Budismo

  • May 2020
  • PDF

This document was uploaded by user and they confirmed that they have the permission to share it. If you are author or own the copyright of this book, please report to us by using this DMCA report form. Report DMCA


Overview

Download & View Budismo as PDF for free.

More details

  • Words: 5,112
  • Pages: 25
Centro Educacional Maria Auxiliadora.

BUDISMO – A VERDADEIRA FACE DA VIDA E DO UNIVERSO

Brasília, 15 de agosto de 2008.

Grupo: Marianne Azevedo Teixeira, Gustavo Emannuel Rodrigues, Matheus C. Soares, Janiny Cardoso, Karolina Kanashiro e Laís Fernanda.

BUDISMO – A VERDADEIRA FACE DA VIDA E DO UNIVERSO

Brasília, 15 de agosto de 2008.

Este trabalho refere-se à disciplina de Ensino Religioso, visando o conhecimento de todas as religiões e culturas do mundo.

Budismo é uma filosofia baseada na vida e pensamentos do Buda para com todos os seres, que revela a verdadeira face da vida e do universo. Criado por Sidarta Gautama, por volta do século VI a.C., é considerado um guia espiritual, não um deus. Desta forma, os seguidores dessa filosofia podem seguir outras religiões e crenças. O início dessa filosofia está ligado ao Hinduísmo. Esta filosofia teve seu crescimento interrompido a partir do século VII com o Islamismo e a formação do império árabe. Mesmo assim, os ensinamentos cresceram e se espalharam por toda a Ásia, ganhando características próprias em cada nova região que se tornava adepta.

1. O Budismo no Brasil e no Mundo: O Brasil tem a maior colônia de estrangeiros vindos

do

oriente,

principalmente

imigrantes

japoneses, que a partir do século XX, no ano de 1950, trouxeram missionários e foram fundadas as primeiras organizações. Atualmente, são cerca de 800 mil adeptos à religião, entre eles muitos artistas e intelectuais. Acredita-se que o Budismo irá crescer muito mais no Brasil, principalmente pela insegurança e o medo causados por diferentes fatores, fazendo que mais pessoas busquem pela paz. Muitas pessoas estão encontrando no Budismo um refúgio contra a violência.” (Chüeh Shi, reverenda do templo Zu Lai, da linha ch’na – 2005, madeinjapan.uol.com.br)

Existe certa de 650 milhões de Budistas, espalhados pelo mundo, todos propagando a doutrina da compaixão e do sacrifício em alegria, base do

Budismo, cuja meta é trazer felicidade e a libertação da humanidade e de todas as criaturas.

(Exposição Nippon – 100 anos de integração Brazil-Japão. Fotografia: Marianne Azevedo.)

2. Buda e seus Ensinamentos:

Conta a história, que Buda nasceu em uma família real do Himalaia, mais ou menos em 600 a.C. Era uma criançinha, quando um velho sábio visitou o palácio real, que ao contar a seu pai, que esse pequeno poderia ser o Salvador da Humanidade, mudou seu nome para Príncipe Siddharta Gautama. O pai fez de tudo para que o menino fosse um excelente rei, deu tudo do bom e do melhor. Mas Gautama achou que os prazeres do mundo não traziam felicidade. Descobriu que todos estão sujeitos ao sofrimento e a morte.

Foi para uma floresta e durante seis anos permaneceu em profunda meditação. Com seus 35 anos, alcançou a sabedoria máxima e compreendeu a verdade suprema com a visão dos caminhos da vida humana.

(Exposição Nippon – 100 anos de integração Brazil-Japão. Fotografia: Marianne Azevedo.)

Chamam essa compreensão de “Iluminação”. Durante 45 anos, ele pregou sua doutrina pela Índia. A partir de então, ele passou a ser conhecido como Buddha “o Iluminado” e como Shakyamuni “o Sábio dos Shakyas”. Morreu com 80 anos, teve seu corpo cremado e suas relíquias divididas. Vários reis, nobres e príncipes seguiram sua filosofia. Uma filosofia simples. Ele ensinou que todos os seres vivos possuem Natureza Búdica

idêntica – a natureza inerente a todos os seres vivos – e são capazes de atingir a iluminação através da prática. Seus ensinamentos estão fundamentados em quatro nobres verdades: existe sofrimento; a causa dos sofrimentos são os apegos humanos; a extinção do sofrimento só irá acontece com o desapego; e o caminho que leva o desapego é a prática óctuplo. O caminho do óctuplo é um guia para alcançar o objetivo final do Budismo, a liberdade e felicidade: visão correta, pensamento correto, fala correta, ação correta, meio de vida correto, esforços corretos, atenção correto e meditação correta. “Não crie sofrimento. Pratique a virtude. Seja senhor de sua mente." (Buda – aproximadamente 463 a.C. e 383 a.C.)

