Boletim Athanor 019 Setembro 2007

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Setembro de 2007

Ano 2

Nesta Edição: Editorial

Matemática & Calculadoras pelo R∴H∴ Ulisses

A Importância do “Não Sei” por Max Gehringer

Dicionário da Maçonaria (13) pelo R∴H∴ Jeremias Serapião

O Mistério da Forma (7) pelo R∴H∴ Joaquim Barão

Mitos Gregos: Castor e Pólux pelo R∴H∴ João Silas

A Linhagem Rosacruz de Sâr Alden Adaptação, pelo R∴H∴ Libertário Augusto

A Santíssima Trinosofia (9) Conde de S. Germain

Maus Chefes Prejudicam a Saúde? Adaptado da Internet pelo R∴Ir∴ João Guimarães

Quando um Homem se Engana Anónimo

Efemérides Céltico-Romanas de Setembro Colaboração do R∴Ir∴Fr∴ Incógnitus

Palavras Sábias de Marco Tulio Cícero Recolha do R∴Ir∴ Teixeira Cabral

Athanor – Boletim Esotérico Mensal – Edição n.º 19 – Setembro de 2007

Editorial A vida de cada ser humano estabelece-se sob determinados princípios e pontos de apoio, os quais são determinantes no sucesso dos seus papeis sociais. Algumas dessas referências são os principais suportes de tudo o que é edificado ao longo de décadas. Se, a determinada altura, se descobre que um desses apoios não era fiável, pode ocorrer a ruina de muito daquilo que se supunha firme, podendo iniciar-se um processo que faz regredir até à data em que esse suporte era desconhecido. Com isto, são postos em causa todos os valores que pautaram a conduta durante muitos anos. Por aqui e por ali, vão ocorrendo situações que levam as pessoas a passar por estados de grande desânimo, e as fazem questionar os valores em que se firmaram. Muitas vezes, as pessoas ficam com dúvidas relativamente àquilo a que alguns chamam progressso social, e são levadas a pensar que os detentores do poder se esquecem que as organizações são compostas por seres humanos, os quais têm vida própria, sentimentos, valores morais, aspirações culturais e desejos de bemestar social. E parece esquecerem-se também que, sendo a sociedade composta pelo conjunto destas organizações, o pleno funcionamento de cada uma delas depende da harmonia de todos os elementos que a constituem. Pelo que se pode observar algumas vezes, os que mandam devem ver a massa obediente como uma legião de mentecaptos, sem capacidade racional e sem emoções. Mas o que é verdade é que parecem ser esses – os que mandam –, quem assume frequentemente as posturas mais lamentáveis, ao sobrevalorizar critérios que favorecem o individualismo e conduzem à anarquia moral1. Com efeito, o economicismo e a competitividade são perniciosos à preservação da integridade do património humano, o qual deveria ser a a primeira riqueza a salvaguardar. Quanto aos perigos da competitividade, estão à vista de quem os quer ver: “individualismo”, “ausência de apoio”, “ausência de solidariedade” e “ausência de partilha do saber”. Se estou em “competição”, não vou ensinar os outros concorrentes a chegar à meta antes de mim. É tão simples quanto isto! Na

prática competitiva, o agente quer ser o melhor, a todo o custo, entrando no jogo do cinismo e da falsidade, nem que para isso seja necessário erigir-se acima dos cadáveres dos outros sujeitos sociais, subvertendo todos, e todas as regras, para que tudo corra a seu favor. - Competimos contra quem e para quê? Como nos perguntava o escritor: “Que importância é que isso tem para si daqui a cinquenta anos?” Ah! A crise! Sim! A crise de humanismo! - Será difícil entender que a única necessidade real do Ser Humano é a de Paz Profunda? Ou será mais importante o dinheiro à custa do mal-estar alheio e da própria instabilidade pessoal do perverso que assim age? - Para que serve a sociedade, se não for para servir o homem? E neste “serviço ao homem” não há que discriminar o aleijado nem o inapto, porque também esses vivem nessa sociedade, a qual lhes foi imposta por nascimento, e não por opção. Dizem-nos que “os melhores” têm que ser compensados. Por um lado, isto parece-nos justo. Mas, por outro lado, se são melhores é porque gostam daquilo que fazem, e essa felicidade é a maior compensação que um Ser Humano pode obter nesta vida. Compensariamos então os que se sentem contrariados e insatisfeitos? Os que se sentem escravos num mundo que não entendem? Os que não podem, por razões próprias, actuar como se não pensassem? Os que não dizem “sim senhor”, ou “não senhor”, quando pensam o contrário? O assunto é demasiado complexo e todos os dias se cometem injustiças em nome de ideais e valores que em nada contribuiram para aumentar a felicidade humana. Constatou Carrel, e muito bem, que “Os que pensam, tornam-se infelizes”. Se ele vivesse actualmente, talvez achasse que “é perigoso pensar” (porque proibido ainda não é). …………………………………………………………..…………………………. Com isto conseguimos fazer um Editorial diferente, saíndo da habitual ladainha das correspondências chegadas e respondidas.

TT∴AA∴FF∴ para Todos. Os artigos apresentados são da responsabilidade dos seus autores e poderão eventualmente, num ou noutro aspecto, não expressar os pontos de vista dos fundadores.

1

Expressão utilizada por Durkheim, ao manifestar os seus receios relativamente ao liberalismo económico. 2

Athanor – Boletim Esotérico Mensal – Edição n.º 19 – Setembro de 2007

M & a& áttiicca má atteem Ma C ulla ad doorra ass Ca allccu P P R ∴ ∴ U Peeelllooo R R∴ ∴IIIrrr∴ ∴U Ullliiisssssseeesss

“A beleza de um problema matemático não reside na resposta, mas sim nos métodos usados para o resolver” Theoni Pappas – “Fascínios da Matemática”

A semana passada surgiu na comunicação social uma discussão interessante ligada à proposta para o reajustamento dos programas de matemática do ensino básico, que estipula que “ao longo de todos os ciclos os alunos devem usar calculadoras e computadores na realização de cálculos...” A esse propósito veio a terreiro a Sociedade Portuguesa de Matemática, dizendo que o incentivo ao uso das máquinas de calcular desde os primeiros anos escolares pode ser arriscado, uma vez que “o seu uso indiscriminado faz perder a destreza de cálculo”. Nuno Crato, presidente da referida Sociedade diz mesmo que “o ensino da Matemática é sobretudo o ensino do pensamento, pelo que os elementos essenciais devem continuar a ser o papel e o lápis”. Mas deverá a matemática ensinada nas escolas continuar a ser a matemática do papel e do lápis? Ou deverá privilegiar-se o uso de calculadoras e computadores?

