Atividade Discursiva Ii Ed 2

  • November 2019
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ATIVIDADES DISCURSIVAS II

Instrução: Leia a Resenha abaixo para responder às questões propostas.

Resenha: "Mas Ele Diz que me Ama...": Cegueira Relacional e Violência Conjugal Book review: "But He says He Loves me...": Relational Blindness and Conjugal Violence Fabrício GuimarãesI; Eduardo Chaves da SilvaI; Sérgio Alberto Bitencourt MacielII, 1 I

Universidadede Brasília Psicossocial Forense Núcleo Psicossocial Forense

II

Ciclo de Violência na Relação O padrão é mais ou menos esse: beijo! Tapa! Beijo! Tapa! Beijo! Tapa! Para cada tapa, ganhamos um beijo, e para cada beijo ganhamos um tapa. Em qual deles escolhemos acreditar? No beijo, é claro. É o que nos mantém ali (Penfold, 2006, p. viii-ix). Pelfond (2006) relata em sua obra a suas experiências conjugais que se perpassaram ao longo de 10 anos. O livro é protagonizado por Rosalind (Ros) – 35 anos, empresária – e Brian – viúvo, pai de quatro filhos. A narrativa mostra como Ros passou de uma mulher forte e bem-sucedida a esposa violentada e maltratada. Trata-se de um livro ilustrado e de fácil compreensão, fatores diferenciais da obra em relação às outras sobre o tema. Conta de forma bem didática, detalhes da construção e manutenção da dinâmica violenta. Segundo o site oficial (www.friends-ofrosalind.com), o livro foi lançado originalmente no Canadá e traduzido para 10 paises, inclusive o Brasil. O objetivo deste trabalho situa-se em promover uma discussão teórica a respeito do ciclo de violência conjugal e das crenças compartilhadas que contribuem para a manutenção do relacionamento violento dos personagens do livro, a partir da literatura especializada da área e da experiência dos autores deste trabalho em atendimentos psicossociais no âmbito da Justiça do Distrito Federal a casais que vivenciam situação semelhante ao do casal protagonista. A discussão se baseia na teoria do ciclo de violência (Walker, 1979, citada por Angelim, 2004), e propõe o conhecimento de uma relação violenta a partir de uma perspectiva sistêmica e dinâmica. Walker defende a existência de três fases: Construção da Tensão: começam os incidentes menores, uma tendência a considerar os fatos como se estivessem sob controle e uma aceitação por meio de explicações racionalizadas. Tensão Máxima: ocorre o descontrole da situação e as agressões são levadas ao extremo. Há uma reconfiguração da dinâmica relacional, podendo surgir separação, intervenção de terceiros ou manutenção da relação violenta. Lua de Mel: ocorre uma reestruturação do relacionamento. O agressor relata desejo de mudança, promessa de que não ocorrerá mais violência e restabelece a relação conjugal. Com o tempo, devido à dinâmica e ao desgaste relacional, tende-se a iniciar um novo ciclo. Penfold (2006) descreve o processo de vários ciclos na dinâmica do casal. A violência se instalou sutilmente e atingiu todos os níveis e formas. Os momentos da fase de Lua de Mel ficaram mais curtos, cedendo lugar às fases de Construção da Tensão e Violência Máxima. A Lei 11.340/06, conhecida como "Lei Maria da Penha", define cinco formas principais de violência contra a

