AUTOCONHECIMENTO E RELACIONAMENTO - ARTIGOS NOELIZA LIMA* TAGS: emoções, psicossomática, sexualidade, pensamento
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CURIOSIDADE - TESTE DE PERCEPÇÃO NOELIZA LIMA*
Realize o Teste de Percepção que se encontra logo abaixo.
Percepção é a capacidade de se perceber tanto o mundo interno como externo. São tantos os estímulos que recebemos, que muitas vezes não vamos ao âmago da questão, passando batido, em detalhes aparentemente sem importância, os quais no final, fazem uma enorme diferença ! Instruções: Imprima essa página para realizar o teste. Se a impressão não for possível, caso necessário, anote as respostas em uma folha de papel. As respostas estão logo após o teste, separadas por uma tarja marro-claro. Não olhe as respostas até terminar o teste. TESTE: 1. Em Portugal existe 7 de setembro ? 2. Alguns meses têm 30 dias, outros têm 31. Quantos meses têm 28 dias ? 3. Se você tivesse apenas um fósforo na caixa e entrasse em um quarto frio onde houvesse uma lamparina a querosene, um acendedor a gás e lenha seca, o que você acenderia primeiro ? 4. Se o médico lhe receitasse três comprimidos para tomar um a cada meia hora, em quanto tempo acabariam os comprimidos ? 5. Um fazendeiro tinha 17 vacas. Todas, exceto 9 morreram. Quantas vacas sobraram ? 6. Um homem construiu uma casa de 4 lados. Uma estrutura retangular com todas as faces voltadas para o Sul. Um enorme urso polar apareceu. Qual a cor do urso ? 7. Quantos animais de cada espécie Josué levou a bordo da arca ? 8. Pela legislação brasileira, se seu pato botasse um ovo no quintal do vizinho, a quem pertenceria o ovo ? Respostas 1. Claro, por que não? O calendário é o mesmo daqui. 2. Todos os meses têm 28 dias. 3. Acenderia o fósforo. 4. Você toma um, depois de meia hora outro, e depois de meia hora o último = uma hora. 5. 9 vacas (foram as que não morreram). 6. Branco. Todos os ursos polares são brancos.
7. Nenhum. Quem levou os animais foi Noé. 8. Isto é irrelevante. Pela natureza, pato não bota ovo. Aprendendo com o teste ! * Noeliza Lima, psicóloga credenciada, Mestre emPsicologia ,prof. universitária
[email protected] As perguntas são base do material compilado para o seminário de Percepção, realizado por alunos da Turma A de Psicologia Geral, Curso de Psicologia da FAE - Faculdades Associadas de Ensino de São João da Boa Vista – SP, 2000
-----RELACIONAMENTO 1. SEXUALIDADE E GÊNERO NOELIZA LIMA*
As pessoas desvinculadas de questões da mulher geralmente confundem sexo com gênero. O sexo é fisiológicamente construído, e o gênero é histórica e socialmente construído. Isto significa que à menina e ao menino , ao nascerem, são atribuídas expectativas relacionadas aos papéis que eles irão desempenhar em casa e fora dela, ou seja, socialmente. As pessoas ainda escolhem as roupas dos bebês segundo o sexo. Por exemplo, rosa para as meninas e azul para os meninos, ou neutras para ambos, como verde claro e amarelo. Na nomenclatura de cores existe o acréscimo de "bebê" à cor escolhida. Exemplo: rosa bebê, azul bebê, verde bebê. Um outro exemplo também bastante comum são as crendices populares, como a que diz " a barriga da gestante, quando pontuda, indica menino", e/ou : " a menina deforma o corpo da mulher." Segundo Berne (1966), já antes de nascer as crianças recebem atribuições de gênero, que vão incorporando, constituindo seu sistema de crenças, que, embora muitas vezes contrários aos sentimentos reais do indivíduo, adquirem importância ao ocasionar conflitos internos que se exteriorizam