Antes de responder à questão diria que penso que por detrás da aversão de muitos jovens à matemática, costuma estar, quase sempre, um mau professor. Digo isto porque a eles compete despertar nos jovens o gosto pelos números, quebrar lugares comuns e desmistificar as dificuldades. Trata-se de um processo de desenvolvimento da autoconfiança do aluno em que o professor tem papel fundamental. Digo-o por experiência própria, uma vez que só despertei para a matemática depois de ter tido professores que falavam dela de forma interessante e motivadora. E desde então nunca mais perdi o gosto... Para quem é professor de matemática ou de disciplinas que a usam como instrumento, sabe como é recorrente a dúvida dos alunos quanto à necessidade do seu estudo, com o argumento de que hoje os meios computorizados tudo fazem com muito mais rigor e celeridade. Na banca, a título de exemplo e para referir a matemática financeira, introduzem-se cinco ou seis dados solicitados pelo computador e rapidamente sai a simulação do pagamento de uma renda (empréstimo) de muitos termos (prestações), coisa que feita à mão levaria o seu tempo e exigiria raciocínio aplicado. Para quê tanto trabalho, então? Apesar de reconhecer as vantagens do uso das tecnologias, quando alguém põe em dúvida a matemática do papel e do lápis, defendo-a como posso. E tenho argumentos para fazê-lo. Acontece que a destreza de raciocínio é tanto mais importante quando vivemos numa sociedade em que muitas oportunidades se 3

Athanor – Boletim Esotérico Mensal – Edição n.º 19 – Setembro de 2007

A a ncciia ân poorrttâ mp A IIm d doo ““N Nã ãoo S Seeii””

abrem por momentos muito curtos e em que se exige tomadas de decisão extremamente rápidas. Quem trabalha no sistema financeiro, em particular nas salas de mercados, sabe bem ao que me refiro. É num segundo e não no seguinte que tem de ser dito “sim” ou “não”, “compra” ou “vende”... A matemática é, entre muitas outras coisas (defendidas já pelos antigos filósofos gregos), o exercício do raciocínio abstracto. Sabe-se, a ciência confirma-o, que aqueles que desenvolvem o raciocínio abstracto, chegam de forma mais rápida à solução dos problemas concretos que lhes são postos: ainda os outros estão a equacionar o problema e já eles têm a sua solução. Como nota final diria apenas que verifico que, normalmente, os alunos que chegam ao ensino superior com sólidos conhecimentos de matemática são, curiosamente, aqueles que melhor lidam com as calculadoras e programas de cálculo. Costumo dizer que mais importante que uma boa máquina de calcular é saber trabalhar com ela. Só que para trabalhar bem com uma máquina de calcular é preciso conhecer-lhe a lógica... o que tem tudo a ver com a matemática, evidentemente.

P P M a x G h n Pooorrr M Ma ax xG Geeeh hrrriiin ngggeeerrr

(adaptação) Se você ainda não sabe qual é a sua verdadeira vocação, imagine a seguinte cena: Você está olhando pela janela. Não há nada de especial no céu, somente algumas nuvens aqui e ali. Chega alguém que também não tem nada para fazer, e pergunta: - Será que vai chover hoje? Se você responder: "com certeza"... a sua área é Vendas. O pessoal de Vendas é o único que tem sempre a certeza de tudo. Se a resposta for: "sei lá, estou pensando noutra coisa"... isto significa que a sua área é Marketing. O pessoal de Marketing pensa sempre naquilo que os outros não estão a pensar. Se você responder: "há essa probabilidade"… então você é de Engenharia. O pessoal de Engenharia está sempre disposto a transformar o universo em números. Se a resposta for: "depende"… você nasceu para Recursos Humanos. É uma área em que qualquer facto estará sempre dependente de outros factos. Se você responder: "ah, a meteorologia diz que não"… você é da área de Contabilidade. O pessoal de Contabilidade confia sempre mais nos dados do que nos próprios olhos. Se a resposta for: "sei lá? Mas por via das dúvidas trouxe um guarda-chuva"… quer dizer que o seu lugar é na área Financeira, porque deve estar sempre bem preparado para qualquer mudança. Mas se você responder: "não sei"… há uma boa hipótese de que você tenha uma carreira de sucesso e acabe por chegar a ser Director da empresa. De cada 100 pessoas, só uma tem a coragem para responder "não sei", quando não sabe. Os outros 99 acham sempre que é preciso ter uma resposta pronta, seja ela qual for, para qualquer situação. O “não sei”, é a única resposta que não faz perder tempo e que predispõe os envolvidos a procurarem dados mais concretos antes de tomarem uma decisão. Parece simples, mas responder "não sei" é uma das coisas mais difíceis de aprender na vida corporativa. - Por que será? Eu, sinceramente, "não sei".

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Athanor – Boletim Esotérico Mensal – Edição n.º 19 – Setembro de 2007

D a ((1133)) arriia na aççoon Ma aM da árriioo d ná Diicciioon

C Corda. Pelas noções de ligação e de união que transmite através dos tempos a corda não poderia deixar de pertencer à linguagem e simbologia maçónica. Na cerimónia da iniciação a corda marca a ligação do futuro Franco-Maçom aos valores do mundo profano, relativamente aos quais, graças à sua demanda espiritual, aprenderá pouco a pouco a desligar-se. Uma outra referência à corda é a que lembra a utilização que dela faziam os antigos construtores de torres e catedrais, que estiveram na origem do aparecimento da maçonaria operativa, antes desta se tornar especulativa. A corda estava então ornada de nós e permitia, com extrema precisão, traçar todos os tipos de formas geométricas, desde a simples linha até ao círculo, passando por uma infinidade de ângulos. A este respeito a corda está intimamente ligada aos outros instrumentos altamente simbólicos da Maçonaria que são o compasso e o esquadro. Ela marca, com efeito, a vitória da criação sobre o incriado, da concepção conscientemente dominada sobre o incontrolado, do definido sobre o indefinido. Numa palavra, da linha recta claramente escolhida sobre a incerteza do erro; na confiança ponderadamente aceite e reconhecida sobre a incredulidade. Compreende-se melhor porque é que a corda figura nos dois primeiros quadros de loja, sendo composta por sete nós no primeiro grau e nove no segundo. Não se pode também falar da corda sem mencionar sem invocar a noção de ligação estreita que ela relembra e, por esse meio o papel de união e de ligação que ela subentende … que são do mesmo modo valores

