Bwizer_magazine_5_edio.pdf

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  • Words: 20,658
  • Pages: 36
Diretor: Hugo Belchior · Número 5 · Dezembro 2018 · Trimestral · Gratuita

ISSN: 2184-125X

Academy ____

Quando os bebés chegam cedo demais ____

Cólica do bebé; Blood Flow Restriction; Pilates kids & teens; Treino Funional e Nutrição

Por Andreia Rocha

Entrevista

É errado pensar que a falta de força não é um problema de saúde! ____

Low Pressure Fitness

Histórias

Por Pedro Correia

de Sucesso com Nuno Pina

À conversa com

Maria João Alvito ____

“ Está nas suas mãos a oportunidade de sonhar e realizar-se como pessoa e profissional.



Índice p.18

Ficha Técnica ....................................................................................02 Editorial .............................................................................................03 Academy p.04

Cólica do bebé........................................................................................ 04 Por Sofia Milhano

Blood Flow Restriction........................................................................... 06 Por João Noura

Quando os bebés chegam cedo demais.............................................. 10 Por Andreia Rocha

Se cada nutricionista diz uma coisa diferente em que é que devemos acreditar?................................................................................ 12 Por Pedro Carvalho

Pilates kids & teens................................................................................ 14 Por Raquel Brandão

Treino Funcional: para todos ou só para alguns... ............................. 18 Por Gabriel Jorge

É errado pensar que a falta de força não é um problema! ................. 22 Por Pedro Correia

À conversa com... ............................................................................ 24 Fisioterapeuta Maria João Alvito

Referências Bibliográficas .............................................................. 28 Ideias Empreendedoras Soft-skills: um desafio para a Fisioterapia........................................... 29 Por Daniela Simões

Histórias de Sucesso ....................................................................... 30 Nuno Pina

Entrevista Low Pressure Fitness..................................................... 32 Bwizerianos ....................................................................................... 33 Formações em Destaque ................................................................. 36

Ficha Técnica Proprietário e Editor: Bwizer Lda. Morada: Sede Bwizer - Estrada da Circunvalação, 10381, 2.º direito, 4250-151 Porto (Portugal) NIPC: 508671418 Nº de Registo na ERC: 127039 Depósito Legal: 433547/17 ISSN: 2184-125X Periodicidade da publicação:Trimestral Diretor: Hugo Duarte Nunes Belchior Diretor Adjunto: Mónica Marina da Silva Rocha Sede de redação: Estrada da Circunvalação, 10381, 2.º direito, 4250-151 Porto (Portugal) Tiragem: 500 exemplares Tipografia: Susana Monteiro (www.frenteverso.pt) Morada da tipografia: Rua Abade Correia da Serra, 32, 4460– 208 Senhora da Hora Estatuto editorial: A revista Bwizer Magazine é uma publicação trimestral, nacional e de distribuição ou acesso gratuito, na área do Conhecimento Avançado para Profissionais de Saúde e Exercício. A Bwizer Magazine tem como objetivo a divulgação de trabalhos, notícias, artigos, textos de opinião, entrevistas, novidades em formação e produtos, entre muitos outros conteúdos exclusivos, tendo em vista contribuir para a evolução dos Profissionais de Saúde e Exercício. Pretende também contribuir para o crescimento do “saber” e produção científica nas áreas da saúde e exercício. A Revista Bwizer Magazine tem o compromisso de assegurar o respeito pelos princípios deontológicos e pela ética profissional dos jornalistas, assim como pela boa fé dos leitores. A Revista Bwizer Magazine é publicada online, em www. bwizer.com A Bwizer Magazine é inovação e desafio. A Bwizer Magazine é profissionalismo e rigor. A Bwizer Magazine é integridade e transparência. A Bwizer Magazine é evolução.

Não podem ser reproduzidos ou difundidos, total ou parcialmente, por qualquer processo eletrónico, mecânico ou fotográfico quaisquer textos, ilustrações e fotografias desta revista, sem a autorização prévia e expressa do editor. A reprodução de conteúdos por qualquer meio e para quaisquer fins, sem prévia autorização escrita, é ilícita e passível de procedimento judicial contra o infrator. Excetua-se a transcrição de curtas passagens, desde que mencionando o título da Revista, nomes do autor e editor. Os textos publicados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. A Bwizer Magazine não se responsabiliza pelas opiniões expressas pelos autores”

Editorial.

Mulheres ____ Nunca tenho um editorial pré-preparado para um determinado número da Bwizer Magazine. O meu processo é sempre o mesmo: leio a revista toda e procuro sentir aquilo de que me apetece falar; deixo-me inspirar por aquilo que considero ser a essência de cada número. Ao ler diferentes textos deste número fui sentido um desejo crescente de falar de… mulheres! Não, não estou a procurar ser politicamente correto, até porque acho que a ditadura do politicamente correto é das tendências mais palermas que por aí andam. E não, não houve uma qualquer estratégia deliberada para que, este número em particular, desse especial destaque às mulheres. Sim, é verdade que é a primeira vez que temos uma mulher na capa, porém, também isso surgiu naturalmente, pelo valor da pessoa em causa, a extraordinária Maria João Alvito, e não por qualquer lógica de quotas ou coisa similar. Nesta revista há conteúdo soberbo produzido por homens – claro que há – e outra coisa não seria de esperar quando temos o contributo de pessoas como o Pedro Carvalho, o Pedro Correia, o Gabriel Jorge, o João Noura, o Piti Pinsach e o Camilo Villanueva. E, claro esta, não me passa pela cabeça dizer que o conteúdo que as mulheres produziram é melhor que o dos homens. Nem pior. A divisão nunca pode ser essa. O que me aconteceu foi que, ao ler a Sofia Milhano, a Andreia Rocha, a Raquel Brandão, a Daniela Simões, a Maria João Alvito, a Tamara Rial e a “nossa” Joana Leal, recordei as pessoas que são e senti-me inspirado. Inspirado e grato por conhecer gente assim. A Sofia, com a sua doce tranquilidade, a Raquel, resiliente e dedicada, a Daniela, focada e trabalhadora incansável, a Tamara, uma força da natureza, a Maria João, corajosa e proativa, a Joana, alegre e confiável e a Andreia, sensível e exigente. Ao ler cada uma delas, textos tipicamente de dimensão profissional, recordei as pessoas que estão por trás da dimen-

são profissional, coisa que às vezes nos esquecemos de fazer. Quantas vezes avaliamos alguém apenas pela sua dimensão profissional, esquecendo-nos que isso não é desgarrado do resto? Estas mulheres são pessoas com os seus desafios, as suas forças e fragilidades, seguramente com momentos de felicidade a par de angústia e sofrimento, quantas vezes a terem que gerir vidas familiares exigentes e que, no meio dessas idiossincrasias, conseguem ter carreiras profissionais cheias de conquistas e, ainda por cima, nos presenteiam com a generosidade do seu tempo, partilhando connosco parte do seu conhecimento e das suas reflexões. Ao pensar sobre estas mulheres não evito pensar na minha mãe, na minha irmã e na minha pequena sobrinha, desejando que tenha a sorte que eu tenho, de ter mulheres assim na sua vida. Não creio que pudéssemos ter uma melhor forma de fechar 2018 e, sobretudo, de anunciar um novo ano, que é sempre como uma oportunidade de nascer de novo. Desejo-lhe um excelente 2019, sugerindo-lhe que garanta que diz às pessoas que lhe são mais importantes, o quanto significam para si, sejam homens ou mulheres. Do meu lado, resta-me agradecer o facto de estar desse lado; significa mais para mim do que lhe poderei alguma vez verdadeiramente transmitir. Um abraço, Hugo Belchior CEO Bwizer

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Cólica do bebé ____ Sofia Milhano

Hoje em dia, e apesar de haver bastante investigação nesta área, ainda não se sabe muito bem o que são as cólicas, nem tão pouco a sua ou as suas causas. Sabemos sim que será uma desordem benigna que afeta cerca de um quinto dos bebés, principalmente nos seus primeiros meses de vida, acompanhada por crises de choro angustiantes com predileção noturna. Em 1954, o Dr. Morris Wessel definiu as cólicas como uma condição em que um bebé, bem alimentado e saudável, tem períodos inexplicáveis de choro intenso e estados de grande agitação por mais de três horas por dia, por mais de três dias por semana, e por mais de três semanas. Epidemiologicamente não se conhecem diferenças em relação à alimentação do bebé ser materna ou artificial, ao sexo, ao parto, ou até perante um bebé de termo ou pré-termo. Em osteopatia pediátrica as cólicas são uma desordem, que leva cada vez mais pais a procurarem auxílio profissional. Embora consideradas normais por grande parte dos pediatras, não existe razão

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para continuar a deixar um bebé chorar durante dias, se a sua condição puder ser melhorada. Apesar da literatura indicar que as cólicas têm início por volta das duas semanas de vida, a minha experiência diz-me que assim que um bebé nasce pode sofrer de cólicas ou, se preferirmos dizer, de algum desconforto abdominal.

do de uma culpabilidade devido a uma hostilidade inconsciente; o bebé reage assim com uma resposta fisiológica, ou seja, a cólica.

O desconforto dura em média três meses, tempo que o organismo leva para amadurecer o mecanismo da digestão. No entanto, etiologicamente poderemos considerar algumas teorias. Segundo o modelo interativo, a cólica representa uma tentativa falhada do bebé para comunicar com os pais, uma perturbação da relação mãe-filho.

Michel Soulé considera que esta entidade é devida à falência da mãe como reguladora da homeostase do bebé, ou por não exercer o papel de barreira protetora face a estímulos ambientais adversos, ou por ser ela própria, a mãe, a emissora de sinais contraditórios.

Carey diz que o choro excessivo do bebé é o resultado de acontecimentos fisiológicos normais que desencadeiam o choro em lactentes, os quais são sensíveis a esses estímulos. A mãe, segundo esta teoria, é responsável por não conseguir reagir da melhor forma às necessidades do bebé. Sptiz afirma que existe por parte da mãe uma solicitude ansiosa primária, resulta-

Kreisler incrimina a mãe, atribuindo-lhe um padrão ansiosa-tensa, o qual resulta num padrão de tensão por parte do bebé que é transformado em cólicas.

No entanto há outros autores que consideram a ansiedade da mãe não como causa, mas sim como consequência das cólicas. Existe ainda a teoria neurológica, em que a cólica será atribuída a um sistema nervoso central imaturo. Brazelton considera que o sistema imaturo do bebé representa para este uma hipersensibilidade. À medida que o dia avança, o sistema nervoso fica carregado de estímulos, transformando-se num período de grande

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agitação, pelo que o choro funciona como uma descarga, após o qual o sistema nervoso se reorganiza novamente. Com a maturação do sistema nervoso, este síndrome desaparecerá no fim do primeiro trimestre. Note-se que no terceiro mês após o nascimento, o bebé completa o ciclo de doze meses desde a fecundação, ou seja, um ano. É nesta fase que deixa de ser um recém-nascido. No 4º mês, a flora intestinal está formada e o cérebro e Do ponto de vista osteopático acredita-se que desde que o feto está in útero, e até ao momento do nascimento, este poderá ser submetido a diversas tensões fasciais, tensões essas que se podem repercutir nos ossos do crânio e em todas as membranas envolventes ao sistema nervoso central. Sendo assim podem originar-se bloqueios membranosos e suturais, dificultando a fisiologia de diferentes estruturas.

intestino já se entendem melhor, pelo que as cólicas tendem a desaparecer. Este modelo podia pressupor que os bebés pré-termo iriam sofrer de mais cólicas, o que não se verifica. Barr levanta a hipótese do choro da cólica poder dever-se a diferenças individuais no controlo e regulação dos estádios do bebé. Mais uma hipótese etiológica é sugerida pelo modelo da dismotilidade intestinal, a qual pode ter vários intervenientes,

nomeadamente as proteínas do leite de vaca ingerido pela mãe, a lactose e a motilina. No que se refere às proteínas do leite de vaca existem, tanto estudos que afirmam essa ligação, como estudos que a desmentem. Segundo esta teoria a intolerância à lactose fará com que a ação osmótica da lactose não absorvida leve a um aumento de peristalse e à cólica. De todas estas teorias ou hipóteses etiológicas não temos ainda certezas se cada uma funciona por si só, ou não e, provavelmente, estamos perante uma etiologia multifatorial. Do ponto de vista osteopático acredita-se que desde que o feto está in útero, e até ao momento do nascimento, este poderá ser submetido a diversas tensões fasciais, tensões essas que se podem repercutir nos ossos do crânio e em todas as membranas envolventes ao sistema nervoso central. Sendo assim podem originar-se bloqueios membranosos e suturais, dificultando a fisiologia de diferentes estruturas. Falando do nervo vago, o maior nervo craniano, este tem origem na parte posterior do bulbo raquidiano, desce pelo pescoço e tórax, terminando na região abdominal. É essencialmente visceral, e durante o seu trajeto, inerva a faringe, laringe, coração, entre outros, sendo através dele que o cérebro percebe como estão estes órgãos e regula diversas das suas funções. Faz também parte da formação dos plexos viscerais que promovem a inervação autónoma das vísceras torácicas e abdominais. Algumas das suas principais funções são coordenar os movimentos do esófago e intestino, podendo afetar desta forma todo o sistema

gástrico e acabando por ser a causa de desconforto abdominal nos recém-nascidos. Será interessante verificar que as cólicas têm tendência a passar no terceiro mês, altura em que o bebé possui um melhor controlo de cabeça. Esta constitui mais uma hipótese na causa “multifatorial” das tão temíveis cólicas. Resta-me assim terminar, com a certeza de que as cólicas podem ser aliviadas com o tratamento certo, acabando com o choro desesperante dos bebés e as noites mal dormidas pelos pais. Acredito que esta hipótese explica muita da falta de certezas absolutas e conhecimento que ainda hoje existe acerca do tema. Referências .................. p.20

Sofia Milhano –––– Licenciada em Fisioterapia pela Escola Superior de Saúde Vale do Sousa desde 2004 e Mestre em Medicina Tradicional Chinesa no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar. Concluiu o Curso de Osteopatia da EOM e é Pós-graduada em Osteopatia Clássica. Atualmente trabalha no Instituto de Medicina Tradicional como professora de Diagnóstico Osteopático e Osteopatia Pediátrica, bem como em gabinete privado.

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Blood Flow Restriction ____ João Noura

A ferramenta Blood Flow Restriction é uma das mais recentes novidades na clínica de condições musculosqueléticas, tendo um estudo de Patterson e Brandner(1) revelado que inúmeros profissionais espalhados pelo mundo e das mais diversas áreas já referiam o seu uso. O que é e qual a validade dos pressupostos fisiológicos em que se baseia a sua crescente utilização?

–––––

O consenso na literatura é que, face a todas estas hipóteses, considerações levantadas e os resultados obtidos, a oclusão ideal andará entre os 40 e os 60%, sabendo-se que quanto mais baixa dentro destes valores for, maior a segurança do procedimento, e que não é por esta ser maior que o procedimento é mais eficaz.

