PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ CURSO DE PSICOLOGIA
Concepções Teóricas da Psicologia Comportamental-Cognitivo Prof. Cloves Amorim Aluna – Thaisa Reis nº33
Turma A Diurno
Capítulo I – A ciência pode ajudar? “O poder do homem tem aumentado desproporcionalmente à sua sabedoria. Nunca esteve antes em melhor posição de construir um mundo sadio, alegre e produtivo; contudo as coisas nunca parecerem tão difíceis.” (p.4) “Despojada de sua posição de prestígio, desacredita-se a ciência como arma perigosa nas mãos de pessoas que não a entendem. Em qualquer época é sempre a mais conspícua de suas características responsabilizada pelas dificuldades; no século XX é a ciência que desempenha o papel d bode expiatório. Mas o ataque não é inteiramente injustificado. A ciência tem se desenvolvido desigualmente. Ao atacar primeiro os problemas mais fáceis, vem aumentando nosso domínio sobre a natureza inanimada sem nos preparar para os sérios problemas sociais que daí decorrem.” (p.4) “A aplicação da ciência evita a fome e as pragas e diminui os índices de mortalidade, apenas para aumentar a população da Terra além do alcance dos sistemas estabelecidos de controle cultural ou governamental.” (p.5) “Talvez não seja a ciência que está errada, mas sua aplicação. Os métodos da ciência têm sido um sucesso enorme onde quer que tenham sido experimentados. Apliquemolos, então, aos assuntos humanos. Não precisamos nos retirar dos setores onde a ciência já avançou. É necessário apenas levar nossa compreensão da natureza humana até o mesmo nível.” (p.5) “A ciência não só descreve, ela prevê. Trata não só do passado, mas também do futuro. Nem sempre é previsão sua última palavra: desde que as condições relevantes possam ser alteradas, ou de algum modo controladas, o futuro pode ser manipulado. Se vamos usar os métodos da ciência no campo de assuntos humanos, devemos pressupor que o comportamento é ordenado e determinado (...). Esta possibilidade desagrada muitas pessoas por se por a uma tradição de longo tempo, que encara o homem como agente livre.” (p.7) “Algumas vezes damos a impressão de encarar o comportamento humano como espontâneo e responsável. Em outras ocasiões reconhecemos que determinação interior não é, afinal, completa; que o indivíduo não é para ser levado sempre em conta.” (p.9) Capítulo II – Uma ciência do comportamento? “A ciência é antes de tudo um conjunto de atitudes. É uma disposição de tratar com os fatos, de preferência, e não com o que se possa ter dito sobre eles.“ (p.12)
“A ciência é uma disposição de aceitar fatos mesmo quando eles são opostos aos desejos. (...) Os experimentos nem sempre dão o resultado que se espera, mas devem permanecer os fatos e perecer as expectativas. (...) As mesmas conseqüências práticas criaram a atmosfera científica na qual as afirmações são constantemente submetidas a verificação, onde nada é posto acima de uma descrição precisa dos fatos, e onde os fatos são aceitos não importando quão desagradáveis sejam suas conseqüências momentâneas. “ (p.13) “A ciência é, certamente, mais do que um conjunto de atitudes. É a busca da ordem, da uniformidade, de relações ordenadas entre eventos da natureza (...). Em um estágio posterior, a ciência, avança da coleção de regras ou leis para arranjos sistemáticos mais amplos.” (p.14) “O “sistema” científico, como a lei, tem por finalidade capacitar-nos a manejar um assunto do modo mais eficiente. (...) Quando já tivermos descoberto as leis que governam uma parte do mundo ao nosso redor, e quando tivermos organizados estas leis em um sistema, estaremos então preparados para lidar eficientemente com esta parte do mundo. Ao prevermos a ocorrência de um acontecimento, somos capazes de nos preparar para ele (...), não somente prevemos, mas também controlamos: “causamos” que um acontecimento ocorra ou assuma certas características.” (p.15) “Todos nós conhecemos milhares de fatos sobre o comportamento (...). Mas essa familiaridade é quase uma desvantagem, pois significa que provavelmente temo-nos precipitado em conclusões que não serão comprovados pelos métodos cautelosos da ciência. (...) Há em geral muito o que desaprender em nossos primeiros contatos, com a ciência do comportamento.” (p.15) “O comportamento é uma matéria difícil, não porque seja inacessível, mas porque é extremamente complexo. Desde que é um processo, e não uma coisa, não pode ser facilmente imobilizado para observação. É