Boletim Athanor 020 Outubro 2007

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  • Words: 6,750
  • Pages: 15
Outubro de 2007

Ano 2

N E esta

dição:

E Ed diitto or riia all

A An ntte es s & & D De ep po oiis s pelo R∴H∴ Ulisses

D Diic ciio on ná ár riio o d da a M Ma aç ço on na ar riia a

((1144))

pelo R∴H∴ Jeremias Serapião

O O M Miis stté ér riio o d da a F Fo or rm ma a

((88))

pelo R∴H∴ Joaquim Barão

M Miitto os s G Gr re eg go os s:: D De em mé étte er r e e P Pe er rs sé ér rffo on ne e pelo R∴H∴ João Silas

A A S Sa an nttíís ss siim ma a T Tr riin no os so offiia a

((1100))

Conde de S. Germain

E Effe brro em o mé érriid de es sC Cé éllttiic co o--R Ro om ma an na as sd de eO Ou uttu ub Colaboração do R∴Ir∴Fr∴ Incógnitus

P Pa alla e av vrra as sS Sá áb biia as sd de eN Na ap po olle eã ão oB Bo on na ap pa arrtte Recolha do R∴Ir∴ Teixeira Cabral

Athanor – Boletim Esotérico Mensal – Edição n.º 20 – Outubro de 2007

E Ed diit to or riia al l

A An nt de ep te po es oiis se s ed P P R ∴ ∴ U Peeelllooo R R∴ ∴IIIrrr∴ ∴U Ullliiisssssseeesss

O Editorial anterior deu origem a outros relatos

não sei porquê não sei mesmo mas sempre vi o tempo numa circunferência em que o futuro está ali antes do passado e depois do presente

de casos identicos aos que ali foram referidos. Não é segredo nenhum que as escalas de valores estão actualmente invertidas, e o curioso é que isto estava previsto desde há milhares de anos

e se na linha está o tempo tenho do círculo a ideia do mundo que dentro da fronteira olha para cada um dos seus pontos e em todos e cada um encontra o que está depois do antes e antes do depois o presente

pela Tradição Oriental, onde o período que estamos agora a atravessar se designa por “Era de Kali” (do “mal”, das “forças negras”, por oposição ao bem e à Luz). O que se passa encaminha-nos para a lógica daquele antigo romance, de cariz político, em

também não sei porquê mas não consigo imaginar o que é e o que vai para além do traço

que o autor imagina uma cidade onde tudo funciona ao contrário e as pessoas caminham com as mãos no chão e com as pernas no ar.

imagino que seja maior mas não imagino o que possa ser

Porém, o que é que isto interessa ao Athanor? Vamos mas é continuar nos nossos Calcinatios,

o futuro pode mesmo estar à mão de um passo cada vez mais pequeno porque o passado cresce cresce sempre

Solutios, Coagulatios, Sublimatios, Mortificatios, Separatios e Coniunctios, enquanto o forno tem lenha, e não nos esqueçamos de que:

então ou a circunferência alarga e há tempo que é criado do nada ou o passado invade o futuro e eu não sei onde pôr o presente

"A sabedoria é como uma flor, de onde a abelha faz o mel e a aranha faz o veneno, cada uma de acordo com a sua própria natureza".

T T∴A A∴T T∴

é certo que tudo tem só a importância que lhe damos e pode até não ser importante para outros a ideia que eu faço do tempo e também do mundo mas porque tudo tem tão só a importância que tem sem tempo não tenho o que dizer e não sei se condeno o poema ou se ele verdadeiramente nasce

Os artigos apresentados são da responsabilidade dos seus autores e poderão eventualmente, num ou noutro aspecto, não expressar os pontos de vista dos fundadores.

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Athanor – Boletim Esotérico Mensal – Edição n.º 20 – Outubro de 2007

D Diic Ma aç ciio ço on on na ná ar ár riia riio a ((1144)) od da aM

C Cubo. O cubo define-se matematicamente como a terceira potência de um número ou como um sólido composto de seis faces quadradas de igual tamanho, formando um hexaedro. Fazendo referência ao número quatro, está ligado à conjunção e à harmonia dos quatro elementos – o ar, a terra, a água e o fogo – que constituem o mundo. Neste caso, simboliza o universo material existente em conjunto com todas as suas dimensões. No plano iniciático, o cubo está intimamente ligado ao simbolismo da cidade santa, à perfeição reprodutível no infinito. Culto. Na sua origem, na Idade Média, o exercício de uma profissão estava intimamente ligado à religião. As práticas quotidianas dos artesãos, ainda que respeitantes aos usos e costumes mais normais, eram carregadas de fé e de devoção. O culto estava sempre presente. Cada profissão venerava os seus santos numa expressão cultual que, segundo o país, a região ou a capela, honrava também os Quatro Santos Coroados (Sivere, Siveriano, Corpofore e Victoriano, mártires sob Dioclécio), a Santa Virgem, S. Blaise, S. Luís, S. Nicolau, S. José, Santa Ana, S. Tomás, Santa Bárbara e outros. Os Franco-Maçons, essencialmente dirigidos aos anunciadores da Luz, remeteram-se, logicamente e mais particularmente, a S. João Batista e a S. João Evangelista. A instauração e a prática do culto profissional, reservado aos companheiros da profissão, estiveram naturalmente na origem dos Ritos de Iniciação.

