Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
CAPÍTULO 3 DIREÇÃO DEFENSIVA
1. Introdução Como motorista de uma ambulância, além de dominar todas as habilidades indispensáveis à prática da direção segura de veículos em geral, você deverá estar familiarizado com conceitos próprios da condução de uma vítima e da equipe que lhe oferece atendimento, pois na qualidade de motorista você é responsável pela sua própria vida e das outras pessoas presentes no trânsito. Além disso, você é responsável pela segurança da sua equipe de socorristas e pelo bem estar da vítima conduzida no interior da ambulância.
2. Direção e Segurança A maioria dos acidentes de trânsito, decorrem em sua maioria de erros humanos, pelos seguintes motivos: ●
Desrespeito as Leis, Normas e regulamentos de trânsito;
●
Abuso dos limites operacionais de segurança do veículo;
●
Pressa excessiva em querer chegar no local da ocorrência, e posteriormente ao hospital;
●
Descortesia no trânsito: ser cortês alivia o stress do trânsito, demonstra alto nível de educação e elevação social.
●
Irresponsabilidade agindo com negligência, imprudência ou imperícia;
●
Condição física do condutor, como cansaço, sonolento e sob efeito de drogas em geral (álcool, medicamentos, etc.)
3. Elementos de Direção Defensiva Direção defensiva é dirigir de modo a evitar acidentes, apesar das ações incorretas (erradas) dos outros e das condições adversas (contrárias), que encontramos nas vias de trânsito. Existem alguns elementos fundamentais para a boa prática da direção defensiva, com a observação dos mesmos o risco é diminuído, são eles.
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Direção Defensiva 3.1. Conhecimento É o ato de estar sempre consciente das noções exigidas para a habilitação, os conteúdos do CTB (Código de Trânsito Brasileiro) e as informações sobre os riscos e a melhor forma de evitá-los. Embora a experiência seja uma fonte importantíssima de conhecimento, demonstra-se que, o programa de treinamento aumenta em muito a capacidade defensiva do motorista. 3.2. Atenção Enquanto dirige, o motorista tem que estar alerta o tempo todo, zelando pela sua própria segurança, dos passageiros e da vítima que está transportando, bem como pelos demais presentes no trânsito. Estar alerta significa estar com a atenção concentrada todo o tempo no ato de dirigir, sem distrações, vendo tudo o que se passa adiante, atrás (espelhos retrovisores) e nas laterais do veículo. O pensamento deve ocupar-se exclusivamente do ato de dirigir e não de outros assuntos. Atento, o motorista pode reconhecer situações de perigo potencial, reagir em tempo e agir de modo a prevenir acidentes. 3.3. Previsão É a capacidade de antecipar ou antever situações e eventos, são muitas vezes frações de segundos, porém, tendo em mente uma atitude de previsibilidade, será suficiente, para tentar uma reação positiva, evitando um acontecimento. Se o motorista, vistoria o veículo antes de assumir o serviço, programa o itinerário, reduz a velocidade próximo a áreas de risco como cruzamentos, escolas, hospitais, etc., se o motorista, ao ver uma criança brincando na calçada, antevê a possibilidade de que ela possa atravessar a rua repentinamente e diminuí a velocidade, terá melhores condições de frenagem ou desvio do veículo caso o inesperado aconteça. 3.4. Decisão É a possibilidade da ação de decidir, diante de uma situação de risco. É saber escolher dentre as opções possíveis a de maior segurança naquele momento específico. 3.5. Habilidade É o requisito desenvolvido através do aprendizado e do treinamento. Conduzir um veículo de socorro, é um ato de muita responsabilidade, muitas vezes a emergência, a adrenalina, o stress, tendem a dominar a situação, porém o bom motorista, se mantém paciente e calmo, não deixando-se dominar por sensações que tendem a alterar seu estado psicológico e as funções mecânicas do corpo físico. Necessitando o motorista, desenvolver a habilidade de realizar manobras entre veículos, ultrapassagens, cruzamentos, canaletas de expresso, entre outros. Mas, com condições, é fundamental demonstrar as suas ações para os outros motoristas, o que pretende fazer, qual a atitude que pretende tomar, lembre-se as outras pessoas não são obrigadas a adivinhar seu pensamento.
