ISSN: 2177-5443
Universidade Federal de Goiás - Regional Catalão Unidade Acadêmica Especial de Letras e Linguística
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IV Simpósio Nacional de Letras e Linguística e III Simpósio Internacional de Letras e Linguística LINGUAGEM, LITERATURA E ENSINO: desafios e possibilidades 25 a 28 de agosto de 2015
Catalão – Goiás
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (BSCAC/UFG)
S612
Sinalel (Simpósio Nacional de Letras e Linguística) (4 : 2015 : Catalão, G0). [Caderno de resumos] IV Simpósio Nacional de Letras e Linguística e III Simpósio Internacional de Letras e Linguística. Linguagem, Literatura e Ensino [recurso eletrônico] : desafios e possibilidades, de 25 a 28 de agosto de 2015 / Organização Ismael Ferreira Rosa.- Catalão : UFG, 2015. Dados eletrônicos. ISSN: 2177-5443 1. Linguística – Congresso. 2. Linguística – linguagem. 3. Linguagem – literatura e ensino. I. Universidade Federal de Goiás. Regional Catalão Faculdade de Letras. II. Título. III. Titulo I : IV Sinalel (Simpósio Nacional de Letras e linguística) IV. Título II : III (Simpósio Internacional de Letras e Linguística) Linguagem, Literatura e Ensino: desafios e possibilidades.
CDU: 81
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS REGIONAL CATALÃO REITORIA Orlando Afonso Valle do Amaral VICE-REITORIA Manoel Rodrigues Chaves DIREÇÃO DA REGIONAL CATALÃO Thiago Jabur Bittar VICE-DIREÇÃO DA REGIONAL CATALÃO Denis Rezende de Jesus
UNIDADE ACADÊMICA ESPECIAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA CHEFIA Alexander Meireles da Silva SUBCHEFIA Sheila de Carvalho Pereira Gonçalves COORDENAÇÃO LICENCIATURA PORTUGUÊS Ulysses Rocha Filho COORDENAÇÃO LICENCIATURA PORTUGUÊS/INGLÊS Terezinha de Assis Oliveira
COMISSÃO ORGANIZADORA DO EVENTO PRESIDÊNCIA Sheila de Carvalho Pereira Gonçalves COMISSÃO CIENTÍFICA Anair Valênia Martins Luciana Borges Maria Helena de Paula COMISSÃO DE DIVULGAÇÃO Erislane Rodrigues Ribeiro Neuza de Fátima Vaz de Melo Fabíola Aparecida Sartin Dutra Parreira Almeida COMISSÃO DE TECNOLOGIA Alexander Meireles da Silva Ionice Barbosa de Campos Raul Dias Pimenta COMISSÃO DE PATROCÍNIO Flávia Freitas de Oliveira Pedro Henrique Macedo COMISSÃO DE INFRAESTRUTURA Ademilde Fonseca Maria Imaculada Cavalcante Lucas Floriano Terezinha de Assis Oliveira Luciane Guimarães de Paula Ulysses Rocha Filho João Batista Cardoso Grenissa Bonvino Stafuzza COMISSÃO CULTURAL Antônio Fernandes Júnior Silvana Augusta Barbosa Carrijo COMISSÃO EDITORIAL Ismael Ferreira Rosa Sâmela Lemos Rosa Gabriella Cristina Vaz Camargo
Organização do Caderno de Resumos: Ismael Ferreira Rosa Editoração: Ismael Ferreira Rosa Capa e projeto gráfico: Ismael Ferreira Rosa Revisão: Sheila de Carvalho Pereira Gonçalves Universidade Federal de Goiás Regional Catalão Unidade Acadêmica Especial de Letras e Linguística Avenida Dr. Lamartine Pinto de Avelar, 1120 Setor Universitário, Catalão-GO CEP 75704-020 Fone: (64) 3441-5304 Homepage: https://letras.catalao.ufg.br/
Os resumos foram transcritos de acordo com os originais enviados à comissão organizadora do evento, sendo, portanto, de inteira responsabilidade de seus autores.
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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ............................................................................................... 09 PROGRAMAÇÃO GERAL .............................................................................. 10 RESUMOS ................................................................................................................. 13 Conferências ............................................................................................................ 13 Mesas-Redondas .................................................................................................... 15 Grupos de trabalho ............................................................................................... 19 GT 1 – A diversidade em estudos de variação e mudança: descrição e interpretação de fenômenos variáveis ............................... 19 GT 2 – A linguística sistêmico-funcional e a análise de discurso crítica: possibilidades de investigação ....................................... 26 GT 3 – A literatura fantástica: modos e modalidades ........................ 44 GT 4 – A noção de ethos: (des) encontros em diferentes vieses discursivos ................................................................................................ 68 GT 5 – A presença de narrativas metaficcionais na literatura infantil e juvenil brasileira ............................................................................. 81 GT 6 – A recepção da literatura em espaços escolares pela voz dos envolvidos ........................................................................................... 90 GT 7 – As interfaces entre gêneros discursivos, tecnologias digitais, mídias e ensino .................................................................................. 107 GT 8 – Confluências (im)possíveis: ensino de gêneros discursivos, gramática contextualizada e novas tecnologias ............. 126 GT 9 – Contribuição do Pibid para a formação docente ................. 132
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GT 10 – Ensino-aprendizagem de línguas e formação de professores: pesquisas, práticas e perspectivas ........................................ 145 GT 11 – Ensino de línguas/literaturas e estudos bakhtinianos ........... 169 GT 12 – Estudo de processos fonológicos do português brasileiro .............................................................................................................. 182 GT 13 – Estudos de ficção brasileira contemporânea: produção, mercado editorial, recepção e crítica ................................... 186 GT 14 – Estudos linguísticos da Libras (língua de sinais brasileira) ............................................................................................................. 205 GT 15 – Formação de professores e semiótica francesa como ferramenta para leitura crítica na escola pública ................................ 220 GT 16 – Inclusão e letramento: formação de professores, ensino colaborativo e escolarização básica de alunos ......................... 225 GT 17 – Léxico em foco: discussões sobre ensino e aprendizagem ................................................................................................... 230 GT 18 – Lexicografia e terminografia: da elaboração de obras lexicográficas e terminográficas mono ou multilíngues ao ensino do léxico ........................................................................................... 249 GT 19 – Língua, cultura e memória nas trilhas filológicas e lexicais .................................................................................................................. 257 GT 20 – Língua, literatura, cultura e práticas de ensino ................... 273 GT 21 – Literatura afro-brasileira: configurações e contingências ..................................................................................................... 291 GT 22 – Literatura e estética da política: a distribuição do sensível na contemporaneidade ................................................................. 299 GT 23 – Literatura, gênero e identidade: erotismo, corpo e seus entornos ...................................................................................................... 314 GT 24 - Literatura infantil e juvenil no centro do debate: produção, recepção e crítica literária ....................................................... 331 GT 25 – Michel Foucault: sujeito e poder ................................................ 344
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GT 26 – Misoginia e apologia da mulher na literatura e no pensamento da idade média ...................................................................... 361 GT 27 – Movimentos migratórios nas literaturas .................................. 379 GT 28 – O círculo de Bakhtin na pesquisa de discursos verbo-voco-visuais ........................................................................................... 381 GT 29 – O português brasileiro: um mosaico linguístico .................... 402 GT 30 – Percepções acerca do processo de ensino/aprendizagem de língua portuguesa: problematizando os métodos e as práticas presentes na aula de português ...................................................................................................... 408 GT 31 – Percursos do sujeito na produção poética contemporânea ................................................................................................ 422 GT 34 – Possibilidades e desafios na atividade docente: compartilhando experiências de ensino ................................................... 437 GT 35 – Variação linguística: uma discussão em prol do ensino de língua portuguesa ........................................................................ 453 Painéis ....................................................................................................................... 465
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APRESENTAÇÃO O Simpósio Nacional de Letras e Linguística (SINALEL) tem por objetivo promover o debate e a divulgação de pesquisas na área de ciências humanas, em especial, no campo de estudos da linguagem e da literatura. Nesta sua quarta edição nacional e terceira internacional, visa à discussão de questões que envolvem linguagem, literatura e ensino, atentando aos desafios e possibilidades. Como um dos principais eventos da área Letras e Linguística no interior de Goiás, enseja momentos de profícuo debate entre pesquisadores, professores e alunos do exterior e de todas as regiões do país sobre o tema proposto para essa edição. Contando com uma elevada quantidade e qualidade de trabalhos a serem apresentados nas conferências, mesasrendondas, grupos de trabalhos e exposição de painéis, que compõe as atividades de programação do evento, o IV SINALEL se mostra mais uma vez um momento muito rico e oportuno para a construção e permuta de conhecimentos à comunidade acadêmico-científica do país e do exterior. Bem como, ainda mostra a seriedade e o engajamento da comissão organizadora, participantes e convidados em discutir os desafios e possibilidades que permeiam a tríade linguagem-literaturaensino. Desejamos a todos e todas um momento dialógico, singular e único na existência acadêmico-científica, de modo que possam desfrutar ricamente dessa oportunidade de debater múltiplas e instigantes questões na área dos estudos linguísticos e literários. A Comissão Editorial
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PROGRAMAÇÃO GERAL Terça-feira - dia 25/08/15 A partir das 09h
Credenciamento
14h às 18h
Comunicações – GT 01 a GT 09
19h30min Local: Auditório Prof. Paulo de Bastos Perillo
Abertura Oficial
20h
Conferência de abertura "Educação literária: desafios para a formação de mediadores e professores de literatura"
Local: Auditório Paulo de Bastos Perillo
Profa. Dra. Ana Margarida Ramos Universidade de Aveiro - Portugal
21h30min Local: Auditório Prof. Paulo Perillo de Bastos
Apresentação cultural “Quarteto de violões Madeira”
Quarta-feira - dia 26/08/15 Mesa redonda "Léxico e ensino: contribuições e possibilidades" 09h Local: Auditório Profa. Lívia Abrahão do Nascimento
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Prof. Dr. Guilherme Fromm (ILEEL/UFU) Profa. Dra. Ivanir Azevedo Delvízio (UNESPRosana/FAPESP) Prof. Dr. Odair Luiz Nadin (UNESPAraraquara/FAPESP) Profa. Dra. Sheila de Carvalho Pereira Gonçalves (UFG/RC)
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14h às 18h
Comunicações – GT 10 a GT 18
19h30min
Mesa redonda "A linguística sistêmico-funcional e análise crítica do discurso na formação de professores"
Local: Auditório Profa. Lívia Abrahão do Nascimento
Profª Dra. Edna Cristina Silva (UnB) Profª. Dra Maria Aparecida Ottoni (UFU) Profª. Dra. Fabíola Aparecida Sartin Dutra Parreira Almeida (UFG/RC)
Quinta-feira - dia 27/08/15 10h Local: Hall do Auditório Prof. Paulo de Bastos Perillo
Mostra de Painéis
14h às 18h
Comunicações – GT 19 a GT 27
19h30min
Mesa redonda “Variação linguística e ensino/aprendizagem de língua portuguesa"
Local: Auditório Profa. Lívia Abrahão do Nascimento
Profa. Dra. Adriana Cristina Cristianini (UFU) Profa. Dra Marlúcia Maria Alves (UFU) Profa. Dra Rita de Cássia da Silva Soares (UNIAN-SP)
21h30min Local: Auditório Profa. Lívia Abrahão do Nascimento
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Apresentação cultural “Enzo Banzo (Músico, compositor, escritor, integrante da banda Porcas Borboletas)”
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Sexta-feira - dia 28/08/15 09h Local: Auditório Profa. Lívia Abrahão do Nascimento
Conferência de encerramento "Pesquisa sobre o Ensino e a Aprendizagem de Línguas Estrangeiras: implicações para a relação com o saber" Prof. Dr. Ernesto Sérgio Bertoldo (UFU/ILEEL/PPGEL)
14 às 18h
Comunicações – GT 28 a GT 35
19h30min
Lançamento de livros
Local: Auditório Prof. Paulo de Bastos Perillo
Coquetel de encerramento
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Apresentação Cultural “Luiz Salgado: cantador do cerrado mineiro”
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RESUMOS
Conferências Educação Literária: desafios para a formação de mediadores e professores de literatura Ana Margarida Ramos (Universidade de Aveiro) Pretende-se proceder a uma reflexão sobre o perfil do mediador de leitura com vista à formação de leitores literários em contexto educativo. Partindo do consenso alargado sobre o relevo individual e social da leitura, em geral, e da leitura literária, em particular, e sobre as possibilidades que abre aos indivíduos, identificam-se os vários contextos de formação de leitores e as competências do mediador de leitura (aplicável ao professor de literatura). Será desenvolvida com especial atenção a questão da educação literária, identificando exemplos de boas práticas com vista à sua promoção. Sabendo que a educação literária tem como objetivo central a formação de leitores capazes de interagir de forma eficaz e produtiva com o texto literário, ativando eficientemente as múltiplas possibilidades de leitura que o enformam, o processo de ensino e aprendizagem da leitura e de mediação leitora desempenha um papel relevantíssimo, sendo o contexto escolar determinante pela universalidade que o caracteriza. Assim, cada vez mais, considera-se determinante que a educação literária é muito mais do que a transmissão de um corpus mais ou menos concreto e delimitado de obras, entendidas enquanto património perpetuável caracterizado por uma certa unidade, sendo colocado o ênfase no relevo da capacidade de leitura e de interpretação enquanto competência mobilizadora de complexas associações. Neste sentido, a literatura, para além de
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todas as suas qualidades ao nível cultural, formativo, é valorizada enquanto dimensão específica da linguagem, discurso cuja especificidade exige competências que têm de ser ensinadas. Complexa e abrangente, a competência literária resulta de um conjunto muito amplo de conhecimentos e dimensões que, perante os estímulos textuais, se ativam e atuam na compreensão, apropriação e fruição do objeto. Entre eles encontram-se as competências linguísticas de vária ordem, conhecimentos sobre o literário, as suas regras, estruturas, sistema e convenções, conhecimentos intertextuais, semióticos, culturais e estratégicos. A sua mobilização simultânea resulta numa das tarefas cognitivamente mais complexa de que há conhecimento, mas também emotiva e humanamente enriquecedora. Vedar o acesso a essa experiência é limitar a existência, para além da liberdade. Entender a leitura literária como um direito e uma urgência (e defender a sua presença assídua e quotidiana na sala de aula) é, estamos em crer, resgatar esse reduto de humanidade, acender a esperança e partilhar um prazer único e raro. Pesquisa sobre o Ensino e a Aprendizagem de Línguas Estrangeiras: implicações para a relação com o saber Ernesto Sérgio Bertoldo (UFU/ILEEL/PPGEL) Essa fala visa a problematizar abordagens de pesquisa que investigam a aprendizagem de línguas, tanto materna quanto estrangeira, para responder ao desafio de compreender porque alguns têm sucesso e aprendem e outros fracassam. Tratamos das mudanças ocorridas nas tendências de pesquisas, tendo em vista a possibilidade de problematizar questões relativas aos estudos sobre o ensino e a aprendizagem de línguas, levando-se em consideração o seu atravessamento por conceitos tanto da Análise de Discurso de orientação peucheutiana, quanto da Psicanálise Freudo-lacaniana. Fazemos um histórico dos principais tipos de pesquisa que, tradicionalmente, constituíram
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as investigações nesse campo. A partir disso, discutimos as implicações, para a relação com o saber, que decorrem dos diferentes tipos de pesquisa levados a termo. Constitui nosso argumento o fato de que quando um campo se deixa atravessar-afetar, pela via de um pesquisador, a maneira de se olhar e, por conseguinte, o ponto de vista sobre o objeto de estudo se desloca; e, ao se deslocar, abre-se a possibilidade de, sobre ele, saber-se algo a mais.
Mesas-Redondas
LÉXICO E ENSINO: contribuições e possibilidades Guilherme Fromm (ILEEL/UFU) Ivanir Azevedo Delvízio (UNESP/ROSANA/FAPESP) Odair Luiz Nadin (FCLAR/UNESP/FAPESP) Sheila de Carvalho Pereira Gonçalves (UFG/RC) Esta proposta de mesa-redonda insere-se nas áreas de Lexicologia/Lexicografia, Terminologia, Terminologia Bilíngue e Linguística de Corpus e centra-se no tratamento do léxico. Nesse contexto, em comum, as pesquisas permitem relacionar as variadas nuances relacionadas ao léxico e ensino, considerando-se suas contribuições e possibilidades. Assim, o projeto intitulado “Corpus de Linguística: compilação colaborativa de corpora para fins terminográficos bilíngues”, desenvolvido na Universidade Federal de Uberlândia, embasado na Teoria Comunicativa da Terminologia (1999), tem como objetivo inicial a composição de um corpus e verbetes bilíngues na área da Linguística (português/inglês), que, será disponibilizado, sem qualquer custo, na internet, por meio da plataforma VoTec (disponível em:
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www.pos.voteconline.com.br). Já o projeto “Terminologia do Turismo de Aventura: busca e análise de termos equivalentes (português-espanhol) do campo Atividades de Aventura”, desenvolvido no âmbito do curso de Turismo da Unesp-Rosana, tem como objetivo final a elaboração de um glossário trilíngue (português-inglês-espanhol) de termos relativos ao Turismo de Aventura. Atualmente conta com a participação de alunos de graduação do curso de Turismo, sendo cada um responsável pela busca dos equivalentes de um subconjunto de termos em um par de línguas (português-espanhol ou português-inglês). Outro projeto inserido nesse contexto é o “Dicionário temático infantil-DTI: criação de um protótipo de software para uso didático”, desenvolvido na Universidade Federal de Goiás, cujo objetivo é criar um protótipo de software de uso didático, especialmente destinados a alunos do 4o e 5o anos do ensino Fundamental. A criação desse protótipo de software tomou por base as informações presentes no Dicionário temático infantil de língua Portuguesa, versão impressa, desenvolvido e concluído em fase de doutoramento, disponível em http://www.athena.biblioteca.unesp.br. A teoria que embasou nossa proposta encontra seus fundamentos na Lexicografia e na Lexicologia. O quarto projeto a ser discutido nessa mesaredonda, intitulado “Lexicografia Pedagógica Bilíngue: elaboração de um protótipo de dicionário português-espanhol para a produção de textos no ensino médio”, visa elaborar um protótipo de dicionário ativo português-espanhol direcionado ao estudante brasileiro do ensino médio. A partir dos princípios teórico-metodológicos da Lexicografia Pedagógica Bilíngue busca-se estabelecer os parâmetros, nos níveis da macro e da microestrutura, para a elaboração de um dicionário que possa ser usado como material didático em sala de aula.
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Variação linguística e ensino/aprendizagem de língua portuguesa Adriana Cristina Cristianini (UFU) Marlúcia Maria Alves (UFU) Rita de Cássia da Silva Soares (UNIAN/SP) É de conhecimento de todos que uma língua natural não se atém a um sistema de signos e leis combinatórias, cujo desígnio único é a comunicação. Uma língua natural se estabelece principalmente como meio do qual se servem os membros de grupos sociais, em suas relações. A língua reflete e refrata os usos dos sujeitos que, por sua vez, estão situados numa história, num espaço social, numa cultura, e que, influenciado por outros discursos, expressam suas preferências, escolhas, opiniões, crenças, valores, ideologias sobre um determinado assunto ou objeto. Os sujeitos de uma comunidade linguística precisam dominar a linguagem para ter uma participação ativa na sociedade. Essa afirmação é explicitada nos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN, documento de referência em discussões curriculares, revisão e elaboração de propostas didáticas para o ensino. Além disso, como objetivo primeiro, os PCN preveem a formação do cidadão. Entende-se que ser cidadão é ter condições de participar social e politicamente, exercendo direitos e deveres, adotando atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças, respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito. Diante disso, esperase que o indivíduo se reconheça capaz de posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes situações sociais. É no conhecimento e no respeito à diversidade cultural/linguística que se abriga o segredo para o desenvolvimento de habilidades necessárias para que o indivíduo possa desempenhar de maneira plena sua cidadania. Ao falar em diversidade, é importante destacar que há uma multiplicidade de facetas a serem consideradas, mas é na Linguística que buscamos a identidade de cada indivíduo,
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comunidade, grupo social. É nesse conjunto de condições de uso da língua, que envolve, simultaneamente, o comportamento linguístico e o social, que se pode refletir sobre as variações linguísticas de uma dada língua. Estudos linguísticos e observações no contexto escolar fornecem subsídios para uma melhor interpretação do caráter multidialetal da língua e para o aprimoramento do ensino-aprendizagem. Acredita-se que cabe ao professor de língua materna o papel principal no ensino das variações linguísticas. Esse sujeito torna-se responsável nesse processo de ensino-aprendizagem quando, de maneira consciente, leciona para a diminuição do preconceito linguístico. Diante do exposto, esta mesa redonda pretende se pautar nos seguintes objetivos: (i) refletir sobre a variação linguística, em especial de aspecto semântico-lexical e fonético/fonológico, no contexto escolar; (ii) analisar criticamente livros didáticos de língua portuguesa, para identificar como e o que, de fato, se estuda com relação à variação linguística; (iii) refletir sobre sugestões de algumas atividades (a serem) trabalhadas em relação ao fenômeno da variação linguística. Em primeiro momento, falar-se-á do ensino da variação diatópica de aspecto semântico-lexical em aulas de Língua Portuguesa no Ensino Fundamental, buscando destacar atividades com atlas linguísticos. Na sequência será abordada a importância de o professor de Língua Portuguesa propiciar condições para seu aluno tenha conhecimento sobre realidade de sua língua materna no que se refere à variação fonológica. A terceira fala tratará de como a variação linguística é apresentada em aulas de Língua Portuguesa para o Ensino Médio, sobretudo que se refere ao livro didático. A linguística sistêmico-funcional e análise crítica do discurso na formação de professores Edna Cristina Silva (UnB) Maria Aparecida Ottoni (UFU) Fabíola Aparecida Sartin Dutra Parreira Almeida (UFG/RC)
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A linguagem vista como um sistema semiótico organizado em diferentes estratos na Linguística Sistêmico-Funcional (LSF) fornece o ponto de apoio necessário à Análise Critica do Discurso (ACD) para investigações acerca das relações entre práticas sociais e discursivas. Do ponto de vista metodológico, a LSF e a ACD compartilham a visão do texto como unidade de análise investigando questões de linguagem nos mais diversos contextos de produção. Esta mesa redonda tem por objetivo agregar trabalhos que valem-se do diálogo entre esses dois aparatos teóricos em pesquisas relacionadas à formação de professores de língua materna e estrangeira no contexto presencial e digital. Os trabalhos focalizam qualquer uma das três metafunções – interpessoal, ideacional ou textual – descrevendo características léxico-gramaticais dos gêneros em questão, levando-se em consideração seus contextos de situação e de cultura. A Linguística Sistêmico-Funcional (LSF) é uma teoria linguística cuja abordagem para a análise de textos é sempre orientada para o seu caráter social (HALLIDAY, 1985, 1994, 2004). O principal foco dessa teoria é estudar como a linguagem atua no contexto social e como a influencia. Ela está, portanto, preocupada em mostrar como a organização da linguagem é relacionada ao seu uso.
Grupos de Trabalhos
GT 1 – A diversidade em estudos de variação e mudança: descrição e interpretação de fenômenos variáveis Coordenação: Maura Alves de Freitas Rocha (UFU) Flávia Freitas de Oliveira - (UFG/RC)
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O presente GT tem como ponto de partida refletir sobre questões da língua e da sociedade ante ao fato da língua ser heterogênea, apresentando variações não apenas sobre o léxico, mas sobre os diversos níveis da linguagem. Independentemente disso, a variação não acontece de modo aleatório, mas obedece também a uma sistematicidade que pode ser observada por meio do estudo considerando fatores da própria estrutura da língua e fatores não linguísticos que têm relação direta com o indivíduo em si. Historicamente, a preocupação com língua e sociedade já existia, pois ao procurar explicações para os processos de mudança que a língua sofre ao decorrer do tempo, Meillet (1926 apud. CALVET, 2002, p.16) observou que toda modificação ocorrida na estrutura social acarretava em uma mudança nas condições pelas quais a linguagem se desenvolvia. Assim, o estudioso concluiu que a história das línguas seria inseparável da história e cultura de uma dada sociedade. Nossas observações não partem da sociedade, como queria Meillet, mas sim da observação dos fatos da língua. Diante disso, o objetivo aqui apresentado é observar, em diferentes subáreas da Linguística, as diversas perspectivas teóricas, que relacionam identidade e práticas de linguagem. Sendo assim, a proposta do Grupo de Trabalho é a de reunir pesquisadores interessados na descrição e interpretação de fenômenos variáveis no português brasileiro discutindo trabalhos que focalizem variação e mudança linguística tanto de uma perspectiva sincrônica quanto diacrônica. Na perspectiva diacrônica, enquadram-se trabalhos de mudança linguística que objetivam explicar fenômenos em determinados estágios das línguas naturais. Na perspectiva sincrônica, buscamos trabalhos embasados nos pressupostos teórico-metodológicos da Sociolinguística com estudos sobre fenômenos linguísticos variáveis que podem ser indicadores de mudança linguística em progresso ou de variação estável, podendo enfocar também comparações interdialetais. Dentro disso, queremos criar um espaço de discussão sobre as diversas
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pesquisas que estudam a constituição e sistematização da variação linguística no português brasileiro. A língua portuguesa empregada na corte: um olhar sobre correspondência de D. Pedro à Domitila de Castro Arlete de Falco (UEG – Câmpus Morrinhos) Propõe-se nesse trabalho uma reflexão sobre a língua portuguesa empregada no Brasil no início do séc. XIX, contrapondo a linguagem empregada na Corte com a linguagem oficial da época. Conquanto sejam tomadas na maioria das vezes como equivalentes, alguns autores atuais fazem uma distinção entre norma padrão e norma culta. Para esses teóricos, a norma culta, ainda que seja também representativa da comunidade letrada, é mais maleável e aberta a inovações determinadas. Por seu turno, a norma padrão é a forma mais rigorosa e controladora, atuando de forma centrípeta no bojo das forças centrífugas que impulsionam variações no interior de toda língua. Como forma abstrata e transtemporal, a norma padrão controla a comunidade linguística, cerceando variação e controlando mudança. Nesse contexto, lança-se o olhar sobre 94 cartas do imperador D. Pedro I à Domitila de Castro, descobertas recentemente, cuja linguagem constitutiva suscitou algumas perguntas que norteiam esse trabalho: Há diferenças significativas entre a linguagem utilizada nessas cartas e a linguagem atual? Em que aspectos se encontrariam marcas mais distintas? Na linguagem empregada por D. Pedro registram- se diferenças significativas entre a norma culta e a norma padrão da época? Como nobre português, D. Pedro é representante da norma padrão. Porém, o fato de serem textos direcionados a uma amante suscitam também a hipótese de que, na escritura das cartas, tenha ocorrido uma perda de monitoramento por parte de seu autor, o que o afastaria da norma padrão. Caso essa hipótese se confirme, nos
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perguntamos: em que aspectos ocorreriam essas divergências da norma padrão? Esse trabalho objetiva proceder à análise dessas duas amostras de linguagem, buscando identificar aproximações e/ou afastamentos da norma padrão vigente à época. Para tanto utilizam-se as cartas da correspondência particular de D. Pedro I à Domitila de Castro, as quais são confrontadas com documentos oficiais da época, mais especificamente, reportagens extraídas de jornais. Para tanto, utilizam-se textos extraídos do jornal Província de Goyas – Matutina Meyapontense, em edições publicadas entre os anos de 1829 a 1830, pertencentes ao acervo da AGEPEL – Goiás. O tabu linguístico observado na variação dos xingamentos/palavrões Flávia Freitas de Oliveira (UFG/RC - UFU) Este trabalho é resultado de uma disciplina de Núcleo Livre intitulada Variação Linguística, ministrada na UFG/Regional Catalão. Como proposta final, criamos uma lista junto a três grupos de alunos de possíveis xingamentos e palavrões diante da hipótese de que os xingamentos também variam, e devido ao tabu linguístico, o falante escolhe variantes lexicais, que denominamos neste trabalho de variantes “abrandadas” como em safado x vagabundo ou gay x boiola. Orsi (2011, p.345) afirma que existe certo receio em se adotar algumas lexias “seja pelo que possam atrair na memória ou pelo medo da imitação, seja pelo pudor social”. Por isso, parece prudente modificar a variante selecionada, garantindo uma “proteção” e sendo mais bem aceito socialmente, já que nem tudo pode ser dito, principalmente por ser considerado de natureza chula, errônea, pecaminosa. Assim, com o suporte de um questionário, seguindo o modelo teórico metodológico da sociolinguística variacionista, alcançamos dois importantes fatores extralinguísticos que auxiliam na variação - o perfil do informante, normalmente
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religioso - que fala menos palavrões e a distinção factual entre xingamento e palavrão conforme o próprio julgamento de valores sociocultural do informante. Letramento: uma prática interescolar Maria Gorete de Araújo No ensino da língua portuguesa, o professor se depara com situações específicas, para as quais necessita, além de conhecimento teórico, habilidade para lidar com a diversidade que se apresenta por meio da linguagem escrita. A língua é um organismo vivo, dinâmico, o que implica, naturalmente, modificações em variados níveis, seja ele morfológico, seja sintático, seja fonológico. E, em um país com tantos exemplos de usos do idioma, a tarefa de formalizar o uso da norma estabelecida constitui um desafio para a escola. Essa instituição ainda engatinha na descoberta de mecanismos satisfatórios – para ambas as partes – a fim de que o ensino- aprendizagem acontece sem promover sofrimentos nem angústias para ambas as partes. Cada escola possui uma realidade diferente da outra, gerada por inúmeros fatores de ordem tanto econômica quanto social. O grupo de alunos que compõem uma sala é bastante miscigenado e, nessa mescla, não há como se ignorar o caráter plural do idioma e do grupo que o utiliza. Desenvolver atividades que promovam oportunidades de troca de experiências e enriquecimento linguístico representa excelente oportunidade de troca, de expansão e de reconhecimento de outras vozes. No Distrito Federal, em escola pública do Plano Piloto, em uma turma do oitavo ano, foi desenvolvido trabalho com “narrativa memorialista”. Ao longo de um bimestre, foi explorado o conhecimento prévio do aluno, foram apresentados exemplos de textos orais e escritos em que se identificava o gênero, apresentaram-se as características e as formas sob as quais ele poderia ser representado. Além da exploração dos elementos constituintes desse tipo de texto,
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analisou-se a linguagem empregada, considerando-se a finalidade, o público alvo e o veículo em que será divulgado. Após a leitura oral e o conhecimento da natureza desses textos, passou-se à segunda etapa do processo: a produção de textos escritos. Deu-se prioridade à pagina de diário e à autobiografia, de forma que fosse possível ter acesso, também, a conhecimentos de certas particularidades da vida pessoal do aluno. Procedeu-se à leitura oral de alguns textos e à consequente análise desses textos. Foram identificadas marcas de linguagem que caracterizassem o regionalismo, a variação fundamentada na fonologia e demais aspectos que se destacaram no contexto. Para culminância dessa etapa, foi proposto para a turma que se escrevesse um relato de memória, de algum evento marcante do passado de cada um – uma viagem, uma festa de aniversário, um namoro, uma visita – sob a forma de história em quadrinhos. Dessa forma, a intenção era construir a intergenericidade, tão marcante na análise de determinado gênero. Além disso, aliou-se o emprego da linguagem verbal e da não verbal, constituindo um todo uniforme e significativo. Após a execução dessa tarefa, elaborada conforme instruções estabelecidas, o produto final foi entregue ao professor. Dentre elas, foram selecionadas cinco, as quais estivessem em consonância com a proposta e encaminhadas para uma professora de uma escola pública do município de Valparaíso, no estado de Goiás. Em uma das aulas, essa professora usou, como texto motivador, uma das histórias em quadrinhos produzidas pelos outros estudantes da escola de Brasília. Feita a leitura, a análise e a interpretação dessa história, coube aos alunos goianos a missão de escrever uma carta do leitor para o autor dos quadrinhos, na qual se comentava o conteúdo abordado, a parte visual e gráfica, a sequenciação dos fatos, o uso dos recursos, como linhas cinéticas, onomatopeias, balões diversificados... As cartas foram encaminhadas para o destinatário, por intermédio das duas professoras, e lidas. Depois todas elas foram expostas em um mural e comentadas em sala. Dessa forma, houve uma
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excelente oportunidade de um grupo social conhecer o outro, sob o ponto de vista da linguagem. Foi possível levantar hipóteses e construir um cenário mental de cada grupo responsável pela produção de determinado texto. Depois dessas etapas, cada professora redigiu um texto em que era comentada a experiência, observando-se, principalmente, as expectativas e as reações de cada ao grupo em relação ao outro. O produto final foi a confecção de um jornal com oito páginas, nas quais foram publicados os textos das professoras, as histórias em quadrinhos e as cartas do leitor selecionadas. Acrescentou-se, a essa estrutura, outros textos relacionados a essa prática interescolar, como espaço para a publicação de textos de outras naturezas. Com essa atividade, pôde-se comprovar a eficácia da troca de experiências entre professores e alunos de escolas diferentes, de localidades diferentes e de realidades sociais e econômicas diferentes. Trata-se, aqui, de comprovar que o trabalho em equipe, bem elaborado e aplicado com eficiência produz ótimos resultados e promove a interação por meio da linguagem. Por essa razão, pretende-se apresentar a dinâmica do funcionamento de uma atividade que trouxe resultados extremamente positivos e que poderiam ser compartilhados com outros profissionais da área. A relevância do aspecto verbal em fenômenos discursivo- pragmáticos Marília Vieira (USP/ UEG) De acordo com a proposta de Castilho (1984), o aspecto verbal, contemplado em quatro de suas dimensões – iterativa, perfectiva, imperfectiva e indeterminada - é investigado como variável de grande influência para o uso variável de três sequenciadores discursivos no domínio discursivo da causalidade: aí, daí e então. As análises foram realizadas a partir de um córpus de Campo Grande, onde foram gravadas 48 entrevistas, e um de São Paulo, com o mesmo número de
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gravações. A constituição do envelope de variação ampara-se nos postulados de Traugott e Heine (1991), que descrevem a gramaticalização de operadores argumentativos. Elementos como aí, daí e então teriam percorrido o trajeto espaço > (tempo) > texto. Nesse último estágio, combinam orações, realçam a anaforicidade e reforçam, intra ou interoracionalmente, a noção de causa. Para Traugott e Heine (1991), no processo dêitico-textual, ocorre transferência do contexto situacional externo ou referencial para o contexto discursivo interno, que resulta do conhecimento compartilhado por falante e ouvinte. É nesse sentido que este trabalho pretende demonstrar, nos termos da Sociolinguística Variacionista (Labov, 2001) e de teorias sobre gramaticalização (Givón, 1995), que a intercambialidade de aí, daí e então em construções como: “ele demorou um pouquinho mais pra sair do carro aí/daí/então a gente ficou com medo deles levarem eh ele junto”, típicas do domínio referencial da causalidade (Sweetser, 1991), sofrem influência do aspecto verbal, uma variável estrutural aprioristicamente inusitada. Além disso, atentando para a existência de correlações entre os sequenciadores e fatores estruturais e sociais, as análises quantitativas do Rbrul (Hornik, 2011) ajudarão a levantar evidências sobre o encaixamento social das formas gramaticalizadas. Nas capitais estudadas, diferentes variáveis, linguísticas e sociais - tais como sequência discursiva, escolaridade e faixa etária - são relevantes para a seleção de cada uma das formas em estudo, mas, em ambas as cidades, o ponto convergente da análise é o aspecto do verbo. GT 2 - A linguística sistêmico-funcional e a análise de discurso crítica: possibilidades de investigação Coordenação: Fabíola Dutra Parreira Almeida (UFG/RC) Maria Aparecida Resende Ottoni (UFU)
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A Linguística Sistêmico-Funcional (LSF) é uma teoria linguística cuja abordagem para a análise de textos é sempre orientada para o seu caráter social (HALLIDAY, 1985, 1994, 2004). O principal foco dessa teoria é estudar como a linguagem atua no contexto social e como o mesmo a influencia. Ela é, portanto, preocupada em mostrar como a organização da linguagem é relacionada ao seu uso. Em suas diferentes obras, Fairclough tem procurado estabelecer um diálogo cada vez mais estreito entre a Análise de Discurso Crítica e a Linguística Sistêmico Funcional. Chouliaraki e Fairclough (1999) focalizam a LSF como a teoria linguística mais próxima das perspectivas da pesquisa da crítica social. Eles acreditam que a ADC pode ganhar muito se estender sua relação com a LSF, não só em termos de usar a LSF como um recurso para análise, mas também em direção a um diálogo teórico sobre questões como: a relação da semiótica com a mudança social e a natureza do que os sistemicistas chamam ‘semológica’ – o poder gerador da semiótica (CHOULIARAKI; FAIRCLOUGH, 1999, p. 139). Eles argumentam que a ADC e a LSF podem ser complementares. Levando em conta a produtividade dessas duas perspectivas teóricas é que propomos este grupo de trabalho, o qual objetiva reunir pesquisadores/as com produção baseada na LSF e/ou na ADC bem como em teorias construídas a partir dessas, como a Gramática do Design Visual (KRESS; VAN LEEUWEN, 1996, 2000), a teoria da avaliatividade (MARTIN; WHITE, 2005). Este GT pretende propiciar um espaço para socialização e discussão de dificuldades enfrentadas no desenvolvimento de estudos com base nessas perspectivas teóricas e das potencialidades desses estudos. Acreditamos que essa troca de experiências poderá contribuir para uma reflexão acerca dos gêneros e dos discursos que circulam na sociedade, das identidades construídas neles e por eles e da relação entre linguagem e sociedade.
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Desafios em sala de aula: é possível superar a abordagem feijão com arroz do livro didático? Alessandro Borges Tatagiba (Inep/UnB/SEDF) Denise Elena Garcia da Silva (UnB) Edna Cristina Muniz da Silva (UnB) Este trabalho possui por objetivo analisar as possibilidades de abordagens críticas para os gêneros textuais veiculados em livros do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Dentre as possibilidades de abordagem críticas para o ensino da leitura em diversos gêneros textuais, este estudo parte da seguinte questão problema: as atividades de leitura propostas nos livros didáticos explicitam ou propiciam uma reflexão discursiva crítica? Essa questão possui relevância para o ensino, sobretudo, numa perspectiva em que se considera a exterioridade da língua, discursos, e a interioridade, gramática. Com base na metodologia qualitativa para análise de textos, o corpus se constitui de recorte de pesquisa (Tatagiba, 2014) realizada no âmbito de mestrado acadêmico do Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade de Brasília (PPGL/UnB). Os procedimentos de pesquisa passam pela seleção e organização de diferentes gêneros textuais presentes em um livro didático do ensino fundamental da modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA) do PNLD. O aporte teórico considera os estudos críticos da linguagem Hodge e Gunther (1979); Wodak (1985); Fairclough (2001, 2003); Chouliaraki e Fairclough (1999) a base analítico-teórica da Linguística Sistêmico-Funcional em Halliday (2014), Silva (2005) em diálogo com as teorias de letramentos e gêneros Christie (2004), Silva (2007, 2013) e com as de textos Multissemióticos Kress e Van Leeuwen (2001, 2006). Entre os resultados obtidos, as análises evidenciam a ocorrência de abordagens críticas para o ensino de leitura, ainda que de forma fragmentada. Isso representa uma possibilidade para o professor selecionar textos
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de diferentes gêneros e formas de registro e, assim, promover leituras críticas mais ricas e profundas dos diferentes textos. Por outro lado, o chamado Livro do Professor pode ser aprimorado tendo em vista que as propostas de leitura podem vir a promover o diálogo crítico sobre os textos Multissemióticos, utilizados ainda como mero pano de fundo para a abordagem da linguagem verbal. A constituição teórico-metodológica da análise crítica de gêneros: influências da ADC e da LSF Amanda Oliveira Rechetnicou (UEG) Sostenes Lima (UEG) Este trabalho tem como objetivo discutir sobre as concepções teórico-metodológicas da ADC (Análise de Discurso Crítica) e da LSF (Linguística Sistêmico-Funcional) na constituição de uma perspectiva crítica de análise de gêneros discursivos. Mais precisamente, apresentamos uma discussão sobre o enquadre teórico-analítico da Análise Crítica de Gêneros (ACG), tomando como base os estudos que propõem a intersecção entre a perspectiva sociorretórica de análise de gêneros e as perspectivas críticas de estudo de linguagem e discurso. Em primeira instância, a discussão apresenta as concepções teóricas em torno da noção de gênero que contribuem para fundamentar a ACG. Em seguida, discutimos como as categorias de análise da ADC e da LSF são potenciais para o estudo crítico das relações genéricas nas práticas sociais. O trabalho discute as categorias da ADC, associadas aos significados do discurso – o significado acional, o significado representacional e o significado identificacional –, considerando o papel dos gêneros nas (inter)ações sociais, na legitimação de discursos e de modos de identificação particulares. Com base nessa perspectiva, a ACG parte da análise de práticas sociais desiguais a partir de representações, ações e identidades que podem ser investigadas em gêneros (BONINI, 2012) e, com
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isso, busca investigar modos e estratégias de operação de sentidos ideológicos na constituição de gêneros. Também consideramos os procedimentos analíticos com base na LSF importantes para compreensão da relação entre gêneros e o contexto de cultura, o que implica compreender como as pessoas usam a linguagem para atingir propósitos sociodiscursivos particulares. O campo teórico interdisciplinar da ACG abre possibilidades para uma multiplicidade de procedimentos investigativos, os quais permitem analisar aspectos discursivos e sentidos ideológicos na configuração de gêneros contextualmente situados. Nesse sentido, a ACG busca apontar caminhos possíveis para a superação de problemas sociais ou para a promoção de práticas de resistência, nas quais sujeitos podem se engajar em práticas discursivas de embate aos posicionamentos e representações sustentados por instituições particulares. Análise sistêmico-funcional em b logs para professores de português Carlos Henrique Alves Vieira (UFG – RC) Fabíola Dutra Parreira Almeida (UFG – RC) Este resumo tem como objetivo demonstrar como será realizada, teoricamente, a construção da dissertação de mestrado do presente autor. Esta pesquisa será fundamentada nas concepções de linguagem da Gramática SistêmicoFuncional de Halliday (GSF) e de seus seguidores e nas perspectivas teóricas de gênero de Martin, também com aporte nas teorias da mesma gramática. O objetivo maior desse estudo é entender globalmente o processo de interação que está presente nos blogs que fomentam o ensino de língua materna, aqueles criados com o intuito de dar suporte metodológico aos professores de português no Brasil. Para tal proposição, serão analisados esses canais interativos primeiramente pela concepção de gênero de Martin, a qual diz que toda
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comunicação é proposta com uma finalidade específica, isto é, a interação é constituída por finalidades ou categorias, gêneros textuais, que têm o seu conceito abrangido quando são afetados por fatores externos e modificadores da comunicação, como é o caso da tecnologia digital, das mídias digitais, que são melhor conhecidas por gêneros digitais. O blog, evidentemente, está inserido nesse contexto e o seu uso como canal de ensino de língua é muito abrangente e necessita, pois, de uma investigação em sua forma genérica e linguística. A forma genérica será estudada à luz das teorias mais notáveis de gêneros digitais, especialmente no que diz a Linguística Sistêmico- Funcional e sua posição sobre tal assunto, mais precisamente o entendimento de Martin. Quanto à análise linguística, a base será o Sistema de Transitividade da GSF e a função Ideacional, que permitirão analisar os tipos de processos envolvidos, como são utilizados, para que finalidade são escolhidos pelos participantes envolvidos (blogueiros e usuários) e que efeitos produzem nessa interação. Assim, será possível identificar, por exemplo, se há discussões relevantes para o ensino de língua, se os blogs contribuem efetivamente como suporte metodológico para os professores de português em seu dia a dia de prática de ensino e assim por diante. Desdobramentos possíveis entre a linguística sistêmicofuncional, a análise de discurso crítica e a gramática do design visual Claudênia de Paula Lemos (UFC) A partir da LSF, outros estudos foram desenvolvidos e ampliaram as teorias lançadas por Halliday (1994) sobre o uso da língua e sua conexão com a sociedade. Assim, (re)visitamos em nosso estudo duas abordagens baseadas na LSF a fim de demonstrar como esse campo de estudo tem evoluído e como essas teorias tem contribuído para entender o
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caráter dialético intrínseco nas relações estabelecidas entre linguagem e sociedade. Desse modo, pretendemos esboçar a proposta da linguística sistêmico-funcional (LSF) de Halliday (1994) e seus desdobramentos para outras abordagens linguísticas contemporâneas, apresentando as adaptações realizadas pelos teóricos da Análise de Discurso Crítica (ADC) e da Gramática do D e sign Visual (GDV) no que tange as metafunções da linguagem identificadas na LSF. O ensino do gênero do discurso histórias em quadrinhos em uma visão funcionalista: uma proposta de produção de mangá digital sob o viés da gramática do design visual Conceição Maria Alves de Araújo Guisardi (PROFLETRAS/UFU) Maria Aparecida Resende Ottoni (PROFLETRAS/UFU) O presente trabalho tem como objetivo apresentar uma proposta didática de ensino do gênero do discurso histórias em quadrinhos, ancorada na Gramática do Design visual (GDV). A GDV, teoria da obra “Reading Images: the grammar of visual design”, de autoria de Kress e van Leeuwen ([1996]2006), segue o pensamento funcionalista da Linguística Sistêmico-Funcional de Halliday (1985/1994); Halliday e Matthiessen (2004) e tem atraído bastante o interesse de pesquisadores para sustentação de análises de gêneros multimodais. A necessidade da pesquisa surgiu do cenário de exposição do estudante às tecnologias, contribuindo para o acesso constante a gêneros multimodais. Pensando assim, apresentamos uma proposta de produção de histórias em quadrinhos digital, mas especificamente de mangá, a partir da análise de um exemplar da Turma da Mônica Jovem. O mangá é história em quadrinhos japonesa e constitui-se em uma narrativa icônico-verbal e hoje, várias histórias, inclusive brasileiras,
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aparecem em formas de mangás, provocando uma mistura da cultura oriental com a ocidental. Para a nossa proposta, apoiamo-nos em pressupostos teóricos de Halliday (1985/1994); Halliday e Matthiessen (2004) e em Kress; Van Leeuwen (1989; 2006 [1996]), principalmente. Escolhemos os mangás por serem muito apreciados pelos estudantes, e, por suas histórias circularem bastante entre eles, devido à facilidade de acesso, tanto na versão impressa quanto na versão digital, disponibilizadas em sites. Para produção dos mangás digitais, utilizamos o programa Pixton, licença escola. A proposta, que focaliza a atuação conjunta de imagem e dos recursos verbais na construção de sentidos, foi aplicada para estudantes do 9° ano, ensino fundamental, de uma escola pública do Distrito Federal. Em nosso estudo, enfatizamos as seguintes significados: representacional (metafunção ideacional), a fim de explorarmos os processos narrativos e conceituais e o composicional (metafunção textual) para explorarmos o valor informacional real/ideal; centro/margem da imagem e a saliência. Os resultados mostram a potencialidade de se trabalhar com gênero multimodal em sala de aula e as atividades desenvolvidas apontaram que trabalhar com histórias em quadrinhos - mangásproporciona a observação dos contornos sociais, culturais e históricos, os quais emergem da potencialidade da imagem, do som, do movimento, do verbal e de suas manifestações de sentido. Uma análise dos elementos léxico-gramaticais de atitude (avaliatividade) em blogs de professores de línguas Fabíola Aparecida Sartin Dutra Parreira Almeida (UFG-RC) Esta comunicação tem como objetivo apresentar análises dos elementos léxico-gramaticais avaliativos, especificamente de
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atitude, em blogs informativos de professores de Língua Inglesa e Língua Portuguesa, a fim de relacioná-los com questões de ensino de línguas presentes nos blogs. O Blog pode ser considerado por muitos uma ferramenta interativa com peculiaridades técnicas consideradas pedagógicas, dada a sua capacidade para facilitar o letramento digital. Suas características criam um excelente contexto de comunicação mediada por computador (CMC) para expressão individual e interações colaborativas no formato de narrativas e diálogos - atividades humanas ligadas ao uso social da linguagem. Os blogs foram criados como um modo de compartilhar informações de interesse com três características primárias: eram cronologicamente organizados, continham links para sites de interesse na internet e ofereciam comentários acerca dos links (Miller, 2012). Para tanto, valemo-nos dos pressupostos teóricos da Linguística Sistêmico-Funcional de Halliday (1994), Halliday e Matthiessen (2004), bem como no Sistema de Avaliatividade (Appraisal System), Martin e Rose (2003/2007) e Martin e White (2005). Os dados foram coletados em blogs de professores de língua inglesa e de língua portuguesa. Tomando o registro escrito dos blogs como objeto de análise, centralizado nas escolhas de atitude como realizações semânticas de falantes/escritores e seus interlocutores destacam-se as perguntas: (a) O que é avaliado nos blogs de professores de línguas? (b) Que aspectos são considerados nas avaliações? e (c) Quais são as respostas de solidariedade de seus interlocutores? A análise teve como ponto de partida a organização e categorização dos dados/exemplos extraídos do corpus, contemplando as realizações linguísticas de ‘atitude’, do tipo ‘afeto’, ‘julgamento’ e ‘apreciação’, assim dispostas: (a) Fala do professor (a) autor (a) do blog e de professores/pesquisadores entrevistados e (b) Fala dos visitantes /participantes dos blogs. Os dados revelaram que os participantes, em sua maioria, realizaram atitude positiva em relação ao ensino de línguas e à inserção da tecnologia na
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sala de aula, mesmo diante da falta de políticas de formação docente com foco na prática tecnológica. O blog "clube do livro": uma análise sistêmicofuncional Fernanda Gurgel Prefeito (UFG/RC) Fabíola Aparecida Sartin Dutra Parreira Almeida (UFG/RC) Ultimamente com o aumento da tecnologia os jovens vêm deixando de lado o contato com a leitura de livros, e é nesse aspecto que este estudo tem como objetivo a analise léxicogramatical do sistema de Avaliatividade existente no blog “Clube do Livro”, em que são postadas semanalmente resenhas escritas e em vídeos, abordando livros contemporâneos nacionais e internacionais de diversos temas. Este blog está inserido no site da revista Capricho (destinada ao público adolescente), escrito e gerenciado por Thiago Theodoro que também é o editor da revista. O blog é um gênero que não possui fronteiras, é gratuito, de fácil disseminação de informações e que torna simples a comunicação. E neste espaço interativo online a leitura de determinados romances é instigada. Assim, nessa análise foram destacadas as categorias de atitude, tais como, apreciação, julgamento e afeto presentes nas resenhas tanto nos escritos como nos vídeos, que foram transcritos. Esse estudo está inserido no projeto Avaliatividade, Discurso e Ensino desenvolvido na Universidade Federal de Goiás – Regional Catalão. A fundamentação teórica dessa pesquisa centra-se nos pressupostos teóricos- metodológicos da Linguística Sistêmico-Funcional (Halliday, 1994/2004), focando o sistema de Avaliatividade –Appraisal System- (Martin e White, 2005), especialmente o subsistema de atitude. O sistema de Avaliatividade contempla os significados interpessoais utilizados pelos falantes/escritores para negociar emoções, julgamentos e avaliações, sob três domínios interacionais, ou subsistemas: Atitude (Attitude), Engajamento (Engagement) e
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Graduação (Graduation). A expressão de atitude, que foi explorada neste trabalho, não é apenas um comentário sobre o mundo e sim uma postura interpessoal do falante/escritor cujo objetivo é obter uma resposta de solidariedade do seu interlocutor (Martin, 2000). Neste caso o autor do blog (falante/escritor) utiliza de nominalizações em suas resenhas escritas e visuais para atrair os jovens e quem acessa seu blog (interlocutor) na leitura do livro recomendado. Dessa forma os resultados obtidos indicam a utilização de nominalizações e processos mentais de afeto, favorecendo a curiosidade e o interesse pela leitura dos livros apresentados pelo blogueiro, devido a avaliação positiva de Thiago perante os livros. Análise da avaliatividade nas redações do Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM Iana Maria Silva Quintino Quirino O texto dissertativo é, na realidade, um texto dissertativoargumentativo, pois, como diz Koch (1987), a interação social por intermédio da língua caracteriza-se, fundamentalmente, pela argumentatividade. A dificuldade de comunicação escrita do aluno, em especial, nesse sentido, da redação do texto argumentativo, esteve sempre presente no discurso de professores e pesquisadores da área da educação. Eggins (1994), de sua posição de sistemicista, afirma que a coerência de um texto repousa em dois fatores: a adequação ao gênero, que envolve a estrutura esquemática (ou de gênero) com seus estágios e finalidades e a adequação ao registro linguístico, que deve respeitar as variáveis de campo (assunto), relações (os interlocutores envolvidos) e modo (como a língua organiza esses elementos). Lopes-Rossi (2002) enfatiza que o aluno deve conhecer as condições de produção e de circulação, bem como as características típicas do gênero abordado, para agir como um sujeito ativo na produção de textos, ao observar
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a adequação do vocabulário, a utilização dos recursos linguísticos e a escolha de informações adequadas ao propósito do texto. O objetivo desta comunicação é apresentar uma análise dos elementos léxico-gramaticais avaliativos presentes nas produções de textos escritos, principalmente o texto dissertativo-argumentativo, de exigência no Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM. Assim, a pesquisa deverá responder às seguintes perguntas: (a) Como se configura a estrutura de gênero nas redações examinadas? (b) Como se apresenta a linguagem dessas redações? Para tanto, terá como suporte teórico os estudiosos da Gramática sistêmico-funcional (Halliday, 1994), mas especificamente, o sistema de avaliatividade proposto por Martin (1992), Martin e White (2005). Os dados serão coletados a partir das redações do Enem que obtiveram as melhores notas do exame em 2014. Esse corpus está disponibilizado na internet. Serão analisadas 10 redações e destacados os elementos léxico-gramaticais de atitude, a fim de observar que tipos de resposta de solidariedade os autores esperam em seus textos. Trata-se de uma pesquisa em andamento, os resultados preliminares apontam para a categoria de julgamento. Este estudo vale-se da análise do discurso de base sistêmico-funcional para discutir questões de produção textual nas redações do Enem. Língua, mídia e preconceito – uma análise dos manuais da norma culta nos referenciais teóricos do professor de língua portuguesa e a visão do aluno de ensino médio Josicarla Gomes de Mendonça (UnB) Esta pesquisa trata da influência que os manuais de norma culta exercem sobre os referenciais teóricos do professor de língua portuguesa na visão do aluno de ensino médio. A influência da mídia sobre a escola e sobre
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a sociedade no que concerne a língua/ fala, traz implícito o preconceito social e econômico com que a classe, ainda, dominante vê a língua (POSSENTI, 2009). O objetivo desse trabalho foi compreender a visão do aluno frente ao ensino da norma padrão; Identificar os meios de ensino e aprendizagem da gramática normativa nas escolas de ensino médio. A escola é a responsável por ensinar a variedade padrão da língua aos seus alunos, mas embora esse ensino da forma sistêmica da gramática prescritiva da língua deva ser ensinado, devem-se levar em consideração as sequências gramaticais internalizadas que o aluno faz em seu cotidiano. A gramática normativa ou prescritiva como também é conhecida é o tipo de gramática mais explorada e utilizada no ambiente escolar. As acepções de gramática como sinônimo de bem falar, escrever, do correto e de domínio reduzem o ensino da língua a uma única vertente de aprendizado: norma padrão pela norma padrão. Essa gramática é reunida em materiais pedagógicos com o intuito de fazer com que seus leitores aprendam a falar e escrever corretamente, visto que reúne um conjunto de regras relativamente explicitas e relativamente coerentes a fim de que produza como efeito o uso da variedade padrão- oral e escrita. O ensino da gramática normativa é pautado em nomenclaturas e regras, que em muitos casos não funcionam. Para que a norma culta da língua seja compreendida e assimilada é necessário que a educação seja direcionada à vida do aluno para que então a aplicabilidade seja identificada. Essa pesquisa é bibliográfica de cunho qualitativo, tendo a Análise de Discurso Crítica (FAIRCLOUGH, 2001) como estratégia de interpretação dos dados que foram coletados por meio de questionário contendo quatro perguntas dissertativas aplicadas aos alunos de uma escola pública do Distrito Federal. O resultado da pesquisa evidenciou que os alunos estão com dificuldade de escrita, apesar de a aula de português estar voltada para o ensino estruturalista e de regras gramaticais
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que não são assimiladas. Cabe ressaltar que os alunos pesquisados fazem parte do 2º ano do ensino médio e que deveriam dominar regras- conhecimento- básicas de estruturação, concordância e ortografia. Corpus bilíngue: a representação de portadores de necessidades especiais Kênia Mendonça Diniz (UFU) Ariel Novodvorski (UFU) A presente pesquisa ampara-se na Análise Crítica do Discurso (ACD), cujo foco central foi a teoria da Representação de Atores Sociais proposta por Theo van Leeuwen (1996; 2008), por meio da aplicação de um conjunto de categorias sóciosemânticas postuladas por esse autor, com subsídios da Linguística de Corpus (LC). A meta central desta pesquisa consiste em mostrar como foi construída para a sociedade, em termos contrastivos, a figura do portador de necessidades especiais e/ou deficiente, perante um quadro contextual de inclusão escolar, num corpus jornalístico do Brasil e da Argentina, envolvendo o par linguístico português e espanhol. Para a sua realização, após a compilação aleatória de textos jornalísticos tanto brasileiros como argentinos, foram eleitas três notícias de jornais, sendo uma do Brasil e duas da Argentina; todas em formato eletrônico e de livre veiculação na internet. A escolha dos textos seguiu os parâmetros: datas de publicações próximas e quantidade aproximada do número de palavras em português e espanhol. Os passos que se seguiram foram: escolha das categorias, etiquetamento dos textos eleitos, uso do programa WordSmithTools – Ferramenta Concord, quantificação de todas as ocorrências para cada uma das (sub) categorias adotadas, seleção de exemplos e, por fim, análise qualitativa dos dados. Por meio da análise, foi possível evidenciar diferenças na representação dos atores
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sociais envolvidos, nos textos analisados que trataram sobre a inclusão dos deficientes/portadores de necessidades especiais na escola. Nesse sentido, podemos constatar que no texto em português houve mais inclusão por ativação para os seguintes atores sociais: preconceituosos, escola e família. Já nos demais, deficientes e outros, os textos em espanhol foram mais recorrentes nesse aspecto. Em relação à inclusão por apassivação, notamos que, no corpus em português, todos os atores sociais foram mais recorrentes, se comparados à representação observada no corpus em espanhol. Enfim, pode-se afirmar que apesar das características de pequena dimensão do corpus escolhido, ele nos possibilitou chegar a conclusões específicas, por meio da análise das categorias sócio-semânticas escolhidas, enfocando nos seguintes denominadores comuns: preconceituosos, escola, família, deficientes e outros. A produção de texto no livro didático ser protagonista: uma análise sistêmico-funcional Marilda Lúcia Miranda (UFG-RC) O desenvolvimento da leitura e escrita pelos estudantes da educação básica sempre foi um desafio para a comunidade escolar, principalmente para os professores de língua portuguesa. E desde que se tornou um instrumento importante para a condição das aulas, tanto no ensino médio como no fundamental, o livro didático, tem sido discutido, avaliado positivamente ou criticado, e continuamente tentam aprimorálo conforme as políticas educacionais. Pensando, na problemática que envolve o aluno da terceira série do ensino médio, que não consegue entender comandos de atividades no final de uma etapa escolar, propomos analisar as atividades de produção de texto no livro didático “Ser Protagonista” de português, destinados aos alunos da rede pública regional. A intenção do estudo é analisar, questionar, refletir sobre as
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atividades propostas na unidade de produção de texto considerando as direções de estudo da língua portuguesa indicada pelos documentos institucionais PCNs, PPP, PDE. “O “corpus” de análise é constituído por quatro gêneros textuais diferentes com orientações de atividades diversificadas. Apresenta gênero narrativo com destaque para o conto psicológico, relato, o expositivo e o argumentativo. Em cada texto apresentado, há atividades de estruturalmente textual e de produção textual. A linguística sistêmico-funcional será a base teórica do estudo. Nesta teoria, “a linguagem é vista como um recurso para dar significado às coisas e envolvida nos processos pelos quais os seres humanos negociam, constroem e modificam a natureza da experiência social”. E, por ser carregada de significado, a linguagem incorpora ideologias, valores e diferenças culturais dentro de uma determinada sociedade. (HALLIDAY, HASAN, l989 – l994). A Linguística sistêmico-funcional diferencia-se da concepção tradicional de linguagem porque vincula a língua no contexto de uso do sujeito falante, procura revelar como uma linguagem é usada. Nesta teoria, HALLIDAY (1994) apresenta as metafunções ao relacionar as variáveis de registro dentro do contexto de situação, são elas: ideacional, interpessoal e textual. Essas metafunções representam as possibilidades de opções semântico-linguísticas que o usuário da língua pode escolher para realizar as funções de ação e informação numa situação de troca de comunicação. A metafunção ideacional – expressa a experiência exterior ou interior do falante. Está ligada a experiência. A interpessoal – expressa a interação entre pessoas, as atitudes, avaliações, julgamentos e a textual que expressa os outros dois tipos de significados através do modo como o texto é organizado, corresponde à oração, a mensagem (HALLIDAY, 2005 p 198-199). Esse estudo está centrado na metafunção interpessoal, já que os dados a seres analisados no Corpus são as atividades propostas no livro didático. Pretendemos compreender como o livro didático propõe mecanismos de aprimoramento linguístico – discursivo para o aluno por meio
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de atividades propostas e identificar quais os elementos léxicogramaticais utilizados nos enunciados que apresentam um diálogo com a realidade linguística do estudante e outros questões problema no processo de ensino e aprendizagem da língua materna. A formação do professor de língua inglesa em instituições de ensino superior em Goiás: um estudo de narrativas Tânia Regina Mendonça Leonardo Guimarães de Assis Esta é uma pesquisa em andamento que propõe discutir a formação do professor de língua inglesa em cursos de Licenciatura em Letras – Português/Inglês, oferecidos pelas principais instituições de Ensino Superior do Estado de Goiás, tanto públicas quanto particulares (UFG, UEG, PUC Goiás e outras faculdades a definir). Para tanto, serão consideradas as discussões teóricas sobre o ensino de língua estrangeira no contexto de globalização, destacando as relações entre língua, cultura e identidade, a construção da imagem do professor de língua inglesa, as crenças sobre a aprendizagem e o emprego de diferentes métodos de ensino de língua inglesa. Trata-se de uma pesquisa qualitativa que pretende coletar e analisar narrativas pessoais de professores de língua inglesa, que atuam como formadores de professores nas instituições selecionadas, e de graduandos concluintes do curso em questão. Em tais narrativas, espera-se constatar a imagem da prática docente, como aprenderam (ou não) a língua inglesa e identificar quais os métodos são mais adequados à realidade do licenciando de Letras – Português/Inglês. Essas narrativas serão analisadas valendo-se dos pressupostos teóricos da gramática sistêmico-funcional (Halliday, 1994) em que serão destacadas as escolhas linguísticas realizadas
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pelos participantes ao relatarem sobre a sua própria prática. Além de diagnosticar a formação do professor de língua inglesa em Goiás, esta pesquisa pretende propor intervenções metodológicas como, por exemplo, o emprego de textos literários e de quadrinhos em sala de aula de língua inglesa, a fim de trabalhar a língua como uma atividade social e crítica, mas, sobretudo, desenvolver a consciência cultural do aluno-(futuro) professor. A fundamentação teórica baseia-se praticamente em CELANI (2003), RAJAGOPALAN (2003) e MOITA LOPES (2011). Um gênero oral do humor: stand up na sociedade brasileira Valdete Aparecida Borges Andrade (UFU) Maria Aparecida Resende Ottoni (UFU) Esta comunicação refere-se a um projeto de doutorado em andamento que tem como objetivo principal a caracterização do gênero stand up. A análise tem como base teórica os pressupostos da Análise de Discurso Crítica (ADC). Na esteira da tendência dos estudos sobre os gêneros e diante da escassez de pesquisas que focalizem os gêneros orais, senti-me instigada a caracterizar um gênero novo e emergente no Brasil, o stand up, que tem atraído a atenção de um grande número de pessoas em casas de shows, teatros, bares, apresentações em programas televisivos e vídeos divulgados pela internet. Assim, o objetivo desta pesquisa é caracterizar o gênero stand up por meio da análise dos seus aspectos textuais-discursivos e das práticas sociais das quais é parte. Para atender a esse objetivo, serão coletados, no site do Youtube, pelo menos 06 vídeos do gênero stand up, publicados em cada ano, no período entre 2012 a 2015, produzidos por três humoristas do sexo feminino e três do sexo masculino. Para desenvolvimento da pesquisa, além da análise verbal e não verbal do corpus, realizarei entrevistas com
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os humoristas dos vídeos, por meio de um roteiro, que irão compor o meu corpus, a fim de investigar como definem e caracterizam um gênero produzido por eles (ou por outrem) em suas apresentações. A partir das respostas, refletirei sobre qual o papel do stand up nas mudanças sociais, nos modos de organização social e como o discurso veiculado nesse gênero pode contribuir para instaurar/manter/superar problemas sociais. Dessa forma, esta pesquisa, que tem como base teórica a Análise de Discurso Crítica, assume seu caráter emancipatório, uma vez que os resultados da análise dos aspectos textuais-discursivos e da análise das práticas sociais das quais o gênero stand up é parte, poderá não só desnaturalizar crenças que servem de suporte para a dominação, mas também favorecer sua desarticulação. GT 3 – A literatura fantástica: modos e modalidades Coordenação: Marisa Martins Gama-Khalil (UFU/CNPq) Keula Aparecida de Lima Santos (IFTM) O simpósio tem como objetivo agregar trabalhos que discutam as manifestações da literatura fantástica, seja partindo de uma argumentação de ordem teórica, como também refletindo sobre a construção dessa literatura por intermédio da análise de narrativas que apresentem em sua trama a irrupção do insólito. Consideraremos como princípio norteador a ideia de literatura fantástica como uma grande rede que abriga diversas formas de construção do insólito e, nessa perspectiva, seguimos a noção de modo fantástico defendida por Felipe Furtado e Remo Ceserani, também presente nos estudos de Irene Bessière e Rosemary Jackson. Temos a consciência de que a proposta do simpósio se abre “quase” que indefinidamente; contudo a abrangência não é total, uma vez que deixa fora de seu conjunto as construções literárias que têm base em uma
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representação realista e não possibilitam a irrupção do insólito. Entretanto, admitimos que a abertura do enfoque do simpósio é ampla, pois vai desde narrativas em que há apenas a sugestão de eventos insólitos a narrativas em que o insólito é abertamente narrado ou aceito por personagens e/ou leitores. A abertura ampla da proposta deve-se ao fato de pretendermos demonstrar a enorme diversidade de formas de construção da literatura fantástica e, nesse sentido, possibilitar a reflexão sobre alguns pontos polêmicos que envolvem os estudos dessa literatura, como, por exemplo, rebater o fato de ela estar encerrada temporalmente nos séculos XVIII e XIX, e a ideia de que para haver o fantástico é necessário que exista a hesitação. A imagem de uma rede repleta de fios diversos possibilita-nos pensar também na constituição da ficção fantástica, no enredamento do mundo diegético apresentado por ela: um mundo em que os espaços, tempos e acontecimentos se intercalam, se justapõem, se embaraçam para nos mostrar que o ilógico faz parte de nossa lógica cotidiana. Consideramos esse mundo como rizomático, no sentido atribuído por Deleuze e Guattari, porque um elemento – espaço, personagem ou acontecimento, por exemplo – pode se conectar inesperadamente a outro e, na sequência desligarse dele. A superposição de mundos ou de possibilidades de mundos é, ao nosso ver, uma das estratégias de construção da literatura fantástica que, por essa perspectiva, pode ser entendida como heterotópica por natureza. A literatura fantástica, com a apresentação de um mundo aparentemente tão insólito e plural, age no sentido de promover a exageração ou o deslocamento do real e, por isso, sua representação não apresenta uma negação do real, mas incita uma revisão dele. Para que a revisão se concretize é preciso mostrar que não existe Verdade, mas verdades, e dar um foco diferenciado aos fatos expostos ordenadamente pelas instituições, que tentam discipliná-los e arrumá-los, e é por esse motivo que a literatura fantástica promove constantes deslocamentos – históricos e estéticos. Esperamos, portanto, que os trabalhos reunidos neste
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simpósio demonstrem teórica ou analiticamente estratégias discursivas e temáticas de construção da literatura fantástica e descortinem a sua potencialidade de revisão do real. Aspectos da literatura fantástica em Théophile Gautier Amanda da Silveira Assenza Fratucci (UNESP-FCL) O conto fantástico é uma das produções mais características da narrativa no século XIX. Ele nasce como modalidade literária no início do século no Romantismo alemão, com a intenção de representar o mundo interior e subjetivo da mente, da imaginação humana, conferindo a ela uma importância maior do que a da razão e realidade. Na França, a literatura fantástica está muito ligada aos períodos do Romantismo e do Simbolismo. Segundo Pierre- Georges Castex (1962), a literatura fantástica francesa se divide justamente nestes dois períodos: o primeiro, em meados do século XIX, é o do Romantismo, em que o gosto pelo sobrenatural, pelo mistério e a procura pelo absoluto deram abertura a grande produção de contos fantásticos que teve uma grande influência de E.T.A. Hoffmann. Na esteira de Hoffmann, Théophile Gautier se revela, em seus contos fantásticos, um escritor rico em imaginação, capaz de fazer surgir discursos grandiosos ou inquietantes, mas também cheios de emoção. A presença do amor ligado à morte se faz notar em vários textos de Gautier, tema este recorrente na literatura fantástica do século XIX. Seus textos fantásticos são muito representativos e mostram a evasão romântica na utilização do sonho, que duplica a vida. Esse discurso onírico é um instrumento do qual Gautier faz uso a fim de expressar a intenção de busca de um mundo ideal procurada pelos românticos, em que aparece um “eu” romântico que se vê incapaz de resolver sozinho os problemas em relação à sociedade e que, portanto, se lança à busca de outras realidades. Arria Marcella – Souvenir de Pompei é um dos contos de Gautier que podem ser classificados como
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pertencentes à segunda fase da obra do autor, em que ele deixa de apresentar ressonâncias visíveis dos textos hoffmannianos e passa a acrescentar a seus textos uma temática mais densa e enredos mais desenvolvidos. Vários teóricos já se dedicaram ao estudo da literatura fantástica e seus principais aspectos. Tzvetan Todorov está entre os mais lembrados. No entanto, após seus estudos sobre a modalidade, outros autores debruçaram-se sobre a questão. Dentre a diversa gama de estudos pertinentes e esclarecedores que existem sobre a modalidade textual em questão, escolhemos destacar neste estudo as colocações pertencentes a Remo Ceserani, que, em sua obra O fantástico, traz uma nova proposta na denominação do fantástico: a “modalidade literária”. Desta forma, o objetivo deste trabalho é analisar, sob a ótica de Remo Ceserani, o conto Arria Marcella, de Théophile Gautier, bem como perceber de que maneira a modalidade fantástica se faz presente na obra do autor francês. A relação entre espaço e insólito em os pecados da tribo, de José J. Veiga. Bruno Silva de Oliveira (IF Goiano) O espaço é o conjunto de elementos constituídos a partir das paisagens exteriores e/ou interiores, não sendo apenas um mero acessório narrativo, onde acontecem as ações das personagens apresentadas durante o enredo, mas um elemento deveras importante, pois influencia diretamente os acontecimentos da narrativa e as ações das mesmas. A referência ao espaço em uma obra acarreta uma infinidade de informações socioculturais a respeito do texto e das personagens; pensar e refletir sobre esse elemento diegético em uma obra literária é deveras importante para a caracterização e compreensão de um corpus classificado como pertencente aos domínios da Literatura Fantástica. Sabe-se que este modo literário, segundo
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Todorov (2008), se aloja em uma brecha, a da incerteza, entre o estranho e o maravilhoso, entre o produto da imaginação e o real regido por leis diferentes. O crítico búlgaro afirma que um fato tido como fantástico, transgride as leis físicas e organizacionais do mundo real, além de não pode ser explicado por essas mesmas leis. Baseado nos estudos de Todorov (2008) e Roas (2014), compreende-se que o espaço na obra fantástica deve ser familiar ao do leitor para que a interferência do elemento insólito abale sua estabilidade. Levando em consideração as concepções apresentadas anteriormente, este estudo se propõe a debater se o espaço na obra Os pecados da tribo, de José J. Veiga. Durante a leitura da narrativa do autor goiano, nota-se a descrição de espaços próximos ao do leitor, mesmo essa sendo caracterizada como um texto pósapocalíptico. Alguns desses espaços são descritos como estranhos e/ou insólitos pelo narrador-personagem, mas são parecidos ou familiares em sua descrição para o leitor. Pensando nestas peculiaridades, esta pesquisa se propõe discutir a instauração da aura insólita e/ou fantástica na narrativa por meio do espaço, visando comprovar que tal elemento se instaurado devido ao elemento diegético analisado, tal estudo se baseará nas teorias de Todorov (2008), Ceserani (2006), Jackson (1981). Faces do fantástico: abjeção na figura feminina em narrativas contemporâneas Camila Aparecida Virgílio Batista (UFG-RC) Alexander Meireles da SILVA (UFG-RC) Segundo Todorov (2004) o fantástico ocorre devido à hesitação de se atentar por explicações naturais e sobrenaturais aos acontecimentos estranhos permeados na narrativa fantástica. A participação do leitor nesta decisão torna-se primordial como é apontado por Todorov, no qual caberá a ele para decidir sobre se a manifestação insólita adéqua ou não nas leis deste mundo. Para Lovecraft o medo é o sentimento caracterizante para a
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decorrência do fantástico, para que os eventos insólitos aconteçam é preciso que o leitor experimente este sentimento. Assim, voltando um olhar para o fantástico contemporâneo, Sartre (2005) deixa de lado a hesitação apontada por Todorov tendo em vista também por não optar pelas possíveis explicações direcionadas aos acontecimentos estranhos. Conseguinte, nesta mesma perspectiva Remo Ceserani (2006) aborda o fantástico como “todo o verdadeiro e grande modo literário”, abrindo novas possibilidades e maneiras de representa-lo, e isto sendo alavancado a partir do século XX. Conforme a isto, em narrativas de Augusta Faro e Angela Carter não temos necessariamente a hesitação como modelo do fantástico clássico, mas encontramos aspectos estranhos que se comportam ao modo fantástico que em certos instantes nos fazem inquietarmos. Um destes aspectos e ponto de contato entre as obras das respectivas escritoras, uma brasileira e outra inglesa, seria a abjeção presente nas figuras femininas. Abjeção esta que hora causa estranheza, hora aceitação, e conjuntamente simboliza o escape aos padrões sócio-culturais. Portanto cabe demonstrar o corpo abjeto como elemento constitutivo nas modalidades fantásticas. Parte disso mostrarse-á como as representações femininas em passagens nas narrativas de Faro e Carter apresentam este corpo abjeto como meio da desordem e estranhamento. Este estudo faz parte à pesquisa desenvolvida no Mestrado em Estudos da Linguagem da UFG-Regional Catalão e com o suporte de bolsa concedida pela (CAPES). “Estranhamentos insólitos”: o fantástico no conto “Solfieri” de Alvares de Azevedo Carline Barbon dos Santos (UFU/CAPES) Manuel Antônio Álvares de Azevedo (1831-1852), escritor e poeta romântico, foi em tudo coerente com a arrebatada opção estética, o romantismo, que fez: genial, culto, precoce,
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construiu uma obra pequena, porém clássica, dentro da língua portuguesa e morreu de tuberculose aos vinte e um anos incompletos. Teve praticamente toda a sua obra publicada após a sua morte. Discípulo dos românticos europeus como Byron, Hoffmann e Shelley, seus textos refletem o ambiente da época, onde a literatura estava impregnada de pessimismo, ceticismo, morbidez e pressentimento da morte. No livro Noite na Taverna foi publicado em 1855, a diegese se constitui através de temas ligados à morte, à obscuridade psíquica e principalmente aos espaços noturnos e europeus. Além desses temas envolvidos, há também várias questões ligadas ao modo de narrar, ou seja, as personagens centrais assumem a função de narradores e procuram fazer de suas insólitas narrativas fatos reais. Portanto, podemos refletir que em todos os contos há uma forte presença do estranho, servindo para instigar a hesitação nos leitores. Este trabalho tem o objetivo de analisar um dos contos de Noite na Taverna de Álvares de Azevedo intitulado “Solfieri”, a partir do viés das teorias de Chklovski e Freud, principalmente no que se refere ao “Estranhamento” e “O Inquietante”. Além disso, embasaremos nossos estudos nas teorias sobre o fantástico e seus múltiplos aspectos, tais como: hesitação, o medo, o suspense, o espaço, entre outros. Assim, norteamos a pesquisa tendo como base as teorias de Tzvetan Todorov, H.P Lovecraft, Nöel Carroll, Louis Vax, Remo Ceserani, Michel Foucault e outros. A escolha desse tema se deu devido ao interesse particular de estudar, conhecer, investigar e promover discussões sobre o estranho, a literatura fantástica e a literatura de horror, três campos que, embora não muito explorados pela Teoria Literária, são bastante significativos. Esperamos que, após uma minuciosa análise da interessante obra do autor Álvares de Azevedo, possamos chegar a uma conclusão, relacionando o conto analisado de Noite na Taverna com a noção da hesitação do leitor frente ao estranho, ressaltando que o sentimento de “estranhamento” é bastante previsível ao depararmos com o fantástico.
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O “pesadelo profissional” no fantástico de Dickens Clarissa Navarro Conceição Lima (UNESP) O Sinaleiro (The Signal-Man), publicado em 1866, é um conto fantástico escrito pelo inglês Charles Dickens, sendo considerado sua obra-prima no gênero. A história se passa entre os trilhos da Inglaterra, na sinistra e lúgubre paisagem ferroviária. O Sinaleiro é um conto que narra a história de um homem vítima do lugar onde viveu a maioria de seus dias, da profissão que escolheu exercer e de sua própria mente. Neste conto, como disse Italo Calvino, “o fantástico se torna pesadelo profissional”. O conto monopoliza a atenção do leitor e tem um final surpreendente, como é comum na obra de Dickens. O protagonista, isolado do mundo, vê-se em uma situação misteriosa em que se sente impossibilitado de compreender o que lhe acontece. A obra expõe um caso de premonições; temse, pois, a presença do sobrenatural, do inexplicável. O sinaleiro, mesmo tendo visões de acontecimentos futuros, não consegue obter ajuda para os outros e nem para si próprio. Seria perturbação mental devido ao espaço macabro que ocupou durante a maior parte de sua vida ou sinais verdadeiramente vindos de uma outra ordem? Além de o espaço poder refletir o modo de ser das personagens, ele também pode trabalhar seus contextos psicológicos e ainda, influenciar suas atitudes. O protagonista, depois de tanto tempo isolado em uma “vala profunda” aonde o sol raramente chegava passa a ser suspeito, um sujeito no qual não se pode confiar plenamente. A presença de uma personagem taciturna causa hesitação, tanto no leitor como no próprio narrador da história. A visão da personagem principal é a irrupção do insólito, a invasão do sobrenatural, do anormal, é a presença do incompreensível, do inexplicável. No conto fantástico, vê-se a intrusão do mistério na vida real, o sobrenatural invade o natural e a hesitação invade a narrativa. O presente artigo tem como objetivo analisar a estrutura de O sinaleiro a partir de elementos da teoria da literatura, da
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narrativa fantástica e da topoanálise. No conto de Charles Dickens, percebemos que há uma forte relação entre o espaço e a vida do protagonista, portanto, neste trabalho foi concedido ênfase ao espaço e aos efeitos de sentido que este gera. Visou-se também mostrar como o fantástico é gerado no conto, como a narrativa fantástica trabalha a fim de causar a hesitação, o estranhamento e o mistério. A metodologia é essencialmente bibliográfica, contando com a análise e o aprofundamento teórico de Borges Filho (2007), Yves Reuter (2007), Iser (1996), Todorov (1975) e Camarani (2014). O gênero fantástico na poesia medieval: da divina comédia de Dante ao testamento de François Villon Daniel Padilha Pacheco da Costa Esta apresentação visa discutir o gênero fantástico na poesia medieval, particularmente na Divina Comédia de Dante Alighieri e no Testamento de François Villon. Em ambos os poemas são representadas as personificações de um morto, tipo de personagem chamado de eidolopopéia pelos exercícios de retórica de Prisciano. Nós pretendemos mostrar que, apesar da diferença entre os seus gêneros poéticos, tanto o italiano quanto o francês assumem a perspectiva do Além sobre o mundo temporal, como se as palavras enunciadas no presente da enunciação proviessem da Eternidade. Análises do conto “A garganta do inferno”, de Bernardo Guimarães, e a presença do gótico em uma narrativa regionalista brasileira Fabianna Simão Bellizzi Carneiro (UERJ) Nascido em Minas Gerais e tendo vivido no sertão mineiro, Bernardo Guimarães (1825- 1884) fora colega de Álvares de
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Azevedo na faculdade de Direito de São Paulo. Ainda que morando em uma capital, Guimarães traz uma escrita marcada pela cultura popular, com falares e costumes muito próprios de uma região distante das capitais: o sertão goiano. Na coletânea Lendas e romances, publicado em 1871, escritor abre o conto “A garganta do inferno”, com o subtítulo “lenda”. Importante destacar que em 1822 o Brasil se torna independente de sua Metrópole portuguesa. No campo das artes (e da Literatura em particular), os artistas buscavam ressaltar o que de melhor o Brasil oferecia, como o heroísmo do homem do campo e as lendas e tradições passadas através de gerações. Ainda mais instigantes tornam-se tais narrativas ao elencarem elementos característicos das narrativas fantásticas, como o assombramento, mistérios não resolvidos e a morte sempre à espreita. No conto em análise notamos tais elementos, porém com a peculiaridade de trazerem características muito próximas do gótico tradicional europeu, que buscava no heroísmo do homem medieval subsídios para tecer as narrativas dos oitocentos. Além do que, em se tratando de uma narrativa que estabelece pontos de contato entre o gótico europeu e o gótico regionalista brasileiro, sublinha-se que o espaço do sertão, ao contrário do espaço dos castelos decadentes e em ruínas da Europa que simbolizavam a queda de um sistema político, retrata, com bastante fidelidade, aspectos emocionais e psicológicos das pessoas que residem no sertão brasileiro imbricados com a Natureza. Destarte, o brilhantismo de Guimarães reside no fato de que ainda há um traço da primeira fase do Romantismo, quando o narrador compactua com as histórias lendárias e tradicionais das pessoas que residem naquele local, porém com traços da morbidez da segunda fase. Portanto, objetiva-se um estudo que possibilite pontos de contato entre o Romantismo no Brasil e o Romantismo na Europa, sem deixar de lado a presença do gótico no sertão brasileiro. Trata-se de um trabalho não conclusivo, cuja metodologia se pauta em pesquisa bibliográfica que será devidamente referenciada ao longo do
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texto. Este trabalho está vinculado à Tese: “Um ser tão assombrado: as manifestações do gótico no Regionalismo brasileiro do Romantismo ao Modernismo”, do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Letras da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com bolsa financiada pela agência de fomento FAPERJ. A sombra e a escuridão do fantástico medieval, em “A sociedade do anel” e “O guarani” Francisco de Assis Ferreira Melo (UFG/RC) O presente estudo tem por objetivo analisar o ingresso e, ao mesmo tempo, o resgate da cultura medieval, em especial a literária, tendo como objeto dois romances, um do século XIX e o outro do século XX, algo que não se faz sem pagarmos um pesado tributo. Talvez seja por esta razão que a jornada empregada pelos personagens centrais das duas obras, “O Guarani” (ALENCAR, 1999) e “O Senhor dos Anéis, A Sociedade do Anel” (TOLKIEN, 2002), se vejam constantemente colocados sobre o fio da espada. A existência de características da literatura fantástica, mitologia, religião e da filosofia medieval, que se acham disseminadas/escondidas, na construção de textos literários de depois do fim da Idade Média, são valores e crenças que buscamos, revivendo-os, trazendo-os e sentindo-os na criação destes romances. No romance indianista elaborado por Alencar e na odisseia do Um Anel de Tolkien, muitos destes elementos/ características do período medieval estão distribuídos/escondidos, ao longo dos mesmos, aguardando para serem revisitados e explorados nesse mundo que hoje se apropria do fantástico medieval da (e na) literatura, o que nos leva a desenvolver um trabalho de busca de todo esse aparato do fantástico medieval inserido nessas obras, comparando-as, verificando suas implicações e porque ainda hoje esse caráter fantástico exerce tanto fascínio ao ponto de estar presente na literatura, nos quadrinhos, na televisão, na animação e no
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cinema, enfoque da pesquisa que ora nos propomos. Embasarnos-emos em estudiosos do medievo, da literatura inglesa, da literatura brasileira que detalham a sobrevivência de diversos elementos pertencentes ao universo medieval, de forma explícita como no Romance Gótico ou de forma implícita em obras literárias em idiomas diferentes. Vários estudiosos de “O Senhor dos Anéis, A Sociedade do Anel” afirmam que Tolkien procurou dar ao povo inglês uma identidade literária dotada de muitos mitos e lendas, justificando, de certo modo, a origem desse povo. Não à toa, “a compreensão dos valores dessa época exige dos estudiosos uma perspectiva ecumênica, pois as grandes criações do espírito medieval – na arte, na literatura, na filosofia – são frutos de uma coletividade que ultrapassa fronteiras nacionais” (ISPINA, 2007, p. 12) e temporais. Na obra de Alencar, que “escrevia de um recém-independente país tropical, uma ex-colônia em busca de voz própria, onde a Idade Média se apresenta (se é que) como fragmento reminiscente da religião católica, e os castelos, enquanto construções físicas são referências inexistentes” (SÁ, 2010, p.20), por sua vez, está presente o desejo de se criar, tal qual aos cavaleiros medievais, um herói nacional, em quem o povo pudesse se espelhar, em um cenário diferente do europeu, cercado pelo verde das florestas tropicais e materializado na figura do índio brasileiro, Peri, a concretização do símbolo natural, mítico e poético, o nosso Lancelot. Os irmãos Grimm e a literatura fantástica Guilherme Weber Gomes de Almeida (UFG/RC) Alexander Meireles da Silva (UFG/RC) O presente trabalho é um desdobramento das pesquisas referentes ao projeto “Paganismo Cristão: o processo de construção da moralidade dos contos dos irmãos Grimm”, que está sendo desenvolvido junto ao Programa de Mestrado de Estudos da Linguagem da Universidade Federal de Goiás –
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Regional Catalão, sob a orientação do Prof. Dr. Alexander Meireles da Silva. O fantástico pode abranger tanto a literatura quanto o cinema em razão de suas amplas narrativas que transgridem os limites da realidade e do universo racional por meio de elementos profundamente subjetivos que geralmente são caracterizados como impossíveis, inexplicáveis e improváveis. Este gênero literário apresenta vários desdobramentos, como por exemplo: a fantasia, o maravilhoso, o terror e a ficção científica. No que diz respeito ao maravilhoso, destacamos o trabalho de Jacob e Wilhelm Grimm, Kinder-und Hausmärchen, que em uma tradução livre, em português significa Contos para Crianças e Famílias. A princípio, a relevância da obra dos irmãos Grimm se dá em razão da mesma representar uma importante contribuição para a cultura germânica de um modo geral, pois registra os resultados de uma ampla documentação folclórica e cultural. A publicação da primeira edição de Kinder-und Hausmärchen, em 1812, refere-se a uma coletânea de contos populares que estão permeados de valores religiosos (de tradição judaicocristã), folclóricos e culturais. Em 1815, uma segunda edição da obra foi publicada, onde alguns contos foram adicionados, e outros excluídos, além de uma revisão detalhada da redação dos contos, a fim de que a identidade cultural dos povos germânicos fosse materializada nas narrativas que ali estivessem presentes. O mapeamento cultural realizado pelos irmãos Grimm resultou na publicação de diversos livros e artigos referentes ao tema, mas até os dias atuais, sua coletânea de contos, é sua obra mais conhecida e estudada em diversos países, como no Brasil. O objetivo desse trabalho é demonstrar a importância dos contos dos irmãos Grimm dentro da literatura fantástica, em especial, no universo do maravilhoso. Agilulfo e Medardo: a relação do sujeito com seu espaço-corpo Helen Cristine Alves Rocha (UFU/CAPES)
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Para Italo Calvino, a literatura fantástica está além de nosso real cotidiano. O leitor, tomando distância do texto, abre-se a surpresas com enredos que o capturam e o levam a outras realidades. Não há o problema de se acreditar ou explicar o sobrenatural do texto, mas o prazer do fantástico está justamente no ponto em que quebra com nosso real, no desenvolvimento de lógicas que revelam surpresas. Isto posto, temos como objetivo analisar o tratamento do insólito procurando entender de que maneira ele se constrói no corpo de dois protagonistas de Calvino, a saber: o Visconde e o Cavaleiro, presentes nos livros O visconde partido ao meio e O cavaleiro inexistente. Além disso, sabemos que a literatura fantástica pode até desprender o sujeito de seu real e desencadear sua imaginação, mas, principalmente, como nas obras de Calvino, ela pode propiciar uma leitura da sociedade fazendo-nos refletir sobre o que nos torna humanos ou como somos moldados socialmente. Por isso, pretendemos, ainda, a partir do espaço-corpo desses personagens, fazer algumas leituras sobre a representação do corpo no século XX; a imagem do corpo na formação do sujeito, dado que o corpo foi ligado ao inconsciente, atado ao sujeito e inserido nas formas sociais da cultura. Destarte, é importante frisar que o corpo do Visconde e do Cavaleiro é o espaço de onde emerge e onde habita o insólito. Eles são personagens que mostram a relação do sujeito com seu corpo; a eliminação da distinção entre são e enfermo; corpo normal e anormal; da relação entre vida e morte em uma sociedade que busca cada vez mais a imortalidade através da ciência; os desejos do corpo e as formas de controle social. Logo, temos visto o corpo nos debates culturais, a sua existência como objeto de pensamento, pois ele se tornou, em nossos dias, um objeto de investigação histórica. Não obstante, nos utilizamos da literatura fantástica já que ela questiona a realidade por meio do sobrenatural denunciando as máscaras das vontades de verdades vigentes por meio daquilo que escapa à explicação racional humana. Por consequência, as
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obras de Calvino podem mostrar a representação do corpo na sociedade do século XX, e também na de nossos dias, através do elemento insólito, o qual é o principal componente dessas obras e, por isso, elas estão dentro do que se conceitua como fantástico modo, e gênero maravilhoso, tendo em vista que não há leis racionais, nem precisa, que expliquem um homem partido meio e um cavaleiro invisível que são agentes dentro da sociedade em que vivem. Para cumprir com nossos objetivos propostos, tomaremos como fundamentação teórica obras que tratam da literatura fantástica, elegendo como obras básicas para sua compreensão os estudos de Tzvetan Todorov (2004), Filipe Furtado (1980, 2013), Lenira Marques Covvizi (1978). Para os estudos sobre ideologia, espaço e corpo teremos o auxílio das obras de Jean-Jacques Courtine (Dir. 2009) e Marisa Martins Gama-Khalil (2012). A receptividade em “Acuérdate” de Juan Rulfo Ivani Maria Pereira (UFU) O objetivo da comunicação é discutir aspectos do conto “Acuérdate”, da obra El llano en llamas, de Juan Rulfo, a partir de reflexões, já principiadas em um projeto para a elaboração de um artigo cujo estudo centra-se no estilo narrativo. O personagem- narrador Urbano Goméz mantém um diálogo com um interlocutor que “não tem voz”. O foco é pensar os recursos literários utilizados por Rulfo, os quais oferecem a oportunidade de olhares diferentes para essa construção narrativa, ou seja, a forma de narrar solicita uma participação do leitor cuja postura interpretativa depende da combinação de alguns fatores. A investigação sobre a subjetividade pautase na mediação entre o mundo construído pela narrativa rulfiana e o mundo do leitor sob a ótica da teoria da recepção, utilizando teóricos como Hans Robert Jauss, Roman Ingarden e Wolfgang Iser. Além do mais, assinalamos a necessidade de um procedimento de leitura que contemple aspectos importantes
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para a obra de Rulfo, como a escritura latino-americana, o gênero fantástico e o insólito. Haja vista mais uma proposta deste estudo, a análise da relação, ou melhor, das relações entre o insólito e a recepção da obra. Assim, essa trajetória reflexivoanalítica é composta e, mais do que isso, valoriza as questões que dialogam com as possibilidades de construção do insólito. Embora o trabalho esteja em aberto, principalmente, no tocante a resultados, antevemos diversos e interessantes processos de identificação do leitor com a narrativa rulfiana, contrariando o raciocínio simplório do entendimento de insólito como quebra de uma determinada ordem. Percebemos, então, a relevância de estudos, que por caminhos diferentes, neste caso em específico, priorizando uma reflexão acerca do insólito, se desdobram em possibilidades de leituras a respeito do ser humano, especialmente, de situações inerentes ao convívio social sem perder de vista os elementos do fazer artístico, ou seja, da construção da narrativa. Traços vitorianos e a influências da ciência em “O médico e o monstro” Juliana Cristina Ferreira (UFG/RC) O escopo deste trabalho é analisar traços da era vitoriana e da ciência como hegemônica da sociedade inglesa, no século XIX, apresentados na novela O médico e o monstro (2006), de Robert Louis Stevenson, retratando a maneira como a Inglaterra no período do reinado da Rainha Vitória visava a moral e o bom costume do sujeito membro desta sociedade. Contudo, como contradição a esse comportamento repressor e moralista, a personagem Hyde aparece como o lado maléfico do ser humano, apresentando o que há de escondido, obscuro no meio social. A problemática que move esta reflexão é o comportamento da sociedade inglesa em relação aos princípios vitorianos e a presença da ciência como a psicanálise, a darwiniana e freudiana no meio social. Para abordarmos essa
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problemática na Inglaterra no século XIX, por meio das representações dessa novela, dialogaremos com autores que refletem sobre a questão da transgressão social advinda do desemprego, o que sucessivamente gera a fome, a pobreza e a busca pela sobrevivência (GAY, 2001). Já a figura do diabo é vista como um ser que possui deformidades na sociedade e a sua influência aos seres humanos (SNODGRASS, 2005). E a influência da mente no comportamento do indivíduo, ou seja, os pensamentos podem influenciar no comportamento humano (FREUD, 1976). A metodologia a ser utilizada será a pesquisa documental, tendo a novela O médico e o monstro como fonte bibliográfica, com vista a identificar como o autor apresenta o comportamento da classe burguesa e da classe dominante, perante aos aspectos vitorianos da sociedade inglesa. Revisitando o conto “Chapeuzinho Vermelho”: novas leituras do maravilhoso nos contos “The company of wolves”, de Angela Carter e “Grandmother’s nose”, de Robert Coover Larissa Caroline Ribeiro (UFU) No passado, as pessoas contavam histórias para passar o tempo e, também, para transmitir ensinamentos. Um dos gêneros contados era o conto de fadas, que teve seu início como narrativa oral. Esse tipo de narrativa era contada por adultos para outros adultos e até mesmo para crianças, que acompanhavam seus pais nesses momentos de lazer. Uma vez consideradas como fonte de entretenimento e de ensinamentos, era comum, no final das narrativas, a apresentação de lições de moral explícitas. Na contemporaneidade, tem-se um aproveitamento dos contos de fadas clássicos como forma de subvertê-los, transformá-los e relê-los dentro de uma nova perspectiva, que rompe com o passado, apresentando novas perspectivas para problemáticas mais condizentes com a
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sociedade vigente. Os contos “The Company of Wolves” e “Grandmother’s Nose”, dos autores Angela Carter e Robert Coover são releituras do conto tradicional da “Chapeuzinho Vermelho”. Apesar de esses escritores relerem o mesmo conto, ambos possuem perspectivas diferentes. Angela Carter desenvolve uma leitura voltada para uma reformulação feminista da forma patriarcal dos contos de fadas tradicionais. Coover, por sua vez, aborda o gênero sob um viés mais psicológico. Pensando no exposto, temos como objetivo analisar contos, mais especificamente aqueles que promovem a releitura de contos de fadas tradicionais, arraigados no imaginário das pessoas. A terra dos meninos pelados e a construção do espaço fantástico Lilliân Alves Borges (UFU) A terra dos meninos pelados, primeira obra infanto-juvenil de Graciliano Ramos insere- nos no mundo fantástico de Dr. Raimundo Pelado. É assim que se autodenominava o personagem principal da obra e é ele quem cria o país de Tatipirun, um país em que todos os meninos são iguais a ele, ou seja, são carecas e possuem um olho azul e outro preto. Pelo enredamento da obra, verificamos a construção de dois espaços distintos, sendo o primeiro caracterizado pela esfera do real, que é inóspito, onde as outras crianças riem de Raimundo, o julgam por ser diferente, gerando, assim um ambiente de desaprovação e crítica. Já o segundo espaço é o do imaginário, onde tudo é possível e agradável: todas as crianças, os animais e a natureza possuem voz e são educados. De acordo com Bachelard “(...) O espaço percebido pela imaginação não pode ser o espaço indiferente entregue à mensuração e à reflexão do geômetra. É um espaço vivido. E vivido não em sua positividade, mas com todas as parcialidades da imaginação. Em especial, quase sempre ele atrai. Concentra o ser no interior
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dos limites que protegem”. Bachelard (2008, p.19). Ao construir esse espaço insólito, Raimundo cria um mundo só seu e daqueles que são iguais a ele, um mundo acolhedor, de harmonia, em que ele tenta compreender sua diferença e aceitar a si mesmo. Desta forma, nosso trabalho possui como objetivo analisar como ocorre a construção desse espaço fantástico em referência ao espaço do outro, da chamada realidade e quais são os elementos que estão incorporados nesse mundo do imaginário, que é harmônico e essencialmente utópico, conforme elucida Michel Foucault “(...) As utopias são os posicionamentos sem lugar real. São posicionamentos que mantêm com o espaço real da sociedade uma relação geral de analogia direta ou inversa. É a própria sociedade aperfeiçoada ou é o inverso da sociedade mas, de qualquer forma, essas utopias são espaços que fundamentalmente são essencialmente irreais”. Assim, com a obra A terra dos meninos pelados, conseguimos analisar a construção desse espaço fantástico do país de Tatipirun e como este consegue compreender a realidade inóspita do outro, por meio do entendimento e aceitação de seu próprio ser. Tolkien e a revisão do real proposta pela terra-média Marcos Vinícius Nunes Carreiro (FL/UFG) É possível dizer que o século XX trouxe os elementos necessários para enfim descontruir o historicismo, que acreditou na possibilidade de se conhecer o passado como ele de fato ocorreu. Essa desconstrução resultou, assim, no entendimento já antigo à literatura de que a escrita, histórica ou não, é um construto linguístico e que, como tal, está envolta em formas narrativas. Nasce, dessa forma, o conceito de que não existe uma verdade histórica absoluta, mas verdades. Porém, se cabe à história interpretar os fatos ocorridos, à literatura compete recriá-los; foi assim, por exemplo, que Homero relatou, seguindo a tradição oral de seu tempo, a guerra de Tróia. Dá-se pela
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literatura, portanto, a existência da possibilidade de revisar o real, atribuindo à história novos caminhos e visões. E foi utilizando-se desses conceitos que o escritor britânico J.R.R. Tolkien revisou o passado deste mundo “real” ao criar em suas obras a Terra-média, cuja intenção era dar à humanidade, mais especificamente à Inglaterra, um novo passado. Assim, tendo como base os conceitos de metaficção historiográfica preconizados por Linda Hutcheon, este trabalho mostrará como Tolkien promove, por meio da Terra-média, uma revisão do real. Um exemplo: a história nos conta sobre a existência do supercontinente Pangeia, que há 130 milhões de anos se fragmentou em dois – Laurásia e Gondwana. Estes, ao longo de um vasto período de tempo, se dividiram novamente até a formação dos continentes como os conhecemos atualmente. O motivo das separações, de acordo com a ciência, foram terremotos e inundações. Mas o que gerou esses terremotos? Segundo a narração de Tolkien em O Silmarillion, a separação de ao menos a parte setentrional do ocidente, onde se encontra a Inglaterra, ocorreu devido à “Guerra da Ira”, conflito entre forças do bem e do mal que marcou o fim da primeira Era do mundo. Mas o autor vai além. Por que a humanidade está sempre envolvida em guerras? Quais os motivos das disputas de poder? Como se deu o início das organizações sociais? Tolkien responde a tais perguntas ao longo de sua vasta obra, promovendo sempre um novo modo de ver a história. E nesta revisão o autor se utiliza dos marcos socioculturais e formas de compreensão, que definem os domínios do natural e do sobrenatural, dos quais fala Irene Bessière. Faz isso para organizar o confronto entre os elementos do real e da narrativa fantástica, sobrenatural, e ajudar o leitor na formação da crença secundária, necessária à constituição diegética implícita, que une a estrutura interna do texto. É assim que Tolkien revive a fantasia, praticamente esquecida até a segunda metade do século XX, ao passo em que consegue criar uma nova concepção estética para a literatura contemporânea, um híbrido entre o romance modernista e o gênero épico medieval,
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o que não apenas torna compreensíveis as imagens e ideias desta antiga literatura ao leitor do século XX, como também revigora esta tradição até então ignorada pelos modernistas. Além da sepultura: o zumbi que vaga entre gêneros Raul Dias Pimenta (UFG – RC) A figura do zumbi pode ser associada aos sentimentos primitivos de tensão, medo e ansiedade, características que estão presente no gótico. Na Idade Média a crença de que os mortos voltariam a vagar entre os vivos causou desconforto e o medo da morte fomentou largamente para a questão do que acontece após. Sendo o zumbi o produto de tal questionamento. A ideia do morto-vivo se arrastou pelo tempo e ganhou notoriedade novamente no século XX com o filme Night of the Living Dead (1968) de George Romero onde o zumbi surge em um momento de tensão e conflito de ideologias. O retrato de um morto-vivo que surge devido à radiação espacial e que se alimenta de carne humana gera ruptura com suas origens góticas e provoca progressão a sua imagem. Então, o zumbi agora se encontra na fronteira entre gêneros, este fator de hibridismo também pode ser notado não apenas em personagens, mas também em obras literárias. No entanto, esse hibridismo literário é característica intrínseca do Slipstream, termo criado por Bruce Sterling para identificar obras híbridas. Em 1989 em sua entrevista à revista sf eye ele disse que este tipo de leitura provoca sentimento muito estranho e que também não procuram fazer muito sentido ou possuir qualquer explicação lógica. Obras Slipstream não possuem perfil único ou regras, porém elementos do Gótico, Ficção Científica e Realismo Mágico podem ser notados. O presente trabalho, vinculado à pesquisa desenvolvida no Mestrado em Estudos da Linguagem da UFG- Regional Catalão e com o suporte de bolsa concedida pela CAPES tem como objetivo analisar as obras Sea Oak (1997) de George Saunders e
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A Case of the Stubborns (1984) de Robert Bloch como constituintes do Slipstream e os pontos de contatos entre o zumbi e o gótico. Entre o fantástico e o estranho paira a casa de Usher Rosana Gondim Rezende Oliveira (UFU) Considerado como um dos gênios da Literatura Estrangeira, Edgar Allan Poe, com sua “Filosofia da composição”, foi decisivo na formação do conto contemporâneo. Em seus estudos sobre a teoria do conto, elege como alvo a unidade de efeito: princípio poético que opera com uma relação entre a extensão da obra pretendida e a reação provocada no leitor. Para tanto, uma obra poética deve ser planejada e articulada sistematicamente, isto é, cada elemento deve ser escolhido objetivando o efeito pretendido. O artista, como um estrategista poético, deve construir o texto de modo a despertar no leitor o efeito almejado ― um estado de excitação. Nossa proposta é analisar o conto “A queda da casa de Usher”, do referido contista, em cuja trama se observa a atmosfera insólita, da qual emerge o fantástico. Leo Spitzer, na análise dos contos de Poe, esclarece que a atmosfera é o resultado da relação entre o ambiente e as pessoas que nele vivem. Corroborando essa ideia, afirma Osman Lins que a atmosfera “consiste em algo que envolve ou penetra de maneira sutil as personagens” (1976, p.76), trazendo à tona a abstração do espaço, entendido como tal. Tudo isso evidencia a importância do foco sobre esse elemento, já que o próprio título do conto elucida o espaço em que ele se manifesta. Nosso trabalho será estruturado pela aplicação da teoria presente na obra “Filosofia da Composição” na análise do conto em questão, ambos do mesmo autor. Paralelamente à teoria poeana, conduziremos parte de nossa análise pelos estudos de Sigmund Freud sobre o tema do “Estranho”. Consideraremos, também, na apreciação do fantástico, as teorias de Tzvetan Todorov e Louis Vax. Assim, se por um lado,
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o fantástico abre portas para a experiência do sobrenatural, sendo “[...] a hesitação experimentada por um ser que só conhece as leis naturais, face a um acontecimento aparentemente sobrenatural.” (TODOROV, 2004, p.30-1), colocando em dúvida nossos conceitos racionalistas, por outro, o estranho recusa a presença desse mesmo sobrenatural em defesa da natureza dos acontecimentos, explicada por meio de argumentos científicos. Absentia et chaos: a contratação do pacto faústico através do espaço fantástico e a fruição do doppelgänger em O retrato de Dorian Gray Sabrina Mesquita de Rezende (UFG/RC) Alexander Meireles Silva (UFG/RC) No presente trabalho intitulado “Absentia et Chaos: a contratação do pacto faústico através do espaço fantástico e a fruição do doppenganger em O Retrato de Dorian Gray”, apresentaremos uma análise do espaço fantástico como promovedor da contratação do pacto faústico, uma vez que na ausência da figura do diabo o espaço metaforizando mais um disfarce da melancólica estrela da manhã estabelece as diretrizes entre contratante e contratado. Assim, a ausência do diabo é transferida para o espaço passando a ter função de realizar o pacto. Nesse sentido, torna-se relevante um estudo sob a perspectiva da literatura fantástica, uma vez que, a presença da hesitação e a irrupção do fantástico duelam lado a lado entre a realidade e fantasia, ou entre a lógica e a ilógica, possibilitando um diálogo com a postura artística decadente ao constatar a transposição de um mundo destituído de regras e onde impera a liberdade de sentir e de tomar posse de sua verdadeira identidade: um ser que abriga o duo. Dessa forma, no romance O Retrato de Dorian Gray(1890), o esteta após concluir o pacto é absorvido pelo próprio espaço, tornando-se
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um duplo de si mesmo, pois assim como o diabo Dorian foi criado a imagem e semelhança de Deus, metaforizando um ser mitológico de grandes facetas e espalhando o caos a sua volta. Além disso, temos o símbolo do espelho como formas de auto revelação e uma síntese de ideal subversivo nas mãos de um ser demiúrgico, trazendo um diálogo pertinente com o fantástico, já que diante de um instante único a normalidade e realidade abrirá uma fenda para que o inusitado e fantástico se apossem do cotidiano e transforme a realidade ao questionar dois universos tão díspares mas ao mesmo tempo tão convergentes. Por fim, este trabalho vinculado à pesquisa desenvolvida no Mestrado em Estudos da Linguagem da UFG- Regional Catalão e com o suporte de bolsa concedida pela CAPES recorrerá ao suporte teórico baseado em: Barros (2014), Cohen (2011), Levin (1996), Moraes (2011), Mucci (1994), Bachelard (2015), Furtado (2012), Cesari (2012), entre outros. Os espaços fantásticos e as dobras dos sujeitos Sandra Mara Carvalho (UFU/ ILEEL) O texto aqui proposto visa analisar o espaço literário e sua importância para a criação do fantástico, salientando sua influência na construção da narrativa e personagens, tanto na produção escrita quanto na adaptação fílmica do romance O jardim secreto, livro da autora inglesa Frances Hodgson Burnett, publicado em 1911, e filme de mesmo nome dirigido por Agnieszka Holland, lançado em 1993. Em O jardim secreto, cujo título já aponta para um espaço determinado, teremos acesso à história da amizade entre Mary Lennox e Colin, duas crianças que se conhecem de forma inesperada e que exploram um jardim proibido situado nos arredores da propriedade onde moram. É nesse espaço, outrora trancado e proibido, e por meio dele, que as personagens se transformam, onde a descoberta do mundo e o autoconhecimento acontecem. Dessa forma, apresentaremos como a constituição das personagens
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está diretamente ligada ao espaço interditado do jardim, e como a evolução da narrativa se dá por meio dele, verificando assim as representações caracterizadas fantásticas que permeiam as narrativas, como essa ambientação fantástica está relacionada à transgressão e aos processos de subjetivação das personagens. Para tal análise, considerando que a narrativa oscila entre o sólito e o insólito, entre espaço real e irreal, nos basearemos nos pressupostos teóricos de Filipe Furtado, Remo Ceserani, Michel Foucault, Wolfgang Iser, e outros. GT 4 – A noção de ethos: (des)encontros em diferentes vieses discursivos Coordenação: João Bôsco Cabral dos Santos (LEP/UFU) Marco Antonio Villarta-Neder (LEP/GEDISC/UFLA) O presente Grupo de Trabalho pretende situar discussões que constituem desenvolvimento de extensões epistemológicas no âmbito do Laboratório de Estudos Polifônicos, sediado na Universidade Federal de Uberlândia. A proposta do GT é a de estabelecer correspondências, aproximações e distanciamentos entre diversos vieses teórico-epistemológicos abrigados no LEP. Assim, pretende-se partir do conceito retórico de ethos e discutilo sob os eixos sentidural e sujeitudinal (Santos, 2009)) nas aproximações, distanciamentos e diferenciações em relação aos vieses bakhtiniano, foucaultiano, pecheutiano e semiolinguístico. Os objetivos desta proposta são: a) discutir em que medida o conceito de ethos pode ser abrigado por outros conceitos dentro de cada um dos referenciais descritos acima; b) elencar quais implicações epistemológicas tais conceitos podem mobilizar no interior de cada um dos vieses analisados; c) discutir as tensões entre os vieses por consequência da adoção/não adoção dessa noção ou de seu sucedâneo. A
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relevância dessa discussão, do ponto de vista dos estudos do Laboratório de Estudos Polifônicos, situa-se na (im)possibilidade de se pensar o discurso dentro de uma circunscrição em que sujeitos e sentidos podem ser analisados não somente pela relação que o discurso constrói com a materialidade de seus signos, mas no modus como esses enunciados são proferidos, no modus como os sujeitos são constituídos e no modus como os sentidos são recebidos. As questões teórico-epistemológicas parecem implicar, também, uma ética do discurso. Assim, se é constitutivo da discursividade a mútua e complementar instauração de sujeitos e sentidos, um outro processo identificador dessa discursividade é que o lócus dessa instauração pode depender do modus por meio do qual os discursos, no entremeio de sujeitos e sentidos, se constitui. Tal assunção poderia permitir que, ao serem analisados os discursos, se tomasse o modus como elemento de diferenciação da vinculação do sujeito à posição que ocupa dentro de um cenário mais amplo, que cada viés nomeia e concebe sob uma noção diversa. Estabelecer até que ponto cada um desses vieses permitiria ou se beneficiaria tal assunção é o objetivo principal do GT. Da tribuna à liberdade: o ethos revolucionário de Olympe de Gouges Giselle Luz (UFMG) Maira Guimarães (UFMG) No contexto histórico francês do século XVIII, a Revolução Francesa se tornou um ícone mundial pela luta dos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade. É nesse contexto que a Assembleia Nacional Constituinte Francesa redige a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789). Dois anos depois, Olympe de Gouges (1748-1793) elabora a Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã (1791), no entanto, esta segunda não recebe a mesma repercussão que a primeira. Prova disso, é
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que Gouges sofreu severas sansões pelo seu ato revolucionário, sendo considerada por Robespierre e Marat como “desnaturada” e “perigosa” e, em 1793, Gouges é guilhotinada na cidade de Paris. A morte da escritora, então, assume, para nós, um sentido mais amplo, pois, ao elaborar a referida declaração, ela assume um lugar social que era ocupado majoritamente por homens, além de retratar a linguagem como um importante veículo de transformação da ordem social vigente na qual Gouges estava inserida. No presente trabalho, pretendemos analisar o discurso da feminista e historiadora Olympe de Gouges por meio da Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã (1791). Ao transgredir com os padrões políticos e culturais pertencentes ao século XVIII francês, Gouges instaura um ethos de uma mulher revolucionária, formadora de opinião e a frente de seu tempo. Desta forma, ao entendermos a noção de ethos como a imagem de si no discurso, nos posicionamos na esteiras das reflexões retóricas de Auchlin (2001), visto que para esse autor, a noção de ethos se encontra atrelada tanto às materialidades linguísticas (universo interno do discurso) quanto às materialidades não-linguísticas (universo externo do discurso). Entendendo a declaração redigida por Gouges como uma resposta a um enunciado anterior, ou seja, uma contra enunciação à Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789), buscamos nos situar nas esferas dos estudos pertencentes ao Círculo de Bakthin sobre os conceitos de dialogismo (1992) e polifonia (2002). No que tange os estudos referentes ao feminismo, contaremos com as contribuições de Riot-Sarcey (2008) e os trabalhos de Perrot (2002), posto que a escrita de Gouges se insere em um universo feminista que busca problematizar a hegemonia do poder masculino seja por meio do sistema político, econômico, cultural e social. Como reflexões iniciais, julgamos importante ressaltar que a autora francesa revela uma visão marxista da linguagem. Em outras palavras, Gouges faz uso da linguagem como um instrumento capaz de agir e transformar politicamente as pessoas, mais especificamente, as mulheres.
