Bol Eletro 005

  • July 2020
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Boletim da Corrente Proletária Dos Eletrecitários do Partido Opererário Revolucionário - Nº 05 - Outubro de 2009

Editorial

Os Trabalhadores Sabem Que é Preciso Lutar Com o objetivo de alcançar reajustes salariais e o atendimento de suas reivindicações, várias categorias de trabalhadores decidiram entrar em greve neste segundo semestre. Dentre elas os metalúrgicos da General Motors de São Caetano do Sul e São José dos Campos. Greves dos metalúrgicos ocorreram em montadoras no ABC paulista, Taubaté e Paraná. Após várias negociações e audiências no TRT, os metalúrgicos conseguiram reajustes salariais diferenciados. Isto ocorreu em função da política adotada pela burocracia sindical de negociar por setor ou fábrica. Os Bancários entraram em greve por tempo indeterminado em todo o país por causa do impasse na campanha salarial, onde os trabalhadores recusaram a proposta da Fenaban (federação dos bancos) de reajuste salarial de 4,5% para repor a inflação e o parcelamento da participação nos lucros e resultados. Os bancários reivindicam 10% de reajuste salarial, mais 5% de aumento real, participação nos lucros de três salários, mais fixo de R$3.850,00. Os trabalhadores dos Correios também entraram em greve por tempo indeterminado e conseguiram arrancar um reajuste salarial de 9%, mais R$100,00 de abono. No ano passando a categoria também saiu vitoriosa da campanha salarial, obtendo o atendimento de várias reivindicações. Em São Paulo, até os guardas-civis metropolitanos e os garis decidiram cruzar os braços no final de agosto e ameaçam entrar em greve novamente, caso não tenham suas reivindicações atendidas pelo prefeito. Estes são apenas alguns exemplos de como os trabalhadores de todo o país estão se mobilizando por suas reivindicações e demonstrando que a greve é o método de ação próprio dos trabalhadores. Apesar da fragmentação do movimento o que notamos é uma vontade grande por parte dos operários em luitar pela manuternção do emprego e de condições dignas de vida para suas familias. A divisão do movimento em uma série de centrais sindicais. E pior que isso o isolamento das lutas por fábrica fez com que não obtivessem resultados melhores. A política da burocracia sindical encastelada nas várias centrais de apoío a política economica do governo Lula tem levado os sindicados a se estatizarem, isto é, ser correia de transmição da política governamental, que não é outra coisa da política patronal, principalmente das multinacional como é o caso da AES.

Balanço da Campanha dos Eletricitários A campanha salarial dos Eletricitários de São Paulo começou em 1º de maio com a entrega da pauta de reivindicações AES Eletropaulo, foram feitas seis rodadas de negociação com a patronal. Com a empresa impondo uma proposta final de reajuste de 6,35% para a correção dos salários e 10% no vale alimentação que passou de R$ 90,00 para R$ 100,00 e no vale refeição de R$ 395,00 para R$ 436,00. Na assembléia de 18 de agosto a burocracia do sindicato manobrou para a aprovação da proposta apresentada e defendida por eles.

Foi colocada em regime de votação com a assembléia rejeitando a proposta de imediato. Aí a burocracia entra em ação para manobrar, separando a pauta das reivindicações econômicas do percentual de redução do quadro de trabalhadores de 3,5%, após várias manobras a burocracia conseguiu aprovar o fim da campanha salarial de 2009. A classe sai insatisfeita e derrotada pelas manobras. É preciso construir uma organização de base setor por setor para as próximas lutas. Como fazer? Esse é o desafio dos eletricitários.