P P R ∴ ∴ J m a S a p ã Peeelllooo R R∴ ∴IIIrrr∴ ∴J Jeeerrreeem miiia asss S Seeerrra ap piiiã ãooo

fortes da franco-maçonaria já que elas respeitam à solidariedade e à fraternidade que são os seus pilares. Enfim, mais concretamente, ao abraçar as colunas do templo, a corda traça no recinto maçónico onde têm lugar as reuniões, um perímetro sagrado que serve por sua vez de refúgio, de lugar de paz e de reflexão para o Franco-Maçom. Neste sentido, bem mais que um elemento de ligação ou de decoração, a corda representa uma fronteira simbólica entre o mundo dos iniciados e o dos profanos. Cores. Desde tempos imemoriais – nas tribos, sociedades, civilizações – as cores têm tido sempre um valor simbólico. Acontece o mesmo no universo maçónico, onde elas representam um papel essencial a dois níveis: (I) concretamente, como código distintivo, permitindo a identificação de um assunto, de uma pessoa, de um grau, de uma Obediência; (II) de forma abstracta e por analogia, como patamares sucessivos a alcançar no caminho da iniciação. De acordo com este princípio, o ser humano deverá partir da terra (o negro, simbolizando a escuridão, o desconhecido), para alcançar a Luz (o branco que evoca a pureza do saber, a plenitude espiritual e de libertação). Emergem, assim, cinco cores do espectro luminoso, tendo forte valor simbólico: o branco, como sinónimo de pureza; o vermelho evocando o sangue, a circulação de energias, mas também a flutuação dos sentimentos; o azul, associado à elevação lembra tanto o céu na sua fascinante imensidão, 5

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O a da Miissttéérriioo d OM F Foorrm ma a… … ee d da aE En neerrggiia a ((77))

como as coisas do espírito; o amarelo, ligado à sabedoria, ao conhecimento tanto intelectual como instintiva; o verde, por fim, é a marca da esperança e de tudo o que está para vir.

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R Raaddiiaaççããoo CCóóssm miiccaa P P R ∴ ∴ J a u m B a ã Peeelllooo R R∴ ∴IIIrrr∴ ∴J Joooa aqqqu uiiim mB Ba arrrã ãooo

Cruz. A cruz é, sem contestação, das formas geométricas criadas pelo homem, uma das mais evocadoras e carregadas de sentido. Primeiro, muito concretamente, pelas forma de que se reveste, sob o ponto de vista puramente simbólico, evocando quer a reunião, quer a abertura; em seguida, de modo mais casual mas ainda assim forte, pelo facto dela ser naturalmente, pelas suas linhas e pelos seus ângulos, insuspeitável gerador de energias, quer de emissão, quer de recepção. A este título, a cruz focaliza com a mesma espantosa eficácia, as forças telúricas e cósmicas constituindo o assombroso ponto de encontro que vai servir para redistribuir as forças naturais, harmonizando-as. Compreende-se, pois, porque é que um grande número de civilizações aceitou este princípio e difundiu largamente a sua utilização sem, contudo, explicar convenientemente as suas particularidades ligadas à física e às emissões microvibratórias. A cruz recebe e focaliza a energia antes de a retransmitir vindo, assim, a alimentar todos os que a usam, com ou sem intenção de extrapolação simbólica ou religiosa ao nível do mental. Sob o ponto de vista maçónico, a cruz faz referência ao homem de pé e de braços abertos. Quando os Maçons fazem a cadeia de união, cada um deles – e o Venerável em primeiro lugar – é um elo que se assemelha a uma cruz e é, assim, o transmissor de energia e da harmonia geral.

Radiação Cósmica é a radiação formada por partículas elementares de origem extraterrestre – reacções nucleares ocorridas nas nebulosas e supernovas da Via Láctea ou para lá dela – que atinge a Terra por vezes à velocidade da luz, provocando na atmosfera vários fenómenos que a enfraquecem à medida que se aproxima da superfície, até desaparecer nos oceanos a cerca de 1 km de profundidade. Parte da radiação cósmica que viaja pelo espaço é atraída pelo campo magnético da Terra – magnetosfera –, acumulando-se em estratos que originam a chamada cintura de Van Allen. Como a sua disposição obedece às linhas de força da magnetosfera, a radiação cósmica é mais intensa próximo dos pólos do que em redor do equador magnético terrestre. Atribui-se à presença de espessas camadas de partículas cósmicas a ocorrência das auroras boreais e austrais nas zonas polares. Significativa fracção das partículas atraídas para a magnetosfera atinge as camadas superiores da atmosfera. Esta radiação primária, ao chocar com os núcleos atómicos, desintegra-os, originando a emissão de nucleões (protões e neutrões) e de outras partículas. Por sua vez, estas últimas provocam novas reacções nucleares, de que resulta a emissão da chamada radiação secundária – electrões, raios gama, fotões, positrões, etc. –, que atinge o solo terrestre ao ritmo de uma partícula/cm2/minuto. A radiação secundária é formada por raios duros, capazes de atravessar

Não sendo nossa intenção elaborar um dicionário extenso e completo, devido a razões de espaço e tempo, e face à periodicidade de publicação do Athanor, optámos por apresentar apenas as palavras de cada letra do alfabeto que nos pareceram mais aliciantes. Ainda assim, a listagem apresenta uma significativa extensão. 6

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físico escocês Charles Thomson Rees Wilson (1869-1959) a sugerir que tais descargas podiam dever-se à acção de algum tipo de radiação extraterrestre.

espessas camadas de chumbo, e por raios moles, que são detidos por uma camada de apenas 10cm.

Charles Thomson Rees Wilson

Henri Becquerel

Entre 1910 e 1920, diversos cientistas, como o físico austríaco Viktor Hess (1883-1964), demonstraram, mediante ascensões em balões–sondas, que aquela radiação desconhecida se intensificava à medida que se afastava do nível do mar [(o físico alemão Werner Kolhorster (1887-1946) chegou aos 8800m)], e a partir de 1926 ficou definitivamente assente a origem extraterrestre desta radiação, por isso denominada radiação cósmica. A sua intensidade apresenta flutuações irregulares, conhecendo subidas ocasionais aquando, por exemplo, de erupções solares, e para medi-la utilizam-se telescópios de mesões ou pilhas de neutrões.