O que é? Blood Flow Restriction (BFR) é uma ferramenta utilizada para atrasar os decrementos físicos relacionados com a idade ou, como iremos abordar em maior detalhe, para promover a recuperação após lesão, assim como para melhorar a condição física do utilizador(2). Esta técnica utiliza uma “algema” colocada na região proximal do membro no qual se vai intervir com uma determinada pressão, de forma a restringir o fluxo sanguíneo na área(3). São verificados ganhos ao nível do sistema circulatório, das estruturas musculares e das estruturas ósseas(4, 5), alguns destes

semelhantes aos verificados em treinos com cargas altas. Isto deve-se a processos associados ao stress metabólico(3), que advêm da ausência de retorno venoso e da diminuição da afluência arterial ao membro sob o efeito da técnica(3). Revela-se especialmente útil devido à menor necessidade de imposição de stress mecânico às articulações(6) e aos tecidos musculares, revelando-se uma alternativa para pessoas cuja patologia, disfunção ou simplesmente potencial ainda não o permite.

––––– Figura 1. Montagem de um exercício com recurso a BFR(3)

Para que serve? A estratégia BFR pode ser utilizada em qualquer pessoa, sendo que esta é amplamente estudada em populações geriátricas (7) e indivíduos adultos, sejam eles atletas ou não(8). Num estudo de 2011, Kubota et al. exploraram de que forma o recurso ao BFR prevenia a diminuição de força decorrente da atrofia de musculatura associada à imobilização de segmentos(9), e observaram que esta era significativamente menor nos indivíduos do grupo experimental (nesta experiência, o uso de BFR não estava sequer associado a um programa de exercício).

Takarada et al. estudaram o efeito da BFR associada ao exercício na produção de força e na área de secção transversa. Neste estudo, três grupos de atletas treinados e sem lesão foram submetidos a um programa de exercícios vs inatividade, sendo que nos que realizavam exercício, um dos grupos o fazia associado à utilização de BFR e o outro não(10).

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Tendo em conta a significância estatística dos resultados encontrados ao nível da produção de força (e na respetiva percentagem de torque máximo utilizado ao longo da tarefa), os investigadores procuraram saber se esse aumento se deveria a fatores neurais ou estruturais. Para isso procuraram saber como se refletiam, na imagiologia, estes resultados, sendo que o aumento da área de secção transversa elucida acerca do envolvimento de fatores maioritariamente relacionados com a hipertrofia(10).

uma oclusão de aproximadamente de 120% (obviamente, intolerável), uma oclusão de 20 mmHg abaixo da pressão sistólica braquial resultava numa oclusão de 51 a 88%. Por último, compararam ambas com a pressão relativa de 40% de oclusão(12), deixando claro que não poderia ser utilizada uma pressão universal para todos os indivíduos e que era preciso respeitar a sua individualidade. Spranger et al. concordaram(13). 120

É então possível observar que há benefícios claros decorrentes da utilização desta tecnologia… Mas será perigosa?

Precauções Com a utilização de uma tecnologia que pressupõe a oclusão de vasos sanguíneos, sendo uma das principais indicações o aumento da massa muscular (ou a diminuição da atrofia), de forma a prevenir a sarcopenia em populações que já apresentam inúmeras complicações relacionadas com problemas cardíacos e vasculares, era natural que se levantasse a questão da segurança da técnica. Neste modelo teórico proposto por Spranger et al. num editorial para o American Journal of Physiology- Heart and Circulatory Physiology, estes investigadores levantam a hipótese de que se não for aplicada uma pressão personalizada, com as suas consequências monitorizadas, se poderão estar a induzir alterações não só contraproducentes, como mesmo nefastas, por influência no Sistema Nervoso Autónomo em indivíduos cuja resistência vascular periférica ou pressão arterial estão já à partida altas, ou em indivíduos com histórico de lesão cardiovascular(11). Desta forma, e reconhecendo e atendendo a estas considerações de Spranger et al., Jessee et al., no editorial Applying the blood flow restriction pressure: the elephant in the room, verificou-se que diferentes formas de medir a pressão colocada na algema implicavam diferentes resultados na oclusão verificada; ao passo que uma medida universal de 160 mmHg implicava

% Arterial Occlusion

–––––

100

40% Relative Arterial Occlusion Pressure bSBP - 20 mmHg 160 mmHg (Absolute Pressure)

80 60 40 20 0

Figura 3. Resultados do estudo prospetivo de Jessee et al.(12) comparando diferentes oclusões arteriais no uso de BFR bSBP = braquial Systolic Blood Pressure Contudo, mantinha-se a dúvida. A pressão a ser utilizada deveria ser relativa… Mas qual? Já em 2014, uma das figuras de autoridade em matéria de BFR tinha sugerido a hipótese de que, tal como noutros fenómenos, também neste nem sempre “mais é melhor”. Num artigo denominado Blood flow restriction pressure recommendations: The hormesis hypothesis, Loenneke sugere que a aplicação da tecnologia BFR segue o princípio de Hormesis, isto é, que doses baixas a moderadas de oclusão são mais benéficas que oclusões maiores – hipótese que se confirmaria num estudo posterior realizado em 2015(14) – principalmente porque estas últimas poderão aumentar o desconforto do paciente(15, 16), ou mesmo colocar em risco a sua saúde(17). Em 2016, Neto et al. realizaram uma revisão sistemática e concluíram que, quando res-

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––––– A associação ao exercício Como já discutido, a tecnologia BFR pode ser utilizada sozinha, tendo resultados claros na redução da atrofia muscular. Contudo, a área em que existe maior investigação e evidência é a sua conjugação com o exercício, nomeadamente o de baixa intensidade (cerca de 20 a 30% de 1RM).

Zachary Pope, Jeffrey Willardson e Brad Schoenfeld relacionaram ambos num artigo intitulado Exercise and Blood Flow Restriction. Neste, os autores fazem uma revisão dos mecanismos associados a esta conjugação de métodos – tal como já havia sido proposto, em 2014, por Pearson e Hussain(22) - e sugerem uma miríade de alterações através das quais ocorrem as adaptações fisiológicas decorrentes deste tipo de procedimento, dentro das quais estão os contextos hormonais e metabólicos(23), e levantam mesmo a necessidade de se investigar mais profundamente os mecanismos neurais associados a este tipo de treino. Confirmando a evidência e pesando todos os estudos realizados nesta área de interesse, Loenneke et al. publicaram uma meta-análise que teceu algumas considerações gerais sobre o estado-da-arte(24). Nesta, encontrou evidências

––––– Considerações Finais No entanto, Hughes et al. fazem uma ressalva importante, realçada numa revisão sistemática e meta-análise de Lixandrão et al.(27): o recurso a BFR é uma ótima estratégia para ganhos de força e aumento de massa muscular numa fase inicial, na qual o indivíduo não esteja capaz de fazer treino de força convencional. De facto, quando comparados, o treino de força de alta intensidade continua a apresentar melhores resultados ao nível do aumento de força, conforme ambas as meta-análi-

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São verificados ganhos ao nível do sistema circulatório, das estruturas musculares e das estruturas ósseas(4, 5) , alguns destes semelhantes aos verificados em treinos com cargas altas. Isto deve-se a processos associados ao stress metabólico(3), que advêm da ausência de retorno venoso e da diminuição da afluência arterial ao membro sob o efeito da técnica.

ses confirmam, sendo que os ganhos em hipertrofia são semelhantes(27). Conclusão A estratégia BFR parece estar em crescente uso por parte da comunidade terapêutica, o que vem em linha com os bons resultados obtidos pela evidência científica na área. Esta permite a manutenção ou a atenuação da perda de massa muscular. Ainda assim, é necessário ter em mente as indicações e, principalmente, as contraindicações do seu uso, uma vez que a sua influência ao nível do sistema cardiovascular poderá causar complicações graves se não for utilizada de forma responsável. Para além disso, e apesar dos bons resultados obtidos, o recurso a BFR e,

Clarke et al. (2011) Ellefsen et al. (2015) Karabulut et al. A (2010) Karabulut et al. B (2010) Kubo et al. (2006) Laurentino et al. (2012) Libardi et al. (2015) Lixandrao et al. A (2015) Lixandrao et al. B (2015) Lixandrao et al. C (2015) Lixandrao et al. D (2015) Martin-Hernandez et al. A (2013) Martin-Hernandez et al. B (2013) Martin-Hernandez et al. C (2013) Martin-Hernandez et al. D (2013) Martin-Hernandez et al. E (2013) Martin-Hernandez et al. F (2013) Ozaki et al. (2013) Thiebaud et al. A (2013) Thiebaud et al. B (2013) Thiebaud et al. C (2013) Vechin et al. (2015) Yassuda et al. A (2011) Yassuda et al. B (2011) Overall

O consenso na literatura é que, face a todas estas hipóteses, considerações levantadas e os resultados obtidos, a oclusão ideal andará entre os 40 e os 60%, sabendo-se que quanto mais baixa dentro destes valores for, maior a segurança do procedimento, e que não é por esta ser maior que o procedimento é mais eficaz.

Também Slysz, Stultz e Burr, numa revisão sistemática e meta-análise de 2015 encontraram evidências claras, não só na associação de BFR a treino de força de baixa intensidade, como também associado a exercício aeróbio(25) e, em 2017, Hughes et al. realizaram uma revisão e meta-análise na qual avaliavam a eficácia do procedimento em contexto de reabilitação, tendo os achados sido “mais do mesmo”, com boas indicações para o uso de BFR em situações de prevenção ou após perda de massa muscular e força(26).

Favours HL-RT

Ainda no que diz respeito às perceções de esforço, estudos como os de Loenneke et al.(19) e Hollander et al.(20) não referem diferenças significativas entre treino com cargas leves e recurso a BFR e treino com cargas moderadas a altas, ao passo que Martin-Hernández et al.(21) encontraram uma adaptação ao esforço a médio-prazo aquando do fim do programa de exercícios.

claras do benefício de treino de baixa intensidade conjugado com BFR, e ratificou algumas das propostas de Pope et al. relativamente a estudos mais alargados sobre a influência da componente neural nos ganhos de força verificados.

2 1 0

Favours BFR-RT

peitadas as diretrizes de segurança, o treino de baixa intensidade associado a BFR quando comparado com o treino de alta intensidade, não constituía perigo em termos de hemodinâmica(18).

-1 -2

Figura 4. Compararação para ganhos de força entre treino de baixa intensidade + BFR (para a esquerda) e alta intensidade (para a direita)(27)

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A. Blood Flow Restricted Progression

B. Normal Progression

como progressão, a BFR conjugada com exercício de baixa intensidade deverá acontecer apenas quando não se pode aplicar o exercício de alta intensidade, que continua a ser o principal método para aumento de força e funcionalidade. Referências .................. p.20

P1. Bed Rest + BFR

P2. Walking + BFR

P1. Bed Rest

P3. Resistance + BFR P1

P2

P2. Walking

P3

P3. Resistance P1

Muscle Size

P2

P3

Muscle Size (6)

Figura 5. Modelo Teórico subjacente à utilização de BFR nas diversas etapas de reabilitação .

Pub Grupo Vitalino Foto 2 1_2.pdf 4 06/08/2015 12:48:16

João Noura –––– Licenciado em Fisioterapia pela ESS-Porto. Tem trabalhado maioritariamente no Futebol: em 2017/2018 no Leixões Sport Club e em 2018/2019 no Leça FC e no Rio Ave FC. Encontra-se a frequentar uma pós-graduação em Fisioterapia Desportiva na CESPU.

Grupo Vitalino Vitalino Vitalino GRUPO VITALINO GRUPO VITALINO

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Quando os bebés chegam cedo demais ____ Andreia Rocha

A pediatria, tal como as outras áreas da fisioterapia, desperta algumas paixões. Muitos dos atuais fisioterapeutas não tiverem oportunidade, em estágio, de intervir em condições pediátricas, embora o desejassem. Outros, tendo essa oportunidade, fugiram a sete pés. Enquanto orientadora de estágio já conheci ambas as realidades. Da minha experiência (no estágio e na vida), a paixão pela área costuma ser o primeiro ingrediente para um projeto bem sucedido. Longe de ser o único, é uma forma de começar bem. Felizmente a pediatria levou-me ainda a outra viagem: a neonatologia. Com efeito, neste microcosmo dos recém-nascidos doentes poucos terão experiência, a menos que desenvolvam a sua atividade em meio hospitalar. Reconheço que este contexto tem tanto de privilégio, como de desafio. Depois de tratar muitos recém-nascidos prematuros, não tenho dúvidas que a melhor incubadora do mundo continua a ser a barriga da mãe. A natureza é sábia e fez-nos estar 40 semanas lá dentro, quentinhos, acomodados e protegidos. Vale a pena estudar o desenvolvimento embrionário e perceber a multiplicidade, variabilidade e complexidade celular. De muitos exemplos, saliento sempre o desenvolvimento da pele e do sistema nervoso a partir do mesmo folheto (a ectoderme). Uma relação que começa bem cedo. O desafio na intervenção do fisioterapeuta em neonatologia relaciona-se essencialmente com as questões da prematuridade. O nascimento prematuro é definido, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como o nascimento antes das 37 semanas completas de gestação. Os bebés podem ser classificados quanto à idade gestacional e peso com que nascem, sendo a morbilidade neonatal tanto maior quanto mais prematuro ou mais leve é o bebé. Assim, a prematuridade “extrema” engloba

10.

os bebés abaixo das 28 semanas de gestação, na “grande” prematuridade enquadram-se aqueles que nascem com menos de 32 semanas, e são considerados pré-termos “moderados” ou “tardios” os que nascem, respetivamente, entre as 32 e as 33 semanas ou entre as 34 e as 36 semanas. São de “extremo baixo peso” aqueles que nascem com menos de 1000 g, de “muito baixo peso” os bebés que nascem com menos de 1500 g, e de “baixo peso” se entre os 1500 e os 2500 g ao nascimento. Não sei se conseguem imaginar bebés de 30 cm, com 750 g, em que bastam as duas mãos juntas, em concha, para pegar neles... Atualmente sabe-se que 1 em cada 10 bebés são prematuros. A etiologia da prematuridade é de natureza multifatorial e varia de acordo com a idade gestacional (IG). Aproximadamente 14% dos casos podem ser explicados por fatores maternos e 11% por fatores genéticos fetais. Vários são os fatores que podem conduzir ao nascimento antes do tempo, nomeadamente o tabagismo, a má alimentação, o consumo excessivo de cafeína, as gestações gemelares e história prévia de parto pré-termo. Os problemas maternos como a hipertensão arterial, a diabetes e a hemorragia uterina são também fatores importantes. As infeções maternas predominam como causa de nascimento prematuro entre as 24 e 32 semanas de gestação, enquanto o stress e a distensão abdominal excessiva são predominantes entre as 32 e 37 semanas. A prematuridade é causa reconhecida de sequelas major, como a paralisia cerebral, défice cognitivo e alterações neurossensoriais moderadas a graves. Sabe-se atualmente que o período entre as 20 e as 32 semanas de gestação se caracteriza por um rápido crescimento e desenvolvimento cerebral. O nascimento pré-termo altera este processo e, em estudos de neuroimagem, verificaram-se alterações estruturais como diminuição do volume total do cérebro, córtex e cerebelo, assim como alterações

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da mielinização. Pela imaturidade dos sistemas orgânicos é de prever algumas complicações no bebé pré-termo, a começar pela condição respiratória, nomeadamente a doença das membranas hialinas (doença típica da imaturidade pulmonar) e sua evolução para displasia broncopulmonar, bem como a doença pulmonar crónica. Ora, estas complicações aprensentam-se como prioridade de tratamento constituindo, na maioria das vezes, a primeira fase da nossa intervenção. As sequelas neurológicas mais frequentemente observadas são a hemorragia intra e peri-ventricular e a leucomalácia periventricular, ambas causadoras de encefalopatia no pré-termo, assim como de retinopatia da prematuridade, que pode conduzir a deficiência visual importante ou mesmo a cegueira. A médio/ longo prazo a sequela mais comum é a paralisia cerebral (PC). A PC pode ser classificada de acordo com a localização topográfica (hemiplegia, diplegia ou tetraplegia), nível de funcionalidade (segundo a Gross Motor Function Measure, que avalia o movimento voluntário, com ênfase no sentar e andar, e apresenta 5 níveis, sendo o nível 1 o de menor gravidade e o nível 5 o que apresenta severas limitações no controlo dos movimentos voluntários) e pelo tónus muscular (espástica, atáxica, discinésica ou mista). A exigência dos primeiros tempos de vida e as experiências antecipadas devem ser cuidadosamente observadas pelo fisioterapeuta de forma a melhor estruturar a sua abordagem. Assim, pretende-se promover o típico desenvolvimento do bebé, contribuindo para o seu desenvolvimento neuromotor. Da neonatologia para casa e da casa para o mundo, o fisioterapeuta é o fiel companheiro nos primeiros meses/ anos de vida. Só podemos intervir depois de avaliar. Só sabemos avaliar bem

o que conhecemos bem, pelo que é fundamental perceber no que se traduz o desenvolvimento típico do bebé. As competências adquiridas ao longo das janelas de crescimento servirão, então, como modelo no processo de diagnóstico e intervenção em fisioterapia. Que competências podemos esperar de um bebé de termo aos 6 meses? E de um bebé pré-termo de 28 semanas, com 9 meses de idade real? É grave se o bebé nunca gatinhou? Quando deixamos de considerar a idade corrigida para atendermos à idade real? Porque nos devemos preocupar com as questões sensoriais do bebé? Qual o papel das famílias ou cuidadores? A educação à família é peça chave para o sucesso da intervenção. A tríade (pai-mãe-bebé) poderá assim tirar partido das múltiplas atividades do dia a dia como oportunidades únicas para aprofundar as relações e potenciar o desenvolvimento típico do bebé.