Não sendo nossa intenção elaborar um dicionário extenso e completo, devido a razões de espaço e tempo, e face à periodicidade de publicação do Athanor, optámos por apresentar apenas as palavras de cada letra do alfabeto que nos pareceram mais aliciantes. Ainda assim, a listagem apresenta uma significativa extensão.

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P P R ∴ ∴ J m a S a p ã Peeelllooo R R∴ ∴IIIrrr∴ ∴J Jeeerrreeem miiia asss S Seeerrra ap piiiã ãooo

Athanor – Boletim Esotérico Mensal – Edição n.º 20 – Outubro de 2007

O OM Fo or rm té ma Miisst ér a… riio … od da aF e En ne er rg giia a ((88)) ed da aE P P R ∴ ∴ J a u m B a ã Peeelllooo R R∴ ∴IIIrrr∴ ∴J Joooa aqqqu uiiim mB Ba arrrã ãooo

Conceitos de Biofísica

Ao tomar consciência do que o rodeia, o homem comprovou a existência de corpos, entre os quais o seu próprio. A consequência imediata desta comprovação foi a concepção de espaço; logo, a determinação da forma, situação e movimento dos corpos; suas semelhanças, diferenças ou identidade; suas divisões, unidade e pluralidade; o seu número, tamanho e peso; continuidade, movimentos e equilíbrio; tempo ou duração; velocidade, aceleração ou imobilidade aparente. O homem aprende desde logo a distinguir a existência de forças resultantes do movimento dos corpos e pensa na possibilidade de as utilizar para produzir trabalho e energia, observando depois que estes podem ser conservados para o seu oportuno aproveitamento; aprende também a medir os corpos e a classificar as suas características na forma de equivalências numéricas e geométricas. Uma observação mais detalhada ensina ao homem que os corpos estão compostos de matéria, divisível em partículas, também susceptíveis de ser observadas com relação à sua massa, densidade, qualidades e energias, determinadas pelo seu movimento, e este, por sua vez, pela quantidade, qualidade, características e movimentos dos elementos de que se compõe. Ainda que se manifestem com diversa intensidade, pelas causas referidas, demonstrou-se a inseparabilidade dos três princípios: matéria, movimento e energia. Todas as manifestações da matéria – as suas formas, peso, qualidades, energias e movimento, são susceptíveis de ser medidas, e o seu estudo, como todos sabemos, constitui a matéria das ciências físicas e químicas. Os estudos modernos de física, biomecânica e bioquímica, têm avançado consideravelmente, permitindo a observação e a utilização de energias de uma potência assombrosa. 4

Athanor – Boletim Esotérico Mensal – Edição n.º 20 – Outubro de 2007

Independentemente dos estudos neste campo se encontrarem longe de estar completos, é possível catalogar provisoriamente as energias utilizadas pelo homem, conforme a seguinte classificação: - Energia mecânica, resultante do movimento; - Energia térmica (calórica); - Energia luminosa; - Energia electromagnética; - Energia radiante – raios X, radiações hertzianas, raios cósmicos, etc.; - Energias químicas, resultantes da afinidade, atracção e repulsão inerentes às propriedades dos átomos de cada substância; - Energias internas, que regem a existência individual e tendem a conservar a coesão e opor-se à degradação ou degeneração da forma. Entre estas energias internas distinguem-se ainda: - A energia vital ou Força Vital, variável de um indivíduo a outro, segundo a sua constituição, que lhe permite curar feridas e enfermidades e condiciona a duração da vida por um tempo determinado; - As energias Potenciais Subconscientes, que modelam por sua vez o ritmo vital dos órgãos e condicionam o desenvolvimento da imaginação; - As energias mentais, ou força do pensamento; - As energias Sentimentais e Sociais, que empurram os homens para a benevolência e cooperação. A Ciência estabeleceu dois princípios muito importantes: - O princípio da conservação da energia; - O princípio da transformação da energia. Equivale a dizer que a energia, como a matéria, não se cria nem se destrói: somente se transforma. Este é um conceito fundamental em ciência, apesar da afirmação dos energeticistas, que crêem que a matéria não é mais do que uma condensação da energia. Na realidade, energia e matéria são inseparáveis do fenómeno chamado «vida», do que constituem modalidades em eterno movimento e transformação, sem que aumente ou diminua na sua essência.

Entendemos que as especulações metafísicas costumam ter um certo valor filosófico, mas não devemos esquecer que as energias mais subtis só se manifestam através dos (ou nos) corpos, aparelhos ou seres vivos compostos de matéria. 5

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Mitos Gregos

( 1)