Os primeiros passos nos domínios da radiação cósmica pertenceram ao físico francês Henri Becquerel (1852-1908), quando descobriu, em 1896, que o urânio emitia um tipo de raios susceptível de alterar as placas fotográficas. Mais tarde, a cientista francesa de origem polaca Marja Sklodowska Curie, conhecida como Marie Curie (1867-1934) descobriu a mesma radiação noutros minerais (polónio, rádio) e integrou-a no fenómeno atómico que denominou radioactividade.

Marie Curie

Nos primórdios do século dezanove, estudos relacionados com descargas eléctricas levaram o

Viktor Hess 7

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Mitos Gregos(2)

seu irmão agonizante suplicou a Zeus para que fizesse com que ele morresse com o irmão, já que a dor de se ver privado da companhia do seu inseparável irmão era insuportável. O senhor do Olimpo revelou a Pólux a sua origem imortal explicando que o seu irmão, Castor, procedia de sémen humano e era, portanto, mortal. Ofereceulhe em seguida a possibilidade de escolher entre viver no Olimpo e escapar à morte ou, caso decidisse partilhar as agruras do seu irmão, passaria metade do tempo debaixo da terra e a outra metade nos céus. Pólux não hesitou e preferiu partilhar a sorte de Castor, morto em combate. Assim, revezam-se, morando um dia junto a Zeus e outro nas profundezas da terra. Zeus satisfez o coração magnânimo de Pólux: cada um dos irmãos morreria alternadamente, por um dia, e gozaria revezadamente a companhia dos deuses. É o mito do amor fraternal e da imortalidade alternada. Pólux é o herói da sabedoria, da transcendência, que leva a entrever o sentido da Vida e da Morte.

CASTOR E PÓLUX O amor fraternal P P R ∴ ∴ J ã S a Peeelllooo R R∴ ∴IIIrrr∴ ∴J Joooã ãooo S Siiillla asss

Leda, esposa de Tíndaro, rei da Lacedemónia, transformou-se em gansa para escapar às investidas de Zeus, senhor do Olimpo, que se havia apaixonado por ela. Porém, esse expediente não teve sucesso já que Zeus tomando a forma de um cisne possuiu-a, fazendo-a mãe de Pólux e Helena, imortais. Nessa mesma noite, Leda retomando a forma humana concebeu com o seu esposo Tíndaro, Castor e Clitemnestra, que como todos os humanos estavam sujeitos às leis da morte. Os dois irmãos, Castor e Pólux eram os maiores heróis de Esparta, tendo participado na viagem dos Argonautas sob o comando de Jasão, na demanda do velo de ouro. Quando a nau Argo chegou à Bitínia o soberano local Âmico, inventor do pugilismo, desafiou os argonautas para um combate mortal. Pólux aceitou o repto e aniquilou o cruel provocador. Regressados da viagem, os filhos de Leda organizaram com os seus primos Idas e Linceu uma expedição à Arcádia para se apoderarem de um extenso rebanho. No retorno da campanha, e por motivos relacionados com a partilha do saque, gerou-se uma acesa discussão, tendo Idas atingido mortalmente Castor e Pólux eliminado Linceu. Por sua vez Zeus fulminou Idas. Pólux junto ao 2

Adaptação do livro Mitos Gregos, de Zacarias Nascimento. 8

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A Linhagem Rosacruz de Sâr Alden R ∴ ∴ L á A u u pelo R R∴ ∴IIIrrr∴ ∴L Liiibbbeeerrrtttá árrriiiooo A Au ugggu ussstttooo (Versão livre, baseada no texto de Edson Franco,,, publicado no grupo “el jardinero rosacruz”. O texto original teve como principal fonte o Dictionnaire des Rose-Croix, de Erik Sablé, Editions Dervy, 1996)

Ralph M. Lewis

S. Lewis começou muito cedo a estudar o ocultismo e veio a fundar, em 1904, o New York Institute for Psychical Research, do qual foi presidente. Das pesquisas levadas a cabo, nasceu o seu interesse pelo movimento rosacruciano, primeiro por meio de uma comunidade de Pietistas alemães, instalados desde 1694 na cidade de Germantown – Pensilvânia. Esta comunidade Pietista foi fundada por um certo Johanes Kelpius (1673-1708) que teria herdado um antigo manuscrito Rosacruciano e o teria usado como base para a regra da vida. Este manuscrito encontra-se numa versão dos "Simbolos secretos dos Rosacruzes dos séculos XVI e XVII" (1786-1788), como referiu Julius Friedrich Sachse em "The German Pietists of Pensylvania" (1895). Spencer Lewis pensava descender desta comunidade – desaparecida desde 1801 –, através

Harvey Spencer Lewis nasceu em 25 de Dezembro de 1883 em Frenchtown - New Jersey - Estados Unidos da América. Passou a sua juventude em New York, onde a sua mãe era professora e o pai calígrafo. Recebeu educação protestante e pertenceu, durante toda a sua vida, a uma igreja metodista. Quando atingiu os 20 anos de idade começou a trabalhar como jornalista, no Evening Herald, ocupando-se da parte artística, como fotógrafo e ilustrador. Descobriria, mais tarde, a sua verdadeira vocação, na publicidade. Segundo o testemunho do seu filho (Ralph M. Lewis), Spencer Lewis era excepcionalmente dotado para o desenho, a pintura, a música e as línguas, incluindo as “artificiais”, como o Esperanto e o Ido.

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No torreão do Capitólio, Lewis terá encontrado o secretário dos rosacruzes (que era arquivista da cidade), trajado com uma túnica branca, bordada com símbolos, rodeado por arquivos da ordem, numa sala repleta de livros. Ter-lhe-á dito que ele fora eleito, após um exame do seu mapa astral. Entregou-lhe uma carta de recomendação e revelou-lhe documentos antiquíssimos. De lá, foi para um templo rosacruciano situado perto das ruinas da antiga Tolosa, onde terá recebido uma importante iniciação que o insere na Ordem R+C. Depois, terá assistido, num mosteiro Rosacruciano nas margens da Garonne, ao "conclave dos Illuminati". Cita dois nomes: o de Bellcastle-Ligné, o secretário, e o de Verdier, o Grão-Comendador. Muitos se interrogam sobre essa "iniciação".

Desenhos de Spencer Lewis sobre o local da iniciação

de um dos seus parentes, e por isso sentiu por missão fazer reviver o movimento rosacruciano. Para isso, recriou-o dentro do Instituto que presidia e encetou contactos internacionais. Em 1909 ter-se-á correspondido com o redactorchefe de um jornal parisiense, para saber dos possíveis grupos rosacruzes sobreviventes em França. Na resposta, foi-lhe indicado o endereço de um professor de línguas, que vendia gravuras e fotografias no Boulevar Saint-Germain.