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Atravessamentos discursivos na construção de um corpo homossexual no kit “Brasil sem homofobia” Guilherme Figueira-Borges (UEG) O corpo, segundo a perspectiva da Análise do Discurso francesa, pode ser considerado um espaço, nada harmônico, de atravessamentos discursivos que emergem em acontecimentos sócio-histórico-ideológica. Nesse sentido, lançar o olhar para o corpo homossexual permite desvelar uma complexa rede de discursos que evidencia, notadamente, exercícios de poder, delimitando práticas que podem e devem ser realizadas pelo sujeito em suas instâncias cotidianas. Neste trabalho, objetivo analisar materialidades linguístico-visuais do kit “Brasil sem Homofobia”, desvelando os discursos que atravessam e delimitam, neste kit, a constituição de um corpo homossexual. Para tanto, ancorar-me-ei nos postulados da Análise do Discurso francesa, especificamente, nos trabalhos de Pêcheux (2009, 2012), de Foucault (1995, 1996, 2008, 2011), de Courtine (2011) e Courtine & Haroche (2008), em diálogo com os estudos da performatividade da linguagem de Austin (1990), da Butler (2012). Este diálogo se torna relevante haja vista que o corpo homossexual emerge a partir de atos de linguagem que, performativamente, delimitam práticas para os sujeitos nas relações sociais. O kit “Brasil Sem Homofobia” emerge enquanto uma proposta para trabalhar, na escola, com questões relativas à identidade de gênero e identidade sexual para diminuir discriminações em relação à homossexualidade. Entretanto, a sua distribuição às escolas foi vetada pelo MEC, cedendo a pressões de determinados deputados, principalmente da bancada evangélica. O veto ao conteúdo do kit faz emergir algumas problematizações: Como o corpo homossexual é construído linguístico e visualmente nos materiais do kit? Quais práticas são vinculadas, no kit, aos corpos homossexuais? Interpretações contrárias ao Kit enunciadas por determinados deputados como, por exemplo, Jair Bolsonaro e
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Marco Feliciano se ancoram em quais Formações Discursivas? Considero relevante remarcar que lançar o olhar para o Kit “Brasil Sem Homofobia”, bem com resistências ao seu conteúdo, evidencia tensões e contradições que, notadamente, questões de identidade e sexualidade causam no/a partir do cotidiano escolar. “Mistória”: um ato de constituição do sujeito João Bôsco Cabral dos Santos (UFU) A “Mistória” é um dispositivo de auto-relato da modalidade de pesquisa narrativa cujo objetivo é resgatar episódios concernentes à história de vida de um participante da pesquisa, com o intuito de redizer a memória, considerado o distanciamento e a longevidade de acontecimentos perscrutados pelo sujeito em sua clivagem de si. O propósito de tal dispositivo incide sobre uma re-significação da anterioridade discursiva do informante na expectativa de sua reconstituição enquanto instância-sujeito da enunciação. Essa re-significação faz emergir elementos da memória discursiva que, quando revisitados, ganham outras avaliações interpelativas, determinantes dos lugares discursivos ocupados pelo sujeito em seu devir de sentidos produzidos. Sentidos esses, vinculados às condições de produção do crivo de redimensionamento das significações na interdiscursividade do processo de constituição sujeitudinal. Para ilustrar a utilização desse dispositivo, analiso alguns enunciados coletados a partir de “mistórias” enunciadas por graduandos em letras em uma disciplina de línguas estrangeiras em que remontaram, por meio dessa modalidade de auto-relato, a história de sua aprendizagem de línguas estrangeiras. Nesse percurso enunciativo, observa-se uma constituição sujeitudinal que reintegra os sentidos de sua relação com as línguas estrangeiras que ensinam e significa suas perspectivas de tomadas de posição enquanto sujeitoprofessores dessas línguas. Este trabalho nasceu de uma
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inquietação epistemológica acerca do papel linguageiro da instância-sujeito no funcionamento discursivo, no interior do processo enunciativo. A partir da leitura da obra Semântica e Discurso de Michel Pêcheux, percebi o imbricamento da questão da subjetividade, sempre vinculada à questão da ideologia e das inscrições ideológicas em que se insere o sujeito. Estou partindo do pressuposto de Michel Pêcheux de que o sujeito discursivo se apresenta na tridimensionalidade de sua inserção social, histórica e existencial. Pêcheux aponta o sujeito discursivo como aquele que ao mesmo tempo pertence a uma classe, ocupa um lugar nela e, a partir desse lugar, toma posições diante dos acontecimentos no entremeio de um tempo e um espaço. Ao refletir sobre a inserção social do sujeito, logo me remeto à sua anterioridade discursiva, sempre perpassada pela questão da memória discursiva e da historicidade dos processos de subjetivação. Discurso, tecnologia e ensino-aprendizagem de língua: um olhar para os dizeres nos estudos da linguística aplicada Mara Rubia Aparecida da Silva (UFU) Cristiane Carvalho de Paula Brito (UFU) Este trabalho visa apresentar resultados de uma pesquisa cujo objetivo é analisar as discursividades sobre o ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras (LEs)mediadas pelas Novas Tecnologias da Informação e Comunicação (NTICs) em artigos científicos na área da Linguística Aplicada (LA). Nosso escopo teórico-metodológico se situa nos estudos inter/transdisciplinares da LA em interface com perspectivas discursivas de linguagem, a fim de contemplar os dizeres das instâncias enunciativassujeitudinais (IES) selecionadas como corpus para a nossa investigação. Esse escopo nos permite mobilizar noções como as de intradiscurso, interdiscurso,
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alteridade, memória discursiva, sentido, sujeito, dentre outras, que fundamentarão a constituição e análise das regularidades enunciativas. Nosso olhar para os dizeres das IES intenta contemplar os seguintes objetivos específicos: (i) delinear as representações de sujeito professor, sujeito aluno, processos de ensino-aprendizagem em relação com as NTICs, construídas nos periódicos; (ii) investigar as vozes evocadas pelas IES ao enunciarem sobre o ensino-aprendizagem de LEs e NTICs; e (iii) problematizar a incidência dessas discursividades para os processos de formação de professores e ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras. Resultados parciais apontam a emergência dos discursos: da essencialidade tecnológica(que funciona de forma a naturalizar a necessidade de se contemplar o uso das TICs nos processos de ensinoaprendizagem); da inovação (que propala sentidos de mudança e transformação com o advento das TICs); da interação (que atribui às TICs a pontencialização da aprendizagem colaborativa);da inclusão (que produz efeitos de pertencimento decorrente do uso das TICs); e da agentividade(que postula a necessidade e liberdade do sujeito para produzir conhecimentos). Tais discursos se sustentam em distintas representações de aluno, professor, ensinoaprendizagem, linguagem, tecnologia, dentre outras, e funcionam de forma a apagar a heterogeneidade dos sujeitos, as determinações históricas e institucionais que perpassam os processos de ensino-aprendizagem, escamoteando, assim, os embates e tensões constitutivos das relações que se dão entre os sujeitos na e pela linguagem. Ethos, entonação e gênero: encruzilhadas de sentidos e sujeitos na discursividade gastronômica de A Festa de Babette Marco Antonio Villarta-Neder (UFLA)
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A presente discussão pretende inserir-se na temática do Grupo de Trabalho “A noção de ethos e seus ecos: (des)encontros em diferentes vieses discursivos”. Para tal, objetiva-se discutir, a partir de um viés discursivo dos estudos de filosofia da linguagem do Círculo de Bakhtin, como o conceito de ethos, advindo da retórica clássica e hoje presente em vieses próximos a teorias de discurso, teria possibilidades epistemológicas dentro desse campo de estudos bakhtinianos. Assim, a partir do filme A Festa de Babette, dirigido por Gabriel Axel, pretende-se problematizar as possíveis relações que constituem os sujeitos Babette e os habitantes do povoado no qual ela se estabelece; os sentidos produzidos e deslocados nessa constituição intersujeitudinal e as discursividades instauradas no modus através do qual essas constituições intersentidurais e intersujeitudinais se enunciam. Babette é uma personagem que representa uma chef de um conceituado restaurante parisiense no final do século XIX. Fugindo das lutas da Comuna de Paris, ela se estabelece em um povoado habitado por cidadãos conservadores e melancólicos na Noruega. Após receber uma indenização expressiva, resolve dar um jantar que acaba alterando em muitos aspectos as pessoas e a vida do povoado. A proposta desta comunicação é discutir como nas entonações entre gêneros gastronômicos diferentes as relações intersujeitudinais e intersentidurais estabelecem deslocamentos e se constituem reciprocamente em um campo de discursividades. Além disso, pretende-se discutir quais as implicações epistemológicas dessa possibilidade de (re)rensar relações que habitualmente são abordadas pelo conceito de ethos mediante os conceitos bakhtinianos de entonação e gêneros. No caso desse último, quais as consequências de se reestabelecer o conceito de gêneros enquanto práticas sociais linguageiras e simbólicas que alocam e deslocam sujeitos e que, ao mesmo tempo, refletem e refratam sentidos.
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Ethos discursivo e o uso da língua portuguesa nas ripagens e manuais de fanfictions Pollyanna Zati Ferreira (UFU) No contexto do ciberespaço, percebemos que um grande número de jovens, leitores principalmente de obras literárias “mercadológicas”, está produzindo histórias de ficção (com pretensões literárias) com base em suas obras preferidas; tratase das fanfictions. Verificamos, ainda, que, além da prática discursiva da fanfiction, há também algumas práticas que se constituíram em torno dela, a saber, os manuais de como fazer fanfictions e as ripagens de fanfictions. Nos manuais, encontramos várias dicas de como produzir fanfictions, sendo recorrente neles as orientações quanto ao bom uso da língua portuguesa, a apresentação dos elementos narrativos, propostas de um trabalho com a linguagem (descrição) e recomendação quanto à leitura. Já nas ripagens de fanfictions, há críticas quanto ao uso inadequado da língua portuguesa e a enredos incoerentes e clichês. Nessa comunicação, pretendo discorrer a respeito do ethos construído nessas duas práticas (nos manuais e nas ripagens), quando tratam sobre o uso da língua portuguesa. Para tanto, considerarei a noção de ethos desenvolvida por Dominique Maingueneau, que propõe que todo discurso, sendo da dimensão oral ou escrita, tem uma vocalidade específica que, além de permitir a persuasão dos destinatários por meio dos argumentos, possibilita a reflexão do processo de adesão dos sujeitos a determinado posicionamento. Nossa hipótese é que tanto os manuais como as ripagens possuem um ethos autoritário/pretensioso quando se trata do uso da língua portuguesa. O corpus de nossa pesquisa se constitui, basicamente, de textos que se intitulam como “manuais de como fazer fanfictions”, encontrados em sites e blogs relacionados às fanfictions; dos textos normativos presentes no blog Liga dos Betas, visto que também orientam a produção de fanfictions, e de ripagens do blog Vingadores do
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Fandom, criado fundamentalmente para a divulgação de ripagens. A abordagem do corpus desta pesquisa se dará, fundamentalmente, a partir de um dispositivo de análise proposto por Michel Pêcheux em Discurso: estrutura ou acontecimento (1983/2002), segundo o qual a análise contempla um batimento entre os momentos de descrição e interpretação do objeto, sem, entretanto, considerar que esses movimentos sejam indiscerníveis. Ethos, exotopia e refração: as (in) tensas relações entre professores e um portal educacional, mediadas pela escrita Rafael Júnior de Oliveira (Bolsista PIBIC-CNPQ/ GEDISC-UFLA) O presente trabalho decorre de pesquisas sobre os sistemas de escrita e estudos sobre os conceitos do Círculo de Bakhtin. Os conceitos aqui em questão são: 1 exotopia, ou seja, eu me constituo sujeito a partir do outro e vice-versa; 2 refração, ou seja, ao me colocar no lugar do outro a visão que tenho de mim é refratada, pois o sujeito está sempre se deslocando no tempo e no espaço. Foi escolhido o portal de educação do MEC, pois este portal além de apresentar diversos sistemas de escrita chama atenção pela forma como esses sistemas estão colocados no site. Sendo assim este trabalho pretende desvendar como ocorrem as relações entre professor-portal- sistema de escrita e como essas relações influenciam na construção da imagem do professor para si e para o outro. Desta forma, os objetivos deste trabalho são: 1 analisar como as estruturas do portal, ou seja, os sistemas de escrita influenciam no lugar onde o sujeito professor se constitui e como esse lugar está sendo deslocado a cada olhar lançado sobre ele; 2 interpretar como esta constituição do sujeito professor no portal do MEC acarreta a construção de um ethos deste sujeito para o outro e para o mundo. A partir da trajetória dessa pesquisa pretende-se discutir como os conceitos
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de exotopia e de refração podem ser tomados como aplicações do conceito retórico de ethos, se este for pensado dentro de um viés bakhtiniano. Assim, analisar como a maneira através da qual cada uma dessas instâncias analisadas (professor, portal e sistemas de escrita), inscrevem e constituem um território de constituição recíproca entre sujeitos e sentidos. Finalmente, quais as consequências epistemológicas desse processo para o professor, para os discursos institucionais do MEC sobre formação de professores. Os conceitos relacionados a sistemas de escrita fundamentam-se principalmente em Sampson (1987) e Bajard (1997). Dentro do viés bakhtiniano, o conceito de exotopia ou distanciamento são tomados de Bakhtin (2003). Ethé de autor/personagem em Zelig, de Woody Allen. Túlio Sousa Vieira (Bolsista PROEC/ GEDISC/UFLA) Fruto de discussões e reflexões desenvolvidos pelo Grupo de Estudos sobre o Círculo de Bakhtin – GEDISC, o presente trabalho tem por objetivo analisar uma semiose cinematográfica, o filme Zelig (1983), do cineasta Woody Allen, elencando as situações/momentos onde sujeitos e sujeitos-outros são constituídos por meio de excedentes de visão que contribuem para a (des)construção do ethos. Pela narrativa fílmica, Zelig busca aprovação alheia, sendo capaz de “assumir” a aparência de outros sujeitos com os quais ele tem contato. Dessa maneira, torna-se condição de existência a referência do outro para existir a motivação do personagem, rompida pela alteridade presente, colocada à luz pelas diversas vozes que os artistas cinematográficos apresentam. Além disso, há um autor/personagem que se mistura na linguagem cinematográfica, acrescentando ao homem-camaleão uma relação exotópica do próprio autor com o personagem, transformando os sujeitos envolvidos no entrelaçamento de ethé autor/personagem cinematográfico. Soma-se a isso o período vivenciado, os anos de 1920/30, onde os espectadores,
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sujeitos da época, são “levados” a acreditar que o autor/personagem realmente existe, assim como os diversos acontecimentos desenrolados no chamado “loucos anos 20”, que criou uma ilusão de que tudo era possível. Nessa direção, interessa explorar como os deslocamentos/movimentos/modus do sujeito personagem principal, Zelig, perpassam a enunciação, convergindo para a elucidação de alguns questionamentos, como, por exemplo: 1) Quais as consequências no discurso da reduplicação do personagem 2) como a construção de sentidos propiciada pelos ethé pode ser pensada dentro de um viés bakhtiniano 3) como autor/personagem (re)criam ethé. Assim, esses processos de movimentos/deslocamentos situados durante o filme são o escopo do trabalho em questão, voltados para uma análise dos diversos modi de como a enunciação se desenvolve, que pressupõe uma aproximação ou falsa aproximação do autor na obra, ou seja, a imagem que o sujeito enunciador (autor) constrói de si, enquanto autor para o outro (personagem), e ao assumir o papel do personagem, como representa essas enunciações outras dentro da narrativa fílmica. A discussão dos conceitos de exotopia/distanciamento e excedente de visão baseia-se em Bakhtin (1997 e 2003). O interdiscurso presente na discursividade do voto na ação direta de inconstitucionalidade (adi 4277) da instância-sujeito Ayres Britto Willian Fernandes (UFU) O presente trabalho tem como objetivo a análise e interpretação do interdiscurso que constitue a discursividade do voto da instância-sujeito, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Ayres Brito. Essa discursividade se dá no acontecimento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 4277) que resultou no reconhecimento da união estável homoafetiva.
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Desvelou-se, ainda, como tais discursos provocam deslocamento no discurso jurídico em análise e qual é a incidência destes discursos na construção do discurso da instância-sujeito como tecido discursivo que levará a produzir os efeitos de sentido na qual esse sujeito discursivo se inscreve como favorável a este tipo de união. No que tange ao deslocamento provocado no jurídico, verificou-se que os efeitos de sentido produzidos pertencem às condições de produção do discurso jurídico utilizadas como mecanismo de persuasão social. Para o feito, fez-se necessária a utilização de um arcabouço teórico multidisciplinar, sob a ótica de um discurso transgressivo, que envolveram teorias da análise do discurso de linha francesa, preceitos da teoria lingüística, fontes do direito, Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, mecanismos de integração de normas e princípios processuais relevantes para a percepção da proposta. Dado os apontamentos, passou-se ao questionamento da relevância dos discursos religioso, literário e filosófico na construção do voto, bem como se o uso daqueles exercia papel de convencimento social. Empregou-se, para o desenvolvimento desta análise, o método analítico-descritivointerpretativista, mediante procedimento de análise bibliográfico e documental. Verificou-se que, na composição do discurso jurídico da instância-sujeito há o atravessamento de discursos outros, tais como o religioso, o literário, o filosófico e o espírita que re-significam o discurso jurídico, trazendo à tona o devir de resposta a um querer social numa dada condição de produção, assim, há o deslocamento do universo jurídico quando se interpreta que a norma/discurso jurídico não é fechada em si, bastando a sim mesma, como acreditam inúmeros operadores do direito, mas passível de re-significações defronte a diferentes condições de produção.
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GT 5 – A presença de narrativas metaficcionais na literatura infantil e juvenil brasileira Coordenação: Edilson Alves de Souza (UEG) Vanessa Gomes Franca (UEG) Na década de 1980, no Brasil, vive-se o boom da literatura infantil, que consiste na ampla vendagem de obras literárias para crianças, na propagação de associações direcionadas ao fomento da literatura infantil, na realização de diversos eventos sobre o tema e na inserção de cursos de literatura infantil na grade das IES. Após o boom, há uma nova consciência dos nossos escritores, os quais, buscando romper com os valores tradicionais – como o caráter pedagogizante, por exemplo –, começam a tratar do fazer literário em seus livros. Desse modo, os textos da literatura infantil e juvenil brasileira voltam-se para si mesmos e, por essa razão, empregam os recursos da metaficção. Ao utilizarem os recursos metaficcionais, os autores e ilustradores da literatura infantil e juvenil brasileira questionam as convenções a respeito da estrutura dos textos e chamam a atenção sobre sua condição de artifício. Ademais, estabelecem uma relação com o leitor, o qual fica ciente das convenções textuais ao ver desnudados os mecanismos que as compõem. Nesse sentido, o leitor é instigado a refletir a respeito da “fabricação” do texto literário. É exatamente essa consciência que é suscitada em O problema do Clóvis, de Eva Furnari. Nesse livro, vê-se a reescritura do conto “O rei sapo”, dos irmãos Grimm, em um jogo em que são postos a nu o escrever, o revisar, o editar, o traduzir, convidando o leitor a participar desses processos. A narrativa furnariana focaliza-se no revisor e no diálogo que este mantém, por meio de telefonemas, com o editor. Tal diálogo instaura uma narrativa metaficcional, pois, evidenciando os papéis do revisor e do editor, volta-se sobre si mesma, num processo de
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autorreflexividade. A presença da metaficção nas obras infantis e juvenis – não somente nas brasileiras – tem trazido a discussão, por parte de críticos da Literatura Infantil e Juvenil, sobre a (in)conveniência do seu uso neste tipo de texto. De um lado da crítica, John Rowe Towsend (1971), David Rees (1980), Steve Bowles (1987), por exemplo, veem a metaficção como inadequada e incompreensível para o público infantil. Do outro lado, encontram-se Anita Moss (1985), Geoff Moss (1992) e Peter Hunt (1992), os quais defendem a utilização de recursos metaficcionais nos textos infantis, visto que tais narrativas colocam o leitor em uma posição mais ativa, tornando-os menos “inocentes”. Tendo como base o exposto, propõe-se, neste Grupo de Trabalho, criar espaço de debate e reflexão para pesquisadores interessados em discutir a presença de narrativas metaficcionais na literatura infantil e juvenil brasileira. A metaficcionalidade em O personagem encalhado, de Angela Lago Alcione Gomes de Almeida (PUC – GO) Renata Helena Silva Moriki (UEG – Câmpus Pires do Rio) Angela Lago figura entre as escritoras e ilustradoras mais representativas da literatura infantil brasileira contemporânea. A autora mineira começa sua carreira em 1980, ao lançar Sangue de barata e O fio do riso. Dividida entre livros de texto e imagem e livros de imagem, sua obra é composta por mais de trinta livros, tendo recebido diversas premiações, dentre elas: O melhor para a Criança, O melhor livro sem texto e O melhor livro de imagens (concedidos pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil); Prêmio Jabuti de Ilustração e Prêmio Jabuti Infantil (outorgados pela Câmara Brasileira do Livro); Prêmio Octogonales (França); Segundo Prémio Iberoamericano de Ilustración (Espanha); Prêmio da Bienal Internacional da Bratislava (Eslováquia). A escritora, que sempre busca inovar
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em seu processo criativo, publica, em 1995, O personagem encalhado, livro que problematiza o fazer literário. Nessa obra, a autora nos apresenta, em um primeiro plano, uma personagem que deseja sair de um livro, mas que está encalhada/presa nele. Em um segundo plano, encontramos a escritora que conversa com um leitor “único e louco”, expondo as dificuldades e angústias relativas à construção ficcional. Desse modo, em nossa comunicação, tencionamos evidenciar que o texto de Angela Lago é metaficcional, na medida em que comenta o processo de criação literária. Ao comentar a si mesmo, o texto metaficcional quebra o ambiente de ilusão referencial, levando o leitor a ponderar sobre uma dimensão da composição literária: o autor, o personagem, o narrador, o leitor. (O presente estudo faz parte do projeto de pesquisa intitulado “A presença de narrativas metaficcionais na literatura infantil e juvenil brasileira: um estudo das obras O problema do Clóvis, de Eva Furnari, e Um homem no sótão, de Ricardo de Azevedo”, desenvolvido na Universidade Estadual de Goiás, Câmpus Pires do Rio, com o apoio da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PrP) da UEG, sob a coordenação da professora doutora Vanessa Gomes Franca). A narrativa metaficcional em O menino escritor de Rosária Alçada Araújo Carla de Lima e Souza Campos (UEG – Câmpus Pires do Rio) Márcia Maria de Melo Araújo (UEG – Câmpus Pires do Rio) Esta comunicação tem como objetivo principal discutir a presença da narrativa metaficcional, tendo como proposta o livro O menino escritor de Rosária Alçada Araújo. Com o intuito de estabelecer o quadro teórico-metodológico para este trabalho, embasamos a pesquisa em Linda Hutcheon (1984), para a qual a linguagem do romance, em toda ficção, é representacional. Entretanto, na metaficção, esse fato é tornado explícito. Enquanto lê, o leitor vive num mundo que é
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forçado a reconhecer como ficcional. No entanto, paradoxalmente, o texto também requer que ele participe, que se envolva intelectual, imaginária e efetivamente na re-criação do texto. É nessa atmosfera que vemos em O menino escritor uma narrativa que parodia as expectivas do leitor, forçando-o a uma consciência de seu próprio papel em criar um universo de ficção. João, a personagem principal de O menino escritor, é levado por meio de um livro, oferecido pela Tia Lili no dia de seu aniversário de 10 anos, a estabelecer uma ponte entre o mundo onde vive com seus pais e familiares e o universo ficcional da Terra dos Encantos, onde conhece a Fada Tagarela. Desse modo, a narrativa implica, assim, as funções do leitor, escritor e crítico na simples e exigente experiência de leitura. Esse tipo de narrativa, ao expor seu sistema linguístico e seu status ficcional, compartilha com o leitor o processo do fazer literário, cuja gênese e cuja estrutura transparece através da leitura. Como resultado da pesquisa, esta comunicação é produto parcial do projeto de pesquisa intitulado “A presença de narrativas metaficcionais na literatura infantil e juvenil brasileira: um estudo das obras O problema do Clóvis, de Eva Furnari, e Um homem no sótão, de Ricardo de Azevedo”, desenvolvido na Universidade Estadual de Goiás, Câmpus Pires do Rio, com o apoio da Pró-Reitoria de Pesquisa e PósGraduação (PrP) da referida Universidade. Metaficção historiográfica na obra O menino e o bruxo, de Moacyr Scliar Elizeth da Costa Alves (UFT/ IFG/ SME-Goiânia) Sem dúvida, a história e a ficção se constroem via narratividade, baseadas em “verdades” e na subjetividade. Desse modo, a metaficção historiográfica tem características próprias e é entendida por Linda Hutcheon (1991) como os romances que são, ao mesmo tempo, autorreflexivos e que apresentam acontecimentos e personagens históricos. Esse novo
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tipo de romance, em que também a presença e a elaboração do tema histórico ocupam o centro da narrativa, procura mostrar que só existem verdades no plural, ou seja, versões. Ademais, problematiza a própria possibilidade de conhecimento histórico e procura desmarginalizar o texto literário por meio do confronto com o histórico. Como exemplo desse tipo de narrativa, temos a obra O menino e o bruxo, de Moacyr Scliar, a qual é direcionada ao público juvenil e mantém um diálogo com os livros machadianos. Focalizado na terceira pessoa, o texto scliariano conta como o menino Joaquim Maria, se transforma no escritor Machado de Assis, divindo a narrativa em duas partes. Na primeira, vemos descrita a figura do menino pobre e frágil, que ajuda em casa, vendendo doces. Na segunda, encontramos o menino na casa do “Bruxo do Cosme Velho”. Ali, a personagem Joaquim Maria conta para o escritor Machado de Assis sobre o que pretende escrever. Desse modo, percebemos que na narrativa scliariana elementos históricos se confundem com a ficção e o processo de criação literária é revelado, características, como vimos, peculicar à metaficção historiográfica. Baseando-nos, então, nos pressupostos da metaficção historiográfica e seus critérios de argumentação, propomos nesse trabalho analisar a obra O menino e o bruxo, de Moacyr Scliar. (O presente estudo faz parte do projeto de pesquisa “A presença de narrativas metaficcionais na literatura infantil e juvenil brasileira: um estudo das obras O problema do Clóvis, de Eva Furnari, e Um homem no sótão, de Ricardo de Azevedo”, coordenado pela professora doutora Vanessa Gomes Franca, e desenvolvido na Universidade Estadual de Goiás, Câmpus Pires do Rio, com o apoio da Pró- Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PrP) da UEG).
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A escrita literária como possibilidade de absolvição: um estudo sobre metaficção no romance juvenil Lis no peito: um livro que pede perdão, de Jorge Miguel Marinho Ludmila Santos Andrade (SEDUCE-GO/FL-UFG/CAPES) Cloves da Silva Junior (SEDUCE-GO/FL-UFG/CAPES) O romance Lis no peito: um livro que pede perdão (2006), escrito por Jorge Miguel Marinho, narra a história do protagonista Marco César e seu processo de amadurecimento por meio das vivências de seu cotidiano adolescente. Em um dado momento, começa a amar Clarice, uma garota da escola e leitora de Clarice Lispector – a qual está presente em toda a obra, seja pelo título, tomado como explicação metafórica para o sobrenome da autora, seja pela presença de frases da escritora que abrem os capítulos, dentre outras referências. No caminho rumo ao autoconhecimento, Marco César vive uma desilusão amorosa e, em função disso, comete uma maldade imperdoável. Após esse ato, pede a um amigo que escreva sua história para que outros olhos analisem a situação e decidam se ele deve ser absolvido ou não da crueldade que fora praticada. Com isso, delineia-se a proposta de pesquisa deste trabalho que tem como objetivo desenvolver um estudo sobre a presença da metaficção no romance citado, no intuito de identificar e analisar os recursos textuais utilizados para a consolidação desse artifício da narrativa, que consiste no desnudamento do processo de escrita ficcional “[...]que autoconscientemente e sistematicamente chama a atenção para seu status como um artefato, a fim de colocar questões sobre a relação entre ficção e realidade” (WAUGH, 1985, p. 02). Além disso, a pesquisa propõe uma reflexão sobre a interação estabelecida entre o texto e o leitor, o qual é convidado a refletir sobre os acontecimentos da narrativa e decidir se o personagem Marco César é culpado ou não pelo que fez. Tal interação, a nosso ver,
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contribui para o estreitamento da relação entre a literatura e o leitor juvenil, o qual assume um papel de coautoria junto ao texto literário. E nesse contexto, Linda Hutcheon (1984, p. 39) afirma que “o leitor deve aceitar a responsabilidade pelo ato de decodificação, o ato de ler. Perturbado, desafiado, forçado a sair de sua complacência, ele deve conscientemente estabelecer novos códigos, a fim de chegar a um acordo com os fenômenos literários”. Por fim, o trabalho também provocará uma reflexão sobre a viabilidade da estratégia metaficcional em narrativas juvenis, uma vez que há discordância de alguns teóricos sobre a utilização desse artifício nessas narrativas. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica em que a análise será conduzida de acordo com os pressupostos teóricos, além de outros, de Anita Moss (1985), Linda Hutcheon (1984) e Patrícia Waugh (1985). Literatura infantil e juvenil e metaficção: uma leitura de Um homem no sótão, de Ricardo Azevedo Maria Lúcia Alves de Jesus (UEG – Câmpus Campos Belos) Edilson Alves de Souza (UEG – Câmpus Campos Belos) No contínuo desenvolvimento da teoria e da crítica literárias, surgiu a discussão de um fenômeno que desvela novas formas de se construir e entender as narrativas, conhecido como Metaficcção. Sua caraterística principal é pautada pela atividade narrativa que, no bojo de suas complexas estruturas ficcionais, arquiteta uma reflexão sobre o seu próprio procedimento de escrita. O leitor, nesse processo, é levado a refletir sobre a técnica de escritura presente e tratada no conteúdo ficcional da obra. Em outras palavras, na Metaficcão, o texto literário discute sua própria construção enquanto texto. Tal recurso também é recorrente em obras de literatura infantil e juvenil, tal como em Um homem no sótão, de Ricardo Azevedo. A obra supracitada foi publicada pela primeira vez em 1982, sob o título Um autor de contos para crianças. Um ano depois, ganhou menção honrosa na Bienal de Ilustração, que
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ocorreu em Bratislava, Tchecoslováquia. Em 1984, foi laureado com o Prêmio Bienal do Livro do Banco Noroeste de São Paulo. O premiado texto azevediano narra a história de um autor de contos infantis que, ao iniciar o processo de escrita de um livro, vê suas personagens saindo de suas histórias e questionando suas escolhas. A partir disso, há a instauração de um diálogo metaficcional, uma vez que tal texto provoca a reflexão sobre a escrita ficcional. Desse modo, essa narrativa desconstrói as convenções, na medida em que a sua escrita metaficcional revela ao leitor que a história está sendo construída. Destarte, no presente trabalho, intentamos abordar Um homem no sótão, de Ricardo Azevedo, evidenciando os artifícios de Metaficcção. Nessa direção, utilizaremos, inicialmente, como pressupostos teóricos, para a discussão acerca da metaficção: Camargo (2009); Devoize (2002); Faria (2012); Hutcheon (1989; 1984); Lepaludier (2002); Müller (2014); Ryan-Sautour (2002); Sohier (2002); Waugh (2001). De igual maneira, recorreremos aos estudiosos da literatura infanto-juvenil: Abramovich (1997); Coelho (2000; 2010); Hunt (1992); Lajolo, Zilberman (2003); Simões, Azevedo (2009); Zilberman (2005). (Nossa pesquisa é produto parcial do projeto de pesquisa intitulado “A presença de narrativas metaficcionais na literatura infantil e juvenil brasileira: um estudo das obras O problema do Clóvis, de Eva Furnari, e Um homem no sótão, de Ricardo de Azevedo”, desenvolvido na Universidade Estadual de Goiás, Câmpus Pires do Rio, com o apoio da Pró- Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PrP) da UEG). Os recursos metaficcionais em O problema do clóvis, de Eva Furnari Vanessa Gomes Franca (UEG – Câmpus Pires do Rio) O interesse em pesquisar sobre metaficção surgiu, em 2010, a partir das discussões e reflexões realizadas durante as aulas do Doutorado, nas disciplinas Estratégias da Narrativa e Tópicos
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de Literatura Comparada, ministradas pela professora doutora Zênia de Faria da Faculdade de Letras da UFG. Por meio das leituras e dos cotejos realizados, decidimos investigar a respeito dos recursos metaficcionais presentes em obras da literatura infantil e juvenil brasileira contemporânea, tendo em vista uma das características dessas obras ser a autorreflexão. À vista disso, encontramos diversos livros que voltam-se para si mesmos, desnudando o fazer literário e colocando a nu seu status de artefato, de objeto criado segundo determinadas convenções. Nessa comunicação, para ilustrar a presença de recursos metaficcionais na literatura infantil brasileira, elegemos, como corpus de estudo, o livro O problema do Clóvis, de Eva Furnari, publicado em 1992. Tal obra é uma reescritura do conto “O Príncipe Sapo”, dos irmãos Grimm, em que Furnari subverte o conto tradicional, questionando o padrão de narração das estórias infantis, além de desnudar seu próprio processo de edição/criação. A autora não somente reatualiza a estória dos autores alemães, como apresenta uma narrativa labiríntica ao leitor, por meio da qual, este deverá estar atento às pistas, aos detalhes, a fim de decifrar o texto e participar da encenação da escritura textual. Para a elaboração do nosso trabalho, utilizamos como aporte teórico sobre metaficção os estudos desenvolvidos por Linda Hutcheon (1984; 1989); Patricia Waugh (2001); Laurent Lepaludier (2002); Zênia de Faria (2009, 2012); Flávio Pereira Camargo (2009); Adolfo José de Souza Frota (2013), dentre outros. No tocante à metaficção na literatura infantil e juvenil, recorremos aos pesquisadores: Peter Hunt (1992); Fanny Abramovich (1997); Nelly Novaes Coelho (2000, 2010); Marisa Lajolo e Regina Zilberman (2003). (O trabalho que ora apresentamos é produto parcial do projeto de pesquisa intitulado “A presença de narrativas metaficcionais na literatura infantil e juvenil brasileira: um estudo das obras O problema do Clóvis, de Eva Furnari, e Um homem no sótão, de Ricardo de Azevedo”, desenvolvido na Universidade Estadual de Goiás, Câmpus Pires do Rio, com o apoio da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação – PrP).
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GT 6 – A recepção da literatura em espaços escolares pela voz dos envolvidos Coordenação: Adriana Demite Stephani (UFT) Robson Coelho Tinoco (UnB) Inúmeras pesquisas apontam para uma crise da leitura literária no âmbito escolar. Outras mostram diversas experiências na busca da reversão desse quadro. Todavia, ainda há pouca divulgação e ampliação daquelas, na linha empreendida por Magda Becker Soares (2002), que defendem a ideia de “condições sociais da leitura”, ou seja, onde se adota uma postura dialógica nas pesquisas e diagnósticos sobre leitura. Isso significa dar voz a todos os envolvidos e maiores interessados na problemática da leitura, ou considerar o problema como sendo de natureza coletiva e institucional, como o faz, por exemplo, Richard Bamberger (1995), que localiza a origem da vocação e do hábito da leitura na coletividade. Dessa forma, este Grupo de Trabalho se propõe a discutir pesquisas que englobem os envolvidos no processo de letramento literário nos espaços escolares (mediadores/professores e leitores/alunos), dando-lhes “voz” (no sentido bakhtiniano) no intuito de questionar: Se ouvidos, o que os alunos têm a dizer sobre os modos como a leitura literária lhes é apresentada/ensinada? Quais são suas reclamações, expectativas, entusiasmos, desilusões e sugestões? Quais suas concepções de leitura? Quais são seus hábitos de aproximação dos textos literários e quais as ligações entre esses modos e aquilo que eles ouvem/veem/observam/herdam dos conceitos e práticas de leitura literária no âmbito escolar? De que maneira e em que medida sua relação com a leitura literária é resultado/objeto/meio de sua relação com o professor de Língua Portuguesa? É possível que o olhar, a opinião dos estudantes da Educação Básica sejam decisivos para os rumos do ensino de literatura entre eles? E quanto aos professores: O
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que pensam e como percebem a escolarização da literatura? Quais as maiores dificuldades enfrentadas? Quais são as soluções propostas ou empreendidas? O que se tem feito para reverter esse quadro da leitura literária nos espaços escolares? Diante desses questionamentos, nosso intuito é reunir pesquisas atuais que cartografem a realidade vista pelos olhares e vozes de seus personagens, ainda pouco (ou ainda não suficientemente) ouvidos na maioria dos mapeamentos da realidade da leitura literária no Brasil, oportunizando assim, uma reflexão sobre os rumos do letramento literário em espaços escolares no país. A voz dos [des]interessados: a relação dos estudantes com a leitura literária e o papel do professor – análise de duas pesquisas em escolas do Distrito Federal Adriana Demite Stephani (UFT) Robson Coelho Tinoco (UnB) Estudos diversos oferecem respostas à pergunta “por que o jovem estudante não lê?”. Muitos deles apontam a falta de interesse, a irrelevância que a leitura assumiria no ambiente escolar, principalmente a leitura literária. Alguns desses estudos apontam como principal causa do desinteresse a falta de incentivo, o trabalho mal articulado na escola e coisas dessa natureza. É de se observar que boa parte desses diagnósticos é feito com base no depoimento de professores e poucos deles partem da opinião dos alunos. Na presente comunicação discutir-se-ão os dados levantados por duas pesquisas realizadas por pesquisadores vinculados ao Programa de Pósgraduação em Literatura do Instituto de Letras da Universidade de Brasília (UnB) que tiveram como público-alvo alunos do Ensino Médio do Distrito Federal e foram feitas com vistas a conhecer, pela voz desses adolescentes e jovens, como concebem e se relacionam com a leitura literária. Essas
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pesquisas são comparadas, analisando os seus resultados. O foco de análise é a atuação do professor como fator relevante para a configuração das espécies de relação que os entrevistados demonstraram ter com o ensino de literatura. Condições de formação e de trabalho do professor de literatura no ensino médio e fundamental Angélica Rodrigues da Costa (FACED/UFU) Isabela De Barros Lopes (ILEEL/UFU) Este projeto teve como finalidade investigar as condições de trabalho do professor de Literatura Portuguesa e Língua Portuguesa no Ensino Médio e Fundamental. Nesse intuito foram realizadas entrevistas com professores e bibliotecários e realizamos visitas à escolas afim de apurar as condições em que se encontram as bibliotecas escolares. E também averiguar se existem, e quais são os projetos de estímulo a leitura. Para subsidiar este trabalho, fez-se necessário lembrar os atos regulatórios que regem o ensino no país. A primeira Lei de Diretrizes e Base (LDB – Lei 4.024) foi aprovada em 20 de dezembro de 1961, aproximadamente 30 anos após a sua previsão pela Constituição de 1934, valendo lembrar ainda, que foram necessários trezes anos de debates para a sua conclusão, uma vez que o projeto inicial foi encaminhado ao poder legislativo em 1948. A LDB de 1961 teve uma versão publicada em 1971, durante o regime militar, vigorando até a promulgação da Lei 9.394 de 1996. A Lei 4.024 de 1961 foi vista como obsoleta em 1988 com a promulgação da Constituição Nacional, no entanto, a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN – Lei 9.394) foi sancionada somente em 1996, e está em vigor até os dias atuais. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), documento criado em 1997 pelo Ministério da Educação (MEC) para difundir os princípios da reforma curricular e orientar os professores na busca de novas abordagens e metodologias. Foi necessário
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também analisar como a legislação local e estadual trata da temática, para saber se existem políticas públicas voltadas para o incentivo à leitura, além disso foram analisadas as bibliotecas de três escolas, e foram entrevistados dois profissionais da área de educação, um trabalha na biblioteca e também é professor e o outro é professor de língua portuguesa, e como conclusão deste, foram realizadas possíveis propostas de intervenção para um maior incentivo a leitura. A biblioteca universitária e sua relação com o perfil de leitura dos formandos: um estudo no curso de Pedagogia da UFT, Câmpus de Arraias Arilthon Romulo Cavalcante Casimiro (UFT) Sônia Maria de Sousa Fabrício Neiva (UFT) A presente comunicação apresenta os resultados de um estudo que buscou identificar o perfil de leitura dos acadêmicos de Pedagogia com um olhar partir da biblioteca, pois acredita-se que a leitura exerce um importante papel na formação deles. Procurou-se estabelecer uma relação entre leitura e biblioteca por entender que ela contribui com o ato de ler, além de constituir-se como um requisito para abertura e manutenção de um curso superior. Com isso, são apresentados dados de uma pesquisa de campo realizada com duas turmas de alunos formandos em Pedagogia da Universidade Federal do Tocantins, Câmpus Universitário de Arraias, uma em 2013 e a outra em 2015. Buscou-se fazer uma comparação dos dados coletados no intuito de observar possíveis mudanças de perfil leitor dos alunos nos períodos pesquisados, evidenciando como era o contato desses acadêmicos com a leitura, enfatizando a utilização da biblioteca nesse processo. A metodologia utilizada na pesquisa baseou-se em princípios de cunho qualiquantitativo e teve como instrumento de coleta a utilização de um questionário semiestruturado. Para análise dos dados,
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estabeleceu-se um diálogo com importantes autores como Freire (2002), Bamberger, (1988), Lajolo e Zilberman, (1991), Silva, (1993), Martins (2003), Chartier (1999), Milanesi (2002), dentre outros, que muito contribuíram com suas ideias sobre leitura e biblioteca. Um estudo metodológico do ensino em dramaturgia: ensaiando para escrever Carlos Afonso Monteiro Rabelo Cássio da Silva Araújo Tavares Esta dissertação de mestrado é um estudo metodológico do ensino em dramaturgia a partir de prática cênica e literária, com o objetivo de oferecer a diversas comunidades discentes um meio de expressão artística, política e humana. Baseado na experiência e trajetória pessoal com tradução e criação de novos textos teatrais, e do ensino da escrita para o teatro em oficinas, este projeto procura sistematizar um entre possíveis ensinos da escrita teatral, sem se apegar em linguagens específicas, muito menos ideias normativas. Usando de exemplo alguns clássicos da dramaturgia brasileira, como Gonçalves Dias, Nelson Rodrigues, Paulo Pontes e Martins Penna, de fácil e amplo acesso em bibliotecas e acervos virtuais, para estimular o contato e a fruição da literatura dramática brasileira entre os estudantes e vamos estabelecer um contraponto com teóricos da pedagogia dramatúrgica de diversos países e épocas, em particular David Edgar e Will Dunne, à procura de um campo de conhecimento específico de criação literária para a cena. Empregando a leitura dramática em sala de aula, jogos teatrais e dramáticos, exercícios de escrita e trabalho em grupo, vamos procurar estimular o surgimento de novos dramaturgos (as), coletivos, novos frequentadores do teatro, novos grupos de teatro e o desenvolvimento emocional, cultural e humano dos participantes.
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Leitura como eixo fundamental para a construção das práticas escolares Fernanda Resende Marques Alves (CESG) Izabel Cristina de Lima Carvalho (CESG) Thiago Moura Camilo (E.E. Cel. Oscar Prados) Ler é um processo de interação que possibilita ao sujeito ultrapassar a superficialidade do texto e entrar em seu diálogo interno, construindo redes de relações sobre as quais possam se posicionar. Dessa forma, a produção de sentidos não estaria somente no texto, mas nas diversas formas de interlocução que se estabelecem entre o leitor, o texto e o autor. Ler, dentro deste contexto, significa assumir posturas ativas diante do que se lê ou escuta, ampliar as possibilidades de interação com os outros; por isso ser habilidade indispensável para a formação e aprendizado da criança. Por assim compreendermos, tomamos como objeto de reflexão as práticas de leitura possibilitadas a uma turma de segundo ano do Ensino Fundamental. Essas práticas envolvem a leitura de textos diversificados, os quais são lidos pelos alunos em sala de aula e, posteriormente, relidos em casa para apreciação e, também, avaliação dos próprios pais. Esse movimento permite que as relações de ensino envolvam um conjunto formado por escola, professora, alunos e pais, com vistas ao desenvolvimento da leitura. A leitura, nesta perspectiva, é analisada como uma atividade interativa entre texto/autor/leitor e altamente complexa de produção de sentidos. Nesse sentido, o trabalho desenvolvido com a leitura em sala de aula vem compreender como tem sido mediada a prática de leitura pela professora nas diversas áreas do conhecimento com vistas à promoção leitora dos alunos de um segundo ano do ensino fundamental. Metodologicamente, assumimos a perspectiva histórico-cultural do desenvolvimento humano de Vigotsky e a perspectiva enunciativo-discursiva de Bakhtin por compreendermos que essas abordagens possibilitam-nos a compreensão da linguagem verbal em suas
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condições concretas de produção. Participaram deste estudo 25 alunos de um segundo ano do ensino fundamental – anos iniciais, de uma escola da rede particular de São Gotardo-MG. As aulas foram observadas, fazendo o uso de registro em diário de campo. A pesquisa tem possibilitado que professora, alunos e pais teçam reflexões sistemáticas sobre as práticas vigentes, como também sobre as possibilidades didático-pedagógicas de leitura sejam tecidas dialogicamente nas diversas áreas do conhecimento. Os dados produzidos até o momento evidenciam não só a dimensão intersubjetiva do processo vivido, mas também o fato de que a prática de leitura não só pode, como deve, ser explorada tanto no ambiente escolar como no ambiente familiar, a fim de que os alunos façam uso social dessas práticas tipicamente consideradas escolarizadas. As estratégias de leitura no processo de ensino/aprendizagem Fernanda Siqueira Silva (UFG/RC) Meire Cristina Costa Ruggeri (UFG/RC) O que se percebe atualmente é que o ensino de leitura insere-se em um contexto de intenso debate, devido às mudanças sociais e ao rápido avanço das tecnologias, em que se delineiam novas definições e novas questões, suscitadas por diversos campos das ciências. De modo geral, a leitura ainda não alcançou um espaço central e interdisciplinar no currículo escolar. Dessa forma, o ensino de leitura coloca-se como assunto importante para pesquisadores de diversas áreas, pois implica discutir o próprio desenvolvimento humano e colocar em questionamento as melhores práticas para impulsioná-lo. Segundo Solé (1998) um dos principais desafios da escola é fazer com que os alunos tenham o domínio da leitura, o que é de extrema importância, pois saber ler é fundamental para se ter autonomia nas sociedades letradas. Para isso entende-se que a atividade de ler deve ser mais do que uma simples leitura dos
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grafemas, ler deve ser compreender, percebendo a compreensão como um processo de construção de significados sobre o texto lido. Nesse sentido, o uso das estratégias de leituras se torna uma aliada eficiente no processo de ensino/aprendizagem, pois elas desenvolvem habilidades leitoras de compreensão e interpretação, as quais contribuem para a formação do leitor independente, critico, e autônomo. Segundo Isabel Solé (1988), as estratégias de leitura estão presentes no processo de leitura e são as ferramentas necessárias para o desenvolvimento da leitura proficiente. Assim, pretendese, por meio de uma pesquisa documental analisar dissertações a partir da palavra-chave Estratégias de Leitura no banco de Teses e Dissertações da Capes, no período de 2010 a 2014. Como resultados foram encontradas e analisadas 04 dissertações que discutem sobre as estratégias de compreensão leitora, as concepções de leitura e práticas de ensino de compreensão de leitura, sua possível relação com o desenvolvimento de habilidades de compreensão de leitura nos alunos. Leitura literária e escola: espaço na formação do leitor? Gislene de Sousa Oliveira SILVA (UFG/RC) Selma Martines Peres (UFG/RC) Giselle Pereira Campos Faria (UFG/RC) O objetivo desta proposta é discutir acerca da leitura literária no espaço escolar, especificamente, nos anos iniciais do ensino fundamental e sua relação com a formação do leitor, adotando como percurso metodológico, o estudo bibliográfico. Para tal faz-se necessário percorrer os conceitos de letramento, a partir de autores como: Soares (2004), Goulart (2006), Street (2010, 2014) e Kleiman (2001), por compreender que o letramento tem sentido “plural” e a literatura faz parte desse processo de aquisição de conhecimentos para a construção de saberes necessários na formação do sujeito letrado. Nesse sentido, algumas questões orientam essa proposta: Como a
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leitura literária acontece no contexto escolar? Qual a relevância dada à leitura literária em sala de aula? Onde está a literatura a partir das práticas de letramento trabalhadas na escola? Estas questões podem contribuir para o debate acerca da compreensão e relevância que está sendo dada à leitura literária no cenário escolar e suas potencialidades no contexto extra-escolar, no papel de contribuição na formação do sujeito leitor. Por isso, propomos neste trabalho, um diálogo com os autores que discutem sobre essa temática e que podem auxiliar a refletir sobre e aprofundar nos estudos acerca de situações de grande relevância no trabalho de formação do leitor, em sala de aula e fora dela, sendo eles: Cosson (2009, 2014), Ziberman e Rösing (2009), Soares (2004), dentre outros. A discussão levantada a partir dos teóricos aponta para a necessidade do uso adequado do acervo literário na escola, abandonando práticas exclusivamente preocupadas com a avaliação. Nesse sentido, sinalizam para a aproximação a ser promovida pela escola entre texto-autor- leitor, considerando o contexto em que está inserido o sujeito. Por fim, a partir desses diálogos espera-se que o texto possa suscitar reflexões sobre caminhos a serem percorridos, na busca de melhores práticas de letramento literário, no contexto escolar para a formação de leitores. Ensino de Literatura e oralidade poética: dificuldades conceituais, metodológicas e práticas que envolvem as poéticas orais Gláucia Helena Braz Neste estudo, realizamos reflexões acerca das poéticas orais e sua performance no espaço formal de educação e cultura. Objetivamos descrever, analisar e fundamentar os procedimentos teóricos e práticos aplicados ao trabalho com a poesia oral, e ainda, verificar a sua contribuição na formação leitora do indivíduo. Nesse intuito, levantamos inicialmente a
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problemática conceitual e prática dos pesquisadores e profissionais que trabalham com a oralidade. Recorremos às concepções teóricas de estudiosos como: Zumthor (2007), Ferreira (2010), Fares (2010), Feitosa (2008), Todorov (2009) dentre outros. Apresentamos também os resultados de uma pesquisa realizada em 2011, com um grupo de 27 professores de Uberlândia - MG, atuantes na área de Língua Portuguesa, acerca do ensino de Literatura na rede pública. Por meio desta pesquisa e dos estudos realizados pudemos constatar que o ensino de Literatura ocorre, muitas vezes, de forma ineficiente, o que contribui pouco para a formação de leitores. Concluímos, com essa investigação, que metodologias voltadas para a oralidade poética e sua performance – embora muito pouco utilizadas pelos mediadores e educadores – contribuem significativamente no processo de formação de leitura. Portanto, as poéticas orais em performance poderiam ser mais valorizadas, e de fato utilizadas no contexto escolar contribuindo, assim, na formação leitora dos indivíduos. A temática indígena em foco: estímulo a leitura e reflexões Isabela De Barros Lopes (ILEEL/UFU) Angélica Rodrigues da Costa (FACED/UFU) Não há dúvida de que a leitura no processo de formação do educando é um caminho de extraordinária importância no mundo em que vivemos atualmente. Mas nesse mundo altamente tecnológico, onde a informação é dada e atualizada a todo momento, como nós, professores, podemos incentivar nosso aluno a se interessar pela literatura? Estimular o aluno não é uma tarefa simples, muito pelo contrário, é uma tarefa que demanda do professor muita dedicação e esforço. Mostrando ao aluno que o ato de ler transcende, e, como nos coloca FRANCHETTI (2009, p.9) quando diz que a literatura “Não merece ser ensinada como história, como sociologia, como
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linguística, como geografia”. Outro assunto bastante complexo e importante a ser trabalhado em sala de aula, são a questões dos valores humanos, o respeito ao próximo, que de certa maneira é cobrada por lei nos dizeres sobre os temas transversais, que abordam dentre outros assuntos o respeito a comunidade indígena. “Estimular o apreço pelo livro e literatura é despertar o interesse pela informação, formando cidadãos mais conscientes” (WILLER, 2002, p.1). Estimular o aluno a ler já não é uma tarefa fácil, ainda ter que estimular esse aluno a querer conhecer e trabalhar os temas transversais é ainda pior, pois o discente já traz consigo uma ideologia, então este trabalho com os temas se faz necessário para que haja uma quebra de preconceitos que muitas vezes o aluno possa trazer consigo. Se faz importante também para que o mesmo tenha uma visão ampliada sobre o tema indígena por exemplo, que muitas vezes só conhece o que ouve falar na televisão. Sendo assim percebemos que a literatura vem então a ocupara uma função importante nesse entremeio, a de tornar prazeroso e facilitar o estudo dos temas transversais que por lei devem ser incluídos no projeto político e pedagógico da escola. “Não tomemos a literatura apenas como um veículo para outros conhecimentos ou um campo desinteressante de discurso sobre, de definições e classificações vazias, que tentam em vão substituir ou anular a vivencia e a complexidade da leitura” (FRANCHETTI, 2009, p.9). Assim, para desenvolvimento deste trabalho tomaremos como base principal a obra Maíra de Darcy Ribeiro, e parte da legislação pertinente, para então o desenvolvimento de um projeto que estimule e provoque no aluno não somente o prazer da leitura, mas a reflexão a partir dela. Círculo de leitura: o conto em cena Jorge Fernando do Nascimento Coimbra (UFP)
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O presente trabalho tem como objetivo formar agentes multiplicadores (alunos do ensino fundamental II) de leitura do texto literário, tendo como foco o gênero literário – Conto, da série Literatura em minha casa. A literatura está quase sumindo dos ambientes escolares. O objeto de ensino nas aulas de língua portuguesa é sempre gêneros textuais como receitas, notícias, além da própria gramática, secundarizando a literatura. Não há, em muitas situações de ensino nas aulas de português, ações pedagógicas que visem ao estudo do literário no sentido da reflexão, prazer estético e da formação humana por alguma razão que perpassa até mesmo por uma metodologia adequada do professor com o trato com o texto literário. O discurso docente, em algumas vezes, é o de que os alunos não tem competência leitora ainda para lerem textos literários, uma vez que tem uma linguagem difícil, rebuscada. Isto resulta em algumas iniciativas de se querer mexer na essência da linguagem literária, simplificando-a para que esteja condizente com o desenvolvimento cognitivo do aluno. Não há estabelecimento de idade para que o aluno leia a obra original de algum autor da literatura brasileira. O professor pode apresentar-lhe a literatura não de forma traumática, mas procurar saber o gosto literário do aluno a partir de uma oferta de livros significativa, considerando o gosto do professor bem como as possíveis preferências do próprio aluno. (COSSON, 2014, p. 92) a dificuldade no ensino de literatura é produto da dificuldade de identificar, compreender e até mesmo separar os diversos modos de ler o texto literário. Professor e aluno, quando diante do texto literário podem ter objetivos/interpretações diferentes a depender das referências de leituras que têm. No ambiente da escola a literatura é tida como um lugar de conhecimento, entretanto, para que assuma sua função, é preciso que a escola proporcione ao aluno condições de saber explorar o texto literário de forma adequada (COSSON, 2006, p. 26). É saber potencializar o estudo da literatura (LEITE, 1983, p. 15). A leitura dos textos do gênero literário em questão teve como orientação
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metodológica a sequência básica de letramento proposta por (COSSON, 2006, p. 05). Semanalmente o grupo de alunos se reunia com o professor de português para discutirem o sentido do texto literário anteriormente escolhido. Os trabalhos iniciam com a leitura em voz alta do professor. Posteriormente cada aluno fala do texto lido bem como dos registros feitos, e, a seguir, procede-se à discussão sempre mediada pelo professor. Os alunos viram na biblioteca pública não somente um espaço para pesquisas escolares, mas também de leitura de literatura. Além do que houve um movimento de sensibilização da comunidade estudantil assim como da própria comunidade circunvizinha para construir a biblioteca da escola onde se desenvolve o projeto de formação de leitor. A recepção das literaturas africana e indígena no ensino fundamental II pela voz dos educandos: resultados de uma pesquisa-ação Lorena Faria de Souza (UFU) Juscelino Pereira de Souza (IF SP) Magda Becker Soares (2001) afirma que a literatura inserida na escola, enquanto “saber escolar”, é naturalmente escolarizada, o que nos impede de atribuir, ao menos em tese, uma conotação negativa a tal escolarização, a que a autora chama de “inevitável ou necessária”. No entanto, cabe aos sujeitos envolvidos criticar não a escolarização da literatura em si, mas a forma distorcida e/ou inadequada como se dá tal processo, levando o saber literário a tomar formas pedagogizantes, que desfiguram o caráter dialógico e de humanização inerente à literatura. Diante disso, é válido conhecer as ações desenvolvidas nos ambientes escolares por meio da voz dos sujeitos envolvidos, em busca da efetivação do letramento literário, seja considerando as temáticas abordadas (ou não) no ambiente escolar, seja focalizando a percepção
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desses sujeitos em relação ao ensino de literatura que vem sendo realizado na escola. Assim, o presente trabalho pretende apresentar os resultados de pesquisa realizada no âmbito do Profletras da Universidade Federal de Uberlândia, desenvolvida junto a estudantes do Ensino Fundamental II de uma escola pública estadual da cidade, em que foram abordadas as temáticas etnicorraciais através da utilização de contos do negro e do índio, procurando desmistificar alguns préconceitos e preconceitos dos educandos em relação às temáticas. A metodologia de análise dos resultados deu-se por meio da realização de uma pesquisa-ação (THIOLLENT, 1986), considerando-se que essa perspectiva metodológica busca solucionar questões de ordem coletiva, em que os sujeitos envolvidos operam de modo participativo na situação investigada, permitindo olhar para o objeto de investigação em sua relação com aspectos sociais, daí sua relevância. Para a coleta de dados utilizamos entrevistas grupais, questionários e diários reflexivos de leitura, com base nos estudos de Lakatos et Marconi (1986) e de Annie Rouxel (2012), procurando descobrir como (ou se) as temáticas etnicorraciais vêm sendo trabalhadas em aulas de literatura, em quais práticas de leitura os estudantes estão envolvidos, quais são as referências literárias principais desses educandos e os conhecimentos prévios sobre a África e sobre os índios que permeiam a escola, além das sugestões dos educandos para as aulas de literatura. A ação de letramento literário desenvolvida procurou valorizar a literatura enquanto meio de humanização capaz de “redirecionar o olhar do aluno para a função cultural da leitura como veículo de conscientização social e fonte de prazer estético” (TINOCO, 2013, p. 137), a fim de que a leitura literária fosse “exercida sem o abandono do prazer, mas com o compromisso de conhecimento que todo saber exige”, como nas palavras de Rildo Cosson (2012, p. 23).
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O uso do livro literário do PNBE na biblioteca escolar Rejane Guimarães de Mello e Lucas (PPGEDUC/RC/UFG) Selma Martines Peres (PPGEDUC/RC/UFG) Este estudo é um recorte de pesquisa realizada no curso de Mestrado em Educação do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Goiás – Regional Catalão (PPGEDUC-UFG/RC). Desse modo essa comunicação tem por objetivo analisar o uso dos livros literários do Programa Nacional Biblioteca da Escola por alunos do ciclo de alfabetização de uma escola no interior de Goiás, no espaço da biblioteca da instituição de ensino. Assim, o presente estudo pretende mostrar como o acervo do Programa vem sendo utilizado pelos alunos, demostrando com isso a circulação e a apropriação dos acervos disponibilizados pelo governo federal, ao longo de quase duas décadas de implementação dessa política pública de leitura. Entende-se que o aprendizado significativo das crianças e o processo de alfabetização podem ser reforçados com a democratização do acesso às obras literárias nas escolas da rede pública de ensino do Brasil, por meio de programas de incentivo e fomento à leitura como o que passa a ser aqui discutido. A metodologia utilizada foi análise documental, com base em Leis, Decretos, Portarias, Resoluções e Editais do Programa e ainda pesquisas análogas na área. O estudo ainda pautou-se nos elementos constitutivos da pesquisa-ação, que tem como objetivo a transformação de uma realidade estabelecida, sendo utilizados dados coletados por meio de instrumentos como observação e questionário com alunos e questionário e entrevista com regentes e bibliotecárias. Mediante tal proposta, foi constatado que os alunos do primeiro, segundo e terceiro ano da escola pesquisada são frequentadores da biblioteca escolar, semanalmente levam pelo menos um livro para casa. Entretanto, foi observado que o tempo de escolha de um título é exíguo em meio à diversidade do acervo, o que dificulta o primeiro contato com a obra a fim
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de apreciar a capa, o título, as gravuras, a densidade do texto. Essas etapas nem sempre estão sendo vivenciadas pelo aluno, exigindo muitas vezes, uma escolha qualquer, demarcando o tempo corrido das atividades didáticas. (Agência de Fomento – CAPES). Efeitos receptivos da literatura [tocantinense] em atividades práticas de leitura literária Rubens Martins da Silva (SEDUC-TO) Este resumo tem por objetivo apresentar relatos de experiências vivenciadas pela execução de atividades de leituras literárias em dois contextos diferenciados pela mediação de leituras. O primeiro contexto fala do lugar, das vozes e dos sentidos que o letramento literário forneceu a estudantes e estagiários de uma IES no município de Araguaína-TO, denominados de alunosmestres, na condição de executores do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID/Letras numa escola pública estadual tocantinense. O segundo contexto socializa resultados de leitura pela exploração de obras literárias tocantinense no espaço da sala de aula. As atividades de leitura literária aconteceu, no foco do primeiro contexto, no Centro de Ensino Médio Dr. José Aluísio da Silva Luz em Araguaína-TO, contemplando alunos da 2ª e 3ª série do Ensino Médio, durante execução do PIBID/Letras pelo Curso de Graduação em Letras ofertado pela UFT – Universidade Federal do Tocantins. No foco do segundo contexto, as atividades foram realizadas com os alunos do Colégio Estadual Adolfo Bezerra de Menezes em Araguaína-TO e, tiveram como suporte fonte de estudos os contos dos escritores tocantinenses Orestes Branquinho e Fidêncio Bogo. A vertente de que a leitura literária é explorada superficialmente no espaço da sala de aula gerou a metodologia do estudo literário pela corrente da Sequência Básica instituída por Rildo Cosson (2007), a qual tem como pressupostos os processos de “motivação, introdução, leitura e
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interpretação”. Em consequência, a ação dos mediadores e/ou participantes da leitura literatura em José Castilho Marques Neto et al (2009), as observações sobre as questões do discurso em Eni Orlandi (1996), as vozes polifônicas em Bakhtin, (2000) as questões sociais e representativas da leitura literária em Mada Becker Soares (2002) gerou a fortuna teórica dessa empreitada. A evidenciação das experiências vivenciadas na e pelas atividades de leitura literária contemplaram a visão crítica dos estudantes assentadas nos seguintes questionamentos: Quais os significados da leitura para a vida social dos estudantes? Será que a interpretação literária fornece aos estudantes os espaços de serem ouvidos em suas reivindicações? O que significa a leitura para o estudante? Seria possível viver num mundo sem leitura? O que dizem e o que propagam os estudantes através de cada experiência de leitura? Sem resposta prontas, mas com demandas instigadoras, as ações de leitura realizadas nas escolas-campo geraram a concepção de que o ato de ler e libertador, humanizador. Em geral, os dados gerados nos dois contextos profissionais de leitura e os resultados aqui socializados servirão como base para o atendimento de demandas de leituras literárias realizadas em diversos contextos escolares. A Leitura na universidade: construindo o perfil de leitura dos acadêmicos do curso de Pedagogia UFT Câmpus de Arraias Safira Micaelle Andrade do Prado (UFT) Adriana Demite Stephani (UFT) A presente comunicação enseja apresentar os resultados parciais de uma etapa do projeto de pesquisa “A Leitura e a produção textual na graduação: o real e o ideal” desenvolvido nos últimos anos no curso de Pedagogia da Universidade Federal do Tocantins, Câmpus Universitário de Arraias. Nessa
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pesquisa, o perfil de leitura e escrita dos universitários é analisado para, em seguida, serem propostas ações para dirimir as lacunas nas práticas existentes desses alunos nessas áreas. Aqui, especificamente, objetiva-se discutir alguns dados coletados via questionários semiestruturados aplicados aos alunos dos 1º., 5º. e 9º períodos do curso de Pedagogia da UFT, Câmpus de Arraias, no primeiro semestre de 2015. Tais questionários visaram investigar qual o perfil de leitura dos alunos, identificando o nível, seus hábitos e interesses de leitura, analisando as implicações desse perfil para a formação docente desses sujeitos, futuros professores/promotores/incentivadores de leitura. GT 7 – As interfaces entre gêneros discursivos, tecnologias digitais, mídias e ensino Coordenação: Sandro Luis da Silva (Unifesp) Cirlei Izabel da Silva Paiva (Uninove) Os trabalhos com as novas tecnologias e as mídias têm sido preocupação de pesquisas em várias partes do mundo, uma vez que se difundiu a de que os recursos oferecidos pelas diferentes tecnologias e pelas mídias (impressas e digitais) prejudicariam desenvolvimento das competências leitora e escritora dos alunos, independentemente do nível escolar, isto é, escola básica ou cursos de graduação e pós graduação. Este simpósio acolherá trabalhos que investigam questões teóricas e metodológicas concernentes ao desenvolvimento e aperfeiçoamento de diferentes competências no processo educacional, evidenciando as interfaces entre os recursos linguísticos utilizados e as especificidades dos recursos tecnológicos que os veiculam. Serão aceitos trabalhos cuja temática envolva o processo de ensino e aprendizagem face às
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novas tecnologias. Também serão aceitas pesquisas que se dedicam à análise de gêneros discursivos cujos suportes sejam os meios midiáticos, impressos e/ou digitais. Com as discussões, espera-se contribuir para o fomento do intercâmbio entre pesquisadores cujo objeto de interesse sejam os subsídios tecnológicos no processo de ensino e aprendizagem. Gêneros textuais e ensino de inglês instrumental no curso de tecnologia em agronegócio Adriana Aparecida Souza Aguiar (IFG) Marcio Marino Navas Filho (PIVIC/IFG) Este trabalho faz parte de um projeto de iniciação científica cujo o objetivo é apresentar propostas de elaboração de materiais didáticos a partir do conceito de gêneros textuais para o ensino de inglês instrumental no contexto tecnológico. O curso de Tecnologia em Agronegócio foi escolhido para a realização da pesquisa devido à falta de materiais didáticos de inglês que atendam às necessidades específicas dos aprendizes. A intenção é proporcionar aos discentes situações reais de interação com textos autênticos disponíveis na mídia eletrônica. Os textos escolhidos circulam na área do agronegócio e as atividades elaboradas podem auxiliar os alunos a agir adequadamente com a linguagem em diversas práticas sociais. Este trabalho ancora-se nas discussões sobre o ensino de inglês para fins específicos-ESP realizadas por Hutchinson e Waters (1987) e na noção de gêneros textuais apresentada por Marcuschi (2005, 2008), Rojo e Barbosa (2015). O procedimento sequência didática criado por Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004) e as estratégias de leitura revisitadas por Paiva (2005) são os principais instrumentos metodológicos que direcionam a elaboração dos materiais. As atividades envolvem o desenvolvimento das capacidades de ação, discursiva e linguístico-discursiva, ou seja, as atividades abrangem o
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contexto de produção do gênero, suas características como o layout e os aspectos léxico-sistêmicos utilizados para produzir os efeitos de sentido desejados em seus interlocutores. O ensino instrumental de inglês através de gêneros textuais permite aos discentes ir além da gramática e compreender vários aspectos inerentes ao gênero. Além disso, os discentes apropriam e reproduzem vários desses conhecimentos durante a produção de gêneros que tenham características semelhantes. O estudo mostra que as atividades elaboradas colaboram para a aprendizagem da língua inglesa como uma forma de ação social, uma vez que as atividades destacam os propósitos sociais e as características do gênero textual. Trabalhar com gêneros textuais é uma forma de preparar os alunos para lidar com diversas manifestações da linguagem em diferentes práticas sociais como a acadêmica e profissional. Aprender a escolher: computando os interesses dos idosos Adriano Gonçalves dos Santos (PUC/SP) A informática é, sem dúvida, uma ferramenta essencial no processo de comunicação, independentemente da faixa etária do sujeito que a utiliza. Por meio dela, o indivíduo é capaz de transitar entre tempo e espaço diversos. E tudo ocorre por meio da linguagem, seja ela verbal, não verbal, facilitando a interação na e com a sociedade. Esta comunicação tem por objetivo socializar um relato de experiência voltada para a inclusão digital do idoso por meio do aprendizado de leitura e produção textual em diversos gêneros, a partir da operacionalização do computador. Os sujeitos desta pesquisa são pessoas da melhor idade que frequentam o curso oferecido por uma prefeitura de um município da Grande São Paulo. Para atingir esse objetivo, valemo-nos dos estudos de Lévy (2010, 2009), Côrte (2011), Silva (2003), Takaki (2012) e Neves (2007). Pelos resultados apresentados até o momento, é
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possível perceber que a associação informática e língua portuguesa para a terceira idade favorece a autoestima dos sujeitos e a comunicação entre eles e o mundo. O Facebook e sua relação com o processo de ensino e aprendizagem de língua inglesa: perspectivas e desafios Crisnaou Bezerra Cardoso Esta comunicação tem como objetivo apresentar uma pesquisa em andamento sendo realizada na rede social "Facebook" e sua relação com os professores de língua inglesa. No mundo globalizado, faz-se necessária a aprendizagem de línguas estrangeiras, pois isso pode vir a ser também um instrumento de acesso a outros universos, de ascensão profissional e social. Cabe ressaltar que com o avanço da tecnologia e a globalização, resultando em novas fronteiras, novas ferramentas de interação valiosas para auxiliar o professor em sala de aula. Nesse sentido, este estudo almeja apresentar o perfil desses profissionais, as razões os levaram a procurar ajuda em uma rede social, e as contribuições desse instrumento de interação. A análise partirá dos registros, ou melhor, das mensagens postadas no “Facebook” em comunidades voltadas para professores de inglês. Por meio da análise linguística serão destacados os pontos positivos e negativos dessa interação, realizados nos textos dos participantes das comunidades do facebook. Para tanto, este estudo terá como suporte teórico os estudiosos da área da linguística aplicada que abordam questões de ensino e aprendizagem de língua estrangeira e também, estudos voltados para a tecnologia, tais como, Celani, 1986; MoitaLopes, 2006, Paiva e Braga, 2014, dentre outros. Os resultados preliminares indicam uma participação ativa de professores relatando e discutindo questões referentes à pratica pedagógica.
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Como os alunos do ensino fundamental se apropriam de elementos de conexão textual para a produção de textos predominantemente argumentativos Elisete Maria de Carvalho Mesquita (ILEEL-UFU) Considerando, tal qual Geraldi (1997, p.135), que a produção de textos (orais e escritos) constitui o “ponto de partida (e ponto de chegada) de todo o processo de ensino/aprendizagem da língua.”, objetivamos, nesta comunicação, verificar como os alunos matriculados em diferentes anos do Ensino Fundamental se apropriam de elementos de conexão textual para a instauração da argumentação em gêneros predominantemente argumentativos. Partimos da hipótese de que a maioria dos alunos, para isso, recorre ao emprego explícito de determinados elementos de conexão textual, como os operadores argumentativos, por exemplo. Hipotetizamos, também, que diferentes gêneros predominantemente argumentativos favorecem o uso maior ou menor de elementos de conexão textual. Para cumprir o objetivo estabelecido, selecionamos e analisamos 40 textos, sendo 20 textos de opinião e 20 cartas argumentativas, produzidos por alunos matriculados em escolas públicas, situadas no município de Uberlândia-MG. A consideração e a análise dos textos selecionados, atreladas à base teórica interacionista sócio-discursiva (BRONCKART (1999; 2008), SCHNEUWLY; DOLZ (2004)), principalmente, revelaram que, em se tratando dos gêneros selecionados, os alunos recorrem a um número maior de elementos de conexão textual para produzirem o texto de opinião, o que, acreditamos, se deva ao fato de esse gênero ser trabalhado em sala de aula a partir do tradicional “modelo” para a produção do texto expositivo- argumentativo.
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O papel do professor na educação dos surdos com uso de software Francilene Machado de Almeida (UFMT) O objetivo deste trabalho é abordar o papel do professor e sua autonomia e estratégias no uso de software com vídeos, fotos, hipertexto e interface em Língua Brasileira de Sinais e/ ou Escritas de Sinais na escola com alunos surdos como recurso didático. Uma vez que as tecnologias vêm mudar a realidade das comunidades surdas que tem na língua de sinais sua comunicação visual. Conhecer as tecnologias, incorporar a Libras a sua acessibilidade e preparar os professores de surdos para utilizar as tecnologias é uma necessidade. Focar que mais importante que informar é saber buscar e que nessas aprendizagens uma postura pedagógica de cooperação e criação coletivas são essenciais. O autor Vygostky inventou as linguagens – sistemas de representação criados conforme a necessidade que tinha. Sistemas verbais, com estruturação complexa e convencionalizada como as línguas faladas e as línguas de sinais e muitos outros sistemas como o desenho, e a música. Os alunos surdos aprendam mais com a prática de atividades no software e tecnologia. A gamificação como ferramenta de auxílio à aprendizagem de língua inglesa Jeanne Jesuíno Cardoso Rodrigues (UFU) Devido ao grande avanço da tecnologia ocorrido nos últimos anos, o uso da informática e de recursos tecnológicos nas escolas tem aumentado consideravelmente. Igualmente, a produção e, principalmente, o consumo de jogos eletrônicos expandiu-se, alcançou um patamar de popularidade muito grande, e está cada vez mais presente em nosso cotidiano. Contudo, é possível
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observar que, mesmo com sua popularização, ainda encontramos resistência quanto ao emprego desses recursos tecnológicos como ferramentas de auxílio à aprendizagem, principalmente quando tratamos de jogos. Sendo assim, tornase relevante o estudo da inserção desses recursos nas práticas de sala de aula para avaliarmos seus benefícios e potencialidades que carregam. Este trabalho visa analisar, a partir de uma pesquisa-ação, o uso da gamificação como ferramenta de auxílio à aprendizagem de língua inglesa, com alunos do 9º ano do ensino fundamental de uma escola pública de Uberlândia, bem como identificar as concepções que esses alunos possuem a respeito da inclusão e utilização desses recursos nas aulas de inglês. Pretende-se também avaliar a forma como o uso dessas ferramentas influencia na motivação dos estudantes para aprender e realizar as tarefas propostas além de analisar os benefícios que a interação aluno-software e aluno-players pode trazer para o ensino/aprendizagem de línguas. Para isso, aplicaremos um questionário (online) para identificarmos as visões dos alunos a respeito do tema, e também trabalharemos com diários reflexivos no Evernote para tentarmos identificar as opiniões desses alunos quanto a seu desenvolvimento, assim como sua motivação ao realizar as atividades sugeridas. As análises serão realizadas com base nos princípios de “bons jogos” de Gee (2005, 2008) e de Deterding (2011) sobre a gamificação como estratégia de aprendizagem. Sobre o design e avaliação de jogos educacionais, teremos como referência a matriz de análise proposta por Gunter et al. (2008). Além desses, o trabalho será embasado também a partir de pesquisas sobre o ensino de línguas mediado pelo computador e sua normalização, de acordo com as teorias de Bax (2003, 2006, 2011), Paiva (2001, 2008) e Warschauer (1996, 1998, 2002), bem como tratará sobre a reconfiguração dos papéis assumidos por professores e alunos conforme Paiva (2005), e ainda a motivação como fator importante para a realização das atividades segundo Dörnyei (2005), entre outros autores. Espera-se assim contribuir com os estudos acerca da
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utilização de jogos como ferramenta de auxílio à aprendizagem de língua inglesa, principalmente no contexto de escolas públicas, visto que ainda são escassas pesquisas que tratam sobre o tema nesse ambiente específico. Cartas abertas em websites: processo argumentativo Joaquina Aparecida Nobre da Silva (UFU/IFNMG) O presente estudo tem como objetivo analisar a argumentação nas cartas abertas, publicadas em sites da internet. Este gênero tem como função básica defender determinado ponto de vista, tendo como foco o destinatário e a sociedade de modo geral, configurando um destinatário amplo, sem número e sem perfil específico. Esses traços se intensificam ao considerar que, atualmente, o principal veículo de propagação do teor dessas cartas é o digital. Destaca-se também que, além do meio digital, as cartas abertas são textos publicados em jornais e revistas, ou ainda impressos e disseminados entre os moradores de determinado local ou comunidade. Esses aspectos foram considerados na análise de como o auditório é concebido na argumentação. Para desenvolver este estudo, analisaram-se os recursos que objetivam levar o leitor a aderir aos pontos de vista defendidos pelo autor da carta, partindo do pressuposto de que a argumentação é inerente à língua. A base teórica segue as propostas de Perelmam e Olbrechts-Tyteca (2002), Reboul (2004), entre outros. Foram analisadas 12 (doze) cartas abertas de assuntos variados, disponibilizadas em sites da internet. Os resultados mostraram que, por se tratar de texto de destinatário geral e por serem textos publicados em contexto digital com acesso a múltiplas mídias, as técnicas argumentativas empregadas são, em sua maioria, contradição, incompatibilidade, sucessão, regra da justiça e comparação, técnicas essas baseadas, principalmente, em argumento de prova concreta. O estudo permitiu constatar também que as especificidades do gênero textual e o contexto de tecnologias
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digitais e mídia atuam em conjunto com as técnicas argumentativas utilizadas em busca da adesão ao ponto de vista defendido na carta aberta, reforçando a argumentação. Como se trata de um gênero de forte importância na participação social, considera-se que o estudo da argumentação nesse texto é de grande valia na sala de aula, espaço contribuidor na formação cidadã. (Apoio: CAPES) O ensino de língua inglesa mediado por computador: uma proposta colaborativa para os alunos do de tecnologia do Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM) Juliana Vilela Alves Pacheco Pedro Henrique Franco Serrano Vieira Matheus de Souza Pereira As rápidas transformações pelas quais passam o mundo global fazem com que a utilização de formas criativas e inovadoras de ensinar ocupem um novo espaço no ambiente educacional. Neste contexto social, temos grupos particulares de indivíduos os quais possuem necessidades específicas e podem ser caracterizados como novos aprendizes que buscam objetividade, dinamicidade e interatividade. Este indivíduo é parte de uma geração que se apropria dos recursos da internet sendo, assim, estas ferramentas contribuem para que ela seja um aprendiz mais ativo, atualizado e parte integrante do processo de ensino e aprendizagem. Por estas características temos um discente que torna-se colaborativo uma vez que os recursos disponibilizados pelas Tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC) tornam-se uma grande aliado para aprender a Língua Inglesa (L.I). O objetivo deste trabalho é desenvolver um website para aprendizagem de inglês que servirá de apoio ao aluno do curso técnico em redes e tecnologia em sistemas para internet que
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possui em sua matriz curricular a disciplina de inglês instrumental. Logo, a proposta é o desenvolvimento de uma ferramenta online- espécie de um jogo que possui duas fases centradas na demonstração do vocabulário da área de tecnologia associados às suas respectivas imagens – que seria uma facilitadora da compreensão de alguns termos técnicos em inglês pertinentes no âmbito de redes e sistemas para internet. Como os estudantes não fazem uso de um dicionário de redes e sistemas para internet passa por desenvolvimento uma aplicação que auxiliará, de modo interativo, no conhecimento desses termos, os quais possuem um significado, muitas das vezes, desconhecido pelos alunos. A ferramenta mencionada está sendo implementada por meio de um software Construct2 - que permite fácil desenvolvimento até mesmo à pessoas que não possuem alto conhecimento em programação. O programa em questão, desenvolvido pela Scirra Arcade Ltda.,possui uma interface agradável e de fácil manipulação, permitindo a produção de jogos2Dutilizando o estilo DragandDrop. Além disso, Construct2 traz a possibilidade de desenvolvimento para várias plataformas, inclusive para o meio online, o qual é utilizado no projeto. (Este trabalho tem o apoio do CNPq – PIBIC EM e PIBIC IFTM). O gênero e-mail como valioso instrumento para o letramento digital na Educação Básica Kássia Gonçalves Arantes (ESEBA/UFU) O crescente e veloz desenvolvimento das tecnologias da informação e comunicação (TIC) tem demandado do professor uma constante busca por maneiras de desenvolver em seu aluno capacidades e práticas diferenciadas de compreensão e produção de textos. Conforme sugere Assis (2007), espera-se que o professor enquanto agente de letramento atrele suas ações de ensino e aprendizagem ao perfil de cidadão que nossa sociedade pretende formar. O presente trabalho tem como
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objetivo relatar o resultado parcial de um projeto de ensino (ePals- correspondente via e-mail) desenvolvido em uma escola pública federal do estado de Minas Gerais, cuja proposta é promover o intercâmbio cultural entre alunos da disciplina Inglês como Língua Estrangeira do 9° ano do Ensino Fundamental da referida escola e alunos canadenses que cursam a mesma disciplina. A hipótese que nos orientou ao propormos o projeto ePals foi a de que os alunos se sentiriam motivados a ler e escrever em língua inglesa ao vislumbrarem a possibilidade de corresponderem com alunos de outros países e terem acesso às semelhanças e diferenças entre eles. Contudo, havia o receio de que poderiam encontrar dificuldades no aspecto linguístico. Por outro lado, partimos do pressuposto que se sentiriam à vontade no ambiente digital, considerando a familiaridade que geralmente demonstram ao utilizar as TIC. Os dados foram analisados a partir das produções escritas (emails) desenvolvidas pelos alunos durante a primeira fase do projeto e de questionários semiabertos respondidos por eles. Com relação aos resultados parciais, os dados analisados até o momento revelam uma situação diferente da esperada no que tange à produção textual, mostrando que a questão não é exclusivamente linguística, mas envolve também outros aspectos, como o letramento digital de nossos alunos. E para a promoção desse letramento digital, os resultados evidenciam o papel de destaque do e-mail como um poderoso instrumento. Por outro lado, no que concerne ao aspecto motivacional, os resultados sugerem que o aluno se motiva ao perceber que foi capaz de ampliar sua rede de comunicação ao fazer uso da LE por meio da ferramenta digital. Tais resultados reforçam a ideia de que o papel do professor do século XXI precisa ser revisitado visando o seu preparo no sentido de propiciar a seus alunos a instrumentalização para desenvolverem as habilidades necessárias para a compreensão e produção textual no mundo digital.
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Desnotícia: um gênero humorístico emergente e a sua contribuição na formação de leitores críticos Karine Silveira (PUC-MG) O estudo aqui proposto busca – a partir da análise de desnotícias (textos cômicos veiculados pelo site humorístico Desciclopédia) – não só compreender a construção do humor neste gênero emergente pertencente ao meio virtual, por meio da identificação das principais características, mas também verificar quais são os mecanismos linguísticos de produção do humor mais recorrentes no nosso corpus de análise, as desnotícias a respeito do Acre. Além disso, pretendemos contribuir para a criação de sequências didáticas para a leitura e análise de textos humorísticos nas aulas de Língua Portuguesa tendo como foco a formação de um leitor crítico. A escolha da temática “Acre” ocorreu, pois fizemos um levantamento da quantidade de desnotícias presentes no site Desciclopédia no período de 4 a 13 de abril de 2011 e contabilizamos que nesse período o site disponibilizava um total 3.077 desnotícias sobre assuntos variados. De todos os assuntos tratados, o que mais nos chamou atenção foi “Acre”, pois das 27 unidades federativas, ele foi tema de 42 desnotícias. Porém, das 42 desnotícias que versam sobre o estado do Acre, selecionamos somente as que apresentavam a fonte da notícia original, ou seja, a notíciafonte, aquela que serviu de base para a escrita do texto da desnotícia. Com isso, passaram a fazer parte do nosso corpus 32 desnotícias. Para a análise, no que diz respeito ao conceito de gênero discursivo adotamos alguns pressupostos da Análise Crítica do Discurso, especialmente a partir dos estudos de Fairclough (2001, 2003). Conforme essa vertente, os gêneros são formas de ação e interação linguística. Quanto à construção do humor, são importantes os trabalhos de Bergson (1987), Carmelino (2010, 2011, 2012), Freud (1905), Possenti (2010), Raskin (1985) e Travaglia (1988, 1992). Apesar de tratarmos de correntes de pensamento distintas, elas confluem para a
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produção do humor nas desnotícias. Segundo entendemos, o trabalho aqui proposto se mostra relevante porque estuda um corpus ainda pouco explorado nas pesquisas linguísticas e nas aulas de Língua Portuguesa do Ensino Médio. Para a inserção deste gênero nas aulas devemos ressaltar que, apesar do humor não objetivar ser realista nem eficaz, muitas vezes ele “retoma discursos profundamente arraigados e cujos temas são sempre cruciais para uma sociedade” (POSSENTI, 2010, p.40). Dessa forma, podemos perceber que além de ser “capaz de desvelar a sociedade, o humor se torna um importante campo de estudo” (SILVEIRA, 2013, p. 44) que pode motivar os alunos do Ensino Médio a se tornarem leitores mais críticos, já que terão contato com um gênero cujo foco principal é a crítica social. As sequências didáticas propostas vão desde a leitura, interpretação e comparação com a notícia-fonte até a produção de desnotícias pelos alunos. (Agência de fomento: CAPES). O gênero anúncio nas aulas de inglês instrumental no contexto tecnológico Kerly Aparecida de Souza Costa Soares (UEG- Câmpus Iporá) Adriana Aparecida Souza Aguiar (IFG) Esta pesquisa surgiu a partir da percepção da necessidade de criação de materiais didáticos coerentes com a formação acadêmica e profissional dos discentes do curso de Tecnologia em Agronegócio. Por muito tempo, o ensino instrumental de inglês restringiu-se à gramática e vocabulário, mas nos últimos anos pesquisadores como Ramos (2005), Bambirra (2007) e Beato-Canato (2011) têm apresentando novas perspectivas através da abordagem via gêneros textuais. Este trabalho, portanto, apresenta uma sequência didática (SD) a partir do gênero anúncio. Para a elaboração da SD dois anúncios disponíveis na internet foram escolhidos para compor as atividades. O procedimento sequência didática surgiu através
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de pesquisas sobre o ensino de língua materna nos países francófonos através dos pesquisadores Dolz, Noverraz e Scheuwly (2004). No entanto, vários pesquisadores brasileiros percebem a sua importância para o ensino da língua/linguagem tanto no ensino de língua materna (LOPESROSSI, 2006) quanto no ensino de língua estrangeira (CRISTOVÃO et al, 2006). Esse procedimento metodológico propõe a elaboração de atividades em torno de um gênero textual oral ou escrito. Nesse sentido, tomamos como base tal procedimento e criamos uma atividade de leitura em que o gênero anúncio de fertilizantes é enfatizado a partir da temática produtividade. Tal escolha justifica-se pelo fato do agronegócio abranger termos como “antes da porteira, dentro da porteira e depois da porteira” que dizem respeito a toda a cadeia produtiva. “O antes da porteira” diz respeito à aquisição de sementes, mudas, fertilizantes, agroquímicos, tratores e implementos, equipamentos de irrigação, embalagens, etc. Tendo observado essas características do curso, selecionamos dois tipos de anúncios sobre fertilizantes, uma vez que os alunos terão contato com esse gênero para adquirirem produtos. Como um dos objetivos é desenvolver as capacidades de linguagem dos alunos, as atividades da SD envolvem a capacidade de ação em que o reconhecimento do gênero, o propósito do anúncio, as finalidades do uso de fertilizantes são ressaltadas. Dentro da capacidade discursiva, enfatizamos as principais características do gênero anúncio como: slogan, marca do produto, benefícios do produto, forma de contato com a empresa fornecedora etc. Em relação à capacidade linguístico-discursiva, elaboramos atividades que contemplam o desenvolvimento lexical das palavras dos anúncios escolhidos. Os resultados demonstram que as atividades elaboradas em torno de gêneros textuais tornam os alunos mais conscientes e mais críticos sobre as condições de produção de texto e como as formas lexicais e linguísticas são escolhidas pelo produtor de texto para alcançar os seus interlocutores.
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Leitura e produção de textos em ambientes virtuais de aprendizagem na modalidade semipresencial com suporte TICs Maria Marlene Rodrigues da SILVA (UnB) Ormezinda Maria RIBEIRO (UnB) Este trabalho parte de nossa experiência como professoras e tutoras a distância de disciplinas de texto Português Instrumental 1 e Leitura e Produção de Textos ofertadas pelo Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas do Instituto de Letras (LIP/IL) da Universidade de Brasília-UnB. Inicialmente, tais disciplinas foram pensadas para contar com o trabalho de um professor, responsável pela condução dos trabalhos em sala de aula e de um tutor a distância, responsável pela condução das atividades no ambiente Moodle. Essa situação é bastante comum em várias disciplinas ministradas na UnB. Muitas vezes, a parceria é estabelecida entre o professor e o monitor da disciplina. Nas disciplinas Português Instrumental 1 e Leitura e Produção de Textos vem acontecendo um movimento diferente, pois aliado ao trabalho do professor e do tutor a distância contamos também com a participação dos alunos estagiários e dos bolsistas Reuni, que orientam os alunos no processo de reescrita de seus textos. Basicamente, temos observado que há na universidade três modalidades de ensino bem visíveis: o modelo inteiramente a distância, o modelo inteiramente presencial e o modelo híbrido em que o ensino se dá de forma presencial com suporte online. Hoje já é possível perceber um quarto modelo, que é aquele desenvolvido nas disciplinas de serviço em que existe a parceria entre três sujeitos com tarefas bem determinadas: o professor, o tutor a distância e o estagiário e/ou bolsista (revisores dos textos produzidos pelos alunos). É possível constatar que essa modalidade traz bons resultados, pois é perceptível para o aluno a melhoria na construção de seus textos. Os alunos que
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apresentam mais dificuldades são encaminhados para o Laboratório de Textos do LIP e recebem um tratamento mais específico de acordo com os problemas encontrados na produção de seus textos. A elaboração de textos pelos alunos participantes do Projeto TICs se dá por meio de leitura de textos motivadores ou orientadores, disponíveis na plataforma Moodle. Nas disciplinas Português Instrumental e Leitura e Produção de Texto o trabalho é iniciado com processos de escrita de textos mais criativos para depois enfatizar a produção de textos acadêmicos possibilitando aos alunos a apropriação de elementos da escrita acadêmica, tais como o uso adequado e pertinente de organizadores textuais, a possibilidade de seleção lexical e construção fraseológica, tendo em vista o conhecimento das diferentes variedades da linguagem utilizadas nos gêneros de domínio acadêmico como artigos científicos, resumos, resenhas, fichamentos, projetos de pesquisa, monografias, além de desenvolvimento de técnicas de escritas de textos de domínio discursivo na universidade. O aluno, que muitas vezes chega à universidade com sérios problemas de construção de escrita, ao empregar as ferramentas da modalidade a distância tem a oportunidade de desenvolver habilidades de escrita e despertar seu potencial como escritor e autor de seus textos. O professor, por sua vez, adota a postura não apenas de orientador, mas também de estimulador dos alunos durante todo o percurso de suas experiências com leitura e produção de textos. As novas tecnologias e a educação: as dificuldades dos alunos com os ambientes virtuais Maurício Viana de Araújo (UFU/ILEEL – GpeAHF/CNPq) O objetivo desta comunicação é discutir sobre um fenômeno que tem sido constatado muito frequentemente pelos professores que trabalham com o ensino a distância e que parece ir contra as concepções mais difundidas de que os usos
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das tecnologias da informação logo tornariam possíveis, graças à diversidade e disponibilidade de recursos virtuais, experiências educacionais cada vez mais satisfatórias e gratificantes. Tratase da já reconhecida má vontade dos alunos com os ambientes virtuais de aprendizagem, que se revela pela resistência da participação nas atividades desenvolvidas nos cursos: o que prometia ser um espaço de interação e reflexão coletiva se torna, muitas vezes, num ambiente de pouco contato pessoal entre os participantes, dependente das intervenções do professor que se desdobra em incentivá-los a pelo menos entregar as tarefas dentro do tempo estipulado. Minha reflexão tem como ponto de partida uma pesquisa sobre o ensinoaprendizagem de produção textual em um curso a distância via Moodle, cujo material textual produzido nas relações de ensino-aprendizagem foram interpretados na perspectiva metodológica da abordagem hermenêutico-fenomenológica (FREIRE, 2007, 2010, 2012; van MANEN 1990), uma metodologia qualitativa de pesquisa em Linguística Aplicada, cujo objetivo é descrever e interpretar fenômenos da experiência humana, em busca de suas essências. Os procedimentos adotados pela abordagem hermenêuticofenomenológica se constituem da textualização das experiências vividas, que são, então, tematizadas num processo recursivo de leituras e releituras do material textual, em que se buscam, primeiramente, identificar a presença de ideias recorrentes, que são confrontadas na busca de um aprofundamento interpretativo para que se possa chegar aos conceitos nucleares constituintes das essências do fenômeno investigado. Uma das questões que surgiram no contexto da investigação das experiências vividas no curso de produção textual a distância foi exatamente a da dificuldade dos alunos, todos graduandos, em lidar com as ferramentas do ambiente virtual, o que resultou em uma participação reduzida nas atividades desenvolvidas no curso. Nos seus relatos, foi quase unanime a opinião de que o Moodle era um ambiente virtual
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“pesado” que dificultava mais do que favorecia a interação entre eles. Discurso, mídias e ensino: desafios presentes, caminhos possíveis Sandro Luis Silva O processo de ensino-aprendizagem não pode ignorar as transformações por que passa a realidade. É preciso que a escola aproxime-se dos fatos que permeiam a realidade e os traga para a sala de aula, para promover uma reflexão sobre eles. Dentre as várias abordagens que podem ser tratadas pela instituição escolar, escolhemos as mídias, que cada vez mais se fazem presentes no dia a dia dos cidadãos. Este artigo objetiva algumas reflexões sobre os possíveis diálogos entre discurso, mídia e ensino, a partir de atividades desenvolvidas por alunos da escola básica, os quais associam mídias e novas tecnologias para a leitura e a produção de texto. Considera-se que se devem trazer para a sala de aula as diferentes linguagens, a fim de que seja favorecido o desenvolvimento de competências e habilidades de leitura e de produção dos diferentes discursos que permeiam a sociedade contemporânea. Para atingir este objetivo, buscamos dialogar com os estudos de Maingueneau (2004, 2014) no que diz respeito ao conceito de discurso, Martin-Barbero (1996, 2012) e Setton (2011) no tocante às mídias e Silva (2011) e Sanfelice (2009) no que se refere à interação e sala de aula. Em relação à leitura e à produção de texto, pautamo-nos em Marcuschi (2008) e em Koch (2001). A partir dessas das atividades realizadas pelos alunos, é possível afirmar que a inserção das mídias e das novas tecnologias em sala de aula torna o ensino-aprendizagem mais significativo para os sujeitos envolvidos nesse processo.
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A interface entre o uso das tecnologias de informação e comunicação (TICs) e as sequências didáticas no portal do professor Walleska Bernardino SILVA (ESEBA-UFU) A comunicação a ser apresentada é parte do projeto intitulado “O portal do professor: contribuições e implicações para o ensino de Língua Portuguesa na Educação Básica do Triângulo Mineiro”, financiado pela FAPEMIG e pela CAPES, por meio do Edital 13/2012 – Pesquisa em Educação Básica. Esse projeto tem por objetivo geral investigar as propostas de aulas presentes no Portal do Professor para os professores de Língua Portuguesa da Educação Básica, do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental e do 1º ao 3º ano do Ensino Médio, analisando-as sob três eixos centrais: o uso das tecnologias; a noção de multimodalidade e o trabalho a partir dos gêneros discursivos – eixos que subsidiam discussões contemporâneas do ensino de Língua Portuguesa na Educação Básica. Além da análise específica das aulas, interessa também à pesquisa verificar junto aos professores como se dá o acesso ao Portal, especificamente às aulas e aos materiais e recursos disponibilizados, bem como sua avaliação sobre a ferramenta. O recorte, para essa comunicação, apresenta a análise de uma amostra de aulas do Portal do Professor quanto ao emprego e ao uso das TICs como recurso pedagógico para o ensino de Língua Portuguesa. Discutir a interface entre tecnologia e práticas pedagógicas possibilita ampliar as considerações sobre o que as políticas públicas têm proposto e incentivado ao ensino da língua. As análises quanto a essa interface indiciam recorrências, nas propostas de sequências didáticas, quanto à utilização do recurso tecnológico em disjunção a uma abordagem multiletrada(COPE; KALANTZIS, 2006). Nesse sentido, a consideração da diversidade linguística, da diversidade cultural (cultura local e global) e das multissemioses e multimídias não se torna fundamental para o
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ensino-aprendizagem da língua. Essa constatação permite aventar que ao propor sequências didáticas sem considerar os multiletramentos, as TICs podem funcionar como pretexto, atrativo ou ainda incremento para as aulas de Língua Portuguesa, o que parece configurar uma postura inadequada para a consolidação de uma política pública de educação que preza pela promoção de alunos que se apropriam da língua para tornarem-se protagonistas de seus próprios dizeres. GT 8 – Confluências (im) possíveis: ensino de gêneros discursivos, gramática contextualizada e novas tecnologias Coordenação: Anair Valênia Martins Dias (UFG/RC) Eliana Maria Severino Donaio Ruiz (UEL) O ensino de língua portuguesa centrado nos gêneros discursivos tem sido pauta de estudos e pesquisas, ganhando ênfase maior a partir do final da década de 1990, com a publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa (PCNLP). Refletir sobre o ensino da língua na perspectiva dos PCNLP implica considerar os enunciados em seu cotidiano nas mais diversificadas formas de realização, já que, segundo Bakhtin (2003, p. 283), “os gêneros do discurso organizam o nosso discurso quase da mesma forma que o organizam as formas gramaticais (sintáticas)”. Isso implica, pois, considerar, na reflexão sobre o ensino da língua, a existência de uma relação próxima, porque não dizer indissociável, entre os gêneros e os aspectos linguísticos que os constituem. A par disso, se levarmos em conta o contexto contemporâneo permeado pelas Novas Tecnologias da Informação e Comunicação (NTIC) em que estão inseridos os sujeitos na hipermodernidade (CHARLES, 2009), podemos dizer que as NTIC trouxeram para o contexto escolar a possibilidade de potencializar a circulação e o uso dos gêneros discursivos, sobretudo dos que se constituem de
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maneira multimodal e multissemiótica, invadindo o cotidiano dos alunos, sujeitos leitores e escritores, e exigindo o desenvolvimento de práticas escolares de leitura e escrita em conformidade com as modalidades e as semioses neles presentes. Nesse movimento em que as NTIC roubam-nos a cena, o professor de Língua Portuguesa se vê diante de novos desafios (SOARES, 2002; ROJO, 2012), o que, aliado ao que propõem os PNCLP, certamente vem se sobrepor a antigas angústias metodológicas, especialmente no que diz respeito ao ensino da gramática. Isso ocorre porque, na tradição, escolar as questões ligadas ao ensino gramatical tornaram-se o vetor das atividades pedagógicas e, quase sempre, sua dificuldade maior (ANTUNES, 2014). Com o tempo, passou-se a desacreditar que as nomenclaturas metalinguísticas, ou a descrição de um conjunto de regras, ou o ensino de frases soltas, ou a análise sintática de termos e orações isolados de seu contexto de uso, pudessem bastar para o êxito no trabalho pedagógico com a linguagem e na promoção do desenvolvimento das habilidades necessárias para o domínio da língua pelo aprendiz (GERALDI, 1999; POSSENTI, 1996). Assim, considerando a frequente desterritorialização do texto na sociedade hipermidiática contemporânea, propomos, nesse Grupo de Trabalho, discussões acerca das relações entre os gêneros discursivos, o ensino de gramática contextualizada e as novas tecnologias. Mais especificamente, serão bem-vindos trabalhos que reflitam acerca de temas como os seguintes: (i) as aproximações e distanciamentos entre os gêneros cânones e os gêneros contemporâneos digitais; (ii) as relações entre objetos educacionais de acesso público e ensino de língua portuguesa; (iii) a elaboração de material didático multimídia, visando ao ensino de gêneros para a recepção e a produção de textos (orais e escritos) e (iv) as confluências (im) possíveis entre o ensino de gramática, os gêneros discursivos e o uso de tecnologia educacional digital.
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A formação de professores na UEG: discurso, saberes docentes e a construção da identidade Carolina Santos Melo de Andrade (UEG) James Martins de Oliveira (UEG) Com o intuito de analisar o processo de formação de professores, o presente trabalho busca apreciar a construção da identidade docente no Curso de Letras da UEG – Câmpus Quirinópolis, no sentido de atentar para o papel transformador do professor do ensino superior e para a interferência que a visão adotada por ele pode exercer em seu exercício de formador profissional. Considera-se que a constituição da identidade do docente pode oportunizá-lo a transformar socialmente e a ressignificar a educação. A fundamentação teórica adotada busca subsídios nas contribuições de Miccoli (2010) com a formação continuada e o ensino; Guimarães (2004), Fernandes (2008) e Pimenta (2009) com a reflexões sobre a identidade e os discursos dos docentes. Nessa perspectiva, as reflexões e constatações que se preconiza com o presente trabalho não se encerram nem se esgotam na relação de identidade, discurso dos professores de Letras da UEG Quirinópolis, mas se configura como representação de um sujeito social – classe de professores. A presente pesquisa busca, portanto, avaliar o processo de formação docente do curso de Letras da Universidade Estadual de Goiás, Câmpus Quirinópolis, seus saberes docentes e a identidade profissional que construíram. Quanto aos objetivos específicos, destaca-se 1) Conhecer e analisar os efeitos de sentido dos discursos usados pelos professores do ensino superior no contexto de formação inicial dos acadêmicos (futuros professores) do curso de Letras do Câmpus Quirinópolis; 2) Investigar quais influências os alunos recebem dos professores formadores para a construção de sua identidade, nos âmbitos ideológicos, didático-metodológicos e do domínio dos saberes propriamente ditos; 3) Identificar quais práticas individuais e coletivas circulam nesse meio e sua
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eficácia para a formação de professores; 4) Levantar possíveis causas dos insucessos e desprazeres de professores recémformados que migram de área de formação. No tangente à metodologia, foram aplicados três questionários direcionando questionamentos diferentes, a saber, aos acadêmicos (futuros professores) do 1º e 4º ano do curso, professores do curso de Letras- UEG Quirinópolis e 12 professores da educação básica (4 da rede estadual, 4 da rede municipal e 4 da rede privada). Foram questões objetivas e discursivas. A pesquisa teve como instrumento o próprio discurso dos sujeitos instaurados nos três segmentos e a observação na formação ideológica do sujeitoenunciador. As respostam tendem a demonstrar que todo o discurso de desconstrução do valor do professor inicia-se na postura ideológica do professor do ensino Superior, que profere com frequência frases que desmotivam o futuro professor, ressaltando os problemas no sistema governamental e educacional, e assim, promovem uma forte inclinação para que este docente opte por outra área de atuação que não a docência. Ficou evidente também que formações discursivas sobre o estigma, a visão negativa social, o baixo salário e a rotina desgastante da profissão de professor já foram engessadas e são transmitidas de geração em geração. Dessa forma, refletir sobre as possiblidades de formar professores que vislumbrem à docência como um espaço de realização social e de produção humana integrada à ciência é requisito preemente para a autovalorização destes e consequentemente da sociedade para com estes. Instagram, corpo e linguagem: arquitetura de novos tempos Paulina Mei (UFG/RC) Heitor Abadio Vicente (UFG/RC) A sociedade atual é mediada pela interface digital, que faz parte do cotidiano dos sujeitos e interfere nas relações
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estabelecidas socialmente, modificando as formas de expressão e linguagem nesse processo. Os espaços criados nos ambientes virtuais se adequam às características contemporâneas dos sujeitos, quais sejam, o imediatismo relacional, a falta de tempo para ler, ver, empreender sentidos. O acesso às Tecnologias da Informação e Comunicação – TICs – e à internet mudou muito no país, atenuando a disparidade entre as classes sociais e potencializando as relações entre diferentes contextos sociais. Neste trabalho, discutiremos questões relacionadas aos usos que se faz do Instagram, aplicativo que visa a, principalmente, o compartilhamento de fotos, enquanto gênero digital multissemiótico (ROJO, 2012), a partir da perspectiva de que esse espaço é, sobretudo, um espaço de linguagem, visto que as produções escritas feitas ali, além de conterem textos, também contêm imagens que falam e produzem significados. Atentos à constituição do aplicativo Instagram como espaço de usos da linguagem, propomo-nos, nesta comunicação, a refletir sobre como se da a concepção de corpo na perspectiva atual, visto que esse corpo é diferente dos corpos de décadas passadas. Dessa forma, investigamos o corpo como uma nova coleção a partir do uso do Instagram e, para isso, percorreremos os conceitos de desterritorialização, coleções e descoleções (CANCLINI, 1997). Analisamos três perfis de diferentes profissões que têm como foco o culto ao corpo. Os perfis analisados têm um grande número de seguidores, o que demostra a influência que eles exercem naquele meio, posição essa utilizada, inclusive, como fonte de renda, já que aquele espaço passa a ser veículo de propagandas, tanto de produtos quando de modo de vida. É notável a heterogeneidade desses seguidores, contudo eles constituem o grupo para o qual essa nova concepção de corpo é uma coleção que inova a maneira de pensar e agir. Diante do exposto, entendemos o Instagram como um gênero digital (MARCUSCHI, 2005), uma vez que ele possibilita que os usuários se expressem e se constituam em novos letramentos e coleções. Nessa perspectiva, pretendemos também refletir sobre a linguagem utilizada pelos sujeitos ao veicularem as suas
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informações nesses ambientes digitais, buscando investigar como se constituem os argumentos e a arquitetura gramatical usados para persuadir e conquistar seguidores. Assim, faz-se necessário compreender e problematizar essas questões uma vez que o corpo e a linguagem constituem o que há de mais sublime no ser humano, sendo reinventado constantemente pelos ambientes virtuais modificando, inclusive, culturas e sociedades. Livro mágico: uma proposta para o professor na formação do aluno como sujeito capaz de enxergar a realidade e modificá-la Sonia Cristina Marques de Oliveira Em nosso mundo contemporâneo, cuja composição se dá pela chamada sociedade da informação, estamos cada vez mais buscando novos conhecimentos para nos adequar a este contexto. Diante desta realidade torna-se necessário repensar o ensino nas series iniciais, tendo como subsidio esta pesquisa, como contribuição para a compreensão do aluno em relação ao que se refere à leitura escrita. Este artigo trata-se de um relato de experiência sobre o trabalho que está sendo desenvolvido com alunos do 1° ano do ensino fundamental 1. Como bolsistas do PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência) tivemos a possibilidade de aprender novas estratégias pedagógicas, com possibilidade de aplicá-las na escola campo. A importância do trabalho com a linguagem oral e escrita esta diretamente relacionada ao fato de que é a partir da linguagem que a criança interage com outras pessoas e orienta suas opções, constrói conhecimentos, desenvolve seu pensamento e forma-se como sujeito. Com a inclusão das crianças nas series iniciais, as discussões sobre a idade apropriada para alfabetizá-las voltaram a ter destaque entre os educadores. Deve-se propor a aprendizagem da escrita às
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crianças tão pequenas? De um lado defende-se que a criança dessa faixa etária precisa brincar para se desenvolver, uma antecipação do ensino fundamental extrapolaria suas possibilidades cognitivas e implicaria o esvaziamento daquilo que é próprio da infância. Em outro extremo, defende-se que reeditam com as crianças mais novas metodologias de ensino que já vem sendo questionada há algum tempo. É neste contexto dual, que surge o objetivo deste trabalho, que é estabelecer uma aproximação entre a ciência pedagógica e a ciência geográfica que possibilite o estabelecimento de um referencial teórico para a pesquisa, contribuindo para a formação de novos educadores, para trabalharem com as habilidades: noções espaciais e conteúdos cartográficos através da leitura e ilustrações. Ao considerar a importância do entendimento da criança diante a leitura, desenvolvemos como estratégia o livro mágico, que está sendo entregue a cada aluno por vez, que ao levar para casa os pais farão a leitura de um livro de historia infantil e o aluno deverá transpor o seu entendimento em forma de desenho no livro mágico. Assim a estratégia usada como o do “livro mágico” tende a contemplar parte de nossas preocupações em relação ao entendimento das crianças sobre as questões relacionadas ao domínio da língua materna, levando em conta que aprender a falar, a ler e a escrever não é somente apreender sobre palavras, mas também seus significados culturais e sociais em relação as suas realidades, as quais as pessoas entendem, interpretam e representem a realidade vivida. GT 9 – Contribuição do PIBID para a formação docente Coordenação: Ulysses Rocha Filho (UFG/RC) Ana Flávia Vigário (UFG/RC)
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O presente GT objetiva reunir pesquisadores e reflexões sobre a contribuição do PIBID - Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência - apresenta para a articulação e formação docente de estudantes acadêmicos no contexto de escolas públicas. Assim, tal proposta caracteriza-se como artigos e/ou relatos de experiências, em que educadores iniciantes ou veteranos busquem compreender o papel do Professor in loco, dentro de sala de aula, que constrói um olhar diversificado sobre a licenciatura vigente bem como sobre as relações em que os pares nela se estabelecem. Considera-se que a inserção no referido programa de iniciação à docência proporciona compreensão ampla acerca da importância do planejamento e da execução de ações e/ou atividades voltadas para as especificidades da turma da Escola/Colégio parceira (o) segundo os Parâmetros Curriculares. Entretanto, para refletir sobre tais práticas ou sugerir múltiplas atividades ligadas à licenciatura, é preciso entender o Educador como “persona” que conduz a(s) prática(s), por exemplo, de leitura(s) ou recreação, de formas lúdicas e multidisciplinares nas diversas situações que o contexto escolar se nos permite. Assim, a presente proposta vai ao encontro das análises consolidadas e reflexões contemporâneas sobre ensino em salas de aula (in: ORLANDI, 1999; COSSON, 2005 ou Propostas Curriculares). Trata-se, ali, do espaço privilegiado em que o aluno (e professor!) deve ter contato com diferentes linguagens, como a música, a audiovisual, a literatura, o desenho, as brincadeiras, a hipertexto entre outras, a serem ressignificadas na comunidade. Tais prerrogativas são importantes no sentido em que crianças e adolescentes, continuamente, apreendem outras produções culturais sem, entretanto, se preocuparem com os momentos “pedagogizantes” ou dificuldades enfrentadas no cotidiano escolar suscitadas entre os muros das escolas e colégios. Apoio: Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) - PIBID CAPES – Projeto de Pesquisa UFG- Regional Catalão.