mulher: física; psicológica, sexual, patrimonial e moral (Brasil, 2006). Guimarães, Tusi e Rangel (2006) relatam que a violência contra crianças e adolescentes abrange ameaças, negligência, chantagens, humilhações, espancamentos e abuso sexual. A relação descrita na obra propiciou todos esses tipos de violência e mostrou como suas conseqüências deletérias atingiram todos os aspectos da vida de Ros e das crianças. Penfold (2006) é brilhante ao mostrar como a participação da família, amigos e ajuda profissional foram fundamentais na luta da protagonista contra o agressor e, de certa forma, contra si mesma. Sendo assim, tudo conclama para a necessidade de intervenção em rede e o empoderamento do grupo familiar, em especial da mulher (Silva, 2006). Crenças anestésicas Por que Brian se comportava daquele jeito? Quase morri tentando descobrir. Por que não fui embora? Essa pergunta é mais importante. Eu acreditava em dar a outra face... que ele me amava... que ele iria mudar... que eu podia proteger seus filhos... que meu amor o tornaria melhor... usei incontáveis desculpas para racionalizar minha insistência no relacionamento, porque me recusava a encarar a verdade (Penfold, 2006, p. ix). Para entender a perpetuação do ciclo de violência, Ravazzola (1998) defende que ocorre uma verdadeira anestesia ou "duplo cego". Nesse processo, a pessoa tira do seu campo de consciência uma parte da experiência e fica incapaz de sequer perceber essa falta, o que, por um lado assegura sua sobrevivência, mas por outro, a mantém presa ao ciclo relacional abusivo. O agressor se sente vítima do comportamento da mulher ou dos filhos; teme a independência destes; não percebe o sentimento dos outros e nem consegue nomear sua insegurança, e por isso tem que controlar a ação destes e evitar a intervenção de terceiros na dinâmica de sua família. A vítima se sente inferior e destituída de poder sobre sua própria vida; acredita que deve cuidar dos outros, em detrimento de si mesma; possui baixa auto-estima, desconhecimento de seus recursos pessoais e seus direitos; acredita que há algo errado em si mesma e alimenta sentimento de culpa pela violência que sofre. Cabe ressaltar que a experiência em atendimento psicossocial dos autores corrobora a tese de que tais crenças são compartilhadas por agressores, vítimas e demais atores do contexto (Ravazzola, 1998). No decorrer do livro, essas crenças anestésicas se aperfeiçoam na medida em que a violência aumenta. Ros iniciou com uma leve confusão no primeiro ciclo até ela verificar que "não sobrou nada de mim" (Penfold, 2006, p.169). Essas crenças corroboram a principal: "mas ele diz que me ama", que dá título ao livro. E favorecem que Ros e Brian não vejam que não vêem a relação violenta e suas conseqüências, daí o termo "duplo cego" (Ravazzola, 1998). Por isso, a ajuda de terceiros e/ou a intervenção psicossocial deve "promover junto à família uma reflexão sobre o contexto abusivo, re-significando o sintoma da violência" (Guimarães & cols. 2006, p. 297) e retomar o mal-estar e o medo na vítima devido à sua situação e a necessidade de mudança (Ravazzola, 1998). Entretanto, nem todos os casais em situação de violência conseguem sair ou reestruturar a relação. Muitos precisam da intervenção da Justiça. Em outros casos, as mulheres se submetem a essa situação ad infinitum ou ocorre um fim trágico, em que as vítimas são assassinadas pelos seus cônjuges ou ex-cônjuges. comecei a ter esperanças de que meus desenhos pudessem ajudar os outros – nem que seja uma pessoa só – a perceber os danos terríveis e duradouros que tal ambiente causa em uma família (...) embora os desenhos sejam meus, infelizmente o padrão de abuso que eles representam são muito comuns (...) Tenho esperanças de que meus desenhos ajudem homens e mulheres a identificar os sinais de alerta que indicam abuso (Penfold, 2006, p. xi).