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR 4. Direção em Condições Adversas Algumas condições climáticas e naturais afetam as condições de trânsito. Sendo fatores ou combinações de fatores que contribuem para aumentar as situações de risco no trânsito, podendo comprometer a segurança. Sob estas condições, o motorista da ambulância, deverá adotar atitudes preventivas que garantam, como já foi visto, a segurança da equipe, da vítima e dos demais usuários das vias públicas. 4.1. Chuva Reduz a possibilidade de ver e ser visto de todos os condutores, pelo acúmulo de água nos para-brisas e pelo embaçamento dos vidros no carro fechado, causado pela respiração de seus ocupantes. Além disso, deposita uma lâmina de água sobre a pista, o que modifica a aderência dos pneus, dificultando a frenagem e favorecendo derrapagens, proporcionando a ocorrência de hidro ou aquaplanagem. 4.1.1. Atitudes defensivas do motorista: ●
Conserve e revise constantemente os limpadores de pára-brisas e seu sistema de acionamento e fusíveis;
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Ao dirigir redobre os cuidados e a atenção;
●
Reduza a velocidade para aumentar a aderência dos pneus ao solo, evitando derrapagens e favorecendo as ações dos freios;
●
Aumente a distância com o veículo à frente, e evite ficar ao lado de outros veículos;
●
Se possível, deixe dois centímetros das janelas abertas, para evitar o embaçamento e acione os dispositivos desembaçadores disponíveis;
●
Acenda os faróis baixos;
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Não freie bruscamente, acione o freio suave e gradativamente;
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Em caso de chuva torrencial ou chuva de granizo, que impeçam a direção com segurança e a perda de visibilidade, estacione em local seguro, acione as luzes de alerta, e aguarde que o tempo melhore.
4.2. Aquaplanagem É quando o veículo flutua na água, perdendo a aderência do pneu com o solo, o motorista perde totalmente o controle do veículo, podendo ocorrer em qualquer tipo de piso. 4.2.1. Atitudes defensivas do motorista: ●
Observar com atenção presença de poças de água sobre a pista, mesmo não havendo chuva;
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Reduzir a velocidade antes de entrar na área empoçada;
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Direção Defensiva ●
Quando o veículo estiver na poça, não utilize os freios, segure firmemente o volante, procurando mantê-lo reto com a pista, até conseguir novamente a aderência do veículo;
●
Sempre verifique a profundidade dos sulcos dos pneus da ambulância;
4.3. Vento Produzido por condições climáticas ou pela passagem de outros veículos, pode deslocar o seu veículo, reduzindo e ocasionando a perda de estabilidade e o descontrole do veículo. 4.3.1. Atitudes defensivas do motorista: ●
Acostume-se a olhar a vegetação ao redor da pista, é um bom indicativo da velocidade dos ventos e sua direção;
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Ao perceber um grande veículo em sentido contrário ou ultrapassando-o, reduza a velocidade;
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Tome o controle firme do volante, afaste-se um pouco para a direita;
●
Cuidado especial com pontes e viadutos.
4.4. Neblina ou Cerração 4.4.1. Atitudes defensivas do motorista: ●
Ligue os faróis baixos (a luz alta causa o fenômeno da reflexão, causando ainda menos visibilidade), ou a luz de neblina se tiver;
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Redobre a atenção e o cuidado, diminuindo a velocidade;
●
Evite realizar ultrapassagens;
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Caso não haja condições mínimas de segurança e visibilidade, estacione, e aguarde melhores condições de dirigibilidade;
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Caso seja absolutamente necessário dirigir, procure seguir um veículo maior como caminhão ou ônibus, com certa distância segura;
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Atenção com frenagens bruscas ou até mesmo paradas repentinas dos veículos à frente.
4.5. Iluminação A intensidade da luz modifica a possibilidade de ver e ser visto. A luz em excesso ofusca a visão e a penumbra oculta as pessoas e outros veículos. 4.5.1. Atitudes defensivas do motorista: ●
Em condições de iluminação inadequada reduza a velocidade;
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Havendo excesso de luz, abaixe o papa sol, em certos casos use óculos escuros (crepúsculo matutino ou vespertino);
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Desvie o olhar da fonte luminosa e busque referências, como o meio fio ou o traçado lateral da via; - 50 -
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À noite, use faróis baixos ao cruzar veículos e desvie o olhar do foco dos faróis que cruzam com você;
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Em condições de penumbra deixe as luzes do veículo acessas, facilitando ser visto.