nas relações que estabelecem. As atribuições têm uma história e são sócio culturais, mantidas através dos séculos, podendo permanecerem estanques ou se transformar durante a passagem do tempo, por meio de pessoas que ousam desafiar os padrões. Se estas pessoas são líderes e portanto formadoras de opiniões, são respeitadas. Se não são conhecidas, são excluídas. É fato conhecido que na Idade Média queimavam-se vivas mulheres que praticassem a magia. Por isto as feministas se denominam "bruxas", uma forma de fala estritamente feminista. É o mesmo caso da cor lilás, também característica do feminismo, devido ao fato de que as mulheres
queimadas vivas na fábrica de New York, no dia já descrito da greve, trabalhavam com tecidos de cor lilás. Hoje por exemplo já se aceita que um rapaz use brinco sem ser encarado como homossexual. Porque ocorreu isto? Porque pessoas importantes socialmente são vistas de brincos em veículos de comunicação. E porque jovens desafiaram o preconceito, imitando seus ídolos. As mulheres começaram a usar calças compridas no Brasil no final dos anos 50. O Rock And Roll era considerada uma dança profana, mas os jovens se impuseram, e vieram os trajes adequados para a dança, que eram - ou vestidos de saias rodadas - ou calças compridas justas nos tornozelos.Em todos os tempos os jovens e os líderes na comunidade tem a possibilidade de mudarem os valores vigentes. Apesar disto, muitos valores arcaicos ainda são transmitidos de geração a geração, e a mulher ainda acorrenta sua vida ao mundo masculino e as expectativas patriarcais, fato este que tanto o feminismo, como os grupos de mulheres em cidadania pretendem mudar, através de leis e conscientização da população. Por isto mulheres com idéias diferentes do usual são tidas como malucas, e homens que aceitam a mulher depois de uma traição (palavra também questionável) - recebem nomes inacreditáveis. Mas a liberdade é o autoconhecimento, e do processo da autonomia (nomear a si próprio) depende a evolução da pessoa. Conhecer-se e assumir-se com seus limites auxilia a conhecer as reais possibilidades de cada um, e onde isto poderá será ser exercido, com leveza e respeito. ∗ Noeliza Lima, psicóloga credenciada, Mestre em Psicologia ,prof. universitária
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2. QUANDO O HOMEM BUSCA A MULHER PERFEITA NOELIZA LIMA *
A afetividade do ser humano ao ser dirigida para o mundo externo traz certos riscos: sentimos medo de perder o que conquistamos. Perder também tem um caráter histórico cultural. Imagina-se que o vencedor não perde. Perder o homem que ama, para a mulher, é uma tragédia interna e tem também um sentido de não ser suficientemente mulher, já que nossa cultura sugere que ter um homem é sinal de feminilidade e garantia de felicidade. Daí que vêm as cobranças de casar-se, ter filhos, etc., Isto estimula a mulher a investir em plásticas, silicones, regimes torturantes, beleza, roupas, porque não ter o homem é o mesmo que não ser mulher. Desde o nascimento a menina é ainda preparada para agradar ao homem, o que na maior parte das vezes significa falar baixo, dominar a raiva, preparar-se para ser uma boa esposa, um aprendizado e tanto. Atualmente agregou-se a isto a necessidade de estudo, porque os homens de repente parecem gostar de mulheres inteligentes. Aí nasce a síndroma da mulher perfeita. Como uma mulher bonita e inteligente é sinal de status, o homem procura auto afirmar-se através desta busca. As mais "feinhas" são deixadas de lado, assim como as não tão inteligentes.
