comportamento humano, ela é, também jovem e vive em constante evolução, haja vista que é multidisciplinar. A cada descoberta, novas abordagens são sugeridas quando novas idéias sociais e científicas se desenvolvem. A Teoria da Relatividade apresentada por Albert Einstein modificou totalmente a maneira de pensar do homem. A nova perspectiva da física descarta a necessidade de objetividade e descarta, também, a separação entre o universo externo e o observador. Conseqüentemente, o ideal de realidade totalmente objetivo deixou de existir dando lugar à crença de que o conhecimento objetivo é, na verdade, subjetivo e dependente do observador – perdeu-se a noção do ABOLUTO ao mesmo tempo em que a ciência se multiplicou, inaugurando-se o pensamento pós-moderno. O pensamento pós-moderno é voltado para o homem e suas realizações. Surgiu uma nova ciência, a ciência cognitiva, que é a fusão da psicologia cognitiva, lingüística, antropologia, filosofia, ciência da computação e neurociência. Assim, a psicologia tomou uma nova forma e passou a ser definida como ciência que estuda o
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comportamento manifesto e suas relações com os processos mentais, recebendo o nome de psicologia cognitiva. Os psicólogos cognitivos estão interessados na seqüencia de manipulação dos símbolos envolvida nos processos de pensamento e possuem como objetivo descobrir como a mente humana processa a informação. Por outro lado, a Psicanálise é ao mesmo tempo um modo particular de tratamento do desequilíbrio mental e uma teoria psicológica que se ocupa dos processos mentais inconscientes; uma teoria da estrutura e funcionamento da mente humana e um método de análise dos motivos do comportamento; uma doutrina filosófica e um método terapêutico de doenças de natureza psicológica supostamente sem motivação orgânica. A Psiquiatria é o ramo da Medicina que lida com a prevenção, atendimento, diagnóstico, tratamento e reabilitação das doenças mentais, sejam eles de cunho orgânico ou funcional, tais como depressão, doença bipolar, esquizofrenia e transtornos de ansiedade. A meta principal é o alívio do sofrimento psíquico e o bem-estar psíquico. Para isso, é necessária uma avaliação completa do doente, com perspectivas biológica, psicológica, sociológica e outras áreas afins. Uma doença ou problema psíquico pode ser tratado através de medicamentos ou várias formas de psicoterapia. A palavra Psiquiatria deriva do Grego e quer dizer "arte de curar a alma" Como o objetivo desse trabalho tem por ênfase, mais especificamente, o aconselhamento do que psicologia como terapia e, mais objetivamente, o aconselhamento fundamentado nas verdades bíblicas, o conhecimento dessas subáreas será de grande ajuda ao compará-los aos “métodos terapêuticos” de Jesus em detrimento a toda e qualquer linha de estudo da psicologia. É de suma importância que o conselheiro cristão esteja muito bem informado a respeito de tudo o que acontece no campo das ciências, ao mesmo tempo em que, deva estar muito bem fundamentado nos princípios imutáveis de Deus.
2.4.2. O Poder do Pensamento Positivo e a Filosofia da Auto-ajuda
A sutileza da filosofia da auto-ajuda vem penetrando na igreja, disfarçada de psicologia da auto-estima, assunto que será abordado mais adiante que, nas últimas décadas, encheu as prateleiras das livrarias.
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Essa filosofia que permeia a pós-modernidade imputa a origem e o destino ao próprio homem e determina que o homem é que determina o que é bom para ele mesmo. Atualmente, a moda tem sido a Lei da Atração, que esconde princípios bíblicos em sua base. Defendida por Rhonda Byrne em seu livro O segredo,
2.4.3. As principais teorias e correntes da psicologia – um panorama
histórico Quanto ao aparecimento e ao crescimento, a psicologia foi dividida em períodos. Há formas mais simples e outras mais elaboradas em que se distinguem as fases na história da psicologia. Uma forma simples consistiria em considerar dois grandes períodos: o filosófico-especulativo e o científico. O primeiro tem raízes no pensamento grego e se estende até o final do século XIX ou princípio do XX, conforme o critério escolhido para delimitação do começo da psicologia científica. Os filósofos antigos, gregos e medievais procuravam, antes de tudo, dar resposta aos problemas fundamentais acerca da natureza da alma, sua relação com o corpo, seu destino depois da morte, a origem das idéias etc. Somente com o advento do espírito científico e, principalmente, com a constatação de que há possibilidade de encontrar fórmulas suficientemente precisas entre variação do estímulo físico, mudança fisiológica e reação psíquica, é que começou o trabalho pioneiro de Gustav Fechner, Hermann Helmholtz e Wilhelm Wundt: a psicofísica e a psicofisiologia. Para Wundt, o objeto da psicologia era a consciência; entendia a ciência como estudo da estrutura ou das funções detectáveis na experiência interior, nos processos psíquicos de sensação, percepção, memória e sentimentos. A essa concepção da psicologia
opuseram-se
psicólogos
científicos
posteriores,
em
particular
os
behavioristas, para os quais só pode haver ciência a partir do que é externamente observável (no caso, o comportamento). Uma das maneiras de classificar as especialidades em que se dividiu a psicologia é segundo os conteúdos examinados por cada área. Assim, as principais disciplinas psicológicas seriam a psicologia da sensação, da percepção, da inteligência, da aprendizagem, da motivação, da emoção, da vontade e da personalidade.
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Outra divisão possível se faz segundo o critério de examinar esses mesmos conteúdos quanto a sua relação com o funcionamento do organismo (psicologia fisiológica); ou quanto a sua manifestação no decorrer da evolução (psicologia do desenvolvimento); ou quanto à comparação desses processos nos diversos graus de evolução animal pode esclarecer o comportamento humano (psicologia comparada); ou, ainda, quanto ao condicionamento que esses processos impõem à vida social do homem, ao mesmo tempo que as diversas formas da convivência social influem na manifestação concreta dos mesmos (psicologia social). Os pioneiros da psicologia científica, Wundt, William James e Edward B. Titchener, incluem-se na escola estruturalista, para a qual o importante é determinar os dados imediatos da consciência: as características principais e específicas dos processos de consciência e seus elementos fundamentais. A corrente funcionalista, à qual pertenciam os americanos John Dewey, Robert S. Woodworth, Harvey A. Carr e James R. Angell, privilegia o estudo das funções mentais, em detrimento de sua morfologia e estrutura. Em vez de investigar somente "o que é", o psicólogo estudará "para que serve" e "como se efetua" o processo psíquico. Na década de 1910, John B. Watson lançou a corrente behaviorista. Criticava tanto o funcionalismo quanto o estruturalismo, que ele julgava serem demasiado subjetivos e imprecisos e propôs o estudo exclusivo do comportamento (em inglês behavior), ou seja, daquilo que é observável na conduta do homem. Segundo ele, seria cientificamente observável a ação de um estímulo sobre o organismo e a reação deste em face do estímulo. A relação entre estímulo e reação teria seu protótipo nos reflexos incondicionado e condicionado. Tanto o estruturalismo quanto o behaviorismo clássico procuravam reduzir o estudo da psicologia ao estudo dos elementos do comportamento. Contra essa dissecação da vida psíquica insurgiu-se a corrente fundada por Max Wertheimer, Kurt Koffka e Wolfgang Köhler, chamada psicologia da forma ou Gestaltpsychologie. Partindo da investigação das percepções, os gestaltistas formularam o princípio segundo o qual o conjunto dos fenômenos psíquicos apresenta características que não podem ser inferidas das partes isoladamente. Muitos psicólogos europeus -- como Max Scheler, Frederick J. Buytendijk e Maurice Merleau-Ponty, seguem a corrente fenomenológica, cujos caminhos foram explorados por Franz Brentano e Edmund Husserl já no século XIX. A fenomenologia em psicologia consiste em captar a vivência do outro diretamente no comportamento
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onde está incluída a significação do ato. Portanto, os psicólogos devem analisar tal comportamento sem procurar "atrás" dele o fenômeno psíquico, mas tentando descobrilo no próprio fenômeno, pois o mundo fenomenal pode ser analisado diretamente, por ser um dado tão imediato quanto o "eu". Também chamada psicologia comparada, a psicologia animal tem como uma de suas finalidades a de precisar o degrau em que, na escala evolutiva, determinada espécie deve ser situada. A maior contribuição da psicologia animal decorre do fato de que os estudos efetuados sobre animais permitem responder muitas perguntas relativas à psicologia humana. Edward Lee Thorndike, Clark Hull, B. F. Skinner e muitos outros teóricos da psicologia da aprendizagem elaboraram suas leis a partir de dados obtidos com animais, visto que neles as experiências podem ser simplificadas e mais controlados os fatores não relevantes. Os estudos de Konrad Lorenz e Nikolaas Tinbergen sobre os instintos também foram efetuados com animais. O estudo longitudinal do desenvolvimento procura compreender tanto a época do aparecimento dos processos psicológicos, quanto as características dos principais estágios da evolução psíquica. Iniciou-se com as pesquisas sobre a psicologia da criança, mas os trabalhos de George Coghill, Z. Y. Kuo e outros mostraram a necessidade de levar em conta também os dados obtidos sobre o desenvolvimento psíquico dos animais, principalmente no terreno do desenvolvimento motor. Alguns autores antigos consideravam o desenvolvimento, unicamente, como um acréscimo em quantidade e complexidade; teorias posteriores, ao contrário, afirmam que as modificações qualitativas e descontínuas surgem nos vários níveis da evolução. Isto levou a caracterizar os níveis de evolução em termos de "padrões de desenvolvimento". Admite-se que existam formas gerais comuns a todos os membros da mesma espécie, as quais
durante
certo
período
caracterizarão
seu
comportamento
psíquico.
Estudos sobre a vida embrionária tanto do homem quanto dos animais mostram que os primeiros movimentos são descoordenados e envolvem o organismo inteiro. Depois, por individuação e por influência de fatores internos, na concepção de Coghill, ou mais pela influência de fatores excitantes externos, na teoria de Kuo, as reações vão especificar-se em ordem precisa, definida. Assim, o desenvolvimento motor vai de movimentos amplos que envolvem todo o membro até as atividades finas de coordenação motora.
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Todas as teorias concordam que a regularidade do desenvolvimento constitui uma prova da presença de fatores internos, isto é, de fatores de maturação. Isso explica, no dizer de Arnold L. Gesell, por que a criança senta-se antes de ficar em pé, desenha um círculo antes de conseguir copiar um quadrado e fabula antes de poder dizer a "verdade". Influências externas desfavoráveis, como, por exemplo, ser impedida de movimentar os membros, atrasam sua locomoção, mas, uma vez liberada, rapidamente recupera o que perdeu e se iguala às outras crianças de mesma idade.O estudo do desenvolvimento da criança exige métodos específicos pouco usados em outros ramos da psicologia. A análise dos jogos e desenhos infantis, a observação e análise cinematográfica são algumas das técnicas que permitem acompanhar sua evolução. O desenvolvimento da personalidade humana pode ser dividido em cinco etapas principais: vida intra-uterina, infância, adolescência, período maduro do adulto e velhice. A divisão ulterior da infância e da adolescência não é ainda uniforme entre os psicólogos. A maioria, contudo, destaca o primeiro ano de vida como fase especial. Depois vem a etapa da primeira infância, até os seis anos aproximadamente. A segunda infância vai de sete a onze anos, seguida da fase da pré-puberdade. A adolescência se subdivide em dois períodos: a puberdade e a adolescência propriamente dita. Alguns autores ainda distinguem, dos dezoito aos vinte e três anos, o período da juventude. O recém-nascido, apesar de estar já em contato com um mundo muito mais mutável do que as condições comparativamente constantes da vida intra-uterina, caracteriza-se ainda por uma dependência quase total do ambiente e pela aquisição das condições básicas de uma vida biológica independente: hábitos de alimentação, discriminação de estímulos e maturação do sistema nervoso. Na primeira infância, em conseqüência do desenvolvimento motor e verbal, a criança torna-se agente espontâneo de atividades, por meio das quais buscará ativamente novos estímulos e começará a integrar-se, ainda que em boa parte somente na fantasia, ao mundo social de seus colegas e da família. Na segunda infância, a criança desenvolve a capacidade de dissociar as qualidades dos objetos e se abre ao mundo real por meio de generalizações, abstrações e manipulação livre dos símbolos verbais. Em alguns anos a conquista intelectual transforma por completo sua atitude para com o mundo externo. As mudanças orgânicas e somáticas, principalmente o desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários, acompanhados pela socialização da atividade intelectual,
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constituem verdadeira fase de transição, que começa aos doze ou treze anos e vai até o fim da puberdade, por volta dos quinze anos. Necessitando compreender-se nessa etapa, e, ao mesmo tempo, sentindo a influência da sociedade que começa a exigir dele uma responsabilidade, o adolescente assume progressivamente a direção ativa e pessoal de sua própria vida. Essa busca de auto-afirmação às vezes fica só no mundo interno, mas costuma também manifestar-se em rebeldia contra as autoridades, à procura de "novos estilos" de vida dentro dos quais possa sentir-se mais seguro. Dentro de cada um desses períodos, a psicologia do desenvolvimento pesquisa especificamente o desenvolvimento corporal, a aquisição das habilidades motoras, a evolução da linguagem e da inteligência, o ajustamento social e emocional. Um dos estudos mais precisos sobre as características diferenciais de cada ano de vida foi realizado por Gesell e seus colaboradores. Outros, como Jean Piaget e Maurice Debesse, preferiram estudar mais globalmente o desenvolvimento, ressaltando as próprias vivências internas das crianças e adolescentes. A personalidade não se desenvolve nem se manifesta no vazio, mas em estreita interação com outras personalidades. A disciplina científica que estuda a personalidade em interação é a psicologia social. Autores antigos tiveram uma visão mais atomística da relação entre a personalidade e a sociedade. Muitos consideravam que a psicologia social começa depois que a personalidade se forma graças às forças internas e aos mecanismos de aprendizagem. Concepção mais recente, sem negar a importância desses fatores, ressalta que a personalidade, sob todos os pontos de vista, desde o nascimento, está sendo condicionada cultural e socialmente. Outro tema preferido da psicologia social moderna é a investigação do status, isto é, a posição que alguém ocupa no grupo, e do rôle, ou seja, o comportamento esperado do indivíduo por um grupo humano. Para que uma pessoa seja bem ajustada, considerada como normal, é necessário que saiba desempenhar seus rôles, seus "papéis sociais", e encontre suficiente grau de satisfação emocional na vivência desses papéis. Muitas pesquisas investigam não tanto a influência da cultura e da sociedade sobre a personalidade, mas os processos que caracterizam a organização comportamental dos grupos, a interação dos membros de um grupo. Especial atenção é consagrada ao estudo dos chamados pequenos grupos e grupos primários, como seriam
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o grupo familiar, o grupo de irmãos etc. Nessas circunstâncias, obtêm-se medidas bastante precisas das diversas forças que interagem. Dentre os estudos das grandes coletividades, ocupa lugar especial o do estudo da massa, que se caracteriza por certa "homogeneidade mental", sensibilidade e excitabilidade de seus integrantes. A concepção mais aceita para explicar as reações muitas vezes violentas e mutáveis que ocorrem nesse tipo de coletividade é a hipótese baseada em premissas freudianas: sob a pressão social, acumula-se o sentimento de frustração, mas as pessoas que, individualmente, reprimiriam essa frustração, quando reunidas em grupo, massa, sob a "ilusão da universalidade", descarregarão sua agressividade. A utilização de conhecimentos psicológicos para a resolução de problemas sociais é considerada como uma tecnologia social, onde os achados derivados de pesquisa pura e aplicada são empregados na construção de um produto socialmente relevante. O cientista social dedicado à pesquisa básica de modelos capazes de explicar a relação entre variáveis psicossociais poderá, por exemplo, estudar experimentalmente qual a maneira mais eficaz de provocar mudanças de atitude em geral, ou em determinadas situações específicas. O cientista que utiliza conhecimentos teóricos e básicos em pesquisas diretamente ligadas à resolução de problemas sociais específicos poderá chegar a tal conhecimento por meio de um trabalho relacionado a uma situação real, por exemplo, mudança da atitude do preconceito de um grupo contra outro. O tecnólogo social utilizará esses conhecimentos na solução de problemas específicos. Durante muito tempo a psicologia aplicada foi considerada como um ramo da psicologia no qual os fatos e os métodos da ciência eram aplicados aos problemas práticos da vida diária. Entretanto, o adjetivo "aplicado" conduz a uma impressão errônea das relações entre a psicologia pura e a aplicada, sugerindo que esta última toma de empréstimo à primeira seus princípios e leis. Na realidade, os princípios da psicologia aplicada são muitas vezes independentemente derivados, a partir do esforço de solução de problemas práticos. A utilização dos métodos e resultados da psicologia científica na solução prática dos problemas do comportamento humano é chamada psicologia aplicada. Embora, desde o nascimento, a psicologia científica tenha sido empregada nos diversos ramos da atividade humana, sua aplicação acelerou-se principalmente a partir
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da segunda guerra mundial, durante a qual os psicólogos foram solicitados a colaborar na seleção, preparação e readaptação dos combatentes para as mais variadas tarefas. Na atualidade, em todas as atividades importantes aplicam-se os conhecimentos psicológicos. Existem, portanto, entre outras, psicologia clínica, a educacional, a do trabalho, a jurídica, a do esporte, a ambiental, a hospitalar, a comunitária, a institucional, a do lazer e a pastoral. As mais destacadas são sobretudo as três primeiras, tanto pelo número de psicólogos que se dedicam a elas, quanto pela influência que exercem na vida contemporânea. Conquanto a expressão psicologia clínica não seja a mais adequada, trata-se de uma especialidade que veio atender a uma aguda necessidade social de ajustamento de crianças, adolescentes e jovens no lar, na escola e no trabalho. O desenvolvimento educacional e econômico e a multiplicação de problemas profissionais da sociedade moderna ressaltaram a importância do ajustamento psicológico em todas as ocupações e relações humanas, desde a mais tenra idade, incrementando a investigação científica no seu domínio e o interesse por suas aplicações práticas. A psicologia clínica colabora no diagnóstico e no tratamento das pessoas desajustadas ou com problemas emocionais. Para o diagnóstico, os psicólogos empregam, além de testes, a entrevista clínica. O tratamento se efetua por meio das diversas técnicas psicoterápicas. A maior parte dos psicoterapeutas emprega a psicanálise ou técnicas derivadas das diversas correntes analíticas; alguns empregam teorias de aprendizagem, inclusive o condicionamento;
outros,
finalmente,
elaboram
seus
métodos
baseados
na
fenomenologia. Entre esse, sobressai Carl R. Rogers, que elaborou a técnica "nãodiretiva", ou "centrada no cliente". No
início
da
aplicação
da
psicoterapia,
predominaram
as
técnicas
psicoterapêuticas individuais, nas quais cada cliente era atendido por um psicoterapeuta. A preparação dos psicoterapeutas inclui conhecimento teórico sobre a personalidade normal e anormal, e estágio prático supervisionado. Em certas correntes, como na psicanálise, é indispensável que o futuro psicólogo clínico se submeta à psicoterapia antes de aplicá-la aos outros. Nas décadas de 1960 e 1970, cresceu sobremaneira o número das técnicas psicoterápicas de grupo. A elaboração de várias baterias de testes de inteligência verbal e de desempenho viso-motriz (performance) equipou o psicólogo clínico com recursos
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válidos para o exame e psicodiagnóstico. Criaram-se numerosos testes de personalidade e de aptidão, que enriqueceram ainda mais o acervo técnico e científico da psicologia clínica. O emprego da estatística tornou possível a padronização e a verificação da fidedignidade e validade dos testes de aplicação coletiva e individual, com instruções escritas que permitiam a auto-aplicação e com apresentação especial que pedia o relacionamento e a comunicação com o examinador, modalidade mais apropriada ao exame individual do psicólogo clínico. A validade psicológica do teste, sua consistência psicodiagnóstica nas aplicações sucessivas e a natureza dos processos psicológicos investigados vincularam cada vez mais a psicologia clínica à metodologia psicológica científica, evitando que ela se tornasse uma disciplina de aplicação prática rotineira, fundamentada apenas na experiência empírica. 2.4.4. Os temperamentos ou os tipos psicológicos
a) A Teoria dos Temperamentos Desde a antiguidade, tem havido um esforço para resumir em categorias as muitas diferenças dos indivíduos humanos, ao mesmo tempo em que tenta uniformizálos por caracterização das diferenças psíquicas. As mais antigas provêm de médicos como Cláudio Galeno e de Hipócrates. Cláudio Galeno, romano que viveu no segundo século depois de Cristo, fez a distinção, baseada no ensinamento de Hipócrates (médico grego do século quinto antes de Cristo) que dizia que o corpo humano era composto de quatro elementos: ar, água, fogo e terra. Cada elemento correspondia, respectivamente, no corpo vivo à fleuma, ao sangue, à bile amarela e à bile negra. A idéia de Galeno era que as pessoas, de acordo com a mistura desigual desses quatro elementos, poderiam se caracterizar pela predominância de um deles. Se predominasse o sangue, seria sanguíneo; se a fleuma, fleumático; se a bile amarela, colérico; e se a bile negra, melancólicos. Os quatro tipos de temperamentos, o colérico, o sanguíneo, o fleumático e o melancólico, surgiram, também, através da observação de Sóstenes às pessoas e seus comportamentos.