4.6. Condições Adversas da Via O motorista da ambulância deve estar, atento as inúmeras alterações das condições das vias, que são muito variáveis nos atendimentos das ocorrências, como: ●
Largura insuficiente;
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Ponte estreita;
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Trechos escorregadios;
●
Má conservação da pista;
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Falta de acostamento;
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Curvas mal dimensionadas;
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Força centrífuga;
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Falta de placas de sinalização;
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Vegetação muito alta e muito próxima da pista;
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Drenagem insuficiente.
5. Orientações Para Evitar o Desgaste Físico ao Dirigir ●
Dirija com os braços e pernas ligeiramente flexionados e relaxados, evitando tensões;
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Apóie o corpo junto ao banco o mais próximo de um ângulo de 90º;
●
Procure manter a cabeça junto ao encosto, sem forçar a musculatura do pescoço;
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A posição das mãos sobre o volante, deve estar na posição do relógio, às 09 horas e 15 minutos;
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Procure manter os calcanhares apoiados sobre o assoalho, evite manter os pés sobre os pedais quando não estiver usando-os;
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Nunca dirigir ao fazer uso de bebidas alcoólica ou drogas;
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Nunca dirigir fumando ou ao telefone celular;
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Nunca dirigir se estiver utilizando remédios que modifiquem o comportamento psicofísico, de acordo com o seu médico;
●
Evite dirigir após ter participado de discussões com seus familiares ou no trabalho;
●
Evite dirigir sob forte tensão, ou acometido de forte emoção;
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Direção Defensiva ●
Evite dirigir quando estiver com sono, os ficar muito tempo sem dormir, dormir pouco ou dormir mal;
●
Evite dirigir logo após realizar refeições muito pesadas, que induzem ao sono;
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Certificar-se que não há nenhum objeto que possa ser deslocado quando em movimento;
●
Dirigir com roupas confortáveis, e adequadas a temperatura ambiente, para não sentir muito frio e nem muito calor;
●
Sempre faça check-up completo para constatar problemas, como histórico de problemas cardio-vasculares, pressão arterial fora dos padrões normais, com suspeita de epilepsia, ou qualquer outro que possa colocar em risco as seguras condições de direção. Ao constatar, solicite imediatamente afastamento das funções de motorista, desde que comprovadamente orientado por médico responsável;
●
Esteja sempre em dia com os exames oftalmológicos, para uso de óculos ou lentes corretivas;
●
Enquanto dirige converse apenas o indispensável com a equipe de serviço;
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Quando a ambulância em movimento, o rádio deverá ser acionado por outro integrante da equipe;
6. Inspeção Veicular Todo veículo, inclusive a ambulância, dispõe de equipamentos e sistemas importantes para evitar situações de perigo que possam levar a acidentes, como pneus, sistema de freios, iluminação, suspensão, direção, etc. Todos os componentes e equipamentos do veículo, se desgastam com o uso; o desgaste de um componente pode prejudicar o funcionamento de outros e comprometer a segurança. Isso deve ser evitado, observando-se a vida útil e a durabilidade definida pelos fabricantes dos componentes, dentro de condições específicas de uso. É de responsabilidade do motorista, em toda passagem de serviço, ao assumir a ambulância, realizar a manutenção preventiva e verificar o funcionamento de itens obrigatórios. A observação é simples seja pela inspeção do painel ou inspeção visual/manual. Realizar uma ficha de vistoria da ambulância, para facilitar o acompanhamento das manutenções e as condições gerais da ambulância, onde deverá conter: Identificação da ambulância, kilometragem, data, nome do motorista e deixar um espaço para anotar observações apontadas pelo motoristas que está saindo de serviço. Deverá ainda verificar obrigatoriamente: ●
Indicador do nível de combustível;
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Observar os reservatórios do nível de óleo do motor, do sistema de freio, direção hidraúlica e sistema de transmissão (câmbio);
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Certifique-se que não há vazamentos presentes, ou sinais de consumo excessivo;
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Aferir as condições dos filtros de ar e óleo; marcar na ficha de apontamentos a quilometragem para a troca destes itens;
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Nível do reservatório da água do radiador e do reservatório do limpador do pára-brisa;
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Palhetas do limpador do pára-brisa, se estiverem danificadas ou ressecadas, solicite a substituição;
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Funcionamentos das luzes dos faróis, luzes baixa, média e alta;
●
Funcionamento dos piscas, da luzes traseira, luz de ré e de freio;
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Verificar sirene,luzes de emergência;
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Pneus : verifique as condições gerais, desgastes, profundidade dos sulcos, existência de deformidades;
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Calibragem: deve ser feita para as ambulâncias, pelo menos uma vez a cada três dias, siga as recomendações do fabricante para as libras de pressão necessárias (não esqueça do estepe);
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Verifique, os cintos de segurança, freio de mão, espelhos retrovisores, extintor de incêndio;
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Verificar as mangueiras (combustível, óleo e água), procurando por vazamentos, ressecamentos e encaixes, os quais podem romper as mesmas;
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Verificar visualmente as correias, atenção para a kilometragem recomendada para troca pelo fabricante.