Ao seguir este caminho, Buda dizia também, que se chegariam as Seis Perfeições. Consistem em: caridade (todas as formas de doar e compartilhar o Dharma), moralidade (não matar, não roubar, não ter conduta sexual inadequada, não mentir, não usar tóxicos, não usar palavras ásperas, não cobiçar, não praticar o ódio, não ter visões incorretas, etc.), paciência (prevenir o surgimento de raiva), perseverança (esforço vigoroso e prática do Dharma), meditação (reduz a confusão da mente e leva a paz e felicidade) e finalmente, sabedoria (desenvolve o poder de discernir a realidade e verdade). A prática ajuda a eliminar a ganância, a raiva, imoralidade, confusão mental, estupidez e visões incorretas. A junção de ambos, nos ensinam a alcançarmos o estado no qual todas as ilusões são destruídas, para que a paz e a felicidade possam ser finalmente alcançadas e realizadas.

3. Os diversos Budas:

"Não sou o primeiro Buda que existiu na terra, nem serei o último. No tempo devido outro Buda levantar-se-á no mundo, um santo, um ser divinamente iluminado, dotado de sabedoria em sua conduta, benigno, conhecendo o universo, um líder incomparável dos homens, um mestre dos anjos e dos mortais. Ele vos revelará as mesmas verdades eternas que vos ensinei. Ele vos pregará esta religião, gloriosa em sua origem, gloriosa em seu clímax, gloriosa em seus objetivos, tanto no espírito como na forma. Ele proclamará uma vida religiosa tão pura e perfeita como a que agora proclamo. Seus discípulos serão contados em milhares, enquanto que os Meus contam-se em centenas.” (Buda – aproximadamente 463 a.C. e 383 a.C.) No Budismo, existem diferentes tipos de Buda dependendo da região. Existiu Buda Shakyamuni (o fundador do budismo), Buda Amitabha (Buda da Luz e vidas infinitas, que é associado à Terra Pura do Ocidente, onde recebe seres cultivados que chamam por seu nome), Bhaishajya Guru (O Buda da Medicina, o qual cura todos os males, inclusive o da ignorância) e o Buda Maitreya (O Buda Feliz, é o Buda do futuro). É o aguardado para ser o próximo Buda).

(Exposição Nippon – 100 anos de integração Brazil-Japão. Fotografia: Marianne Azevedo.)

4. Líderes e adeptos famosos:

O mais conhecido líder Budista atualmente é o Dalai-Lama Tenzin Gyatso. Nascido em 1935, é o 14º Dalai-Lama, nasceu em uma família de camponeses em uma pequena vila, situada no nordeste do Tibet. Seu nome era Lhamo Dhondup até o momento em que, com dois anos de idade, Sua Santidade foi reconhecido como sendo a reencarnação de seu predecessor, o 13º Dalai Lama, Thubten Gyatso. Os Dalai Lamas são tidos como manifestações de Avalokiteshvara ou Chenrezig, o Bodhisattva da Compaixão e patrono do Tibet.

Um Bodhisattva é um ser iluminado que adiou sua entrada no nirvana e escolheu renascer para servir à humanidade. Dalai significa “Oceano” em mongol e Lama é a palavra tibetana para mestre. Chama-se Oceano, por referir-se a algo imenso, quase sem fim, como se acreditava antigamente. Juntando ambos seria mais ou menos um Oceano de Sabedoria. Algumas personalidades famosas adeptos dessa filosofia são: Maitê Proença (atriz), Ney Matogrosso (cantor), Richard Gere (ator), Orlando Bloom (ator) e até mesmo Tina Turner (cantora).