O interessante aí é que as mulheres realmente acreditam que foram preteridas porque não são suficientemente boas, e se sentem com a auto estima bem baixa. Chama também a atenção que, na maior parte das vezes, o homem não tem consciência de que sua busca pela mulher perfeita é uma auto afirmação. Até aqui falamos do caráter histórico cultural do assunto. Vamos passar para a parte psicológica mais profunda. O primeiro relacionamento do ser humano é com uma mulher perfeita: a mãe. Ela ocupa no imaginário do homem e da mulher um lugar que jamais será ocupado por outra pessoa. A ligação simbiótica entre mãe e filho(a) é necessária nos primeiros meses de vida, para a sobrevivência da criança. Porém a medida que a criança cresce esta necessidade da mãe vai sendo substituída pela necessidade de outros objetos de desejo: o carrinho, a boneca, os amiguinhas e amiguinhas, o estudo, os livros, e assim sucessivamente. Mas sempre que a situação for ameaçadora vem a imagem do paraíso pedido ou seja a ligação primária com a mãe, também chamada de ligação dual. O ser humano busca em seu relacionamento a certeza absoluta: de ficar com a pessoa para sempre, de ser o(a) único(a), de ser considerado(a), etc. Para o homem: ser desobedecido, contrariado, irritado - pela mulher - tem um sentido de abandono, que remete a perda do afeto da sua primeira mulher (a mãe). Por este motivo se tornam exigentes, são refratários a mudanças no estilo do relacionamento, têm dificuldade com mulheres ou muito apaixonadas (que chamam de piranhas), ou muito capazes (que chamam de agressivas), ou mulheres que gostam de cuidar (que chama de grude) . E o pior é que as mulheres acreditam nestes apelidos e acham realmente que são um horror !!! Pode ??? Na questão sexual o caso então se torna um pouco mais confuso. Mulheres assertivas em sexo (que pedem o que necessitam) são admiradas, mas temidas. No decorrer da relação pode surgir impotência, ou o afastamento por parte do homem. Mulheres apaixonadas lembram ao homem o envolvimento e responsabilidade (que guarda na verdade a necessidade de corresponder, e as vezes o homem não se sente capaz e/ou não está disposto). No fundo há a recordação de um primeiro amor sereno, confiável, seguro - a certeza absoluta da constância, o seio bom que nunca decepciona, nunca exige, a recordação gratificante dos primeiros meses de vida. Mesmo que a relação depois com a mãe seja difícil, o que vale é o que ela significa na fantasia do bebê que existe dentro do ser humano. Aceitar que ficamos idosos, que a pele cai, que mentimos as vezes, que nos esquecemos, que somos aborrecidos, que o homem não é lá aquela maravilha, que a esposa tem um gênio difícil, que a mulher que trabalha - um dia cansa, que a dona de casa um dia vai prá uma faculdade, que aquela esposa caladinha se torna um mulherão interessante, que o santo homem que adorava a esposa some com sua melhor amiga, que aquela garota ma-ra-vi-lho-sa acha você um mala, que seu melhor amigo, aquele que você convidava para ir acampar - é homossexual...e imagine só,
aquele avião que você encontrou no barzinho, quem diria, vive com outra m-u-l-h-e-r !!! Aaahh!... ser muito exigente hoje em dia é até burrice, você não acha ? Obs.: este artigo independe de sexo e/ou gênero. Artigos e adjetivos no masculino são somente uma questão gramatical. ∗ Noeliza Lima, psicóloga credenciada, Mestre em Psicologia ,prof. universitária
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3. DIÁLOGO NA MATURIDADE : RELACIONAMENTO E PAPÉIS NOELIZA LIMA
Tudo começa em uma tarde, após o almoço, em uma residência de classe média, habitada por um marido que trabalha e uma esposa que trabalha e estuda, ambos na fase dos 45-55. Ela: 'Dá licença, José, que preciso fazer uns estudos no micro para depois ir para o trabalho. Tchau, boa tarde.' Ele: ...silêncio. Ela: Já com o micro ligado, estudando. Ele: Anda pela cozinha, mexe na geladeira, faz barulho. Ela: 'Por favor, feche a porta de comunicação'. Ele: 'Já vou sair já, não vou atrapalhar'. Ela: 'Você não vai atrapalhar, já está atrapalhando. Por favor, feche a porta'. Ele: Resmunga e fecha a porta. Ela: Continua no micro. Ele: Abre a porta. Ela: "Que isso? Você está me atrapalhando!" (já com raiva) Ele: "Isto está sujo precisa lavar, Maria".( falando alto) Ela: "Você está me desrespeitando. Já falei que preciso fazer isto! Deixa esse negócio lá!" Ele: Volta, fica segurando a tal coisa na mão, com a porta entreaberta, olhando a mulher como se ela fosse louca, aguardando uma explicação para o mau humor. Ela: 'Eu sou mais importante que objetos. Feche esta porta e não me interrompa mais!" Ele: Sai bufando. Ela: Pára, porque está com raiva demais para continuar. ::: Reflexões sobre o ocorrido ::: Esta cena é verídica, e trocando os objetos e trabalhos, talvez freqüente nas residências atuais. ::: Opiniões Mais Comuns ::: 1. 