Importante, é anotar todas as alterações encontradas, repassar imediatamente ao responsável para que providencie a imediata substituição, avise sempre durante a passagem de serviço, mostrando a ficha de apontamentos para o motorista que estará assumindo a ambulância; quando houver qualquer alteração das peças acima, bem como a troca ou complemento do óleo da e água, também deverá ser anotado para controle. Percebendo qualquer tipo de situação anormal com a ambulância, barulhos que não são normais, falhas de acionamento elétrico ou do motor, sons estranhos, etc., comunicar imediatamente, para evitar que o problema se agrave. Não se esqueça a vítima pode ser você. Assim você estará fazendo a sua parte, cuidando do bem público, aumentando a vida útil do veículo.
7. Velocidade e Tempo de Reação Do ponto de vista da segurança devemos estar sempre muito atentos na condução de um veículo, pois a qualquer momento pode ser necessário tomar uma ação rápida para evitar se envolver em um acidente de trânsito. Quando um motorista precisar frear - 53 -
Direção Defensiva bruscamente, o seu automóvel deve ter uma distância mínima do veículo que segue à frente para garantir a sua segurança e a dos outros. Mesmo que as condições do motorista, do automóvel, dos freios, dos pneus e do asfalto sejam as melhores possíveis, existe um determinado tempo para que o motorista possa reagir a uma situação de risco. Esse tempo é denominado TEMPO DE REAÇÃO que varia de pessoa para pessoa (+ ou – de 0,75 a 1,5 segundo) e é decorrente de um estímulo e uma reação efetiva do condutor (resposta). Já a DISTÂNCIA DE REAÇÃO é o espaço percorrido pelo veículo no instante em que o motorista percebeu uma situação de risco potencial a sua frente, até o momento em que ele acionou o sistema de freios do seu veículo. Do momento em que o motorista acionou o pedal de freios até o ponto em que o veículo parou – nesse segmento, que varia segundo o estado dos freios, dos pneus, das condições da via pública (seca, rugosa, lisa, molhada, aclive, declive) – essa distância percorrida pelo veículo é chamada de DISTÂNCIA DE FRENAGEM. Para sabermos qual é o espaço necessário para parar o veículo, deve-se somar a distância de reação à distância de frenagem. Quando estamos logo atrás de outro veículo é indispensável que exista uma distância de segurança que nos permita imobilizar o automóvel sem colidir com o veículo da frente, em caso de uma freada ou manobra brusca. Essa distância varia de acordo com a velocidade desenvolvida e a permitida para o local. A tabela 3.1 nos proporcionará uma idéia dos tempos de reação, distância de reação e de velocidade, necessários para um veículo parar em diferentes velocidades: Tabela 3.1 Tabela comparativa entre velocidade e distância de parada para automóveis Velocidade Km/h
Distância de reação 3/4s.(m)
Distância de frenagem (m)
Distância de parada (m)
40
8,33
7
15,33
50
10,41
13
23,41
60
12,50
18
30,5
70
14,58
25
39,58
80
16,67
33
49,67
90
18,75
41
59,71
100
20,83
51
71,83
110
22,91
62
84,91
120
25,00
74
99
130
27,08
87
114,08
140
29,16
100
129,16
150
31,24
115
146,24
160
33,32
131
164,32
170
35,41
149
184,41
180
37,48
167
204,48
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR Existem vários tipos de colisão que podem acontecer com o seu veículo, e os comportamentos perigosos dos condutores nas vias também são bem variados, mas o fator mais comum nos acidentes é não ter conseguido desviar ou parar a tempo o seu veículo, evitando a colisão. 8. Como Parar Você, condutor defensivo, deve conhecer os tipos de paradas do veículo, tempo e distância necessários para cada uma delas.