Pelos aspectos descritos acima, entende-se que a intervenção junto a casais em situações de violência deve contemplar um olhar amplo acerca das crenças e discursos compartilhados entre os atores envolvidos nessa questão, os quais contribuem para a manutenção do padrão relacional abusivo, impedindo que as pessoas integrem sentimentos e ações que lhes permitam elaborar um pedido ajuda. Ademais, o entendimento da violência conjugal como um processo cíclico, relacional e progressivo, ajuda a re-significar o contexto de intervenção e propor novas formas de intervenção junto a essa clientela. Referências Angelim, F. P. (2004) Construindo novos discursos sobre a violência doméstica: uma articulação entre a Psicologia Clínica e a Justiça. Dissertação de Mestrado, Universidade de Brasília, Brasília. [ Links ] Brasil (2006). Lei 11.340 de 07/08/2006 – "Lei Maria da Penha". Retirado em 28/03/2007 do http://www.planalto.gov.br/ccivil/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm [ Links ] Guimarães, F., Tusi, M. M. A. & Rangel, R. B. (2006). Intervenção Psicossocial em casos de Abuso Sexual na Justiça: Proposta Metodológica. Em E. C. B. Roque, M. L. R. Moura & I. Ghesti (Orgs.), Novos Paradigmas na Justiça Criminal: Relatos de Experiências do Núcleo Psicossocial Forense do TJDFT. Brasília: TJDFT. [ Links ] Penfold, R. B. (2006). Mas ele diz que me ama. Graphic novel de uma relação violenta. (D. Pelizzari, trad.). Rio de Janeiro: Ediouro. (Trabalho original publicado em 2005) [ Links ] Ravazzola, M. C. (1997). "Doble Ciego" o "No Vemos que No Vemos". Em M. C. Ravazzola (Org.), Histórias Infames: los Maltratos en las Relaciones (pp. 89-105). Buenos Aires: Ed. Paidos. [ Links ] Silva, E. C. (2006). O agressor sexual de crianças no contexto sócio-jurídico. Monografia de Conclusão do Curso de Serviço Social, Universidade de Brasília, Brasília. [ Links ] Recebido em 20.04.2007 Primeira decisão editorial em 28.06.2007 Versão final em 13.08.2007 Aceito em 08.10.2007 1 Endereço: Núcleo Psicossocial Forense, SRTVS, Quadra 701, Bloco N, Lote 08, 4º andar, Brasília, DF, Brasil 70.40-903. E-mail: [email protected] Para complementar conhecimento sobre o http://br.youtube.com/watch?v=IzRtH99q3w4

tema,

clique

ao

lado:

QUESTÃO 1 Habilidades a serem desenvolvidas Operatória(s): Compreender o conteúdo do texto. Dominar os aspectos de organização textual típicos do gênero. Específica(s): Identificar a finalidade do texto de acordo com o gênero textual. Identificar as características do gênero.

DADOS DA QUESTÃO

Posteriormente à leitura da Resenha: "Mas Ele Diz que me Ama...": Cegueira Relacional e Violência Conjugal, responda ao que se pede:

a) A identificação dos conteúdos colocados como centrais e secundários pelos autores; b) No primeiro parágrafo da Resenha, após a citação, os autores fazem uma breve introdução e apresentação do livro de Pelfond (2006). Nas três últimas linhas deste parágrafo, os referidos autores ressaltam que “... o livro foi lançado originalmente no Canadá e traduzido para 10 países, inclusive o Brasil.”. Tendo em vista a ampla discussão sobre o tema, disserte sobre a ocorrência, incidência e prevalência da violência tratada no texto, em países com realidades econômicas e sociais tão distintas.

QUESTÃO 2 Habilidades a serem desenvolvidas Operatória(s): Compreender o conteúdo do texto / Dominar aspectos de organização textual típicos do gênero./ Sintetizar texto Específica(s) – (Diretrizes da Matriz Pedagógica NED): Localizar/reconhecer informações do texto, fazendo uso de inferência./ Sintetizar texto.

DADOS DA QUESTÃO Muitas resenhas escritas apresentam uma divisão clara: Referências bibliográficas, Credenciais do autor, Conhecimento, Conclusão do autor, Quadro de referências do autor e Apreciação, itens citados como estrutura da resenha, por Marconi e Lakatos (2007), outras, porém, embora considerem esses elementos, abarca-os, num texto integral, sem distribuí-los em partes. Analise a Resenha: “Mas Ele Diz que me Ama...”: Cegueira Relacional e Violência Conjugal” e argumente sobre a opção feita pelos autores.

QUESTÃO 3 Habilidades a serem desenvolvidas Operatória(s): Compreender o conteúdo do texto. Específica(s) – Identificar a temática do texto.

A Lei nº. 11.340, de 7 de agosto de 2006, denominada Lei Maria da Penha, cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências, conforme Disposições Preliminares no momento de sua sanção. Com base nas informações citadas acima, apresente um referencial que sugere mudança de postura na sociedade brasileira no que se refere ao tratamento do tema violência contra a mulher no país.

Fonte: www.contee.org.br

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