Johanes Kelpius

Na sequência desta informação, Spencer Lewis embarcou, com o Pai, no navio América. Já em França, o professor de línguas enviou-o a Montpellier, e dalí, por sua vez, instruiram-no para ir a Toulouse.

Foram efectuadas pesquisas para tentar encontrar traços desses misteriosos rosacruzes. Serge Caillet soube o nome do arquivista da época, um certo François Galabert. Mas a sequência da sua investigação fê-lo concluir que não teria podido, de modo algum, conservar 10

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arquivos rosacrucianos secretos ao lado dos arquivos públicos da cidade (onde exercia como funcionário público)… Quanto às bases doutrinais onde Lewis se apoiou, verificamos o seguinte: os nove primeiros graus da AMORC são muito semelhantes aos graus da SRIA. Segundo Gerard Galtier, Spencer Lewis conhecia o trabalho de Sylvester Clark Gould, o dirigente da SRIA americana, referindose a ele na sua "História da Ordem Rosacruz". Lewis chegou a mencionar que "empreendeu um trabalho de pesquisa para encontrar os rituais de origem da Fraternidade".

Lewis também se correspondeu com Theodor Reuss, o dirigente da Ordo Templi Orientis, e dele recebeu credenciais que lhe outorgaram o sétimo grau da Ordem. Tornou-se, depois disso, o representante da OTO nos Estados Unidos da América.

De facto, Gould tinha a intenção de ir à Europa, em 1909, em busca desses ensinamentos que lhe faltavam. Porém, morreu em 19 de Julho desse ano. E foi precisamente em 24 de Julho que Spencer Lewis saiu dos Estados Unidos para ir a França, o que sugere que terá tentado concretizar o projeto de Gould.

OTO

De qualquer modo, a AMORC foi fundada em 1915, em Nova York, com a benção de uma certa Senhora, May Banks Stacey, admitida como representante do Grão-Mestre Rosacruz do ramo indiano

Theodor Reuss 11

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Foi por esta altura que ele efetuou uma transmutação de zinco em ouro, na presença de um jornalista do New York World. Essa operação foi mais tarde contestada, e parece difícil ainda hoje saber a verdade. Mas convém recordar que Jollivet-Castellot (com o qual Lewis manteve relacionamento) produzia fenómenos semelhantes, por ele designados "arquímicos", para os distinguir dos que pertenciam à alquimia propriamente dita.

qual atribui a origem tradicional da Ordem ao Faraó Tutmósis III.

Jollivet-Castellot

Em 1926, acompanhado de Martha, a sua segunda esposa, Lewis revisitou a Europa (França e Suiça), tendo participado num "conclave rosacruciano" em Toulouse, onde se terão reunido delegados Rosacruzes do Egipto, Índia, África, América e Tibete...

Spencer Lewis e Martha (no Egipto)

Posteriormente, o grupo viajou por vários países da Europa: França, Suiça, Alemanha e Inglaterra. Por volta de 1930, associou-se a Heinrich Tranker (1880-1956), um amigo de Aleister Crowley, que tomou uma polémica sucessão na chefia da OTO. Mas essa associação não durou.

Jean Mallinger

Em 1929, com um grupo de membros da AMORC, Lewis visita o Egito. Em Luxor, terá recebido uma nova iniciação, na sequência da

Em 1933 entrou em contato com a Ordem Rosacruz Belga, mais específicamente com Jean Mallinger. Desse encontro iria nascer a FUDOSI, 12

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Imperators, juntamente com Victor Blanchard e Émile Dantinne. Quando Spencer Lewis faleceu, em 2 de Agosto de 1939, Jean Mallinger escreveu as seguintes palavras (que, segundo ele, correspondiam ao que a maioria dos membros pensava de Lewis): "Apesar dos erros cometidos por Sâr Alden (Spencer Lewis), guardo uma boa lembrança dele, pois soube compreender-nos e reconhecer a superioridade do nosso mestre, Sâr Hiéronymus (Émile Dantinne)".

uma organização que pretendia confederar todos os grupos iniciáticos.

FUDOSI

Émile Dantinne

Na opinião de alguns investigadores, terá sido Dantinne o misterioso iniciador de Spencer Lewis, em Toulouse, na sua primeira visita à Europa.

Victor Blanchard

Apesar das reservas de numerosos membros, Spencer Lewis converteu-se num dos três

Túmulo de Spencer Lewis

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A Santíssima Trinosofia (Autoria atribuída ao Conde de Saint-Germain)

SECÇÃO IX A terra era de uma cor escura, como a água pela qual viajei. Um declive imperceptível conduziume ao edifício que vira de longe. A sua forma era a de um rectângulo. Sobre a fachada estavam gravados alguns caracteres semelhantes aos usados pelos patriarcas dos antigos persas. Todo o edifício era construído em basalto negro fosco. As portas, que eram de madeira de cipreste, abriram-se para me deixar passar. Elevou-se de repente um vento quente e húmido, que me empurrou para o meio da sala e fez fecharem-se as portas. Fiquei na escuridão. Pouco a pouco, os meus olhos foram-se acostumando à pouca luminosidade que reinava no recinto e pude distinguir os objectos que me rodeavam. O tecto, as paredes e o soalho da sala eram negros como ébano. Dois quadros, pintados sobre a parede, chamaram a minha atenção. Um representava um cavalo, igual ao que os poetas nos contam, o que causou a ruína de Tróia. Dos seus flancos entreabertos saía um cadáver humano. A outra pintura oferecia a imagem de um homem morto há muito tempo. Os vis insectos da putrefacção agitavam-se sobre o seu rosto e devoravam a substância que os fez nascer. Um dos braços da figura morta, descarnado, deixava perceber os ossos. Junto ao cadáver estava um homem vestido de vermelho, que se esforçava para o levantar. Sobre a sua fronte brilhava uma estrela. As suas pernas estavam cobertas com umas botas negras. Três lâminas negras, cobertas com caracteres de prata, estavam pousadas acima deles, entre e acima dos quadros. Eu li-os e ocupei-me a percorrer a sala, onde devia passar nove dias. Num canto mais escuro encontrava-se um