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O nome colérico vem de cólera, que é o impulso violento contra o que nos ofende, fere ou indigna, ira. O sanguíneo é aquele que se ira com facilidade e pega logo fogo; é impulsivo. O termo é relativo ao sangue, que tem ou parece ter aumento da massa sanguínea. O nome fleumático vem de fleuma, que quer dizer frieza de ânimo, impassibilidade. Logo, o fleumático é aquele que tem fleuma. É uma pessoa desatenta, desligada. O temperamento melancólico é aquele que sofre de melancolia que é um estado mórbido de tristeza e depressão, de pesar. O melancólico se esconde dos outros, não se mistura, gosta de andar só. Todos os temperamentos têm uma raiz maligna, e os seres humanos são propensos a reagir conforme o temperamento que mais predomina em si. Indubitavelmente, Galeno teve o mérito de criar uma classificação psicológica que persistiu por séculos, ainda que ultrapassada como teoria fisiológica. Porém, baseiase na diferença perceptível da afetividade ou da emocionalidade, ao que se seu o nome de temperamento. O filósofo Emmanuel Kant foi, provavelmente, quem divulgou essa classificação na Europa em 1798. Segundo ele20, A pessoa sangüínea é alegre e esperançosa; atribui grande importância àquilo que está fazendo no momento, mas, logo em seguida, pode esquecê-lo. Ela tem intenção de cumprir suas promessas, mas não as cumpre por nunca tê-las levado suficientemente a sério, a ponto de pretender vir a ser um auxílio para os outros. O sangüíneo é um mau devedor e pede, constantemente, mais prazo para pagar. É muito sociável, brincalhão, contenta-se facilmente, não leva as coisas muito a sério e vive rodeado de amigos. Embora não seja propriamente mau, tem dificuldade em não cometer seus pecados; ele pode se arrepender, mas sua contrição (que jamais chega a ser um sentimento de culpa) é logo esquecida. Ele se cansa e se entedia facilmente com o trabalho, mas constantemente encontra e entretenimento em coisas de somenos — o sangüíneo carrega consigo a instabilidade e seu forte não é a persistência. As pessoas com tendência à melancolia atribuem grande importância a tudo o que lhes concerne. Descobrem, em tudo, uma razão para a ansiedade e em qualquer situação notam de imediato as dificuldades. Nisso são inteiramente o oposto do sangüíneo. Não fazem promessas com facilidade, porque insistem em cumprir a palavra e lhes pesa considerar se será ou não possível cumpri-la. Agem assim, não devido a considerações de ordem moral, mas ao fato de que o interrelacionam com os outros preocupa sobremaneira o melancólico, tornando-o cauteloso e desconfiado. É por essa razão que a felicidade lhes foge. Dizem do colérico que tem a cabeça quente, fica agitado com facilidade, mas se acalma logo que o adversário se dá por vencido. Que 20
In LAHAYE, Tim. Temperamentos transformados. São Paulo: Mundo Cristão, 2008. pp. 11 e 12.
48 se aborrece, mas seu ódio não é eterno. Sua reação é rápida, mas não persistente. Mantém-se sempre ocupado, embora o faça a contragosto, justamente, porque não é perseverante; prefere dar ordens, mas o aborrece ter de cumpri-las. Gosta de ter seu trabalho reconhecido e adora ser louvado publicamente. Dá valor às aparências, à pompa e à formalidade; é orgulhoso e cheio de amor-próprio. É avarento, polido e cerimonioso; o maior golpe que pode sofrer é a desobediência. Enfim, o temperamento colérico é o mais infeliz por ser o que mais provavelmente atrairá oposição. Fleuma significa falta de emoção e não preguiça; implica uma tendência a não se emocionar com facilidade nem se mover com rapidez e, sim, com moderação e persistência. A pessoa fleumática se aquece vagarosamente, mas retém, por mais tempo, o calor humano. Age por princípio, não por instinto; seu temperamento feliz pode suprir o que lhe falta em sagacidade e sabedoria. Ela é criteriosa no trato com os outros e, em geral, consegue o que quer, persistindo em seus objetivos, embora pareça ceder à vontade alheia.
Conhecer essa classificação, talvez, possa ajudar a buscar uma canalização positiva das atitudes negativas e ao fortalecimento das qualidades e é utilizada em muitos livros de aconselhamento. Embora sendo, apenas, uma teoria chegou a um nível de confiabilidade tal que se analisa personagens bíblicos, comparando seus temperamentos de acordo com essa classificação. Segue um esboço de cada diferente temperamento à luz dessa teoria: 1.
SANGUÍNEO – Qualidades: comunicativo, destacado, entusiasta,
afável, simpático, bom companheiro, compreensivo, crédulo. Defeitos: fraco de ânimo, volúvel, indisciplinado, impulsivo, inseguro, egocêntrico, barulhento, exagerado, medroso. 2.
MELANCÓLICO – Qualidades: habilidoso, minucioso, sensível,
perfeccionista, esteta, idealista, leal, dedicado. Defeitos: egoísta, amuado, pessimista, teórico, confuso, anti-social, crítico, vingativo, inflexível. 3.
COLÉRICO
–
Qualidades:enérgico,
resoluto,
independente,
otimista, prático, eficiente, decidido, líder, audacioso. Defeitos: Iracundo, sarcástico, impaciente, prepotente, intolerante, vaidoso, auto-suficiente, insensível, astucioso. 4.
FLEUMÁTICO – qualidades: calmo, tranqüilo, cumpridor de
deveres, eficiente, conservador, prático, líder, diplomata, bem-humorado. Defeitos: calculista, temeroso, indeciso, contemplativo, desconfiado, pretensioso, introvertido, desmotivado.
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Na verdade, não temos e nem podemos mudar nosso temperamento. Ele faz parte de nosso ser. Mas podemos usá-lo sabiamente e com o controle do Espírito Santo, de maneira tal que até o que parece defeito passa a ser virtude. Deus usa as pessoas, não importando qual seja seu temperamento ou sua personalidade, pois a obra de Deus é realizada em nós e por nós. Sem nos apegarmos a modismos cujos objetivos, geralmente, são desviar nossa atenção da verdade, o foco principal, que é a graça e a santificação. Apesar de que saibamos que a psicologia enfatiza a personalidade e não o temperamento, segue a seguir a comparação, a título de exemplo, de quatros personagens bíblicos e seus respectivos temperamentos, usando os versículos bíblicos para justificá-la21. De acordo com suas reações e sua conduta, pode-se dizer que o apóstolo Pedro era sangüíneo, pois era falante, vibrante e amava intensamente, demonstrando publicamente suas emoções (Mt 17.1; Jo 21.17; Lc 5.1-11; Jo 6.69). Sincero (Lc 5.8), respondia com entusiasmo às emoções do seu coração (Mt 14.28-29; Jo 18.10). Submetendo suas fraquezas ao Senhor e cheio do Espírito Santo, Deus o fortaleceu (1Pe 5.10). No livro de Atos podemos ler que seus defeitos foram sobrepujados pelas qualidades, que se realçam em poder nas palavras (1Pe 2.14-40), constância (1Pe 3.1), coragem (1Pe 4.13), sabedoria (1Pe 4.19-20), alegria (1Pe 5.41), humildade (1Pe 10.2526), amor (1Pe10.21-28), amabilidade (1Pe 11.4), fé (1Pe12.6), paciência (1Pe12.16) e liderança (1Pe15.7). Moisés era melancólico. Possuía talento (At 7.22), era abnegado (Hb 11.23-27) e perfeccionista, podendo Deus, ter usado essa qualidade para lhe dar os detalhes da Lei, da justiça divina e do Tabernáculo; leal, os livros da Lei revelam isso e, extremamente, dedicado (Ex 32:31-32). Entretanto, sofria de um complexo de inferioridade que trazia à tona todas as fraquezas do melancólico (Ex 3.11-13; Ex. 4.1,3,10,13). Muitas vezes, deixava-se dominar pela ira (Nm 20.9-12) e pela depressão (Nm 11.11-15). Seu encontro com o Senhor no Monte Horebe e a freqüente busca da sua face, contudo, fizeram dele um homem cheio do Espírito Santo, um líder destemido, e se tornou “o homem mais manso da Terra” (Nm12.3). Suas qualidades se destacaram e foi o grande legislador de Israel. Paulo era colérico. A principal qualidade do colérico é a força de vontade, que faz dele uma pessoa enérgica, eficiente, resoluta, e um líder cheio de audácia e otimismo. Paulo foi um portador desse temperamento de acordo com a classificação de 21
LAHAYE, Tim. Temperamentos transformados. São Paulo: Mundo Cristão, 2008.
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Galeno, o livro de Atos e suas cartas no-lo revelam (Gl 1.10; Fp 3.10-14; Gl 1.15-18; At 14.19-24). Apesar deste caráter ativo, prático, dinâmico e corajoso, Paulo, antes de conhecer a Jesus e receber o Espírito Santo, demonstrou-se um homem cruel, zangado, hostil e amargurado (At 9.1), insensível (At 7.58-59), astucioso e prepotente (At 9.2). Ele testificou de si mesmo, o que vemos em (1Tm 1.12-16). Porém, o enchimento, diário, do Espírito Santo, a entrega de suas falhas a Deus (2Co 12.7-10), fizeram dele um líder apto a escrever (Gl 5.16-22). Olhando para suas fraquezas, ele afirmou “Posso todas as coisas naquele que me fortalece” (Fp 4.13). Abraão era fleumático. Todas as qualidades do fleumático estavam presentes na vida do fiel Abraão. Ele era pacífico, prático e bem humorado (Gn.13.8-9); leal, calmo e eficiente (Gn 14.14-16), cumpridor de seus deveres (Gn 14.20), conservador em seus princípios (Gn 14:22-24). Deus o provou em todas as suas promessas, mas ele permaneceu firme na fé. Dele, disse Deus: “Eu o tenho conhecido” (Gn.18.19). Todavia, ele apresentava, também, os defeitos desse tipo de temperamento. Com o crescimento da sua vida espiritual e submissão a Deus, assumiu suas posições e foi liberto da incredulidade (Hb 11.8-9), do medo (Hb 11.17) e fortalecido na fé (Gn 22.8). Apesar de seu temperamento, o seu direcionamento a Deus, fez dele um dos maiores homens que já viveu. O homem carnal e o cristão imaturo se deixam dominar ou influenciar pelos aspectos negativos dos seus temperamentos. Muitas situações difíceis na vida ou no lar são criadas por desconhecimento de nossas fraquezas e pela falta de um critério espiritual para tomar nova direção. Todos sabem que ninguém é perfeito. Contudo, não desanimemos, temos apenas de crescer no amadurecimento em Cristo (Rm 12.1-2; Fp 4.13; Rm 6.11-13). Todas as pessoas se enquadram em um ou mais temperamentos. À proporção que forem sendo transformados pelo Espírito Santo, os defeitos do seu temperamento serão anulados e suas qualidades aperfeiçoadas. b)
A teoria dos tipos psicológicos de Carl Gustav Jung
C.G. Jung se dedicou a analisar os processos vastos e profundos da personalidade humana. Conhecido por psicólogos e psiquiatras, sua teoria da personalidade é mais identificada com a teoria psicanalítica devido à ênfase que dá aos processos do inconsciente. Jung introduziu dois pares de funções para explicar as
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diferenças nas estratégias das pessoas no sentido de processar e adquirir uma informação. Bem ao contrário da antiga classificação dos temperamentos, a nova tipificação se baseia na convenção de não se deixar julgar segundo o afeto, mas segundo um estado ou uma atitude considerada normal. Segundo essa teoria, outras funções que não os afetos, mas a relação do sujeito com o objeto pode levar um indivíduo de um estado não-problemático da consciência para um estado problemático22. Biologicamente falando, a relação entre sujeito e objeto é sempre uma relação de adaptação. Cada relação pressupõe efeitos modificativos de um sobre o outro. As quatro funções psicológicas fundamentais nessa relação: pensamento; sentimento; sensação; intuição; além disso, essas funções podem ser experimentadas ou com uma atitude extrovertida ou com uma atitude introvertida23. A extrovertida se comporta de modo positivo diante do objeto, é objetivo e se caracteriza por sua constante intromissão em tudo. A introvertida comporta-se abstrativamente e tende a se prevenir com relação ao objeto, é subjetivo e se caracteriza por se defender contra as solicitações externas e criar para si uma posição segura e fortificada ao máximo. Essas duas atitudes estão presentes na personalidade, mas uma delas é dominante e consciente, enquanto a outra é subordinada e inconsciente. As quatro funções, Jung chamou de funções racionais ou de julgamento: o pensamento e o sentimento; de funções irracionais ou de percepção: a intuição e a sensação.