'Coitado do marido, preocupa-se com coisas sujas, que lindo !!!' Esta provavelmente é a opinião de uma dona de casa cujo marido não a ajuda em nada no trabalho doméstico e que gostaria de ter um marido zeloso com a limpeza. Não percebe a desconsideração para com a mulher, identificase mais com sua necessidade de um homem 'caseiro'. Além disso, cumplicidade entre mulheres é um assunto ainda a ser desenvolvido,acostumamo-nos a 'competir pelo macho'. Temos que aprender com os homens o quanto é importante a solidariedade entre pessoas do mesmo sexo. O fato de eles serem extremamente solidários é uma das razões do aumento do poder masculino na história e na cultura. 2. 'Chiiii...TPM é fogo!' - ou 'Mulher no climatério, cuide-se quem puder' Os hormônios alteram sim a fisiologia feminina, mas neste caso houve mesmo desconsideração, e a raiva é perfeitamente cabível, assim como a ansiedade resultante. Médicos(a), advogados(as), terapeutas, e outras profissões, ou mesmo quem não tem profissão - mas acompanha as discussões nos meios de comunicação, - por seus próprios sistemas de referência preconceituosos - não diferenciam raiva autêntica de fúria hormonal. Muitas vezes diagnósticos como os acima, e outros, como 'mulher histriônica, nervosa, irritada, chorona', são usados para diminuir a mulher e manter o viés de gênero (viés de discriminação de sexo e/ou gênero).. Muitos são os exemplos de situações em que a mulher se vê 'à beira de um ataque de nervos', como no filme com este título. Há casos verídicos de separações que ocorreram quando o marido se viu 'abandonado ' pela
esposa - ocasião esta em que a dita cuja estava com bolsa de uma instituição e tinha prazo, portanto não havia como ter jornada dupla de trabalho. Percebe-se que o homem pede da mulher, além do trabalho em casa, uma atenção constante. Ah, bons tempos em que a mulher ficava sob a conta e risco do homem...tempos longínquos...a situação econômica hoje pede que a mulher trabalhe. Se isto é bom ou não ao seu desenvolvimento como pessoa 'são outros quinhentos'. A que se refletir... A idade madura é uma fase em que a mulher pode querer estar em contato com ela mesma, revisando a vida e decidindo como quer viver os próximos anos. Na maior parte das vezes ela fica entre a 'cruz e a caldeirinha', porque a dificuldade profissional do marido proíbe que ela se dedique mais a ela. E se quiser mais tempo ela terá que devolver o mesmo a mãe (sim, porque homem assim com raras exceções foi mimado pela genitora). Ficar sem marido e só com mais de 50 é uma coisa difícil para a mulher. Para o homem também, tanto que logo ele passa a ser visto com uma outra mulher. Ah, que coisa, a tal namorada tem a metade da idade da ex esposa...Coisas só psicológicas??? Idade do Lobo??? Não - diferenças que necessitam serem melhor entendidas. No caso citado em primeiro lugar: houve um aumento de ansiedade pela pressa e dificuldade de saber direito o que acontecia com a questão envolvida. O marido não entendia a preferencia da esposa pelo estudo no micro, e a mesma não soube colocar sua necessidade de ficar só. Evidente que houve necessidade de maior reflexão sobre as próprias necessidades, o que levaria ao diálogo maduro. O que se pretende aqui não é dar razão a mulher, mas acentuar e esclarecer que estes desencontros são muitas vezes ocasionados por idéias errôneas transmitidas culturalmente, a respeito das necessidades do homem e da mulher. Sempre é possível rever estes conceitos, principalmente por um casal que está junto há muitos anos. O companheirismo, a história vivida, auxiliam no diálogo efetivo. ∗ Noeliza Lima, psicóloga credenciada, Mestre em Psicologia ,prof. universitária
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-----ORIENTAÇÃO PARA A MENTE MUDE O PRISMA – PARTE I NOELIZA LIMA*
Os estímulos são uma necessidade humana, portanto temos de aprender a lidar com eles. Os estímulos são fatos que exigem de nós uma resposta, que é influenciada pelo nosso Sistema de Referência. Na rotina diária temos várias situações relacionadas a dificuldade de lidar com fatos externos (exemplo: uma ameaça de alguém), ou fatos internos (exemplo: um mal estar). Nós percebemos, sentimos e definimos as coisas segundo nosso Sistema de Referência, que engloba nossos sentimentos e crenças a respeito do mundo. Este sistema, ou seja, a forma como encaramos a nós próprios, aos outros e a vida, pode nos auxiliar a superar situações difíceis, mas às vezes pode nos prejudicar. Geralmente o sistema de referência também contém padrões de pensamento cristalizados, e portanto necessitam serem revistos de quando em quando, para não influenciarem negativamente na vida das pessoas. Encontrar novas formas de considerar um problema faz com que nos tornemos mais criativos e otimistas perante a vida.