5. Templo Budista de Brasília – Templo Honpa Hongwanji de Brasília:

O Templo Budista de Brasília, começa em 16 de junho de 1958, quando representantes da comunidade budista nipo-brasileira foram entregar a Juscelino Kubitscheck a solicitação para a construção do templo. O Templo de Brasília, idealizado há mais de cinqüenta anos junto com a nova capital do país, construído e mantido pela comunidade budista japonesa e nipo-brasileira, caminha na direção do ideal concebido na época: ser de fato Honpa Hongwanji do Brasil, incorporando o próprio sonho do Juscelino. Na tradição desse templo, os praticantes comemoram datas especiais, solicitando a realização de algo como expressão de sua gratidão e felicidade, como aniversários de casamentos, aniversários, formaturas, inauguração de residências, de altares, etc.

Existem também, os rituais de ofício de apresentação da criança ao templo (apresentação da criança ao Buda e Sanga, mas alguns templos incorporam esse ofício ao Hanamatsuri ou o Gotan-e.), casamentos, rito de iniciação

(Kieshiki), ofícios dedicados aos antepassados, ritos fúnebres, ofício memorial da família. Tem como tradição, antes de sair e entrar no templo, fazer uma reverência e sentar-se silenciosamente, em postura de meditação. Tem como símbolo oficial o Kujo Sagarifuji No Mon, que significa “o florescimento para baixo sugere que a força reside na humildade”. E no altar principal, o Buda de Vida Imensurável e Luz Infinita.

6. Os Rituais Budistas e seus objetos no Geral: A pratica funeral budista, é geralmente feita com uma solenidade. Um altar simples com imagens de Buda é montado, queima incenso e oferece frutas e flores. A cremação é a prática usual no Budismo, pois a cerca de 2.500 anos atrás Buda disse que queria ser cremado após sua morte. As oferendas são colocadas no altar pelos devotos, pois fazer uma oferenda permite que reflitam sobre a vida. Dizem que a mais perfeita oferenda é um coração honesto e sincero. Os gestos das mãos que normalmente é observado nas estatuetas e quadro de Buda chama-se Mudra. Cada uma tem um significado especial, os quais mostram uma comunicação não-verbal. O incenso é oferecido com respeito. Acredita-se que ele purifica a alma, a mente e principalmente o ambiente. Já a curvatura em reverência, significa humildade e respeito.

7. Datas Comemorativas:

A festa mais importante para os budistas é o aniversário do nascimento de Buda, comemorado em abril ou maio, na lua cheia. Acredita-se que foi nessa data que ele completou a iluminação, a entrada no nirvana. Outra data importante é o dia 15 de fevereiro, sendo a iluminação de Shakyamuni. Neste dia celebra-se o falecimento do Buda Shakyamuni. Embora Shakyamuni tenha alcançado a libertação sob a árvore de Bodhi (Iluminação), muito antes de sua morte, este é o dia em que entrou no pleno Nirvana. Ocorreu perto da cidade de Kushinagara, às margens do rio Hiranyavati. Diz-se que, no momento de sua morte Buda estava dormindo em uma cama preparada entre duas árvores. Sua cabeça para o norte, seu rosto para o oeste e sua mão direita fazendo às vezes de travesseiro. Naquele momento, flores brancas desabrocharam nas árvores e caíram sem cessar. Cada país tem várias datas importantes, celebradas com peregrinações aos mosteiros ou pagodes mais conhecidos. Não têm uma data fixa, como no catolicismo.

8. O Nirvana:

O Nirvana seria a superação dos apegos aos sentidos da ignorância e a superação da existência, que seria pura ilusão. “Através da prática diligente, do proporcionar compaixão e bondade amorosa a todos os seres vivos, do condicionamento da mente para evitar apegos e eliminar karma negativo, os budistas acreditam que finalmente alcançarão a iluminação. Quando isso ocorre, eles são capazes de sair do ciclo de morte e renascimento e ascender ao estado de nirvana.”