Organizar todos os Eletricitários Os trabalhadores das empresas contratadas passaram recentemente a fazer parte da base eletricitária, são quase 7 mil trabalhadores, brutalmente explorados pelas empresas terceirizadas. Com salário extremamente baixo e sem muitas das conquistas das demais empresas do setor. Devemos iniciar uma luta conjunta para modificar essa situação. Os companheiros já entram sabendo das dificuldades que teremos de enfrentar, basta ver as

mobilizações que ocorreram em muitas empresas terceirizadas e que culminou com a assembléia de 27/08. Mas infelizmente na assembléia não se pode organizar formas de lutas conjuntas para resolver os problemas. A divisão é nosso pior inimigo agora. Tanto os trabalhadores das terceirizadas como da AES precisam se organizar de forma imediata para enfrentar as pressões da patronal.

Campanha Salarial Metalúrgica. Lições a Serem Aprendidas No início de setembro, os metalúrgicos da Volkswagen-Audi e Renault-Nissan, de São José dos Pinhais, Paraná, deram início as greves operárias. Depois do brutal ataque dos capitalistas, que aproveitaram a crise econômica para demitir e impor redução salarial, os trabalhadores saíram à luta demonstrando que esse é o único caminho de defesa contra a exploração e o desemprego. Em seguida, o sindicato metalúrgico do ABC não teve outra alternativa senão convocar assembléias. Os patrões se mostraram inflexíveis em aplicar apenas o índice inflacionário. Mais de 5 mil metalúrgicos reunidos rechaçaram a proposta salarial das montadoras e das autopeças. No dia 10 de setembro, começaram as paralisações na Mercedes, Scania, Ford, Mahle-Metal e outras fábricas. Em José dos Campos, a General Motors foi paralisada por 24 horas. O movimento não se limitou a capital e a Grande São Paulo. Além da região do Vale do Paraíba, a Honda foi paralisada em Sumaré e a Toyota em Indaiatuba. As greves e manifestações convocadas pela Força Sindical, CUT e Conlutas foram acatadas pelos metalúrgicos num sinal de que estavam dispostos a defender os salários. Os capitalistas viram que não se tratava de reivindicações isoladas. Bastou os sindicatos acenarem com as mobilizações para que os operários aderissem. Evidenciou-se uma tendência geral de luta. Tratava-se de dar unidade às greves. No entanto, os patrões puderam manobrar o movimento, uma vez que os dirigentes sindicais da CUT e da Força não estavam dispostos a travar o mesmo combate. O sindicato metalúrgico do ABC se apressou em fechar um

acordo de 6,55%. Assim, retirou as montadoras da greve e isolou os operários das autopeças. Por outro lado, enfraqueceu a resistência dos metalúrgicos do Paraná, interior de São Paulo e São Caetano que não aceitavam apenas 2% de aumento salarial. Em José dos Campos, a Conlutas fechou o acordo de 8,3%, arbitrado pela Justiça do Trabalho. No Paraná, a Renault concebeu 8,62%. No ABC, os trabalhadores da indústria de autopeças mantiveram a greve, mas a burocracia sindical a foi esvaziando com acordos em separado, aceitos por grandes empresas, como a Mahle-Metal Leve, Sachs, Detroit e Faparmas. A Força Sindical e a Conlutas defenderam o índice de 14,65%, frente a inflação oficial de 4,65%. A CUT não apresentou índice, com o argumento de que este sairia da mesa de negociação. Tornou-se uma prática comum não mostrar aos operários o quanto tem perdido no acumulado dos últimos anos. O reajuste máximo de 8,62% ficou longe da reivindicação e muito mais ainda os 6,55%, obtidos pelo movimento do ABC. A unidade grevista dos metalúrgicos daria força para arrancar do patronato uma parte da brutal exploração a que os metalúrgicos vêm sendo submetidos. A divisão imposta pela burocracia sindical impossibilitou não só potenciar a luta para maior conquista como também limitou a capacidade da greve de influenciar a classe operária em todo o país a sair em defesa de sua existência. É preciso ainda denunciar o fato de não se ter colocado a reivindicação de fim do desemprego, reconquista dos postos de trabalho destruídos e emprego a todos por meio da escala móvel das horas de trabalho.

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