mutável, fluido e evanescente, e por esta razão, faz grandes exigências técnicas da engenhosidade e energia do cientista.” (p.16) “A descrição narrativa do comportamento de pessoas em épocas e/ou lugares determinados faz também parte de ciências como Arqueologia, Etnologia, Sociologia e Antropologia.” (p.16) “Os métodos da ciência destinam-se a esclarecer estas uniformidades e torná-los explícitas. (...) Muita gente interessada no comportamento humano não sente a necessidade dos padrões e critérios de prova características de uma ciência exata; as uniformidades no comportamento seriam “óbvios” mesmo sem eles. Ao mesmo tempo, relutam em aceitar conclusões que tais provas inevitavelmente apontam, se não “sentirem” por si próprios a uniformidade.” (p.17) “O relato de um evento singular não levanta problemas teóricos e não acarreta conflitos com as doutrinas do comportamento humano. As leis ou sistemas científicos que expressam uniformidades tendem a colidir com a teoria, porque reivindicam o mesmo território.” (p.18) “Uma resposta definitiva para a questão da regularidade deve ser procurada, não nos limites de um mecanismo hipotético qualquer dentro do organismo, mas na nossa habilidade em demonstrar a regularidade no comportamento do organismo como um todo.” (p.18)
“É verdade que o conhecimento estará sempre delimitado pelas limitações do organismo que conhece. (...) Mas as leis e sistemas da ciência destinam-se a diminuir a importância de eventos particulares.” (p.19) “Em geral, uma ciência é valiosa ao tratar com o indivíduo só na medida em que suas leis se refiram aos indivíduos. “ (p.21) “A extraordinária complexidade do comportamento torna-se, às vezes, uma fonte complementar de dificuldades. Ainda que o comportamento seja determinado, pode ser muito complexo para ser tratado em termos de leis.” (p.21) “Ainda outra objeção ao uso do método científico no estado do comportamento humano é que o comportamento é matéria anômala, porque uma previsão feita a seu respeito pode alterá-lo (...). Mas não é de modo algum necessário que se admita que a previsão do comportamento altere o comportamento individual.” (p.22) “Aceita-se hoje, como princípio geral do método científico, que em certa medida é necessário interferir em qualquer fenômeno no ato de observá-lo. O cientista pode influir sobre o comportamento no ato de observar e analisar, e deve certamente levar em consideração essa influencia.”(p.22-23) “Uma última objeção trata das aplicações práticas da análise científica (...). O que o estudo cientifico faz é permitir a utilização ótima dos controles que possuímos. A simplificação do laboratório revela a relevância de fatores que poderíamos de outro modo deixar passar.” (p.23) Capítulo III – Porque os organismos se comportam “A antiga “relação de causa e efeito” transforma-se em uma “relação funcional””. (p.24) “Estamos interessados, então, nas causas do comportamento humano. Queremos saber porque o homens se comportam da maneira como o fazem. Qualquer condição ou evento que tenha algum efeito demonstrável sobre o comportamento deve ser considerado. Descobrindo e analisando estas causas poderemos prever o comportamento; poderemos controlar o comportamento na medida que o possamos manipular.” (p.24) “Há uma incoerência curiosa no zelo com o qual a doutrina da liberdade pessoal tem sido defendida, porque os homens sempre estiveram fascinados pela busca das causas.” (p.25) “Um ato especifico nunca poderá ser previsto com base no físico, mas diferentes tipos de personalidade sugerem predisposições para modos diferentes de conduta, de maneira que se presume que os atos específicos sejam atingidos.”(p.26) “Muitas relações válidas entre comportamento e tipo físico também proporcionam bases falsas para previsões.”(p.26) “Relações válidas entre comportamento e tipo físico devem ser consideradas por uma ciência de comportamento, é lógico, mas não devem ser confundidas com as relações admitidas pelos procedimentos desprovidos de crítica do leigo.”(p.26-27)