punhado de terra negra, gordurosa, e saturada com partículas animais. Quis apanhá-la, mas uma voz retumbante, como o som de uma trombeta, proibiu-mo. "Há oitenta e sete anos que essa terra foi depositada nesta sala", disse a voz, "quando outros treze anos tiverem passado, tu e os outros filhos de Deus podereis usá-la". A voz calou-se, mas os últimos sons vibraram durante muito tempo, neste templo do silêncio e da morte. Após ficar ali o tempo prescrito, saí pela porta oposta àquela que me deu entrada. Revi a luz, mas ela não estava suficientemente viva ao redor da sala negra, para fatigar os meus olhos, acostumados à escuridão. Percebi, com surpresa, que para chegar aos outros edifícios era preciso atravessar um lago maior do que o primeiro. Andei na água durante dezoito dias. Lembrei-me que, na primeira travessia, as águas do lago se tornavam mais negras e mais espessas à medida que eu avançava. Neste, ao contrário, quanto mais me aproximava da margem, mais as águas clareavam. A minha roupa, que dentro do palácio ficara negra como as muralhas, pareceu-me então de uma cor cinzenta. Pouco a pouco, recuperou as cores. No entanto, já não era tão azul, mais se aproximando de um belo verde. Depois de dezoito dias, subi à margem por uma escadaria de mármore branco. A sala negra é chamada T'sahn (bacia?),

o primeiro lago, Tsahn Rosh (bacia da cabeça),

o segundo, Tsahn Aharith (bacia da extremidade posterior).

(A secção X será revelada no próximo Athanor) 14

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Maus chefes prejudicam

a saúde dos subordinados?3 Adaptado da Internet pelo R∴Ir∴ João Guimarães

O que diferencia um chefe bom de um ruim? Através da postura do líder, é fácil identificar o seu perfil. Segundo Peter Barth, a postura está directamente relacionada com o seu carácter, com a imagem que faz de si próprio e com o seu nível de auto-estima. Ganha muitos pontos aquele que gosta de si mesmo e tem elevada auto-estima. "O mau líder tem problemas para aceitar-se, não está satisfeito consigo próprio e projecta isso nos outros". O bom líder está preocupado com o seu grupo: quer ajudar os subordinados e contribuir para o sucesso de cada um deles. Em contrapartida, o mau líder só tem uma preocupação: com ele mesmo! Estar ciente de sua posição é outra característica do bom líder: ele sabe que está numa posição de chefia, mas que se trata de algo transitório. "Encara isso como algo que lhe foi concedido como um voto de confiança, mas que se trata de um empréstimo que um dia pode ter que devolver".

Sente-se pressionado pelo seu chefe? Está comprovado que o efeito do líder sobre os subordinados afecta a vida das pessoas. Mas a boa ou má formação do perfil de um líder tem as suas causas. Peter Barth, psicólogo organizacional, revela alguns aspectos que podem ajudar a identificar melhor as características do superior. Para ele, os maus chefes são prejudiciais à saúde! Se você se ocupa de um cargo de liderança, esta pode ser uma boa oportunidade para analisar os seus próprios erros e acertos! O Perfil vem do “berço” De acordo com Barth, existe um efeito "cascata" no estilo da liderança: "se alguém faz carreira numa organização, e, ao longo da sua vida encontra líderes autoritários e que protegem as suas posições sem abrir o jogo com os seus subordinados, esta é provavelmente a cartilha pela qual essa pessoa se irá guiar quando tiver a oportunidade de liderar os outros". Pode, portanto, dizer-se que se trata de berço: o perfil de um líder é formado pelas suas experiências, durante o seu percurso profissional.

Como lidar com o seu chefe? Ainda segundo o psicólogo organizacional, o bom líder (o "chefe dos sonhos" de qualquer trabalhador), é aquele que possui três qualidades pessoais: a honestidade (é verdadeiro consigo mesmo e com os outros, assumindo os seus erros), a integridade (coerência entre palavras e atitudes) e a humildade (pensa menos em si próprio).

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http://www2.uol.com.br/infopessoal/noticias/_HOME_T OP_403110.shtml 15

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Quando um Homem se Engana

Infelizmente, nem sempre se encontram pessoas com estas características no ambiente laboral. Portanto, é importante saber como agir, no dia a dia, perante as pressões do chefe. Trabalhar com alguém que cultiva a pressão para a obtenção de resultados, e que está centrado em si próprio e nas suas ambições pessoais, é muito complicado e pode causar problemas psicológicos, emocionais e psicossomáticos, de acordo com Barth.

Anónimo

★ Quando alguém age com violência, dizemos que tem mau génio; quando agimos com violência, dizemos que são os nervos. ★ Quando alguém insiste nalgum aspecto, consideramo-lo obstinado; quando insistimos num aspecto, entendemos que temos firmeza de carácter. ★ Quando alguém critica um amigo nosso, chamamo-lo preconceituoso; quando somos nós a criticar, é porque somos bons juízes da natureza humana. ★ Quando alguém faz as coisas com lentidão, dizemos que é indolente; quando fazemos as coisas com calma é porque estamos muito concentrados. ★ Quando alguém gasta muito é porque é

É preciso cuidado para lidar com a situação. Há que ter presente que existem, entre os maus líderes, dois perfis bastante distintos. Analisando-os poderemos compreender melhor a questão. Reacção ao feedback Para corrigir erros é necessário identificá-los. Mas o problema é que esta fórmula não funciona no pior dos perfis do "mau” líder, porque o chefe verdadeiramente “mau” acha-se perfeito e não dá nem aceita nenhuma forma de feedback, ainda mais se este for negativo. Para a outra categoria de chefe ruim – o que não age por maldade, mas por falta de preparação –, que respeita as pessoas, mas não sabe lidar com elas, o problema é de mais fácil resolução. Tornam-se necessários feedbacks construtivos, realizados de forma periódica, sistemática e moderada. Há que estar atento a estes perfis, porque não se pode funcionar com segurança no meio corporativo sem alguma habilidade. Por isso, é fundamental analisar a conduta do líder e a nossa própria, para que, com o passar do tempo, possamos ter a oportunidade de ser bons líderes e de formar novos líderes, cada vez melhores.

esbanjador; quando gastamos muito, é porque somos generosos. ★ Quando alguém encontra defeitos nas coisas, é maníaco; quando nós encontramos defeitos nas coisas, é porque sabemos discernir. ★ Quando alguém ostenta delicadeza, é porque é inseguro; quando nós o fazemos, é porque somos bem formados. ★ Quando alguém parte uma coisa, é desastrado; quando nós partimos uma coisa, somos enérgicos. Porque será?