Na minha perspetiva de intervenção, a atenção deve estar no bebé e na sua família. Não sou purista na abordagem, embora me sinta mais confortável com umas técnicas de que com outras. Observo muito. Escuto os pais. Toco. Facilito. Começo a construir o meu raciocínio. Procuro identificar os problemas e desenhar estratégias para os modificar. Escolho as técnicas em função do bebé e não o bebé em função das técnicas. Exercício diário. Aos fisioterapeutas caberá, cada vez mais, o papel de educador. Talvez pelas características da nossa formação académica sentimo-nos ainda pouco confortáveis neste modelo. Não concebo,

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no entanto, bons resultados em fisioterapia sem sermos capazes de proporcionar algumas ferramentas às famílias - não se pretende que os pais sejam fisioterapeutas, mas sim que sejam melhores pais. A educação à família é peça chave para o sucesso da intervenção. A tríade (pai-mãe-bebé) poderá assim tirar partido das múltiplas atividades do dia a dia como oportunidades únicas para aprofundar as relações e potenciar o desenvolvimento típico do bebé. A idade dos “porquês”, que se inicia por volta dos 3 anos de idade, terá de durar toda a vida. Saibamos nós fazer isto bem. É sempre importante lembrar quem nos ajuda a crescer! Aos bebés e suas famílias (pelos desafios diários); aos alunos e estagiários (pelas dúvidas e reflexões); à Alexandra Ribeiro e à Mónica Duarte (grandes amigas e ótimas fisioterapeutas na área pediátrica); à Alexandra Almeida e à Carmen Carvalho (neonatologistas de referência com quem discuto e aprendo todos os dias); à Dulce Gouveia (terapeuta da fala que me ensinou o verdadeiro significado de equipa interdisciplinar). Referências .................. p.20

Andreia Rocha –––– Fisioterapeuta desde 2005, desenvolve a sua atividade na área da neonatologia e pediatria no Centro Materno Infantil do Norte/ Centro Hospitalar do Porto e na clínica especializada em reabilitação pediátrica – Fisiokids. É ainda assistente convidada na Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro. Tem realizado diversas formações na área e participado em congressos nacionais e internacionais com apresentação de posters e preleções.

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Na era do digital onde a proliferação da informação atinge proporções nunca antes vistas, a atitude de escuta passiva que outrora existia em quase todas as consultas de nutrição, tornou-se num debate em que o paciente já traz várias questões de casa e onde surgem recorrentemente tiradas como: “mas um colega seu disse uma coisa diferente”, ou “mas eu vi no instagram/ facebook que…”. De que forma podemos então encontrar a informação sobre nutrição e alimentação menos enviesada possível? Começando pelas redes sociais, estas são um ótimo meio de partilha e divulgação de informação, mas não estão, de nenhuma forma, sujeitas a uma revisão de pares, nem ao contraditório. Existem páginas fantásticas, mas na mesma proporção existem páginas que não têm ponta por onde se lhe pegue. O número de seguidores de uma página/pessoa não é, de forma nenhuma, o garante de informação de qualidade. Aliás, tendo em conta que no meio académico esta forma de partilha de informação ainda é de certo modo olhada de soslaio, podíamos quase dizer que existe (tendencialmente) uma relação inversamente proporcional entre o número de seguidores de alguém numa rede social e o seu currículo académico (já para não falar da enorme quantidade de bloggers que dão “dicas” de nutrição sem formação na área). As notícias sobre nutrição partilhadas pelos media, podem também ser uma boa ferramenta (caso não estejam infetadas pelo vírus do clickbait e do sensacionalismo), até porque validar primeiro os factos com um nutricionista não custa nada. Mas se aos media ainda pode ser dada uma atenuante numa leitura menos correta dessa informação, no caso dos próprios profissionais de saúde, especialmente os nutricionistas, o caso já é bastante diferente. É completamente de salutar que existam opiniões diferentes sobre cada tópico e que se discutam as ciências da nutrição com elevação e com base na evidência científica disponível. Só que a este nível existem duas posturas extremas que convém clarificar: uma mais retrógrada que assume que a sua autoridade e curriculum são o suficiente para deixarem de estudar a partir de determinada fase da vida e achincalhar, de forma paternal, quem pensa

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Se cada nutricionista diz uma coisa diferente em que é que devemos acreditar? ____ Pedro Carvalho

de forma diferente; e outra demasiado vanguardista que, na ânsia de estar sempre na crista da onda do ponto de vista científico, leva à partilha e recomendação de algumas abordagens terapêuticas ou suplementos logo ao primeiro artigo ou sinal de existência de efeitos positivos. Em suma, é tão mau estar parado no tempo como ser um “catavento científico”. Seja para posts nas redes sociais, seja para comunicações em congressos ou formações, há sempre necessidade de ter o “filtro ligado”, uma vez que são cada vez mais frequentes manipulações de informação, de forma a transmitir uma ideia previamente concebida. Adulterações de gráficos dos artigos originais, escolha enviesada desses mesmos artigos (vulgarmente conhecida como cherry picking), apresentação de resultados in vitro ou em animais fazendo a ligação direta para esses efeitos em humanos, são tudo É completamente de salutar que existam opiniões diferentes sobre cada tópico e que se discutam as ciências da nutrição com elevação e com base na evidência científica disponível.

exemplos de estratégias intelectualmente desonestas utilizadas em prol de doutrinar convenientemente o público-alvo. Estas estratégias tornam-se particularmente graves uma vez que o público maioritário de muitas destas páginas e eventos são, por um lado indivíduos interessados na área mas sem formação na mesma e, por outro, estudantes e recém-licenciados ainda sem o arcaboiço necessário para distinguir o “trigo do joio” e que, com a avidez de conhecimento típica das primeiras fases de formação, aceitam muitas das vezes sem questionar todas as informações que estão a adquirir. Numa ciência tão recente e com tantas variáveis em equação como as ciências da nutrição, as palavras “exatidão” e “certeza” nunca poderão ser empregues. Existirão sempre (e ainda bem), diferentes perspetivas e abordagens a um mesmo problema, mas todas elas deveriam cumprir dois critérios básicos: a plausibilidade biológica e a evidência científica. Dizer “comigo resulta” para justificar uma recomendação nutricional não é compaginável com uma prática clínica responsável e séria, até porque a ciência não se importa com o que nós acreditamos, e o pior cientista é aquele que quer provar que está certo.

Pedro Carvalho –––– Pedro Carvalho é licenciado em Nutrição pela Universidade do Porto e finalizou o seu doutoramento em Ciências do Consumo Alimentar e Nutrição, em 2015. Muito profissional e ambicioso, já desenvolveu a sua atividade junto de atletas de topo e em clubes como o Futebol Clube do Porto. Além da sua prática clínica, o Pedro Carvalho escreve no jornal Público, dá aulas no ISMAI e na Universidade Católica, é consultor da Sonae, é autor de três livros (50 super alimentos portugueses, Os mitos que comemos e Comer, Crescer, Treinar) e ainda tem tempo para participar como orador em várias conferências e congressos científicos.

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Pilates kids & teens ____ Raquel Brandão

O método de Pilates, nos últimos anos em Portugal, tem ganho muita popularidade, existindo uma elevada procura pela prática desta modalidade. Uma das áreas em que o Pilates começa a ganhar terreno é na população mais jovem, porque cada vez mais se verifica, entre crianças e adolescentes, problemas relacionados, quer com más posturas, quer com um desenvolvimento físico rápido, sendo este um problema de saúde pública grave e em crescimento. Pilates é o método criado por Joseph Pilates, praticado há mais de 30 anos e que através de exercícios promove o ganho de força, flexibilidade, concentração, para além de outros benefícios para a saúde, pelo que é reconhecido, quer como atividade desportiva, quer como método de reabilitação. Este método baseia-se num conjunto de exercícios que têm como foco, o movimento controlado, a coordenação, o alongamento e a respiração.

Joseph Pilates nunca pretendeu fazer do seu método um espaço para elites, antes pelo contrário, o seu maior sonho era que fosse praticado desde tenra idade, nas escolas, por todas as crianças, para que cedo obtivessem o conhecimento do próprio corpo, com o objetivo de se tornarem adultos fortes, flexíveis, livres de dores e desequilíbrios desnecessários, ficando mais preparados, saudáveis e com uma maior consciencialização do seu corpo. Nos dias que correm é cada vez menos frequente encontrar crianças a brincar na rua, saltar muros ou simplesmente andar de bicicleta. Atualmente, em parte devido à nova era tecnológica, as crianças são absorvidas por atividades que envolvem pouca ou nenhuma atividade física, promovendo más-posturas e sedentarismo. Outro fator que é associado ao desenvolvimento de problemas de saúde relaciona-se com o peso transportado nas mochilas pelas crianças em idade escolar. Com efeito, várias são as questões que se põem quando se aborda o tema Pilates para crianças. Qual o objetivo, como funciona, quais as vantagens ou mesmo se é um método útil na

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infância. Nos Estados Unidos, em 2006, foi criado dentro do Pilates uma nova vertente onde Fisioterapeutas e professores de educação física promoveram uma campanha para a divulgação e introdução do método nas escolas, com a finalidade de reduzir a incidência de dor lombar causada pelo peso excessivo das mochilas. É possível encontrar na Medline, artigos que demonstram o impacto desta modalidade, reforçando a importância da sua implementação no currículo escolar. O estudo de Thessalia et al. pretendeu “determinar se o uso do método de Pilates poderia melhorar a postura de crianças em idade escolar, dada a importância do desenvolvimento nesta fase de crescimento músculoesquelético, em que o alinhamento da coluna é definido”. Os exercícios utilizados enfatizavam a dissociação segmentar mantendo a estabilidade da bacia em posição neutra, permitindo às crianças desenvolverem um melhor controlo motor, bem como reconhecerem e corrigirem posturas inadequados. Também notaram que os exercícios de Pilates, ajudaram os participantes a otimizar o seu sistema vestibular, visual e de equilíbrio, tendo verificado uma melhoria significativa na postura. A amostragem era constituída por 30 alunos, com 12 anos de idade, que foram avaliados pelo Portland State University evaluation form. Os resultados foram encorajadores, mostrando que cerca de 68,9% dos alunos avaliados revelaram uma melhoria significativa da sua postura, permitindo afirmar que os exercícios de Pilates contribuem para uma boa postura e equilíbrio.1 e 2

Baetta et al3, verificou a viabilidade da inclusão do método nas aulas, a fim de complementar os conteúdos propostos e proporcionar aos alunos maiores benefícios, prazer e lazer nas aulas de Educação Física. Concluíram ser viável propor a inserção do método Pilates nas aulas, como uma sugestão de uma nova modalidade dentro das Práticas Corporais Alternativas, “esclarecendo que o que pretendemos com este artigo não é desenvolver somente o Pilates nas aulas, e sim atrelar o método às propostas de Educaçãoo Física já existentes, suprindo assim as

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carências desta disciplina”.

Strasse et al4 tiveram em consideração a quinta patologia mais comum em desenvolvimento na adolescência, a escoliose. Esta patologia surge nos adolescentes na faixa etária de 10 a 16 anos. O Pilates foi considerado como alternativa no tratamento conservador de indivíduos dignosticados com este desvio postural por meio da eletromiografia e da simetrografia. Realizado em 2015, com 22 adolescentes com escoliose de ambos os sexos, com idade entre os 12 e 18 anos; foram escolhidos indivíduos fisicamente ativos, sem experiência no método e que não tinham sido sujeitos a cirurgia corretiva. Neste estudo foram realizadas 24 sessões, 2 vezes por semana, de um programa específico com exercícios de Pilates. Após a aplicação deste protocolo, foram novamente submetidos às avaliações, tendo os resultados demonstrado que 9 adolescentes melhoraram o seu alinhamento postural. O estudo concluiu que os exercícios tiveram elevada importância e que poderiam ser utilizados como tratamento conservador da escoliose. Pilates Kid & Teens tem o mesmo objetivo que o Método para adultos, mas os exercícios são apresentados de uma forma mais interativa para cativar a atenção e interesse das crianças.

Pilates Kids & Teens tem o mesmo objetivo que o Método para adultos, mas os exercícios são apresentados de uma forma mais interativa para cativar a atenção e interesse das crianças. Por norma, e dependendo do grupo onde se insere a criança, os conteúdos são passados de forma lúdica para que as crianças possam sentir-se mais motivadas pelo Método. Com efeito, para organizar uma aula que seja funcional e que permita que os objetivos definidos sejam alcançados, é necessário conhecer bem o mundo das crianças e adolescentes. É fundamental conhecer o raciocínio lógico infantil, entender o pensamento das crianças, bem como elaborar as suas construções mentais e a sua visão sobre o mundo que as rodeia. Desta forma, o Pilates Kid & Teens apoia-se em Piaget, para perceber em que estádios do desenvolvimento cognitivo se encontra a criança. Crespo, T et al 5 descrevem, de forma sucinta, os estádios para que seja mais fácil compreender o desenvolvimento cognitivo da criança. Este autor divide-o em quatro fases, denominando-as de estádios de desenvolvimento. Cada estádio corresponde a uma determinada faixa etária da criança, e cada faixa etária é descrita por um conjunto de características. Piaget denomina-os do seguinte modo: Sensoriomotor que caracteriza as crianças com 0-2 anos de idade; Pré-Operatório que corresponde às crianças dos 2-7 anos de idade; o estádio Opera-

Raquel Brandão –––– Licenciada em Fisioterapia desde 2001 pela Escola superior de Saúde Egas Moniz, com pós-graduações em Coordenação de Unidades de Saúde e Fisioterapia MúsculoEsquelética. Instrutora de Pilates Clínico desde 2009 e Formadora APPI desde 2015. Tendo realizado em Londres em 2015 CPD - Pilates for Children & Teens, 2017 em Londres atualizou CPD - Pilates for Children & Teens. Exerce funções de subcoordenadora no HPA em Almada e na sua empresa PilatesRehab onde trabalha com adultos e crianças.