"As

pessoas

possuem

naturezas,

desejos,

comportamentos,

pensamentos e julgamentos diferentes. Por essa razão, emprego diferentes ensinos, várias parábolas e histórias sobre relações causais para possibilitá-las a criarem boas causas. Esta prática, própria de um Buda, eu a tenho realizado ininterruptamente, sem nunca negligenciá-la por um momento sequer.” (Sakyamuni - Sutra de Lótus)

9. Meditação - mente estável:

Meditação, para os budistas, não significa ficar sentado em uma posição confortável e respirar de determinada maneira. Estes são apenas recurso para colocar a mente em um estado estável. A meditação para os budistas é praticada para o alcance da felicidade inferior e cultivar a sabedoria, de forma a alcançar a purificação da mente e libertação.

É uma

atividade de consciência mental. Através da meditação, podemos reconhecer nossos erros e ajustar nossa mente para pensar e reagir de maneira mais realista e honesta. Podemos nos libertar de problemas como insatisfação, raiva e ansiedade, compreendendo a maneira como as coisas de fato funcionam, nos é possível eliminar completamente a própria fonte de todos os estados mentais incômodos.

10. A vida religiosa: monge, monjas e leigos:

Buda criou a sociedade monástica, sem um sistema de castas. Para seguir os ensinamentos dele, era necessário deixar tudo para trás, cuidados e preocupações, inclusive família e vida social. Mas é importante entender que, existe uma grande diferença entre monges e monjas e leigos. Monges e monjas têm regras de conduta muito mais severas do que os leigos, levam uma vida de simplicidade e pobreza. É uma sociedade de subsistência. Podemos dizer que os dois grupos dependem um do outro. Mesmo que um budista não venha a se tornar um monge ou monja, ele pode ajudar o mosteiro e viver os ensinamentos de Buda, até podendo aspirar a ser um monge em sua próxima encarnação.

11. Os tipos de budismo:

Atualmente costumasse distinguir entre duas tendências da difusão do budismo. A Theravada (“a escola dos antigos”) e Mahayana (“o grande veículo”). Theravada – O caminho da auto-redenção: Essa escola acredita representar o budismo na sua forma mais original, na sua forma mais antiga, sem o modernismo. Buda, nessa escola é visto como mestre e guia dos seres humanos, não é adorado como um deus, mas indicou o caminho para a salvação pessoal. Um monge aqui é chamado de arhat. A principal idéia dessa divisão é que o próprio indivíduo deve assumir responsabilidade por seu desenvolvimento ético e religioso.

Mahayana – o caminho da ajuda mútua: Para eles é possível levar todas as pessoas à redenção. Também têm a visão de Buda, mas com grandes diferenças. Acredita-se no Buda como um salvador, assim não só os monges serão salvos, os leigos também poderão.

(Exposição Nippon – 100 anos de integração BrazilJapão. Fotografia: Marianne Azevedo.)

12. Diversidade religiosa:

O Budismo, assim como o Hinduísmo, tem um nível de diversidade incrível. Aceitam a diversidade religiosa, pois não acreditam que seja uma fraqueza. Assim temos diversos tipos de Budismo:

Budismo Tibetano: No Tibet, o budismo se incorporou à religião local. Caracteriza-se pela crença em deuses e espíritos. Esses budistas acreditam que eles representam a doutrina original, não adulterada. Além de terem rodas de orações e fórmulas escritas. Acreditam no mantra Om Manipadme Hum, que significa “Ó tu, que tens a jóia no teu lótus”. Zen-budismo: Surgiu na China, como uma escola especial de meditação que realça a iluminação como o verdadeiro núcleo do budismo. Zen significa meditação e essa variação se espalhou para a Coréia e Japão. Essas são as variações mais praticadas em todo o mundo. Mas também existem outras variações, já que os budistas no geral acreditam em outras religiões e levam as duas lado a lado como um complemento espiritual.

13. Ensinamento para a Vida:

“Ele não veio de muito longe, mas compartilhar de seus conhecimentos de muitos anos dedicados ao budismo zen é sempre uma oportunidade única. Ryotan Tokuda Igarashi, ou simplesmente mestre Tokuda, que mora em um mosteiro em Pirenópolis – GO, esteve recentemente na CasaZen, no Park Way, onde ministrou uma palestra aos seus seguidores e pessoas interessadas em conhecer um pouco mais dos ensinamentos zen-budistas. A filosofia de vida do budismo contempla o

ser

humano

em

sua

totalidade,

influenciando positivamente na saúde do indivíduo. Muito do conhecimento do mestre está publicado em