Um fato desagradável pode ser encarado como uma questão que a vida nos propõe para o nosso crescimento pessoal, sem o qual, provavelmente, ficaríamos estagnados e à margem do desenvolvimento pelo qual nossa sociedade está passando. É comum identificarmos diálogos internos do tipo: "Já estou com 34 anos e não consegui ter um relacionamento estável"; "Nunca imaginei que nesta idade e com a minha formação, tivesse que procurar emprego!... "Na minha idade as mulheres estão curtindo os netos e não trabalhando como eu !"; "Não sei porque fui fazer este curso que acaba comigo!..." e tantos outros. Estes diálogos internos (ou vozes na cabeça), indicam muito sobre as crenças que a pessoa tem a respeito de si mesmos, da vida, e das pessoas. As crenças que entram em conflito com nossos desejos, ou com o que a vida nos oferece como alternativa de desenvolvimento, provocam ansiedade. Quando alguém se encontra em uma situação ansiógena, muitas vezes não discrimina direito. Exemplo: em uma entrevista de seleção, se a pessoa fica ansiosa, ela pode não se lembrar do que estudou e até do que já realizou! ...Se uma mulher fica ansiosa no seu primeiro encontro, certamente pode correr o risco de achar a situação tão desagradável que depois não saberá nem se o homem é legal ou não... A ansiedade interfere no sistema nervoso central (pensamento), e no neuro vegetativo (músculos lisos e glândulas). A pessoa sua, enrubesce, gagueja, tem taquicardia, diarréia, etc., dependendo do seu jeito de ser. Todo seu eu se transtorna. Nestes momentos a autoconfiança fica abalada. Vêm à mente situações desagradáveis pelas quais passamos - porque a palavra teste (seja de seleção profissional, seja de primeiro encontro amoroso), tem toda uma história de dúvida em relação ao próprio valor. Vêm a mente os diálogos internos. Evite isto! Cuide de si por fora e por dentro. Relaxe, alimente-se adequadamente, caminhe, solte suas emoções. Permita-se colocar as coisas para fora. Principalmente reflita e discuta valores que estão lhe prejudicando em sua retomada na vida profissional, ou conjugal. As coisas mudam...Não podemos nos apegar a idéias que além de ultrapassadas, nos mantém em uma espécie de torpor evolutivo. Os sentimentos desagradáveis, os medos e as culpas que acumulamos, necessitam serem expressos para que você os conheça e portanto os enfrente. O objetivo é melhorar sua vida de relação, principalmente com as pessoas mais chegadas. E ajudar você a se entender e se aceitar melhor. Só assim você terá condições de viver bem com você, com os outros, e com a vida, nestes novos tempos. Voltaremos a falar sobre isto, buscando entender e esclarecer sentimentos, dúvidas e comportamentos. * Noeliza Lima, psicóloga credenciada, Mestre emPsicologia ,prof. universitária
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Mude o prisma – Parte II NOELIZA LIMA*
Observamos que os conceitos nos quais a pessoa acredita (que formam o sistema de crenças) são parte de um universo maior, que engloba não apenas os pensamentos como também os sentimentos e os comportamentos. Por exemplo: Rosa (nome fictício), chefe do setor de seleção de uma empresa, evita entrevistar candidatos para a seção de Marketing que foram artistas, por achar que estas pessoas não levam a vida a sério. Na verdade internamente isto se remete a uma dificuldade de Rosa em lidar com sua capacidade de avaliar objetivamente a situação. Isto ocorre porque se vê pressionada pela cultura da empresa (se for uma norma não contratar artistas), pelos seus próprios valores que a impedem de avaliar objetivamente a situação e por receio de errar e causar má impressão. Verificamos então que o sistema de valores