Nas funções racionais, o pensamento é o processo conceitual que
proporciona o significado e a compreensão. O sentimento é o processo subjetivo de ponderação e de avaliação. Nas funções irracionais, a sensação á a percepção consciente dos objetos físicos. A intuição envolve a percepção de maneira inconsciente. A essas duas teorias ou segmentos, que tentam explicar a personalidade humana, acrescentam-se outras muitas que foram se desenvolvendo ao longo da história, entretanto, vamos nos ater a essas mais conhecidas, que são as mais utilizadas para explicar os temperamentos, a personalidade e os distúrbios psicológicos. A personalidade, portanto, é uma estrutura interna, formada por diversos fatores em interação. Não se reduz a um traço apenas, como a autodeterminação ou um valor moral, pode ser muito ou pouco valorizado, não importa. Uma pessoa mesmo sem
22 23
JUNG, C.G. Os tipos psicológicos. Petrópolis: Editora Vozes, 2008. p. 471. Vide quadro no anexo 2, p.
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valores, mal formada, com falhas morais ou limitações psicológicas, não deixa de ter personalidade porque tem uma estrutura interna, embora defeituosa. A personalidade não é a simples soma ou justaposição de elementos, mas um todo organizado e individual, produto de fatores biopsicossociais. - Nos fatores biológicos estão: o sistema glandular e o sistema nervoso. - Entre os fatores psicológicos estão: o grau e as características de inteligência, as emoções, os sentimentos, as experiências, os complexos, os condicionamentos, a cultura, a instrução, os valores e vivências humanas. - Nos grupos sociais, como a família, a escola, a igreja, o clube, vizinhança, processa-se a interação dos fatores sociais. Sendo a personalidade, o que distingue uma pessoa da outra, a mesma encontrase apoiada na herança biológica e na ação ambiental. Os fatores biológicos, principalmente o sistema glandular e o sistema nervoso, determinam no indivíduo o temperamento, que é constituído de impulsos naturais. Ser agressivo ou não ser agressivo, ser irrequieto ou indolente, ser emotivo ou não emotivo, ter reações primárias ou secundárias, podem ter traços temperamentais. Assim, o indivíduo nasce com determinado temperamento, mas fatores ambientais podem modificá-lo até certo ponto. A educação pode manter domínio e controle sobre o temperamento, a alimentação, as doenças, o clima, os acontecimentos e outros fatores causam algumas transformações nos traços temperamentais. A vida ensina o homem a controlar ou a estimular seu temperamento. Todo tipo temperamental tem seus aspectos positivos e aspectos negativos. Conhecendo-se bem, o homem pode dominar os aspectos negativos e estimular e desenvolver os aspectos positivos, entretanto, transformação radical, só por meio da habitação do Espírito Santo nele. Todo esforço humano de autotransformação é inútil, pois o homem é incapaz de conseguir nascer de novo se não for pelo poder de Deus e pela fé no Filho, Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus (Jo 1.12-13). O temperamento é parte da personalidade, e, esta não se reduz àquele. A personalidade é o todo; o temperamento é um aspecto desse todo. Portanto, o temperamento é um aspecto inato, biológico da personalidade. As qualidades que estão relacionadas com o temperamento incluem entre outras, excitabilidade, irrascibilidade,
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impulsividade,
receptividade,
sensibilidade,
reserva,
passividade,
otimismo,
pessimismo, vivacidade, letargia etc., chamadas pela Bíblia de obras da carne. O princípio e os valores do homem constituem seu Caráter. Caráter é um termo que etimologicamente significa “gravar”. Mas esse conceito sofreu total evolução que hoje, caráter significa padrão de valores da personalidade. Ele é constituído de valores morais e sociais. Adquiri-se o caráter no decorrer da vida, na família, na escola e na sociedade em geral. A utilidade do estudo dos temperamentos, dos tipos psicológicos, da personalidade e do caráter está no fato de adquirirmos ferramentas para nossa santificação. É desejo de nosso Pai celestial que sejamos santos, isto é, separados e consagrados a fim de manifestarmos o poder transformador do evangelho. Só nos tornaremos conselheiros cristãos e verdadeiros ministros do evangelho eficazes se a santidade se manifestar em nós diariamente. O importante é crer que temperamento, caráter, tipo ou qualquer que seja a denominação para a manifestação da identidade do homem como indivíduo e cidadão celestial, será moldado pela transformação do Espírito Santo que habita em nós. As obras da carne que se manifestam no ser humano são transformadas em fruto do Espírito, Gl 5.16-25 Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne. Porque a carne milita contra o Espírito e o Espírito contra a carne, porque são opostos entre si, para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer. Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais sob a lei. Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a essas, a respeito das quais eu vos declaro como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os quais tais coisas praticam. Mas, o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra essas coisas não há lei. E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne com suas paixões e concupiscências.
Não podemos e não devemos confundir a velha natureza e suas inclinações pecaminosas advindas da carne com problemas espirituais e tentar explicar tudo racional e logicamente dentro da esfera científica da psicologia e nem mistificar todo problema espiritual como causa física.
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O homem espiritual regenerado deverá buscar a vontade de Deus e só alcançará esse objetivo se possuir a mente renovada. Deixará de se amoldar aos padrões sócioculturais do mundo para se oferecer voluntariamente como sacrifício vivo, santo e agradável ao Semhor para experimentar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (cf. Rm 12.1-2). Personalidade A personalidade é composta pela combinação de temperamento e caráter. O temperamento é o padrão instintivo e automático de respostas emocionais como medo, raiva e apego, ou seja, define quais dessas emoções se salientam mais em nós. O temperamento tem uma forte base biológica e genética, manifestando-se desde os primeiros anos de vida. Já as experiências que vivenciamos e seus significados formam o caráter, que remodela e lapida o temperamento a partir da que é aprendido. Personalidade é um termo que apresenta muitas variações de significado. Em geral representa uma noção de unidade integrativa do ser humano, pressupondo uma idéia de totalidade. No senso comum é usada para se referir à capacidade de rápidas tomadas de decisão, para se referir a uma característica marcante da pessoa, como timidez ou extroversão, por exemplo, ou ainda para se referir a alguém importante ou ilustre: “uma personalidade”. A personalidade atribuída a uma pessoa pode definir, para o senso comum, se esta pessoa é boa ou má. A psicologia evita este juízo de valor. A personalidade seria um conjunto de características que diferenciam os indivíduos. Estes atributos seriam permanentes e dizem respeito à constituição, temperamento, inteligência, caráter, um jeito específico de se comportar. Para as teorias que utilizam o conceito de personalidade, ela significa a “organização dinâmica dos aspectos cognitivos, afetivos, fisiológicos e morfológicos do indivíduo”. Fala-se também em personalidade básica, que seriam as atitudes, tendências, valores e sentimentos dos membros de uma sociedade. A personalidade pressupõe a possibilidade de um indivíduo se diferenciar, individualidade, ser original e ter particularidades. Por meio dessa idéia, pode-se “predizer” o que a pessoa fará em determinada situação, pode-se ter idéia de como ela reagiria.
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Nem todas as teorias trabalham com este conceito porque ele tem uma noção implícita de estrutura, de estabilidade e, portanto, de características que não mudam. No entanto, ela é fruto de uma organização progressiva do ser humano e não apenas entendida como um fenômeno em si. Ela evolui de acordo com a organização interna do indivíduo. A psicanálise afirma que a estrutura da personalidade já está formada aos quatro ou cinco anos de idade, enquanto que, para Piaget, ela começa a se formar entre os oito e doze anos. O caráter, temperamento e os traços de personalidade são termos que se referem a esta noção. Alguns distúrbios podem se relacionar à personalidade, gerando conceitos patológicos, como é o caso da personalidade múltipla. Enfim, o que importa, conhecendo ou não classificações ou teorias ou demais ferramentas que nos revelem as falhas de caráter, quem vai nos santificar e transformar será o Espírito Santo que é poder e sabedoria, Estou certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até o dia de Cristo (cf. Fl 1.6). 2.5.
Psicólogo Conselheiro ou Conselheiro Cristão
A base bíblica para o aconselhamento deve repousar sobre a doutrina da inspiração divina. O conselheiro, inspirado pelo Espírito Santo, sem violar o conhecimento da personalidade humana com todas as teorias já conhecidas, tem por base a Palavra de Deus e o modelo vivido por Cristo, o verbo encarnado. As Escrituras visam a comunicar a verdade e a verdade obedecida levará o indivíduo à libertação de seus complexos, doenças e feridas psicológicas, pois levam o homem a tomar de volta sua identidade perdida na queda. O cristão, na acepção da palavra, aquele que é discípulo de Cristo, tem a Bíblia como fonte de toda direção, instrução, consolo, exortação e encorajamento divinos. Portanto, o resultado direto é sua autoridade final e absoluta. A introdução de teorias psicológicas dentro do aconselhamento deve ser coerente com essa verdade absoluta e plena de autoridade, a fim de resultar não só na cura do aconselhado, mas em sua conscientização de quem é em Cristo. Toda necessidade psicológica concebível está debaixo do controle de Deus já que é o Criador da alma, do corpo e do espírito, logo, poderá ser satisfeita pela aplicação direta da verdade bíblica – nEle foram criadas todas as coisas e fora dEle nada do que foi feito se fez (Jo 1.3).
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O psicólogo conselheiro pode até usar as escrituras, mas seus diagnósticos estão mais baseados nas condutas seculares humanistas do que em sua fé de que a verdade divina é suficiente para curar e libertar. Sem negarmos a ciência, que é do Senhor, podemos aplicá-la, não enfatizando o conhecimento humano, mas o poder de Deus. A atitude frente ao pecado é que fará toda a diferença entre um Psicólogo Conselheiro e um Conselheiro Cristão, pois, atualmente, o pecador tem sido reclassificado como vítima, não sendo, portanto, responsável pessoalmente por suas ações. Felizmente, o aconselhamento bíblico tem voltado a ser praticado no meio cristão contemporâneo, embora, ainda em luta com a teologia liberal e com a psicologia secular. Os psicólogos seculares reivindicaram o domínio na perícia do aconselhamento e das perspectivas da natureza humana. O Evangelho liberal fundamentado na pósmodernidade cujos pilares discutiremos mais adiante no capítulo quatro, enfraqueceu o homem de tal forma que fez com que ele perdesse a consciência do que é pecado. A ênfase na ciência e na medicina tornou quase inconcebível a confiança no sobrenatural, ou seja, no milagre da graça regeneradora, deixando o evangelho de Jesus Cristo de ser a resposta. Tornou-se, também, quase impossível ser novamente gerado não de semente corruptível, mas da incorruptível mediante a Palavra de Deus, a qual vive e é permanente (1Pe 1.23). O cristão que se determina a aconselhar outro indivíduo deve estar ciente de que o conselho a ser oferecido deva ser verdadeiro. Aconselhamento é um ministério, ou seja, etimologicamente, um serviço de ajuda, que pressupõe certo indivíduo sob pressão, sendo confrontado por um grau de confusão, decepção ou desespero e uma segunda pessoa que se empenha em ajudar, analisando a situação, procurando desemaranhar as questões envolvidas de forma a oferecer conselhos e direções úteis e benéficas. A eficácia da ajuda repousa no fato de que a análise e o conselho sejam verdadeiros, e isso só será possível por meio da VERDADE. Portanto, sua base é Jesus – o caminho, a verdade e a vida. Toda e qualquer outra base não dará respostas e não levará o aconselhado à cura, somente levantará o problema e abrirá a ferida. O homem não tem poder para fechar feridas, nem mesmo o mais apto psicólogo terapeuta ou psicanalista. Deus abre a ferida e a cura, logo, o psicólogo cristão é instrumento nas mãos do Pai para levar o paciente à cura (Os 6.1-3), deixando o Senhor espremê-las, tirando todo o pus, a fim de derramar seu ungüento salvador (Is 1.5-6).
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3. Panorama histórico do aconselhamento bíblico 3.1. 3.2.
Paradigmas históricos do aconselhamento bíblico: exemplos Correntes filosóficas que influenciaram o cristianismo trazendo implicações para o aconselhamento bíblico
Desde o período pré-socrático, melhor dizendo, desde a queda, o homem tem buscado uma explicação para seu comportamento e das diferenças nas sociedades ou nas culturas. A humanidade busca entender sua própria conduta e maneira de viver. Surgiu a especulação com o nome de filosofia, assim passou-se a estudar a evolução do pensamento e sua respectiva influência sob a denominação de correntes filosóficas, fazendo uso da cronologia da existência humana desde a antiguidade até nossos dias. Sem explicações para o mundo que o cercava e a realidade dos fenômenos, antes que surgisse o estudo dos filósofos pré-socráticos, época que corresponde à formação da civilização helênica, o homem era voltado aos deuses e à mitologia. As principais questões do homem quanto aos fenômenos da natureza ou até mesmo sobrenaturais, antes mesmo de serem registradas sob a forma escrita, foram transmitidas oralmente em narrativas que expressavam os mistérios sobre a origem e o destino do homem e, também, sobre a causa do bem e do mal. A partir do registro escrito, notou-se que não eram meramente ficções ou fruto de fantasias mentais, mas refletiam simbolicamente tradições, costumes e busca por sabedoria. O próprio termo “filosofia”, derivado do grego philos (amigo) e sophia(saber), revela a sede que o homem possui por conhecimento. Por último, a influência do pensamento pós-moderno no aconselhamento e a fragmentação do pensamento gerando a falta de consciência do pecado, ou seja, os portadores da pós-modernidade, a pluralização, a privatização e a secularização, arruinaram a ordem, antes estabelecida, por Deus, ao seu povo - a Igreja.
4. Redescobrindo o aconselhamento bíblico 4.1.
O aconselhamento bíblico no séculos XX e XXI
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CAPÍTULO 2 Fundamentos teológicos do aconselhamento bíblico 1. As escrituras como base do pensamento do conselheiro cristão 2. A confusão entre pecado e problema 2.1.
A quebra dos padrões de Deus
2.2.
A estrutura da alma
2.3.
As maldições decorrentes da desobediência
2.4.
Cura interior ou cura da alma
3. Problemas de alma ou opressão demoníaca 3.1.
Angelologia
3.2.
Demonologia
3.3.
Libertação da alma e do corpo
CAPÍTULO 3 Físico Psicológico Espiritual A divisão “físico, psicológico, espiritual” é feita, somente, para efeito de estudo, pois a identidade de uma pessoa é a totalidade, o conjunto dessas partes. O que a pessoa
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é, ou seja, sua identidade, é indissociável. Somente a Palavra de Deus pode separar juntas e medulas, alma e espírito. O O corpo e a mente não são separados. Quando se fala que o estudo se dá pelo viés da mente e/ou pelo viés do corpo, é necessário informar que essa é uma elaboração teórica, já que existem estudos, com grande comprovação ao longo dos tempos, que mostram a influência de um sobre o outro. Para estes fins, há vários métodos, como a observação, estudos de caso, estudos em neuropsicologia entre outros estudos multidisciplinares. As mudanças ocorridas no pensamento da modernidade tardia, chamada, também, de pós-modernidade, fragmentaram a identidade do homem e a cosmovisão cultural. A questão da identidade vem sendo, amplamente, discutida na teoria social. A chamada “crise de identidade” é vista como parte de um processo mais amplo de mudança que está abalando os quadros de referência que proporcionavam aos indivíduos uma base estável no mundo social. O próprio conceito de identidade é, demasiadamente, complexo, muito pouco desenvolvido e muito pouco compreendido na ciência social para ser posto à prova. A identidade tornou-se uma questão nos nossos dias porque está em crise. As transformações estruturais fragmentaram as noções de classe, gênero, sexualidade, etnia, raça e nacionalidade, que no passado possuíam bases sólidas nos indivíduos sociais, abalando a idéia que possuíamos de nós mesmos como sujeitos integrados. A partir do Iluminismo, a noção de sujeito vem mudando de concepção. Antes, totalmente centrado, unificado, dotado de capacidade de razão, de consciência e de ação, ele era uma pessoa. Era uma concepção individualista do sujeito. O Estruturalismo do século XX mudou essa concepção de sujeito individualista para uma de sujeito sociológico. O sujeito, dentro desse pensamento, não é autônomo e nem auto-suficiente, mas só existe em relação com outros que mediam seus valores, sentidos e símbolos. O sujeito possui uma essência interior, porém, é formado e modificado num diálogo com o mundo exterior com suas identidades. A identidade é formada pela interação do sujeito com a estrutura social que o cerca. Até meados do século XX, a informação, o desenvolvimento da ciência e as transformações sociais não possuíam a velocidade que observamos hoje. Tudo vem se tornando provisório, variável e acelerado. O que hoje é novidade, amanhã é obsoleto. Esse processo produz um sujeito sem identidade fixa, essencial e permanente. O sujeito
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assume identidades diferentes em diferentes momentos e acaba sendo definido historicamente e não biologicamente. A identidade acabou vinculada ao contexto e pensar numa identidade unificada desde o nascimento até a morte, diante da velocidade das mudanças, acaba se tornando uma fantasia - “Ontem não existia telefone celular, hoje, não se é nada sem ele”. A mídia informatizada tornou o sujeito um “cidadão global”. As velhas identidades, que estabilizavam a sociedade, deram lugar a novas identidades, fragmentando o indivíduo, visto como sujeito unificado. Hoje, o sujeito é relativizado ao mesmo tempo em que é globalizado. A estabilidade emocional dentro desse mundo acelerado e transitório é quase impossível, melhor dizendo, é impossível sem a fé no ABSOLUTO. Essa crise, ao mesmo tempo em que criou um sujeito pluralizado, fez com que ele se distanciasse do convívio social, individualizando-o e criando identidades contraditórias.