P P R ∴ ∴ J ã S a Peeelllooo R R∴ ∴IIIrrr∴ ∴J Joooã ãooo S Siiillla asss

DEMÉTER E PERSÉRFONE O ciclo da morte e do renascimento

Deméter era filha de Crono e Reia e era considerada a deusa da terra cultivada. O seu culto estava intimamente ligado às estações do ano e ao ciclo das sementeiras e colheitas, especialmente do trigo. Foi ela que ensinou aos homens a arte de semear, cultivar e fazer o pão. Persérfone era filha de Zeus e de Deméter e era uma deusa jovem e feliz que tinha por hábito colher flores. Um dia, aproveitando-se da ausência da mãe, Zeus encantou-a fazendo-a colher um narciso do qual se desprendia um perfume embriagador. Facultava, assim, ao seu irmão Hades, senhor dos infernos, e que dela se tinha enamorado, a possibilidade de a raptar, já que habituada ao sol e ao ar livre, Persérfone não aceitava viver no mundo das sombras, reino de seu tio. Tal como previsto, ao tentar colher a flor, a terra abriu-se e Persérfone caiu nas profundezas do reino dos mortos onde a esperava Hades com o seu carro de ouro e os cavalos imortais. Insensível às lágrimas e lamentos da jovem, Hades fê-la sua mulher e rainha dos Infernos. A mãe, Deméter, ainda ouviu o grito da filha ao despenhar-se mas já não pode ver nem saber o que se tinha passado. Desesperada começou a procurá-la. Com dois archotes percorreu o mundo sem comer nem beber durante nove dias e nove noites. Ao décimo dia encontrou Hácate, a deusa dos espectros e dos terrores nocturnos, dos fantasmas e dos monstros apavorantes2. Hácate ouvira o grito apavorado de Persérfone. Sabia que a jovem tinha sido levada para um qualquer lugar mas não sabia onde, pois não conseguira distinguir o rosto do raptor. 1

Adaptação do livro Mitos Gregos, de Zacarias Nascimento. 2 Hácate, símbolo do inconsciente. 6

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Hélio, o Sol, que tudo vê, teve compaixão pela dor de Deméter e contou-lhe o rapto com todos os pormenores. Demétrer, ofendida pelo comportamento de Zeus e de Hades, tomou a resolução de não mais viver no Olimpo, onde detinha o poder de garantir e proteger a vegetação. Sendo ela quem superintendia o nascimento e crescimento das plantas, decidiu impedir que elas crescessem enquanto a sua filha não fosse devolvida. Como no Olimpo os cargos eram vitalícios, não havendo lugar à substituição de deuses, gerou-se um impasse. Zeus não teve outra alternativa que não fosse ordenar ao seu irmão, Hades, que restituísse Persérfone a sua mãe, sob pena de se registar uma alteração na ordem do universo. Hades, o senhor dos infernos, sabendo que comer é praticar um acto de intimidade, identidade e fixação, fez com que a sua amada engolisse uma semente de romã. Deste modo ela ficou vinculada para sempre, sem remédio , ao reino das trevas. Zeus, juiz justo teria que se limitar ao cumprimento das leis. Perante os factos Deméter teve que fazer cedências e permitir que, de algum modo, a sua filha ficasse ligada ao reino de Hades. Assim, celebrou com Zeus um acordo: Persérfone que sucumbira à sedução de quebrar o jejum, passaria a viver um tempo repartido, quatro meses com o esposo no reino dos Mortos e oito com a mãe no Olimpo e na Terra. Satisfeita com o acordo, Deméter voltou ao Olimpo e ao seu cargo, permitindo que as plantas voltassem a crescer e a florir, e a Terra voltou a cobrir-se de verde ao ritmo das estações do ano. Quando Persérfone está com o marido, no Hades, caem as folhas e a Terra mergulha numa morte aparente, recebendo as sementes que germinarão e darão frutos na Primavera e no Verão, que é o tempo de reencontro da mãe e filha.

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Efemérides

A

Céltico-Romanas de Outubro

Santíssima Trinosofia

Recolha do R∴Ir∴ Fr∴ Incógnitus

(Autoria atribuída ao Conde de Saint-Germain)

(Fonte: “Lealdade Sacra”)

Outubro era consagrado a Marte, Deus da Guerra. O primeiro dia é o das calendas3 e do Tigillum Sororium4. O Tigillum Sororium, e os altares circundantes, estavam localizados perto do Compitum Acili, no declive sudoeste da colina Oppia, ou, segundo Dionísio de Halicarnasso, encaixado nas paredes no lado oposto da rua. Segundo a história. para resolver o confronto entre as cidades de Roma e de Alba Longa, foi estabelecido que a vitória seria decidida por um combate entre três guerreiros de Roma e três guerreiros de Alba Longa. Por Roma, avançaram os três irmãos Horácios, enfrentando os três irmãos albanos Curiácios. Dois dos irmãos romanos morreram de imediato, mas o terceiro, possuído por um furor marcial sem igual, conseguiu, por meio de um estratagema bélico5, liquidar dois de uma só vez, apanhando-os de surpresa), e abater depois o terceiro oponente. Depois da refrega, Horácio viu a sua irmã a chorar a morte de um dos Curiácios, seu noivo. Enraivecido, assassinou a sua irmã, e o povo, em lugar de o condenar à morte por esse crime, deixou que ele o expiasse. A propósito disto, Tito Lívio contou como o seu pai ergueu o tigillum e fez o seu filho passar por baixo, com a cabeça coberta. Dionísio de Halicarnasso afirmou que antes de Horácio passar por baixo do jugo, o rei Túlio Hostílio ordenou aos Pontífices que erigissem dois altares no local, um deles dedicado a Juno Sororia e outro a Janus Curiatius, e que em cada um deles oferecessem sacrifícios. Neste dia faziam-se ofertas a Iuno Sororio, em nome das raparigas que entravam na puberdade. Os três Flâmines Maiores6, Flamen Dialis7,