pode reforçar sentimentos de menos valia que porventura façam parte da personalidade da pessoa. E também o inverso é verdadeiro. Sentimentos de medo e culpa podem levar a pessoa a evitar determinadas situações nas quais não se sente à vontade. No exemplo citado, Rosa não tem consciência de sua necessidade de aprovação, então diz que "não se pode levar artistas a sério" e como esta é uma crença aceita pela maioria das pessoas, é fácil achar argumentos para defender esta posição. Concluindo, dificuldades pessoais de lidar com "o novo" criam valores estereotipados e errôneos, os quais são vulgarmente chamados de PRECONCEITOS. Iremos ver agora algumas crenças errôneas, lembrando então são sinônimos de preconceito, e que para lidar com elas necessitamos enfrentar nossos medos . A crença de que aos 34 anos a mulher já deve ter uma situação amorosa estável. O tempo passa e as mulheres continuam a se prender a expectativas de amigas, da sociedade, sujeita a cobranças externas, e isto é inacreditável. No novo milênio ainda se cobra que a mulher case e, se casada, que tenha filhos, etc... Os tempos, a situação econômica global, a administração de recursos, a vida - tudo mudou e a mulher ainda fica à espera do príncipe encantado, como se o homem fosse o passaporte para uma vida plena de sentido. E às vezes pode se esquecer de se perguntar: O que é que me faria uma pessoa plena? Mulheres, acordem! Encarar o casamento hoje não é fácil. À mulher ainda cabe a dupla jornada, ou seja, o cuidado com os filhos e com a profissão. Se tiver uma auto-estima baixa então, vai querer agradar a sogra, o chefe, até o cachorro, e aí - talvez uma crise de nervos, ou o divórcio, a
salve deste destino. Porque as Carolinas, ah, estas de olhos fundos, que guardam toda a dor deste mundo, existe atualmente só em música mesmo - não fazem a cabeça das mulheres modernas. As relações entre homens e mulheres estão mudando. Encarar a situação atual como um momento único - é um jeito construtivo de pensar em si, escolher relacionamentos, e abrir portas. Meninas de 34, de 40, de 55 anos, há que se valorizarem, se sentirem bonitas, inteligentes, produtivas. Isto sim, é fundamental. A crença de que uma boa formação profissional e um excelente desenvolvimento em sua área de trabalho protege a pessoa dos inevitáveis remanejamentos empresarias e da competição. Os louros conquistados a duras penas não nos torna incólumes às novidades do mercado. Os "anos dourados" podem ser também conhecidos como a "época do diploma". Mocinhas não se casavam enquanto não se formassem, provavelmente no Normal (nota para os mais jovens: corresponde hoje ao Magistério. A filha ir para a Faculdade era um privilégio de famílias mais abastadas e abertas, pois a moça corria o risco de "ficar falada", principalmente se fosse estudar fora. Quanto ao jovem, já era mais comum sair para estudar fora, embora fosse também difícil financeiramente para os pais. Mas todos acreditavam no "diploma" como garantia de um futuro promissor. Bom, este(a) jovem que decidiu investir nos estudos pode ser esta mesma pessoa que se encontra hoje com uma ótima formação e sem trabalho. Este fato desencadeia uma tremenda frustração - esta pessoa não é qualquer pessoa. Estudou, deixou de ir a shows de rock ou bossa nova nos anos de faculdade porque vivia de mesada e não tinha dinheiro ou tempo, ou porque tinha de trabalhar para estudar, ou porque tomava o trem (lembram?) todos os dias para fazer seu curso, pois não tinha como ficar em "república." Conseguiu um bom emprego, fez carreira, seja como profissional liberal, executivo ou professor. E depois de muitos anos viu sua carreira ir ladeira abaixo com seu salário