textos

conhecidos

como

teishôs, que podem ser conferidos na

internet. ‘Buda descobriu as origens de todos nossos problemas, como a ignorância, os apegos e a vida errada. O budismo é um grande método de cura para tais males e sofrimentos’, diz um trecho de um teishô. Tokuda defende que as pessoas se conheçam melhor, a fim de prevenir possíveis patologias, ao invés de atuar apenas quando o mal estiver instalado. Para ele, o conhecimento do próprio ser é o caminho para um futuro saudável e feliz. ‘Esta é a grande questão do século XXI e muitas organizações estão trabalhando nisso’, ressalta.” (Jornal da Comunidade - Comunidade VIP – Viva Melhor. Por Natasha Dal Molin. Brasília, 23 a 29 de agosto de 2008.)

14. Algumas frases budistas:

“O valor de uma religião depende de sua capacidade de conter a ambição, o ódio e a insensatez. Não se deve confiar na mente que está cheia de cobiça, ira e estultícia. Não se deve deixar a mente desenfreada, deve-se mantê-la sob rígido controle. É muito difícil ter o perfeito controle mental. Aqueles que buscam a Iluminação devem livrar-se primeiro do fogo de todos os desejos. O desejo é como fogo devastador, e aquele que está trilhando o caminho da Iluminação devem evitar o fogo do desejo, assim como o homem que carrega um fardo de feno evita as chamas. É loucura um homem arrancar seus olhos, pelo temor de ser tentado pelas formas bonitas. A mente é o senhor e se ela estiver sob controle, os menores desejos desaparecerão.” “Não viva no passado, não sonhe com o futuro, concentre a mente no momento presente.” “O segredo da saúde da mente e do corpo está em não lamentar o passado, em não se afligir com o futuro e em não antecipar preocupações; mas está no viver sabiamente e seriamente o presente momento.” (Sakyamuni).

15. Conceitos de Deus no Budismo:

“Esta entrega inicia uma nova série que enfocará esclarecer dúvidas freqüentes que surgem entre os que propagam o Budismo Nitiren no ocidente. Durante muito tempo, os membros têm procurado assistência para responder perguntas a respeito da visão budista sobre Deus, Jesus, Satanás, o céu, etc. Durante os próximos meses, nosso foco será oferecer-lhes respostas diretas. Ao examinar sob a perspectiva budista

palavras

e significados

fundamentais da fé cristã, esperamos que esta série ajude aos membros da SGI a transmitir da melhor maneira o Budismo Nitiren aos seus familiares e amizades cristãs. Esperamos também ajudar aos membros com antecedentes culturais cristãos a compreender melhor o Budismo Nitiren, as semelhanças e diferenças deste Budismo com o Cristianismo, e igualmente esperamos que o resultado seja uma melhoria na eficácia da prática budista. Além disso, desejamos estabelecer pontes que ajudem os cristãos e não-membros em geral a compreender melhor e criar vínculos com o Budismo, e talvez para alguns facilitar-lhes a transição para a prática do Budismo. Porém, antes de começar, gostaria de oferecer algumas explicações para esclarecer o contexto de nossa análise. Primeiro, nos focaremos no que acreditamos são princípios do Cristianismo geralmente aceitos, sem deixar de reconhecer que dentro da fé cristã existe uma grande diversidade de opiniões. Dentro do alcance desta série, seria impossível examinar plenamente todas as variantes da doutrina cristã. Solicitamos a indulgência do leitor ou leitora pelas inevitáveis generalizações no que refere-se a conceitos que obrigatoriamente nosso enfoque tem que adotar. Segundo, nossa intenção também não é assumir um enfoque de refutação perante o Cristianismo. Não vemos a necessidade, nem o valor, em tentar socavar uma tradição religiosa que tem ampla aceitação e é de valor palpável.

