Christus Liberator

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Christus Liberator Nunca como hoje, o ser humano catalogou elementos que façam parte da sua vida. O sufixo ismo, oriundo do grego ismos1 (que concentra uma doutrina, escola ou teoria, seja ela religiosa, política, filosófica ou artística) faz-se ecoar em larga escala nos meios de comunicação social. A questão que fica presente para o cristão de hoje é “Perante tantos ismos, como responder? Como podemos ter em Cristo a resposta que suplanta estas dúvidas?”. Os quatro grandes ismos tradicionais (Naturalismo, Relativismo, Humanismo e Hedonismo) culminam no Pós-Modernismo actual e produzem no ser humano uma variedade de opções de vida, que nem sempre (ou raramente), conseguem encontrar reflexo na Palavra divina. Seja na pessoa de Jesus, seja nas Sagradas Escrituras. Essas opções pós-modernas levam inevitavelmente à resposta do poeta norte-americano Charles Bukowski escrita na revista Life em Dezembro de 1988: Eu sou o meu próprio deus. E nós (seres-humanos) estamos aqui para desaprender os ensinamentos da Igreja…2. O Naturalismo é o elemento percursor deste quarteto. Ele apega-se a algo concreto para se auto-definir. A estirpe dos neo-defensores do ateísmo (Dawkins, Dennet, Hitchens e Harris) eleva o naturalismo ao seu expoente máximo. Tornam a metodologia científica e os seus resultados demonstráveis como o seu deus. O Naturalismo nega basicamente o alicerce do relacionamento com Deus: a fé. O próprio Richard Dawkins intitulou uma das suas obras Deus, um delírio. Tudo o que não é natural, tudo o que não é produzido pela própria Natureza em si (ainda que explicável por leis de disciplinas como a Física, Biologia, etc.), é para o Naturalismo um delírio, uma ilusão, um embuste. E logo, falso. Esta necessidade exorbitante de provas físicas, experimentáveis, visíveis e materiais, leva a que deixemos de caminhar por fé e passemos a caminhar por factos. Podemos aqui aplicar a resposta dada a Paulo por Festo, aquando da presença do apóstolo perante Agripa: “As muitas letras te fazem delirar” (Actos 26:24, ARC). Perverte-se a noção bíblica de que o justo viverá pela fé, transformando em negrume a coluna de fogo que guiou os hebreus na saída do Egipto. Deixa-se o Homem no vazio, no negro caótico descrito por Tolkien no Senhor dos Anéis, numa obscuridade fria. É contra a obscuridade e o delírio que o Naturalismo provoca no espírito do ser humano, que Paulo adverte os crentes de Roma (Romanos 1:18-24). Abraão não se socorreu do Naturalismo para esperar em Deus pelo cumprimento da Sua promessa. Não são os argumentos científicos que salvam o Homem do pecado e da ira divina, mas sim a fé em Cristo. É Jesus que nos liberta da necessidade da certeza nas leis científicas, que desafia Pedro a andar sobre as águas (Mateus 14:27-32) e que desafia Tomé ao primeiro teste científico em relação à Sua ressurreição (João 20:24-29). O colocar do dedo e da mão, são os testes críticos perante quem quis ter a real certeza de que aquele era o Messias ressurecto. Dirigindo-se à igreja local em Corinto, falando sobre a nossa habitação celestial, Paulo dá-nos a máxima que 1 2

- OLIVEIRA, Roseli. Dicionário de eufemismos da língua portuguesa. Foz do Iguaçu, Editares, 2015. p.34 http://en.wikiquote.org/wiki/Charles_Bukowski