Nunca se ouviu falar, como se ouve hoje, de tantos com tantos
problemas emocionais – quase podemos dizer que o homem vive a síndrome da personalidade múltipla e que isso é normal. O homem se tornou um ser sem forma e vazio. Sabemos que a solução está em Cristo, a medida completa, pois sabemos, também, que o homem só é em-relação-comDeus. Fora disso, ele não possui identidade. Da antiguidade até a pós-modernidade, passando por todos os períodos filosóficos e científicos, nunca se percebeu o homem tão descaracterizado como indivíduo e como pessoa. O adversário de Deus e do homem levou o mundo à perda total do valor absoluto, entretanto, essa perda tem provocado fome e sede de Deus. Cristo é o valor individual e universal, logo, somente por Ele encontraremos o que no homem é contradição: individualismo absoluto – Cristo é um salvador pessoal – e universalismo absoluto – Ele é a cabeça do corpo da igreja. É o todo e é a parte e essa afirmação se situa num plano que transcende o mundo do homem e das instituições sociais. Para concluir a respeito desse assunto, o homem só possui identidade se essa for Cristo. A história da humanidade se resume na busca constante dessa identidade perdida na queda, culminando com a perda total dela, o que temos presenciado neste século. A queda é ao mesmo tempo narrada no Gênesis e cronologicamente na História. Ele pode escolher se vai se alimentar da árvore do conhecimento e morrer ou se, da Árvore da Vida para viver eternamente. O poder de decisão, esse, o diabo não conseguiu roubar. A
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escolha por viver uma vida saudável no corpo e na alma reside na reconciliação do espírito com Deus, Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo, não importando aos homens as suas transgressões e nos confiou a palavra da reconciliação (2Co 5.18-19). O papel do conselheiro cristão é o de submeter o aconselhado à palavra da verdade, identificando os transtornos psicológicos e avaliando como levá-lo a se identificar com Cristo. Deixando de lado a psicologia humanista que avalia e não apresenta solução, o conselheiro, embasado em conhecimentos científicos, que são válidos, aplica a Verdade e o acompanha até que seja um discípulo de Cristo. Muitos virão ao conselheiro, apresentando transtornos de personalidade, desvios de comportamento e até mesmo problemas psíquicos graves, entretanto, cabe a ele discernir e acompanhar a pessoa de maneira tal que o nome de Deus seja glorificado. O que se vê, hoje em dia, são psicólogos cristãos, aplicando e dependendo, somente, de seus conhecimentos de profissional psicólogo, deixando de lado o propósito de seu chamado como conselheiro: levar o paciente a ter uma vida plena em Cristo. 1. Jesus e os diferentes problemas 1.1.
Distúrbios físicos mentais
1.2.
Distúrbios psicológicos ou transtornos de personalidade
Os transtornos de personalidade afetam todas as áreas de influência da personalidade de um indivíduo, o modo como ele vê o mundo, a maneira como expressa as emoções, o comportamento social. Caracteriza um estilo pessoal de vida mal adaptado, inflexível e prejudicial a si próprio e/ou aos conviventes. Essas características, no entanto apesar de necessárias não são suficientes para identificação dos transtornos de personalidade, pois são muito vagas. A maneira mais clara como a classificação deste problema vem sendo tratada é através da subdivisão em tipos de personalidade patológica. A nosso ver, esta forma é bastante adequada, pois se verifica na prática manifestações diversas e até opostas para o mesmo problema. O leitor entenderá melhor a necessidade da subdivisão dos transtornos de personalidade lendo os textos abaixo.
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Para se falar de personalidade é preciso entender o que vem a ser um traço de personalidade. O traço é um aspecto do comportamento duradouro da pessoa; é a sua tendência à sociabilidade ou ao isolamento; à desconfiança ou à confiança nos outros. Um exemplo: lavar as mãos é um hábito, a higiene é um traço, pois implica em manterse limpo regularmente escovando os dentes, tomando banho, trocando as roupas, etc. Pode-se dizer que a higiene é um traço da personalidade de uma pessoa depois que os hábitos de limpeza se arraigaram. O comportamento final de uma pessoa é o resultado de todos os seus traços de personalidade. O que diferencia uma pessoa da outra é a amplitude e intensidade com que cada traço é vivido. Por convenção, o diagnóstico só deve ser dado a adultos, ou no final da adolescência, pois a personalidade só está completa nessa época, na maioria das vezes. Os diagnósticos de distúrbios de conduta na adolescência e pré-adolescência são outros. A seguir, descreveremos alguns transtornos da personalidade: Anti-Social Caracteriza-se pelo padrão social de comportamento irresponsável, explorador e insensível constatado pela ausência de remorsos. Essas pessoas não se ajustam às leis do Estado simplesmente por não quererem, riem-se delas, freqüentemente têm problemas legais e criminais por isso. Mesmo assim não se ajustam. Freqüentemente manipulam os outros em proveito próprio, dificilmente mantêm um emprego ou um casamento por muito tempo. Aspectos essenciais: Insensibilidade aos sentimentos alheios; atitude aberta de desrespeito por normas, regras e obrigações sociais de forma persistente; estabelece relacionamentos com facilidade, principalmente quando é do seu interesse, mas dificilmente é capaz de mantê-los; baixa tolerância à frustração e facilmente explode em atitudes agressivas e violentas; incapacidade de assumir a culpa do que fez de errado, ou de aprender com as punições; tendência a culpar os outros ou defender-se com raciocínios lógicos, porém improváveis. Borderline (Limítrofe) Caracteriza-se por um padrão de relacionamento emocional intenso, porém confuso e desorganizado. A instabilidade das emoções é o traço marcante deste transtorno, que se apresenta por flutuações rápidas e variações no estado de humor de um momento para outro sem justificativa real. Essas pessoas reconhecem sua labilidade
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emocional, mas para tentar encobri-la justificam-na, geralmente, com argumentos implausíveis. Seu comportamento impulsivo, freqüentemente, é autodestrutivo. Estes pacientes não possuem claramente uma identidade de si mesmos, com um projeto de vida ou uma escala de valores duradoura, até mesmo quanto à própria sexualidade. A instabilidade é tão intensa que acaba incomodando o próprio paciente que em dados momentos rejeita a si mesmo, por isso a insatisfação pessoal é constante. Aspectos essenciais: Padrão de relacionamento instável variando rapidamente entre ter um grande apreço por certa pessoa para logo depois desprezá-la; comportamento impulsivo principalmente quanto a gastos financeiros, sexual, abuso de substâncias psicoativas, pequenos furtos, dirigir irresponsavelmente; rápida variação das emoções, passando de um estado de irritação para angustiado e depois para depressão (não necessariamente nesta ordem); sentimento de raiva freqüente e falta de controle desses sentimentos chegando a lutas corporais; comportamento suicida ou automutilante; sentimentos persistentes de vazio e tédio; dúvidas a respeito de si mesmo, de sua identidade como pessoa, de seu comportamento sexual, de sua carreira profissional. Paranóide Caracteriza-se pela tendência à desconfiança de estar sendo explorado, passado para trás ou traído, mesmo que não haja motivos razoáveis para pensar assim. A expressividade afetiva é restrita e modulada, sendo considerado por muitos como um indivíduo frio. A hostilidade, irritabilidade e ansiedade são sentimentos freqüentes entre os paranóides. O paranóide dificilmente ri de si mesmo ou de seus defeitos, ao contrário ofende-se intensamente, geralmente por toda a vida quando alguém lhe aponta algum defeito. Aspectos essenciais: Excessiva sensibilidade em ser desprezado; tendência a guardar rancores recusando-se a perdoar insultos, injúrias ou injustiças cometidas; interpretações errôneas de atitudes neutras ou amistosas de outras pessoas, tendo respostas hostis ou desdenhosas; tendência a distorcer e interpretar, maleficamente, os atos dos outros; combativo e obstinado senso de direitos pessoais em desproporção à situação real; repetidas suspeitas injustificadas relativas à fidelidade do parceiro conjugal; tendência a se autovalorizar excessivamente; preocupações com fofocas, intrigas e conspirações infundadas a partir dos acontecimentos circundantes.
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Dependente Caracterizam-se pelo excessivo grau de dependência e confiança nos outros. Estas pessoas precisam de outras para se apoiar emocionalmente e sentirem-se seguras. Permitem que os outros tomem decisões importantes a respeito de si mesmas. Sentemse desamparadas quando sozinhas. Resignam-se e submetem-se com facilidade, chegando mesmo a tolerar maus tratos pelos outros. Quando postas em situação de comando e decisão essas pessoas não obtêm bons resultados, não superam seus limites. Aspectos essenciais: É incapaz de tomar decisões do dia-a-dia sem uma excessiva quantidade de conselhos ou reafirmações de outras pessoas; permite que outras pessoas decidam aspectos importantes de sua vida como onde morar, que profissão exercer; submete suas próprias necessidades aos outros; evita fazer exigências, ainda que em seu direito; sente-se desamparado quando sozinho, por medos infundados; medo de ser abandonado por quem possui relacionamento íntimo; facilmente, é ferido por crítica ou desaprovação. Esquizóide Prima pela dificuldade de formar relações pessoais ou de expressar as emoções; a indiferença é o aspecto básico, assim como o isolamento e o distanciamento sociais. A fraca expressividade emocional significa que estas pessoas não se perturbam com elogios ou críticas. Aquilo que na maioria das vezes desperta prazer nas pessoas, não diz nada a estas pessoas, como o sucesso no trabalho, no estudo ou uma conquista afetiva (namoro). Esses casos não devem ser confundidos com distimia. Aspectos essenciais: Poucas ou nenhuma atividade produz prazer; frieza emocional, afetividade distante; capacidade limitada de expressar sentimentos calorosos, ternos ou de raiva para como os outros; indiferença a elogios ou críticas; pouco interesse em ter relações sexuais; preferência quase invariável por atividades solitárias; tendência a voltar para sua vida introspectiva e fantasias pessoais; falta de amigos íntimos e de interesse de fazer mais amizades; insensibilidade a normas sociais predominantes como uma atitude respeitosa para com idosos ou àqueles que perderam uma pessoa querida recentemente. Personalidade Ansiosa (evitação) Caracteriza-se pelo padrão de comportamento inibido e ansioso com auto-estima baixa. É um sujeito hipersensível a críticas e rejeições, apreensivo e desconfiado, com
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dificuldades sociais. É tímido e sente-se desconfortável em ambientes sociais. Tem medos infundados de agir tolamente perante os outros. Aspectos essenciais: É facilmente ferido por críticas e desaprovações. Não costuma ter amigos íntimos além dos parentes mais próximos. Só aceita um relacionamento quando tem certeza de que é querido. Evita atividades sociais ou profissionais onde o contato com outras pessoas seja intenso, mesmo que venha a ter benefícios com isso. Experimenta sentimentos de tensão e apreensão enquanto estiver exposto socialmente. Exagera nas dificuldades, nos perigos envolvidos em atividades comuns, porém fora de sua rotina. Por exemplo, cancela encontros sociais porque acha que antes de chegar lá já estará muito cansado. Personalidade Histriônica Caracteriza-se pela tendência a ser dramático, buscar as atenções para si mesmo, ser um eterno "carente afetivo", comportamento sedutor e manipulador, exibicionista, fútil, exigente e lábil (que muda facilmente de atitude e de emoções). Aspectos essenciais: Busca freqüentemente elogios, aprovações e reafirmações dos outros em relação ao que faz ou pensa; comportamento e aparência sedutores sexualmente de forma inadequada; abertamente preocupada com a aparência e atratividade físicas; expressa as emoções com exagero inadequado, como ardor excessivo no trato com desconhecidos, acessos de raiva incontrolável, choro convulsivo em situações de pouco importância. Sente-se desconfortável nas situações onde não é o centro das atenções; suas emoções, apesar de intensamente expressadas, são superficiais e mudam facilmente; imediatista, tem baixa tolerância a adiamentos e atrasos; estilo de conversa superficial e vago, tendo dificuldades de detalhar o que pensa. Personalidade Obsessiva (anancástica) Tendência ao perfeccionismo, comportamento rigoroso e disciplinado consigo e exigente com os outros. Emocionalmente frio. É uma pessoa formal, intelectualizada, detalhista. Essas pessoas tendem a ser devotadas ao trabalho em detrimento da família e amigos, com quem costuma ser reservado, dominador e inflexível. Dificilmente está satisfeito com seu próprio desempenho, achando que deve melhorar sempre mais. Seu perfeccionismo o faz uma pessoa indecisa e cheia de dúvidas.
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Aspectos essenciais: O perfeccionista pode se atrapalhar no
cumprimento das tarefas, porque, muitas vezes, detém-se nos detalhes enquanto atrasa o essencial; insistência em que as pessoas façam as coisas a seu modo ou querer fazer tudo por achar que os outros farão errado; excessiva devoção ao trabalho em detrimento das atividades de lazer; expressividade afetiva fria; comportamento rígido (não se acomoda ao comportamento dos outros) e insistência irracional (teimosia); excessivo apego a normas sociais em ocasiões de formalidade; relutância em desfazer-se de objetos por achar que serão úteis algum dia (mesmo sem valor sentimental); indecisão, prejudicando seu próprio trabalho ou estudo; excessivamente consciencioso e escrupuloso em relação às normas sociais.
1.3.
Distúrbios espirituais 1.3.1. A psicologia moderna e a espiritualidade
Com freqüência, é dito que a busca pela espiritualidade, tão presente nos dias de hoje, é mérito das exigências da vida moderna que, diante de tantas solicitações, distancia o homem de si mesmo e de Deus. De certa forma, isto é verdadeiro, principalmente, no mundo ocidental, compelido às benesses do externo em detrimento de uma maior reflexão sobre o sentido da vida. Todavia, a busca pelo Sagrado sempre estive presente no homem nas diferentes épocas e culturas. Talvez, o que se observe mais no presente é um interesse da ciência em discutir os temas espiritualidade e religiosidade, atitude até então não comum, já que a própria ciência havia estabelecido esse distanciamento. Essa aproximação tem sido liderada pela física que, a partir da mecânica quântica, trouxe um novo conceito de universo. Na área da psicologia, também, havia um entendimento da espiritualidade como um comportamento primitivo, um estado regressivo, sublimação da sexualidade ou fuga. A psicologia analítica de Carl Jung reintroduziu a espiritualidade como aspecto integrante em todo ser humano. O inconsciente na visão junguiana tem uma função prospectiva, transcendente, criativa, transformadora, religiosa e espiritual. Para Jung, o sentimento religioso seria essencial ao ser humano, constituiria uma função natural e sua ausência deixaria a psique incompleta, comprometendo o seu
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equilíbrio. Ele afirmava que todos os pacientes adultos (com mais de 35 anos) que o procuravam tinham na raiz dos seus problemas a questão religiosa no sentido de um significado para sua presença neste mundo. Para a psicologia analítica, a vida é teleológica, ou seja, tem um sentido. A busca, portanto, para o autoconhecimento é fundamental. Assim, o desenvolvimento psicológico leva progressivamente para além do ego, para o Self, entendido como o centro maior da personalidade, a representação da divindade interior que guia todo o desenvolvimento do ego. Ou dito de outra forma, é a dissolução da falsa visão do ego, de suas identificações e de seus falsos objetivos e, substituída pela consciência de que o ser humano é maior do que acredita ser. O objetivo da psicoterapia junguiana não é só a cura do sintoma e adaptação da personalidade, mas sobretudo a transformação espiritual, a auto-realização e a experiência de plenitude do lado transcendente da vida. Jung mostrou que o desenvolvimento espiritual e o desenvolvimento psicológico fazem parte do mesmo processo. Não existe desenvolvimento psicológico sem o correspondente
desenvolvimento
espiritual.
E
os
dois
caminhos
levam
ao
desenvolvimento do sentido ético da vida. A psicologia transcendental (além do pessoal), considerada a quarta força da psicologia, dá ênfase à dimensão espiritual do indivíduo, que vê como uma finalidade do desenvolvimento humano. Ela estabeleceu um mapeamento da psique mais abrangente, incluindo os vários níveis da consciência. Em cada nível de consciência podem ser percebidos aspectos da realidade correspondente do estado de consciência. Essa compreensão incentiva o desenvolvimento progressivo e evolutivo da consciência em direção aos estados superiores e transcendentes. Tenta unir o conhecimento atual da ciência do Ocidente com a sabedoria do Oriente. Na realidade, tanto a psicologia analítica como a psicologia transpessoal consideram a experiência do Sagrado como intrinsecamente terapêutica e integradora. Assim, a psicologia já vem colaborando no sentido de não só aproximar, mas inserir a dimensão espiritual na visão de um homem integral. Se a mente humana fosse resultado apenas das reações físico-químicas do cérebro, a Psicologia não precisaria existir. Da mesma forma, se os psicólogos esquecerem que o ser humano possui uma essência própria e se detiverem apenas a leituras de comportamentos, seu trabalho será incompleto e de poucos resultados.