Ao mesmo tempo, não podemos evitar a evidência histórica dos aspectos menos nobres desta tradição, aspectos que deram lugar à propagação violenta e à Inquisição, assim como o uso desta tradição como ferramenta de colonização e subjugação. Finalmente, não assumimos uma posição exclusivista – aquela de que o Budismo Nitiren é o único veículo capaz de levar seus seguidores e seguidoras aos pináculos da verdade e à beira da felicidade. Ao mesmo tempo que certamente acreditamos que existe uma única realidade máxima, reconhecemos que as principais tradições religiosas, desde distintos níveis, também buscam e entendem esta verdade. E mais, a maioria das tradições religiosas compartilham com o Budismo Nitiren a intenção de levar os praticantes para esta verdade e para atingir o objetivo de conquistar o desenvolvimento humano, assim como estabelecer uma comunidade harmoniosa. Portanto, ao mesmo tempo que, não reclamamos ser os únicos possuidores da verdade (de todos modos, quem pode possuí-la?), o que mais nos interessa é o grau em que a tradição religiosa possa cumprir com o que promete. Na realidade, quantas pessoas podem superar suas tendências mais obscuras e viver segundo as doutrinas daquilo no que acreditam, para assim transformar-se em pessoas de caráter genuinamente digno, com intenções sábias, e comportamento benevolente? Serve uma prática religiosa em particular como veículo maior ou como um veículo menor no caminho para conquistar estas metas? Desde há muito tempo, nós budistas temos discutido este ponto com o uso de analogias tais como a de uma balsa para atravessar o mar do sofrimento, ou como a de um veículo para fazer a viagem para a iluminação. Por exemplo, em vez de rejeitar como falsas os ensinos dos anciãos na fé, os Budistas do Mahayana caracterizavam as práticas desses anciãos como práticas de “veículo menor” que somente podia levar a uns poucos – monges e monjas de muita dedicação – para alcançar o objetivo da iluminação. Em contraste, com o enfoque em desenvolver práticas para monásticos, leigos e leigas, e igualmente com a intenção de incluir todas as pessoas na viagem, a designação de “veículo maior”, ou Mahayana, aplicou-se às práticas e ensinos posteriores.

Neste contexto, todas as religiões principais são veículos; alguns maus, alguns bons, e alguns melhores que os outros, mas veículos em última instância. Nós também acreditamos que não existe veículo maior que o Budismo de Nitiren Daishonin, o veículo capaz de incluir nessa viagem a todas as pessoas, e não somente a uns poucos. Para a maioria daqueles que ainda não estão familiarizados com o Budismo, a idéia de que a viagem para a iluminação é algo que somente uns poucos podem fazer e que está reservado para santos e sábios tem se convertido numa crença amplamente aceita. Isto sugere que, para a maioria das pessoas, a própria existência de um grande veículo para alcançar a Budicidade e a felicidade absoluta é um conceito alheio que não faz parte da experiência religiosa cotidiana. Porém, atualmente, no Budismo Nitiren, o veículo para fazer esta viagem está disponível para todas as pessoas, sem importar gênero sexual, raça, condição social, nível de escolaridade ou econômico, preferência sexual, nem idade. E assim, com isto como pano de fundo, comecemos a examinar nossa primeira interrogante. Os budistas Nitiren acreditam em Deus? Como conceituamos Deus tem grande peso na resposta a esta pergunta. Uma pesquisa informa que 99% dos norte-americanos declara acreditar em Deus. Porém, não obstante a magnitude da religiosidade nos USA, a ascendente taxa de criminalidade, crescente adição aos narcóticos, epidemia de aflições mentais, e o reatamento da pena capital - para só enumerar alguns sintomas - não são exemplos de uma sociedade espiritualmente saudável. Por outra parte, os europeus apresentam um crescente vácuo - um vazio com forma de deus – onde uma vez existiu Deus na consciência humana. [1] Algo que também parece estar claro é que o conceito de Deus não é algo uniforme. Existem tantas versões de Deus como pessoas que acreditam nessas versões, já que o conceito de Deus nunca tem sido algo estático. Tal e como escreve Karen Armstrong em A History of God (Uma história de Deus): “Porém, parece que criar deuses é algo que os seres humanos sempre têm feito. Quando uma idéia de deus deixa de funcionar, simplesmente é

