Cenario Moveleiro 02_06

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Cenário Moveleiro Análise econômica e suporte para as decisões empresariais

Número 02/2006

Cenário Moveleiro

Número 02/2006

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Cenário Moveleiro Análise econômica e suporte para as decisões empresariais

Tendências Macroeconômicas: o que esperar da economia brasileira para 2007 (Parte 2)

Tendências do Consumo no Mercado Interno

Na edição anterior do Cenário Moveleiro (01/06) foi apresentada uma análise das condições da economia mundial que tendem a influenciar o cenário da economia brasileira para o ano de 2007. Com base nesta análise, foi formado o seguinte quadro de tendências macroeconômicas para a economia nacional:

a) manutenção de inflação reduzida, com taxa muito próxima da meta inflacionária; b) pequena redução da taxa de juros real; c) redução do superávit comercial, com desaceleração das exportações e aceleração das importações; d) elevação moderada da taxa de câmbio; e) crescimento econômico em níveis moderados.

Para a elaboração e monitoramento do planejamento empresarial em empresas produtoras de bens de consumo – como é o caso da indústria moveleira - é importante não apenas identificar as principais tendências da economia mundial e da economia brasileira. É fundamental também

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avaliar como o ambiente macroeconômico tende a influenciar o mercado consumidor, de modo a se projetar as tendências sobre a demanda geral de bens de consumo e sobre a demanda específica do setor.

No caso da indústria de bens de consumo, especialmente na área de semi-duráveis e duráveis, a demanda no mercado interna tem sido afetada tanto pelo comportamento macroeconômico quanto por outras mudanças estruturais no sistema produtivo. Por este motivo, nem sempre um crescimento do nível de atividade produtiva tem se traduzido em aquecimento do consumo dos produtos das indústrias de bens de consumo semi-duráveis e duráveis.

No que se refere à influência macroeconômica, ao lado da direção e intensidade da variação da atividade produtiva, também é importante observar o que ocorre com os preços nos diferentes grupos de produtos para os quais se faz a apuração da inflação. Na tabela 1 abaixo, apresenta-se os componentes da taxa de inflação de acordo com o tipo de produto quanto à forma de estabelecimento do preço e quanto à forma de comercialização do produto.

Pode-se considerar que o nível geral de preços é constituído por preços de três tipos de produtos: 1) produtos comercializáveis no mercado internacional e com preços estabelecidos livremente (em geral, são a maior parte dos produtos que compõem as pautas de exportação e importação); 2) produtos não comercializáveis

no mercado

internacional e com preços estabelecidos livremente no mercado interno (incluem-se neste grupo os diversos tipos de serviços pessoais, abrangendo restaurantes, salões de beleza, lavanderias, lavagem de automóveis, serviços de manutenção e reparação, entre outros); 3) produtos com preços administrados com base em legislação específica e contratos de concessão (tais como os serviços de telecomunicações, energia elétrica, pedágios, entre outros).

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De acordo com a tabela 1 abaixo, a taxa de inflação no Brasil tem sido caracterizada por assimetria entre a taxa de inflação dos preços livres e a taxa de inflação dos preços administrados. De fato, a taxa de variação dos preços administrados tem sido sistematicamente mais elevada do que a dos preços livres.

Por outro lado, também tem sido registrada uma diferença significativa

entre

as

variações

dos

preços

dos

produtos

comercializáveis, de um lado, e não –comercializáveis, mesmo ambos sendo preços livres. Esta diferença tem sido mais pronunciada nos anos de 2005 e 2006.

Tabela 1 Brasil - Evolução e Composição do IPCA (%) IPCA

2003

2004

2005

2006*

Geral

9,3

7,6

5,79

4,2

Preços Livres Total

7,8

6,5

2,7

2,5

Preços Livres Comercializáveis

8,7

6,3

2,7

0,6

Preços Livres – Não Comercializáveis

6,7

6,8

6,4

4,8

Preços Administrados

13,2

10,2

9,0

8,3

* Janeiro-maio Fonte: IBGE

Estes dados são importantes para analisar as condições da demanda e do comportamento do consumidor brasileiro. De um lado, uma assimetria muito elevada a favor dos preços administrados tende a se constituir em uma redução da renda disponível para consumo de outros bens, porque em geral os produtos com preços administrados (bens e serviços) apresentam uma menor elasticidade da demanda diante de

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variações dos preços, isto é, são produtos cuja demanda não se altera na mesma proporção das alterações dos preços. Assim, o orçamento das famílias tende a ficar proporcionalmente mais comprometido com a aquisição destes itens.

Por outro lado, as mudanças tecnológicas têm acarretado a introdução de novos itens no orçamento familiar (telefonia celular, bens e serviços da teleinformática, televisão a cabo, entre outros) que também tendem a reduzir a renda disponível para consumo de outros bens.

Diante desta situação, a indústria de bens de consumo semi-duráveis e duráveis encontra-se diante do desafio de: 1) obter ganhos de produtividade que permitam oferecer produtos a preços menores, para contornar as restrições orçamentárias dos consumidores; 2) estabelecer estratégias

mercadológicas

que

restabeleçam

a

atratividade

e

valorização do consumo destes itens, para atenuar os efeitos das mudanças da composição do consumo das famílias.

Portanto, este é mais um elemento a ser incluído no planejamento empresarial das empresas moveleiras. Assim como no caso de outros produtos semi-duráveis e duráveis, o consumo de móveis no mercado interno dependerá das variáveis macroeconômicas, especialmente o crescimento do nível de atividade e emprego, tal como analisado no boletim anterior, bem como da capacidade das empresas reagirem aos efeitos da maior diversificação e comprometimento do orçamento de consumo das famílias brasileiras.

Para o ano de 2007, este tipo de desafio tende a permanecer, embora atenuado pelo fato de que os contratos de concessão tendem a sofrer menores reajustes de preços, em função da redução da taxa de crescimento dos índices de preços que servem de base para os reajustes. ]

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Boletim Número 02/2006

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