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tório-Concreto que engloba as crianças com 7-11 anos de idade; e, por último, o estádio Operatório-Formal, a partir dos 11/12 até à idade adulta. De forma sucinta, Pilates Kids & Teen descreve as três fases em que se insere o método e avalia os principais impactos e mais-valias no futuro, da seguinte forma: Pré-operatório (4-7 anos) - é no Período Intuitivo (inserido dentro do pré-operatório) onde parece fazer mais sentido a introdução do método. É neste momento que as crianças podem iniciar a prática do método de Pilates, de modo a beneficiar dos seus efeitos por possuírem controlo dos músculos abdominais, uma vez que até aos 4 anos todo o apoio é feito com as mãos e rotação do tronco. Nesta fase têm capacidade de distinguir entre a realidade e a fantasia, e iniciam a “fase dos porquês”, fase caracterizada pelo egocentrismo e pensamento mágico. As aulas consistem essencialmente em jogos e muita criatividade por parte de quem leciona, e o objetivo é promover ainda mais os movimentos naturais. São aulas de curta duração e muito dinâmicas. Para aquisição de experimentação motora e cognitiva, este é o período mais importante. É essencial trabalhar o equilíbrio e propriocepção sem haver a preocupação com a “ativação do centro”. O trabalho durante a aula deve ser feito com limites, regras e normas, mas envolvendo e promovendo sempre a participação do aluno, utilizando as suas representações da realidade. Operações Concretas (7 – 12 anos) - Nesta fase a criança inicia o seu desenvolvimento de raciocínio lógico. Ela gosta de

Joseph Pilates [...], o seu maior sonho era que fosse praticado desde tenra idade, nas escolas, por todas as crianças, para que cedo obtivessem o conhecimento do próprio corpo, com o objetivo de se tornarem adultos fortes, flexíveis, livres de dores e desequilíbrios desnecessários, ficando mais preparados, saudáveis e com uma maior consciencialização do seu corpo.

socializar e participar em grupos, compreende bem a aplicação de regras, e permite-se liderar e ser liderada, desde que em concordância com as regras. A criança adora desafios e já tem a capacidade de elaborar conceitos concretos, nomeadamente, os que envolvam sincronizações, rotinas e objetos. Tem a capacidade de ter um pensamento racional, acedendo aos seus conhecimentos, classificando e organizando as informações adquiridas. Nesta fase os exercícios do Pilates já são aplicados de um modo mais rigoroso, com o objetivo de identificar encurtamentos, fraquezas e desequilíbrios posturais, cabendo ao instrutor corrigir estas alterações/ disfunções de forma adequada e assertiva. Aqui vamos encontrar elementos extremamente competitivos, característica especifica desta faixa etária, o que pode tornar-se num instrumento a favor, ou não, do trabalho pretendido. É muito importante que de aula para aula, o desafio seja cada vez maior, pois só desta forma poderá manter-se o interesse das crianças pela modalidade. É através da aprendizagem de observação, de um para o outro, que a criança se

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organiza e encontra soluções para os desafios que lhe são propostos, sendo extremamente importante saber lidar com a autonomia dessas crianças. Equipamentos mais sofisticados, como o Reformer ou Cadillac, podem ser introduzidos para ganho de força, pois não alteram o crescimento da musculatura, devido à fluidez do seu trabalho; deve-se, no entanto, ficar atento porque o objetivo não é promover a sua rigidez. O corpo da criança está disponível para a “moldagem”, mas deve ser bem trabalhado. A partir dos 9 anos pode trabalhar-se a força do centro, usando exercícios que promovem a mobilidade. Operatório-formal (8-14 anos) - Nesta fase ocorre um aumento do raciocínio lógico e as crianças aprendem a coordenar ideias abstratas. Esta fase é também caracterizada pelo auge do desenvolvimento da inteligência, sendo o erro um conceito que na fase de pré-adolescência, deve ser discutido e analisado. Na verdade, esta pode ser das fases mais desafiantes para qualquer instrutor, havendo ajustes necessários na linguagem usada. É também importante salientar que, de modo bem aprimorado, o adolescente consegue elaborar as suas próprias teorias e recorrer a explicações para justificar a realização ou não dos exercícios que lhe são propostos. Na pré-adolescência ocorre a explosão de hormonas, que tem início aproximadamente aos 12 anos e vai até perto dos 20 anos. Este grupo etário requer algum “jogo de cintura” por parte do instrutor. É necessário, para além de ter noções anatomofisiológicas, algum tipo de preparação para interagir e é de extrema importância a empatia e a conquista da confiança, tendo os instrutores de “assumirem o papel” de adolescentes. É nesta fase que os instrutores se deparam com as escolioses idiopáticas, sendo que muitas vezes a única forma de convencer o aluno a fazer os exercícios é mostrar-lhe as consequências a que está sujeito se não o fizer - isto pois nesta fase já possuem a capacidade de compreensão abstrata. Os erros são muito frequentes e repetitivos nesta fase, pelo que não devem ser ignorados, mas sim trabalhados.

Pilates Kids & Teens parte do pressuposto que é importante educar as crianças, desde tenra idade, a moverem-se e desenvolverem bons hábitos posturais. Existem boas hipóteses que esses hábitos continuem até à idade adulta, protegendo-as de disfunções biomecânicas do sistema músculoesquelético, bem como ensinando-as a lidar com a dor. No Pilates Kids & Teens, as crianças aprendem a ter bons hábitos posturais e são incentivadas a pensar sobre as suas próprias posições corporais em diferentes atividades. Com o input adequado e constante, estarão com certeza no bom caminho, para obter mais resultados na precisão do movimento, atingindo assim o output esperado. Para terminar, podemos afirmar que o método permite ao sistema neuromuscular, mais consciência da posição do corpo: trabalha a propriocepção, aumenta o input sensorial e melhora a flexibilidade, coordenação, resistência e força. Mas, para além de melhorar a parte física, também melhora a capacidade mental e estimula a sensação de bem-estar. Bem-vindos ao mundo do Pilates, boas posturas, melhor saúde física e mental. Referências .................. p.20

Curtas.

Num momento em que a Bwizer foi reconhecida na UK Pilates Conference em Londres como “APPI’s Licensee of the Year” não podemos deixar de agradecer a todos os nossos formandos que atestaram a qualidade destas formações e ao mesmo tempo reconhecer o excelente trabalho feito pelas nossas APPI Trainers Portuguesas, Francisca Lourenço, Sofia Neves, Ana Duarte e Raquel Brandão, a quem estamos muito gratos. E para si que quer saber mais sobre qual o percurso a seguir, após o MW1 (Foundation Course), vamos procurar ajudá-lo com uma breve apresentação dos níveis a seguir:

Matwork 2: de um modo muito sucinto, no módulo Matwork 2 (Class Instructor) abordará tudo aquilo que é necessário para conduzir uma classe de Pilates de forma autónoma, multiplicando a aplicabilidade deste método no seu contexto profissional. Se o contexto de classes o apaixona, este curso é para si. Matwork 3: no módulo Matwork 3 (Intermediate/Advanced) sedimentará todo o seu conhecimento sobre o método APPI, elevando o grau de dificuldade dos exercícios a um nível avançado e sabendo adaptar os mesmos a condições específicas, que lhe permitirá intervir junto de qualquer classe de pacientes. Recordamos que a frequência destes níveis não é obrigatoriamente consecutiva, poderá frequentar o Matwork 1 e de seguida o Matwork 2 ou 3, ou qualquer CPD (continuing professional development). No entanto, ao completar os 3 níveis matwork terá acesso ao exame de certificação Matwork APPI.

Exame de certificação Matwork: completando os 3 níveis matwork estará a um passo de obter a sua certificação Matwork APPI. Para tal, terá que frequentar o respetivo exame de certificação. Esta certificação permitirá que se torne num membro oficial da APPI, juntando-se à lista de APPI Instructors. Será assim reconhecido em vários países como especialista num dos conceitos posturais e de movimento mais reconhecidos e utilizados mundialmente. Módulos Avançados (CPD): a APPI e a Bwizer acreditam ser fundamental que continue a atualizar as suas skills da Pilates e para isso oferecem-lhe o programa CPD. São hoje 4 módulos que poderá escolher de acordo com as suas necessidades: - Pilates no Pré e Pós-Natal: um curso bastante prático e dinâmico, que permite evoluir na sua formação em Pilates, adaptando os diversos exercícios ao contexto da gravidez e ao período da recuperação após o parto. - Pilates com Bola: neste módulo aprenderá a incorporar uma importante ferramenta funcional – a bola suiça, conciliada com a abordagem funcional da APPI, garantindo assim a aplicação de programas de Pilates completos, dinâmicos e divertidos.

APPI em Portugal

O mundo APPI (The Australian Physiotherapy and Pilates Institute) em Portugal tem crescido ano após ano. São já mais de 2300 formandos que iniciaram o seu caminho através do Nível 1 do Pilates Matwork. Uma porta de entrada para um universo formativo desenhado para dar resposta aos desafios que cada um enfrenta no seu contexto profissional.

- Pilates para Escolioses: um dos CPD’s mais procurados pelos alunos. Através deste curso, irá analisar em detalhe os diferentes tipos de escoliose, a sua incidência e desenvolvimento, assim como discutir e estabeler uma intervenção de acordo com o tipo de curva. - Pilates para Crianças: neste CPD irá aprender a estabelecer uma intervenção de acordo com cada fase de desenvolvimento, promovendo a atividade física nas crianças e estimulando hábitos posturais na criança. A Bwizer e a APPI orgulham-se hoje de apresentar um portefólio de cursos completo e em crescimento. Poderá hoje iniciar ou consolidar uma carreira como instrutor de Pilates APPI. Junte-se a esta comunidade internacional, presente hoje em mais de 20 países.

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Treino funcional: para todos ou só para alguns... ____ Gabriel Jorge

Quando decidimos retirar os nossos clientes de “máquinas” padrão e optamos por mecânicas de treino mais funcionais e exercícios multidimensionais de complexidade crescente, o risco aumenta. Por isso, prepare-se bem e salvaguarde todas as situações possíveis!

O treino funcional tem a sua origem na própria natureza Humana. No passado, por uma questão de sobrevivência, hoje em dia, como método de treino! Neste artigo estão descritos 7 Princípios Fundamentais que considero essenciais para a aplicação do Treino Funcional.

Princípio 1: Avaliar e Priorizar Avalie, priorize e treine todos os componentes da função. Qualquer pessoa quer e precisa melhorar ou manter as suas habilidades funcionais. No entanto, parece que os métodos mais tradicionais da formação base, podem não ser totalmente eficazes. Em 2001, Keysor e Jette(1) analisaram alguns estudos que pretendiam avaliar os efeitos das intervenções de exercício (força, cardiovascular e flexibilidade) em indivíduos adultos. A análise mostrou melhorias pós-treino consideráveis ao nível da força, amplitude articular de movimento, capacidade aeróbia e composição corporal. No entanto, as melhorias do ponto de vista “funcional” (marcha, levantar, sentar, etc.) não eram significativas.

Latham e outros autores(2) voltaram mais tarde a esse tema e

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analisaram apenas ensaios controlados aleatórios referentes ao treino de resistência progressiva. As conclusões confirmaram o que Keysor e Jette haviam sugerido alguns anos antes: embora houvesse um grande efeito positivo sobre a força muscular, o efeito sobre a capacidade funcional era pequeno. Estas conclusões podem surpreender alguns, mas ajudam-nos a reforçar a ideia de que força não é função. Força é apenas uma (mas importante) de muitos componentes que contribuem para a capacidade funcional. Existem duas razões principais para isto: 1. Muitas das nossas tarefas diárias dependem da força para serem bem-sucedidas (por exemplo: subir escadas, levantar/sentar de uma cadeira, etc.) 2. Potência é a combinação de dois componentes funcionais (força e velocidade). Para melhorar significativamente a capacidade de desempenho funcional de cada cliente, irá muito provavelmente necessitar de abordar vários componentes simultaneamente. É difícil abordar as necessidades individuais de cada um sem primeiro avaliá-los. Portanto, será de extrema importância iniciar qualquer processo de treino com uma avaliação completa… algo que vá além das comuns medidas antropométricas e que procure examinar, avaliar e definir as prioridades para cada cliente. Os resultados dessa mesma avaliação irão mostrar em que momento funcional se encontra o cliente, padronizar as disfunções e orientar os objetivos específicos (princípio da individualidade). Com a validação de novos protocolos, esta área está em constante desenvolvimento, pelo que se torna fundamental adaptar

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cada momento a cada indivíduo.

Princípio 2: Tomar decisões com um propósito Tome decisões orientadas e objetivas. Os profissionais do fitness têm, atualmente, mais opções de treino do que nunca, o que faz com que devam ser cada vez mais prudentes a selecionar métodos, técnicas, exercícios específicos, progressões, equipamentos e ambientes. Se fizermos uma avaliação adequada e completa, essa tarefa pode tornar-se significativamente mais fácil. Uma rotina “geral” de treino está enraizada nas nossas mentes, pelo que muitas vezes sentimo-nos culpados se não treinarmos “tudo”! Mas porquê desperdiçar tempo incluindo movimentos que não servem “aquela pessoa” em vez de otimizar esse mesmo tempo para a necessidade pretendida? As escolhas que cada profissional faz determinam os resultados do cliente. Embora existam algumas semelhanças gerais entre os clientes, eles não são todos iguais… Na verdade, essas diferenças, proporcionam uma enorme diversidade em termos de habilidades funcionais.

Princípio 3: Treine nos 3 planos de movimento Para se preparar para as diferentes exigências funcionais, integre padrões de movimento, por treino, nos três planos. A vida é tridimensional. As pessoas alcançam, dobram-se, inclinam-se, giram e torcem-se constantemente. Todos enfrentamos continuamente desafios nos planos frontal, sagital e transversal… Então, porque não transpor isto para o treino?

Joseph F. Signorile, PhD aborda no seu livro(3) a importância de usar exercícios em vários planos de movimento e descreve uma aproximação interventiva para transformar ganhos na aptidão global em ganhos funcionais. Este autor descreve um modelo periódico, no qual um ciclo de treino fisiológico é seguido por um ciclo de aprendizagem motora multiplanar/ translacional. O ciclo de treino fisiológico concentra-se na melhoria dos componentes primários — como força, flexibilidade e capacidade aeróbia — através de métodos tradicionais, enquanto o ciclo de formação translacional centra-se no aumento da

Gabriel Jorge –––– A licenciatura em Desporto e Educação Física (ISMAI) deu o impulso à sua vida profissional, tendo iniciado em 2005 como Personal Trainer no Holmes Place. Atleta desde os 10 anos, a sua forte paixão pelo Treino e pela Educação do Corpo contagiou a Bwizer e a partir daí iniciou o seu portefólio de formador, lecionando o curso de FT Coach® (Barcelona 2013). Conjuga as áreas do Treino com a Liderança, Motivação e Trabalho de Equipa como forma de potenciar a performance dos seus clientes. Desde 2016 que abraçou um novo projeto, aceitando ser Diretor Técnico do Breathe Sport Fitness.

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Entrevista.