SECÇÃO X A alguma distância da margem, elevavam-se nos ares as colunas de alabastro de um sumptuoso palácio. As suas diferentes partes estavam unidas por pórticos cor de fogo. Todo o edifício era de uma arquitetura graciosa e aérea. Aproximei-me das portas. Estava representada uma bolboleta sobre o frontispício. As portas encontravam-se abertas... Entrei. Todo o palácio consistia numa única sala... Esta sala estava cercada por três filas de colunas. Cada fila era composta por vinte e sete colunas de alabastro. No centro do edifício estava a figura de um homem. O homem saía de um túmulo e a sua mão, apoiada sobre uma lança, batia na pedra que antes o aprisionara. Os seus rins estavam cingidos por um tecido verde e o ouro brilhava na orla da sua vestimenta. Sobre o peito tinha uma tabuleta quadrada, onde distingui algumas letras. Por cima da figura encontrava-se suspensa uma coroa de ouro e a figura parecia elevar-se nos ares para a apanhar. Por cima da coroa havia uma lápide de pedra amarela, na qual estavam gravados alguns emblemas. Decifrei os emblemas com o auxílio das inscrições que existiam sobre o túmulo e no peito do homem. Fiquei nesta sala,

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chamada (Balsân, bálsamo ?), o tempo necessário para contemplar todos os detalhes, e saí depois, atravessando uma vasta planície, com a intenção de chegar a uma torre que vi, localizada a uma grande distância.

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As calendas de cada mês earm consagradas a Juno, Deusa Celestial das Mulheres e do Casamento. 4 A Trave das Irmãs, uma estrutura composta de duas vigas e uma trave. 5 Simulando uma fuga e depois virando-se de repente. 6 Sacerdotes devotados a um Deus em particular. 8

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Flamen Martialis8 e Flamen Quirinalis9, guiavam uma procissão ao Capitólio, dentro de um carro coberto, e realizavam sacrifícios às Divindades Fides10 e Honos11, com os dedos das suas mãos direitas envoltos em tecido branco. Os ritos cerimoniais consistiam em purificação e comemoração do juramento da unificação, no santuário da Fides (Capitólio), ao que se seguiam os festejos. Tratava-se de um ritual de grande importância no contexto religioso Romano, ao qual o estudo das Religiões dedicou atenção especial e contribuiu para formular a teoria trifuncional de Georges Dumézil12. O pormenor da mão direita oculta também é de grande relevância, porque evoca a importância da mão no juramento, uma vez que o ritual é realizado em honra da Fides, que é a Fidelidade13. Nas tradições nórdica, céltica e romana, há sempre uma figura mitológica que representa de algum modo a Fidelidade, a Justiça e o Juramento14, a qual não tem uma mão. É o caso de Tyr, no panteão escandinavo, que sacrifica uma das mãos para que o lobo Fenrir, inimigo dos Deuses, pudesse ser preso; Nuadu, rei dos Tuatha Dei Danann15, que perdeu um braço em combate, e Mucius Scaevola, que sacrificou uma mão num braseiro, para mostrar ao inimigo que não tinha medo de sofrer e que por isso não iria trair Roma. Disse Silius Italicus16, a respeito da Deusa Fides: «Deusa mais antiga do que Júpiter, virtuosa glória de Deuses e de homens, sem a qual não há paz na Terra, nem nos mares, irmã da Iustitia, Fides, silenciosa Divindade no coração dos homens e das mulheres.»

A Fides é um dos principais constituintes da identidade romana e de outros povos indoeuropeus. Este dia é também consagrado a Ceres, Deusa Agrícola, Senhora da Fertilidade e Protectora dos Cereais. O dia 3 de Outubro era marcado em Roma pelo Festival de Dionísos17, até que um édito imperial aboliu o evento na Cidade da Loba, pelo facto destas festas se estarem a tornar selváticas e excessivas. Dionísos, filho de Semele e de Zeus, era o Deus do Êxtase, e por isso o vinho abundava nestes festejos. Como o vinho era considerado muito importante do ponto de vista medicinal e cultural, Dionísos era considerado um promotor da civilização, dador da lei e amante da paz. No dia 4 dedicava-se um jejum a Ceres, decretado em 562 a.u.c. ou 191 a.c., em honra do falecimento de Prosérpina, Sua filha. Começou por se realizar de 5 em 5 anos18, passando a anual com Augusto. Este é um dos dias da Mundus Patet19, havendo uma ligação entre esta abertura e a Deusa Ceres. Sendo Ceres uma Divindade agrícola, está naturalmente relacionada com o mundo ctónico, ou inferior. Quando esta abertura é feita20, os espíritos Manes21 saem e circulam pelas ruas. Sobre uma abertura, colocava-se uma efígie representando o céu, virada ao contrário, sendo depois coberta com uma pedra grande – a “Lapis Manalis”. Esta pedra era removida três vezes por ano, para permitir aos espíritos do mundo inferior acederem às regiões superiores da Terra. Neste dia eram proibidas as reuniões de tropas, as marchas, o levantamento das âncoras dos navios,

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Flâmine de Júpiter. Flâmine de Marte. 9 Flâmine de Quirino. 10 Fidelidade. 11 Honra. 12 Teoria segundo a qual os Romanos, sendo IndoEuropeus, tinham uma tríade divina onde um dos Deuses representava a primeira função indo-europeia – soberania, poder mágico e justiça (Júpiter) –; outra das Deidades representava a segunda função indo-europeia – a da guerra (Marte) –, e a terceira Divindade representava a terceira função indo-europeia – a da fertilidade e da produção (Quirinus). 13 Conceito de valor crucial para a generalidade dos povos Indo-Europeus. 14 Ou o Direito. 15 Os Deuses irlandeses mais importantes. 16 Em «Punica» 2.484-87. 8

