Bol Eletro 004

  • July 2020
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Boletim da Corrente Proletária Dos Eletrecitários do Partido Opererário Revolucionário - Nº 04 - Setembro de 2009

Editorial - Crise no Senado

Guerra de Quadrilhas Os morros do Rio de Janeiro são divididos por quadrilhas do narcotráfico. De vez em quando, acirram as disputas em torno da venda de drogas e as resolvem pelas armas. Apesar das diferenças, há um paralelo com a guerra de quadrilhas no Senado. Os quadrilheiros do PSDB atacaram os quadrilheiros do PMDB. Colocaram à luz do dia a roubalheira da família Sarney. O PMDB, revidou, atacando o morro do PSDB e mandou um juiz (ex-empregado da Gráfica do Senado e amigo de Sarney) censurar o jornal "Estadão" (que espalhou a notícia). A quadrilha do DEM está quieta no seu canto, porque não querem que a guerra de quadrilha os exponha. O Conselho de Ética (feito por representantes das quadrilhas) estava pronto para livrar Sarney, mas nos últimos ataques foi tiro pra todo lado. Lula fez o possível para que as posições da quadrilha Sarney/Renan não enfraquecessem e caíssem. Mas já não tem munição para abastecer seu compadre do PMDB. Nem bem um escândalo de corrupção começa a desaparecer, vem outro como um furacão. Trata-se da decomposição da burguesia, expressão do capitalismo decadente. O Estado é uma propriedade coletiva da burguesia, sujeita às frações mais poderosas do patronato. Os partidos que a compõem e a administram refletem isso. Os parlamentares, bem como juízes da alta corte, formam uma casta, cujos privilégios em um país marcado pela miséria da maioria são escandalosos. Mesmo que não roubassem nenhum tostão, não deixariam de ser os larápios que ganham muito para legislar a favor dos capitalistas e contra o povo.

Reforma Política, Unicameralismo? Isso Resolve? Agora não faltam bandeiras de reforma política. O senador pelo PDT, Cristóvam Buarque junto com o Ministro da Justiça Tasso Genro, querem extinguir o Senado e remodelar o parlamento brasileiro. Mas eles têm consciência de que os partidos hegemônicos não aceitariam tal mudança. Trata-se de fumaça para aparecer em meio a tanta podridão. O PSTU e a Conlutas assumiu a bandeira com seu "Fora Sarney pelo fim do Senado e por uma Câmara Única". Agora perguntamos: E na Câmara dos Deputados, não existe corrupção e troca de favores lá? Nenhum bando de ladrões poderá julgar a si próprio! Nós trabalhadores devemos rechaçar a farsa do Fora Sarney, lembrando que o Fora Renan resultou no Volta Sarney. Devemos dizer que se dizer que toda saída dentro da democracia burguesa mantêm o poder da classe capitalista.

Por um Tribunal Popular A bandeira operária deve ser "Abaixo o poder burguês, antinacional e antipopular", convocar um Tribunal Popular para que sob a direção do proletariado em luta se julguem e punam os crimes da burguesia. Mas o que é um Tribunal Popular. Sabemos que a Justiça, o Parlamento e o Executivo não podem punir a corrupção, pois estão imersos nela. Somente as massas em luta é que poderão dar um basta nesta situação. As massas têm que ir pra rua por suas reivindicações: salário, trabalho, terra, educação, saúde etc. (entre elas o fim da corrupção). Expulsar os corruptos e acabar com o Estado que o sustenta. Só assim lutando por um Estado onde não exista a exploração do homem pelo homem, é que teremos atendidas todas nossas reivindicações (entre elas o fim da corrupção).

Campanha Salarial Acaba em Pizza Após três meses de campanha salarial, sem sabermos quais eram nossas perdas e qual a proposta de índice levada pra negociação. A direção de nosso sindicato convocou uma assembléia, no dia 18 de agosto, para fechar o acordo com a AES Eletropaulo. Na assembléia defendeu a proposta negociada com a empresa de reajuste salarial de 6,35% (inferior ao aumento real do custo de vida), reajuste no vale refeição/vale alimentação de 10% e 4.000 de PLR. Aqui já foi por água a baixo toda a encenação que o Chicão fez na assembléia passada, de que o sindicato lutaria para que os trabalhadores da Eletropaulo continuassem a ser o topo, o exemplo a ser seguido em todo país, várias empresas do setor elétrico receberam uma PLR maior e ao ser rebatido por um trabalhador, desconversou dizendo que a AES dava outros benefícios em valor superior e acabava ficando elas por elas (parecia até o gerente de marketing da AES falando e não um dirigente sindical). Mas o pior não foi isso. Meio que enrustido no Acordo tinha uma proposta de redução dos postos de trabalho. Com o pomposo nome de Política de Empregos, queriam passar goela a baixo dos trabalhadores (e chegou até a contar com o apoio de alguns trabalhadores endividados e temendo não poder receber a PLR no dia 15 de agosto como a empresa divulgou pouco antes da assembléia). O que está por detrás dessa Política de Empregos é a demissão de 500 companheiros. Tudo isso feito de um modo muito "diplomático" sem dar os nomes aos bois. Vejamos a tal Política de Empregos:

A partir do dia 01 de Junho de 2009 até o dia 31 de Maio de 2010, o efetivo de pessoal da ELETROPAULO será no mínimo de 3.800 empregados, numero esse que não poderá ser reduzido até 31/05/2010 (Opa! Hoje somos aproximadamente 4.300) Pior ainda, esse número que não pode ser diminuído (seriam mais francos se dissessem que a empresa não quer ultrapassá-lo), já é contestado na linha de baixo em seu parágrafo primeiro

Será admitida uma taxa de rotatividade de 3,5 % sobre o numero mínimo de empregados estabelecido O que não é isso se não o anuncio que o facão está chegando. Continua no verso

O que importa dizer aqui (neste boletim fizemos uma matéria falando de como deveria ter sido uma campanha salarial de verdade, principalmente com o patrão anunciando que teremos cortes pela frente) é que a manobra não deu tão certo como eles queriam. Por fim temendo, que o acordo não fosse aprovado, a direção sindical acabou dizendo que: "os trabalhadores, de forma democrática, votaram pela separação da política de emprego dos demais itens da proposta" para que a campanha pudesse ser encerrada sem maiores problemas. Sem chorar pelo leite derramado temos que estar atentos agora para este problema que tanto nos aflige (como sustentar nossa família sem trabalho).

É bem possível que a demissão caia principalmente sobre os camaradas mais velhos de casa, há tempos que a AES quer acabar com qualquer resquício da Eletropaulo estatizada. Afastar o fantasma (para ela) de que os trabalhadores possam fazer uma campanha pela reestatização da empresa e que esta caia no gosto da população (tão atormentada com os constantes aumentos e com um serviço tão desgastado pela constante diminuição dos quadros.

* Preparar a luta contra as demissões. Esta será a verdadeira campanha que deveremos fazer agora!

Como Deveria Ser Uma Verdadeira Campanha Salarial Os Sindicatos surgiram das revoltas espontâneas contra a opressão patronal sobre a classe operária. A burguesia (patrões) os combatera a ferro e fogo para que não viessem a se impor, pois tratava-se de uma organização da classe operária. Através do sindicato, a classe operária superava a ausência de organização coletiva e imprimia à luta de classes uma nova dinâmica em relação às manifestações espontâneas que ocorriam. Passaram a expressar as reivindicações operárias de forma organizada. Os Sindicatos se edificaram como organização independente do proletariado com relação à burguesia e seu Estado. Os operários não mais compareciam como uma classe dispersa e descontente com as conseqüências sociais do sistema de exploração da minoria opressora sobre a maioria oprimida, mas sim como classe capaz de se impor de forma organizada. Fizemos questão de colocar esta formulação, para comparar com o Sindicato que temos hoje. A questão toda se resume a uma só coisa. O problema não é o sindicato, mas as pessoas que o dirigem. É possível recuperar o sindicato para a classe e essa é uma tarefa que o Nossa Classe espera estar cumprindo. Mas vamos falar da Campanha salarial. Numa campanha salarial existe uma verdadeira luta de classes. De um lado os patrões querendo aumentar seu lucro do outro nós trabalhadores lutando para sustentar a nós e nossas famílias. Não existe acordo. O que existe é uma imposição do lado que tiver mais preparado. A preparação de uma campanha salarial deve ser baseada nisso. Devemos expor aos patrões nossas reivindicações e lhes mostrar que estamos dispostos a lutar por elas. Por isso é fundamental começar nos organizar nas bases, seção por seção. Discutindo nossas perdas (fazendo um calculo delas) e as questões mais sentidas que estamos

enfrentando no momento. Uma discussão franca e aberta, onde todos devem colocar sua idéia sobre os problemas enfrentados, sem nenhuma distinção (chamamos a isso de democracia operária). Depois dessa Pauta de Reivindicações pronta devemos discutir como nos preparar, quais os métodos que usaremos para pressionar o patrão a atender nossas reivindicações. E a cada passo, continuarmos a discutir qual o melhor caminho a seguir na busca por nosso objetivo comum. O que vimos por parte da direção sindical não foi nada disso. Ninguém nem sequer sabia a pauta. Quais nossas perdas? Qual o índice que deveríamos exigir? Pior ainda, no meio da discussão apareceu essa tal de Política de Empregos e só tomamos conhecimento dela horas antes da assembléia e de contrabando ainda. Ao invés do Sindicato ser um instrumento dos trabalhadores para pressionar o patrão acabou se tornando um instrumento dos patrões para pressionar os trabalhadores. Qual seria o correto? Imediatamente ao se saber que a empresa estaria se organizando para diminuir o quadro de funcionários deveria comunicar a todos os trabalhadores o ocorrido e começar a organizar nossa resistência. Mas não. Tudo ficou nos acordos de bastidores! Mas o que faremos agora? Chorar as pitangas? De maneira alguma companheiros! Temos que nos organizar! Nos preparar para a luta que virá. As lições devem ser aprendidas. E com união e organização saberemos dar a resposta a todos eles. Começando na base, discutindo com os camaradas do setor as soluções. Se encontrando com companheiros de outras regiões e organizando um grande e forte movimento contra as demissões. Esta é nossa tarefa principal.

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