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capacidade funcional através de tarefas multidimensionais de controlo motor, de complexidade crescente. Para isso recorremos muitas vezes a tarefas dinâmicas, instabilidades na base de suporte, variabilidades direcionais e múltiplas tarefas.

Princípio 4: Suplemente ou Complemente com Exercícios Isolados Faça dos movimentos tipicamente isolados uma componente suplementar ou complementar do programa de exercício e não a sua base principal. Embora se deva sempre considerar as necessidades individuais dos clientes, evidências apontam para que a utilização de exercícios multidimensionais, que abordem mais do que uma componente da função, deva ser o foco principal para os seus clientes(2). Os movimentos isolados podem ser considerados os mais eficazes para a melhoria da força de um grupo muscular específico, contudo a força é somente uma das componentes que devemos ter em conta. Melhorias significativas na força muscular não necessariamente equivalem a melhorias semelhantes no desempenho funcional(4). Assim, torna-se fundamental identificar o momento chave para a utilização dos exercícios isolados no plano do treino.

Princípio 5: Realize exercícios sentados apenas para fins específicos Optar por realizar exercícios na posição sentada apenas quando absolutamente necessário, ou quando os mesmos são orientados para um propósito específico. A realização de exercícios no conjunto postural sentado provou ser menos eficaz

na abordagem à mecânica funcional do que exercícios com recurso ao equilíbrio, mobilidade, propriocepção, etc.(5). No caso da mobilidade, esta revela-se como uma componente fundamental na longevidade da saúde do ser humano. A perda de mobilidade pode levar a uma “espiral mortal” caracterizada por um decrescente nível de desempenho motor e, consequentemente, na atividade física. Treinar de pé recruta muito mais grupos musculares do que simplesmente se nos sentarmos. O desafio neuromuscular é mais complexo e requer maior grau de força, propriocepção, ativação do centro de gravidade e estabilidade postural. Por isso, procure: 1. Treinar e desafiar a base de apoio 2. Treinar o controlo do centro de gravidade 3. Enraizar as bases de apoio (pés e/ou mãos) como ponte de transferência de energia

Princípio 6: Planeie do mais complexo para o menos complexo Oriente o planeamento dos treinos com base nos níveis de energia necessários, por forma a otimizar cada momento. Opte por colocar movimentos mais complexos e multiplanares no início de cada sessão de treino e deixe para mais tarde os exercícios isolados. O que não quer dizer que esses exercícios sejam menos desafiantes, dado que não se deve confundir complexidade com intensidade - isto pois um movimento isolado, não sendo complexo, pode e deve ser intenso! Quanto mais instável e funcional for o desafio, menor deve ser a carga externa, por forma a maximizar a ação das forças para realizar o movimento. Com o decorrer do treino é típico que o foco energé-

tico do músculo e a fadiga mental diminuam a capacidade de reação ao treino, aumentando o potencial de lesão dado o déficit das capacidades funcionais. Por vezes o caminho mais assertivo será realizar treinos de menor duração, mas com maior qualidade.

Princípio 7: Segurança primeiro rumo ao sucesso Maximize a segurança e o sucesso do indivíduo, optando por uma abordagem holística (visão integral) ao treino. Quando decidimos retirar os nossos clientes de “máquinas” padrão e optamos por mecânicas de treino mais funcionais e exercícios multidimensionais de complexidade crescente, o risco aumenta. Por isso, prepare-se bem e salvaguarde todas as situações possíveis! Como abordado anteriormente, comece sempre com uma boa avaliação que permita conhecer bem o cliente e o seu estado atual. Isto porque muitos dos movimentos que irão passar a fazer parte da sua rotina de treino vão depender da sua estabilidade e vão desafiar o seu equilíbrio. O spoting desejado passará sempre por estar o tão longe do cliente necessário para uma análise global e o mais perto possível para permitir minimizar o grau de risco e maximizar a performance do exercício. Não se distraia com o colega do lado, com a televisão ou com o telemóvel… o seu cliente deverá ser o seu foco máximo de atenção! Utilize estratégias sólidas de aprendizagem motora e vá progredindo com base na resposta de cada indivíduo. Avalie a evolução evitando saltar etapas e assim minimizar o fracasso e o risco de lesão. Referências .................. p.20

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É errado pensar que a falta de força não é um problema de saúde! ____ Pedro Correia

Existe atualmente evidência científica suficiente para afirmarmos que o treino de força é um método eficaz ao nível da prevenção, tratamento e, potencialmente, da reversão de várias doenças crónicas. Efetivamente, a adesão a um programa de treino de força devidamente desenhado pode aumentar de forma significativa a saúde física e mental da população.

Pedro Correia –––– Licenciado em Educação Física e Desporto no Ramo Gestão do Desporto pela Universidade da Madeira; Master em Gestão de Campos de Golfe pela Universidade Europeia de Madrid. Apaixonado pelo conhecimento, são muitas as formações complementares que já frequentou, destacando-se o Programa completo de Performance Mentorship com a EXOS e o Strength & Conditioning Mentorship Program com Michael Boyle. Com uma vasta experiência profissional, atualmente mantém ligação ao golfe e é Co-Fundador e Head Coach na The Strength Clinic. Preletor em vários Congressos, Conferências e Seminários, sendo também Formador na área do exercício, saúde e performance desportiva.

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A importância é tal que são várias as organizações de renome mundial (Organização Mundial de Saúde, Centers for Disease Control and Prevention, American Heart Association, American Association for Cardiovascular and Pulmonary Rehabilitation, American College of Sports Medicine) que recomendam esta forma de treino para manter a saúde. No entanto, apesar desta evidência, a maior parte da referenciação para o exercício é ainda o treino aeróbio e são poucos os médicos (e profissionais de saúde em geral) que fazem a referenciação para o treino de força. Este artigo tem como objetivo alertar para a relevância e para o impacto valioso do treino de força na saúde. Cerca de 100% da nossa existência biológica tem sido dominada pela atividade outdoor. Caçar e procurar comida tem sido uma condição da vida humana durante milhões de anost. Ou seja, se no passado era preciso fazer esforço (i.e. actividade física) para encontrar comida, hoje em dia a comida vem ter connosco sem esforço algum. Portanto, passamos de um estilo de vida bastante activo para um estilo de vida altamente sedentário, com consequências graves ao nível da saúde pública. Com efeito, se antigamente todas as pessoas tinham que exercer algum esforço físico para fazer a sua vida normal, hoje em dia a maior parte não tem essa necessidade. O ambiente mudou e as pessoas também mudaram. Estão mais fracas, mais doentes, têm mais dores crónicas e estão cada vez mais dependentes de medicamentos. Mas a mensagem que ainda se passa na nossa sociedade (e em consultas médicas) é “não faça esforços e faça a sua vida normal”. Ora, eu acredito que este é o pior conselho que se pode dar às pessoas! Vida normal? Mas que conselho é este? Como é que o normal pode ser bom? É preciso estar completamente alienado da realidade para poder fazer recomendações deste género. Hoje, temos mais oportunidades do que nunca para construir um fenótipo saudável e forte. O fenótipo é a expressão do nosso organismo e este depende, em grande parte, das escolhas que fazemos todos os dias. Dois organismos podem ter o mesmo

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equilíbrio, da ocorrência de quedas e de mortalidade(4). No caso dos idosos é importante assinalar que as quedas são a principal causa de morte acidental após os 65 anos e que são as fraturas das ancas aquelas que afetam em maior extensão a independência dos mesmos(5).

[…] a adesão a um programa de treino de força devidamente desenhado pode aumentar de forma significativa a saúde física e mental da população.

genótipo, o mesmo DNA, mas diferentes fenótipos – baseado nas suas experiências e no ambiente. É certo que há coisas que não conseguimos controlar como a nossa herança genética, o local do mundo onde nascemos/ vivemos, a sorte e o ambiente. Mas há muitas coisas que conseguimos controlar e que dependem exclusivamente das nossas prioridades na vida e das nossas escolhas diárias (exemplos: hábitos de exercício, alimentação, sono, gestão do stress, tabagismo, álcool, exposição a ambientes poluídos). E eu acredito que o exercício físico em geral (e o treino de força em particular) é o fator mais importante de todos. É o mais potente, é quantificável e atua rapidamente em todos os sistemas e órgãos do corpo humano. A realidade é esta: a população está envelhecida e com mais doenças crónicas/ não transmissíveis. As principais doenças não transmissíveis são as doenças cardiovasculares, cancros, doenças respiratórias crónicas e diabetes. Só estes quatro grupos de doenças contam mais de 80% para as 41 milhões de mortes no

mundo(2)! De acordo com o primeiro relatório sobre envelhecimento saudável da Organização Mundial de Saúde (OMS), espera-se que o número de pessoas com mais de 60 anos duplique em 2053 e é neste contexto que precisamos de intervir, com urgência, no sentido de promover a autonomia motora e melhorar a capacidade funcional das pessoas. As tradicionais recomendações das caminhadas, da natação, do Pilates e de “fazer esforços de baixa intensidade” ou “não fazer esforços” provavelmente precisam de ser reconsideradas e devidamente contextualizadas. É neste âmbito que o treino de força e o treino das qualidades físicas assumem um papel lapidar. Todas as pessoas (atletas e não atletas) precisam de treinar as suas qualidades físicas para viver com qualidade e de forma independente. Depois dos 30 anos de idade, os adultos perdem 3 a 8% da sua massa muscular por cada década. Ao longo do tempo, a perda de massa magra contribui para uma diminuição da força muscular e da potência, importantes preditores de

Quando falo em força refiro-me à base para interagirmos com o ambiente à nossa volta, à fundação para o desenvolvimento das outras qualidades físicas (mobilidade, potência, velocidade, agilidade, endurance muscular), à capacidade de produzir força contra uma resistência externa (pode ser o chão ou outro objeto qualquer) através das contrações musculares. Esta é, provavelmente, a capacidade mais treinável que dispomos e aquela que poderá ter maiores repercussões na melhoria da nossa função, independência e longevidade funcional. Tarefas como caminhar rapidamente, sentar e levantar de uma cadeira, subir escadas, manter o equilíbrio, carregar malas ou brincar com os filhos/ netos, são exemplos de atividades da nossa vida diária que requerem uma componente mínima das várias manifestações de força (força máxima, força rápida e força de resistência). Portanto, tanto a força, como o músculo (mais a sua qualidade que quantidade), são parâmetros da função física que precisam de ser cuidados na construção do fenótipo do envelhecimento saudável. Estas questões assumem ainda maior importância quando constatamos que a partir do passado dia 1 de outubro de 2016, na décima revisão da classificação internacional de doenças (ICD-10), a sarcopenia foi classificada, pela OMS, como uma doença, sendo detentora de um código próprio (M62.84). Isto deverá levar a um aumento na disponibilidade de ferramentas de diagnóstico e a um maior entusiasmo da indústria farmacêutica para desenvolver medicamentos para combater a sarcopenia 6. Mas, na minha opinião, isto também representa uma grande oportunidade para os profissionais do exercício poderem ajudar no combate desta doença, já que será o treino de força (devidamente orientado, como é óbvio) o estímulo mais potente na sua prevenção e tratamento. Referências .................. p.20 (Este artigo é composto por 2 partes, sendo a última publicada no número 6 da Bwizer Magazine)

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À conversa com...

À conversa com

Maria João Alvito ____

Maria João, se tivesse que escolher 3 palavras para se descrever, quais seriam e porquê?

tinuamos ainda hoje com esta premissa). Relativamente aos 3 principais momentos na minha carreira saliento:

Resiliência, positivismo e curiosidade. O que sou como profissional e pessoa é fruto de uma grande resiliência e capacidade de enfrentar os constantes desafios da vida, aceitando as minhas forças e vulnerabilidades. Perdemos tempo e energia interior quando nos lamentamos. Há sempre algo que podemos aprender de forma construtiva, mesmo nos momentos mais “negros” da nossa existência. Tenho uma curiosidade inata pelo ser humano e pelas culturas dos diferentes povos. Considero que quem não é curioso já “morreu”.

1. Início de carreira, em 1990, na Função Pública, a trabalhar num Hospital Central (Hospital de Egas Moniz de Lisboa) num serviço de Fisioterapia inovador, multidisciplinar e com o cuidado na formação contínua da equipa. Contudo, ao longo dos 10 anos de trabalho como funcionária pública, senti que não era o que queria para o meu futuro profissional.

É uma fisioterapeuta diferente da maioria, tanto pelo percurso e área de trabalho, como pelas coisas que faz. Como entrou na fisioterapia e que momentos destaca na sua carreira? Por não ter média para entrar na Faculdade de Medicina concorri ao curso de Fisioterapia. Procurei encontrar uma profissão na área da Saúde com contacto directo com o corpo humano e em que as relações interpessoais fossem valorizadas. Quando entrei em Alcoitão, em 1987, desconhecia a revolução da profissão e quanto era importante que cada Fisioterapeuta contribuísse para um trabalho de qualidade e dignificação da carreira (con-

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2. Arriscar ao criar o “Centro Olá Mamã Centro de Preparação e Educação para o Nascimento” em Lisboa, em 2002, onde desenvolvo toda a prática clínica na área da Saúde Materno-Infantil. Este é um espaço de aprendizagens profissionais enquadradas na minha área de eleição na Fisioterapia. Aprendo diariamente com as famílias e os desafios que o processo de parentalidade nos coloca. Trabalho e cruzo saberes clínicos com diferentes profissionais a nível nacional e internacional. 3.Todas as experiências formativas nacionais e internacionais que tive oportunidade de desenvolver. Toda a carreira de formadora na área da Saúde Materno-Infantil que começou na APF e que, desde 2000, “pasito a pasito” foi transformada numa atividade de formadora freelancer, em Portugal, e no estrangeiro - já trabalhei como formdora em 13 países,

diferentes continentes, o que me trouxe a possibilidade de vivenciar diferentes culturas, suas práticas e saberes tão distintos. Aprender a respeitar a diferença sem julgamentos de valores “à portuga”.

Este percurso foi desenhado de forma meticulosa ou “foi surgindo”? Não acredito no simples acaso ou no tecnicismo puro. Acredito sim, no trabalho e na paixão de nos movermos para construirmos os nossos sonhos, com suor e dedicação. Este percurso profissional surgiu de diversas experiências de vida profissional e humana, que contribuíram para a criação de novas oportunidades de realização. Com efeito, quando surge uma oportunidade que “mexe connosco”, cabe às nossas mãos e coração aceitar o desafio sem saber, na maioria das vezes, qual a “rede” ou desfecho, mas arriscando porque se acredita que corresponde a nossa “impressão digital“. [...] a equipa multidisciplinar deve proporcionar uma experiência positiva de parentalidade. Todos os profissionais de saúde têm um papel: no centro a família, à sua volta políticas de saúde onde cada profissional pode contribuir para o bem-estar holístico da saúde.

A Maria João Alvito foi a idealizadora e criadora do centro “Olá Mamã”, um conceito bastante diferenciado e raro em Portugal – como tudo começou? Como um “quarto filho”, sonhado, buscado, construído. Após ter trabalhado durante 10 anos na função pública, mais especificamente na área da Saúde da Mulher, após ter andando com a “trouxa às costas” em várias clínicas privadas, depois de ter coordenado uma equipa multidisciplinar num projecto de um empresário e médico, senti que após todas estas vivências seria minha vez, em 2002! E assim criei um projeto de raiz, com cariz privado para poder “abrir as asas”, ser “dona“ do meu tempo e poder oferecer serviços de Saúde Materno-Infantil, com uma filosofia baseada num Modelo Relacional onde a Família é o centro da intervenção. E hoje, todos os profissionais de saúde da equipa “Olá Mamã” trabalham segundo este valioso princípio. Atualmente, o centro Olá Mamã, para além de prestar serviços na área pré e pós-parto, transformou-se, em 2016, também num centro de formação profissional creditado pela DGERT. Um passo em frente, de acordo com o nosso trabalho formativo, estabelecendo parcerias formativas com diferentes entidades a nível nacional e internacional.