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Por que não se pode conceber que o ser humano possui espírito? Chame-o de mente, de self, se quiser, mas ele está ali, sendo responsável pela individualidade de cada um. Cada ser é único, dessa forma, qualquer tipo de massificação de conceitos sobre a personalidade humana será falho, e esse é o maior desafio da Psicologia: compreender algo que não se pode conhecer e conceber, ou seja, a possibilidade de alma e de espírito. Se admitir, volta à subjetividade de pseudociência, uma vez que falar em espírito ou alma significa considerar os aspectos controversos da religião e da fé, perder-se-ia o crédito científico, e qualquer coisa que se afirmasse a respeito teria de ser aceita como uma possível verdade. Mesmo contra todo esse temor, nasce, dentro do mundo moderno, uma Psicologia Mística, firmada nos princípios de Jung e baseada no estudo do espírito humano, considerando o ser humano como Corpo e Mente ou Matéria e Espírito e nas tradições orientais que possui a concepção de homem integral assimilada desde cedo – o equilíbrio do corpo depende da ação do espírito. A dimensão espiritual tem para a abordagem transpessoal um aspecto central e não periférico na vida humana, envolvendo todas as funções psicológicas como a cognição, percepção, emoção e vontade, promovendo o bem estar físico, social e mental. Dentro de uma concepção mística, a psicologia quer estudar a personalidade dando importância ao espírito e vice-versa. Resolvendo o imanente almeja o transcendente, afirmando que para viver o sagrado, é necessário viver o profano em sua plenitude. Segundo a psicologia ocultista, a Personalidade encontra-se a meio caminho entre o Corpo e o Espírito. Não apenas é a ponte entre a Consciência e o Eu Superior (que se encerra no Espírito), como também age como um filtro. A Personalidade filtra a experiência que desce do Espírito para o Corpo/Consciência. Se o filtro estiver sujo, a experiência do Espírito chegará à Consciência deturpada, ocasionando desequilíbrios em nosso ser. Dizer que o filtro está sujo quer dizer que a Personalidade está desequilibrada. Ora, desequilíbrios na Personalidade, todos temos, em maior ou menos escala. Daí a importância de trabalharmos psicologicamente para podermos trabalhar espiritualmente. Das condições da nossa Personalidade é que dependem se a experiência espiritual virá para nos redimir ou para nos condenar.
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Sendo o trabalho psicológico tão fundamental para o trabalho espiritual, escapar do primeiro é, na realidade, fugir do segundo. É iludir-se com nada além de sombras do que realmente seja espiritualidade. O trabalho psicológico e o espiritual devem se dar paralelamente. O problema reside na mistura e na confusão do que é esse espiritual que a psicologia moderna busca. Esquecendo-se da obra da cruz, os psicólogos cristãos acabam adotando métodos ocultistas disfarçados de ciência e de filosofia, Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus (1 Cor. 1.18). Sem se fazer anunciar e, quase despercebida, uma nova cruz introduziu-se nos círculos religiosos dos tempos modernos. Ela se parece com a velha cruz, mas é diferente, é uma nova que brotou desta nova cruz com respeito à vida cristã, e dessa nova filosofia surgiu uma nova técnica religiosa.
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A nova cruz não exige a renúncia da velha vida antes que a nova possa ser recebida. Ele não prega contrastes, mas semelhanças. Busca a chave para o interesse do público, mostrando que o cristianismo não faz exigências desagradáveis; mas, pelo contrário, oferece a mesma coisa que o mundo, somente num plano superior. O que quer que o mundo esteja fazendo de ídolo no momento é mostrado como sendo, exatamente, aquilo que o evangelho oferece,
sendo
que
o
produto
religioso
é
melhor.
A nova cruz não mata o pecador, mas dá-lhe nova direção. Ela o faz engrenar em um modo de vida mais limpo e agradável, resguardando o seu respeito próprio. Para o arrogante ela diz: "Venha e mostre-se arrogante a favor de Cristo"; e declara ao egoísta: "Venha e vanglorie-se no Senhor". Para o que busca emoções, chama: "Venha e goze da emoção da fraternidade cristã". A mensagem de Cristo é manipulada na direção da moda corrente a fim de tornála aceitável ao público. A psicologia, que traça paralelos amigáveis entre os caminhos de Deus e os do homem, é falsa em relação à Bíblia e cruel para a alma de seus ouvintes. A fé manifestada por Cristo não tem paralelo humano, ela divide o mundo. Ao nos aproximarmos de Cristo não elevamos nossa vida a um plano mais alto; mas a deixamos na cruz. O que Isso significa que o indivíduo, o homem condenado que quer encontrar vida em Cristo Jesus deve arrepender-se e crer. Deve esquecer-se de seus pecados e depois esquecer-se de si mesmo. Ele não deve encobrir nada, defender nada, nem perdoar nada. O psicólogo conselheiro deve inspirar o aconselhado a seguir esse caminho, o da cruz e do negar-se a si mesmo e não encontrar-se com seu eu corrompido e aceitá-lo. A igreja tem abandonado a Palavra de Deus e abraçado as falidas teorias humanas, tentando resolver os problemas mentais, emocionais e comportamentais, Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios (1 Tm 4.1). A psicologia, bem como o seu aconselhamento terapêutico, tem sido abraçada pelos evangélicos, mais do que quase todas as opções não bíblicas, que têm penetrado na igreja, desde a segunda metade do século passado. Os “psicólogos cristãos” são, em geral, mais populares e influentes do que os pregadores e mestres da Palavra.
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Nos conceitos psicoterapêuticos, as principais mentiras de Satanás são claramente reveladas. Os ensinos, tais como os que seguem, constituem quase todas as teorias psicoterapêuticas: a)
Imortalidade - Não existe a morte no sentido de que esta possa ser motivo
de temor. Os psicoterapeutas ensinam uma morte isenta de julgamento; conselheiros espiritualmente orientados afirmam que nós evoluímos para uma consciência mais elevada ou então reencarnamos, a fim de melhorar, em nosso próximo estágio temporal. b)
Iluminação - é conhecer o eu, quem somos, por que agimos, como
agimos, como mudamos, tudo isso abrindo o portal da crítica, a fim de estabelecer o nosso bem-estar mental. Alguns sistemas ensinam que os nossos problemas na vida são determinados por traumas relacionados ao nosso passado (incluindo vidas passadas), ao que herdamos de nossos pais, ao nosso ambiente, ou porque temos sido oprimidos por dogmas religiosos. c)
Divindade - A solução para os problemas humanos se encontra no ego. O
ego é deificado direta ou indiretamente. Por exemplo, A “auto-atualização” da psicologia é um processo que conduz à autodeificação, a qual, no final, substitui qualquer necessidade de salvação fora da humanidade. d)
Conhecimento - O processo de deificação para a humanidade inclui
métodos de pesquisa do inconsciente, o qual é supostamente o infinito reservatório guardador de todos os mistérios da vida. No pensamento freudiano, o inconsciente é um reino substituto de Deus, sem leis, sem julgamentos, considerando a moralidade uma opressiva neurose imposta pela sociedade e pela religião organizada, sendo a liberdade sexual (inclusive o adultério, a homossexualidade e o incesto) importante para uma saúde mental normal; os sonhos são mensagens simbólicas do inconsciente e podem ser cientificamente interpretados através da psicanálise Em todo o mundo há uma crise de fé dentro das igrejas, que está mudando o significado de ser cristão. A Palavra de Deus é rejeitada enquanto a experiência é valorizada acima da verdade; uma "fé" falsa e egoísta é promovida, e a sã doutrina e a correção são desprezadas como "separatistas" e "não-amorosas". Os psicólogos aumentam sua influência, criando novos rótulos "científicos" para coisas normalmente conhecidas como preguiça, egoísmo e desobediência. Palmada agora é "abuso infantil" e correções de qualquer espécie são evitadas como sendo "negativas" e prejudiciais para uma “auto-imagem positiva", o que é a chave para toda
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"modificação de comportamento". A mesma espécie de engano penetrou na igreja através da "psicologia cristã". A psicologia cria mistificações e desculpas para a incompetência, a rebelião e o pecado. Ninguém é culpado; todos são vítimas. O coração não é maligno; o problema é uma baixa auto-estima. Pecado se tornou "distúrbio mental", requerendo terapia e não arrependimento. O problema com todas as “terapias” é que elas inerentemente negam a suficiência de Cristo e de Sua Palavra para salvar, santificar e guardar o pior dos pecadores A desgraça espiritual e social que tem atingido o Ocidente resulta da falta de leitura e obediência à Bíblia, a qual foi substituída pela Psicologia. É paradoxal o fato de que nos dias em que os recursos psicológicos seculares têm demonstrado menos confiança em aconselhamento psicológico, mais e mais cristãos se dedicam a buscá-lo. Centros de aconselhamento cristão estão brotando por todos os lados, oferecendo o que muitos acreditam ser a mais perfeita combinação: Cristianismo mais Psicologia. Até mesmo cristãos que nunca se submeteram a aconselhamento cristão têm, agora, se empenhado em procurar psicólogos, a fim de serem ensinados a viver suas vidas, a terem um relacionamento sadio com os outros e até como superarem os desafios que a vida oferece. Imersos em suas intenções de serem relevantes, muitos pregadores, professores, conselheiros e escritores promovem uma perspectiva de vida vivida em submissão aos princípios psicológicos e não aos bíblicos. O símbolo da Psicologia tem sido mais realçado do que a cruz de Cristo; as terminologias psicológicas têm contaminado a pureza da proclamação da Palavra de Deus. Quando afirmamos, como cristãos, que Psicologia é como fermento que tem levedado e deformado largamente a Igreja de Cristo, trazendo desnutrição e a conseqüente anemia que nos conduzem à resultante apatia, não estamos fazendo referência à totalidade do campo de estudo psicológico. Nossa preocupação se detém em áreas como a natureza do homem, como ele deveria viver e as possibilidades de ser transformado. O caminho psicológico, para considerar matérias como essas, envolve certos valores, atitudes e comportamentos que são diametralmente opostos ao ensino da Palavra de Deus. Por isso, e muito mais, vemos que os ensinos preparados e propagados pela Psicologia não são compatíveis com a genuína fé cristã.
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A posição dos considerados pais da psicologia Jung e Freud em relação às religiões do mundo são muito respeitosas, mas eles são anti-cristãos. Um nega a validade do Cristianismo, o outro o compara à mitologia. A cura da alma, que já foi parte vital do ministério da Igreja, vem sendo agora substituída pela cura da mente, sob os "auspiciosos" cuidados da psicoterapia. Aconselhamento puramente bíblico tem-se desvanecido e repetidamente sido destronado a ponto de tornar-se quase inexistente nos dias de hoje. Muitos líderes eclesiásticos contendem, alegando que a Igreja não tem habilidade para corresponder à altura das necessidades das pessoas que sofrem de depressão, ansiedade, medo e outros desvios práticos da vida. A credibilidade é dada mais aos cientistas da Psicoterapia do que à Palavra de Deus e ao ministério do Espírito Santo. Por causa da confusão entre ciência e pseudociência, líderes de Igrejas têm elevado a Psicologia a um nível de quase imbatível autoridade na Igreja Moderna. Cristianismo e Psicologia estão amalgamados de uma tal maneira em nossos dias que qualquer questionamento quando a validade da Psicologia como ciência fere a sensibilidade da Igreja. 1.4.
Temperamentos corrompidos e a psicologia da auto-estima
Antes de abordarmos sobre o tema da psicologia da auto-estima, faremos uma breve descrição de algumas psicopatologias e seus respectivos sintomas, comumente, deparados por psicólogos e conselheiros. Neuroses É a existência de tensão excessiva e prolongada, de conflito persistente ou de uma necessidade longamente frustrada, é sinal de que na pessoa se instalou um estado neurótico. A neurose determina uma modificação, mas não uma desestruturação da personalidade e muito menos de perda de valores da realidade. Costuma-se catalogar os sintomas neuróticos em certas categorias, como: a) Ansiedade - a pessoa é tomada por sentimentos generalizados e persistente de intensa angústia sem causa objetiva. Alguns sintomas são: palpitações do coração, tremeres, falta de ar, suor, náuseas. Há uma exagerada e ansiosa preocupação por si mesmo.
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b) Fobias – uma área da personalidade passa a ser possuída por respostas de medo e ansiedade. Na angústia o medo é difuso e quando vem à tona é sinal de que já existia, há longo tempo. A pessoa se apresenta em muita tensão, preocupação, excitação e desorganização do comportamento. Na reação fóbica, o medo se restringe a uma classe limitada de estímulos. Verifica-se a associação do medo a certos objetos, animais ou situações. c) Obsessão-compulsiva: A Obsessão é um termo que se refere a idéias que se impõem repetidamente à consciência. São, por isto, dificilmente controláveis. A compulsão refere-se a impulsos que levam à ação. Está intimamente ligada a uma desordem psicológica chamada de Transtorno Obsessivo-Compulsivo. Psicoses O psicótico pode se encontrar ora em estado de depressão ora em estado de extrema euforia e agitação. Em dado momento age de um modo e em outro se comporta de maneira totalmente diferente. Houve uma desestruturação da sua personalidade. O dado clínico para se aferir à psicose é a alteração dos juízos da realidade que passa a perceber a realidade de maneira diferente. Por isso, faz afirmações e tem percepções não apoiadas nem justificadas pelos dados e situações reais. Nas psicoses, além da alteração do comportamento, são comuns alucinações (ouvir vozes, ter visões e delírios). Pode ser possuído por intensas fantasias de grandeza ou perseguição. Pode se sentir vítima de uma conspiração, assim como se julgar milionário, um ser divino etc. As Psicoses se manifestam como: a) Esquizofrenia - apatia emocional, carência de ambições, desorganização geral da personalidade, perda de interesse pela vida nas realizações pessoais e sociais. Pensamento desorganizado, afeto superficial e inapropriado, riso insólito, bobice, infantilidade, hipocondria, delírios e alucinações transitórias. b) Maníaco-depressiva – caracteriza-se por perturbações psíquicas duradouras e intensas, decorrentes de uma perda ou de situações externas traumáticas. O estado maníaco pode ser leve ou agudo. É assinalado por atividade e excitamento. Os maníacos são cheios de energia, inquietos, barulhentos, falam alto e têm idéias bizarras, uma após outra. O estado depressivo, ao contrário, caracteriza-se por inatividade e desalento. Seus sintomas são: pesar, tristeza, desânimo, falta de ação, crises de choro, perda de interesse pelo trabalho, por amigos e família, bem como por suas distrações habituais. Torna-se
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lento na fala, não dorme bem à noite, perde o apetite, pode ficar um tanto irritado e muito preocupado. c) Paranóia – caracteriza-se, sobretudo, por ilusões fixas. É um sistema delirante. As ilusões de perseguição e de grandeza são mais duradouras do que na esquizofrenia paranóide. Os ressentimentos são profundos. É agressivo, egocêntrico e destruidor. Acredita que os fins justificam os meios e é incapaz de solicitar carinho. Não confia em ninguém. d) Psicose alcoólica – é habitualmente marcada por violenta intranqüilidade, acompanhada de alucinações de uma natureza aterradora. e) Arteriosclerose cerebral – evolui de um modo semelhante a demência senil. O endurecimento dos vasos cerebrais dá lugar a transtornos de irrigação sangüínea, as quais são causa de que partes isoladas do cérebro estejam mal abastecidas de sangue. Os sintomas são, formigamento nos braços e pernas, paralisias mais ou menos acentuadas, zumbidos no ouvido, transtorno de visão, perturbações da linguagem em forma de lentidão ou dificuldade da fala. Psicopatias Os psicopatas não estruturam determinadas dimensões da personalidade, verificando-se uma espécie de falha na própria construção. Os principais sintomas das psicopatias são a diminuição ou ausência da consciência moral, do certo e do errado, do permitido e do proibido, que deixam de fazer sentido para eles. Dessa maneira, simular, dissimular, enganar, roubar, assaltar e matar não causam sentimentos de repulsa ou de remorso em suas consciências. O único valor para eles são seus interesses egoístas. Inexistência de alucinações, ausência de manifestações neuróticas, falta de confiança; busca de estimulações fortes, incapacidade de adiar satisfações, não toleram um esforço rotineiro e não sabem lutar por um objetivo distante. Não aprendem com os próprios erros pelo fato de não os reconhecerem. Em geral, têm bom nível de inteligência e baixa capacidade afetiva. Parecem incapazes de se envolver emocionalmente e não entendem o que seja socialmente produtivo. Como vimos por meio de algumas descrições dos distúrbios de comportamento ou de temperamento, os cristãos estão vivendo tempos difíceis. Descontentamento, decepção, desconforto, desencorajamento, desespero, depressão, divórcio, discórdia, desdém, desgosto, dissensão e desobediência são bastante comuns entre os que foram chamados para dar testemunho da glória de Deus e para refletir a imagem de Cristo.