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PIBID interdisciplinar na perspectiva epistemológica dos letramentos múltiplos: contextualizando saberes pela formação em práticas interdisciplinares Adriana dos Santos Prado Sadoyama (UFG/RC) Geraldo Sadoyama (UFG/RC) O debate sobre a ressignificação do ensino nas escolas brasileiras tem-nos motivado a observar duas questões centrais. A primeira diz respeito a “como”, na formação de professores destas instituições, o trabalho com a escrita, leitura, Língua portuguesa, educação matemática, ciências é desenvolvido; a segunda refere-se a que mobilizações os professores em formação fazem de sua experiência como graduandos para sua atuação profissional em sala de aula, enquanto profissionais responsáveis, por excelência, pela condução do processo de ensino-aprendizagem destes conteúdos. Em torno dessas questões, é inegável a influência de diferentes iniciativas de várias instituições relacionadas à educação brasileira no desenvolvimento do trabalho docente nos diversos níveis de ensino. Dessas iniciativas, salientamos o Programa Institucional de Bolsa de iniciação à Docência-PIBID o qual a nosso ver vêm provocando uma profícua e atual reflexão sobre as práticas educativas destes docentes, quais sejam: divulgação de pesquisas acadêmicas, disponibilização de acervos bibliográficos, modificações na legislação, entre outros. Mediante o levantamento de algumas forças que atingem a formação de professores e a prática pedagógica nos diversos níveis de ensino, elencamos a possibilidade de forma interdisciplinar o avanço das discussões em torno de o que significa ensinar muitos conteúdos sob diferentes paradigmas entram em ferrenha disputa (alguns são substituídos parcial ou totalmente, outros se fortalecem), metodologias de trabalho são repensadas, o que era cristalizado passa a ser redimensionado, haja vista não mais responder a determinadas
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demandas. Consequentemente, um novo quebra-cabeça teórico-metodológico se configura. Tal proposta se cristalizou na elaboração do PIBID Interdisciplinar e, que tem, como escopo geral formar e ressignificar os conteúdos das áreas de Língua Portuguesa e Inglesa, Pedagogia, Educação Física, Química e Biologia dos discentes destes cursos se apropriarem de práticas interdisciplinares na perspectiva dos letramentos múltiplos. Redimensionar a formação do docente para o âmbito da concepção interdisciplinar nos conteúdos citados, visando a ressaltar a especificidade das metodologias e práticas pedagógicas sob uma ótica de práticas discursivas a partir do cotidiano do professor. O caminho metodológico tem sido desenvolvido no planejamento, elaboração e execução de práticas educativas interdisciplinares norteadas por eixos temáticos balizados pelos Letramentos Múltiplos e realizados nas escolas parceiras do subprojeto. O subprojeto vem sendo desenvolvido a 15 meses e já contempla resultados em procedimentos didáticos significativos validados pelos relatórios elaborados e artigos publicados pelos professores supervisores e alunos pibidianos. Dentre eles destacamos a elaboração de projetos de pesquisa interdisciplinares sendo executados nas escolas parceiras. Construindo o conhecimento em geografia com bonecos de pano Graciele Souza Duarte (UFG/RC) Odelfa Rosa (UFG/RC) O presente trabalho aborda um relato de experiência desenvolvido a partir do uso de bonecos de pano, com o propósito de enriquecer o aprendizado nas aulas de Geografia. Tal projeto foi desenvolvido no PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência) pelos bolsistas e levado para uma das escolas que fazem parte do programa. A proposta de usar os bonecos foi a partir das dificuldades que encontramos
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nos alunos em compreender os conteúdos em especial de Geografia. Visto que, a maioria dos professores utilizam o método tradicional de ensino para ministrar as aulas, isto faz com que os alunos ficam dispersos tornando as aulas pouco produtivas e monótonas. Desde o momento que o professor sai do método tradicional de mediar suas aulas e buscar novas metodologias dinamizadas é notório o envolvimento e a participação dos alunos. Diante disso, vimos a oportunidade de trabalhar com os bonecos de pano que veio a somar de forma positiva nas aulas de Geografia, pois a partir dos bonecos o professor poderá desenvolver aulas trazendo o aluno para sua realidade local, por exemplo através do teatro. Além de trabalhar a interdisciplinaridade envolvendo todas as disciplina trabalhada no ensino fundamental II e a interação entre os alunos, se faz muito importante para um bom desenvolvimento escolar. Os bonecos de pano além de deixar os alunos mais envolvidos nas aulas, possibilita ao professor trabalhar com todos os temas relacionados a Geografia, basta adaptar os mesmos. A construção desta atividade lúdica pode ser produzida pelos próprios alunos, desde a escolha das roupas até o nome, de acordo com o conteúdo trabalhado. Na confecção, os alunos tem maior envolvimento com o conteúdo, visto que, se for trabalhado o tema região por exemplo os mesmo precisam pesquisar informações desde a cultura de determinado local até sua economia. Faz-se importante o desenvolvimento deste trabalho pois não há disponível um acervo considerável grande de obras relacionados ao tema trabalhado. Vivências de ensino e de leitura literária no PIBID Fabrícia Pereira Dantas (UEG) Michelle Gomes Soares (UEG) Neire Márzia Rincon (UEG)
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A formação docente tem vivido nos últimos anos amplo e inusitado processo de ressignificação da concepção acerca do modo como preparar o professor para atuar na escola básica. A ênfase foi posta na formação prática ao propor sua inserção no futuro campo de atuação profissional, a fim de propiciar-lhe o enfrentamento de diversos desafios, dentre eles, o primeiro contato com os alunos. Nesta perspectiva, o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) é uma oportunidade ímpar, pois proporciona vivências no âmbito escolar desde o início do curso superior e não só as oportunizadas no estágio curricular obrigatório. Este relato de experiência retrata as nossas experiências no projeto Nas veredas da leitura literária, do curso de Letras da UEG-Câmpus Pires do Rio, que tem como enfoque o letramento literário no Ensino Médio, embasado nos pressupostos teóricos discutidos Rildo Cosson em Letramento Literário: teoria e prática (2006), o qual ressalta ser este diferente da leitura literária por fruição, embora esta dependa daquele. As atividades relatadas foram desenvolvidas no primeiro semestre de 2014, na turma do 3º ano “C”, turno matutino (25 alunos), com encontros semanais (duas aulas), no Colégio Estadual Professor Ivan Ferreira (CEPIF), no centro da cidade de Pires do Rio, o qual atende somente o Ensino Médio. Buscamos auxiliar os alunos a serem sujeitos-leitores, a compreender a leitura literária como transformadora do ser humano, proporcionar a interação entre os alunos e as bolsistas como uma forma de aprendizado mútuo. Para isso, valemo-nos de inúmeros recursos e metodologias nas situações de aprendizagem acerca dos poetas brasileiros modernistas (1ª e 2ª geração), oportunizando aos alunos o contato com o texto literário e suas nuances. Ao final desta etapa foi realizado um Café com Poesia com as apresentações teatrais organizadas pelos alunos (entrevistas com os poetas) e um café da manhã. Apesar da turma apresentar certa dificuldade de interação com a leitura literária, sabemos que a literatura tem fundamental importância na formação acadêmica e na vida, pois amplia as
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possibilidades de conhecimento e nos faz viajar pelas “veredas” do texto. Além disso, é imprescindível que o convívio com a literatura extrapole o desenvolvimento sistemático da escolarização. Acreditarmos que, quando a leitura literária ocorre de maneira mais instigante na sala de aula, conforme as propostas trabalhadas por nós, é possível despertar a atenção e o interesse dos alunos, propiciando a construção do conhecimento. Há muito ainda por fazer, porque tudo está em ter a chance de conhecer a magia proporcionada pelo texto literário, gerando um momento propício de estimulação para a leitura e o aprendizado. A inclusão na educação infantil experimentando LIBRAS e brincadeiras dirigidas Giseli Artioli Brito Neste subprojeto foram utilizadas nas ações as músicas (cantadas e interpretadas em Libras): “O sapo não lava o pé”, “Amizade na escola” e a “A minha família”. Foram encenados os teatros: “O pequeno sapinho” e “Aprendendo a falar com as mãos”. As brincadeiras que fizemos uso foram: bolas no cesto, derruba latas, zig-zag, mão na bola, atravessando túnel de bambolês com fitas, boliche de sentimentos e jogo da memória. Procuramos sempre estimular o lúdico, a fantasia, o faz de conta, a criatividade, a imaginação, a socialização e a integração. Outras atividades desenvolvidas foram: atividade de colagem utilizando o papel crepom nas cores vermelha e azul representando as figuras da dramatização; o auxílio contínuo às crianças que tinham dificuldade em aprender os sinais da linguagem Libras; imitação e reconhecimento dos gestos; perguntas e respostas sobre o tema “Reconhecendo a diferença entre nós” e representação artística do trabalho apresentado feito em papel A4. Enfim, de modo geral as ações pretenderam trabalhar o desenvolvimento da criança de maneira ampla, bem como a sensibilização de toda a equipe
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escolar com relação à disseminação da Língua Brasileira de Sinais “LIBRAS” planejada, dirigida e reflexiva. Estimular as crianças a reconhecer e respeitar as “diferenças,” promovendo e estimulando o uso de Libras na escola, ampliando o conhecimento de mundo. Experimentar situações de interação com música, teatro, brincadeiras, histórias e movimentos corporais; estimulando e desenvolvendo a linguagem oral e corporal, a imaginação, o lúdico e o faz de conta. Com esta proposta possibilitamos estímulos ao desenvolvimento da linguagem oral das crianças, potencializando sua vontade em socializar-se, utilizando diferentes linguagens (corporal, musical, visual, plástica, oral e escrita), ajustadas às diferentes intenções e situações de comunicação. Por isso, proporcionamos um ambiente diferenciado onde as crianças puderam vivenciar e ter contato com o que está a sua volta, ampliando seu vocabulário e suas experiências. Foi avaliada a participação, as atitudes, o interesse que as crianças tiveram ou não na realização das atividades, atenção, interação com os colegas, exploração dos gestos e a atenção perante as atividades propostas, demonstraram curiosidade e interação nas atividades realizadas. Foram utilizados na preparação e na realização das atividades: E.V.A., elástico, cola, papel pardo, papel crepom, aparelho de som e CD, caixa de papelão, T.N.T., feltro, folhas de papel A4, lápis de cor e giz de cera, bambolês, fitas, cesto, bolas, latas, tinta, fita adesiva, garrafa pet, corante artificial, painéis e violão. Sabemos que historicamente a Educação Infantil e Especial tem sido vista sob um enfoque assistencialista, tendo pouca preocupação com o desenvolvimento afetivo ou social, e uma escassez nas iniciativas para o estímulo de habilidades cognitivas. A Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, deve considerar as especificidades e singularidades da criança, com ênfase em práticas de educação, nas quais está envolvida a dimensão do cuidado, responsáveis pelo desenvolvimento físico, emocional, afetivo, cognitivo, linguístico e sociocultural.
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Oficina de leitura Iuri Silva Eziquiel (Bolsista/CAPES – UFG/RC) Ulysses Rocha Filho (UFG/RC) “A poesia sensibiliza qualquer ser humano. É a falta da alma, do sentimento, e precisa ser cultivada”. (Afonso Romano de Sant’Ana). Com esse estudo, parte esta que integra o subprojeto PIBID-UFG/CAC, denominado Oficina de Leitura: Ensino e Escrita do Texto Literário, que foi desenvolvido com alunos de 1ºs anos do ensino médio, do Instituto Matilde Margon Vaz, escola está pertencente à rede pública de ensino. Com este projeto analisamos o processo de leitura e escrita do texto literário. A poesia na vida do ser humano ajuda a comunicação dos alunos nas escolas, melhorando o desenvolvimento e a compreensão melhor de textos, sejam eles literários ou não. Com esse gênero, consegue-se ver o mundo diferente, sob várias formas de interpretação do mundo, a partir do momento que o aluno passar a ter o hábito de ler e escrever, ele consegue enxergar além do texto, passa a poder ser mais que um leitor que desvenda códigos, um leitor este que consegue entender além daquilo que o autor escreveu no texto. Nas escolas públicas brasileiras, professores e coordenadores, deveriam utilizar mais os meios de leituras poéticas em salas de aulas, incentivando seus alunos a prática de leitura, mas leituras estas de formas diferenciadas, que permitem o aluno ou a criança ter o gosto e o prazer de ler. O nosso intuito não é transformar esses alunos em escritores, mas sim em leitores aptos a interpretar e compreender o que o poeta transmitiu em suas obras. Despertar o hábito da leitura, não por obrigação, sim por prazer de ler, e se tornar uma rotina nas vidas desses leitores. O projeto teve início no primeiro semestre de 2014 com atividades de leituras e releituras, de Apólogos, Contos e estudos de Paródias e Paráfrases em textos literários, e finalizou-se em Novembro de 2014. Foram realizadas atividades em sala de aula, conforme teorias de Rildo Cosson que nos deu suporte
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teórico acerca de como se deve ensinar o letramento literário, de forma prazerosa e lúdica. No primeiro semestre de 2015, o trabalho teve continuação, com estes mesmos alunos que agora faz o 2º ano. Está sendo trabalho jornal literário com a produção dos próprios alunos, envolvendo a comunidade escolar, como também a sociedade Catalana, pois além de escritas de fatos ocorridos dentro do colégio, foram também colhidas informações da sociedade em geral, para as escrituras dos contos, artigos de opiniões, cartas ao leitor, entre outros. A experiência do subprojeto de Literatura no PIBID – UFU João Carlos Biella (UFU) A presente apresentação objetiva fazer um relato reflexivo sobre o subprojeto de Literatura na Universidade Federal de Uberlândia, iniciado em agosto de 2012 e encerrado em fevereiro de 2014; em um ano e meio, desenvolvemos ações em duas escolas públicas de Uberlândia (MG), tendo como público central alunos do quinto ano de uma estadual e um oitavo ano de uma municipal. Cada escola contou com o trabalho de oito licenciandos sob a supervisão de um professor. O subprojeto de literatura pautou-se pelo princípio do letramento literário. Todas as atividades foram planejadas para que o licenciando tomasse ciência de estar passando por um momento histórico no qual há a necessidade de mudanças das práticas pedagógicas para o ensino de literatura, tanto no básico quanto na universidade. Linguagens e códigos, PIBID diversidade e escola indígena: em busca da interculturalidade Jonise Nunes Santos (UFAM) Admilton Freitas das Chagas Filho (UFAM) Rogel da Silva Santos (UFAM)
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O trabalho apresenta o resultado da atividade de observação de bolsista do PIBID Diversidade à prática de docentes indígenas, em uma escola municipal indígena, localizada na aldeia. As atividades dos bolsistas na escola, no primeiro momento, voltaram-se a observar a presença de elementos da cultura indígena nas aulas, considerando que as escolas indígenas possuem princípios norteadores para o processo de educação escolar indígena (1990). A base da observação era música, brincadeiras, jogos, artes, histórias, uso da língua indígena, em função do projeto do PIBID ser da área de Linguagens e Códigos do Curso de Formação de Professores Indígenas da Universidade Federal do Amazonas. Ressalta-se que as ações do Projeto objetivavam possibilitar o conhecimento da cultura indígena na escola e enriquecer o processo ensino- aprendizagem com os ricos conhecimentos Tradicionais indígena. O bolsista observou as ações do docente durante seis meses, participando, inclusive das atividades da escola, quando convidado. Da observação realizada em sala de aula, constatou-se que as músicas cantadas com as crianças não são predominantes da cultura indígena, são identificadas como músicas dos não-indígenas. Observou-se, ainda, durante as aulas, brincadeiras como: Jogo de Futebol; coelho troca de toca; que também não são da cultura indígena, são imitadas dos não indígenas. Durante as aulas foi contada a história do povo Tikuna que todos os alunos acharam importante, ficaram querendo se aprofundar na história, fazendo bastante perguntas para a professora, no entanto, o tempo foi pequeno e a professora não terminou de contar a história, indicando a ausência de planejamento para a realização das atividades. Ainda, o professor trabalha apenas com a transmissão de conteúdos teóricos, da sociedade envolvente, sem se utilizar do princípio da interculturalidade. Assim, as atividades que são realizadas na escola não são referentes à cultura do povo da aldeia, são oriundas da escola não indígena. Nesse sentido, a escola continua sendo um instrumento para desestruturação
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dos conhecimentos e organização social dos povos indígenas. Diante dos dados da observação, direcionou-se as ações do Pibid Diversidade à realização de atividades que envolvem não apenas os bolsistas, mas também os professores das escolas das aldeias, considerados elementos importantes e fundamental da Escola. Planejou-se, ainda, contribuir com a reflexão sobre currículo próprio, Projeto Político Pedagógico, material didático específico, à luz da legislação específica para educação escolar indígena. Contribuição do PIBID para a organização do trabalho pedagógico de berçário Marília Rita dos Santos (SEMEC) Camila Duarte Guerreiro (SEMEC) Dulcéria Tartuci (UFG/RC) Maria Marta Lopes Flores (UFG/RC) Este trabalho visa relatar a experiência vivenciada por alunos da graduação, professores supervisores e coordenadores de área do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid - do curso de Pedagogia da Universidade Federal de Goiás - Regional Catalão. O trabalho foi realizado, nos anos de 2013 e 2014, em turmas de berçários da Escola Municipal Francisco Clementino San Thiago Dantas, em Catalão, Goiás. Considerando que a Educação Infantil é a primeira etapa da Educação Básica e que a inserção das crianças de 0 a 24 meses em creches pode estimular o seu desenvolvimento e a aprendizagem, podendo estabelecer as bases da personalidade humana, e ainda reforçar, ao longo da vida, as atitudes de autoconfiança, de cooperação, solidariedade e responsabilidade, é que foram realizadas diversas experiências/vivências voltadas para o desenvolvimento e a construção de conhecimento dos bebês e das alunas bolsistas do curso de Pedagogia. Para a realização deste trabalho buscamos uma fundamentação teórica nos autores: Àries(1978),
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Kishimoto(2003), Barbosa(2012) e Rego(2007). Os estudos e as discussões sobre as especificidades do trabalho no berçário foram fundamentais para estruturação e organização do trabalho, pois proporcionou oportunidades de planejamento, desenvolvimento de ações, avaliações, discussões e reflexões frente ao trabalho realizado. Constatamos que, através da realização das atividades propostas, as crianças apresentaram significativos avanços em relação ao desenvolvimento do movimento, da linguagem oral, das sensações, das habilidades motoras e da interação com os colegas. Foram avanços que nos possibilitaram a cada atividade refletir, discutir e propor novas ações que pudessem contribuir de forma gradativa com o aperfeiçoamento do trabalho, considerando as especificidades das crianças pequenas. Estas ações acabam por contribuir também com o aperfeiçoamento do trabalho pedagógico no âmbito das creches. Considerando a realidade dos Centros de Educação Infantil, a dificuldade de formação para esta etapa educativa e que o número de profissionais nestes espaços é insuficiente para que possa ocorrer um trabalho pedagógico de qualidade, o Pibid contribuiu de forma significativa para a realização com sucesso das atividades no âmbito do berçário com a atuação das alunas bolsistas, em tempo e em número suficientes. Para as coordenadores de área e professores supervisores o trabalho foi uma rica experiência e aprendizado, resultando em reflexão e busca por novos modos de organização pedagógica nos berçários. Apoio: CAPES. Oficina de leitura com (re)escrita de textos literários Ulysses Rocha Filho (UFG-RC/PIBID-CAPES) O presente trabalho apresenta ações do subprojeto LetrasPortuguês do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência, da Universidade Federal de Goiás, Regional Catalão (UFG-CAC), e tem como objetivos centrais: a. prover e promover meios, instrumentos e metodologias que resultem no
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desenvolvimento intelectual, profissional e acadêmico dos licenciandos em letras da UFG/RC, dos discentes em colégio de rede pública, além de contribuir para a formação continuada dos professores de língua portuguesa do colégio; b. garantir ao aluno bolsista experiências na escola campo com a prática teórica e metodológica do ensino modalizador da leitura e escrita do texto literário; c. ampliar as discussões sobre a relação entre ensino e pesquisa, tanto no âmbito do curso de letras português, quanto no âmbito da educação básica (até a conclusão da segunda fase). Quando se pensa aqui em práticas de leitura, o que se quer enfatizar é a leitura de textos literários no ambiente escolar. Para refletir sobre tais práticas e sugerir atividades ligadas à literatura, é preciso entender o educador como o Profissional que conduz a leitura de forma prazerosa à luz do seu objetivo. A presente proposta vai ao encontro das análises e reflexões contemporâneas sobre ensino de Literatura em salas de aula (COSSON, Rildo: Letramento Literário – 2009; ORLANDI. Eni Pulcinelli) e a ressignificação do texto literário (Discurso e Leitura - 1999) durante as atividades em sala de aula de Ensino Médio, da rede pública bem como da elaboração de propostas didáticas e metodológicas (oficinas literárias de leitura, construção e reelaboração de textos poéticos) que possam ser aplicadas no ensino, especialmente nas aulas de Literatura - espaço privilegiado em que o aluno (e professor!) deve ter contato com a materialidade poética. Apoio Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) PIBID CAPES – Projeto de Pesquisa UFG-Regional Catalão. GT 10 – Ensino-aprendizagem de línguas e formação de professores: pesquisas, práticas e perspectivas Coordenação: Cristiane Carvalho de Paula Brito (UFU) Evelyn Cristine Vieira (UFU)
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Com base na Linguística Aplicada, cujos paradigmas, a nosso ver, são bastante fluidos, e também com diálogos teóricos possíveis, podemos discutir temas relacionados ao ensinoaprendizagem de línguas, ainda tão caros e pertinentes, e que incidem diretamente na formação de professores e nas discursividades que circulam sobre essa formação e, posteriormente, sobre a atuação profissional. Nesse sentido, este GT visa agregar estudos que tenham como foco discutir resultados de pesquisas que contemplem o ensinoaprendizagem de línguas (materna ou estrangeiras) e a formação de professores como processos sempre em (des) continuidade e ressignificação, pautados por uma noção de linguagem como prática social situada, materialidade simbólica constituinte dos sujeitos, marcada pela heterogeneidade, incompletude e dialogicidade. Dessa perspectiva, interessamnos reunir trabalhos que: (i) investiguem os processos de ensinoaprendizagem de línguas materna e/ou estrangeira desenvolvidos em ambientes presenciais ou virtuais; (ii) analisem discursividades acerca dos referidos processos construídas em diferentes instâncias enunciativas (midiática, acadêmica, escolar, política etc.) enquanto espaços de forma (ta) ção; (iii) discutam bases epistemológicas concernentes a esses processos; (iv) examinem a relação teoria e prática na formação docente; (v) investiguem aspectos identitários dos sujeitos professor e aluno; (vi) discutam a relação língua materna/língua estrangeira; (vii) analisem a relação língua, ensino, tecnologia; (viii) investiguem práticas de linguagem em ambientes educacionais; (ix) problematizem naturalidades discursivas sobre os processos de ensino e aprendizagem de línguas; (x) reflitam sobre políticas públicas voltadas para o ensino-aprendizagem de línguas; dentre outros. Portanto, a partir da compreensão da Linguística Aplicada como área trans/indisciplinar de conhecimento, responsiva à vida social, abrimos espaço para que diferentes perspectivas teórico-metodológicas sejam mobilizadas, no intuito de
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dialogar, problematizar e lançar olhares outros aos processos em questão, trazendo à tona suas tensões, fissuras e movências. Esse GT intenta, pois, estabelecer um momento de interlocução com base na assunção de que sujeito e linguagem se constituem mutuamente por meio de tomadas de posição que envolvem relações de alteridade que ocorrem dentro de contextos sóciohistóricos e ideológicos. Representações identitárias do professor de espanhol em Goiânia: uma relação com sua formação Ábia Vargas de Almeida Felicio (PG/UFG) Este trabalho é recorte de uma pesquisa em andamento, (FELICIO, 2014) de mestrado em Letras e Linguística (UFG), a mesma propõe investigar as representações da identidade docente de um grupo de professores de espanhol que atuam na escola pública em Goiás. Tal como Hall (1994, p. 222) afirma “deve-se pensar na identidade como uma produção, que não está nunca completa, que está sempre em processo, e é sempre constituída no interior, e não fora, da representação”. Sendo assim, a representação como tal é um sistema linguístico cultural; arbitrário, indeterminado e estreitamente ligado a relações de poder. (SILVA, 2012, p. 91). É aqui que identidade e representação são ligadas. A identidade é estreitamente dependente da representação e é por meio da representação que a identidade adquire sentido. Em uma perspectiva pósestruturalista conhecer e representar são processos inseparáveis. Portanto, só representamos aquilo que conhecemos, aquilo que chegou até nós de alguma maneira, através de várias experiências vividas, e das relações sociais. Por isso, elas constroem a nossa identidade enquanto sujeito. Portanto, nosso trabalho versa na perspectiva de identidade representacional a
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fim de compreender como os professores representam sua identidade em um contexto de professor profissional. Quando falamos de professor profissional estamos nos referindo à concepção adotada por Perrenoud, et al (2001) que afirmam, o profissionalismo de um professor caracteriza-se não apenas pelo domínio de conhecimentos profissionais diversos, mas também por esquemas de percepção, de análise, de decisão, de planejamento, de avaliação e outros que lhe permitam mobilizar os seus conhecimentos em uma determinada situação. Ou seja, o professor necessita ser competente profissionalmente, e para alcançar essa competência de acordo com Almeida Filho (1993) devemos estar em constante formação, seja no exercício da profissão, em serviço, numa relação face-a-face ou à distância. Portanto, investigar sobre essas representações identitárias é ampliar a perspectiva de estudo sobre esse profissional, acrescentando aspectos históricos, culturais, subjetivos, entre outros, que ajudam a compreender quem é esse profissional presente na organização social ocidental desde os primórdios. Diante disso, a proposta é apresentar resultados parciais da pesquisa em andamento. Para gerar os dados utilizamos instrumentos como questionários abertos e narrativas autobiográficas. Esta pesquisa se configura como um estudo de caso, e se insere no campo dos estudos da linguagem. Na análise do corpus trabalhamos com a teoria das representações de Silva (1995, 1999); e da formação de professores de Almeida Filho (1997); Celani (2004); Magalhães (2004); Perrenoud (2001); Schön (1992); Giroux (2011). Os resultados parciais demonstram que as representações sobre a profissão de professor de espanhol é desafiadora, mas também é gratificante. Que a sua prática docente é que o torna um profissional competente. E que é por meio da sua formação
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continuada que sua identidade enquanto professor vai se desenvolvendo. Letramento em L2: relações com o desenvolvimento da leitura e o ensino-aprendizagem de vocabulário Alessandra Baldo (UFPel) Cleide Inês Wittke (UFPel) A UNESCO (2004) define letramento como “a habilidade de identificar, entender, criar, interpretar, comunicar e realizar cálculos, empregando materiais impressos e escritos associados com contextos variados”. Esses contextos variados referem-se, conforme difundido pelos estudos de letramento recentes, aos usos da linguagem em toda a atividade da vida (KLEIMAN, 2008). Percebe-se, assim, que enquanto o letramento não está limitado à leitura, essa é, de qualquer forma, essencial para que o letramento, tanto em L1 como em L2, consiga ser pleno. Além disso, o desenvolvimento da habilidade de leitura está diretamente relacionado, especialmente em língua estrangeira (L2), à aquisição de vocabulário, uma vez que a primeira é requisito para que a segunda ocorra. Tendo como base essas duas constatações, esta apresentação objetiva explorar as conexões entre letramento, leitura e conhecimento de vocabulário no ensino-aprendizagem de uma L2, a partir tanto de estudos de gêneros textuais (BAKHTIN, 1982; SWALES, 2004) quanto de dados advindos de pesquisas sobre leitura e vocabulário em L2, dentre as quais citamos os trabalhos de Khodaday (2000), Hu e Nation (2010) e Grabe et al (2011). A fim de possibilitar uma discussão sobre as diferentes técnicas de ensino-aprendizagem de vocabulário no desenvolvimento da leitura, visando ao letramento em L2, uma atividade de ensino de vocabulário elaborada por um grupo de professores em formação será analisada. Espera-se que essa análise consiga chamar a atenção para três aspectos que devem estar em primeiro plano na elaboração e/ou seleção de atividades que
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visam ao letramento em L2, via atividades de leitura, a saber: (i) a qualidade do texto selecionado; (ii) o número de palavras conhecidas no texto; (iii) a eficácia da atividade de vocabulário em de fato ensinar palavras-chave que os aprendizes de L2 necessitarão para ler o texto de forma autônoma e confiante. Peer coaching in the context of professional teacher training Bernd Renner (UnB) For decades, proposals for a continuous formation of teachers have been influencing the area of education worldwide, reflected in the increasing number of publications in this area. However, not all efforts made in search for appropriate initiatives were and still are crowned with success. Against this background, this research aims at examining in what way peer coaching can be a successful tool for the professional development of teachers in service. Peer Coaching is a form of collegial collaboration in which two or more teachers implement certain activities in their professional lifes, share ideas, reflect on existing teaching practice, try out new things, develop new teaching techniques and discuss specific problems in the classroom, among other things. This work gives an initial overview about the origins of peer coaching, subsequently describing various definitions and principles which is then followed by a compilation and examination of theoretical frameworks of existing research. The main authors who support this section are Showers and Joyce ("The evolution of Peer Coaching”, 1996), Robbins ("How to plan and implement a peer coaching program", 1991) and Gottesman ("Peer Coaching for Educators", 2000). The following section describes various peer coaching activities that can be applied in the context of continuous teacher training and it is mainly supported by authors like Caro and Robbins ("Talk Walking: Thinking on Your Feet", 1991) and Vidmar ("Reflective peer coaching:
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Crafting collaborative self – assessment in teaching", 1991). The following part of this work describes the benefits of peer coaching, reflected in the findings that are reported in the researches of various authors. The studies illustrate what benefits could be noted in the corresponding research contexts, also showing the advantages of this particular coaching concept, compared to traditional forms of coaching and supervision. This part is mainly guided by authors like Zwart, Wubbels, Bolhuis and Bergen ("Teacher learning through reciprocal peer coaching: An analysis of activity sequences", 2008), Becker ("Peer Coaching for Improvement of Teaching and Learning", 2011) and Slater and Simmons ("The design and implementation of a peer coaching program", 2001). Based on the evaluation of the outcomes of those studies, this work defends peer poaching as an effective instrument for professional teacher development in the context of continuous formation. All studies described by the researchers, without exception, show positive results, may it be on the individual level of a teacher or even on an institutional level. Peer coaching is a form of continuous teacher training that is not limited to certain countries, institutions or school departments, it is independent of political decisions. Everyone can take part, be it language teachers, math teachers or art teachers, the application of certain activities does not require a long start-up period for implementation. O gênero acadêmico abstract: análise de uma intervenção didática com falantes nativos do português Cintia Paula Santos da Silva (UFGD) A produção textual escrita de gêneros acadêmicos na universidade se constitui em um dos grandes desafios nesse contexto. A realidade acadêmica brasileira hoje evidencia que grande parte das produções escritas nesse meio exige que o aluno, falante nativo do português, seja letrado em gêneros
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que a educação básica não utiliza. O abstract, por ser escrito em língua inglesa, e um dos gêneros mais exigidos no contexto acadêmico, torna-se problemático, especialmente, porque, na maior parte das vezes, os universitários brasileiros são falantes nativos do português e não dominam a língua alvo, neste caso, o inglês para executar as tarefas exigidas pela academia, como escrever um resumo em língua inglesa, o abstract. Neste trabalho, abordaremos as diferentes concepções de resumo acadêmico propostas por diferentes autores. Além de apresentar um recorte dos resultados de uma proposta de intervenção didática para o ensino desse gênero, fundamentada na concepção dialógica de linguagem com foco no desenvolvimento da discursividade na escrita BAKHTIN (1997). Durante a intervenção, realizada em um Centro de línguas, os sujeitos produziram abstracts relacionado à sua área de estudo. A análise das produções escritas apoiou-se na perspectiva interpretativista, tendo no paradigma indiciário seu método de orientação. Durante a aplicação da proposta didática, adotamos como critério de análise e correção dos resumos, quatro qualidades discursivas consideradas necessárias para a eficácia na produção escrita de um texto de qualidade: unidade temática, questionamento, objetividade e concretude propostas por GUEDES (1994). Estas qualidades também foram utilizadas como critério de análise qualitativa dos abstracts produzidos pelos sujeitos na pesquisa. Nesta apresentação, demonstraremos os movimentos de reescrita que evidenciam o trabalho com duas dessas qualidades discursivas, a objetividade e a concretude. Os resultados apontam para a ausência das duas qualidades discursivas mencionadas na 1ª versão e a presença efetiva das qualidades e das características relativamente estáveis do gênero na última versão reescrita pelos sujeitos.
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Observação e análise da ação docente tendo em vista a compreensão e o apontamento de melhoras no exercício desse metier Cleide Inês Wittke (UFPel) Alessandra Baldo (UFPel) Nos últimos anos, o ensino de língua tem gerado muitas reflexões teóricas e pesquisas acadêmicas voltadas tanto a questões que dizem respeito ao objeto de ensino, à ação docente, quanto à formação inicial e continuada desse profissional. Resumindo, muito se tem discutido sobre o ensino de língua e também acerca da formação desse docente, mas ainda restam muitas dúvidas a serem investigadas através de estudos realizados no meio acadêmico, no entanto, de modo integrado à prática cotidiana na sala de aula. Nesse contexto, diferentes experiências vivenciadas ao longo de nosso exercício como professoras nos Cursos de Letras, em especial, daqueles voltados às licenciaturas, trazem à tona constatações antigas, mas que ainda continuam na perspectiva de serem efetuadas. A primeira consiste no fato de centrar nossa atenção na ação cotidiana do professor em serviço, observando e analisando sua atuação em sala de aula, o gesto docente, como denominam Schneuwly, Sales Cordeiro e Dolz (2005), pesquisadores do grupo de pesquisa para análise do francês ensinado (GRAFE). E a segunda diz respeito ao papel central que é preciso atribuir à disciplina de didática na formação inicial dos professores de modo geral e dos de língua, de maneira particular. Com base nesses dois eixos norteadores e tendo a transposição didática como apoio teórico (PETITJEAN, 1998, SCHNEUWLY e al., 2010, 2012), nossa investigação objetiva refletir tanto sobre a formação inicial do professor quanto acerca da importância da formação continuada desse profissional, ao longo de sua carreira como educador (NÓVOA, 2002). Acreditamos que a realização de pesquisas, a execução de pequenos e grandes
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projetos e o diálogo com o professor em atuação são medidas e dispositivos que podem funcionar como meios viabilizadores das mudanças almejadas na prática escolar do ensino de língua. O processo de ensino-aprendizagem de língua inglesa: discursos e representações Evelyn Cristine Vieira (PPGEL/UFU) O presente trabalho visa apresentar nossa pesquisa de doutorado em andamento, cujo interesse reside em investigar como professores de Língua Inglesa (LI) como Língua Estrangeira (LE) constroem discursividades acerca do processo de ensino-aprendizagem e, além disso, quais discursos vêm à tona quando enunciam sobre tal processo. Nesse sentido, tentaremos ver como professores de diferentes contextos de ensino (escola regular, pública e privada, institutos de línguas, universidades) enunciam sobre o processo de ensinoaprendizagem, bem como quais representações são construídas em seus processos enunciativos. Ao representarem a língua e o processo de ensino- aprendizagem, temos como hipótese que os professores vão revelar suas inscrições discursivas. Dessa forma, propomos problematizar as representações e estabelecer relações entre elas, a fim de perceber o lugar que a LI ocupa em cada instância de ensino, a partir das discursividades. Nossa pesquisa será de natureza qualitativa, de caráter analíticodescritivo e interpretativista e nosso corpus será composto por depoimentos de professores de LI (professores em serviço em diferentes contextos de ensino). Tais depoimentos serão coletados com base na proposta AREDA (Análise de Ressonâncias Discursivas em Depoimentos Abertos, SERRANIINFANTE, 1998). O processo de enunciar, a nosso ver, não diz respeito ao uso da palavra solta e pronta, sem vinculações, como se o sujeito se apropriasse da palavra e fizesse uso de tal palavra sem relacioná-la a outras, a outros sentidos, a outros usos. Pontuamos ainda que nosso aporte teórico é pautado no
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diálogo entre a Linguística Aplicada (LA), os estudos da Análise do Discurso de linha francesa (ADF), especialmente com base em Michel Pêcheux, e os estudos realizados pelo Círculo de Bakhtin, em especial no que concerne à natureza dialógica da linguagem. Vale ressaltar que nosso trabalho encontra-se em desenvolvimento, o que não nos permite apresentar resultados das análises discursivas que propomos realizar. Entretanto, interessam-nos as ressonâncias discursivas acerca do processo de ensino-aprendizagem que serão resultantes dos depoimentos coletados. A partir de tais ressonâncias poderemos estruturar nossa análise a fim de melhor discutir as vozes que irão emergir das sequências discursivas que usaremos em nossa análise de dados. Formação continuada: ensino de língua portuguesa em discussão Fabiula Dill (UFFS Chapecó - SC) Julia Pacheco dos Santos (UFFS Chapecó - SC) Mary Stela Surdi (UFFS Chapecó - SC) Atualmente, a formação continuada é um grande desafio às políticas públicas para a melhoria da educação, consideramos que a continuidade da formação é um processo de aprimoramento de práticas educativas que pretende subsidiar, teórica e metodologicamente os docentes, priorizando com conteúdos que constam nos documentos oficiais que norteiam o ensino de língua portuguesa. Estudos da configuração do ensino de Língua Portuguesa apontam em suas análises dados preocupantes quanto ao fazer pedagógico da aula de língua portuguesa, em especial no que se refere às questões relacionadas à atualização teórico-metodológica dos docentes da área. A falta de uma discussão mais sistemática, bem como de um acompanhamento ou assessoria para auxiliar nas discussões acerca dos rumos do ensino de língua, vem produzindo, infelizmente, sérios prejuízos não só na qualidade
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da aula, mas também nos resultados finais, que se refletem fora do espaço escolar, em que se tem sujeitos com dificuldades básicas nas atividades de fala, escuta, leitura e escrita. Deste modo, torna- se importante criar estratégias que instalem a discussão em torno da atual realidade do ensino de língua portuguesa em nossas escolas e que apontem perspectivas e ações que busquem qualificar a docência de língua materna. É nesta perspectiva que este projeto atuou propondo uma atividade de extensão, direcionada aos professores das redes municipal e estadual que atuam na área de Língua Portuguesa; egressos e acadêmicos do curso de Letras e de Pedagogia; profissionais da área da educação, tendo em vista a construção, no espaço escolar e da universidade, de um fórum de debates que se torne referência regional. Assim, o curso de extensão “Formação continuada: ensino de lingual portuguesa em discussão” foi uma ação proposta pelo Programa de Educação Tutorial Conexões de Saberes Assessoria Linguística e Literária da UFFS, campus Chapecó-SC, no qual os documentos oficiais, como os Parâmetros Curriculares Nacionais e a Proposta Curricular de Santa Catarina foram discutidos e analisados, tendo como princípio orientador a compreensão da prática pedagógica voltada para um fazer docente de qualidade. O que se constata é que é necessário garantir uma formação inicial e continuada de qualidade pautada em fundamentos consistentes para que o ensino de língua portuguesa resulte em uma aprendizagem significativa. Buscar na prática cotidiana do professor uma reflexão e uma problematização possibilita a identificação dos conhecimentos necessários para que se possa instrumentalizar teoricamente o docente em atuação, de modo que a formação continuada contribua para que ele retorne para a sala de aula com uma melhor compreensão de suas ações pedagógicas.
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O professor de inglês em formação inicial: um estudo sobre crenças à luz de narrativas Jackson Rafael Santos Pereira (UFU) Ao se discutir sobre a formação inicial dos professores de Língua Estrangeira (LE) percebemos que tal processo costuma ser marcado por conflitos, tensões, incertezas, questionamentos, realizações e outros tipos de emoções que são alheios a qualquer indivíduo que aceite encarar os desafios de ser professor de línguas. Na Linguística Aplicada (LA), o interesse em investigar narrativas está aliado aos fenômenos relacionados ao ensino e aprendizagem de línguas, com foco em experiências de aprendizes e, principalmente, professores de línguas. Certamente, esta curiosidade em investigar as crenças e as experiências de professores iniciantes e/ou em formação através de narrativas (como é o caso deste estudo) deve-se à sua capacidade de captar a essência da experiência humana. As narrativas demonstram as maneiras únicas de cada indivíduo lidar com seus próprios problemas, dilemas e desafios (BEATTIE, 2000). Acreditamos que os professores em formação geralmente ainda não tiveram oportunidades para criar sua bagagem pessoal para lidar com as adversidades escolares por meio dos conteúdos disciplinares estudados na academia. Percebe-se, com as narrativas, uma maior aproximação entre pesquisador e pesquisado, dando voz aos sujeitos investigados, permitindo, desta forma, que o contar e recontar dessas histórias construam uma pesquisa mais bem fundamentada e com uma visão mais holística sobre ensinar e aprender línguas. Para a construção deste trabalho nos pautamos nos estudos sobre narrativas de Clandinin e Connelly (2000), Barcelos (2006), Telles (1999), Pavlenko (2007), entre outros. No que diz respeito ao estudo sobre crenças, nos baseamos nos trabalhos de Barcelos (1995, 2001, 2003, 2004); Miccoli (2010); Pajares (1992); Richards e Lockhart (1996); entre outros. Trata-se de uma pesquisa em fase de restruturação, assim, a discussão dos dados
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ainda sofrerá reformulações. O objetivo desta pesquisa foi levantar e discutir as crenças de professores de inglês em formação inicial sobre como eles se significam, isto é, qual a visão deles sobre ser professor de língua inglesa no momento em que participavam de um curso de graduação em Letras-Inglês, na modalidade à distância. O estudo teve como objeto de análise as narrativas verbais produzidas pelos professores em formação na disciplina Estágio Curricular Supervisionado em Língua Inglesa III, como proposta de atividade em um fórum de discussão. Os participantes da pesquisa são alunos de um curso de graduação em Letras-Inglês na modalidade a distância. O curso é vinculado ao PARFOR (Plano Nacional de Formação de Professores) oferecido pela Universidade Federal de Uberlândia. Para isso nos pautamos na seguinte pergunta norteadora: Quais crenças dos professores em formação de língua inglesa podemos inferir através das narrativas postadas no fórum de discussão virtual do curso de Letras-Inglês a distância PARFOR? Dentre os resultados preliminares da pesquisa, percebemos que todos os participantes apresentaram respostas positivas em relação ao fazer docente e parecem estar motivados com a carreira. Embora reconheçam em certos momentos que o ensino de inglês seja complexo e desafiador, ainda sim acreditam que sua aprendizagem pode ser estimulante. Talvez, o fato de estarem motivados em ensinar nos permite inferir crenças e expectativas que estão relacionadas às suas experiências prévias de aprendizagem ou de ensino da língua inglesa. O portfólio como avaliação da aprendizagem Luciana Campos Carmo (UFU) O presente estudo tem como objetivo observar e avaliar o uso do portfólio como forma de avaliação do processo de aprendizado para aquisição de uma língua estrangeira. O estudo tem como foco a pesquisa qualitativa, portanto,
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interpretativista, em linguística aplicada para o ensino de línguas estrangeiras no curso de formação de professores do curso de Letras da Universidade Federal de Uberlândia. Nesse sentido, o foco da pesquisa é avaliar o uso portfólio como ferramenta de avaliação formativa do professor em relação ao processo de aprendizado do aluno de forma qualitativa. Portanto, esse estudo fornecerá dados para o curso de formação de professores relativos à avaliação dessa ferramenta como forma de contribuição efetiva ou não para o aprendizado do aluno. Ao observar os portfólios será possível perceber as atividades realizadas para a aquisição da língua estrangeira bem como a autonomia do aluno em uma perspectiva formativa. Assim sendo, a avaliação formativa tem seu viés informativo, tanto para o aluno quanto para o professor, pois ambos são informados sobre o estágio em que se encontram na caminhada do conhecimento isso proporciona uma renovação na ação pedagógica. O professor é informado sobre os resultados do seu trabalho podendo tomar medidas e regular as ações diante essas informações obtidas e assim abordar ou não outra estratégia. Para o aluno, a avaliação formativa o informa sobre os pontos de dificuldades, o que o auxilia a reconhecer e rever seus próprios erros, e assim, procurar corrigi-los para que ele tenha êxito. Com base nisso, a avaliação pode ser considerada uma aliada no processo do conhecimento e não como um caráter punitivo tanto para o professor quanto para o aluno. Desse modo, a metodologia da pesquisa consiste na análise dos portfólios feitos por alunos participantes ao longo da disciplina crítica e reflexiva no ensino de línguas do curso de formação de professores e, a aplicação, no final do semestre, de um questionário contendo questões relevantes para a análise dos resultados referentes a experiência desse aluno nessa ferramenta. A pesquisa será realizada, de início, em 4 principais etapas. A primeira etapa consiste na participação no grupo de estudos GEPAV (Grupo de Estudos e Pesquisa em Avaliação) para as discussões referentes à linguística aplicada e avaliação, bem como revisão bibliográfica
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e leitura de textos. A segunda etapa consiste em observação dos portfólios dos alunos, elaboração e aplicação do questionário. A terceira etapa é a análise dos dados obtidos a partir da observação dos portfólios e os questionários. E finalmente, a quarta etapa consiste na elaboração do relatório final da pesquisa. Reflexão sobre a prática no curso de Letras: a formação de professores de línguas adicionais. Liana Castro Mendes (UFU – IFTM Campus Uberlândia) Esta pesquisa de mestrado busca problematizar o processo de ensino e aprendizagem de línguas adicionais na formação de professores no curso de Letras, em uma universidade federal mineira, tendo como foco as atividades propostas aos professores em formação nas disciplinas Aprendizagem críticoreflexiva: Língua Espanhola, Língua Francesa e Língua Inglesa. Minha proposta de investigação tem por objetivo geral analisar e refletir sobre a formação inicial do professor de línguas adicionais no curso de Letras e como objetivos específicos: analisar a concepção de formação reflexiva dos professores formadores das disciplinas Língua Espanhola: Aprendizagem crítico-reflexiva, Língua Inglesa: Aprendizagem crítico-reflexiva e Língua Francesa: Aprendizagem crítico-reflexiva, do 1º período do curso de Letras, levando-se em consideração as atividades propostas aos professores em formação; verificar as atividades propostas pelos professores formadores dessas disciplinas no que se refere à aprendizagem crítico-reflexiva e verificar se os professores em formação, que cursam as disciplinas, veem o mesmo conteúdo, com a mesma metodologia, nas línguas espanhola, inglesa e francesa. O trabalho pretendeu responder às seguintes questões: As três línguas estrangeiras (adicionais) propostas no primeiro período de Letras, a saber, línguas espanhola, francesa e inglesa têm fichas da disciplina Aprendizagem crítico-reflexiva espelhadas.
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a) Qual a concepção de formação reflexiva dos professores formadores da disciplina Aprendizagem crítico-reflexiva: Língua Espanhola, Língua Inglesa e Língua Francesa levando-se em consideração as atividades propostas? b) Os alunos veem o mesmo conteúdo com a mesma metodologia nas três línguas? c) Como cada professor formador, por meio das atividades propostas aos professores em formação inicial, desenvolve a aprendizagem crítico-reflexiva nessas três disciplinas? O trabalho se inscreve em um quadro metodológico de pesquisa de natureza qualitativa, na modalidade estudo de caso, de base etnográfica, e o corpus foi formado em três etapas. Na primeira etapa, fiz uma análise de documentos (PPP do curso e fichas das três disciplinas) que constituem o curso de Letras da universidade onde se realizou esta investigação. Na segunda, coletei dados por meio de notas de campo (observações de aulas). Coletei esses dados em três turmas diferentes, sendo uma turma de língua espanhola, uma de língua francesa e uma de língua inglesa. E na terceira, fiz uma entrevista com as três professoras que ministram aula nas referidas disciplinas. Para fundamentar teoricamente este trabalho recorro aos seguintes teóricos: Miller (2013), Mateus (2013), Silva e Aragão (2013) entre outros, para tratar da formação de professores na contemporaneidade; Pimenta (2008), Oliveira e Serrazina (2002) e Zeichner (1993) para tratar da formação reflexiva; Shön (1983) para tratar da prática reflexiva para a formação de um profissional reflexivo e Celani (2010) e Liberali (2012) para tratar da reflexão crítica em sala de aula de LA. A metodologia de análise de dados usada foi a análise de conteúdo segundo Bardin (2010). Esta pesquisa mostrou que as três disciplinas investigadas têm fichas de disciplinas espelhadas, porém os alunos veem o conteúdo com metodologia diferente e cada formadora desenvolve a aprendizagem crítico-reflexiva nas três disciplinas usando atividades e recursos diferentes mas que levam à reflexão crítica.
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Junto ou separado: alguns indícios da escrita na infância Maria Alice de Sousa Carvalho Rocha (UFG) Atualmente observa-se uma predominância na interpretação das escritas iniciais das crianças sob o foco do discurso construtivista, que sem dúvida alguma, contribuiu para dar visibilidade ao registro linguístico infantil, muitas vezes negligenciado nas pesquisas sobre a aquisição de linguagem. Entretanto, essa abordagem, ao buscar categorizar a escrita infantil, não reconhece a indeterminação e o caráter enigmático que ela porta, deixando de colocar em discussão o jogo paradoxal da língua e, ao mesmo tempo, privilegia a crença nas capacidades cognitivas de um sujeito individual e em desenvolvimento. Parte-se da ideia de que a criança apenas precisa de instrumentos didáticos que explorem essas habilidades de modo a favorecer a construção gradativa da escrita e da leitura. Este trabalho vinculado à pesquisa “Entraste: subjetividade, arte e clínica” (FE/UFG) e também ao Grupo de Estudos e Pesquisa: Educação, Infância, Arte e Psicanálise (GEPEIAP/Cnpq), pretende refletir sobre a escrita infantil, pautado nos estudos linguísticos implicados pela psicanálise lacaniana que traz para essa discussão tanto questões sobre o funcionamento linguístico quanto também sobre o sujeito. Nessa perspectiva, língua e sujeito estão submetidos a um enodamento que escapa e resiste a interpretações dicotômicas e naturalísticas, ao contrário, essa relação é complexa e não se estabelece sem implicações subjetivas de quem participa dessa relação. Assim, os indícios de escrita das crianças, mesmo em situações escolares, evidenciam uma elaboração singular, demonstrando o caráter diferenciado que cada uma estabelece em torno de um funcionamento que a precede e de certo modo a implica. Afinal, um acontecimento que se realiza na linguagem pode revelar uma imprevisível combinação, portando elementos diferenciados que escapam à
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dimensão de código atribuída por alguns à língua. Ao reconhecer essa alteridade muito do que se pratica e se propõe no ensino de língua materna e/ou estrangeira poderia ser revisto e elaborado de modo a garantir uma experiência de leitura e produção de textos. O silêncio como elemento constitutivo do conceito de motivação Nathália Gontijo da Costa (PPGEL/LEP/UFU) Apresentamos alguns resultados de uma pesquisa de Mestrado, que analisa os dizeres construídos por professores de língua inglesa (LI), que atuam em escolas públicas estaduais, sobre o conceito de motivação. Nesse sentido, buscamos compreender os discursos outros que permeiam os dizeres dos professores de LI sobre motivação em um determinado momento sócio-históricoideológico. Nossa pesquisa é desenvolvida no entremeio da Linguística Aplicada, da Análise do Discurso Francesa (PÊCHEUX, 1669/2010; 1975/2009; 1983/2006) e da Análise Dialógica do Discurso, à luz do Círculo de Bakhtin (VOLOCHÍNOV, 1929/2009; BAKHTIN, 1979/2011; 1975/2002). A relação estabelecida entre a LA e os estudos discursivos, representados neste trabalho com as noções teóricas de base pecheutiana e bakhtiniana, se configura em um diálogo profícuo acerca do conceito de motivação. Desta forma, estabelecer uma compreensão do conceito de motivação por um viés discursivo também é um caminho possível para teorizar em Linguística Aplicada. A Proposta AREDA – Análise de Ressonâncias Discursivas em Depoimentos Abertos (SERRANI, 1998) é utilizada como base metodológica para a coleta de dados. Em nossa análise dos dizeres proferidos nos depoimentos, levamos em conta as condições de produção e as vozes que constituem os professores de LI. Ao analisar as inscrições discursivas reveladas por eles em seus depoimentos, buscamos
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delinear a sua relação com a língua inglesa e os possíveis desdobramentos dessas discursividades para/na prática de sala de aula de ensino público. Baseamo-nos no pressuposto de que os sentidos são construídos pelos professores de LI a partir de uma clivagem entre a interdiscursividade sobre o conceito de motivação e as tomadas de posição desses sujeitos na relação deles com a língua. Problematizamos, portanto, o conceito de motivação por entender que a discursividade que o circunda não tem dado conta de algumas questões de ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras, no nosso caso, a língua inglesa. Alguns resultados de nossa análise discursiva apontam que os professores, ao enunciarem como compreendem o conceito de motivação, silenciam-no excessivamente, na tensão em se posicionarem diante do conceito. Além disso, há a presença de dizeres contraditórios na relação deles com a profissão de professor de língua inglesa, apagando as suas identificações como professores de LE em escolas públicas no Brasil e da língua ensinada nesse contexto e, por conseguinte, desenvolvendo um estágio anômico (apagamento da língua materna e sua cultura em detrimento da língua e cultura estrangeira) que pode se desdobrar para a prática e para o processo de ensino e aprendizagem. Correção e provisão de feedback em redações no ensino médio – caminhos para um ensino de escrita eficaz Rodrigo dos Santos e Silva Este trabalho apresenta os resultados parciais de uma pesquisa monográfica na área de Linguística Textual Aplicada, desenvolvida neste ano de 2015. O objetivo da pesquisa é investigar como os métodos de correção de redação e de provisão de feedback podem contribuir com o ensino de escrita, em especial de alunos do ensino médio. Para isso, torna-se fundamental compreender como evoluiu o ensino de Redação no Brasil, acentuando-se as abordagens da escrita que se
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desenvolveram durante tal período, percebendo-se as diferentes técnicas de correção de texto e feedback das quais dispõe o professor para tornar sua prática efetiva, o que, por sua vez, encaminhará o processo de aquisição de escrita de seus estudantes ao êxito. Como suporte teórico básico, utilizam-se os postulados de Soares (1998) que apresenta como se deu o processo de evolução do ensino de Redação no Brasil e como funciona a provisão de feedback em textos de alunos; Serafini (2001), que apresenta a ideia de correção textual e seus três principais tipos; e Ruiz (2013) que também discute outros mecanismos de correção de textos. A pesquisa tem caráter de estudo de caso, pesquisa-ação por meio de abordagem qualitativa. Desenvolveu-se com três sujeitos, sendo dois estudantes das duas séries iniciais do ensino médio e seu professor de Redação. Foram aplicados diferentes métodos de correção de textos e provisão de feedback no primeiro texto desses alunos. Após a primeira escrita com um método de correção dada, observou-se como o aluno fazia a reescrita de seu texto, e o que se percebeu foi uma melhora significativa na reescrita após a correção textual-interativa, uma vez que esta concebe o texto como um produto dialógico entre sujeitos. A pesquisa ainda se encontra em andamento, mas os resultados parciais permitem apontar a correção textual-interativa e a provisão de feedback como excelentes instrumentos disponíveis ao professor para que este desenvolva o processo de desenvolvimento de escrita de seu aluno na medida em que se melhora enquanto docente. O ensino de língua portuguesa da EJA: pontos e contrapontos de relatos de uma estagiária Rosangela do Nascimento Costa (UEG) Tereza Cristina da Silva Souza (SEDUCE) O objetivo principal dessa pesquisa é refletir sobre o ensino de Língua Portuguesa na Educação de Jovens e Adultos (EJA) em
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contraponto com as teorias aprendidas no curso de Letras, sob a ótica de uma aluna estagiária. O trabalho se insere na linha de pesquisa Ensino de Língua Materna, buscando uma abordagem do ensino de língua como interação. O interesse pelo tema surgiu devido ao fato de percebermos que a relação teoria e prática durante os estágios, apesar de ser algo tão debatido em todos dos cursos de graduação, ainda é algo que necessita cuidado especial por parte dos orientadores da disciplina, haja vista que muitos alunos da graduação chegam à sala de aula sem o preparo adequado. Os relatos de uma estagiária, durante os estágios no Ensino Médio, pôde constatar uma contradição entre a teoria aprendida na Universidade e a prática pedagógica do professor dessa modalidade de ensino. Os objetivos do trabalho são: a) Traçar o percurso histórico da EJA; b) Traçar o perfil do aluno: c) Teorizar sobre metodologias de ensino de Língua Portuguesa; d) Apresentar as Matrizes de Habilidades da EJA; e) Confrontar as teorias com os dados. Os principais autores usados na pesquisa foram Andrade (2007), Barros e Lehfeld (2000), Barros (1997). Beyer (2006), Brasil (1996), LDB: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Cardoso (2003), Gnerre (1978), Além da Matriz de Habilidades do Ensino Médio da EJA, dentre outros autores e artigos virtuais. A metodologia de pesquisa adotada é a abordagem qualitativa e explicativa, pois exige informações sobre o que se deseja pesquisar. Este tipo de assunto descreve os fatos de determinada realidade objetivada. Foi realizado também um levantamento a partir das Matrizes de Habilidades apresentadas, no que se refere aos conteúdos propostos pelo estado. A Educação de Jovens e Adultos deve atender aos preceitos curriculares referentes a cada nível de ensino, tanto para o Ensino Fundamental quanto para o Médio. Os conteúdos devem ser significativos, de modo que possam contribuir para o contexto social que o discente se encontra inserido. Após confronto com os de teorias com os dados, tornase claro o fato de o professor precisar usar metodologias diferenciadas, além de as aulas de Estagio do Curso de Letras
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apresentarem problemas, no que se refere, tanto à orientação, quanto ao planejamento das atividades em sala. Ensino e aprendizagem de línguas mediadas por tecnologias digitais: uma prática na perspectiva da complexidade Valéria Lopes de Aguiar Bacalá (PPGEL – UFU) Cláudia Almeida Rodrigues Murta (PPGEL- UFU) A Linguística Aplicada (LA), ciência que atua no campo multi, inter, trans ou, segundo Moita Lopes (2006), totalmente indisciplinar. Indisciplinar porque a LA, nas palavras desse autor, encontra-se em uma “nova era” e tem buscado “novos modos de teorizar” (MOITA LOPES, p. 14). Além disso, pesquisas recentes na LA têm navegado por novos mares que perpassam “múltiplos centros” (RAMPTON, p. 109) e vêm priorizando “problemas do mundo real” (KUMARAVADIVELU, p. 138). O objetivo desse trabalho é apresentar outra abordagem para os problemas que envolvem as questões de ensino e aprendizagem de línguas e a formação de professores. O avanço das tecnologias permitiu, nos últimos anos, a utilização de novas formas de ensinar e aprender que impactaram na formação de professores de línguas. Buscamos a partir das Teorias da Complexidade explicar e constituir uma metodologia de pesquisa sobre os estudos de linguagem porque concordamos que o aprender e o ensinar nesse mundo interconectado são uma tarefa complexa, que exige comprometimento dos sujeitos envolvidos, além de uma postura aberta à mudança e à percepção do outro. Acreditamos que somos marcados por heterogeneidades constitutivas, por fluxos contínuos de informações, por tecnologias diversas e globalizadas que transpassam às digitais e que têm desestabilizado as grandes narrativas ocidentais. Esse “novo” mundo, não mais aceita os modelo de ensino vigente
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até os dias atuais. Aprender e ensinar com essas novas narrativas que se estabelecem com as tecnologias digitais ultrapassam a simples escolha de um material didático satisfatório, de uma inovadora metodologia de ensino ou de horas de dedicação aos estudos. Em nosso trabalho, abordaremos posições epistemológicas que passam pela concepção de língua como um sistema autônomo composto por estruturas que podem ser apreendidas separadamente, como também, pelas teorias que concebem a língua como prática social, que é influenciada pela comunidade que a usa, e como um objeto complexo que reveste e é revestida por toda e qualquer prática social. Para realização da pesquisa, analisamos um curso de formação de professores na modalidade a distância buscando entender como se processa o desenvolvimento dos professores de línguas em formação, à luz de conceitos da Complexidade. Nosso embasamento teórico fundamenta-se no Paradigma da Complexidade apresentados por Larsen-Freeman e Cameron (2008), Morin (1990), Ellis (2009), Borges; Paiva (2011) e Leffa (2012). Nos resultados observamos que a prática social vai determinar o “eu” professor, visto que, as comunidades de prática influenciam o professor em formação e as análises dos depoimentos confirmam o que foi investigado. Entre as proposições teóricas e a prática: o uso da literatura infantil em classes de alfabetização no município de Catalão-Go Priscilla de Andrade Silva Ximenes Maria Pereira da Silva Amélia O presente trabalho é referente a um projeto de pesquisa que tem como objetivo principal analisar as práticas pedagógicas que envolvem a literatura no contexto escolar, além de buscar compreender o papel da literatura infantil no processo de
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formação de bons leitores no processo de alfabetização e como ocorre a mediação nas atividades de leitura da escola. Cada vez mais são as crianças que chegam ao final do 1º e 2º anos do Ensino Fundamental sem serem alfabetizadas e com pouco interesse por livros e leituras. Atualmente, as crianças também convivem com um mundo de novas tecnologias à sua volta, deixando de lado a prática da leitura de livros literários. Sabemos que o hábito de leitura desde os anos iniciais é essencial para evitar problemas futuros, como dificuldades em produzir e interpretar textos por exemplo. Por essa premissa, questionamos qual o lugar que a Literatura Infantil tem ocupado nas escolas para a formação de leitores no processo de alfabetização de crianças? Trata-se de uma pesquisa de campo que será realizada em duas escolas públicas do município de Catalão-Go, uma localizada na região central da cidade de Catalão e a outra em um bairro de periferia do mesmo município. Nessas escolas, serão selecionados dois grupos de crianças, na faixa etária de 6 a 7 anos de idade, seus respectivos professores, bem como, a direção e coordenação de cada instituição, sendo o grupo de Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Através de observações nas escolas e nas reuniões de planejamento e pelas entrevistas com um grupo de professores percebemos uma ênfase nas atividades dos livros didáticos e nos métodos sintéticos de alfabetização. Contudo, é importante ressaltar que a pesquisa está em andamento e apresentamos resultados parciais sobre as dimensões conceituais que os professores apresentam acerca do trabalho com literatura infantil no ciclo alfabetizador. GT 11 – Ensino de línguas/literaturas e estudos bakhtinianos Coordenação: Maria de Fátima Fonseca Guilherme (UFU) Thyago Madeira França (UEG)
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O GT Ensino de Línguas/Literaturas e Estudos Bakhtinianos tem como objetivo principal discutir a contribuição de Bakhtin e do Círculo para o ensino de línguas e literaturas. Para viabilizar essa proposta, o GT se organizará em torno de temas pertinentes aos trabalhos do Círculo, seus fundamentos e sua ressonância na atualidade: diálogo; enunciação; formas do dizer; gramática; estilística; literatura; leitura; produção de textos; livro didático; ensino de línguas e literaturas e formação de professores. Ao contemplar que a alteridade é concebida, nos estudos bakhtinianos, como constitutiva da linguagem e dos sujeitos, vislumbramos a possibilidade de pensar a constituição da identidade dos sujeitos do processo de ensino-aprendizagem pela relação que estabelecem com o(s) outro(s), assim como lançar um olhar sobre o aspecto social e ideológico da constituição dos sujeitos aluno e professor de línguas e literaturas na interação verbal com a linguagem e na construção de um auditório social que funda seu processo de ensino-aprendizagem e de formação. Assim, considerar as minúcias que constituem os sujeitos sociais que participam desse processo é também reconhecer a palavra como um signo ideológico que reflete e refrata valores de diversas naturezas e, ainda, saber que o diálogo que se estabelece entre professor e aluno deve ser permeado por uma atitude responsiva ativa. Nesse aspecto, acreditamos que os princípios dialógicopolifônicos da teoria bakhtiniana podem ressoar de forma positiva na proposição e reflexão acerca das diversas relações de ensino-aprendizagem que se estabelecem nos inúmeros processos de interação verbal que emergem no auditório social da escola/sala de aula. Esperamos, assim, contribuir para que possamos vislumbrar perspectivas outras que lancem um olhar para o processo de ensino-aprendizagem e para o processo de formação do professor de línguas e literaturas.
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Voz literária, fronteira e identidade: a construção do discurso romanesco Analice de Sousa Gomes (UFG) Tratar do termo “fronteiras” no discurso literário é também pensar na construção de uma identidade social. Bakhtin (2002, p. 135), ao tratar do sujeito que fala no romance, afirma que ele “é sempre em certo grau, um ideólogo e suas palavras são sempre um ideologema. Uma linguagem particular no romance representa sempre um ponto de vista particular sobre o mundo, que aspira a uma significação social.” Observa-se a partir daí, que o narrador literário é submetido a uma espécie de fronteira, não territorial propriamente dita, mas principalmente social. Nesse sentido, a presente pesquisa se propõe a compreender, por meio de estudo bibliográfico, se o contexto em que se situa o discurso funciona como uma delimitação para o pensamento e para a produção ideológica refletida na construção da identidade cultural e de suas mais variadas expressões, em nosso estudo, a manifestação literária. Segundo James Clifford (apud CHAUL, 2005, p. 165), é preciso considerar a literatura como uma “alegoria etnográfica”, ou seja, ver no texto literário algo além do que ele expressa, ver a ficção como sequências de metáforas e imagens úteis para a compreensão da cultura. A exemplo disto, pode-se observar, no romance Faúlhas, do autor goiano Dionísio Machado, uma evidente manifestação da fronteira ufanista criada no pensamento da sociedade do estado de Goiás na década de 1930, quando ocorreu o processo da transferência da capital para Goiânia. Neste período, foi disseminada uma concepção de modernidade e desenvolvimento para o estado, visto que a “fronteira-discurso” de seus provedores e idealizadores, inseridos numa vertente otimista, foi apropriada por diversos outros discursos sobre a cidade, como o da academia, o da imprensa, o da literatura (ELIEZER, 2005, p.138). Tal concepção de modernidade, formadora direta da identidade histórica e
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cultural deste período, foi desconstruída por narrativas como a que apresentamos, formada por um discurso plurilinguístico, que apresenta um sujeito- narrador envolto no fenômeno polifônico apropriado pelo caráter estilístico do gênero romance. O ensino de LP a partir da noção de gênero do discurso: em pauta o processo de transposição didática em livros do 6ª ao 9ª anos do ensino fundamental Antônio Carlos Bezerra Camelo (UFU) Fernanda Mussalim (UFU) O Presente trabalho faz parte de uma pesquisa em andamento no Curso de Mestrado do Programa de Pós Graduação da Universidade Federal de Uberlândia cujo objetivo é verificar em que medida os princípios norteadores levam ou não as ultimas consequências concepção de gênero, segundo Bakhtin (1987). Esse autor afirma que “a utilização da língua efetua-se em forma de enunciados (orais e escritos), concretos e únicos, que emanam dos integrantes duma ou doutra esfera da atividade humana. O enunciado reflete as condições específicas e as finalidades de cada uma dessas esferas, não só por seu conteúdo (temático) e por seu estilo verbal, ou seja, pela seleção operada nos recursos da língua - recursos lexicais, fraseológicos e gramaticais -, mas também e, sobretudo, por sua construção composicional” (1987, p. 280). O gênero é, pois, identificado pelos participantes da situação de comunicação, por seu objetivo comunicativo, suas características linguísticotextuais relativamente estáveis, sua temática, seu estilo, suas condições de produção e circulação. O corpus de análise desta pesquisa constitui-se, da coleção português linguagens 8ª ano, de Willian Cereja e Thereza Coachar Magalhães e Projeto Télaris 9ª ano, de Vera Lucia Marchezi, Tereznha Bertin e Ana Maria Borgato, constantes no Guia de livros didáticos PNLD
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2014 - Anos Finais do Ensino Fundamental, no qual serão analisados se os critérios norteadores, explicitados pelo Guia, está sendo trabalhados a partir da exploração dos gêneros do discurso. Em relação à metodologia de pesquisa, assumirei, com Maingueneau (2005), que o tratamento metodológico do corpus deverá partir de hipóteses fundamentadas na história e em um conjunto de textos, sendo que a análise desse conjunto pode vir a confirmar ou refutar as hipóteses estabelecidas. Além disso, seguindo Pêcheux (1983/1990), assumirei também que uma metodologia de análise discursiva deverá implicar movimentos de alternância entre os gestos de descrever o corpus e interpretá-lo, sem, entretanto, considerar que se trata de movimentos indiscerníveis. A construção discursiva do leitor e de suas práticas de leitura no diálogo com o outro em memoriais de leitura Cristiane Alvarenga Rocha Santos (IFG) Este trabalho faz parte de uma pesquisa mais ampla que envolveu diversas técnicas – dentre elas, o memorial de leitura – a fim de verificar se os alunos ingressantes em 2013 no curso Técnico de Eletrotécnica integrado ao Ensino Médio de um campus do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás buscavam um posicionamento autoral em suas práticas de leitura. Nesse contexto, um dos objetivos da investigação, e que será enfatizado aqui, consistiu em identificar e analisar como esses alunos “discursivizavam” suas práticas de leitura (CHARTIER, 1999, 2002, 2011) nesses memoriais, significando-as e a si mesmos no papel de leitores ao relembrar episódios que constituíram suas histórias de leitura. Compreendendo o memorial de leitura como uma narrativa produzida no presente, mas que remete a acontecimentos, eventos de letramento (STREET, 2001) experienciados no passado (que podem, ainda, apontar para perspectivas futuras), partimos do pressuposto de que, em sua produção, os
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alunos selecionam quais lembranças serão relatadas e como relatá-las. Assim, concebemos essas narrativas como versões dos alunos sobre suas práticas leitoras passadas e não das práticas em si. Não houve, portanto, uma preocupação em retomar um discurso ancorado na “verdade” e, sim, em uma dialogicidade, a qual os constituem e a seu outro (BAKHTIN, 2003, 2006, 2010). Na análise dos memoriais, as vozes com que os alunos dialogam revelam como constroem-se discursivamente como leitores e como concebem, hoje, suas práticas de leitura passadas. Foi possível identificar nos relatos, por exemplo, que as concepções de leitura alteram-se com as experiências vivenciadas pelos sujeitos ao longo de suas vidas, com as influências dos grupos sociais com os quais se relacionam e com o modo como esses grupos se relacionam com a leitura. As vozes da memória coletiva, da família e da escola, por exemplo, são postos em diálogo nos relatos dos alunos ao evocarem concepções como a de leitura como uma prática prazerosa, associada apenas ao lazer, durante a infância, e a de leitura como uma tarefa obrigatória, imposta, “chata”, durante a adolescência. Houve, ainda, os que afirmaram que ler não é uma questão de “gosto” apenas, mas também de necessidade. Segundo os alunos, suas práticas de leitura foram se ampliando e se adaptando ao mundo tecnológico de hoje. Na perspectiva de alguns, a tecnologia é uma aliada à leitura; para outros, uma ameaça; e ainda há aqueles que entendem a relação entre ambas como um paradoxo difícil de ser resolvido. (Apoio: CAPES). O dialogismo em uma aula de língua estrangeira: a leitura de um conto de Flannery O’ Connor Danilo Neves Pereira (UFG) O presente artigo é um estudo de caso que tenta conectar as teorias de Bakhtin ao contexto de sala de aula de língua estrangeira através da análise de uma aula sobre o conto A
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good man is hard to find da escritora americana Flannery O’ Connor. Partindo dos construtos teóricos bakhtinianos sobre o dialogismo, o sujeito e as vozes sociais no discurso é possível entender a sala de aula de língua estrangeira como um local de constante diálogo entre a voz do outro falante da língua alvo e os aprendizes de inglês. Este trabalho, portanto, analisa as relações dialógicas entravadas pelos participantes deste estudo com texto literário e a cultura norteamericana ali representada. Para este estudo de caso, foram utilizadas quatro ferramentas de pesquisa: um questionário inicial, as gravações das interações entre os alunos, uma imagem fotografada após atividade de brainstorm, e uma redação produzida pelos alunos depois da discussão sobre o conto. Concluindo, este trabalho apresenta os resultados da análise dos dados coletados assim como aponta a importância dos textos literários na formação cultural do falante de língua inglesa. “Por uma vida melhor”: uma análise bakhtiniana da concepção de língua por linguistas Gabriella Cristina Vaz Camargo (PIBIC-UFG/RC) Erislane Rodrigues Ribeiro (UAELL-UFG/RC) Em maio de 2011 foi aprovado pelo PNLD (Programa Nacional do Livro Didático) uma lista de livros didáticos que poderiam ser utilizados nas escolas a partir daquele ano. Dentre eles, o livro “Por uma vida melhor”, de Heloísa Ramos, destinado a alunos do EJA (Educação de Jovens e Adultos), o que foi alvo de muitas críticas. A polêmica surgiu porque o capítulo do livro, “Ler é diferente de falar”, propõe um estudo sobre as variações linguísticas, apresentando reflexões sobre norma culta e as variantes que os alunos do EJA aprenderam até chegar à escola. Diante da polêmica, linguistas, jornalistas e intelectuais de outras áreas resolveram registrar suas opiniões nos diversos meios de comunicação. Nesse contexto, nosso trabalho tem o objetivo de analisar textos sobre o tema publicados por
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linguistas, em maio de 2011, com a finalidade de investigar qual concepção de linguagem foi adotada por eles. Para esse propósito, analisamos artigos de dois renomados linguistas: Marcos Bagno, professor da UnB, e Sírio Possenti, professor da Unicamp. Sabemos que a linguagem pode ser compreendida a partir de três concepções fundamentais que correspondem a três grandes correntes linguísticas, a primeira a linguagem como expressão do pensamento, correspondente à Gramática Tradicional, a segunda a linguagem como instrumento de comunicação, correspondente ao Estruturalismo e a terceira, a concepção de língua/linguagem do Círculo de Bakhtin, como forma de interação, que corresponde a Linguística da Enunciação. O Círculo de Bakhtin foge à ótica estruturalista que promove o estudo sistematizado da língua, pois acredita que ela seja dialógica, ou seja, só pode ser observada quando colocada em interação, quando perpassam por ela emoções, intenções, sentimentos, e quando se considera o interlocutor. Bakhtin considera a voz do outro, pois é através dela que se emitem os enunciados que, por sua vez, são repletos de significações e ideologias. E é a partir dessas significações presentes na voz do outro que Bakhtin define o caráter dialógico da linguagem. Partindo dessas considerações, nos textos publicados pelos linguistas observamos uma concepção de linguagem que promove a compreensão de uma língua não homogênea, não petrificada, mas sim capaz de admitir múltiplas possibilidades. O caso « mais je n’ai pas apporté ce poème pour parler d’amour... » em uma aula de FLE no espaço parisiense: problematizando discurso, gramática e ensino de língua estrangeira por uma perspectiva bakhtiniana Ismael Ferreira Rosa (UFG/RC – CESUC)
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É quase trivial nos defrontarmos com aquela ideia de que aprender uma língua estrangeira (LE) em seu contexto nativo é o meio mais fácil e eficaz de se estudar e obter fluência. Comumente, ouve-se ou lê-se por aí que seguir um curso de LE no exterior seria o modo mais rápido, prático e plenamente eficiente de aprendizagem, pois, além das aulas em classe, o aluno praticaria o seu aprendizado em situações reais do dia a dia. Todavia, essa prática nas situações reais da língua estudada no contexto formal de sala de aula é efetivamente possibilitada? A língua ensinada nos cursos faculta essas práticas comunicativas? Há uma relação entre a língua ensinada e a língua vivida no contexto nativo? Esses são questionamento que norteiam a discussão que ora proponho. A partir de uma experiência pessoal de aprendizagem de francês como língua estrangeira (FLE), por minha parte no espaço parisiense, alvitro uma problematização das noções de discurso, gramática e ensino de língua estrangeira, tendo por fulcro teórico o pensamento do Círculo de Bakhtin acerca da linguagem e suas práticas. Considerando tal experiência como um objeto fenomenológico de análise (MERLEAU- PONTY, 1999), em que não há uma indissociabilidade entre a experiência do mundo vivido e sua expressão pelo corpo próprio, intento sopesar os meandros discursivos entre a língua viva e dinâmica das interações e a língua cascada e estática da abstração, estudada nos bancos das escolas de línguas, inclusive de um contexto nativo. Esse objeto analítico é constituído por uma cena do meu processo de aprendizagem de FLE em uma escola de idiomas de Paris na qual o poema “Pour toi mon amour”, escrito por Jacques Prévert, foi levado à sala de aula não para se constituir um enunciado concreto de interação social, mas uma casca linguística abstrata para o estudo do tempo verbal passado. Escrutinando tal objeto, tenho por fito evidenciar que algumas práticas do processo de ensino-aprendizagem de LE em um contexto nativo não se diferem contundentemente das práticas do contexto considerado “artificial”. De fato, mais do que a polissemia das palavras organizadas em um enunciado ou a
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construção de sentidos ainda prevalece a concepção de que o que merece e deve ser ensinado nas aulas de LE, até mesmo no seu lócus de natividade, são os modos de estruturação de seu sistema formal. Destarte, o escopo de ensino-aprendizagem também converge para o escrutínio das composições sintáticas e morfofonológicas de enunciações e textos, analisando-se os comportamentos linguísticos das formas, de modo a acomodálos às gavetas conceptuais de um arquivo teórico da gramática formal, elidindo a subjetividade, a historicidade, a singularidade dos sujeitos ideológica e socioculturalmente constituídos nessa e por essa língua. As concepções de língua e gramática entre linguistas e jornalistas: um diálogo de consenso ou dissenso? Juliana Prudente Santana do Valle (UAELL – UFG/RC) Erislane Rodrigues Ribeiro (UAELL – UFG/RC) O objetivo deste trabalho é analisar as concepções de língua e gramática, como também os discursos produzidos a partir da celeuma instaurada entre linguistas e jornalistas e outros profissionais a respeito da adoção e veiculação do livro didático “Por uma vida melhor” de autoria de Heloísa Ramos, o qual foi destinado ao EJA – Educação para Jovens e Adultos –. O alvo das críticas foi o capítulo um, intitulado “Escrever é diferente de falar”, que aborda o uso das variedades linguísticas. Assim, de um lado posicionam-se linguistas apoiados em estudos da linguagem como forma de interação, isto é, que defendem que o enunciador tanto pratica ações como age sobre o interlocutor. De outro, expuseram suas opiniões jornalistas, demonstrando conhecimento superficial ou mesmo desconhecimento sobre o tema, por não serem especialistas em questões relacionadas aos estudos tanto da linguagem como da língua e da gramática. Para a fundamentação teórica, nossos estudos se valeram, das concepções da linguagem como expressão do pensamento, como instrumento de comunicação e como forma de interação
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e essas correspondendo, respectivamente, às correntes dos estudos linguísticos: gramática tradicional, estruturalismo, além dos estudos sobre as noções de interação verbal e dialogismo, como formas do funcionamento real da linguagem, que têm como origem constitutiva o enunciado, estabelecido por Bakhtin e seu Círculo, na perspectiva da linguística da enunciação. A análise foi feita utilizando como corpus dois artigos: um de um jornalista e um de um linguista. Observamos as condições de produção em que foram escritos, quem são os sujeitos produtores e os interlocutores presumidos, bem como as concepções de linguagem e gramática nelas materializadas, a fim de averiguar se houve um diálogo de consenso ou dissenso entre esses profissionais. Por meio dessas análises, conclui-se que não há concordância entre eles, uma vez que, os sujeitos se filiam a concepções de língua e gramática diferentes para tecer seus comentários. O jornalista demonstra estar preso a regras pré-estabelecidas, concebidas pela gramática normativa e à concepção de língua que a ela se articula, as quais ditam o que se deve falar e escrever, enquanto o linguista, que vê a língua como forma de interação, coloca-se aberto às variações, àquelas realmente usadas pelos falantes. Vale ressaltar que toda manifestação discursiva é atravessada pelo diálogo com outros discursos, numa alternância entre enunciados. Bakhtin vai à escola: a crônica e o ensino de língua materna Larissa Leal NEVES (IFTO) Jefferson Silva do RÊGO (UFG) Ressaltando a relevância do letramento como horizonte éticopolítico para o ensino de língua materna, almejamos, neste trabalho, fazer uma reflexão sobre a filosofia da linguagem do Círculo de Bakhtin, posta como arcabouço teóricometodológico possível e necessário à promoção de práticas escolares de leitura e de produção textual comprometidas com
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uma ressignificação da escola, da teoria e da vida. Atrelamos à essa explanação teórica a exposição de uma sequência didática, cujo objeto de ensino consiste no gênero crônica, lançando mão de uma problematização em torno, principalmente, da forma arquitetônica (BAKHTIN, 2003), conceito bakhtiniano que, embora fundamental na teoria do Círculo, ainda é pouco explorado nas práticas docentes no chão da escola. Defendemos que o gênero crônica, de grande circulação nos livros didáticos de língua portuguesa, merece uma atenção a mais de nossa parte, no sentido de se evitar perspectivas demasiadamente formais, privilegiando abordagens que apontem mais para a funcionalidade social do gênero. Isto significa que, como é ainda bastante comum nos estudos literários, em que se centra o estudo do texto em seu conteúdo temático, em sua estrutura e em estilo de sua linguagem, esquecendo-se que estes elementos convergem para uma determinada finalidade social. Esse esquecimento da forma arquitetônica gera, portanto, um esvaziamento da compreensão de gênero, entendido por Bakhtin como enunciado constituído socialmente e somente nele dotado de sentido. Assim, o estudo do gênero crônica em sala de aula deve valorizar a sua origem e ligação intrínseca, porém problemática, com o jornal, focalizando, sobretudo, a instabilidade dessa relação. A crônica tem em comum com o periódico os temas, entretanto, subverte-os constantemente pelo ponto de vista adotado, bem como pela linguagem (SIMON, 2004). Em suma, acreditamos que o olhar mais apurado sobre essa relação é o que torna, de fato, o estudo desse gênero mais produtivo para o aluno, tendo em vista, principalmente, que o estudo da língua materna com base nos gêneros tem por finalidade capacitar o estudante como sujeito leitor e autor, ou seja, sujeito de fala que não apenas reproduz, mas que se utiliza das formas da língua para pensar e intervir na sociedade.
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Propondo uma episteme para o ensino de literatura a partir de um gesto de interpretação do discurso literário em João Anzanello Carrascoza Maria de Fátima Fonseca Guilherme (UFU) Thyago Madeira França (UEG – Câmpus Morrinhos) Tomado em uma concepção discursiva, o texto literário é atravessado por um acontecimento que proporciona a instauração de efeitos de sentidos múltiplos, relacionados a diversas tomadas de posição. De maneira dialética, a discursividade literária, objeto estético organizado por uma função-autor, faz ressoar um discurso do outro, o qual o leitor se inscreve/é inscrito e que também significa. Isso implica também efeitos de sentidos decorrentes da inscrição dos sujeitos e dos discursos em diferentes lugares sócio-histórico-ideológicos, produzidos na/pela discursividade do texto literário. A partir desses pressupostos, o presente trabalho propõe uma análise da antologia de contos “Espinhos e Alfinetes”, de João Anzanello Carrascoza, de modo a identificar como os sujeitos e os sentidos são construídos nas narrativas, por meio do levantamento de convergências de diversas naturezas que permitem a proposição de uma regularidade enunciativa que emerge a partir da configuração de processos de memória discursiva, no que tange à temática central e nuclear da morte. Assim, essa pesquisa se ancora, como substrato teórico, na possível relação entre a Linguística Aplicada, os estudos do Círculo de Bakhtin e a Análise do Discurso de Michel Pêcheux, para construir um olhar ao construto literário como subsídio para uma proposta epistemológica para o ensino de literatura. Logo, acreditamos que uma reflexão acerca do ensino de literatura, aliada a subsídios teóricos e metodológicos da rede conceitual mobilizada, pode fazer emergir propostas didático-pedagógicas que possam provocar deslocamentos e problematizações na forma como a literatura tem sido abordada no processo de
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ensino-aprendizagem. Nesse aspecto, analisar o texto literário enquanto discursividade significa abordá-lo num contexto complexo em que se multiplicam os sujeitos interlocutores, as situações de produção enunciativa e as tomadas de posição, todas essas constitutivas do discurso estético-literário. Logo, o ensino da literatura em uma perspectiva discursiva configurase como uma prática responsiva-ativa e que transcende os aspectos que reduzem o texto literário a um material didático de caráter artístico. GT 12 – Estudo de processos fonológicos do português brasileiro Coordenação: Marlúcia Maria ALVES (ILEEL/UFU) O presente grupo temático pretende discutir os diversos processos fonológicos que ocorrem no português brasileiro conforme a Teoria da Otimalidade, modelo de análise gramatical cujos principais objetivos são estabelecer as propriedades universais da linguagem e caracterizar os limites possíveis da variação entre as línguas naturais; a Sociolinguística Variacionista, que discute a interferência de fatores linguísticos e extralinguísticos sob o fenômeno estudado, dentre outros modelos linguísticos. Há vários estudos sobre o sistema vocálico do português brasileiro, dentre os quais se destaca o de Mattoso Câmara (1970), que apresenta este sistema a partir da posição tônica. Esse estudo, pela sua importância, é ponto de referência para as análises atuais de fenômenos sobre a estrutura da Língua Portuguesa. Normalmente, os estudos do sistema vocálico do português brasileiro dão enfoque a fenômenos linguísticos, como, por exemplo, a harmonia vocálica, que pode ser definida como a assimilação de um ou mais traços vocálicos em uma cadeia sonora, ou a neutralização, isto é, quando uma oposição fonológica não é mais pertinente em certas posições da cadeia falada, como, por exemplo, a ocorrência de vogais
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médias em posição pretônica. Além destes processos, destaca-se também a redução vocálica, em que um som reduz a sua qualidade vocálica por diversos motivos; a nasalidade, relacionada ao fato de uma vogal ser nasalizada quando seguida de segmento nasal; a metafonia, em que ocorre a mudança do timbre de uma vogal sob a influência de uma vogal vizinha, o sândi vocálico, em que se observam os traços de modulação e de modificação fonética que afetam o início e/ou o final de determinadas palavras. Sobre os processos relativos aos segmentos consonantais, pode-se mencionar o processo de assimilação, casos de modificação sofrida por um fonema em contato com um fonema vizinho, que apresenta traços articulatórios comuns, e o rotacismo, em que ocorre, por exemplo, a substituição do [l] pelo r retroflexo, comum no dialeto caipira. Todos os processos acima mencionados são estudados pela fonologia e vários são os estudos feitos para compreender a sua descrição, regularização e variação nos diversos dialetos pertencentes ao português brasileiro. O objetivo principal deste grupo temático é, pois, discutir fenômenos relacionados à fonologia do português brasileiro e sua aplicação conforme uma teoria linguística. As vogais médias postônicas não finais no falar de Uberlândia, Minas Gerais: alçamento Fabiane Lemes (PPGEL/UFU) O objetivo principal deste trabalho está relacionado à investigação e à análise do alçamento vocálico postônico em posição não final, especificamente em palavras proparoxítonas produzidas por falantes da cidade de Uberlândia, Minas Gerais, em consequência da posição silábica aqui investigada. O fenômeno abordado neste trabalho, denominado como alçamento, é caracterizado pela substituição de uma vogal por outra na produção oral, no caso as vogais médias altas /e/ e /o/ para as vogais altas /i/ e /u/, como pode ocorrer em ‘bró[co]lis’ ~
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‘bró[cu]lis’, e em ‘hós[pe]de’ ~ ‘hós[pi]de’. Essa ocorrência foi observada a partir do comportamento de dois processos fonológicos, Redução Vocálica e Harmonia Vocálica, que podem interferir de modo regular na ocorrência ou não do alçamento. Dizer que uma vogal é postônica significa dizer que esta vogal está posicionada, em uma palavra, depois da sílaba tônica. Tendo em vista a instabilidade do contexto postônico não final observada em outros dialetos do português brasileiro, neste trabalho, pretende-se comprovar que essa assimetria também acontece na cidade de Uberlândia. Observamos os fatores preponderantes que levam ao alçamento vocálico e também averiguamos se todas as palavras proparoxítonas investigadas mostram o alçamento da vogal média na posição postônica não final. Ainda foram averiguados os fatores que levariam a esse fenômeno a partir de outras pesquisas já elaboradas e das entrevistas realizadas, como parte da metodologia, buscando ainda delimitar a estrutura de palavras que estão sujeitas ao alçamento dentro dos campos de análise. Segundo Silva (1999), a variação de pronúncia de vogais médias postônicas se relaciona aos diferentes tipos de fala definidos como formal e informal. Foram analisadas as entrevistas realizadas com um grupo de treze indivíduos, para obtenção de dados. Além disso, houve uma proposta de identificação de figuras a partir de vocábulos proparoxítonos. A seleção de informantes foi feita conforme algumas variáveis sociais que seriam idade, sexo, escolaridade e ser natural de Uberlândia. Nesta pesquisa demos destaque à variável estilo, uma vez que usamos dois instrumentos para obtenção dos dados, entrevista e nomeação de figuras. De acordo com Labov (1972), o estilo de fala pode ser determinado a partir da atenção que se dá à fala. Em um primeiro momento de entrevista, Labov diz que, neste caso, um estilo “cuidado” é predominante pela ciência que o falante possui de ser analisado, se mostrando preocupado com seu desempenho linguístico, sendo necessário buscar uma fala espontânea e casual. A partir das entrevistas foi possível constatar que as
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variáveis sociais não foram preponderantes em relação à ocorrência do alçamento, ao contrário do que havia sido pressuposto inicialmente; que este fenômeno é mais frequente em vogais pertencentes à série posterior do que em vogais da série anterior; e que o processo mais influente na realização do alçamento é o da redução vocálica, já que grande parte das palavras alçadas sofreu esse fenômeno em razão deste processo, que se caracteriza por tornar vogais de articulação longa e significativamente sonoras em breves. Caracterização fonético-fonológica do Triângulo Mineiro – MG Marlúcia Maria Alves (PROFLETRAS / ILEEL / UFU) A caracterização fonético-fonológica dos sons de uma língua específica envolve uma análise linguística detalhada que conta com a listagem de fones e fonemas. Esta análise pressupõe um inventário fonético e outro fonêmico para identificar as características próprias do falar da região. Segundo Cagliari (2002), “enquanto a Fonética descreve o que acontece quando um falante fala, a Fonologia almeja a descrição da organização sistemática global dos sons da língua desse falante.” (CAGLIARI, 2002, p. 18). Afirma também que este acordo entre a Fonética e a Fonologia é importante para relacionar as informações oriundas dos modelos teóricos aos fatos reais das línguas. O olhar atento sobre os dados retirados da configuração dos espectrogramas garante um estudo mais apurado das características de cada som. Com relação à descrição fonológica interessa verificar os traços distintivos que caracterizam os fonemas vocálicos e consonantais e os processos fonológicos relacionados no entendimento da constituição da gramática sonora da língua. Os processos fonológicos podem ser divididos em três categorias, processos que mudam a especificação dos traços, processos que apagam segmentos e processos que inserem segmentos na cadeia sonora. A presente
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pesquisa pretende fazer um estudo descritivo dos sons produzidos na região do Triângulo Mineiro a partir da identificação dos inventários fonético e fonológico. Esta descrição levará em consideração as informações fonéticas, os traços distintivos e os processos fonológicos que são produzidos pelos falantes da região e tem o intuito de servir como parâmetro para futuras pesquisas sobre o próprio falar da região do Triângulo Mineiro, estabelecendo uma identidade fônica e, posteriormente, servindo de comparação a outros falares do português brasileiro. A presente pesquisa será constituída de três etapas: a) bibliográfica, para o melhor entendimento do tema pesquisado; b) de campo, em que o documentador coletará os dados necessários para a pesquisa feita e c) analítico-descritiva, já que os resultados serão descritos conforme uma análise fonética e fonológica. Para a coleta de dados as seguintes variáveis serão consideradas: a) ter nascido e ter sido criado na região de origem, sem nunca ter se afastado da cidade por mais de ano; b) escolaridade, selecionando apenas o ensino superior; c) faixa etária englobando o período de 20-35 anos; d) sexo. Prioritariamente, nossa pesquisa atenderá aos aspectos de cunho linguístico, relacionados aos traços distintivos e aos processos fonológicos. Serão considerados para esta pesquisa um total de 30 informantes, 15 homens e 15 mulheres, para cada cidade analisada. Os dados obtidos serão analisados conforme a Teoria da Otimalidade, considerando os traços distintivos e os processos fonológicos, principalmente a harmonia vocálica e a redução vocálica. A pesquisa está em fase inicial de execução. GT 13 – Estudos de ficção brasileira contemporânea: produção, mercado editorial, recepção e crítica Coordenação: Flávio Pereira Camargo (UFT) João Batista Cardoso (UFG/RC)
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Estudar a prosa de ficção brasileira contemporânea é, de certo modo, um desafio instigante por dois motivos que julgamos basilares. O primeiro se refere à multiplicidade de temas, de formas, de estilos e de autores, que emergem no campo literário brasileiro, possibilitando ao leitor a oportunidade de conhecer novos autores e a retomada de outros já consagrados pela academia e pela crítica literária. São autores que, geralmente, iniciaram suas produções literárias nas décadas de 1970 e 1980 e continuam, até os dias atuais, produzindo obras que dialogam em uníssono com algumas das tendências da narrativa brasileira do início do século XXI, a exemplo do que ocorre com a produção literária de Sérgio Sant’Anna e de Rubem Fonseca, entre outros escritores. O segundo motivo se refere ao fato de que o leitor se depara com uma escassez de material crítico ao escolher um corpus literário publicado nas últimas décadas, principalmente aquele do início do século XXI. Esta carência procede, em parte, porque alguns escritores ainda não foram canonizados ou reconhecidos pela academia, embora, em alguns casos, já tenham alçado voos no mercado editorial. Neste sentido, eleger e estudar a literatura brasileira produzida nas últimas décadas do século XX e do início do século XXI pode permitir ao terreno da crítica literária um alargamento de perspectivas em relação à produção e à recepção de novos autores e de novas obras literárias. Um olhar mais atento para essas obras permite ao leitor e ao crítico uma compreensão mais apurada tanto da cultura contemporânea, de um modo geral, quanto de suas influências na produção literária da atualidade. Para Beatriz Resende (2008), o que podemos observar é um terreno movediço da crítica literária em relação aos jovens escritores, particularmente o que se refere aos novos arranjos e aos novos suportes por eles empregados em seus processos de criação, como, por exemplo, o uso de distintos recursos e ferramentas da internet, como os blogs e os fóruns de discussão, entre outros, que permitem uma escrita interativa e coletiva, em alguns casos. Além disso, esta estratégia também possibilita
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uma maior circulação das obras literárias em novos suportes e uma aproximação entre o público leitor e o escritor no ambiente virtual. Portanto, a proposta deste GT é reunir pesquisadores que tenham como objeto de pesquisa a narrativa brasileira produzida em fins do século XX e início do século XXI, com o objetivo de promover um debate acerca de suas principais linhas de força. Ditadura: memória, história e ficção em Tropical sol da
liberdade Aparecida de Fátima dos Reis Prado (C. E. Dom Emanuel) João Batista Cardoso (UFG/RC) A Ditadura Militar no Brasil vem se tornando tema de inúmeras obras literárias desde o último triênio do século passado. Uma dessas obras que tematizam a ditadura é Tropical sol da liberdade, de Ana Maria Machado. A autora sofreu o impacto da ditadura na própria vida e viu seus efeitos em outros indivíduos, destacando-se o Brasil como a vítima mais icônica desse período. Nesse sentido, quando ela tematizou a ditadura, recuperou uma experiência individual, só possível de resgatar enquanto memória. Por essa razão, a ditadura, em sua obra, foi transformada de evento meramente histórico em mito. O objetivo do presente trabalho é levantar os aspectos da obra que dão sustentação memorialística e mítica aos fatos históricos que aparecem na dinâmica do texto de Ana Maria Machado. Não faltam obras que servem para fundamentar semelhante estudo, entretanto, restringiremos o referencial histórico crítico no trabalho de Antonio R. Esteves, cujo artigo Literatura e história: interfaces ressalta a instabilidade das fronteiras entre história e ficção. A obra Tropical sol da liberdade é um testemunho contemporâneo da evolução do romance histórico, pois oferece legitimidade aos discursos que discutem a relação entre história e ficção na contemporaneidade. Empregaremos também as conclusões de Paolo Rossi que realiza um profícuo
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estudo sobre a memória na obra O Passado, a Memória, o Esquecimento. Finalmente, empregaremos o estudo de Lucia Castello Branco, A traição de Penélope. Para atingirmos o objetivo de nosso estudo, partiremos da relação entre história e ficção, concebendo aquela como atividade humana ancorada em documentos e esta como ação ancorada na memória, quando utiliza um evento histórico para dar sentido a uma sequência narrativa ficcional. A memória é o resgate de uma experiência pessoal, enquanto a história faz parte das experiências endereçadas sobre as coletividades. Toda obra literária que tematiza a experiência da opressão tem como objeto final de indagação a busca da liberdade, pela superação das contradições que impedem a realização do homem numa realidade que o oprime. Esse é o objeto a que se prende a obra Tropical sol da liberdade. A descrição desse objeto e o encontro de suas qualidades na imanência da obra é a pretensão final o presente estudo. A representação do espaço urbano em “Marieta e Ferdinando” de Sérgio Sant’Anna Cálita da Silva Barbosa (UFG) Ao refletir sobre a cidade, nota-se que a urbe é um dos temas mais relevantes da atualidade. Conhecida como um lugar de negócios mercantis, a cidade será um dos aspectos que norteia o homem contemporâneo. Desse modo, ao deparar com a cidade, observa-se que esta é a que pode estabelecer condições sociais, históricas e psicológicas em um indivíduo. Partindo desse pressuposto, observa-se que o literato escritor ao estar inserido no ambiente citadino sofrerá mutações em relação ao meio em que vive, isto é, se a cidade é a que liga seres, e ao mesmo tempo os afasta, notoriamente o escritor contemporâneo saberá relatar tais condições do homem urbano. Sendo assim, o artista literário com um olhar atento conseguirá absorver peculiarmente as proeminências do homem contemporâneo no
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espaço em que vive: a cidade. E é neste espaço que o escritor, mais especificamente, Sérgio Sant’Anna consegue revelar as nuanças do ser contemporâneo. Com jeito único, debochado, irônico, e persuasivo, Sérgio Sant’Anna em suas obras tem-se destacado como um dos principais escritores da literatura brasileira no final do século XX e até nos dias atuais. De tal modo, o que se intenta discutir é a respeito de como o autor peculiarmente consegue transpor a realidade do homem contemporâneo citadino em seus textos, especialmente em “Marieta e Ferdinando”. Ver-se-á que no conto “Marieta e Ferdinando”, Sérgio Sant’Anna utiliza a linguagem como recurso para transmitir os aspectos do homem urbano. Para isso, o referido autor desfruta do elemento narrativo espaço, ao qual não será visto como mera representação da realidade, todavia, o que pode estabelecer seres. Diante disso, nota-se que teóricos como Regina Dalcastagnè, Tânia Pellegrini, Luiz Alberto Brandão e entre outros serão um dos poucos críticos literários a estudar a confluência da literatura brasileira contemporânea, principalmente em relação ao espaço. Este espaço, a cidade é visto como um local de incertezas e certezas, vago, proeminente e vasto. Assim, a urbe é considerada como um dos temas mais essenciais da atualidade, pois remete ao que há de mais intrínseco da condição humana. As correspondências de Clarice Lispector: cartografias de um processo criativo Carlos Augusto Moraes Silva (UFU) As correspondências trocadas entre escritores constituem-se como importante objeto de estudo para aqueles que se dedicam a compreender o fazer literário. Os textos epistolares descortinam informações que ultrapassam dados biográficos de autores consagrados e revelam, muitas vezes, uma carga Biográfica - ficcional permitindo à Crítica utilizar as missivas como fonte de análises direcionadas aos estudos do processo de
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criação literária. Desde que foram publicadas, as cartas trocadas entre Clarice Lispector e autores como Fernando Sabino e Lúcio Cardoso tornaram-se importantes documentos capazes de elucidar ou, pelo menos, fornecer aos leitores e estudiosos, pistas do processo criativo da autora de A Paixão Segundo GH (1964). Em Cartas perto do coração (2000), coletânea das correspondências trocadas entre Clarice Lispector e Fernando Sabino, diversos temas se mesclam. A obra trata da trajetória de uma sólida amizade pontuada pela insegurança e carência de dois jovens escritores que se apoiaram mutuamente através de extensa correspondência. Afetos, confissões, notícias da vida social e política do país eram também assuntos recorrentes. Entretanto, tais temas quase sempre convergiam em direção aos meandros do processo criativo dos autores, residindo aí, provavelmente, o valor deste acervo de cartas para os estudiosos da Literatura. Partindo de tais considerações, este trabalho propõe uma breve reflexão a respeito do processo de criação e gênese da obra de Clarice Lispector. A “romancização” do gênero conto: um caso fonsequiano Cloves da Silva Junior (SEDUCE-GO/FL-UFG/CAPES) Bakhtin (2010), ao discorrer sobre o aspecto inacabado do romance, decorrente de sua evolução e transformação constante, menciona que na época da supremacia desse gênero – segunda metade do século XVIII – os demais gêneros romancizaram-se, passaram a ser “mais livres e mais soltos, sua linguagem se renova por conta do plurilinguismo extraliterário e por conta dos estratos “romanescos” da língua literária; eles dialogizam-se e, ainda mais, são largamente penetrados pelo riso e pela ironia, pelo humor, pelos elementos de autoparodização; [...]” (p. 400). Desde então, e principalmente na contemporaneidade, os gêneros continuam dialogando com outros gêneros, passando por metamorfoses, inovações. E de
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acordo com Bosi (2001, p. 21), “o conto de hoje, poliedro capaz de refletir as situações mais diversas da nossa vida real ou imaginária, se constituiu no espaço de uma linguagem moderna (porque sensível, tensa e empenhada na significação), mas não forçosamente modernista”. Nesse contexto, entra em cena o conto Corações solitários, presente na coletânea Feliz Ano Novo (1975), do escritor mineiro Rubem Fonseca, que narra a história de um repórter de polícia de um jornal popular que é demitido e convidado a trabalhar no jornal Mulher, uma publicação elaborada para as mulheres da classe C, na qual os redatores são homens com pseudônimos femininos. Nesta narrativa, é possível perceber o processo de romancização do gênero conto de acordo com os postulados de Bakhtin, logo, este trabalho propõe a análise da narrativa em questão, no intuito de identificar e evidenciar os elementos que contribuíram para o modus operandi da romancização do conto, transpondo sua forma tradicional a partir do caráter plástico que assume na contemporaneidade, conforme indica Alfredo Bosi (2001). Pretende-se identificar os traços do riso e da ironia que são característicos desse processo de romancização, bem como analisar a penetração de dois outros gêneros textuais na construção do conto, que são formas de organização do plurilinguismo – uma pluralidade de vozes que é própria do romance. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica que tem como base as proposições de Bakhtin (2010) e o auxílio de teóricos como Bosi (2001), Jolles (1976), dentre outros. Aspectos metaficcionais em Confissões de Ralfo: uma autobiografia imaginária, de Sérgio Sant’Anna Flávio Pereira Camargo (UFT/CPN) De acordo com Patricia Waugh (1984, p. 6), “o menor denominador comum da metaficção é simultaneamente criar uma ficção e fazer uma declaração sobre a criação daquela ficção”. São esses dois processos que ocupam, juntos, uma
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tensão formal que tenta eliminar a distinção entre criação e crítica. A narrativa metaficcional é, pois, uma interrogação da escritura enquanto tal, em que a metanarração é enquadrada no discurso do personagem-escritor, que se configura, ao mesmo tempo, como o narrador da própria escritura, isto é, narrador que põe em evidência o processo de construção da narrativa. Desse modo, podemos dizer que a metaficção, a partir do romance moderno, tem um traço constante e específico: a existência, no corpo do texto, de um comentário crítico, reflexivo e consciente do narrador ou de outro personagem sobre o romance que está sendo narrado ou sobre outro romance. Partindo de estudos teóricos sobre a metaficção, propomos a análise de alguns aspectos metaficcionais presentes no romance Confissões de Ralfo: uma autobiografia imaginária, de Sérgio Sant’Anna, publicado em 1975, de modo a evidenciar as estratégias narrativas e discursivas utilizadas pelo personagem Ralfo. (Pesquisa realizada com o apoio do CNPq). Mazelas sociais: a representação do outro em Eles eram muitos cavalos, de Luiz Ruffato Ingra Cristina Gomes Silvestre (UFG) Quando se discute questões referentes a narrativa brasileira contemporânea, percebe-se que existem preocupações tradicionais na narrativa- envolvendo personagens de classe média, brancas e que frequentemente se elevam, e, por outro, representações que são repletas de problemas ligados ao acesso à voz de múltiplos grupos sociais, isto é, os marginalizados. Assim, a obra eles eram muitos cavalos, de Luiz Ruffato, lançada no início do século XXI está no alvo de pesquisadores que trabalham assuntos referentes à forma literária, descrevendo sobre o espaço da cidade, linguagem narrativa, consumismo, literatura de massa, a desconstrução da narrativa como forma de representação da sociedade, assim como, temáticas sociais que analisam questões de identidade, discurso
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da precariedade, anonimato e resistência e outras. Referentes a estas temáticas pode-se separar algumas que dizem respeito às problemáticas sociológicas da questão da representação dos marginalizados. O título deste trabalho conduz a uma reflexão ao que se compreende por representação do outro, destacando o uso da linguagem narrativa ruffatiana. Busca-se, então, entender a representação do outro pelo viés do romance brasileiro contemporâneo na obra de Luiz Ruffato, Eles eram muitos cavalos (2001) a partir de pensamentos teóricos e críticos de Regina Dalcastagnè, Tânia Pellegrini, Linda Hutcheon, Goffmam, Silviano Santiago entre outros. A crítica Regina Dalcastagnè (2003) afirma que no campo literário não há uma pluralidade de perspectivas sociais, pois ao expropriado na vida econômica e social- integrante do grupo subalterno- lhe é roubada ainda a possibilidade de falar de si e do mundo ao seu redor. E, a Literatura, amparada em seus códigos, suas tradições e seus guardiões, querendo ou não, pode servir para referendar essa prática, excluindo e marginalizando. Desta forma, necessita de uma literatura que possa situar o homemleitor- no contexto social em que vive, ao possibilitar uma visão do homem enquanto ser social, uma visão do outro. Nicodemos Sena: a recepção da crítica e um intérprete da Amazônia Iza Reis Gomes Ortiz (IFRO) O presente artigo tem como objetivo apresentar o escritor paraense Nicodemos Sena como um intérprete da Amazônia e do mundo. A Amazônia já foi retratada por vários vieses na Literatura e na História. Foi contada e inventada por vários escritores, de viajantes a especialista em Literatura. Os mitos do progresso, do exótico e do atraso sempre perpassaram pela visão ocidental dominante estrangeira nas literaturas produzidas. O espaço ‘floresta’ sempre foi superior ao sujeito amazônico, houve um privilégio em detrimento do homem.