e uma aposentadoria tranqüila. A culpa é de quem? De ninguém...As coisas mudaram. E agora, José? E agora, Maria? Evidente que uma pessoa que vem de uma geração forte como esta não se rende. Mas pode ficar deprimida, magoada, ansiosa. Internamente a autoconfiança se abala. Começar de novo na meia idade é mais difícil, mas é possível. Quando se levanta a cabeça e a auto estima, é maravilhoso sentir que pode competir com pessoas mais jovens. Percebemos que o cérebro funciona bem, que a escada não é tão alta (e se for, o corrimão ajuda), que o computador é "um barato", quase uma extensão da nossa mão. Que existe gente prestativa e calorosa pronta a encarar a meia idade como uma fase da vida e não como o fim dela. Os jovens de hoje compreendem e "curtem" um "coroa" que se coloca na estrada da vida com disposição e desejo de trocar experiências. Outro dia eu ouvi um adolescente dizer ao colega: "O meu tio é um barato! Ele não entende nada de computador (sim, porque em questão de
computador, os jovens estão à frente - nós crescemos com o mimeógrafo e eles com o micro), mas fuça (gíria de "procurar") tanto que está fazendo uma hp (website). Inclusive é uma forma do(a) maduro(a) ensinar aos jovens uma postura de abertura, criatividade e flexibilidade - um ótimo modelo para seus anos futuros. ∗ Noeliza Lima, psicóloga credenciada, Mestre em Psicologia ,prof. universitária
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Mude o Prisma – Parte IV NOELIZA LIMA*
Neste artigo retomamos com mais alguns exemplos de crenças errôneas, lembrando que são sinônimos de preconceito, e que para lidar com elas necessitamos enfrentar nossos medos. A idéia de que mulher depois dos 45 só se realiza como avó. É desejável ter um tempo para dedicar a família, mas fazer disto um estilo de vida não ajuda a mulher madura. Os 40, 50, 60 e até 70 e 80 (conforme a condição física da mulher) podem ser anos produtivos. Talvez de uma forma diferente para cada pessoa e em cada idade, mas sempre trazem novas demandas, desejos, necessidades. Existe um tempo para cada coisa debaixo do sol (Eclesiastes, V.T.). Conhecer as próprias necessidades e possibilidades traz rumos para a mulher até então nunca cogitados. Socialmente a mulher ainda só se realiza inteiramente pela maternidade. Consequentemente ser avó é condição de felicidade. Assim como outros mitos decadentes tais como: a mulher trabalha fora como passatempo / mulher que trabalha fora é mal amada/ mulher que trabalha fora abandona os filhos...etc. Esta guerra contra o preconceito tem sido enfrentada há séculos. A batalha atual que a mulher madura enfrenta em relação ao nosso tema é: como aceitar os desafios e viver com qualidade ? Ao invés de jogar fora a oportunidade de crescer como pessoa, a mulher madura pode planejar sua vida de forma a ter tempo para atividades outras além do trabalho ou estudo. Os homens também as vezes dizem que gostariam de se dedicar mais à família, e não ficar enfrentando uma rotina desgastante de emprego ( ou enfrentar o desemprego e a busca de um novo trabalho - o que é pior). Não querendo incorrer no erro de tornar este item uma apologia ao sofrimento, pretendo levar a pessoa a refletir sobre preconceitos que as vezes adotamos sem saber que o são. Com isto reduzimos nossa esfera de ação, provocando para nós mesmos menos retorno de afetividade. Além disto podemos estar evitando situações que embora difíceis no início se tornarão mais tarde fonte de prazer e de aumento de autoconfiança.
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Noeliza Lima, psicóloga credenciada, Mestre emPsicologia ,prof. universitária
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