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Baco, na Grécia. De acordo com Lívio, 36.37.4. 19 Abertura na terra que permite a comunicação deste mundo com o outro, o do Inferno, reino de Dis (ou Plutão, ou Orcus) e de Proserpina. 20 Esta abertura também ocorria a 8 de Novembro. 21 Dos antepassados bons e protectores da família. 18

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Athanor – Boletim Esotérico Mensal – Edição n.º 20 – Outubro de 2007

os combates, os casamentos e as práticas sexuais. Actividades políticas e públicas eram permitidas. Este dia era também consagrado a Venus Caelestis22. O nome “Celeste” e o culto da Mãe de Deus (Virgem Maria), que “mora no céu” (região “celeste”), teve aqui origem. Escreveu Ovídio23: «Que Vénus oiça todas as minhas orações: Tome para Si quem A serviria durante longos anos; aceite quem saiba como amar com um coração puro.» O dia 7, o nonas do mês, era consagrado a Juno Curitis24 e a Júpiter Fulgur25. Neste dia, o Rex Sacrorum26 aparecia nos degraus do Capitólio e anunciava ao povo quais os dias sagrados do mês. As nonas, consagradas a Júpiter e a Juno, eram celebradas por meio de sacrifícios oferecidos no Campo de Marte e de festas que tinham lugar ao ar livre, com a participação de todo o povo, incluindo os pobres e os sem abrigo. O dia 9 era consagrado ao Génio Público, ou Génio do Estado27, e também a Vénus Victrix28, Apolo e Felicitas29 (com festas religiosas em honra destes últimos). O Templo de Apolo foi edificado neste dia, no no Palatino, no ano 725 a.u.c.30 ou 28 a.e.c.31. O Templo de Felicitas foi edificado em Roma no dia 1 de Junho32, em 49 d.c. ou 803 A.U.C..

No dia 10 de Outubro, os festejos eram em honra de Juno Moneta, no templo construído a 1 de Junho de 344. a.c. ou 409 a.u.c.. É a data da Meditrinalia33. É a celebração do fim da colheita vinícola. A Divindade honrada terá sido inicialmente Júpiter, também com culto na Vinalia de 23 de Abril. Só fontes mais tardias mencionam a Deusa Meditrina. Segundo Varrão34, Flâmine Marcial Flaccus costumava dizer que, em tempos antigos, as pessoas costumavam fazer libações e provar vinho novo e velho35, com propósitos medicinais. Varrão informa também que no seu tempo muita gente ainda dizia, ao beber o vinho: «Novum vetus vinum bibo: novo veteri morbo medeor» 36. António Grilo37 pratica o seguinte ritual: Depois de adquirir vinho branco e tinto, bem como algumas uvas, prepara uma mistura em partes iguais de vinho e de sumo de uva. Parte desta mistura será oferecida em libação, e a outra parte será bebida pelo praticante. É este o processo, ponto por ponto: 1. Preparar a mistura do vinho, colocando-a numa pátera, ou noutro recipiente; 2. Preparar um recipiente com água para ter ao lado durante o ritual; 3. Dirigir-se ao local de culto (lararium, santuário, etc.); 4. Cobrir a cabeça; 5. Dizer o seguinte:38 "Si deus si dea es qui Meditrinaliae tutelam habet, quod tibi hodie fieri oportet libationem vini novi et veteri, eius

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Ou Vénus Celeste, Deusa Síria. Obra «Amores», 1.3.4-6. 24 Que poderá ser também Juno das Cúrias, ou, talvez, Juno dos Homens da Lança. 25 Júpiter Dos Raios. 26 Rei Sagrado, 2.ª maior autoridade religiosa de Roma. 27 Génio é uma entidade intermediária entre Deuses e homens, que constitui o aspecto sobrenatural dos seres viventes, o duplo de cada um. Cada homem tem o seu Génio particular, equivalente, nas mulheres, à sua Juno individual (não devendo confundir-se com a Deusa Juno). Os Estados, assim como as cidades, têm também o seu Génio. 28 Vénus Vitoriosa, que poderá ser VÉNUS com atributos, ora militares, ora medicinais - de vitória contra a doença. 29 Divindade da Boa Sorte e da Felicidade. 30 Ab Urbe Condita, ou «Desde a Fundação da Cidade» de Roma, por Rómulo, em 753 A.E.C. (antes da Era Cristã). 31 Antes da Era Cristã. 32 Ou Julho. 23

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Que deriva de «Mederi», «Curar», e que assentará numa raiz indo-europeia, comum ao Céltico. 34 Em De Lingua Latina, 6.21. 35 Nesta altura do ano, o “vinho novo” era provavelmente sumo de uva tirado das uvas recentemente colhidas. 36 «Bebo vinho novo e velho: de doença nova e antiga estou eu curado». 37 Actual sacerdote da “Nova Roma”. 38 É de notar que o autor usou o conceito romano do «sive deus sive dea», isto é, de oração dirigida a uma Divindade, independentemente do seu sexo, quando este é mal conhecido ou indeterminado. 10