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Analisando esta situação, propõe-se apresentar o texto amazônico produzido por um escritor nascido na região e que prima o sujeito ‘ser amazônico’ numa confluência e convivência com a floresta; estudar e analisar as representações desse sujeito amazônico e da própria Amazônia para que possamos ter um olhar de dentro para fora, do regional para o nacional. Trabalharemos com o escritor Nicodemos Sena e sua obra “A espera do nunca mais – Uma saga amazônica”, obra recebida pela crítica literária com muitos elogios. Tentar absorver de uma narrativa considerada realista e historiográfica, a vivência do homem amazônico em seu cotidiano, não tendo o estereótipo da floresta como algo imenso, exótico e diferente, mas como um elemento que faz parte da vida do caboclo, um elemento como os outros, como as casas de tapira, as índias velhas que fazem a tiborna, como os índios velhos que vão para a margem do rio beber a tiborna e conversar com os mortos, a casa de farinha, onde todos se reuniam. Utilizaremos como quadro teórico-metodológico a Análise do Discurso de Michel Foucault, a análise da recepção da Crítica Literária e alguns conceitos contidos na obra “Tempo e Narrativa”, de Paul Ricoeur para configurar uma refiguração discursiva. Acredita-se que uma proposta de ler e estudar a Amazônia através de seus sujeitos, fictícios e/ou históricos, envolve a Cultura, a História, a Sociedade e as ideologias de poder vigentes. Consideramos sua Literatura uma escritura que é escrita na Amazônia, uma refiguração discursiva entrelaçada pela História e pela Ficção. A temática abordada no livro “A espera do nunca mais – uma saga amazônica”, nos leva a vários momentos da História do Brasil e a determinadas situações locais do Estado do Pará. São acontecimentos que se entrelaçam numa tentativa de ver a obra como um resgate de histórias e mitos.
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A dinamicidade do espaço literário: um estudo sobre os contos O homem de ouro puro e A herança, de Augusta Faro José Humberto Rodrigues dos Anjos (ENGEMED) Partindo da concepção do termo topoanálise proposto por Gaston Bachelard em sua obra A poética do espaço (1978) e da afirmação de Borges Filho (2007, p.33) de que este pode ser visto como a “investigação do espaço em toda sua riqueza, em toda sua dinamicidade na obra literária” é que este trabalho propõe sob essa perspectiva, analisar a categoria espacial em dois contos da autora goiana Augusta Faro. Para tanto, selecionamos os contos O homem de ouro puro e A Herança, ambos pertencentes a obra, Boca Benta de Paixão (2007), segundo livro de contos adultos da autora, publicado pela Editora da Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Nesse sentido, é preciso compreender a topoanálise não somente como o estudo do espaço, mas como uma série de outras observações que abarcam, por exemplo, considerações sociológicas, filosóficas e estruturais. Nesta perspectiva, vê-se o estudo do espaço - que durante longo tempo foi considerado como subalterno aos demais elementos da narrativa - como um importante fator a ser considerado, uma vez que como cita Lopes (2012, p.12), além de figurar junto a categoria tempo como uma das mais importantes da narrativa, ancora as personagens que por meio dele estabelecem uma profunda relação física e afetiva. Postulando o espaço, não apenas como detalhe, mas como peça basilar para a construção dos sentidos da narrativa, intenciona-se nos dois contos selecionados, a aproximação dele enquanto elemento para as ações que ali se desenvolvem. Em ambos os contos citados, a presença de objetos triviais como um mini Buda, comprado em uma viagem ao Oriente e um relógio de coluna antigo, herdado de um bisavô, são cruciais para o desenvolvimento do enredo e
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configuração de um clímax, que só é possível por meio da ‘força’ de tais objetos nos espaços cotidianos que os comportam. Assim, escravizadas pelo espaço, as personagens dos contos reforçam a ideia proposta por Bachelard (1978, p.196) de que esta categoria da narrativa não é vivida apenas em sua positividade, “mas com todas as parcialidades da imaginação”. Tal ideia é reforçada por meio do que Borges Filho (2009, p.29) chamou de dominação-apropriação, ou seja, o poder que o território exerce sobre o personagem. Além dos teóricos já citados, buscamos suporte em Alessandrini (1996), Dimas (1986) e Gama Khalil (2008). “Entre irmãos” de José J. Veiga: uma proposta de leitura Leonice de Andrade Carvalho (IFG-Câmpus Urutaí) “Entre irmãos” é um conto do livro Os cavalinhos de Platiplanto. Logo na primeira frase da narrativa coloca-se a questão “O menino sentado à minha frente é meu irmão (...)”, evidencia-se no conto as relações familiares e de parentesco. A família é apresentada como um núcleo maior, como um clã, que mantém seus vínculos na intimidade e na afetividade construídas e mantidas na convivência do espaço que ocupavam. As narrativas veigueanas insistem em ressaltar as relações familiares e sociais que organizam a vida humana em espaços ainda pouco urbanizados e que partem de um acontecimento marcante: a morte de um ente da família, quase sempre, a morte da mãe, também presente em outros contos como Roupa no coradouro e A viagem de dez léguas. Nossa pesquisa tem como objetivo contribuir com a crítica da obra veigueana, relendo o conto “Entre irmãos” escrito por José J. Veiga e buscando rever alguns pontos importantes já tidos como consolidados na crítica da obra veigueana, como a presença morte, da família, da mãe, do abandono, além de outras questões. Para tanto, considera-se a relação complexa
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entre Literatura, História e Sociedade, ou seja, como a Forma Literária é capaz de internalizar a vida social em um movimento constante e dialético. Buscou-se examinar como o escritor, diante dos dilemas estéticos que impõe a narrativa literária, foi capaz de perceber o fluxo da história e das aflições humanas. A perspectiva dialética, não só na leitura de um texto narrativo, mas frente ao mundo, nos direciona para as contradições, os nós e as tensões presentes na vida, ilumina os momentos de crise e nos faz perceber, como no conto “Entre irmãos”, que a pergunta é: Quais experiências estarão disponíveis para serem narradas a partir de percepções de mundos em transição como os que vivemos hoje? Assim, partiuse da leitura de um conto ainda pouco conhecido do autor, em um viés interpretativo, analítico e confirmador do caráter realista do escritor. O espaço na memória: uma análise de O último conhaque, de Carlos Herculano Lopes Lydyane de Almeida Menzotti da Silva (UFMS - Câmpus de Três Lagoas) Este projeto tem por objetivo analisar o romance “O último conhaque” (1995), de Carlos Herculano Lopes – escritor e jornalista - no que diz a respeito à sua composição narrativa, a fim de evidenciar quais os possíveis entrelaçamentos que a mesma estabelece com a construção da memória. No primeiro capítulo – 1. Como leram o livro: o estado da questão – serão apresentados os trabalhos acadêmicos (artigos, dissertações e teses) que se dedicaram ao estudo de seus romance. O objetivo é, além de mostrar como seus livros foram lidos, é perceber as linhas de força dessa leitura e organizar pontos de contato e possíveis diferenças com o romance a ser analisado. No momento seguinte – 2. Escritor. – As palavras de Carlos Herculano Lopes – organizaremos uma breve biografia profissional do autor considerando as funções de escritor,
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jornalista e cronista. Assim, nos dois primeiros capítulos nos apoiaremos em pesquisas e entrevistas com o autor, já publicadas eletronicamente. O terceiro capítulo – 3. A literalidade de O último conhaque – tem como objetivo apresentar a leitura analítica do romance considerando os elementos estruturais da narrativa (narrador, personagem, foco narrativo, tempo, espaço). A leitura será baseada em dois pontos nevrálgicos: o espaço como potencializador dos conflitos e o foco narrativo, e terá como suporte teórico as considerações de Osman Lins, Norman Friedman, entre outros. Feita a análise estrutural do romance, no quarto capítulo – 4. Memória e o retorno à casa –, examinaremos como esses elementos aparecem no texto literário e como eles influenciam as relações entre as personagens com suporte teórico em Gaston Bachelard. Feito esse percurso, apresentaremos as reflexões na Conclusão. Nossa hipótese é que poderemos mostrar como um autor contemporâneo se utiliza das regras estruturais da narrativa para amplificar os efeitos de sentido provocados pelo espaço na construção da memória. A partir desse trabalho, pretendemos dar nossa parcela de colaboração à crescente fortuna crítica do autor Carlos Herculano Lopes e do romance O último conhaque, bem como, aos estudos da literatura brasileira contemporânea. Imagens da cidade e experiência urbana em Carlos Drummond de Andrade Moema de Souza Esmeraldo Doutoranda (PUC-Rio) Este trabalho pretende analisar crônicas de Carlos Drummond de Andrade, que escrevia para jornais de grande circulação no Brasil, principalmente, a partir da segunda metade do século XX. Desse modo, serão elencados textos com o intuito de examinar o olhar do escritor mineiro tendo em vista a construção de imagens poéticas relacionadas, sobretudo, à cidade. Além de evidenciar o posicionamento do autor,
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importante intelectual brasileiro do século XX, em relação à construção da representação do imaginário urbano. Nesse sentido, para amparar o enfoque aqui apresentado partirei de algumas considerações teóricas discutidas por Benjamin (1989) sobre o flâneur, na obra Charles Baudelaire: um lírico no auge do capitalismo, e por Willi Bolle (1994), no ensaio A metrópole: palco do flâneur. Utilizar-se-ão como suporte metodológico para análise as obras A invenção do cotidiano, de Michel de Certeau (2008), e Imaginários urbanos, de Armando Silva Téllez (2011). Não obstante, propõem-se a análise e o aprofundamento da discussão sobre as crônicas e as representações da cidade a partir dos ensaios críticos Drummond: cronista do Rio, de Beatriz Resende (2002), e Um poeta invade a crônica, de Flora Süssekind (1993). Diante do exposto, este estudo busca evidenciar que a menção ao espaço, em especial o espaço da cidade, travestiu-se de diversas formas de expressão, diferentes maneiras de conhecer e representar o mundo relacionado com o meio vivido. Interessa, no entanto, cingir alguns discursos pertinentes à literatura para tentar observar como esta foi reinventando a cidade, e analisar, paralelamente a isto, como o sujeito se relaciona com essa invenção ao propor a cidade como objeto de sua reflexão. O objetivo mais geral deste trabalho recai sobre a reflexão de um pensamento por imagens da cidade e como se entende a cidade a partir de outros conceitos derivados da experiência urbana. Assim sendo, poetas, filósofos, escritores, enfim, diversos estudiosos – como exemplos indispensáveis sobre o tema, temos Charles Baudelaire, Edgar Allan Poe e Walter Benjamin – que utilizaram alegorias ou imagens alegóricas para ler a cidade na modernidade e observaram a experiência urbana como expoente necessário de compreensão da metrópole moderna. A cidade se torna foco de observação, análise e discurso, basicamente porque passa a representar a própria civilização, à medida que a experiência urbana passa a ser ligada quase inexoravelmente ao homem moderno. (Apoio: CAPES)
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Uma leitura do romance A imperatriz no fim do mundo de Ivanir Calado Nayara Cristina Rodrigues de Andrade (UFG) O presente estudo pretende discutir a origem e percursos do romance histórico traçando suas principais características e contrastando as com o que Linda Hutcheon chama de metaficção historiográfica. A partir dai, acompanharemos como a metaficção historiográfica é entendida como um fenômeno da pós-modernidade e o que este conceito traz de novo ao gênero. O romance “Imperatriz no fim do mundo” publicado em 1992 por Ivanir Calado permite-nos mergulhar nas memórias de Amélia de Leuchtemberg, segunda mulher de Dom Pedro I, tradicionalmente esquecida na História do Brasil. O romance que reconstitui os fatos da chegada de Amélia ao Brasil, em 1829, passando pelas crises que culminaram na renúncia do imperador e seu exílio na França é comumente considerado um romance histórico, contudo é possível pontuar várias características deste que o caracteriza com o que Hutcheon chama de metaficção historiográfica. A casa da infância em romances de Milton Hatoum: uma leitura alegórica Noemi Campos Freitas Vieira (UFVJM) Sabemos que na contemporaneidade vários estudos têm se voltado para os processos de representação das fraturas nas relações, da constituição das identidades e (des)identidades, de deslocamentos e da desterritorializaçãoe e do sentimento de não-pertencimento. Nos romances Dois irmãos (2000) e Cinzas do Norte (2005) de Milton Hatoum, autor amazonense de ascendência libanesa, essas representações podem ser analisadas por meio de uma leitura alegórica voltada para a
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casa familiar e as relações engendradas nesse lugar de origem. Essa casa da infância ganha contornos de uma casa ruínica, repleta de memória e de esquecimento e de uma casa-torso, como fragmento restante do passado. A dicção histórico-biográfica das narrativas de Silviano Santiago Paulo Alberto da Silva Sales (IFGoiano – Câmpus Ceres) A narrativa ficcional brasileira, do último quartel do século XX e da primeira década do século XXI, tem apresentando um grande interesse nos aspectos históricos e biográficos de autores empíricos dos séculos XVII, XVIII e XIX. Esse interesse despertou novas formas de leituras críticas desses autores – agora – metamorfoseados em personagens de ficção integrados ao heterocosmo fictício do romance. A historiografia e as biografias se tornaram fontes importantes aos escritores contemporâneos que necessitavam recontar a história de vida de entidades literárias ou mesmo políticas cujas peripécias se transformaram em arquivos e novas “fontes” tanto aos “novos” romancistas históricos quanto para os novos historiadores. Nesse rol de autores, citamos João Ubaldo Ribeiro, Luiz Antônio Assis Brasil, Haroldo Maranhão e principalmente Silviano Santiago. Esse último autor tem escrito narrativas nas quais, em seu bojo, há, ao mesmo tempo, a presença de aspectos biográficos ressignificados pela narrativa metaficcional de cunho histórico, que Linda Hutcheon (1991) denominou de metaficção historiográfica ou como um novo romance histórico, para usarmos a terminologia de Fernando Aínsa (1991). Além disso, há a criação de um pano de fundo histórico amalgamado e ressignificado pelas novas propostas da nova história (BURKE, 2010) (WHITE, 2009), a partir da ironia, da sátira, do riso e do cômico (BAKHTIN, 2010). Alguns romances de Santiago como, por exemplo, Em Liberdade e em Viagem ao
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México, apresentam toda a problematização da noção de biografia, de recontar um fato histórico e do próprio fazer literário que é uma proposta já presente no nouveau rouman 1966). Partindo desses français (PERRONE- MOYSES, problemas contidos nessas duas narrativas de Silviano Santiago, refletiremos a respeito das intersecções entre os aspectos biográficos, aspectos historiográficos e metaficcionais presentes no engenho ficcional de Silviano Santiago para vermos como essas narrativas transgrediram e se tornaram em novas propostas romanescas do fim do século XX e do início do século XXI no Brasil. Atuação pública do escritor na Literatura Contemporânea Simone Silva de Paula (UFRJ) Luiz Ruffato, um dos intérpretes da Literatura Brasileira Contemporânea, em seu último livro “Minha primeira vez” (2014), publica a crônica viver de literatura. Nesta, são abordadas questões como profissionalização do escritor, sua presença em campos literários e as bases do mercado editorial solidificado. Estamos vivendo um espasmo ou trata-se de uma tendência que se consolidará no tempo? (Ruffato, 2014, p. 179). Trago como proposta norteadora do GT a discussão em torno da atuação pública dos escritores na cena literária contemporânea e o impacto de tal atuação na recepção crítica das obras. Assim como a presença do par real x ficção em alguns escritos do presente século. O trabalho acolhe diálogo com obras de autores como Bernardo Carvalho, Ferrez, Marcelino Freire, Ana Paula Maia e outras expressões da literatura em curso.
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Solvitur ambulando – pelas ruas da cidade; nas veredas do conto Vera Lúcia Alves Mendes Paganini (UEG/UFG) Utilizando a metáfora do cristal e da chama de Renato Cordeiro Gomes e agindo como o solvitur ambulando (BENJAMIN, 2000), o objetivo deste trabalho é discutir por meio de uma revisão bibliográfica, o fascínio que a cidade exerce sobre o homem, para compreendermos a busca cada vez maior pelos centros urbanos: “A cidade é o símbolo capaz de exprimir a tensão entre a racionalidade geométrica e o emaranhado das existências humanas” (1994, p.23) e nessa busca há como que um embate entre o prático e o poético: “[...] o cristal com seu facetado preciso e sua capacidade de refratar a luz [...] e a chama, imagem da constância de uma forma global exterior, apesar da incessante agitação interna” (GOMES, 1994, p.40). A ilusão de cristal e chama provoca nos habitantes da cidade ora um sentimento de atração ora um sentimento de repulsa, dependendo da forma como encaram ou são encarados pela cidade. (BOLLE, 2000) e (LYNCH, 1999), Neste trabalho estudamos esse movimento em três momentos do século XX e em três cidades brasileiras, com personagens que poderão confirmar a dureza do cristal ou a imprecisão da chama: há os que, como mariposas, são atraídas pela chama (a dinamicidade, as novidades, as vitrines, o brilho das luzes...) como Maria e Jesuína, de “Mariposas do luxo”, João do Rio, Rio de Janeiro (1908) e Carmela e Bianca de “Carmela”, Alcântara Machado, São Paulo (1934); há os que a urbe devora com a sua insensibilidade dos muros e paredes frias, da falta de solidariedade nas ruas e nas relações sociais e pessoais; e há os que se dividem entre a atração da busca de vencer na vida e a repulsa pelas concessões que se obrigam a fazer para atingir os objetivos na cidade. Como Margarida, de “Mergulhada na Urbe”, Marieta Telles Machado, Goiânia (1978); apesar da grande distância temporal entre as outras narrativas, há nas
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personagens o mesmo comportamento deslumbrado da mariposa atraída pela luz da chama refletida na dureza do cristal. A relação de atração e repulsa do cidadão pelo brilho do poder, muitas vezes falso, no movimento do cristal e da chama, exercido por esse espaço do desejo que é a urbe moderna, foi o nosso objeto de estudo. Realismo, naturalismo... existencialismo bizarro: qual o lugar da obra de Santiago Nazarian na tradição literária brasileira? Wellington Furtado Ramos (UFMS/NEHMS/FUNDECT) Este trabalho visa a verificar as filiações e aproximações da literatura de Santiago Nazarian na tradição literária brasileira uma vez que, segundo discurso do próprio autor, corroborado pela crítica de jornal, sua literatura consistiria em um “existencialismo bizarro”. Nosso objetivo consiste, portanto, em verificar a validade dessa alcunha no âmbito da crítica acadêmica tendo clara a ideia de que o texto de Nazarian é produzido na contemporaneidade mas dialoga com movimentos estéticos da tradição tais como o realismo e o naturalismo. Para proceder às analises, serão utilizados como objeto três romances de diferentes momentos da produção do autor, a saber: A morte sem nome (2004), Mastigando Humanos (2006) e Biofobia (2014). GT 14 – Estudos linguísticos da Libras (Língua de Sinais Brasileira) Coordenação: Eliamar Godoi (UFU) Marisa Lima (UFU)
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Quando o Stokoe (1960) iniciou um trabalho de estudo na descrição da Língua de Sinais Americana (ASL) que comprovou o seu estatuto linguístico, a partir disso inaugurou os estudos das línguas de sinais como línguas naturais que promoveu vários estudos, desde a identificação da complexidade e dos níveis de análise linguística presentes nas línguas naturais impulsionou o desenvolvimento de estudos linguísticos nas mais variadas línguas de sinais e em diversas áreas do saber que se expandiu em outros países. No Brasil, as pesquisas da linguística da Libras (Língua de Sinais Brasileira) tiveram início apenas no meio da década de 80 com os trabalhos de Ferreira-Brito (1984, 1986, 1995), e mais especificamente na área da aquisição, nos anos 90, com trabalhos de Karnopp (1994) e Quadros (1995), entre outros. Desde então, essa área passou a ganhar espaço entre os estudos linguísticos no Brasil. Nesse contexto, a proposta desse GT é trazer para o debate alguns mitos sobre a língua de sinais, o surdo e a surdez. Para tanto, alguns níveis de análise linguística da Libras (Língua de Sinais Brasileira) serão apresentados, no sentido de pontuar sua legitimidade linguística, seja através de trabalhos descritivos, comparativos (com outras línguas de sinais), teóricos ou experimentais. Os proponentes deste Simpósio, membros pesquisadores do GPELEDT – Grupo de Pesquisas em Estudos da Linguagem, Libras, Educação Especial e a Distância e Tecnologias (CNPQUFU), incentivam alunos de pós-graduação e colegas pesquisadores de demais instituições a submeterem propostas oriundas das várias áreas dos estudos da linguagem, tais como fonética, fonologia, morfologia e sintaxe. Aliado a essa questão surge a necessidade de discutir, ampliar e difundir o conhecimento dos estudos. Serão aceitos também os trabalhos sobre: questões teóricas da gramática de Libras; interfaces entre língua, interação e cognição nos estudos da Libras; aquisição de Libras como L1; a interface língua-gesto; o ensino de libras como L2 para ouvintes; e políticas linguísticas. Serão aceitos resultados de pesquisas, pesquisas em andamento, estudos de casos e estudos sobre sequências didáticas que contemplem de alguma
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forma novas abordagens no ensino de Libras como L2. Pretende-se com essa discussão contribuir com a análise linguística e didática de ensino de Libras para profissionais e abrir espaço para reflexão de suas pesquisas e estudos na área. Aspectos lexicais: significado e conceito no saber do surdo Aparecida Rocha Rossi (UFU) Daniela Prometi (UnB) A LIBRAS é dotada de uma gramática composta por itens lexicais, que se estruturam a partir de mecanismos morfológicos, sintáticos e semânticos, os quais, embora apresentem especificidade, seguem também princípios básicos gerais. Estes são usados pelos Surdos no entendimento do seus conceitos e significados de forma produtiva, possibilitando um número infinito de construções conceituais, a partir de um número finito de regras. Esses princípios regem também o uso adequado de entender os conceitos e significados dos sinais da LIBRAS, isto é, permitem aos seus usuários da LIBRAS utilizar estruturas nos diferentes contextos que se lhes apresentam, de forma a compreender aos diversos significados que emergem da interação no dia a dia, bem como dos outros tipos de uso da língua. O léxico da LIBRAS, assim como o léxico de qualquer língua, é infinito, no sentido de que sempre comporta a geração de novos sinais e tem todos os mecanismos para criar ou gerar o sinal para qualquer conceito que vier a ser compreendido e posteriormente utilizado pela comunidade surda. A pesquisa tem como objetivo pesquisar e analisar o entendimento e a dificuldade do Surdo diante dos aspectos lexicais da Língua de Sinais com seu significado e conceito das palavras. A realidade mostra o Surdo na sala de aula copiando os textos do quadro negro ou de outros materiais didáticos, e não compreende aquilo que copia, e não desenvolve seus estudos e sua aprendizagem. Muitas vezes não entendem o significado
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apresentado pelo professor bilíngue. A pesquisa segue a metodologia de campo, precisa explicar o conceito, o significado das palavras de forma concreta, contextualizar os conceitos com o cotidiano do aluno e também levar em conta o contexto histórico. O que ocorre é que explicar o significado de uma palavra, nem sempre é fácil. Como explicar o conceito da palavra se não sabe o significado? Isto exigirá do professor um amplo conhecimento da língua portuguesa e também a capacidade de explicar o contexto onde estas palavras são utilizadas. Sendo as aulas que é visual ou português escrito, o Surdo ainda encontra dificuldade de compreender o significado e conceito. Assim, a pesquisa mostra como o Surdo diante do processo lexical encontra dificuldade de entender o significado e conceito, passando a usar de uma forma errada o sinal, que no seu ver se associa o sinal como uma imagem. Nossa meta é, no decorrer da pesquisa, expandir a discussão sobre a necessidade emergencial de auxiliar os Surdos a compreender o significado e o conceito da palavra escrita e também do seu sinal que serão apresentados no decorrer da pesquisa. Política educacional no ensino de LIBRAS no curso superior Aparecida Rocha Rossi (UFU) Daniela Prometi (UnB) A pesquisa tem o propósito de investigar as políticas educacionais da educação inclusiva com o seguinte foco: Desafios da Implantação de Libras na Educação Superior na Universidade Federal de Uberlândia. A discussão sobre a qualidade da educação e a luta pela criação de políticas públicas educacionais não é um desafio novo para a comunidade surda, que luta há décadas, pelo direito à educação de qualidade e o reconhecimento de suas especificidades linguísticas. Atualmente, a política educacional inclusiva, tem amparo legal e princípios teóricos democráticos
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de igualdade, equidade e diversidade. Mas, para a comunidade surda, a realidade das práticas educacionais inclusivas está distante das proposições teóricas e legais. A educação superior no Brasil está mais acessível a educação dos surdos, oportunizando mais espaços para o ingresso das pessoas surdas como alunos e profissionais nas universidades federais, retratando a realidade problemática nesta trajetória e vêm ganhando força e se destacando através de pesquisas com maior aprofundamento do tema, portanto com o propósito de promover maior acessibilidade da Libras entre ambos: universidade e pessoas surdas, se transformando num elo nas comunicações. Objetiva compreender os desafios da implantação de Libras na Educação Superior, mais precisamente na Universidade Federal de Uberlândia de 2006 a 2013, amparada por leis, decretos, portarias e os dados apresentados que demonstram que existem possibilidades para um processo real deste desafio, via implantação do ensino Libras - Língua Brasileira de Sinais no sistema educacional a nível superior. Identificou- se que o MEC/SECADI desenvolveu várias ações com o objetivo de garantir que o Decreto 5.626/05 fosse efetivado, no entanto, não criou condições materiais para que as IES pudessem cumprir as determinações presentes no decreto. A metodologia da pesquisa é um estudo qualitativo, tem dois campos complementares de investigação: O primeiro, trata das políticas nacionais de educação inclusiva implementadas pelo Ministério da Educação relacionadas aos surdos no país, de 2005 a 2013. O segundo, é um desdobramento do primeiro que trata das implicações destas políticas nos cursos de Licenciatura da Universidade Federal de Uberlândia no período de 2006 a 2013. Os procedimentos técnicos para coleta de dados, desenvolvemos um estudo documental, para o qual realizamos estudos aprofundados das leis, decretos, pareceres do CNE, portarias, notas técnicas do MEC/Seesp e/ou MEC/Secadi. A UFU, por vontade política interna, implementou em seus currículos desde 2008, a disciplina de Libras, semestral, com sessenta horas, o ensino de
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Libras obrigatório nas licenciaturas e facultativo nos bacharelados. No entanto, uma das questões que o estudo revela é que o campo linguístico na UFU, ainda não está aberto para assumir estas demandas, visto que na instituição não houve manifestação positiva, que demonstrasse compromisso e interesse de assumir a Libras enquanto área de conhecimento a ser desenvolvida pelo Instituto de Linguística e Letras da UFU (ILEEL). O ensino de Libras como L2 para ouvintes: em busca de abordagens e metodologias adequadas Eliamar Godoi (CEPAE/FACED/UFU/GPELEDT) Roberval Montes da Silva (UEG/GPELEDT) O objetivo desse trabalho é apresentar reflexões sobre o ensino da Língua de Sinais Brasileira – Libras como L2 para ouvintes, cuja proposta surge fundamentada em pressupostos advindos de experiências e pesquisas que reconhecem a Libras como forma de comunicação e expressão na interação entre surdos/surdos e entre surdos/ouvintes. Considera-se a necessidade do uso e da difusão da Libras, carecendo, para tanto, de recursos didáticos e metodológicos de ensino de Libras como L2 para a pessoa ouvinte. A legislação determina que se deve ofertar, obrigatoriamente, o ensino da Libras e também da Língua Portuguesa, como segunda língua para alunos surdos desde a educação infantil. Determina ainda que o professor regente de classe deve ter conhecimento acerca da singularidade linguística manifestada pelos alunos surdos. O contexto tem mostrado maciça participação do docente ouvinte no processo de escolarização do aluno surdo, carecendo de formação e capacitação. A legislação também determina a oferta da Libras como disciplina obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério, o que tem lotado salas de aula das licenciatura de ouvintes para se
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aprender a Libras. Nesse caso, o processo de ensino de Libras que tem ocorrido para ouvintes na sala de aula se mostra como uma reprodução equivocada das mesmas práticas de ensino de Libras utilizadas para surdos (Libras como L1 para ouvintes), desconsiderando a especificidade do aluno ouvinte. Considerando a pungente necessidade de capacitação de um quadro de profissionais ouvintes para atender a essa demanda da sociedade e a determinação legal, justifica-se um trabalho voltado a buscar técnicas, recursos pedagógicos e metodologias de ensino de Libras pensadas especialmente no professor ouvinte, público-alvo desse trabalho. Ressalta-se, no entanto, a total carência de trabalhos e recursos didáticos, metodológicos voltados para o ensino de Libras como L2 para ouvintes, grupo que ao utilizar a Libras no exercício da profissão docente, tem se mostrado maior que o grupo de surdos usuários de Libras. Ressalta-se também que os processos de escolarização do aluno surdo são realizados normalmente em escolas regulares e por profissionais da educação em sua maioria ouvintes. Nesse contexto, a metodologia para esse trabalho se pauta em uma revisão bibliográfica sobre o ensino de Libras como L2 para ouvintes. Buscou-se levantar pesquisas, pressupostos metodológicos e experiências envolvendo o ensino de Libras para ouvintes que pudessem ser arrolados nessa discussão. Dessa forma, a fim de buscar suporte à temática envolvida no presente estudo, trabalhos como os Godoi (2011), Gesser (2012), Lacerda e Santos (2014), e ainda documentos oficiais como a Lei 10.436/02 e o Decreto 5.626/05 orientaram essa discussão. Os resultados mostraram a necessidade de um olhar diferenciado para o ensino da Libras para pessoas ouvintes, considerando, por um lado, a importância do conhecimento de Libras para se desenvolver processos adequados de escolarização do aluno surdo na perspectiva da educação bilíngue, e por outro, a necessidade de capacitar o grande público de professores ouvintes em formação que carece de se apropriar desse conhecimento para atuar com eficiência na educação do aluno surdo.
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Sinais caseiros e a comunidade surda tocantinense Gésica Suellen Sobrinho Costa Bruno Gonçalves Carneiro O objetivo deste trabalho é discutir sobre os sinais caseiros no Tocantins. A pesquisa focaliza na língua de sinais utilizada no ambiente doméstico, entre surdos e seus familiares ouvintes, em diferentes cidades do interior do Estado. Muitos surdos, neste contexto, ainda não tiveram contato com uma comunidade de fala surda, usuária da língua de sinais brasileira. O Tocantins é um Estado novo e hoje se observa um empoderamento da comunidade surda tocantinense (CARNEIRO; NUNES, 2014). A maioria das crianças surdas desenvolvem um sistema gestual na interação com seus pais ouvintes, sistema este que a criança processa como sendo uma língua. Para Yau (1992 apud FUSILLIER, 1999) as línguas gestuais de pequenas comunidades são utilizadas por um pequeno número de pessoas surdas que vivem em coletividade. Há também sistemas gestuais criados por adultos surdos isolados – as línguas de sinais espontâneas – utilizadas por pessoas surdas, com surdez profunda de nascimento, que vivem no meio da comunidade ouvinte. Mylander e Goldin-Meadow (1990) observam que os sinais caseiros possuem certas propriedades das línguas naturais. Essas crianças surdas desenvolvem gestos que são usados de forma equivalente a palavras (gestos de apontamento e gestos para se referir a ações). As crianças também combinam os sinais em cadeia que funcionam como sentenças, já que essas combinações expressam relações semânticas, em que alguns sinais representam predicados e os gestos de apontamento seus argumentos, além de apresentarem uma regularidade na ordem. Assim, os sinais caseiros que emergem entre familiares de pessoas surdas são convencionados e compartilham de aspectos culturais, identidade e linguísticos comuns à língua de sinais brasileira, tais como aspectos fonológicos, iconicidade e arbitrariedade. A criação de um sinal caseiro por um surdo
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constitui-se em um signo linguístico (GOLDIN-MEADOW, 1990 apud Correa, 2006). Considerando que muitos surdos ainda são pouco estimulados a nível de linguagem, o que certamente causa prejuízos no exercício de suas relações sócias, salientamos a importância de se discutir sobre esses sistemas gestuais de comunicação, principalmente no contexto brasileiro e especialmente no tocantinense, em que as políticas educacionais voltadas para o público surdo estão sendo implementadas. Os sinais caseiros no Tocantins fazem parte da linguagem da comunidade surda, se constituindo enquanto língua. Assim, são considerados sistemas legítimos de comunicação e expressão; base simbólica na qual os surdos se desenvolvem a nível de linguagem. Dessa forma, a comunicação que a criança surda traz de casa deve ser respeitada na escola, conhecida e utilizada para a aquisição da própria libras. A expressão morfossintática da estrutura argumental na interlíngua dos surdos aprendizes português de L2 Hely César Ferreira (UnB) O presente trabalho busca analisar as atividades de produções escritas pelos alunos surdos matriculados em contexto educacional onde será a pesquisa de realização na Escola para Surdos de Uberaba-MG. Este trabalho tem como objetivo principal fazer a verificação se há a variabilidade de argumentos interno e externo nas sentenças produzidas por surdos em português como segunda língua, considerando a interferência da L1 na interlíngua. Essa análise poderá ser apresentada como fundamento teórico para a metodologia de ensino de português como segunda língua (L2). Partindo da hipótese de que a aquisição de L2 é mediada pela primeira língua (L1), com acesso parcial à Gramática Universal (GU) (cf. Chomsky 1986; 1995; White 2003), tem-se a observação de que, apesar da interferência de LIBRAS, a interlíngua não viola os
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princípios da GU. Como metodologia foram acolhidos os textos produzidos pelos alunos surdos, através de diferentes técnicas e recursos, a criatividade e a capacidade dos alunos surdos de externar seus pensamentos de forma clara e objetiva; utilizar vocabulário que esteja sendo trabalhado em aula (verbos, substantivos, adjetivos, pronomes, preposições, conjunções) em português; criar a produção textual como histórias, frases contextualizadas por meio da pedagogia visual. Após análise preliminar foram encontrados problemas na realização de argumentos internos e externos, que podem ocorrer nulos ou sem as marcas formais da língua-alvo (português). Os dados da interlíngua mostram interferência da L1, uma vez que não há associação entre as marcas formais de LIBRAS na codificação da referência, e o sistema pronominal do português ([Eles] [se]Conhece [desde] criança). Libras como L1 e o processo de letramento no atendimento educacional especializado Letícia de Sousa Leite (CEPAE/FACED/UFU/GPELEDT) Lúrian Kézia Leite Guimarães (ILEEL/PIBID/UFU) Raquel Bernardes (CEPAE/FACED/UFU/GPELEDT) A presente investigação tem como objetivo analisar o processo de letramento dos alunos surdos no Atendimento Educacional Especializado, considerando o ensino Libras como L1. Discute-se a utilização dos recursos pedagógicos e as práticas docentes no AEE na formação de leitores, utilizando a Libras como língua de instrução, inclusive para o seu ensino. Destaca-se também que o uso da língua materna Libras – primeira língua - e do Português escrito – como segunda língua - pressupõe a utilização de estratégias que contemplem as particularidades do aluno surdo. Nessa direção, o presente estudo se justifica por constatarmos a escassez de produções científicas voltadas para a temática abordada na presente pesquisa, especialmente quando relacionadas aos processos de letramento de alunos
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surdos no Atendimento Educacional Especializado – AEE. Quanto ao quadro teórico-metodológico, o estudo foi circunscrito na revisão bibliográfica da temática de estudo, quais sejam, os textos referentes ao uso da Libras como L1 no processo de letramento no AEE. A fim de buscar suporte à temática envolvida no presente estudo, trabalhos como os de Martins (2005), Soares (2006), Gesueli e Moura (2006), Karnopp e Pereira (2004), e ainda alguns documentos oficiais, tais como, a Lei 10.436/02, o Decreto 5.626/05 e os preceitos da Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva (MEC, 2008) fundamentaram as nossas discussões. As reflexões e desafios propostos nesta investigação, pelos membros pesquisadores do GPELEDT – Grupo de Pesquisas em Estudos da Linguagem, Libras, Educação Especial e a Distância e Tecnologias (CNPQ-UFU), possibilitaram um vislumbre sobre o letramento efetivado por meio da Libras, como língua de instrução, no Atendimento Educacional Especializado, existindo a necessidade de se ensinar a Libras como L1 e de se trabalhar o uso social da leitura e da escrita como prática discursiva e dialógica no processo de aprendizagem. Por meio das informações levantadas houve a expectativa de apontar caminhos que propiciam a gênese de educandos surdos envolvidos em uma constante prática de leitura e escrita, tendo a Libras como língua de instrução, considerando sempre a necessidade do seu ensino para seus usuários. De acordo com a presente pesquisa e com os estudos da área linguística, constatou-se que não se forma leitores e escritores em segunda língua, desconsiderando o nível de conhecimento da sua L1. A aprendizagem de uma L2 pressupõe a existência de uma L1. A língua é um fenômeno social, dinâmico, vivo e mutável, necessitando de uma prática pedagógica adequada e constante que envolva a aprendizagem e uso de uma L1 em diferentes situações de comunicação e produção textual de seus sujeitos.
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Os parâmetros das línguas de sinais: desmistificando o discurso de mímica no ensino de Libras como L2 para alunos ouvintes Mara Rúbia Pinto de Almeida (UFU) As línguas de sinais são línguas naturais que surgiram da interação espontânea entre indivíduos e que diferem das línguas orais apenas a sua modalidade visual motora, enquanto a primeira é de modalidade oral auditiva. Ela possui uma gramática própria, que não depende das línguas orais para existir e sendo reconhecida como língua, apresenta os níveis linguísticos, fonológicos, morfológicos, semânticos, sintáticos e pragmáticos. Seu reconhecimento linguístico tem registro na década de 60 pelo linguista William Stokoe ao comprovar a complexidade da língua em permitir a expressão e produção de conceitos em diferentes sentenças e para isso, apresentava os níveis fonológicos da língua americana de sinais identificados por três parâmetros: configuração de mão (CM), ponto de articulação (PA) e locação (L). (GESSER, 2009). No entanto, este trabalho, além de apresentar os parâmetros identificados por Stokoe, mas principalmente informar já no Brasil, os parâmetros acrescentados e discutidos por Brito (1995, 1998) que tem o propósito de desmistificar o discurso que as línguas de sinais são mímicas. Atuando na formação de professores, ministrando a disciplina Libras, a partir da obrigatoriedade da mesma como disciplina curricular (BRASIL, 2005), foi percebido que Libras é um conjunto de mímicas ou gestos, criada para efetivar a comunicação de pessoas que não usam a fala e que o conhecimento do alfabeto que utilizamos para escrever as palavras é considerado universal. A partir dos relatos apresentados, o objetivo foi realizar diversas atividades utilizando somente mímicas e gestos, deixando-os perceberem dificuldades em expressar algumas situações, como também às diversas expressões que variavam de uma pessoa para outra,
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devido serem processadas primeiramente no campo mental. Posteriormente foi apresentado o alfabeto manual, exigido a reprodução correta de cada letra, a soletração do nome e algumas palavras para em seguida, leva-los a conhecerem o que e quais são os parâmetros da língua de sinais e da Libras e o que diferenciavam das mímicas já realizadas. Por fim, ensinar Libras exemplificando mímicas e gestos, possibilitou que os futuros professores compreendessem a veracidade linguística como também, aprendessem os primeiros elementos gramaticais da língua, essenciais para criação e elaboração de cada sinal. Libras como L1 e o sistema de escrita alfabética nos processos de escolarização do aluno surdo Raquel Bernardes (CEPAE/FACED/UFU/GPELEDT) Letícia de Sousa Leite (CEPAE/FACED/UFU/GPELEDT) Lúrian Kézia Leite Guimarães (ILEEL/PIBID/UFU/GPELEDT) O presente trabalho tem como objetivo analisar a importância da Libras como L1 (primeira língua) para a apropriação do Sistema de Escrita Alfabética – SEA pelo surdo, tendo como contexto a escola inclusiva. Visto que o SEA é um sistema de representação oral dos sons da fala, que para o surdo se apresenta como um sistema arbitrário. Como ler o que nunca ouviu? Em muitos casos é isso o que ocorre. Os olhos são o meio pelo qual os surdos se apropriam do mundo, sendo a Libras a língua na medida certa para os olhos por ser de modalidade espaço visual. Estudos mostram que para aprender um novo idioma utilizamos os mecanismos desenvolvidos através da L1. Da mesma forma se dá com os surdos, para aprender uma segunda língua, no caso o Português na modalidade escrita, eles utilizam a Libras (L1) como língua de instrução. Na escola inclusiva os alunos surdos são inseridos na sala de aula de ensino regular onde, na maioria das vezes, o Português é a L1 e, portanto, a língua oral é a dominante o que nos instiga a
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realizar vários questionamentos: em que condições o processo de ensino de Libras como L1 se dá, em sala de aula inclusiva? Qual o papel do instrutor ou professor de Libras no processo de ensino e aprendizagem da L1? Quais as metodologias ou recursos utilizados pelo professor alfabetizador para desenvolver o SEA? Quais são as contribuições do trabalho do profissional intérprete de Libras nos processos de SEA? Nesse contexto, a metodologia para esse trabalho se pauta na observação orientada pela abordagem qualitativa de pesquisa. O procedimento metodológico escolhido foi o estudo de caso de uma escola regular de ensino que recebeu um aluno surdo, filho de pais ouvintes, que chegou para ser escolarizado sem ter o domínio da Libras. Dessa forma, a fim de buscar suporte à temática envolvida no presente estudo, trabalhos como os de Quadros (2005), Gesser (2001), Skliar (1999, e ainda alguns documentos oficiais como a Lei 10.436/02 e o Decreto 5.626/05 orientaram essa discussão. Os resultados parciais da pesquisa apontaram para a importância de se ensinar a Libras na escola regular de ensino, considerando que é direito do aluno surdo receber educação e ser escolarizado por meio de sua língua materna que é a Libras. Os dados mostraram que a Libras como L1 foi fundamental para se concretizar os processos de assimilação e aprendizagem do sistema de escrita pelo aluno surdo, permitindo-o participar do próprio processo de aprendizagem e da construção do conhecimento. As análises ainda apontaram a importância de o profissional da educação estar processo de formação continuada e constante capacitação para se conseguir efetivar um trabalho de qualidade por meio de práticas educativas eficientes para a apropriação do SEA pelo aluno surdo. Reflexões e desafios sobre ensino de Libras para alunos ouvintes como segunda língua Renata Rodrigues de Oliveira Garcia (UFG/FL)
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Para isso é fundamental que estejamos considerando as premissas teóricas correspondentes ao campo que pretendemos transitar, o de ensino de línguas, buscando aí estabelecer parâmetros e mediar possíveis conflitos teóricos no campo sociolinguístico condizente a especificidade dos estudos relacionados as Línguas de Sinais em relação as demais Línguas Orais. Esta pesquisa pretende ainda contribuir para a área de ensino e aprendizagem de línguas contida no âmbito da linguística aplicada que tem tardiamente sido explorada pela pesquisa experimental empírica. Seguimos então o caminho da pesquisa participativa, com o intuito de aproveitar a grande experiência prática e vivencial que possuímos, e lançamos mão da pesquisa etnográfica como recurso principal de nosso trabalho, através das transcrições de experiências em sala de aula e questionários formais e informais. Para o embasamento teórico do nosso trabalho, fizemos incursões a diversões autores entre eles Chomsky (1965), Hymes (1972, 1979) e Widdwson (1979, 1991), principalmente no que diz respeito a formação do conceito de competências comunicativas, ao refletirmos sobre a abordagem comunicativa no ensino de línguas nos remetemos a Almeida Filho (1986, 2002) e a diversos outros autores mencionados durante a pesquisa que contribuíram de alguma forma para a confecção da mesma. Pretendemos não apenas passear pelo campo teórico criado por estes autores, mas verificar sua aplicação a Língua de Sinais tão pouco estudada ainda sob os olhos destes autores. Podemos concluir que as identificações são enormes no que diz respeito as experiências e pesquisas relativas as línguas orais e que muito pouco ou quase nada se conhece a respeito da teorização das competências comunicativas ou mesmo das abordagens de ensino de língua estrangeira por parte dos profissionais envolvidos neste processo.
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GT 15 – Formação de professores e semiótica francesa como ferramenta para leitura crítica na escola pública Coordenação: Valdenildo dos Santos (UFMS - Campus de Três Lagoas) Este Grupo de Trabalho tem por finalidade, num primeiro momento, discutir a formação de professores de letras, com destaque para a licenciatura em Língua Portuguesa e Literatura no que diz respeito à mecanismos, teorias os modelos de análise de textos e agregar pesquisas e experiências realizadas quanto à formação destes colegas e aqueles que estão atuando no ensino fundamental e médio, na escola pública, se estão utilizando, em sua prática pedagógica, alguma teoria para interpretação de textos (análise de discurso) ou se o fazem de maneira empírica. No bojo destas pesquisas, num segundo momento, este GT pretende discutir e partilhar experiências realizadas envolvendo a proposta da semiótica francesa como ferramenta para uma análise crítica na escola pública bem como da criação de um roteiro passo a passo para se processar leituras não só do texto verbal, mas não verbal, sincrético ou imagético. A união e discussão das experiências adquiridas, dos resultados preliminares ou concluídos de pesquisas já realizadas neste contexto nos servirão de base para refletirmos sobre as possibilidades e os limites da teoria semiótica da Escola de Paris, enquanto ciência da significação, seguindo um anseio de Algirdas Julien Greimas quanto a sua vulgarização (popularização). Afinal, qual o benefício de uma ciência senão alcançar o maior número possível de pessoas? Como é possível “popularizar” uma ciências? Estas são, por exemplo, algumas das perguntas que serão postas à mesa por este Grupo de Trabalho. Essa popularização da semiótica, no caso, pode ser feita com o uso de uma linguagem simples, na prática da oralidade em sala de aula de forma que provoque o efeito de aproximação do
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público alvo, no caso, alunos de graduação do curso de Letras, professores do ensino médio e fundamental e seus respectivos educandos. Os mecanismos facilitadores da compreensão podem ser alcançados por meio de uma linguagem que seja acessível a todos, a utilização de gêneros discursivos que façam parte do repertório cultural dos destinatários da proposta e a criação de um roteiro de análise, porque o que percebemos até o momento, ao expor os educandos a um determinado texto e pedir que escrevam a respeito deste enunciado, é que se sentem perdidos, sem saber por onde começar e com um elevado nível de dificuldade para perceber o sentido e expressá-lo. Por que isso acontece? Essa pergunta, na verdade, nos instiga a novas pesquisas e será posta à mesa neste GT. Semiótica como objeto modal da abertura da percepção do sentido na Escola Luiz Lopes de Carvalho Aguinaldo da Silva Santos (UFMS) Valdenildo dos Santos (UFMS) Este trabalho reflete pesquisa de campo realizada com 29 educandos da Escola Estadual Luiz Lopes de Carvalho de Três Lagoas em setembro de 2014, dos quais 11 participaram até o fim e 18 não desenvolveram a segunda parte da atividade pedagógica, porque faltaram às aulas. Foi feita uma sequência didática em que expusemos um texto de caráter sincrético da Assessoria de Imprensa da Prefeitura local sobre a aquisição de verbas para a compra de equipamentos e o tratamento do câncer no Hospital Auxiliadora de Três Lagoas e pedimos que fizessem uma análise, de onde extraímos a primeira redação. Em seguida apresentamos conceitos do nível fundamental e narrativo da Teoria Semiótica da Escola de Paris, fazendo sua aplicabilidade junto a um cartoon do Popeye. Num terceiro momento, solicitamos que fizessem a reescrita do texto a fim de verificarmos se houve ou não ampliação na percepção do sentido, após a aula em que expusemos e demonstramos dois
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dos três níveis possíveis de leitura do texto que essa semiótica apresenta. Este trabalho, portanto, apresenta os resultados parciais desta pesquisa. Semiótica na escola pública por meio da música “A novidade” de Gilberto Gil Ana Paula Teixeira de Amorin (UFMS) Valdenildo dos Santos (UFMS) O trabalho aqui apresentado, fruto de pesquisa de campo e coleta de dados, teve por objetivo básico testar as potencialidades e limites da Teoria Semiótica da Escola de Paris e a linguagem sincrética como instrumentos de abertura e ampliação da percepção do sentido no interior do texto. Desta forma, após a exposição do texto verbal musicalizado de Gilberto Gil, “A Novidade”, sucesso também na voz dos Paralamas do Sucesso, a um grupo de 13 educandos do Ensino Fundamental, 9° Ano B, da Escola Municipal Parque São Carlos de Três Lagoas, solicitamos que fizessem sua interpretação. Recolhemos as redações e numa sessão didática apresentamos, por uma questão de tempo e espaço disponibilizados na Escola para a atividade, dois dos três níveis de leituras possíveis de um texto, com ilustrações quanto a sua aplicabilidade. Em seguida, pedimos que fizessem a reescrita de seu texto, agora, com algum conhecimento sobre a teoria. Esta comunicação descreve, portanto, os resultados parciais desta pesquisa cujo embasamento teórico tem inspiração na semiótica de Algirdas Julien Greimas e seus seguidores. Semiótica aplicada ao ensino: uma experiência didática com o texto não verbal Igor Iuri Dimitri Nakamura (UFMS) Mateus Antenor Gomes (UFMS) Valdenildo dos Santos (UFMS)
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A semiótica é a teoria do discurso que propõe uma abstração prática e eficaz do sentido do plano do enunciado à instância do discurso, e desta à instância do extralinguístico, facilitando a leitura crítica e total do texto. O objetivo deste trabalho é, portanto, apresentar a abordagem da teoria semiótica na aplicação didática de um texto de caráter não verbal e os seus respectivos resultados, perpassando pela formação da atividade docente. Para tanto, fundamentou-se no aporte metodológico fornecido por A. J. Greimas & Courtés (2013), Fiorin (1990) e Barros (2001) no que tange ao percurso gerativo de sentido. Deste modo, fez-se necessário a elaboração de uma sequência didática em quatro etapas distintas, tendo como ferramenta o nível profundo dessa abordagem semiótica. A aplicação da sequência realizou-se a uma turma de alunos do nível do 3º ano do ensino médio de uma escola pública do município de Andradina. Inicialmente, apresentou-se aos alunos a obra surrealista O filho do homem, de Magritte para que fizessem uma leitura dita a priori, com base em seus conhecimentos prévios e nas técnicas de leitura adquiridas em sala de aula, nas aulas de linguagem, códigos e suas tecnologias. Feito isso, expôs-se o método semiótico como um roteiro estratégico de leitura e apropriação do sentido do texto apresentado, por intermédio de outra obra surrealista. Em seguida, apresentou-se aos alunos, novamente, a atividade de leitura da mesma obra, embasado, desta vez, pela teoria semiótica explanada e exemplificada anteriormente. Por fim, realizou-se uma análise das leituras, anteriores e posteriores à apresentação da teoria semiótica e de seu instrumental, avaliando-as comparativamente por meio de critérios quantitativos e qualitativos. Conclui-se que os resultados aqui apresentados refletem uma pesquisa em andamento cuja avaliação preliminar demonstra uma certa potencialidade da teoria semiótica na ampliação do processo de percepção do sentido de enunciados de caráter verbal, não verbal e sincrético.
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Experiência didática por meio da semiótica aplicada em Canção para minha morte, de Manuel Bandeira Mateus Antenor Gomes (UFMS) Igor Iuri Dimitri Nakamura (UFMS) Valdenildo dos Santos (UFMS) O presente trabalho resulta de uma experiência didática executada na Escola Estadual Doutor Augusto Mariani, no município de Andradina-SP, com alunos do 3°colegial. A experiência comportava as seguintes pretensões: apresentar, primeiramente, a teoria semiótica de linha francesa para os alunos do ensino básico público, que para eles seria um meio para a leitura crítica e para interpretação; e averiguar a funcionalidade desta teoria empregada para o ensino de literatura. Para tanto foi aplicada uma sequência didática, em sala de aula, que se dividia em três etapas. Assim sendo, como atividade inicial, os alunos interpretaram o poema Canção para minha morte, de Manuel Bandeira apenas com os seus conhecimentos prévios e sem restrição alguma. Após essa atividade inicial, apresentou-se, com uma rigorosidade relativizada quanto ao emprego da terminologia específica da teoria, o nível fundamental do percurso gerativo de sentido da semiótica francesa, no entanto limitou- se somente a este nível devido à restrição temporal, uma vez que a sequencia didática era de apenas quatro aulas. Como atividade final, os alunos interpretaram novamente o poema anteriormente referido, porém agora com o suporte teórico apreendido durante sequência didática. Ressalta-se que esta experiência é fruto da conclusão de um curso de extensão intitulado “Semiótica: Da produção à Desconstrução do sentido do texto verbal, não verbal e sincrético” realizado na UFMS, Campus de Três Lagoas. Diante desta experiência, e por uma questão de espaço e tempo, portanto, o objetivo do presente trabalho é descrever a experiência executada em sala de aula, apontar como a semiótica contribuiu para a formação de professores e os
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resultados alcançados antes e depois do conhecimento da referida teoria por parte dos alunos. A análise das redações mostra-nos a ampliação das habilidades interpretativas dos alunos, comprovando a hipótese aventada de que a semiótica francesa torna-se objeto modal importante também para os alunos do ensino médio e fundamental. GT 16 – Inclusão e letramento: formação de professores, ensino colaborativo e escolarização básica de alunos Coordenação: Deise Nanci de Castro Mesquita (CEPAE/UFG) Este Grupo de Trabalho pretende reunir pesquisadores de graduação e pós-graduação que desenvolvem estudos e projetos cujo foco central é a formação colaborativa de gestores, professores e alunos, em salas de aula inclusivas de escolas de educação básica. O objeto de interesse investigativo que congregará as propostas apresentadas neste GT é o letramento de alunos com necessidades especiais, a partir do ensino da língua portuguesa. As questões motivadoras desses projetos poderão ter relação com a compreensão de linguagem e sua aquisição; a contribuição dos gestores e coordenadores no acompanhamento e orientação dos docentes de educação especial; o papel do intérprete de Libras na tradução dos conteúdos das diferentes disciplinas; as estratégias de ensino/aprendizagem colaborativas entre alunos de diferentes contextos culturais; o currículo de programas de formação continuada de professores de salas de recursos multifuncionais, na modalidade a distância; entre outras. As apresentações deverão contemplar não apenas questões teóricas, mas também dados coletados e analisados ao longo dos estudos que demonstrem a relevância de se considerar o coensino como forma de enfrentamento dos desafios postos à educação inclusiva, cujo objetivo não se restringe à presença e à
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socialização do aluno deficiente na escola regular, mas se amplia em sua dimensão prioritária que é o desenvolvimento cognitivo do sujeito, a partir de sua inserção no mundo letrado e na apreensão e transformação dos conhecimentos científicos produzidos e veiculados pela/na sociedade. Experiência de curso virtual a partir dos fundamentos de defectologia na aprendizagem escolar da criança com deficiência Andréa Hayasaki Vieira (CEPAE/UFG) Deise Nanci de Castro Mesquita (CEPAE/UFG) Joana Peixoto (IFG/GO) Este relato de experiência apresenta e discute o curso de formação continuada, na modalidade semipresencial “Educação Especial: Inclusão e Letramento”, que vem sendo oferecido aos professores de Atendimento Educacional Especializado (AEE), professor de sala de aula comum e gestor da Secretaria Municipal de Goiânia, como parte da pesquisa desenvolvida no Mestrado Profissional em Ensino na Educação Básica (PPGEEB/CEPAE/UFG). Segundo orientação do MEC (2009) cabe ao professor do atendimento educacional especializado a função de complementar/suplementar a formação do aluno com conhecimentos e recursos específicos, que eliminam as barreiras que impedem ou limitam sua participação com autonomia e independência nas turmas comuns do ensino regular. O atendimento educacional especializado deve ter como função identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas (MEC, 2008). O problema central desta investigação é identificar uma estrutura de curso que privilegie a formação desses e, consequentemente, de outros profissionais que atuam na educação inclusiva, não
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apenas de forma teórica, mas também prática, a fim de que, colaborativamente, possam potencializar o desenvolvimento cognitivo dos alunos com deficiência, nas salas de recursos multifuncionais, bem como na sala de aula comum. Para tanto, esse curso experimental foi pensado segundo os Fundamentos da Defectologia de Vygotsky (1995) que diz que as pessoas com deficiência não são menos capazes, mas possuem habilidades e competências que se organizam cognitivamente de modo distinto; e que, por isso, suas especificidades devem ser identificadas e analisadas, a fim de que os circuitos e as transformações de seus desenvolvimentos possam desvendar formas práticas do educador planejar e executar o ensino escolar a todos os aprendizes. Portanto, também é importante que o professor conheça o processo do pensamento e da linguagem, para que possa elaborar estratégias pedagógicas que estimulem o aprendizado, avançando os ciclos de desenvolvimento do aluno. Como exemplo, serão explicitados os fundamentos que regem algumas atividades preparadas com recursos midiáticos, e as práticas desenvolvidas e socializadas pelos professores de AEE na Plataforma Moodle do site www.cepae.ufg, durante o primeiro semestre de 2015. O processo de implantação da educação especial numa perspectiva inclusiva na rede municipal de ensino de Catalão – GO e a formação do professor de apoio à inclusão: políticas, práticas e desafios Carolina dos Santos Arioza (UFG) Este artigo tem como objetivo compreender como se deu o processo de implantação da Educação Especial numa perspectiva inclusiva nas escolas da Rede Municipal de Ensino de Catalão, bem como a realidade atual da mesma, destacando a questão das políticas públicas que nortearam as ações no município e como se dá a formação e a organização
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do trabalho do professor de apoio à inclusão nesse contexto. O trabalho foi dividido em duas partes, onde primeiramente é levantado o histórico da inclusão escolar na rede municipal de ensino do município, e, posteriormente levanta-se a questão do trabalho do professor de apoio na rede. A metodologia utilizada foi a análise de documentos, entrevistas e aplicação de questionários, visando compreender não só o processo de implantação, bem como a realidade atual da inclusão na rede municipal. Durante o desenvolvimento do artigo buscou-se relatar os dados coletados, fazendo uma análise crítica dos mesmos, embasado em documentos legais sobre a educação especial (legislação brasileira e outros documentos importantes, como a Declaração de Salamanca) e em estudos realizados por autores referências no ramo, como BAPTISTA (2011), MENDES (2006, 2010), dentre outros. Apesar da implantação da inclusão na rede municipal de Catalão ser bastante recente, é importante lembrar que a inclusão tem início bem antes do município assinar qualquer termo de adesão, visto que os alunos público alvo da Educação Especial possuem, por lei, o direito ao acesso à escolarização. Entretanto, em muitas realidades, mesmo após a implantação da inclusão escolar, o que se vê, são crianças com necessidades educacionais especiais inseridas nas escolas, mas sem garantia de permanência e sucesso, visto que a instituição (que, por sua vez se encontra inserida em um sistema político educacional municipal/estadual/federal que responde por ela) ainda está longe de oferecer serviços de apoio à inclusão capazes de efetivar com sucesso as políticas inclusivas existentes. Português como segunda língua: dificuldades encontradas pelos surdos Karlla Patricia de Souza Freitas (UFG) Thaís Fleury Avelar (UFG)
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Este trabalho intitulado, Português como segunda língua: dificuldades encontradas pelos surdos tem como finalidade investigar os quatros alunos surdos do 3º ano do Ensino Médio do Colégio Elysio Campos, na Associação de Surdos de Goiás (ASG) e do Colégio Estadual Lyceu de Goiânia. O foco principal da pesquisa teórica relaciona os problemas apresentados pelos professores com a inclusão, especialmente a educação de surdos e a Língua Portuguesa. Também entender como os surdos se desenvolvem cognitivamente e subjetivamente no Português, pois na inclusão eles deveriam aprendê- la como segunda língua, o que nem sempre acontece, gerando problemas. Caso, os professores passem a entender o ensino de Português para surdos como segunda língua, também poderão entender melhor sua leitura e escrita. Melhorando a relação professoraluno e o desenvolvimento da compreensão utilizando-se de estratégias e conversas. As Línguas de Sinais (LS) são utilizadas pela maioria das pessoas surdas no mundo. Os professores de português deveriam focar em aprender a leitura e a escrita próprias dos alunos surdos, entretanto, isso não ocorre e muitos são os problemas. Eles não têm ideia da metodologia adequada aos surdos, muitas atividades que deveriam ser diferentes são iguais as dos ouvintes, nem conhecimento sobre identidade surda. O aprendizado poderá ocorrer por duas metodologias distintas: Português como língua estrangeira ou como segunda língua. Para discutir os dados das entrevistas, essas foram todas realizadas em LIBRAS, e posteriormente foi feita uma tradução livre para o português. Foram feitos comentários sobre as respostas dos participantes, às vezes individualmente, dadas as semelhanças entre elas. Os comentários expressam a opinião dos participantes e as considerações da pesquisadora. A perspectiva bilíngue, Língua de Sinais e Língua Portuguesa, ajudam a melhorar o desenvolvimento dos alunos surdos, pois eles conhecem o significado das palavras e aprendem mais rápido. Os resultados através de questionário foram satisfatórios, pois se tornaram
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possíveis evidentes a entender da relação teoria e prática para auxiliar os alunos surdos. A produção textual digital de um aluno com paralisia cerebral Márcia Cristina Machado Oliveira Santos (UFG) Nesta comunicação será relatada a experiência de uma atividade desenvolvida com um aluno deficiente intelectual, durante um projeto do Programa de Informática na Educação Especial (PROINESP), na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), em Goiânia. A pergunta que norteou esse estudo foi: como realizar procedimentos de leitura, compreensão e produção textual com sentido e significado a partir de atividades no computador, de modo que possam contribuir no processo de aprendizagem e desenvolvimento de alunos com paralisia cerebral? O objetivo foi adotar os aportes teóricos da perspectiva sócio-histórico-cultural de Vygotsky (1995; 2005) para planejar uma prática pedagógica de letramento e, assim, contribuir para a produção textual de um livro digital narrando a própria história de uma das crianças com deficiência, participante do curso em 2014. Ao final, a proposta didática proporcionou recursos, conhecimentos e vivências para que o aluno construísse efetivamente seu processo de letramento, interagindo por meio da escrita digital. GT 17 – Léxico em foco: discussões sobre ensino e aprendizagem Coordenação: Odair Luiz Nadin (FCLAR/UNESP/FAPESP) Sarah Barbieri Vieira (Estácio –UniSEB/UNESP) O objetivo do presente Grupo de Trabalho (GT) é reunir pesquisadores, estudantes e professores, que desenvolvam estudos em torno de temas que privilegiem o léxico que no
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contexto de ensino, o que incluem pesquisas em torno de unidades lexicais simples, colocações (unidades lexicais que apresentam coocorrência), unidades lexicais complexas (expressões idiomáticas), expressões formulaicas etc. Entende-se, para este GT, o ensino e aprendizagem dessas unidades lexicais em sentido amplo que abrange desde a língua materna e/ou línguas estrangeiras, ensino para fins específicos (unidades terminológicas), estudos em Lexicologia, Lexicografia, Terminologia, Terminografia, Fraseologia, entre outras. O foco de nossas discussões é o léxico em sua relação de objeto e/ou objetivo no processo de ensino e aprendizagem de línguas, independentemente da perspectiva teórico-metodológica utilizada. O léxico tem sido objeto de inúmeras pesquisas ao longo da história; do ponto de vista da Lexicologia, muitos pesquisadores já se debruçaram sobre as diferentes questões como, por exemplo, sinônimos, antônimos, expressões idiomáticas; a Lexicografia, por sua vez, sobretudo em sua vertente pedagógica, tem-se preocupado com o uso do dicionário em sala de aula como um relevante material didático para o processo de ensino. A Terminologia e a Terminografia tem como foco os contextos especializados de uso da língua. Assim, o ensino das denominadas Unidades Terminológicas também se insere no contexto de ensino do léxico. Ao longo da história do ensino de línguas, o léxico teve, com mais ou menos destaque, importância fundamental. Da Gramática e Tradução às reflexões atuais sobre Novas Tecnologias e Gêneros Textuais, o léxico permeou (e permeia) as teorias e as práticas em sala de aula. Assim, o olhar que se pretende dar ao léxico neste GT é o que o considera um elemento fundamental no processo de aprendizagem de uma língua, embora seja, dentre os diferentes aspectos linguísticos, o mais aberto e mutável.
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Emprego de listas de palavras com vocabulário controlado em atividades escritas de língua inglesa Aline Da Cruz Lopes Esse trabalho é um aprofundamento das discussões de Silva (2011) com relação ao uso de listas de palavras (ou vocabulário controlado) em inglês na elaboração de atividades didáticas. A utilização de listas com vocabulário controlado para auxiliar no ensino de língua inglesa é uma prática que começou a ganhar vulto na primeira metade do século XX. Partindo da premissa de que as palavras mais importantes podem/devem ser ensinadas em primeiro lugar, as listas indicam um caminho a ser seguido, paralelamente ao livro didático ou não. No entanto, as listas de palavras representam a língua de forma fragmentada, pouco atraente para o aprendiz. A ideia não é fornecer ao aprendiz uma lista de palavras para que ele as memorize mecanicamente. A inserção das listas de palavras pode ocorrer de forma natural, lançando mão de diversos recursos e exercícios, sejam eles escritos ou orais. Isto pode ser feito como apresentação ou reforço de vocabulário. O objetivo geral desse trabalho é apresentar algumas listas de frequência, com atenção especial para a General Service List, idealizada para fins didáticos. O objetivo específico é apresentar algumas aplicações e possibilidades de uso das palavras na prática de língua inglesa que vem sendo desenvolvidas experimentalmente na Universidade Estadual de Goiás/UnU Quirinópolis. A base teórica conta com as contribuições da Linguística de Corpus e da Lexicologia: West (1953), Nation (2001, 2003), Davies (2010) e Silva (2010, 2011). Uma abordagem que leve em consideração as listas de palavras mais comuns tende a produzir resultados positivos na aula de língua inglesa.
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A neologia semântica presente em capas de revistas: um estudo à luz da abordagem cognitiva Antônio Marcos Vieira de Oliveira O presente estudo situa-se no âmbito dos estudos realizados nos processos de formação de palavras inseridos em pesquisas morfológicas. Busca-se averiguar os procedimentos de formação de neologismos semânticos que ocorrem em capas de revistas. Pretende-se mostrar que se, o elemento inovador não está no processo de criação, está na construção de sentido e na expressividade que tais criações despertam no contexto em que estejam inseridas. Descreveremos os processos e operações subjacentes à produção de significados realizados pela mente humana a partir da teoria da Integração Conceptual (Fauconnier e Turner, 2002). Com relação à neologia semântica (Guilbert, 1975), admitimos que a criação de novos itens lexicais seja um reflexo da atividade do usuário da língua que, ao dar a uma palavra um novo significado, altera sua estrutura semântica, enriquecendo, dessa forma, o universo lexical. À luz da linguística cognitiva, não há distinção entre os planos do léxico, da morfologia e da semântica; todos cooperam num continuum para a construção do significado. O significado pode ser conceptualizado a partir do acesso a domínios cognitivos diferentes. Assim, entendemos que as palavras apontam para além do que vem expresso na forma linguística, ou seja, as palavras indicam o aspecto mais proeminente em uma base conceptual mais ampla. Impacto da leitura intensiva em língua inglesa no repertório lexical: uma análise quantitativa Eduardo Batista da Silva (UEG/Câmpus Quirinópolis)
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A leitura constitui-se como uma maneira de manter o aprendiz de uma língua estrangeira em contato com elementos linguísticos relevantes, dentre os quais pode ser destacado o léxico. No caso do aprendiz de língua inglesa, o conhecimento lexical necessário tanto para a recepção quanto para a produção de enunciados depende amplamente do vocabulário fundamental e mais frequente da língua inglesa (NATION, 2001). Neste sentido, o objetivo geral deste trabalho é analisar o desempenho de um grupo de aprendizes de língua inglesa (estudantes e professores, ambos os grupos ligados à Universidade Estadual de Goiás), com o propósito de investigar se por meio da exposição continuada a textos adaptados, escritos com as palavras mais comuns do inglês, ocorre aquisição incidental de vocabulário. Os objetivos específicos são os seguintes: conscientizar professores e pesquisadores a respeito da relevância da leitura na aula de língua estrangeira e discutir aspectos quantitativos relacionados ao vocabulário e leitura. A fundamentação teórica recorre principalmente aos trabalhos oriundos da Linguística de Corpus e da Linguística Aplicada, a saber: Biber, Conrad e Reppen (2004), Berber Sardinha (2004, 2010), Hunston (2010), Nation (2001, 2003) e McCarthy (1998). Quanto à metodologia, após a seleção dos participantes, foi aplicado um teste conhecido como Vocabulary Knowledge Scale (VKS), que avalia o autorreconhecimento acerca de palavras-alvo. O VKS foi aplicado em dois momentos: antes e depois da entrega de 20 textos escritos com as palavras mais comuns do inglês. No pré-teste, antes da entrega dos textos, 14,3% das palavras-alvo eram conhecidas por mais da metade dos participantes, ao passo que no pós-teste, 66,7% das palavras-alvo eram conhecidas por mais da metade dos participantes. Os resultados obtidos apontam que as atividades baseadas na leitura de material com vocabulário controlado visando a exposição continuada podem ser recursos importantes na aula de língua inglesa, uma vez que propiciam um alto índice de aquisição incidental.
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Apresentando a lexicologia e a lexicografia para futuros professores de língua portuguesa: contribuições de uma sequência didática Eduardo Batista da Silva (UEG/Câmpus Quirinópolis) Carolina Santos Melo de Andrade (UEG/Câmpus Quirinópolis) O presente trabalho aborda o estudo do léxico em língua portuguesa sob uma perspectiva crítico-reflexiva, recorrendo também ao uso de dicionários como ferramenta pedagógica – partindo do princípio de que no contexto da sala de aula pode haver a conscientização léxico-sócio-cultural. A fundamentação teórica adotada busca subsídios nas contribuições da Lexicologia (NATION, 2001), Lexicografia (XATARA; BEVILACQUA; HUMBLÉ, 2011; WELKER, 2005; GENOUVRIER; PEYTARD, 1974) e da Linguística de Corpus (BERBER SARDINHA, 2004; SINCLAIR, 2004), de modo a apresentar discussões que não se encerram em uma disciplina, mas, sim, encontram espaço de discussão interdisciplinar, profícua no contexto de ensino de língua portuguesa no Ensino Superior. Neste contexto, a presente pesquisa tem como objetivo geral analisar uma sequência didática realizada no âmbito do curso de Letras da Universidade Estadual de Goiás/Câmpus Quirinópolis, em duas turmas: uma turma de ingressantes e uma turma de formandos, com a premissa de conscientizar futuros professores acerca de temas ligados à Lexicologia/Lexicografia. Os objetivos específicos são os seguintes: 1) fomentar uma discussão crítico-reflexiva a partir de seis palavras motivadoras (frecha, aluguer, corgo, relampo, própio e traveco); 2) discutir sua presença/ausência em três dicionários, a saber: Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa (FERREIRA, 2009), Dicionário Silveira Bueno (BUENO, 2009) e Grande Dicionário Larousse Cultural da Língua Portuguesa (GRANDE, 2000) e 3) apresentar aos acadêmicos uma linha de pesquisa que não é contemplada
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atualmente na matriz do curso. Quanto à metodologia, após a escolha das palavras motivadoras, foram utilizados três corpora: Corpus de Literatura, Corpus da Folha de São Paulo e Corpus do Português, que representam compilações com características distintas, a fim de atestar o uso real. A sequência didática foi dividida em seis etapas e os comentários de 12 alunos, sendo 8 alunos do 1º ano e 4 alunos do 4º ano, foram gravados em áudio para a análise de conteúdo. Os resultados mostram que os ingressantes tratam o léxico em uma perspectiva não científica – baseados no senso comum –, ao passo que os formandos conseguem articular conhecimentos teóricos –, porém baseados na Sociolinguística, na Linguística Textual e até mesmo na Morfologia. A análise de conteúdo revelou que os acadêmicos não possuíam conhecimento específico acerca de Lexicologia ou Lexicografia antes da sequência didática. Foram identificadas, ainda, dificuldades dos acadêmicos em usar o dicionário como um repositório de variações históricas, diafásicas, diatópicas e diastráticas. As discussões por ora iniciadas podem servir para despertar nos futuros professores de língua portuguesa o interesse pela Lexicologia/Lexicografia, introduzindo ou expandindo conhecimentos sobre questões lexicais, bem como identificando semelhanças, diferenças e uso dos dicionários. No âmbito de ação docente, deve haver uma reestruturação dos planos de curso de forma a contemplar as Ciências do Léxico de forma sistemática. Outrossim, a abordagem em pauta contempla, por um lado, as exigências das Diretrizes Curriculares para o Curso de Letras – no que se refere aos conhecimentos linguísticos exigidos do docente em formação – e, por outro, os Parâmetros Curriculares Nacionais e a Matriz Curricular do Estado de Goiás – documentos que norteiam o ensino de língua portuguesa na Educação Básica.
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Sequência didática: uma contribuição para o ensino do léxico Eliana Dias (UFU) Maria Cecília de Lima (UFU) Por acreditarmos que o conhecimento do léxico interfere na competência comunicativa dos estudantes, consideramos importante e necessário um “investimento” no desenvolvimento tanto do vocabulário ativo, quanto do vocabulário passivo dos alunos. Ademais, acreditamos no dicionário como instrumento de ensino dos gêneros e ampliação do léxico. Por isso, nesta comunicação, apresentamos uma proposta de sequência didática para o ensino do vocabulário na escola, baseada nos aportes teóricos de Dolz e Schneuwly (2004, p. 43), autores que definem sequência didática como “uma sequência de módulos de ensino, organizados conjuntamente para melhorar uma determinada prática de linguagem”. As sequências didáticas propostas por Dolz e Schneuwly (2004) assumem relevância enquanto estratégia para o ensino dos gêneros, ao proporem um trabalho sistemático e contextualizado. O resultado é uma proposta de ensino em que o estudo do léxico é contextualizado, pois se constrói em uma situação de comunicação, em que o leitor-aluno, embora “tradutor” de outro dizer, participa ativamente da construção de sentidos, em que há, necessariamente, a consideração do vocabulário do texto. Nesta perspectiva, no referido plano de intervenção pedagógica, cujo objetivo é a ampliação do conhecimento lexical do aluno, em se tratando do trabalho com um determinado gênero, o processo de ensino proposto por Dolz e Schneuwly faz-se pertinente, sobretudo, em virtude da organização em módulos articulados a um objetivo e às necessidades dos alunos, e da inserção do trabalho escolar numa perspectiva autêntica de utilização da linguagem. Além disso, é importante também por indicar possibilidades metodológicas para o ensino de Língua Portuguesa. Assim,
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concluímos que o ensino de vocabulário pode beneficiar-se de uma organização em formato de sequência didática. O ensino de figuras de linguagem instauradas em criações lexicais literárias sob a perspectiva semântica Gisele Alves (PMC) No contexto das aulas de Língua Portuguesa ministradas tanto no Ensino Fundamental quanto no Ensino Médio, é possível verificar práticas didático-pedagógicas bastante tradicionais no que se refere à dinâmica do processo de ensino/aprendizagem das conhecidas figuras de linguagem, como metáfora, metonímia, personificação, antítese e outras. Toda a fundamentação prescritiva que consubstancia essas práticas culmina na proposta, por parte do professor de Língua Portuguesa, de exercícios de cunho gramatical cujos objetivos consistem no reconhecimento, classificação e rotulação do tipo de recurso figurativo que predomina no texto analisado pelo aluno, tratando-se, portanto, de atividades desvinculadas de qualquer contribuição mais significativa para a efetiva reflexão sobre o funcionamento de tais recursos no texto em que ocorrem. A partir dessa problemática, nossa proposta de trabalho consiste em buscar, na poesia de João Cabral de Melo Neto, criações lexicais construídas por meio do processo de formação de palavras conhecido como composição, que instauram, no interior do texto poético, efeitos de sentido inesperados, inéditos e portadores de muita expressividade. São estruturas compostas formadas a partir da junção de substantivos que, concebidos isoladamente, apresentam significados desprovidos de qualquer parentesco semântico. Assim, com base no princípio da coindexação semântica, difundido por Rio-Torto e Rodrigues (2010), as figuras de linguagem despontam-se como mecanismos capazes de explicitar as relações semânticas instauradas entre os elementos constituintes das novas palavras criadas e empregadas na
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poesia de Melo Neto. Nesse sentido, no que tange ao processo de ensino/aprendizagem das figuras de linguagem, objetiva-se apresentar uma abordagem didático-pedagógica diferenciada daquela em vigência na maioria dos cursos que se ocupam do ensino desses recursos figurativos. Partindo da hipótese de que o emprego de tais figuras no texto literário transcende os propósitos de simples ornamento textual, torna-se necessário compreendê-las sob o viés estilístico, pois, além de conferir maior rebuscamento à linguagem, trata-se de recursos que respondem à expressão poética da visão de mundo do enunciador. Desse modo, Marouzeau (1959) afirma que o escritor recorre aos elementos da língua e seleciona aqueles que melhor respondem aos seus anseios de expressão. Análise de verbetes da língua inglesa no dicionário geral do português brasileiro: Aurélio Buarque de Holanda, versão eletrônica 5.0 Maira de Oliveira Ferreira (PPG – UFMS/CPTL) Esta comunicação tem por objetivo principal apresentar os resultados preliminares de um estudo da macroestrutura e da microestrutura do Dicionário Geral do Português Brasileiro: Aurélio Buarque de Holanda, com o intuito de analisar os verbetes em língua inglesa. Visa, sobretudo, a verificar se as definições estão claras e objetivas para o consulente. Para tanto, parte do pressuposto de que o uso do dicionário quando feito de forma adequada é útil para interagir com outras fontes de conhecimento, já que a compreensão de uma língua vai muito além da competência lexical do leitor; é preciso também que outras fontes de conhecimento sejam acionadas e usadas interativamente com o conhecimento lexical, como a habilidade de fala, escrita, leitura e audição. Quando o falante de uma língua possui curiosidades, dúvidas sobre a grafia, significados ou o emprego de determinadas unidades lexicais,
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recorre a dicionários com o objetivo de encontrar respostas que satisfaçam ou elucidem suas dúvidas. Os avanços da tecnologia e da globalização têm imposto a necessidade cada vez mais crescente de se aprender uma língua estrangeira, de forma que se observa nos últimos anos a inserção de verbetes da língua inglesa nos dicionários brasileiros de língua portuguesa. No entanto, acreditamos que o dicionário é pouco usado em sala de aula e que alunos e professores ainda desconhecem a importância e o efeito que seu uso pode ter para a aquisição de conhecimentos. Do ponto de vista metodológico, os verbetes analisados serão retirados da versão eletrônica do dicionário Aurélio (FERREIRA, 2010). Analisaremos a microestrutura do dicionário mencionado a fim de verificar como se organizam as informações presentes nos verbetes, a coerência na sua estruturação de acordo com o que foi descrito em seus respectivos prefácios, bem como a clareza das definições e abonações das entradas. A análise dos verbetes seguirá os seguintes procedimentos: primeiramente, faremos a exposição dos verbetes selecionados para esta comunicação em forma de recorte para que, assim, seja possível observar a organização em cada dicionário e, em seguida, descreveremos e analisaremos as unidades selecionadas. Acredita-se que as análises atingem o objetivo do qual revela e aponta os problemas apresentados pelas obras no que se refere às definições dos anglicismos. Ao propor no prefácio a adoção de um procedimento que oriente e facilite a consulta da obra, tal procedimento não é seguido criteriosamente, passando para o consulente uma informação que não pode ser encontrada no interior dos verbetes. Lexicografia pedagógica: encontro da lexicografia com o ensino do léxico Mariana Daré Vargas (UNESP)
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No final do século XIX e início do século XX, mudou-se o paradigma do ensino de línguas, uma verdadeira revolução, segundo Molina García (2006): os estudos realizados por pedagogos e linguistas vão em direção de um método de ensino mais natural e direto. Esta mudança na área do ensinoaprendizagem de línguas refletiu no campo da Lexicografia, emergindo a necessidade de mudar a apresentação do léxico nos dicionários, culminando no que se pode dizer fim do dicionário tradicional e nascimento de uma obra lexicográfica que busca satisfazer as necessidades dos usuários. A Lexicografia Pedagógica, de acordo com Molina García (2006), nasceu dessa revolução, desse “giro de 180 graus”, da percepção, por parte de um grupo de professores, de que o dicionário do aprendente de línguas deve ser diferente do de um falante da língua materna (LM), sendo necessária, portanto, a adequação às necessidades do consulente- aprendente de LE, inclusive porque este não era, e ainda não é, “letrado” em seu uso, em razão das esporádicas vezes em que recorre à obra lexicográfica. Este trabalho tem como objetivo situar a Lexicografia Pedagógica como ponto de interseção entre a Lexicografia e o ensino de Léxico, apresentando o estado da arte dessa área de estudos lexicográficos, em contexto nacional e internacional. Inicialmente, resgatamos sua origem. Posteriormente, em um intento de conceituar essa jovem disciplina, lançamos mão de vozes de importantes pesquisadores (RUNDELL, 1998; HARTMANN, 2001; MOLINA GARCÍA, 2006; DURAN; XATARA, 2007; DURAN, 2008; HERNÁNDEZ, 2008; KRIEGER, 2011; WELKER, 2008, 2011; TARP, 2011; DE SCHRYVER, 2012), e, por fim, ampliando a proposta de Duran e Xatara (2004), apresentamos os principais personagens no cenário da Lexicografia Pedagógica. (Apoio: FAPESP).
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Glossário de expressões idiomáticas da obra "o homem e suas negativas", de Carlos Drummond de Andrade: uma reflexão sobre o ensino do léxico de língua portuguesa Nayra Modesto dos Santos NUNES (PG-UFMS) Este trabalho aborda o léxico da Língua Portuguesa, com foco nas expressões idiomáticas e consequentemente, a relação que carregam entre a linguagem e a cultura. Estudar tais expressões, em sala de aula contribui significamente para a compreensão lexical do aprendiz da língua, porém, às vezes as expressões idiomáticas não despertam a devida importância ao ensino, por serem da própria língua materna. Dessa forma, objetiva-se neste estudo apresentar uma reflexão sobre o ensino de Língua Portuguesa para brasileiros, com aplicação de dicionários. Para tanto, fizemos uso do dicionário geral Houaiss (2009), posto que não disponibilizávamos de um dicionário especializado de fraseologismos de Língua Portuguesa. Em continuidade, produzimos um glossário de expressões idiomáticas da obra "O homem e suas negativas", de Carlos Drummond de Andrade, a fim de instigar uma reflexão sobre o ensino do léxico de Língua Portuguesa. O aporte teórico da pesquisa tem embasamento nos princípios das Ciências do léxico: Lexicologia e Lexicografia, em relação de interface com conceitos oriundos da Fraseologia, no campo das expressões idiomáticas, baseadas em Biderman (1978, 2001), Tristá Pérez (1998), Xatara (2001), Zavaglia (2012), entre outros. Assim pretende-se, sobretudo, assinalar a importância Welker (2004), em discutir tais expressões oriundas da língua materna, que justifica-se pelo fato de que muitas vezes, a interpretação literal pode produzir efeitos de distanciamento das práticas reais e concretas de uso, implicando certa artificialidade. Vale ressaltar que as expressões idiomáticas desempenham um papel relevante, visto que constituem características
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especiais, que devem ser desvendas por meio de uma abordagem exploratória, em torno do estudo do léxico em sala de aula e também por serem estruturas bastante recorrentes da Língua Portuguesa. Ao término deste estudo, os resultados apontam que o tipo de dicionário geral (Houaiss, 2009), não foi capaz de tratar adequadamente nem mesmo das expressões idiomáticas mais comuns da Língua Portuguesa, no qual mostra a necessidade e precariedade em materiais para ensinar a própria língua materna. Dado que, o que melhor atenderia a pesquisa e o trabalho com tais expressões em sala de aula seria um dicionário especial; uma questão a ser refletida. A lematização de unidades pluriverbais em um dicionário pedagógico bilíngue português-espanhol: o caso das conjunções Odair Luiz Nadin (FCLAr/UNESP/FAPESP) A língua espanhola é uma das línguas mais estudadas no mundo atualmente como língua estrangeira. No Brasil, esse idioma adquiriu, nas últimas décadas, significativo reconhecimento. Muitas pesquisas foram e são realizadas no sentindo de descrever e analisar os problemas específicos de brasileiros no processo de ensino e aprendizagem de espanhol. Dentre essas pesquisas, o ensino do vocabulário tem sido também objeto de análise. Para dar conta dessa questão, alguns pesquisadores, a partir da Lexicografia em sua vertente pedagógica, têm se dedicado ao tema no sentido de desenvolver análises não somente das estruturas dos dicionários de espanhol existentes no mercado, mas também sobre o uso efetivo que se faz dele, ou que se poderia fazer, enquanto material didático em sala de aula. Além disso, estuda-se também como elaborar dicionários cujas características possam potencializar seu valor didático (NADIN, 2013). Nesse sentido,
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nosso objetivo é, nesta comunicação, apresentar algumas reflexões iniciais sobre o processo de lematização de conjunções formadas por duas ou mais palavras na elaboração de um dicionário bilíngue pedagógico português- espanhol pensado e estruturado para um perfil específico de usuário: o adolescente brasileiro aprendiz de espanhol, de forma que possa potencializar o valor didático do dicionário em sala de aula. Os dicionários bilíngue e monolíngue no ensino de espanhol como língua estrangeira: algumas reflexões Renato Rodrigues Pereira (PG-UNESP-Araraquara) Quando se estuda uma língua estrangeira (LE), a primeira coisa que costuma vir à mente de um estudante são as palavras da língua e em que situação utilizá-las. O dicionário, como representante de uma sincronia ou diacronia vocabular, permite, pois, conhecimentos diversos acerca de uma unidade léxica. Por isso, as obras lexicográficas resultam em instrumentos didáticos muito utilizados no ensino de LE. No entanto, por vezes essas obras não são consultadas como deveria em sua totalidade funcional. O nível de conhecimento que um aluno possui sobre uma língua, que didaticamente dividimos aqui em inicial, intermediário e avançado, nos diz qual e/ou quais dicionários ele precisa utilizar quando está em uma situação de aprendizagem. No nível inicial, o dicionário bilíngue costuma ser o mais utilizado, devido ao fato de o estudante não possuir conhecimento lexical suficiente da língua. A esse respeito, Hernández (2000, p. 94) assevera que para os iniciantes em uma segunda língua, são destinados os dicionários bilíngues, pois esses repertórios permitem aos alunos decodificar enunciados da segunda língua que está aprendendo. Já nos níveis intermediário e avançado, além do bilíngue, precisa-se induzir o estudante a recorrer ao dicionário monolíngue, uma vez que esse dispõe de informações intralinguísticas e extralinguísticas, por meio das definições e exemplos de uso na
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própria língua em estudo, possibilitando, assim, que o aluno programe seu cérebro para cada vez mais ler e pensar na língua que está sendo estudada. O que pretendemos com esta comunicação é destacar a importância dos dicionários bilíngues e monolíngues nos diferentes níveis de conhecimento e situações de aprendizagem. Para isso, servimo-nos da língua espanhola como LE. Para tanto, orientamo-nos pelos princípios teóricometodológicos da linguística aplicada ao ensino de LE e da lexicografia didática, mais especificamente nos trabalhos Moita Lopes (1996), Notion e Coady (1988), Almeida Filho (1998), Corte e Fischer (1997); e Hernández (2000), Prado Aragonés (2001), Krieger (2007), Cowie (1983), Hartmann (1987), Alvar Ezquera (1981), Fernãndez de Boladilla (1995), respectivamente. (O presente trabalho foi realizado com o apoio do CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – Brasil). A relevância do dicionário terminológico para estudantes do agronegócio Rosemeire de Souza Pinheiro Taveira Silva (UNESP/FCLAr/IF Goiano) Odair Luiz Nadin da Silva (UNESP/FCLAr) O dicionário é uma ferramenta didática de suma importância para o processo de ensino- aprendizagem, seja mono ou bilíngue, de língua geral ou específica, pois é uma obra lexicográfica que arquiva um saber tecido por culturas, identidades e conhecimentos diversos. Dentre os diferentes tipos de dicionários, este estudo opta pelo de especialidade, pois objetiva-se em refletir sobre a relevância do dicionário terminológico para os estudantes do Agronegócio. Mesmo sendo uma área em expansão, que tem se consolidado a partir das inovações tecnológicas e fundamentada em diferentes áreas do conhecimento, o Agronegócio ainda não se serve de um dicionário
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terminológico. Para os estudantes desta área, estão disponíveis apenas livros teóricos do Agronegócio, os quais apresentam os termos no contexto, sem explicações ou glossário, e dicionários de outras áreas do conhecimento que, às vezes, aportam alguns termos utilizados pelo Agronegócio. Para tanto, podese perceber que é uma área que necessita de reflexões e materiais didáticos e paradidáticos que auxiliem tanto no processo de ensino-aprendizagem como na sistematização e organização dos conhecimentos da área. Diante disso, pode-se questionar: sabendo que o Agronegócio é uma área interdisciplinar, os estudantes podem utilizar dicionários de outras áreas de especialidade para sanar suas dúvidas? Os conteúdos disponibilizados nos livros teóricos do Agronegócio são entendidos conforme o contexto de uso? Na perspectiva de buscar respostas ou reflexões para estas perguntas, este estudo se fundamenta em estudos bibliográficos. Assim, esta pesquisa constata que mesmo sendo uma área interdisciplinar, o Agronegócio necessita de uma obra lexicográfica que abarque seu conhecimento de forma específica, pois nem sempre o contexto de uso e os dicionários das outras áreas como Administração, Agronomia, Economia e Engenharias conseguem auxiliar os estudantes na compreensão e produção de textos. Logo visa-se comprovar a existência da necessidade de produzir um material lexicográfico útil que auxilie o consulente no entender e produzir textos orais e escritos relacionados à área do Agronegócio. O arcabouço teórico deste estudo se ancora, fundamentalmente, nas contribuições de Araújo (2007), Batalha (2011), Araújo, Wedekin, Pinazza (1999), os quais são pesquisadores do Agronegócio, e da Terminologia, como Biderman (2001), Barros (2004), Silva (2008), Krieger e Finatto (2004), dentre outros estudiosos.