“Quando descobrimos ou pensamos ter descoberto que traços físicos proeminentes explicam parte do comportamento de um homem, é tentador supor que os traços insignificantes explicam as outras partes.” (p.27) “O mais que se pode dizer é que o conhecimento do fator genético nos capacita a fazer melhor uso de outras causas. S soubermos que um indivíduo tem certas limitações inerentes, poderemos usar inteligentemente nossas técnicas de controle, mas não podemos alterar o fator genético.” (p.28) “Tem sido especialmente tentador atribuir o comportamento de um organismo vivo ao comportamento de um agente interior.” (p.29) “As causas a serem buscadas no sistema nervoso são, desarte, de utilidade restrita na previsão e no controle de um comportamento específico.”(p. 30) “Um costume ainda mais comum é explicar o comportamento em termos de um agente interior sem dimensões físicas, chamada “mental” ou “psíquico””. (p.30) “Já se sustentou que um único organismo é controlado por vários agentes psíquicos e que seu comportamento é a resultantes de suas várias tendências. Os conceitos freudianos do ego, superego e id são muitas vezes usadas dessa maneira.” (p.31) “Mas qualquer evento mental que seja inconsciente é necessariamente inferido, e por isso a explicação não se baseia em observações independentes de uma causa válida.” (p.32) “As causas interiores mais comuns não têm dimensão de espécie alguma, nem neurológica, nem psíquica.” (p.33) “O hábito de buscar dentro do organismo uma explicação do comportamento tende a obscurecer as variáveis que estão ao alcance de uma análise científica. Estas variáveis estão fora do organismo, em seu ambiente imediato e em sua história ambiental (...). Estas variáveis independentes são de várias espécies e suas relações com o comportamento são quase sutis e complexas, mas não se pode esperar uma explicação adequada do comportamento sem analisá-los.” (p. 33-34) “As variáveis externas, dos quas o comportamento é função, dão margem ao que pode se chamado de análise causal ou funcional. Tentamos prever e controlar o comportamento de um organismo individual. Esta é a nossa “variável dependente”- o efeito para o qual procuramos a causa. Nossas “variáveis independentes” – as causas do comportamento – são as condições externas das quais o comportamento é função. Elações entre as duas – as “relações de causa e efeito” no comportamento – são as leis de uma ciência. Uma síntese dessas leis expressa em termos quantitativos desenha um esboço inteligente do organismo como um sistema que se comporta.” (p.38) “É preciso também descrever as variáveis independentes em termos físicos.” (p.38) “Os eventos que afetam um organismo devem ser passíveis de descrição na linguagem da ciência física (...). Os eventos físicos que precisam ser buscados para completar tal expansão nos fornecem uma alternativa adequada para uma análise física.” (p.39) “Ao lidar com os dados diretamente observáveis, não precisamos nos referir nem aos estados internos nem à força externa.” (p. 39)
“Atualmente a pesquisa experimental do comportamento humano não é às vezes tão ampla quanto se poderia desejar. Nem todos os processos comportamentais são fáceis de estabelecer no laboratório, e a precisão nas medidas é às vezes obtida às custas da irrealidade nas condições. (...) O laboratório oferece a melhor oportunidade para obter os resultados quantitativos para uma análise científica.” (p.40) “Uma análise funcional básica, contudo, nos proporciona uma formulação comum do comportamento do indivíduo com a qual podemos discutir assuntos em qualquer dessas áreas e finalmente considerar o efeito do ambiente social, como um todo, sobre o indivíduo.” (p.43) “A objeção mais comum a uma análise funcional completa é, simplesmente, que não pode ser levada a efeito, mas o único indício que se tem disso é que ainda não foi levada a feito. Não há razão para desanimar com este fato. O comportamento humano é, talvez, o objeto mais difícil entre os que já foram alvo dos métodos da ciência, e é natural que o progresso seja lento. É encorajador refletir, contudo, que a ciência raramente avança em um mesmo ritmo. Por vezes o progresso é difícil apenas porque um aspecto particular de um objeto recebe grande atenção quando é improdutivo e sem importância. Uma pequena mudança no ponto de ataque é suficiente para trazer um avanço rápido.” (p.44) “Mas uma análise funcional que especifica o comportamento como uma variável dependente e se propõe descrevê-lo com base nas condições físicas observáveis e manipuláveis é bastante recente. Já provou ser uma formulação promissora, e, enquanto não for testada, não há razão para profetizar um fracasso.” (p.44-45) “Se quisermos aprofundar a compreensão do comportamento humano e melhorar os métodos de controle, devemos estar preparados para o caráter rigoroso de pensar que a ciência requer.” (p.45)