Fig 3.1 – Esquema de distancias para parar ●
Distância de seguimento – É aquela que você deve manter entre o seu veículo e o que vai à frente, de forma que você possa parar, mesmo numa emergência, sem colidir com a traseira do outro. O ideal é manter a distância de aproximadamente dois segundos em relação a um ponto fixo.
●
Distância de reação – É aquela que seu veículo percorre, desde o momento que você vê a situação de perigo, até o momento em que pisa no freio. Ou seja, desde o momento em que o condutor tira o pé do acelerador até colocá-lo no freio. Varia de pessoa para pessoa, mas no geral está entre 0,75 e 1,5 segundos.
●
Distância de frenagem – É aquela que o veículo percorre depois de você pisar no freio até o momento total da parada. Você sabe que o seu veículo não pára imediatamente, não é mesmo?
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Distância de parada – É aquela que o seu veículo percorre desde o momento em que você vê o perigo e decide parar até a parada total do seu veículo, ficando a uma distância segura do outro veículo, pedestre ou qualquer objeto na via. Ou seja, é a soma da distância da reação com a distância da frenagem.
9. Distância Segura Para você saber se está a uma distância segura dos outros veículos, vai depender das condições climáticas (sol ou chuva), da velocidade, das condições da via, dos pneus e do freio do carro, da visibilidade e da sua capacidade de reagir rapidamente.
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Direção Defensiva Existem tabelas e fórmulas para você calcular esta distância, principalmente nas rodovias, mas como elas variam muito, e dependem além do tipo e peso do veículo, de outros fatores que também variam muito, o melhor é manter-se o Fig 3.1 – Esquema de distancia segura mais longe possível (dentro de um juízo de bom senso), para garantir a sua segurança. Porém, para manter uma distância segura entre os veículos nas rodovias, sem a utilização de cálculos, fórmulas ou tabelas, vamos lhe ensinar a usar "o ponto de referência fixo": ●
Observe a estrada à sua frente e escolha um ponto fixo de referência (à margem) como uma árvore, placa, poste, casa, etc.
●
Quando o veículo que está à sua frente passar por este ponto, comece a contar pausadamente: mil e um, mil e dois. (mais ou menos dois segundos).
●
Se o seu veículo passar pelo ponto de referência antes de contar (mil e um e mil e dois), deve aumentar a distância, diminuindo a velocidade, para ficar em segurança.
●
Se o seu veículo passar pelo ponto de referência após você ter falado as seis palavras, significa que a sua distância, é segura.
●
Este procedimento ajuda você a manter-se longe o suficiente dos outros veículos em trânsito, possibilitando fazer manobras de emergência ou paradas bruscas necessárias, sem o perigo de uma colisão.
10. Dirigindo uma Ambulância 10.1. Responsabilidade do Motorista de uma Ambulância No atendimento pré-hospitalar a vítimas de emergências, o papel do motorista da equipe reveste-se especial importância, sem ele a unidade de atendimento não se desloca e dele depende a segurança do conjunto socorrista-vítima, adotado em sua cidade: Para desempenhar bem o seu papel o motorista da unidade de emergência deve: ●
Ser habilitado, atualmente o CTB, exige a categoria “D”, para ser motorista de ambulância;
●
Ter feito pelo menos um curso de direção defensiva;
●
Conhecer a cidade e dominar seu sistema viário, conhecendo as principais referências para se situar em qualquer bairro;
●
Saber situar com rapidez o destino para o qual é despachado e saber obter informações adicionais da central de operações, via rádio, para melhor localizar o destino exato;
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Decidir-se pelo caminho mais rápido e seguro e dirigir-se diretamente para o local;
●
Dirigir com a rapidez possível, dando prioridade total á segurança da ambulância e sua equipe, dos demais veículos e seus ocupantes e dos pedestres;
●
Estacionar a ambulância cuidadosamente e em segurança;
●
Participar do atendimento da vítima (o ideal é que o motorista também seja socorrista);
●
Conhecer as lesões apresentadas pela vítima e o tipo de atendimento que deverá receber em rota, dirigindo de modo compatível com a segurança;
●
Cuidados com freadas bruscas, lombadas, deformações na pista, evitando agravar as lesões;
●
Usar o caminho menos acidentado e mais direto para o hospital destinado a receber vítima;
●
Usar de modo apropriado a sinalização da ambulância;
●
Administrar seu tempo de folga garantindo repouso pessoal adequado a um desempenho seguro.