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Lemos em Jeremias 17.9, Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto, quem o conhecerá?. Até o advento da psicologia humanista e de sua intensa influência na igreja, os cristãos, geralmente, consideravam a auto-estima como sendo uma atitude pecaminosa. Apesar da Bíblia não ensinar o amor próprio, a auto-estima, o valor próprio ou a autorealização como virtudes, recursos ou objetivos, um grande número de cristãos, atualmente, têm sido enganados pelos ensinos pró-ego da psicologia humanista. Ao invés de resistirem à sedução do mundo, submetem-se à cultura do mundo. Não resistem à onda do egocentrismo, do individualismo pós-moderno, passando a apoiar o secularismo da auto-estima. Na área do ego, dificilmente se pode perceber a diferença entre o cristão e o nãocristão, exceto que o cristão afirma ser Deus a fonte principal de sua auto-estima, de sua auto-aceitação, de sua auto-valorização e do seu amor-próprio. 2. A culpa A descoberta do inconsciente e a posterior criação da psicanálise por Freud, transformou as conseqüências do pecado em problemas científicos. O termo psicanálise é usado em referência à, ao método de investigação e à prática profissional. Como teoria, caracteriza-se pelo conjunto de conhecimentos sistematizados a respeito da vida psíquica. Como método de investigação, caracteriza-se por ser interpretativo na busca do significado oculto do que se manifesta no comportamento e nas palavras, nos sonhos, delírios ou atos falhos. A análise busca a cura pelo autoconhecimento e pelo despertar da memória, daquilo que permanece oculto no inconsciente. A característica essencial do trabalho psicanalítico é o deciframento do inconsciente e a integração de seus conteúdos na consciência. Mecanismos de defesa fazem com que o indivíduo não perceba a realidade como ela é se algo for muito constrangedor ou doloroso. O ego exclui da consciência os conteúdos indesejáveis, protegendo o ego. Freud descreveu esses mecanismos como recalque, formação reativa, regressão, projeção e racionalização. 2.1.
O problema da falta de perdão
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2.2.
A cultura do orgulho
2.3.
Igrejas doentes
O problema da ansiedade do homem, muitas vezes confundida como psicopatologia é a falta de aceitação do perdão de Deus. Ao longo dos séculos, as culturas religiosas, dentre elas a judaico-cristã, infundiram no homem a salvação pelas obras. Esse conceito foi adquirido por meio do sincretismo das culturas religiosas pagãs com o cristianismo. A busca do homem pelo perdão e reconciliação com Deus ou com os deuses o levou ao falso paradigma de que deveria fazer por merecer, já que todo e qualquer ídolo exige algo em troca do favor pedido. A idolatria e, conseqüentemente, a feitiçaria penetrou no cristianismo pelo engano sutil de que o não merecimento exigia sacrifícios. Dessa forma, o homem confundiu o Pai com um deus exigente, impaciente e que castiga, fazendo dele um ídolo. O ser humano foi se distanciando da graça e adotou o ritual, novamente, como forma de aproximação de Deus. O ritual ou o cerimonialismo, desfeitos na cruz, voltou a ser o modelo de culto com aparência de verdade e, assim, o homem voltou à feitiçaria. Criou-se um evangelho falso e exigente, complexo e científico. Ao se avaliar o ritual cristão ou judaico, bíblico ou extra-bíblico, verifica-se a sua verdadeira função apenas após uma apreciação adequada do papel da motivação da ansiedade e, só então, poder-se-á emitir algum juízo de valor a respeito do papel da revelação sobrenatural. Só assim, será possível separar o lixo humano psicológico e cultural das Boas Novas da Graça em sua essência. Uma oração que objetiva motivar Deus (como se Deus pudesse ser motivado) a agir de maneira benevolente como não agiria por si só é uma coisa; uma oração e adoração como celebração da gratidão pela graça é algo profundamente diferente. Essa diferença corresponde ao produto pagão da ansiedade humana e à percepção do apóstolo Paulo de que Deus é por nós e não contra nós. Haja vista ter deixado a glória e se humilhado, tornando-se homem e achado na forma de homem humilhou mais ainda, sendo crucificado por amor a fim de nos libertar do poder do pecado e da morte. Essa distorção da graça tem gerado igrejas doentes que por sua vez fazem adoecer ainda mais o homem atormentado por uma ansiedade avassaladora, que foi provocada pela iniqüidade adquirida na queda, separando o homem de Deus e o deixando no silêncio do “grande ausente”.
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CAPÍTULO 4 A (in)consciência da pós-modernidade O modernismo é, agora, considerado como um modo de pensar do passado. A cosmovisão dominante, tanto no círculo secular quanto no acadêmico, atualmente é chamada de pós-modernismo. Os pós-modernistas têm repudiado a confiança absoluta dos modernistas na ciência como único caminho para a verdade. Na realidade, os pós-modernistas perderam completamente o interesse pela “verdade”, insistindo que não existe tal coisa como verdade absoluta ou universal. Ao contrário do modernismo, que estava ainda preocupado com a possibilidade de convicções básicas, crenças e ideologias serem objetivamente verdadeiras ou falsas, o pós-modernismo simplesmente nega que qualquer verdade possa ser objetivamente conhecida. Para o pós-modernista, a realidade é o que o indivíduo imagina que seja. Isso significa que o que é “verdadeiro” é determinado subjetivamente por cada um, e não existe tal coisa como a chamada verdade objetiva, com autoridade que governa ou se aplica universalmente a toda humanidade. O pós-modernista acredita naturalmente que não faz sentido debater se a opinião A é superior à opinião B. No final das contas, se a realidade é meramente uma invenção da mente humana, a perspectiva de verdade de uma pessoa é afinal tão boa quanto a de outra. Tendo desistido de conhecer a verdade objetiva, o pós-modernista se ocupa, em lugar disso, com a busca para “entender” o ponto de vista da outra pessoa. “Verdade” torna-se nada mais do que uma opinião pessoal, geralmente melhor se guardada para si mesma. Esta é uma exigência essencial, não negociável, que o pós-modernismo faz a todo mundo: nós não devemos pensar que conhecemos qualquer verdade objetiva. Toda opinião deve receber igual respeito; com mente aberta, devemos procurar a harmonia e tolerância. Tudo soa muito caridoso e altruísta, mas o que realmente sublinha o sistema
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de crenças pós-modernistas é uma intolerância total por toda cosmovisão que faça alegações de qualquer verdade universal – particularmente o cristianismo bíblico. Em outras palavras, o pós-modernismo começa com uma pressuposição que é irreconciliável com a verdade objetiva, divinamente revelada nas Escrituras. Da mesma forma que o modernismo, o pós-modernismo é fundamental e diametralmente oposto ao evangelho de Jesus Cristo. Não obstante, a igreja atualmente está cheia de gente que advoga idéias pósmodernistas. Alguns fazem isso consciente e deliberadamente, mas a maioria o faz sem querer (tendo embebido demasiado do espírito dos tempos, simplesmente regurgitam opiniões do mundo). E poucos reconhecem o perigo extremo colocado pelo pensamento pós-modernista. A influência pós-modernista claramente já infecta a igreja. Os evangélicos estão baixando o tom da sua mensagem para que as rígidas alegações de verdades do evangelho não soem tão desagradáveis aos ouvidos pós-modernos. Muitos evitam fazer afirmações inequívocas de que a Bíblia é verdadeira e todos os outros sistemas religiosos do mundo são falsos. Alguns que se intitulam cristãos foram ainda mais longe, determinadamente negando a exclusividade de Cristo e abertamente questionando sua alegação de ser ele o único caminho para Deus. (Confira as afirmações categóricas nas Escrituras: Jo 14.6; At 4.12; Jo 3.36; 1 Tm 2.5; 1 Jo 5.11,12.) A alegação da Bíblia de que Cristo é o único caminho da salvação está certamente em desarmonia com a noção pós-moderna de “tolerância”, mas é, no final das contas, exatamente o que a Bíblia ensina. E a Bíblia, não a opinião pós-moderna, é a autoridade suprema para o cristão. Quando nossos avós falavam de tolerância como uma virtude, a palavra significava respeitar as pessoas e tratá-las com bondade mesmo quando acreditamos que estão erradas. A noção pós-moderna de tolerância significa que nunca devemos considerar a opinião de alguém como errada. A tolerância bíblica é para as pessoas; a tolerância pós-moderna é para idéias. Aceitar toda crença como igualmente válida, embora não seja uma virtude, é praticamente a única virtude que o pós-modernismo conhece. As virtudes tradicionais (incluindo humildade, domínio próprio e castidade) são abertamente zombadas e até mesmo consideradas como transgressões no mundo do pós-modernismo.
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Previsivelmente, a beatificação da tolerância pós-moderna vem exercendo efeitos desastrosos sobre a verdadeira virtude em nossa sociedade. Nestes tempos de tolerância, o que era proibido passou a ser encorajado. O que era tido como imoral é agora festejado. Infidelidade conjugal e divórcio foram normalizados. Impureza é o lugar-comum. Aborto, homossexualidade e perversões morais de todos os tipos são aclamados por grandes grupos e entusiasticamente promovidos pela mídia popular. A noção pós-moderna de tolerância está sistematicamente virando virtude genuína na cabeça deles. Praticamente a única coisa a ser rejeitada pela sociedade como maligna é a noção simplória e politicamente incorreta que o estilo de vida, religião ou perspectiva diferente de outra pessoa são incorretos. Por isso, os pós-modernistas aceitam a intolerância, somente, se for contra aqueles que alegam conhecer a verdade, particularmente, os cristãos bíblicos. Aqueles que se proclamam líderes de tolerância são, freqüentemente, os oponentes mais declarados do cristianismo bíblico. Por que isso? Porque as alegações de verdade das Escrituras são, diametralmente, opostas às pressuposições fundamentais da mente pós-moderna. A mensagem cristã representa um golpe fatal à cosmovisão pós-modernista. Se os cristãos se deixam enganar ou são intimidados a suavizar as alegações diretas de Cristo e a alargar o caminho estreito, a igreja não fará qualquer progresso contra o pós-modernismo. Precisamos recuperar a distinção do evangelho. Precisamos identificar as diversas formas com que o pós-modernismo tem infiltrado nossas mentes e atitudes. Temos visto o pecado, as idéias e opiniões através da lente da cosmovisão prevalecente e nos tornado tolerantes com as coisas que desagradam a Deus. Precisamos redescobrir a verdade absoluta e a perspectiva de Deus. Só assim voltaremos a pensar como Deus.
1. Os pilares da pós-modernidade: um mundo fragmentado A fartura de opções de mercado, a velocidade das informações, a multiplicação da ciência, a liberdade de escolha, a realização pessoal e, ainda, o amoldar aos padrões do mundo secular, passando do domínio religioso para o regime leigo , isso tudo quebrou o modelo que o Senhor Jesus Cristo deixou, trazendo crises de autoridade, de
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identidade, doutrinárias, denominacionais (igrejas divididas), morais, intelectuais, de caráter e todas as demais que provocam a inversão de valores com que nos confrontamos hoje. Conseqüentemente, voltamos ao caos do princípio, estamos novamente sem forma e vazios. A Igreja de Cristo necessita, urgentemente, de se posicionar contra esses três pilares da modernidade, de não se conformar com as mudanças impostas pelos meios de comunicação de massa e pelo isolamento entre as pessoas (anonimato próprio da cidade grande), mas retomar a aliança com Cristo, assentar-se à mesa com Ele em comunhão com os irmãos e possuir a mente de Cristo. Necessita, ainda mais, infelizmente, evangelizar os que se dizem evangélicos. Exemplifiquemos esses portadores da filosofia pós-moderna à qual estamos, nós, os que somos seguidores de Cristo, hoje, sujeitos: uma filosofia fragmentada, desconstruída e, ao mesmo tempo, globalizada: 1.1 A Secularização – a igreja se tornou permissiva, os padrões do mundo passaram a ser os mesmos da igreja. O cristão se amoldou aos padrões do mundo, os quais ditam seus modelos e pensamentos. Os meios de comunicação de massa, a mídia escrita, falada ou visual (televisão, cinema, jornais, revistas, propagandas publicitárias etc.), manipulados pelos governos socialistas, comunistas ou capitalistas, monárquicos, parlamentaristas, ditatoriais ou democráticos, tudo menos teocrático (no sentido bíblico verdadeiro da Palavra), interferiram na moral e na ética e as têm destruído. O crente está massificado, perdeu os parâmetros de Deus e deixou de raciocinar biblicamente, perdeu sua cosmovisão bíblica. Toma suas decisões, hoje, baseando-se nos paradigmas humanistas e não nos princípios de Deus. O pregador ou a igreja, ou ambos deixaram de falar sobre o pecado, sobre a condenação e sobre a ira de Deus que vem sobre os filhos da desobediência. Passaram a tratar o pecado, o vício e a rebeldia como problema ou trauma emocional. O crente não quer se posicionar por medo de ser diferente e de fazer a diferença. Ele vive, então, uma forma exterior de religião, não evitando que se implante a prostituição, a fornicação, o adultério, a destruição da família, o homossexualismo, o lesbianismo, o alcoolismo ou a dependência química, a violência, a sensualidade grosseira, a desonra aos pais, a perda de respeito pelos valores morais e éticos da vida. No comércio só há mentira, os pesos são viciados, não se paga, devidamente, os impostos e os produtos são adulterados.