Athanor – Boletim Esotérico Mensal – Edição n.º 20 – Outubro de 2007

bem como um santuário no sopé do monte Janículo, junto ao «túmulo de Numa». Na festa da Fontinália, lançavam-se grinaldas às fontes e coroavam-se treze poços. Faziam-se sacrifícios, festas, jogos, e bebia-se muito vinho, misturado com água das fontes. Acreditava-se que era importante ingerir água mineral nesta data. É dia de endotercisus, ou intercisus, isto é, um dia entre festejos religiosos. Era consagrado aos Penates44. Diz Arnobius45: «Venham, Deuses Penates, venham Apolo e Neptuno e todos Vós Deuses, e pelos Vossos poderes possam Vocês

rei ergo macte hoc vino novo et veteri pollucenda esto." 39 6. Lavar as mãos na água previamente preparada para a função (em 2) e limpar as mãos. Pegar no vinho. Colocar uma parte para libação, dizendo: "Si deus si dea es qui Meditrinaliae tutelam habet, eius rei ergo macte vino novo et veteri inferio esto. 40" 7. Profanar esta oferenda pelo acto de beber o resto do vinho, dizendo o seguinte, antes de beber, como ensina Varrão: "Novum vetus vinum bibo, novo veteri morbo medeor. 41" 8. Finalizar. O autor baseou o seu ritual no que Catão disse, a respeito da oferenda feita a Jupiter Dapalis42. O festival da Meditrinalia inicia o período festivo deste mês. Neste dia e nos dias seguintes ocorriam jogos e festas. 12 de Outubro é o dia de Fortuna Redux43. Trata-se de um aspecto da Deusa Fortuna, como protectora das viagens, em especial no que respeita ao regresso. O altar a Fortuna Redux foi erguido neste dia, em 19 a.c. ou 734 a.u.c.,e fizeram-se moedas alusivas. Este é o dia da Fontinalia, com celebração em honra do Deus Fontus, Deidade das Fontes. Fontus é Filho de Janus e de Juturna. Há também quem refira que Fontus ou Fons é esposo de Iuturna, filha de Volturnus. Era-Lhe consagrado um templo próximo da Porta Fontinalis, a norte do monte Capitólio,

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misericordiosamente afastar esta doença que violentamente retorce, queima e faz arder a nossa cidade com febre.» Na manhã deste dia ainda se celebra a festa do dia anterior (Fontinália). Este dia é também um prelúdio para os Idos de Outubro, que se vão celebrar a 15. É o Idos do mês, dedicado a Júpiter. O flâmine Dialis46, sacrificava-Lhe uma ovelha branca. Segundo Prudentius, estes não eram os Idos de Júpiter, mas os Idos de Hércules. Este dia é também do do Eqvvs October47, com o sacrifício do Cavalo de Guerra ao Deus Júpiter (segundo uns, e ao Deus Marte, segundo outros). A meio caminho, entre as celebrações da Meditrinália e do Armilustrium, realizavam-se festas nas ruas, e para essas festas era convidado o público em geral, incluindo todos os pobres. Havia jogos, música, dança, e muito vinho. A celebração consistia numa corrida de cavalos que tinha lugar no Campo de Marte. O cavalo do lado direito do par vencedor era sacrificado a Marte pelo Flâmine Marcial48, no altar de Marte, localizado no respectivo campo. O equídeo sacrificado, um cavalo de guerra, era morto com uma lança, a arma de Marte por excelência. A

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«Sejas Deus sejas Deusa, Tu que tens a tutela da Meditrinalia, tal como é correcto oferecer-Te hoje uma libação com vinho novo e antigo, em nome disto serás honrado por esta oferenda de vinho novo e antigo.». 40 «Sejas Deus ou sejas Deusa, Tu que tens a tutela da Meditrinalia, em nome disto serás Tu honrado por este vinho novo e antigo, o qual eu coloco em libação.» 41 «Bebo vinho novo e antigo, de doença nova e antiga estou eu curado». 42 Texto que se pode ler em: http://www.novaroma.org/religio_romana/cato_jupiter. html 43 Fortuna Que Faz Voltar.

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Espíritos dos bens do lar. Adv. 3.43. 46 Sacerdote de Júpiter. 47 Cavalo de Outubro. 48 O sacerdote de Marte. 45

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cabeça do cavalo era depois cortada e decorada com bolos. A seguir, os habitantes da Via Sacra49 lutavam com os de Suburra50, pela posse da referida cabeça. O lado vencedor iria depois pregá-la na Turris Mamilia. O sangue da cauda do equídeo, ou dos genitais, podia ser vertido sobre o santuário. As Vestais conservariam algum sangue do cavalo sacrificado, para posterior uso nas Parilia, a 21 de Abril. O ritual original teria um significado militar particularmente arcaico, com correspondencia noutras culturas indo-europeias. Teria este ritual a função de purificar o exército da sua campanha de Verão, e estaria ligado ao Armilustrium de 19 de Outubro. O sacrifício de cavalos de guerra parece ser um elemento de raiz indo-europeia muito importante: Estrabão51 assinala o sacrifício de cavalos ao Deus lusitano da guerra52, e também existia este sacrifício entre os Celtas, e na India. Outros dirão que o ritual relacionava com a fertilidade, tornando-se assim no último de uma série de festivais de colheita, no contexto do qual o cavalo representaria o espírito dos cereais. Esta interpretação, de índole agrícola, é suportada por uma das afirmações feitas por Festus: «id sacrificium fiabat ob frgum eventum» 53. De um modo ou de outro, o certo é que, na época mais tardia da República (primeiros séculos a. C.) o cavalo era tido como purificador das forças militares54. A tradição da luta das duas facções (na Via Sacra, contra Suburra), ter-se-á perdido no primeiro século antes de C., mas o resto do ritual foi entretanto preservado. É curioso notar que esta celebração poderá ter influenciado Júlio César, quando entregou aos pontífices dois soldados amotinados, e o Flâmine Marcial