10.2. Sinalização da Ambulância A sinalização da ambulância tem por finalidade assinalar aos demais motoristas e pedestres a presença de um veículo deslocando-se em regime de urgência, seja para chegar a um local onde um atendimento foi requisitado, seja por estar transportando uma pessoa em estado crítico, necessitando chegar a um hospital ao menor tempo possível, com segurança máxima. Somente nestes casos está indicado e justificado o uso da sinalização especial do veículo. A sinalização tem limitações no seu alcance, não garante que todos irão percebela, nem tampouco garante que aqueles que perceberam vão colaborar e lhe dar passagem. Ou seja, embora usando toda a sinalização disponível, ainda assim o condutor da ambulância deve tomar todos os cuidados prescritos pela prática da direção defensiva. A luz vermelha é mais eficaz como sinalização dirigida para os veículos que transitam em sentido oposto. A sirene é mais efetiva para alertar os motoristas dos veículos à frente da ambulância, devendo ser ligada com antecedência, para ser ouvida de longe (acionar a sirene logo atrás do veículo da frente pode assustar o motorista, fazendo-o frear bruscamente, com risco de colisão). O comportamento desejado (e nem sempre produzido) é de que o condutor do veículo à frente libere a passagem, retirando seu veículo o mais o para a direita possível e parando até que o veículo de emergência ultrapasse. Quando mais de um veículo de emergência está em deslocamento, a distância mínima entre eles deve ser de 150 metros. Veículos de emergência não devem se ultrapassar.
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Direção Defensiva 10.3. Transportando uma Vítima Poucas emergências exigem o deslocamento urgente para o hospital. Entre elas destaca-se a hemorragia incontrolável e os casos de nível 3. Mesmo neste caso, entretanto, a segurança continua tendo prioridade sobre a urgência, uma vez que um acidente envolvendo a ambulância produzirá considerável atraso na chegada da vítima ao seu destino. Nas emergências em que o diagnóstico pré-hospitalar da vítima não seja muito grave (nível 1 e 2), portanto, em que a urgência seja relativa, o deslocamento suave impede que as lesões apresentadas pela vítima sofram agravos secundários, decorrentes de solavancos, deslizamentos e deslocamentos, sendo de todo desejável. Isto é particularmente verdadeiro se a vítima apresenta fraturas, especialmente aquelas com lesão associada de vasos sangüíneos e nervos. Nos pacientes com problemas cardiológicos, o tranporte deve ser o menos turbulento possível. São pacientes que experimentam uma aguda sensação de morte iminente, que pode ser acentuada pela remoção tumultuada. Em princípio está contra indicado o uso da sinalização da ambulância, especialmente a sirene. Se o paciente encontra-se em parada cardio-respiratória, é claro que há urgência em se chegar ao hospital. Entretanto, a equipe não pode manter uma RCP adequada se a ambulância estiver se deslocando em alta velocidade, o que impede manobras efetivas. Pacientes psiquiátricos também se sentem melhor e mais cooperativos se transportados sem a sinalização sonora. Nas emergências obstétricas, o transporte também deve ser calmo e cuidadoso. Se o parto se desencadeia, o melhor a fazer é estacionar a ambulância em segurança e ajudar na realização do mesmo e no cuidado do recém-nato, após o que pode-se prosseguir até o hospital. 10.4. Seqüência de Procedimentos ao Estacionar a Ambulância ●
Aproximar-se do local da emergência com cautela;
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Avaliar a área de estacionamento a ser utilizada;
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Observar as condições de risco do local para pessoas e coisas;
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Decidir sobre o local de estacionamento com base no emprego da ambulância, facilitando o embarque da vítima;
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Avisar o COBOM de sua chegada e das condições encontradas;
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Estacionar de forma que se permita , se possível, a fluidez do trânsito, deixando espaço para outras viaturas;
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Posicionar as viaturas de forma a proteger as guarnições;
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Calçar a viatura e estabilizá-la quando for o caso;
●
Sinalizar a viatura e o local escolhido;
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Isolar a área;
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Informar o COBOM sobre as áreas de estacionamento, e qualquer informação que auxilie as outras viaturas que poderão ser deslocadas ao sinistro.
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