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Por não se posicionar, aquele que se diz evangélico permite, e em alguns casos, até se inclui nessa degradação moral e ética, gerando a injustiça nas leis sociais, permitindo que os ricos explorem os pobres ou que os poderosos explorem os mais fracos. Ele tem produzido mais escândalo do que frutos; tem sido muito mais trevas do que sal e luz. 1.2. A Pluralização – o absoluto, a verdade absoluta, a Lei de Deus, ficou minimizada e relativizada à ótica humana. Os mandamentos de Deus passaram a ser mandamentos sociais e culturais. Tudo passou a depender do ponto-de-vista de cada um, indivíduo, sociedade ou cultura. Tudo é certo porque é relativo, dependendo do contexto a que se está inserido. Apesar da idéia da globalização, só se enxerga e se discute, analisando os fatos em termos de momento histórico socio-culturamente, relativizado e, não mais, balizando na Palavra de Deus, verdade absoluta, como lâmpada e luz para os caminhos. O homem perdeu sua identidade, o que é ruim, mas o pior é que o evangélico perdeu sua identidade cristã e, como um marionete, escravo da contingência, tenta viver a identidade que seja aceita na comunidade social de que faz parte. Não tem coragem de deixar os valores – cada vez mais invertidos (ou subvertidos) – do mundo, usa uma máscara para cada ocasião, não se posiciona mais como discípulo de Cristo dentro da comunidade, sociedade ou cultura. O pregador ou a igreja, ou ambos deixaram de confrontar o pecado porque não têm mais certeza do que é pecado ou, até mesmo, não sabem mais o que é pecado. Por causa da preguiça que foi gerada pelo consumo rápido e cômodo das pregações televisivas e das frases de efeito dos sermões (que fazem com que o membro virtual da igreja, que está assentado em sua confortável poltrona em sua sala de estar, saboreando petiscos, pense que conhece a Bíblia e, pasme! reivindique de Deus seus direitos, afinal, é um consumidor!), o evangélico perdeu o hábito da Leitura da Palavra, da Oração, da Comunhão com os irmãos e do Partir do pão e, sequer, sabe da existência da Doutrina dos verdadeiros Apóstolos. Com medo de ser roubado pelas igrejas, cujos líderes estão incluídos em escândalos, não Contribui para o Reino, deixando de dar o dízimo porque ninguém sabe mais onde procurar a Igreja Verdadeira, ou mesmo, se ela existe. Muito poucos missionários são enviados (e, pior, se existem, foram deixados no esquecimento) e quase já não existe evangelização pessoal (todos andam com medo da violência que, curiosamente, foi produzida pelo próprio contexto relativizado em que tudo é correto, dependendo do ponto-de-vista). Fazer discípulos? Nem se lembram mais
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desse mandamento. Pensar, preparar e ensinar os membros da igreja para saírem do conforto ou receberem pessoas desconhecidas em casa, está fora de cogitação, é muito perigoso e dá trabalho. Tudo, atualmente, é muito cômodo, rápido e superficial feito em congressos, cruzadas e marchas, sem compromisso com os que se perdem, com os que permanecem escravos do príncipe desse mundo, enganados por ele que rouba, mata e destrói. 1.3. A Privatização – o homem passou a viver isolado, os relacionamentos tornaram-se cada vez mais destruídos, deixando um rastro de depressão e de síndromes. O homem se tornou individualista, egoísta e egocêntrico. Busca, somente seus próprios interesses. Deus se tornou o objeto de seu uso pessoal para satisfazer seus desejos, para ter bens e prosperar, ser feliz, buscando ganhar presentes (bênçãos) do Pai porque, afinal de contas, ele também é filho de Deus; o homem passou a adorar o deus da fertilidade, da prosperidade. O homem perdeu a visão do todo, do absoluto, e acha que o mundo “globalizado” gira ao seu redor. O homem de hoje julga os outros por sua própria medida e não de acordo com os padrões morais que obedecem a justiça absoluta de Deus. Deixou de condenar o errado para não ter de se posicionar. Não interfere, confrontando o erro, para não ser confrontado: “Ninguém tem nada a ver com a minha vida!” ou “Deus deu a vida para que cada um cuide da sua!” Ou ainda, “Os incomodados que se mudem” e mais, “As pessoas têm de me aceitar como eu sou, não vou mudar, porque a psicologia freudiana ou a lacaniana explicam” e para finalizar, apoteoticamente, “Todos os caminhos levam a Deus”! Portanto, Eu escolho o Meu caminho, porque está na moda a metafísica, e Eu quero o Meu deus para poder dizer aos outros que Eu também tenho um, seja ele Buda, Brahma, Shiva, Maomé, Santo Daime, Iemanjá, Nossa Senhora, a Balada, a Novela, o Artista, Meu Namoro, Meu Carro, Meu Emprego, Minha profissão, Meu Amante etc., ou, quem sabe, aquele tal de Jesus, o Cristo, o ungido de Deus, o Filho de Deus, o Senhor e Salvador, Criador de todas as coisas, que me criou e me separou, antes da fundação do mundo, para o louvor da Glória de Deus Pai, que me comprou e me resgatou da condenação e da ira de Deus pela Graça, sem eu merecer, repartindo comigo seus dons e sua glória, não me deixando só, mas enviando o Espírito Santo que, agora habita em mim, o Consolador e me deu o poder para ressuscitar e viver eternamente, reconciliado com o Pai pelo Seu sangue na cruz, o Cordeiro imaculado que morreu no MEU lugar por causa do MEU pecado!!!, desde que ele Me sirva e Me dê o que Eu peça na hora que Eu exigir ou que Eu necessitar ou que Eu desejar, porque Eu estou pagando
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para vir até a igreja e Eu dou o dízimo e Eu dou as ofertas, sendo assim, Eu tenho todo o direito de ser feliz e de ser servido. O pregador ou a igreja, ou ambos começaram a pregar só o que é conveniente para eles e para os ouvintes, ou seja, o que não vai interferir no modo de vida deles ou do público. O culto passou a ser um show particular de música acompanhado de uma peça de teatro grego com atores mascarados (ninguém os conhece de verdade, pois os ministros não convivem com o povo, possuindo, inclusive, seguranças) além do comércio de mercadoria após a apresentação. O púlpito deu lugar ao palco. Os discípulos passaram a ser platéia porque não querem mais se relacionar como corpo e nem querem saber se estão certos ou errados, se são pecadores ou não – nem sabem o que é arrependimento de obras mortas. Assim como vão aos clubes, aos restaurantes e aos passeios dos fins de semana, vão às igrejas, usando, inclusive, as mesmas vestimentas sem nenhum compromisso com a verdade ou com os outros. Eles não estão lá para prestar culto em adoração a Deus com ação de graças, reunidos com os irmãos na Assembléia dos Santos, entretanto, vãos aos cultos... porém, quando vão, é para receberem ou criticarem ou se auto-realizarem, cumprindo a liturgia obrigatória da semana. O culto se tornou um entretenimento em que o líder, o grande ídolo, anima o espectador, inflamando-o com seus gritos e com um discurso muito bem preparado, deixando a platéia em transe, prometendo maravilhas e sinais, como num leilão, quando o apelo é “quem dá mais?” Assim, Tamuz, o deus da prosperidade, tem sido adorado!
2. A igreja e os meios de comunicação de massa 3. Comunidade moderna - legado cultural versus cristianismo 4. A identidade cultural na pós-modernidade 5. A falta de absolutos e a perda da identidade 6. A crise moral de nossa era
CAPÍTULO 5 Homens moldados pelo mercado 1.
As ilusões do pós-modernismo
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2.
A linguagem do capitalismo – consumismo
2.1.
O consumismo evangélico da indústria do imediatismo
2.2.
Cultura elitista e cultura popular dentro do evangelho
3.
Racionalismo e metafísica
4.
A desordem do pensamento – o esfacelamento do indivíduo
CAPÍTULO 6 Cristianismo sobrevivente
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1. O papel do conselheiro cristão dentro da desordem criada pela falta do absoluto 2. O verdadeiro foco: a vida eterna 3. Voltando à simplicidade de Cristo 4. A obra restauradora do Espírito Santo 5. A redenção e a cura em Cristo: Caminho, Verdade e Vida 6. O verdadeiro aconselhamento
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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ANEXOS Ester: chamada para orar Max Lucado Eu gostaria de poder apresentá-lo a uma amiga minha chamada Diane. A Diane tem olhos muito sinceros. Um comportamento muito doce. Mas não deixe a suavidade de sua aparência enganá-lo. Porque lá dentro, Diane é uma guerreira. Ela é uma guerreira de oração. E ela leva sua batalha e suas armas muito a sério. Bem antes de você e eu acordarmos em um dia normal, ela já está na batalha. Bem antes de você e eu mexermos nosso café, ela já está mexendo com o coração de Deus. Ela mora em um pequeno apartamento na Costa Oeste e mantém um painel de lembretes na parede. E nesse painel de lembretes há nomes de pessoas pelas quais ela prometeu orar – fotos em cima das quais ela ora. Pessoas doentes. Pessoas desanimadas. Pessoas céticas sobre sua fé. E porque ela ora, certo dia, uma estrada que parecia acidentada para um missionário no dia anterior, pode parecer tranqüila. Porque ela ora, um viciado pode sentir a tentação passar logo. Uma mãe triste por perder seu filho pode ter sua dor tornada mais doce. Eles não saberão por que aquele dia foi melhor, mas Diane saberá e Deus saberá. Gostaria que você pudesse conhecer Diane, mas as chances disso não são muito grandes, porque o corpo de Diane está tão inválido pela esclerose múltipla que ela raramente sai de seu apartamento. Ela tem que ser levantada de sua cama por alguém e colocada em uma cadeira de rodas. Ela não consegue abotoar um botão. Ela não consegue alimentar-se. E pela perspectiva terrena, sua vida é muito insignificante. Mas pela perspectiva celeste, ela exerce mais poder que a Casa Branca, porque ela ora. E
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ela nos lembra deste princípio, que é uma pessoa pequena torna-se um gigante quando está ajoelhada diante de Deus. Gostaria que você pudesse conhecer Diane. Também gostaria que eu pudesse apresentar-lhe o Roger. O Roger, como a Diane, é um guerreiro de oração. Ele leva suas orações muito a sério. Mas o Roger não ora por pessoas que nunca vê. Ele ora por pessoas que ele vê, e ora todos os dias por pessoas que ele vê todos os dias. Em seu lugar na oficina onde trabalha, ele trabalha perto de outros rostos, sempre orando e, enquanto suas mãos estão ocupadas, sua mente está intercedendo por aquelas pessoas. Até mesmo na cantina, além de só comer, ele ora enquanto come. Ele literalmente vai de rosto em rosto na cantina e ora. E à noite, quando todo mundo está na cama, ele silenciosamente escorrega para fora de seu beliche, ajoelha-se ao lado da cama de lona no chão duro de concreto e ora. Gostaria que você pudesse conhecer o Roger. Ele diria que preferiria estar em qualquer lugar ao invés de estar nesta prisão de segurança máxima. Ele não tem orgulho do que fez. Mas ele também diria que se ir para a prisão fosse o necessário para conhecer seu Salvador, ele iria para a prisão novamente. E ele sente como se não fosse uma pessoa no corredor da morte, mas um missionário na prisão. Esse é seu trabalho. Seus pés podem nunca mais encontrar o chão livre de novo, mas ele ainda ora. E ele nos lembra que uma pessoa pequena torna-se um gigante quando está ajoelhada diante de Deus. Gostaria que você pudesse conhecer a Diane ou o Roger, mas há uma terceira pessoa que eu realmente gostaria que você conhecesse. O nome dela é um pouco diferente. Você provavelmente nunca tenha ouvido esse nome: Hadassa. Seria muito difícil para você conhecer Hadassa. Você teria que viajar cruzando o oceano. Você teria que aprender outro idioma. Você teria que entrar em um mundo de tronos e cetros e palácios de reis e rainhas. Mas, apesar de seu mundo estar um atlas longe do seu e dos mundos do Roger e da Diane, o mundo dela é idêntico ao deles por ela ter aprendido o poder da oração. Ela aprendeu o que acontece quando uma pessoa honesta com necessidades reais fica diante do rei e faz um pedido. Diferente de Roger e Diane, nós não temos que especular sobre a resposta às orações de Hadassa. A resposta à sua oração está registrada. Tanto então, que há uma nação na Terra que celebra sua oração até hoje todos os anos. Eles têm uma festa comemorando as orações de Hadassa. Porque ela orou, as pessoas que foram sentenciadas à aniquilação em 127 países diferentes viveram para ver o outro dia.
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Você não gostaria de conhecer Hadassa? Eu gostaria. Seria muito difícil, uma vez que ela viveu cinco séculos antes de Cristo. Então, até estarmos no céu, acho que teremos que contentar-nos em ler sua história. Ela está na Bíblia. Está no livro do Velho Testamento que tem seu nome, que possui seu outro nome: Ester. Hollywood nunca se compararia com a história de Ester. Quantos de vocês já ouviram a história? Então vocês conhecem o drama e vocês conhecem a paixão. E você sabe sobre Hamã, o criminoso malvado que queria exterminar o povo judeu. Você sabe sobre Mordecai, o primo corajoso de Ester, que se recusou a curvar-se em sua presença. Você ouviu a frase de Mordecai quando ele disse, “ Quem sabe se não foi para tal tempo como este que chegaste ao reino?”. E você sabe a resposta de Ester Se eu perecer, pereci. Está repleto de declarações. Está repleto de momentos. Mas o que eu quero que você veja hoje é que o livro de Ester é mais do que apenas um fato histórico. É um evento histórico, verdadeiro e, novamente, comemorado pelo povo judeu todos os anos na Festa do Purim. Mas é muito mais do que isso. É uma analogia espiritual. É uma figura – uma dramatização do que acontece quando você ora. E todos os personagens principais do livro de Ester são encontrados em sua vida. Deixeme falar o que quero dizer. O rei na história do livro de Ester é um homem chamado Xerxes. Até onde eu sei, ele é o único homem na Bíblia cujo nome começa com X. Ele tem outro nome, que é Assuero, que é notavelmente quase o que acontece quando você está com um resfriado. Você não tem que se preocupar com esse nome. Xerxes é aquele que usaremos hoje. O rei Xerxes governou a Pérsia antiga como um rei soberano absoluto. Tudo que ele tinha que fazer era levantar sua sobrancelha e o destino seria alterado em qualquer uma das 127 províncias que estavam sob seu controle. Elas iam desde a Etiópia, passavam pelo que hoje é chamada Turquia e chegavam até a Índia. E ele governou com uma lei de um rei Persa. Nesse sentido, ele é uma figura do nosso Rei – o Rei dos Reis, o Deus TodoPoderoso. E na história de Ester, ele nos lembra daquele com soberania absoluta. Embora você possa pensar que é você quem determina seu futuro, Deus já determinou seu futuro, e o seu papel é responder ou não àquilo que Ele o chamou para ser. Ele é Aquele que cavou o canal do rio da história e a sua escolha é se você quer ou não ser obediente. O rei Xerxes tem um homem que é seu braço-direito. Ele é chamado Hamã, o qual, de novo, tem uma conotação curiosa. Soa muito como carrasco. E se você sabe o
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final da história, você sabe por que isso é curioso. Hamã é o braço-direito do rei Xerxes, e você lê cada palavra sobre Hamã e não acha uma minúscula partícula boa no corpo do rapaz. Ele era mau de cima a baixo, dentro e fora. E ele tinha apenas um desejo, e era que todos na Pérsia - realmente ao redor do mundo - se curvassem diante dele. Seu objetivo na vida era ter a sua adoração e a minha adoração. Ele quer que todos se curvem diante dele. E, em alguma hora, ele ficou um pouco irritado com esta minoria atípica que vive nas grandes terras da Pérsia, chamada de povo judeu. E decidiu que o mundo seria melhor sem os judeus. Então ele convenceu o rei Xerxes de que esse povo deveria ser aniquilado. Ele pede um holocausto mundial. E certo dia, o rei Xerxes diz: “Tudo bem, faremos isso nesse dia.” Hamã até financia o projeto. Então tudo está pronto para que o povo judeu seja aniquilado. Agora Hamã, nessa história, representa Satanás. Porque assim como Hamã não tem bons desejos em seu sistema, também Satanás não tem nada de bom. Você precisa entender, e freqüentemente é bom lembrarmo-nos, que Satanás o odeia. Ele o odeia porque você é feito à imagem de Deus. E ele odeia qualquer um que o recorde de Deus. Conseqüentemente, ele tem um objetivo, que é destruir o povo prometido – destruir os filhos de Deus. Ele tem o propósito definido de interromper o plano de Deus. O que quer que isso signifique, ele irá fazer. Neste caso, significava exterminar a linhagem judaica. E exterminar a linhagem judaica significava que não haveria Jesus. E o objetivo principal de Satanás é manternos fora da presença de Jesus. Porque quando nos curvamos diante de Cristo, não nos curvamos diante de Satanás. E, se ele pode destruir os judeus, então isso irá interromper o plano. E desde que ele mentiu para Eva no jardim, isso é o que ele tem feito. Ele quer interromper o plano. Ele quer manter a presença de Deus fora de sua vida. E se isso significa um holocausto na Pérsia, se isso significa um infanticídio em Belém, se isso significa uma crucificação no Calvário, ou se isso significa uma tentação em uma sextafeira à noite, ele fará – o que quer que precise. Você vive em sua mira, sempre sendo analisado,
procurado,
e
ele está
perseguindo-o.
Isso
é muito
importante.
Paulo diria que nossa luta não é contra carne e sangue. Mas nossa luta é contra as forças espirituais desta escuridão presente. Então aí é onde nossa luta está sendo travada. E ele é exatamente quem Hamã representa. Satanás está a ponto de fazer o que não é bom. A Bíblia diz que ele veio para enganar, matar e destruir. A Bíblia também diz que ele está cheio de raiva porque sabe que não tem muito tempo. Então ele está
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ocupado no trabalho de traçar e ser astuto, querendo roubar e tomar o que não é seu. Isso é a razão, a propósito, de ele estar muito triste por você estar lendo isso. Ele realmente está. Você meio que deu um chute na canela dele por estar aqui. Porque estamos em um ponto da oração do Senhor em que ele realmente gostaria que não tivéssemos chegado. Isso é, incomoda-o que falamos sobre nosso Pai, que está no céu, santificado seja Vosso nome. Mas quando começamos a orar, “Venha o vosso reino,” ele percebe que estamos, nesse ponto, fazendo e cumprindo o dever cristão mais elevado que existe. Veja, orar, “Venha o vosso reino,” é dizer isto: “Deus, deixe que Sua presença seja sentida em minha vida. Quero Seu reino à minha volta. E eu percebo que em um reino há um rei e um trono. E eu voluntariamente estou descendo desse trono. E Satanás não ocupa esse trono. O Senhor ocupa esse trono. Agora que o Senhor seja Rei. O Senhor seja Soberano. Tome o controle completo. Guie-me. Conduza-me.” Quando você ora, “Venha o vosso reino,” você está dizendo, “Deus, venha. Venha para esta parte da minha vida que está quebrada. Venha para esta parte da minha casa que está má. Venha para essa relação onde há incesto. Vá lá onde há adultério. Lide com esse problema de pornografia. Onde há vício em droga, seja Senhor. Onde quer que haja desafio. Onde quer que haja algo mau, preciso que o Senhor venha.” E nós nos rendemos e dizemos, “Não posso mais fazer isso. Tenho uma relação que não consigo entender. Tenho filhos que não consigo compreender. Tenho pais que não me escutam. Por favor. Por favor, Deus. Venha, reino!” A frase está no imperativo no grego, o que significa que merece um ponto de exclamação no final. E você pode literalmente orar assim: “Venha, reino! Venha!” Você está causando uma tormenta nos portões do céu. E você está dizendo, “Deus, preciso que o Senhor venha, e preciso que o Senhor venha agora!” E você diz, “Bem, Max, quem sou eu para orar assim? Quem sou eu para fazer um pedido tão audaz a Deus? Deixe-me contar quem você é. Você é Seu filho. Você é Sua criança. Você é Sua criatura. E Ele só espera que você venha e diga, “Venha!” Peça e você receberá. Procure e você achará. Bata e a porta será aberta para você. Ele não disse, “Peça e talvez Eu o ajude em um dia bom.” Ele disse, “Peça e você receberá. Procure e você achará.” O passo mais seguro e confiável que você pode dar, é o passo da oração. Por isso, quando você entrar na presença de Deus, não venha choramingando, não venha desalmado, não venha sonolento, não ofereça essas orações de insônia. Venha a Ele e venha confiadamente à presença de Deus. Isso é o que o escritor de Hebreus disse. “Cheguemo-nos, pois, confiadamente ao trono de Deus”.