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Efemérides Céltico-Romanas de Setembro Recolha do R∴Ir∴Fr∴ Incógnitus (Fonte: “Lealdade Sacra”)

Júpiter um templo se o Senhor do Céu detivesse a debandada dos Romanos e o avanço dos Sabinos. Como o seu pedido foi concedido, os guerreiros da Cidade da Loba venceram os seus oponentes. O filho de Marte, rei de Roma, cumpriu a sua parte do contracto. Este dia passou a ser o primeiro dia do Ludi Romani (Jogos Romanos) ou Ludi Magni, em honra de “Iuppiter Optimus Maximus” (Júpiter o melhor e o maior), que duram de 5 a 19 de Setembro. Algumas vezes, iniciaram-se a 4 de Setembro. A celebração era marcada por uma grande procissão, descrita por Dionísio de Halicarnasso, na qual se exibia uma imagem de Júpiter, que era transportada desde o seu templo, no Capitólio, até ao Circo Máximo. No percurso, passava pelo Forum e pelo Velabrium. Esta procissão era feita por jovens da cidade, dançarinos, músicos, atletas e sacerdotes, que traziam objectos sacros e imagens dos deuses. Os jogos eram compostos por corridas de cavalos, competições atléticas e peças de teatro. “Ó Júpiter Capitolino, a Ti rezo, a Ti peço, a Quem o Povo Romano chamou Optimus devido à Tua bondade e Maximus devido ao Teu grande poder”. (Cícero, Domo, 144) As palavras de Rómulo, segundo Tito Lívio: “Se Tu, Pai dos Deuses e dos homens, mantiveres os nossos inimigos à distância, pelo menos deste ponto, libertando os Romanos do seu terror, e travando a sua vergonhosa retirada, então isto Te consagro, Iuppiter Stator, que um recinto sagrado e santuário será construído em Tua honra como memorial para recordar aos nossos descendentes de como a cidade de Roma foi certa vez salva pela Tua ajuda.” (Ab Urbe Conditas, História de Roma, 1.12.6-7). O dia cinco de Setembro é também o das nonas do mês. Nesta data, o Rex Sacrorum aparecia nos degraus do Capitólio, anunciando ao povo que dias do mês seriam sagrados.

Setembro pertence ao Deus Vulcano, Senhor do Fogo, no seu aspecto primordial, perigoso e destruidor. Por isso, Vulcano é por vezes considerado uma deidade de índole bélica. Vulcano é equivalente ao Hefastos romano. Domina o ofício de ferreiro e também o mundo industrial.

1 O início do mês é designado por Calendas e é consagrado a Juno Regina (Juno Rainha), que se honrava no monte Aventino.

3 O dia 3 é consagrado a Jupiter Liber, que se crê ser um dos aspectos de Júpiter relacionado com a fertilidade e com o vinho. “Liber” foi identificado com o helénico Dionísio. As celebrações ocorriam no Capitólio.

4 O dia 4 é consagrado a Jove Tonato (Júpiter Trovejante), ou Iuppiter Tonans, que se homenageava no Capitólio. “Eu rezo primeiro a Ti, trovejante Júpiter Tonante, para que finalmente poupes na minha idade avançada e desvies a Tua ira de mim”. (Valerius Flaccus, Argonáutica, 4.474-76).

5 O dia 5 é consagrado a Júpiter Stator, isto é, o Júpiter Que Faz Parar. O Seu culto teve início quando Rómulo, 1º rei de Roma, vendo-se em dificuldades na batalha que travava contra os Sabinos de Tito Tácio,ergueu as suas armas ao céu e prometeu a

9 No dia 9 realizava-se a Asclepigénia, que celebrava o nascimento de Aesculapis,

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ou Esculápio. «O reverenciado Esculápio, filho de Latona, o por Cujos suaves remédios de ervas os Fados são brevemente enganados, esta criança manda-Te de Roma os seus caracóis dourados, que foram em tempos a delícia do seu senhor, e juntamente com estes o espelho que lhe assegurou que era belo.Ele apressa-se a sacrificar estas madeixas, que em tempos rodearam a sua brilhante face, feliz por servir, em pagamento de um voto, se Tu achares que ele deverá ficar fora de perigo. Preserva a sua graça juvenil, apesar do seu cabelo estar agora mais curto, e que por muito tempo Tu o possas conservar atraente.» (Marcial, 9.17 – “Nascimento de Auréliano”, 967 a.u.c. ou 214 d.c.).

nome deriva da palavra «Memini», que significa algo como «Recordar», da raiz indo-europeia “Men”, que se relaciona com o pensamento. O domínio desta Deusa é o da sabedoria, educação, indústria, comércio, e as várias artes que as mulheres praticam, incluindo a costura e a música. Minerva tem sido vista como a equivalente latina de Atena, mas não no seu aspecto guerreiro. Na cerimónia, procedia-se à colocação do prego no lintel, sobre a porta da «cella» (câmara dentro do templo) de Minerva. Este ritual tem semelhanças com o que se praticava relativamente à Divindade etrusca Nortia, e pode simbolizar o fim do tempo (fim de um ano), como que a fixar algo, travando um movimento. Os septemviri epulones ofereciam um banquete à Tríade Capitolina. Originariamente, havia apenas três epulones, eleitos pelo Comitia Plebis, estabelecido por proposta de Licinius Lucullus, em 557 a.u.c. ou 196 a.c. (Lívio 33.42.1-2). «Ó Pai Júpiter que habitas nos cumes de Tarpeia como Tua morada, escolhida próxima dos céus, e Tu, Juno, Filha de Saturno… e Tu, Divina Virgem, cujo gentil peito é austeramente coberto pelo Aegis com a terrível Górgona, e todos Vós, Deuses e Indigetes da Itália, ouçam-me como eu juro pelos Vossos divinos poderes.» (Sillius Italicus, Punica, 10.432 - 36). Neste dia afluíam pessoas ao templo de Ceres, vindas de todo o país, e ali faziam oferendas e votos. Este é um dos dias nos quais os bolos de sal, os mola salsa, eram usados como parte da refeição sacrificial. É o único dia do mês no qual o sacrifício e a festa ocorriam em público.

11 Em 11 de Setembro de 1145 a.u.c. (ab urbe condita, isto é, desde a fundação da cidade de Roma) ou 392 d.c., o imperador cristão Teodósio decretou a pena de morte como punição para quem adorasse os seus próprios antepassados no «Lararia» (santuário caseiro com imagens sacras para o culto dos Ancestrais e dos Espíritos do Lar, sendo estes últimos os “Lares”, os “Penates” e o “Genius familiar”. Este e outros culto da antiga tradição têm reaparecido, a pouco e pouco, fazendo crer que a Tradição do Ocidente é a Religião Nacional.