sacrificou os ditos soldados no Campo de Marte, cravando em seguida as suas cabeças na Regia. Este dia era também consagrado ao Ludi Capitolini55, que, após terem caído em desuso, foram recuperados por Domiciano em 86 d.c. A partir daí, foram organizados à semelhança dos Jogos Olímpicos gregos, sendo então realizados de quatro em quatro anos. Incluiam actividades atléticas, corridas de bigas, competições de oratória, música e teatro. O próprio imperador financiava as viagens dos competidores de toda a parte do império e atribuía os prémios. Estes jogos não apareciam no calendário, porque não eram de carácter público, sendo organizados pelos Capitolini, colégio cujos membros eram recrutados de entre os patrícios (aristocratas) residentes na colina do Capitólio e na cidadela (ponto mais alto e fortificado da cidade de Roma). A origem deste grupo é tão incerta como arcaica, já que se atribui a sua fundação a Rómulo ou a Camilo, em celebração da defesa bem sucedida do Capitólio contra a invasão gaulesa56 ou da conquista da cidade etrusca de Veios, por parte das tropas romanas57. Durante esta festividade, proclamava-se que «Sardi venales»58, e um velho, vestindo uma roupa de criança, era objecto de chacota. Plutarco identificou este homem como símbolo do rei derrotado de Veios, o qual foi vendido em leilão, juntamente com outros prisioneiros. Segundo este autor, os Sárdios eram os Etruscos de Veios, originários de Sardis, na Lídia59. No entanto, também é possível que estes Sárdios fossem os Sardos, naturais da Sardenha, apesar desta região só ter sido dominada por Roma em 238 a.e.C.60 ou 515 A.U.C.61, e o surgimento dos Jogos Capitolinos datar de época anterior. Apesar da expressão «Sardi venales» ter ficado muito conhecida, a sua origem nunca foi bem explicada. Se, como alguns pensam, esta celebração for de origem pré-republicana62, a consagração

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Uma parte de Roma, monte Esquilino. Outra parte de Roma, monte Palatino. 51 Na obra «Geografia» III. 52 Ao qual Estrabão chama «Ares», num processo de identificação tipicamente greco-romano, isto é, os Helenos e os Latinos, quando queriam perceber os Deuses dos outros povos, associavam-nos, em pensamento, a Deuses Helenos e Latinos, como quem diz «este Deus deles é o equivalente ao nosso Ares. 53 «O sacrifício foi feito para o sucesso das colheitas». 54 Um certo autor, Timaeus, associava este ritual com o cavalo de Tróia, o que, não obstante poder parecer a alguns absurdo, até pode ter qualquer antigo fundo de verdade, pois que se trata, também no caso do equídeo troiano, de um cavalo de guerra. 50

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Jogos Capitolinos, que duravam dezasseis dias. Segundo Tito Lívio. 57 Segundo Plutarco e Festus. 58 «os Sárdios estavam à venda». 59 Ficava na Ásia Menor, hoje, Turquia. 60 238 antes da época cristã. 61 515 Ab urbe Condita, isto é, Desde a Fundação da Cidade. 62 Isto é, se datar da época da Monarquia, que foi de 753 a.e.c. (data da fundação da cidade), até 510 a.e.c. (data do fim da Monarquia), com a deposição do rei etrusco 56

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será a Júpiter Feretrius63 ou a Júpiter Optimus Maximus64, cujo templo foi dedicado não antes do princípio da República. Quanto ao templo dedicado a Júpiter Feretrius, é o mais antigo de Roma, e, lendariamente, terá sido fundado por Rómulo, como comemoração da sua vitória contra o rei Ácron, dos Ceninenses, pelo que a armadura e as armas de Ácron foram depositados nesse templo como triunfos de guerra, spolia optima. Este templo só recebeu despojos de batalha duas vezes, depois de Rómulo65 . Neste templo não havia estátua do Deus66, mas sim um ceptro e um sílex, ou uma pederneira (Petrinaria), que é uma pedra com a qual se produz lume. Esta pedra poderia originalmente ser de proveniência meteórica, e era usada pelo sacerdote Fecial no ritual do contracto67. A respeito dos Jogos Capitolinos, conhecemse outros elementos, para além do velho: que Rómulo espalhou pelo campo peles oleadas, e que os homens usavam luvas (caestibus) nas lutas, e competiam em corrida (cursu). Conforme disse Énio: «conque fricati oleo lentati adque arma parati»68.