substituída. Estas idéias desaparecem tranqüilamente e sem grandes estardalhaços, tal e como aconteceu com a idéia do Deus do Firmamento. Em nossos tempos atuais, muitas pessoas diriam que o Deus adorado durante séculos por judeus, cristãos e muçulmanos tornou-se tão distante como o Deus do Firmamento “.[2] Armstrong conclui como segue: “Os seres humanos não podem resistir o vácuo e a desolação, e preencherão esse vácuo com a criação de um novo foco para dar sentido às coisas. Os ídolos do fundamentalismo não são bons substitutos para Deus. Se devemos criar uma vibrante nova fé para o século 21, talvez deveríamos ponderar a história de Deus para extrair algumas lições e alertas.[3] Quando aos budistas nos perguntam se acreditamos em Deus, tendemos a responder com nossa própria pergunta: A que Deus se refere? Trata-se do Deus de Abraham, o Deus do Velho Testamento? Este deus era um pai rigoroso, criador, protetor, que castigava e outorgava leis. Este deus também exigiu a Abraham que sacrificasse seu filho, Isaac, e autorizou a conquista e chacina de milhares de pessoas. [4] Trata-se do Deus de Agustín, o Deus da Igreja Cristã primitiva? Este era o deus da igreja poderosa, herdeira dos remanescentes do império romano. Este Deus julgava a toda a humanidade, baseado no pecado original de Adão. A religião baseada neste deus exige que nos consideremos como fundamentalmente falhos e originalmente pecaminosos.[5] Trata-se do Deus de Michelangelo, um deus pessoal, tal e como aparece pintado no teto da Capela Sistina? Este conceito de Deus ajudou a desenvolver o humanismo liberal tão altamente valorizado no Ocidente. Ajustou-se bem a uma Europa que despertava e expandia-se. Este deus ama, julga, castiga, vê, ouve, cria e destrói, tal e como nós o fazemos. Este deus inspira. Porém, isto também poderia significar um impedimento se presumimos que este deus quer o que nós queremos, e detesta o que nós detestamos, o que validaria nossos preconceitos, em vez de incentivar-nos a superá-los. O fato de que este Deus “pessoal” é homem (e usualmente da

raça branca) tem criado profundos problemas existenciais tanto para as mulheres, como para aqueles que não são de raça branca.[6] Trata-se do Deus onipotente que alguns teólogos acreditam morreu em Auschwitz? Para alguns, a idéia de um Deus todo sapiente e todo poderoso é difícil de reconciliar com a maldade do Holocausto. Isto é assim, já que se Deus é verdadeiramente onipotente, ele poderia ter evitado essa desgraça. E se não conseguiu evitá-la, é impotente; e se podia evitá-la, mas optou por não fazê-lo, não é benevolente. [7] Igualmente, nosso rápido avanço no conhecimento científico sobre o universo torna aparente que Deus já não está “lá em cima”, nem “lá fora”. Nos céus parece estar ausente a protetora, julgadora, e zelosa presença divina, tal e como a concebia o mundo antigo. Segundo John Shelby Spong, bispo episcopal e autor de Why Christianity Must Change or Die (Por quê o Cristianismo tem que mudar ou morre), o resultado disto é que dezenas de milhões de pessoas são “crentes no exílio” que têm perdido contacto com estas imagens de Deus, tal e como são ensinadas desde os púlpitos tradicionais; porém, esses mesmos crentes não estão preparados para abandonar o conceito de Deus em sua totalidade. [8] Tal e como uma serpente muda a pele no processo de crescimento, no presente, somos testemunhas do crescimento de nosso conceito coletivo de Deus, ao deixar para trás a antiga, e para alguns, inadequada noção que tínhamos, enquanto nasce um novo conceito que ainda não está claro? Há quem acredita que, de fato, nesta era pós-moderna uma nova visão de Deus está em processo de emergir. Esta visão deixa para trás as imagens do teísta, histórico e externo Deus das alturas, e as substitui por imagens com profundidade interna de um deus que não está fora, mas que é parte integrante e fundamental de nós. Esta é uma perspectiva muito consistente com o conceito budista da Lei Mística. Esta Lei Mística é a entidade ou verdade máxima que impregna todos os fenômenos no universo, e não é um ser personificado. O ser humano e esta Lei máxima são supremamente inseparáveis – não existe brecha alguma