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E veja isto – e fique aí, fique aí – assim como o Roger passa muito tempo orando na prisão – você fica aí. Assim como a Diane fica lá na presença de Deus. Você fica aí e realmente nunca precisa sair da presença de Deus. Você pensou que conseguiu aquele trabalho novo porque você merecia uma promoção. Estou dizendo a você, você conseguiu aquele trabalho novo porque Deus quer que você fique aí e ore por essas pessoas. Você pensou que foi morar naquele bairro porque era a melhor casa que você poderia encontrar. Estou dizendo a você que você é um missionário designado para aquele bairro para orar por essas pessoas. Você pensou que aquela classe do quarto ano foi dada a você para ensinar só porque o outro professor ficou doente e você teve que ser o substituto. Errado! Você foi enviado para aquela classe porque aquelas 26 crianças precisavam de alguém para orar por elas. Você pensou que está nessa nação porque você por acaso seguiu uma certa linhagem de uma certa geração. Errado! Deus o designou e Ele me designou para sermos guerreiros de oração por esta nação, para interceder. E digo ainda, igreja, que um dia que passa que você não convida o reino de Deus para entrar em seu mundo, é um dia desperdiçado. É o seu maior chamado. É a sua tarefa mais nobre, quando você é chamado, quando você fica na presença de Deus, Ele estende o cetro e o convida para alcançá-lo e tocá-lo. E, tocando esse cetro, Ele está dizendo a você, “O que é que você quer? Vou ouvi-lo”. Deixe-nos então entrar confiadamente na presença de Deus – confiadamente, jovens – confiadamente, mães – confiadamente, pais – confiadamente, santos mais antigos – confiadamente. Que Deus levante nessa igreja pessoas que vivam na presença de Deus. Que Ele nos torne em um monte de pessoas de oração. Você sabe? Nós não sabemos realmente para onde estamos sendo dirigidos. Não temos certeza de como chegaremos lá, mas ficaremos na presença de Deus e estamos orando – por favor, ouça isto – para que San Antonio seja um lugar onde o reino de Deus seja sentido. Minha oração ultimamente tem sido, ”Deus, se o Senhor está buscando uma igreja para renascimento, nós nos voluntariamos. Deixe que este seja o lugar. Deixe que este seja o lugar onde o Senhor faça isso tudo de novo. Deixe que Sua presença seja sentida. Deixe que ela seja conhecida”. É quase como conectar dois fios quentes e permitir que a presença de Deus vá daqui para lá e você recebe esse choque que vai bem no meio deles. Nós somos os intercessores.
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Isso é o que Jesus está fazendo agora. Sinto muito por não ter pensado o suficiente antes de trazer estas frases e colocá-las na tela. Nós temos estudado isso antes. Sabemos que Jesus está intercedendo por você agora. Ele passou três anos pregando. Ele tem passado os 2000 últimos anos orando. Vê o quanto a oração é importante no reino de Deus? Essa é a razão de você estar designado para sua família. Essa é a razão de você estar designado para esse local de trabalho. Essa é a razão de você estar aí – para ser um sentido constante da presença de Deus nesse local de trabalho. E dizer silenciosamente durante todo o dia, “Venha o Vosso reino. Venha aqui”. Aquela secretária que está amuada, “Venha”. Aquele patrão que é irritante, “Venha”. E você permeará esse lugar com a presença de Deus. É isso que você é chamado para ser. É isso que você é chamado para fazer. Bem, Deus tem nos dado esta promessa em 1 João, capítulo 5 e versículo 14: “E esta é a confiança que temos nele, que se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve”. O que Deus está fazendo é oferecer-nos o privilégio de ser uma parte de Sua estratégia. Quando chegamos diante Dele e dizemos, “Não sei como o Senhor fará isso, mas, por favor, o faça. Seus caminhos não são meus caminhos, mas não irei reclamar do seu ritmo, apesar de preferir ter isso realmente logo. Mas eu quero o Seu querer nessa questão”. E podemos ter certeza de que, depois que fazemos essa oração, o mundo é diferente daquele de antes de orarmos. Você concorda? Depois que você ora, o mundo é diferente daquele de antes de você colocá-lo em oração. Se não, para que orar? Se não for mudar o mundo, não precisamos fazê-lo. Mas, pelo visto, Jesus sabia que ela mudaria o mundo, porque Ele era Aquele que levantaria cedo de manhã. Ele era Aquele que passaria a noite toda em oração. Ele era Aquele que foi ao Jardim do Getsêmani e recrutou três parceiros de oração que dormiram enquanto Ele estava orando. Ele era Aquele que nos recomendou a sempre orar em Lucas, capítulo 18, versículo 1, e nunca perder a esperança. O seu ritmo pode ser diferente. Sua abordagem pode ser diferente, mas você pode apostar que, quando você entra em Sua presença, Ele estende o cetro como fez com Ester, o que nos leva de volta à história de Ester. Nesta história, onde Xerxes representa Deus e Hamã representa Satanás, adivinhe quem o representa – Ester. Ester representa você. Você e Ester têm muito em comum. Veja, Ester era uma órfã abandonada. Nós não sabemos por que seus pais a
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deixaram, mas ela era uma órfã abandonada. Nós, também. Não temos nome. Não temos futuro. Mas alguém veio amavelmente e nos adotou. Nosso Rei nos adotou. Neste caso, Mordecai, seu primo, a criou. Ele era mais do que apenas um pai. Ele também era um conselheiro para ela. E quando foi necessária uma rainha para servir na Pérsia – estamos encurtando muito uma longa história aqui por nem mencionar por que foi necessária uma nova rainha – é suficiente dizer que ela entrou no concurso de Miss Pérsia e ganhou. E o rei teve uma nova rainha. Mordecai, então, chega como seu conselheiro. Mordecai no livro de Ester representa o papel do Espírito Santo, porque você, também, tem o Espírito Santo que chega como seu conselheiro, que o orienta, que o aconselha. E ele sabiamente disse a Ester para não revelar que ela era judia. E então ela assume o trono como rainha e ninguém sabe que ela é judia. Ele também foi quem disse a ela para ir ao rei Xerxes e pedir misericórdia por causa do que Hamã estava para fazer. Agora, ela estava resistente em fazer isso, o que pode deixá-lo curioso. Deixa a mim. Acho que a primeira coisa que eu faria seria pedir ajuda. Então ela explica a Mordecai por que ela não quer ir e falar com o rei Xerxes. Em Ester capítulo 4 e versículo 11 ela diz, “Todos os servos do rei, e o povo das províncias do rei, bem sabem que, para todo homem ou mulher que entrar à presença do rei no pátio interior sem ser chamado, não há senão uma sentença, a de morte, a menos que o rei estenda para ele o cetro de ouro, para que viva; mas eu já há trinta dias não sou chamada para entrar a ter com o rei.” Bem, por mais peculiar e remoto que isso possa soar para nós, essa era a prática do reino, que ninguém, nem mesmo a rainha, poderia entrar na sala do trono a não ser que ela ou ele fosse primeiramente convidado. E se eles entrassem e o rei não estendesse seu cetro, que é seu ato simbólico de recebê-los, eles perderiam suas cabeças. E Ester meio que gosta de sua cabeça. E ela não está pronta para correr esse risco. Então Mordecai vai até ela e oferece sua palavra de encorajamento, assim como o Espírito Santo vai até você e oferece suas palavras de encorajamento. Ele diz, “Não imagines que, por estares no palácio do rei, terás mais sorte para escapar do que todos os outros judeus. Pois, se de todo te calares agora, de outra parte se levantarão socorro e livramento para os judeus, mas tu e a casa de teu pai perecereis; e quem sabe se não foi para tal tempo como este que chegaste ao reino?” Note, por favor, que Mordecai tem certeza de que o povo judeu terá livramento. Ele não está preocupado a respeito da salvação do povo judeu. Ele sabe que alguém irá
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aparecer e salvá-los, porque eles são a linhagem através da qual Jesus nascerá. Ele fala com sabedoria como o Espírito Santo fala conosco. O que está em questão aqui não é a sobrevivência do povo. O que está em questão aqui é o papel de Ester na história de Deus. O que está em questão na sua vida não é se algum dia haverá céu e se algum dia haverá inferno, se Deus mais cedo ou mais tarde reinará supremo. Isso acontecerá. O que está em questão é se o Max Lucado estará ao Seu lado ou não. Dizem a Ester que, a menos que você se envolva, sua família sofrerá. Bem, eu não sou muito esperto, mas posso fazer essa tradução. A menos que eu me alinhe com o meu Rei, minha família sofrerá. Sua família sofrerá. As pessoas a sua volta sofrerão. Ao contrário, sua família será abençoada. Sua família será conservada. Sua santidade – seu senso de santidade e constante intercessão por sua família serão honrados, se você realmente se alinhar com o Rei. Agora, temos que ir rápido aqui. Aqui está o que Ester responde no capítulo 4 e versículo 16. Ela diz, ”Vai, ajunta todos os judeus que se acham em Susã, e jejuai por mim, e não comais nem bebais por três dias, nem de noite nem de dia; e eu e as minhas moças também assim jejuaremos. Depois irei ter com o rei, ainda que isso não é segundo a lei; e se eu perecer, pereci.” Agora, se você já leu a história de Ester, o que você quer fazer agora é ir rápido para aquela conversa que ela teve com o rei Xerxes. Mas espere só um segundo. Eu quero dar uma palavra de um parágrafo aqui que é muito importante. Você acabou de ler sobre os heróis do livro de Ester. Mordecai é digno do nosso aplauso. Ester é digna de nossa admiração. Mas os verdadeiros heróis são esses cidadões anônimos, que passaram três dias em jejum e oração. E se o rei Xerxes receberá a rainha Ester, será apenas porque esse povo foi primeiro ao seu Rei e ficou em Sua presença. Muito é dito a respeito do fato de o livro de Ester ser o único livro da Bíblia onde o nome de Deus nunca é mencionado. Sua marca é encontrada em todas as páginas, mas Seu nome nunca aparece. Acho igualmente curioso o fato de que nenhuma religião é mencionada. Sem templo. Sem sacerdote. Sem igreja. Apenas simples pessoas – sapateiros e cozinheiros e ladrões e seus povos regulares que vivem em uma vizinhança que sabe que o mundo inteiro está caindo a menos que orem. Então eles, em um ato de coragem desesperada, dizem, “Nós iremos orar.” Estes são os heróis da história. E meu pressentimento é que, quando todos nós chegarmos em casa, encontraremos os verdadeiros heróis de nossa história.
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O que acontece depois? Capítulo 5 e versículo 1: ”Ao terceiro dia, Ester se vestiu de trajes reais, e se pôs no pátio interior do palácio do rei, defronte da sala do rei.” Por favor, note este ponto muito importante – Ester não é burra. Só porque você ora, isso não lhe dá licença para inatividade. Você não ora por um emprego e nunca envia um currículo. Você não pede direção a Deus e nunca lê Sua palavra. Não peço a Deus para abençoar um sermão e nunca estudo. Já nos foi dito em Ester capítulo 2 que ela era abençoada com um rosto bonito e um corpo bonito. Então ela pega esse corpo bonito e começa a enfeitá-lo de tal maneira que ela conseguirá a atenção do rei. E ela fica em pé do lado de fora da sala do trono. Agora, eu não vou começar a tentar reproduzir como ela estava lá. Mas deixe sua imaginação fluir só um pouquinho. Ela não é burra. E ela sabe que faz 30 dias desde que o rei viu sua rainha. E aí está ele. Ele está sentado no trono na sala do trono. Dos dois lados dele está um par de guardas troncudos. Atrás dele está um eunuco tagarela. Em frente dele está uma longa lista de coisas que ele tem para fazer naquele dia. E ela pisa adiante com um olhar como se tivesse saído direito da capa da revista Mademoiselle. E ele está sentado lá lendo seu exemplar de Carro e Carruagem. E ele desliza no seu trono e a nota pelo canto do seu olho e apenas diz, “Ester!”. E aqui está exatamente o que está escrito. “Vendo o rei a rainha Ester, que estava em pé no pátio, ela alcançou favor dele”. Agora, não sou nenhum acadêmico hebreu, mas aqui está como eu gostaria de traduzir este versículo. “Quando o rei viu a rainha Ester em pé no pátio, ele disse, ´Oba, oba, oba!´ E ele estendeu para ela o cetro de ouro que tinha na sua mão. Ester, pois, chegou-se e tocou na ponta do cetro.” Você vê a cena lá? Você vê a cena da Noiva de Cristo – a Igreja – entrando na presença de Deus e Ele estende Seu cetro e nós o tocamos. E o que o rei disse a Ester, “Qual é a tua petição? Dar-te-ei ainda que seja metade do reino”. Não temos tempo para enfeitar o resto da história. Mas por favor, lembre-se que a história não acaba aí. Há ainda os dois banquetes. Ela dá uma festa. E ela convida o rei e Hamã para estarem presentes. Ainda há Hamã, que ainda está irritado com Mordecai, porque Mordecai é a única pessoa em toda Susã que não se curvará diante dele. Então Hamã decide construir uma forca e enforcar Mordecai. Bem, ao final do segundo banquete, o rei está tão curioso para saber por que Ester fica sempre o convidando para esses banquetes, então finalmente diz, “Vai. Fala para mim. O que você quer? Eu realmente darei a você até metade do reino”. Então ela
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olha timidamente para o chão e depois olha para ele e sorri. E ela diz, “Bem, há um favorzinho bem pequenininho que você pode fazer. Veja, há este anti-semita furioso, que veio para o nosso país. E ele está teimosamente determinado a destruir todo o povo judeu, e eu não sei se já comentei com você, amor, mas eu sou judia. E se eles matá-los, então ele me mata, e você não quer isso, quer, amor?” E ele, agora incentivado pela testosterona, fica em pé e diz, “Diga-me quem é este homem.” Bem, a essa hora, Hamã está agachando-se e olhando, e ele está tentando achar uma saída. E Ester se vira e aponta o dedo direto para ele. E o rei está tão furioso que precisa sair e encontrar um pouco de Prozac. E, quando ele volta, Hamã está prostrado diante de Ester suplicando por misericórdia. Mas o rei acha que Hamã está tentando violar sua esposa. Hamã não tem nem tempo de dar uma explicação antes de ser levado à mesma forca que construiu para enforcar Mordecai. Mordecai ganha o trabalho de Hamã. Ester ganha uma boa noite de sono. O povo de jejum e oração de Susã sai e tem uma grande refeição. E até hoje, eles celebram todos os anos. E nós ganhamos uma boa lição. E ela é nunca, nunca, nunca subestimar o poder de uma oração sincera. E quando você entra na presença de Deus, Ele estende aquele cetro, porque você é Sua noiva, porque você é Seu filho. E Ele diz, “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei e abrir-se-vos-á”. E então você pede pela maior petição que qualquer cristão já pediu. Você pula todas essas coisas sobre aumentos de salário e Cadillacs e casas novas, e vai direto ao ponto e diz,”Venha, reino. Venha. Faça com que Sua presença seja percebida em minha casa, em meu coração, em minha igreja, em meu trabalho. Venha, reino. Não deixe que meus filhos cresçam sem perceber Seu reino. Não deixe que meu dia de trabalho passe sem perceber Seu reino. Venha, Reino.” E, em todo tempo em que você está orando, Satanás, que era Hamã, está começando a fugir para a saída. E ele começa a sentir seu colarinho ficar apertado. E ele pode sentir aquele laço que está começando a apertar em volta de seu pescoço. Porque é isso o que acontece quando o povo de Deus ora.
LUCADO, Max. Ester, chamada para orar. http://www.irmaos.com/artigos/index.php? id=1515. Artigo pesquisado e copiado em 18 de novembro de 2008.
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ANEXO 2 QUADRO -TIPOS PSICOLÓLICOS Escalas medidas pelo MBTI Escala
Refere-se a
Atividade-chave
Extroversão-Introversão Como uma pessoa é motivada Sensação-Intuição
Naquilo que atenção
a pessoa
Motivação
presta Observação
Pensamento-Sentimento Como uma pessoa toma decisões Julgamento-Percepção
Decisões
Tipo de vida que uma pessoa Modo de vida adota
Características das escalas Extroversão Motivação
Introversão
Preferência por tirar energia Preferência por tirar energia do do mundo exterior das mundo interior das idéias, pessoas, atividades ou coisas emoções ou impressões pessoais
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Sensação Observação
Decisões
Modo de vida
Intuição
Preferência por obter Preferência por obter informações informações através dos cinco através do "sexto sentido", sentidos e observar aquilo observando o que pode ser que é real Pensamento
Sentimento
Preferência por organizar e estruturar as informações para tomar decisões de maneira lógica e objetiva
Preferência por organizar e estruturar as informações para tomar decisões de maneira pessoal e orientada para os valores
Julgamento
Percepção
Preferência por ter uma vida Preferência por ter uma organizada e planejada espontânea e flexível
vida