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Ensino-aprendizagem de phrasal verbs à luz da linguística cognitiva Sarah Barbieri Vieira (Estácio –UniSEB/ UNESP) O léxico de uma língua natural constitui uma forma de registrar o conhecimento de mundo e constitui a cristalização dos atos sucessivos de categorização da experiência e cognição da realidade que cerca a comunidade linguística que dela faz uso. O processo de cognição, de aquisição do conhecimento e categorização da realidade assume formas diferentes entre as culturas e o modo como as culturas recortam essa realidade é refletida no modo como esses conceitos são lexicalizados e linguisticamente configurados em modelos de categorias não coincidentes. Segundo Talmy (1985), podemos isolar os conceitos semânticos subjacentes aos verbos, tais como MOVIMENTO, PERCURSO, MODO e CAUSA, que são lexicalizados de forma diferente nas línguas. A língua inglesa (LI) e a língua portuguesa (LP) apresentam padrões diferentes de lexicalização dos verbos de movimento com alta frequência de uso: enquanto o padrão típico dessa é a combinação dos componentes semânticos MOVIMENTO + PERCURSO, o padrão típico daquela é a combinação dos componentes semânticos MOVIMENTO + MODO ou CAUSA. Esses padrões diferentes acarretam estruturas de frases divergentes que o aluno não consegue facilmente apreender e colocar em uso, tais como o emprego dos phrasal verbs. Os phrasal verbs, categoria formada a partir de um verbo e uma partícula, são amplamente empregados pelos nativos da LI nos mais variados gêneros textuais. Fazem parte do repertório de itens lexicais denominado léxico essencial (core), de origem germânica, e não encontrado nas línguas naturais de origem latina, como é o caso da LP. A consequência é a dificuldade no processo de ensino-aprendizagem dos phrasal verbs para falantes nativos das línguas neolatinas devido à transferência automática, via tradução, dos conceitos subjacentes aos verbos da L1 para os
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verbos da LI. Este trabalho tem o objetivo de explicitar, em termos cognitivos e funcionais, esses diferentes padrões de lexicalização refletidos nas estruturas das frases, facilitando o trabalho de entendimento e ensino dos phrasal verbs para aprendizes nativos da LP. As contribuições dos estudos da Dialetologia e Geolinguística para o ensino e a pesquisa de língua portuguesa na educação básica Vera Lúcia Dias dos Santos Augusto (GPDG/ GPS/ UEG-GO) A presente comunicação tem como objetivo pontuar a possibilidade de imbricar os trabalhos voltados para a Dialetologia e para a Geolinguística ao ensino e a pesquisa da Língua Portuguesa na educação básica. Atualmente, é muito grande o interesse em estudar as variações linguísticas regionais, analisando-as a partir de um viés dialetológico e geolinguístico. Essa junção aparece como uma ideia primeira de valorizar os estudos da heterogeneidade linguística, que acontece na dimensão diatópica (espacial, geográfica) e está distribuída no espaço territorial de uma nação ou região. É sabido que a língua não se apresenta uniforme. Na verdade, a língua apresenta certas regularidades, mas como é um sistema aberto, oferece inúmeras possibilidades de variação de uso. Assim, ao lado de regras sistemáticas que todos os falantes devem seguir, aparecem as variações linguísticas, que podem referir-se ao uso de um grupo ou ao uso de cada sujeito no momento específico de sua interação. Sob esse aspecto, é possível refletir sobre a atuação de ensino-aprendizagem dos professores de Língua Portuguesa. Sobre esse ensino da língua materna, Silva (2004) observa que o professor, como peça essencial nesse processo de ensino, terá de ser necessariamente muito bem preparado tanto na formação linguística como na sua formação pedagógica geral, para que em sua prática escolar procure
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criar e adequar seus instrumentos pedagógicos e sua metodologia de ensino. Para aqueles que reconhecem a diversidade linguística brasileira como um ponto de partida para o ensino da língua materna no Brasil, estão agora diante de um vasto material quer seja fonético-fonológico, semânticolexical, morfossintático ou discursivo proporcionado pelos atlas linguísticos já publicados ou em desenvolvimento no território nacional. Ao registrar as variações linguísticas regionais em uso, o Atlas Semântico-Lexical do Estado de Goiás (ASLEG) assim como os demais atlas linguísticos de diferentes áreas do país vêm propiciando a pesquisadores, professores, gramáticos, autores de livros didáticos e demais interessados nos estudos dialetológicos e geolinguísticos um material amplo, coletado a partir de critérios metodológicos precisos. Desse modo, educadores conscientes da variação linguística brasileira podem trabalhar a partir dessa realidade diversificada, sem estigmatizar a variação dialetal de seus alunos. GT 18 – Lexicografia e Terminografia: da elaboração de obras lexicográficas e terminográficas mono ou multilíngues ao ensino do léxico Coordenação: Ivanir Azevedo Delvizio - UNESP/ROSANA Sheila de Carvalho Pereira Gonçalves - UFG/CATALÃO Inseridas no quadro das ciências do léxico, a Lexicologia e a Terminologia, embora possuam princípios teóricos e metodológicos próprios, compartilham algumas características: ocupam-se do estudo das palavras, apresentam uma vertente teórica e uma vertente aplicada e têm como objeto aplicado a elaboração de dicionários (CABRÉ, 1993). O que as distinguem fundamentalmente é o recorte dado ao objeto de estudo: a Lexicologia dedica-se ao estudo do léxico geral em seus variados aspectos, e a Terminologia, por sua vez, dedica-se ao
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estudo de conjuntos de unidades lexicais usadas em um domínio de especialidade com o objetivo de facilitar o intercâmbio de informações. A Lexicografia e a Terminografia, suas vertentes aplicadas, ocupam-se dos princípios de elaboração de glossários, dicionários e bases de dados, monolíngues e multilíngues. Dessa Lexicografia e Terminografia práticas distinguem-se também a Lexicografia e Terminografia teóricas, que estudam todas as questões ligadas à elaboração das obras citadas (descrição e análise, uso, adequação ao público-alvo). O objetivo deste grupo de trabalho é criar um espaço de divulgação e debate de projetos de pesquisa desenvolvidos nas áreas de Lexicografia e Terminografia no qual os pesquisadores possam compartilhar suas experiências, colocando em evidência os princípios e critérios que orientam o fazer lexicográfico e terminográfico, identificando pontos de convergência. Serão contemplados trabalhos que abordem desde estudos e análises do léxico geral ou especializado, passando pelas metodologias de elaboração de obras lexicográficas ou terminográficas, com abordagens mono ou multilíngues, organização de seus componentes estruturais, metodologia de criação de córpus e levantamento de unidades lexicais/terminológicas, uso de tecnologias e ferramentas computacionais aplicadas à elaboração de obras lexicográficas e terminográficas até a aplicação ou direcionamento da confecção dessas obras ao ensino do léxico. Desse modo, pretende-se contribuir para a divulgação dos conhecimentos produzidos em Lexicografia e Terminografia e para o fortalecimento dessas disciplinas no quadro das ciências do léxico. O léxico rural em Grande sertão: veredas de Guimarães Rosa: um estudo sob a ótica da linguística de corpus Ana Paula Corrêa Pimenta (UFU) O presente trabalho está vinculado ao projeto de pesquisa “O léxico de Graciliano Ramos em Vidas Secas: uma análise
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descritiva do dialeto rural” em nível de doutorado, no âmbito do Programa de Pós-graduação de Doutorado em Estudos Linguísticos (PPGEL) da Universidade Federal de Uberlândia. Com base nos pressupostos da Linguística de Corpus, este estudo propõe uma análise lexical da obra Grande Sertão: Veredas de João Guimarães Rosa, publicada em primeira edição no ano de 1956. O principal objetivo da pesquisa é a elaboração de um glossário com um arranjo de itens suficientemente abrangente, no que se refere ao léxico rural presente na obra em questão. Sendo assim, propõe-se realizar uma análise das lexias presentes na obra por meio das ferramentas do Programa WordSmith Tools®, versão 6,0 (SCOTT, 2012), software de referência nos estudos linguísticos, particularmente os lexicais, o que propicia à pesquisa uma análise mais vigorosa e precisa. Além disso, pretende-se, também, realizar consultas ao Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa (2009), ao Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (2009) e ao Dicionário do Brasil Central – subsídios à Filologia de Bariani Ortêncio (2009) e também pelo contexto da enunciação, a fim de verificar quais unidades lexicais se configuram como rurais. Para tanto, fundamenta-se teoricamente em Biderman (1981, 2001), Vilela (1994), Carvalho (2009), Isquerdo (2010) e Coelho (2006) para as descrições do léxico; em Biber (1998), Berber Sardinha (2004, 2006), Sinclair (1991, 1996) e Halliday (1991) para a introdução das bases teóricas da Linguística Sistêmico- Funcional que sustentam as pesquisas baseadas pela Linguística de Corpus; e em Bechara (1991), Jorge (2005), Athayde (1997) e Sant’ Anna Martins (2001) sobre o perfil humano, profissional e linguístico de Guimarães Rosa. A pertinência da escolha desta obra como corpus de estudo para nossa pesquisa está justificada pela recorrência dos itens lexicais representativos do dialeto rural. O autor procurou fixar no plano literário a geografia física e humana do sertão mineiro, demonstrando os aspectos históricos, políticos, socioculturais e, especialmente, linguísticos. Valendo-se de uma linguagem regionalista, o autor soube com maestria construir um enredo realista e memorável, concentrando suas
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atenções à descrição minuciosa do espaço e da vida do homem sertanejo, razão porque foi considerado um dos maiores representantes da literatura regionalista e, ainda, eleito para a Academia Brasileira de Letras. Pretende-se ressaltar a importância do léxico na história e na cultura de um povo, bem como a relevância da variedade linguística rural na história da língua portuguesa e, sobretudo, a considerável contribuição que a Linguística de Corpus tem trazido para as perspectivas de estudos do léxico no Brasil. A fraseoterminologia no dicionário de energia solar fotovoltaica: elementos constitutivos Cristina Aparecida Camargo (UEM) As necessidades de comunicação entre profissionais e leigos tornam-se cada vez mais urgentes. E um dicionário de especialidade caracteriza-se por tentar restringir ao máximo o índice de possíveis ambiguidades na comunicação especializada. O dicionário terminológico se constitui, assim, num gênero específico, que se define por suas características formais bem marcadas, como a alfabetação e a composição por termos, cuja função, de acordo com Krieger (2007), é social e pragmática. Envolve, deste modo, todos os aspectos relacionados à estrutura e funcionamento da língua, tais como ortográficos, prosódicos, gramaticais e discursivos. Dentre os elementos do dicionário terminológico, a fraseoterminologia é um elemento que coexiste ao lado dos termos simples e sintagmáticos. E a descrição dessas estruturas contribui largamente para a produção de sentido aplicada à Terminologia, seja para produção de glossários, dicionários, seja para a construção de programas especiais voltados à extração automática das Unidades de Conhecimento Especializado (UCE). Diante disso, este trabalho tem por objetivo analisar o processo de formação das Unidades Fraseoterminológicas (UFTs), tomando por base as unidades de conhecimento
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especializado (UCE), constantes do inventário terminológico da Base de Termos da Energia Solar Fotovoltaica. Como esta analise não tem a pretensão de exaustividade, deve ser entendido como uma tentativa de sistematizar uma série de aspectos que envolvem a conceituação, a identificação, funcionamento e as diferentes configurações que a fraseoterminologia apresenta. Para tanto apresentamos inicialmente as considerações de ordem teórica, referente à terminologia pautadas na Teoria Comunicativa da Terminologia (TCT), cujos fundamentos permitem ampliar o panorama das UTFs a serem descritas. Em seguida, buscamos identificar como se estruturam as UFTs no campo da energia solar fotovoltaica, por meio da sistematização dos dados divididos em dois grupos: as que têm pivô terminológico e as que se estruturam sem termos e por fim a análise dos elementos que constituem as UFTs e a relação com o contexto comunicacional. Com isto, apontamos a relevância desse tema relacionado à necessidade de aprofundamento e reflexão sobre a unidade lexical complexa da terminologia, de modo a contribuir para avançar os estudos descritivos no que diz respeito aos aspectos comunicativos da linguagem. Sinonímia: entre o livro didático e o dicionário escolar – análises e considerações Ingride Chagas Gomes (UFG/RC) Sheila de Carvalho Pereira Gonçalves (UFG/RC) O presente resumo tem como objetivo apresentar os resultados de uma pesquisa inicial de iniciação cientifica (PIBIC) que pretendeu investigar de que maneira a sinonímia é trabalhada nos livros didáticos em comparação com os dicionários escolares, considerando que a utilização de ambos em conjunto é a maneira mais eficaz de tornar o aluno capaz de exercer domínio sobre o léxico de sua língua materna. Nosso corpus conta de 02 (duas) coleções de livros didáticos e 03 (três)
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dicionários aprovados pelo Programa Nacional do livro didático (PNLD) e destinados a alunos do 6º ao 9º anos do ensino Fundamental, a saber: Alves, Rosemeire; Brugnerotto, Tatiane. Vontade de Saber Português. Editora FTD. 2012; Oliveira, Tânia Amaral; Silva, Elizabeth Gavioli de Oliveira; Silva, Cícero de Oliveira; Araújo, Lucy Aparecida Melo. Tecendo Linguagens. 3.ed. Edições Pedagógicas. 2012; Dos Anjos, Margarida; Baird Ferreira, Marina. Dicionário Escolar da Língua Portuguesa - Aurélio Júnior. 2.ed. Curitiba: Positivo. 2011; Bechara, Evanildo (organizador). Dicionário Escolar da Academia Brasileira de Letras. 3.ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional. 2011. Caldas Aulete Minidicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa. 3.ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2011; Geiger, Paulo (organizador). A partir desse corpus, selecionamos um total de 05 (cinco) exercícios de cada coleção de livro didático destinados ao ensino e aprendizagem de sinônimos. Privilegiamos aqueles que, além de tratar esse importante recurso (a sinonímia), solicitassem ao aluno o uso do dicionário escolar. Nosso objetivo é verificar qual dicionário atende de forma mais qualitativa às necessidades dos alunos. Nossas análises apontaram que o Dicionário da Academia Brasileira de Letras e o Caldas Aulete Minidicionário Contemporâneo de Língua Portuguesa são obras que, em geral, atendem melhor, em termos quantitativos o fenômeno da sinonímia, mas não contribuem satisfatoriamente para a compreensão da relação de sentido existente entre palavra e uso. Proposta de representação do campo da inclusão social das pessoas com deficiência Priscilla Teixeira Mamus (UEM) Este trabalho, parte da tese de doutorado (em andamento) intitulada Dicionário Terminológico da Inclusão Social das Pessoas com Deficiência, apresenta discussões sobre a estrutura
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conceptual desse campo do conhecimento. A elaboração da estrutura conceptual é um importante recurso metodológico não só por facilitar o trabalho do terminólogo, mas também por auxiliá-lo, bem como o consulente, na compreensão e delimitação do campo de estudo. Conforme a Teoria Comunicativa da Terminologia, toda área específica do conhecimento possui linguagem especializada, formada pelo conjunto de termos que a representa. O significado desses termos, chamados aqui de Unidades de Conhecimento Especializado (UCEs), não devem ser considerados isoladamente, pois fazem parte de uma rede de conceitos de um domínio especializado, mantêm diversos tipos de relação formando, então, uma estrutura conceptual. É nela onde se enquadram as definições das UCEs, conforme o lugar que ocupam. O estudo epistemológico da inclusão das pessoas com deficiência mostrou, em nossa tese, que a área agrupa conhecimentos de diversas teorias e campos de estudo, como a sociologia, a educação, a psicologia, as ciências exatas, entre outros. Ao atingir tais campos, a busca pela inclusão das pessoas com deficiência passa a gerar estudos, congressos, leis estaduais e federais, bem como novas tecnologias e normas de acessibilidade. Todos esses fatores originaram diversos tipos de textos e, consequentemente, novos conceitos. Aos poucos, a sociedade foi se deparando com termos como acessibilidade, sociedade inclusiva, ambiente adaptado, comunicação alternativa, Libras etc., e textos inteiros sobre a temática da inclusão, caracterizados como textos especializados, pois são construídos a partir da gramática de língua geral sendo, portanto, linguisticamente complexos e sua ampla possibilidade de utilização lhes garantem caráter pragmático também complexo. A heterogeneidade de campos que formam a área em destaque fez com que a estrutura conceptual desenvolvida no início da pesquisa sofresse alterações, na tentativa de melhor representação e delimitação. Nesse sentido, este trabalho apresenta tais alterações e discute os caminhos para se chegar a
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uma estrutura conceptual que represente adequadamente a rede de conceitos da inclusão social das pessoas com deficiência. A terminologia da produção do queijo no município de Apuí – AM: um estudo da variação concorrente e coorrente Rebeka da Silva Aguiar (UnB) Enilde Faulstich (UnB) Este trabalho está inscrito na linha de pesquisa Léxico e Terminologia, especificamente no projeto de pesquisa Socioterminologia - Termo e variação, em desenvolvimento no Centro de Estudos Lexicais e Terminológicos (http://www.centrolexterm.com.br), do Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas da Universidade de Brasília - UnB. O objeto de estudo - a terminologia do queijo está centrado na abordagem socioterminológica, por considerar que as terminologias assentam-se na diversidade linguística social, histórica e geográfica. Nosso objetivo é apresentar um conjunto de dados, referente à produção de queijo no município de Apuí – AM, com base em pressupostos teóricos e metodológicos da Terminologia. Assim, justificamos que a recolha dos dados é de natureza qualitativa e de cunho descritivo e exploratório, fundamentado na variação por que passam os termos. Para isso, seguimos o procedimento metodológico: i) delimitação do objeto de estudo em vista do público- alvo; ii) entrevistas diretas; iii) transcrição dos dados em ficha terminológica; iv) seleção dos dados para constituição de corpus; v) definição de um mapa conceitual; vi) organização dos dados em verbetes de um glossário. Os verbetes que compõem o glossário estão organizados de acordo com a proposta metodológica de Faulstich (1990): termo-entrada + categoria gramatical + área do conhecimento + definição + contexto + fonte ± variante ± remissiva ± nota. Como resultado,
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os dados analisados mostram uma significativa presença de variantes concorrentes e coocorrentes. Portanto, os resultados da pesquisa revelaram que a Terminologia está nas práticas sociais dos profissionais e dos usuários envolvidos com a atividade. Dessa forma, percebemos que a Socioterminologia oferece as ferramentas necessárias para se fazer um estudo dos diversos conhecimentos especializados. Nesse sentido, observamos a importância que os produtos terminográficos como os glossários possuem para a comunicação profissional, tendo em vista que eles registram o conhecimento do léxico utilizado em determinadas conjunturas sociais e profissionais que muitas vezes não são privilegiadas nos dicionários. GT 19 - Língua, cultura e memória nas trilhas filológicas e lexicais Coordenação: Maria Helena de Paula (UFG/REC) Vanessa Regina Duarte Xavier (UFG/REJ) Impulsionadas pelo incessante ensejo de conhecer o modo pelo qual a linguagem verbal está entremeada na cultura, porque está a seu serviço e se desenvolve paralelamente a ela, é que concebemos esta proposta (BENVENISTE, 1989). O intuito é convergir trabalhos que se desenvolvam consoante esta perspectiva de análise, a partir dos mais diversos corpora de investigação e que, desse modo, possam mostrar as múltiplas nuances que a língua como sistema simbólico pode assumir conforme as configurações socioculturais dos contextos em que se realiza. A memória, por sua vez, encontra lugar nesta proposta por ser o repositório das manifestações linguísticas e culturais de uma dada sociedade ao longo das gerações, permitindo que elas se perpetuem. Para além disso, a memória também se constrói nos meandros da sociedade e da cultura tendo por base os mecanismos linguísticos. Há que se esclarecer
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que as trilhas filológicas e lexicais têm especial relevância à proposta deste GT porque uma ou outra e, por vezes, ambas têm norteado os trabalhos do Grupo de Estudos e Pesquisas em História do Português – o GEPHOR. É mister asseverar que o léxico, individual ou coletivo, constitui-se mnemonicamente, haja vista que as aquisições lexicais armazenam-se na memória. No que concerne aos manuscritos de épocas pretéritas, que são objeto de estudo filológico, é válido ressaltar que eles encerram, em seu conteúdo, memórias de práticas socioculturais dantes, que se revelam inevitavelmente através da língua, em especial, dos expedientes lexicais. Em virtude disso é que a Filologia alimenta constantemente os estudos sobre língua, cultura e memória, sendo fonte inesgotável para investigações que levam em conta suas imbricações. Halbwachs (apud POLLAK, 1989, p. 3) ressalta a importância dos pontos de referência na estruturação da memória. Nesse caso, os manuscritos de tempos remotos são monumentos históricos e constituem um lugar de memória, porque perpetuam circunstâncias sociais e culturais, sendo dotados de estabilidade, razão pela qual merecem ser concebidos como patrimônio cultural de uma sociedade. A congada na rua e o sincretismo religioso Cássio Ribeiro Manoel (UFG/ REC) Maria Helena de Paula (UFG/ REC) O presente trabalho tem como objetivo enfatizar a Congada de Catalão-GO como parte integrante da manifestação de Cultura Popular recorrente na cidade, mostrando a Congada que vai para a rua durante as festividades em louvor à Nossa Senhora do Rosário, que acontece durante a primeira quinzena do mês de outubro, para louvar sua padroeira por meio de seus batuques, cantigas e performances. Nesse contexto, a rua ganha dois sentidos, sendo, a priori, o lugar profano, de espetáculos feitos para a população que ocupa não só o largo
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do Rosário, mas outros lugares da cidade. Em segundo lugar, a rua é vista como o lugar onde acontece a mistura das religiões, onde os ritos do catolicismo, como os cortejos, são levados ao conhecimento do público externo às congadas e os símbolos de maior importância dentro do festejo são mostrados. As alegorias a que correspondem tal valor são a imagem de Nossa Senhora e a Coroa, que se misturam com os ritos da umbanda ou até mesmo do candomblé, tornando-se o que chamamos hoje de sincretismo religioso. A mistura das religiões é algo que podemos perceber a partir das várias versões existentes sobre a história do mito que rege as festividades e isso pode ser comprovado por meio do que consideram Brandão (1985) e Martins (2002). O primeiro autor retoma narrativas de brincadores para quem a santa foi retirada da rocha e levada para a igreja: Martins (2002) diz em um dos seus estudos que a santa foi retirada das águas, fazendo alusão à mãe das águas, Iemanjá (orixá cultuado pelos umbandistas e candomblés em suas reuniões nos seus terreiros). Nesse sentido, além de buscar respaldo nos autores mencionados para subsidiar nossos estudos, procuraremos, ainda, construir um pequeno vocabulário de algumas cantigas para evidenciar o culto aos santos do catolicismo e aos orixás, inventariando e analisando algumas lexias que retratam a mistura das religiões. Para tanto, tomaremos como base os estudos de Biderman (2001) no que diz respeito ao léxico, que é o tesouro cultural da língua, e de Coelho (2008), acerca do vocabulário, que apresenta informação bem mais sucinta que o dicionário. Estudo da linguagem em textos orais sobre o catolicismo popular: dimensão mágico-religiosa da palavra Jozimar Luciovanio Bernardo (UFG/REC)
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A diversidade linguística não se reduz aos sons e signos, mas apresenta, além disso, uma diversidade de visões de mundo, de diferentes perspectivas (CASSIRER, 1972). Respaldados nisso, concebendo a palavra em suas múltiplas facetas, tencionamos compreender a sua dimensão mágico-religiosa em textos orais sobre o catolicismo popular na comunidade rural São Domingos, em Catalão-GO. Esse trabalho resulta da nossa dissertação do Mestrado em Estudos da Linguagem, intitulada "Dimensão mágico-religiosa da palavra em textos orais sobre o catolicismo popular na comunidade São Domingos, CatalãoGO". O corpus de estudo se compôs de cinco episódios narrativos, com seis pessoas, moradores ou ex-moradores da comunidade São Domingos, em uma pesquisa qualitativa, de caráter misto, que envolveu estudos em gabinete/laboratório e em campo. Consideramos a hipótese de que acontecimentos linguísticos eivados de religiosidade popular, especialmente do catolicismo, apresentariam uma dimensão mágico-religiosa cujos elementos, exteriores à linguagem e decorrentes de acordos estabelecidos pela comunidade falante ao longo do tempo, poderiam dar, ou não, o sentido pragmático às palavras ou construções linguísticas, dotadas de poder conforme o contexto em que se realizam. As gravações, as transcrições, o inventário e a análise de dados demonstraram que o mundo extralinguístico (circunstâncias, fatos históricos e culturais e convenções sociais) dos sujeitos em estudo atua na construção dos sentidos atribuídos aos signos linguísticos inscritos na esfera do catolicismo popular. Partimos do estudo das práticas do catolicismo popular e do linguístico nelas presente, sublinhando sua dimensão mágico-religiosa, para, depois, organizar um conjunto de unidades léxicas que refletem a estrutura básica dos tópicos analisados: batismo; rituais relacionados à chuva; benzeções, entre outros. O estudo reforçou a tese da inconteste e intrínseca relação entre a cultura e a língua de um povo, sobretudo, no nível léxico, no qual os traços culturais melhor se revelam (BIDERMAN, 1998; SOUZA, 2014). Nesse sentido, a palavra torna-se elemento substancial para as e das práticas
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analisadas nesse trabalho e, compreendida como meio de ação e comunicação, adquire o poder de intervir sobre o mundo, assumindo, assim, uma dimensão mágico-religiosa. (Apoio: CAPES). Scripta eclesiástica perpetuando memórias: achegas sobre as divergências da escrita do século XIX Maiune de Oliveira Silva (UFG/RC/ PMEL – CAPES) Maria Helena de Paula (UFG/RC/PMEL – FAPEG) Vanessa Regina Duarte Xavier (UFG/REJ- PNPD) “Ir às fontes” (MEGALE, 1998) reside em um dos principais trabalhos do filólogo. Em meio aos papéis empoeirados e amarelecidos pela ação do tempo, cujos fólios algumas vezes são corroídos por papirófagos, encontram-se importantes testemunhos linguísticos que carecem de estudos acurados. Desta feita, o presente trabalho propõe-se analisar a relação entre a Filologia e o ensino através da escrita oitocentista de um documento manuscrito eclesiástico goiano que contém em seus fólios assentos de batismos de escravos e de pessoas não vinculadas a esta linhagem. Insta esclarecer que o manuscrito em tela foi lavrado em Catalão, outrora denominado Villa. Objetiva-se, então, verificar as marcas de oralidade transpostas para o contexto escrito, haja vista que os signos representados graficamente nesses documentos espelham algumas características da fala do período, pois naquela época não havia formalmente um acordo ortográfico para a padronização gráfica. Essa assertiva melhor se evidencia quando há o cotejo com a ortografia de opúsculos, quais sejam, gramáticas ou dicionários coetâneos à elaboração dos documentos. No período hodierno, mesmo com a vigência da convenção ortográfica, essas incongruências gráficas ainda são perceptíveis na escrita escolar dos alunos em fase de aquisição da língua materna, bem como dos que supostamente já possuem domínio desse sistema. Pressupomos, então, que
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atualmente, esses desvios gráficos, tal como nos manuscritos, ocorrem pela influência da fala dos aprendizes no momento da escrita, ocasionando alguns processos morfofonológicos, tais como epênteses, alçamentos, abaixamentos, dentre outros processos que serão abordados no presente trabalho. A ocorrência dos processos retrocitados na escrita dos alunos das séries iniciais se dá pelo fato de não saberem como aplicar a regra alvitrada pela gramática normativa, que tem a função de estabelecer as regras de uso da língua. Os documentos em estudo são relevantes, ainda, por serem remissivos à memória social, pois ampliam o conhecimento acerca da sociedade oitocentista catalana, no caso em estudo. Ademais, permitem estudar a (orto)grafia de outrora, consentindo na percepção de que a língua passa por constantes modificações, mas alguns aspectos continuam a serem reproduzidos ainda hoje. Importa ressaltar que para alcançar os pressupostos teóricometodológicos, embasamos nossas considerações acerca dessa temática nos ensinamentos de Marcuschi (2001), Coutinho (1976), Coelho (2006; 2008), dentre outros que ratificarão a tese aqui exposta. Comércio e escravidão: a idade como critério na atribuição de valores aos escravos Maria Gabriela Gomes Pires (UFG/RC) Amanda Moreira de Amorim (UFG/RC) Mayara Aparecida Ribeiro de Almeida (UFG/RC) Maria Helena de Paula (UFG/RC) O estudo aqui apresentado deriva da interlocução entre as pesquisas “Léxico e cultura: uma breve análise de documentos notariais oitocentistas sobre a escravidão negra em Catalão”, “De bens de herança a bens culturais: um estudo linguístico de autos de partilhas oitocentistas de Catalão” e “Nas trilhas dos manuscritos: um estudo do léxico descritivo de escravos em documentos oitocentistas de Catalão”,as quais encontram-se
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vinculadas ao projeto “Em busca da memória perdida: estudos sobre a escravidão em Goiás” coordenado pela Prof.ª Dr.ª Maria Helena de Paula. A cidade de Catalão teve um papel importante na história da escravidão em Goiás, visto a profusão de documentos manuscritos encontrados neste município, de natureza cartorial, judiciária e eclesiástica, os quais fazem referências aos negros escravos que viviam na região. Sabendo disso, propomos um estudo sobre os valores que eram atribuídos aos cativos utilizados em Catalão e cercanias nos idos oitocentistas, com o fito de constatarmos se os escravos mais jovens eram, de fato, mais baratos que os escravos adultos, tal como apontado por Mattoso (2003). Para alçar o proposto, utilizamos como corpus: um auto de partilha datado no ano de 1839 e quatro escrituras públicas de compra e venda de escravos, registradas nos anos de 1864, 1865, 1886 e 1887. Para o desenvolvimento desse trabalho, realizamos o seguinte percurso: leitura do material retro citado; inventariação dos escravos e seus respectivos preços; cotejo e análise dos valores encontrados, embasados nos estudos históricos de Mattoso (2003), Salles (1992), Mendonça (2007), Moura (2004) e a Lei Nº 3270 de 28 de setembro de 1885. Destarte, os dados gerados a partir dos manuscritos nos subsidiarão, juntamente com as teorias anteriormente citadas, compreender as práticas comerciais e testamentárias ocorridas no século XIX e, assim, entender com mais afinco a configuração do sistema escravocrata de Catalão neste período. Verifica-se, em leitura acurada dos documentos supracitados, divergências quanto à idade e ao valor dos cativos, o que vai contra a ideia exposta por Mattoso (2003), constatando que os cativos de tenra idade eram, na verdade, mais caros que os escravos adultos. (Apoio: CAPES/FAPEG)
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Olhares socioculturais sobre o léxico do município de Araguari/MG Maria Virgínia Dias de Ávila (UFU) Eloy Alves Filho (IMEPAC – Araguari) A língua falada guarda um rico campo lexical e carrega consigo um pouco da história e da cultura de uma comunidade. O léxico passa pelas mesmas mudanças pelas quais a cultura passa, já que constitui parte da cultura, assim, resgatar, estudar e registrar o léxico é relevante, pois é uma maneira de perenizar esses traços culturais que aparecem e desaparecem da cultura de um povo. Este trabalho tem o objetivo de fazer um levantamento e registrar, ainda que parcialmente, o léxico da região de Araguari/MG e analisá-lo com vistas na perspectiva sociológica. A pesquisa teve como eixo teórico-metodológico os pressupostos da Sociologia e da Lexicologia. Para realizar este estudo, baseou-se nos pressupostos de Biderman (1998), Isquerdo (1993) e Vilela (1994) sobre o estudo do léxico e em Laplantine (1988) sobre a cultura e sociedade. O corpus foi constituído por dados coletados por meio de entrevistas semiestruturadas e conversas informais com 05 moradores da cidade com mais de 60 anos que nasceram e viveram somente na região. O grupo dos respondentes é composto de 03 homens e duas mulheres, sendo que 2 dos participantes moram na região rural e os demais residem na região urbana, contudo nasceram, cresceram e se mudaram para a cidade depois dos 30 anos. O maior nível de escolaridade dos participantes é o Ensino Médio (uma participante), os demais concluíram apenas o Ensino Fundamental 1, até o 4º ano. Após as entrevistas, foram coletadas 238 lexias que retratam um recorte da língua da comunidade. Essas lexias parece-nos diferentes das utilizadas atualmente, ou por terem perdido o uso ou por terem sido ressignificadas a fim de atenderem a uma nova necessidade de nomeação da realidade. Não foi realizado o cotejamento com
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os dicionários existentes a fim de descrever os termos coletados. Optou-se pela descrição a partir da fala dos respondentes. Após a análise dos dados, constatamos a presença de um rico léxico que compõe a linguagem popular regional, que merece ser perenizado como forma de valorizar os saberes e a cultura do povo da região. Ao se resgatar o léxico da região estudada, percebeu-se uma identidade linguística com o cotidiano das pessoas, com as lidas domésticas, coma as atividades econômicas, com a religiosidade, enfim, com a cultura daquele povo. Dessa forma, constatou-se que a principal vantagem de estudar o léxico que compõe a língua de um povo é uma forma contribuir para entendimento dos processos de transformação por que passam as sociedades contemporâneas, justificando a importância dos estudos das culturas regionais e locais para serem deixados como legados para as futuras gerações. Com o estudo, verificou-se então que estudar, registrar e perenizar o fenômeno linguístico é também resguardar a cultura do povo que o produz, uma vez que a linguagem é um fenômeno social por excelência. Um recorte socio-histórico em um auto de partilha (1878) Pabrícia Abadia Pereira Félix (PIBIC/CNPq-UFG/RC) Maria Helena de Paula (FAPEG-UFG) No presente estudo, pretendemos expor os resultados obtidos ao longo da pesquisa intitulada “Cultura e linguagem: estudo do vocabulário de bens e inventariados na cidade de Catalão (1878)”. Esta pesquisa está inserida no projeto “Em busca da memória perdida: estudos sobre escravidão em Goiás” auxiliada pelo Programa de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás – FAPEG – e vinculada ao Grupo de Pesquisa e História do Português, ambos coordenados pela Prof.ª Drª Maria Helena de Paula. Por meio dos estudos realizados nos detemos em encontrar subsídios que permitam estabelecer uma relação
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entre os bens de um auto de partilha e relacioná-los com as práticas culturais supostamente praticadas naquela época pela sociedade Catalana. Os documentos utilizados para a pesquisa se encontram digitalizados no acervo digital do Laboratório de Estudos do Léxico, Filologia e Sociolinguística (LALEFIL). Inicialmente, foram feitas a leitura e a releitura dos manuscritos para abranger uma compreensão melhor e maior em relação ao seu conteúdo. Em seguida, foi feita uma busca por palavras que possuíam um valor lexical. Posteriormente, relacionamos tais palavras com as práticas culturais que a sociedade provavelmente exercia naquela época. Foram identificados quatro campos: Móveis, Semoventes, Escravo e Raiz. Tais campos descrevem os bens de Francisco José de Carvalho. O estudo foi possível porque obedecemos aos seguintes passos: primeiramente, iniciamos uma leitura e releitura atenciosa dos manuscritos conforme sugere Bellotto (2002), buscando traçar os seus elementos lexicais. Em seguida, nos detemos em observar a estrutura de um inventário, em conseguinte identificamos os quatro campos que descrevem os bens deixados como herança: campo móvel relacionado com os objetos utilizados tanto para o uso doméstico tanto para o uso de práticas rurais; o campo denominado Semoventes que está relacionado aos animais; o campo Escravo que descreve sete cativos e o campo Raiz que traz a descrição de partes na Fazenda Forquilha. Após este processo, recorremos ao dicionário Caldas Aulete (1881) para compreender as lexias como: Carro de boi= “Carro puxado por bois [é de duas rodas e á extremidade deanteira do cabeçalho (cabeçalhada na Beira) tem presa e canga.] O leito ou chedeiro é dividido na extrematura em duas mesas ou meios taboleiros]” (p. 293). Através deste estudo podemos observar a estreita relação entre os bens descritos como sendo de “valor” para a época, destacamos aqui os escravos que são mencionados como “instrumentos” aptos para o trabalho e que tinham seu respectivo valor conforme sua idade, possivelmente o trabalho pesado era exercido pelos cativos. Alguns objetos nos revelam essas possíveis práticas culturais realizadas pela sociedade no
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município de Catalão nos fins do século IXX, como o carro de boi, geralmente utilizado para o transporte de cargas e pessoas e o principal meio de transporte dos séculos passados utilizado pela sociedade, principalmente pela população rural. A “norma” e as normas: um olhar sobre o registro da variação linguística nos dicionários gerais de língua portuguesa Rayne Mesquita de Rezende (UFG/RC - UAELL- PMEL) Maria Helena de Paula– UFG/RC - UAELL- PMEL) A discussão que ora se apresenta tem como fulcro a heterogeneidade da língua, diassistema virtual, abstrato, constituído historicamente e que atua como elemento de interação no âmbito dos agrupamentos humanos, sendo um dos elementos característicos de tal conjuntura como sociedade. Então, partindo da concepção da língua como meio de expressão e apropriação do universo, consoante as necessidades de seus usuários e ao contexto social a que se integram, é que optamos por realizar uma análise da variação linguística em dicionários gerais de língua portuguesa, sob a perspectiva, um dos componentes do diassistema língua que encerra os signos, significados e conceitos. Na direção deste propósito de investigação, utilizaremos três dicionários: o Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa (2009), o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa (2010) e o Novíssimo Aulete Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa (2011), com o foco na abordagem da variação linguística nestes acervos lexicográficos, essencialmente no português brasileiro (PB). A opção pelos dicionários como corpora de observação se assenta na compreensão deste objeto como repertório da norma vocabular da língua (BIDERMAN, 2001). Devido à impossibilidade de observação dos dicionários em sua extensão total (macro e microestrutura), selecionamos a proposta
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lexicográfica, um dos componentes da macroestrutura do dicionário, que reúne o conjunto de critérios que guiaram sua elaboração, delimitando quesitos como tamanho, quantidade de verbetes, tipologia e as informações que integrarão as acepções dos lemas a serem definidos nos verbetes. Em meio a essas informações, situam-se as restrições/marcas de uso, que têm como função tentar sinalizar as especificidades de uso ou maior recorrência em determinada situação linguística podendo ser de ordem temporal, espacial, social, técnica, conforme a seleção das unidades lexicais realizadas pelo falante no ato da linguagem. Desse modo, com base no que consta nas propostas lexicográficas de cada um dos dicionários, correlatas às marcações de uso, traçaremos um panorama do modo como as variantes lexicais são elencadas nestes acervos lexicográficos de tipo geral. Teceremos, ainda, considerações acerca da equivalência (ou não) entre os termos técnicos utilizados em cada dicionário para designar as peculiaridades extralinguísticas refletidas nas unidades lexicais. Sustentamos esta investigação no aparato teórico de Biderman (2001) Haensch (1982), Isquerdo (2007) entre outros autores das áreas de (Meta)lexicografia, Sociolinguística, Dialetologia e Terminologia, que nos forneceram subsídio para a elaboração desta proposta. (Agência de fomento: CAPES). Entre rendas e lendas: léxico e cultura das rendeiras de Raposa, Maranhão Raquel Pires Costa (UFMG – UFMA) O presente trabalho tem como objetivo apresentar os primeiros resultados da nossa pesquisa de doutorado, realizada no POSLIN (Programa de Pós-graduação em Linguísticos da UFMG), na qual realizamos o levantamento e descrição do léxico das rendeiras de Raposa, Maranhão. Raposa é um município localizado a, aproximadamente, 47 km de São Luís, formado basicamente de famílias de pescadores oriundos de
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Acaraú, Ceará, que migraram de sua terra natal na década de 50. A pesquisa pretende responder as seguintes hipóteses: Há um léxico específico no que se refere ao trabalho das rendeiras? Assim como o léxico dos pescadores da comunidade de Raposa, também há unidades lexicais não dicionarizadas no linguajar das rendeiras dessa mesma comunidade? Há casos de manutenção linguística no léxico das rendeiras? As mais jovens mantêm o mesmo acervo lexical das mais velhas? Há diferenças significativas entre a linguagem das rendeiras mais jovens e as de maior faixa etária, no que se refere ao léxico utilizado para se referir à renda? Assim como acontece com o léxico dos pescadores, o léxico das rendeiras têm marcas da estrutura sociocultural do povo nordestino? Buscamos observar em que medida o léxico de uma comunidade que trabalha com a renda retrata a realidade sociocultural desse grupo. Pretendemos, dessa forma, mostrar que os estudos lexicológicos apontam estreita relação entre o homem, a cultura e o ambiente em que se inserem. Nosso suporte teóricometodológico foi, sobretudo, a Sociolinguística (Labov e Milroy), a Lexicologia (Biderman), a Lexicografia (Barbosa, Esquivel e Haensch) e a Antropologia Linguística (Duranti e Hymes). Seguindo o modelo laboviano, partimos do presente, ao coletar nossos dados decorrentes das 15 entrevistas orais realizadas na Raposa, voltamos ao passado, ao consultar dicionários do século XVIII (Bluteau) e XIX (Morais), e retornamos ao presente para estabelecer comparações entre esses períodos. Após análise dos dados, constatamos a existência de um vocabulário regional no qual os vocábulos referentes à renda têm grande destaque e são evidentes as influências das marcas da estrutura sociocultural da região do Ceará onde se situa Acaraú. Constatamos ainda, por meio dos neologismos ocorridos, a grande capacidade criativa dos informantes. Os resultados evidenciam, ainda, aspectos históricos, sociais e culturais da região, destacando a importância do léxico relacionado à renda para o município da Raposa.
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Enraizamento e cultura popular goiana em Cora Coralina Rennika Lázara Dourado CARDOSO (UFG/REJ) Vanessa Regina Duarte XAVIER (UFG/REJ) Ao se pensar em literatura regionalista e, mais especificamente, naquela produzida no e sobre o Estado de Goiás, merece destaque a obra poética de Cora Coralina, poetisa goiana que retrata com saudosismo o eu tempo de juventude e a memória dos velhos costumes da antiga capital do estado, a Cidade de Goiás, como o cultivo de milho, o trabalho do lavrador, o cuidado com a terra, o ofício das lavadeiras, os acontecimentos dos becos da cidade, os objetos usados para o desenvolvimento do trabalho feminino, como os tachos de cobre, o modo de se lavarem as roupas, a preparação de doces e os cuidados com a casa. Para a análise do enraizamento e da cultura popular no léxico da obra poética da autora supracitada, foi desenvolvida uma pesquisa de caráter qualitativo, que tem como corpus as obras poéticas “Poemas dos Becos de Goiás e estórias mais” e “Meu livro de Cordel”, da escritora registrada como Ana Lins Guimarães Peixoto Bretas, mas que usa o pseudônimo de Cora Coralina. Nesse sentido notamos que a Literatura também pode ser um meio de resistência cultural à modernidade e aos lugares socialmente marcados, pois o eu lírico dos seus poemas tem um intenso contato com a terra, com a semeadura, com a colheita e com a religiosidade de sua época, nos revelando elementos culturais de Goiás. Nesse sentido, o objetivo desse trabalho é analisar o enraizamento cultural presente na obra de Cora Coralina que, de acordo com Bosi (1987), refere-se às práticas de pertença e reforço cultural o que se reflete na volta às raízes sociais, históricas e culturais e no resgate de elementos de sua cultura e vivência. Pudemos observar, em seus poemas, as impressões da cultura goiana por meio de itens lexicais, que estão intimamente relacionados às práticas culturais não apenas da Cidade de Goiás, mas de todo o Estado e, mais
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ainda, que possivelmente se assemelham as de diversas regiões interioranas do país. Assim, as obras em análise revelam a forte relação do sujeito goiano com a terra, bem como com o lugar em que vive, sendo estes constitutivos da sua identidade, em decorrência da simbiose entre o eu lírico e o ambiente. Faleceo davida prezente sem sacramentos: apontamentos léxico- culturais sobre os ritos fúnebres em Goiás no século XVIII Vanessa Regina Duarte Xavier (UFG/REJ/PMEL) Maria Helena de Paula (UFG/REC/PMEL) Neste trabalho, objetiva-se tecer considerações de cunho lexical sobre registros de óbitos goianos do século XVIII, que pertencem ao Livro de óbitos 01X, do Arraial de Santa Luzia, atual cidade de Luziânia-Go. Os documentos manuscritos concernentes ao ano de 1786 a 1789 foram editados semidiplomaticamente, com vistas a constituir um corpus fidedigno aos estudos linguísticos de perspectiva histórica. Procedeu-se, então, ao inventário das lexias referentes aos rituais post-mortem, de modo a se realizar a estruturação de campos lexicais, a serem analisados em sua intersecção com a cultura e a História goianas. Os campos lexicais foram estabelecidos pelas relações de sentido entre as lexias, em especial, as de hiperonímia e hiponímia, que envolvem relações do tipo contém/está contido. Assim, podemos mencionar, a título de exemplificação, o campo nações africanas, no qual estão inclusas lexias como mina, benguella, angola. Convém mencionar que este estudo resulta do estágio pós-doutoral, cujo projeto se intitula “Rituais post mortem no Goiás setecentista: edição e estudo lexical de registros da Matriz de Santa Luzia”, em andamento na Universidade Federal de Goiás, Regional Catalão. A presente investigação tem o propósito de discorrer sobre as concepções sobre morte e postmortem que avultam nos documentos em estudo e, em
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especial, a partir da análise dos campos lexicais sacramentos e ritos fúnebres, haja vista que também era uma preocupação dos africanos “garantir que, no momento da morte, fosse possível dar um destino digno ao seu corpo” (MATTOS, 2014, p. 159). Que ritos eram capazes de favorecer a passagem da alma para outro mundo? De que modo os africanos e seus descendentes tinham acesso aos rituais cristãos, os quais demandavam altos recursos? A estas e outras indagações é que procuraremos responder através da análise de alguns registros de óbitos, na perspectiva de que língua e cultura estão intimamente conectadas, o que se evidencia particularmente nos expedientes lexicais. Assim, este estudo enseja contribuir com os estudos históricos da língua realizados sobre Goiás, em especial os voltados para a temática da escravização de africanos e seus descendentes na região. A (in)traduzibilidade das fraseologias do ciwutee para português Zacarias Alberto S. Quiraque (UFG/UEM-Mz) Maria Helena de Paula (UFG/RC) A presente comunicação tem por objetivo procurar descrever de forma geral as técnicas de tradução que podem ser encontradas uma expressão idiomática de uma língua para outra e, de forma específica, encontrar a melhor técnica ou maneira de traduzir uma expressão idiomática ou fraseologias do Ciwutee para o Português. Ademais, o trabalho procura mostrar os diferentes tipos de traduções existentes (literal, literal modificada e idiomática ou oblíqua) e os seus contextos do uso. Teoricamente, o estudo fundamenta-se na definição de Xatara (1998) que considera a indecomponibilidade da unidade fraseológica (quase não existindo possibilidade de substituição por associações paradigmáticas), a conotação (sua interpretação semântica não pode ser feita com base nos significados individuais de seus elementos) e a cristalização
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(consagração de um significado estável) como caraterísticas principais para se identificar uma expressão idiomática. Para além desta autora, também usaremos autores como Valho (1995), Locati (1997), Tendai (1991), Manjate (1997), Larson (1984), que se debruçam sobre as diferentes técnicas de tradução que mencionamos acima, a fim de encontramos a técnica mais adequada para o caso de expressões idiomáticas. Da análise e leitura feitas, concordamos com a perspectiva de Davel (s/d), segundo a qual, no caso das expressões idiomáticas ou fraseologia, a tradução idiomática ou oblíqua constitui o procedimento mais adequado em que os recursos podem dar conta do confronto entre duas línguas por meio de recursos estilísticos e estruturas totalmente diferentes. Esta autora acrescenta que para muitos investigadores, como Vinay e Darbelnet (1977), Vázquez-Ayora (1977) e Newmark (1988), citados por Barbosa (1990), na tradução idiomática substituímos um segmento de texto da Língua Original (LO) por outro segmento da Língua Traduzida (LT) que não o traduz literalmente, mas que é equivalente funcionalmente uma vez que com a tradução literal obteríamos os seguintes resultados: a) ter significado diferente do original; b) não ter significado; c) ser estruturalmente impossível; d) não ter correspondência no contexto cultural da língua da tradução. Em termos da sua estrutura, o trabalho está organizado da seguinte maneira: Introdução, onde apresentamos uma pequena discrição sobre as línguas em estudo seguido de objetivos, metodologia, revisão da literatura, técnicas de tradução, análise ou processamento de dados e, por fim, faremos constar as considerações finais. GT 20 - Língua, literatura, cultura e práticas de ensino Coordenação: Kênia Mara de Freitas Siqueira (UEG/UFG) Nismária Alves David (UEG)
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Este grupo de trabalho objetiva reunir pesquisas de pósgraduação que realizem diversas abordagens nas áreas de estudos de língua e de literatura, relacionadas ao campo da cultura e/ou também reflitam sobre a prática de ensino e a formação do profissional de Letras. Dessa maneira, interrelacionando estudos linguísticos e literários por meio de discussões que versem sobre teoria e prática, espera-se promover a reflexão sobre os fenômenos linguísticos e o letramento literário. Ainda, discutir concepções didáticas a partir da observação da realidade educacional e oferecer propostas metodológicas inovadoras, tanto para o trabalho na escola quanto na universidade, a fim de que todo aluno seja motivado a tornar-se competente no uso da língua e no exercício da leitura crítica. Acolhem-se estudos linguísticos, principalmente os de ênfase no léxico toponímico de maneira geral e suas abordagens em sala de aula, problematizando o fato de que o signo linguístico em função toponímica pode indicar valores axiológicos da história de um lugar, por revelar inúmeros processos motivacionais que culminam com a escolha de um nome específico. Conforme Maria Vicentina Dick (1990), a toponímia apresenta-se como um “complexo línguo-cultural” e, de caráter interdisciplinar, pode exprimir aspectos geográficos, biológicos, sociais, religiosos, entre outros. Além disso, são considerados os estudos literários que, segundo Vicent Jouve (2012), tratam de obras que existem como realidades estéticas, mas também revelam “uma cultura, um pensamento e uma relação com o mundo”, em outras palavras, exprimem o ser humano, configurando-se, dessa forma, a literatura em uma necessidade antropológica. Assim, entende-se a língua e a literatura como expressões da(s) cultura(s), e o processo de letramento, por meio de textos literários, para Rildo Cosson (2014), envolve o uso social da escrita e garante seu domínio. Espera-se que, das discussões empreendidas, sejam obtidas respostas para algumas demandas de professores e de alunos por um ensino significativo como, por exemplo, a
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interdisciplinaridade, o estímulo à leitura e o respeito à pluralidade cultural. O conteúdo cultural das notas de rodapé na tradução de duas tragédias de Sêneca Cíntia Martins Sanches (Unesp/FCLAr) Este trabalho procura explicar e exemplificar como estão sendo pensadas as notas de rodapé para uma tradução do latim para o português, em execução por esta autora, das tragédias Édipo e Fenícias, de Sêneca. A tradução faz parte do projeto de doutorado “Definição do idioma estilístico senequiano nas tragédias Édipo e Fenícias: uma proposta de tradução expressiva”. As notas versam sobre o conteúdo histórico, mitológico e linguístico de determinadas passagens das obras do corpus. Sendo assim, tratam da cultura da Antiguidade Clássica de forma ampla, abordando os costumes, as crenças e a língua do povo romano. Entende-se que abordar esse aspecto é fundamental para dar respaldo à analise realizada no estudo em questão. Além disso, as notas de rodapé são fundamentais para trazer mais qualidade à leitura do texto literário antigo, realizando a ponte entre as culturas dos textos e do leitor de hoje em dia, já que língua e cultura são indissociáveis, e os romanos estão historicamente muito distantes de nós. Para o leitor, pode ser fundamental entender os relatos mitológicos e os costumes ligados ao conteúdo de determinados versos dos textos traduzidos. Isso permitirá que sejam melhor visualizados os procedimentos poéticos, tais como metáforas, metonímias, hipérboles, ironias, entre tantos outros. Dessa forma, as notas fazem parte da metodologia utilizada na análise literária das tragédias, baseada na Teoria Semiótica – identificam-se os recursos poéticos do texto latino e, em seguida, observa-se como a conotação, ou seja, uma linguagem em que predomine a função poética (conceito do semioticista russo Roman Jakobson (2005)), polissêmica por natureza, atua para a conquista de
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cada efeito expressivo. O resultado disso é a íntima ligação entre as partes que irão compor o trabalho final proposto pelo projeto: estudo analítico, tradução expressiva e notas de rodapé. Assim, será possível mostrar, a partir do texto senequiano, as marcas do idioma estilístico do autor, ou seja, os procedimentos de escrita recorrentes e relevantes, que marcam autoria e diferenciam um simples texto de uma obra de arte. (Apoio: FAPESP). Estudos da linguagem e toponímico, trasnposição cultural Cleber Cezar da Silva (IF Goiano-Câmpus Urutaí/ UFG-RC) Mediante a leitura e revisão de algumas teorias da linguagem, esta pesquisa tem por objetivo realizar o cotejo dos trabalhos de estudiosos da linguagem a partir da instituição da Linguística como ciência com Saussure (1967/2008); e os linguistas que se ativeram à relação língua e cultura, como Sapir (1980), Whorf (1956) no que concerne às diferentes abordagens (e outros pesquisadores se necessário), para assim entender que a linguagem é um meio de interação de indivíduos, por meio dela também se transporta o fator sóciohistórico-cultural de um povo, aqui registrados por meio dos estudos toponímicos. É tarefa difícil negar que a linguagem tem um papel preponderante para a definição, expressão e transmissão da cultura. As características de uma língua, tanto em relação à forma, sistema (sua gramática), quanto ao léxico, são imprescindíveis para um conhecimento mais aprofundado da cultura, já que cada língua reflete as condições da sociedade e do círculo cultural em que se insere. Considerada a característica arbitrária do signo linguístico saussuriano, este estudo visa o estudo do signo toponímico que, diferentemente, tem uma origem motivada. Em outras palavras, o signo é diferenciado pela função onomástica, ou melhor, tem a função de identificar nomes caracterizados pela motivação,
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transformando os nomes comuns em nomes próprios por processos que envolvem fatores de diferentes de âmbitos, principalmente, cultural. A metodologia se constitui basicamente, de uma pesquisa de natureza documental bibliográfica, de abordagem qualitativa, para o levantamento e análise interpretativa dos dados. Vale ainda ressaltar que o signo toponímico apresenta caráter pluridisciplinar, uma vez que, pode revelar a história, as particularidades socioculturais dos habitantes e do lugar, o que requer, de certa forma, a contribuição de outras áreas do conhecimento humano. A fundamentação teórica inicial pauta-se em Dick (1990, 1992, 1996, 2004), Isquerdo (1997, 2008), Pereira (2009), Andrade (2010), Costa (2011), Siqueira (2011, 2012), para dar ênfase ao fato de que um topônimo é, segundo Dick (1990), um depositário de um momento de fala e das intrincadas relações que a sustentam, depositário também o é de fatos históricos e do pensamento que configura esses fatos se que, em alguma medida, é por ele configurado. Um topônimo se configura assim um pequeno texto, um condensado de inúmeros discursos. Um estudo comparado entre O mercador de Veneza, de William Shakespeare (1564-1616), e Il pecorone, de Giovanni Fiorentino Débora Machado de Sousa (UFU) O presente trabalho propõe uma comparação entre O Mercador de Veneza (1596-97), do escritor inglês William Shakespeare (1564-1616) e Il Pecorone (1378 – 1385), do escritor italiano Giovanni Fiorentino, numa tentativa de buscar pontos de contato em termos de enredo entre as duas obras. Il Pecorone é uma coleção de cinquenta contos, divididos em vinte e cinco dias. O livro parece ter uma semelhança muito aproximada da obra Decamerão, de Boccacio, cuja data de autoria é também aproximada (Decamerão foi escrito durante
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os anos de 1348 e 1351). A partir da leitura da peça de Shakespeare e do conto de Fiorentino, é possível perceber vários aspectos em comum entre os textos, como a presença do judeu usurário, a mulher que é o motivo pelo qual tanto Bassânio quanto Gianetto precisam fazer o empréstimo, a esperteza de Pórcia e da senhora de Belmont quando se vestem de advogados e são responsáveis pelo desfecho da história, além de Belmont, a cidade fictícia da peça e do conto. Sendo assim, é possível analisar as obras de Shakespeare e de Fiorentino, a partir de uma perspectiva intertextual, levando em consideração os traços aproveitados por Shakespeare e a forma como ele transforma inclusive o gênero (de narrativo para dramático), buscando também suporte nas ideias de BLOOM, NITRINI, NESTROVSKI, além de outros. Além disso, verificaremos, numa perspectiva temática, os elementos que tornam Il Pecorone uma fonte para Shakespeare. Mesmo com uma distância de 212 anos entre uma obra e outra, detectamos a similaridade entre O Mercador de Veneza e Il Pecorone, numa relação comprovadamente influenciada pela fonte italiana, que ainda carece de estudos na academia brasileira. A relação entre Thrall e o imaginário em “World of warcraft” Eduardo de Freitas Siqueira (PIBIC/UEG) Kênia Mara de Freitas Siqueira (UEG - PMEL/UFG) Este trabalho tem como objetivo ampliar as possibilidades de estudo da linguagem para o âmbito dos jogos virtuais, que também têm nas linguagens narrativas seu aspecto preponderante, pois apresentam enredo, personagens constituídos para se movimentarem numa perspectiva característica de cada ação do jogo. Especificamente, este estudo busca o enfoque (relativamente extenso, dada a complexidade do enredo do jogo virtual em questão), sob a perspectiva do imaginário, de um dos personagens principais do
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jogo “World of Warcraft” chamado Thrall. Para tanto, alguns aspectos são considerados, como a origem de seu nome, sua trajetória de vida, relação do personagem com o mundo real, entre outros, com a finalidade de mostrar o quão vasto e amplo de possibilidades para estudos da linguagem, os jogos virtuais podem ser. Assim, pauta-se nos conceitos que Gilbert Durand (2011) apresenta em “O imaginário: Ensaio Acerca das Ciências e da Filosofia da Imagem” para analisar a relação da linguagem com o jogo “World of Warcraft” especificamente, num primeiro momento, no que concerne aos nomes dos personagens, pois estes agem no jogo pautado numa função etimologicamente (simbolicamente) relacionada ao nome que tem no jogo. Nesse sentido, não é forçoso afirmar que este estudo também se alia às linhas de pesquisa em Onomástica e Toponímia, já que pode ocorrer uma incursão pelos nomes dos lugares, às vezes, pano de fundo das tramas do game. Dessa maneira, espera-se que este trabalho represente, de alguma forma, um impulso para que mais estudiosos se interessem por tema, ou seja, haja maior interesse pela linguagem dos vídeo games, uma vez que a presença dos jogos virtuais (não só no Brasil), cresce em níveis acentuados. A metodologia consiste de pesquisa bibliográfica e in loco. De abordagem qualitativa e cunho interpretativo para seleção e construção do corpus. Em termos elementos linguísticos, é necessária a consulta a dicionários etimológicos e ainda investigação sobre aspectos morfológicos, sintáticos e semântico dos nomes um contrapondo com questões referentes ao simbolismo das designações usadas no jogo. Tecendo encontros: poetas e alunos em cena na escola Gleuter Alves Guimarães (UFU) O foco desse trabalho de pesquisa está voltado para a intenção de abrir espaços para a experiência criativa que retire o educando de seu lugar comum por meio da criação de
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dramaturgias poéticas e pela interpretação de textos e personagens. Conduzir o aluno a uma visão interpretativa da leitura de textos poético-dramáticos de forma criativa e prazerosa. A escola de Ensino Médio está diante de um mundo que demanda cada vez mais decisões velozes de um aluno que está caminhando em sua formação como indivíduo pensante e que necessita ter um espaço para se expressar e se preparar para as inúmeras mudanças na vida. A questão que nos colocamos é: A Escola tem cumprido esse papel de dar espaço para a expressão e a criação do aluno? A arte tem sido uma experiência significativa para o aluno? A poesia e o teatro têm ocupado espaços de criação e expressão dentro e para além dos muros da escola? A partir desses questionamentos e da realidade constatada do lugar da poesia e da arte que o presente resumo apresenta o trabalho desenvolvido dentro de uma escola pública na cidade de Araxá- MG. Para que os alunos vejam significado em estudar, conhecer e interpretar a literatura e a poesia, é necessário que se ultrapassem os limites da leitura automatizada em sala de aula. Faz-se necessário que o jovem possa experimentar sentidos, sensações e referências para que o texto poético desperte em sua mente um desejo de conhecer as palavras do poeta e o significado para sua vida, suas reflexões e sua construção como pessoa. Analisando o contexto e as ideias do escritor e buscando trazer para sua conjuntura, o aluno exercita sua interpretação da leitura textual, e repensa o mundo e a vida. Através de oficinas teatrais e de construção de dramaturgias o trabalho visa provocar e instigar o aluno a expressar suas ideias através da interpretação de poemas: seus personagens, lugares e contextos. Criar e recriar cenas buscando uma forma artística de reconhecer e transmitir a ideia dos poetas e suas palavras é o processo que vem sendo construído ao longo desse ano com os alunos participantes do projeto. A pesquisa encontra-se em andamento e até o momento várias situações vêm sendo criadas, discutidas e apresentadas. A metodologia foi pensada com duas frentes de estilos poéticos a serem trabalhados com
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os alunos: uma com poetas e poemas e a outra com compositores brasileiros e seus poemas. A ideia é trabalhar com textos poéticos e musicais fazendo uma relação de seus estilos e contextos, trazendo temas do século XX e da contemporaneidade, buscando uma forma criativa e prazerosa de ler e interpretar as obras. Os poetas selecionados foram: Adélia Prado, Fernando Pessoa, Garcia Lorca, Chico Buarque e Zeca Baleiro. A relação destes poetas e seus tempos tem sido enriquecedora para alunos e pesquisador, despertando além da criação teatral, discussões temáticas dialogando com a experiência e formação do aluno. A mudança toponímica: considerações ecolinguísticas Kênia Mara de Freitas Siqueira (UEG - PMEL/UFG) O processo de conversão de um nome comum em topônimo, nome próprio, conforme Siqueira (2011), revela elementos passíveis de se verificar como o falante atualiza o sentido dos lexemas, já que, no ato de nomeação, os falantes (coletivo ou não) traçam um percurso gerativo de sentido que vai do léxico virtual à palavra-ocorrência. Em outras palavras, o topônimo percorre um caminho semelhante ao dos lexemas comuns, o que o diferencia destes é que o topônimo atravessa o fato que lhe deu origem, resignificando-o através do tempo. Para Dick (1990), a forma linguística do topônimo pode ser analisada sob aspectos intra e extralinguísticos. Os extralinguísticos, considerados sob o enfoque ecossistêmico, remetem à relação entre o topônimo (língua) e o acidente geográfico (a parte apreendida do território), ou seja, estabelece-se uma interação entre o denominador (a população) e o lugar mostrada e perenizada pelo signo toponímico. Da inter-relação população (nomeador) e lugar, advém a motivação toponímica, cujas características físicas do lugar (o topônimo de caráter descritivo) ou das situações histórico culturais, marcam os eventos na memória do nomeador que, em situação de mudança
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toponímica podem, por sua vez, apagar os indícios da motivação que lhes resultou nos nomes. A mudança opera no sentido de desjungir nome e fatores contextuais motivadores pregressos cuja memória pode guardar ainda dados da língua não verificados sincronicamente. Os objetivos aqui colimados consistem em identificar os fatores que constituem a motivação que subjaz às mudanças de designação toponímica por que passou o município de Ipameri desde o início do povoamento no século XIX à designação atual, que, de acordo com o senso comum, trata-se da transposição para a língua tupi da expressão “Entre Rios” (1858), em Ipameri (Ipau-mery). Dessa forma, o estudo requer a identificação de fatos sociais, culturais e dos fatos históricos que concorreram para a consolidação das mudanças do topônimo, interpretados à luz de suas relações com esse ambiente emoldurado pelos dois rios Corumbá e São Marcos. Os procedimentos de pesquisa consistem na sistematização de leituras documentais e de investigação de campo, o que os vincula à indução e seguem os métodos etnolinguísticos, desenvolvendo um percurso onomasiológico de investigação em que, a partir de um conceito genérico, identificam-se as variáveis possíveis das fontes consultadas. Em registros municipais, constam os nomes atuais e os nomes anteriores. Por se tratar de toponímia espontânea, normalmente sem ampla documentação, recorrer-se às fontes orais, ou seja, a pessoas que têm consciência dos fatos por relatos anteriores. Memória, espaço e subjetividade na poesia de Cora Coralina Leila Borges Ao retratar a mulher simples da Cidade de Goiás, Cora Coralina lhe confere importância, realçando seu cotidiano, suas experiências e sua condição, contextualizada em uma particular realidade social, cultural e espacial. Em poemas
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como Mulher da vida, Lavadeira, Todas as vidas, Minha Infância, Poema do milho e Becos de Goiás, são percebidas a rejeição e a invisibilidade, matéria de inspiração e veículo de identificação da menina Cora, presente em sua sensibilidade de poetisa e em sua memória afetiva, que espelha o vivido em sua infância. A memória e o espaço dos quais Cora era proveniente, são os elementos objetivos que, filtrados pelo seu olhar individual, constituem essa percepção. Entendê-los se faz essencial para a perspectiva sociológica e histórica desse estudo. Para tanto, parte-se de categorias como memória coletiva de Maurice Halbwachs e a relação espaço, tempo e narrativa de Paul Ricoeur, além do pressuposto teórico da crítica literária embasada na relação texto e contexto e realidades subjetiva e objetiva, presentes no pensamento de Antonio Candido e de Pável Medviédev, que afirma ser o objeto principal da literatura, o conjunto de valores sociais de uma época, assim como maior missão da arte, seria a de dar acabamento estético a um determinado contexto histórico. O objetivo principal desse estudo, portanto, é o de apreender, por meio desse arcabouço teórico, a subjetividade construtiva da poesia de Cora Coralina. Manaus: reminiscências da juventude Neire Márzia Rincon (UEG) O discurso literário estabelece um interminável jogo de relações entre o texto e o contexto, sem ignorar que os bens culturais e simbólicos são partes de um todo social, e não puro reflexo dele. E a literatura sendo, sobretudo, “um discurso privilegiado de acesso ao imaginário das diferentes épocas” (PESAVENTO, 2006), passou a tematizar a cidade na ficção. Na literatura brasileira, desde o final do século XIX até a contemporaneidade, diversos escritores representam a experiência urbana na forma literária. Certo é que as cidades não são iguais, pois suas relações com a história e a cultura dão-se de maneira específica, diferenciada. Neste sentido, na região Norte do
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Brasil, nos anos finais do século XIX, milhares de pessoas provocaram o inchaço da cidade de Manaus, atraídas pela produção da borracha, alçando a capital do Amazonas à condição de centro de significativa importância no cenário econômico. Cidade esta tematizada pelo escritor Milton Hatoum no conto “Varandas da Eva”, objeto de análise neste trabalho e que integra a obra A cidade ilhada (2009). O referido conto é narrado em primeira pessoa, cujo narrador retorna adulto ao lugar de origem após longo tempo distante e, através da restauração do passado vivido e registrado na memória, presentifica a urbe de outrora. Suas lembranças são despertadas por objetos e lugares da cidade manauara (pontos de referência afetiva), que vão dando legibilidade a urbe na “racionalidade geometrizante e no emaranhado de existências humanas” (CALVINO, 1990). A leitura que Milton Hatoum faz da cidade de Manaus revela-se uma tentativa de recuperar o passado perdido (re)construído como linguagem no presente, pois, como acredita o autor: “a viagem mais fecunda: [é o] movimento da palavra poética rumo à origem”. Rememorar as ruínas do passado – pessoais e urbanas – ajudam o narrador a compreender o incompreendido, a entender o dito e o não dito. Um espaço revelado pelo narrador nas referências à arquitetura urbana e à intensidade das relações humanas vividas nos tempos de adolescência, ressaltando um lócus outrora alegre, feliz e cultural: “as festas no Fast Clube e no antigo Barés, bailes a bordo dos navios da Booth Line, serenatas (...) na calçada do bar do Sujo, na praça da Saudade”, o “Teatro Amazonas” e os cinemas “Éden, Guarany ou Polytheama” (HATOUM, 2009, p. 7-9). Uma cidade que vive as mudanças profundas no modo de vida de seus habitantes no presente como resquícios da urbanização e industrialização provocadas pela modernização.
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O topônimo Maratá: relação entre população, tradições históricas e língua Marianny Aparecida Resende (PIBIC/UEG) Kênia Mara de Freitas Siqueira (UEG/PMEL/UFG) O objetivo deste estudo é descrever e analisar de forma ecossistêmica o topônimo Maratá, nome de um lugar com cachoeira homônima da região pertencente ao município de Pires do Rio, a fim de elucidar as motivações subjacentes à escolha do nome para esse lugar. Para tanto, faz-se necessário verificar os fatores que concorreram para que o nome escolhido seja, na visão do denominador, “parecido” com o lugar em termos icônicos (metafóricos) ou por motivações que envolvem fatos que fazem parte da cultura e história do lugar. Isso requer a identificação de fatos sociais, culturais, acidentes geográficos (quando pertinente), fatos históricos e outras motivações de diferentes naturezas. A metodologia utilizada (empregada em Onomástica) nesta pesquisa é o amálgama de procedimentos de abordagem qualitativa e cunho interpretativo. Consiste também no levantamento bibliográfico, leituras e de investigação de campo, seguindo os parâmetros etnolinguísticos. Dessa maneira, é possível produzir o mapeamento da região do ponto de vista da motivação dos designativos (outros se houver) coletados durante a estada in loco. Sob a ótica linguística, fazem parte do estudo, a etimologia dos topônimos (pretende-se coletar outros topônimos do lugar), a estrutura morfossintática e semântica. Pode-se dizer que este estudo tem, nas premissas ecolinguísticas, sua fundamentação teórica, pois um estudo ecolinguístico procura evidenciar a inter-relação língua e ambiente, considerando a interação entre a população e o território para formação do topônimo. Conforme Siqueira (2011b), é consensual ver a toponímia como “manifestação oral dos grupos humanos (população) que ocupam e observam (ou ocuparam e observaram) um determinado espaço físico (um território)”. Assim, os topônimos não podem ser estudados sem
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considerar o contexto/ambiente em que se inserem, porque a nomeação de um lugar nunca está dissociada de sua história, de seu ambiente e das bases culturais que revestem as interrelações pessoais de dada população. Dessa forma, é possível buscar a motivação que subjaz à nomeação do lugar identificando seu envolvimento geográfico e a relação com os fatos linguístico históricos que intervém na escolha de um nome para designar um lugar. O leitor na prosa de Maria Valéria Rezende Nismária Alves David (UEG) No cenário plural da literatura brasileira do início do século XXI, merece destaque a escritora Maria Valéria Rezende. Nascida em 1942, na cidade de Santos (SP), foi ordenada religiosa pela Congregação de Nossa Senhora, Cônegas de Santo Agostinho em 1965. Com o propósito de se dedicar à educação popular, a partir de 1972, passou a viver em Pernambuco e, depois, em Paraíba, vindo a residir na capital João Pessoa desde 1986. Sua primeira obra, Vasto Mundo (contos), foi lançada em 2001, tornando- se autora tanto de ficção quanto de poesia já em sua maturidade. Dentre sua produção literária, neste trabalho, destaca-se a narrativa Ouro dentro da cabeça, publicada em 2012. Com colagens digitais, feitas pelo ilustrador Diogo Droschi, as quais remetem ao cordel, e com uma linguagem bastante fluida, o livro conta a história de um jovem rapaz que recebeu, ao longo da vida, diferentes nomeações como “o miúdo” e “Coisa- Nenhuma”. Antes morador do sítio Furna dos Crioulos, povoada apenas por analfabetos, o referido protagonista inventa seu próprio nome, Marílio da Conceição, e representa o neoleitor ou o leitor em formação, o qual se desloca para outros lugares na busca de se apropriar do código escrito, devido ao seu encantamento pelo objeto livro. Ainda estabelece-se uma relação intertextual com Dom Quixote de La Mancha, pois o personagem tem o desejo de viver lendo livros. Abordam-se os
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passos do sujeito que se forma leitor, a saber: a reprodução de histórias contadas por outros, a criação de próprias histórias, o ouvir histórias dos livros e da vida, a observação de ilustrações, entre outros. Adotando a perspectiva interdisciplinar dos Estudos Culturais na análise do enredo, destacam-se também aspectos como a tradição oral e religiosa, o mundo rural, a questão da reforma agrária e a marginalização nas cidades. Como escreve Rezende (2012), a leitura singulariza-se para a descoberta do mundo e do segredo das palavras, por isso, a partir deste estudo literário, como diria Vicent Jouve (2012), confirma-se que a literatura possui uma função antropológica no sentido de dar a conhecer tudo o que se refere ao humano e à sua cultura. Do inaudito à carne: estudos da poesia erótica brasileira Paulo Antônio Vieira Júnior (UEG) Michelle Gomes Soares (UEG) Nathália Scalabrine Rocha (UEG) Sandro Baida Garcia Coutinho (UEG) A presente comunicação objetiva apresentar a pesquisa, ora desenvolvida (2015-2017) na UEG de Pires do Rio, que empreende leitura crítica de poetas brasileiros que atualizaram, na modernidade, os temas do erotismo. Tal estudo tem se realizado em diversas frentes, ao contemplar a obra de Laurindo Rabelo, João Cabral de Melo Neto, Gilka Machado, Yêda Schmaltz e Olga Savary, em subprojetos desenvolvidos pelo coordenador do projeto, por alunos de Iniciação Científica e graduandos concluintes do curso de Letras. Tais segmentos convergem para assinalar configurações assumidas pelo erotismo praticado na modernidade literária e sistematizar estudos que venham mapear os modos de manifestação e as tendências assumidas na representação do erotismo na poesia moderna brasileira. Um dos objetivos fundantes da pesquisa é
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introduzir alunos de graduação na pesquisa acadêmica e atacar um problema visceral na formação letrada brasileira: o crescimento dos índices de analfabetismo secundário, mesmo entre indivíduos com formação superior. A tendência contemporânea tem sido a de promover a formação cultural e sentimental dos indivíduos pelos símbolos pop. O fenômeno denominado por Hans Magnus Enzensberger (1995) de “efeito aspirina”, característico da modernidade industrializada e tecnológica, “diluiu” os padrões de qualidade sustentáveis, para formar consumidores da cultura pop. O projeto em desenvolvimento se situa na contramão dessa vertente ao propor a formação de pesquisadores investindo na prática de leitura de obras literárias e fomentar a prática de leitura de poesia lírica entre graduandos. Leitura subjetiva de poemas Sandra Helena Borges (UFU) A leitura subjetiva está no centro das discussões atuais sobre ensino de literatura. Seus estudos foram iniciados em 1986 quando se deu a teorização do leitor real, empírico; em oposição ao leitor virtual, implícito ou modelo instituído pelas obras, pelas estratégias autorais e as codificações literárias. Este leitor real constrói paulatinamente, com liberdade, uma boa relação com a leitura literária, que é vista como um jogo, no qual o leitor desempenha papel preponderante. No entanto, o jogo não é programado pelo processo de criação artística, como colocam os estudos recepcionistas, mas constitui o ato de ler em si. Sendo assim, compete ao leitor estabelecer as regras do jogo, organizar seu modo de jogar, aproximando-se ou distanciandose das normas criadas pelo autor. É necessário, então, que a escola conceba liberdade a este leitor no ato da leitura, no sentido de ter o direito de admirar, criticar, ficar indiferente a obra; ou ainda de opor o seu gosto pessoal e subjetivo de leitura aquele dito universal e coletivo. Mas, por outro lado, é preciso
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que esta instituição mostre a ele que os códigos fixados pelas obras literárias, enquanto objetos artísticos da linguagem devem ser respeitados. A leitura subjetiva, também chamada de cursiva, autônoma e pessoal, não nega a leitura estética, embora não leve o aluno leitor a analisar o detalhe do texto, mas a perceber o sentido no mesmo. Desta maneira, ela solicita igualmente os investimentos estético e ético do aluno leitor no texto do autor como sujeito real, enfim, como condições para o funcionamento da comunicação literária e como necessários para as experiências das leituras. Assim, as obras não são vistas unicamente como realidades estéticas, mas também como objetos de linguagem, que exprimem uma cultura, um pensamento e uma relação com o mundo. Portanto, a leitura subjetiva autoriza o fenômeno da identificação, que constrói e alimenta a interioridade do aluno leitor e convida-lhe a uma apropriação singular das obras através da transação efetuada entre este e o texto do autor, na qual o seu imaginário constrói seu próprio texto, desestabilizando a noção de objeto finito, estável, objetivável. Assim, a transação entre aluno leitor e texto do autor decorre não só das representações do segundo, como crê a leitura estética, mas igualmente das experiências, saberes e representações pessoais que o primeiro tem de si mesmo e do mundo. Pretendemos exemplificar a leitura exposta com um planejamento que fizemos para a leitura de um poema infantil de José Paulo Paes do livro É isso ali: poemas adulto-infanto-juvenis. O evento de letramento foi observado e relatado na pesquisa “Ler e brincar, animar e cantar: uma experiência rumo ao letramento literário”, que será apresentada em julho do presente ano. A voz do cisne e o Barroco: reflexões para contemporaneidade Thomaz Heverton dos S. Pereira (UFBA)
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O presente ensaio tem o objetivo de estudar o Barroco, na figura do autor Antonio Vieira, em função da sua importância para os estudos literários em nossa época contemporânea e em função da necessidade de incluir parte do corpus textual do autor na prática de ensino da sala de aula na educação básica do Brasil, dada a pertinência e a atualidade de suas ideias. Conceber e identificar Antonio Vieira como escritor barroco compreende duas possibilidades de leitura a priori: a primeira referente à caracterização em se baseia a historiografia literária para inseri-lo no período em questão; a segunda, por consequência, pelo fato de que há um estilo que o possa nomear como tal e que, portanto, enseja a construção do discurso literário do escritor Vieira. Se quisermos ainda mais, uma terceira: múltiplas possibilidades de estabelecer relações de sentido entre o discurso literário de Vieira e suas temáticas com os escritos de autores modernos e contemporâneos. Mas que relevância tem, para nós, da contemporaneidade, Vieira ser barroco enquanto escritor? É sabido que os estudos do barroco não permanecem estacionados no século XVII, mas ultrapassam a temporalidade e nos atingem, haja vista o homem barroco seja prenúncio do homem da contemporaneidade. Diante disso, “a rasura ideológica”, o eu-clivado, o engenho e o conceptismocultista reacendem temáticas na contemporaneidade, formalizando o processo de identidade, de certa forma, àquele que delineou nessa teia discursiva tais caracteres: Antonio Vieira. Nesse ínterim, a prática de ensino com textos de séculos anteriores ao atual é salutar ao aprendizado dos estudantes das escolas públicas brasileiras hodiernas, ora pelo contato com a cultura brasileira da época textual, para assim, compreender aspectos de natureza linguístico-literária, política, religiosa, entre outros; ora para assegurar a concretização constitucional da educação pública que é a de conduzir o aluno, especialmente, de escola básica à formação humanística.
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GT 21 – Literatura afro-brasileira: configurações e contingências Coordenação: Cintia Camargo Vianna (UFU) Lucília de Sousa Teixeira Leão (UFU) Os Estudos Literários vem sofrendo significativas transformações em seu cerne, principalmente no que diz respeito à natureza do objeto e as tratativas que esse objeto demandará. Mudanças essas que, para nós, começam a acontecer nas últimas décadas do século passado, intensificando-se nas discussões sobre a natureza dos Estudos Literários no século XXI, motivadas, por exemplo, pela introdução dos Estudos Culturais no contexto acadêmico. Os Estudos Culturais ocupar-se-iam, de modo amplo, de discussões sobre a natureza e a abrangência de produções culturais e, particularmente, sobre como se construiriam as identidades culturais, por indivíduos, por grupos, além de pensar essas identidades inseridas em contexto de mercado, de Estado (as relações de poder e a indústria cultural), a mídia e as grandes corporações. Nesse caso, os Estudos Culturais incluiriam em seu cerne os Estudos Literários, visto que tratariam da produção literária na mesma condição que a de outros produtos culturais (HALL, 2003). Assim, é sobre essa oposição entre duas vertentes, uma que prevê a cultura como expressão do povo e outra que prevê a cultura como uma imposição sobre o povo que se desenvolvem os Estudos Culturais. Alguns entre nós até admitem a necessidade de diálogo com outras ciências para que se empreenda uma prática de Estudos Literários mais atual e eficiente. Apesar disso, Perrone-Moisés (2007) destaca em “Vira e Mexe, nacionalismo: paradoxos do nacionalismo literário”, a necessidade de não limitar os Estudos Literários, com viés culturalista, a avaliação e discussão sobre a temática tratada nos textos literários como se esse fosse o principal objeto da pesquisa. Além disso, aponta a deficiência no manejo das outras ciências humanas por parte
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dos culturalistas, por, entre outras coisas, a falta de formação específica. Se assumirmos a perspectiva de Eduardo de Assis Duarte (2008) para quem estaríamos diante da constituição de um perfil, de um cânone ou um rol de autores, traços estéticos, problemas temáticos para a literatura afro-brasileira, pensamos que um dos critérios a ser adotado para categorização desses textos, publicados ou não, seria o da representação do sujeito negro e de sua cultura, em textos escritos por negros ou não negros. Sendo assim, esse GT aceitará trabalhos que tenham como objeto a produção de literatura afro-brasileira, ampliando a ideia de literatura, para incluir em nossas discussões textualidades não canônicas como músicas, cantigas religiosas, raps, por exemplo, que necessitam de aporte analítico outro além daquele oriundo da teoria literária propriamente dita, textos que apresentam para ser compreendidos uma demanda interdisciplinar. Trabalhos que tratem de textos literários ou outras textualidades, estaríamos diante de um material inserido em uma nova cartografia para a produção artística contemporânea, na qual não trabalharíamos exatamente com as categorias de nacional e internacional, por exemplo, mas, sim, num plano de redefinição para os pertencimentos. O rap e a literatura afro-brasileira Ana Ligia Faria Teixeira (UFU) Cintia Camargo Vianna (UFU) Este trabalho tem por objetivo propor um panorama geral do estado da arte do Rap no Brasil, assumindo que as músicastextos produzidas pelos Racionais MC’s sejam exemplares desse cenário. Essas músicas-texto são entendidas como uma forma de Literatura Afro-brasileira como prevê a proposta de Eduardo de Assis Duarte (2008), que considera a literatura afro-brasileira um conceito em construção, descartando fatores extraliterários e colocando em evidência algumas constantes
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discursivas que têm sido usadas como critérios de caracterização. Dentre essas constantes discursivas, destacam-se a temática – o texto literário tem o negro como principal tema, resgata a história do povo negro na diáspora passando pela escravidão e indo até a glorificação de seus heróis, abarcando tradições culturais ou religiosas transportadas para o Brasil e dramas vividos na modernidade brasileira; a autoria - sendo o autor afro-brasileiro e levando em consideração o sentido da expressão e as individualidades surgidas no processo miscigenador, compreendendo como condição discursiva integrada na materialidade da construção literária e não como um fator extraliterário como a cor da pele ou condição social; o ponto de vista - não basta ser negro ou utilizar-se do tema, é preciso ter uma visão de mundo identificada ao conjunto de questões e problemáticas da vida dessa população; a linguagem - se constitui em discursos específicos, com novos ritmos, significados e vocabulários provenientes das práticas linguísticas da África e inseridos em curso no Brasil pelo processo transcultural e, finalmente, o público leitor afrodescendente como fator propositado próprio dessa literatura que a diferencia do projeto que norteia a literatura brasileira em geral. Eduardo de Assis Duarte (2008), ainda destaca que estes elementos isolados são insuficientes e não propiciam o pertencimento à Literatura Afro-Brasileira, eles devem estar relacionados. Então, para afirmar que as músicas-textos dos Racionais MC’s são parte do conjunto da Literatura AroBrasileira, apontaremos a presença dos critérios acima elencados em sua composição. O impropério inesperado: uma abordagem sobre a criança negra em textos memorialísticos Angela Teodoro Grillo (USP) O presente trabalho advém de uma parcela da minha pesquisa para doutoramento, em Literatura Brasileira, desenvolvida na
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Universidade de São Paulo e financiada pela FAPESP. Esta comunicação visa discutir o preconceito racial ocorrido na infância, a partir de textos memorialísticos de alguns artistas e intelectuais negros da diáspora. Foram escolhidos escritos de Lima Barreto, Mário de Andrade, Maria Carolina de Jesus, Charles Mingus e D. W. E. DuBois. Nesses textos, em prosa e verso, mostra- se que na infância ocorre o primeiro momento em que o negro se depara com o racismo, o que gera um conflito com a autoimagem que se, até aquele momento, não era para ele perturbadora, passa a ser. O trabalho pretende contribuir para o debate sobre a Literatura Negra e ou Afrobrasileira, bem como para o conteúdo dos cursos de formação de professores da educação básica. Em tempos ainda de discussão sobre obras, como Caçadas de Pedrinho, em que se avalia o que entra ou não em sala de aula, é preciso destacar que o docente deve estar atento a condutas que acometem a imagem da criança negra. Os textos memorialísticos aqui eleitos permitem que o leitor entre em contato com consequências geradas pelos vitupérios do preconceito - geralmente, trata-se de um racismo invectivado por crianças brancas e ou socialmente brancas as quais revelam e reproduzem um comportamento do adulto. Os excertos destacados possibilitam ainda a discussão sobre alteridade, aspecto fundamental na formação de um professor e ou de um pesquisador de literatura. O estudo serve-se, para a interpretação dos textos, de obras de Erving Goffman, Stuart Hall, Cuti e Lilian Thuram. A abordagem interdisciplinar procura encontrar perspectivas que deem conta da complexidade do tema e, sem pretender esgotá-lo, ao contrário, instigar a discussão. Ritmos de escrita Daviane Moreira e Silva (UFG/REJ) Esta proposta de trabalho contempla a produção crítica e poética de Edimilson de Almeida Pereira, buscando mapear a
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construção de um cânone literário afro-brasileiro, para o qual o autor contribui tanto como poeta como crítico. Como poeta que escolheu seus antecessores literários e os pares com os quais dialoga, Edimilson de Almeida Pereira opta, no âmbito estético, por autores consagrados no cânone nacional, como a tríade Bandeira, Drummond e João Cabral de Melo Neto. Pereira escolhe Drummond para “abrir” O Lapassi & Outros Ritmos de Ouvido com a pergunta “Como vive o homem, se é certo que vive?”, questionamento que perpassa não apenas este livro mas os demais e ecoa parte das pesquisas do poeta e da observação de Sebastião Uchoa Leite no prefácio da obra supracitada sobre o caráter antropologico da poesia, “não no sentido mais superficial de uma poesia temática e sim no sentido mais vertical que incorpora o ponto de vista nuclear do ser humano como centro das preocupações.” As primeiras referencias aqui apontadas aparecem mais comumente associadas ao cânone literário; as referencias seguintes, por sua vez, são canônicas dentro de um grupo de poetas e leitores, como na sessão “Passeios”, os poemas “divididos” com Ricardo Aleixo e Langston Hughes, destacado no movimento Harlem Renaissance e na tentativa de criação da jazz poetry, movimento de afirmação identitária dentro da literatura, com a cadencia do jazz dentro da poesia servindo para a construção de uma poesia afroamericana pura. Encontramos referencias para a construção de um cânone particular que não se limita a presença de autores fora do cânone convencional, englobando outros construtores do fazer poético, num alargamento do que é entendido como poesia. A inserção do cantopoeta brasileiro e a existência de uma estética bantu católica também é perceptível na obra de Pereira e será contemplada neste trabalho. No exercício do diário íntimo: a escrita rasurada de Carolina Maria de Jesus Fabiana Rodrigues Carrijo (UFG/RC/Ledif/Edule)
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Ao discutirmos sobre uma discursividade literária em Carolina Maria de Jesus, esperamos colocar em funcionamento como um processo de subjetivação institui posições-sujeito diversas e/ou contraditórias. Impetramos analisar como um sujeito- autor, a exemplo do que propôs Foucault (2011), se vale de signos, letras e palavras para compor, por meio da inquietante linguagem da ficção, suas unidades, seus nós de coerência e sua inserção no real. Não temos, a rigor, neste trabalho, o intuito de problematizar o que seria da ordem do literário por crermos que, ao evidenciar a discursividade em Carolina Maria de Jesus, outras questões serão invitadas e, neste caso, intencionaremos singularizar as marcas de um sujeito autor em seus escritos. É interessante destacar que esses sujeitos, os enunciadores, a quem é dado o direito de enunciar nestas produções (nos diários de Carolina), são uma construção do sujeito- autor, um sujeito constituído historicamente, que ocupa um lugar social de onde enuncia. Se a escrita apreendida na materialidade linguística constituída pelo Quarto de Despejo – diário de uma favelada, de Carolina Maria de Jesus é rasurada, certamente, porque deixa entrever as regularidades e tentativas de inscrição/circunscrição em um mundo exterior em que da função autoria foi exigida a afeição à norma padrão da língua. Cônscia do papel que lhe seria estabelecido para ser aceita em um intitulado modelo 1 , a saber, o literário, Carolina, enquanto sujeito-autor, tenta se valexperimento de inscrição nos moldes acadêmicos em voga. Contudo, ao arriscar-se na aventura de ser aceita e pertencer a esta denominada academia, deixa os rastros de suas titubeantes inscrições no código estabelecido como letrado, pois, seguramente, os dois anos cursados no antigo primário não lhe garantiriam tal pertencimento, mesmo para alguém autodidata. Insistimos na acepção rasurada para evidenciar que o exercício da ‘escrita de si’ – nos moldes foucaultianos – é desvelador desta tentativa do sujeito-autor de se apossar de um código de língua padrão para agradar e/ou para ser aceita em uma dada comunidade acadêmica, cujo passaporte de entrada ou convite, entenda-se,
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‘carta de aceite’ era, seguramente, dominar a língua, em sua modalidade padrão. Então, para longe do que possa ser discutido em termos de literatura e/ou o que seria a literatura acrescida ou não do adjetivo canônica ou ‘não-canônica’, a grande questão que se coloca, por ora, é que a discursividade de Carolina Maria de Jesus resiste, sobrevive e situa em outro lugar – talvez para além do que possa ser atestado/creditado pela noção do cânone. A música e a literatura afro-brasileira no final do século XIX e início do século XX: analisando produções poéticas dentro e fora da tradição literária Patrícia dos Reis (UEA) O presente artigo apresenta os primeiros resultados de uma pesquisa que tem como objetivo encontrar respostas para as seguintes questões: uma vez que muitos afro-brasileiros no período pós-escravidão não faziam parte da tradição literária brasileira, de que forma expressavam seus sentimentos e seus ideais? Que manifestações artísticas substituíam o papel e a pena, e como estas davam voz ao negro no Brasil? Uma pesquisa documental sem dúvidas enriqueceria essa investigação, no entanto aqui nos limitamos a uma pesquisa bibliográfica, com seus procedimentos metodológicos próprios, a fim de explorar um período da história do Brasil, buscando nomes e obras significantes dentro da tradição afro-brasileira. Aqui fazemos um levantamento dos principais escritores do século XIX e entre eles identificamos aqueles de descendência africana. Listamos e comentamos o trabalho de Luiz Gonzaga Pinto da Gama (1830- 1882), Tobias Barreto de Menezes (18391889), Antônio Gonçalves Crespo (1846- 1883), José do Patrocínio (1853-1905) e João da Cruz e Souza (1861-1898). Também apontamos nomes ligados à música, por ser essa uma das vias de expressão mais acessíveis ao grupo. Destacamos Ismael Silva
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(1905-1978), Angenor de Oliveira (1908- 1980), Ataulfo Alves (1909 – 1969), Nelson Antônio da Silva (1911-1986) e Antônio Candeia Filho (1935-1978). Este artigo é uma breve introdução a uma pesquisa que poderá gerar frutos futuros, considerandose a importância de analisar a produção poética afro-brasileira produzida fora da norma culta. O quadro teórico que serve de base para este trabalho é formado por Alfredo Bosi, com sua obra História Concisa da Literatura Brasileira (1994), Antônio Cândido e a Formação da Literatura Brasileira (1975), Nei Lopes com sua obra O Negro no Rio de Janeiro e sua Tradição Musical (1992) e José Ramos Tinhorão com a Pequena História da Música Popular (1991). Além destes trabalhos, consideramos também a reflexão de Eduardo de Assis Duarte, em “Literatura afro-brasileira: um conceito em construção” (2008) sobre a atuação do escritor negro no Brasil e sua relação com a literatura brasileira canônica. Os olhares e o papel do narrador na produção de Um estranho em Goa de Agualusa Rosa Maria da Silva Gonçalves (IFRO/UFU) O narrador do livro “Um estranho em Goa”, do angolano José Eduardo Agualusa é um alterego do escritor. A obra permite ao leitor deparar-se com os espaços de três continentes em meio a uma mistura cultural de vários lugares que fazem surgir a identidade pós-colonial do território indiano de Goa, local de colonização portuguesa. As categorias cultura e identidade vêm à tona por meio do narrador-viajante-personagem, José, um jornalista angolano, que se desloca até a Índia e constrói no âmbito ficcional as memórias vivificadas de um sujeito misterioso, ressaltando o papel das recordações de um povo. Trata-se de Plácido Domingo, um ex-militar e agente secreto de Angola que contribuiu com o povo angolano, na guerra contra Portugal e na luta pela libertação, em meados de 1960. Após essa fase, o homem perpassa por vários lugares repletos de
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mistérios, cores e cheiros, dentre os quais, a região amazônica. No início da história, o narrador menciona que fez uma viagem a fim de encontrar Plácido Domingo – protagonista – pois queria saber qual teria sido seu final. O narrador angolano, assim como o autor, tem vivência brasileira e cultura portuguesa. Logo, há uma interação entre o narrador e o autor. A obra em estudo é uma fusão de gêneros textuais: romance, conto e diário de viagem. Sabe-se que são vários os olhares que se voltam às produções escritas nas literaturas africanas. Desse modo, o olhar de José permite situar o leitor nos fatos históricos dos anos de luta pela independência. Nessa comunicação, a atenção volve-se às questões da memória, do esquecimento, da descolonização e da identidade que são temas frequentes na produção literária de Agualusa. Mais uma vez a obra literária rompe as fronteiras do além-mar. Nessa perspectiva, foram utilizados como aporte teórico os estudos de Ricoeur (2007), Homi Bhabha (2013), Mata (2003), Gagnebin (2009) e Hall (2013). GT 22 – Literatura e estética da política: a distribuição do sensível na contemporaneidade Coordenação: Luiz do Nascimento Carvalho (IBIOTEC – UFG/RC) João Paulo Ayub (INHCS – UFG/RC) As discussões que atravessam as dimensões da estética e da política encontram um lugar privilegiado no universo das expressões artísticas. Tais discussões sinalizam, cada vez mais e de modo radical, para a necessidade de uma construção de perspectivas de análise que vão além das fronteiras disciplinares. O resultado deste processo de atravessamento das fronteiras revela um diálogo bastante fecundo entre os campos de estudos da literatura, filosofia, psicologia e ciências sociais. A investigação das práticas políticas contemporâneas, seja a
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partir da configuração de subjetividades políticas, seja a partir do enfoque nos movimentos sociais de contestação, transgressão e resistência às instituições e ações governamentais, encontra no âmbito dos “modos do sentir” – atos estéticos como configurações da experiência – um espaço privilegiado de fundamentação. A proposta de uma investigação cujo cerne se localiza na estética da política deve, portanto, ser capaz de perceber o encadeamento da expressão estética com as formas a partir das quais os sujeitos na contemporaneidade realizam a visão e a divisão dos espaços, do tempo e das atividades no interior de uma comunidade. Na esteira do pensamento do filósofo francês Jacques Rancière, percebe-se que é exatamente no interior deste processo – que consiste numa espécie de “partilha do sensível”, onde ao mesmo tempo vislumbra-se a divisão do que é comum e a segregação de espaços de exclusividade –, que se verifica a formação de toda comunidade possível. Nesse sentido, serão bem vindos trabalhos empenhados na discussão dos seguintes temas: literatura das margens, cultura das bordas, voz dos subalternos, poética da diferença, identidade e abjeção entre outros. Valorizam-se, sobretudo, propostas de trabalho interessadas no atravessamento das fronteiras disciplinares, capazes também de promover o diálogo entre as diferentes expressões artísticas, a literatura, a música, o teatro, o cinema e as artes plásticas. Beckett, Adorno e estética da política na contemporaneidade: “fim de partida” na experiência do corpoencena Andreia Cristina Peixoto Ferreira (UFG/RC) Neste Trabalho abordamos possíveis contornos estéticos e desdobramentos culturais e políticos da Obra/Peça “Fim de Partida” de Samuel Beckett na contemporaneidade, adentrando em nuances do percurso de sua montagem e
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encenação pelo Grupo Artístico Corpoencena. O foco empírico reside na composição dessa experiência na dinâmica do Programa de Extensão e Cultura “Corpoencena, Formação e Experiência Estética: Produção Artístico-Cultural e Pedagógica no Sudeste de Goiás” em realização na Regional Catalão da UFG, no qual busca se inspiração teórico-metodológica no tenso entrelaçamento entre Educação Física, Arte, Pedagogia, Filosofia e crítica cultural/social. O Grupo Corpoencena vem desde 2008 desenvolvendo interdisciplinarmente ações de extensão e cultura relacionadas à investigação, produção cultural e intervenção pedagógica com linguagens corporais e artísticas imanentes à Dança, Ginástica Geral, Artes Circenses, Lutas, Esporte na interface com o Teatro, a Música, o Cinema e a Literatura. Nos processos de criação e formação do Grupo, buscamos elaborar partituras corporais para a encenação de composições cênicas inspiradas na literatura, nos ritmos e motivações da cultura erudita e popular, e em temas relacionados à crítica cultural e social. Desde o final de 2014 o grupo percorre os desafios da imersão na montagem cênica do “Fim de Partida” de Beckett, relativos a apreensão da concepção, conteúdo e forma do texto literário; aos laboratórios de leitura; a objetivação do roteiro cênico; a composição corporal dos personagens, do cenário, figurino, etc. Um campo fértil para essa perspectiva de produção e investigação são as inferências da Teoria Crítica da Sociedade da Escola de Frankfurt, em especial as formulações sobre educação, política, ética e teoria estética no campo da crítica social e cultural. A teoria crítica da sociedade – sobretudo o conjunto de formulações particulares aos filósofos da primeira geração do que se convencionou chamar “Escola de Frankfurt” – descende, em linha direta, da tradição inaugurada pelo pensamento germânico no século XVIII. Daí a relevância do assim chamado “romantismo alemão”, antecessor primeiro de uma filosofia crítica à sociedade a partir da estética, essa compreendida já nos termos propostos por Alexander Baumgarten para designar o âmbito da totalidade de nossas experiências sensíveis. O
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conceito de estética surge no século XVIII propondo-se a examinar a dimensão empírica das sensações, desprezada pelo racionalismo. Baumgartem define a palavra como ciência do conhecimento sensível; em referência ao termo Aesthetica, do grego Aistesis = sensação. A centralidade cada vez mais acentuada da cultura – Kultur, noção formulada em contraposição a Civilization francesa – como esfera imprescindível que permitirá no decorrer de dois séculos (XVIII e XIX), tanto engendrar quanto problematizar a identidade do povo alemão, e que mais tarde, século XX, permitirá ao pensamento deslindar os sofisticados mecanismos de dominação social engendrados pelo capitalismo do pósguerra, dirigiu a atenção dessa tradição do pensamento filosófico que se auto-intitulou Teoria Crítica da Sociedade. Desse modo, a atenção despendida por essa perspectiva filosófica ao problema intrínseco à teoria marxiana quanto à autonomia relativa possível da superestrutura cultural num dado momento histórico, particularmente apreendido em sua dimensão estética, longe de significar um preciosismo burguês de tipo “mandarinesco” (ou um desvio de uma teoria supostamente “revolucionária”), foi tratado, em primeira instância, pelos referidos pensadores frankfurteanos a partir de preocupações de ordem essencialmente éticas e políticas. Pucci (2006) ressalta que no registro ensaístico adorniano da Teoria Estética, as peças de Beckett, como o Fim de Partida de 1956, são absurdas, não pela ausência de todo e qualquer sentido – seriam assim irrelevantes – mas porque põem o sentido em questão. E o sentido é posto em questão não tato pelo conteúdo, pelas temáticas das obras, mas sim pela forma, rigorosamente construída, para dar conta das tensões do objeto e do seu tempo histórico.
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A magia encantadora da palavra e a política mitopoética em “Isso é aquilo” de Carlos Drummond de Andrade Célia Maria Borges Machado (UFU-CEMEPE/SME/PMU) Mana: palavra milanésica que significa uma força sobrenatural concentrada em objetos ou pessoas e que pode ser adquirida, conferida ou herdada. Essa força sobrenatural indicia uma leitura bastante plausível para o poema “Isso é Aquilo” de Carlos Drummond de Andrade. Em um primeiro momento, o leitor acredita estar frente a um eu-poético que indica aleatoriamente elementos que se lhe apresentam. Porém, aprofundando esse olhar, observa-se que as palavras ali articuladas acabam dando corpo a uma forma primitiva da linguagem “em que sujeito e objeto estão interligados por uma energia ou poder comum a ambos” e que desse poder “emana uma forma de magia, em que os elementos verbais, como ‘fórmulas de feitiço’ ou de encantamento [...] ocupam um papel central”(FRYE, p.28). Isto é, as palavras aleatórias vão ganhando corpo na estrutura do poema e dando significado ao que aparentemente nada diz. Embora o poema pertença ao livro “Lições de Poesia”, publicado em 1962, tempo em que Carlos Drummond de Andrade se encontra absolutamente desiludido e frustrado com a política e os temas daquele momento, é ao mesmo tempo uma espécie de transgressão e resistência do poeta frente a tudo o que o desilude e uma resposta mitopoética, pautada em criatividade, humor e lirismo, em que a linguagem se aparenta como em sua origem, ou seja, ela é o objeto nomeado. Quer dizer, embora esteja muito frustrado, o poeta não abandona o compromisso firmado com a poesia e elabora um poema cujas características conduzem o leitor a uma arte profundamente estética, pela qual busca expressar sua negação frente à incomunicabilidade da poesia, porém com muita criatividade e engenho. Em A
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espécie humana Robert Antelme afirma: “O resultado de nossa luta terá sido apenas a reivindicação arrebatada e quase sempre solitária de permanecer, até o fim, homens.” (ANTELME, apud PENNA, p.41). Em um mundo pouco comunicante, o eu-poético recria liricamente a linguagem, buscando re-nomear o mundo de uma forma irônica, jocosa e mágica, a fim de reencontrar os laços humanos comunicantes. É por esse víeis teórico-crítico que se pretende discutir aqui o poema “Isso é Aquilo” de Carlos Drummond de Andrade. O absurdo em Eugène Ionesco e Hilda Hilst Cristyane Batista Leal (PG/UFG) Este trabalho tem como objeto de estudo a obra dramática da poeta e escritora Hilda Hilst (1930-2004), produzida entre os anos de 1967 e 1969. São apontamentos da pesquisa de doutorado intitulada “Hilda Hilst e a tradição moderna do teatro”, desenvolvida dentro do Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística da UFG, na linha de pesquisa “Poéticas da Modernidade”. Uma das expressões estéticas de teatro moderno encontra-se no que Martin Esslin (1918-2002) denominou de Teatro do Absurdo. Constam como elementos estruturadores do Teatro do Absurdo uma ação indefinida e insólita, personagens que não são claramente delimitados e tempo e espaço esgarçados. Essa caracterização é fruto da descrença do ser humano imerso em um mundo de horrores e sem solução. Os dramaturgos Samuel Beckett (1906-1989), Artur Adamov (1908-1970) e Eugène Ionesco (1909-1994) são representantes da prática do Teatro do Absurdo, tanto em termos de escrita dramática quanto de encenação. Em busca de maior compreensão sobre as configurações estéticas que subjazem a obra de Hilda Hilst, objetivamos estabelecer relações entre sua obra com os pressupostos teóricos do espírito existencialista que envolveu dramaturgos europeus dos anos 1950 e 1960. A subjetividade rasteira das personagens traduz a
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ausência de perspectiva futura aspirada na época e que até os dias atuais influenciam as artes chamadas “contemporâneas”. A incomunicabilidade e a falta de experiência afetiva dos seres em cena geram ações que não se desenvolvem, justificadas tanto pela descrença no tempo quanto pela imbecilidade nascida da ausência de relações sociais. Em Hilda Hilst, ainda há a figura de um herói que tenta resgatar o tempo e o ser humano, mas que sempre fracassa. Em Ionesco, a inatividade das relações humanas é total. As peças de Hilda Hilst, como as de Gianfresco Guarnieri, Dias Gomes e outros autores da década de sessenta, encontravam-se bastante empenhadas contra a violência social e política que se instaurou em 1964.Voltar à obra dramática hilstiana, desconhecida em sua época, colabora para uma tentativa de ressignificá-la hoje, dentro da hipótese de ainda se viver a absurdidade e o alerta contra a liberdade daqueles tempos. (Apoio: CAPES). Uma nova cosmologia social: o romance e a investigação do homem João Paulo Ayub (UFG/RC) De acordo com Ian Watt (2010), o gênero literário do romance nasceu na Inglaterra do século XVIII ao mesmo tempo em que uma série de mudanças na configuração social e cultural daquele país – “um novo clima de experiência social e moral” – colocou em xeque a continuidade dos padrões culturais até então responsáveis pela produção de um tipo de arte literária cuja principal característica era a composição orientada pelos valores coletivos e tradicionais enquanto formas definitivas da experiência humana. Trata-se, sobretudo, de uma ficção que se distingue das anteriores não por uma mudança na espécie de vida apresentada, mas na maneira como a apresenta. A experiência individual e seus condicionantes espacial e temporal se destacam na narrativa do romance ao substituírem os valores morais e demais elementos de tradição coletiva, tidos
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até então como referências predominantes. De acordo com Jacques Rancière, o recurso à descrição da realidade presente nas obras dos escritores que inauguraram a modernidade através do romance, tão característico em Dostoievski e Flaubert, por exemplo, mais do que mero resultado de um “excesso descritivo” (termo cunhado pela crítica estruturalista), revela a abertura social do romance para uma nova sensibilidade, menos aristocrática e mais democrática. O autor discute o realismo romanesco a partir do surgimento do que ele chama de uma “nova distribuição do sensível”. Tal distribuição diz respeito, entre outras coisas, à possibilidade de qualquer um sentir qualquer coisa, independentemente de sua posição social. As consequências deste processo no interior da tradição literária foram: 1) o surgimento de novas configurações no plano da escrita; 2) abertura de um universo de percepção devido às novas experiências que adentraram o campo da ficção. Em resumo, o romance realista, ao tratar de eventos comuns onde transbordam sensações de pessoas insignificantes, largadas ao acaso da história, reconfigura a base social da poética moderna, fazendo com que o “efeito de realidade” se transforme num “efeito de igualdade”. A partir das considerações acima, pretende-se investigar o modo como Jacques Rancière inscreve o gênero do romance, sua história e seus aspectos formais, entre o conjunto de questões concernentes à estética da política. Refletir sobre a vida, assentar a narrativa: sombra e leveza em A suavidade do vento de Cristovão Tezza Leandro Alves da Silva (UFG) Discutiremos e verificaremos a importância da narrativa (ficcional e histórica) na esfera pessoal e coletiva dos sujeitos e como ela repercutiu nas experiências com o tempo e o mundo. Nesse deslanche analítico utilizamos historiadores e filósofos que esclareceram de maneira incontornável a problemática que
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persiste entre historiadores e os escritores ficcionais a cerca da definição do que seja história e ficção. Estes teóricos, como Jörn Rüsen (2001) e Jean-Paul Sartre (1970), permitirão compreender um caminho do meio para essa questão que aparenta ter se tornado um entroncamento teórico delicado que também se tornou debate político de áreas específicas da humanas – Letras e História. Filiado a isso avocamos dois termos cruciais para edificarem nossa análise: a sombra utilizada pelo psicanalista Carl Gustav Jung (2000), que representa aquilo que o individuo não deseja enxergar ou aceitar dentro ou fora de si; e o conceito de leveza sugerido por Italo Calvino (2010), na obra “Seis propostas para o próximo milênio”, que representa a característica que podemos obter através da literatura (leitura e escrita) ao lidarmos com os dilemas e paradoxos percebidos como “durezas da vida”. Pelos conceitos de Jung e Calvino se tratarem de termos aparentemente distantes, procuramos por em análise prática este aparato teórico numa reflexão com o romance do curitibano Cristovão Tezza, “A Suavidade do Vento” (1991), onde um professor escritor chamado Matozo procura compreender seus dilemas através da produção de uma narrativa romanesca. O que se transforma numa metáfora por excelência da funcionalidade e desdobramentos das narrativas para os indivíduos. A análise teórica filiada a um objeto artístico concreto e representativo da realidade, como um romance, possibilitou perceber e compreender de maneira clara a reflexão proposta. Como também, de maneira objetiva, assimilar a relevância das narrativas para o conhecimento e leitura de mundo e de seus indivíduos. O conceito de inestética Luiz do Nascimento Carvalho (UFG/RC) Badiou (1998) define a inestética em referência à relação da filosofia com a arte que a concebe (a arte) como produtora de
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verdades embora não pretenda torná-la seu objeto: “Contra a especulação estética, a inestética descreve os efeitos estritamente intrafilosóficos produzidos pela existência independente de algumas obras de arte” (BADIOU, 1998, p. 9). Para delinear sua proposta, Badiou (1998) estabelece o que chamou de os três esquemas de entrelaçamento de arte e filosofia: didático, romântico e clássico. O didatismo, personificado na figura de Platão, conceberia que a arte é incapaz de verdade ou que toda ela lhe é exterior, “puro encanto do verdadeiro”, infundada, não argumentada, esgotada em seu estar-aí. Conforme Badiou (1998), Platão rejeita a sedução da arte como “imitação do efeito de verdade (...) encanto de uma aparência de verdade” (BADIOU, 1998, p. 12) devendo ser submetida a uma vigilância didática por parte do filósofo, uma espécie de injunção educativa. Ao esquema didático, Badiou (1998) opõe o esquema romântico, que defende que unicamente a arte está apta à verdade, de modo que enquanto a filosofia apenas a indica, ela a realiza. O esquema clássico, por sua vez, personificado na figura de Aristóteles, Badiou (1998) destaca que ele desistoriciza a arte, e defende que sua essência mimética e ordem aparencial não é tão grave e seu destino não é a verdade, não sendo, também não pretende ser: é inocente. O algo diferente que chama de catharsis, seria para Aristóteles, nas palavras de Badiou (1998), uma “deposição das paixões numa transferência sobre a aparência” (BADIOU, 1998, p. 14), com função terapêutica e não reveladora, estando no nível do ético e não do teórico. A terapêutica das paixões que ela produziria, estaria no nível de sua função utilitária para suas afecções. Seu critério: agradar, terapêutica artística das paixões. Portanto, para Badiou (1998) o didatismo o romantismo e o classicismo são os três esquemas possíveis do entrelaçamento entre filosofia e arte sendo o terceiro termo a educação dos sujeitos, particularmente da juventude. Acrescenta ainda que, sobre essa questão, o século XX não introduziu nada de novo, apresentando-se mais como um século conservador e eclético, expressos pelo marxismo
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(Brecht), localizado no esquema didático, a psicanálise (Freud), clássica, e a hermenêutica (Heidegger), romântica, que apresenta em oposição ao filósofo-artista (Nietzsche) o poetapensador. A despeito de repetir os três esquemas indicados, Badiou (1998) destaca a saturação desses três modelos doutrinários, indicando que o didatismo está saturado pelo exercício histórico estatal da arte a serviço do povo, o romantismo, pela pura promessa que supõe o retorno dos deuses e o classicismo pela consciência de si que uma teoria do desejo lhe proporciona: “saturação dos três esquemas herdados, encerramento de qualquer efeito do Único esquema tentado nesse século, que era de fato um esquema sintético, o didáticoromantismo” (BADIOU 1998, p. 19). Após esse percurso, Badiou (1998) apresenta sua tese de que, saturados esses três esquemas, é chegado o momento de propor um novo, um quarto modo de entrelaçamento entre filosofia e arte, ao qual denominou: inestética... Literatura goiana: subsistema, protosistema ou parasistema? Margareth de Lourdes Oliveira Nunes Para falarmos de literatura, estética e política partiremos de algumas indagações provocativas. Existe realmente a chamada literatura goiana? Quais foram e quais são as políticas editoriais implementadas pelas instituições públicas visando à constituição e consolidação da literatura dita goiana? A classificação das obras ficcionais (poesia, conto, romance ou teatro) publicadas em Goiás, em Goiânia em particular, após o Batismo Cultural (1942) feita pela crítica especializada e pela intelligentsia, toma como parâmetro a literatura nacional como um sistema? Se assim o fez e faz, como essas obras são apresentadas? Como parte integrante de um subsistema, um protosistema ou um parassistema literário? A classificação proposta pelos críticos está vinculada a qualidade literária ou a
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outras motivações políticas? Vamos, ao longo do artigo, responder às questões formuladas. Se há uma tradição que chama de literatura goiana a produção ficcional feita por autores goianos ou autores brasileiros radicados em Goiás, especialmente em Goiânia, é porque essa tradição toma a literatura brasileira como um sistema. É consenso que só entra a fazer parte do rol de obras literárias aquelas cujo valor estético foi afiançado no campo social e cultural pela expertise dos críticos que estabelecem os cânones que, posteriormente, serão tomados como modelos legítimos para catalogar as demais produções de um dado território em um determinado período de tempo. Resta definir se a chamada literatura goiana se propõe como subsistema, parassistema ou protosistema com definições propostas Quintela (2004, p. 22): subsistema é uma rede cultural integrada por pessoas que apresentam particularidades na forma de gerar e desenvolver seus fatores – mercado, instituições, autores, receptores, repertórios e produtos culturais que se integram a um sistema maior sem pretender fazer-lhe frente; o parasistema é uma rede autônoma, formada por um conjunto de pessoas vinculadas por uma inter-relação de fatores – mercado, instituições, autores, receptores, repertórios, produtos culturais que atua em um espaço ocupado por um sistema mas não deseja integrar-se ao mesmo, mantendo-se independente; o protosistema se caracteriza por uma rede formada por pessoas vinculadas por uma ambígua inter-relação de fatores – mercado, instituições, autores, receptores, repertórios, produtos culturais que apresentam carências, déficits de projeção que interferem na sua estabilização e até mesmo na própria definição sistêmica. Se há uma literatura goiana, qual o papel da Imprensa Universitária e da UFG, do Governo de Goiás e suas Bolsas de Publicações e Leis de Incentivo à Cultura, da Editora da Escola Técnica Federal, do CERNE, de Editores privados que recebem dos Órgãos Públicos para editar obras de ficção? Nosso objetivo é, através de uma investigação arqueológica e etnográfica, apresentar 10 publicações feitas pela Imprensa Universitária nos
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anos 1964/1965 e, pelos discursos, presentes nos para-textos, mais do que nos textos, precisar qual é a orientação políticoideológica e qual é o perfil da literatura goiana, sua estética e seu lugar no sistema literário nacional. Leitura técnica e leitura estética: a formação do leitor na sociedade moderna Maria Aurora Neta (UEG) Buscamos discutir sobre a dimensão técnica e estética da leitura a partir do que Walter Benjamin discute a respeito da perda ou declínio da experiência ou da incapacidade de contar que vai tomando conta do homem com o advento da modernidade. De modo geral, a temática da experiência está tecida na maioria de suas obras, decorrendo dela os de história, memória e estética, os quais aparecem num permanente diálogo que conduz à crítica ao movimento da modernidade. É para os entremeios deste diálogo que trazemos a leitura, integrando-a a este conjunto conceitual pensado por Benjamin. Assim, a leitura passa a ser revisitada a partir de sua dimensão estética como experiência que requer do leitor o estabelecimento de uma relação com esta prática que põe em movimento sua percepção naquilo que ela lhe proporciona ver, sentir, interrogar, refletir e recontar. Pensar a leitura no contexto das discussões acerca da experiência, pela vertente estética, é oportunizar o desencadeamento da pulsão emotiva, que envolve nossa subjetividade. Nessa esfera afloram pulsantes e intensos, harmoniosos, às vezes, caóticos e contraditórios, outras vezes, o desejo, o prazer, a dor, a angústia, estranhos a qualquer logicidade dentro do que estamos chamando de experiência estética. Experiência do sensível contido no histórico do homem/leitor que desencadeia modos de ver e sentir objetivados numa formação que entrelaça a ambivalente dinâmica deste mesmo homem no que o compõe a partir da razão e da sensibilidade. Leitura técnica e leitura estética
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formas de ler que trazem, cada qual, uma proposta de formação de leitor, pois movimentam os sentidos deste leitor para uma determinada forma de ver, ler, interpretar e refletir sobre os diferentes textos que circulam na sociedade. Moral do trabalho e ludicidade na fábula A cigarra e a
formiga Maria Luiza Ferreira do Nascimento Carvalho (UniJúnior) A Cigarra e a Formiga é uma das fábulas atribuídas a Esopo (620 a 564 a. C) e recontada por Jean de La Fontaine (16211695) conta a história de uma cigarra que canta durante o verão, enquanto a formiga trabalha acumulando provisões em seu formigueiro. O desfecho trágico, sintetizado na palavra dance, dito pela formiga quando a cigarra pede abrigo e comida, tem o sentido de morra e expressa uma moral do trabalho que sugere que só que trabalham de sol-a-sol, como as formigas, terá o direito de provisão, enquanto os que se dedicarem à música, dança, lazer e fruição serão punidos. A moral do trabalho expresso nessa fábula, pode ser também identificada como a moral do adulto submerso nas obrigações do mundo econômico e da sobrevivência, em oposição à moral da criança, que é marcada pela brincadeira e o riso barulhento e risonho, que não se preocupa com a seriedade mas vive como em um espaço de suspensão do tempo no lazer. Talvez por isso, na obra “Psicologia da Arte”, L. S. Vigotski, quando discutia o sentido das palavras, nos lembre que quando na sala de aula professores (adultos) liam a fábula para estudantes (crianças) sua identificação com a cigarra era imediata, porque ela representava a própria condição da infância. Assim, em vez de aderir à uma moral do trabalho, ou seja, à formiga e seu trabalho silencioso e penso, as crianças mobilizavam-se em socorro da cigarra, buscando defender a ludicidade. Do mesmo modo, quando Milton Nascimento e Ronaldo Bastos, compõem a música Cigarra, que deu nome ao quinto álbum da cantora
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Simone (1978) que a interpretou junto com Milton, novamente saem em defesa da personagem-cantora, e dão ênfase ao caráter utópico da mesma, que cantam que a cigarra acende o verão e ilumina o ar, porque ainda é inverno em nossos corações, ou seja, cigarras- cantoras cumprem a função de nos lembrar que a moral do trabalho que também é moral da escravidão enquanto vigorar, a cigarra será a consciência de superação do inverno dos nossos corações, em direção ao verão que é lúdico, infantil e poético. Foi também nesse sentido, que, em uma atividade na escola, ao me pedir a professora para propor um desfecho para a fábula, em que a cigarra em vez de dizer dance, ou seja, morra, ela afirmou: entre dona cigarra,
há comida suficiente para nós duas, e você poderá alegrar nossos dias com seu canto. A face do invisível: Relações de subjugação no romance “O Deus das Pequenas Coisas”, de Arundhati Roy Selena Duarte Lage e Lage (UNITRI) O trabalho tem como pressuposto a ideia discutida por Rancière de que a relação estética/política se dá especialmente a partir da criação do dissenso, este entendido como um desacordo sobre a situação dada, os objetos e sujeitos nela incluídos e seus modos de ver, dizer e fazer. O dissenso, ao confrontar o quadro de percepção estabelecido, torna visível o que não é, transformando os “invisíveis” em sujeitos políticos, capazes, portanto, de falarem e serem ouvidos. Assim, cenas de dissenso são entendidas como ações de resistência que buscam encontrar maneiras de transformar o que é percebido como fixo e imutável, explicitando as fissuras do grande corpo social configurado por certezas partilhadas. O romance “O Deus das Pequenas Coisas”, o primeiro da indiana Arundhati Roy, publicado em 1997, revela-nos uma Índia do final dos anos 1960. Trata-se de um livro com traços autobiográficos, já que captura muitas das experiências da infância da autora na
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cidade de Aymanam, Kerala, no sudoeste indiano. Nascida em 1961, em Shillong, Meghalaya, Roy nunca morou fora da Índia, porém apresenta-nos um olhar aguçado, sensível e estrangeiro (no sentido de conseguir o distanciamento, o “colocar-se fora” necessário para a crítica) das relações de subjugação, submissão, poder e violência presentes em seu país. O trabalho pretende discutir tais relações em quatro níveis: Metrópole x Colônia; Homens x Mulheres; Tocáveis x Intocáveis; e Adultos x Crianças. Entende-se que a revelação literária desses conflitos nos ajudaria a enxergar as divisões e desigualdades de uma outra forma, alterando nosso modo de perceber as coisas e reconfigurando, assim, a partilha do sensível. Arundhaty Roy, que se formou em Arquitetura e Urbanismo na School of Planning and Architecture, Delhi, e trabalhou em cinema como designer de produção e roteirista, há alguns anos têm utilizado a escrita (principalmente em ensaios e livros não-ficcionais) para o ativismo político, em causas sociais e ambientais. O romance “O Deus das Pequenas Coisas”, que deu a ela o prêmio Man Booker Prize, foi publicado em vários países, fazendo do conhecimento do mundo práticas e relações sociais indianas que podem ser reconhecidas e ressignificadas em várias outras culturas, especialmente naquelas consideradas periféricas. GT 23 – Literatura, gênero e identidade: erotismo, corpo e seus entornos Coordenação: Luciana Borges (UFG/RC/ Dialogus) Maria da Glória de Castro Azevedo (UFT/Campus Porto Nacional/ UnB) A literatura, enquanto produto de linguagem e criação estética constitui palco onde se encenam as mais diversas representações de mundo e as mais diversas subjetividades. A relação do texto
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literário com o campo das representações de gênero (gender), entendido de modo amplo como a construção cultural da diferença sexual, apresenta, desse modo, possibilidades de leitura e interpretação das identidades de gênero entendidas como constructos sociais, da relação entre os gêneros e suas possibilidades de compreensão, as quais extrapolam o aspecto estrutural do texto e possibilitam acessá-lo para além de sua formalidade. Ressaltando que as performances de gênero e identidade, conforme perspectivas teóricas presentes em Judith Butler e Stuart Hall são primordialmente performances discursivas provenientes de atos de criação linguística, a literatura, seja em sua forma narrativa ou póetica é um campo profícuo para esse tipo de investigação. Nesse sentido, o objetivo principal do GT é acolher propostas que pretendam analisar como as concepções e relações de gênero se constituem e se manifestam dentro do universo literário, como correlações de identidade e poder, estética e política. Considerando que tradicionalmente relegou-se ao silêncio, ou à impropriedade, a presença das mulheres e das identidades sexuais vistas como subalternas no meio intelectual e artístico, o GT acolhe também propostas que pretendam revisar a tradição e suas estratégias de poder no campo de força do gênero. As relações de gênero entre personagens, a relação das mulheres com as estruturas patriarcais de poder, a apresentação de soluções narrativas que levem em conta as manifestações daquilo que Judith Shapiro denominou “cultura de expectativas de gênero” e a abordagem das manifestações da sexualidade, do erotismo e das construções do corpo são itens a ser considerados como constituição das propostas apresentadas ao GT. Como parte de uma problematização das questões de autoria, como a presença de personagens escritoras dentro do universo ficcional, o resgate de vozes literárias esquecidas pelo cânone tradicional, a presença de personagens gays, lésbicas e transgênero bem como a desconstrução do lugar dado a esses personagens na tradição patriarcal são também itens de discussão. No sentido de ampliar as possibilidades de compreensão do campo
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literário, serão aceitas também propostas que tragam o estudo da literatura em interseção com outras interfaces e modalidades de expressão artística, como o cinema, as artes plásticas e a música, desde que apresentem o intuito de dimensionar as representações do gênero, da sexualidade, do erotismo e do corpo. Entre a luxúria e a gula: oscilações imaginárias do comer no conto O corpo de Clarice Lispector e sua relação com o universo imagético de Linder Sterling Fábio Tibúrcio Gonçalves (UFG/RC) Luciana Borges (UFG/RC) A leitura mais atenta de um texto literário permite entrever os inúmeros temas entalhados na urdidura de sua composição. Partindo dessa premissa, a presente proposta de comunicação tem como objeto uma leitura analítica e interpretativa do conto O Corpo (1998) de Clarice Lispector, mediante o apontamento de duas temáticas, dentre outras, que se entrecruzam e entre si dialogam ao longo do desenrolar da trama, quais sejam: o erotismo e a gula. Dentro desse contexto, partiremos dos preceitos teóricos elaborados por Bataille (1997) para sublinhar na superfície do discurso clariceano seu viés erótico, compreendendo-o como uma das manifestações da vida interior do homem. Nesse ponto, ganha relevância a estreita relação do erotismo com a morte, que tanto na concepção filosófica de Bataille quanto na prosa metafísica de Clarice Lispector extrapola o campo temático para ser tratado, ao lado do próprio erotismo, como uma das experiências existenciais mais relevantes do/para o homem. O aspecto gastronômico da fabulação, por sua vez, no qual predomina o traço da gula que marca suas personagens, terá seu aporte teórico em Savarin (1999) para o qual a perpetuação da espécie humana deve-se a dois fenômenos correlatos:
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alimentação e cópula. Atento também ao fato de que se trata do estudo de uma obra literária, ficcional portanto, traremos ainda à discussão os ensinamentos de Fischer (2000) segundo o qual o homem se alimenta de espécies animal e vegetal, mas também de imaginário. E por adentrarmos ao universo do imaginário, no qual a “imagem” em si ganha especial relevância plástica, além de notoriedade estética, serão feitas algumas considerações incidentais a respeito das fotomontagens da artista britânica Linder Sterling (2006) cujo reduto imagético e pulsão imaginária propõem uma reflexão sobre o erotismo, mediante a ênfase da figura do feminino no território das relações sociais, especialmente no que tange às questões relativas ao machismo, segregação, sexismo, submissão feminina e outros horrores discriminatórios historicamente construídos e praticados contra a mulher. Brenda Starr: a repórter glamurosa de Dale Messick Jaqueline dos Santos Cunha (UFG/RC) Alexander Meireles da Silva (UFG/RC) O presente trabalho é produto de uma pesquisa que tem como objetivo analisar a representação do corpo feminino nas produções de histórias em quadrinhos (HQ) Brenda Starr: repórter (1940-1941) de Dale Messick (1906-2005). Publicada em 1940, a obra inaugura uma era de quadrinistas (desenho e roteiro) mulheres, um campo profissional problemático até os dias de hoje. A autora estadunidense foi a primeira mulher das Américas a desenhar e roteirizar uma HQ cuja personagem principal é uma mulher independente que busca se afirmar como uma jornalista de sucesso num momento, a primeira metade do século passado, em que o jornalismo era um ofício predominantemente masculino. Há, nesse sentido, um paralelo entre a condição profissional e intelectual da autora e da personagem de sua obra. Para realizar nossa análise, procuramos investigar as nuances de ruptura e continuidade da
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personagem Brenda Starr em relação aos padrões de gênero socialmente estabelecidos no tocante ao corpo, à sexualidade e as consequentes implicações deles na performance da supracitada personagem. Para cumprir com nosso propósito, lançamos mãos dos diálogos reflexivos entre as teorias de gênero (BEAUVOIR, 1970; BUTLER, 1990), dos quadrinhos (MACCLOUD, 1994), da identidade (HALL, 2006) e dos estudos sobre o corpo (FOUCAULT, 1985; SYNNOT, 1993; COURTINE, 2013). Esse estudo chama a atenção para as construções socioculturais e de poder que condicionaram a mulher à invisibilidade social e intelectual que atravessam a narrativa da HQ. A despeito da produção de Messick apresentar uma personagem cuja carreira profissional expressa o emponderamento da mulher moderna, seus traços e enredo ainda mantiveram a preocupação em retratar Brenda, a repórter protagonista, a partir de estereótipos da mulher bela, sexy e desejada, uma femme fatale intelectualizada. Em suma, há um imbricamento entre uma concepção de gênero que subverte as representações de mundo daquele contexto e a representação de gênero que representa o feminino a partir da beleza e do apelo sensual. Representação do corpo na obra Vergonha dos pés de Fernanda Young Jaqueline Ferreira Borges (UFG/RC) Luciana Borges (UFG/RC) O presente texto objetiva apresentar os resultados de uma pesquisa de Iniciação Científica que está em curso, no âmbito do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIB IC), sob orientação da professora Dra. Luciana Borges. Ambicionamos estudar as relações de gênero no primeiro romance de Fernanda Young, intitulado “Vergonha dos Pés”, levando em conta a literatura contemporânea, que tem se apresentado fértil terreno ao se pensar em representações de
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gênero e questões relacionadas ao corpo, bem como nas composições de identidade da contemporaneidade. Assim, objetivamos nos apoiar no romance “Vergonha dos pés”, protagonizado por Ana, uma jovem estudante do curso de Letras, que se sente infeliz por possuir um pé pequeno, sendo uma das questões mais presentes no romance, pois constitui o maior desalento da personagem. O incentivo é que se tenha um “corpo disciplinado”, como classifica Elódia Xavier em Que corpo é esse? O corpo no imaginário feminino (2007), obediente e submisso ao que é imposto. Oferecido como sinônimo de felicidade, aceitação e amizade, o corpo ideal se classifica de modo padronizado, não bastando apenas possuir um corpo “perfeito”, é importante que ele se submeta ao que os corpos ideais fazem, visitando academias, ingerindo remédios, fazendo dietas e exercícios físicos, para que se mantenha o corpo desejado e que as pessoas o deseje. O sorriso, a barriga, o cabelo, a cintura, o peso, enfim, o corpo irreprovável. Como item simbólico, os pés se apresentam na narrativa como marcador da relação de Ana com s eu corpo, seu desejo e seu lugar de mulher no mundo. Os conflitos de Ana, a relação conturbada com Jaime, o esposo de alguns meses, se misturam à inquietação corporal que se associam a desconforto identitário de Ana. Para desenvolvimento deste projeto, nos dedicamos a pesquisas de cunho bibliográfico, buscando fixar textos que contribuam teoricamente para o nosso trabalho. Posteriormente, fizemos uma descrição mais detalhada sobre nosso corpus “Vergonha dos Pés”, explorando aspectos referentes ao corpo e representações femininas na obra em questão, levando em conta também, as características da literatura contemporânea, que contempla essa obra. Através desta pesquisa, é possível perceber que Fernanda Young aborda em suas obras, assuntos muito atuais, evidenciando a presença feminina na Literatura. Notamos também, que a autora se preocupa em apresentar temas contemporâneos e corriqueiros, pois o fato de ela estar diretamente ligada à mídia facilita o processo de exposição desses temas hodiernos.