deve levar o seguidor de Cristo a caminhar, vivemos não pelo que vemos, mas por crermos naquilo que está para além da nossa capacidade de compreensão (2 Coríntios 5:7). E estando definido que o que não é natural, não será aceitável, é aberta a porta para o Relativismo, para o Humanismo e para o Hedonismo. Na génese do Relativismo, está a ideia chave de que todo o conhecimento é relativo, ou seja, não existe conhecimento absoluto. O Relativismo permite ao Homem colocar em causa os valores morais e a caridade, substituindo a regra de ouro (Levítico 19:18, Mateus 22:39b) por um padrão em que a nossa vontade dita o padrão pelo qual nos regemos. É Protágoras quem faz a primeira apologia filosófica desta corrente, dizendo que o ser humano é a medida de todas as coisas. O Relativismo diz-nos que o Homem pode almejar chegar a Deus como tentou com Babel, as Sagradas Escrituras provam-nos o contrário. Judas pede aos crentes que lutem pela fé confiada aos santos de uma vez para sempre (Judas 1:3b, BPT).O Relativismo faz emergir a amoralidade, apresentando várias possibilidades de verdades, sem certezas, nem absolutos. Mas Cristo demonstra-nos o contrário, dizendo-nos que Ele é o caminho, a verdade e a vida, não existindo outro meio de acesso ao Pai que não Ele (João 14:6). Na Epístola a Timóteo, Paulo (cuja bagagem intelectual lhe permitia arguir com teólogos e filósofos) não deixa dúvidas. Cristo é o único caminho e mediador para o único/singular/não-relativo Deus (1 Timóteo 2:5), o mesmo Deus que responde a Moisés EU SOU AQUELE QUE É. (Êxodo 3:14, BPT) não deixando espaço para relativizar ou dizer que poderia haver qualquer outro Deus. Um Deus cuja justiça é eterna e cuja lei é a própria verdade (Salmo 119:142), não compactua com um sistema de verdades temporais e de leis cuja validade é real consoante o interesse social. Para o Homem sem Cristo, se tudo é relativo, então a porta estreita abre-se e torna-se numa espécie de buraco negro. Para onde é sugada toda a boa intenção e onde se desvanece num processo de queda. E que pode levar quer ao Humanismo (com a expurga de Deus do centro da vida social e elevação do Homem a esse lugar), quer ao Hedonismo (cultura social em que o Homem busca a sua própria satisfação em primeiro lugar). Humanismo e Hedonismo procedem desde as eras mais antigas do ser humano e andam invariavelmente de mãos dadas. A partir do momento em que o ser humano risca o Senhor do seu coração, apercebe-se do espaço que tem por preencher. E como tão bem ilustrou Dostoyevksy, nada pode preencher esse espaço senão Deus. No entanto, isso não tem impedido o Homem de tentar. Toda a Bíblia está repleta de exemplos em que o ser humano ser quis fazer igual a Deus ou no qual procurou o seu interesse egoísta em primeiro lugar. Desde a injustiça punitiva de Lameque descente de Caim, passando pelo episódio da Torre de Babel, atravessando os eventos que antecedem o Dilúvio, não esquecendo a arrogância do Faraó perante a directriz divina de libertar o povo hebreu… Durante o período que compreende o livro de Juízes, vemos um povo que alterna entre um estado livramento por Deus e outro em que se entrega à apostasia. Essa apostasia é produzida pelo afastamento de Deus do centro da vida do Homem, pelo serviço às coisas e não ao Criador. Um povo eleito para ser divino a forçar-se a ser demasiadamente humano. Uma luz acesa para as nações que teimou em se extinguir ou ocultar.

O Homem sem Deus no centro, torna-se como a Terra sem Sol. Frio, sem elemento gerador de vida, sem motivo de órbita e movimentação. Inerte, transforma-se assi mesmo no bezerro de ouro pós-Egipto. Feito de mãos humanas, com bens humanos, como resposta apressada a um tempo que não quer esperar. O conselho de Jeremias (Lamentações 3:25-33) é simplesmente ignorado, tanto naquela época, como actualmente. E o motivo maior para cair neste binómio Humanismo/Hedonismo é o amor. O amor próprio. O amor pelo próximo. Não deixa de ser curioso, que no famoso “Capítulo do Amor” (1 Coríntios 13, BPT), nos seja frisado que o amor Não é invejoso. Não se envaidece nem é orgulhoso (…) não tem maus modos nem é egoísta. Não se irrita nem pensa mal. O que o ser humano tendo a explicar como amor, como satisfação própria e lícita de modo desordenado e egoísta, as Sagradas Escrituras demonstram que são a antítese do que é o verdadeiro amor. Porque Deus é amor, Cristo sendo da mesma “massa” que o Pai, é também amor e só quem é resgatado por Ele, pode amar além da sua própria altivez e centralidade. Cristo libertou o Homem no Calvário, mas não só naquele momento. Ele libertou o Homem com efeitos duradouros e plenamente actuais. E Cristo continua a libertar o Homem da sua natureza egoísta, da ausência de certezas e da insegurança que exige provas a todo o momento. Aqueles que O seguem, que permanecem n’Ele, sabem que caminham para um lar onde Ele já se encontra, o qual tem muitas moradas que para nós Ele foi preparar. Ricardo Rosa Coordenador BSteen

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