entre os seres humanos (todos, sem exceção) e esta idéia de Deus como uma Lei Mística. Esta verdade eterna e inalterável, que reside dentro de nós é a fonte onde podemos obter a sabedoria benevolente que concorde com as circunstâncias cambiantes, assim como conquistar a coragem e confiança para viver de acordo com essa sabedoria. É mística, e não mágica, já que a totalidade desta Lei está além da conceição humana, e os esforços por enquadrá-la em forma humana, por assim dizê-lo, somente a restringe e a limita. É uma lei, porque é manifestamente verificável nas vidas cotidianas de cada ser humano. Esta realidade máxima, verdade máxima, pureza máxima, existe nas profundezas de cada ser humano. Por isto nós budistas consideramos que toda pessoa é sagrada e está igualmente dotada com o potencial de atingir a iluminação e ser maravilhosamente feliz. Não existe tal coisa como nós aqui e eles lá, nem tampouco os fiéis e os incrédulos – todos somos filhos e filhas de Deus, entidades da Lei Mística. Enquanto outros olharam para os céus, Buda olhou para dentro e encontrou a inestimável jóia da maravilha e o potencial humano. Reconheceu que nós também somos feitos da “matéria prima” divina da qual é feito o universo. Simplesmente, esquecemos quem éramos. Portanto, acreditamos em Deus? Segundo a maioria das definições tradicionais, não. Mas em termos de como um crescente número de cristãos conceitua Deus, acreditamos sim. Nosso nome para Deus é Nam-myohorengue-kyo, a Lei Mística. Acreditamos que existe tanto “aqui dentro”, como “lá fora”, e que esta luz interior pode brilhar de dentro quando nos conscientizamos dela e lhe abrimos nosso coração através do ato de recitar Nam-myoho-rengue-kyo. Certamente, haverá muita gente para quem esta maneira de compreender Deus será inaceitável. Tudo bem. Mas também haverá muitos – e segundo um estudo[9] esta cifra alcança algo como 25% de todos os adultos dos USA – para os quais isto repercutirá. Gente que encontrará que

realmente deixou de aceitar as versões iniciais de Deus; que têm começado a conceber o universo de forma diferente; e que o conceito de Deus como Lei Mística equipara-se com o entendimento que têm alcançado por conta própria. “Descobrirão tal e como podem testemunhá-lo a maioria dos membros da SGI-USA, que de maneira muito precisa, em nosso ser espiritual a Lei Mística pode preencher o vácuo com forma de deus.”

[1]

Karen Armstrong, A History of God (Uma História de Deus) [Ballantine

Books, divisão de Random House, inc. Alfred A. Knopf, New York, 1993], págs. 397-98. [2]

Ibid., pág. 4

[3]

Ibid., pág. 398

[4] [5]

Ibid.,págs. 18-19

[6]

Ibid., págs. 123-124

[7]

Ibid., pág. 346

[8]

John Shelby Spong, Why Christianity Must Change or Die (Por quê o

Cristianismo tem que mudar, ou morre) [HarperCollins Publishers, Inc., San Francisco, 1998) pág. 33. [9]

Phillip Hammond y David W. Machacek, Sokka Gakkai in America (A Soka

Gakkai nos Estados Unidos da América), [Oxford University Press, Inc., New York, 1999). (Budismo e Cristianismo.[Living Buddhism, fevereiro 2004, págs. 4 – 8] Por Greg Martin, Assessor Principal do Departamento de Estudo da SGI-USA)

16. Bibliografia: (1) - Chendi, Patrícia. Príncipe Sidarta, o sorriso do Buda. – volume 3. Editora Rocco. (2) - Dalai – Lama, site oficial: dalailama.org.br/biografia (3) – Küng, Hans. Religiões do mundo: em busca dos pontos comuns. Campinas, SP. Verus Editora, 2004. (4) - Nhat-Hanh, Thich. Aprendendo a lidar com a raiva. Rio de Janeiro, RJ. Sextante, 2003. (5) – Gaarde, Joestein. O livro das religiões. São Paulo, SP. Companhia das Letras, 2000. (6) – Templo Zu- Lai: templozulai.org.br (7) – Budismo: htbudismo.hpgvip.ig.com.br (8) - Dharmanet: dharmanet.com.br/home (9) - Exposição Nippon – 100 anos de integração Brazil-Japão, Centro Cultural Banco do Brasil, Brasília, 17 de agosto de 2008.

Related Documents

Budismo
December 2019 43
Budismo
November 2019 50
Budismo
June 2020 36
Budismo
May 2020 41
Budismo
November 2019 43
Budismo 2
May 2020 32