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Fernanda Young faz parte desse processo de apresentação de materiais com qualidade, abordando aspectos de grande relevância para a atualidade, bem como representações do corpo, como é no caso do romance “Vergonha dos Pés”. Assim, podemos concluir que Ana deseja seguir os padrões de beleza estabelecidos pela sociedade, buscando um corpo ideal e que atenda as exigências de uma coletividade que cobra a perfeição a todo tempo. A representação da figura feminina no conto “A mulher que comeu o amante”, de Bernado Élis Josiane Silvéria Calaça Matos (UFU) Bernardo Élis, o único escritor goiano a pertencer a Academia Brasileira de Letras, é autor de várias obras que alcançaram elogiosas críticas no meio literário nacional. Em suas obras Élis falava de Goiás e do povo goiano. A proposta deste trabalho é analisar a figura feminina no conto “A mulher que comeu o amante”, afim de demonstrar a histórica visão preconceituosa sobre a figura feminina. A mulher, durante muito tempo foi vista como um ser inferior, criado a partir do homem para servi-lo, mas que também era capaz de se tornar um ser maligno. À mulher eram atribuídas as características de bruxa, feiticeira, monstro. O conto “A mulher que comeu o amante” tem como cenário o ermo sertão goiano que, com toda sua biodiversidade, oferece ao seu morador o necessário à sobrevivência. No conto analisado a mulher é representada como um ser insólito, é o mal que levará o homem ao fim, a morte. Carmélia, a personagem feminina que aparece no conto, foge com Januário, um homem casado, para o sertão goiano. Cansada da vida com Januário, Carmélia, com a ajuda de seu novo amante, mata Januário e depois o devora. No conto, é possível perceber que a mulher aparece como ser inferior e maligno. A fim de fundamentar a análise e comprovar a ideologia da mulher como ser insólito e maligno
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foi realizado um breve levantamento de como a mulher foi vista pela sociedade e qual foi o seu papel na mesma no decorrer dos tempos. Nesse percurso, chamaram a atenção os postulados de Aristóteles e as conquistas do movimento feminista e os trabalhos de Aida Kuri Nascimento “A personagem feminina na literatura brasileira”, Alexander Meireles da Silva, “História em quadrinhos e a perversão feminina: A mulher-maravilha como estudo”, Elaine Gabriel Aires, “A mulher e a literatura: O poder da palavra”, Pedro Carlos Louzada Fonseca, “Ideias fundadoras da tradição antifeminista medieval: da fisiologia de Aristóteles as etimologias de santo Isidoro de Servilha” e outros. Festa e erotismo afrodescendente na Belém modernista Josiclei de Souza Santos (UNIFESSPA) O objetivo deste trabalho é analisar como, no final do século XIX e início do XX, na cidade de Belém, havia uma disputa territorial sobre a representação da cidade. De um lado havia um projeto “higienizador”, de outros grupos subalternizados acusados de lascivos, promíscuos e excessivamente sexualizados em suas manifestações artístico-culturais, sendo por isso perseguidos. Os grupos hegemônicos importaram da Europa um discurso civilizador que inventou a Belle Époque amazônica, mobilizando dispositivos de biopoder e de poder disciplinador que incluíam a repressão às manifestações artísticas e culturais dos grupos não hegemônicos, principalmente afrodescendentes, sob a acusação de que os mesmos tinham práticas lascivas e imorais, que iam de encontro ao projeto higienizador da cidade. Exemplo de dispositivos higienizadores foi o código de posturas de Belém de 1880 que proibia os chamados batuques, manifestações de grupos populares afrodescendentes, sob a acusação de as mesmas atentavam contra o pudor e os bons costumes. No período do pós-fausto da borracha, as obras Modernistas representaram
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monumentos que se contrapuseram a esse discurso hegemônico de cidade, mostrando, a partir da periferia, a cidade a partir das vozes subalternizadas afrodescendentes, com suas estratégias de desterritorialização e reterritorialização como afirmação identitária, nas fendas dos dispositivos de controle. Essa afirmação identitária afrodescendente teve na festa e no erotismo uma ferramenta de resistência, em contraposição à exploração da realidade pós-colonial. Por isso nas obras do poeta Bruno de Menezes, do romancista Dalcídio Jurandir e do cronista De Campos Ribeiro a comunidade afrodescendente belenense expressa a sensualidade das suas danças, seus cheiros, suas formas de sedução, suas sua musicalidade, sua alegria e seu mistério, juntamente com suas lutas. Como ferramenta teórica utilizamos os Estudos Culturais que investigam o fenômeno identitário, além dos estudos de Michel Foucault sobre o biopoder e o poder disciplinador, além dos estudos de Georges Bataille sobre o conceito de erotismo e de dispêndio, além dos conceitos deleuzeanos e guattarianos de território, desterritorialização e reterritorialização, além do conceito de Literatura Menor. A culpa na escrita homoerótica de Cassandra Rios na obra Eu sou uma lésbica Laís Vasconcelos De Corpa França (UFU) Este trabalho tem como objetivo salientar traços da culpa na escrita homoerótica da escritora Cassandra Rios, em sua obra Eu sou uma lésbica, escrita em forma de folhetim em uma revista masculina, em 1980. Apesar de a autora ter sido conhecida por sua ousadia e seus enredos com personagens homoafetivos em plena ditadura militar, pode-se notar marcas heteronormativas e associações negativas, como nomes pejorativos e até mesmo envolvimentos criminosos. Na obra em questão, a orientação sexual das personagens é representada várias vezes como um atrativo para os homens, o velho fetiche
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masculino, e não mostrado como o simples fato delas serem lésbicas. Além dos nomes pejorativos usados para se referir às personagens lésbicas e a criação de estereótipos para esse grupo e a ênfase dada de que se trata de um amor proibido, já que a personagem principal cometeu um assassinato com a esperança de vivê-lo. Pode-se dizer que, por meio das palavras de Cassandra Rios, nota-se a presença do fascínio e, ao mesmo tempo, a repulsa presente na descrição das cenas homoeróticas. Assim, esta pesquisa visa analisar a presença da culpa nas narrativas de “Eu sou uma lésbica” e uma possível negociação com o leitor. Família, moralidade e sexualidade na formação da nacionalidade: Nelson Rodrigues e Gilberto Freyre Leandro Antônio dos Santos (UFU) A família brasileira sempre foi uma instituição fundamental na formação da sociedade brasileira. Desde o período colonial, imperial e republicano tem sido uma influência constante nos padrões de vida, nos costumes sociais, na dinâmica da realidade nacional, sempre permeada pela relação de poder que desde cedo se instaurou nas relações sociais baseadas em hierarquias e dominações. Através dela o indivíduo se constituía na sociedade organizada e experimentava um status quo que o legitimava perante os outros e o diferenciava pela sua origem familiar. Gilberto Freyre expõe de forma atuante o papel desempenhado pela família no caráter do brasileiro e mais além trazendo implicâncias na formação da cultura nacional e nos valores da nação. O patriarcalismo moldou a trajetória nacional e por mais que esteja ultrapassado nos moldes contemporâneos, continua de forma simbólica a ditar as regras sociais estabelecidas no âmbito doméstico. Nelson Rodrigues expõe em sua narrativa a presença do regime patriarcal, mas em estado de decomposição, mais que ainda impera, impondo resistências e conservadorismos, resultando em conflitos no
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amago de sua escrita. Ambos os intelectuais expuseram projetos de nação, cada qual há seu tempo, mas que podem ser pensados a partir dos hibridismos e convergências no tocante a reflexão do patriarcalismo e da sexualidade como noções fundamentais na formação do povo brasileiro e que ainda determina as relações familiares contemporâneas. O intuito e perceber essas questões dentro do referencial teórico da História Cultural, utilizando dos procedimentos metodológicos que esta abordagem oferece para perscrutar o universo das representações sociais e práticas culturais. Está investigação se encontra em caráter inicial. O corpo e a identidade feminina em A sombra das vossas asas, de Fernanda Young Marta Maria Bastos (UFG/RC) O presente trabalho apresenta o corpo e a identidade feminina como elementos visivelmente associados à literatura. A imagem feminina, especificamente em contexto ocidental, sempre esteve associada à beleza, à graça, à juventude de um corpo perfeito e sensual, para o qual não se permite defeitos ou variações. Na contemporaneidade, o culto do corpo, em especial, o feminino, tornou-se uma exigência da moda que, guiada pela mídia, dita um padrão de estética corporal fundamentado na magreza para as mulheres seguirem, no sentido de atenderem a um mercado consumidor cada vez mais exigente. A beleza do corpo é hoje um dos maiores valores individuais. Possuir um corpo perfeito, sobretudo para a mulher, é um investimento que produz ganhos maiores do que qualquer outra virtude espiritual. Considera-se que o indivíduo é materializado pelo corpo e sua identidade é formada a partir de hábitos, costumes, tradições, valores e crenças de um povo, de uma sociedade em relação ao mesmo. A partir da vivência e do contato do indivíduo com esses valores é que acontece a formação de sua identidade. Propomos realizar um estudo do corpo, e da
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identidade no romance “A sombra das vossas asas” (1997) da escritora carioca contemporânea Fernanda Young, posto que ele contém os elementos favoráveis a essa discussão. Neste romance, a protagonista não se enquadra dentro dos padrões estéticos ditados pela moda atual, o que a leva a recorrer às inovações da cirurgia plástica para transformar seu corpo ao modelo exigido pelos padrões contemporâneos de beleza, a fim de realizar uma vingança, causando-lhe uma crise de identidade. Para tanto, acionamos os aportes em David Le Breton (2003), em “Adeus ao corpo”; Denise Bernuzzi de Sant’Anna (2001), em “Corpos de passagem”; Gilles Lipovestsky (2004) em “Os tempos hipermodernos”; Stuart Hall (2004) em “Identidade e Pós-Modernidade”; Georges Vigarello (2006), em “História da Beleza”; Joana Vilhena de Novaes (2013) em “O intolerável peso da feiúra”. Esses e demais outros autores foram acionados para compor esta discussão. A libertação do corpo disciplinado por meio do erotismo no conto “A peste”, de Augusta Faro Nívea de Souza Moreira Menegassi (UFG/RC) Luciana Borges (UFG/RC) A literatura de autoria feminina esteve à margem do cânone no início da história da teoria literária, apesar de existirem escritoras com obras de grande valor que, para terem seus livros publicados, assinavam sob um pseudônimo masculino devido ao preconceito de gênero. No início do século XX, devido às transformações econômicas, políticas, sociais e culturais do mundo contemporâneo, houve o consequente “alargamento da concepção de cânone” e a diversificação das tendências. Neste viés, houve uma abertura para a produção literária feita por mulheres, contudo a literatura brasileira escrita por mulheres começou a ter destaque, sobretudo, na década de 90, quando o país saia da Ditadura para a Democracia, e a mudança no regime político alcançou todos os segmentos da
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sociedade. No entanto, não poderíamos deixar de mencionar escritoras como Raquel de Queiróz, Hilda Hilst, Lígia Fagundes Telles, Nélida Pinõn, Clarice Lispector, Cecília Meireles, dentre outras, que conseguiram excepcionalmente serem reconhecidas e suas obras valorizadas. Neste cenário surge Augusta Faro com sua ficção fantástica, paradoxalmente regionalista e universal, pois as questões levantadas sobre a mulher podem ocorrer em todas as esferas. As personagens femininas apresentadas por ela vivenciam problemas do cotidiano, e expressam seus sentimentos diante das alegrias e obstáculos do dia-a-dia, manifestam-se diante da opressão de forma submissa ou transgressora. Nos contos de Augusta Faro existem personagens femininas que se submetem a opressão do Outro, no caso, o gênero masculino, e da sociedade e há também personagens que se rebelam e tentam encontrar formas de libertação, seja por meio do corpo, da profissão e até mesmo da religiosidade. É neste ínterim que abordaremos o conto “A Peste”, extraído do livro de contos “Boca Benta de Paixão” (2007), de autoria de Augusta Faro, em que o corpo da personagem Rosalinda, antes disciplinado transforma-se em um corpo liberto pelo erotismo, disposto a transgredir todos os interditos para realizar seu desejo. Para realizar tal estudo, foram considerados teóricos como Georges Bataille, Elódia Xavier, Pierre Bourdieu, Gayatri Spivak, Judith Butler, dentre outros, que abordam a questão sobre o erotismo, o corpo e sobre a dominação que o gênero masculino e a sociedade exercem sobre a mulher muitas vezes de forma imperceptível, a metodologia será a revisão de literatura, e como resultado desta pesquisa, pretende-se contribuir com as reflexões sobre gênero, representação feminina e literatura goiana. (Apoio: CAPES). Amores e desejos Olívia Aparecida Silva (UFT)
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Este estudo visa discutir o amor e o desejo presentes na narrativa SOLO FEMININO: AMOR E DESACERTO, de Lívia Garcia-Roza. Narrada pela própria protagonista, Gilda, a obra imprime reflexões sobre a fluidez das relações amorosas e a incansável busca da personagem pelo parceiro ideal. Entre encontros e desencontros amorosos, observa-se a representação da mulher contemporânea que acredita no amor, mas também se preocupa com sua realização sexual. A narrativa contempla o cotidiano familiar, os conflitos entre Gilda, sua mãe, suas irmãs e seu tio; a solidão e as incertezas humanas inerentes aos indivíduos na contemporaneidade. Lívia GarciaRoza discute a fragilidade das relações humanas e a desconstrução da tradicional estrutura familiar, temáticas recorrentes em suas obras anteriores. Através de uma linguagem marcada pela ironia, a narrativa vai delineando o perfil de Gilda, uma mulher que tem clareza quanto à sua sensualidade e do desejo que desperta nos homens, principalmente em seu chefe com quem tem uma relação de repúdio e desejo ao mesmo tempo. Suas escolhas amorosas, motivadas mais pela aparência externa, não lhe proporcionam a realização de um desejo maior: alcançar o orgasmo durante o ato sexual. Tais desacertos, no entanto, não impedem que ela continue a procurar pela felicidade e pelo amor. Ao longo do romance, observa-se que o erotismo fica diluído, sobressaindo outras questões relacionadas ao âmbito familiar e sua relação afetiva com a mãe. Como o próprio título indica, Gilda está sempre pisando em solo feminino, cercada sempre por mulheres na família, mas ironicamente a posição que assume é a que tradicionalmente fica a cargo do homem, provedora do lar. Sua atitude libertária, observada ao longo da narrativa, ao final, parece ceder ao apelo materno em seu leito de morte, define que irá se casar. Não desistirá da felicidade, a sua reconciliação com a mãe a permite ver o casamento de forma diferente, acredita que com Luís alcançará a plenitude amorosa. Ela necessitava encontrar-se para encontrar o outro.
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Arquivos e repertórios: teoria e arte feminista Pedro Henrique Trindade Kalil Auad As teorias feministas e as artes feitas por mulheres (autodeclaradas feministas ou não) problematizam constantemente a história e a memória. É possível verificar tal questionamento desde textos primordiais como “A Vindication of the Rights of Women” de Mary Wollstonecraft (transcriado no Brasil, por Nísia Floresta Brasileira, com o título de “Direitos das mulheres e injustiça dos homens”), passando por feministas clássicas como Lucy Parsons e Virginia Wolf, até o surgimento da chamada segunda onda feminista dos anos 1960 e 1970. Nesse momento a questão da história e da memória ganham um destaque e sistematização ainda mais significativos nos debates feministas, culminando em textos como “Dancing through the Minefield” de Annette Kolodny, “Me and My Shadow” de Jane Tompkins, “Gender Trouble” de Judith Butler e “Can the Subaltern Speak?” de Gayatri Chakravorty Spivak, entre tantos outros. Entretanto, essa problematização não aconteceu somente em manifestos, escritos ensaísticos e teóricos, sendo, também, destaque em obras literárias, artísticas, cinematográficas e dramatúrgicas. Este trabalho pretende articular obras de artes feministas e as teorias feministas a partir de uma perspectiva que problematize tanto o arquivo quanto o repertório, tal definido por Diana Taylor: “o arquivo de materiais supostamente duradouros (isto é, textos, documentos, edifícios, ossos) e o repertório, visto como efêmero, de práticas/conhecimentos incorporados (isto é, língua falada, dança, esportes, ritual)” (TAYLOR, 2013, p. 48). Nesse sentido, pretendo interpelar a questão da história e da memória não somente a respeito do arquivo que pode ser diretamente acessado mas também demonstrar que vários repertórios de mulheres e/ou feministas também estão presente tanto em obras teóricas – como as supracitadas – quanto em obras artísticas como “The Dinner Party”, de Judy Chicago; “A Cor
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Púrpura”, de Alice Walker; em exposições como a “Workt by Hand: Hidden Labor and Historical Quilts” (2013), organizada por Catherine Morris, entre outros. Diante de tal perspectiva e dessas obras argumentarei que a problematização da História, sob perspectiva feminista, embaralha o arquivo e o repertório, fazendo com que lembrar também seja um ato, digamos, político. O que farei com esse corpo? A via crucis do corpo morto em Nossos ossos, de Marcelino Freire Rosana Cristina Zanelatto Santos (UFMS/NEHMS/CNPq/FUNDECT) Em “Nossos ossos”, romance de Marcelino Freire, Heleno, o dramaturgo que fez uma carreira de sucesso na cidade de São Paulo, cai em estado de melancolia no retorno à terra natal, para onde segue carregando consigo o corpo morto de Cícero, o boy com quem se envolvera e que foi morto violentamente, com requintes de crueldade. O corpo de Cícero fica largado no IML até que Heleno se prontifique a recolhê-lo e partir rumo a Pernambuco, a fim de dar sepultura digna ao rapaz e dar paz a si próprio, em face de sua morte próxima – ele é soropositivo e sabe que seu tempo de vida é pouco. O corpo, neste caso, representa não somente aquilo que foi/é vilipendiado, dilacerado, mas também o que nem a morte consegue fazer escapar à vigilância e à punição, por uma opção que foge aos padrões da heteronormatividade. Se parte significativa dos Estados contemporâneos não faz mais uso da tortura/do suplício físico para com aqueles que considera desgarrados, por outro lado, formas dissimuladas de violência se encontram em curso contra eles, praticadas em ambientes os mais respeitados socialmente – as instituições de ensino e as instituições religiosas, por exemplo –, travestidas em modos de correção para o (bom) convívio social e para a saúde do corpo coletivo. O corpo de Cícero, insepulto no IML, e todo o périplo de Heleno para
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resgatá-lo e dar-lhe repouso digno são alegorias dessa dissimulação. Pretendemos, analisando o romance de Marcelino Freire, demonstrar como essas alegorias concernentes ao corpo são construídas, revelando as artimanhas retóricas que escondem a maestria normativa no exercício do poder pelos Estados contemporâneos. Os rastros do poder patriarcal nas relações de gênero no romance O ponto cego de Lya Luft: conjugando vidas Solange Arruda da Silva (UFG/RC) Luciana Borges (UFG/RC) O presente trabalho se circunscreve no âmbito dos estudos de gêneros e da teoria crítica feminista. Sendo assim, nossa proposta é fazer uma sondagem das relações entre homens e mulheres retratadas no romance “O Ponto Cego”, de Lya Luft, demarcando as fronteiras de distanciamento as quais conferem às mulheres um espaço privado, em que as mesmas encontram-se subjugadas ao poder masculino, e aos homens o espaço público, conferindo-lhes um espaço de decisões e de poder frente às relações sociais e também familiares. Cabe dizer que, guiados pela estrutura do patriarcado, rastros de miséria e de opressão, os personagens do referido romance protagonizam uma trajetória marcada por sentimentos que deflagram uma existência amarga, dolorosa e desprovida de muito sentido. Para atender a esta proposta estaremos desenvolvendo leituras de textos teóricos que nos possibilitarão fazer uma revisão da crítica literária a partir de seus conceitos e pressupostos no que se refere a gênero, à identidade, e ao sistema patriarcal. Assim, realizaremos leituras teóricas de autores como Grossi (1998), Scott (1995) e Butler (2010); que nos fornecerão suporte teórico sobre os conceitos e abordagens de gênero, Ewald (2007), Silva (2011) e Hall (2006); os quais nos auxiliarão com os conceitos de identidade e Xavier (1994) e Piscitelli (2009) que contribuirão com seus pressupostos teóricos sobre o patriarcado. Essas leituras
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nos servirão como ponto de apoio para a sondagem das relações que se constroem entre as personagens homens e mulheres do supracitado romance. Em seguida, faremos a leitura da narrativa “O Ponto Cego” que compõe o corpus. E para fechamento do trabalho faremos uma análise comparativa entre os estudos teóricos e os comportamentos observados nos personagens. Com isso, esperamos verificar se o discurso destes personagens subjaz um discurso hegemônico e de poder do patriarcado, e como esse discurso torna possível estabelecer as fronteiras que conjugam o distanciamento entre homens e mulheres, uma distância que perpassa gerações e gerações e a qual é dita como um grande obstáculo nas relações de gênero. GT 24 - Literatura infantil e juvenil no centro do debate: produção, recepção e crítica literária Coordenação: Eliane Aparecida Galvão Ribeiro Ferreira (UNESP/FUNDUNESP-Assis/SP) Silvana Augusta Barbosa Carrijo (UFG – RC) Este simpósio tem por objetivo fomentar debates acerca dos critérios que imputam qualidade literária a obras infantis e juvenis. Assim, pretende-se congregar trabalhos que analisem uma obra literária infantil ou juvenil, pondo em destaque seu trabalho estético, bem como sua fortuna crítica; apresentem a recepção, em âmbito escolar, de uma obra desses subsistemas literários; examinem políticas públicas e/ ou de iniciativa privada de fomento à leitura; reflitam sobre o mercado editorial e a eleição de obras para leitura de crianças e jovens. Desse modo, visa-se a agregar trabalhos cujas abordagens ocorram no campo da intersecção entre os estudos literários sobre obras infantis e juvenis – narrativas, poesia, teatro, quadrinhos, entre outras – com enfoque para o contexto de
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produção de uma obra, sua repercussão sociocultural, sua aceitação junto ao público leitor e sua valoração, por meio de premiações reconhecidas ou não pela academia e por demais instituições culturais aptas a chancelarem a qualidade da obra literária. No que concerne à recepção de obras, espera-se que o debate permita reflexões analíticas e/ou comparativas, sob diferentes enfoques, sobre práticas metodológicas correntes com a literatura juvenil e infantil em sala de aula; análise de casos sobre o processo de escolarização da leitura destes subsistemas literários na escola; análise de ações de entidades não escolares no fomento à literatura infantil e juvenil dentro e fora da escola; análise da representação da escola em textos de literatura infantil e juvenil; estudos de recepção do texto literário direcionado ao público infantil e juvenil em âmbito escolar; estudos sobre horizontes de leitura de docentes que abordem textos literários infantis e/ou juvenis; apresentação de resultados de ações extensionistas, envolvendo o trabalho com a literatura infantil e juvenil; relatos de experiências sobre práticas docentes que envolvam o ensino de literatura e/ou de práticas de leitura em bibliotecas; cotejo de concepções teóricas sobre o tratamento do texto literário direcionado ao público infantil e juvenil em diferentes contextos das áreas científicas, acadêmicas e jornalísticas; análise de aspectos mercadológicos relevantes na relação entre o livro literário, os mediadores de leitura e os leitores de literatura na escola ou fora dela; estudos sobre as práticas de letramento literário; leitura da imagem no livro infantil e juvenil: teorias e práticas; adaptação literária para HQ: o lúdico na sala de aula; recepção leitora de textos de literatura infantil e juvenil que operem pelo cruzamento com outras manifestações artísticas e semióticas como a música, a pintura e o cinema, além das que operem pelo diálogo intertextual com a própria literatura; recepção leitora de obras literárias infantis e juvenis que compreendam procedimentos de tradução e reendereçamento. Para todas essas possibilidades, entre outras, sugere-se que os participantes desenvolvam e apresentem seus trabalhos com vistas a abordagens
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teoricamente consistentes, mesmo quando notoriamente de relatos de experiência.
se
tratem
A prosa poética em Vermelho amargo, de Bartolomeu Campos de Queirós: reflexões acerca do papel do leitor Eliane Aparecida Galvão Ribeiro Ferreira (UNESP-Assis) Este trabalho tem por objetivo apresentar uma possibilidade de leitura da obra “Vermelho amargo”, de Bartolomeu Campos de Queirós, na qual se considera o papel do leitor. Para a consecução desse objetivo, pretende-se refletir, a partir das contribuições da Estética da Recepção, acerca do que propicia o prazer na leitura e quais elementos determinam o papel do leitor implícito. Neste texto, acredita-se que a literatura é condicionada primordialmente, tanto em seu caráter artístico quanto em sua historicidade, pela relação dialógica entre obra e leitor. Essa relação decorre da estrutura do texto, da presença de vazios que solicitam do leitor um papel na composição literária: o de organizador e revitalizador da narrativa. Esse papel só pode ser exercido quando o leitor preenche os vazios do texto, por meio do ato de concretização, em um processo comunicativo, no qual o ele “recebe” o sentido do texto ao constituí-lo. Desse modo, a atualização da leitura se faz presente como um processo comunicativo. Assim, um texto possui uma estrutura de apelo que invoca a participação de um indivíduo na feitura e acabamento: é seu leitor implícito. A comunicação ocorre quando esse leitor reconhece essa estrutura de apelo que lhe permite a projeção na narrativa. Essa projeção ocorre, quando o leitor, na busca do sentido, procura resgatar a coerência do texto que os vazios interromperam. Nesse caso, a produtividade do leitor entra em jogo, porque há comunicação e, justamente por causa dela, a leitura se torna um prazer. Justifica-se, neste texto, então, a eleição de um recorte metodológico para a consecução do objetivo, uma vez que, pelas características construtivas, a obra de Bartolomeu
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Campos de Queirós situa-se em um gênero marcado pela reflexão sobre o fazer ficcional e pelas relações em sociedade. Assim, seu significado não se deixa apreender facilmente, pois a obra, pelos inúmeros discursos que evoca, acolhe e estabelece, possui sentidos diversos que lhe permitem diferentes leituras. Parte-se, então, do pressuposto de que a obra “Vermelho amargo” possui potencialidades para ampliar as reflexões existenciais do jovem leitor. Constrói-se, neste texto, a hipótese de que a estratégia do escritor de revelar as angústias, saudades e desejos do protagonista, por meio de uma prosa poética, permite ao jovem, também em fase de definição de sua personalidade, identificação com a temática e desautomatização de seus conceitos prévios acerca do uso da linguagem. Justifica-se esta hipótese, pois os recursos estilísticos presentes na narrativa, por colocarem a linguagem em desvio, facultam revisão de hipóteses a seu leitor implícito. Quando o mal porta o bem de parelha: reconfigurações do feminino na narrativa fílmica “Malévola” Fernanda Lázara de Oliveira Santos (PMEL - RC - UFG) Silvana Augusta Barbosa Carrijo (PMEL - RC - UFG) Por via da presente comunicação, objetivamos ampliar as reflexões acera do cruzamento entre a arte literária e a cinematográfica no âmbito dos contos de fadas. Especificamente, trataremos da transcriação da personagem Malévola, do conto “A bela adormecida” dos irmãos Grimm (1812 - 1815) para a obra fílmica “Malévola” (2014), dos estúdios Disney. Observaremos quais são as mudanças mais expressivas que ocorrem no processo de adaptação da narrativa clássica da literatura universal para a narrativa cinematográfica, explicitando as oscilações de Malévola ente vilã e heroína, trazendo para si o foco da narrativa. Nessa perspectiva, apontaremos nossas discussões sobre os processos de desconstrução de estereótipos e arquétipos – comuns aos contos
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de fadas tradicionais – que são redimensionados no objeto fílmico. Desta feita, analisaremos de que forma a produção cinematográfica concorre para a propagação de ideais atualizados, mais condizentes com o perfil feminino da contemporaneidade, sem perder de vista a magia da representatividade intrínseca ao conto de fadas. Para que nossa investigação seja sustentada teoricamente, valeremo-nos das considerações de Vladimir Propp, em “Morfologia do Conto Maravilhoso” (2001), acerca da estruturação do conto de fadas, tendo em vista seus apontamentos referentes às funções e modos de operação dos personagens de contos deste gênero. Para tratarmos do processo de adaptação do texto clássico para a narrativa cinematográfica, tomaremos por base as considerações de Robert Stam, em Introdução à teoria do Cinema (2003). Finalmente, embasaremo-nos nas ponderações de Bruno Bettelheim, em “A psicanálise dos contos de fadas” (2012) para verificar o possível efeito que os contos de fadas produzem nos indivíduos leitores e/ou espectadores. Esperamos, com o desenvolver deste trabalho, obter como resultados a descoberta de algumas das particularidades que cada arte traz para o conto em análise. Nessa perspectiva, ensejamos compreender como a personagem Malévola é recriada de modo a transitar entre a vilania e a heroicidade. Vida que vai, vida que fica: identidades que se encontram na lembrança e no esquecimento Fernanda Pires de Paula (UFG/RC) Silvana Augusta Barbosa Carrijo (UFG-RC) A literatura juvenil é, não raras vezes, questionada em sua qualidade estética, cerceada em sua abordagem temática e tratada como arte menor por sujeitos que detêm informação insuficiente no que diz respeito à produção artística da área. Talvez a pouca idade da maior parte de seus leitores, essencialmente em formação – considerando aqui tanto a
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formação identitária quanto a formação da competência leitora –, sugira que esta literatura tenha que ser menos elaborada. Ao contrário desse pensamento, a literatura juvenil se apresenta enquanto Arte com ‘a’ maiúsculo oferecendo aos interessados uma vastíssima possibilidade investigativa. Inserindo-se no rol destas possibilidades, a presente comunicação, resultante de pesquisa de mestrado em andamento, com bolsa da instituição de fomento FAPEG – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás - visa, numa perspectiva interdisciplinar, a investigar questões referentes às representações da morte, à construção identitária, à valorização da literatura juvenil, bem como a outros temas que contribuam para a discussão desses pontos principais. Para a constituição do recorte desse trabalho selecionamos “Tão longe... Tão perto” (2007), de Silvana de Menezes, uma das três obras que compõem o corpus da pesquisa de mestrado. O enredo, sob a perspectiva de um garoto de dez anos de idade, traz a delicada história de uma avó diagnosticada com o mal de Alzheimer, de uma empregada com seu bebê recém-nascido e como essas situações apontam para um encontro mágico entre uma vida que vai e outra que fica. Permeando a trama há ainda os questionamentos, angústias e medos do neto que narra a história. Pretendemos, por via do presente trabalho, examinar a relevância da memória e do esquecimento para a obra em questão e em que medida as representações de morte presentes na narrativa influenciam na construção identitária da personagem narradora. Com tal propósito, examinamos a obra literária selecionada partindo das reflexões concernentes aos conceitos de representações de morte, memória e identidade desenvolvidos por Philippe Ariès em “O homem diante da morte” (1977), José Carlos Rodrigues em “Tabu da morte” (1983), Stuart Hall em “A identidade cultural na pós-modernidade” (1992), Jeanne Marie Gagnebin em “Lembrar escrever esquecer” (2006), Elias José em “Memória, cultura e literatura: o prazer de ler e recriar o mundo” (2012) e Tomaz Tadeu Silva (org.) em
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“Identidade e diferença: a perspectiva dos Estudos Culturais” (2014). História e políticas da leitura numa perspectiva de inclusão social Giselle Pereira Campos Faria (PPGEDUC/RC/UFG-RC) Selma Martines Peres (PPGEDUC/RC/UFG-RC) Este artigo tem como objetivo discutir historicamente o ensino da leitura e as políticas públicas de leitura numa perspectiva de inclusão social. Entendendo a leitura como uma prática que leva o sujeito a perceber o mundo e a ampliar a sua compreensão da sociedade, numa postura crítica e emancipadora, ela torna-se um dos fatores que proporciona o conhecimento. Nesse sentido, este artigo analisa a história do ensino da leitura, que ocupa uma posição importante dentre os instrumentos necessários para o funcionamento da sociedade, já que a mesma é utilizada para que as pessoas tenham acesso aos bens em circulação, que podem ser negócios, crenças ou expressões artísticas como a literatura. E ainda, discutir as concepções de políticas de leitura que estão vigorando no país que levam em consideração o papel do leitor. Essa discussão se dará a partir de revisão bibliográfica que trata desses temas numa lógica crítica e emancipadora, portanto, numa perspectiva de inclusão social, contrapondo à ideologia hegemônica mercadológica, vigente no projeto político educacional do país, que tem como propósito formar mão de obra para o mercado de trabalho. Percebe-se que no decorrer das últimas décadas as políticas de leitura vêm acompanhando as profundas transformações sociais e culturais que ocorreram na sociedade. Atualmente, numa perspectiva mercadológica imposta pelo capitalismo neoliberal e o processo de globalização, surge uma ideia de que informação é imprescindível para o conhecimento, beneficiando assim a classe dominante e fazendo com que o mercado editorial cresça no
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país. Nas informações que se tem nos dias atuais, por meio dos meios de comunicação da produção e circulação de textos escritos, é atribuído um conjunto de valores que assumem a ideologia do capital, ou seja, a ideia de mercado, que monopoliza a indústria da informação, e não contribui para gerar um conhecimento que se contraponha aos padrões do senso comum e da superficialidade dos saberes historicamente construídos. “Above the clouds”: transformações e imitações em Mopsa the Fairy, de Jean Ingelow Guilherme Magri da Rocha (Unesp –Assis) Foram tantas as obras artísticas destinadas ao público infantil que surgiram na segunda metade do século XIX, que o período passou a ser considerado como a “Era de Ouro” da literatura infantil. Edward Lear, Charles Kingsley, Louisa May Alcott e Lewis Carroll são alguns dos autores que publicaram seus textos neste período. A época marca uma grande mudança na ideia que se tinha em torno dos conceitos de infância e de criança: o ponto de vista augustano, focado na instrução, começa a perder espaço para a visão romântica de infância como uma época de inocência e imaginação. Carroll é talvez o maior expoente, por apresentar ao leitor uma história distante dos padrões esperados; seu interesse está nos problemas de identidade e de significado, e seus personagens e situações são simplesmente invenções carrollianas (Warren, 1996). Revisões de seu livro, “Alice's Adventures in Wonderland” (1865), foram imediatas. “Mopsa the Fairy” (1869), de Jean Ingelow, é uma delas. Nela, Jack atravessa o buraco de uma árvore e, dentro dela, encontra um ninho de fadas e recebe uma missão: levar as pequeninas à Fairyland. Tendo em vista o fenômeno do hipertexto - um texto que é uma fonte maior de significação de outro –, cujo processo de transposição pode ser de redução, amplificação, extirpação, entre outros (Allen, 2000), nesta
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contribuição discutiremos “Mopsa the Fairy” à luz dos estudos hipertextuais, buscando apresentar principalmente semelhanças estruturais deste com seu hipotexto, o clássico livro de Carroll, além de discutir seu contexto de produção. (Apoio: Fapesp). Formação de leitores adolescentes partir do cinema: vias abertas no imaginário do estranho Ivy Gobeti (UFG) Ao observarmos a intensa evolução do cinema, percebemos que a arte culmina diversos gêneros e expressões imagéticas. Tanto literatura quanto cinema espalham-se entre seus públicos pela necessidade de contar e acompanhar histórias. Atualmente, a dinâmica entre as duas artes passou a colocar o cinema em uma posição que já não se resume mais em meros roteiros adaptados. Considerando que as relações entre literatura e cinema não são restritas a teorias e discussões acerca de fidelidade, propomos expor uma dinâmica que revela uma constante troca de benefícios, sendo que, em alguns casos, o cinema empresta à literatura uma atenção original de um público tomado pela constante exposição a imagens. Os leitores adolescentes são responsáveis por grande número das aquisições em literatura no Brasil, e em grande parte voltam-se para expressões contemporâneas da arte que se manifestam em diversas obras cinematográficas. Monstros, fantasmas, robôs, deuses, heróis, seres meio humanos, meio mortos ou meio vivos presentes em quadrinhos, roteiros de filmes e afins despertam o imaginário daqueles que buscam seu espaço entre crianças e adultos, ainda carentes de um olhar definido sobre si. É crescente a busca deste público por obras literárias que narrem as imagens e relações que lhes cativam a partir de distintas expressões artísticas, especialmente do cinema. Em uma busca que chega ao imaginário desses leitores, encontramos um sujeito em formação, que procura, em seu próprio estranhamento, vozes para estabelecer um diálogo, consciente
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ou inconscientemente associando personagens literários clássicos e desenvolvendo um gosto pela narrativa que, ao precisar ser expandido, passará ao livro. Estabelecemos algumas obras cinematográficas adaptadas a partir de séries literárias de sucesso, e outras que se relacionam com o mundo dos quadrinhos e dialogam com antigos mitos, arquétipos e narrativas presentes na literatura universal, para análise sob a ótica da teoria do imaginário. Muito se discute a respeito do desinteresse de crianças e adolescentes pela literatura, contudo, grande parte dessas discussões remetem ao gosto por cânones, mesmo em uma esfera específica para as faixas etárias envolvidas. Porém, a investigação nos mostra que esse público não apenas é leitor frequente, mas também beneficia todo um segmento editorial que se alimenta dos seus gostos e começa a passar por caminhos ainda restritamente explorados no Brasil. Projeto “Recontos variados”: a recepção da literatura juvenil no Ensino Médio integrado em dois institutos federais de educação Juscelino Pereira de Souza (IFSP) Lorena Faria de Souza (UFU) As discussões acerca da recepção das literaturas infantil e juvenil no ambiente escolar vêm ganhando força nos últimos anos, especialmente com a publicação de documentos oficiais versando sobre a temática, tais como os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) e as Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (2006) e, ainda, pelo crescente número de livros publicados sobre as temáticas relacionadas ao letramento literário. Todavia, é pertinente realizar uma discussão mais aprofundada a respeito da forma como a escolarização da literatura vem sendo realizada nos ambientes escolares. Nesse sentido, Magda Soares (2001) afirma que não devemos questionar se a literatura está sendo escolarizada ou
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não, mas se está havendo uma deturpação dessa escolarização, que imprime um caráter pedagogizante ou uma didatização mal compreendida da literatura, que falseia e desvirtua seu foco, sem considerar experiências de leitura literária que promovem a humanização e conscientização social dos sujeitos por meio da consciência da leitura e do prazer estético (TINOCO, 2013). Essa deturpação se mostra ainda mais aparente no contexto da Educação Profissional, cujo foco é a formação técnica para o mercado de trabalho e onde, muitas vezes, o texto literário é utilizado apenas como pretexto para o ensino da gramática ou dos gêneros textuais. Assim, o presente trabalho tem como objetivo promover reflexões acerca do processo de escolarização da literatura em dois Institutos Federais de Educação, por meio da apresentação dos resultados do projeto intitulado “Recontos Variados”, em que estudantes do Ensino Médio Integrado valeram-se de adaptações de obras literárias clássicas para HQ e outros formatos, a fim de produzirem recontos lúdicos dessas obras por meio do teatro. Tal prática metodológica realizou-se nos Institutos Federais de Educação de São Paulo e do Norte de Minas Gerais, nos municípios de Capivari e Arinos, respectivamente. Buscou-se analisar aspectos relevantes, como a seleção de obras e a qualidade das adaptações, considerando a qualidade estética e literária dessas produções, segundo os preceitos de Vera Aguiar (2008) e Rildo Cosson (2012); o contexto do ensino de literatura em cada uma das instituições, numa perspectiva comparativa; como os estudantes percebem as aulas de literatura no ambiente escolar e as sugestões dos educandos para o ensino da disciplina. Para tanto, foram utilizados como métodos de coleta de dados entrevistas grupais, questionários e diários reflexivos de leitura, com base nos estudos de Lakatos et Marconi (1986) e de Annie Rouxel (2012). Como resultados iniciais, percebeu-se uma maior conscientização dos estudantes a respeito da função humanizadora da literatura, refletindo-se num maior interesse pela leitura literária.
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Limite branco: uma relação entre o romance de formação e a literatura juvenil Maiara Moreira Andraschko (PG – UFG) Renata Rocha Ribeiro (UFG) Tendo em vista que o romance de formação ao acompanhar a trajetória do protagonista, normalmente desde a infância até a vida adulta, acaba também por formar o próprio leitor, como aponta a professora Wilma Patricia Maas em O cânone mínimo: O Bildungsroman na história da literatura; deseja-se investigar a relação entre esse tipo de romance e a literatura juvenil por meio da análise de uma obra brasileira considerada de formação pela crítica: Limite Branco, de Caio Fernando Abreu (1970), na tentativa de mostrar que ela também pode ser caracterizada como literatura juvenil. Tal intenção parte da observação de que o romance de formação parece propício para o público jovem, posto que o enredo estrutura-se a partir do desenvolvimento, da formação não só física, mas psicológica do protagonista. Nesse sentido, por meio das experiências do personagem, se formariam também os jovens leitores que enfrentam senão os mesmos, problemas semelhantes de adequação ao mundo. Porém, há em Limite Branco uma transgressão à norma do Bildungsroman em que o protagonista deve, ao final de seu processo de formação e aprendizagem, integrar-se à sociedade em que vive, pois no romance brasileiro citado o protagonista não consegue se adequar às possibilidades de vida que lhes são postas. Essa subversão decorre fundamentalmente do fato de o protagonista não ser um homem heterossexual, mas sim Maurício, um adolescente homossexual. Apesar dessa transgressão ao final harmônico do personagem, como ocorre na obra inaugural do gênero Os anos de aprendizado de Wilhelm Meister, de Goethe (1795-1796), deseja-se mostrar que as diferenças encontradas entre os romances de formação não findam o gênero, pelo contrário, possibilitam sua existência ao transpô-lo para outras culturas e
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realidades. Este trabalho, de cunho bibliográfico, é parte do projeto de mestrado “O romance de formação como permanência de estratégia narrativa na literatura brasileira”, desenvolvido na pós graduação da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Goiás e orientado pela professora Dra. Renata Rocha Ribeiro. Quando a sombra assombra: desconstrução de estereótipos de gênero em “A história de Júlia e sua sombra de menino” Silvana Augusta Barbosa Carrijo (UAELL/PMEL-UFG/RC-UFG) A literatura infantil e juvenil constitui campo epistemológico a oferecer uma pletora diversificada de investigações científicas, dentre as quais se encontram as que examinam, nas obras literárias sob tais rubricas, as questões identitárias de gênero (gender). Na perspectiva desta investigação, podem ser examinados a representação das identidades e relações de poder entre gêneros, bem como subtemas que lhes são congêneres, como reconhecimento ou negação da alteridade, corpo e sexualidade, orientação sexual, relações afetiva e a representatividade das mulheres na sociedade, entre outros. A presente comunicação se insere no rol de tais estudos, perscrutando, numa perspectiva interdisciplinar, como se articulam algumas destas questões na narrativa infantil A história de Júlia e sua sombra de menino (1976), dos escritores franceses Christian Bruel e Anne Galland, ilustrado por Anne Bozellec. A trama apresenta o conflito vivenciado por Júlia, uma menina de hábitos que contrariavam o protocolo de comportamentos prescritos a uma menina, assemelhando-se, segundo olhos adultocêntricos sob os quais estava submetida, a um menino. De tanto ser comparada a uma criança do sexo masculino, Júlia se assombra ao descobrir que sua própria sombra se apresenta como a de um garoto. O desfecho
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apresenta a resolução do conflito de modo a questionar os ditames que rigidamente engessam as práticas sociais atribuídas ao gênero feminino e ao masculino, num sistema simbólico austeramente bilateral. A presente análise examinará a desconstrução dos estereótipos de gênero proposta pela narrativa, compreendendo os dois sistemas discursivos que a constituem e se põem em estreito diálogo, o texto verbal e as ilustrações, investigando a representação simbólica da identidade e diferença de gênero, bem como as violentas injunções dos adultos, sobretudo os pais, sobre os “modos” de ser de Júlia. A análise ater-se-á também ao exame da perspectiva com a qual as autoras contemplam tais temas, a fim de verificar se se observa na obra a predominância do discurso estético ou do discurso utilitário. GT 25 – Michel Foucault: sujeito e poder Coordenação: Maria de Lourdes Faria dos Santos Paniago (UFG/REJ) Jaquelinne Alves Fernandes (UEG/Pires do Rio) Nesse Grupo Temático, pretende-se pensar e discutir estudos que problematizem o sujeito e o poder a partir dos postulados de Michel Foucault. Em O sujeito e o poder (1984), Foucault afirma que o tema central de suas pesquisas é o sujeito, o que nos permite voltar aos processos de objetivação e subjetivação que “transformaram os seres humanos em sujeito” (FOUCAULT, 1984, p. 236), pois é a partir desses processos que o sujeito exerce suas práticas sobre as coisas, os outros e si. Assim, pode-se afirmar que o sujeito é uma construção histórica que é reportada a possíveis posições subjetivas, pois o que importa, nessa perspectiva, é a emergência de seus enunciados, que estão diretamente relacionados com quem os enuncia. As enunciações são responsáveis por legitimar ou não, por permitir ou não que se ocupe uma dada posição-sujeito. Por isso, as
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modalidades enunciativas (FOUCAULT, 2004) evidenciam a pluralidade de posições que o sujeito pode ocupar, posições essas que são reguladas por práticas discursivas. Nesse sentido, o sujeito é uma constante produção no interior da história. Para Foucault, o sujeito tem acesso a si por meio de um jogo de relações de poderes e saberes. Não se trata de um poder institucional, mas de micro-poderes, disseminados por toda a sociedade, por meio dos quais todos disciplinarizam a si e aos outros. O trabalho de Foucault consiste muito mais em analisar o processo de sujeição, o conjunto de obstáculos que antecedem à constituição dos sujeitos. Foucault tenta mostrar, numa postura decididamente não-filosófica, como, a partir de mecanismos sociais complexos que incidem sobre os corpos, muito antes de atingir as consciências, foram-se dando historicamente várias formas de sujeição. Para Foucault, o exercício de poder é um modo de ação de alguns sobre os outros, que não pode ser confundido com uma simples relação entre parceiros. Portanto, o modo de ação direta de um sobre os outros é o que define uma relação de poder, que se articula sobre dois elementos que lhe são indispensáveis: i) “o outro” (aquele sobre o qual ela se exerce); ii) a abertura de um campo de respostas, reações, efeitos e invenções possíveis. As práticas de subjetivação, tratadas por Foucault, relacionam-se a uma noção de corpo, uma vez que esses estão submetidos às técnicas de poder presentes em toda a sociedade, atreladas a dispositivos políticos (da sexualidade, pedagógicos, religiosos etc.), mas que têm maior evidência/ visibilidade em instituições como as escolas, os hospitais, as prisões e outras. Autoria, devir e interdição: os “entre-lugares” do sujeito no romance Úrsula Ana Carla Carneiro Rio (UFU) Este trabalho é resultado da dissertação de mestrado e objetiva identificar os “entre-lugares” do sujeito a partir da narrativa
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Úrsula, de Maria Firmina dos Reis, romance maranhense do século XIX, localizado na temporalidade romântica. Esse livro, publicado em 1859, na ainda província de São Luís, capital do Maranhão, apresenta como eixo temático aspectos ligados à escravidão e à condição de inferioridade enfrentada por mulheres na sociedade colonial e oitocentista maranhense, bem como a presença inédita da escrita de autoria feminina no contexto supracitado. Esse cenário nos dá a dimensão de análise a partir das formações discursivas das personagens e das posições sujeito da autora, identificado pelo pseudônimo “Uma Maranhense”, que juntos constituem o objeto de estudo da dissertação. Para o desenvolvimento da pesquisa, optamos pelos postulados teóricos da Análise do Discurso (AD) de linha francesa, que busca em Michel Foucault um diálogo mais próximo, a partir do qual discutiremos elementos sobre a relação entre história e literatura a partir de Foucault, com o intuito de observar como esses conceitos podem ser integrados no campo da AD. Ao longo do trabalho, atentamo-nos aos conceitos foucaultianos de autor, história, sujeito e poder. Soma-se aos postulados foucaultianos, o conceito de “Devir”, concebido por Gilles Deleuze, que nos ajudou a entender o projeto autoral do romance como um “entre-lugar”, que indica tanto a adesão da autora às praticas discursivas literárias do século XIX quanta a ruptura aos modelos impostos. A pesquisa primeiramente versa sobre o campo disciplinar da AD, percorre o contexto da sociedade oitocentista maranhense no que diz respeito à produção literária e os costumes da sociedade e problematiza as teorias que darão sustentação a análise. Finalmente, desenvolve a análise de sequencias enunciativas do romance, que versam sobre a questão da escrita de autoria feminina no século XIX e das condições subalternas de mulheres e negros na sociedade maranhense. Nesse sentido, na análise, a partir dos “entre-lugares” do sujeito no romance, analisamos os movimentos que indicam um diálogo entre o projeto autoral indicado no prólogo com os dizeres das personagens e narradora, a partir das formações discursivas em torno da
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escravidão, submissão feminina e patriarcalismo. Com a ajuda de Foucault, entendemos que os discursos sempre se relacionam com a sociedade e com a história; por esse motivo, a análise dos acontecimentos discursivos em Úrsula nos levaram a problematizar o porquê dessa obra estar fora do cânone e entender como as práticas discursivas do século XIX tentavam interditar obras de autoria feminina e de temáticas abolicionistas. Práticas de reflexão do professor de língua estrangeira em comunidades virtuais de relacionamento: alguns apontamentos na perspectiva foucaultiana Ana Claudia Cunha Salum (ESEBA/UFU) Partindo de um recorte de minha tese de doutorado, objetivo pensar, com base em estudos foucaultianos, a respeito das atividades de reflexão sobre a prática e a formação teórica, por meio das quais os professores de línguas estrangeiras são levados a problematizarem para transformarem-se. Segundo Foucault (1976), o sutil mecanismo do exame de consciência é também um dispositivo pelo qual o sujeito se torna visível a si mesmo em sua interioridade. Com essas considerações iniciais, para esta apresentação trago relatos de professores inscritos em comunidades virtuais de professores de inglês, nas quais os professores discutem e, assim, tentam definir o modelo ideal de professor de língua inglesa. Partindo de estudos foucaultianos, discuto conceitos como relações de poder, dispositivos, disciplina, regimes discursivos, procedimentos de restrição e de incitação, dentre outros. De acordo com esses estudos, os dispositivos pedagógicos, tais como os da reflexão, da conscientização e da autonarração, por exemplo, mostram como a colocação em ação de procedimentos óticos, discursivos e jurídicos de subjetivação é inseparável de operações de poder e de submetimento. Isso posto, proponho-me a questionar o meio
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virtual de relacionamento como espaço de autonomia e de liberdade para seus usuários, para compreendê-lo como um espaço em que o sujeito é, também, determinado e atravessado pelo outro (norma, ética, lei, prática discursiva) que lhe é anterior e exterior e por relações de poder que o submetem e o (re)produzem. Pensar dessa forma promove a desestabilização do caráter unicamente utilitarista das redes virtuais, reconhecendo-as como espaços propícios para a construção de modos de subjetivação afinados a uma lógica (pós)-moderna. Estabeleço como premissa que os valores de juízo, a partir dos quais os professores se veem, se dizem, para se julgarem e, assim, se transformarem, estão diretamente ligados aos critérios dominantes em/de uma determinada cultura/sociedade. Por conseguinte, esses professores só conseguem pôr-se a si mesmo como sujeitos reflexivos na medida em que constituídos por sua sujeição à lei, à norma ou ao estilo. Da resitência à subjetivação: o ressoar do martelo sobre o dispositivo religioso Anderson Nowogrodzki da Silva (UFG) O presente trabalho é fruto de algumas observações sobre as relações de poder e saber, as possibilidades de resistência e o processo contínuo de subjetivação. Decidiu-se, assim, pensar e discutir a constituição do sujeito discursivo, sua liberdade, a possibilidade de contrapor os valores de verdade criados pelas regularidades discursivas. Então, o postulado teóricometodológico com o qual se trabalha é a Análise do Discurso de linha francesa, por ser uma teoria que nasce em um determinado contexto político na França e tem inúmeros desdobramentos e contribuições para os estudos da linguagem em uma perspectiva historicista. Com isso, busca-se evidenciar questões teóricas que a Análise do Discurso levanta para o seu
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entendimento; O que significa sujeito? O que significa subjetivação e resistência? Quais os desdobramentos que esses conceitos podem ter no que propomos investigar? Como se dá a resistência em relação a um dispositivo religioso? Após a emergência do capitalismo, criou-se uma sociedade de controle que tende à dessubjetivação? São questões que norteiam este trabalho e que tendem a inquietar para uma análise teórica mais apurada. Outro aspecto que se torna relevante à nossa abordagem é um entendimento sobre o dispositivo religioso, pois, em função de não estender de forma prolixa e cansativa este estudo, buscou-se centrar na resistência ao “biopoder” que é exercido no discurso e práticas religiosos. Segundo Courtine (2013), devemos olhar para o dispositivo como um conjunto de saberes que se entrecruzam e fazem aparecer outros, possuindo uma função estratégica regulada pelas relações de poder. Autores como Foucault (2008), Veyne (2014) e Deleuze (2005) constituem a base de leitura dos conceitos que serão abordados, sendo complementados por Nietzsche (1985). Essa apreciação é de cunho qualitativo, em que não se buscam dados exaustivos, mas representativos. Assim, serão descritos, relacionados e entrecruzados diversos enunciados, imagens, práticas, que apresentem, na contemporaneidade, o poder que a religião exerce sobre o corpo e a resistência a esse poder, retomando, assim, principalmente, a Filosofia do Martelo nietzschiana. Serão, além disso, problematizadas as retomadas de determinados saberes e dizeres. Enfim, podemos inferir que o sujeito do discurso é fruto de subjetivações constantes, não é um ser moldado definitivamente, com uma identidade estanque, mas traz em si a possibilidade de devir, transformar-se a todo tempo e, podendo questionar, resistir, gerar a crise que resulta na estética de si, foge, aos poucos, ao controle de uma sociedade liberalista que automatiza por meio de dispositivos de poder diversos.
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Discurso, resistência e relações de poder em Faroeste Caboclo, de Renato Russo Anísio Batista Pereira (UFG-RC) Antônio Fernandes Jr. (UFG-RC) O presente estudo integra um projeto de pesquisa que se propõe a investigar a construção de identidades ligadas à juventude em letras de músicas do ROCK nacional da década de 1980, o qual se expande em um contexto de abertura política, com destaque para a transição do regime ditatorial ao democrático, a evolução das novas tecnologias de difusão e circulação da cultura de massa, tendo como consequência a expansão da indústria fonográfica e um acelerado crescimento urbano. Nesse contexto, percebe-se uma ascensão desse segmento musical, tendo o jovem como seu principal protagonista. Como recorte dessa temática, escolhemos a letra da música FAROESTE CABOCLO, cuja autoria é do cantor e compositor Renato Russo, integrante do grupo Legião Urbana, para estudo dos conceitos de resistência e relações de poder, vivenciadas pelo sujeito que protagoniza a narrativa poética supracitada. Nos versos dessa composição, temos a narrativa da trajetória de um sujeito que vivia em uma fazenda do interior e, expulso desse ambiente natural, passa a enfrentar outras relações de poder no espaço urbano. Tem-se uma história bem demarcada com início, meio e fim. Da infância na fazenda à experiência na cidade e morte espetacular, inclui-se transmissão de suas aventuras pelos meios de comunicação, rádio e TV. Pretendemos desenvolver nosso estudo dentro do campo teórico-metodológico da AD de linha francesa, abordando os conceitos de discurso, sujeito, poder e resistência, de acordo com a perspectiva foucaultiana. Assim, a partir desse aparato conceitual, propomos analisar a constituição do sujeito e as relações de poder experimentadas pela personagem João de Santo Cristo que, em diferentes momentos de sua história, assume posicionamentos cambiantes, tanto de submissão
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quanto de resistência às normas e práticas vigentes. Dessa forma, verificam-se situações envolvendo um jogo de embates, possibilitando problematizar os conceitos de resistência e relações de poder, de acordo com o objetivo proposto. São essas questões que interessam ao presente estudo. A formação de professores na UEG: discurso, saberes docentes e a construção da identidade no curso de Letras Carolina Santos Melo de Andrade (UEG) James Martins de Oliveira (UEG) Com o intuito de analisar o processo de formação de professores, o presente trabalho busca apreciar a construção da identidade docente no Curso de Letras da UEG – Câmpus Quirinópolis, no sentido de atentar para o papel transformador do professor do ensino superior e para a interferência que a visão adotada por ele pode exercer no exercício de seu exercício de formador profissional. Considera-se que a constituição da identidade do docente pode oportunizá-lo a transformar socialmente e a ressignificar a educação. Nessa construção da identidade, há um conjunto de fatores históricos, sociais, políticos, culturais e econômicos que influenciam na forma como o profissional vislumbra seu papel social, os valores que possui e o retorno que conquista. A problemática é configurada em várias indagações, dentre elas a averiguação se curso de formação inicial de professores insere o aluno/acadêmico (professor em formação) na realidade contemporânea para a afirmação positiva e valorizada de sua identidade, ou se simplesmente reproduz um discurso repassado social e culturalmente ao longo de gerações e que produz a imagem de um sujeito refém, vítima de injustiças da sociedade, porque mal remunerado, “desvalorizado”, sofredor, explorado, escravizado etc. Propôs-se o recorte de apenas o curso de Letras, uma vez
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que a presente pesquisa pretende articular as três esferas subjetivas dessa formação: o docente da academia, sujeito ativo e preponderante no processo de formação da identidade do profissional, o discente acadêmico, alvo dessa formação e futuro sujeito agente no sistema educacional – e o professor atuante na sala de aula da educação básica – produto dessa formação identitária. A pesquisa tem como instrumento o próprio discurso dos sujeitos instaurados nos três segmentos. Averiguou-se a produção de sentidos nessa materialidade discursiva, coletada por meio de questionários e a observação tem como foco a formação ideológica do sujeito-enunciador, a identificação das pistas sobre a fonte desta formação, e no levantamento das linhas discursivas que fundamentam a construção de estereótipos vinculados ao profissional da docência. Refletir sobre as possiblidades de formar professores que assumam uma postura valorizada diante da sociedade, construída por meio da identidade docente, não de um simples transmissor de conhecimentos, mas em um sujeito capaz de levar um estudante a pensar sobre qual papel quer cumprir na sociedade é um desafio que perpassa o simples plano destas entidades e atinge a educação como um todo. Fábrica de monstros: virilidade e body-building em discurso Francisco Vieira da Silva (UFPB) Neste artigo, analisamos os discursos que circulam no canal Fábrica de Monstros, do Youtube, produzido pelo carioca Léo Stronda, e voltado para aqueles que se dedicam incansavelmente à prática do body-building. Além de propor dicas de exercícios físicos, o apresentador da web faz receitas à base de proteína, no objetivo de transformar frangos – homens com músculos pouco desenvolvidos – em monstros, espécie de categoria na qual o próprio apresentador se insere, na qual os homens devem ostentar músculos evidentes, denotando força e
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virilidade. A dicotomia frango x monstro acaba por sustentar a necessidade de se ter um corpo extremamente malhado, com vistas a se distanciar da indesejável identidade do frango e exibir o corpo musculoso do monstro, busca para a qual os usuários do canal empreendem toda sorte de esforços. Ao articular essa aparição e consolidação de Léo Stronda como uma celebridade na/da web, na medida em que muitos de seus vídeos apresentam mais de um milhão de visualizações, com as reflexões de Courtine (2005; 2013) em torno do encadeamento entre a prática do body-building e a construção de traços viris, será possível analisar as condições de emergências e os sentidos construídos em torno do corpo malhado como uma espécie de representação prototípica de uma virilidade que necessita ser reforçada de modo contínuo, sob as mais diversas perfomances. Ancorando tal relação, calcamo-nos nas teorizações foucaultianas acerca do corpo, segundo as quais o corpo é moldado, no decurso da história, de acordo com técnicas disciplinares. As análises denotam que os discursos veiculados no canal em estudo ancoram-se a já-ditos, os quais mobilizam uma memória em torno de traços de uma virilidade continuamente iterada pela prática do body-building, de modo a corroborar a constatação de Courtine (2013), segundo a qual essa prática faz de cada sujeito o fiador de sua virilidade. Assassinos em série como produto de consumo na indústria de entretenimento Glaucia Vaz (UNESP/FCLAr) Nesta comunicação, discutirei de que modo assassinos em série se tornam produto de consumo com narrativas seriadas, considerando a indústria de entretenimento como suporte de circulação e produção discursiva desse sujeito. A atuação da indústria cultural como um dos dispositivos de enunciabilidade e visibilidade do assassino em série trata-se de uma das
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discussões constitutivas do projeto de doutoramento, em que proponho pensar um tema correlacionado: a prática de matar como técnica de controle dos sujeitos. De modo geral, problematizo como é discursivizada a prática de matar a partir da constituição do assassino em série na mídia brasileira, investigando como se dá a formação desse objeto considerando o conjunto de leis, instituições, discursos e de técnicas que visam ao mercadológico e quais seriam as rupturas que culminam num acontecimento discursivo: o uso do termo serial killer nas mídias corporativa e alternativa no Brasil. Considero o funcionamento das transmídias na era da convergência localizando a produção de narrativas seriadas como parte do processo de circulação desse tema na mídia brasileira. O foco da análise, desse modo, é o funcionamento do dispositivo na relação entre sujeito e poder a qual se materializa em discursos. Especificamente, valendo-me da publicidade da série estadunidense Dexter, partirei da materialização de discursos para analisar posicionamentos de sujeito que tomam a prática de matar como prática possível e como ocorre essa circulação na mídia, o que resulta no caráter vendível do assassino como produto de consumo em narrativas seriadas. Aponto o papel relevante na formação do objeto que me proponho analisar, a discursivização da prática de matar, da convergência midiática, discutida por Henry Jenkins em Cultura da Convergência (2009), que se refere ao modo contemporâneo de como os sujeitos lidam com a produção de conteúdos em distintas plataformas. Me respaldo na analítica do poder quanto ao conceito de dispositivo e na Arqueologia do saber (1969), buscando regularidades discursivas e tomando o enunciado como função enunciativa e em seu aspecto de unidade semiológica. Deste modo, teórica e metodologicamente parto da Análise do discurso de linha francesa com Foucault. (Pesquisa financiada pelo CNPq).
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“Poder por amor ao poder”: uma análise discursiva das relações de poder em 1984, de George Orwell Héllen Nívia Tiago (UFG-RC) A Obra 1984, escrita por George Orwell, retrata uma sociedade em que o Estado se impõe sobre a população de forma totalitária, tanto pelo controle das ações dos indivíduos quanto pela criação de diversos aparelhos de controle e vigilância espalhados em vários pontos da cidade, seja nos espaços de trabalho ou nos espaços domésticos e públicos. Nesse regime autoritário, o Estado oprime e tortura indivíduos, provocando resistência de alguns e adesão de outros. Tais questões serão observadas na sociedade retratada no romance, de forma que possamos problematizar como o poder interpela e constitui os sujeitos, influenciando os modos de produção de sujeitos controlados por tais dispositivos de poder. Nesse sentido, apoiados na Análise do Discurso, com contribuições foucaultinas, propusemo-nos a refletir sobre a constituição do sujeito e as relações de poder que emergem da obra 1984, através de instrumentos normalizadores que “promovem” a docilização do sujeito submetido à sociedade totalitária, narrada no romance de George Orwell. Partindo de tal objetivo, recorreremos aos estudos de Michel Foucault presentes nos livros A Arqueologia do saber (2007), Vigiar e Punir: nascimento da prisão (1999), Microfísica do Poder (1986), dentre outros, nos quais a discussão sobre a temática do poder ganha destaque. Tomaremos o conceito de enunciado como procedimento de análise de sequências do romance para observar as seguintes questões: como o poder se exerce no romance? Quais as possibilidades de resistência ao poder totalitário implantado no romance? Para tanto, serão observadas as práticas e os processos discursivos que promovem o controle social e a constituição dos sujeitos. Portanto, este trabalho se propõe a analisar como se constitui (em) o(s) sujeito(s) na obra de Orwell, e como o poder é exercido,
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governando e docilizando os transgressores. As análises realizadas indicam que, em primeira instância, há um efeito de exclusão do sujeito rebelde, que passa a ser caracterizado como rebelde/resistente. Em um segundo momento, observa como o sujeito “rebelde”, ao ser exposto às práticas disciplinares, exercidas na prisão, se converte aos preceitos do Partido, alterando a posição ocupada no início da narrativa. Destarte, a partir das análises das sequências narrativas, recortadas e analisadas de nosso objeto de pesquisa, verificamos que há a emergência de discursos voltados à normalização desse sujeito, para só assim estar apto a ser (re) inserido no seio da sociedade fictícia de Orwell. Desse modo, os enunciados analisados apontam para as relações de poder e práticas disciplinares que buscam normalizar e disciplinar o sujeito transgressor. O poder nas vozes do Carandiru: uma análise foucaultiana Laura Carneiro de Melo (UFG-REJ) Os estudos de Foucault possuíram como principal foco o sujeito. O autor buscava expor de que forma este indivíduo se constitui—ou é fabricado—nas diferentes estruturas de poder. Para além disso, Foucault considera que o poder não é uma propriedade, que uns tem e outros não. O poder se constitui em relações, relações entre pessoas livres que influenciam e exercem poder umas sobre as outras. O presente trabalho visa o estudo de relações de poder construídas dentro do já extinto presídio Carandiru, observadas através do documentário O Prisioneiro da Grade de Ferro e do livro Estação Carandiru. Estas obras trazem à cena pontos que merecem debates profundos em diversos âmbitos: jurídico, sociológico, dos direitos humanos, da estrutura e do modelo do sistema penitenciário, das desigualdades sociais, entre outras. Felizmente, muitos desses debates já foram ou estão sendo construídos e neste trabalho pretende-se observar as relações (de poder) ali estabelecidas
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sobre o viés foucaultiano. O foco de ambos os trabalhos utilizados como base deste é a relação preso/preso e não Estado/preso ou Instituição/preso. A primeira questão a ser esclarecida é se podemos considerar os detentos como homens livres e a resposta é positiva. Foucault traz que sujeitos livres são aqueles têm diante de si um campo de possibilidade onde diversas condutas, diversas reações e diversos modos de comportamento podem acontecer (FOUCAULT, 1995, p. 244). Ultrapassado este ponto, realiza-se a narrativa de algumas histórias sobre o funcionamento do Carandiru, visando demostrar na prática as situações cotidianas que se traduzem em relações de poder. Tais relações eram profundas e responsáveis pela manutenção estrutural e da “ordem” no presídio. É ponto abordado nesse trabalho o objetivo da construção do Carandiru e a concepção de Foucault sobre o fracasso da prisão. Entende o autor que a prisão ao “fracassar” não erra o seu objetivo, mas o alcança no momento em que suscita no meio de ilegalidades uma forma particular destas, uma delinquência. Aborda-se também o fato de que em certo momento as relações de poder que partiam com mais força da administração da penitenciária, passam a ser comandadas pelos próprios detentos e os traços de resistência (legítima e presente quando temos o poder sendo exercido com mais força sobre alguns) nas condutas dos mesmos. Um dos traços mais interessantes do poder, expostos no presente trabalho, é que a vigilância efetiva (no sentido de manutenção do presídio) não partia dos policiais ou da equipe de carcerários – defasada – mas sim das relações estabelecidas pelos próprios presos em seus nódulos sociais: os “crentes” de olho nos recém-convertidos, o encarregado-geral diante dos presos do pavilhão e dos integrantes da faxina; do Seu Chico diante dos responsáveis pela Cozinha Geral e dos responsáveis pela Cozinha Geral perante a higiene de todos os detentos e diante dos cozinheiros.
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Sujeitos científicos e poderes discursivos: uma leitura foucaultiana Lucas dos Santos Passos (Planetário/UFG) Neuza de Fátima Vaz de Melo (UFG/RC) No trabalho que hora apresentamos partimos de uma questão crucial que tem nos preocupado em nossos estudos e, de certa forma, também nos estudos de outros pesquisadores da Educação Matemática quando adotam um referencial foucaultiano. A saber, estamos nos perguntando como as posições de sujeito desde a Ciência são efeitos de uma formação de poder (e saber). É claro, no interior do campo científico moderno, como parte de sua estratégia epistemológica, tem-se presumido que o sujeito tem uma existência e um funcionamento estável, anterior a qualquer formação de poder que ele chegue a articular e manter -se, afinal, vinculado. Além do mais, dentro desse contexto, a viabilidade do sujeito tem sido feita através do recurso a um “eu” pré-discursivo que está dotado de uma ação “objetiva” e cujos enunciados não fazem mais do que expressar a “verdade” do que eles nomeiam. Nesse sentido, o presente trabalho, numa linha foucaultiana do pensamento, tenta esboçar uma passagem dos entendimentos epistemológicos tradicionais para uma análise que situe a problemática do sujeito, do saber e do poder em práticas históricas, sociais e culturais de objetivação e subjetivação. Ou seja, em práticas de significação que tanto restringem quanto facultam o sujeito mesmo. Para tanto, através de uma leitura seletiva dos textos A ordem do discurso (2012), O sujeito e o poder (1995) e Microfísica do poder (2007), de Michel Foucault, conjugada com alguns setores pontuais da História, Filosofia e Sociologia da Ciência, pretendemos investir numa investigação crítica genealógica das posições de sujeitos científicas, ou pelo menos, do rastro de algumas delas. Longe de buscar um peso ontológico ou metafísico para o sujeito e até para o poder, tal crítica coloca o “sujeito da Ciência” como produzido, sobretudo,
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por efeitos de jogos de práticas e discursos que têm suas origens em vários e divergentes lugares, inclusive em outros sujeitos. “O doador de memórias”: o poder por meio do esquecimento? Mônica Lopes Névoa Guimarães (UFG) Na cinematografia contemporânea, há diversos filmes que trabalham as relações humanas em sociedades futurísticas. Há uma incidência bastante grande de uma sociedade cuja pacificação se sustenta em apagamento do corpo. Este trabalho pretende analisar as relações de poder, na construção do corpo e o esquecimento/não esquecimento da história dessa sociedade idealizada no filme “O doador de memórias”, fundamentando-se na análise de discurso de linha francesa, especificamente no imaginário pechetiano, que afirma que a ideologia não se reproduz sob a forma geral de um espírito do tempo que se comporta de maneira igual e homogênea à sociedade, mas é uma instalação dos aparelhos ideológicos do Estado; bem como nos estudos de Foucault sobre poder e biopolítica do corpo, nos quais se afirma que a resistência surge sempre que há o exercício do poder e que os corpos devem ser docilizados para a vida em sociedade. Além disso, Foucault também trabalha a questão do corpo como ator da utopia. O objetivo é refletir sobre o papel da linguagem na estruturação do poder e do corpo em uma sociedade imaginada possível em um futuro idealizado, observando, na materialidade linguística do gênero híbrido do cinema, o uso da linguagem na docilização dos corpos e o uso da memória como uma utopia que tenta apagar o corpo. A hipótese é que a utopia da ficção explicita o desejo de paz de uma sociedade por meio do apagamento das diferenças, mas que não pode apagar completamente sua história. A partir do pressuposto teórico de que a ideologia se materializa no discurso e este na língua e de
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que o corpo humano é o ator principal de todas as utopias, pretende-se discutir que o exercício do poder pode se manifestar no apagamento de diferenças culturais, raciais e linguísticos. Além disso, refletir também nas estratégias de esquecimento e na ordem do discurso sobre paz, elementos que colaboram com a manutenção da ordem nesta sociedade idealizada. Relações de poder nas sonoridades goianas no Brasil dos "anos de chumbo": estudos de casos Nayara Crístian Moraes (UFG) Diferentes sonoridades refletiram os anseios da sociedade brasileira, discursando e levando adiante a vontade dos sujeitos através de canções durante o processo de Ditadura Militar no Brasil como resistência ou busca da “brasilidade”. Percebe-se que as produções de verdade não se davam somente nas grandes instituições, ou nas famosas práticas discursivas, mas também e principalmente em toda a estrutura de relação entre os sujeitos, sejam em suas práticas cotidianas ou em sua produção dentro de diferentes espaços. Na ditadura militar não foi diferente, pois em um processo político como o do período referido temos também um processo social e cultural em que inúmeras canções embalaram processos ditos traumáticos na história, e apesar da quantidade de trabalhos lançados no ano do cinquentenário do Golpe de 1964, ainda não se sabe ao certo a repercussão do regime militar no interior do país. Punindo e vigiando, assim seguia o regime militar, tentando, sem lei e juízo, regulamentar sujeitos, suprimir vontades e ditar verdades. Em Goiás o estudo dos desdobramentos do período é recente e se manifesta principalmente no campo dos problemas políticos agrários e na perspectiva cultural o campo de estudo do papel da música de Goiás no contexto continua sem muitas respostas. Buscar-se-á, contudo neste artigo lançar luz a esta lacuna, tentando alcançar a historicidade, singularidades e
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ambiguidades que representam estas narrativas a partir da teoria de Michel Foucault em relação ao poder, dispositivo, discurso e verdade (1996,1987). O pensamento foucaultiano nesta análise é fundamental para refletirmos um momento da história através do estudo dos diferentes caráteres do discurso conceituado em Foucault, inclusive, podemos entender o acontecimento no teor das palavras, que ditas de forma musical têm sentidos variados. Fazendo um cruzamento com a teoria da chamada “Nova História” e História Cultural no que se refere principalmente à memória, que neste trabalho será desenvolvida relacionada à memória discursiva junto ao acontecimento, através da análise das canções “Soldadinhos de chumbo” interpretada por Eli Camargo em 1968, “O Regime” (1985) de Léo Jaime e “Eu canto o que o povo quer” de Lindomar Castilho (1974). Investigar as verdades representadas nos discursos de canções goianas lançadas ao longo do processo histórico de Ditadura Militar no Brasil nos levará a problematizar “Os Jogos da Verdade” que atravessam todo o discurso social, institucional ou não, e se articulam em toda a prática social (FOUCAULT, 1996), pois se a música é um meio para entendermos o mundo (MORAES, 2005) a canção goiana não seria diferente. Concluímos que o “vigiar e punir” nos chamados “Anos de Chumbo” se propagava de formas variadas, e a música acabou se configurando um dispositivo discursivo, cultural, social e político em uma complexa “rede de micro poderes”. GT 26 – Misoginia e apologia da mulher na literatura e no pensamento da Idade Média Coordenação: Pedro Carlos Louzada Fonseca (UFG) Márcia Maria de Melo Araújo (UEG)
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Significativos autores e textos da literatura e do pensamento medieval, que podem ser considerados como fontes de influência, de representação misógina e de apologia da mulher na tradição europeia ocidental do século XII ao XV, deverão ser considerados na discussão do tema proposto para este grupo de trabalho. Essas fontes literárias e intelectuais deverão ser examinadas em perspectiva crítico-analítica e teórica, com a finalidade de privilegiar aspectos conteudísticos e temáticos visà-vis recursos formais e técnico-expressivos. Dessa forma, assim orientados metodologicamente, as comunicações a comporem o presente grupo de trabalho deverão situar-se no âmbito das manifestações da tradição misógina medieval, podendo tratar das suas raízes clássicas (Aristóteles, Ovídio, Juvenal, entre outros), da literatura patrística misógina (Tertuliano, São João Crisóstomo, Santo Ambrósio, São Jerônimo, Santo Agostinho, entre outros) e do seu legado medieval (Graciano, Heloísa e Abelardo, São Tomás de Aquino, entre outros), da tradição satírica no latim medieval (Marbod de Rennes, Walter Map, André Capelão, entre outros), até as suas adaptações vernaculares misóginas na tardia Idade Média (Jean de Meun, Giovanni Boccaccio, Jehan Le Fèvre, Geoffrey Chaucer, entre outros). Os trabalhos que tratarem da apologia e da defesa da mulher, a ocorrerem em contrapartida a essa espécie de “antifeminismo” medieval, poderão ser conferidos em algumas obras e autores do período considerado (The Thrush and the Nightingale (anônimo), Marbod de Rennes, Abelardo, Albertano de Bréscia, John Gower, Dives and Pauper (anônimo), entre outros). A proposta final do grupo de trabalho é apresentar, de forma compreensiva e abrangente, uma visão crítica e analítica de aspectos fundamentais da misoginia e de um incipiente tipo de defesa da mulher na expressão literária e em textos representativos do pensamento sobre o tema na Idade Média. Vale destacar que este grupo de trabalho apresenta a sua temática em consonância com o projeto de pesquisa intitulado Mulher Difamada e Mulher Defendida no Pensamento Medieval: Textos Fundadores, que integrando a
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Rede Goiana de Pesquisa sobre a Mulher na Cultura e na Literatura Ocidental, é coordenado pelo Prof. Dr. Pedro Carlos Louzada Fonseca, com apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG) para o período de 2014-2015. O legado da visão misógena na obra de Graciano e sua incorporação no compêndio do cânone eclesiástico. Adriana Sul Santana (PG/DISCENS/FL/UFG) A regulação jurídica no Decretum de GRACIANO é o tema deste estudo que objetiva refletir sobre o fenômeno cultural de regulação da convivência social, em peculiar combinação de inovação e conservação numa criação e (re)elaboração da tradição, em sentido organizativo e sistematizador, e investigar, neste contexto, o Decreto de Graciano como ponto culminante de um esforço de estabilização do Direito Canônico, nos séculos XI e XII, em sua ligação intrínseca com os seus fenômenos particulares, em especial com a afirmação do poder da Igreja, bem como avaliar a inegável herança da misoginia, seus resultados e sua influência pelos séculos e séculos até os dias atuais. Neste período a interpretação das Sagradas Escrituras encontra uma justificação lógica, através da dialética, em embate com a justificação pela fé, a partir do levantamento das raízes clássicas da misoginia, situadas no pensamento da antiguidade clássica, tendo como fontes literárias o pensamento no platonismo e o aristotelismo, os escritos dos Padres da Igreja, como São Basílio, São Gregório, Santo Agostinho etc. Através de uma abordagem comparativista da disseminação do seu legado no pensamento dos Padres da Igreja medieval, hipóteses e resultados críticos são aventados, no decorrer deste trabalho, a respeito da formação cultural do fenômeno misógino, das suas fundações ideológicas, historicamente condicionadas e correspondentes a determinações de ordem política presentes na formação e na sistematização do
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Decretum, que se manifesta nas formas de sociedade. O Decretum compõe-se de três partes, sendo a segunda aqui escolhida para estudo, pois traz à baila a questão da misoginia em referência religiosa. Essa segunda parte do Decretum, de Graciano, consiste em 36 Causae ou causas, divididas em questões e capítulos, que levantam questões referentes ao casamento e ao divórcio, a biopolítica da linhagem, da abnegação sexual, a questão de que a imagem de Deus está no homem,e que a mulher não é feita à imagem de Deus, o homem é a cabeça da mulher, e outros temas. Se a premissa inicial da investigação pode ser aceita – de que o legado da visão misógena dos Padres da Igreja, na obra de Graciano e sua incorporação no compêndio do cânone eclesiástico –, parece lícito encerrar este trabalho considerando que a época e a obra examinadas constituem um exemplo marcante disso e, considerando ainda a inegável herança desta misoginia, seus resultados e sua influência pelos séculos e séculos até os dias atuais. A Sapientia et Fortitudo de Boorz e o catálogo com imagens misóginas em A Morte do Rei Artur Alessandra F. Conde da Silva (UFPA- PG/UFG) Em “A morte do rei Artur”, romance do século XIII, texto participante do ciclo da Vulgata, o bom cavaleiro Boorz mostra-se como um personagem não somente representante da virtus guerreira, mas de uma sabedoria que o distingue entre os seus pares. Enrst Robert Curtius em Literatura européia e Idade Média latina bem definiu a propagação na Idade Média da máxima clássica sapientia et fortitudo. De tal modo, seguiu-se o pensamento de que “toda perfeição consiste em força corporal e sabedoria” (CURTIUS, 1996, p. 232). Se força e razão em equilíbrio são componentes do ser herói para Homero, a máxima que constituiu tal aglutinação ou contraste não se fixou somente nos escritos homéricos: nas histórias sobre
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os heróis do Graal, a tópica conserva-se. Um catálogo de heróis hábeis nos feitos de guerra é mostrado em muitos episódios das narrativas da matéria da Bretanha. Todos os cavaleiros arturianos devem sê-lo. Galaaz é o cavaleiro perfeito, figura do divino, bom cavaleiro, bom servo de Cristo, mas em Boorz, personagem mais humana, vê-se eloquência e sabedoria que atendem não unicamente às causas do reino e da religião, mas, sobretudo, às familiares. É na sapientia de Boorz, muitas vezes manifestada no defeso da integridade do amor de seu primo Lancelot pela rainha (Guenièvre) que se verá, conforme a cultura patrística, sobretudo em São Jerônimo, o ranço da misoginia. O cavaleiro Boorz é leitor de imagens do passado e para compor suas argumentações retóricas perfila um catálogo composto por figuras masculinas que, segundo sua interpretação, sucumbiram por amar as mulheres. Assim, este trabalho procura discutir sobre os motivos que teriam conduzido Boorz a utilizar tal catálogo repleto de imagens de derrogação ao feminino, retiradas da tradição medieval patrística antifeminina. Howard Bloch, Enrst Robert Curtius, Heitor Megale, J. E. Lendon, J, Dalarum, Pedro Carlos Louzada Fonseca, entre outros, nos trarão amparo teórico. As cantigas de louvor de D. Afonso X e o espaço sagrado: estudo do texto e da imagem Clarice Zamonaro Cortez (UEM) As Cantigas de Santa Maria, de D. Afonso X, são consideradas por Ângela Vaz Leão (1997, p. 33) como a “verdadeira comédia humana do século XIII”, em que todas as classes sociais se fazem representar. Além de precioso documento linguístico e verdadeira obra de arte literária, iconográfica e musical, constituem uma fonte histórica inigualável que possibilita o conhecimento dos hábitos, costumes e mentalidade da Idade Média na Península Ibérica. Apresentam duas vertentes temáticas: a profana e a religiosa, de teor lírico ou lírico-
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narrativo. Integram o códice de cantigas dedicadas à Santa Maria as cantigas de loor (cantigas de louvor), manifestações do gênero lírico, e as cantigas de miragre (cantigas de milagre), que pertencem ao gênero narrativo, mas que apresentam traços de lirismo laudatórios, sobretudo, nos refrães e nos finais dos milagres. De acordo com a teoria da literatura, é no espaço que a ação se desenvolve e as personagens se movimentam. Com base nessa premissa, cabe a ele, conforme Dimas (1985), funcionar como armadilha virtual do texto, na medida em que poderá provocar a adesão ou a repulsão do leitor, bem como instigar sua curiosidade através das referências sobre o cenário. As Cantigas de Santa Maria referem-se às cidades, locais de romaria e peregrinação na Idade Média. O espaço sagrado, retratado nos textos e em imagens iconográficas, representa episódios e cenas de louvor e milagres ocorridos nos conventos, santuários e igrejas, onde a Virgem louvada curava as doenças e livrava as pessoas do pecado. As Cantigas de Santa Maria representam esse espaço sagrado tratado teoricamente. Com a função de mediação entre os homens e as divindades celestes, o espaço registrado nos textos poéticos e inserido nas imagens constitui-se importante instrumento (privilegiado) da intermediação entre os fiéis e a Virgem Maria, principalmente, os locais de culto, como os mosteiros e as igrejas. Nas Cantigas de Santa Maria, em alguns exemplares, as ilustrações seguem cuidadosamente o texto, já em outros, o ilustrados deixa-se levar pela estética e intercala as cenas e os espaços que não aparecem na escrita. Algumas cantigas apresentam uma iconografia que responde à fidelidade das imagens em relação aos textos, juntamente com os documentos históricos. Determinadas ilustrações apontam a grande vitalidade com que os ilustradores (iluminadores) da corte de D. Afonso X criavam espaços, personagens e imagens sem tradição prévia em que poderiam se apoiar. Este trabalho é produto parcial da pesquisa intitulada “Mulher difamada e mulher defendida no pensamento medieval: textos fundadores”, que integra a Rede Goiana de Pesquisa sobre a Mulher na Cultura e na Literatura
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Ocidental, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg). A pesquisa, sob coordenação do Prof. Dr. Pedro Carlos Louzada Fonseca, recebe apoio financeiro dessa instituição de fomento para o período 2013 – 2016. Confissões de Santo Agostinho: confluências para a misoginia Edilson Alves de Souza (UEG-Câmpus Campos Belos) Agostinho de Hipona é, sem dúvida, um dos mais emblemáticos filósofos e teólogos da história da civilização ocidental. A relevância da sua obra sobressai quando se percebe a forte influência de seus ideais sobre o período medieval e a repercussão deles na contemporaneidade. Diante disso, importa destacar que sua biografia é composta pelas mais diversificadas experiências que, imbricadas, alimentaram a formação do substrato da proeminente doutrina agostiniana. Convém asseverar que o Cristianismo foi uma das ulteriores e definitivas influências do pensador, Bispo de Hipona, como ficou conhecido. Parte de sua visão anterior e posterior a sua conversão ao Cristianismo, é, sintética e eloquentemente, apresentada em sua obra Confissões. Nesses escritos, vida e obra vinculam-se, apresentando uma visão cristã intelectual estruturada na Verdade bíblica. A Bíblia é, somada a filosofia clássica grega, um determinante basilar para as reflexões e posicionamentos do filósofo. É baseado nela que ele, no Livro XIII, das Confissões, tomando a narrativa da Criação no livro de Gênesis, apresenta a mulher, apoiando-se em uma hermenêutica que, anagogicamente, ratifica a inferioridade da mulher sob o homem. O pensamento agostiniano percorreu o medievo e formou o alicerce de uma formação derrogatória sobre a mulher. Conforme Fonseca (2010; 2013a; 2013b; 2013c), Agostinho – juntamente com outros pensadores cristãos, como Jerônimo e Tertuliano –, foi autor de textos que contribuíram para a fundação e o estabelecimento da misoginia medieval.
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Ante tal possibilidade de análise, no presente trabalho buscamos evidenciar as contribuições agostinianas para a produção de uma mentalidade misógina a partir da análise da obra Confissões. Destacamos, ainda, que esta comunicação é produto parcial da pesquisa intitulada “Mulher difamada e mulher defendida no pensamento medieval: textos fundadores”, que integra a Rede Goiana de Pesquisa sobre a Mulher na Cultura e na Literatura Ocidental, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg). A pesquisa, sob coordenação do Prof. Dr. Pedro Carlos Louzada Fonseca, recebe apoio financeiro dessa instituição de fomento para o período 2013 – 2016. Legado misógino medieval: a interdição da voz lírica feminina em “À Sombra de Eva”, de Darcy França Denófrio Isabel de Souza Santos Esta apresentação se propõe a analisar o poema “À sombra de Eva”, do livro Ínvio lado, da poetisa goiana Darcy França Denófrio, tendo em vista a misoginia medieval e seu legado. A escolha de tal poema justifica-se porque a misoginia medieval e sua cristalização ao longo dos séculos, que já é anunciado no próprio título, e é atualizada e reavivada pela autora. “A sombra de Eva” configura-se como um poema longo, arquitetado em quatro partes e trata-se de um poema tipicamente narrativo, em que, na primeira parte, introduz a história da mulher e sua submissão ao homem; na segunda, explicita-se a voz lírica feminina e a angústia de não se manifestar liricamente; na terceira, há a tomada de consciência e o questionamento acerca da interdição do canto poético feminino; na quarta parte, a voz lírica revive a sua retirada do mundo infantil para assumir a vida adulta ao lado do amo e suas implicações. No poema, o drama do silêncio feminino é
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duplicado, porque não se trata apenas desejo da mulher de ter voz, mas, é acima de tudo, a voz da poetisa que quer romper as muralhas da repressão de séculos e séculos de silenciamento e subjugação. Nesse processo, não podemos ignorar a identidade do sujeito empírico, que, sendo mulher, procura reconstituir o passado por meio do artístico da arte. Os procedimentos composicionais do poema, no plano estético-verbal, denunciam a subjetividade do eu empírico que se consubstancia com a subjetividade do eu lírico, o qual assume a perspectiva feminina que procura no corpo da linguagem estética desvendar sua história e a relação com o outro. O poema ainda pode ser lido como um desabafo poético de uma voz lírica que revive e questiona o silêncio feminino na própria história oficial e na história da literatura. Com esse intuito, nos voltaremos para a leitura da tradição bíblica e seu legado; para os apontamentos de Pedro Carlos Louzada Fonseca e R. Howard Bloch acerca do interdito da fala feminina como um dos aspectos da misoginia medieval. A legenda área como hagiografia pedagógica de gênero em Portugal medieval: uma proposta de pesquisa Júnio Henrique Condi (UFG-RC) Teresinha Maria Duarte (UFG-RC) Trata-se de uma proposta de pesquisa, na qual buscamos entender como foram construídas as relações de gênero em Portugal entre os séculos XIII e XV. Para tanto, me propusemos a cotejar a obra intitulada “Legenda Áurea: vidas de santos”. A obra em questão remonta ao século XIII, e segundo Sobral (2002) ela é um dos novos legendários de maior êxito em sua difusão. Embora tenha sido escrito por volta de 1293 por Jacopo de Varazze, na cidade de Varazze, só obteve uma tradução para o português em 1513, porém, como ressalta Machado
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(2009, p.103) essa obra já era difundida em Portugal com uma vasta tradição manuscrita em grande parte latina; mostrando assim, o seu papel homilético e pedagógico naquela sociedade. Na obra se encontram 182 capítulos; sendo 21 deles descrevendo festas religiosas; em 95 deles, a figura principal é o mártir; noutros 22 são retratados os apóstolos, papas e bispos, outros 24 são dedicados aos eremitas, monges e reclusos e, ainda 11 deles narram a santidade de confessores com outras condições de vida. Dentro do conjunto da obra, 29 capítulos têm a participação direta ou indireta de mulheres e 15 deles foram dedicadas às santas virgens. Segundo Silva (2010, p. 13) “[...] a característica mais respaldada por Jacopo de Varazze é a virgindade, e que o culto a essas virgens foi amplamente propagado pela Igreja e principalmente pelas ordens mendicantes do século XIII, que procuraram defender a salvação da alma feminina”. A virgindade é ressaltada como provação para a santificação da mulher. Para Gajano (2006, p.449) o fenômeno da santidade pode ser avaliado sobe varias dimensões, tendo impactos em vários campos que vão além da própria Igreja. Destarte, a vida dos santos e das santas eram as formas de caracterizar e condicionar os ensinamentos cristãos; os legendários eram usados por padres, monges e frades para a pregação dos comportamentos cristãos aceitáveis e também daqueles desencorajados e até punidos; proliferados atrás da leitura em voz alta para os ouvintes-leitores. Na mentalidade do homem medieval daquela época, os servos de Deus que morreriam em detrimento de seu amor por ele, se tornam heróis que viram modelos idealizados para os fies de sua época, e até, mais adiante de seu próprio contexto social e temporal, podendo ser usado para a pregação de ensinamentos nos os dias atuais. Desta feita, a metodologia utilizada passará por uma revisão bibliográfica, em seguida uma análise da obra “Legenda Áurea” com um estudo critico sobre os valores propagados pela obra. Diante da fonte proposta é possível levantar os seguintes problemas: Como o autor de a Legenda Áurea representa o homem e a mulher na sociedade
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portuguesa? Quais os comportamentos considerados aceitáveis/adequados na obra? Quais eram as restrições para homens e para as mulheres naquele período histórico? Quais foram os impactos disso na sociedade portuguesa, e posteriormente, na sociedade brasileira? Estas questões são a motivação desta pesquisa, entender como o homem medieval construiu papeis sociais. Por um novo conceito de mulher: a paródia antimisógina na obra de Marina Colasanti Kelio Junior Santana Borges (PG-UFG) A Antiguidade e a Idade Média foram momentos históricos marcantes para a cultura ocidental. Eles condicionaram comportamentos e ideologias que se mantiveram e se mantêm muito presentes no seio da nossa sociedade. Notoriamente patriarcal, o pensamento difundindo por essas duas épocas muito se manifestou contra a figura da mulher, ele foi responsável por inúmeros conceitos misóginos, isto é, lugares comuns que denegriam a aura feminina a partir de um conjunto de topoi tão poderosos cujas marcas podem ser facilmente percebidas em vários campos da nossa sociedade. Assim como a Filosofia e a Religião, a Literatura também contribuiu para a manutenção desse posicionamento de fundamentação misógina. Destituídas de voz, as mulheres dessas épocas pouco puderam agir contra tal realidade preconceituosa e marginal a que estavam sujeitas, mas a Modernidade lhes concedeu um espaço maior de atuação, e, na Literatura, elas puderam promover um processo de desconstrução dessa ideologia masculina. Marina Colasanti, um dos nomes de maior destaque na literatura contemporânea brasileira, é uma dessas vozes modernas e femininas que promovem uma posição contrária àquela pregada pela tradição. Em seus livros, sejam eles de contos, de poesia, de ensaio ou de crônicas, a autora estabelece uma
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intertextualidade com vários pontos do pensamento misógino e, a partir da forma estrutural paródica, realiza um movimento que busca subverter tais concepções. Muito usada pelo movimento da Pós-Modernidade, a paródia é uma constante no texto de Marina e ali essa forma textual assume traços de feminilidade, possuindo uma função de porta-voz da mulher no campo literário. Neste trabalho, buscamos analisar topoi típicos da tradição misógina que são desconstruídos por textos paródicos criados por Marina Colasanti. Tentaremos mostrar como a paródia pode ser entendida mais do que um recurso estilístico da autora, trata-se, na realidade, de uma forma estrutural com caráter político e ideológico, um arauto do que se poderia chamar de novo conceito de mulher, um que se distancia daquela visão preconceituosamente naturalizada pela tradição dominada por uma visão masculina. Para promover essa análise, nos apoiaremos em teóricos relacionados aos três campos aqui envolvidos, a saber: misoginia, medievalismo e paródia. Trata-se de pesquisadores como R. Howard Bloch, Pedro Carlos L. Fonseca, Leonardo Boff, Affonso Romano de Santana, Linda Hutcheon. Apologia da mulher na literatura medieval: o caso Christine de Pizan Márcia Maria de Melo Araújo (UEG) Pedro Carlos Louzada Fonseca (UFG) Esta comunicação apresenta como proposta um estudo sobre Le Livre de la Cité des Dames (ca. 1405), de Christine de Pizan (1365-ca. 1430), uma das mais significativas vozes de defesa da mulher no tradicional pensamento masculino de base misógina antiga e medieval. O objetivo deste trabalho é o de apresentar imagens e narrativas que tenham por fundamento a apologia da mulher, a exemplo do que faz Pizan em resposta a um número relativamente amplo de textos misóginos, entre os quais o famoso poema autobiográfico em latim intitulado Liber
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lamentationum Matheoli (c. 1295) de Mathieu de Bologne. Ao construir seus argumentos, Christine de Pizan tenta desconstruir a ideia de que todo o comportamento feminino é cheio de vícios, dirigindo-se a filósofos, poetas e oradores, depreciadores das mulheres e incentivadores do topo da imperfeição feminina. Esse campo de investigação, focado na abordagem da história intelectual da mulher, tem como principal interesse a documentação textual de natureza científica e literária, embora não desconsiderando registros textuais de outras áreas do saber. Sua orientação consiste em abordagens teóricas e críticas acerca não só dos recursos técnico-formais, expressivos e temáticos, como também dos fatores condicionantes culturais e ideológicos que influenciaram os juízos de valor sobre a realidade feminina na Idade Média e sua produção intelectual. O tema da imperfeição da mulher, anteriormente aludido, foi fortemente influenciado pela formula mentis da tradição medieval e reflete fundamentos sancionados pela autoridade de Aristóteles em De generatione animalium, ao qual seguiu de perto Galeno em De usu partium corporis humani. Para figurar o simbólico sentido destruidor do corpo feminino, uma concepção básica é aproveitada: o antigo medo da vagina dentata, significando o portão do Inferno do imaginário religioso medieval, imagem associada ao arcano medo psicossexual da castração. Em termos do registro de fonte de conhecimento aberto na Idade Média, nenhuma mulher, antes de Christine de Pizan, tratou textualmente de apontar muitos pensamentos derrogatórios da natureza feminina, diacronizados em formações essencializantes sobre a índole da mulher e sua função social. Este trabalho é produto parcial da pesquisa intitulada “Mulher difamada e mulher defendida no pensamento medieval: textos fundadores”, que integra a Rede Goiana de Pesquisa sobre a Mulher na Cultura e na Literatura Ocidental, apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás, sob coordenação do Prof. Dr. Pedro Carlos Louzada Fonseca, para o período 2013/2015. É também produto de plano de trabalho relacionado ao tema e
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intitulado “Fontes e influências disseminadoras da representação da mulher na literatura medieval: em defesa da mulher”, desenvolvido como estágio no Programa de PósDoutorado da Universidade Federal de Goiás, sob a supervisão do supramencionado professor. A mulher na música caipira: algumas considerações acerca do discurso misógino Meire Lisboa Santos Gonçalves (UFG) A temática da mulher sempre foi recorrente na música caipira, como também a presença de um discurso misógino delineandoa como um ser inferior e subordinado ao homem, discurso esse que é cultural e socialmente articulado, em especial, quando se situa o homem caipira como aquele que é inculto, rude, ignorante entre outros atributos. Não queremos aqui retratar e analisar essas características a ele imputada, mas perceber como em diferentes letras e canções há uma imagem derrogatória e secundarizada da mulher. Sabe-se que a presença de atitudes misóginas na cultura ocidental não pode ser expressa e marcada historicamente num sentido de haver um dado ou um fato que as comprove, entretanto, percebe-se que esse discurso remonta às origens da formação social e cultural e estruturação do que é ser mulher nessa construção. A misoginia é um modo de falar sobre a mulher, não só o que lhe é negativo, mas que contém algumas representações mais sutis, quase que imperceptíveis, ou mesmo positiva. O discurso que aponta, essencializa e reduz a mulher a uma categoria implica em uma atitude misógina. Para contextualizar a patrística medieval e o discurso misógino, foram selecionados dois autores dos vários que apontam e escrevem sobre a mulher, sua posição social, cultural e religiosa, pregando atitudes e características adotadas como corretas e/ou positivas para a ação feminina Assim, pretende-se apontar a misoginia e os discursos de Tertuliano e Santo Agostinho, a escolha deve-se ao fato de que
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além de cultuar a tendência à perfeição masculina em detrimento à feminina por inúmeros fatores, eles constituem referências para outros discursos de disseminação de ideais derrogatórios, subversivos e, porque não, preconceituosos acerca da mulher. Também será abordada uma análise da mulher na música caipira seguindo alguns topoi como de inferioridade, submissão, promotora do pecado entre outros. A música caipira e sua formação no cenário nacional data a partir da década de 20, e ao retratá-la, tentar-se-á compreendê-la pelas concepções de sertão, sertanejo e do próprio termo caipira. Sabe-se que a música caipira ou sertaneja de raiz ou raiz é reflexo da organização e da modernização das cidades e do êxodo rural o que provocou um desejo de recuperar a identidade e a imagem desse ser rural inserido no urbano, dito moderno e industrializado. Para tanto serão utilizados como embasamento teóricos como Howard Bloch e Pedro Carlos Louzada Fonseca. Antimisoginia na tradição medieval bestiária: o exemplo da rola, da cegonha e da pomba Nair Fernandes Pereira (UEG-Câmpus Pires do Rio) Vanessa Gomes Franca (UEG-Câmpus Pires do Rio) No que diz respeito à descrição comportamental das criaturas arroladas no bestiário, percebemos que, na maioria das vezes, as animálias relacionadas ao feminino são descritas com um tom misógino, tendo em vista ser o feminino relacionado a seres malignos, como o demônio e a cobra, capazes de enganar o homem e de levá-lo à perdição. No bestiário medieval, podemos destacar como exemplo desse discurso antimisógino a apresentação da Sereia. Em EL BESTIARIO TOSCANO, ela é descrita como uma criatura que pode ter três aspectos: metade peixe e metade mulher; metade pássaro e metade mulher; metade cavalo e metade mulher – esta última é a forma menos comumente encontrada. A que é um híbrido de mulher
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e de pássaro, muitas vezes, é comparada às harpias da tradição clássica, que costumavam ser retratadas como monstros terríveis, possuindo o rosto de uma mulher velha, corpo de abutre com seios caídos e garras recurvas com as quais matavam suas presas. Já aquela que tem aspecto de mulher e de peixe, de acordo com o bestiarista, tem uma voz tão doce que todo aquele que a escuta se aproxima dela. Seu cantar é tão agradável que faz o homem dormir. A sereia então, se deita em cima de sua vítima e a mata. No entanto, se, por um lado, temos nos bestiários a presença de um discurso de gênero acentuado por atitudes misóginas, por causa da associação do feminino ao pernicioso, vemos, por outro lado, a presença de descrições antimisóginas de animálias relacionadas ao feminino, tal como acontece com a rola, a cegonha e a pomba. Tendo em vista tais considerações, nessa comunicação, tencionamos verificar a animalização antimisógina na tradição bestiária medieval, enfocando a descrição da rola, da cegonha e da pomba, consideradas criaturas virtuosas. (Nossa pesquisa é produto parcial do projeto intitulado “Mulher difamada e mulher defendida no pensamento medieval: textos fundadores”, que integra a Rede Goiana de Pesquisa sobre a Mulher na Cultura e na Literatura Ocidental, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg). A pesquisa, coordenada pelo professor Dr. Pedro Carlos Louzada Fonseca, recebe apoio financeiro dessa instituição de fomento para o período 2013-2016). A Femme Fatale de Marbod de Rennes: misoginia e tradição satírica no latim medieval Pedro Carlos Louzada Fonseca (UFG-Goiânia) A tradição misógina da Idade Média ocidental exerceu a sua influência literária, nos séculos XI e XII, por meio de um tipo de crítica satírica da realidade feminina escrita no latim da época.
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Esse tipo de literatura satírica tornou-se responsável pela continuidade do pensamento e da postura misóginos da chamada literatura patrística (Tertuliano, São João Crisóstomo, Santo Ambrósio, São Jerônimo, Santo Agostinho) e do seu legado medieval (Santo Isidoro de Sevilha, Graciano, Abelardo e Heloísa, São Tomás de Aquino), tendo suas raízes fincadas de forma remota, mas constantemente revividas e atualizadas, em fontes filosóficas e literárias da antiguidade clássica (Aristóteles, Galeno, Ovídio, Juvenal) e na tradição escritural judaico-cristã. Uma das figuras mais representativas dessa sátira antifeminista, ao lado de Walter Map, Andreas Capellanus e outros mais, foi Marbod de Rennes (c. 1035-1123), cujo De meretrice (Sobre a meretriz) constitui objeto de estudo dessa comunicação. O De meretrice, de Marbod de Rennes, constitui o terceiro capítulo do Liber decem capitulorum (Livro com dez capítulos) do autor, formando com o quarto capítulo desse livro, o De matrona (Sobre a boa mulher), uma espécie de díptico, em que difamação e elogio apenas ambiguamente se emparelham. Por meio de uma abordagem crítico-comparativa, a comunicação examina o intertexto fundamental do qual o De meretrice, de Marbod de Rennes, se utilizou para construir a sua acerba crítica misógina vazada em paradigmas da tradição antifeminista perpetuada na Idade Média. (Destaque-se que a comunicação se apresenta como produto parcial do projeto de pesquisa intitulado Mulher Difamada e Mulher Defendida no Pensamento Medieval: Textos Fundadores, que, integrando a Rede Goiana de Pesquisa sobre a Mulher na Cultura e na Literatura Ocidental da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG), é coordenado pelo Prof. Dr. Pedro Carlos Louzada Fonseca, com apoio financeiro dessa Fundação para o período de 2014-2016).