Os seus clientes são, tipicamente, os

pais. É difícil lidar com os pais? Que dicas deixa? Os clientes pais/ famílias são a nossa “matéria prima” para crescermos e maturarmos como profissionais nesta área da Saúde Primária e Educação Parental. Escutar verdadeiramente as necessidades parentais (e não projetar o outro com o que sabemos sobre o assunto x), descomplicar, com os pais, o cenário clínico. Sermos muito práticos na seleção conjunta de estratégias de resolução. Cada família é única, não há fotocópia de bebés e os contextos específicos da família moldam as escolhas de saúde. Seja humilde e inspire os pais a descobrir o seu filho/a com diferentes ferramentas de saúde. Não tenha medo de errar, pois errar faz parte do percurso de desenvolvimento e maturidade, quer para o profissional, quer para cada mãe, pai e bebé. Como profissionais de saúde temos que ter ética e nunca projetar os nossos valores/ vivências parentais, como a “escolha certa”. Não podemos ser extremistas, nem fundamentalistas!

A sua vida familiar foi determinante para as suas escolhas profissionais? Diretamente posso afirmar que não foi. Mas acrescento que uma estabilidade emocional e afetiva é um ingrediente secreto para podermos sonhar mais alto, ao

mesmo tempo que mantemos grandes responsabilidades como mãe/ família. Eu não podia arriscar no meu timing pessoal, pelo que procurei criar condições de sustentabilidade para poder arriscar com o timing da família. Não é, de todo, um requisito ser mãe ou pai (muitos alunos comentam comigo este pequeno, grande receio) para poder prestar cuidados de alta qualidade na área da Saúde Materno-Infantil. O que é fundamental é colocarmo-nos no lugar da mãe, pai e bebé para podermos intervir nos diferentes cenários clínicos, respeitando as diferentes dinâmicas familiares.

Para onde caminhará a área da Preparação para o Nascimento? Para uma construção cada vez mais menu a la carte, onde as famílias poderão selecionar os conteúdos programáticos (tal como na Netflix), com pais cada vez mais munidos de informação e contra informação das redes sociais, com uma necessidade urgente de criar espaços de saúde onde o tempo de contrarrelógio para, e em que cada casal escuta o corpo, os seus sinais e sintomas. Descobrem-se novas aplicações (não da Google/Apple Store) e, sem julgamentos por parte dos profissionais de saúde, experienciam-se novas ferramentas para lidar com a saúde da mãe, do pai e do bebé. Um convite presente e futuro aos pais/fa-

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À conversa com...

mílias para uma reflexão crítica, onde os profissionais de saúde têm de apresentar uma qualidade bem sustentada em saberes científicos e prática clínica. Penso também que a Preparação para o Nascimento irá dar largos passos com o “nascimento” de novos profissionais de saúde com competências técnicas, mas acima de tudo com competências relacionais.

O que é mais gratificante no trabalho que desenvolve no seu centro? Poder receber literalmente “novas vidas”, participar ativamente na construção de saberes da família que nasce com a responsabilidade de um profissional de saúde. Gerir o “tempo”, que é um luxo nos dias de hoje, com liberdade de ação. Poder criar novos produtos, inovar nas estratégias de ensino parental. Aliar a prática clínica com a formação profissional.

- Articular as equipas multidisciplinares, onde cada profissional contribui para a saúde holística da família. - O profissional de saúde deixa de ser o expert e passar a ser o facilitador de aprendizagens. - Continuar a estabelecer contacto face to face com o profissional de saúde em detrimento do contacto exclusivo via internet. - Priviligiar vivências sociais com pares / aprendizagem social para a mudança de comportamentos em saúde. - Inserir o bebé como um elo ativo na construção dos saberes parentais. Intervenções práticas (e não somente guidelines) focadas no modelo relacional onde a família/ bebé estão no centro.

Qual o papel do profissional de saúde nesta área? E será esta a área de uma só categoria profissional, como cada corporação parece defender?

- Combater a grave lacuna do Sistema Nacional de Saúde Português para os cuidados da Saúde Materno-Infantil.

Qualquer categoria profissional que queira restringir esta área da saúde está a esquecer, por completo, quem está no seu centro: a FAMÍLIA e não a categoria profissional!

Seja humilde e inspire os pais a descobrir o seu filho/a com diferentes ferramentas de saúde. Não tenha medo de errar, pois errar faz parte do percurso de desenvolvimento e maturidade, quer para o profissional, quer para cada mãe, pai e bebé.

A Saúde não se separa entre muros de lobbies profissionais, deve ser cuidada por todos os intervenientes com respeito e ética profissional. Uma família (não importa se é tradicional ou não) cruza-se em diferentes momentos da gravidez, parto, pós-parto e em diferentes locais de serviços de saúde, com uma equipa multidisciplinar que deve ter formação específica e trabalhar em equipa. Segundo as mais recentes guidelines da WHO (2016-2030) a equipa multidisciplinar deve proporcionar uma experiência positiva de parentalidade. Todos os profissionais de saúde têm um papel: no centro a família, à sua volta políticas de saúde onde cada profissional pode contribuir para o bem-estar holístico da saúde.

Qual o estado da evidência científica na área da Saúde Materno Infantil? Resultante de estudos qualitativos internacionais e da nossa prática clínica (que também contribui para a evidência sustentada) posso referir a importância de: - Respeitar as mudanças correntes na família tradicional. Muitos Homens são as

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Mães e muitas Mulheres são o Pai.

É uma presença assídua na comunicação social, tendo sido mesmo autora e apresentadora do programa televisivo “Mãe me Quer” na SIC Mulher. Na sua opinião, qual a importância da divulgação desta área? Os media são como uma janela do nosso Portugal, com uma audiência muito superior a qualquer outra iniciativa local. Participar como convidada em diferentes programas de daytime para partilhar a intervenção como Fisioterapeuta nesta área específica é, sem dúvida, uma oportunidade valiosa para sensibilizar o público em geral. Relativamente à série televisiva de 13 programas na SIC Mulher, este foi mais um projeto da minha carreira. Dar a conhecer diferentes profissionais de saúde, famílias com diferentes perfis, divulgar

múltiplas iniciativas comunitárias, dar voz a várias mulheres mães e homens pais é, sem dúvida, crucial para desenvolver o conhecimento e educação da saúde da população em geral. Mas saliento que tudo na TV é efémero e as redes sociais são fugazes - mais rápidas que o fogo - podem queimar e destruir muitos egos. Deslumbrar, mas serem pouco eficazes na construção real de comportamentos de saúde. O sucesso, a satisfação de cada cliente com o nosso trabalho diário é que é a verdadeira “marca de água” que fica para a vida.

Uma parte importante da sua dimensão profissional é a formação. É, aliás, uma das formadoras mais bem avaliadas da Bwizer. O que é que a formação lhe dá, ainda por cima tendo experiência tanto em Portugal como no estrangeiro? Nesta fase da minha carreira profissional, passo 70% do meu tempo a dar e receber formação - uma complementaridade, um diálogo constante em várias línguas! A formação profissional dá-me muito a nível pessoal e profissional, passo a partilhar alguns pontos consigo: a oportunidade de encontro com diferentes formandos (experiência multidisciplinar, diferentes gerações, culturas), partilhar experiência clínica, “cocriar” conhecimento em diferentes partes do mundo com os alunos. A formação profissional já me levou a 13 países, em diferentes continentes (vou riscando do mapa). Têm sido viagens pessoais e profissionais únicas, onde a mochila veio carregada de novos “mapas” e ferramentas… Temos que nos perder para nos encontrarmos. “Plano B” sempre no bolso de viagem, mas sem medo de sair da zona de conforto. Valorizar cada formação, pois cada curso é único. Apesar de já ter ultrapassado várias centenas de momentos formativos, preparo-me com rigor antes de cada “encontro “, como sendo o primeiro. Cuidar dos detalhes formativos (nos pormenores está parte da qualidade da formação), continuar em “alerta” para as diferentes necessidades de cada aluno mas, sem cair na generalização ou no facilitismo. Criar momentos de verdadeiro encontro humano e profissional entre os participantes, onde o cognitivo se mistura com o emocional, o sensório motor, o social... Para que cada um de nós, formador e

À conversa com...

formando, possa usufruir de uma experiência profissional, uma verdadeira vivência a vários níveis: mente, corpo e coração em movimento de abertura para os outros e aprendizagem constante.

A sua história com a Bwizer começou de uma forma curiosa. Quer contar-nos essa história? Em 2011, contactei o Hugo Belchior, apresentando-me desta forma “você não me conhece… mas eu sou a Maria João, Fisioterapeuta, formadora apaixonada pela área de Saúde Materno-Infantil“ e que “uma empresa de formação profissional em saúde não podia ignorar a área da Saúde da Mulher!” (naquela altura não havia produtos formativos na Bwizer, nessa área). Disse-lhe também que tinha várias propostas formativas que gostaria de apresentar e que esperava podermos trabalhar em conjunto para desenvolver novas propostas. Hoje, passados 7 anos, construímos em conjunto uma série de formações na área da Saúde da Mulher e, mais especificamente, da Saúde Materno-Infantil que muito está a entusiasmar novos profissionais. Muitas vezes, na nossa vida, não nos apercebemos como um pequeno gesto pode potenciar revoluções do nosso percurso profissional e pessoal. Quando olhamos para trás, por vezes passado vários anos, conseguimos ver todo um percurso que mudou as coordenadas do nosso GPS.

Recentemente iniciou a Especialização em Fisioterapia Materno-infantil, um projeto inovador e ambiciosos. O que podem os alunos esperar deste curso? Como Coordenadora Pedagógica de uma equipa multidisciplinar de formadores, trabalhamos para proporcionar aos formandos: exigência, inovação, desenvolvimento de espírito crítico e de raciocínio clínico reflexivo sobre as diferentes temáticas e cenários clínicos. Aos alunos que participam neste modelo formativo de longa duração (7 Módulos, distribuídos 1 por mês) vão experienciar o “nascimento” de profissionais de saúde com novas competências técnicas, mas acima de tudo com competências relacionais apuradas. Estamos a intervir num período sensível do cresci-

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mento dos novos pais (homens e mulheres) com a presença de múltiplos cenários clínicos para resolver, desafios sociais diversos e crenças/ mitos para desmontar. Cada formador desta equipa multidisciplinar partilhará a sua experiência clínica e, em conjunto com o grupo de alunos, vai desenvolver ferramentas/ técnicas para construir a “mochila de viagem” para quem se sinta inspirado a trabalhar nesta área.

Quais os seus planos para o futuro? Celebrar 50 anos, em dezembro, com a certeza que tenho memórias do meu passado que me enchem como pessoa e como profissional. Agarrar o meu presente com os desafios/exigências do mercado atual e acreditar que já vivo o meu sonho profissional hoje. Continuar a “cocriar” saberes e experiências profissionais com novos formandos a nível nacional e internacional. Ser grata cada dia, usufruindo dos pequenos detalhes da vida. Estar atenta a novas aventuras em cada ano que começa, pois quase sempre que estou a fechar um ciclo de desafios profissionais, outro surge. Este ano, o desafio foi ensinar na China e conceber com a Bwizer a “Especialização em Fisioterapia Materno-Infantil” que já teve o seu início em Lisboa, em outubro. Continuar sempre disponível para qualquer colega de trabalho e aluno que queira dar os primeiros passos nesta área e precise de tomar um café/chá, “bater um papo”.

Para terminar, que conselho deixa aos nossos alunos. Seja verdadeiro consigo próprio. Trabalhe na direção dos seus sonhos, com respeito pelos outros, com uma atitude de humildade e com uma força interior bem focada. Está nas suas mãos a oportunidade de sonhar e realizar-se como pessoa e profissional. Seja grato e celebre a vida, cada dia transformando um obstáculo numa aprendizagem. “Too often we underestimate the power of a touch, a smile, a kind word, a listening ear, an honest compliment, or the smallest act of caring, all of which have the potencial to turn a life around“. (Leo Buscaglia).

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Referências Bibliográficas.