Dia do ritual Armilustrium, purificação do exército, que é consagrado a Marte, O Deus da Guerra. Após as campanhas militares do Verão, o exército era reunido e revisto no Circo Máximo, ornamentado com flores e purificado, Para se libertar das influências a que esteve sujeito devido ao derramamento de sangue e ao contacto com estrangeiros. Neste dia, os sacerdotes Sálios, de carácter marcial, danvam e cantavam pelas ruas, e durante os sacrifícios. O que cantavam chamava-se Carmina Saliorum, cânticos que são ainda conhecidos. Tocavam-se tubas – instrumentos musicais de cariz bélico –. e as armas, juntamente com os Ancilia69 eram purificados e guardados, até à abertura da estação militar, em Março. Segundo Varrão e Plutarco, a lustratio ou lustração, que é a purificação por meio do sacrifício, era feita no monte Aventino, junto ao Circo Máximo, num espaço aberto denominado Armilustrium, sendo o monte Aventino o destino da procissão dos Salii ou Sálios. Os sacrifícios eram realizados ao som das tubas e eram oferecidos a Marte no Monte Aventino, junto ao túmulo de Titus Tatius. Segundo o calendário de Preneste70, haveria uma altura, durante o ritual, em que se provava o sangue dos sacrifícios. Esta prática teria cessado no tempo de Augusto, o primeiro imperador. A carne dos sacrifícios era depois oferecida a todos, e realizavam-se festas, com muito vinho, jogos, cantares, danças e música. O dia 25 é consagrado a Crispin e Crispinianus, Padroeiros dos sapateiros. Este duo divino pode ter sido inspirado no duo grego de Castor e Pollux, os gémeos, respectivamente cavaleiro e lutador, venerados pelos soldados romanos, e que na Grécia eram muito populares, especialmente em Esparta, onde as Suas imagens eram transportadas para o campo de batalha, representando a lealdade entre camaradas de armas, além de outras coisas possíveis. Na mitologia grega, são filhos de Zeus e de Leda.

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18 No dia 18 de Outubro ocorre uma acção de gratidão para com Spes, a Esperança, e Iuventas, a Juventude. Tarquínio “O Soberbo”, e a imposição da República por parte dos patrícios ou nobres. 63 O Júpiter A Quem Se Traz Oferenda, se Feretrius derivar do verbo «Ferre», que é «Trazer», que é referente à entrega de espólios de guerra como oferenda sacra, ou, segundo outros, O Júpiter Que Fere, se Feretrius derivar de «Ferire», isto é, se disser respeito à punição por infringir juramentos 64 Júpiter O Melhor E O Maior. 65 Em 428 a.e.c. (325 A.U.C.) e em 222 a.e.c.(531 A.U.C.). 66 O que condiz com a provável ausência de representação antropomórfica dos Deuses, ausência esta que parece ser típica dos Indo-Europeus mais arcaicos. 67 Ritual no qual um sacerdote feria um porco com o sílex, dizendo algo como «Se o povo Romano violar este acordo, que Júpiter o fulmine como eu fulmino este porco!» 68 Os competidores eram friccionados com óleo e preparados para carregar armas.

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Escudos sagrados de Roma, em número de 12. Cidade do Lácio.

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P Pa alla av vrra ass S Sá ábbiia ass d dee N Na ap poolleeã ãoo B Boon na ap pa arrttee R R h a d R ∴ ∴ T x a C a a Reeecccooolllh ha ad dooo R R∴ ∴IIIrrr∴ ∴T Teeeiiix xeeeiiirrra aC Ca abbbrrra alll "Há patífes suficientemente patífes para se portarem como pessoas honradas." "Tão tranquilas são as pessoas honradas e tão activos as patifes, que frequentemente é necessário servirmo-nos dos segundos." "Para governar, há que saber aproveitar os vícios dos homens, não as suas virtudes." "O único local onde encontrarás uma mão que te apoie é no extremo do teu próprio braço." "Aprecia-se muito melhor o fundo dos vales quando se está no cimo das montanhas." "Há calúnias perante as quais a própria inocência perde as forças." "Às vezes há que retroceder dois passos para avançar um." "Só há duas alavancas que movem os homens: o medo e o interesse." "Antes de pensar na injúria sofrida, há que deixar passar pelo menos uma noite." "A vitória tem cem pais e a derrota é orfã." "Entregar-se à dôr sem resistir é como abandonar o campo de batalha sem ter lutado." "Nunca saberás quem são os teus amigos, até que caias em desgraça." "Tudo o que não é natural é imperfeito.” "A suprema sabedoria é ter sonhos bastante grandes, para não se perderem de vista enquanto se perseguem." "Nos negócios da vida, não é a fé o que salva, mas a desconfiança." "A realidade tem limites; a estupidez não." "As batalhas contra as mulheres são as únicas que se ganham fugindo." "Os sábios buscam a sabedoria; os néscios crêem tê-la encontrado." "A imaginação governa o mundo." "Os homens, em geral, não são senão crianças grandes." "Só com um poder absoluto se pode vencer a necessidade." "O homem é como um número: só tem valor pela sua posição." "O impossível é o fantasma dos tímidos e o refúgio dos cobardes." "Nunca emprenderíamos nada se quiséssemos assegurar por anticipação o êxito do nosso projecto." "Com audácia pode tentar-se tudo, mas não se pode conseguir tudo." "Podemos elevarmo-nos muito acima daqueles que nos insultam, perdoando-os.” "A independência, tal como a honra, é uma ilha rochosa sem praias."

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