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Hrotsvit de Gandersheim: uma voz feminina na dramaturgia medieval Sueli Maria de Oliveira Regino (UFG) Rodrigo Vieira Marques (UFG) Pedro Carlos Louzada Fonseca (UFG) Após as grandes migrações bárbaras e a derrocada do Império Romano do Ocidente, o que se seguiu foi gradual decadência da economia e da arte na sociedade européia. Constantino I (272-337), ao mudar-se em 330 para a cidade grega de Bizâncio, deixou um vácuo de poder que foi, aos poucos, ocupado pelos papas cristãos. Esse fortalecimento político do papado foi o ponto de partida para o lento processo de hegemonia da religião católica no Ocidente e do poder temporal da Igreja. Após o fechamento da Academia Platônica, em 529 d.C., por ordem de Justiniano I (482-565), que perseguiu os remanescentes das religiões pagãs, o declínio cultural do velho império ocorreu rapidamente, de forma progressiva. Com as invasões de povos provenientes do norte europeu a velha administração romana tornou-se inoperante. A desagregação do outrora invencível exército de Roma levou ao desaparecimento das estradas que interligavam largas regiões. No final da Alta Idade Media, como herança do pujante mundo romano, ainda sobreviviam: o uso da língua latina, as antigas práticas de agricultura e a tradição do direito romano. Por volta do século VII, devido ao fechamento das escolas, a maioria dos nobres e dos bispos não sabia ler. De certa forma, a cultura romana sobreviveu no interior dos monastérios, embora em uma versão modificada pela cristandade. No décimo século d.C., a abadia de Gandersheim, fundada em 852, havia se tornado um relevante centro cultural. Seguindo as tradições beneditinas, em seu scriptorium eram conservados e copiados textos da literatura latina. Nessa abadia, por volta do ano de 950, a jovem Hrotsvit iniciou o seu noviciado. Considerada a primeira poetisa de origem
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germânica, foi uma das poucas mulheres que se distinguiram intelectualmente durante o que se chamou “Renascença Otoniana”, período em que a dinastia iniciada por Oto I, o Grande, (912-973) reinou sobre o Sacro Império RomanoGermanico. O objetivo deste trabalho é pesquisar as condições sócio-histórico-culturais que possibilitaram a produção das seis comédias escritas por Hrotsvit de Gandersheim (c.935c.973/1002). No que diz respeito aos procedimentos metodológicos, pretende-se, em primeiro lugar, levantar dados para delinear o ambiente social em que viveu Hrotsvit, tomando em consideração as especificidades culturais do período. Na pesquisa bibliográfica serão utilizados autores como: Arnaud Hauser, Jacques Le Goff, Philippe Ariès, Georges Duby e, especificamente sobre a vida e a obra de Hrotsvit, textos de Katharina Wilson. Para melhor compreensão do contexto que possibilitou o florescimento cultural no decorrer do período otoniano, será necessário acompanhar o percurso das conquistas de Carlos Martel (690-741), responsável pela expansão do “Império Carolíngio”, no decorrer do qual grandes catedrais e monastérios foram construídos. O imperador Carlos Magno (742-814), neto de Martel, para consolidar seu poder entre os nobres, promoveu uma grande reforma na educação, que abriu caminho para o fenômeno histórico-cultural conhecido como “Renascimento do século XII”. GT 27 – Movimentos migratórios nas literaturas Coordenação: Isabel Cristina Rodrigues Ferreira (UFLA) Luiz Manoel da Silva Oliveira (UFSJ) Os estudos sobre os movimentos migratórios se multiplicam em várias direções tanto na academia como nos diferentes organismos internacionais. Muitas vezes percebemos que as discussões sobre o assunto se desdobram na questão de esses
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imigrantes serem "legais" ou "ilegais", ou seja, serem dignos ou não de proteção e benefícios proporcionados pelo Estado, mas a proposta deste trabalho não se pauta nesse aspecto e sim nas experiências e transformações internas que o processo gerou no indivíduo ou em uma coletividade. Portanto, a proposta deste GT é abordar a produção literária que gira em torno da construção de identidade dos imigrantes e de suas comunidades gerada pelas grandes correntes migratórias a partir da segunda metade do século XX para e entre os mais diferentes países. Doug Saunders afirma que esse fenômeno tem transformado o mundo, mas que ainda pouco compreendido: “We do not understand this migration because we do not know how to look at it. We do not know where to look. We have no place, no name, for the focus of our new world” (SAUNDERS, 2010, p. 2). Nessa lógica, interessa-nos saber: Como os imigrantes negociam essa construção de identidade, em um contexto que pode ser marcado por experiências de racismo; discriminação de gênero e de outras naturezas; marginalização; opressão patriarcal e exploração generalizada? Como os contextos sociais, políticos, religiosos e culturais refletem, desafiam, reforçam ou influenciam essa negociação? No aspecto do contexto cultural podemos incluir as diferenças linguísticas vivenciadas. De que forma esses imigrantes lidam com a subalternidade imposta? Há formas eficazes de superação desse estado de coisas? É possível que esses indivíduos se desobjetifiquem e se autoconstruam subjetivamente? Enfim, como tais realidades são representadas na literatura contemporânea, no duplo sentido de se reconhecer nessa literatura uma estética das migrações e das diásporas e ao mesmo tempo também as mais pungentes retratações de situações traumáticas de fato vivenciadas pelos imigrantes? Da Espanha ao Paraguai: Josefina Plá Andre Rezende Benatti (PPGLEN – UFRJ/ Capes)
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A presente comunicação se apresenta como um esboço à obra de Josefina Plá, artista hispano-paraguaia. Abordaremos questões relativas à cultura latino americana, para evidenciarmos o deslocamento realizado pela artista de nascimento espanhol, mas que desenvolveu sua obra toda no Paraguai, sua pátria por adoção, posteriormente relatamos acontecimentos pertencentes à época de formação e contato da artista com a cultura latina do Paraguai, elucidando os aspectos de sua vida pessoal em contato com sua vida artística. Posteriormente esboçamos um pequeno relatório acerca da crítica da obra de Josefina Plá. Para tal nos valemos de conceitos e críticos dos estudos historiográficos e culturais. GT 28 - O Círculo de Bakhtin na pesquisa de discursos verbovoco-visuais Coordenação: Grenissa Stafuzza (GEDIS/UFG-RC) Lady Daiane Martins Ribeiro (GEDIS/CESUC) Ao se partir da constatação de que o Círculo de Bakhtin influencia muitos estudos nas áreas da linguagem, o presente GT propõe debater as contribuições epistemológicas que o Círculo oferece em especial aos estudos de discursos verbo-vocovisuais contemporâneos. Observa-se que a noção nodal da filosofia da linguagem bakhtiniana de diálogo compreende tanto a relação entre enunciados como a relação entre enunciados e sujeitos por meio da linguagem, da cultura, da sociedade. Nesse sentido, é possível compreender a noção de sujeito dialógico-ideológico pensado pelo Círculo, uma vez que o sujeito bakhtiniano circunscreve-se em uma arquitetônica social, especialmente cronotópica e exotópica, e por essa arquitetônica é constituído. Pode-se afirmar que os escritos do Círculo russo deixam pistas que nos permitem pesquisar métodos e fundamentos para o estudo de discursos verbo-voco-
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visuais como, por exemplo, vídeo, imagem, pôster, cinema, publicidade, performance, canção etc. Nesse sentido, este GT orienta-se na e pela concepção de natureza filosófico-linguística de se pensar os discursos, considerando, por exemplo, o conceito de signo ideológico, que passa pela base marxista da filosofia da linguagem, e segue com os conceitos de gêneros do discurso, cronótopo, carnavalização, exotopia, sujeito, ética, estética, arquitetônica, responsabilidade, responsividade, entonação, réplica, polifonia, língua, fala, enunciação, interação verbal, entre outros. Em outras palavras, o objetivo ao qual se propõe este GT é pensar possíveis fundamentos advindos dos escritos da filosofia da linguagem do Círculo de Bakhtin de modo a contribuir para as pesquisas de discursos verbo-voco-visuais que demandam análises que compreendam as perspectivas social, ideológica e estética. Apontamentos para a construção de um imaginário sobre o carnaval em uma perspectiva discursiva: sobre Restos de Carnaval e O bebê de Tarlatana Rosa Antoniel Guimarães Tavares Silva (GEDIS/UFG-RC) Grenissa Bonvino Stafuzza (GEDIS/UFG-RC) Este trabalho propõe uma aproximação da filosófica da linguagem pensada pelo pensador Mikhail Bakhtin no que se refere a teoria do dialogismo e dos estudos literários sobre a construção de imaginários e de identidades que se manifestam na e pela linguagem. Assim, objetiva analisar os contos “Restos de Carnaval”, de Clarice Lispector, e “O Bebê de Tarlatana Rosa”, de João do Rio, a fim de elencar algumas das relações dialógicas entre ambos que instauram um imaginário sobre o Carnaval e constitui uma regularidade de identidades instauradas pelos protagonistas. Para tanto, apoia-se nos textos Marxismo e a Filosofia da Linguagem (1998), com a finalidade de apresentar o aspecto translinguístico dos signos, Problemas
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da poética de Dostoiévski (2010), com o intuito de refletir sobre o princípio dialógico, e Cultura Popular na Idade Média: o contexto de François Rabelais (2001), para discutir sobre a construção de identidades suscetíveis a se tornar outras nas festas populares. Sendo assim, o método consiste em discutir, brevemente, as noções de dialogismo, carnavalização e alteridade, direcionadas ao estudo do texto literário enquanto um discurso, subsequente, recortar alguns fragmentos de ambos os contos para formar o corpus de estudo, e analisar os diálogos possíveis entre as materialidades para propor regularidades de sentidos e pensar em como os autores constroem um imaginário sobre a festividade do Carnaval, suficientes para constituir identidades. Assim sendo, com este estudo, nota-se que há uma divisão nítida entre a identidade adotada pelos personagens no momento em que estão convivendo em sociedade, em sua rotina recorrente, e a identidade assumida durante a participação das festividades onde tudo é possível. Isso induz a refletir sobre a dinâmica da heterogeneidade no processo de consolidação de identidades perpassadas pelos imaginários sociais, não somente como uma representação do comportamento dos personagens, mas como manifestação de discursos anteriores que são resgatados pelos personagens em suas falas. (Pesquisa subsidiada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES). Identidade do estereótipo Lula no discurso humorístico: contribuições do Círculo de Bakhtin para os estudos discursivos Clécio Luis Gonçalves de Oliveira (GEDIS/UFG-RC) Grenissa Bonvino Stafuzza (GEDIS/UFG-RC) O estudo que ora propomos, tal seja, “identidade do estereótipo Lula no discurso humorístico: contribuições do Círculo de Bakhtin para os estudos discursivos” decorre do interesse pela
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investigação dos processos de produção e circulação midiáticos de estereótipos em relação à constituição de identidades a partir da análise do enunciado verbovocovisual, sendo que, o estudo se fundamenta na perspectiva dialógica da linguagem do Círculo de Bakhtin, além de teorizações a respeito de estereótipo (AMOSSY, 2005a) e cenografia (MAINGUENEAU, 2005b; 2008). A partir do estudo das obras do Círculo de Bakhtin, atrelada às noções de enunciado e estereótipo, consideraremos para a presente pesquisa, em especial, as concepções de polifonia e cronotopo (BAKHTIN, 2011; 2013; 2014b; BAKHTIN/VOLOCHÍNOV, 2014a) presentes nos processos discursivos que originam uma determinada formação discursiva, dando origem a materialidades discursivas visuais, vocais e verbais, que possuem lugar discursivo específico, dado os efeitos possíveis na/da construção de sentidos. A metodologia bakhtiniana entende o objeto da pesquisa, aqui, o vídeo “Os três porquinhos versão Lula”, não como objeto em si, mas sim como sujeito que transforma o pesquisador por meio da interação, ainda que o pesquisador eleja o CORPUS da pesquisa. Amorim (2001) considera o CORPUS enquanto o outro do pesquisador, que com ele se relaciona, desse modo, a perspectiva dialógica da linguagem bakhtiniana propõe o método dialético-dialógico para se pensar a linguagem em sua natureza dialógico-ideológica. O estudo tem por base a noção de enunciado, noção basilar que fundamenta o presente estudo, uma vez que a materialidade constituída em forma de vídeo apresenta-se composta por elementos verbovocovisuais constituídos por atravessamentos históricos, sociais e ideológicos que ao enunciar, ecoa, ressoa e reverbera sentidos. Desse modo, consideramos “que em qualquer corrente especial de estudo faz-se necessária uma noção precisa da natureza do enunciado em geral e das particularidades dos diversos tipos de enunciados” (BAKHTIN, 2011, p. 264) que se constituem a partir da interação entre o enunciador e o ouvinte, pois dessa relação o ouvinte, no caso o espectador do vídeo, também é participante e não meramente um “recebedor” inerte, isso
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porque sentidos serão provocados e dele emergirão respostas e reações. Nessa perspectiva, as representações coletivas do discurso desse sujeito são reconstruídas a partir de um modelo cultural preexistente, ou seja, a partir do conjunto de concepções partilhadas em/por um determinado grupo social. (Apoio: FAPEG). O verbo-visual em uma perspectiva dialógica: um olhar sobre discursos da mídia jornalística sobre a universidade Fábio Márcio Gaio de Souza (UFG) Quando pensamos nos discursos da mídia jornalística em uma perspectiva dialógica, temos não apenas a simples informação, mas, a partir da percepção da condição dialógica de sujeitos e discursos e da própria noção de signo enquanto território ideológico, entendemos que, o conteúdo verbal e não verbal presente na mídia não são neutros, mas, revelam valores de um dado veículo, de uma sociedade, de um jornalista, de uma fonte, enfim. Isto quer dizer que nada parte do aleatório ou da simples necessidade de informação e prestação de um serviço por parte dos veículos de comunicação. A informação jornalística em um jornal impresso ou eletrônico é decorrente de um processo de intervenção e construção que é realizado pelo jornalista e fotógrafo, que lançam sua compreensão, seus valores, suas ideologias e suas técnicas, que se relacionam a outros sujeitos e discursos, para a produção do material verbovisual. Tendo em mente que todo discurso é produzido para alguém e em reposta a algo, interessa-nos, assim, refletir acerca da imagem que o sujeito possui de si e do outro, refletindo acerca dos sujeitos, discursos, sentidos e ideologias, na relação da imagem para o texto e vice-versa, relação essa que se encontra permeada pelo outro, pelo interlocutor. Em uma perspectiva dialógica, propomos a articulação entre discurso, mídia e
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universidade e, para tal, nossa proposta é analisar matérias jornalísticas acerca da Universidade Federal de Goiás e da Pontifícia Universidade Católica de Goiás nos jornais O Popular e Diário da Manhã, compreendendo que, tanto nos jornais, quanto nas instituições de ensino, temos discursos e sujeitos diferentes e diversos, em sua relação consigo e com o outro. Verbal e não verbal, portanto, se articulam de diferentes formas em cada situação, em cada matéria, promovendo a possibilidade de encontro e interação, a partir do verbo-visual, da alteridade, do sujeito a partir de uma relação dialógica, que é a base do pensamento bakhtiniano. Uso de tirinhas em sala de aula como ferramenta para discussão sobre a noção de Linguagem e Ideologia Ivi Furloni Ribeiro (Estácio-UniSEB) Para Bakhtin (2004), a língua reflete todos os conflitos de classe e as mudanças que se dão na língua são um reflexo das mudanças ideológicas em uma dada sociedade. É a partir dessa análise que Bakhtin (2004) afirma que o signo é ideológico, isso porque o signo está vivo, circulando nas enunciações produzidas pelos indivíduos em dada sociedade. Além disso, isso faz do signo um ente marcado pelo contexto sócio-histórico-ideológico. Além de ideológico, para Bakhtin (2004), o signo é não é fixo, completamente estável, congelado, pois sua significação não está presa a um conteúdo estabelecido em dicionários. Muito pelo contrário, a significação se dá de acordo com diversos fatores, como a entonação, o conteúdo ideológico, ou de acordo com uma dada situação social. Todos esses elementos ou situações é que nos permitem chegar à significação de um signo. No entanto, não é por fazer parte da realidade material que um objeto pode ser considerado símbolo ideológico; apenas depois de “refletir e refratar”, como diz Bakhtin (2004), uma outra realidade exterior a ele, é que um objeto passa a ser um produto ideológico. Bakhtin (2004) oferece como exemplo a
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foice e o martelo, que na sua realidade material são apenas instrumentos de uso cotidiano, mas que ao serem utilizados na bandeira da ex União Soviética, adquirem simbolismo e sentido ideológico, e passam a ser signos, não mais apenas meros instrumentos. O mesmo se dá com a cruz, símbolo do cristianismo, signo ideológico cristão. Como parte de uma realidade concreta, todo signo é objetivo, e por isso passível de ser estudado. Assim, Bakhtin (2004) critica os estudos sobre a ideologia que se concentram na ideologia como um fator da consciência, silenciando sobre a consciência apenas se afirmar mediante a realidade material, pois, para Bakhtin (2004), “a compreensão é uma resposta a um signo por meio de signos” (BAKHTIN, 2004, p. 34). Essa compreensão que se dá de um signo a outro percorre uma cadeia ininterrupta. De um signo a outro, constrói-se a compreensão ideológica, que passa sempre pelo meio material, sem atravessar o meio interior. Essa cadeia se dá também entre uma consciência individual e outra consciência também individual. E é dessa interação entre consciências individuais que surgem os signos. Aliás, “a consciência só se torna consciência quando se impregna de conteúdo ideológico (semiótico) e, consequentemente, somente no processo de interação social” (BAKHTIN, 2004, p. 34). O ideológico, então, surge da interação social do homem, e não em sua consciência individual. É nessa relação social que se estabelece por meio dos signos como meio de comunicação que surge o ideológico. Mas os signos só surgem quando há uma relação de organização para funcionamento de um grupo socialmente estabelecido, não apenas pela união de dois homens. Para Bakhtin (2004) a consciência individual surge a partir dessa relação sócio-ideológica. Bakhtin (2004) conclui que o signo ideológico existe como materialização da comunicação que se estabelece entre as consciências individuais permeadas pelo ideológico. A palavra, como já foi dito, é o signo ideológico por excelência. É por meio dela que se dá a comunicação e a interação social. E o mais pertinente é que a palavra é o único signo neutro, porque, ao contrário dos outros
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objetos que adquirem simbolismo em um domínio específico, a palavra “pode preencher qualquer espécie de função ideológica: estética, científica, moral, religiosa.” (BAKHTIN, 2004, p. 37). Em cada momento da evolução da sociedade, o corpo social que a compõe delimita um conjunto de objetos a serem valorizados. Esse conjunto passa a ter um valor especial, e por isso apenas ele dará origem a um outro conjunto de signos ideológicos. Mas para que isso aconteça, esse conjunto de objetos deverá estar relacionado com as condições socioeconômica desse grupo. Sendo assim, Bakhtin (2004) conclui que só se torna ideológico aquilo que adquiriu certo VALOR SOCIAL. Às condições socioeconômicas que permitem o surgimento dos signos Bakhtin (2004) chama de TEMA (p. 45). A todo valor social, então, está ligado um tema; e mais “o tema ideológico possui sempre um índice de valor social” (BAKHTIN, 2004, p.45). Sendo assim, a palavra se constitui pela sua significação, ou mais precisamente: “o que faz da palavra uma palavra é sua significação” (BAKHTIN, 2004, p. 49). Bakhtin (2004) explica que a significação mantém uma relação intrínseca com o signo, pois é impossível dissociar um de outro, visto que o signo é material, já a significação não, no entanto o signo apenas se torna signo quando há relacionado a ele uma significação que seja compreendida por uma determinada comunidade. Os falantes não adquirem apenas os sinais, pois se assim fosse, de acordo com o que foi dito acima, não seria possível estabelecer comunicação, visto que a carga ideológica que torna o sinal signo é que delimita para os falantes a significação e permite o uso dos signos em determinados contextos, e não em outros. Mais do que aprender a decodificar sinais, o falante deve conhecer a palavra em contextos possíveis de uso para compreender seu signo. Bakhtin (2004) completa dizendo que “a palavra está sempre carregada de um conteúdo ou de um sentido ideológico ou vivencial” (BAKHTIN, 2004, p. 95), do que ele conclui que o sujeitos-falantes não apreendem a língua enquanto “sistema abstrato de formas normativas” (BAKHTIN, 2004, p. 95), mas sim como forma
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linguística que se constitui dentro de contextos diversos, contextos esses que determinam o ideológico dos signos. O sujeito-falante apenas compreende formas linguísticas que remetam ao ideológico. A partir do exposto, propomos, no presente trabalho, demonstrar como o uso de um gênero textual que muito atraia a atenção de crianças e adolescentes, as tirinhas (mais especificamente do Hagar e Mafalda), em sala podem auxiliar o professor no desenvolvimento de conceitos como Linguagem e Ideologia, levando o aluno a compreender como a o ideológico, por meio do signo linguístico, se manifesta. Relações interdiscursivas e dialógicas no discurso de autoajuda Lady Daiane Martins Ribeiro (/GEDIS/CESUC) Grenissa Bonvino Stafuzza (GEDIS/PMEL-UFG-RC) Esse trabalho refere-se a pesquisa de mestrado denominada de “Diálogo e interdiscurso na literatura de autoajuda” tem como objetivo analisar a construção interdiscursiva e dialógica na obra Você é insubstituível, de Augusto Cury. A reflexão teórica se inscreve nos pressupostos da Análise do discurso de Michel Pêcheux (1997, 2002, 2007, 2009, 2011), focando nas noções de sujeito e interdiscurso em diálogo com a filosofia da linguagem do Círculo de Bakhtin (1981, 2001, 2006, 2011) a respeito da teoria do dialogismo e da noção de sujeito. Pêcheux (2009), ao dialogar com a teoria foucaultiana, observa que as formações ideológicas compõem as formações discursivas (FD), resultando, assim, na combinação de diferentes discursos, ao que, na AD, denominamos de interdiscurso. Esses discursos que perpassam o discurso são enunciados apreendidos pela materialidade linguística que se constituem de acontecimentos e ideologias marcados na história que se transformam e se modificam em dadas situações linguageiras. Na perspectiva do Círculo de Bakhtin, o discurso é concebido não enquanto fala individual, mas enquanto instância significativa em que discursos outros –
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veiculados sócio-historicamente e que se realizam nas e pelas interações entre os sujeitos – se entrelaçam e se atravessam. Na análise das sequências discursivas, constatamos que o sujeito enunciador do discurso de autoajuda que se apresenta na obra Você é insubstituível, apropria-se de vários discursos socialmente legitimados como forma de validação de seu dizer. Focamos a reflexão na análise dos discursos capitalista, religioso e científico por serem discursos constituintes fundantes do discurso de autoajuda. Portanto, buscamos a partir da análise do corpus identificar as interdiscursividades (discursos-outros), bem como os diálogos (a interação entre diversos dizeres) na obra Você é insubstituível, bem como analisar a produção de sentidos no embate entre as discursividades capitalista, religiosa e científica na constituição do discurso de autoajuda. Os enunciados e o mito Indalécio, elos que se confrontam e se (con)fundem Léa Evangelista Persicano (UFG-RC) A proposta para este trabalho centra-se nos conceitos de enunciado, signo ideológico, interação verbal, heterogeneidade, polifonia, segundo a concepção dialógica de linguagem, a fim de se analisar determinados embates enunciativos e discursivos entre alguns personagens (representações de sujeitos reais), em torno do mito fundador Indalécio, pela linguagem cinematográfica de Narradores de Javé (2003), filme brasileiro que explora enormemente o riso, a cultura popular, certa representação de brasilidade (sobretudo do Nordeste brasileiro). O enunciado, segundo Bakhtin (2003), é a unidade real da comunicação discursiva, pressupõe posição responsiva do ouvinte/ destinatário e compreensão responsiva por parte deste, sendo um elo na cadeia de outros enunciados. A característica do enunciado e do discurso de ser um elo na cadeia de outros enunciados e discursos derruba a noção de sujeito como origem do enunciado e do discurso, confirmando a
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noção de sujeito como constituído nos e pelos enunciados/ discursos. Na trama fílmico-discursiva, vemos os embates dos personagens narradores entre si, na (re)construção desse mito fundador, bem como os embates entre eles e o personagem Antônio Biá, o escrevente do livro com a(s) história(s) do Vale de Javé, enunciações essas em que cada um emprega estilo e entonação característicos. Temos várias versões (compostas por enunciados e discursos) sobre e para a história de Javé e não uma única versão, a verdadeira, apesar de a proposta do livro (escrito) se pautar por essa ilusão. Versões coincidem, se complementam, ou se digladiam, se refutam. O mito Indalécio ganha várias interpretações e roupagens, inclusive em alguns casos o/ a ator/ atriz que interpreta o personagem narrador é o mesmo que interpreta o personagem herói narrado, a exemplo de Luci Pereira, como as personagens Deodora e Mariadina, uma guerreira, heroína; Gero Camilo, como os personagens Firmino e Indalécio, o herói que morreu em situação “difícil”. Por meio de uma metodologia descritivo-analíticainterpretativa, a partir de alguns enunciados fílmicos a serem transcritos, aplicaremos os conceitos elencados, comprovando o quanto a filosofia da linguagem do Círculo de Bakhtin, conforme proposto pelo GT em questão, contribui “para as pesquisas de discursos verbo-voco-visuais que demandam análises que compreendam as perspectivas social, ideológica e estética” (STAFUZZA; RIBEIRO, 2015). Meme jurisprudencial no Facebook do STJ: um gênero verbo-visual Loraine Vidigal Lisboa (UFG-RC/ IFG-Campus Urutaí) A internet tem sido o espaço – também denominado por alguns como ciberespaço – destinado à interação entre os sujeitos sociais da contemporaneidade. A ascensão tecnológica, especialmente pós guerra, a comercialização de computadores pessoais e os diversos dispositivos eletrônicos a que temos acesso
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atualmente trazem à tona interações antes impossibilitadas sem tal tecnologia. Nesse contexto, é possível reconhecer o imbricamento de diversas esferas de atividade humana, fazendo com que o sujeito inserido em contexto tecnológico se depare com necessidades comunicativas inexistentes anteriormente e, para suprir as lacunas emergentes desse ambiente, diversos gêneros discursivos surgem ou se adaptam a essa nova realidade. Nesse sentido, o presente trabalho visa a expor resultados finais da dissertação de mestrado intitulada Memes jurisprudenciais no facebook do STJ: A constituição dialógica de um gênero verbo-visual que diz respeito a um estudo em que propomos que o meme jurisprudencial, de autoria do Superior Tribunal de Justiça (STJ), é um gênero discursivo propagado na rede social facebook – produzido e circulado neste espaço – propiciando relações dialógicas entre discursos jurídicos materializados por meio da linguagem verbovisual, favorecendo, assim, a constituição da arquitetônica do gênero em questão. Para tal, nos dispusemos a realizar uma pesquisa teórico-documental sobre alguns fundamentos bakhtinianos pertinentes à pesquisa, assim como analisar as relações dialógicas encontradas em 4 (quatro) memes (dentre 109 coletados) veiculados nos álbuns de fotos da página pública do STJ no facebook. Tal escolha foi feita a partir de recorrências temáticas e imagéticas que se referem a discursos sobre leis que contemplam relações entre pais e filhos, assim como ao uso de personagens da saga Star Wars que, em imbricamento de esferas – jurídica e midiática – compõem a arquitetônica deste gênero. Partimos da hipótese de que o meme jurisprudencial, ao materializar discursos diversos por meio da linguagem verbo-visual de seus enunciados, estabelecendo relações dialógicas entre eles, pode ser considerado um gênero discursivo segundo os estudos bakhtinianos. Para nossas reflexões teórico-metodológicas e análises, nos pautaremos na concepção dialógica da linguagem preconizada pelo Círculo de Bakhtin, constituído principalmente por Bakhtin, Volochínov e Medviédev.
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Nossa ênfase se dará nas noções de dialogismo, signo ideológico, interação verbal, gênero discursivo e discurso, pois, segundo o pensamento dialógico do Círculo, é a partir das relações dialógicas possibilitadas pelos enunciados relativamente estáveis que configuram os gêneros discursivos que o sujeito tem acesso aos discursos e à linguagem, interagindo consigo mesmo, com o outro e com o mundo à sua volta, constituindo-se continuamente. (Apoio: Capes). Discursos verbo-visuais: história em quadrinhos nãoficcional Mayara Barbosa Tavares (UFG) Eliane Marquez da Fonseca Fernandes(UFG) A pesquisa é de cunho qualitativo, com método interpretativista e tem como objetivo a análise e a problematização do gênero do discurso história em quadrinhos não-ficcional intitulada O incrível mensalão, de Angeli, veiculada em meio impresso e digital no Jornal Folha de São Paulo, no dia 19 de agosto de 2012. A fundamentação teórica liga-se às obras de Bakhtin (1997, 2003) e os conceitos de interação verbal, gêneros do discurso, ideologia do cotidiano, dentre outros. Para a teorização das histórias em quadrinhos, são utilizadas as obras de Eisner (2001; 2005), com foco nos conceitos de arte sequencial e narrativa gráfica; e de Ramos (2009), com as contribuições sobre a linguagem dos quadrinhos; dentre outros autores. No transcorrer das análises é perceptível o uso do gênero do discurso história em quadrinhos para a abordagem de assuntos não-ficcionais, como o caso do mensalão. Tem-se assim, o uso constante dos quadrinhos para expressar assuntos não-ficcionais, temáticas anteriormente destinadas a outros gêneros do discurso, como o artigo científico, o artigo de opinião, dentre outros, nos quais prevalecem, predominantemente, o uso da linguagem verbal e formal. As características que corroboram para o uso da história em
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quadrinhos não-ficcional são a utilização da linguagem verbal e não- verbal, pois, em consonância com Bakhtin (1995, p.44), “cada época e cada grupo social têm seu repertório de formas de discurso na comunicação socioideológica”, isto é, na sociedade contemporânea brasileira – verbal e maciçamente visual, imagética – tem-se a possibilidade de uso das histórias em quadrinhos para a abordagem de assuntos não-ficcionais; a relação entre as forças centrípetas e centrífugas do gênero, as forças centrípetas mantêm as características do que é o gênero HQ – relação entre o verbal e o não-verbal, arte sequencial, personagens ficcionais e outros – e as forças centrífugas possibilitam a transformação, a mudança, neste caso específico, a possibilidade de abordagem de temáticas e personagens nãoficcionais, como o caso do mensalão; e a crescente aceitação do gênero na sociedade contemporânea. (CAPES) A relação (trans)midiática na contemporaneidade: o gênero seriado Marcela Barchi Paglione (Unesp- Araraquara) Visto a emergência dos discursos verbo-voco-visuais na contemporaneidade e sua ampla circulação e recepção principalmente frente a um público jovem, o estudo do gênero seriado televisivo ganha relevância junto aos estudos bakhtinianos. Sob esse terreno, analisar-se-á Sherlock (2010), da rede BBC, seriado que (re)constrói o detetive vitoriano da obra romanesca de Conan Doyle para o grande tempo do século XXI de forma que constitutivamente este possui nas frações de si o diálogo entre ideologias, gêneros e cronotopos. Considera-se o gênero seriado a partir da concepção de linguagem do Círculo de Bakhtin, logo, tem-se que (2011, p. 262), “cada enunciado particular é individual, mas cada campo de utilização da língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, os quais denominamos gêneros do discurso”. Construído a partir da especificidade da esfera de
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atividade midiática veiculada televisivamente, sua produção, recepção e circulação estão influenciadas pela questão comercial de produtores que encomendam episódios e têm o poder de “encerrar” a produção de novos, assim como possibilitam a recepção por um público cada vez mais ativo. Justamente a reflexão sobre a relação do público com o seriado e os movimentos dialético-dialógicos de sua compreensão responsiva são o cerne do presente trabalho. O seriado enquanto gênero está posto em circulação por falantes e disposto à recepção avaliativa, tanto dos produtores quanto dos telespectadores. Apesar de todo enunciado estar disposto à avaliação do ouvinte que o responde, entende-se que, no grande tempo da contemporaneidade, há um maior movimento do público em direção ao seriado concretizado nas respostas ativas dos fãs em diversas mídias como blogs, fóruns, fanart, fanfic. Examinar-se-à em que medida essa relação afeta a produção do seriado, a partir da antecipação da recepção (memória de futuro) e enunciados construídos a partir da recepção (memória do passado) a partir da relação midiática. Par tal, serão movimentados os conceitos de gênero, diálogo (compreensão responsiva), ato responsável, cronotopo, esfera de atividade, ideologia, além do conceito fundamental de mídia. No caso de Sherlock, aponta-se, primeiramente, a presença da mídia na construção formal do seriado para a constituição dos sujeitos sociais, sua ascensão e queda social, principalmente no episódio The Reichenbach Fall (2012), bem como a possibilidade de relação entre os sujeitos-personagens por e-mails, smartphones, hashtags etc. Secundariamente, as respostas do público telespectador evidenciam a construção transmidiática de Sherlock, a qual perpassa blogs, como os de Sherlock e Watson, presentes na série e acessíveis na rede, fóruns, trailers interativos, fanfics e fanarts por meio das quais o público entra em contato com a franquia. Pretende-se demonstrar, assim, que a relação dialógica fundamental entre enunciados e sujeitos, ou seja, entre seriados, produtores e
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telespectadores se constitui, na contemporaneidade, via mídia, tanto no seriado quanto na vida. O pensamento dialógico da linguagem do círculo de Bakhtin para pensar o discurso sobre leitura do sujeitoprofessor de Catalão/GO Mary Rodrigues Vale Guimarães (GEDIS-RC-UFG) O objetivo dessa comunicação é apresentar o resultado da pesquisa de mestrado intitulada Um olhar discursivo sobre a memória de leitura do sujeito-professor concluída em abril/2015. Para desenvolvermos esse trabalho, que tinha como objetivo refletir sobre a memória de leitura do sujeito-professor, ousamos construir um diálogo teórico entre a Análise de Discurso Francesa de Michel Pêcheux (2009, 2010a, 2010b, 2012, 2014) com foco nas noções de sujeito, discurso, memória discursiva e interdiscurso e o pensamento filosófico da linguagem do Círculo de Bakhtin (1997, 2009, 2010) sobre dialogismo e vozes discursivas. Para tanto, construímos um percurso metodológico elaborando um questionário semiestruturado baseado na proposta de Análise de Ressonâncias Discursivas em Depoimentos Abertos (AREDA), de Serrani-Infanti (1998) e coletando os depoimentos dos professores do ensino médio, de língua portuguesa, das escolas públicas estaduais de Catalão/GO. Posteriormente transcrevemos os depoimentos que constituíram o CORPUS da nossa pesquisa. Para analisarmos o discurso sobre leitura, recortamos o CORPUS em sequências que nos possibilitaram observarmos a recorrência de vozes discursivas que compuseram o discurso sobre leitura que nos propusemos analisar. Constatamos a voz do discurso pedagógico, a voz do discurso político, a voz do discurso capitalista e a voz do discurso religioso dentre outras vozes que foram menos recorrentes a nosso ver. O discurso pedagógico se materializou em enunciados
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como “leitura tem que ser de livro literário”, “leitura tem que ser útil”, “leitura tem que ser feita para prestar vestibular”, o discurso político se materializou em enunciados como “melhorar a educação”, “os professores não têm condição de trabalho”, o discurso capitalista emergiu nos dizeres “eu trabalho com leitura”, “sem a leitura não somos nada” e a voz do discurso religioso se materializou nas expressões “falavam que eu tinha que ler muito a bíblia”, “leitura é essencial”. Assim entendemos que a concepção dialógica da linguagem nos possibilitou observar como os enunciados sobre leitura proferidos pelos sujeitos-professores é uma resposta a outros enunciados que constituem a corrente de toda comunicação verbal. O signo ideológico “trabalho” nos discursos da mídia sindical sobre trabalho docente Raquel Ribeiro de Oliveira (UFG-RC) Gabriella Cristina Vaz Camargo (UFG-RC) Grenissa Bonvino Stafuzza (UFG-RC) O presente estudo tem como objetivo apresentar uma proposta de trabalho na perspectiva do Círculo de Bakhtin, que pretende investigar, por meio dos princípios e estudos da linguagem, sobre o valor ideológico que envolve o trabalho docente veiculado pela mídia sindical. Para tanto, embasamonos, principalmente, nas teorias fundadas em “Marxismo e Filosofia da Linguagem” – a respeito da palavra como signo ideológico – com a pretensão de desenvolver esse estudo com o enfoque no signo ideológico “trabalho” que é social, principalmente na nossa cultura, e que traz diferentes valores sociais para o conceito de trabalho. Este estudo é oriundo de um Projeto de Iniciação Científica em que a proposta trata-se de discutir sobre os “Efeitos de sentidos sobre trabalho docente produzidos pela mídia sindical dos professores”. No referido trabalho, investigamos os efeitos de sentidos dos discursos que são produzidos em relação ao trabalho docente e, que são
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veiculados pelo SINTEGO – Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (entidade de representação sindical dos professores do Estado de Goiás), no qual analisamos jornais, informativos sindicais, artigos e vídeos que são publicados no/pelo sítio do sindicato. Considerando, então, que o discurso midiático sindical, como todo e qualquer discurso, se realiza em forma de linguagem não estanque, carregada de ideologia, a partir da produção de dizeres enunciados por sujeitos que possuem determinados lugares sociais e, desse modo, a linguagem pensada aqui enquanto discurso se mostra em movimento e produz determinados sentidos relativos a quem concretiza esta prática, revelando, assim, este caráter social e ideológico que constitui todo e qualquer enunciado. A metodologia escolhida foi a analítica descritiva e interpretativa dos signos ideológicos pesquisados no mesmo corpus que está sendo analisado no Projeto de Iniciação Científica, já mencionado, porém, aqui, trabalhando com a noção de signo ideológico, do Círculo de Bakhtin, buscando analisar o signo “trabalho” na esfera docente analisando o corpus que é produzido pelo sindicato dos trabalhadores na educação. Alguns apontamentos relevantes durante a pesquisa são, por exemplo, a aproximação dos contextos do trabalho docente com o ideológico de missão, dádiva ou dom inato. Como também, a recorrência de discursos com caráter semelhante ao maternal, em decorrência da predominância feminina no campo docente, são alguns resultados analisados e encontrados durante o estudo. A constituição do sujeito Anna Kariênina na obra de Tolstói (2009) e de Wright (2012) Tatiele Novais Silva (UNESP-Araraquara) Esta apresentação de trabalho tem como proposta apresentar a pesquisa de mestrado em desenvolvimento, intitulada “As representações de Anna Karenina no romance e no cinema: a
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construção dialógica de sujeitos em diferentes gêneros”. O objetivo do projeto em questão é estudar a questão dos valores ideológicos e como estes influenciam na estética e no estilo constituintes dos discursos, por meio de diferentes gêneros. Para tanto são analisados o discurso romanesco de Anna Kariênina (2009), de Liev Tolstói; e da obra fílmica Anna Karenina (2012), de Joe Wright. A pesquisa é calcada na análise dialógica do discurso e tem por base os conceitos de diálogo, enunciado, sujeito, cronotopo, signo ideológico e gênero, conforme as concepções de linguagem do Círculo de Bakhtin, Volochinov e Medviedev. A metodologia da pesquisa em desenvolvimento é de caráter interpretativo analítico-descritivo. O que norteia a reflexão deste trabalho é a temática do adultério e das relações familiares que influenciam na composição dos sujeitos em ambas as obras. O estudo das diferentes formas de representação das temáticas, realizado a partir de semioses distintas (obras romanesca e fílmicas) justifica-se por possibilitar maior compreensão acerca da forma específica de realização de atos discursivos estilísticos de cada enunciado e de suas relações, como também a construção do sujeito e seus valores ideológicos no discurso. O adultério e as relações familiares são temáticas representativas da sociedade contemporânea por fazerem parte de uma sociedade constituída por sujeitos e suas concepções éticas e morais. Esses temas são elementos de estudo para a compreensão dos discursos estéticos que representam. O estudo das temáticas e como elas estão representadas nas obras analisadas colabora para se compreender a composição da personagem feminina Anna Kariênina e os discursos ideológicos que estão envoltos a suas ações e como elas são vistas pelo grupo social ao qual a personagem está inserida na obra. A concepção de signo ideológico é essencial para entender os sentidos produzidos na e pela linguagem, uma vez que os valores são intrínsecos aos discursos. Por meio do signo ideológico é possível visualizar valores humanos relativos às temáticas do adultério e das relações familiares, temáticas construídas no âmbito social. Em suma, estudar as questões
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aqui propostas permite compreender como se dá a representação e a constituição do sujeito em diferentes gêneros por meio de discursos estéticos. A enunciação do sujeito professor de língua materna no processo de produção textual em sala de aula Wânia Gomes Mariano Vieira (UEG) Este trabalho é resultado de uma pesquisa que analisa as manifestações discursivas dos professores de língua materna. Essa pesquisa foi realizada no primeiro semestre de 2013, com o objetivo identificar os enunciados produzidos pelos sujeitos professores no que diz respeito ao ensino de língua materna no âmbito da produção textual. O objetivo desse pesquisa é então compreender as estratégias que os sujeitos professores de língua materna utilizam para trabalhar a produção textual, e ainda verificar como se dá o processo de correção dos textos produzidos pelos alunos. Trata-se de uma pesquisa com foco na teoria na enunciação. Para Bakhtin o texto tem um cunho social e o autor compreende a linguagem de forma responsiva e ativa entre interlocutores. Dessa forma, a obtenção das análises foi realizada através de questionários com professores da escola pública nas cidades de Itumbiara e Morrinhos. A partir da análise dos questionários observou-se que os sujeitos professores de língua materna, procuram realizar um trabalho compreendendo os gêneros textuais como atividades indispensáveis para a internalização das regras gramaticais. As similaridades das respostas dadas pelos sujeitos professores apontam para um trabalho gramatical realizado a partir dos gêneros textuais lidos em sala de aula. E ainda, observou-se enunciados a respeito da correção das produções textuais dos alunos. Os sujeitos professores escolhem alguns textos como exemplos para serem corrigidos, comentando os problemas mais recorrentes nos textos de toda a turma. Desse modo, a refacção inexiste como processo de ocultação da voz do sujeito
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aluno, que corrige os erros gramaticais com a ajuda do professor e não desenvolve uma troca de enunciados novos entre interlocutores. Posto isso, emergi o apagamento do sujeito aluno, compreendido como sujeito passivo dentro da sala de aula, e isso impossibilita o sujeito aluno de fazer uso da linguagem, cria-se a ilusão que existe uma troca de enunciados, quando as análises indicam que a melhor maneira é generalizar a correção e seguir com o conteúdo imposto pela matriz curricular. Uma análise verbovocovisual das canções do Catupé Amarelo da congada de Catalão no Facebook Wellington dos Reis Nascimento (PMEL- UFG/RC) Grenissa Bonvino Stafuzza (PMEL- UFG/RC ) O presente estudo tem por objetivo apresentar algumas hipóteses levantadas no projeto de dissertação intitulado: “Das canções da congada catalana do Catupé Amarelo no facebook: uma análise dialógica do enunciado verbovocovisual”. O mote do trabalho será as publicações que estão disponíveis na página do Catupé Amarelo no Facebook, para pensarmos os enunciados verbovocovisuais e como eles funcionam na construção das identidades dos sujeitos congadeiros. Esse estudo encontra-se fundamentado na perspectiva dialógica da filosofia da linguagem do Círculo de Bakhtin, sendo que o corpus será construído por enunciados verbovocovisuais da congada do Catupé Amarelo, por percebermos que existe uma maior recorrência desse grupo na rede social em estudo, o Facebook. Com relação aos pressupostos teóricos que serão utilizados para a realização do presente estudo, tomaremos como escopo para o desenvolvimento da pesquisa os escritos filosóficos do Círculo de Bakhtin que se fundamentam na perspectiva dialógica da linguagem e, em especial, nas noções de signo ideológico, interação verbal, enunciado, voz, eco, ressonância, reverberação, cronótopo, exotopia, reflexo, refração e
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identidade. Logo, é por meio da metodologia dialética que descreveremos, interpretaremos e analisaremos tais enunciados disponíveis na supracitada rede social. Ademais, a pesquisa é de cunho bibliográfico, uma vez que buscaremos nas obras do Círculo as pistas deixadas para pensarmos os enunciados, verbais, vocais e visuais. Cabe ressaltar que o presente estudo se justifica, primeiro, pela eminência em se pensar as construções identitárias e os sentidos que emergem quando os congadeiros de um dos grupos tradicionais da congada catalana resolvem utilizar a rede social Facebook para veicular suas canções. Segundo, porque há uma emergência nos estudos da linguagem de se pensar a linguagem verbovocovisual considerando a relação entre enunciados e a relação sujeitoenunciado nessas canções. Terceiro, porque o estudo das identidades e do enunciado verbovocovisual pode revelar as práticas de linguagem do grupo de congada do Catupé Amarelo, tanto na vida como na arte, em termos bakhtinianos. Por meio desse estudo, poderemos compreender que a congada, especificamente, o Catupé Amarelo tem se transformado, porque a linguagem também se modificou. GT 29 – O português brasileiro: um mosaico linguístico Marilda Alves Adão Carvalho (UEG/UFU) Sebastião Elias Milani (UFG) O português brasileiro, a partir do século XX, com o desenvolvimento de pesquisas dialetais, como o dialeto caipira, o dialeto fluminense e as variantes nordestinas, ganhou um novo status, o qual foi corroborado com o surgimento da Sociolinguística, da Geolinguística, da Dialetologia e outras teorias que propiciaram estudos com o objetivo de reconstruírem a sócio-história da língua falada no Brasil. Esses estudos, orientados por metodologias muito mais precisas, fizeram o aprofundamento nas diferenças, pois, a partir do
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português europeu, contribuíram para o desvelamento das nuances e das particulares que diferem aquele deste. Esses métodos de pesquisa atuaram de forma a possibilitar a reconstrução ou a construção da própria história do português brasileiro. Após a consolidação desses métodos no Brasil, os estudos desenvolvidos pela perspectiva dessas áreas elencadas têm se prestado para a desconstrução da ideia e/ou concepção cristalizada de homogeneidade linguística, haja vista considerarem a variação e a mudança dos elementos da língua como inerentes a ela nos planos fonético-fonológico, morfossintático e léxico-semântico. Esses estudos muito têm contribuído para combater preconceitos linguísticos como o certo e o errado, o falar feio e o falar bonito, o falar culto e o inculto, etc. A língua e a linguagem, antes investigadas sobre um viés estruturalista formal, passam a ser investigadas em sua relação com fatores de ordem extralinguística e, nesse ponto, as pesquisas voltam-se, essencialmente, à descrição e análise da fala, visto por meio dela se poder desvelar, concretamente, características socioculturais, ideológicas e identitárias de uma comunidade ou de um povo em específico, bem como desvelar a sistematicidade ou regularidade existente nos distintos falares que compõem o português brasileiro. Nessa perspectiva, este simpósio se propõe a reunir trabalhos que discutam a língua e linguagem dentro do escopo sociolinguístico, geolinguístico, dialetológico e outros que as tomem e/ou as concebam como variável e mutável. Ter x haver existenciais: um estudo sobre a variação Éricka Fernanda Caixeta Moreira (UFU) A língua, como qualquer outra realidade humana ou da natureza em geral, está em contínua variação e mudança. Qualquer língua é, então, um resultado de um longo e contínuo processo histórico. Ao mesmo tempo em que a mudança é contínua, ela também é lenta e gradual, pois há períodos de
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variação, ou seja, de coexistência das duas formas (a inovadora e a conservadora) e concorrência até ocorrer a vitória de uma sobre a outra, ou seja, a mudança. Assim, partindo desta concepção de língua passível de mudança, com base nos pressupostos da Linguística Histórica, buscamos analisar, neste trabalho, o uso variável dos verbos TER e HAVER com sentido de “existir” em notícias publicadas em jornais uberabenses do início do século XX, que se encontram em jornais no arquivo público da cidade de Uberaba/MG. Assim, por manter vínculo com a realidade social, o jornal permite que trabalhemos a dinamicidade da língua. Visamos, principalmente, responder às seguintes questões: qual a frequência de TER e HAVER no CORPUS analisado?; considerando a existência de variação, que fatores linguísticos e/ou extralinguísticos condicionam o uso de uma ou outra forma verbal analisadas? Buscamos a fundamentação teórica em gramáticas normativas e descritivas, fizemos uma revisão bibliográfica sobre a Linguística Histórica e da Teoria da Variação Linguística, além de estudos relacionados ao TER e HAVER no português brasileiro. As ocorrências dos verbos em questão foram analisadas sincrônica, qualitativa – com auxílio do pacote estatístico GOLDVARB – e quantitativamente, de acordo com os grupos de fatores de variáveis dependentes e independentes. Como resultado, observamos que o uso de HAVER predominou sobre TER com sentido de “existir”. Alguns fatores como a animacidade do objeto, tempos verbais e posição do objeto, contribuíram para esse resultado. A partir do que foi exposto, acreditamos que esse trabalho possa contribuir para o levantamento de características do português mineiro e, consequentemente, para a história do português brasileiro. Formas imperativas em anúncios publicitários de jornais portugueses contemporâneos Larissa Campoi Peluco (UFU)
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Esta pesquisa tem como objetivo central investigar se existe variação no uso das formas verbais em situações imperativas em anúncios publicitários extraídos de jornais portugueses escritos a partir de 2001. Muitas obras chamam de “formas próprias (ou imperativo verdadeiro)” do imperativo, construções como “olha”, “abre” e “faz” em frases diretivas sem sujeito superficial, como, por exemplo: “Olha para menina!/Abre a porta! /Faz a tarefa!”. Além disso, para a expressão de atos diretivos afirmativos singulares com marca discursiva de respeito ou para atos diretivos negativos, também sem sujeito superficial, é apontado o emprego de formas do modo subjuntivo, denominadas de “formas supletivas” (por exemplo, Mateus et al, 2003, p.254-256; p.451-460). Investigações sobre o Português Brasileiro (PB), das regiões Sudeste e Centro-Oeste, evidenciam que a frequência de uso do imperativo verdadeiro (olha, abre, faz) na fala espontânea é de aproximadamente 90% (Scherre et al, 1998; Neta, 2000; Ferreira e Alves 2001; Silva, 2003; Lima 2005; Sampaio, 2004, etc). Na região Nordeste, pesquisas apontam que esse emprego varia de 50%, a 70% dos casos (Sampaio, 2001; Alves, 2001; Jesus, 2006). Na região Sul, há resultados que indicam a predominância de imperativo verdadeiro em Florianópolis (100%) e de imperativo supletivo em Lages, 79% (Bonfá, Pinto e Luiz, 1997). Já sobre o português escrito, Peluco e Barbosa (2012) investigaram o uso das formas verbais em situações imperativas em anúncios publicitários extraídos de jornais escritos na cidade de Uberaba, MG-Brasil, a partir de 2001. Nessa pesquisa, as autoras selecionaram 80 ocorrências de formas imperativas, sendo que 78 ocorrências foram do imperativo associado ao subjuntivo. Peluco e Barbosa encontraram apenas duas formas associadas ao indicativo, formas consideradas pelas autoras como estruturas cristalizadas do português brasileiro. Ao fim da análise apontaram que português escrito uberabense, em contraste com a língua falada, ainda não há variação no uso da função imperativa. Em relação ao Português de Portugal (PP), gramáticas como de Mateus et al (2003, p. 449-460),
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sugerem que a forma imperativa padrão apresenta duas características do imperativo verdadeiro: (i) morfologia distinta do modo indicativo (Imperativo: Diz tudo - 2ª pessoa do singular / Indicativo: Dizes tudo - 2ª pessoa do singular); (ii) ocorrência exclusiva em frases afirmativas, ou seja, impossibilidade gramatical de negar o imperativo verdadeiro (Imperativo em construções afirmativas: Diz tudo o que sabes sobre o assunto! / Imperativo em construções negativas:*Não canta! - forma supletiva: Não cantes!). Em relação à ordem do clítico ao verbo no Português de Portugal, para Mateus et al (2003), sempre aparece em segunda posição (Deixa-me descansar!). Partindo desses – e de outros – apontamentos, verificamos qual a forma imperativa mais frequente no Português de Portugal escrito contemporâneo, comparando com os resultados de Peluco e Barbosa (2012). Para isso, foi organizado um corpus composto por anúncios publicitários escritos extraídos de jornais portugueses online publicados a partir do ano de 2001. Partimos de estudos como de Pombal (2003), que sugerem que o gênero textual “anúncio publicitário” apresenta alguns usos linguísticos considerados inovadores dentro da língua devido a sua abertura para um texto menos formal, de acordo com a situação e a necessidade do falante, o que demonstra sua força e relevância como forma de expressão viva da língua portuguesa. Foi verificado também quais contextos linguísticos discursivos favorecem o uso de uma forma ou outra. Conhecer quais são as variações presentes no Português de Portugal atual contribui no levantamento de características peculiares da escrita desta comunidade, além de possibilitar comparações com o Português Brasileiro. A prótese a- em verbos do dialeto caipira Paulo Henrique E. S. Nestor (UFG) Formas como ajuntar, alembrar, alevantar, arrenegar, arreparar, arrodear, assoprar e avoar causam certa estranheza
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quando pronunciadas em determinados ambientes, principalmente em razão de não estarem de acordo com o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa contemporâneo. A partir da perspectiva diacrônica, pesquisas linguísticas excederam o binômio certo e errado, com isso chegaram à conclusão de que tais formas são, predominantemente, vestígios linguísticos de outras épocas. Tais vestígios recebem o nome técnico de arcaísmos e têm em comum, especificamente, a presença da prótese a-. Em síntese, a prótese consiste na inserção de um fonema ao início de uma palavra. Nesse sentido, este estudo focou tal fenômeno e teve como objeto o glossário da obra O dialeto caipira de Amadeu Amaral. Essa obra foi publicada pela primeira vez em 1920 e fundamentou-se em estudos linguísticos do período para descrever o linguajar (falar) caipira, tratando de suas formas e examinando seu vocabulário. A partir de uma pesquisa bibliográfica, analisou-se os verbos em que a prótese a- estava presente e, por meio dessa abordagem, pôde-se verificar que tal presença não era aleatória. O contexto histórico, com suas mudanças e constâncias, fez desses verbos formas típicas e reconhecidas do falar de comunidades interioranas. A existência sincrônica de dois referentes semelhantes para o mesmo significado, em casos como alembrar/lembrar, se mantém, principalmente, pelo fato de a prótese a- não apresentar elementos que propiciem, semanticamente, distinção entre os dois vocábulos. Por outro lado, se a presença ou a ausência da prótese é inócua nesses casos, o mais coerente seria o desaparecimento dessa forma em razão de sua prescindibilidade. Isso não ocorre porque a prótese a- ainda exerce uma espécie de reforço nos verbos, no sentido de movimento (ação). Além disso, há um paradigma similar existente em outros verbos; nestes, o a- funciona como prefixo (abancar, amiudar, arranchar) e não como prótese. Tal fato faz com que os falantes, que possuem a consciência sincrônica da língua, em analogia a esses verbos (com prefixos a-), mantenham, paralelamente ao a- prefixo, o a- prótese.
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GT 30 - Percepções acerca do processo de ensino/ aprendizagem de língua portuguesa: problematizando os métodos e as práticas presentes na aula de português Coordenação: Sebastião Carlúcio Alves-Filho (UEG/Campus Jataí) Sílvio Ribeiro da Silva (UFG/REJ) As discussões atuais a respeito de métodos e técnicas de ensino/aprendizagem de Português têm sido intensas, não só em grupos de Estudos Linguísticos, mas também da Educação. Em todos os casos, o que motiva o debate são, em geral, os materiais didáticos, os conteúdos que são ensinados e também a avaliação como importante integrante de todo processo de ensino/aprendizagem escolar. Partindo deste princípio, este GT pretende reunir trabalhos, concluídos ou em andamento, cujo ponto de partida e de chegada é o ensino/aprendizagem de Português. Interessa-nos agrupar investigações que possam suscitar debates em torno do livro didático de Português (LDP), analisando como ele mobiliza letramentos, durante o processo de ensino/aprendizagem de língua materna, capazes de colaborar com o desempenho favorável do aluno nas suas práticas letradas dentro e fora da escola, inclusive nas avaliações em larga escala. Em relação aos conteúdos ensinados, esperamos estudos que se debrucem sobre as propostas de leitura e interpretação de textos, orais e/ou escritos, verificando se demonstram o entendimento de que estas atividades devem levar em conta o processo de construção do enunciado, indo além da prática ainda comum de encarar a leitura apenas como atividade de decodificação. Em relação aos conteúdos de gramática/análise linguística, pretendemos abarcar pesquisas que observem como tem sido a prática desse integrante do currículo escolar. Sabe-se que, após a publicação dos PCN (1997/1998) e das Orientações Curriculares para o Ensino Médio (2006), uma grande
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reviravolta na forma de encarar esses conteúdos aconteceu. A partir de então, os itens gramaticais constituintes de nossas práticas letradas não devem mais ser visualizados apenas do ponto de vista textual, mas, principalmente, do ponto de vista discursivo, levando o aluno a entender esses itens como protagonistas da construção de suas práticas linguísticas escolares ou não. A produção de textos, orais e/ou escritos, deve ser o momento em que o aluno põe em prática seu repertório temático adquirido nas discussões em classe ou em outra esfera de atividade humana. Mas não só isso. É na produção de textos que ele tem a oportunidade de mostrar se a abordagem instrumental que deve ter recebido em relação aos aspectos estilísticos, temáticos e composicionais de diferentes gêneros é o bastante para torna-lo hábil para produzir inúmeros textos de acordo com as exigências das mais variadas esferas nas quais convive. Por fim, esperamos discussões sobre a avaliação, momento ainda tão complexo nas vivências escolares. Serão de nosso interesse estudos que busquem investigar seu funcionamento como integrante da aprendizagem, especialmente aqueles que intencionam desconstruir o senso comum de que a avaliação se dá apenas em situações específicas por meio da tão temida prova. Ressaltamos que as discussões sobre métodos e técnicas de ensino/aprendizagem são decisivas para que a escola, a mais importante agência de letramento, apresente condições de dotar o aluno de estratégias que o tornarão capaz de ler, interpretar e produzir textos diversos, desenvolvendo cada vez mais seus letramentos. Por este motivo, consideramos que as contribuições deste GT serão relevantes para ampliar a problematização do tema. O uso dos operadores argumentativos em artigos de opinião: análise de uma proposta presente no portal do professor Caroline Schwarzbold (UFU)
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Este trabalho é parte de uma pesquisa ainda em andamento do Mestrado Profissional em Letras, pela Universidade Federal de Uberlândia, dividida em duas etapas: primeira, a aplicação e análise de uma proposta disponível no Portal do Professor e, a partir desta, a criação, aplicação e análise de uma sequência didática (DOLZ; SCHNEUWLY, 2011) que procurar suprir as lacunas identificadas anteriormente. Como objetivos propostos, esta pesquisa busca analisar e compreender como o uso adequado dos operadores argumentativos (KOCH, 2006) colabora para a construção de uma argumentação consistente por meio da qual o aluno-escritor consiga, de fato, expor o seu ponto de vista e convencer seus leitores de que ele é o mais apropriado diante de um tema polêmico. Para tanto, este trabalho contemplou a aplicação e análise de uma sequência de aulas disponível no Portal do Professor que tratasse do ensino dos operadores argumentativos em textos do gênero artigo de opinião e contemplasse ainda a escritura deste gênero pelos alunos. Essa aplicação ocorreu em uma turma de 9º ano do ensino fundamental de uma escola pública municipal da cidade de Uberlândia/MG no segundo semestre do ano de 2014. Para fins de apresentação oral, a presente comunicação enfocará a aplicação e análise das atividades publicadas no Portal do Professor. A abordagem utilizada para a realização deste trabalho é a analítico-descritiva. Como resultados já obtidos, percebemos que a sequência de atividades disponível no Portal do Professor não consegue atingir os seus objetivos, deixando a desejar em algumas questões importantes como o próprio ensino dos operadores, considerado por nós insuficiente, por não ser, como pretendido, o foco do desenvolvimento das atividades, além de não propor nenhum tipo de critério de avaliação para a produção de texto dos estudantes, cabendo ao professor aplicador estabelecer seus próprios critérios. (Apoio: Capes)
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Da análise das práticas do Livro Didático de Língua Portuguesa para uma proposta de ensino de gramática: A Regência Verbal numa perspectiva textual-discursiva Christiane Renata Caldeira de Melo (UFU) Paula Márcia Lázaro SILVA (UFU) Esta pesquisa é um recorte de um trabalho realizado para uma das disciplinas do Mestrado Profissional em LetrasPROFLETRAS cujo propósito consiste em investigar a forma como a Regência Verbal (doravante, RV) é abordada pelo Livro Didático de Língua Portuguesa (doravante, LDLP), do 9º ano do Ensino Fundamental Final, pois este é um dos principais recursos didáticos utilizados pelo docente na educação básica. Nosso objetivo era investigar, se há nesta ferramenta didática, um enfoque, apenas, metalinguístico ou em conformidade com as Diretrizes Nacionais para ensino de Língua Portuguesa (doravante, LP) através do “uso-reflexão e uso” (PCN, 1998) por meio dos gêneros discursivos, no que diz respeito à relação entre gramática, texto e discurso. Como os resultados apontam para uma abordagem do LDLP tradicional, com enfoque na memorização de uma listagem de verbos e a preposição que exigem , constatamos a necessidade de elaboração de atividades as quais sejam diferentes das presentes nesse manual didático. Para tanto, intentamos apresentar uma proposta para o ensino de RV a partir de produções de textos dos alunos, numa perspectiva textual- discursiva e contextualizada, baseada nos verbos apresentados com RV na variedade não padrão da língua e presentes nos textos dos discentes. Atividades as quais têm como princípio atender às dificuldades dos discentes no tocante ao uso da variedade padrão da RV. Embasamo-nos, nesta pesquisa, na definição de gêneros em (BAKHTIN, 2011), PCN (1998); no tocante aos LDLP (ROJO, 2003); no tocante às gramáticas contemporâneas do Português
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(NEVES, 2014), com relação à descrição e uso da gramática (VIEIRA, BRANDÃO, 2013); e em texto, discurso e ensino (Guimarães, 2009). Tudo isso em decorrência de sermos professoras desse nível de ensino e fazemos um mestrado profissional o qual objetiva práticas e/ou tentativas delas para ampliar a competência comunicativa dos alunos da rede pública no Brasil. O conto de fadas em coleções didáticas de língua portuguesa... ainda uma vez Dalva Ramos de Resende Matos (PPGE/UFG/REJ) Sílvio Ribeiro da Silva (PPGE/UFG/REJ) De acordo com o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), dentre os princípios do ensino de Português, em consonância com as diretrizes oficiais de âmbito nacional, está a fruição estética e a apreciação crítica da produção literária associada à língua portuguesa, bem como o acesso pleno às práticas de letramentos (BRASIL, 2012). Nesse sentido, a escola, como principal agência de letramento (KLEIMAN, 1995), deve propiciar um contato efetivo do aluno com os mais diversos gêneros literários desde as séries iniciais, contribuindo assim para a iniciação do processo de formação do leitor literário. Dentre esses gêneros, o conto de fadas é um dos mais importantes, pois além de encantar a todos por meio da arte literária, da fantasia e dos seus significados psicológicos, também presta suportes simbólicos para a aprendizagem e o desenvolvimento infantil. Contudo, ao ser transportado de sua esfera original para o livro didático de português (LDP), a hipótese é que os contos de fadas sofrem alterações que deturpam as versões genuínas, comprometendo a essência de produções clássicas e modernas. A partir desses pressupostos, este trabalho visa socializar resultados parciais de uma pesquisa quantitativa e qualitativa interpretativista sobre a didatização desses contos em coleções didáticas do Ensino Fundamental (EF) I, com
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sustentação em fontes documentais e aportes teóricos interdisciplinares, como Bakhtin ([1929] 2004; [1952-3/1979] 2003), Soares (2001), Coelho (1984, 1987, 2003) e Bettelheim (2007). O objetivo, neste momento, é apresentar características gerais da coletânea das coleções Aprender juntos: letramento e alfabetização e Aprender juntos: língua portuguesa, com foco na análise e interpretação de dados referentes à incidência, autoria e adaptações necessárias à didatização desse gênero filiado ao maravilhoso. Essas coleções didáticas fazem parte do PNLD/2013 e estão entre as mais adotadas nacionalmente no EF I. Espera-se que este estudo possa contribuir para o debate em torno do LDP e para a reflexão sobre o redimensionamento das formas de didatização da literatura. (Apoio: Capes) Análise linguística a serviço do processo de produção escrita Eunice Maria da Silva (PUCPR) Este trabalho busca apresentar e analisar um estudo de caso desenvolvido em torno de uma proposta de sequência didática que se beneficia da análise linguística ao desenvolver o trabalho com a produção de textos no ambiente escolar. As reflexões aqui desenvolvidas se ancoram, principalmente, nas considerações abordadas por Geraldi (1984) e Travaglia (2010) que ao defenderem o ensino da língua pautado no aprimoramento da competência comunicativa-disucursiva de forma a priorizar o ensinar a pensar, destacam a importância da utilização de atividades de uso observadas à luz de critérios voltados para a análise linguística. Para eles, recorrer a essa forma de trabalhar com a linguagem não suprime o ensino da gramática, mas esta deve estar em função daquela auxiliando nas reflexões acerca da construção do conhecimento de língua. É nesse contexto, que se destaca a importância da produção de textos como prática social significativa. Essa concepção requer um tratamento que ultrapasse o reconhecimento de fenômenos
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gramaticais para os problemas encontrados na escrita dos alunos. Para os autores, as dificuldades apresentadas pelos alunos nos textos produzidos devem ser aproveitadas na composição de exercícios que nortearão a prática da análise linguística enquanto metodologia de ensino. A sequência didática aqui estudada e aplicada a uma turma de 8º Ano do Ensino Fundamental coloca como produto final a escrita de um texto dissertativo-argumentativo e para isso, desenrola-se nas seguintes etapas: 1) discussão baseada em textos com pontos de vista diferentes de um mesmo tema polêmico; 2) apresentação da estrutura do gênero; 3) escrita da 1ª versão do texto seguindo as orientações acerca da estrutura do gênero e defendendo um ponto de vista em relação ao tema debatido em aula; 4) exercícios de análise linguística elaborados a partir das dificuldades apresentadas nas redações destacando questões relacionadas ao gênero, às convenções linguísticas, à adequação da linguagem e à organização do conteúdo; 5) escrita da 2ª versão. Conclui-se que os exercícios de análise linguística propiciam uma maior compreensão da estrutura do gênero e da qualidade de escrita. Além disso, viabiliza ao aluno a reflexão sobre o próprio erro, uma vez que os exercícios podem partir dos seus problemas de escrita. Dessa forma, a 2ª versão apresenta-se como um novo texto de fato, e não apenas como a 1ª versão “passada a limpo”. A multimodalidade em sugestões de aulas do portal do professor Maria José da Silva Fernandes Apresentamos, neste estudo, resultados parciais do projeto de pesquisa intitulado "O portal do professor: contribuições e implicações para o ensino de Língua Portuguesa na Educação Básica do Triângulo Mineiro", financiado pela FAPEMIG e pela CAPES, por meio do Edital 13/2012 - Pesquisa em Educação Básica e coordenado pela Profa. Dra. Maria Aparecida Resende
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Ottoni. Nosso objetivo, neste recorte, é analisar as sugestões de aulas de Língua Portuguesa mais acessadas no Portal do Professor, voltadas para o Ensino Fundamental Final e para o Ensino Médio, investigando se essas propostas apresentam gêneros multimodais e se levam em conta a multimodalidade na abordagem desses gêneros. Adotamos os pressupostos teóricos de Kress (1996), Kress e van Leeuwen (1996, 2001), em estudos que focalizam a multimodalidade (MAROUM, 2006; OTTONI et al (2010), o ensino de Língua Portuguesa e os gêneros discursivos (ROLIM-SILVA, 2001; DIAS et al, 2011; OTTONI, 2007; BUNZEN; MENDONÇA, 2006; BURLAMAQUI, 2011; COSCARELLI, 2003; ROJO, 2000, 2008, 2009; OTTONI et al, 2010). Baseamo-nos, também, em documentos oficiais que tratam do ensino de Língua Portuguesa, como os Parâmetros Curriculares Nacionais, e em trabalhos sobre o Portal do Professor. Esta pesquisa é de cunho descritivo-analíticointerpretativo e a metodologia adotada pauta-se nos pressupostos da pesquisa qualitativa (GEERTZ, 1978; BAUER; GASKELL, 2002; LÜDKE; ANDRÉ, 1986). O CORPUS é composto por 375 aulas, sendo 304 destinadas ao Ensino Fundamental Final e 71 ao Ensino Médio. Os resultados iniciais mostram que há vários gêneros multimodais nas sugestões de aulas selecionadas, mas a atuação conjunta dos recursos verbais, imagéticos e sonoros, que compõem vários desses gêneros, é ainda pouco explorada. Autoria e legitimação de gestos leitores em práticas de leitura e produção de texto no caderno do professor Marineia Lima Cenedezi (UFU- CAPES) Este trabalho objetiva investigar a autoria e a legitimação de gestos de leitura em situações de aprendizagem presentificadas em instrumentos didáticos elaborados pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo (SEE/SP). Para analisar essas práticas, selecionamos o material didático ofertado aos
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professores de Língua Portuguesa do Ciclo II do Ensino Fundamental, desenvolvido pela Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas (CENP) para o Programa São Paulo faz escola da SEE/SP, denominado Caderno do Professor de Leitura e Produção de Texto (SÃO PAULO, 2010), utilizado para orientar aulas da disciplina de Leitura e Produção de Texto (LPT), em 2011, no 6º ano do Ensino Fundamental, bem como, o Caderno do Professor: Língua Portuguesa (SÃO PAULO, 2014), principal material de apoio da disciplina de Língua Portuguesa. Fizemos um recorte de algumas práticas desenvolvidas e subsidiadas por esses materiais para compor o corpus de análise deste trabalho. A partir desse recorte, buscamos lançar o nosso olhar para o funcionamento discursivo da linguagem e os efeitos de sentidos produzidos no discurso pedagógico, para compormos a discussão sobre a assunção da função-autor e função-leitor nas práticas escolares de leitura e produção de texto. Propomos, por meio da noção de funçãoautor (FOUCAULT, 1992[1969]; ORLANDI, 1988; 1999) e funçãoleitor (PACÍFICO, 2002), a possibilidade de valorizar práticas escolares de leitura que levem em conta a autonomia do sujeito-aluno, compreendidas como um trabalho sobre a autoria e gestos de leitura. A partir do resultado da análise, podemos depreender que é necessário que as práticas pedagógicas adotadas para o ensino de Língua Portuguesa devam estar desvinculadas das metodologias fundamentadas nas práticas escolares que se cristalizaram desde o início da história do ensino de Português, ultrapassando concepção de leitura como simples ato de decodificação e, portanto, sejam realizadas a partir de perspectivas que fomentem gestos para o ensino da linguagem que focalizem o discurso e o sentido, a partir da reflexão sobre os gêneros discursivos, com as possibilidades de movimento do sujeito-aluno na produção e leitura dos textos. Nessa perspectiva, vimos como possibilidade gestos que mobilizam as noções de função-autor e funçãoleitor. Entendemos que esse funcionamento discursivo precisa ser compreendido e validado pelas instituições escolares, para
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que os alunos assumam a posição de autor e pensem os atos de linguagem como discursos, causando gestos de leitura originais, em outras palavras, tornem-se leitores e produtores proficientes, autônomos, capazes de responder às exigências colocadas pelas diferentes práticas sociais contemporâneas. (Agência de fomento: CAPES) Mobilização dos descritores da Prova Brasil no Livro Didático do Português Miriã Alves de Laet (PPGE-UFG-REJ) Sílvio Ribeiro da Silva (PPGE-UFG-REJ) O ensino aprendizagem da leitura é uma questão latente no âmbito educacional. Reflexões acerca desta prática podem contribuir para ações pedagógicas mais eficazes. Desse modo, apresento, neste estudo, uma abordagem acerca das habilidades e competências de leitura e interpretação do texto escrito no Livro Didático de Português (LDP). O trabalho tem como objetivo investigar se as atividades de leitura e interpretação do texto escrito do Livro Didático de Português (LDP) Tudo é linguagem, das autoras Ana Trinconi Borgatto, Terezinha Bertin e Vera Marchezi, da Editora Ática, 6º ao 9º anos, mobilizam os descritores da Prova Brasil nas competências e habilidades propostas pela Matriz de Referência da Avaliação de Língua Portuguesa. A matriz foi elaborada tendo como parâmetro, documentos, como os PCN (BRASIL, 1998), e Referenciais Curriculares de Secretarias Estaduais e Municipais de Educação, os quais orientam o trabalho com leitura como processo de construção de sentidos. Utilizo como aportes teóricos as contribuições dos PCN (BRASIL, 1998), as contribuições de Bakhtin ([1929]2006; [1952-53] 1997), Rojo & Batista (2003) e Rojo (2009), dentre outros. Trata-se de uma pesquisa de cunho qualitativo e caracteriza-se como estudo de caso. Primeiramente, apresento os dados quantitativos coletados a partir do mapeamento das atividades propostas aos alunos, nas
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seções em que o LDP Tudo é linguagem trabalha com leitura e interpretação do texto escrito; na sequência, apresento o total de atividades que mobilizam os descritores de cada tópico. A partir disso, problematizo, na análise qualitativa, as habilidades que são privilegiadas, em detrimento de outras que foram esporadicamente trabalhadas. Os resultados mostram que as atividades de leitura e interpretação do LDP analisado não se aproximam da proposta da Prova Brasil, uma vez que priorizam habilidades rudimentares de leitura, como a decodificação, pouco contribuindo para a formação do leitor crítico. Um olhar enunciativo para a avaliação de autoria na redação do ENEM e a implicação de subjetividade Míriam Silveira Parreira (UFU) A prova de redação do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) tem grande peso na nota final do participante, chegando a ser decisiva para sua entrada no curso superior. Por isso, a importância de escrever uma redação que satisfaça todas as exigências da banca avaliadora, um desafio para professores que ensinam Língua Portuguesa e para estudantes que vão participar do ENEM. Dentre as exigências, há uma que avalia a autoria. Mesmo com propostas de mudança no ensino, na avaliação da redação na escola do século XXI costuma-se privilegiar aspectos gramaticais e de organização do texto (estruturais) para determinar se é bom, se tem qualidade. Sabemos da importância desses aspectos, mas preconizamos que a autoria presente nos textos também seja relevante. Diante desse cenário, nosso recorte é um olhar para a avaliação da competência que avalia a autoria na redação produzida pelo participante do ENEM, tendo em vista a linguística da enunciação. Nosso objetivo é trazer para reflexão a necessidade de que o ensino de Português contemple elementos textuais,
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enunciativos e discursivos contribuindo para que o aluno produza redações adequadas a diferentes situações de interlocução e, principalmente, de avaliação. Assim, que a escrita seja vista como ato enunciativo, pois tomada dessa perspectiva, o ensino de redação na escola preparará o aluno para escrever bem sempre que a ele for solicitada a produção de um texto. Dessa forma, detemo-nos, neste trabalho, à análise do que o ENEM apresentou como configuração de autoria no texto do participante e de marcas de subjetividade presentes em uma redação que foi avaliada pela banca do ENEM como texto com autoria. Em seguida, discutimos os efeitos de sentido que essas marcas podem causar. Baseamonos no que Possenti (2001; 2002; 2013) apresenta sobre a necessidade de redefinição da noção de autoria em textos escolares e no que Benveniste (1989; 1995) estabelece como subjetividade. A noção de autoria de Possenti foi apresentada para discutirmos o que se apresenta como noção de autoria e o que está sendo caracterizado como autoria no texto dissertativo-argumentativo do ENEM. A teoria de Benveniste conduziu a análise para uma possível reflexão do que implica subjetivar-se para constituir-se sujeito-autor ao enunciar e enunciar-se na leitura e produção da redação para avaliação. A redação produzida no ENEM e a avaliação da banca, CORPUS de nosso trabalho, foram considerados, na perspectiva da linguística da enunciação, como processos instauradores de subjetividade. Ressaltamos que a proposta de redação do ENEM exige a elaboração de um texto dissertativoargumentativo, que caracteristicamente precisa ser objetivo e impessoal. Acreditamos na relevância da discussão e da reflexão proposta por dois motivos: 1) dada a importância da avaliação da redação como um texto de qualidade para que o participante ingresse em um curso superior; 2) pelo que implica o ensino e a avaliação da redação produzida na escola do século XXI, em relação a preparar o aluno para, na redação escrita para o ENEM, constituir-se sujeito-autor do texto que
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produz ao mobilizar as escolhas linguísticas para dizer algo singular. Discutindo o papel dos livros didáticos no processo de avaliação da aprendizagem nas aulas de língua portuguesa Sebastião Carlúcio Alves-Filho (UEG-Câmpus Jataí) A avaliação se tornou o foco de várias pesquisas científicas, pois seu papel como instrumento mediador da aprendizagem tem sido desvelado ao longo dos tempos. Por acreditar na importância que esta prática tem no que tange ao processo de ensino e aprendizagem é que proponho, neste trabalho, uma discussão acerca do que seja, de fato, o papel dos Materiais Didáticos (MD) no processo de avaliação da aprendizagem nas aulas de língua portuguesa. Recorro, para isso, a exemplos de exercícios de leitura, presentes em MD de língua portuguesa, utilizados por alunos do 3º ano do Ensino Médio de escolas da rede pública e privada de ensino. Os exercícios selecionados para análise são aqueles que visam à avaliação das capacidades de leitura mobilizadas pelos alunos. Optei por utilizar exercícios de leitura para ilustrar minhas considerações acerca do papel da avaliação escolar, pois acredito que, em meio às temerosas provas, existem vários outros meios de acompanhar o desenvolvimento do aluno. Os exercícios de leitura apresentados neste texto foram divididos em categorias pré-determinadas, de acordo com o tipo de avaliação e trabalho com a leitura que sugerem. Para a análise das atividades, utilizei como aporte teórico os pressupostos acerca da avaliação escolar defendidos por Luckesi (2002), Hadji (2001) e Saul (1995). No que diz respeito às capacidades de leitura, ampararam minhas considerações as palavras de Rojo (2006), Solé (1998) e Silva (2009). Os resultados da análise permitiram a conclusão de que existem três níveis de trabalho
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nas aulas de língua portuguesa, no que tange às atividades de leitura e como estas funcionam como instrumento de avaliação da aprendizagem. Esses três níveis de trabalho com a avaliação da leitura, quando aplicados às atividades, podem nortear o professor para que organize seu trabalho em sala de aula de modo a fazer com que seus alunos não apenas absorvam conhecimento, mas, junto dele produzam novas informações. Afinal, esta é a real função da educação: fazer com que, de alunos, estes leitores tornem-se cidadãos. Presença/ausência de habilidades e competências de leitura em Livro didático de Língua Portuguesa Sílvio Ribeiro da Silva (UFG-REJ) Neste trabalho, apresento os resultados de um estudo acerca da presença ou não dos descritores da Prova Brasil no livro didático de Língua Portuguesa (LDP) do 9º ano nas atividades de leitura e interpretação de texto escrito, analisando a forma como estão (ou não) presentes nas atividades apresentados ao aluno. Para realizar o estudo, busquei o resultado da Prova Brasil (2011). A partir do resultado da avaliação, desenvolvi um estudo com base no LDP adotado pelas 03 (três) instituições de ensino na cidade de Jataí (GO) com pontuação mais baixa na referida prova, focando a análise dos dados no volume do 9º ano dessas instituições de ensino, as quais utilizavam o mesmo LDP. O objetivo central do estudo foi verificar se as atividades de leitura e interpretação de textos escritos do LDP contribuem para um ensino efetivo de leitura dos mais variados gêneros do discurso, explorando os vários níveis de análise de um texto, abordando os descritores da Prova Brasil. Para a realização do estudo, usei como fonte de referência para a geração e análise dos dados a matriz de referência – Língua Portuguesa – da Prova Brasil. Os descritores serviram como categorias de análise quantitativa e qualitativa. Do ponto de vista quantitativo, procedi a uma apresentação de dados percentuais,
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intencionando mostrar o montante de atividades, em relação a um valor total, que se encaixam nos descritores segundo o tópico em que se enquadram. Em se tratando da análise qualitativa, apresento alguns exemplos de questões que aparecem no LDP, indicando que descritores estão sendo privilegiados, apontando, com base nos teóricos da área, as contribuições que atividades daquele tipo podem trazer para que o aluno desenvolva seus letramentos. Também considero a abordagem qualitativa dada pelo LDP aos gêneros do discurso apresentados ao aluno para leitura e interpretação de textos. Os dados mostram que os alunos usuários do LD podem ter um despreparo para o uso de competências e habilidades esperadas não só pela Prova Brasil, mas também por parte das propostas de ensino de língua mais contemporâneas, as quais priorizam a discursividade. Também percebi que os gêneros do discurso apresentados foram didatizados priorizando o aspecto decodificador ao invés da proposição de uma abordagem interacional. GT 31 - Percursos contemporânea
do
sujeito
na
produção
poética
Coordenação: Antônio Fernandes Júnior (UFG/RC) Lidiane Alves do Nascimento (UFG/RC) A problemática que envolve os conceitos de identidade, sujeito e subjetividade tem se convertido em um tema central de debates acadêmicos contemporâneos que empreendem ênfase na incerteza sistêmica e na erosão das estruturas subjetivas fixas que se modificaram na atualidade. A reflexão sobre esses conceitos e suas articulações é abrangente, tendo atraído o interesse de diversas áreas do conhecimento. O filósofo francês Michel Foucault, por exemplo, apresenta contribuições relevantes para se pensar o conceito de subjetividade e
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processos de subjetivação na cultura ocidental, ao abordar alguns aspectos correlacionados aos temas corpo/subjetividade, sujeito/sexualidade e sujeito/identidade cultural em relação aos mecanismos de controle e jogos de poder, problematizando o conceito de sujeito não como essência ou algo transcendental, mas como formas de vida plurais e até marginais. Tanto a dispersão do sujeito quanto a dispersão de discursos que circulam na sociedade, sinalizam para uma compreensão de sujeito como uma construção histórica. Nesse sentido, os reflexos sintomáticos do tema recairão também sobre a produção poética, ao observarmos que uma marca das identidades dos poemas modernos e contemporâneos tem sido a de um "eu" cambiante e aberto a multiplicidade. Uma mirada crítica sobre o deslocamento do sujeito no cenário contemporâneo permite perceber que os poemas, muita vez, desvelam um sujeito que não está cravado em uma identidade pronta e definida; ele não sabe ainda quem ele é, nem o que o distingue; ele está em constante busca e, ao longo desse percurso, não se contenta em assumir uma identidade unívoca, preferindo transitar nos meandros da multiplicidade, a que definirá seu modo de pensar e agir artisticamente. Tendo em vista essas questões, este simpósio espera acolher contribuições que problematizem a articulação entre a subjetividade/sujeito/identidade e a correlacione ao campo da produção poética contemporânea, com o objetivo de indicar pistas que possibilitem compreender os percursos do sujeito na atualidade. A escrita crítica de Paulo Leminski Ana Érica Reis da Silva Kühn (UFG) Paulo Leminski pode ser considerado um poeta de múltiplas facetas, melhor ainda, um artista plural, uma vez que não se dedicou apenas à poesia, mas também a outros campos artísticos. Foi professor, crítico, faixa preta de judô, poliglota, romancista, contista, publicitário, músico e tradutor.
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Poderíamos afirmar que Leminski foi, sobretudo, um experimentador da arte, transitou por tendências e manifestações culturais diversas. Passou pela Poesia Marginal, Concretismo, Tropicalismo e foi influenciado pelo movimento beatnik dos anos 50 para, enfim, definir a sua própria dicção, pautada, ao mesmo tempo, na absorção e subversão dessas tendências. O conjunto da sua obra é assinalado pela pluralidade, formando, pois, um panorama de referências que reúne não só tendências estéticas e vozes canônicas da literatura universal, como também elementos da cultura pop e do mass mídia. Desse modo, Leminski estabelece um produto poético híbrido, que tem como base o jogo de experimentação com diversos tipos de linguagem artística. Tendo como premissa esse panorama, o nosso estudo objetiva analisar a produção crítica e poética de Paulo Leminski, enfocando as “metaformoses”/ transformações pelas quais o seu pensamento crítico é delineado, e, assim observar a construção desse “pensamento mudando”. Pretendemos entender como a obra criativa acompanha o delinear desse pensamento, e, assim, também mapear e analisar as fraturas que ocorrem entre ambos, buscando entender o impacto que proporcionam na realização da obra criativa. A escrita do poeta curitibano atravessa as fronteiras do poético e se manifesta em forma de ensaios e cartas, quando não perde de vista a sua veia lírica, uma vez que essas obras críticas estão permeadas de poemas e de certo lirismo, configurando uma dicção inscrita entre as fronteiras da linguagem, delineada à porte battente. Nos ensaios críticos, o poeta discute questões relacionadas à cultura, relação entre leitor e autor, tradução, vanguarda e pósmodernidade, entre outras, as quais refletem os interesses de um sujeito que busca refletir sobre algo que a obra poética, aparentemente, não conseguiria responder. Assim, a crítica ensaística se torna um instrumento eficaz de reflexão e, associada à obra poética do autor, ajuda a pensar as mais diversas perguntas, a exemplo do papel exercido pelo poeta na modernidade, a importância da tradição para os novos
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escritores, a poesia como matéria de inutilidade e outras tais que. Ao propor uma leitura da crítica de Leminski em paralelo à sua obra poética, verificamos que o autor pretende erigir um produto crítico que possa complementar a leitura da sua obra poética. Sua crítica é, pois, um espaço reflexivo sobre a poesia e o fazer poético. Para a realização desse estudo, nos baseamos em teorias sobre o poeta crítico desenvolvidas por T. S. Eliot, Leyla Perrone-Moisés, Maria Esther Maciel, dentre outros teóricos. (Este trabalho conta com apoio de agência de fomento CAPES). As configurações do sujeito na Poesia reunida (2000) de Nuno Júdice Bruna Fernanda de Simone (UNESP) Um dos maiores nomes da poesia portuguesa contemporânea, Nuno Júdice possui vasta obra marcada pela presença de uma poesia feita sobre ruínas. Suas características mais marcantes são o diálogo que empreende com outras artes, reflexões filosóficas e principalmente uma visão crítica sobre a própria poesia. Tais características, ligadas a um ambiente sombrio, de espaços desabitados ou abandonados, onde se insere um eulírico que é consciente de toda a produção poética, são alguns dos aspectos de uma poesia singular, o lugar de vestígios do passado. Nuno Júdice iniciou sua produção com “A Noção de Poema”, onde já se destacava pela retomada do sujeito lírico e pela plena consciência do poema como o lugar de discussão da linguagem poética, seus enigmas e sua tradição. Sensível a seu tempo, o poeta percebe a necessidade de revogar o direito de existência da poesia como manifestação artística, evidenciando sua inutilidade, mas fazendo do discurso poético meio e fim em si mesmos, ou seja, utilizando o discurso poético para refletir e inquirir acerca do papel da poesia no mundo atual, do estatuto da mesma como obra de arte, buscando definir seu lugar no mundo alienado e massificado. Nuno Júdice faz da poesia um
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lugar de resistência à desvalorização do texto poético, por meio de um olhar crítico que coloca ao mesmo tempo sobre o passado e sobre o presente, este olhar que o poeta lança sobre o passado é um dos grandes alicerces de sua produção lírica, lançar-se ao passado torna-se, na obra judiciana, uma maneira de fazer da poesia matéria do próprio poema. Retomando inúmeras formas de manifestação do lirismo, o poeta questiona o lugar do sujeito no poema, trazendo de volta o “eu”, os sentimentos, os grandes e eternos temas da literatura, utilizando-os como elementos que, ao lado de outros, como o distanciamento crítico e o excessivo rigor no trabalho com a linguagem, vão estruturar seus textos poéticos. Buscaremos, portanto, demonstrar, a partir da análise de alguns poemas de sua “Poesia Reunida” (2000), algumas das formas como se caracteriza o sujeito lírico e sua relação com o passado literário e com o próprio poema. Cultura pop: I love you? Ênio Bernardes de Andrade (UFU) A controversa instauração do que se chama pós-modernidade e de uma estética pós-moderna se associa à inegável mudança na sensibilidade humana à medida que passa a viver em torno das mídias eletrônicas, da informação rápida e globalizada, do estímulo ao consumismo. Mudança de sensibilidade que vai do cotidiano mais banal até a expressão artística da época, a qual também passa a se inserir no contexto das mídias e do consumo. Se não há consenso sobre o que seja o pós-moderno, seu elogio ou condenação, há alguma concordância em se localizar entre o final da década de 1950 e a década de 1960 o marco transitório de sua deflagração. Transição que passa pela atitude contestadora da época, no espectro das vanguardas modernistas, ao mesmo tempo em que assimila a cultura de massa. A canção pop constitui uma das linguagens mais representativas deste novo momento, oscilando entre revolução
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comportamental e produto de mercado, expressão artística inovadora e arte massificada, liberdade e uniformização, provocação e moda. Esta essência paradoxal é aproveitada conceitualmente e como forma expressiva pelo movimento tropicalista, no final da década de 1960. Neste contexto, este trabalho apresentará uma análise da canção Baby, de Caetano Veloso, lançada no álbum manifesto Tropicália ou Panis et Circensis. Tendo em vista o conjunto formado pelos elementos musicais e literários, será observada a postura ambígua da atitude tropicalista em sua aceitação e contestação do mundo, materializada na justaposição fragmentária de imagens do cotidiano contemporâneo, da canção da época, do sentimento amoroso, da língua inglesa como idioma do pop, em um ambiente musical e entoativo cool e lírico. A abordagem teórica envolverá críticos do pósmodernismo, como Jean-François Lyotard, Frederic Jameson e Zygmunt Bauman, e autores ligados ao estudo da poesia e da canção, dentre os quais Luiz Tatit, Augusto de Campos, Celso Favaretto e Paul Zumthor. Morte e subjetividade na poesia hilstiana Jaciane Martins Ferreira (UFU-PPGEL-CAPES) Em nossa pesquisa de doutorado analisamos o livro ESTAR SENDO. TER SIDO DE HILDA HILST, esse livro tem como personagem principal Vittorio, um senhor de 65 anos, cuja idade e experiência o levam a preparar-se para a morte. Ele, então, conclui não ter muito para fazer na vida além de passar por essa preparação. Seu pensamento o faz mudar da casa, onde vivera durante toda sua vida, para uma aldeia; com ele, mudam também seu filho, Júnior, e seu irmão, Matias. A novela é dividida em duas partes: a primeira composta por diálogos entre Vittorio e seus dois companheiros, na qual percebemos o retorno a si que essa personagem faz, relembrando de sua exmulher e das prostituas com quem manteve relações sexuais
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durante sua vida; na segunda parte, Vittorio já não tem a companhia dos dois, vive com sua empregada e um moço incumbido de servir-lhe bebidas durante a noite. Esse livro, o ultimo em prosa da autora, traz uma miscelânea de gêneros: teatro, prosa e poesia. A poesia aparece mais na segunda parte quando Vittorio já se mostra bem debilitado, ele é o narrador e autor das poesias. Pretendemos, então, pensar como a morte e o sujeito emergem das poesias de Vittorio. Para tanto, partiremos da noção de morte, pontuada por Michel Foucault (1999), que, a partir de um poder aplicado sobre a vida, seu sentido muda, transformando-se em um tabu. Assim, refletiremos sobre o sentido de morte e como ele afeta esse sujeito. A poética de Claudia Roquette-Pinto e a formação do sujeito lírico na poesia contemporânea brasileira Junior César Ferreira de Castro (Faculdade de Anicuns) A poesia lírica, desde o princípio estético-filosófico do Romantismo alemão, foi marcada por um sujeito de consciência subjetiva ligada à interioridade a fim de instituir a totalidade e o estado perfeito da alma. Com o surgimento da modernidade lírica, final do século XIX para o início do século XX, a construção do eu passou a emergir do processo de despersonalização pelo fato de projetar ao exterior em busca de um sentimento impessoal. A partir da consubstanciação desses estilos, de uma poética formada ora por uma voz confessional ora pela exterioridade, a pesquisa visa um estudo teórico-crítico com o objetivo de demonstrar, com base em Margem de manobra (2005) e Corola (2000), de Claudia Roquette-Pinto, a permanência da tradição e a instauração de um novo projeto literário para a poesia lírica contemporânea brasileira onde o sujeito está fora de si, sentindo-se a necessidade de mimetizar pela palavra. Michel Collot (2004) argumenta que essa oscilação subjetiva ocorre com o descontrole da interioridade e,
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na tentativa de se recuperar, estende até o exterior para diferenciar do eu empírico. Logo, a poeta convoca em seus textos uma pluralidade de vozes para representar o princípio de individuação e, consequentemente, a ausência deste em face de um objeto contemplado para revelar a subjetividade descentrada. Já Michel Hamburger (2008) assevera que, se o eu reconhecer a existência objetiva das coisas, ele terá a condição precisa para multiplicar e ter o potencial de equilibrar entre a pessoalidade e a realidade, levando-o, na maioria das vezes, ao estado de sítio, ou seja, a uma crise subjetiva. Com relação a essa forma de produção escrita, Iumna Simon (2008) assinala que a estrutura composicional adotada pela autora foi para se distanciar da estética romântica e implantar uma modalidade lírica que centrasse nos problemas citadinos. Para isso, a subjetividade passou a ser intermediada por uma consciência individual que ao mesmo tempo procurou se afastar dela mesma para estabelecer um sujeito historicamente constituído pelo espírito social (ADORNO, 2003) e manter a universalidade poética. Se para Hegel (2004) o eu lírico é imanente com aquilo que canta então os objetos em análise ainda giram em torno de um anacronismo. Este, por sua vez, é abordado por João Alexandre Barbosa (1986) como a voz que se movimenta entre a tradição e a formação de uma poesia centrada em um eu nascido da própria experiência vivida. Assim, é possível considerar que a poética de Claudia Roquette-Pinto mantém um olhar no passado e no presente (PAZ, 1984) com a finalidade de fundar uma criação literária em que o fazer poético se configura tanto de conteúdos voltados para o interior como para a objetividade onde esse sujeito lírico não assumirá uma forma fixa, mas estará sempre em construção (COMBE, 1999). Armando Freitas Filho e Carlos Drummond de Andrade: “Cara a Cara” Karolliny da Cunha Carvalho (UFG)
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Armando Freitas Filho, uma das vozes mais expressivas da poesia brasileira contemporânea, tem uma relação consequente com a tradição. Reiteradamente, em entrevistas, diz ele serem Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e João Cabral de Melo Neto a sua base de formação. A essas três referências acrescenta Ferreira Gullar, que representa a possibilidade de que é possível ter uma voz original e ser um grande poeta depois da santíssima trindade. Mas é Drummond que comparece como a principal referência convocada e qualificada na poesia de Freitas Filho. Proponho, partindo de Lar, livro que representa, segundo o próprio autor, o seu Boitempo, analisar as relações entre Drummond e Freitas Filho. Mais do que realizar uma mera comparação entre Boitempo e Lar, proponho pensar a relação de amor e ódio que o poeta jovem estabelece com o seu pai poético por excelência e assim analisar o quanto essa influência reflete na subjetividade do eu lírico freitiano. Refletir ainda sobre o modo como a ironia, estratégia poética central na obra drummondiana, é incorporada à poesia de Armando Freitas Filho. As faces da subjetividade poética na recente poesia brasileira Leandro Bernardo Guimarães (UFG) Goiandira Ortiz de Camargo (UFG) Tentar traçar as fronteiras da poesia, como bem definiu Alfonso Berardinelli, é estar diante de “um belo cipoal” (BERARDINELLI, 2007, p. 13) com ramagens que se imbricam e se apartam, compondo um emaranhado complexo que a teoria e a crítica literárias tentam delimitar, embora com o risco de “perder de vista a visão da floresta contando as nervuras das folhas” (BOSI, 2003, p. 467). Sem essa pretensão, mas com o intuito de refletir sobre as tendências da poesia brasileira atual, interessa a presente comunicação fazer isso tendo como recorte
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analítico a configuração da subjetividade na obra do poeta Francisco Alvim (2011), em cuja poética, composta por publicação de 1968 a 2011, nota-se a construção de um sujeito multifacetado. Mutável, o sujeito vem se desvinculando de uma concepção tradicional que o vislumbra como a face real do poeta biográfico, para ir se constituindo fragmentado, instável, dissolvido em subjetividades que destoam de um “eu empírico” hegeliano, desvelando em suas nuances as marcas de um homem cindido, sem paradigmas. Seu desdobramento em vozes, máscaras, PERSONAS, subjetividades dramatizadas em um mesmo poema, ou sua tentativa de ausência, parece querer responder a necessidades contemporâneas que um sujeito uno não mais abarca. Essas questões ecoam nos estudos de Alfonso Beradinelli (2007), Dominique Combe (2009-2010), Michel Collot (2013), Michael Hamburger (2007), T.S. Elliot (1972), entre outros, recorridos nesse trabalho para melhor compreensão das faces da subjetividade no fazer poético atual. Portanto, o recorte analítico recai sobre esse elemento, pois dos traços constitutivos do gênero lírico, parece ser o mais revelador, não só das transformações engendradas no plano da POIESIS, mas também das mudanças em torno da concepção de sujeito, entendido como indivíduo histórico em permanente construção. Vinculado ao mestrado do Programa de Pós-graduação em Letras e Linguística da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Goiás, essa comunicação também é um desdobramento do projeto de pesquisa “Poética das Subjetividades: Estudos das Configurações Líricas na Poesia Brasileira Contemporânea” e do relatório final do Programa Institucional de Voluntários de Iniciação Científica (PIVIC), intitulado “A subjetividade dramática na poesia de Francisco Alvim”, desenvolvidos na já referida instituição de ensino no ano de 2011 e 2012.
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O descentramento do sujeito no poema “Contranarciso” de Paulo Leminski Lidiane Alves do Nascimento (UFG) O sujeito presente nos poemas de Paulo Leminski assume movimentos contraditórios, oscilando entre a exigência do rigor e o afrouxamento das formas poéticas. Se por um lado a poesia esboça uma face delineada sobre os alicerces construtivos da rigidez concretista, por outro, o instrumento do acaso marca a face de uma poesia expressiva que não se cansa de cultuar o despojamento. Ambas as faces se complementam, não podem ser alijadas e vistas isoladamente, embora, tanta vez, duelem como forças antagônicas, a força concretista e a força marginal, como se o sujeito tivesse que assumir uma só verdade. Vê-se que a transitoriedade é o locus operandi do sujeito poético leminskiano, seu território é móvel, situa-se em um entre-lugar. Nesse sentido, o poema “Contranarciso” figura como um exemplo explícito dessa transição de um sujeito de olhar intimista, para uma visão que se desloca para fora, posicionando-se em um enfrentamento direto com o que lhe é exterior. O sujeito, “a espreita de si mesmo”, por ora tenta se anular no espaço do poema, ora se abre ao encontro com outras vozes, com as coisas, transmutando- se em “você”, em “ele”, em “nós” ou “a gente”, rompe as fronteiras entre o lírico e o narrativo. Quando não assinala espaços “vazios de coisas e acontecimentos”, apenas orientado pela metalinguagem, o poema desvela um sujeito que se evade para “fora de si”, para o encontro com a alteridade. O sujeito leminskiano, em contraposição ao pensamento hegeliano, de um sujeito lírico intimista, a encontrar em si mesmo o material poético, passa a se configurar como um sujeito “fora de si” (COLLOT, 2013). Sobretudo, a obra leminskiana é profícua em exemplares das tensões e oscilações do sujeito descentrado reveladas na linguagem.
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Naziazeno e a construção da identidade moderna Luana Noleto (PMEL - RC - UFG) Ozíris Borges Filho (PMEL - RC - UFG) Por meio desta proposta de comunicação, objetivamos elaborar uma crítica sobre a construção da identidade da personagem principal Naziazeno do romance Os Ratos (1935), escrito pelo romancista modernista brasileiro Dyonélio Machado. A figura de Naziazeno representa a realidade de grande parte da população brasileira que sofre com a exclusão e falta de recursos, seja pela ausência de oportunidades ou pela repulsa em condizer com uma sociedade contemporânea movida pelo dinheiro. Diante deste tema que é recorrente na obra em questão, analisaremos os aspectos de identidade a fim de compará-los com os avanços do contexto social em que a personagem está inserida, pois conforme mostra Kathryn Woodward (2014) na discussão acerca da identidade nacional, citada no livro Identidade e Diferença, a identidade está diretamente relacionada com o grupo em que cada indivíduo se estabelece: “A identidade está vinculada também a condições sociais e materiais” (Woodward, 2014, p. 14). Portanto, a partir do viés social contemporâneo ao qual a narrativa se constrói, desenvolveremos reflexões acerca da descentralização do sujeito/personagem tanto na sua conduta social e cultural como de si mesmo. Para atingir o objetivo pretendido nossa metodologia irá basear-se na pesquisa de revisão bibliográfica e a recolha e dados da obra que caracterizem as identidades da personagem que propomos analisar. Ainda, teremos como base teórica os estudos de Foucault em Microfísica do poder (1979), as considerações de Silva, Stuart Hall e Woodward em Identidade e diferença: a perspectiva dos Estudos Culturais (2014) e as reflexões sobre sociedade e literatura de Antônio Candido Literatura e Sociedade (200) que em seus estudos sobre identidade nos textos literários consideram a relação entre linguagem e
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mundo. Esperamos, ao fim deste trabalho, mostrar como a identidade das personagens ficcionais têm sofrido alterações em razão das mudanças da sociedade e como as subjetividades das personalidades postas nas produções que abordam assuntos contemporâneos como capitalismo, desemprego e status financeiro ajudam a traçar os rumos do sujeito na atualidade. Subjetividade e metalinguagem na lírica de José Godoy Garcia Luciano Gonzaga Peres (UFG-Campus Goiânia) Zênia de Faria (UFG-Campus Goiânia) José Godoy Garcia (1918-2001), poeta goiano fortemente marcado pelo Modernismo, em sua obra poética, além de lançar um olhar sensível sobre a natureza humana, aborda algumas das mazelas sociais que inquietam o Homem, produto e reflexo da situação histórica em que se insere. Entre os diferentes aspectos que são definidores da lírica desse poeta de Jataí, a nosso ver, merecem destaque o uso que o poeta faz da metalinguagem bem como as diferentes facetas da subjetividade que se podem perceber em sua obra, em particular a relação entre sujeito lírico versus a apreensão da realidade. Para melhor examinar esses aspectos da obra do poeta – objeto de nossa comunicação – analisaremos alguns dos poemas representativos de sua lírica, tais como: “A Poesia”, “Zé Chuvarada de Dezembro”, “Eu posso transformar o mundo” e “Poema das estrelas e do palhaço”. Tais poemas serão examinados à luz de propostas teóricas como as de Samira Chalhub (A metalinguagem) e Haroldo de Campos (Metalinguagem e outras metas) - para a metaficção - e de Roger Chartier (O mundo como representação)e outros autores que tratem da apreensão da realidade por meio do sujeito lírico. Esta comunicação faz parte de um pesquisa mais ampla que estamos desenvolvendo sobre a obra do poeta em questão e sobre sua lírica. Assim, analisaremos a postura do sujeito lírico
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ante as nuances da realidade que o cerca. Com isso, esta apresentação oral trará vários argumentos atinentes à produção poética de um dos implementadores do Modernismo em Goiás. A criação poética de fabiano Calixto e Paulo Henriques Britto Maísa de Oliveira Mascarenhas (FL/UFG) Goiandira de F. Ortiz de Camargo (FL/UFG) Na contemporaneidade, o sujeito lírico esfacelado ou disperso nas coisas do mundo é uma recorrência forte e uma pesquisa nesse sentido nos proporciona reflexões de ordem teórico e crítica sobre um dos elementos fundamentais da lírica, que é o sujeito lírico, e ilações a respeito das configurações da subjetividade. Com base nessas constatações, esta pesquisa pretende examinar a obra poética de Paulo Henriques Britto e de Fabiano Calixto, marcada por um fenômeno bastante recorrente na lírica contemporânea, que é a fragmentação do sujeito lírico, ou seja, ele manifesta-se de forma múltipla. É possível notar na obra desses escritores a natureza fragmentária do sujeito lírico, o qual se revela cindido, destituído de uma unidade, visto que a tradicional voz monologante abre espaço para a instauração de diversas subjetividades . Por meio da análise de alguns poemas presentes na obra de Britto e Calixto , verificamos a tendência ao fechamento do discurso poético, visto que a linguagem é frequentemente colocada em evidência e voltada para si mesma. O exercício metalinguístico pode evidenciar o caráter múltiplo do sujeito por trás da composição poética, que, cindido, revela-se, concomitantemente, crítico e criador ao sondar a própria arquitetura poemática. A respeito disso, Maria Esther Maciel (1999) destaca que, apesar de ser antiga a aliança entre a criação e a reflexão, muitos poetas concebem ainda hoje a poesia como espaço de reflexão crítica e de debate sobre si
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mesma. Ao estilhaçar a linguagem e muitas vezes incorporar à enunciação lírica o discurso crítico, o poeta põe em diálogo teoria e prática, crítica e criação, que se espelham e se misturam. Movidos pela tentativa de exploração da autossuficiência da linguagem, esta assume, nesse tipo de produção poética, o lugar do sujeito. Além disso, é possível perceber que experiência de leitura dos dois poetas também atua como componente do processo de criação e subjetivação poética. As reflexões e as discussões a que este trabalho se propõe contribuem para auxiliar na compreensão da configuração do sujeito lírico na contemporaneidade e suas implicações contextuais. Os estudos de Hegel (1997), Italo Calvino (1990), Michel Collot (2004), Dominique Combe (1999), Alfonso Berardinelli (2007), Benedito Nunes (2009) e Maria Esther Maciel (1999) servem como arcabouço teórico para esta pesquisa. O perfil do herói moderno em Morte e Vida Severina e
Festa na Casa -Grande Maria Aparecida Barros de Oliveira Cruz (UFG) O objetivo desta comunicação é confrontar o perfil do herói moderno no auto cabralino MORTE E VIDA SEVERINA (1956), obra responsável por popularizar a imagem do pernambucano João Cabral de Melo Neto, com o do poema FESTA NA CASAGRANDE (in: Dois Parlamentos, 1961) do mesmo autor. Reconhecidamente preocupado com a artesania dos versos, Cabral também se destaca por fazer crítica social da qual são exemplos os dois poemas citados. Interessa-nos, também, identificar as vozes que anunciam esses heróis bem como constituir o lugar de fala de cada um ou a ausência desse lugar, fato constatado em FESTA NA CASA-GRANDE, uma vez que o herói, no caso, o cassaco de engenho, assume outros ares que o distanciam da voz que diz o texto em MORTE E VIDA SEVERINA, apesar de apresentar alguns pontos convergentes.