Quando os bebés chegam cedo demais –––––

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10. Y. Takarada, Y. Sato e N. Ishii, “Effects of resistance exercise combined with vascular occlusion on muscle function in athletes,” Eur J Appl Physiol, p. 308–314, 2002. 11. M. D. Spranger, A. C. Krishnan, P. D. Levy, D. S. O’Leary e S. A. Smith, “Blood flow restriction training and the exercise pressor reflex: a call for concern,” Am J Physiol Heart Circ Physiol, pp. H1442-H1452, 2015. 12. M. B. Jessee, S. L. Buckner, J. G. Mouser, K. T. Mattocks e J. P. Loenneke, “Letter to the editor: Applying the blood flow restriction pressure: the elephant in the room,” Am J Physiol Heart Circ Physiol, pp. H132-H133, 2016. 13. M. D. Spranger, A. C. Krishnan, P. D. Levy, D. S. O’Leary e S. A. Smith, “Reply to “Letter to the editor: Applying the blood flow restriction pressure: the elephant in the room”,” 2016, pp. H134-H135, Am J Physiol Heart Circ Physiol. 14. J. P. Loenneke, D. Kim, C. A. Fahs, R. S. Thiebaud, T. Abe, R. D. Larson e M. G. Bemben, “Effects of exercise with and without different degrees of blood flow restriction on torque and muscle activation,” Muscle & Nerve, pp. 713-721, 2015. 15. B. Counts, S. Dankel, B. Barnett, D. Kim, G. Mouser, K. Allen, R. Thiebaud, T. Abe, M. Bemben e J. Loenneke, “Influence of Relative Blood Flow Restriction Pressure on Muscle Activation and Muscle Adaptation,” Muscle & Nerve, pp. 438-445, 2016. 16. C. Brandner e S. Warmington, “Delayed Onset Muscle Soreness and Perceived Exertion After Blood Flow Restriction Exercise,” Journal of Strength and Conditioning Research, pp. 3101-3108, 2017. 17. J. Loenneke, R. Thiebaud, T. Abe e M. Bemben, “Blood flow restriction pressure recommendations: The hormesis hypothesis,” Medical Hypotheses, pp. 623-626, 2014. 18. G. R. Neto, J. S. Novaes, I. Dias, A. Brown, J. Vianna e M. S. Cirilo-Sousa, “Effects of resistance training with blood flow restriction on haemodynamics: a systematic review,” Clin Physiol Funct Imaging, pp. 1-8, 2016. 19. J. P. Loenneke, D. Kim, C. A. Fahs, R. S. Thiebaud, T. Abe, R. D. Larson, D. A. Bemben e &. M. G. Bemben, “The effects of resistance exercise with and without different degrees of blood-flow restriction on perceptual responses,” Journal of Sports Sciences, pp. 1-8, 2015. 20. D. Hollander, G. Reeves, J. Clavier, M. François, C. Thomas e R. Kraemer, “Partial Occlusion During Resistance Exercise alters Efforts Sense and Pain,” Journal of Strength and Conditioning Research, pp. 235-243, 2015. 21. J. Martín-Hernández, J. R. Aguado, J. Herrero, J. Loenneke, P. Aagaard, C. Cristi-Montero, H. Ménendez e P. J. Marin, “Adaptation of perceptual responses to low load blood flow restriction training,” Journal of Strength and Conditioning Research, 2018. 22. S. J. Pearson e S. R. Hussain, “A Review on the Mechanisms of Blood-Flow Restriction Resistance Training-Induced Muscle Hypertrophy,” Sports Med, 2014. 23. Z. Pope, J. Willardson e B. Schoenfeld, “ Exercise and Blood Flow Restriction,” 2013, pp. 2914- 2926, Journal of Strength and Conditioning Research. 24. J. P. Loenneke, J. M. Wilson, P. J. Marín, M. C. Zourdos e M. G. Bemben, “Low intensity blood flow restriction training: a meta-analysis,” Eur J Appl Physiol, pp. 1849-1859, 2012. 25. J. Slysz, J. Stultz e J. F. Burr, “The efficacy of blood flow restricted exercise: A systematic review and meta-analysis,” Journal of Science and Medicine in Sport, 2015. 26. L. Hughes, B. Paton, B. Rosenblatt, C. Gissane e S. D. Patterson, “Blood flow restriction training in clinical musculoskeletal rehabilitation: a systematic review and meta-analysis,” Br J Sports Med, pp. 1003-1011, 2017. 27. M. E. Lixandrão, C. Ugrinowitsch, R. Berton, F. C. Vechin, M. S. Conceição, F. Damas, C. A. Libardi e H. Roschel, “Magnitude of Muscle Strength and Mass Adaptations Between High-Load Resistance Training Versus Low-Load Resistance Training Associated with Blood-Flow Restriction: A Systematic Review and Meta-Analysis,” Sports Med, 2017. 28. T. M. Manini e B. C. Clark, “Blood Flow Restricted Exercise and Skeletal Muscle Health,” American College of Sports Medicine, pp. 78-85, 2009. 29. B. R. Scott, J. P. Loenneke, K. M. Slattery e B. J. Dascombe, “Exercise with Blood Flow Restriction: An Updated Evidence-Based Approach for Enhanced Muscular Development,” Sports Med, 2015. 30. R. B. Ferraz, B. Gualano, R. Rodrigues, C. O. Kurimori, R. Fuller, F. R. Lima, A. L. d. Sá-Pinto e H. Roschel, “Benefits of Resistance Training with Blood Flow Restriction in Knee Osteoarthritis,” Medicine & Science in Sports & Exercise, 2018. 31. K. J. Hackney, W. J. Brown, K. A. Stone e D. J. Tennent, “The Role of Blood Flow Restriction Training to Mitigate Sarcopenia, Dynapenia, and Enhance Clinical Recovery,” Techniques in Orthopaedics, pp. 1-8, 2018. 32. A. C. Thomas, E. M. Wojtys, C. Brandonc e R. M. Palmieri-Smith, “Muscle atrophy contributes to quadriceps weakness after ACL reconstruction,” Journal of Science and Medicine in Sport, 2016. 33. H. Ohta, H. Kurosawa, H. Ikeda, Y. Iwase, N. Satou e S. Nakamura, “Low-load resistance muscular training with moderate restriction of blood flow after anterior cruciate ligament reconstruction,” Acta Orthopaedica Scandinavica, pp. 62-68, 2003. 34. E. Iversen, V. Røstad e A. Larmo, “Intermittent blood flow restriction does not reduce atrophy following anterior cruciate ligament reconstruction,” Journal of Sport and Health Science, pp. 115-118, 2016. 35. L. Hughes, B. Rosenblatt, B. Paton e S. D. Patterson, “Blood Flow Restriction Training in Rehabilitation Following Anterior Cruciate Ligament Reconstructive Surgery: A Review,” Techniques in Orthopaedics, pp. 1-8, 2018. 36. B. Day, “Personalized Blood Flow Restriction Therapy: How, When and Where Can It Accelerate Rehabilitation After Surgery?,” Arthroscopy: The Journal of Arthroscopic and Related Surgery, pp. 2511-2513, 2018.

Ideias Empreendedoras.

Pilates kids & teens –––––

1. Thessalia et al - “The effects of Pilates Training on Children’s Posture Tripolitsioti” - 1. Stergioulas2. 1Organization of Youth and Sports, Athens Municipality 2Thessalia University Dep of Sports Science 2. Baetta et al - Pilates nas aulas de educação física escolar: uma proposta alternativa 3. Strasse at al “Pilates method evaluation in the postural alignment in adolescentes with scoliosis through electromyography and symmetrography” 4. Crespo et al - “A importância do Brincar para o desenvolvimento da criança Relatório Final – Prática e Intervenção Supervisionada Curso de Mestrado em Educação Pré-Escolar 5. “Metodo de pilates na infância teoria e prática”, Repositorio Jeanne Karlette Merlo, 2018

Treino Funcional: para todos ou só para alguns... Começa pelos fundamentos! –––––

1. Keysor e Jette 2001 Jul;56(7):M412-23. 2. Latham e outros 2004 Jan;59(1):48-61. 3. Joseph F. Signorile, PhD, “Bending the Aging Curve: The Complete Exercise Guide for Older Adults” (Human Kinetics 2011) 4. Baker MK, Atlantis E, Fiatarone Singh MA. Multi-modal exercise programs for

older adults, 2007 Jul;36(4):375-81. Epub 2007 May 30. Review. 5. Vogler CM, Sherrington C, Ogle SJ, Lord SR, Reducing risk os fallin in order people discharged from hospital: a randomized controlled trial comparing seated exercises, weight-bearing exercsises, and social visits, 2009

É errado pensar que a falta de força não é um problema de saúde! –––––

1. Booth FW, Roberts CK, Laye MJ. Lack of exercise is a major cause of chronic diseases. Comprehensive Physiology. 2012;2(2):1143-1211. doi:10.1002/cphy. c110025. 2. GBD 2015 Risk Factors Collaborators. Global, regional, and national comparative risk assessment of 79 behavioural, environmental and occupational, and metabolic risks or clusters of risks, 1990–2015: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2015. Lancet, 2016; 388(10053):1659-1724. 3. Beard JR, Officer A, de Carvalho IA, et al. The world report on ageing and health: A policy framework for healthy ageing. Lancet 2016;387:2145e2154. 4. English KL, Paddon-Jones D. Protecting muscle mass and function in older adults during bed rest. Current Opinion in Clinical Nutrition and Metabolic Care. 2010;13(1):34-39. doi:10.1097/MCO.0b013e328333aa66. 5. National Center for Injury Prevention and Control of the Centers for Disease Control and Prevention. Preventing Falls: A Guide to Implementing Effective Community-Based Fall Prevention Programs 2nd edition. Atlanta: 2015. 6. Anker SD, Morley JE, von Haehling S. Welcome to the ICD-10 code for sarcopenia. J Cachexia Sarcopenia Muscle. 2016 Dec;7(5):512-514. Epub 2016 Oct 17. PubMed PMID: 27891296; PubMed Central PMCID: PMC5114626.

Soft-skills: um desafio para a Fisioterapia

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As competências sociais e comportamentais, conhecidas como soft-skills, representam, hoje em dia, um dos maiores desafios para os empregadores de jovens licenciados. As profissões da área da saúde não fogem a esta regra. Na Fisioterapia as competências técnicas são muito importantes, mas como em qualquer profissão da área da saúde, o domínio das soft-skills, nomeadamente aquelas relacionadas com valores pessoais, atitudes, comportamentos e relação com os outros, irão determinar a capacidade de nos adaptarmos a situações específicas, melhorando o nosso desempenho e sucesso profissional. O domínio efetivo de soft-skills torna-se assim, determinante para o desenvolvimento pessoal e profissional dos futuros Fisioterapeutas, apesar da sua inclusão nos cursos de licenciatura ser ainda um desafio. No curso de licenciatura em Fisioterapia da Escola Superior de Saúde de Santa Maria (ESSSM) procuramos incluir, no plano de estudos, conteúdos programáticos que permitam ao estudante desenvolver estas competências. Comunicação, traços de personalidade, pensamento crítico, resolução de problemas, gestão de tempo, trabalho em equipa, liderança, gestão de conflitos e empreendedorismo são alguns dos conteúdos abordados, de forma integrada, em unidades curriculares específicas e no ensino clínico de integração profissional. Adicional-

mente, a ESSSM dinamiza um programa de voluntariado e extensão à comunidade cujo objetivo é estimular o espírito de responsabilidade social entre todos, permitindo a cada um ser membro ativo na comunidade em que se insere. Este programa capacita os estudantes nas áreas social e humana, através do contacto com o outro e com diferentes realidades. Os nossos estudantes têm oportunidade de contactar, nos mais variados projetos, com crianças, adultos mais velhos e população sem abrigo do distrito do Porto, desenvolvendo competências, adquirindo e consolidando conhecimentos e explorando novas perspetivas do mercado de trabalho.

Daniela Simões –––– Fisioterapeuta, Mestre em Epidemiologia e Doutorada em Saúde Pública. Atualmente é Professora Adjunta na Escola Superior de Saúde de Santa Maria, exercendo funções de Coordenadora do Curso de Licenciatura em Fisioterapia.

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Histórias de Sucesso.

Histórias de Sucesso

Nuno Pina ____

Estivemos à conversa com Nuno Pina, um jovem fisioterapeuta com espiríto empreendedor. Conheça-o melhor agora!

Fale-nos um pouco sobre si. Sou um jovem natural de Caldas da Rainha que vive todos os dias orientado pela motivação. Cresci junto dos meus pais, irmão e avós, num local tipicamente simples, com todas as condições para um desenvolvimento genuíno e honesto. Licenciado em fisioterapia pela Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa, tenho-me dedicado a exercer sobretudo como fisioterapeuta no alto rendimento desportivo. No início da minha atividade profissional passei por vários clubes desportivos, entre os quais o Sport Lisboa e Benfica onde , até 2015, exerci na modalidade de hóquei em patins. Exerço atividade profissional em vários locais e com diferentes funções: (1) coordenador e fisioterapeuta no departamento de fisioterapia para o alto rendimento da Federação Portuguesa de Natação, (2) membro da equipa de saúde do Comité Olímpico de Portugal e (3) diretor técnico da ForPhysio Jamor - Performance Center. Acredito na vantagem em ser-se versátil, pelo tenho seguido esta premissa nos últimos 5 anos. Nesse sentido tenho investido o meu tempo em diferentes áreas: dirigente no Conselho Diretivo Nacional da Associação Portuguesa de Fisioterapeutas; tutor residente no Centro de Alto Rendimento do Jamor para

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A concorrência no sector privado da fisioterapia funciona como o alto rendimento desportivo: promove a melhoria contínua e a capacidade de autossuperação.

as federações nacionais de ténis e natação; orientador de estágios em fisioterapia de diversas escolas; formador assíduo nas temáticas de prevenção de lesões e return to sport, e, recentemente, presidente da direção da Associação de Antigos Alunos da ESTeSL, alumniESTeSL. Quem segue a minha conta de Instagram pessoal @nf.pina conhece um Nuno que adora sair de casa para estar com a família e amigos, gosta de ir à praia durante todo o ano e desfruta em ambientes desportivos, culturais e, sempre que possível, recreativos. Adoro gatos, detesto cães, canto alto enquanto conduzo, faço exercício físico e o filme que mais me marcou foi o Fight Club (um clichê, mas um clichê não arrependido).

Uma curiosidade sobre si que nada tenha a ver com a sua atividade do dia-a-dia? Assisto com assiduidade ao por do sol e, enaquanto isso acontece, imagino um pelicano gigante, pelo menos de 40m, a rasgar o horizonte!

Como concilia a sua vida pessoal com a profissional?

Histórias de Sucesso.

Com bastante dedicação. Raramente abdico de fazer algo pessoal por razões profissionais.

Sempre sonhou ser Fisioterapeuta? Como surgiu na sua vida?

Sinceramente tudo tem fluido com naturalidade. O maior desafio são mesmo as pessoas, não os clientes, mas as pessoas que estão em torno e nas estruturas com tomada de decisão.

senvolvimento da tecnologia associada. Juntas, julgo serem a fórmula ideal.

Como procura elevar-se a si e à sua profissão todos os dias?

Nem uma única vez: a fisioterapia entrou depressa na minha vida. Mas hoje tenho consciência que também rapidamente decidi dedicar-me a ela.

Hoje sente-se recompensado? Faria algo de forma diferente? Que conselho deixa a quem quer fazer o mesmo?

Fazer o que gosto, com quem gosto e como gosto. Para mim, a felicidade na intervenção é meio caminho andado para alcançar a elevação profissional, todos os dias.

No seu percurso profissional, quais foram as experiências que mais o marcaram?

Sinto-me bem, a recompensa é diária. Até ao dia de hoje sem arrependimentos, portanto penso que faria tudo igual.

Quais os seus projetos para o futuro?

Felizmente tive diversas experiências marcantes e impactantes na minha vida profissional. Destaco ganhar a Taça de Portugal em hóquei em patins masculino pelo Sport Lisboa e Benfica, em 2015; destaco também o meu primeiro Campeonato do Mundo de natação na Rússia também em 2015; bem como abrir a ForPhysio Jamor junto dos meus amigos, a 25 de abril de 2018.

O que o motivou a abrir o seu gabinete? Realizar a prática clínica em fisioterapia de acordo com os meus princípios e ética, focado no público que hoje tenho como eleição e exercer com a autonomia que claramente me permite desenvolver aquilo que acredito ser um ótimo trabalho.

Quais os desafios e medos que enfrentou? Foi tudo fácil?

Para quem quer fazer o mesmo aconselho que o faça sem receio de errar. Existem sempre soluções.

Na sua opinião qual a importância da prática privada na Fisioterapia, em Portugal? A concorrência é positiva? A prática privada é essencial pois, no Sistema Nacional de Saúde e, segundo dados da OCDE, o rácio em Portugal é de 1 fisioterapeuta para cada 100 mil habitantes. Claramente insuficiente. A concorrência no sector privado da fisioterapia funciona como o alto rendimento desportivo: promove a melhoria contínua e a capacidade de autossuperação. Por esses motivos, positiva, sim.

Como acha que a Fisioterapia pode evoluir/ crescer? Basicamente a fisioterapia pode evoluir apoiada em dois pilares: boas práticas baseadas na evidência científica e de-

Quero desenvolver os projetos que assumi e nos quais atualmente estou envolvido. Até ao final deste ciclo olímpico, rumo a Tóquio 2020, esse será o meu foco.

Já realizou algumas formações com a Bwizer? De que forma é que estas impactaram o seu dia-a-dia? Sim. Acredito na melhoria contínua e na formação avançada como ferramenta para a alcançar. Desta forma, as formações que realizei contribuíram para o meu desenvolvimento profissional.

Uma dica ou frase de inspiração para aqueles que gostariam de seguir os seus passos? Se a tua energia for toda aplicada num sentido simples mas útil, nasce algo com valor. Põe em prática e depois vais “acertando”.

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Entrevista.

Entrevista

Low Pressure Fitness ____ Dependendo do objetivo e necessidade do paciente, cliente ou atleta, o profissional ou equipa de profissionais utiliza o LPF de diferentes formas, adaptando o exercício para atingir os objetivos definidos.

Estivemos à conversa com os três fundadores da Low Pressure Fitness (LPF): Tamara Rial, Piti Pinsach e Camilo Villanueva. Nesta entrevista descobrimos como surgiu a LPF, qual a sua missão e projetos para o futuro. Acompanhe-nos ao longo das próximas linhas e apaixone-se, como nós, por este sistema de treino postural inovador.