13 O dia 13 de Setembro é o dia dos Idus do mês de Vulcano. É dedicado à tríade capitolina - Júpiter (a quem é consagrada a Lua cheia), Juno e Minerva. A esta tríade foi oferecido um templo em 246 a.u.c. (ab urbe condita), ou 509 a.e.c. (antes da era cristã). E foi neste dia que em 507 foi consagrado o templo do Monte Capitolino a Júpiter Optimus Maximus (que significa Júpiter O Melhor e o Maior), Juno e Minerva. Juno, esposa de Júpiter, é a Rainha do Céu e regente da parte feminina da humanidade. Protege o crescimento e o bem-estar, assim como a fertilidade das mulheres. Minerva é considerada como a sublime abstracção feminina do pensamento ou da mente. O Seu

14 O dia 14 de Setembro é marcado pela Procissão do Equites Equo Publico – os que, numa classe especial de cidadãos, tinham cavalos brancos pagos pelo erário público, vestiam toga vermelha e cavalgavam numa procissão que ia do Campus Martius ao Capitólio, parando ao longo do caminho para oferecer sacrifícios no templo de Castor e Castoris.

15 No dia 15 faziam-se os vota – promessas a Júpiter –, em troca de favores.

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Note-se que, da perspectiva romana, as Divindades não desejavam mal aos humanos, pelo que criaram a terra e todas as maravilhas que a humanidade usufrui. Ao contrário das egoístas Deidades mais modernas, os Deuses antigos não pediam bajulações serviçais da parte dos humanos. Os Romanos oravam de pé como homens, com os braços esticados para a frente e falavam com voz forte. Acreditavam que os Deuses garantiam favores aos homens honrados e virtuosos, sempre que estes os pedissem. Para as Divindades do mundo inferior era diferente, pois consideravam-nas causadoras de males, os quais só podiam ser aplacadas através de sacrifícios apropriados.

deuses de Portugal e da Galiza (que deve partir sempre da tradição romana e celta da Hispânia, ou indoeuropeia arcaica do ocidente ibérico). No entanto, terá sido adorada até ao século V d.c., na região que é hoje Portugal, o que a torna numa das últimas frentes de resistência pagã face ao avanço cristão. O calendário religioso grego, consagra o dia 24 a esta Deusa da Justa Vingança. Existiu em Évora, no século V, uma congregação cujo nome deriva de Nemésis. Nesta data, honravam-se as Camina (Ninfas do bosque sagrado) perto da Porta Capena, onde Numa Pompílius, 2º rei de Roma, consultava a Ninfa Egéria, e onde as virgens vestais recolhiam água para os seus ritos.

19 Neste dia terminavam os importantes Ludi Romani (Jogos Romanos), que haviam começado no dia 5 (ou 4, nalguns casos).

23 No dia 23 homenageava-se, no Teatro Marcelo (Roma), Apolo, Diana, e Sua Mãe Latona; prestava-se culto a Felicitas no Campo de Marte; na Via Sacra cultuava-se Iuppiter Stator; no Circo Flamínio consagrava-se Juno Reginae, e prestava-se culto a Ceres no Monte Aventano. Numa prece a Diana: «Ó Divina Filha de Latona, Glória das Estrelas e Guardiã dos Bosques Sagrados, sê presente, Diana, para que possas socorrer aqueles de nós que trabalham.» in «Aeneida» de Virgílio, 9.404-5. Juno Reginae (Juno Rainha, também festejado no início do mês), é a Rainha do Céu e a Deusa dos Casamentos. Ceres é a Deusa Agrícola dos Cereais.

26 O dia 26 é consagrado a Vénus Genetrix (Vénus Geradora), venerada no Forum de César e coniderada antepassada da gens (ou clã) de Júlio César.

28 Na Grécia antiga, em Elêusis, realizavam-se ritos consagrados aos mistérios de Deméter e Perséfone, sua filha (equivalentes às romanas Ceres e Prosérpina). Plutarco, o historiador grego dos séculos I e II d.c. (46 127), parece ter sido um dos iniciados nesses ritos secretos e sobre os mesmos escreveu: "Quando um homem morre, é como aqueles que estão a ser iniciados nos mistérios... A nossa vida inteira é nada mais do que uma sucessão de errâncias e percursos dolorosos.. Mas assim que partimos, locais de pureza recebem-nos, com canções, danças, solenidades de palavras santas e visões sagradas”.

24 Nemésis não se integra nas divindades romanas ou celtas, nem faz parte do panteão de 19

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É a fortuna, e não a sabedoria, o que governa a vida do homem.

A amizade começa onde termina o interesse.

Os homens assemelham-se aos deuses quando fazem o bem à humanidade.

Quando aspirares a alcançar o posto mais alto, recorda-te de que é honroso o segundo, ou terceiro.

Estar contentes com o que possuímos é a mais segura e a melhor das riquezas.

É bom acostumarmo-nos à fadiga e ao caminho, mas não devemos forçar a marcha.

Faço mais caso do testemunho da minha consciência do que de todos os juízos que os homens fazem de mim.

Pensar é como viver duas vezes. Não há nada mais atractivo no ser humano do que a sua cortesia, a sua paciência e a sua tolerância.

Somos escravos das leis para poder ser livres. É sempre melhor uma má paz do que a melhor guerra.

Todos os homens podem cair num erro; mas só os néscios perseveram nele.

Enganar-se é próprio dos homens; persistir nos erros é próprio dos loucos.

Uma casa sem livros é como um corpo sem alma.

São sempre mais sinceras as coisas que dizemos quando o ânimo se sente exaltado do que quando está tranquilo.

A verdadeira glória cria raízes e expande-se: os procedimentos vãos caem ao chão como as flores. O falso não dura muito.

A aspiração democrática não é uma simples fase da história humana. É a história humana.

O costume quase origina outra natureza. A perda das nossas forças é devida mais aos vícios da juventude, do que aos estragos da idade.

A confidência corrompe a amizade; o muito contacto consome-a; o respeito conserva-a.

Não me envergonho de confessar que sou ignorante do que não sei.

A vida dos mortos consiste em estar presentes no espírito dos vivos. A vida feliz e ditosa é o único objectivo de toda a filosofia.

Nenhum homem chegou a ser grande sem um toque da divina inspiração.

Grave é o peso da própria consciência.

Tropeçar duas vezes na mesma rocha é uma desgraça proverbial.

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