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Partimos do pressuposto de que o lugar de fala é responsável por dar o tom em cada poema, assim também como é condicionador do perfil do herói, que em ambos os textos é marcado pela condição de sujeito marginalizado e destituído de poder, tendo pouca ou nenhuma chance de sobressair-se. Mesmo tendo a voz, como ocorre em MORTE E VIDA SEVERINA, ao herói não compete as rédeas de seu destino. Ele está imerso em um mundo marcado pela exploração do trabalhador que muitas vezes culmina com a sua reificação, fato constatado em Festa na Casa- Grande. Assim, o herói que se ergue, no auto, tem, dentre outras coisas, ares de uma coletividade que clama por melhor distribuição de bens, incluindo terras para plantar e garantir seu próprio sustento; já em FESTA NA CASA-GRANDE, o herói nos é apresentado a partir de traços negativos, sendo a ausência de voz ativa uma das possíveis responsáveis pela construção distorcida desse perfil. Configuram-se, desse modo, como heróis típicos da poesia moderna que, segundo Marshall Berman (1986), são despojados da parafernália tradicional e marcados pela volatilidade. Além desse teórico, esse trabalho pauta-se nas discussões acerca do sujeito/voz feitas por Wladimir Krysinski (2007), Michel Hamburger (2007) e Flora Sussekind (2003), principalmente. GT 34 - Possibilidades e desafios na atividade docente: compartilhando experiências de ensino Coordenação: Luciane Guimarães de Paula (UAELL/UFG/RC) Muitos são os desafios que docentes encontram ao longo de sua atuação, principalmente por estar inserido em uma profissão que prioriza tanto a sua própria formação continuada quanto a de seu aluno. Cada desafio enfrentado pelo profissional em sala de aula é uma experiência única e inédita por causa do modo particular de cada um de perceber, interpretar e
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enfrentar esses eventos. Assim, o objetivo desse GT é proporcionar um espaço de interação, reflexão e compartilhamento de experiências docentes com o intuito de promover o desenvolvimento profissional e pessoal do professor. Ao conhecer outros desafios e realidades, os docentes podem ter a oportunidade de estimular a atividade de reflexão sobre a prática docente como teorizada por Dewey, Schön, Freire e tantos outros teóricos que voltaram seu olhar para a importância da observação da prática como fonte de inspiração para soluções no campo teórico. Portanto, as comunicações dessa sessão coordenada têm por objetivo discutir aspectos relacionados a atividade docente em áreas interdisciplinares, de modo específico, almeja compartilhar desafios, dificuldades, possibilidades, e experiências pessoais com o processo de ensino e aprendizagem As contribuições dessa comunicação coordenada compreendem pesquisas concluídas e estudos em andamento que abordam diversas questões relacionadas ao tema e tem por objetivo divulgar reflexões e estudos conduzidos por docentes e discentes que versam sobre o tema ensino e aprendizagem, bem como sobre o processo de formação do professor de línguas. Linguagem, etnologia e docência: leituras e releituras do mito da cabeça Munduruku Admilton de Freitas Chagas Filho (UFAM) O trabalho é produto das atividades do Projeto Revitalização e Fortalecimento da Língua Munduruku nas atividades pedagógicas dos acadêmicos indígenas da Turma Munduruku do Curso Formação de Professores Indígenas, submetido ao Programa de Atividade Curricular de Extensão, da Universidade Federal do Amazonas, para ser realizado com os alunos da turma de Letras e Artes. Os objetivos voltaram-se a realizar oficina para contribuir com as ações de revitalização da língua munduruku; valorizar o uso das histórias e
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conhecimentos do povo Munduruku nas atividades pedagógicas no cotidiano das escolas indígenas; revitalizar, pela narração e descrição, conhecimentos tradicionais do povo Munduruku por meio da atividade docente; produzir materiais didático-pedagógicos na língua munduruku; instrumentalizar os acadêmicos com metodologias e estratégias para uso dos conhecimentos e da língua Munduruku em suas atividades docentes na aldeia. Ressalta-se que os alunos da licenciatura já atuam como professores em escolas multisseriadas de comunidades indígenas, logo deveriam atentar para os princípios da Educação Escolar Indígena (interculturalidade, principalmente), no entanto, ainda se percebe o distanciamento entre o direito e a prática docente. Nesse sentido, para realização das atividades, na perspectiva de contribuir para elaboração de material didático na língua munduruku e para a concretização da interculturalidade, durante as aulas de Língua Indígena e Portuguesa, foram desenvolvidas atividades para elaborar bancos de dados de palavras e “livros” com as narrativas em língua portuguesa e indígena. Assim, as ações foram conduzidas à luz das orientações dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa (1996), de Hernandez (1994, 1998) e de Menget (1993), ou seja, utilizou-se dos conhecimentos prévios dos alunos para se fazer uma leitura inicial sobre o mito da Cabeça Munduruku (tema gerador), posteriormente, foi realizada apresentação e análise do texto de Menget (1993), para então, depois de discussão, proceder com a elaboração de textos sobre a discussão e de projetos pedagógicos para ser desenvolvido na aldeias com os alunos das escolas, nas quais os acadêmicos atuam como docentes. Dos textos produzidos, realizou-se ainda a análise linguística dos textos e a reflexão sobre as diversas disciplinas e conteúdos que podem ser trabalhados, a partir da atividade de leitura e releitura. A produção dos acadêmicos foi organizada, resultando em um arquivo digitalizado, que foi reproduzido via fotocópia e levado para as aldeias, na perspectiva de ser utilizado como material didático
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suplementar para as escolas. Além disso, os professores em formação foram orientados a realizar atividades, similares às realizadas com eles, nas aldeias, de modo que as crianças, adolescentes, jovens e adultos indígenas, bem como anciãos, lideranças e outros membros das comunidades possam também participar da construção de materiais. Assim, os comunitários das aldeias dos acadêmicos serão envolvidos na atividade de extensão e estarão contribuindo efetivamente no processo de revitalização ou fortalecimento linguístico e cultural. Desse modo, os professores em formação estarão incentivando a atuação dos alunos como sujeitos de ação na escola e estimulando o envolvimento dos demais comunitários nas atividades educacionais, além de poder contribuir efetivamente para a documentação e revitalização dos conhecimentos da língua, história e cultura do povo Munduruku. Gêneros textuais: práticas pedagógicas enfocando as dimensões da leitura e escrita Altina Abadia da Silva (UFG-RC) Priscilla de Andrade Silva Ximenes(UFG-RC) Analisar e debater práticas pedagógicas desenvolvidas pelas professoras(es), enfocando as dimensões da leitura e escrita articulando-as à produção das diferentes linguagens e narrativas tecidas pelas crianças e professores no dia-a-dia educativo. Este é o objetivo geral de um projeto de pesquisa em desenvolvimento na rede pública de um município do sudeste goiano, o projeto foi implementado a partir da demanda do grupo de professores da Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Uma das inquietações do grupo de professores era compreender a importância de trabalhar com textos variados, para que os alunos tivessem melhor desenvolvimento na leitura e na escrita. Como nossa linguagem é construída na interação com o meio social, a mesma interação é importantíssima para desenvolver o conhecimento
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linguístico do falante, no caso, a criança em processo de construção de seu repertório de linguagem e de suas experiências cotidianas. Quanto mais a criança vivenciar situações diversificadas de comunicação e socialização com o meio letrado em que vive, melhor será sua capacidade de interagir e de compreender esse mesmo mundo. Para tanto, faz-se necessário aproximar a criança desde cedo do contato com os diferentes textos que circulam a sua volta e que, em situações específicas, esses possam se tornar significativos e relevantes ao seu desempenho social. As crianças convivem, cotidianamente, com diferentes manifestações da linguagem e, por isso, são bombardeadas por vários tipos de textos em seu dia-a-dia: A escola, por sua vez, não pode ignorar toda a representatividade dos textos expostos na sociedade. Ao contrário, deve trazê-los para dentro da sala de aula, confrontá-los com o conhecimento prévio dos alunos e adicionar novos significados e informações a partir de procedimentos metodológicos de leitura em sala. O professor precisa favorecer a construção social da leitura de seus alunos, oferecendo-lhes recursos e ferramentas para a compreensão do texto. Para isso, deve desenvolver uma metodologia de leitura que garanta ao aluno a compreensão das informações presentes no texto. Para promover o trabalho em sala com a diversidade textual, promovemos uma oficina para a confecção de uma caixa repleta de textos reais, encontrados em nosso cotidiano. A Caixa de Linguagem é um material permanente em sala de aula, para facilitar o trabalho diversificado com o ensino da leitura e da escrita, assim como, favorecer o desenvolvimento da oralidade nas crianças. Os textos da Caixa de Linguagem fazem parte da rotina diária dos trabalhos com a linguagem e, por isso são lidos e comentados pelos(as) professoras(es) e pelas crianças, quando investigam a informação e a organização do texto. O objetivo desta atividade não é decodificar palavras e realizar a leitura formal, mas desenvolver desde cedo nas crianças a curiosidade diante das informações e diferentes gêneros textuais, para que investiguem os textos e descubram
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que há sempre alguma coisa a ser vista: uma imagem, um símbolo, uma marca, uma foto, uma palavra, uma letra, um produto entre outras informações. Na leitura do livro “O carteiro chegou”, percebemos através da intertextualidade, oportunidade do trabalho com diferentes gêneros textuais. Ensino de língua portuguesa e cultura brasileira para estudantes estrangeiros em mobilidade internacional Benice Naves Resende Trata-se de um projeto de ensino que consolidou a área de ensino e pesquisa de Português como Língua Estrangeira na Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Pretendendo atender à demanda cada vez mais crescente de ensino sistemático da Língua Portuguesa a estudantes estrangeiros em Uberlândia vindos através de diversos convênios (Graduação e Pós-Graduação) firmados entre a UFU e universidade estrangeiras, ele objetiva proporcionar formação metodológica contínua aos professores participantes do projeto, levando-os à reflexões críticas, e propiciar aos estudantes estrangeiros condições de compreenderem e de se expressarem autonomamente nas modalidades oral e escrita da Língua Portuguesa, assim como de conhecer aspectos históricos, geográficos, políticos, econômicos e culturais do Brasil.Com o desenvolvimento das habilidades de compreensão e expressão orais e escritas ,os estudantes estrangeiros em imersão no Brasil se tornam capazes de interagir em situações de comunicação do cotidiano que exigem uso específico da língua e também melhoram o seu desempenho acadêmico. Os professores que participam deste projeto de forma voluntária são graduados em Letras – Espanhol, Letras –Francês e Letras-Inglês . O material didático utilizado é elaborado por cada professor, com o objetivo de atender as necessidades de cada turma específica. Levando em conta o contexto de imersão dos estudantes, são utilizados materiais autênticos tais como jornais, revistas,
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gravações em áudio e vídeo, CDs, programação de rádio e de televisão (documentários, filmes, jornais televisivos) e realizada a exploração pedagógica dos mesmos. Nas reuniões semanais são feitas reflexões críticas sobre o processo de ensinoaprendizagem de línguas estrangeiras (estratégias de ensino, estratégias de aprendizagem, interação, motivação, afetividade, interculturalidade, autonomia, etc...) e especificamente da Língua Portuguesa como língua estrangeira, sobre as especificidades do ensino de PLE para aprendizes de línguas tipologicamente próximas e línguas distantes, sobre o papel do professor de línguas estrangeiras, sobre a lusofonia e ainda análises críticas de materiais didáticos de Português como Língua Estrangeira publicados. O presente projeto de ensino atende às necessidades do curso de Letras, uma vez que os alunos das disciplinas de “Metodologia de Ensino de Português como Língua Estrangeira” e “Metodologia de Ensino de Português em Diferentes Contextos” fazem observações de aula nos cursos de Língua Portuguesa e Cultura Brasileira a estudantes estrangeiros. Salientamos também que este mesmo projeto atende às demandas do Programa de PósGraduação em Lingüística do Instituto de Letras e Linguística da UFU, uma vez que a coordenadora do projeto, os professores participantes do projeto e os estudantes estrangeiros inscritos nos cursos de Língua Portuguesa e Cultura Brasileira são solicitados a dar entrevistas (gravadas e não-gravadas) e responder questionários (por escrito e oralmente) para alunos de PósGraduação deste programa da UFU. Esses mesmos alunos de Pós-Graduação também solicitam autorização para fazer observações das aulas nos cursos de Língua Portuguesa e Cultura Brasileira para estudantes estrangeiros em Mobilidade Internacional na UFU. Os estudantes que escolhem fazer pesquisa nesta área são principalmente aqueles que cursaram as disciplinas Metodologia de Ensino de Português Língua estrangeira e Estágio Supervisionado de Português Língua Estrangeira, disciplinas obrigatórias no curso de Letras – Espanhol, Letras –Francês e Letras-Inglês da UFU. Concluimos
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que é preciso levar em conta as especificidades do processo de ensinar Português na perspectiva de uma língua estrangeira e que o ensino de Português como Língua Estrangeira merece ser incluído no currículo dos cursos de Letras como disciplina ou atividade formativa importante do profissional da área da linguagem. O professor de Português que não teve em seu curso de graduação disciplinas de formação em Português Língua Estrangeira se confronta com dificuldades e desconfortos em sua prática de sala de aula se vier a atuar com estudantes estrangeiros. Errei muito, teacher? – histórias sobre avaliar durante a prática oral nas aulas de língua estrangeira Gyzely Suely Lima (IFTM/UFU) Lara Brenda Campos Teixeira Kuhn (IFTM/UFU) Luiza Helena Araújo de Oliveira (IFTM) A proposta deste trabalho é apresentar as reflexões de três professoras de língua estrangeira que atuam em aulas de inglês e francês no Centro de Idiomas de uma instituição federal. O estudo tem sido desenvolvido ao longo do primeiro semestre de 2015 e tem o objetivo geral de investigar as concepções de erro presentes no processo de ensino-aprendizagem de língua estrangeira. Nesse sentido, os objetivos específicos são: narrar e analisar experiências de professoras de inglês e francês no processo de avaliação oral, bem como problematizar como as concepções de erro influenciam o desempenho de professores de língua estrangeira. Baseando-se nesses objetivos, as questões de pesquisa que norteiam a investigação são: a.) Quais são as concepções de erro de estudantes e de professoras de língua estrangeira? b.) Quais as implicações das concepções de erro na escolha dos instrumentos de avaliação nas aulas de língua estrangeira? Como referencial teórico para tratar as concepções de avaliação e erro são retomados os estudos de Luckesi (1997), Hadji (2001,2009) e Perrenoud (1995, 2001). A fim de
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desenvolver a investigação das questões de pesquisa, a fundamentação teórico-metodológica é a Pesquisa Narrativa (Clandinin; Connelly, 1998, 2000, 2011), que se caracteriza como uma forma colaborativa de investigação científica em que os participantes e pesquisadores estabelecem um relacionamento interativo na produção de textos de campo e de pesquisa. Para o desenvolvimento da pesquisa estão envolvidos 15 estudantes como participantes indiretos, três estudantes como participantes diretos e as três professoras-pesquisadoras, que atuam em turmas de língua estrangeira no Centro de Idiomas de um instituto federal de uma cidade de Minas Gerais. Como instrumentos de pesquisa são usados os relatos de experiência, narrativas, conversas e notas de campo. A análise dos textos de campo fundamenta-se nos pressupostos teóricos propostos por Ely, Vinz, Downing, Anzul (2001), que definem a composição de sentidos para a interpretação, resultando na interação entre os textos de campo e a intervenção de experiências pessoais e profissionais na colaboração com os participantes da pesquisa. Proposta didática para o ensino do gênero editorial com base nos PCN e CBC Maria Cecília de Lima (UFU) Eliana Dias (UFU) Segundo definição de Dolz e Schneuwly (2004), os gêneros são instrumentos que fundam a possibilidade de comunicação, ou seja, instrumentos que nos permitem agir no meio social. Logo, o conhecimento de como um determinado gênero se constitui permitirá sua melhor utilização. Bronckart (2004) também apresenta sua contribuição ao constatar que fazer intervenções em sala de aula por meio de propostas didáticas efetivas conduz a importantes transformações das atitudes pedagógicas e constitui um excelente meio de formação de professores. Por sermos professoras da Disciplina Estágio Supervisionado de Língua Portuguesa no Curso de Letras da Universidade Federal
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de Uberlândia (UFU), temos percebido que os graduandos têm dificuldade em trabalhar os gêneros com os estudantes do ensino fundamental e médio, quando da realização do estágio nas escolas. Muitas vezes não conseguem aliar as teorias estudadas sobre gêneros à prática e, assim, colocarem em prática os conteúdos dos documentos oficiais, como PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais - BRASIL, 1998) e CBC (Conteúdo Básico Comum - BRASIL, 2005). Se há um grande consenso de que os gêneros precisam ser trabalhados na escola para que a competência argumentativa do estudante seja ampliada, saber como trabalhar os gêneros nesse contexto, ainda não é consenso e muitos professores ainda se sentem despreparados para essa tarefa. Em função dessa realidade, nosso objetivo é o de apresentar, para a discussão no GT, uma atividade realizada em escola de ensino básico com o gênero editorial, tendo como subsídios teóricos e metodológicos os dos autores citados e as diretrizes do PCN (BRASIL, 1998) e as do CBC (MINAS GERAIS, 2005). Essa proposta foi elaborada de modo sistematizado em conformidade com os dois documentos. O trabalho, a ser exposto neste GT, pode ser ampliado por outros docentes, com possibilidades reais de resultados semelhantes, ou até melhores, se adotarem a concepção interacionista. A isso, soma-se o de poder contribuir com a prática docente no ensino de gêneros. A necessidade de desenvolver a oralidade em sala de aula Maria de Fátima de Mello (UFU) O ensino de língua portuguesa em nossas escolas em geral está voltado para a variedade padrão escrita da Língua. A escola tem enfatizado a escrita, a gramática, esquecendo que a linguagem oral é o elemento de comunicação mais utilizado pelos indivíduos, pois a fala se adquire muito antes de se ingressar na vida escolar. O aluno chega à escola trazendo
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muitos conhecimentos que são expressos por sua fala. O objetivo deste trabalho é fazer uma reflexão sobre a necessidade de desenvolvimento da oralidade na sala de aula. Ao priorizar a escrita, escola deixa de cumprir seu papel que é preparar o aluno com vistas ao desenvolvimento de sua cidadania. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) apresentam a fala pública como foco da oralidade e afirmam que a escola deve preparar o aluno para utilizar a linguagem oral no planejamento e na realização de diversas atividades propondo situações em que essas atividades façam sentido e que contemplem regras de comportamento social. Os estudos na área da Linguística têm apontado para o reconhecimento da importância da oralidade. É urgente que nossas salas de aula reservem o espaço devido ao desenvolvimento desta modalidade com vistas ao aprimoramento da competência linguística dos alunos. De acordo com Dolz e Shneuwly (2004) É possível ensinar a escrever textos e a exprimir-se oralmente em situações públicas escolares e extraescolares num ambiente escolar no qual múltiplas ocasiões de escrita e de fala são oferecidas aos alunos, sem que cada produção se transforme necessariamente num objeto de ensino sistemático. Eles propõem criar contextos de produção precisos e efetuar atividades ou exercícios múltiplos e variados. No que diz respeito ao trabalho com os gêneros orais, Irandé Antunes (2009) diz que é de extrema importância que a escola promova uma constante intervenção didática em relação aos gêneros orais. Deveriam ter prioridade os gêneros da oralidade própria de contextos públicos, mais formais do que aqueles da oralidade em contextos privados.” Deveria interessar à escola ultrapassar as práticas orais do cotidiano para alcançar aquelas mais presas às coerções institucionais”. Ela destaca que o trabalho com os gêneros orais na escola tem se limitado a conversas, debate, discussões com os colegas ou combinações acerca de um trabalho. Desenvolver a oralidade na sala de aula não deve ser restrita aos professores de Língua portuguesa. Os professores de todas as disciplinas podem trabalhar sob esta
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perspectiva e assim contribuir para que tanto a oralidade quanto a escrita façam parte do currículo e da vivência do aluno, tendo reflexo significativo em sua vida, pois, abre para ele possibilidades de trânsito nas várias esferas sociais. Impasses na sala de aula: uma resposta subjetiva do professor de língua estrangeira Quênia Côrtes dos Santos Sales (UFU – PPGEL) As respostas dadas por professores de língua estrangeira a impasses na sala de aula e as implicações dessas respostas para o processo de ensino e aprendizagem constituem o objeto de estudo que tem despertado nosso interesse no desenvolvimento de uma pesquisa que se encontra em estágio inicial. Nesse contexto, nos propomos nesta comunicação a discutir, como exercício de análise, uma situação que pode ser considerada como um desafio para aquele que assumiu a posição de professor e, por conseguinte, necessita dar uma resposta a um conflito em sala de aula. Assim, pretendemos, de forma breve, problematizar a partir do dizer do professor as concepções de sujeito, de língua e de linguagem; e discutir algumas implicações desse dizer para o processo de ensino e aprendizagem. Para tal, nos fundamentamos em uma perspectiva discursiva e, também, recorremos a algumas noções da psicanálise lacaniana como, por exemplo, as noções de sujeito e de linguagem. Consideramos que, a sala de aula é um espaço em que o professor pode encontrar-se diante de impasses que se lhe apresentam como sendo da ordem do não sentido e que, muitas vezes, o levam a um estado de desalento por não encontrar referenciais que lhe possibilitem responder a esses impasses. Esses impasses, normalmente, causam um malestar no professor e contribuem para que ele se sinta impotente por não saber o que fazer, pois, de certa maneira, espera-se que o professor seja capar de lidar com qualquer situação da sala de aula e, ainda, de ensinar nessa situação. Diante do não
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saber como atuar em sua prática docente, o professor, muitas vezes, procura encontrar uma resposta em alguma teoria e/ou abordagem que possa conferir sentido para sua prática. A nosso ver, considerar que os cursos de formação de professores são marcados por um limite abre possibilidades para que o professor sustente um lugar de investimento que assinale para uma prática docente que não pressupõe a aplicação de um modelo voltado para todos. O professor poderá dar uma resposta subjetiva a impasses na sala de aula. Docência universitária: compartilhando experiência de um professor em início de carreira Sebastião Silva Soares (UFU) Roberta Gama Brito (UFU) Este trabalho se refere a uma experiência pedagógica de um professor em início de carreira no ensino superior em uma universidade pública no Norte do Brasil. As atividades foram realizadas no Curso de Licenciatura em Pedagogia no primeiro semestre de 2014. A prática ocorreu na disciplina “Leitura e Produção de Texto”. Dentre as diversas ações desenvolvidas, destacou a reflexão sobre a prática pedagógica com os acadêmicos e a revisão teórica das ideias e dilemas enfrentados pelo professor na sua trajetória formativa. Um dos maiores dilemas encontrados foi à falta de referências que poderiam subsidiar o trabalho pedagógico com os alunos em processo de formação para a docência (Huberman, 2000; Tardif e Raymond, 2000; Garcia 1998), acrescido de outras questões que envolviam atividades nas áreas da pesquisa e da extensão (Pimenta, 2012; Masetto, 1998; Zabalza, 2004). Nesse período, não houve apoio da equipe gestora da instituição para a inserção do professor nas atividades, salvo o recebimento de um guia sobre a organização institucional e os direitos dos alunos. Diante disso, boa parte das ações foi sendo construídas por um interesse e investimento próprio do professor, a fim de criar no
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contexto da docência uma proposta pedagógica que atendesse aos acadêmicos e os objetivos propostos no plano de disciplina, em especial na formação do futuro professor leitor e produtor de textos. Por meio dessa experiência, evidenciou que a docência no ensino superior exige do professor uma formação muito além do domínio de um conhecimento específico, se faz necessário que o mesmo tenha uma formação pedagógica que supere a dimensão da resolução dos problemas da prática, mas que contribua com o seu desenvolvimento profissional e pessoal. Por outro lado, essa experiência permitiu perceber que muitos alunos em nível de pós-graduação tem assumido a docência universitária após a conclusão dos estudos, no entanto, na maioria das vezes não apresenta uma formação pedagógica para a docência no ensino superior. Acrescido a isso, foi possível perceber que muitos dos acadêmicos não pretendem ingressar na docência, dificultando na maioria das vezes o planejamento e execução das matrizes curriculares do curso tanto nessa disciplina do relato, como em outras que compõem a matriz curricular, conforme observou nos discursos de alguns professores por meio de conversas informais. Assim sendo, os dados apontam que a prática docente é uma atividade complexa e múltipla, na qual exige do professor conhecimentos e atualização constante dos processos de mudanças sociais, econômicas e culturais que a educação está inserida, além é claro de uma aprendizagem compartilhada que deve envolver a participação de toda a comunidade acadêmica. O desenvolvimento da competência oral e escrita dos alunos: contribuições de uma proposta de trabalho com o gênero discursivo relato pessoal Sônia Alves Dantas (UFU) O objetivo desta comunicação oral é apresentar os resultados da aplicação do projeto de pesquisa intitulado “Oralidade e
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letramento no ensino de Língua Portuguesa: uma proposta de trabalho com o gênero relato pessoal”, atualmente em fase de conclusão no âmbito do Mestrado Profissional em Letras (Profletras-UFU). A partir da constatação das dificuldades apresentadas por boa parte dos alunos em adequar a fala e a escrita aos diferentes contextos de uso da língua, e ainda do pouco espaço reservado a um trabalho mais sistematizado com a oralidade no âmbito escolar, elaboramos um projeto de pesquisa cujo objetivo geral foi analisar as possíveis contribuições de uma sequência didática de ensino do gênero discursivo relato pessoal para a ampliação da competência comunicativa de alunos do 6º ano do ensino fundamental. Para tanto, desenvolvemos uma pesquisa qualitativa, definida também como uma pesquisa-ação, dado o seu caráter interventivo e interpretativo, que envolveu a participação de quinze alunos do sexto ano do ensino fundamental de uma escola da rede pública municipal de Uberlândia-MG. Durante dois meses, desenvolvemos atividades de ensino da oralidade e escrita previstas na sequência didática proposta. Nosso CORPUS de pesquisa foi composto, dessa forma, pelas produções textuais orais e escritas dos alunos e notas de campo da professorapesquisadora relacionadas à aplicação das atividades. Partindo de uma perspectiva sociointerativa e apoiando-nos nos estudos de Bakhtin (1997), Cyranka (2014), Dolz e Schneuwly (2004), Faraco (2008), Fávero, Andrade e Aquino (2012), Geraldi (2004), Marcuschi (1997; 2001; 2010), dentre outros pesquisadores, analisamos em que medida as atividades desenvolvidas durante a aplicação da sequência didática contribuíram para o desenvolvimento da competência comunicativa dos alunos participantes desta pesquisa. (Apoio: Capes)
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Práticas de leitura nas diversas áreas do conhecimento: análise das práticas dos professores de um sexto ano do Ensino Fundamental Thiago Moura Camilo (E. E. Cel. Oscar Prados) Fernanda Resende Marques Alves (CESSG) Izabel Cristina de Lima Carvalho (CESSG) Aprender a ler, assim como toda atividade escolar, é uma prática social e uma das maiores experiências da vida escolar. Ler significa também aprender a ler o mundo, a nós mesmos e ampliar as possibilidades de interação com os outros; por isso consideramos a leitura uma habilidade indispensável para a aprendizagem e formação do sujeito letrado, a qual deve ocorrer nas atividades de cada disciplina. Por assim a compreendermos, tomamos as práticas de leitura escolar de uma turma de sexto ano do ensino fundamental II como objeto de reflexão. No que diz respeito aos princípios teóricos, nossa compreensão parte da perspectiva que ler é muito mais que decodificar o código da língua escrita, é ter a capacidade de interpretar aquilo que lê e poder dialogar com o texto, o qual é considerado como um lugar de encontro entre os sujeitos, que dialogicamente, se constituem e são constituídos. A leitura, nesta perspectiva, é compreendida como uma atividade interativa entre texto/autor/leitor e altamente complexa de produção de sentidos. Nesse contexto, entendemos que a escola, instituída pela sociedade letrada, deve propiciar a socialização do saber sistematizado, o contato sistemático e intenso com a leitura no âmbito de cada área do conhecimento, uma vez que as práticas escolares incorporam e potencializam os possíveis efeitos da leitura no desenvolvimento do aluno. Neste sentido, nosso objetivo é observar, nas relações de ensino de alunos de uma turma de sexto ano do ensino fundamental, o trabalho desenvolvido com a leitura em sala de aula de professores de Língua Portuguesa, Matemática, História, Ciências e Geografia
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a fim de compreender como tem sido instaurada e mediada a prática de leitura pelos professores dessas áreas do conhecimento com vistas à promoção leitora dos alunos. Metodologicamente, assumimos a perspectiva histórico-cultural do desenvolvimento humano de Vigotski e a perspectiva enunciativo-discursiva de Bakhtin por compreendermos que essas abordagens possibilitam-nos a compreensão da interação verbal em suas condições concretas de produção. Participaram deste estudo 5 professores de diferentes áreas e 30 alunos de uma turma de sexto ano do ensino fundamental II de uma escola da rede pública estadual de São Gotardo, no interior de Minas Gerais. As aulas foram filmadas, audiogravadas e transcritas. Também fizemos uso de registros em diário de campo. A pesquisa tem possibilitado que os professores e pesquisadores teçam reflexões sistemáticas sobre as práticas vigentes como também sobre as possibilidades didáticopedagógicas de práticas de leitura que sejam tecidas dialogicamente pelos professores do ensino fundamental II nas diversas áreas do conhecimento. Os dados produzidos nos permitem considerar a leitura como uma prática escolar fundamental para o desenvolvimento do aluno; assim, conhecer e interpretar possibilidades de ensino dessas práticas, mais do que explicá-las, poderá contribuir para a formulação de outros modos de vivenciá-las, em uma perspectiva dialógica, a fim de inserir os alunos da escola pública em práticas sociais de leitura. GT 35 - Variação linguística: uma discussão em prol do ensino de língua portuguesa Coordenação: Adriana Cristina Cristianini (UFU) Selma Sueli Santos Guimarães (UFU) A Língua Portuguesa é uma das cinco línguas mais faladas no mundo. No Brasil, apesar de falarmos, oficialmente, apenas
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uma língua oral, verificamos uma grande diversidade linguística ao observarmos nosso território. Todos os sujeitos, desde o nascimento, aprendem naturalmente a língua, em contato com a família e com o grupo social no qual está inserido. Ao fazer uso da língua, o sujeito faz escolhas dentre os saberes que tem sobre a língua, sobre o assunto, sobre o interlocutor. A diversidade, contudo, não prejudica o caráter de unidade da língua, ou seja, podemos dizer que, apesar de ser a mesma, a língua apresenta variações de região para região, de pessoa para pessoa, dependendo da formalidade entre os falantes, da faixa etária, da classe social, do grau de escolaridade, do gênero, das profissões, dos círculos sociais. Além da variação de aspecto semântico-lexical, ou seja, da escolha lexical feita pelo sujeito para nomear a realidade à sua volta, a diversidade também se expressa nos aspectos fonéticofonológico, morfossintático e discursivo. No que se refere a essa temática, os documentos oficiais de diretrizes da educação brasileira, entre eles os Parâmetros Curriculares Nacionais, orientam as escolas a organizarem atividades de ensino que levem os alunos a “refletir sobre os fenômenos da linguagem, particularmente os que tocam a questão da variedade linguística, combatendo a estigmatização, discriminação e preconceitos relativos ao uso da língua”. Diante disso, este GT pretende apresentar estudos, realizados no Brasil, na última década, que tragam contribuições para o ensino-aprendizagem da Língua Portuguesa no que tange à variação linguística, pois seria impossível ensinar nossa língua sem se considerar a multiplicidade cultural como característica marcante de nosso País. Buscamos reunir trabalhos, concluídos ou em elaboração, que tratam da variação, sob os enfoques fonético-fonológico, semântico-lexical, morfossintático e discursivo. Esperamos que o conjunto dos trabalhos apontem as perspectivas e tendências desses estudos na atualidade, além de explicitar o quão valiosa é a envergadura dessas pesquisas ao oferecer, entre outros, um considerável volume de dados que permitem aos professores e aos demais interessados a possibilidade de aprofundarem-se no
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conhecimento da realidade linguística brasileira e, assim, terem condições de colaborar com a elaboração de materiais e metodologias pedagógicas para o ensino-aprendizagem das variantes de que se reveste o falar em diferente regiões do nosso Brasil. O livro didático e o ensino do conteúdo variação linguística nas aulas de língua portuguesa Adriana Cristina Cristianini (UFU) Muitos são os estudos e as reflexões que visam a um conhecimento mais específico das variações linguísticas e a uma aproximação com os integrantes dos variados grupos sociais. Essas discussões têm permitido que se obtenha um considerável volume de dados a serem utilizados, entre outros, por estudiosos da área da educação para aprimoramento de seus conhecimentos e de suas práticas no âmbito da realidade linguística das comunidades lusófonas. Autores de livros didáticos de Língua Portuguesa também tem acesso a esses estudos que, com o advento da internet, estão cada vez mais disponíveis a quem se interessar pelo assunto. Considerando o exposto e o fato de diversos documentos oficiais que norteiam o ensino de Língua Portuguesa no Brasil enfatizarem a importância dos educandos conhecerem e valorizarem a pluralidade do patrimônio sociocultural e linguístico de nossa nação, é consenso e primordial que os docentes conduzam os educandos a uma reflexão sobre os fenômenos relacionados à questão da variedade linguística não só para que estes adquiram conhecimento bibliográfico acerca do tema, mas, também, uma atitude de combate à estigmatização, à discriminação e aos preconceitos relativos ao uso da língua. Diante disso, imagina-se que ao menos os livros recomendados pelo PNLD – Programa Nacional do Livro Didático ofereçam um material que respeite a legislação, as diretrizes e as normas oficiais relativas ao ensino de Língua Portuguesa. Certamente,
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outros aspectos da obra avaliada se fazem indispensáveis, tais como: observância de princípios éticos; coerência e adequação da abordagem teórico-metodológica; correção e atualização de conceitos, informações e procedimentos; respeito à perspectiva interdisciplinar, na apresentação e abordagem dos conteúdos; e outros. Partindo do discorrido, esta comunicação pauta-se nos seguintes objetivos: (i) apresentar um levantamento dos livros didáticos mais utilizados no município de Uberlândia para ensino de Língua Portuguesa, primordialmente no Ensino Fundamental II, (ii) selecionar obras para análise; (iii) descrever e verificar a abordagem relacionada à questão da variação linguística utilizada nos livros didáticos selecionados; (iv) analisar se a maneira como o tema é apresentado nos livros didáticos contemplam as diretrizes norteadoras para o ensino de Língua Portuguesa. Ampliação vocabular: glossário de textos do LD de LP “Vontade de saber português” do 9º ano Célia Davi de Assunção (UFU) Eliana Dias (UFU) Esta comunicação objetiva apresentar parte da pesquisa, em desenvolvimento no Mestrado Profissional - PROFLETRAS, UFU. A pesquisa objetivou realizar uma intervenção em sala de aula do 9º ano da Escola Municipal Sebastião Rangel para criação de um glossário criativo de palavras retiradas dos textos do Livro Didático adotado, de Língua Portuguesa “Vontade de Saber Português” ( Rosimeire Alves; Tatiane Brugnerotto). A proposta de intervenção se deve à percepção de que algumas palavras utilizadas pelas autoras não fazem parte do vocabulário ativo dos alunos. A revisão teórica fundamenta-se nas contribuições da Lexicologia, Lexicografia e ensino do léxico, em: Biderman (1999), Barbosa (1989), Dias (2004), as diretrizes dos PCNs (1998) para aliarmos a teoria à prática. A
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metodologia adotada (pesquisa-ação) - pesquisadora como observadora-participante. Para os sentidos das palavras do glossário, os estudantes tiveram disponíveis o Dicionário criativo online e diferentes dicionários. Na produção do glossário criativo - uma proposta diferente dos modelos convencionais do Livro didático – a orientação de Dias (2004, p. 107) foi que o estudo dessas palavras fosse desenvolvido no contexto, segundo a autora, “trabalhar as palavras isoladas, não é uma boa prática para ampliação do vocabulário”. Houve proposta de uma produção de texto. O critério: usar pelo menos 5 palavras do glossário. Finalmente, os glossários no blog da escola. Embora a pesquisa esteja em fase de análise dos dados coletados, concluimos parcialmente, que: i) o empobrecimento vocabular dos estudantes na escola pública decorre dos poucos trabalhos didáticos pedagógicos desenvolvidos. ii) o uso do dicionário em sala de aula é de suma importância. iii) o desenvolvimento da competência comunicativa se dá concomitante à ampliação vocabular. Aquisição e desenvolvimento da língua estrangeira (inglês) a partir da teoria noticing hypothesis de Richard Schmidt Juliane Silva Giusti da Rocha Silvagne Vasconcelos Duarte O estudo relatado neste artigo objetivou investigar a relação entre a capacidade de memória de trabalho, registro cognitivo (noticing) e a produção oral da LE em um adulto brasileiro aprendente de língua inglesa como segunda língua ou língua estrangeira. Este artigo objetiva discutir o real sentido da teoria Noticing Hypothesis proposta por Schmidt (1990) na qual propõe que aprendentes de uma LE precisam notar e registrar cognitivamente os aspectos linguísticos de uma dada nova língua para que a aprendizagem ocorra. O estudo constituiu de
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três tarefas: (1) uma tarefa visando medir a capacidade de memória de trabalho através do Oxford Placement Test; (2) uma tarefa oral objetivando medir a produção oral em LE do aprendente ao produzir a estrutura alvo (Questões indiretas); e (3) uma tarefa que buscava medir o registro cognitivo de aspectos da LE através de um protocolo oral. Os resultados deste estudo demonstram que existe relação entre a capacidade de memória de trabalho, noticing e a produção oral da LE, uma vez que o aprendente que possui a capacidade de memória de trabalho maior, consegue registra facilmente os aspectos da estrutura alvo e exibe melhor execução nas tarefas orais de LE. Em outras palavras, o aprendente com uma maior capacidade de memória de trabalho nota mais aspectos linguísticos LE da estrutura alvo e apresenta um desempenho mais preciso nas tarefas orais LE do que um aprendente com menor capacidade de memória de trabalho que nota menos aspectos formais LE e demostra pior desempenho nas tarefas orais da estrutura alvo. Assim, os resultados deste estudo revelam que o aprendente notou a estrutura alvo neste estudo porque ele tinha uma capacidade maior de memória de trabalho. Por fim, este artigo objetiva contribuir significativamente no campo da Linguística Aplicada para a teoria de Aquisição/Aprendizagem de LE. Possíveis contribuições da sociogeolinguística para a aquisição de língua portuguesa por crianças pomeranas Neubiana Silva Veloso Beilke (UFU) Este trabalho é um recorte do projeto "A Variedade Brasileira do Pomerano: Um Estudo com Foco nos Vales do Rio Doce/MG e do Rio Pardo/RS" que, além de levantar corpora do pomerano, traça uma relação interdisciplinar com os estudos geolinguísticos. Nosso objetivo, nesta comunicação, é salientar a importância dos aspectos geoespaciais e as relações que estes estabelecem socialmente com as línguas. Ressalta-se que a
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Geolinguística, por nos permitir compreender melhor a realidade linguística, as variações e os contatos linguísticos de uma dada comunidade, constitui-se em contribuições importantes também para os processos de ensinoaprendizagem de línguas maternas, estrangeiras, oficiais e cooficiais. Embora, no Brasil, a língua portuguesa seja oficial, para grande parte das crianças pomeranas, o português é tido como segunda língua. Contudo, no processo de educação escolar, é possível perceber que algumas crianças pomeranas apresentam dificuldades na aquisição, entre outras, de alguns fonemas do português. Isso ocorre porque, em casa, fala-se pomerano e, ao entrarem na escola, essas crianças parecem sofrer um estranhamento com a nova realidade linguística. Há professores que relatam vivenciar um contexto no qual falar pomerano faz a criança se sentir mais à vontade em relação às atividades propostas. A comunicação em pomerano, nesses casos, parece permitir o estabelecimento de uma relação professor-aluno mais efetiva. As principais referências para este trabalho são BENINCÁ (2008), RODRIGUES (2010), BANDEIRA (2011), BANDEIRA & ZIMMER (2011) e SCHAEFFER (2012). O desenvolvimento do tema desta comunicação é possível devido a pesquisas bibliográficas sobre comunidades pomeranas e, também, ao contato com os pomeranos para realização de entrevistas no decorrer do desenvolvimento do projeto em que estudamos a variedade brasileira do pomerano, a qual denominamos de Brasilianisch Pommersch. Quanto aos possíveis resultados, pretendemos também apontar como a Sociogeolinguística (CRISTIANINI, 2007; 2012) e as variáveis que essa abordagem inclui, poderiam contribuir para o enfrentamento das dificuldades de ensino do português, tendo em vista as variações, os contextos bilíngues e, principalmente, o contexto pomerano no Brasil.
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A variação linguística no atlas: contribuições para o ensino de língua portuguesa Rita de Cássia da Silva Soares Nessa comunicação apresentaremos os itens lexicais, fruto das respostas dadas à questão número 136 do Questionário Semântico-Lexical do Projeto Atlas Linguístico do Brasil (QSLALiB): “... a pessoa que fala demais?”. O propósito é exemplificar a variedade dos sujeitos da região da grande São Paulo e mostrar que os itens lexicais podem ser utilizados nas aulas como contribuição para o processo de ensino– aprendizagem da variação linguística, denotando que esta é um fenômeno próprio e singular da língua. Os exemplos foram retirados do Atlas Semântico-Lexical da Região Norte do Alto Tietê (ReNAT) - São Paulo (2012). Este foi desenvolvido em cidades que, geograficamente, estão no entorno do município de São Paulo. A coleta de informações para os atlas foi feita in loco, o pesquisador ouviu e registrou o falar apresentado nas respostas, denotando a realidade linguística dos sujeitos de cinco municípios. Nesse trabalho, o enfoque foi dado ao aspecto semântico em virtude da característica dos dois atlas. As respostas estão organizadas conforme a ordem de maior frequência. O atlas apresenta os falares, isto é, realizações linguísticas de agrupamentos humanos que podem ser associados a uma realização semântico-lexical própria da região, definida com a escolha de um item lexical. Sabe-se que o fascínio provocado pela linguagem está atrelado à sua estrutura, pois a língua é um sistema de sinais acústico-orais, que funciona na comunicação coletiva, resultado de um processo histórico e de evolução constante. Por isso é improvável sustentar que a língua seja estática e uniforme. Esse conceito pode apenas abranger a língua como abstração, pois como sistema concreto ela se realiza de modo variado, consequência da diversificação dos usuários, pois a linguagem
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não é um fenômeno isolado. Pode-se estudá-la sob diferentes aspectos: cognitivo, social, psicológico, ideológico, etc. A linguagem reflete e refrata as escolhas de um sujeito que, por sua vez, está situado numa história, num espaço social, numa cultura, esse sujeito é influenciado por outros discursos e expressa suas preferências, escolhas, opiniões, crenças, valores, ideologias sobre um determinado assunto ou objeto. E, também, recorre a uma memória discursiva, que faz parte do interdiscurso. A diferença entre a geografia e as características sociais numa mesma comunidade linguística também resulta num processo no qual há diferenças linguísticas, que podem se manifestar nos níveis fonológico, gramatical e, sobretudo, no nível lexical, sendo este o nível que nos interessa. Para a análise dos itens lexicais, utilizar-se-á os conceitos de Eugeniu Coseriu (1982) sobre os três níveis de atualização da língua: sistema, norma e fala, bem como os estudos em Sociogeolinguística desenvolvidos por Irenilde Pereira dos Santos (2012) e dos grupos de pesquisa GPDG/USP e GPS/UFU. Acredita-se que cada comunidade comporta características e especificidades linguísticas, denotando a identidade histórica e cultural dos sujeitos que se desenvolve, sobretudo nos momentos de interação, por isso também recorrer-se-á a Sociolinguística Interacional de J. P. Blom e J. J. Gumperz (2002). Arco-íris e outras escolhas lexicais: como aplicar o estudo da variação linguística no ensino do português Selma Sueli Santos Guimarães (UFU) Investigar uma língua e suas variações implica investigar também a cultura, visto que as características culturais de uma sociedade são, normalmente, armazenadas e acumuladas por meio do sistema linguístico, sobretudo por meio do léxico. No Brasil, a língua falada é o Português. Apesar disso, verifica-se, em todo o país, uma grande diversidade no emprego de palavras, isto é, na escolha lexical feita pelo sujeito para
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nomear a realidade que o circunda. Portanto, estudos voltados para essa diversidade linguística brasileira se tornam necessários e produtivos. Os estudos geolinguísticos e os atlas linguísticos são conhecidos como instrumentos de documentação da variação diatópica observada em comunidades linguísticas, num determinado espaço de tempo sócio-histórico. Nesse sentido, é possível dizer que o estudo das variações linguísticas pode contribuir para o ensino-aprendizagem da Língua Portuguesa. Partindo desse pressuposto, o presente estudo tem como objetivo apresentar possíveis aplicações das pesquisas sobre a variação lexical em aulas de Língua Portuguesa. O enfoque teórico que sustenta este estudo conjuga contribuições advindas da Geolinguística, da Dialetologia e da Análise do Discurso de linha francesa, que considera o homem na sua história, observando as condições de produção da linguagem por meio da relação entre a língua e os sujeitos que a falam e também as situações em que se produz o dizer. Conforme afirma Santos (2009), a pesquisa geolinguística implica uma atividade discursiva que ultrapassa o questionário, os cartogramas e outros elementos próprios da Geolinguística, pois os dados linguísticos ali presentes fazem parte de uma atividade linguística produtora de sentidos que revela a inserção dos sujeitos em grupos sociais relativos ao tempo em que ele vive. Toma-se como referência as diferentes escolhas lexicais presentes nas respostas dos sujeitos a uma questão do Questionário Semântico-Lexical utilizado em cinco atlas linguísticos, qual seja, “Depois da chuva, como se chama aquele negócio colorido que se forma no céu?”. Os cinco atlas linguísticos envolvidos nesta pesquisa são o Atlas Prévio dos Falares Baianos; o Esboço de um Atlas Linguístico de Minas Gerais; o Atlas Linguístico da Paraíba; o Atlas Linguístico de Sergipe e o Atlas Linguístico do Paraná. Objetiva-se também oferecer dados relativos ao aspecto semântico-lexical que possam aprofundar o conhecimento da realidade linguística no Brasil e, dessa maneira, contribuir com os professores de Língua
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Portuguesa no que se refere à variação linguística dos cinco estados enfocados pela pesquisa geolinguística. Entre o discurso e a prática do professor de língua portuguesa: reflexões sobre norma, ensino da língua e variação Vera Lúcia Godinho Carneiro A linguística atual dá ênfase ao estudo da língua falada e a considera como um de seus princípios essenciais, sem rejeitar a expressão escrita. Foi com o engajamento das teorias da Linguística e da Sociolinguística que muitos pesquisadores, em meados da década de 1980 começaram a perceber que a concepção de língua e variação deveria estar aplicada à educação, ou seja, ao ensino da Língua Portuguesa. As mudanças na percepção do ensino da língua, respeitando a variação linguística, não são passageiras, e isto implica em uma necessária adequação dos métodos de ensino voltado para essa nova realidade. O professor de Língua Portuguesa não pode ignorar a variação linguística e nem desprezar as especificidades culturais de seus alunos, visto que o fato de não vincular os fatores sociais no momento de ministrarem suas aulas prejudica o processo de ensino-aprendizagem de seus alunos. É preciso que o educador tenha a consciência de que a busca pelo conhecimento deve ser constante, sendo necessário um acompanhamento das evoluções que surgem nos métodos de ensino para que sua metodologia de trabalho não fique ultrapassada e ineficiente. O objetivo geral deste trabalho é averiguar a postura dos professores de língua portuguesa do ensino fundamental e médio ao trabalhar a norma padrão, não padrão e a variação linguista em sala de aula. Os objetivos específicos são: observar quais são as metodologias ou práticas pedagógicas empregadas pelos educadores ao trabalhar variação linguística em sala; analisar se o discurso desses
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docentes corresponde com as metodologias utilizadas ao lecionar; verificar se o professor colaborador da pesquisa tem formação em sociolinguística educacional e identificar como esses professores empregam esse conhecimento ao ministrar as aulas. A pesquisa envolveu uma abordagem qualitativa, por meio de uma pesquisa de campo, com a aplicação de um questionário aos professores colaboradores com o intuito de analisar a forma como o discurso desses educadores está relacionado com o conhecimento sociolinguístico adquirido por eles e o modo como esses docentes os utilizam no momento de lecionar. O resultado da pesquisa mostrou que não está ocorrendo à conciliação do ensino da norma padrão com a variação linguística, devido à carência de conhecimento na área de linguística, por isso, os professores estão tendo muitas dificuldades no momento desenvolver seu trabalho pautado em uma metodologia que seja capaz de ensinar gramatica, mas sem ignorar as variações linguísticas presente no contexto social de cada aluno A análise revelou que, os docentes percebem a necessidade de modificações em suas práticas pedagógicas, talvez baseado no senso comum, pois não sabem como por em prática essa nova metodologia. A variação linguística no falar dos nipo-brasilienses: estudos possíveis para o ensino de segunda língua Yuko Takano (GPDG-USP/UnB) Este trabalho tem como objetivo discutir as questões relacionadas à variação linguística identificada no estudo realizado no doutorado pela autora. Na tese de doutorado foi tecido as fontes teóricas da Sociogeolinguística, com enfoque no Contato de Línguas e buscamos a Geolinguística na construção metodológica/teórica da pesquisa. Os dados revelaram que a variação linguística dos nipo-brasilienses pesquisados provém do contato íntimo entre duas línguas que se unem e se mesclam, mutuamente. Esse fenômeno linguístico que
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denomina-se de ‘variedade nipo-brasileira’ ocorre em cinco pontos analisados: Brazlândia; Brasília; Núcleo Bandeirante; Taguatinga e Vargem Bonita, das quais Brazlândia e Vargem Bonita são regiões consideradas rurais. Os sujeitos da pesquisa são nipo-brasileiros bilíngues de segunda geração (nissei), sendo todos do sexo feminino e a língua materna é a língua de origem (língua japonesa). Neste trabalho, far-se-á um recorte nas respostas que apresentam a língua portuguesa no falar destes sujeitos da pesquisa, privilegiando o mecanismo do empréstimo lexical e da mudança de código, os quais contribuirão para a descrição do uso da língua portuguesa pelos sujeitos da pesquisa e, ainda, averiguar como esses dados poderão fornecer insumos para discussão sobre o ensino de língua para os sujeitos que têm outra língua como língua materna. Para a análise utiliza-se dos cartogramas linguísticos do “Esboço do Atlas linguístico do falar dos nipo-brasileiros do Distrito Federal”, cujo CORPUS foi descrito, analisado e elaborado para a pesquisa de doutorado. Essa situação linguística da comunidade em questão será analisada sob a perspectiva da aquisição de língua, com intuito de promover discussão para ensino de língua portuguesa para falantes nipo-brasileiros. Privilegiam-se os teóricos, dentre outros, Gumperz (1998) Thomason e Kaufman (1991), Santos (1991), Gal (1989), Chambers e Trudgill (1984), Aragão (1984), Grosjean (1982), Alvar (1969); Brown (2000), Klein (1986), Widdowson (1984) e Lado (1972).
Painéis O que busca o herói em Meu tio Roseno, a cavalo, de Wilson Bueno? Augusto Ferreira Sampaio Rosa (CCHS/ UFMS/ CNPq) Rosana Cristina Zanelatto Santos (CCHS / UFMS / CNPq)
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O primeiro passo para o início de minha investigação foi, de forma linear, a leitura de três obras: Meu tio Roseno, a cavalo; Arte Poética, de Aristóteles, e Os Lusíadas, deLuís de Camões. A primeira leitura (o livro objeto do estudo) foi de conhecimento da obra, identificando pontos importantes como a trama e o cenário e a forma como a linguagem, o ambiente e a memória atuam no (in)consciente do protagonista, o próprio Roseno. Quanto à Arte Poética de Aristóteles, foi a base para teorizar os estudos acerca dos conceitos de mímesis e de verossimilhança. Em seguida, Os Lusíadas serviram como excelente referência e ponto de partida para o entendimento da condição do herói. As leituras seguintes, sempre buscando o objetivo inicial e com a obra objeto de estudo em mãos, deram maior suporte para um aprofundamento teórico, facilitando a análise de dois tópicos muito importantes para o desenvolver desta pesquisa. Com o ensaio “O narrador”, de Walter Benjamin, foi possível identificar um grande marcador do livro em análise, que praticamente define o seu diferencial: a forma como é narrado. A narração é feita como uma história contada por um familiar, como se a aventura de Roseno fosse transmitida de forma oral, simples e clara. Benjamin diz que a experiência que passa de pessoa a pessoa é a fonte a que recorreram todos os narradores. E entre as narrativas escritas, as melhores são as que menos se distinguem das histórias orais contadas pelos inúmeros narradores anônimos. Sendo assim, Bueno conseguiu inserir sua obra entre as melhores narrativas escritas da literatura brasileira contemporânea. O outro texto de grande valia para meu trabalho foi Seis propostas para o próximo milênio, de Italo Calvino. Com esse livro, foi possível identificar a leveza que a narrativa de Bueno possui. Ao juntar as perspectivas teóricas e articulá-las com o texto literário, me aprofundo cada vez mais rumo a uma leitura crítica, visando sempre ao objetivo da pesquisa: encontrar o papel do herói e (re)pensar as atitudes e as características que o adjetivam como tal.
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A cidade e o sujeito: aspectos da violência em Rubem Fonseca e Marcelino Freire Beatriz Prado Soares Este trabalho se propõe a analisar, e perspectiva comparatista, “A arte de andar pelas ruas do Rio de Janeiro”, de Rubem Fonseca, e contos selecionados do livro “Contos Negreiros”, Marcelino Freire, observando, na evidenciação da violência urbana em suas diversas formas, uma reflexão sobre a implementação da barbárie no processo de civilização do Brasil. Pretende-se, com o recorte, abordar alguns aspectos da literatura de experiência urbana no Brasil. Deseja-se, com essas leituras, traçar um percurso crítico engendrado na literatura, a fim de avaliar, dialeticamente, as construções ideológicas em torno da urbanização brasileira. Acentuando aspectos de violência urbana nos textos, pretende-se avaliar de que forma a segregação espacial nas cidades recupera feições coloniais do Brasil, evidenciando nisto o caráter contemporâneo (AGAMBEM, 2009) dos contos de Marcelino Freire, especificamente. Os cantos, como são denominadas as narrativas no livro, problematizam uma questão de gênero literário ao mesmo tempo em que remetem aos cantos dos escravos, marcando um entre-lugar, uma construção poética em um limite indecidível entre o conto, texto de estrutura ágil e breve; a epopeia, marcadamente uma narrativa de nação, e a canção, primeira forma da poiesis, que aqui também suscita os cantos das senzalas. Esse hibridismo dos textos é parte da sua contemporaneidade, assim como a recuperação das heranças, sentida, muitas vezes, na linguagem de um tom naturalista latente, numa espécie de retomada da retratação mais fiel do ambiente, ao gosto do século XIX; estratégia de escrita que segundo, Paulo Roberto Tonani do Patrocínio (2013), tem sido característica da narrativa contemporânea. Assim, a São Paulo de Marcelino Freire pode ser lida como se fosse uma série de
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cidades, ou melhor, de Brasis sobrepostos que coexistem, cuja memória viva ca/onta a própria história. O sujeito marginal na canção Hoje cedo, de Emicida Bruno Oliveira (UFG/RC) Grenissa Bonvino Stafuzza (UFG/RC) Neste trabalho, pautados no tripé metodológico da descrição, interpretação e análise, estudaremos a canção “Hoje cedo”, faixa 7, que compõe o álbum “O glorioso retorno de quem nunca esteve aqui” (2013), de Emicida, cantor e compositor de RAP brasileiro. Essa canção será analisada enquando enunciado a partir da teoria dialógica da linguagem, do Círculo de Bakhtin, traçando possíveis relações entre o enunciado e os conceitos elaborados pelos autores do Círculo de Bakhtin como arte e vida, diálogo, enunciado, exotopia, signo ideológico, reflexo e refração, identidade, entre outros. Dessa forma, analisaremos, a partir do lugar que o sujeito enuncia na canção, a construção do enunciado crítico de suas letras com a hipótese de que sua voz enunciativa coloca em confronto e conflito o lugar que o sujeito marginal enuncia. Estabelecemos, assim, dois eixos que acreditamos revelar esse lugar, são eles: 1) o sujeito marginal que enuncia inserido na sociedade sobre seu lugar de origem; 2) o sujeito marginal que enuncia inserido na sociedade e sobre a sociedade. Assim posto, acreditamos estar em condições de começar a descobrir esse lugar. Livro da infância: o resgate da criança cem anos depois do esquecimento Camila Severino (UFU) Carlos Augusto de Melo (UFU)
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A literatura infantil e juvenil brasileira no início do século XX teve grande destaque no Estado de São Paulo devido ao estímulo proporcionado pelas políticas públicas educacionais. Nesse contexto, o Livro da Infância da paulista Francisca Júlia foi inserido nas escolas públicas e privadas do Estado e conquistou grande repercussão em razão de sua inovação linguística e temática voltada às crianças a qual garantia a fidelidade da produção à nova perspectiva sobre o universo infantil, contudo, posteriormente, caiu em esquecimento. Na conjuntura atual na qual a literatura infantil vitima a infância com alienação e fetichismo capitalistas, e dentre outras formas de violações de procedência midiática, é preciso resgatar o sentido do ser criança e, em contributo a tal objetivo, por meio de análise da obra citada, sugere-se a reinserção do Livro da Infância no mercado editorial e nas escolas do país. Literatura infantil: o ensino dos contos de fadas como formação do professor e da criança Daiane Madeira dos Santos (Faculdade de Anicuns) Mônica Karoline Diniz (Faculdade de Anicuns) Natália Bispo de Oliveira (Faculdade de Anicuns) Junior César Ferreira de Castro (Faculdade de Anicuns) Os contos de fadas remontam a tempos antigos ligados a tradição oral de diferentes culturas com a função de entreter adultos sobre conteúdos que se voltaram para o adultério, o exibicionismo e o incesto. As histórias tiveram seus registros em livros no século XVII quando a noção de infância esteve relacionada com o período de desenvolvimento da criança e, em meados do século XVIII, as versões infantis de Charles Perrault trouxeram um ensinamento moral com o atributo de educar. Já na modernidade e contemporaneidade, essa modalidade adquiriu uma importância para a área literária pelo fato de analisar o significado oculto de suas primeiras narrativas como também a mediação que se estabeleceu entre
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o leitor que ensina com aquele que aprende. A partir daí, a pesquisa traça um estudo teórico-prático que oportuniza os acadêmicos de pedagogia em formação a ampliarem seus conhecimentos com base em uma análise psicanalítica associada a didático-pedagógica dos contos de A Bela Adormecida, Os três porquinhos, Cinderela e Branca de Neve. O objetivo é prepará-los para o ensino de literatura e, ainda, compreender os problemas existenciais dos alunos pela sua inserção no mundo. Assim, levantaram-se duas problemáticas: primeira, entender como ocorre à preparação do professor e a metodologia adotada para transmitir a leitura simbólica dos textos mencionados; segunda, como os contos de fadas retratam o comportamento e os conflitos internos da criança. Zilberman (2003) assevera que a literatura infantil desemboca em um exercício de hermenêutica que proporciona a atividade crítica de decifrar e emancipar o próprio saber. Logo o educador, segundo Tietzmann (2009) e Coelho (2000) será o leitor que forma leitores com uma nova mentalidade construída pela linguagem dos contos de fadas. Com isso, surgiu a necessidade de uma fundamentação pelo viés da psicanálise. Para Freud (1980) é nos primeiros anos da infância que a criança se insere no meio social e durante a fase de transição para adolescência ela adquire a função sexual. Lacan mostra essa inserção como essência para o campo animal e instintivo do ser humano porque se constitui no campo da linguagem (ELIA, 2004). De acordo com Bettelheim (2007), o mundo real para a criança não proporcionará o entendimento de si mesma, e é nos contos de fadas que compreenderá a intimidade e as pessoas que estão a sua volta. Nesse sentido, os educadores devem buscar a formação literária tanto pelo sentido implícito dos contos de fadas como nas versões pedagógicas, pois parte do ensino de literatura infantil inicia com a composição morfológica desse gênero. Este, por sua vez, permite o tecer da narrativa além de hesitar com o efeito maravilhoso, elementos sobrenaturais (PROPP, 1984), que consentirá a criança a se
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identificar ou não com o final feliz e satisfazer sua expectativa de leitor iniciante ou crítico. A constituição do sujeito leitor na escola: análise da escrita de alguns textos Daniel Luis Aparecido Santos (UEG) Rosangela do Nascimento Costa (UEG/UFG) A presente pesquisa investiga as práticas de leitura e escrita de alunos de uma escola pública. Sabe-se que a leitura e a escrita são a base para a formação do sujeito, para que o mesmo seja um bom profissional e se torne indivíduo unilateral, de modo a aprimorar o senso crítico de cada. Deve-se ter em mente que a leitura e a escrita são uma ferramenta, e sua utilização implica reconhecer o estágio do sujeito, e a partir desse concernir um desenvolvimento paulatinamente, até que o mesmo tenha sido comparado a essas ferramentas, e que sinta prazer em utilizálas. O interesse surgiu pelo fato de, como aluno da graduação, perceber que até mesmo os universitários chegam a esse nível de ensino com uma leitura muito ingênua de textos, além de apresentarem diversos outros problemas. Busco responder às questões: Como se dá a constituição do sujeito leitor? A leitura é importante para uma melhor escrita? As hipóteses levantadas são: o sujeito se constitui pela família e pela escola, a leitura é importante para melhorar o vocabulário do aluno. O objetivo principal é identificar os sujeitos leitores e sua constituição, e os específicos são: abordar teorias relacionadas ao ensino de língua, gêneros textuais/discursivos, constituição do sujeito e analisar os textos dos alunos. A pesquisa é qualitativa e quantitativa, também com investigação bibliográfica e voltada para a pesquisa-ação, haja vista que os textos para análise foram colhidos durante dez aulas. Como aportes teóricos têmse: Bahktin (2010), PCN (BRASIL, 1998),Chartier (1998), Geraldi (1984) Manguel (1995), Soares (2001), Kleiman (1996), Marcurshi (2004), Solé (1998). Portanto, os resultados parciais remetem ao
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fato de o aluno sujeito se constituir de acordo com o momento sócio ideológico. Do Latim ao Português: muitas mudanças Deuseni Miranda de Faria Este texto trata do processo evolutivo da Língua Portuguesa, idioma falado por cerca de duzentos e trinta milhões de pessoas no mundo (LEWIS, 2009) e língua oficial de nove países em quatro continentes. A língua portuguesa se destaca como a terceira mais falada no ocidente e tem sua origem no Latim, língua usada pela Igreja Católica e pelas castas superiores da Roma Clássica. O Latim perpassou para o Latim Vulgar, língua popular falada pelos soldados, pela população em geral, escravos e provincianos por ocasião da expansão do Império Romano. Roma, em seu apogeu, alcançou a Península Ibérica, impondo sua política, seus costumes e também o idioma, fator imprescindível para o surgimento da língua portuguesa. Ao fim da Antiguidade, com a queda do Império Romano em 476 d.C., o português surgiu 800 anos depois como resultado da complexa transformação na estrutura da língua do Império. O Latim daria origem às línguas românicas, também chamadas de neolatinas, idiomas que integram o vasto conjunto das línguas indo-europeias. As principais línguas neolatinas são romeno, italiano, provençal, francês, catalão, castelhano e o Português, escopo do presente trabalho. Em análise, as transformações linguísticas ocorridas a partir do Latim, até o surgimento do Português na Península Ibérica e sua consequente expansão pelo mundo além das fronteiras do Estado-nação, que se deu através da colonização no período das Grandes Navegações. A língua manifesta variações no decorrer do tempo, de acordo com as condições históricas e culturais. Fica caracterizada pelos processos de transformações fonológicas, morfossintáticas e semânticas, que marcaram sua estrutura. O propósito é observar e descrever os níveis de
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variação na língua ao longo dos séculos. Não obstante, ela segue evoluindo, sistematicamente, ao longo do tempo. Inserção de pibidianos no âmbito escolar: uma análise na (des)semelhança entre os períodos Flávio Faccioni Este trabalho propõe uma análise em uma suposta diferença de aprendizagem nos três períodos escolares (matutino, vespertino e noturno). A pesquisa vem sendo desenvolvida por acadêmicos bolsistas do PIBID de Letras/Português em escolas públicas de Três Lagoas – MS. Com a atuação dos bolsistas nas escolas da cidade percebeu-se que poderia haver uma possível diferença na aprendizagem entre os períodos. A partir desse primeiro olhar, iniciou-se uma pesquisa que visa analisar a aprendizagem, o desenvolvimento dos alunos e toda a estrutura escolar, com a finalidade de observar o processo de aprendizagem dos estudantes nos distintos períodos e de apontar as razões da diferença existente. Foi realizada uma observação nos boletins dos alunos, em que pôde-se ponderar algumas reflexões a respeito da hipótese inicial, que possivelmente haveria uma distinção entre os períodos. Elaborou-se também um questionário em que os alunos expuseram questões sociais e escolares, para que fosse possível entender qual era o público de cada período escolar e quais seriam suas homogeneidades e heterogeneidades. Organizou-se uma entrevista com os profissionais da educação nas escolas para a compreensão de toda a estrutura e das bases que fundamentam a educação em nosso país. Adotou-se nesse trabalho o pensamento de PARO (2011), que em sua teoria aborda uma crítica na estrutura da escola, possibilitando uma reflexão no ambiente escolar. Para VYGOTSKY (2001) a primeira palavra da psicologia é a educação, a partir desse conceito trabalhou-se com as ideias do autor, visando sempre a educação em primeiro lugar. Usou-se ainda FEIRE (1987) que
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aborda em seus trabalhos a escola e a educação, para ambos o professor deve mediar o ensino, para que a aprendizagem seja eficaz, utilizando práticas que auxiliem os alunos a serem independentes e estimulem o conhecimento e aprendizagem de cada um. O foco principal é mediar essa diferença nos períodos escolares e entender o motivo dessa desigualdade. Como base de pesquisa teórica os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa (1998) também foram utilizados, o que possibilitou a compreensão das normas educacionais do país. Com alguns resultados obtidos, entende-se que existe de fato uma diferença de aprendizado entre os períodos escolares, pois a escola é composta de públicos distintos, com experiências e saberes diferentes uns dos outros, assim compreende-se que é necessário buscar formas de equilibrar a educação dos períodos, para que todos os alunos tenham a mesma possibilidade de aprendizagem. (Apoio: CAPES) O riso e o malandro na Ópera do Malandro de Chico Buarque Fracielly Aparecida dos Santos Freitas Esta pesquisa tem o objetivo de analisar a inusitada relação entre gêneros literários que reside na relação entre os termos “ópera” e “comédia” na “A ópera do malandro”, de Chico Buarque, e de que forma a opção teórica do autor produz uma crítica ao Brasil que, em 1978, estava sofrendo um processo de redemocratização. Para auxiliar na construção de um pensamento acerca da comédia e perceber de que maneira o riso é construído na peça, lançaremos mão da definição de Aristóteles, para quem o gênero é imitação de pessoas inferiores (ARISTÓTELES, 2014.p.23); isto é, a mimesis do homem no seu papel menor – e é via comédia que a moral, os valores e a ideologias vigentes são questionados. A peça musical A ópera do malandro de Chico Buarque foi encenada em 1978, período
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no qual Geisel fomentou o processo político conhecido como “redemocratização lenta e gradual” no Brasil. Através do riso, Chico Buarque critica o caráter supostamente igualitário deste processo, que, de fato, não se efetivou de forma homogênea, considerando que favorecia a elite e excluía as minorias. Gabriel da Cunha Pereira , em sua tese de doutorado “Imaginando o Brasil: cultura popular urbana no teatro de Chico Buarque e em outras páginas”, problematiza a contextualização do texto de Chico Buarque, que se dá na década de 40, período no qual a cultura brasileira foi seduzida pelos produtos americanos, pois a abertura para o capitalismo acarretou na necessidade “do ter para ser” e, de acordo com Pereira, o consumismo decorrente do capitalismo gera uma pobreza de identidade, isto é, o consumo está vinculado a identidade cultural. Assim, é importante ressaltar a supervalorização do produto/cultura importado(a) e uma consequente desvalorização do produto/cultura nacional, já que o consumo do importado era sinônimo de qualidade e progresso. Neste cenário, são introduzidos personagens-tipo da cultura brasileira, cujas atitudes evocam a figura do malandro, a expertise do povo que aprende a burlar o sistema em favor da própria sobrevivência. Rir deles e da sua aspiração ao “sonho americano” é uma forma de ratificar a atualidade dessa ópera de costumes. O que há de novo nas metodologias de ensino apresentadas nas campanhas publicitárias de três escolas de inglês online? Giselly Tiago Ribeiro Amado (UFU) Simone Tiemi Hashiguti (UFU) Este trabalho visa problematizar as propostas de ensino de inglês pela internet na atualidade, levando em consideração a valorização da habilidade oral, veiculada como a mais
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importante em campanhas publicitárias de três escolas particulares que ensinam inglês online. Visando conquistar o maior número de alunos essas escolas apresentam-se como detentoras de novas metodologias e garantem que os alunos irão falar inglês em pouco tempo de curso. A estratégia é mostrar as vantagens da modalidade de ensino a distância que permite ao aluno estudar em qualquer horário e em qualquer lugar, pautando-se no uso das novas tecnologias. A perspectiva da pesquisa está atrelada à linha francesa de tradição pecheutiana da Análise do Discurso (AD) dialogando com a Linguística Aplicada (LA) para a compreensão da aprendizagem de língua estrangeira. Nessa concepção da AD é na linguagem que está materializada a ideologia, e essa, se manifesta na e através da linguagem, sendo central a relação entre o simbólico e o político para a compreensão das relações de poder que ocorrem no/pelo discurso. Já a língua é compreendida enquanto produtora de sentidos dentro das práticas sociais. No corpus escolhido foi identificado efeitos de sentido que associam tanto o linguístico quanto o imagético nas publicidades, por isso, será necessária para essa pesquisa a compreensão do efeito produzido pela imagem na linguagem verbal, bem como o efeito que a linguagem verbal produz na imagem. É o gesto de interpretação que se dá a partir da junção entre essas materialidades que provoca o efeito de sentidos no sujeito leitor numa relação com a memória de arquivo e o interdiscurso, memória constituída pelo já-dito possibilitando todo o dizer. Portanto, em cada etapa do trabalho serão descritas e interpretadas as materialidades linguísticas e imagéticas de cada publicidade, para percebermos o efeito de sentidos estabelecido pelos interlocutores naquilo que foi dito, bem como no não dito. Resultados preliminares apontam regularidades nessas campanhas publicitárias que garantem que com o “novo” método de ensino e a ênfase exclusiva na fala o estudante sairá fluente na língua ensinada. Esse trabalho questiona também, o modo como os sujeitos são tratados, pois são igualados, como se
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todos aprendessem de forma homogênica, além disso, as campanhas publicitárias analisadas apresentam o método de ensino das escolas online como a única maneira de se “falar inglês”. Sabe-se que a aprendizagem da língua inglesa engloba todas as habilidades e envolve processos que modificam estruturas psíquicas e até mesmo físicas no sujeito, que antes só se expressava em língua materna, porém, nenhuma das campanhas publicitárias analisadas considera a aprendizagem da língua inglesa como um processo. Análise contrastiva dos sistemas fonológicos tapuia e xavante Gyovanna Milhomem (UFG) Este trabalho tem como objetivo apresentar resultados da análise contrastiva entre os sistemas fonológicos do Português Tapuia e do Xavante. O Povo Tapuia temsua origem nos povos que habitavam o Aldeamento Carretão de Pedro III, construído no século XVIII para “civilizar” o povo Xavante. O Xavante é uma língua da família Jê (grupo Akwẽ) do Tronco Macro-Jê. Visando contribuir com o fortalecimento da identidade linguística da comunidade Tapuia, propomos verificar em que medida a fonologia Tapuia se aproxima da fonologia Xavante e se essa aproximação permite conhecer a história linguísticocultural de formação do Povo Tapuia. Para a realização da análise contrastiva proposta foram adotados os métodos postulados no modelo fonêmico, que são orientações básicas de análise linguística, uma vez que ajudam a identificar os segmentos que estão mais próximos da língua falada, a partir de dois pontos de vista diferentes, o ético (corresponde ao nível fonético, onde os sons da língua são identificados e descritos) e o êmico (corresponde ao nível fonológico, ou fonêmico, que diz respeito à organização e análise dos sons, formando classes significativas no sistema linguístico, que é o que mais nos interessa saber). Com este trabalho contribuímos também com
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a descrição e mapeamento dos sons do português falado na região Noroeste de Goiás, preenchendo uma parte do Atlas Linguístico (etnossonoro) de Goiás- Alinggo. A autoria e a escrita feminina em Opus pistorum Iara Ferreira Germano Pedro Malard Monteiro O presente trabalho discute questões de autoria em Opus Pistorum, uma obra literária atribuída ao escritor norteamericano Henry Miller. Um artigo de Barry Baldwin alega que Miller teria negado, em diversas ocasiões, a autoria do romance, o qual considerava não ter características da sua obra. O livro teria sido encomendado por um colecionador de textos eróticos, dono de uma livraria em Hollywood, que contratava escritores para que lhe escrevessem histórias sob medida. Anaïs Nin, amiga de Miller e uma das escritoras contratadas, narra nas páginas de seu diário como se deu o contato com o colecionador. Nenhum dos escritores que para ele escreviam, tiveram a oportunidade de conhecê-lo; todo o contato que tiveram, era realizado por um intermediário. O único contato direto que Nin tivera com o colecionador, fora através de um telefonema. Em uma das entradas de seu diário, ela conta: “Nunca conheci o colecionador. Ele ficou de ler minhas páginas e me dizer o que achava. Hoje recebi um telefonema. A voz disse: ‘Está ótimo. Mas deixe de fora a poesia e as descrições de qualquer coisa além do sexo. Concentre-se no sexo”. (NIN, 2009, p.7). Com dificuldades para continuar a escrever e inovar em cenas que agradassem o colecionador, Miller teria recorrido a Caresse Crosby, com quem, na época, dividia um apartamento em Nova Iorque. Caresse aceita a proposta de escrever um texto nas características exigidas: sexo, desprovido de qualquer teor poético. Poucas pessoas levaram a sério a negação de Miller, uma vez que muitos críticos julgam o texto como uma representação fiel da experiência sexual
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masculina e, mesmo que inverídica, a alegação de que a obra foi escrita por uma mulher permite, a luz das teorias de Foucault, Barthes e da crítica literária, uma investigação de uma série de questões relacionadas a escrita feminina, autoria e criatividade. A presença do gesto na sala de aula de língua inglesa Isabella Zaiden Zara Fagundes (UFU) Simone Tiemi Hashiguti (UFU) Este trabalho é um recorte de uma pesquisa ainda em andamento que toma como base a Análise do Discurso (AD) de linha francesa, fundamentada em Pêcheux com considerações sobre o discurso em Foucault buscando investigar e compreender a importância do gesto dentro da sala de aula bem como sua influência em professores de língua inglesa. Para a análise consideraremos os fatos linguísticos, por entendermos que o processo de comunicação vai além das funções gramaticais como a fonética ou a sintática, para tal, será utilizada a Linguística Aplicada (LA) de maneira transdisciplinar buscando a compreensão de como ocorre o ensino de língua estrangeira. Levamos em consideração que o corpo e o gesto não podem se separar do discurso, sendo assim, o gesto, nunca é inútil, por menor que ele seja, tem uma determinada função vinculada ao conjunto do ato a que pertence. O corpo cria mecanismos que não permitem que o gesto passe despercebido, pois esse é continuamente investido por relações de poder. A compreensão da função e da importância do gesto no ensino de línguas é o que orientará o encontro de aparatos metodológicos, que substituam a tradução de termos desconhecidos da língua alvo, por imagens gestuais. Nesse sentido o professor interpretará pela mímica algo incompreensível ao aluno, facilitando o entendimento sem a utilização da tradução verbal. Mesmo que o papel social dos gestos seja alterado no decorrer do tempo e que exprimam
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significados diversos a depender da cultura a que está inserido, os gestos são constantemente relevantes no discurso que sofre o impacto dessa linguagem não-verbal. Alguns resultados preliminares dessa pesquisa apontam que não se podem universalizar os gestos, e esses não podem ser usados em qualquer situação, sendo essencial que os sujeitos participantes de qualquer interação compreendam quão significativos são as palavras e os atos. Observa-se também que os gestos compõem um código próprio podendo ser exclusivos em uma cultura, e/ou possuir significado diferente em outra, por isso, existem tanto pela língua, quanto pela cultura. Contação de histórias: a extensão universitária a favor do papel formador da escola Jenifer Lorrane S. Teodoro (UFG) Renata S. Nery (UFG) Jean Carlos B. Moura (UFG) Tatiana Franca Rodrigues Zanirato (UFG) O projeto Contação de Histórias é uma pesquisa-ação desenvolvida na Universidade Federal de Goiás, na Regional Jataí, com o objetivo de, através da contação de histórias da Mitologia Grega e Romana para crianças, interferir diretamente na qualidade do processo de aquisição de cultura e letramento na cidade de Jataí. Iniciado no segundo semestre de 2013, o projeto vem sendo desenvolvido de forma voluntária por três alunos da Universidade, duas professoras orientadoras, do curso de Letras e uma professora do curso de psicologia. Atualmente, o Contação de Histórias foi aprovada pelo edital PROBEC/PROVEC e os orientandos passarão a contar com bolsa de trabalho. A pesquisa-ação se desenvolve em duas etapas: primeiramente, há o estudo assistido do corpus do projeto junto aos graduandos. Nesses encontros, há a orientação da leitura e adaptação dos textos que serão contados nas
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escolas e também dos que formam a base teórica para os Estudos Clássicos. O primeiro parceiro do “Contação de Histórias” foi a Creche Municipal Cidália Vilela (CEMEI), que atende crianças cuja faixa etária vai dos 5 aos 10 anos. Lá, foinos oferecida a turma do Jardim 2, composta por crianças entre 4 e 5 anos. Para atendermos esse grupo adotamos a seguinte metodologia de orientação dos discentes acadêmicos: as histórias são selecionadas do livro As Metamorfoses, de Ovídio, em reuniões semanais e, posteriormente, adaptadas, levando em consideração a linguagem e a maturidade emocional do público ouvinte, e, só então, contadas em sala de aula. Na sequência, os alunos do CMEI são convidados a desenhar sobre o que ouviram como forma de elaborar e refletir sobre o que lhes foi narrado; com isto, desejamos não apenas aferir a maneira como a narrativa foi absorvida pelas crianças como também queremos estimular a relação criativa com que elas desenvolvem a história. Posteriormente, a adaptação das histórias da mitologia é feita em conjunto pelos contadores, que a submetem à aprovação das orientadoras antes de leva-las ao público. Para que sejam contadas às crianças, temos alguns cuidados com o conteúdo das narrativas e, para tanto, contamos com a participação de professores da área de psicologia no projeto, sem, no entanto, causar qualquer alteração na feição original do mito. Um outro aspecto que passa pela adaptação é a seleção vocabular, pois consideramos o nível de letramento dos ouvintes. Finalmente, a contação é feita sem a mediação de materiais didáticos ou performances teatrais. Após a ouvirem a histórias, as crianças são estimuladas a produzir desenhos ilustrando as histórias que ouviram a fim de incentivar sua criatividade, recriando as histórias a sua maneira e refletindo sobre o que acabaram de ouvir. Esses desenhos têm sido escaneados e arquivados pela equipe para pesquisas e elaboração de material didático ao longo do projeto.
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O processo de formação das personagens femininas em
Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll; A Bolsa Amarela, de Lygia Bojunga e Ana Z., Aonde Vai Você, de Marina Colasanti Jéssica Bruna dos Santos (UEG – Câmpus Pires do Rio) Vanessa Gomes Franca (UEG – Câmpus Pires do Rio) As obras Alice no país das maravilhas, de Lewis Carrol; A bolsa amarela, de Lygia Bojunga e Ana Z. Aonde vai você?, de Marina Colasanti, abordam em seus enredos as experiências que contribuem para a formação das protagonistas Alice, Raquel e Ana Z. Retomamos as experiências dessas protagonistas para, a partir dessa temática, em nossa pesquisa, evidenciar esse processo formativo das personagens femininas em tais obras. Para tanto, nosso objetivo consiste em observar nos textos citados os ritos iniciáticos e a contribuição destes para a trans-formação das personagens. Além disso, para discutirmos sobre esses ritos iniciáticos e a trans-formação pelas quais as personagens passam, salientamos alguns aspectos do Bildungsroman. Traduzido como “Romance de Formação”, “Romance de aprendizagem” ou “Romance de desenvolvimento”, o Bildungsroman apresenta o processo de educação de um jovem, retratando as diversas provas e obstáculos que ele precisa vencer, a fim de que, ao final de sua trajetória, encontre a harmonia entre o seu eu e o mundo em que vive. Tendo esses aspectos em vista, procuramos demonstrar, igualmente, que as obras de Lewis Carrol, Lygia Bojunga e Marina Colasanti, ao apresentarem o desenvolvimento das personagens femininas, trazem à tona uma espécie de subversão ao Bildungsroman tradicional, posto que este retrate a formação de uma personagem masculina. Para as discussões a respeito da literatura infantil e juvenil inglesa e brasileira, fundamentam nosso trabalho: Abramovich (1997); Cavalcanti (2004); Coelho (2000; 2010); Darton (2011);
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Gamble, Yates (2008); Grenby (2008); Hunt (2001); Lajolo e Zilberman (2003) e Silva (2003, 2009). No que tange aos ritos iniciáticos e ao bildungsroman, servem-nos de apoio teórico os estudos realizados por Eliade (1992; 2002); Maas (2000); Mendes (2000); Paz (1995) e Pinto (1990). Concernente às análises sobre o processo formativo das personagens femininas, nos respaldamos nas pesquisas realizadas por: Besnosik (2008); Carrijo (2003; 2007; 2013); Colasanti (2004); Dodo (2010); Franca, Souza, Dias e Farias (2009); Ramalho (2001). A sociolinguística e a linguagem caipira na variação linguística brasileira Juliana Cristina Ferreira (UFG/RC) Michele Ferreira Oscar (UFG/RC) O escopo dessa pesquisa visa estudar a maneira como a sociolinguística apresenta a variação da linguagem no português brasileiro, especificamente a variação caipira utilizada na mídia, como forma estereotipada na sociedade urbana. As personagens Marcinha (2007), Matter (2010) e Jeca Tatu (1955), estão inseridos num ambiente urbano, porém possuem suas identidades singulares, claramente caipiras devido a forma como eles falam, se comportam e se vestem, isto é, suas identidades bem distintas de caipiras. A problemática expressa na pesquisa advém das variações linguísticas, pois o português falado no Brasil apresenta muitas variedades dialetais, conforme BAGNO (2007). Salienta-se que todas as línguas naturais humanas variam nas construções sintáticas, comenta Mollica (2003). Em todas as comunidades de fala está presente a variação linguística, pondera Tarallo (2007). Dessa forma, considerando a fala caipira como uma das variações da língua falada, daremos destaque, no decorrer da realização da pesquisa, a forma como a fala caipira, representada nas falas das personagens Marcinha, Matter e Jeca Tatu, são estereotipadas na mídia e ambos personagens,
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mesmo com um hiato de tempo de aproximadamente 50 anos de diferença, conseguem mostrar semelhanças entre si, ao representar o caipira como um sujeito que usa vestuários típicos como camisa xadrez, botas, pito de palha, remetendo a festas juninas do Brasil. Crenças e atitudes acerca do falar do sudoeste goiano Laudicena Santos (UEG) Com base em uma amostra de 3 entrevistas, realizadas em Quirinópolis (GO) e São Simão (GO) pretende-se analisar as crenças e atitudes em relação ao falar goiano, mais especificamente o do sudoeste do estado. Para isso, foram gravadas entrevistas com 3 mulheres, de 40 a 50 anos, com vistas a representar os três eixos de fala (rural, urbano e urbano. Serão aplicados testes de percepção linguística a alunos do nono ano do ensino fundamental, em três tipos de escolas, na cidade de Quirinópolis (GO): uma rural, nos arredores do município, uma estadual e outra privada. O objetivo é desenvolver a competência comunicativa desses alunos através da investigação de como eles avaliam a variedade linguística utilizada por seus interlocutores e, consequentemente, por eles mesmos, tendo como referência características como poder e solidariedade (Brown e Gilman; 1972[1960)]). Acredita-se que os alunos da escola atribuam características positivas ao falar da informante mais escolarizada e que os alunos das escolas estadual e rural reconheçam na fala da falante com menos escolaridade, atribuindo-lhe maior pontuação. De acordo com Bortoni-Ricardo (1985:9), a exemplo do que acontece em outras sociedades que possuem grande diversidade de repertórios, o português falado no Brasil, para propósitos analíticos, pode ser demonstrado ao longo de um continuo que se desloca desde o vernáculo altamente estigmatizado de falantes de variedades não padrão ou variedade rural até a variedade padrão da língua. Bortoni destaca que as variedades não padrão são
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faladas por pessoas iletradas e semiletradas que moram em cidades, mas que, em muitos casos, possuem background rural. Os primeiros trabalhos nessa linha foram realizados na década de 60 (Lambert, Hogson, Garner e Fillenbaum (1960) investigaram a avaliação de jovens canadenses falantes de francês e de inglês, em relação as suas próprias línguas. A metodologia ficou conhecida como matched guise, ou comparação de modalidades e será a mesma utilizada na presente pesquisa, que pesquisa não se trata apenas da obtenção de habilidades linguísticas, mas também da investigação sobre como os alunos quirinopolinos avaliam a variedade culta e o léxico da sua comunidade. Esse estudo trará como resultado a diferença da ideologia que os alunos dos três tipos de escolas terão sobre a fala dos informantes, mostrando um forte indicio de distanciamento entre eles quando se trata da variedade culta no imaginário desses alunos e também se busca elaborar uma retrospectiva da Sociolinguística como ciência, com especial enfoque na corrente variacionista, desde sua gênese, derivada da contradição entre sistema e mudança. Narrativas de experiências com ferramentas digitais para aprendizagem de inglês para a comunicação profissional Letícia Oliveira (IFTM) Gyzely Suely Lima (IFTM) O objetivo deste trabalho é apresentar resultados preliminares de nossa pesquisa acadêmica que consiste em narrar e analisar as experiências do uso de tecnologias digitais na perspectiva de letramentos na aprendizagem de inglês e investigar suas implicações para o processo de ensino-aprendizagem de inglês para comunicação profissional na área de Logistica. Tendo em vista tais objetivos, as questões de pesquisa que norteiam este
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estudo são: a.) Quais as implicações do uso de tecnologias digitais para o processo de aprendizagem de inglês na perspectiva de letramentos? b.) Qual concepção de trabalho colaborativo é construída por mim como estudantepesquisadora? A fim de desenvolver a investigação dessas questões, a fundamentação teórico metodológica deste estudo a Pesquisa Narrativa, que se caracteriza como uma metodológia colaborativa de investigação científica em que os participantes e pesquisadores estabelecem um relacionamento interativo na produção de textos de campo, interim e de pesquisa. Segundo Connelly e Clandinin (2000, 2011), as histórias vividas e contadas trazem contribuições para a educação não só de nós mesmos mas também dos outros. Vale destacar a diferença entre dados e textos de campo na pesquisa narrativa. Segundo Connelly e Clandinin (2000) a diferença existente entre dados e textos de campo é que os dados são informações que não podem ser mudadas por serem consideradas informações verídicas de acordo com o que foi coletado. Por outro lado, os textos de campo são imbuídos de interpretação por serem uma forma de falar sobre fatos vividos, como imagens, narrativas, histórias, que tendem a carregar uma ideia de representação objetiva de uma experiência de pesquisa de campo. Preliminarmente, produzimos algumas narrativas e notas de campo para compor nossos textos de campo iniciais. Fizemos, também, um levantamento de glossários online bilíngues português inglês da área de Logistica. A partir desse material, iniciamos a análise acerca da concepção de aprendizagem de língua inglesa e a experiência de uso de ferramentas digitais no processo de formação profissional. Ressaltamos que a pesquisa que ainda está em fase inicial.
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Avaliação na linguagem: análise do subsistema de afeto em críticas sobre o filme “Twelve Years A Slave” de Steve Mcqueen Liriany Paz da Silveira (UFG-RC) Fabíola Aparecida Sartin Dutra Parreira Almeida (UFG-RC) Este resumo tem como objetivo apresentar uma análise de críticas sobre o filme “Twelve years a slave” (Doze anos de escravidão), baseando-se nos estudos de um dos subsistemas de atitude, o afeto. À luz dos conceitos definidos por Martin (Martin e White, 2005) sobre afeto, que é um subsistema utilizado para realizar emoções no discurso sendo realizado por elementos léxico-gramaticais, tais como: epítetos ou atributos. Possuindo também subtipos de In/ felicidade, In/ segurança, In/ satisfação, que classificam a emoção realizada no discurso. Os dados coletados para a realização da pesquisa feita, foram compostos por críticas realizadas por importantes veículos de comunicação por meio de sites sendo eles: The New York Times e CNN. Por meio dessas analises são apontados exemplos de afeto positivo e negativo, e o nível em que aconteceram e como esses dois sites expressaram-se de formas diferentes. Trazendo para o contexto de ensino, este estudo, almeja, também trazer uma contribuição da utilização dessas análises na sala de aula de inglês. Mas especificamente um estudo dos elementos avaliativos que abrangem tanto a compreensão de como o texto foi escrito quanto a utilização do texto como ferramenta fundamental no ensino no que diz respeito a prática das habilidades da linguagem em sala de aula. A linguagem da violência em "Clube da Luta" Lorena Alves Gorito (UFU) William Mineo Tagata (UFU)
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O objetivo desse projeto é analisar os recursos de linguagens verbais e não verbais utilizados na representação da violência no filme dirigido por David Fincher, “Clube da Luta” (1999), considerado polêmico e aclamado pela crítica como um dos melhores filmes do século. Podemos definir a violência como atos praticados por um sujeito que causam danos à integridade física e moral de outro sujeito, e consequentemente fogem do que a sociedade definiria como “padrão”. “Clube da Luta” pode ser considerado como uma crítica à ideologia hegemônica do consumo e uma crítica ao neoliberalismo. A política do consumismo desenfreado dos seres ocasionou uma psicose no personagem, que acaba acarretando consequências para todo um país. Para que a análise possa ser feita, primeiramente é necessário assistir e analisar o filme “Clube da Luta” de forma crítica, definindo os aspectos da tendência violenta dos personagens, baseando-se em teorias psicanalíticas, cinematográficas e linguísticas, observando os aspectos de cunho cinematográfico – como enredo, som, iluminação, corte etc - utilizados para representar atitudes violentas do personagem principal. A análise fílmica será realizada concomitantemente à leitura de obras constantes na bibliografia deste projeto, provenientes de áreas como teoria do cinema, psicanálise e filosofia, e escritas por estudiosos como Metz (1972), Aumont e Marie (2003), Vanoye e Goliot-Lété (2013), Fantini (2009), Freud (1930), Moita Lopes (2006), entre outros. - A partir da análise do filme, podemos perceber claramente a maneira que o diretor conduz a cena, escolhendo a iluminação e sonorização apropriada para o desenrolar da história. Em “Clube da Luta”, identificamos o predomínio de cenas noturnas, de iluminação baixa, transmitindo uma sensação de clandestinidade, segredo, desconhecido. De maneira geral, consideraremos o filme Clube da Luta como um exemplo da importância do cinema para os estudos da linguagem, analisando as interações entre aspectos verbais e não verbais que podem transformar um filme em uma obra prima.
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A constituição de um corpo homossexual a partir de uma entrevista de Silas Malafaia Mábsom Silva Lemes (UEG) Guilherme Figueira-Borges (UEG) O discurso, nas práticas sociais, instaura padronizações corpo. Corpo esse que se encontra envolto a jogos de verdade que, a partir de exercícios de pode/saber, estabelecem subjetividades a partir de uma dada construção de (a)normalidade. Pode-se dizer que o corpo homossexual, no fio da história, resiste a esses mecanismos de regulação dos corpos, sofrendo, por isso, sanções físicas e discursivas. O corpo homossexual não pode enunciar/frequentar qualquer lutar, a sua presença nos espaços públicos passa por um regulação de forma explicita ou, na maioria dos casos, sob a forma de uma suposta liberdade (controlada). O presente trabalho se inscreve no campo da Análise do Discurso francesa e tem por objetivo principal analisar a constituição do corpo homossexual nos dizeres de Silas Malafaia em uma entrevista que ele concedeu a jornalista e apresentadora Marilia Gabriela no programa “De frente com Gabi”. Pretende-se evidenciar que por meio dos dizeres de Silas Malafaia emerge, no fio da história, um corpo homossexual que se constitui no imbricamento de discursos religiosos, políticos, capitalistas, etc. Para tanto, ancorar-se-á, notadamente, nas noções de “discurso”, de “enunciado”, de “sujeito”, de “poder” e de “saber” de FOUCAULT (1992, 1996, 2001, 2008, 2011), de “corpo” de MILANEZ ( 2007) e de “memória discursiva” e “corpo anormal” de COURTINE (2008). A partir das análises, pode-se perceber que, nos dizeres Silas Malafaia, discursos de diferentes Formações Discursivas (FD) se imbricam, para que emerja, na história, um corpo homossexual a partir de jogos de similaridade com o corpo assassino, o corpo estuprador, dentre outros. Nesse sentido, pode-se dizer que, no acontecimento da entrevista, o Silas Malafaia instaura, enquanto sujeito, tomadas de posições que movimentam relações de poder a partir da
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mobilização de saberes contraditórios acerca da homossexualidade. Conclui-se que, no dizer do sujeito em questão, uma FD religiosa intersecciona-se, de uma forma nada harmônica, com as FDs jurídica e capitalista, instaurando determinadas práticas para o corpo homossexual. O maravilhoso: do conto tradicional a releitura de Branca de Neve em “The Snow Child” Maisa dos Santos Trevisoli Fernanda Aquino Sylvestre Contos de fadas são conhecidos por suas histórias extraordinárias em que o bem sempre triunfa em relação ao mal. As primeiras versões destas histórias eram contadas de forma oral. O início dos contos de fadas não é certo, mas sabese que eram histórias narradas por camponeses ao redor de fogueiras ou enquanto faziam trabalhos manuais. Diferentemente dos dias de hoje, os primeiros contos relatam histórias que tratavam de temas como a sexualidade, a violência, obscenidades, entre outros aspectos relevantes para a sociedade da época, que precisaram ser reformulados e adequados posteriormente para atingir o público infantil. A paixão das crianças por estas histórias maravilhosas influenciou o surgimento de diversas versões que tinham como objetivo ensinar o certo e o errado, em quem confiar e quem evitar, entre outros aspectos educativos. No âmbito do fantástico, os contos de fadas são incluídos no que Todorov denomina como maravilhoso, ou seja aqueles contos "que não provocam nenhuma reação particular nem nos personagens, nem no leitor implícito. A característica do maravilhoso não é uma atitude, para os acontecimentos relatados a não ser a natureza mesma desses acontecimentos.” (TODOROV, 1992, p.30). O conto de fadas se encaixa, assim, nesta categoria, provocando no leitor encantos por aquele mundo de fantasia, fazendo-o adentrar a história ao acreditar que neste mundo maravilhoso
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tudo pode acontecer. No seu livro “The Bloody Chamber”, Angela Carter resgata contos de fadas tradicionais através de um processo revisionista que dá a histórias antigas um novo olhar, uma nova direção, aproximando-o dos aspectos socioculturais vigentes. O conto “The snow child”, contido no livro supracitado, traz a história de Branca de Neve em outros moldes: não há sete anões, príncipe ou maçã envenenada. Neste conto, a protagonista surge pelo desejo de um duque, trazendo a inveja da duquesa que faz de tudo em seu poder para inferiorizar a garota. No começo, o duque protege a pobre menina, mas no fim ela morre para satisfazer o desejo da duquesa, o que leva o duque a satisfazer o seu próprio desejo carnal, ter relações com a falecida idealizada como seu objeto sexual. O conto, como pode se perceber através do enredo, não tem como público alvo as crianças, mas sim adultos que vivem em uma sociedade materialista e de submissão da mulher. Partindo dessas considerações, o objetivo desse trabalho é verificar o processo revisionista de Carter no conto mencionado contrastando-o com os contos de fadas tradicionais. Projeto de tradução comentada dos artigos de Michel Foucault sobre a revolução iraniana Marcelo Augusto Mendes Souza (UFU) Daniel Padilha Pacheco da Costa (UFU) Este trabalho visa a apresentar o projeto de pesquisa em andamento de tradução comentada dos quinze artigos jornalísticos sobre a Revolução Iraniana do filósofo francês Michel Foucault. A tradução será a primeira em língua portuguesa realizada diretamente a partir do original em francês. O comentário incluirá não apenas uma introdução na qual os artigos serão contextualizados do ponto de vista biográfico, histórico, político e filosófico, mas também uma análise das escolhas de tradução com base na comparação com
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as outras traduções diretas desses artigos para o italiano e para o inglês. Histórias de aprendizagem de inglês na formação do profissional de marketing Marina Leal Cunha (IFTM) Gyzely Suely Lima (IFTM) O objetivo deste trabalho é apresentar resultados preliminares de nossa pesquisa acadêmica que consiste em narrar e analisar as experiências do uso de tecnologias digitais na perspectiva de letramentos na aprendizagem de inglês e investigar suas implicações para o processo de ensino-aprendizagem de inglês para comunicação profissional na área de Marketing. Tendo em vista tais objetivos, as questões de pesquisa que norteiam este estudo são: a.) Quais as implicações do uso de tecnologias digitais para o processo de aprendizagem de inglês na perspectiva de letramentos? b.) Qual concepção de trabalho colaborativo é construída por mim como estudantepesquisadora? A fim de desenvolver a investigação dessas questões, a fundamentação teórico-metodológica deste estudo a Pesquisa Narrativa, que se caracteriza como uma metodologia colaborativa de investigação científica em que os participantes e pesquisadores estabelecem um relacionamento interativo na produção de textos de campo, interim e de pesquisa. Segundo Connelly e Clandinin (2000, 2011), as histórias vividas e contadas trazem contribuições para a educação não só de nós mesmos mas também dos outros. Vale destacar a diferença entre dados e textos de campo na pesquisa narrativa. Segundo Connelly e Clandinin (2000) a diferença existente entre dados e textos de campo é que os dados são informações que não podem ser mudadas por serem consideradas informações verídicas de acordo com o que foi coletado. Por outro lado, os textos de campo são imbuídos de interpretação por serem uma forma de falar sobre fatos vividos,
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como imagens, narrativas, histórias, que tendem a carregar uma ideia de representação objetiva de uma experiência de pesquisa de campo. Preliminarmente, produzimos algumas narrativas e notas de campo para compor nossos textos de campo iniciais. Fizemos, também, um levantamento de glossários online bilíngues português-inglês da área de Marketing. A partir desse material, iniciamos a análise acerca da concepção de aprendizagem de língua inglesa e a experiência de uso de ferramentas digitais no processo de formação profissional. Ressaltamos que a pesquisa que ainda está em fase inicial. Uma análise foucaultiana sobre a prática de confissão no sistema judiciário brasileiro Núbia Cinthia Xavier Santiago O objetivo do trabalho é realizar uma análise, a partir de uma perspectiva foulcautiana , sobre a confissão no âmbito jurídico, bem como sua prática de sujeição para extrair uma “verdade”, a conveniência para o sistema e sua utilização como escambo. Nesse sentido, é de suma importância observar o interrogatório, uma vez que é nessa fase que se identifica a relação do acusado com a confissão, além do ambiente em que é realizado e as práticas de subjetivação e sujeição usadas. De acordo com as formulações de Michel Foucault, far-se-á um apanhado sobre a lógica confessional, o arrependimento para a remissão, e o papel religioso intrínseco a prática da confissão. Analisa-se o papel do confesso, que deve, portanto, reconhecer o erro, por vezes, repará-lo e demonstrar-se culpado, observase a semelhança entre igreja e o sistema judiciário, uma vez que em ambos existe alguém (padre, juiz) capaz de oferecer a absolvição, o perdão. Apresenta a reflexão de que a confissão ultrapassa a ideia de relatar para outro culpas, atos ilícitos e pecados, ela se interioriza, demonstra ser um objeto de
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conhecimento para si. Ainda nesse diapasão, o trabalho analisa a constituição de uma tecnologia de confissão e a relação do sujeito com a verdade, visto que a confissão se constitui por meio dessa relação. A partir de tais aspectos, o trabalho analisa o discurso de verdade e a sua busca e faz ainda um apontamento sobre a instituição da delação premiada, que diferente de o sujeito produzir uma verdade sobre si, ele depõe enunciando os fatos que tem conhecimento, expondo a verdade, e recebendo benefícios para tal. Assim, o trabalho procura trazer uma reflexão sobre a prática da confissão e seu uso no ambiente jurídico e os seus desdobramentos e mais do que enxergar a confissão superficialmente traz conceitos fundamentais para analisá-la, como o discurso e a construção da verdade as práticas de sujeição. E, não só vislumbrar a confissão como parte de um interrogatório, mas dar-se-conta de que é uma prática histórica, institucionalizada e comum em muitos meios. Hiperconto na sala de aula como forma de letramento digital Pablo Lamounier (UFG/RC) Vivemos em uma era banhada por tecnologias e novidades a cada momento. Sendo assim dentro da língua portuguesa também há evoluções e novidades, tais como novas variações linguísticas, gêneros e por se falar em gênero, é exatamente disso o que se trata essa pesquisa. De acordo com Bakhtin gênero é pela sua visão sócio-histórica, “formas estáveis de enunciados elaborados de acordo com as condições específicas de cada campo da comunicação verbal”, ou seja, essas formas se dão pelas condições com que são expostas socialmente e por três caráteres de formação: seu tema, seu estilo e sua composição. Logo no campo dos estudos de gêneros abre-se uma divisão: os gêneros discursivos e os gêneros literários e
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atualmente os gêneros digitais. Nosso foco são os gêneros digitais especificamente, o Hiperconto. O hiperconto não é um conto gigantesco como era de se esperar pelo nome, mas sua grandeza esta sim em trabalhar sua raiz, o conto, de uma forma contemporânea, interativa, na qual a ligação do leitor com o texto pode adentrar a opção de escolhas, de interferência dos rumos que a história toma. No hiperconto “Um estudo em vermelho” de Marcelo Spalding, podemos notar tais características por exemplo. De forma mais profundo este trabalho vem procurar, baseado em futuras experiências de campo, quais as realidades e situações encontraremos ao aplicar tal gênero em sala de aula. Perguntas como: qual será a reação dos alunos expostos a experiência? O que pensa o professor envolvido? Depois do trabalho com o gênero qual a perspectiva dos alunos sobre o letramento digital antes e depois?, são nossas indagações para definirmos se a aplicação de gêneros digitais como meios de letramento digital, são ou não benéficos e quais os pontos positivos e negativos de sua aplicação. Com base em todos esses fatores e bases teóricas esse trabalho consiste em trazer novos horizontes e benefícios ao ensino de língua portuguesa nos dias atuais e futuros, como também a produção dessa língua que a cada dia se torna nossa. A língua portuguesa no Brasil Rafael Alves Fernandes (UFG) Sebastião Elias Milani (UFG) Este estudo tem como objetivo analisar a Língua Portuguesa pensando na sua evolução desde o Latim, principalmente por compreender a variação existente no Brasil, a partir das mudanças em sua estrutura morfológica, sintática e especialmente fonética, uma vez que a variação existente na fala dentro do território brasileiro é grande, manifestando-se de diferentes formas nos dialetos de cada território e região do
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país. Antes da Língua Portuguesa, anteriormente denominada Galego-Portuguesa chegar ao Brasil em 1500, esta sofreu constante variação desde a sua existência. Em sua origem Latina passou a ganhar expansão e modificação sendo falada e considerada de duas formas, denominadas Latim clássico e Latim vulgar. A Igreja teve notável influência e serviu para disseminar o Latim vulgar entre a sociedade da época. Este ganhou enfoque entre a comunidade e ao chegar mais tarde no Brasil a Língua Portuguesa recebeu e continua a receber variantes em sua estrutura e fala. Visto que a Língua Portuguesa se manifesta em diferentes línguas e culturas, vem recebendo elementos que influenciam em sua mudança, portanto não é homogênea. Não é possível pensar na língua sem levar em consideração as muitas gerações que fizeram uso dela, cada uma dessas contribuíram com fatores relevantes para o que a língua é hoje, embora não seja possível reconstituir todas as fases percorridas pela língua e compreender as muitas gerações que fizeram uso dela. Consideremos nesse estudo, o dialeto da Língua Portuguesa presentes na Região Sul, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil. A partir dessas mudanças é possível pensar na língua como heterogênea, disposta atender a diferentes dialetos. Com base nisso podemos entender a variação que ocorre desde os tempos primórdios com as línguas românicas, ou seja, que se originam do latim, como o Português Brasileiro, Português de Portugal, Francês, Espanhol, Italiano e outras. Enraizamento e cultura popular goiana em Cora Coralina Rennika Lázara Dourado Cardoso (UFG/REJ) Vanessa Regina Duarte Xavier (UFG/REJ) Ao se pensar em literatura regionalista e, mais especificamente, naquela produzida no e sobre o Estado de Goiás, merece destaque a obra poética de Cora Coralina, poetisa goiana que
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retrata com saudosismo o eu tempo de juventude e a memória dos velhos costumes da antiga capital do estado, a Cidade de Goiás, como o cultivo de milho, o trabalho do lavrador, o cuidado com a terra, o ofício das lavadeiras, os acontecimentos dos becos da cidade, os objetos usados para o desenvolvimento do trabalho feminino, como os tachos de cobre, o modo de se lavarem as roupas, a preparação de doces e os cuidados com a casa. Para a análise do enraizamento e da cultura popular no léxico da obra poética da autora supracitada, foi desenvolvida uma pesquisa de caráter qualitativo, que tem como CORPUS as obras poéticas “Poemas dos Becos de Goiás e estórias mais” e “Meu livro de Cordel”, da escritora registrada como Ana Lins Guimarães Peixoto Bretas, mas que usa o pseudônimo de Cora Coralina. Nesse sentido notamos que a Literatura também pode ser um meio de resistência cultural à modernidade e aos lugares socialmente marcados, pois o eu lírico dos seus poemas tem um intenso contato com a terra, com a semeadura, com a colheita e com a religiosidade de sua época, nos revelando elementos culturais de Goiás. Nesse sentido, o objetivo desse trabalho é analisar o enraizamento cultural presente na obra de Cora Coralina que, de acordo com Bosi (1987), refere-se às práticas de pertença e reforço cultural o que se reflete na volta às raízes sociais, históricas e culturais e no resgate de elementos de sua cultura e vivência. Pudemos observar, em seus poemas, as impressões da cultura goiana por meio de itens lexicais, que estão intimamente relacionados às práticas culturais não apenas da Cidade de Goiás, mas de todo o Estado e, mais ainda, que possivelmente se assemelham as de diversas regiões interioranas do país. Assim, as obras em análise revelam a forte relação do sujeito goiano com a terra, bem como com o lugar em que vive, sendo estes constitutivos da sua identidade, em decorrência da simbiose entre o eu lírico e o ambiente.
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O caso Houaiss e o politicamente correto na mídia: uma análise dos discursos correntes Sâmela Lemos Rosa (UFG-RC) Erislane Rodrigues Ribeiro (UFG-RC) Atualmente, convivemos em um mundo e um período histórico no qual as disparidades sociais são objeto de várias discussões no que se refere à falta de respeito e consideração para com aqueles que levam uma vida diferenciada dos demais pares de seu meio social. Assim sendo, lutas contra essas desigualdades estão cada vez mais se firmando de diversas maneiras, dentre as quais se evidencia “o politicamente correto”, uma problemática cujo cerne defende que cada integrante do mundo tenha a percepção de que todos nós somos iguais e que podemos viver de forma mais satisfatória e plena, aceitando e considerando o outro. A partir da utilização do politicamente correto, como recurso para a eliminação de práticas e escritos com indícios pejorativos e de preconceitos contra minorias ou a diversidade cultural-social, muitos fatos e textos foram alvos de debates, com o escopo de instituir uma decisão, e por consequência, eliminar e/ou atenuar tais indícios por meio de abertura de processos legais e até proibição da circulação de obras, gerando inúmeros polêmicas. Um exemplo dessas polêmicas é a ainda recente discussão em torno da definição do verbete “cigano” no dicionário Houaiss, que ganhou destaque na imprensa brasileira e até mesmo na estrangeira. Segundo o povo gitano, os significados atribuídos à palavra “cigano” no dicionário seriam preconceituosos. Ao assim entender, gerou-se uma ação do Ministério Público Federal de Uberlândia que pedia a apreensão do referido dicionário por trazer, entre as acepções do verbete, esta, devidamente identificada como pejorativa: “que ou aquele que trapaceia; velhaco, burlador”. No período em que essas ações do MPF estavam em vigor, foram publicados vários textos sobre a questão, entre eles inúmeras reportagens e artigos de opinião. Recortando quatro
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reportagens no ano da citada ação, ou seja, 2012, publicadas em instâncias midiáticas, temos por objetivo neste pôster apresentar alguns resultados de nossa pesquisa de iniciação científica intitulada “Quando o dicionário é notícia: o papel da mídia na polêmica em torno do verbete cigano do dicionário Houaiss”, orientada pela professora Dra. Erislane Rodrigues Ribeiro. É nosso propósito ler e analisar tais textos midiáticos, procurando considerar suas condições de produção, com a finalidade de verificar quais são os discursos correntes na mídia impressa relacionados à polêmica em torno do verbete cigano do dicionário Houaiss. Para tanto, tomamos por base os pressupostos teóricos da Análise do Discurso, por cuja ótica a linguagem é entendida em seu funcionamento, no fluxo de sua perene construção de sentidos. Dessa forma, levamos em consideração sempre os aspectos extralinguísticos de um enunciado, produzido por um sujeito inscrito em dadas condições de produção, de modo que os sentidos sempre mudam a depender do lugar discursivo no qual tal sujeito se insere. Caminhos para um processo de reescrita mais eficiente: uma análise dos efeitos das intervenções docentes em produções textuais na universidade Stéfany Rodrigues Sousa (UFG/REJ) Vanessa Regina Duarte Xavier (UFG/REJ) O processo de produção textual requer uma relação de cooperação entre duas ou mais pessoas por se caracterizar como atividade interativa, como afirma Antunes(2003), ainda mais se pensarmos a língua como ferramenta de interação. Tanto na escrita quanto na reescrita de textos universitários, o professor e o aluno são os principais agentes das ações de correção e refacção, respectivamente. Dessa forma, considerando a constante produção de textos e sua
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importância, o presente trabalho, no âmbito do Programa de Licenciaturas (PROLICEN), visa, primordialmente,à verificação dos resultados dos procedimentos de intervenção realizados pelo docente, por meio dos diferentes tipos de correções textuais, no processo de refacção textual feito pelo discente. Em segundo plano, pretende-se observar os níveis linguísticos e os tipos de alterações empreendidas pelos alunos na reescrita de seus próprios textos. Visando alcançar tais objetivos, foram analisadas as produções textuais de alunos da disciplina Leitura e Produção Textual do Curso de Licenciatura em Letras Português da Regional Jataí, da Universidade Federal de Goiás, ministradas no primeiro semestre do ano de 2015. A metodologia da pesquisa envolveu uma correção dos tipos indicativa e resolutiva, conceituados por Ruiz (2001) como aqueles que se prestam à correção de todos os desvios, seja reescrevendo na margem do texto ou apenas marcando as palavras, frases e períodos inteiros que contenham problemas, da primeira versão dos textos. Na sequência, procedemos à correção textual-interativa, que consiste em fazer comentários mais longos, com a função de falar sobre os problemas do texto e da tarefa de revisão pelo aluno. Feito isso, os textos foram devolvidos aos alunos para que procedessem à sua refacção. Os resultados até o momento obtidos mostram que os níveis linguísticos mais recorrentes na correção do docente estão relacionados à sintaxe, ortografia, pontuação, léxico, inadequação vocabular incluindo o nível textual/discursivo e aspectos como a abordagem ou não da temática proposta. Nesse sentido, acredita-se que a correção dialogada, que será realizada em etapa posterior, será mais eficaz, pois, diferentemente das demais, poderá esclarecer melhor ao aluno sobre os problemas presentes em seu texto, mostrando como evitá-los não apenas em sua reescrita, mas também em seus futuros textos pois, como afirma Possenti(2014), corrigir muito sem deixar claro o porquê do erro pode continuar induzindo a novos erros.
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O que é ser caipira na fala? Crenças e atitudes linguísticas em duas escolas do sudoeste goiano Talita Gomes (UEG) Partindo da premissa de que o preconceito linguístico deve ser combatido (Scherre, 2008), o presente trabalho contribui para debater de que modo o dialeto caipira, já descrito por Amaral (1920), é percebido e avaliado por alunos do nono ano do Ensino Fundamental, em duas escolas de Quirinópolis (GO): uma pública e outra particular. Em cada escola, uma turma composta por 30 alunos será submetida a testes de c, elaborados com excertos de 4 entrevistas, duas de cada cidade, pautadas por perfis sociolinguísticos pré-definidos: 2 homens e 2 mulheres, de 35 a 40 anos, com nível superior. Em ambas as localidades, foram entrevistados um homem e uma mulher nativos. Com base no imaginário nacionalmente partilhado, que atribui aos falantes de regiões mais interioranas do Brasil e, de modo mais particular, do Centro-Oeste do país, um estatuto de caipiras, tal pesquisa visa a aferir de que modo quirinopolinos e campo-grandenses são avaliados sob a perspectiva de diferentes classes sociais. A hipótese central está baseada na proposta semântica de poder e solidariedade, de Brown e Gilman (1972[1960)]. Por um lado, como julgarão a fala de informantes altamente escolarizados e da zona urbana, acredita-se que os alunos da escola privada atribuam características positivas ao falar dos quatro informantes. Em contrapartida, se o critério adotado forem características prosódicas, tais como ritmo, os avaliadores podem sentir-se solidários aos informantes quirinopolinos e os avaliar de modo mais positivo que os campo-grandenses. Aqui, outra hipótese é de que quirinopolinos teriam um ritmo de fala mais alongado, se comparados aos outros falantes do teste. Alunos da escola pública, por sua vez, baseados no conceito de poder, estariam mais propensos a atribuir notas baixas aos quatro informantes.
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Se levada em conta a possibilidade de se identificarem com a prosódia de seus conterrâneos, poderiam também avaliá-los com notas mais altas. Os resultados da pesquisa poderão contribuir com e ensino de língua materna local, no sentido de: a) ajudar a re/deconstruir o ideal caipira e a relativizá-lo; b) evidenciar que o preconceito linguístico contra o falar caipira ocorre, primeiramente, devido a um rechaço social em relação aos falantes dessa variedade. Uma abordagem sobre as competências exigidas pela avaliação de redação do ENEM e o seu reflexo nas propostas de produção de texto escrito presentes no livro didático de português Taynan Lima Carvalho (UFG-RJ) Sílvio Ribeiro da Silva (UFG-RJ) Neste trabalho, apresento dados de um estudo sobre propostas de produção de texto escrito apresentadas por um Livro Didático de Língua Portuguesa (LDP), utilizado por três escolas da esfera pública estadual de ensino médio com menor pontuação na prova de Redação do Exame Nacional de Ensino Médio (ENEM), realizada entre 2010 a 1012. Procurei observar se tais propostas priorizavam as competências da Matriz de Referência para Redação, uma vez que a mesma leva em conta a produção de um texto escrito de qualidade. Os objetivos consistem em analisar os gêneros propostos ao aluno para produção de textos escritos e observar se as propostas de produção textual existentes no LDP investigado são pertinentes, considerando as competências avaliadas pela prova de Redação do ENEM. Os procedimentos metodológicos utilizados foram referentes à Linguística Aplicada (LA). Esta pesquisa também é caracterizada como bibliográfica. Para melhor entendimento do assunto, me apoiei nos referenciais teóricos propostos por Costa Val (2003), Marcuschi e Cavalcante
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(2005), dentre outros. Ela também se caracteriza como qualitativo-interpretativista. O corpus é constituído pelo LDP “Português – Projetos”. A questão motivadora foi: a baixa pontuação da Prova de Redação na avaliação do ENEM, realizada entre 2010 e 2012, por três instituições da esfera pública estadual de ensino, na cidade de Jataí (GO), pode ter sido motivada pelo uso do LDP? Os resultados mostraram que o LDP parece pouco colaborar com o aluno, pois o aspecto tipológico com maior ocorrência nas propostas de produção de texto escrito não é o aspeto que a prova de Redação do ENEM prevê.
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