Como se apresentariam, de uma forma breve? Tamara: PhD, co-fundadora e investigadora da LPF. Atualmente coordeno a “Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação” (P+D+I), assim como a formação de profissionais de saúde e de exercício para a saúde da mulher Low Pressure Fitness Institute. Continuo também a estar presente em palestras e conferências, assim como a dedicar-me à investigação e publicação de artigos e livros sobre LPF

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e Exercício para a Saúde. Sou também professora de reabilitação do pavimento pélvico da Fundació Universitaria del Bages e professora da Herman & Wallace, Instituto de Reabilitação Pélvica.

Piti: DEA em Morfologia Médica e Bacharel em Ciências da Atividade Física; co-fundador, divulgador e professor do LPF. Atualmente dedico-me à formação de novos instrutores e promoção da marca através do trabalho científico, presença em congressos e conferências pelo mundo. Com efeito, uma outra forma de promoção da marca na qual invisto parte do meu tempo é a comunicação com os media. Camilo: Sou formado em Publicidade e Relações Públicas, assim como em Atividade Física e Ciências do Desporto, ambos pela Universidade de Vigo. Atualmente sou o gerente do LPF Institute.

Antes de criarem a LPF, os hipopressivos já faziam parte das vossas vidas. O que viram de novo e de especial nos “hipopressivos” e como surgiu este método? Tamara: Estudei Atividade Física, Ciências do Desporto com a especialidade em Educação Física, mas a minha paixão pelo exercício físico para mulheres e pelas técnicas de corpo-mente levou-me a prosseguir o estudo até obter o título de

Doctora Internacional pela Universidade de Vigo, com a primeira tese de doutoramento conhecida sobre técnica hipopressiva. Em colaboração com o Piti Pinsach, estudei a aplicação dos hipopressivos no campo da prevenção, desporto e condicionamento físico através do ensino, pesquisa e treino. E, após quase dez anos a desenvolver o conceito dos exercícios hipopressivos, em conjunto com o Camilo Villanueva, criamos a Low Pressure Fitness® (LPF). O LPF é um programa de treino global que combina a técnica hipopressiva com outras técnicas de reeducação postural como a mobilização neurodinâmica, miofascial e respiratória. É um programa de “baixa pressão” física e psicológica adequado para todos, através do qual profissionais de saúde e exercício físico podem ser certificados para se tornarem instrutores especializados em LPF.

Piti: O nosso ponto de partida foi verificarmos que não existia nenhum sistema de treino que garantisse, ao mesmo tempo, melhoria dos índices de saúde da população, e redução do perímetro da cintura. Com efeito, com as nossas pesquisas, verificamos que a prática do sistema de treino LPF permitia alcançar bons resulta-

Entrevista.

dos em pouco tempo, chegando mesmo a garantir reduções de cintura de 2 a 10 cm com apenas dois dias por semana, 30 minutos em cada sessão, durante dois meses. Concluímos também que estes indivíduos reportavam diminuição da dor nas costas e stress, assim como melhoria da flexibilidade, padrão respiratório e maior relaxamento.

Podemos dizer, com absoluta certeza, que o nosso projeto nasceu globalmente, pois em menos de 6 meses criamos o primeiro modelo de expansão internacional com um sistema de licenciamento para uso da marca, e o primeiro curso no Canadá aos 9 meses.

Camilo: Conheci a técnica hipopressiva do Piti Pinsach através da Tamara Rial. Nessa altura consegui resolver um problema nas costas que até à data e com sessões fisioterapia ou osteopatia não tinha conseguido solucionar. Desde esse momento percebi os inúmeros benefícios desta técnica, pelo que, juntamente com a Tamara e o Piti dedicamo-nos a desenvolver esta poderosa técnica e assim nasceu a LPF.

Todas as técnicas que usamos no LPF têm um suporte científico e, além disso, o programa continua a evoluir e melhorar à medida que continuamos a estudar e investigar mais.

Fazendo uma viagem desde o passado até ao dia de hoje: qual era o vosso objetivo com a criação deste sistema de treino postural? Tinham a ambição de fazer da LPF, uma marca internacional e presente em tantos países? Tamara: A missão do Instituto é muito clara: “melhorar a qualidade de vida de todas as pessoas do mundo”, pelo que o nosso principal objetivo é divulgar e oferecer LPF em todos os cantos do planeta. No entanto, não esperávamos que a internacionalização acontecesse tão cedo. Em apenas dois anos, já possuíamos profissionais certificados nos cinco continentes. Atualmente, uma das nossas prioridades é dar continuidade à missão de ajudar todas as pessoas no mundo a melhorar a sua saúde através destes exercícios.

Piti: As aplicações práticas da LPF são muitas (urogenital, respiratória, músculo esquelética, somática visceral, emocional e muito mais) e hoje já existe a recomendação por parte de outros profissionais de saúde e exercício não certificados em LPF como médicos (uro-ginecologistas, pneumologistas, ortopedistas), PTs, fisioterapeutas, entre outros profissionais. Camilo: O nosso objetivo no âmbito da formação em LPF é dar continuidade, por um lado à missão do Piti de transferir a técnica de terapia para a prevenção e, por outro, ajudar a Tamara a continuar a desenvolvê-la para uma abordagem mais integrada e global.

Quais foram os fatores determinantes para o vosso sucesso? Tamara: Certamente, parte do sucesso são os resultados obtidos por pacientes e estudantes, mesmo com pouco tempo de prática! Isso faz com que celebridades e atletas de diferentes países e contextos se interessem pelo sistema de treino LPF e depois, tendo em conta os resultados, o divulguem, gratuitamente, aos seus pares e até nas redes sociais e meios de comunicação social. Mas toda esta evolução deve-se também ao trabalho e perseverança de uma excelente equipa de uma dúzia de profissionais sediados em Vigo, dos muitos profissionais certificados que fazem um excelente trabalho na formação e divulgação científica em conferências e escolas por todo o mundo, bem como à paixão dos muitos praticantes. Ora, tudo isto multiplicou a popularidade do LPF, criando um grande interesse no público final, nos profissionais de saúde e do exercício. Criámos o primeiro sistema de treino internacional baseado em evidência, mas ao mesmo tempo, flexível e moderno, e que tem a sua génese na técnica hipopressiva e reeducação física. Procuramos também adaptá-lo às pessoas reais e suas necessidades e foi assim que surgiu este conceito original de condicionamento terapêutico que, através do nosso conhecimento sobre neuro educação, deu origem ao programa de treino e estilo de vida acessível a todos.

Piti: Atualmente, o LPF é o líder internacional no treino em técnicas de baixa pressão, as técnicas hipopressivas - temos mais de 5000 profissionais em todo

o mundo.

Camilo: A qualidade do sistema de treino desenvolvido pela Tamara Rial é a base e o fator chave tem sido a comunicação com os nossos clientes.

O que diz a evidência científica sobre os hipopressivos e sobre o sistema de treino LPF? Tamara: Quando iniciei a minha tese de doutoramento sobre exercícios hipopressivos, foi difícil encontrar evidência científica nesta área. Também as bases teóricas enunciadas em hipopressivos eram apenas especulativas e baseadas em conceitos fisiológicos erróneos. Ora, estas constatações impeliram-me, tanto a tentar dar uma explicação fisiológica teórica baseada na ciência, como também a dar-lhe um caráter mais científico. O resultado do estudo sobre os hipopressivos e da experiência prática e clínica levou, com o passar do tempo, a que o que se conhecia como conceitos hipopressivos “já era pequeno demais”, havendo por isso a necessidade de um programa mais integrativo, funcional e baseado em evidência. Assim, o nasceu o LPF. Todas as técnicas que usamos no LPF têm um suporte científico e, além disso, o programa continua a evoluir e melhorar à medida que continuamos a estudar e investigar mais. Hoje, o LPF é um sistema de treino recomendado por médicos, parceiras, PTs e fisioterapeutas.

A LPF é sobretudo um método de treino postural onde a neurodinâmica, fáscia e reeducação respiratória têm um papel muito importante. O que distingue a LPF dos demais métodos? Tamara: Como eu disse antes, o LPF é muito mais que hipopressivo. É um sistema completo de treino de baixa pressão física e mental. É uma ferramenta terapêutica adaptada a todos os níveis de condição física e características individuais. Com efeito, o LPF distingue-se dos demais exatamente por isso: por não ser apenas baseado em hipopressivos. Por outras palavras, o LPF é mais amplo, pode ser feito por atletas, pessoas sedentárias e até mesmo por populações especiais. É uma revolução na forma de treinar, e obedece ao conceito de que menos é mais. Integrámos, desde o início, o fitness com técnicas muito inova-

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Entrevista.

doras como mobilização neurodinâmica, técnicas miofasciais, reeducação respiratória e hipopressivos. E temos tido o reconhecimento devido que até já nos valeram dois prémios: um em 2015 para o trabalho de pesquisa e outro em 2016 como o melhor programa ou atividade desportiva da Asociación Gallega de Gestores Deportivos.

De forma breve, como descreveriam a certificação LPF e qual a importância de fazer os 3 níveis e o exame final? Tamara: A certificação do Instrutor LPF implica que os profissionais tenham um conhecimento teórico e prático sólido para ensinar o programa de treino LPF com competência e segurança. Tornar-se um instrutor certificado LPF significa ter cumprido os requisitos para fazer parte de uma comunidade internacional reconhecida pelo seu conhecimento e que obedece a critérios de qualidade, em qualquer parte do mundo.

Piti: A certificação LPF é sinónimo de profissionalismo e máxima qualificação

no setor. Um dos pontos mais interessantes para estes instrutores é pertencer a um diretório exclusivo e internacional que facilita a busca de profissionais pelo público final. Mas não só, ter a certificação LPF, é garantia de descontos significativos em educação e materiais/ produtos, acesso a conteúdos exclusivos, permissão para usar o selo e designação do instrutor certificado LPF, bem como a possibilidade de se tornar especialista em instrutores de LPF.

Camilo: Entendemos os três níveis como um todo, pelo que não faz sentido uma parte sem a outra. O círculo deve ser fechado e a certificação é o endosso do LPF para o mercado.

Este sistema de treino não é exclusivo da área da reabilitação, nem da área do exercício/ fitness. Porquê e quais os benefícios para o profissional de saúde e para o profissional de exercício? Tamara: O LPF é um sistema de treino cuja abordagem é multidisciplinar. Assim, tanto os profissionais da reabilitação, como os do exercício podem aplicar o método, mas sempre sob suas respetivas competências profissionais. Dependendo do objetivo e necessidade do paciente, cliente ou atleta, o profissional ou equipa de profissionais utiliza o LPF de diferentes formas, adaptando o exercício para atingir os objetivos definidos. Como exemplo, vale lembrar que o LPF é o programa mais procurado e uma estrela no período pós-parto.

Piti: LPF é o programa ideal porque treina o abdómen e postura sem impacto ou pressão no pavimento pélvico. Por isso, é um recurso de eleição no período de pós-parto, por exemplo. Outro exemplo é o dos terapeutas que o utilizam como exercício terapêutico na reabilitação de alterações posturais e escoliose, mas também os preparadores físicos e PTs o usam como forma de prevenção de lesões e return to play. Como vê, o LPF é muito versátil e o seu enorme valor terapêutico faz dele um sistema válido na prevenção, promoção de saúde, reabilitação e performance.

Camilo: LPF já nasceu com um conceito multidisciplinar. É um sistema de treino muito eficaz e versátil que, por isso, pode

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ser aplicado por profissionais de saúde e do exercício.

O que esperam para o futuro? Piti e Tamara: Para o futuro, esperamos continuar o caminho da internacionalização e aumentar o número de praticantes para que mais pessoas possam beneficiar de uma melhor saúde com este fantástico sistema de treino. Camilo: Esperamos ter ainda uma maior presença global, apostando no treino online. Procuraremos também chegar a mais países com o nosso programa de formação, assim como alcançar diretamente o cliente final.

[...] o LPF é muito mais que hipopressivos. É um sistema completo de treino de baixa pressão física e mental. É uma ferramenta terapêutica adaptada a todos os níveis de condição física e características individuais.

Podem deixar-nos uma mensagem para os alunos de Portugal? Tamara: Nós encorajamos sempre os profissionais a constatarem a mudança pessoal e profissional decorrente da aposta na certificação LPF. Encorajamos também que os nossos instrutores continuem o seu processo de educação para serem cada vez melhores, pois o LPF é um programa cada vez mais procurado em Portugal, especialmente nos centros de pilates, yoga, fitness, desportos e gabinetes/ clínicas de fisioterapia. Piti: Esta é uma oportunidade para oferecer um programa de treino exclusivo e diferenciar-se num setor em expansão. A certificação LPF abre novas possibilidades para o seu trabalho profissional e muda completamente a abordagem na prática diária de atividade física. Camilo: A formação LPF representa um salto qualitativo a nível profissional, devido ao leque de possibilidades que abre para profissionais de saúde e fitness – aproveitem!

Bwizerianos.

3... 2... 1... 2019! ____

Está quase a terminar o ano 2018. 365 dias! São muitos dias! Bem sei que todos os anos têm o mesmo número de dias (mais um ou menos um). Mas quando olhamos para trás e fazemos um resumo de todo o ano, vemos que, efetivamente, são muitos dias! Mais do que dias, são muitas horas! Horas de trabalho, horas de convivência e de relações. De algumas “turras” e alguns percalços também. Faz parte. E, talvez sem isso, não teria piada. Para mim este ano foi especialmente marcado por um aspeto que me é muito querido e importante – a Equipa de Bwizerianos. Somos muito diferentes uns dos outros. Temos gostos, feitios, personalidades e formas de trabalhar também diferentes. Mas, ao contrário do que alguns podiam pensar, estas diferenças foram a nossa força, uma grande mais valia para a Bwizer, e refletiu-se no trabalho que, todos os dias, lhe apresentamos. Conseguimos potenciar as melhores capacidades de cada um e fazer um trabalho que acredito que foi realmente extraordinário. Ao longo destes quase 10 anos em que sou uma Bwizeriana, não me lembro de termos sido uma equipa tão alinhada, tão focada, tão em sintonia, tão comprometida, tão coesa e com tão grande e verdadeiro espírito de equipa. Passamos muitas horas juntos. Por vezes, mais do que com a nossa família em casa. Esta é a nossa segunda casa, é a nossa segunda família! E nesta época que se aproxima, a época da família e da gratidão, tenho muita vontade de agradecer a todos os Bwizerianos que me acompanharam durante este ano. Todos contribuíram para um ano fabuloso, cada um com as suas mais valias, mas sobretudo pela equipa como um todo. Já diziam os 3 Mosqueteiros “um por todos e todos por um”. E este ano fomos uns verdadeiros Mosqueteiros. E sei que isso impactou com toda a certeza no trabalho que fizemos para os nossos clientes. Gosto de olhar para trás e sentir o coração cheio. Se há coisas a melhorar? Então não há? O trabalho nunca está terminado. É um caminho que se vai percorrendo, mas repare que, “se tiver o hábito de fazer as coisas com alegria, raramente encontrará situações difíceis.” (Robert Badem Powell). Por isso acabo este ano com um sorriso nos lábios! Com a sensação de dever cumprido e com o desejo de que 2019 seja um ano, em que esta família possa continuar a crescer, e a espalhar a sua boa energia por todos os nossos parceiros, fornecedores e clientes. Feliz 2019! Joana Leal CRM Manager

35.

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